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    MEDITAO APLICADA SADE

    MARCELO MARCOS PIVA DEMARZO

    INTRODUO

    Existem evidncias crescentes, a partir de estudos observacionais e experimentais, incluindo ensaios clnicoscontrolados e randomizados e metanlises, de que a prtica de meditaoreularpode contribuir paraa preveno e tratamento de diversas doenase de condies clnicas, principalmente crnicas no

    transmissveis. Esse fato est associado a dois fatores:

    aumento da qualidade de vida e do estado de sade; reduo dos nveis prejudiciais de estresse.

    A meditao j pode ser recomendada como terapia complementara pessoas e pacientes de todas asidades.1-3 Este artigo busca trazer uma introduo aos principais conceitos e prticas relacionados aplicaoda meditao no campo da sade e da ateno primria sade (APS), com nfase na meditao conhecidacomo m. Essa palavra ainda no tem traduo ocial para a lngua portuguesa no que concernea sua utilizao na rea da sade. Para represent-la, podero ser encontradas as seguintes expresses:

    ateno plena; conscincia plena; estar atento.

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    MEDITAOA

    PLICADASADE OBJETIVOS

    Ao nal do artigo, espera-se que o leitor possa:

    compreender a importncia da meditao aplicada sade; conhecer os princpios gerais que norteiam a aplicao da meditao no campo da sade e da APS, com

    nfase na meditao mindfulness.

    ESqUEMA CONCEITUAL

    O que meditaoUm programa de meditaomindfulness aplicada sade

    Por que se deve praticare prescrever a meditao

    Evidncias cientcas

    Possveis aplicaes dameditao na rea da sadee da ateno primria sade

    Para os pacientes epessoas da comunidade

    Para estudantes eprossionais de sade

    Como indicar e aplicar a meditao

    Uma prtica demeditao mindfulness

    Como se tornar um instrutor

    Cuidados e sugestesantes de iniciar a prtica

    Meditao com foco na respirao

    Caso clnico

    Concluso

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    O qUE MEDITAO

    Encontrada em diversas tradies culturais, religiosas e loscas, como, por exemplo, no budismo, a me-ditao, praticada de forma secular, tem sido cada vez mais interada naprtica clnica contempornea,principalmente na psicologia e na medicina.

    Embora a meditao seja praticada pelos budistas h, pelo menos, 3 mil anos e seja parte integrante doarsenal teraputico de alguns sistemas tradicionais de medicina do Oriente, apenas recentemente esforossistemticos tm ocorrido para sua integrao nas intervenes clnicas dentro da medicina ocidental.4

    Pode-se denir a meditao como uma prtica de integrao mente-corpo baseada na vivnciado momento presente, com conscincia plena e no julgadora a cada instante.

    Para a aquisio desse estado de conscincia dito meditativo, existem diversas tcnicas e suas variaes,nas quais a ateno da pessoa ancorada em uma palavra, som, imagem, orao ou simplesmente naprpria respirao, permitindo que a mente se estabelea no momento presente.1

    Segundo Jon Kabat-Zinn, um dos responsveis pela ocidentalizao da meditao com foco na sa-de, a meditao a simplicidade em si mesma. Trata-se de parar e estar presente. Isso tudo.5

    Cardoso e colaboradores6 trazem uma denio mais operacional da meditao, buscando uma padronizaopara ns cientcos e clnicos. Esses autores denem a meditao segundo cinco parmetros:

    um estado autoinduzido, autoaplicvel; um estado obtido por uma tcnica especca, claramente denida; algum tipo de foco (ncora) utilizado para evitar o envolvimento com as sequncias de pensamento,

    sensaes ou distraes; envolve relaxamento da lgica, ou seja, um estado de no analisar, no julgar, no criar expectativa; em algum ponto do processo, instala-se um relaxamento psicofsico, com relaxamento muscular mensurvel.

    UM PROgRAMA DE MEDITAO MindfulnessAPLICADA SADE

    Uma das primeiras aplicaes da meditao como terapia clnica no Ocidente foi feita no mda dcada de 1970, por Jon Kabat-Zinn e colaboradores, da Universidade de Massachusetts,Estados Unidos, que desenvolveram um programa de reduo do estresse em grupo, baseadona meditao mindfulness, conhecido como MBSR (sigla para a expresso em ingls mindfulness--based stress reduction).4,5

    O MBSR, citado tambm na literatura como uma clnica de estresse, tem sido estudado h pelo menos 30anos.5 Trata-se de uma forma de interveno estruturada, voltada para pessoas e para pacientes acometidoscom condies clnicas associadas a nveis prejudiciais de estresse. Enraizado nas prticas budistas tibetanas,o MBSR estruturado como um programa que comporta atividades presenciais (junto a um instrutor) e a

    distncia, combinando tcnicas simples de meditao.5

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    MEDITAOA

    PLICADASADE A eccia e a efetividade do MBSR foram estudadas em uma variedade de populaes,3 incluindo

    pessoas com diagnstico de cncer, depresso, cardiopatias, bem como em indivduos consi -derados saudveis e em prossionais e estudantes de sade. Alm disso, tambm foram feitosestudos em uma variedade de cenrios de sade, incluindo a APS.2

    O MBSR um programa altamente estruturado ao longo de oito semanas, em que os participantes se renemsemanalmente por 2,5 horas para vivncia de tcnicas de meditao.3,5 Aos participantes tambm so dadasatribuies para serem implementadas em ambiente domiciliar ou de trabalho, diariamente e com duraomdia de 45 minutos. Os participantes so instrudos no sentido de procurar incorporar a meditao emsua vida diria, fazendo com que as atividades rotineiras se tornem, de certa forma, uma prtica meditativa.

    As principais tcnicas de meditao utilizadas (resumidas na Figura 1) so as seguintes:

    a chamada ateno plena (mindfulness) na respirao; o escaneamento corporal (tcnica relativamente similar ao relaxamento muscular progressivo); a caminhada meditativa; a ioga com ateno plena, que utilizada segundo posturas corporais consideradas leves, podendo ser

    realizada por indivduos com diferentes nveis de capacidade e com limitaes fsicas.

    Aps a concluso do programa de oito semanas, os participantes do MBSR esto competentes para continuarmeditando e praticando as tcnicas sozinhos, em seu prprio ambiente em casa ou no trabalho. Isso pode criarum efeito de sustentabilidade importante para a promoo da sade e o empoderamento dos praticantes.5

    Meditaocom foco narespirao

    Meditaocaminhando

    Escaneamentocorporal

    Iogameditativa

    MBSR

    fgra 1 Tcnicas meditativas ensinadas no programa de meditao mindfulness (MBSR),

    de oito semanas.fot: Kabat-Zinn J (2003).5

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    1. Sobre as evidncias cientcas da meditao aplicada sade, assinale a alternativa correta.

    A) No existem evidncias cientcas consistentes sobre os efeitos bencos da meditaoaplicada sade.

    B) Existem evidncias cientcas inconsistentes sobre os efeitos bencos da meditaoaplicada sade.C) Existem poucos trabalhos cientcos sobre a meditao aplicada sade.D) Existem evidncias cientcas consistentes sobre os efeitos bencos da meditao

    aplicada sade.

    2. Sobre as origens e denies da meditao, marque a alternativa correta.

    A) Pode-se dizer que a meditao tem razes no budismo e em diversas outras tradiesculturais, religiosas e loscas.

    B) A meditao uma prtica corporal baseada na vivncia do momento presente, comconscincia plena a cada momento.

    C) A meditao uma prtica mente-corpo baseada na vivncia do momento presente,com conscincia plena e julgadora a cada momento.

    D) Pode-se dizer que a meditao no tem razes religiosas.

    Respostas no fnal do artigo

    3. Em que parmetros Cardoso e colaboradores se baseiam para formular uma denio mais

    operacional da meditao?

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    4. Sobre o programa de reduo do estresse baseado na meditao mindfulness, conhecidocomo MBSR, aponte a alternativa correta.

    A) Foi um dos primeiros a utilizar a meditao aplicada sade.B) baseado em duas tcnicas de meditao.C) desenvolvido ao longo de um ano.D) de difcil aplicao.

    Resposta no fnal do artigo

    5. Quais so as principais tcnicas de meditao utilizadas?

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    MEDITAOA

    PLICADASADE POR qUE SE DEVE PRATICAR E PRESCREVER A MEDITAO

    EVIDNCIAS CIENTFICAS

    No campo da sade em geral, e particularmente no campo das prticas integrativas e comple-

    mentares (PIC), como a meditao, fundamental o acesso s melhores evidncias cientcaspara a tomada de deciso teraputica ou proltica, visando melhoria do cuidado s pessoase s comunidades.

    H, porm, algumas limitaes na tomada de deciso apenas com base nas evidncias cientcas. Umadessas limitaes a falta de informao sobre os danos potenciais associados determinada prtica.Eventualmente, alguma prtica ou conduta com bom grau de evidncia (boa eccia em estudos controlados)pode vir acompanhada de um dano potencial classicado como alto quando aplicada na vida real, anulandoos efeitos bencos (pouca ou nenhuma efetividade).

    Para tentar minimizar esse problema, pode-se associar a classicao do grau de evidnciacom o grau de dano potencial,7 a m de recomendar ou no uma prtica.

    Os Quadros 1, 2 e 3 trazem exemplos de sistemas de classicao de evidncias cientcas e de danospotenciais que podem ser de grande valia para a avaliao da efetividade das PICs e da meditao no campoda sade. Os Quadros 4 e 5 trazem uma sntese de algumas indicaes relacionadas meditao, e tambmde outras PICs associadas ao grau de recomendao, conforme classicao conjunta de evidncia cientca

    e dano potencial da prtica.7

    As informaes devem sempre ser submetidas avaliao e crtica do prossional respon -svel pela conduta a ser seguida, frente realidade de cada situao e ao estado clnico decada paciente.

    LEMBRAR

    LEMBRAR

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    CLASSIFICAO DO gRAU DE EVIDNCIA CIENTFICA

    quadro 1

    grau Caracterstica

    A Evidncias cientcas consistentes e de boa qualidade metodolgica, orientadas para desfechos

    clnicos relevantes, centrados no paciente.

    B Evidncias cientcas orientadas para desfechos clnicos centrados no paciente, mas inconsistentese/ou de qualidade metodolgica limitada.

    C Evidncias cientcas orientadas para a doena, ou baseadas em consensos, opinies e experinciaprossional.

    fot: Rakel (2007).7

    CLASSIFICAO DO DANO POTENCIAL

    quadro 2

    Nvel Caracterstica

    1 Terapias com pouco ou nenhum dano potencial.

    2 Terapias com potencial para causar danos reversveis e/ou interaes adversas com outras terapias.

    3 Terapias com potencial para causar morte ou danos permanentes.

    fot: Rakel (2007).7

    CLASSIFICAO CONJUNTA DOSgRAUS DE EVIDNCIA E DANO POTENCIAL

    A FIM DE RECOMENDAR A UTILIZAO CLNICAOU PROFILTICA DE UMA TERAPIA

    quadro 3

    Seta/Recomendao Classicao

    (melhor grau) A1 A2 / B1

    A3 / B2 / C1

    B3 / C2

    (pior grau) C3fot: Adaptado de Rakel (2007).7

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    MEDITAOA

    PLICADASADE

    ALgUMAS INDICAES TERAPUTICAS DA MEDITAO E gRAUS DE RECOMENDAO,CONFORME O SISTEMA DE CLASSIFICAO PROPOSTO NO qUADRO 3

    quadro 4

    PIC Especicao Indicao teraputica*grau de

    recomendaoMeditao

    Mindfulness

    Doena de Alzheimer (A1)Esclerose mltipla (B1)Sinusite crnica (B1)HIV / aids (B1)Herpes simples (preveno de recorrncias) (A1)Hipertenso (B1)Doena arterial coronariana (B1)Arritmias (B1)Doenas cerebrovasculares (B1)Diabetes (A1)Reuxo gastresofgico / dispepsias (B1)Dor abdominal recorrente em crianas (A1)Fibromialgia (A1)Fadiga crnica (A1)Artrite reumatoide (B1)Lombalgia crnica (A1)Psorase (B1)Cncer de mama (reduo da fadiga) (B1)Cncer de mama (reduo do estresse e ansiedade) (A1)Pacientes terminais (A1)Abuso de substncias e dependncia do lcool (B1)

    fot: Rakel (2007).7

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    Para saber mais

    *Para maior detalhamento e informaes, verRakel D. Integrative medicine. 2. ed. Philadelphia: Elsevier; 2007.e outros artigos sobre as prticas integrativas e complementares doPROMEF, mdulo 4 do ciclo 5.

    ALgUMAS INDICAES TERAPUTICAS DE OUTRAS PRTICASINTEgRATIVAS E COMPLEMENTARES E gRAUS DE RECOMENDAO,

    CONFORME O SISTEMA DE CLASSIFICAO PROPOSTO NO qUADRO 3

    quadro 5

    PIC Especicao Indicao teraputica* grau derecomendao

    Acupuntura Enxaqueca e cefaleias tensionais (preveno) (A1)Enxaqueca e cefaleias tensionais (tratamento agudo) (B1)Infeces do trato urinrio (preveno de recorrncias) (B1)Doenas cerebrovasculares (B1)Fibromialgia (B1)Artrite reumatoide (B1)Osteoartrite (A1)Lombalgia crnica (A1)Abuso de substncias e dependncia do lcool (A1)

    Fitoterapia Erva deSo Joo

    Depresso (A2)Valeriana Ansiedade (B2)Camomila Transtorno do dcit de ateno e hiperatividade (B1)Ginkgo biloba Doena vascular perifrica (A2)Equincea Sinusite crnica (B1)Gengibre Artrite reumatoide (B1)

    fot: Rakel (2007).7

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    MEDITAOA

    PLICADASADE POSSVEIS APLICAES DA MEDITAO NA REA

    DA SADE E DA ATENO PRIMRIA SADE

    A meditao tem sido progressivamente utilizada e reconhecida como interveno proltica e teraputicasegura, ecaz e efetiva na rea da sade. Por exemplo, desde 2004 o sistema nacional de sade ingls

    National Health Service (NHS) tem apoiado o uso da meditao mindfulness associado psicoterapia parao tratamento de recorrncia em adultos com diagnstico de depresso

    Para saber mais

    Ver as diretrizes para tratamento da depresso em adultos no sitehttp://guidance.nice.org.uk/CG90/NICEGuidance/pdf/English).

    Alm dos aspectos clnicos e de promoo da sade, a meditao tambm tem sido utilizada na formao ena melhoria da ualidade de vida dos trabalhadores em sade.2

    Para os pacientes e pessoas da comunidade

    Existem vrios estudos epidemiolgicos e metanlises a respeito da inuncia da meditao na sade depessoas e pacientes. Tm sido progressivamente conrmadas a eccia e a efetividade da meditao, emespecial dos tipos m e transcendental, em casos das seguintes condies, entre outras:

    ansiedade; depresso; dor crnica; cncer; dependncia de substncias; agressividade; artrites; bromialgia.

    As intervenes tm sido testadas em diversos cenrios de sade, incluindo a ateno primria sade(APS), como tambm em outros equipamentos sociais, como nas penitencirias, por exemplo.

    Diversos resultados positivos tm sido observados em pessoas da comunidade e pacientes, tais como:1,2,4,7

    melhora da aceitao da dor; melhora do manejo de situaes com alto grau de estresse (portadores de morbidades crnicas, por exemplo); diminuio dos nveis de agressividade em pacientes psiquitricos; melhora da qualidade de vida e da autoeccia em sade para a populao em geral (promoo da sade).

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    Para estudantes e prossionais de sade

    Estudos com prossionais da rea da sade, incluindo equipes de APS, tm evidenciado que a prticada meditao ou a participao em um programa de meditao pode melhorar o manejo de situaesestressantes no dia a dia de trabalho, com menor risco de desenvolvimento de burn-out(sndrome

    de esgotamento prossional )e melhora de indicadores de qualidade de vida associada ao trabalho.

    Tm sido demonstrados benefcios para a relao prossional-usurio, aprimorando a abordagem cen-trada na pessoa, com melhora dos nveis de empatia e, inclusive, melhora dos resultados e do prognsticodos pacientes atendidos por esses prossionais. Muitas instituies de ensino tm introduzido as prticasmeditativas dentro dos currculos de graduao e ps-graduao na rea da sade, buscando tais benefciosdesde o perodo de formao dos prossionais.1,2,7

    6. Sobre as evidncias clnicas aplicadas s prticas integrativas e complementares (PIC),considere as seguintes armaes.

    I O acesso s melhores evidncias cientcas suciente para a tomada de decisoteraputica ou proltica, visando melhoria do cuidado s pessoas e s comunidades.

    II A associao das evidncias cientcas com o grau de dano potencial, a m de reco-mendar ou no uma PIC, traz poucos benefcios.

    III Para tentar minimizar as limitaes do uso das evidncias cientcas para a tomadade deciso clnica, pode-se associar a classicao do grau de evidncia com o graude dano potencial, a m de recomendar ou no uma PIC.

    IV O acesso s melhores evidncias cientcas fundamental para a tomada de deciso

    teraputica ou proltica, visando melhoria do cuidado s pessoas e s comunidades.

    Quais armaes esto corretas?

    A) I e III.B) II e III.C) II e IV.D) III e IV.

    Resposta no fnal do artigo

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    MEDITAOA

    PLICADASADE

    7. Com base nos pressupostos de David Rakel quanto ao grau de evidncia cientca,numere a segunda coluna de acordo com a primeira.

    1 Grau A

    2 Grau B

    3 Grau C

    ( ) Evidncias cientcas orientadas para a doena, ou baseadas emconsensos, opinies e experincia prossional.

    ( ) Evidncias cientcas consistentes e de boa qualidade metodolgica,orientadas para desfechos clnicos relevantes centrados no paciente.

    ( ) Evidncias cientcas orientadas para desfechos clnicos centrados nopaciente, mas inconsistentes e/ou de qualidade metodolgica limitada.

    Qual a alternativa cuja sequncia est correta?

    A) 3, 2, 1.B) 3, 1, 2.C) 2, 1, 3.

    D) 1, 3, 2.

    8. Sobre as aplicaes da meditao na sade, assinale a alternativa correta.

    A) A meditao tem sido utilizada na educao mdica e na formao de outros pros-sionais de sade, mas ainda sem resultados consistentes.

    B) Os portadores de doena de Alzheimer podem se beneciar da prtica de meditaoregular.

    C) A prtica de meditao no interfere na qualidade do trabalho em equipe.D) Os portadores de patologias cerebrais no se beneciam da prtica de meditao

    regular.

    Respostas no fnal do artigo

    9. Para quais condies mencionadas no artigo tem cada vez mais sido conrmada a eccia eefetividade da meditao, em especial dos tipos mindfulnesse transcendental, a partir de estudosepidemiolgicos e metanlises?

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    10. A respeito da prtica ou participao em um programa de meditao, o que tem sido evidenciadopor estudos realizados com prossionais da rea da sade, incluindo equipes de APS?

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    COMO INDICAR E APLICAR A MEDITAO

    Apesar dos inmeros benefcios e da simplicidade das tcnicas meditativas, tanto prossionais

    quanto pacientes devem ter conscincia de que estas no substituem os tratamentos mdicose outros prossionais da sade.

    Apesar de seguras, as prticas no so isentas de riscos, principalmente para os praticantes principiantes epara os portadores de condies clnicas especcas (as principais restries relativas conhecidas se referemaos portadores de esquizofrenia e epilepsia). Por isso, o praticante deve informar aos seus cuidadores quepratica ou iniciou prtica regular de meditao. recomendada a superviso por um instrutor, principalmentepara os meditadores iniciantes.

    UMA PRTICA DE MEDITAO Mindfulness

    Cuidados e suestes antes de iniciar a prtica

    Alguns cuidados e orientaes so importantes para quem pretende iniciar e manter uma prtica meditativa.1

    De preferncia, encontrar um lugar silencioso e com pouca ou nenhuma distrao. Plugues de proteosonora para os ouvidos podem ser utilizados em locais mais barulhentos.

    Reservar tempo e espao na agenda diria para a prtica meditativa. Independentemente do tempo que se

    pretende praticar naquela sesso (5, 10, 15, 30 minutos, etc.), recomendado o uso de um despertador quemarque o m da sesso, para que o praticante evite car preocupado em olhar o relgio durante a prtica. Usar roupas confortveis e adequadas para a temperatura do local. Deve-se lembrar que a temperatura

    corporal pode cair levemente durante a prtica meditativa. Assim, o uso de um cobertor leve pode prevenireventuais desconfortos.

    Sentar ou deitar em posio que permita pouco ou nenhum desconforto durante o tempo de prtica. Ouso de colchonetes, travesseiros ou almofadas recomendado. O pescoo deve estar em posio neutrae confortvel. A coluna deve estar ereta quando sentado, com ombros alinhados e mos apoiadas naspernas para evitar desconforto na cintura escapular.

    Os olhos podem estar fechados ou abertos. Quando abertos, devem car relaxados, sem focagem especca. Evitar refeies copiosas ou jejum muito prolongado antes das prticas. Meditar por perodos menores no comeo (5-10 minutos), aumentando o tempo da prtica progressiva-

    mente, conforme possibilidades e necessidades de cada um. Ser persistente e regular com as prticas meditativas. Melhores benefcios e progressos viro com a

    prtica diria e regular. Meditar em grupos e/ou ter um instrutor qualicado pode ajudar na adeso e manuteno das prticas.

    O uso de meditaes audioguiadas tambm pode ajudar. Escolher tcnicas e tipos de meditao que melhor se adaptem s necessidades e preferncias de cada um. Ter em mente que algum desconforto, nas costas ou nas pernas, por exemplo, pode ocorrer no comeo

    em iniciantes. Tentar achar uma posio mais confortvel pode ajudar nesses casos. Ter em mente que as prticas meditativas podem eventualmente trazer tona estressores ou traumas

    preexistentes e/ou reprimidos. O apoio de um instrutor qualicado e/ou de um prossional da sade importante nessas situaes.

    LEMBRAR

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    MEDITAOA

    PLICADASADE Meditao com foco na respirao

    A seguir, ser apresentada uma tcnica meditativa do tipo mindfulness que utiliza como ncoraa prpria respirao. segura e de simples aplicao para a populao geral e para pacientes.Tendo como base os cuidados e orientaes explicitados anteriormente, devem ser respeitados

    os seguintes passos:8

    1. Adotando uma posio confortvel, sentado ou deitado, deve-se deixar o corpo se estabilizarna posio. Pode-se fazer uma ou duas respiraes mais profundas para trazer a atenopara o corpo, como tambm comear lentamente a observar as sensaes no corpo naquelemomento (contato do corpo com o cho ou cadeira, temperatura da pele, possveis descon-fortos, etc.).

    2. Gradualmente, comea-se a trazer a ateno e a observao para os movimentos do corpodurante a respirao, como, por exemplo, os movimentos do trax e do abdome na inspiraoe expirao do ar, ou, ainda, a sensao do ar entrando e saindo pelas narinas durante arespirao. importante seguir o uxo natural da respirao, sem tentar alter-lo, apenasobservando-o.

    3. Deve-se manter, ento, a observao da respirao como ncora da ateno e da mente nomomento presente, momento a momento, a cada respirao.

    4. Eventualmente, se alguma distrao, pensamento, sensao ou preocupao vier tona,deve-se gentil e simplesmente apenas perceber e deixar passar, sem se prender ou julgar,voltando novamente a observao para a respirao.

    5. Antes de encerrar a sesso, a ateno e a observao so trazidas novamente para assensaes em todo o corpo naquele momento, e, lenta e gradualmente, termina-se a prtica.

    COMO SE TORNAR UM INSTRUTOR

    fundamental a manuteno de uma prtica pessoal regular de meditao para aqueles quepretendem se tornar instrutores de meditao.

    Diversas instituies brasileiras e internacionais oferecem cursos de formao para instrutores de meditao,em seus diversos tipos e modalidades. Alguns tm foco especco na rea sade, como, por exemplo, oInstituto Breathworks em Manchester, Inglaterra, e o Centro de Meditao Mindfulness na Medicina de JonKabat-Zinn, junto Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos.

    11. Mesmo com os inmeros benefcios proporcionados e a simplicidade das tcnicas meditativas,que ressalva faz o autor aos prossionais e pacientes que as utilizam?

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    12. Sobre os riscos da prtica meditativa, marque a alternativa correta.

    A) A prtica de meditao isenta de riscos.B) Algum desconforto, nas costas ou nas pernas, por exemplo, pode ocorrer em iniciantes

    nas prticas meditativas.C) Nenhum desconforto tem sido relatado nas prticas.D) Muitos tipos de desconforto tm sido relatados pelas pesquisas cientcas.

    Resposta no fnal do artigo

    13. Cite, com base no artigo, cinco cuidados e orientaes importantes para quem pretende iniciare manter uma prtica meditativa.

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    14. Sobre a formao do instrutor de meditao, aponte a alternativa correta.

    A) Para se tornar um instrutor de meditao, fundamental a manuteno de uma prticapessoal regular de meditao.

    B) Existem poucos centros de formao de instrutores.

    C) No existem centros formadores no Brasil.D) Para se tornar um instrutor de meditao, no fundamental a manuteno de umaprtica pessoal regular de meditao.

    Resposta no fnal do artigo

    CASO CLNICO

    Pessoa de 65 anos, do sexo feminino, dona de casa, portadora de hipertenso arterial sistmica, em usoregular de diurtico, com presso arterial mdia de 144x86mmHg, chega ao consultrio relatando que iniciouprtica regular de meditao em grupo.

    15. A paciente pergunta ao mdico da famlia se deveria ou no continuar no grupo. Qualdeveria ser a recomendao?

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    Resposta no fnal do artigo

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    MEDITAOA

    PLICADASADE CONCLUSO

    A aplicao da meditao no campo da sade e na APS tem grande potencial para melhorar o estado de sadee o bem-estar da populao em geral e de pacientes, particularmente os portadores de condies crnicas.

    Os mdicos de famlia e comunidade e as equipes de sade da famlia deveriam incorporar a meditao emseus planos e projetos teraputicos, constituindo-se efetivamente em importantes agentes desencadeadoresdessa terapia complementar efetiva e promotora de sade no Brasil.

    Para saber mais

    Sites especializados em meditao mindfulness e sade:www.breathworks-mindfulness.org.uk (Instituto Breathworks, Inglaterra) ewww.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditao Mindfulness na Medicina, Universidade de Massa-

    chusetts, Estados Unidos).

    Reportagens sobre meditao e sade:http://www.istoe.com.br/reportagens/51821_O+PODER+DA+MEDITACAO+PARTE+1 (textos e entre-vistas sobre meditao, medicina e sade) ehttp://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2010/10/meditacao-reduz-ansiedade-e-o-estresse-e-auxilia--na-cura-de-doencas.html (textos e entrevistas sobre meditao, medicina e sade).

    RESPOSTAS S ATIVIDADES E COMENTRIOS

    Atividade 1Resposta: DComentrio: Existem evidncias cientcas consistentes sobre os efeitos bencos da meditao aplicada sade, por exemplo, no diabetes e na hipertenso.

    Atividade 2Resposta: A

    Comentrio: A meditao uma prtica mente-corpo baseada na conscincia plena no julgadora, que temrazes no budismo e em diversas outras tradies culturais, religiosas e loscas.

    Atividade 4Resposta: AComentrio: O programa conhecido como MBSR desenvolve quatro tcnicas simples de meditao mindful-ness, e foi um dos primeiros a utilizar a meditao aplicada sade no ocidente.

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    PROMEF

    SEMCAD

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    Atividade 6Resposta: DComentrio: A associao da classicao do grau de evidncia cientca com o grau de dano potencial uma das possibilidades para tentar minimizar as limitaes do uso das evidncias cientcas para tomada dedeciso clnica. No campo da sade em geral, e particularmente no campo das PICs, como a meditao,

    fundamental o acesso s melhores evidncias cientcas para a tomada de deciso teraputica ou proltica,visando melhoria do cuidado s pessoas e s comunidades.

    Atividade 7Resposta: B

    Atividade 8Resposta: BComentrio: A meditao tem sido utilizada com bons resultados na formao em sade e para a melhoriada qualidade de vida associada ao trabalho. Os portadores de patologias cerebrais podem se beneciar daprtica de meditao regular, como, por exemplo, aqueles pacientes com doena de Alzheimer e sequeladosde acidentes cerebrovasculares.

    Atividade 12Resposta: BComentrio: A prtica de meditao no isenta de riscos. Existem restries relativas para a prtica demeditao em portadores de esquizofrenia e epilepsia, por exemplo, e algum desconforto pode ocorrer.

    Atividade 14Resposta: AComentrio: Para se tornar um instrutor de meditao, fundamental a manuteno de uma prtica pessoal

    regular de meditao. Existem vrios centros formadores, inclusive no Brasil.

    Atividade 15Resposta: O mdico deveria, nesse caso, recomendar e reforar a prtica meditativa, j que h evidnciascom bom grau de recomendao para a prtica regular de meditao em pacientes hipertensos. O mdicodeve orientar a pessoa, tambm, para continuar seguindo o tratamento prescrito para a hipertenso, mascom controle mais regular dos seus nveis pressricos, a m de acompanhar a resposta cardiovascular prtica meditativa.

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    PLICADASADE REFERNCIAS

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