MEGA-ABRAÇO DE ESCOLHA · 9 6 o SÁBADO JORNAL REPUBLICANO TA DAS BEIRAS de a S Fundador Adriano...

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9 7 DE MAIO DE 2016 SÁBADO JORNAL REPUBLICANO ÓRGÃO REGIONALISTA DAS BEIRAS HÁ 85 ANOS A INFORMAR 0,80 EUROS Diário de Coimbra Fundador Adriano Lucas (1883-1950) | Director “in memoriam” Adriano Lucas (1925-2011) | Director Adriano Callé Lucas JORNAL OFICIAL Vítor Cavadas recusou “sentença” de que não poderia mais correr Exemplo de vida | P6 Académica tem de vencer Sp. Braga para evitar descida de divisão Futebol | P22 Festa da Ginástica já arrancou em Cantanhede Taça do Mundo | P28 Venda da Pasta beneciou da mudança de data Queima das Fitas | P4 Espaço Inovação arranca com seis empreendedores Mealhada | P17 Alunos, pais e professores de colégios de todo o país manifestaram-se ontem contra despacho do Ministério da Educação Páginas 2 e 3 FIGUEIREDO MEGA-ABRAÇO PELA LIBERDADE DE ESCOLHA Sabores da terra e do mar para apreciar na Figueira P14 Jorge Conde concorre para dar um novo rumo ao Politécnico de Coimbra P7

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7 DE MAIO DE 2016 SÁBADO JORNAL REPUBLICANO ÓRGÃO REGIONALISTA DAS BEIRAS HÁ 85 ANOS A INFORMAR 0,80 EUROS

DiáriodeCoimbraFundador Adriano Lucas (1883-1950) | Director “in memoriam” Adriano Lucas (1925-2011) | Director Adriano Callé Lucas

JORNAL OFICIAL

Vítor Cavadas recusou “sentença” de que não poderiamais correr Exemplo de vida | P6

Académica tem de vencer Sp. Bragapara evitar descida de divisão Futebol | P22

Festa da Ginásticajá arrancou emCantanhedeTaça do Mundo | P28

Venda da Pasta beneficiou da mudança de dataQueima das Fitas | P4

Espaço Inovaçãoarranca com seisempreendedoresMealhada | P17

Alunos, pais e professores de colégios de todo o país manifestaram-seontem contra despacho do Ministério da Educação Páginas 2 e 3

FIGUEIREDO

MEGA-ABRAÇO PELA LIBERDADEDE ESCOLHA

Sabores da terrae do marparaapreciar na FigueiraP14

JorgeConde concorrepara dar um novorumo aoPolitécnico de CoimbraP7

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Instituto de Lordemão já anunciou providência cautelar

Souselas alerta para carências de transportes

Quiaios apela à liberdade de escolha

Instituto de Almalaguês também se associou à iniciativa

CAIC não ficou de fora da acção nacional e mobilizou milhares

Protesto na Escola Pedro Teixeira (Cantanhede)

Vozes

Rita Figueiredo17 anos/12.º anoColégio Rainha Santa

Frequento o colégio desde os 4 anos, mas, se entre os 5.º e 9.º anos, não houvessecontrato de associação, decerteza que não tinha andadocá. É a minha segunda casa.

Inês Alves15 anos/10.º anoColégio S. Teotónio

Vivo em Miranda do Corvo eestou aqui desde o 5.º ano.Nem quero imaginar ter desair por causa de uma lei quenão faz sentido.

Odete FerreiraEncarregada de educação

Tenho uma filha no 5.º ano evejo tudo isto com grandepreocupação. Sinto-a muitofeliz e sei que vai ser um choque para ela se tiver de deixar o INEDS.

João Silva15 anos/10.º anoInstituto Educativo de Souselas

Vivo perto da Pampilhosa e sem o INEDS teria de me deslocar para muito mais longe.

Contratos do ensino particular ecooperativo dividem parlamentoDEBATE O financiamento pú-blico do ensino particular e coo-perativo voltou ontem a dividiro parlamento, com PSD e CDSa defenderem a sobrevivênciadestas instituições e PS, BE ePCP e PEV o respeito pelo di-nheiro dos contribuintes.

A pedido do PSD, o ministroda Educação esteve na Assem-bleia da República para um de-bate sobre os contratos do en-sino particular e cooperativo.

No debate, os partidos de es-querda defenderam que «é pre-ciso racionalizar os meios»(PEV), que o financiamento des-tes colégios «é um abuso sobreos impostos dos contribuintes»(Bloco de Esquerda) e que«viola a lei ao desviar alunos dasescolas públicas para privadas»(PCP). Já para os deputados doPSD e CDS, trata-se de umaquestão de liberdade de escolhae, acima de tudo, de garantir queas promessas são cumpridas,ou seja, de que «o Governo hon -ra a sua palavra».

O anterior Governo «assinouum contrato plurianual que per-mitiu uma redução do valor porturma, mas que possibilitouuma maior estabilidade e pre-visibilidade a estas escolas quelhes permitisse ajustarem a suaoferta», defendeu o deputadodo PSD Amadeu Albergaria.

Para o PSD, o Ministério, o BE,o PCP e os Verdes «estão a co-locar em causa a sobrevivênciadestes estabelecimentos, a co-locar em causa milhares de pos-tos de trabalho de professores,

a colocar em causa milhares depostos de trabalho de funcio-nários, a colocar em causa atransição de ciclo de milharesde alunos no percurso escolare a frustrarem as legitimas ex-petativas das famílias».

No debate, PSD voltou a ga-rantir que não está contra a es-cola pública e o Governo a rea-firmar que «nada os move» con-tra a escola privada. «Não acei-tamos que nos digam que esta-mos contra a escola pública doEstado», afirmou Amadeu Al-bergaria, que considera que asmedidas da actual equipa go-vernativa revelam um «pro-fundo preconceito ideológico».

Em resposta, o ministro daEducação resumiu a posição daesquerda sobre a matéria: «Na -da nos move contra os agentesprivados de educação», disseTiago Brandão, lembrando osapoios financeiros estatais atri-buídos a instituições privadasde ensino pré-escolar ou ao en-sino artístico. Tiago BrandãoRodrigues garantiu que os con-tratos celebrados pelo anteriorexecutivo seriam cumpridos,mas que é preciso respeitar odinheiro dos contribuintes: «Orespeito pelo Orçamento do Es-tado exige-nos que usemos nonecessário e não no redundante,

não duplicando a factura pagapelo contribuinte. Exige-nosque validemos os contactos cu-jas condições acordadas se efec-tivam e cujo fim a que se desti-nam são alcançados».

O governante lembrou queestes contratos de associaçãoforam celebrados há duas dé-cadas, quando ainda existiamzonas do país sem escolas pú-blicas suficientes para todos osalunos. Era preciso «assegurartransitoriamente uma rede es-colar pública o mais alargadapossível» e, por isso, o Estadocontratualizou com entidadesprivadas. No entanto, começoua haver sobreposição de ofertae transferência de alunos dasescolas públicas para as priva-das, que continuavam a ser fi-nanciadas pelo Estado.

Ontem, representantes de es-colas com contratos de asso-ciação reuniram-se em Bragacom o primeiro-ministro e nofinal manifestaram-se «mode-radamente esperançados» nareavaliação do despacho 1H/2016. Segundo a presidente daAssociação de Pais do ExternatoInfante D. Henrique, de Braga,o primeiro-ministro mos trou--se «disponível para tentar per-ceber o que acontece com cadaescola com contrato de asso-ciação, caso a caso». Mais tarde,em Ermesinde, António Costadisse que é na escola pública queé fundamental concentrar os re-cursos porque «é a escola de to-dos, a que garante a igualdadede oportunidades a todos».!

SÁBADO | 7 MAI 2016 | 03

DestaqueAutarca de Pombal solidário com IDJVO presidente da Câmara Municipal de Pombal, Diogo Ma-teus, juntou-se à comunidade educativa do Instituto D.João V (IDJV), no Louriçal. “O país não pode ser oportu-nista, mas agradecido”, comentou o autarca.

DiáriodeCoimbra

Primeiro-ministro defendeu que é na escola pública que é fundamental con-centrar os recursos

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02 | 7 MAI 2016 | SÁBADO

DestaqueCartas para António Costa e Marcelo Rebelo de SousaAlém da iniciativa “Abraço à Escola”, nas instituições com contratos de associação. ontem, também foi dia de enviar milhares de cartas para primeiro-ministro e para o Presidente da República.

DiáriodeCoimbra

Patrícia Isabel Silva

”Queremos a Escola. Ponto”.Vestidos de amarelo e branco,abraçados ou de mãos dadas,milhares de alunos, professo-res, funcionários e pais mani-festaram-se, ontem, contra oscortes nos contratos de asso-ciação nas instituições de en-sino particular e corporativo.Foi assim um pouco por todoo país e Coimbra não foi ex-cepção, com a iniciativa “Abra -ço à Escola”.

“Aqui tenho os meus amigos”,“Aqui sou bem acolhido”, “Te-mos direito... à felicidade”. Estaseram apenas algumas das fra-ses que alunos do Colégio Rai-nha Santa Isabel empunhavam,enquanto os vizinhos do Colé-gio de S. Teotónio, dentro e forado recinto escolar, também sefaziam ouvir contra o despachonormativo 1H/2016.

Duas instituições com omes mo objectivo e que, sim-bolicamente, se uniram numaacção que mobilizou a comu-nidade educativa.

De lágrimas nos olhos, umamãe não escondia a tristeza aoaperceber-se da angústia do fi-lho. «Mãe, eu até posso conti-nuar no colégio, porque tu po-des pagar, mas vou perder tan-tos amigos», dizia o menino.Este é apenas um exemplo dossentimentos que se vão vi-vendo por estes dias.

«É uma injustiça social dizer

que só aqueles que podem pa-gar, podem escolher e podemescolher boas escolas. Isto nãopode ser uma determinaçãogovernamental, embora tenhade haver organização, regula-ção, fiscalização, mas é um di-reito que os pais têm de versalvaguardado», adiantou aosjornalistas Manuel Carvalheiro,director do Colégio S. Teotónio,insistindo na importância dafiscalização, missão que «com-pete ao ministério».

Com o ano lectivo a aproxi-mar-se do final, as famíliasvêem-se confrontadas comuma verdadeira corrida contrao tempo e Manuel Carvalheiro

não esconde a preocupação:«se o despacho for cumpridoe for preconizada a ideia de queos contratos têm apenas comofinalidade suprir um carênciada escola estatal, nesse caso, fi-camos sem alunos, não há dú-vida nenhuma».

«De repente, não há ne-nhuma escola, que tenha con-trato de associação, que possasimplesmente dizer, “este anoainda vou ter, para o ano, nãosei, o ano seguinte, talvez não”.Isto não pode funcionar assim.Se este é o caminho, se apenasestamos cá quando o Estadoprecisa, pensado ano a ano, en-tão fechamos já», lamentou.

Do centro da cidade para aperiferia, no Instituto Educa-tivo de Souselas (INEDS) vi-vem-se também dias de an-gústia.

«Isto é uma guerra que nos es-tão a fazer, que não tem nenhumsentido», lamentou o directorManuel Duarte, recordando queo INEDS foi implantado, preci-samente, numa zona para ondeestava prevista a construção deuma escola pública, que nuncachegou a avançar.

Foi, então, que um grupo deprofessores colocou “mãos àobra” e, em 1993, nascia o Ins-tituto Educativo de Souselas,numa zona que continua a

sentir as carências de transpor-tes e as condições sócio-eco-nómicas das famílias são re-duzidas.

Para Luísa Flores, coordena-dora educativa, uma das maio-res consequências da aplica-ção do despacho 1H/2016 po-derá ser o abandono escolar.

Basta ter em atenção a reali-dade da população escolar.Num total de 486 alunosabrangidos por contratos deassociação, há uma percenta-gem de 37% nos escalões de Ae B de acção social, 28 são alu-nos institucionalizados e 67têm necessidades educativasespeciais.

Protestos em Lordemão, Almalaguês,Cernache,Quiaios e Cantanhede

Também no Colégio da Ima-culada Conceição (CAIC), emCernache, a mobilização atin-giu largas centenas de pessoasno “Abraço à Escola”.

Um pouco mais cedo, porvolta das 8h30, no Instituto Edu-cativo de Lordemão, alunos,professores, funcionários e pais,também se manifestaram con-tra a intenção do ministério emreduzir o apoio, tal como no Co-légio de Quiaios. Cenário idên-tico viveu-se no Instituto Edu-cativo de Almalaguês e na EscolaPedro Teixeira (Cantanhede).!

Milhares de alunos, pais e professores unidos num mega-abraço às escolasManifestação Angústia. Ansiedade. Incerteza. Estes são alguns dos sentimentos dominantes nas instituições de ensino com contratos de associação. Ontem, milhares exigiram “liberdade de escolha”

FIGUEIREDO

Rainha Santa com centenas de participantes no “Abraço” Colégio S. Teotónio aderiu à iniciativa. O director Manuel Carvalheiro alerta para “injustiça social”