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Orientador: Professor Doutor João J.Lopes Gomes
Co-Orientadora: Professora Doutora Helena Cardoso
Rute da Silva Santos
Porto, 2009
Avaliação da Actividade Física, em doentes com
Diabetes Mellitus tipo 2, seguidos na consulta de
Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto –
Hospital Geral Santo António
Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em
Prevenção e Reabilitação Cardíaca apresentada
ao Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar-UP
Santos, R. (2009). Avaliação da Actividade Física, em doentes com Diabetes
Mellitus tipo 2, seguidos na consulta de Endocrinologia do Centro Hospitalar do
Porto – Hospital Geral Santo António. Porto: R. Santos. Dissertação de
Mestrado apresentada ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
Palavras-chave: Actividade Física, Diabetes Mellitus tipo 2, International
Physical Activity Questionnaire (IPAQ).
A todos que me ajudaram nesta longa escalada...
Muito Obrigada...
v
AGRADECIMENTOS
Embora uma dissertação seja, pela sua finalidade académica, um trabalho
individual, há contributos de natureza diversa que não podem nem devem deixar de
ser realçados. Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros agradecimentos:
Ao Prof. Doutor Lopes Gomes, professor e orientador, pela abertura de espírito,
pela disponibilidade revelada ao longo deste percurso e pelas críticas e sugestões
relevantes feitas durante a orientação.
À Prof. Doutora Helena Cardoso, professora e co-orientadora, pela sua
generosidade desde o nosso primeiro contacto, que logo me abriu a porta que
rapidamente me encaminharia para o tema tratado nesta dissertação, pela orientação
dada durante a recolha dos dados, bem como pela disponibilidade e amizade então
demonstradas.
À equipa multidisciplinar da Consulta de Terapêutica e Educação da Diabetes
do Centro Hospitalar do Porto - Hospital Geral de Santo António que tive a
amabilidade de me receber e orientar na recolha dos dados.
Ao Departamento de Ética do CHP-HGSA, pelo reconhecimento do meu
projecto e consequente autorização para a realização do mesmo.
A todos os colegas de trabalho pelo apoio manifestado e pela disponibilidade
para todas as ajudas necessárias para que eu pudesse cumprir com todas as minhas
obrigações.
Ao colega Fernando Ribeiro, pela ajuda fundamental e esclarecimentos
valiosos que me deu e pelo ânimo.
À Tita pela presença e ajuda fundamental na realização deste trabalho.
À minha família, pelo estímulo e apoio incondicional desde a primeira hora;
pela paciência e grande amizade com que sempre me ouviu, e sensatez com que
sempre me ajudou e pela excitação e orgulho com que sempre reagiu aos meus
resultados académicos.
Ao Tiago, pelo apoio incondicional, pelas trocas de impressões, comentários ao
trabalho, pela paciência e compreensão reveladas ao longo destes meses e sobretudo
pela motivação constante nos momentos cruciais.
vii
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS .............................................................................................. v ÍNDICE GERAL ................................................................................................... vii ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................ ix ÍNDICE DE GRÁFICOS .......................................................................................... xi RESUMO ...........................................................................................................xiii ABSTRACT ........................................................................................................ xv RÉSUME ..........................................................................................................xvii ABREVIATURAS .................................................................................................xix 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 2. OBJECTIVOS E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ........................................................ 7
2.1.OBJECTIVO GERAL ................................................................................................... 7
2.2.OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 7
2.3.JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 7
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 9 3.1. DIABETES MELLITUS .............................................................................................. 11
3.1.1. PERSPECTIVA HISTÓRICA ............................................................................... 11
3.1.2. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO...................................................................... 12
3.1.3.FISIOPATOLOGIA ............................................................................................. 12
3.1.4. CLASSIFICAÇÃO DA DM .................................................................................. 13
3.1.5. CAUSAS DA DIABETES MELLITUS .................................................................... 14
3.1.6. PREVALÊNCIA E IMPACTO DA DOENÇA ............................................................ 15
3.1.7. SINTOMAS DA DIABETES MELLITUS ................................................................. 18
3.1.8. COMPLICAÇÕES DA DIABETES MELLITUS ........................................................ 19
3.1.9. DIABETES MELLITUS E DOENÇAS CARDIOVASCULARES ................................... 22
3.1.10. DIABETES MELLITUS E OBESIDADE ............................................................... 24
3.1.11. PREVENÇÃO, TRATAMENTO E AUTOCUIDADO DA DIABETES MELLITUS ......... 26
3.1.11. 1. PREVENÇÃO ......................................................................................... 26
3.1.11.2. TRATAMENTO E AUTOCUIDADO .............................................................. 27
3.2. ACTIVIDADE FÍSICA ................................................................................................ 28
3.2.1. DEFINIÇÃO ACTIVIDADE FÍSICA ....................................................................... 28
3.2.2.BENEFÍCIOS DA ACTIVIDADE FÍSICA ................................................................. 29
3.2.3. ACTIVIDADE FÍSICA E SAÚDE .......................................................................... 30
viii
3.2.4.RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ............................. 31
3.2.5. ACTIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO DA DIABETES MELLITUS........................... 32
3.2.6. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA ................ 33
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 37 4.1.CARACATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................... 39
4.1.1.CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................................. 39
4.1.2.CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ................................................................................ 39
4.2.TIPO DE ESTUDO: ................................................................................................... 39
4.3.INSTRUMENTOS E VARIÁVEIS ESTUDADAS ............................................................... 40
4.4. ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................... 43
4.5.ÉTICA ..................................................................................................................... 44
5. RESULTADOS ................................................................................................ 45 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 53 7. CONCLUSÕES ............................................................................................... 59 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 63 9. ANEXOS ....................................................................................................... 77
ix
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Critérios para diagnóstico da DM 19
Tabela 2 – Classificação da obesidade por IMC 25
Tabela 3 – Resumo das recomendações para indivíduos com DM,
segundo ADA
28
Tabela 4 – Recomendações para a prática de AF 31
Tabela 5 – Sumário dos métodos de avaliação da AF- adaptado de
Oliveira e Maia, 2001
34
Tabela 6 – Cálculo do dispêndio energético 42
Tabela 7 – Características sócio-demográficas 47
Tabela 8 – Caracterização e comparação das variáveis categoria de
IMC e categoria de PA analisadas para cada um dos sexos
51
xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – IPAQ Baixo / Moderado 49
xiii
RESUMO
Avaliação da Actividade Física, em doentes com Diabetes Mellitus tipo 2,
seguidos na consulta de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto – HGSA
INTRODUÇÃO: Em Portugal, estima-se que existam cerca de 650 000 diabéticos com
diagnóstico revelado, sendo 90 a 95% do tipo 2.42 Os conhecimentos actuais permitem
que haja um consenso entre os profissionais da área da saúde de que, a actividade
física é um factor determinante na prevenção e evolução de doenças crónicas como a
diabetes tipo 2. No entanto, o conhecimento sobre o nível de actividade física nestes
doentes não está muito explorado. OBJECTIVOS: Caracterizar o perfil da actividade
física de um grupo de doentes com diabetes tipo 2 e verificar de que forma este nível
está associado com os factores antropométricos, clínicos, sócio-demográficos,
condição física e motivação para a prática da mesma. METODOLOGIA: Neste estudo
participou uma amostra de conveniência (22 mulheres e 18 homens) com diabetes tipo
2, com uma média de idades de 52,6 anos. A recolha de dados foi feita
individualmente via um questionário (dados sócio-demográficos e condições de saúde)
e o International Physical Activity Questionnaire (versão curta) para avaliação da
actividade física. RESULTADOS: A amostra apresentou na sua maioria (55%) um nível
de actividade física moderado. 57,5% dos indivíduos foram classificados como obesos
maioritariamente do sexo feminino, 60% tiveram valores de perímetro abdominal
considerados elevados. Só foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas (p=0,005), entre a condição física dos doentes e o nível de actividade
física e para as restantes variáveis, não se encontram diferenças estatisticamente
significativas. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: Verificou-se a inexistência de relação entre a
actividade física e as variáveis independentes (índice de massa corporal, perímetro
abdominal, tensão arterial e motivação para a prática de actividade física). O nível de
actividade física desenvolvido pelos doentes observados não é suficiente para actuar
sobre os referidos factores; a persistência dos mesmos confirma a necessidade de
estilos de vida activos. Torna-se então premente criar programas com níveis de
actividade física capazes de trazer benefícios para a saúde, como forma de prevenção
e de tratamento da diabetes tipo 2.
Palavras-Chave: ACTIVIDADE FÍSICA, DIABETES MELLITUS TIPO 2, INTERNATIONAL
PHYSICAL ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ).
xv
ABSTRACT
Assessment of the Physical Activity of Diabetes Mellitus type 2 patients,
followed at the medical appointments of the Endocrinology Ward of CHP- HGSA
INTRODUCTION: In Portugal, it is estimated that there are 650 000 diabetics, 90% to
95% of whom were diagnosed diabetes type 2.42 Present knowledge allows all health
professionals to reach a consensus about the fact that physical activity is a decisive
factor in the prevention and evolution of chronic diseases such as diabetes mellitus
type 2. Nevertheless, the knowledge about the level of physical activity of these
patients is not sufficiently explored. AIMS: To characterize the profile of the physical
activity a group of patients diagnosed with Diabetes type 2, and the way its level is
associated to anthropometric and clinical factors, the physical condition and the
motivation to the practice of physical activity. METHODOLOGY: A convenience sampling
(22 women and 18 men) with diabetes type 2, 52,6 years of age on average,
participated in this study. The data collection was made individually, and a
questionnaire with socio-demographic and health variables was applied. The physical
activity was assessed through the International Physical Activity Questionnaire, short
version. Subsequently, the individuals were classified according to their level of
physical activity: high, moderate and low. RESULTS: The results show that 55% of the
individuals from the sampling presented a moderate level of physical activity, and none
presented a high level of physical activity. 57% of the individuals were classified as
obese, mainly those of the female sex; 60% reached values considered high in terms
of abdominal perimeter. Only in terms of the level of physical condition of patients and
the level of physical activity were statistically significant variables found (p=0,005). In
terms of the other variables there are no differences statistically significant.
DISCUSSION/CONCLUSIONS: There is no relationship between physical activity and
independent variables (body mass index, abdominal perimeter, blood pressure and the
motivation for the practice of physical activity). The level of physical activity developed
by observed patients is not enough to influence these factors; the persistence of risk
factors confirms the need of active lifestyles. It’s vital to create programs with levels of
physical activity that can bring beneficial changes to health as a mean of prevention
and treatment of diabetes type 2.
KEYWORDS: PHYSICAL ACTIVITY, DIABETES MELLITUS TYPE 2, INTERNATIONAL PHYSICAL
ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ).
xvii
RÉSUME Évaluation de l’activité physique aux malades aux Diabète Mellitus Type 2, chez
la consultation d’Endocrinologie au CHP- HGSA.
INTRODUCTION: Au Portugal, on pense qu’il y a environ 650 000 personnes qui ont le
diabète, avec un diagnostique déjà connu, dont 90 à 95% diabète type 2.42
Actuellement, on croit que l’activité physique est déterminante dans la prévention et
évolution de certaines maladies chroniques comme la diabète type 2. Malgré ça, la
connaissance du niveau d’activité physique aux malades qui présentent diabète type 2,
n’est pas encore bien exploré. OBJECTIFS: Caractériser le portait d’activité physique aux malades avec diabète type 2 et vérifier comment le niveau d’activité physique est
associé aux facteurs anthropométriques, cliniques, la condition physique et la
motivation pour la pratique d’activité physique. MÉTHODOLOGIE: Un échantillon de
convenance a participé à cet étude: 22 femmes et 18 hommes avec diabète type 2,
agés de 52,6 années, environ. On a obtennu l’information, individuellement, avec
l’application d’un questionnaire avec des variables sócio-démographiques et conditions
de santé. L’activité physique a été évaluée avec l’ International Physical Activity Questionnaire, version résumée. Après, on a classifié les individus d’accord le niveau
d’activité physique, bas, moderé ou haut. RÉSULTATS: Les resultats montrent que 55%
de l’échantillon a révelé un niveau l’activité physique modéré et il n’y a personne qui
démontre un niveau haut. 57,5% des individus ont été classifiés comme obèses,
surtout, les femmes. 60% ont eu des valeurs de périmètre abdominal considérés hauts.
On a trouvé des différences statistiquement significatives (p=0,005) entre la condition
physique des malades et le niveau l’activité physique. En ce qui concerne les autres
variables on n’a pas trouvé de différences statistiquement significatives.
DISCUSSION/CONCLUSIONS: Il n’y a pas de relation entre l’activité physique et les
variables indèpendantes (l´indice de masse corporelle, le périmètre abdominal, la
pression artérielle et la motivation pour pratiquer de l’activité physique). Le niveau
d`activité physique développée par des patients qui n`avaient pas assez pour agir sur
cês facteurs; la persistance des données confirme la nécessité d’avoir un style de vie
actif. Il devient alors indispensable de créer des programmes avec des niveaux
d`activité physique qui peuvent apporter des avantages pour la santé comme un
moyen de prévention et traitement de la diabete type 2.
MOTS-CLÉ: ACTIVITÉ PHYSIQUE, DIABÈTE MELLITUS TYPE 2, INTERNATIONAL PHYSICAL
ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ).
xix
ABREVIATURAS
ACSM – American College of Sports Medicine
ADA - American Diabetes Association
AF - Actividade Física
AHA – American Heart Association
ALAD – Associação Latino Americana da Diabetes
AVC – Acidente Vascular Cerebral
CT - Colesterol Total
DCV - Doenças Cardiovasculares
DGS – Direcção Geral de Saúde
DM - Diabetes Mellitus
HDL - Lipoproteína de Alta Intensidade
HTA - Hipertensão arterial
IDF – International Diabetes Federation
IMAGE – Implementation of a European Guideline and Training Standards for
Diabetes Prevention
IMC - Índice de Massa Corporal
INS - Inquérito Nacional de Saúde
IPAQ – International Physical Activity Questionnaire
Kcal – Quilocalorias
Kg – Quilogramas
Kj – Quilojoule
LDL - Lipoproteína de Baixa Intensidade
m – Metros
MAX - Máximo
MET – Equivalente metabólico
xx
mg/dl – Miligrama/Decilitro
MIN - Mínimo
min/sem – Minuto/Semana
ml – Mililitro
mmHg – Milímetro Mercúrio
mmol/l – Milimol/Litro
MRFIT – Multiple Risk Factor Intervention Trial
OMS - Organização Mundial Saúde
PAbd - Perímetro Abdominal
SPD - Sociedade Portuguesa de Diabetologia
SPSS® – Statistics Package for the Social Sciences®
TA – Tensão arterial
TG – Triglicerídeos
TOTG – Teste de Tolerância à Glicose
UE – União Europeia
UKPDS – United Kingdom Prospective Diabetes Study
vs - Versus
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
1
1. INTRODUÇÃO A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica de múltipla etiologia,
caracterizada por uma hiperglicémia crónica, com alterações do metabolismo dos
hidratos de carbono, gorduras e proteínas, as quais se podem atribuir a uma deficiente
acção da insulina nos tecidos alvo, consequência da deficiência ou ausência da
secreção e/ou acção da insulina, podendo levar a complicações micro,
macrovasculares e neurológicas, bem como à disfunção e falência de vários
órgãos.1,2,3,4,5
De acordo com, os dados mencionados no “Dossier Diabetes Programa de
Controlo da DM -1998”, da Direcção Geral de Saúde (DGS) e da Sociedade
Portuguesa de Diabetologia (SPD) “a DM constitui um grave problema de saúde
publica a nível mundial não só pela sua crescente incidência, como também, pela sua
elevada morbilidade e mortalidade”.1,2,3,6,7
Com o decorrer dos anos esta epidemia em que a DM se tornou, acompanha-
nos sempre com perspectivas mais preocupantes e avassaladoras, a sua prevalência
mundial tem vindo a aumentar drasticamente.3,4,7,8,9,10,11,12
Múltiplas alterações e variações genéticas podem estar envolvidas nesta
doença, assim como, factores ambientais relacionados com estilos de vida.
O aumento do índice de massa corporal (IMC) e do perímetro abdominal
(PAbd) estão associados ao aumento da DM tipo 2. A baixa ingestão de fibras e o alto
índice de glicemia são factores nutricionais importantes e influentes na doença.1,3,6,13
Os sintomas mais precoces e comuns da DM são: a poliúria, polidípsia e
polifagia. Em situações mais graves, podem verificar-se episódios de; cetoacidose ou
hiperosmolaridade não cetósica, podendo levar à letargia, coma e, na ausência de
tratamento adequado esta patologia pode mesmo levar à morte.1,3,6,14
A sintomatologia, pode aparecer tardiamente e inicialmente com uma
intensidade quase imperceptível que dificulta o diagnostico.1,3,6,13,14
Estima-se que o número de pessoas com DM aumente de 194 milhões em
2003 para aproximadamente 300 milhões em 2025 quer em países industrializados
quer em países em desenvolvimento.4,10,11 O maior aumento na prevalência prevê-se
que seja na África, Médio Oriente, Ásia e América Latina com os respectivos valores
expectados de 98%, 97%, 91% e 88%.9,10 Em Portugal estima-se que existam cerca
de 650 mil diabéticos, com valores mais expressivos nas faixas etárias mais elevadas.9
INTRODUÇÃO
2
No nosso país a DM alcançou também, sem dúvida, um estatuto de epidemia
com consequências devastadoras em diversos níveis (pessoal, social, familiar e
económico) prevendo-se que acarrete um inquestionável peso em termos nacionais;
torna-se evidente a necessidade de o mais precocemente se desenvolverem todas as
medidas que possibilitem atitudes capazes de prevenir e controlar esta doença.4,9
As constantes evoluções no tratamento da DM têm permitido um aumento na
expectativa de vida destes doentes e consequente maior prevalência das
complicações crónicas, destacando-se a doença cardiovascular.15
A DM tipo 2 associa-se, a um risco duas a quatro vezes superior de
aparecimento de doença cardiovascular (DCV), tornando esta doença de tanto
impacto mundial numa das principais complicações da DM tipo 2 e responsável por
cerca de 50-80% da mortalidade em pessoas com DM, assim como pelo aumento da
morbilidade e perda de qualidade de vida nestes doentes.1,4,6,10,16,17,18,19,20
Para além de ser um factor de risco de doença macrovascular, a DM tipo 2 alia-
se frequentemente a outros factores de risco, como obesidade, hipertensão arterial
(HTA) e dislipidemia. Tornam-se multifactoriais os mecanismos responsáveis pela
maior morbilidade e mortalidade cardiovascular nesta doença.1,6,13,14,16
Recentemente, os estudos têm dado importância ao papel da actividade física
(AF) na prevenção e tratamento da DM tipo 2, pois contribui para uma menor
resistência à insulina e uma diminuição do risco cardiovascular (diminui a pressão
arterial, os níveis de colesterol e a massa gorda).1,9,13,21,22
São vários os autores que descrevem uma relação positiva entre a AF e a
diminuição do risco de diversas doenças crónicas como por exemplo, as DCV, a HTA,
a Obesidade, a DM tipo2, a Osteoporose e alguns tipos de cancro e perturbações
emocionais.2,8,23,24,25
Indivíduos que exercem regularmente, actividades aeróbias de intensidade
moderada têm um risco significativamente menor de desenvolver DM tipo 2 do que as
pessoas inactivas. Além disso, a AF ajuda a controlar níveis de glicemia em pessoas
que já têm DM tipo 2.25
A AF é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resulta em dispêndio energético16; nela estão inseridas actividades
como tarefas da vida diária, lazer, desporto (mais ou menos organizado) e
trabalho.26,27,28
Os benefícios da AF para a saúde do adulto são uma questão já há muito
estudada e evidenciada, no entanto, denota-se uma diminuição drástica da AF na
INTRODUÇÃO
3
sociedade, estando esta cada vez mais sedentária e inactiva; este factor constitui uma
preocupação para os governantes e profissionais de saúde.29
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
OBJECTIVOS E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
7
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
2.1.OBJECTIVO GERAL
Uma vez que o número de indivíduos com DM está a aumentar
exponencialmente em todo o mundo, assim como as suas complicações, e, mesmo
sendo conhecidos os benefícios da prática de AF nesta população, esta está a ficar
para segundo plano.5,13 No entanto, a literatura apresenta uma lacuna na
caracterização do perfil da AF nestes doentes. Portanto, é premente a realização de
um estudo, com o objectivo de caracterizar o perfil da AF de doentes com DM tipo 2.
2.2.OBJECTIVOS ESPECÍFICOS Estimar, utilizando a forma curta do IPAQ o dispêndio em AF semanais.
Verificar os factores antropométricos e clínicos (peso, a altura, o IMC, o
PAbd e a TA) e associá-los ao nível de AF destes doentes.
Verificar as variáveis sócio-económicas, níveis motivacionais para a prática
de AF e a percepção de condição física e associá-las ao nível de AF
destes doentes.
2.3.JUSTIFICATIVA
Desta forma, o presente estudo foi planeado no sentido de possibilitar que uma
caracterização do perfil da AF em pacientes com DM tipo 2 possa servir como
ferramenta para elaboração de um programa de medidas preventivas, visando uma
melhor qualidade de vida nos indivíduos portadores desta enfermidade.
3. REVISÃO DA LITERATURA
REVISÃO DA LITERATURA
11
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. DIABETES MELLITUS
3.1.1. PERSPECTIVA HISTÓRICA
A DM, é uma doença conhecida desde a antiguidade. O Papiro de Ebers foi
das primeiras descrições documentadas, escrito há 3500 anos num dos períodos mais
fascinantes da cultura egípcia. Neste constava, a primeira descrição da doença que
hoje se considera a DM como uma abundante emissão de urina. Nessa altura, o
tratamento aconselhado para esta doença, consistia numa mistura de ossos, grãos de
trigo, areia fresca, terra, água e plantas.1,22,30
Há cerca de 2400 anos Susruta, na Índia descobria outro sintoma ao descrever
a urina com açúcar.1,22
Foi Aretaeus da Capadócia, no século II, que utilizou pela primeira vez a
palavra de origem grega “diabetes” que significa “passar através de”, “atravessar”,
“sifão”. Este definia esta doença, como o derretimento da carne e dos membros para a
urina.1,22,30
Os séculos foram passando e a doença foi sendo cada vez mais estudada e
descobertas novas características desta enfermidade, como o sabor da urina,
característica que fez com que Willis, em 1675, atribuísse o nome de DM. Surgindo
então a palavra “mellitus” que tem origem no latim e significa “ sabor a mel”.1,22
Os Gregos interpretaram a diabetes como um defeito no nosso organismo que
facilitava a passagem dos líquidos pelo nosso corpo, sem que este tivesse capacidade
de os reter.1,22
Foram encontrados ao longo dos anos, vários diagnósticos e inúmeros
tratamentos mais ou menos correctos, mas não foi possível interferir no curso natural
da enfermidade. Só nos últimos 200 anos se começou a perceber o que é
verdadeiramente a diabetes, quais as suas causas, alterações que produz e
possibilidades de tratamento.1,22
O maior marco histórico desenhou-se em 1921 quando os canadianos
Frederick Banting e Charles Best conseguiram um preparado que continha insulina, o
qual, quando administrado a um cão diabético, obtinha uma rápida correcção da
hiperglicemia. Estas conclusões, foram também tiradas na mesma altura por um
REVISÃO DA LITERATURA
12
romeno chamado Paulesco. Começou a partir daqui e com a contribuição destes
investigadores, uma nova era para os diabéticos.
Passados 5 anos destas descobertas foi fundada em Lisboa por um médico
português, Ernesto Roma a primeira associação de diabéticos do mundo.22
Em conformidade, com os dados mencionados no “Dossier Diabetes Programa
de Controlo da Diabetes Mellitus-1998”, da DGS e SPD“ e segundo outros autores, a
DM tornou-se um dos mais graves problemas de saúde pública a nível mundial não só
pela sua crescente incidência, como também, pela sua elevada morbilidade e
mortalidade”.1,2,3,6,7
Os anos vão passando e este flagelo em que a DM se tornou, acompanha-nos
sempre com perspectivas mais preocupantes e avassaladoras.3,4,7
3.1.2. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
A DM constitui um grupo de distúrbios metabólicos de múltipla etiologia,
caracterizada por uma hiperglicemia crónica, com alterações do metabolismo dos
hidratos de carbono, gorduras e proteínas, as quais se podem atribuir a uma deficiente
acção da insulina nos tecidos alvo, consequência da deficiência ou ausência da
secreção e/ou acção da mesma, podendo levar a complicações micro,
macrovasculares, neurológicas, disfunção e falência de vários órgãos.1,2,3,4,5
3.1.3.FISIOPATOLOGIA
A insulina, hormona produzida pelas células beta dos ilhéus de Langerhans do
pâncreas, controla o nível de glicose no sangue ao controlar a sua produção e
armazenamento. A glicose, resulta da transformação e digestão dos amidos e
açúcares provindos da nossa alimentação. Esta, torna-se uma importante fonte de
energia para o nosso organismo, mas não sendo devidamente utilizada, acumula-se
no sangue levando a hiperglicemia. As concentrações de açúcar no sangue,
estimulam a produção de insulina pelo pâncreas a qual evita um aumento dos níveis
de glicemia. Este mecanismo de compensação falha nos doentes diabéticos, havendo
diminuição ou ausência da secreção pancreática de insulina e na diabetes tipo 2 há
resistência à sua acção a nível celular.5,6,13,22,31
REVISÃO DA LITERATURA
13
A resistência à insulina é inicialmente observada perifericamente e esta é
influenciada quer por factores genéticos, como adquiridos; obesidade e inactividade
física. Esta característica torna-se um factor preditivo no diagnóstico, uma vez, que na
DM tipo 2 surge anteriormente à doença e à alteração à tolerância da glicose. O
aumento da concentração de insulina, aparece como resposta compensatória do
aumento da resistência à insulina.13,32,20
Verificam-se importantes modificações no metabolismo dos carbohidratos,
lípidos e proteínas, resultantes de uma diminuição da secreção da insulina e redução
da sua actividade nos tecidos alvo (fígado, tecido adiposo e tecido muscular).13,14,32,33
A dislipidemia, presença de níveis elevados ou anormais de lipídeos colesterol
(CT) e triglicerídeos (TG) no sangue é uma importante alteração metabólica verificada
neste tipo de doentes. Estes, são constituintes sanguíneos (proteínas) com diversas
funções no organismo: armazenamento e produção de energia, transporte de gorduras
do intestino para o fígado, músculo, tecido adiposo e, também, absorção de
vitaminas.34,35,36
O CT apresenta-se sob duas formas: lipoproteína de alta intensidade (HDL) e
lipoproteína de baixa intensidade (LDL), a primeira com a função de conduzir o
excesso de colesterol para fora das artérias, impedindo o seu depósito e, consequente
obstrução das mesmas. A lipoproteína de baixa intensidade, facilita o transporte e
depósito de colesterol nas paredes das artérias.34,35,36,37
3.1.4. CLASSIFICAÇÃO DA DM
Segundo a American Diabetes Association (ADA), a diabetes pode ser
classificada em 4 categorias; tipo 1, tipo 2, outros tipos específicos de diabetes e
diabetes gestacional.3,14,17 Destas categorias as mais frequentes actualmente são a
diabetes tipo 1 e 2.5,6,13,14,17,20,22,31,32,33,37
No primeiro caso é a mais rara (cerca de 5-10% dos casos diagnosticados)
atinge na maioria das vezes crianças ou jovens, podendo no entanto pontualmente,
aparecer em adultos e idosos.
Este tipo de DM tipo 1 ou diabetes insulino-dependente, ocorre quando as
células beta do pâncreas deixam de produzir insulina devido a uma destruição auto-
imune maciça das células produtoras de insulina, levando a uma ausência ou
diminuição da secreção de insulina e os portadores são insulino-
dependentes.4,5,6,13,22,31,37 Esta destruição auto-imune das células beta ocorre em graus
REVISÃO DA LITERATURA
14
variados, sendo mais rápida em doentes mais jovens. Geralmente são indivíduos com
peso normal ou abaixo do normal e a cetoacidose pode ser o primeiro sintoma da
doença.38 A DM tipo 2, também denominada anteriormente diabetes não insulino-
dependente, é a mais frequente (cerca de 90 a 95% dos casos diagnosticados). Este
tipo de diabetes é caracterizada, por diminuição da acção e da secreção da insulina,
com predomínio de um ou outro componente. Ao contrário do que acontece na DM
tipo 1, não existe uma destruição auto-imune e o pâncreas é capaz de produzir
insulina, contudo, a alimentação errónea e o sedentarismo ou a pouca actividade física
tornam o organismo resistente à insulina, obrigando a um trabalho excessivo do
pâncreas, podendo chegar a um momento em que a insulina não é suficiente e
havendo necessidade de terapia com insulina. Também ao contrário da DM tipo 1 a
maioria dos doentes com DM tipo 2 tem aumento do IMC, classificando-se grande
parte na classe dos obesos ou com sobrepeso.2,5,6,13,14,20,22,31,32,33,37,39
3.1.5. CAUSAS DA DIABETES MELLITUS
A principal causa da DM tipo 2 é a combinação da resistência à acção da
insulina com uma inadequada resposta secretória. No entanto, múltiplas alterações
genéticas e variações genéticas ainda não claramente definidas podem estar
envolvidas, assim como, factores ambientais relacionados com estilos de vida. O
aumento do IMC, do PAbd, a idade e a inactividade física estão associados ao
aumento da DM tipo 2. Baixa ingestão de fibras e alto índice glicémico são factores
nutricionais importantes e influentes na doença.1,2,3,6,13,14,20,22,31,40,41
A DM tipo 1 não está directamente relacionada com o estilo de vida e hábitos
alimentares errados, sabe-se no entanto, que embora as causas ainda não sejam
completamente conhecidas, existe uma destruição das células beta por parte do
próprio sistema imunitário.1,6,22
Outros tipos específicos de DM fazem parte da sua classificação etiológica e
estão relacionados com: defeitos genéticos da função da célula beta, defeitos
genéticos da acção da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias,
indução por drogas ou produtos químicos, infecções e formas incomuns de diabetes
imuno-mediado.1,6,14,33
Para além das etiologias referidas anteriormente, estão também descritos os
factores de risco da DCV que se associam à diabetes e agravam o prognóstico como a
REVISÃO DA LITERATURA
15
HTA e a dislipidemia. São também factores de risco de diabetes, antecedentes da
diabetes gestacional, macrossomia fetal, antecedentes familiares de diabetes e a
obesidade visceral.1,6,14,22,31,33,41
3.1.6. PREVALÊNCIA E IMPACTO DA DOENÇA
A DM é das doenças não contagiosas mais frequentes de todo o planeta. É a
quarta ou quinta causa de morte na maioria dos países desenvolvidos e existem
provas substanciais de que se tenha tornado uma epidemia.19
Nenhum país está imune a esta doença, que tem sido diversas vezes
caracterizada como a epidemia global, uma vez que a sua prevalência mundial tem
vindo a aumentar drasticamente. Esta está intimamente relacionada, com a crescente
imposição das forças de globalização e industrialização, as rápidas mudanças
culturais e sociais, as mudanças na alimentação, o envelhecimento, a inactividade
física e outros comportamentos menos saudáveis.8,9,10,11,12 Prevê-se que a prevalência
de pessoas com diabetes aumente dramaticamente de 194 milhões em 2003 para
aproximadamente 300 milhões em 2025 tanto em países industrializados como nos
países em desenvolvimento.4,8,10,11,19 O maior aumento na prevalência prevê-se que
seja na África, Médio Oriente, Ásia e América Latina com os respectivos valores
expectados 98%, 97%, 91% e 88%.9,10,19 Em Portugal, estima-se que existam cerca de
650 mil diabéticos com diagnóstico revelado, embora o presidente da SPD estime
cerca de 300 mil casos de diabetes não diagnosticados em Portugal.42 Estes valores
são mais expressivos nas faixas etárias mais elevadas.9,31
Esta elevada prevalência levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a
definir a diabetes como sendo uma epidemia global, e um dos principais problemas de
saúde crónicos a encarar no novo século.1,9
A DM tipo 2 é responsável por cerca de 90 a 95% de todos os casos
diagnosticados.5,6,9,13
No nosso país a diabetes alcançou também, sem dúvida, um estatuto de
epidemia com consequências devastadoras em diversos níveis; pessoal, social,
familiar e económico, prevendo um inquestionável peso em termos nacionais,
tornando-se evidente a necessidade de o mais precocemente se desenvolverem todas
as medidas que possibilitem atitudes capazes de prevenir e controlar esta doença.4,9
REVISÃO DA LITERATURA
16
Segundo dados do 4º Inquérito Nacional de Saúde (INS), realizado pelo
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, o número de diabéticos aumentou
cerca de 40% nos últimos 7 anos. Cerca de 6,5% do total da população portuguesa
tem diabetes, tendo em conta que este valor ainda não reflecte o número de casos
reais.42
Este aumento da prevalência da DM praticamente em todo o mundo, tem-se
tornado um problema de saúde pública, uma vez que está relacionado com alterações
que comprometem a produtividade, a qualidade e a expectativa de vida dos doentes e
familiares. A incidência em pessoas cada vez mais jovens acarreta consequências
ainda mais devastadoras a todos os níveis.5,6,9,12,13 Neste momento, a faixa etária mais
afectada com a diabetes é entre os 40 e os 59 anos e prevê-se que para o ano de
2025, devido ao envelhecimento da população, haverá 146 milhões de pessoas com
diabetes em idades compreendidas entre os 49 e os 59 anos e 147 milhões com 60 ou
mais anos, representando cerca de 18% da população nesta faixa etária com esta
enfermidade.4,8,9,19,22,41 Contudo, a idade parece não definir a classificação de forma
isolada, mas aliada a outros factores de risco pode ser considerada e valorizada.33
Relativamente ao género, esta enfermidade tem uma maior prevalência no
sexo feminino, quando comparada com o sexo oposto, este número supera em cerca
de 10% mais casos no sexo feminino do que no masculino.1,8,13,19
Em 2003 o número de pessoas com diabetes em áreas urbanas, foi de 78
milhões, contra os 44 milhões de pessoas afectadas nas áreas rurais. Para 2025
espera-se um aumento desta discrepância passando a haver, cerca de 182 milhões de
indivíduos com diabetes em zonas urbanas e 61 milhões em áreas rurais.8,19
Para demonstrar que não são só os países em desenvolvimento que sofrem
com a progressão dimensional da diabetes a Associação Latino Americana da
Diabetes (ALAD), relata que mais de 17 milhões de americanos têm esta doença,
aproximadamente 6,2% da população, e que mais de 1 milhão de sujeitos por ano
desenvolve diabetes, ou seja, aproximadamente 2800 pessoas por dia.1,4,8,10,19
Calcula-se que a diabetes tenha provocado cerca de 3,8 milhões de mortes em
todo mundo em 2007. De acordo com a OMS, estes números são traduzidos em mais
de 25 milhões de anos de vida perdidos nesse ano.12,43
Para além da elevada prevalência da doença, as complicações crónicas da
diabetes condicionam que esta doença tenha um forte impacto nos orçamentos de
saúde sobre a doença, hospitalizações, invalidez precoce, morte, incapacidade para a
REVISÃO DA LITERATURA
17
actividade laboral e diminuição da qualidade de vida. Tornando-se um grave problema
de saúde pública.30,44
Em 1996 a International Diabetes Federation (IDF) formou a “Task Force on
Diabetes Health Economicy” que tem entre outros fins, publicar os aspectos mais
importantes do problema económico relacionado com a DM, para levar a informação
mais importante a quem está envolvido nesta doença.
Os custos com a diabetes podem estar divididos e interpretados de formas
diferentes:
Custos financeiros das pessoas com DM e seus familiares próximos;
gastos com a assistência ao problema.
Custos directos dos sistemas de saúde; serviços hospitalares, médicos,
laboratórios, fármacos, equipamentos médicos.
Custos para a sociedade por perda de produção; quando um membro da
sociedade não pode ser tão produtivo, perda de horas de trabalho,
invalidez e por morte prematura.
Custos inquantificáveis; stress, ansiedade e outras situações emocionais
que podem afectar não só o doente como os familiares.45
Os custos financeiros das pessoas com DM e dos seus familiares próximos é
um importante factor para o impacto da doença não só a nível individual uma vez que,
estes parentes sentem também os custos excessivos dos tratamentos não subsidiados
e o orçamento familiar é muitas vezes diminuído pela interferência desta doença com
a actividade laboral.7,12
Estudos revelam que os custos da DM podem reflectir-se em ganhos
significativos, se houver melhorias na prevenção da DM e na eficácia alcançada nos
tratamentos da doença, seja em diminuição dos gastos para o mesmo nível de
qualidade de tratamento seja em aumento dos ganhos de saúde devido ao
tratamento.43
Estima-se que em 2007, nos Estados Unidos, tenham sido gastos cerca de 232
biliões de dólares para tratar e prevenir a diabetes e suas complicações. Este valor
prevê-se ainda mais assustador, ultrapassando os 302.5 biliões de dólares para o ano
2025.1,11,12,13,14,46
Em Portugal, os custos da doença elevam-se a valores entre 8-12% do
orçamento para a área de saúde.47
Transpondo todos estes números para a saúde pública é possível verificar a
enorme importância médica, social, económica e familiar visto que todas as
REVISÃO DA LITERATURA
18
complicações e comorbilidades da doença acarretam custos elevados para os
orçamentos públicos. Estes factores levam a que haja um envolvimento político cada
vez maior e cada vez mais oficial, tendo mesmo sido em 2006, discutidos na
conferência da União Europeia (UE) conceitos de prevenção da DM tipo 2.1,7,11
Resultados de um longo estudo de meta-análise, mostram que metade dos
Europeus irão sofrer de hiperglicemia e/ou diabetes durante o seu tempo de vida.
Considerando este estudo e outros similares, irá verificar-se uma intensa subida das
complicações, uma escalada dos custos a longo-termo e um tratamento médico
intensificado.1,7,12,13
Estes valores gastos com a doença poderiam ser muito menos expressivos, se
a prevenção primária e o tratamento adequado fossem medidas de eleição.
3.1.7. SINTOMAS DA DIABETES MELLITUS Esta doença pode apresentar-se com vários sintomas característicos, como:
urinar com muita frequência - poliúria, sede constante - polidípsia, fome constante e
difícil de saciar - polifagia, xerostomia, fadiga, comichão no corpo - prurido e visão
turva. Em situações mais graves, podem verificar-se episódios de; cetoacidose
diabética ou hiperosmolaridade não cetósica, podendo levar à letargia, coma e, na
ausência de tratamento adequado esta patologia pode mesmo levar à morte.3,6,22,31,33
Frequentemente a DM é assintomática no seu início, podendo passar
despercebida durante anos. Os sintomas só aparecem quando a glicemia já está com
níveis elevados e frequentemente já com complicações instaladas, portanto, perante
estes sintomas, o diagnóstico da DM deve ser rápido e eficaz, para iniciar os possíveis
tratamentos e evitar a instalação e progressão das complicações e
comorbilidades.6,14,22,31
O diagnóstico é feito através dos sintomas manifestados e confirmado com
exames laboratoriais, no entanto, pode não existir sintomatologia e este diagnóstico,
pode ser feito por exames realizados por outra causa que não a suspeita da
diabetes.6,22,31
É de extrema importância a precocidade do diagnóstico, porque permite que
sejam adoptadas medidas terapêuticas e educativas que podem evitar o aparecimento
de diabetes em indivíduos com tolerância à glicose diminuída e retardar o
aparecimento de complicações crónicas em indivíduos diabéticos.33
REVISÃO DA LITERATURA
19
Na DM tipo 2, a sintomatologia relacionada com a hiperglicemia manifesta-se
de forma gradual e frequentemente lentamente, dificultando assim a precisão do início
da doença.6,22,31
Tabela 1: Critérios para diagnóstico da DM: 14,17,22,33,38
1. Glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l) + sintomas clássicos da
diabetes (poiluria, polidípsia e polifagia). Determinada em qualquer altura do dia
independentemente da hora da última refeição.
2. Glicemia em jejum de 8 horas ≥ 126 mg/dl (7.0 mmol/l) em duas situações
separadas por um curto espaço de tempo.
3. Glicemia pós-prandial ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l) após teste de tolerância à
glicose (TOTG). O teste deve ser feito segundo as indicações da OMS,
administração de 75g de glicose.
3.1.8. COMPLICAÇÕES DA DIABETES MELLITUS Ao longo dos anos, os diabéticos podem vir a desenvolver uma série de
complicações em diferentes órgãos. Sendo a DM uma doença crónica, apresenta
complicações a longo prazo frequentes e graves. Estima-se que aproximadamente
40% dos diabéticos venham a ter complicações relacionadas com a doença.6 Estas
complicações abrangem; desenvolvimento progressivo de retinopatia, com potencial
cegueira, nefropatia que pode conduzir à falência renal, neuropatia com risco de
ulcerações dos pés, amputações, artropatia de Charcot e sinais de disfunção
autonómica, incluindo sintomas gastrointestinais, geniturinários, cardiovasculares,
lesões vasculares e disfunção sexual. Os doentes com DM têm risco acrescido de
virem a desenvolver DCV, vascular periférica e cerebrovascular.3,6,13
As complicações da diabetes podem surgir antes de ser feito o diagnóstico
devido à ausência ou ligeireza dos sintomas, que conduzem a hiperglicemia não
detectada durante um longo período de tempo, provocando esse tipo de lesões dos
órgãos alvo.3,5
A DM tipo 2 é considerada no nosso pais, a principal causa de perda da
acuidade visual-cegueira, insuficiência renal e doença cardio e cerebrovacular.40
REVISÃO DA LITERATURA
20
A retinopatia diabética, resulta de alterações microvasculares. Como pode
não dar alterações da visão até uma fase relativamente tardia, caso não seja rasteada,
pode só ser diagnosticada num estádio já muito avançado, com grandes limitações de
tratamento. 1,6,22,48
Cerca de 20-30% das cegueiras registadas em Espanha são consequência da
retinopatia diabética. A DM apresenta um risco relativo 20 vezes superior de falência
da visão, quando comparada com a população sem diabetes. Depois de 20 anos de
diagnóstico da DM tipo 2 cerca de 60% dos doentes padecem desta complicação
oftalmológica.44
A nefropatia diabética é a outra manifestação de doença microvascular na
diabetes. O sinal mais precoce é a microalbuminúria. A diabetes é uma importante
causa de falência renal levando em estádios mais avançados à necessidade de
diálise e transplante renal.1,6,18,22 Esta complicação pode estar presente em 3-35% dos
doentes com DM tipo 2.37,44
Na neuropatia diabética, surgem múltiplas lesões, dos nervos autonómicos,
sensitivos e motores, estas lesões podem ser causadas directa ou indirectamente pela
hiperglicemia. Esta complicação é a mais frequente e precoce da DM tipo 2, apesar de
ser a mais tardiamente diagnosticada. A sua prevalência é difícil de estabelecer devido
à ausência de critérios de diagnóstico, embora se estime que cerca de 40% dos
diabéticos tenham algum tipo de alteração neuropática na altura do diagnóstico. A sua
evolução e gravidade relacionam-se com a duração da diabetes e o mau controlo
metabólico.1,6,22,37,44
As lesões dos nervos autonómicos podem condicionar alterações circulatórias,
vasomotoras, perda da capacidade vasoconstritora dos capilares, alterando o aspecto
da pele e susceptibilizando o aparecimento de macerações e descontinuidade da pele.
As alterações dos nervos sensitivos, provocam alterações da sensibilidade
térmica, táctil, álgica e postural. Muitas vezes, existe a perda total da sensibilidade nas
extremidades distais dos membros inferiores, colocando estes indivíduos num elevado
risco de ulceração e amputação, com 25 vezes maior probabilidade do que indivíduos
sem a patologia.6,22,48
Podem existir atrofias musculares, alterações do padrão de marcha,
consequência do atingimento de nervos motores. 22,37
A neuropatia autonómica pode também atingir; o aparelho digestivo,
provocando alterações no seu funcionamento; no coração, alterando o seu ritmo; e na
bexiga, levando à perda do tónus e sensibilidade. A disfunção eréctil, provocada por
REVISÃO DA LITERATURA
21
vários factores relacionados com a doença, como, as alterações vasculares,
neurológicas, e os efeitos laterais da medicação tão frequentemente usada na
diabetes como é o caso dos betabloqueadores e diuréticos.1,6,22,37
As complicações macrovasculares, incluem para além das patologias
cardiovasculares e cerebrovasclares, a doença vascular periférica que provoca
alterações na circulação dos membros inferiores que podem culminar na amputação
de dedos ou membros quando não vigiados e tratados adequadamente. Estas
complicações constituem, 75% das causas de morte e correspondem a 75% dos
custos de hospitalização em doentes com DM.1,6,22
A HTA definida pela OMS como valores da tensão arterial sistémica iguais ou
superiores a 140/90 mmHg ou valores superiores a 130/80 para doentes diabéticos ou
com doenças renais crónicas.46 Estes valores, provam a que a HTA e a DM são
doenças inter-relacionadas que, se não tratadas aumentam substancialmente o risco
de doença vascular aterosclerótica. Esta coexistência multiplica de forma exponencial
o risco de morbilidade e mortalidade por problemas relacionados com macroangiopatia
e microangiopatia.6,17,37
A HTA é duas vezes mais frequente em diabéticos e aumenta com a
idade.17,22,37 Quando a diabetes é diagnosticada, cerca de 40% dos doentes já são
hipertensos, o que sugere uma ligação entre as duas. A obesidade e a resistência à
insulina levam à HTA e esta influencia negativamente a tolerância à glucose. É
importante definir grupos especiais de risco que incluem a presença ou não de outros
factores de risco, como a dislipidemia, o tabaco, o excesso de peso e o
sedentarismo.6,22,37
É tão importante controlar e avaliar a TA num doente diabético como a
avaliação da glicemia, pois um aumento destes dois parâmetros pode ter impactos
ofensivos sobre a doença.1,6,22
A combinação de complicações tardias da diabetes como a neuropatia
periférica, arteriopatia e a susceptibilidade às infecções, predispõe para o
aparecimento de lesões nos pés, originando o chamado pé diabético. Denomina-se
pé diabético quando existe pelo menos uma lesão com perda da continuidade da pele.
Este é o principal factor de risco de amputação das extermidade.37 Contudo, as
amputações, com o seu enorme impacto pessoal e monetário, podem ser prevenidas
pela intervenção podológica precoce.18,22,37
REVISÃO DA LITERATURA
22
A arteriopatia manifesta-se pela diminuição ou ausência dos pulsos arteriais
palpáveis ao nível do pé, a pele local torna-se mais fina, frágil, sem pelos e as unhas
ficam frágeis e quebradiças. Existem também alterações térmicas significativas.22
Estudos comprovam que, algumas complicações crónicas da diabetes
influenciam negativamente a qualidade de vida destes doentes, quando comparada à
dos indivíduos que não sofrem de sequelas desta doença.49
Todas as complicações tardias podem ser prevenidas se o doente com
diabetes tiver um bom controlo da glicemia, da tensão arterial, dos lípidos, e ainda
estilos de vida saudáveis, bons hábitos alimentares, prática regular de actividade
física, abstenção tabágica. É também de extrema importância o cuidado com a higiene
e vigilância dos pés, fazer periodicamente vigilância oftalmológica para prevenir as
frequentes lesões oculares ou o avanço das mesmas.6
Para além das complicações crónicas da doença, são tambem de extrema
importancia e necessitam de um controlo e supervisão permanente, as complicações
agudas da diabetes. A hipoglicemia (diminuição dos níveis glicémicos no sangue), a
cetoacidose diabética (excesso de corpos cetónicos no organismo, devido à carência
de insulina), o síndrome hiperglicémico (níveis elevados de glicemia no sangue) e a
lactoacidose são causa da recorrência à urgência e internamento. Estas complicações
são preveníveis pela educação terapêutica continuada da pessoa com diabetes e seus
cuidadores mas continuam a ser um problema actual.22
3.1.9. DIABETES MELLITUS E DOENÇAS CARDIOVASCULARES
As DCV são um importante problema sanitário em todo o mundo e a primeira
causa de morte nos países industrializados, incluindo Portugal.6,18,19 Os índices de
morte cardiovascular são elevados e parecem estar a aumentar em países onde a
diabetes é prevalente.18,19
As constantes evoluções no tratamento da diabetes têm permitido um aumento
na expectativa de vida destes doentes e consequente maior prevalência das
complicações crónicas, destacando-se a doença cardiovascular.15
A DM tipo 2 associa-se, a um risco duas a quatro vezes superior de
aparecimento de doença cardiovascular, tornando esta doença de tanto impacto
mundial numa das principais complicações da DM tipo 2 e responsável por cerca de
50-80% da mortalidade em pessoas com diabetes, assim como aumento da
morbilidade e perda de qualidade de vida nestes doentes.1,4,6,10,16,17,18,19,20
REVISÃO DA LITERATURA
23
Para além de ser um factor de risco de doença macrovascular por si só, a DM
tipo 2 alia-se frequentemente a uma elevada prevalência de outros factores como; a
obesidade, a HTA e a dislipidemia que são também factores de risco importantes,
tornando assim, multifactoriais os mecanismos responsáveis pela maior morbilidade e
mortalidade cardiovascular nesta doença. Além da elevada prevalência de factores de
risco convencionais, existem também outros mecanismos de extrema importância
como a insulino-resistência e hiperinsulinismo, hiperglicemia, hipercoagulabilidade,
aterosclerose, insuficiência cardíaca congestiva nefropatia e insuficiência renal que
contribuem para as elevadas taxas de doenças cardiovasculares.1,6,13,14,16,17
Nos diabéticos, a HTA sistólica isolada é mais frequente do que na população
em geral e constitui também, um risco aumentado de complicações cardiovasculares,
principalmente de acidente vascular.22,37
Relativamente à hipercolesterolemia, esta é directamente proporcional ao risco
de doença cardiovascular e o impacto desta alteração metabólica é maior e mais
drástico em indivíduos diabéticos do que em não diabéticos.37
A presença destes factores de risco, contribui para o risco de morte por doença
cardiovascular ser três vezes superior em doentes com diabetes quando comparados
com indivíduos sem diabetes.18 O estudo Multiple Risk Factor Intervention Trial (MRFIT) confirmou que a HTA sistólica, hipercolesterolemia e tabagismo são
independentemente preditivos de mortalidade por doença cardiovascular e a presença
de pelo menos um desses factores de risco tem maior impacto sobre a mortalidade em
diabéticos do que em não diabéticos. Mais recentemente resultados do United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) vieram a confirmar a potencialização
dos factores de risco clássicos para a doença arterial coronária nos indivíduos
diabéticos.50
A DM pode produzir lesões ateroscleróticas a vários níveis, as mais
importantes complicações sendo a doença cerebrovascular, a doença vascular
periférica e a doença coronária.18,19
Entre as doenças cardiovasculares em diabéticos, o enfarte do miocárdio é
comum sabendo-se que o risco de morte súbita e morte por doença coronária têm
vindo a aumentar.6,18,22 Os sintomas de síndrome anginoso, incluindo o enfarte agudo
do miocárdio, podem estar atenuados ou ausentes em diabéticos.37
Para além das probabilidades destes eventos coronários estarem aumentadas
significativamente, a sobrevivência destes indivíduos depois de um evento coronário
REVISÃO DA LITERATURA
24
reduz substancialmente, sobretudo pela maior incidência de insuficiência cardíaca,
maior frequência de re-enfarte, extensão do enfarte e de isquemia recorrente.19,37
Situações de acidentes vasculares periféricos, acidentes isquêmicos
transitórios são seis vezes mais comuns na população diabética.6,18,22
Relativamente, à doença vascular periférica estes doentes têm o risco de
amputação dos membros inferiores cerca de 15-40 vezes aumentado quando
comparados com a população em geral. 6,18,22,37
A elevada prevalência de doenças cardiovasculares, além de ser importante
causa de morbilidade e mortalidade, é de grande impacto sócio-económico, pois a
doença cardiovascular assume relevante importância nos custos directos e indirectos
da diabetes, devido ao absentismo, perda de produtividade e mortalidade precoce.15,51
Muitas mortes cardiovasculares podem ser potencialmente prevenidas tanto
em pessoas com DM como na população em geral, actuando-se sistematicamente
para tratar os factores de risco conhecidos.18,19
3.1.10. DIABETES MELLITUS E OBESIDADE
A obesidade, a epidemia do século XXI, é uma condição complexa de
dimensões sociais e psicossociais consideráveis.
A obesidade tem sido classicamente considerada como um problema de
ingestão exagerada de calorias, contudo, evidências de estudos recentes sugerem
que a obesidade é devida sobretudo a um baixo dispêndio energético em vez de um
consumo elevado de alimentos. 23
A DGS em circular normativa refere, que a OMS define a obesidade como uma
doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes
de afectar a saúde. O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos
positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia
dispendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem
factores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais.
A obesidade é, assim, uma doença crónica, com génese multifactorial, que
requer esforços continuados para ser controlada, constituindo uma ameaça para a
saúde e um importante factor de risco para o desenvolvimento e agravamento de
outras doenças. Acresce que os benefícios na saúde das pessoas obesas,
conseguidos através da perda intencional de peso, principalmente se mantida a longo
prazo, se podem manifestar na saúde em geral, na melhoria da qualidade de vida, na
REVISÃO DA LITERATURA
25
redução da mortalidade e na melhoria das doenças crónicas associadas, com
destaque para a DM tipo 2, para as doenças cardiovasculares e para o cancro.52,53
Segundo a OMS, o cálculo do IMC é o método mais comum de medição de
sobrepeso e obesidade em adultos.52
O IMC ou Índice de Quetelet tem em conta o peso em quilogramas (Kg) e a
altura em metros ao quadrado (m)2.23,52
IMC= peso (Kg)/ altura (m)2
Tabela 2: Classificação da obesidade por IMC52
IMC (Kg/m2) Classificação < 18,5 Baixo peso
18,5-24,9 Peso normal
25,0-29,9 Sobrepeso
30,0-34,9 Obesidade grau 1
35,0-39,9 Obesidade grau 2
>40 Obesidade grau 3
A obesidade e a DM, constituem a maior causa de morbilidade e mortalidade
nos Estados Unidos.54
A obesidade e/ou o sobrepeso estão presentes na maioria dos diabéticos tipo
2. Estima-se que entre 80% e 90% dos indivíduos com DM tipo 2 são obesos ou estão
acima do peso considerado normal. Assim, observa-se que o risco de desenvolver DM
está directamente associado ao aumento do IMC. A obesidade tem sido apontada
como um dos principais factores de risco para a DM tipo 2.30,54
O aumento de peso produz resistência à insulina através de vários
mecanismos.19
A OMS alerta para a epidemia global da obesidade e da necessidade urgente
de prevenção primária do excesso de peso e consequente prevenção de doenças
crónicas associadas tais como a DM.30
A prevalência da obesidade e da DM têm uma correlação positiva entre ambas
e também com os estilos de vida adquiridos na actualidade.30
A distribuição da adiposidade é um factor importante, e o PAbd é considerado
por muitos um “sinal vital” e representativo do risco aumentado de complicações
REVISÃO DA LITERATURA
26
metabólicas associadas à obesidade e complicações cardiovasculares; segundo as
definições da OMS são considerados valores alterados; ≥ 80 cm para o sexo feminino
e ≥ 94 cm para o sexo masculino, valores ≥ 88 cm para o sexo feminino e ≥ 102 cm
para o sexo masculino são indicadores de risco muito elevado.15
3.1.11. PREVENÇÃO, TRATAMENTO E AUTOCUIDADO DA DIABETES MELLITUS
É difícil aceitar-se que se tem uma doença quando, ao longo de muitos anos
esta não lhe deu sintomas, nem perturbou de forma significativa a sua vida, isto
acontece principalmente na DM tipo 2.6,22
No entanto, as complicações vão-se instalando durante esse tempo de
desconhecimento e agravando o estado clínico sem tratamento indicado.
3.1.11. 1. PREVENÇÃO
Existem quatro níveis de prevenção da DM tipo 2, a terciária que actua quando
já existem complicações da doença. Neste nível de prevenção, os custos financeiros
são mais elevados do que nos outros tipos. A prevenção secundária, caracteriza-se
pelo tratamento adequado da DM evitando o aparecimento das complicações; por
último a prevenção primária que segundo a OMS é primordial, cuja atenção é mais
recente e que tem como intuito o não aparecimento da doença e evitar o aparecimento
dos factores de risco da DM.1
Estudos demonstram que a prevenção da DM é possível. Estima-se que cerca
de 60% dos casos de DM podem ser prevenidos e a classificação dos indivíduos como
de alto risco pode também ser retardada, apenas com alterações do estilo de vida,
educação do doente e intervenções farmacológicas quando necessário.7
Existem projectos de mediação europeia como, o Implementation of a European Guideline and Training Standards for Diabetes Prevention (IMAGE), cujo
principal objectivo, é criar aptidão de prevenir a diabetes, estabelecendo ligações de
excelentes práticas standard com indicadores de qualidade de programas de
prevenção da DM tipo 2 na Europa.7
REVISÃO DA LITERATURA
27
3.1.11.2. TRATAMENTO E AUTOCUIDADO
O maior objectivo do tratamento da DM é a prevenção das complicações
crónicas, porque estas são a maior causa de morbilidade e mortalidade em doentes
diabéticos.7,31,55
A AF associada à medicação e a hábitos alimentares saudáveis são o pilar do
tratamento da DM.22
A mudança do estilo de vida dos doentes com DM, é um passo de extrema
importância no tratamento da DM e depende exclusivamente do doente. Esta
alteração, inclui hábitos como:
Dieta alimentar,
Suspensão tabágica,
Prática regular de AF,
Controle do peso corporal ideal,
Controle da TA,
Normalização e auto-controle da glicemia,
Correcção da dislipidemia,
Diminuição dos riscos cardiovasculares,
Prevenção de complicações crónicas da DM.1,56
Todas estas mudanças, levam à promoção da saúde e à prevenção da
evolução nefasta da doença.
Para além da mudança do estilo de vida, os doentes diabéticos, devem ser
preparados e incentivados pelos profissionais de saúde que os acompanham, para
assumirem a responsabilidade e o cuidado necessário para evitarem complicações
inerentes à DM.1
Os grandes eixos da educação do diabético remetem à aquisição de
informação básica adequada da DM e importância de manter um bom controle da
mesma, alimentação adequada, autovigilância diária, higiene corporal, tomada de
consciência para sinais de alarme das complicações agudas e formas de actuar,
gestão da medicação e acolhimento da DM como parte da sua vida.6,31
A autovigilância é parte integrante do tratamento da diabetes e condiciona o
prognóstico e evolução da doença assim como das suas complicações e
comorbilidades. Tornando-se importante controlar condições como a glicemia, cujos
testes devem ser efectuados diariamente de acordo com a indicação médica ou
conforme percepção de sintomas que possam indicar um decréscimo ou aumento
REVISÃO DA LITERATURA
28
exponencial da glicemia. Estes testes têm como principal objectivo o autocontrole da
doença e obtenção de informação do tratamento. A medição da TA torna-se também
um importante factor com necessidade de vigilância frequente.1,19,51
Estudos de intervenção, demonstram que a obtenção do melhor controle
glicémico possível retardou o aparecimento de complicações crónicas.33
A educação diabética deve ser um processo contínuo e não um caso de êxito
ocasional, uma vez que o estado de saúde do doente e necessidade de apoio podem
variar com o tempo. O acompanhamento individual e personalizado do doente com
DM pode ajudar a melhorar o autocontrole, tornando-se importante criar equipas
capacitadas para educação de autocontrole e acompanhamento de doentes
diabéticos.19
Um tratamento inadequado ou o não tratamento do DM leva a um risco
aumentado de complicações agudas e tardias. Muitas destas complicações, são
passíveis de prevenção ou, se já presentes, de se evitar a sua progressão, quando é
realizado um diagnóstico precoce e tratamento adequado.1
Tabela 3: Resumo das recomendações para indivíduos com DM, segundo ADA17
Hemoglobina glicosada (HbA1) < 7%
Glicemia jejum 70-130 mg/dl
Glicemia pós-prandial < 180 mg/dl
TA < 130/80 mmHg
CT < 200 mg/dl
HDL > 50 mg/dl
LDL < 100 mg/dl
TG < 150 mg/dl
IMC < 25 Kg/m2
PAbd Homens 94cm, Mulheres 80cm
3.2. ACTIVIDADE FÍSICA
3.2.1. DEFINIÇÃO ACTIVIDADE FÍSICA
Voltando aos primórdios da humanidade, podemos dizer que durante o tempo
que se convencionou pré-histórico o homem dependia da sua força, velocidade e
resistência para sobreviver. As constantes migrações em busca de uma vida melhor
tornavam-nos seres extremamente activos fisicamente.58
REVISÃO DA LITERATURA
29
Em muitas pesquisas no domínio da avaliação da AF, os investigadores
concentram-se sobre o mais amplo conceito de AF.
A AF é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resulta em dispêndio energético; nela estão inseridas actividades
como tarefas da vida diária, lazer, desporto (mais ou menos organizado) e
trabalho.1,26,27,28
A AF habitual é um comportamento complexo que tem por base hábitos e
práticas individuais que variam de forma considerável diariamente, sazonalmente e
anualmente. Nenhum indivíduo tem dois dias exactamente iguais de AF.
3.2.2.BENEFÍCIOS DA ACTIVIDADE FÍSICA
Participar numa AF saudável e regular pode ser, além de um factor de
satisfação, um factor importante na melhoria da qualidade de vida; a sua prática
promove também um melhor bem-estar e auto-estima. A sua prática habitual é um
comportamento complexo que tem por base hábitos que variam quer diariamente,
sazonalmente ou anualmente; para ter um impacto positivo na saúde esta deve ser
regular e diária.2,29
Os benefícios da AF para a saúde, em adultos, estão muito bem
documentados. Dados descritivos e prospectivos disponíveis mostram uma relação
positiva entre AF e o decréscimo no risco de diversas doenças crónicas como: as
DCV, a HTA, a obesidade, a DM tipo 2, a osteoporose, alguns tipos de cancro bem
como algumas perturbações emocionais.23,59
Segundo a OMS, a inactividade física, é um factor de risco independente para
doenças crónicas e estima-se que pode causar 1.9 milhões de mortes globalmente.
De acordo com a OMS, os benefícios globais da AF:
É uma chave determinante no dispêndio de energia, e fundamental no
controle e ganho de peso;
Reduz o risco de doença cardíaca e Acidente Vascular Cerebral (AVC);
Reduz o risco de DM tipo 2;
Reduz o risco para o cancro do cólon e o cancro da mama entre
mulheres.56
Para a AF, recomenda-se que os indivíduos tenham níveis adequados ao longo
das suas vidas. Adicionalmente aos benefícios acima mencionados, ser fisicamente
activo tem igualmente benefícios de saúde social e mental.60,61
REVISÃO DA LITERATURA
30
Apesar dos benefícios que a AF proporciona, a acentuada redução da AF nas
sociedades desenvolvidas, e as nefastas repercussões na saúde dos padrões de vida
típicos destas sociedades, cada vez mais urbanizadas e sedentarizadas, traduzem-se
em elevados custos individuais e sociais, constituindo preocupação crescente de
técnicos e governantes. Estes factores, provocam uma crescente necessidade de
intervenções que promovam a AF em todos os segmentos populacionais, exigindo
consequentemente uma aproximação populacional multidisciplinar e cultural relevante.
A inactividade física crescente é um problema social, não apenas um problema
individual.29,56,62
3.2.3. ACTIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Actualmente, saúde tem sido definida não apenas como a ausência de
doenças, mas também como uma multiplicidade de aspectos de comportamento
humano voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental e social.28
A AF é um dos principais determinantes da saúde relacionados com estilos de
vida. O reconhecimento generalizado deste facto é fundamental para enfrentar o
impacto da inactividade física sobre o risco de desenvolvimento de uma série de
doenças crónicas.
O conceito de AF e saúde estão intimamente relacionados, consta em vários
textos de civilizações gregas, romanas e hindus. No entanto, apenas nas últimas três
décadas estabeleceu-se que níveis baixos de AF constituem um factor de risco no
desenvolvimento de doenças crónicas.62
Todos os indivíduos devem ser fisicamente activos de uma forma regular, para
melhorar a saúde geral e prevenir muitos resultados adversos na saúde. Os benefícios
da AF ocorrem em pessoas saudáveis, pessoas em risco de desenvolver doenças
crónicas e em pessoas com doenças crónicas ou deficiências actuais.25,62
Os indivíduos que são fisicamente activos são mais saudáveis e menos
susceptíveis de desenvolver doenças crónicas do que os indivíduos que são inactivos.
Estes indivíduos têm uma diminuição do risco de desenvolver DM tipo 2 de 30% a
50% versus (vs) indivíduos sedentários e a AF conferem valores semelhantes na
diminuição do risco de doenças coronárias.62,63,64
Sujeitos que praticam AF regularmente e são fisicamente activos, têm também
melhor aptidão, incluindo uma composição corporal mais saudável. Estes benefícios
REVISÃO DA LITERATURA
31
são ganhos por homens, mulheres, povos de todas as raças e etnias que se têm
estudado.62,64
3.2.4.RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA
De acordo com as recomendações do American College of Sports Medicine
(ACSM) e a American Heart Association (AHA), para promover e manter a saúde,
todos os adultos saudáveis, com idades entre 18 a 65 anos devem praticar:
Tabela 4: Recomendações para a prática de AF: 60
AF de intensidade moderada por um período mínimo de 30 minutos, cinco dias por
semana com um gasto de 3 a 6 MET´s, (1 MET- equivalente metabólico: 3,5
ml/kg/min, quantidade de oxigénio necessário por minuto em condições de repouso
normal)
Ou
AF de intensidade vigorosa para um mínimo de 20 minutos, três dias da semana
com um gasto de 6 MET´s,
Ou
Combinação de AF moderada/ intensa,
Ou
Oito a dez exercícios de trabalho de força, de oito a doze repetições de cada
exercício, duas vezes por semana.
Entende-se por AF moderada, qualquer tipo de actividade não estruturada que
altera a frequência cardíaca, a frequência respiratória e aumente a temperatura
corporal. Mesmo com estas alterações ainda há capacidade de falar.60,64
AF intensa, é qualquer tipo de actividade que altere todos os parâmetros
alterados na AF moderada e faça aumentar intensamente a sudorese e nos deixe sem
fôlego.60,64
REVISÃO DA LITERATURA
32
3.2.5. ACTIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO DA DIABETES MELLITUS
AF regular reduz fortemente o risco de desenvolver DM tipo 2, bem como a
síndrome metabólica, mesmo em indivíduos considerados de alto risco.2,8,25
As pessoas que regularmente, exercem actividades aeróbias de intensidade
moderada têm um risco significativamente menor de desenvolver DM tipo 2 do que as
pessoas inactivas. Além disso, a AF ajuda a controlar níveis de glicemia em pessoas
que já têm DM tipo 2.2,8,25
Vários estudos demonstraram que a prática regular de AF nestes doentes,
apresenta múltiplas vantagens: reduz o nível ponderal (já que a maioria destes
doentes são obesos, ajudando a perda de peso e o ganho de massa muscular),
melhora o perfil metabólico, diminui a ansiedade e depressão, melhora a qualidade de
vida e o desempenho pessoal e social e aumenta a auto-estima.1,9
A nível orgânico a AF contribui para:
Diminuição da adiposidade,
Aumento das fibras musculares insulino-sensíveis,
Aumento da sensibilidade dos receptores à insulina,
Aumento da utilização periférica da glicose,
Diminuição da insulinémia,
Melhoria do metabolismo lipídico,
Diminuição da disfunção endotelial.9,13,25,48
Estudos comprovam que um programa de AF em doentes com DM tipo 2, induz
melhoria nas variáveis estudadas, como: glicemia de jejum, HbA1, diminuição dos
triglicerídeos, aumento do HDL, diminuição da frequência cardíaca de repouso e do
IMC.48,65,66
Embora sejam conhecidos e provados os benefícios da prática regular de AF
em doentes com DM tipo 2, um estudo realizado com uma amostra de 771 doentes
diabéticos tipo 2, concluiu, que 54.6% da amostra não praticava qualquer tipo de AF.67
A prática regular de AF aeróbia está associada à diminuição de 45% a 70% da
mortalidade em doentes com DM tipo 2.68
A ADA, desenvolveu recentemente um consenso no que respeita às
recomendações para a prática de AF em indivíduos com DM tipo 2.
As recomendações consistem no seguinte:
REVISÃO DA LITERATURA
33
Indivíduos com tolerância à glicose diminuída devem iniciar e manter um
programa de controle de peso, incluindo pelo menos 150 minutos por semana de AF
moderada. 17,57
A quantidade de AF aeróbia recomendada varia consoante os objectivos. Para
um aumento do controle glicémico associado à manutenção do peso e a uma
diminuição do risco cardiovascular, pelo menos 150 minutos por semana de AF
moderada (50 a 70% da frequência cardíaca máxima (FCmáx)) e/ou pelo menos 90
minutos por semana de AF vigorosa (> 70% da FCmáx) três vezes por semana e não
passar dois dias consecutivos sem AF.17,57
Na ausência de contra-indicações, os indivíduos com DM tipo 2 devem ser
encorajados a realizar três vezes por semana exercícios de resistência, de grandes
grupos musculares.17,22,57,68,69
Embora a AF seja muito vantajosa para indivíduos com DM, os efeitos
indesejáveis também devem ser conhecidos, por isso, é de extrema importância a
orientação da AF nestes doentes.22
3.2.6. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA
A avaliação de um comportamento tão complexo como a AF reveste-se de
complexidades e dificuldades ao nível da precisão da sua medição.26
A AF é de difícil medição e quantificação. Portanto, é importante aprimorar os
instrumentos de medida, melhorando a sua precisão e condições de utilização em
estudos.70
O interesse em avaliar a AF em qualquer população, baseia-se na necessidade
de estabelecer a condição habitual da AF dessa mesma população e determinar se se
encontra dentro dos critérios apropriados e indispensáveis a um óptimo estado de
saúde.26,29,71
Na bibliografia podemos encontrar uma grande diversidade de metodologias
para avaliar a AF.26
A medição e quantificação da AF pode ser representada de diversas formas, a
mais frequentemente utilizada, expressa em termos de dispêndio energético. Ainda
que também sejam utilizadas outras possibilidades. A quantidade de energia
necessária para a realização de uma actividade pode ser medida em quilocalorias
(Kcal) ou quilojoules (Kj). Em alternativa, a AF pode ser expressa em watts, que traduz
a quantidade de trabalho produzido, em minutos que representam períodos de tempo
REVISÃO DA LITERATURA
34
de trabalho produzido, como contagens de movimento (counts) que interpretam
unidades de movimento, ou até como um valor numérico obtido a partir das respostas
dadas a um questionário.26
A escolha dos instrumentos de avaliação deverá ser orientada pelos objectivos
da pesquisa, idade dos participantes e de questões de ordem prática que se prendem
com custos, tempo para a realização do estudo e exequibilidade. É também de
extrema importância ter em conta, a fiabilidade, a validade e a praticabilidade do
instrumento. Para ser fiável dever ser constante perante as mesmas circunstâncias;
para ser válido, o instrumento deve medir aquilo a que se propõe a medir; para ser
prático deve ter “custos” aceitáveis quer para o investigador como para o participante.
26,71,72
De uma forma geral, podemos distinguir dois tipos de metodologias de
avaliação de AF: métodos laboratoriais e métodos de terreno.26,72
Tabela 5: Sumário dos métodos de avaliação da AF- adaptado de Oliveira e Maia,
2001:26
Métodos Laboratoriais Métodos de Terreno 1.Fisiológicos 1.Diário
* Calorimetria directa 2.Classificação profissional
* Calorimetria indirecta
3.Questionários e entrevistas
(International Physical Activity Questionnaire – (IPAQ))
2.Biomecânicos 4.Marcadores fisiológicos
* Plataforma de força * “Double Labeled Water” * Aptidão cárdio-respiratória
5.Observações comportamentais
6.Monitorização mecânica e electrónica
* Sensores de movimento
- Pedómetro
- Acelerómetro
* Monitores de frequência cardíaca
7.Aporte nutricional
REVISÃO DA LITERATURA
35
Esta diversidade de métodos de avaliação da AF é, em parte justificada pelo
conjunto de dimensões que o conceito apresenta e pelas estritas relações que cada
uma delas estabelece com diferentes aspectos de saúde ou doença.26 Cada
instrumento é passível de avaliar apenas uma parte do padrão do comportamento
global.73
Na categoria relativa aos métodos laboratoriais, encontramos os procedimentos
mais precisos e objectivos, mas que exigem equipamentos sofisticados e
dispendiosos, para além de processos de análise bastante complexos. A maior parte
destes métodos servem, apenas, de critério de validação para os métodos de terreno.
No segundo grupo, encontram-se os métodos de terreno, estes menos
complexos, aplicáveis em contextos diferenciados e em amostras de grande
amplitude, porém, menos precisos.26,74
Os questionários representam um dos métodos mais fáceis, práticos e
económicos de se estimar a AF, principalmente em estudos de carácter
epidemiológico, onde as amostras atingem dimensões consideráveis.
Contudo, apresentam, alguns problemas de objectividade, nomeadamente
devido à dificuldade dos indivíduos se recordarem, com exactidão, das actividades
realizadas, bem como à tendência para sobrestimarem as variáveis tempo e
intensidade das actividades.26,74
Um dos exemplos de questionários utilizados para avaliar a AF é o IPAQ.
A ideia de criar um instrumento para medir e classificar o dispêndio calórico em
AF ganhou forma no ano de 1998 em Genebra, quando foi proposto o IPAQ. O
objectivo da criação deste questionário assentou na necessidade de se estabelecer
um critério comum e comparável da AF, através de um conjunto de instrumentos bem
desenvolvidos que podem ser utilizados internacionalmente, capazes de disponibilizar
estimativas comparáveis de AF.23,62 Este questionário tem duas versões, uma longa e
uma curta. A forma curta compreende sete questões, focando actividades físicas dos
últimos sete dias. A forma longa utiliza o conceito de uma semana usual na vida do
entrevistado.23,29,62,72
O IPAQ tem sido recomendado pela a OMS como um instrumento útil na
avaliação da AF em populações. A validade e fiabilidade deste questionário foram
avaliadas em 2000 por Coral et al., em 14 centros de 12 países. Tendo sido concluído
que, consideradas as diversas amostras no estudo, este instrumento tem razoáveis
propriedades de medida para avaliar níveis de AF da população com idades
compreendidas entre os 18 e os 65 anos, em diversas configurações.23,62,73
REVISÃO DA LITERATURA
36
Um estudo australiano, analisou quatro instrumentos de auto-relato para
avaliação do nível de AF, foram eles, o questionário “Active Austrália”, o IPAQ na forma curta, os itens de AF no “Behavioral Risk Factor Surveillance System” e o Inquérito Nacional de Saúde Australiano e demonstrou níveis aceitáveis para todos
eles no teste e reteste. Os autores concluem que os instrumentos são confiáveis na
avaliação de níveis de AF e sedentarismo.75
O IPAQ, tem sido proposto nos últimos anos como um possível modelo de
padronização, permitindo assim a comparação de resultados entre estudos realizados
em diferentes países.74
4. MATERIAL E MÉTODOS
MATERIAL E MÉTODOS
39
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1.CARACATERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A população deste estudo foi constituída por uma amostra de conveniência
composta por 40 doentes com DM tipo 2, da consulta de Endocrinologia do Centro
Hospitalar do Porto- Hospital Geral Santo António (CHP-HGSA), cujas idades
oscilaram entre os 30 e os 60 anos.
Os participantes deste estudo foram recrutados na consulta de Terapêutica e
Educação da DM e na consulta de Endocrinologia do CHP-HGSA de forma voluntária
durante os meses de Janeiro a Março de 2009 (3 meses). A amostra deste estudo não
representa o total de indivíduos com DM dessa consulta nem da instituição de saúde.
Todos os intervenientes foram informados do propósito do estudo, do modo e tipo de
avaliações e todos, sem excepção, assinaram o consentimento informado.
4.1.1.CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
DM tipo 2 diagnosticada;
Idades compreendidas entre os 30 e os 60 anos, foi escolhida esta faixa
etária por haver uma menor frequência das complicações e comorbilidades
relativa à doença, devido a um menor tempo de exposição à doença;1
Doentes seguidos na consulta de endocrinologia do CHP-HGSA.
4.1.2.CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Doentes com patologias osteoarticulares ou neurológicas que
influenciassem negativamente a marcha;
Doentes com indicação médica para a não prática de AF;
Doentes com úlceras nas extremidades inferiores.
4.2.TIPO DE ESTUDO:
Estudo epidemiológico, observacional descritivo transversal.
MATERIAL E MÉTODOS
40
4.3.INSTRUMENTOS E VARIÁVEIS ESTUDADAS
A avaliação de todos os participantes que constituírem a amostra foi realizada
sempre nas mesmas condições em todos os passos do estudo.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA,
Foi realizada pelo inevestigador durante a consulta, tendo em conta os
seguintes itens:
ALTURA- Avaliada com um estadiómetro. Mediu-se entre o ponto acima da cabeça no
plano mediano-sagital (vórtex) e o ponto de referência do solo. As medidas foram
registadas em centímetros (cm). Todas as medições foram feitas em duplicado e
registada a média entre as duas.1
PESO- Foi obtido através de uma balança SECA®. O peso registado correspondeu à
média das duas avaliações realizadas com o doente descalço e com roupas leves. Os
resultados foram expressos em (Kg).1,23
PERÍMETRO ABDOMINAL- Foi medido com uma fita métrica calibrada. O doente
permaneceu em pé, com o abdómen relaxado e os braços ao longo do corpo. A fita
métrica foi colocada sem exercer pressão sobre os tecidos, no ponto médio entre o
bordo inferior da última costela e a crista ilíaca. Resultados em (cm).1,23 Foram
considerados como valores indicadores de risco muito elevado para complicações
metabólicas associadas, ≥ 88 cm para o sexo feminino e ≥ 102 cm para o sexo
masculino.15
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL- Utilizaram-se os dados obtidos no peso e na altura e
aplicou-se a seguinte fórmula - Peso/Altura2, referido em (Kg/m2).1,23 Após esta
avaliação foi feita a classificação de obesidade, segundo os valores referência
sugeridos pela OMS: obesidade grau 1 - 30,0-34,9 Kg/m2, obesidade grau 2 - 35,0-
39,9 Kg/m2 e obesidade grau 3 - > 40 Kg/m2.52
TENSÃO ARTERIAL- Foi avaliada com um esfigmomanômetro de marca CRITRIKON
Dinamap 1846 sx ®. Doente na posição de sentado e com o braço direito apoiado e ao
nível do coração, com a braçadeira colocada acima da fossa antecubital e o sensor
MATERIAL E MÉTODOS
41
sobre a artéria umeral. Após três medições, registou-se a média dos três momentos de
avaliação da pressão arterial sistólica (TAS) e da pressão arterial diastólica (TAD).1,19
Consideraram-se portadores de HTA, aqueles que relataram a utilização de
antihipertensores ou apresentavam níveis de TAS ≥ a 130 mmHg ou TAD ≥ a 80
mmHg.17,37,46,62
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Foi preenchido um questionário pelo investigador, para recolha de dados
biográficos (idade, sexo), antropométricos (altura, peso, IMC, PAbd) e clínicos (TAD,
TAD). Foi também incluída uma escala de opinião de condição física pessoal, baseada
na escala de Likert.
A motivação para a prática de AF foi mensurada através de uma escala visual
graduada de 0 a 10, que tinha assinalada numa extremidade a classificação “nada
motivado” e, na outra, “máximo de motivação”, escala esta que permitiu averiguar a
disposição que o indivíduo tem de praticar AF. (ANEXO 3)
Quanto à condição física, e para se cumprirem os pressupostos para uma
posterior análise estatística, os níveis foram agrupados em Muito Má e Má e em
Razoável, Boa e Muito Boa. A motivação dos participantes foi posteriormente
agrupada em nível de motivação baixo (1 a 4), nível médio (5 a 7) e nível alto (8 a 10).
AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA
Utilizou-se o IPAQ- versão curta, para avaliação da AF habitual destes doentes.
(ANEXO 4)
INTERNATIONAL PHYSICAL ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ) - VERSÃO CURTA:
Depois de esclarecidas todas as dúvidas, aplicou-se o questionário. No
cabeçalho deste questionário, existia uma orientação escrita sobre os procedimentos
adequados. Qualquer dúvida era esclarecida na hora do preenchimento pelo
investigador e responsável pela aplicação do questionário.62,74,76
As perguntas do questionário estavam relacionadas com as actividades
realizadas nos últimos sete dias anteriores à aplicação do questionário. A versão curta
do IPAQ, questionava sobre tipos específicos de AF, caminhada, actividades
MATERIAL E MÉTODOS
42
moderadas e actividades vigorosas. A estimativa de dispêndio calórico seguiu as
Guidelines para o processamento de dados e análise do IPAQ.
Para que os indivíduos fossem incluídos em categorias, os dados contínuos
fornecidos pelos questionários preenchidos foram calculados e expressos em MET-
min/sem (minuto/semana) através das seguintes fórmulas.77
Tabela 6: Cálculo do dispêndio energético77
Níveis MET Fórmula
Caminhar = 3.3 METs
Intensidade moderada = 4.0 METs
Intensidade vigorosa = 8.0 METs
Nível MET x min actividade/dia x dias sem
Total MET-min/sem = Caminhar (METs x min x dias) + Moderada (METs x min x dias) +
Vigorosa (METs x min x dias)
MET=3,5 ml/kg/min
Posteriormente foram classificados, de acordo com as directrizes do próprio
IPAQ, que se divide e conceitua as categorias de AF, em:
Baixa (categoria 1):
Este é o nível mais baixo de AF. Os indivíduos que não preenchem os critérios
para as categorias 2 e 3 são considerados como inactivos. 77
Moderada (categoria 2):
Os indivíduos, para se incluírem num padrão de AF classificada como
moderada, têm de cumprir um destes três critérios:
1. 3 ou mais dias de actividade de intensidade vigorosa de pelo menos 20
minutos por dia;
OU 2. 5 ou mais dias de actividade de intensidade moderada e /ou caminhada
MATERIAL E MÉTODOS
43
de pelo menos 30 minutos por dia;
OU 3. 5 ou mais dias de qualquer combinação de caminhada, actividades de
moderada ou vigorosa intensidade que atinjam um mínimo de AF Total de pelo menos
600 MET-minutos/semana.77
Elevada (categoria 3): Uma outra categoria rotulada como “elevada”, pode servir para descrever
níveis mais elevados de participação.
Os dois critérios para classificação como elevada são:
1. Actividade de intensidade vigorosa pelo menos durante 3 dias, atingindo
no mínimo um Total de AF de 1500 MET- minutos/semana;
OU 2. 7 ou mais dias de qualquer combinação de caminhada, actividades de
moderada ou vigorosa intensidade que atinjam um mínimo de AF total de pelo menos
3000 MET-minutos/semana.77
A questão sobre o tempo sentado é apenas um indicador variável do tempo
gasto em actividades sedentárias e não foi incluído como parte do resumo de
pontuação de AF.77
4.4. ANÁLISE DE DADOS
Para o tratamento dos dados estatísticos, utilizou-se o programa Statistical
Package for the Social Sciences® – Versão 17.0 (SPSS® Statistics 17.0, Chicago,
Estados Unidos da América).
Foi utilizado o teste não paramétrico para duas amostras independentes –
Teste Mann-Whitney, para a comparação das características demográficas entre os
diferentes níveis de IPAQ.
Para a comparação das variáveis qualitativas com o nível de IPAQ, foi utilizado
o Teste Chi-Square para associação.
O Coeficiente de Correlação de Pearson foi utilizado para verificar a
associação entre o IMC e o PAbd.
MATERIAL E MÉTODOS
44
4.5.ÉTICA
Foi endereçado um pedido de autorização para a realização do estudo à
Comissão de Ética do CHP-HGSA, a qual o autorizou.
A todos os participantes deste estudo foi entregue uma declaração de
consentimento informado e um documento com a explicação dos objectivos e
procedimentos do estudo, autorizando a sua participação voluntária no estudo. Foi
também garantido o anonimato a todos os intervenientes no estudo. (ANEXOS 1 e 2)
5. RESULTADOS
RESULTADOS
47
5. RESULTADOS
A Tabela 7, mostra as medidas descritivas (média, desvio padrão, valor
máximo e mínimo) das variáveis quantitativas e a distribuição da amostra segundo o
nível de IPAQ.
Tabela 7 – Características sócio-demográficas
IPAQ
Baixo (n=18) Moderado (n=22) Total (n=40)
Média dp MIN-MAX Média dp MIN- MAX Média dp MIN- MAX
Idade (Anos) 53,3 6,9 39,0-60,0 52,0 6,5 33,0-60,0 52,6 6,6 33,0-60,0
Peso (kg) 78,6 13,8 61,6-102,0 84,8 12,1 65,5-109,0 81,9 13,1 61,6-109,0
IMC (kg/m2) 31,7 8,1 21,0-55,8 32,0 5,8 25,0-46,0 31,9 6,8 21,0-55,8
PA (cm) 98,6 15,8 80,0-150,0 102,3 15,2 70,0-130,0 100,6 15,3 70,0-150,0
Pressão Arterial (mmHg)
Diastólica 71,2 8,7 53,0-87,0 75,5 9,0 62,0-95,0 73,6 8,9 53,0-95,0
Sistólica 132,2 17,4 104,0-174,0 132,9 17,8 107,0-168,0 132,5 17,3 104,0-174,0
Inactividade Física (min) 281,1 197,9 20,0-720,0 276,9 136,7 30,0-600,0 278,8 164,7 20,0-720,0
IPAQ Total (MET/mins) 890,2 753,7 0,0-2559,0
n % n % n %
Sexo
Feminino 11 61,1 11 50,0 22 55,0
Masculino 7 38,9 11 50,0 18 45,0
Profissão
Reformado 8 44,4 5 22,7 13 32,5
Activo 10 55,6 17 77,3 27 67,5
HTA
Presente 11 61,1 12 54,5 23 57,5
Ausente 7 38,9 10 45,5 17 42,5
Condição Física*
Muito Má/ Má 11 61,1 4 18,2 15 37,5
Razoável/Boa/Muito Boa 7 38,9 18 81,8 25 62,5
Motivação para a AF
Baixo (1 a 4) 9 50,0 6 27,3 15 37,5
Médio (5 a 7) 6 33,3 7 31,8 13 32,5
Alto (8 a 10) 3 16,7 9 40,9 12 30,0
* p<0,05
RESULTADOS
48
Verifica-se que dos 40 indivíduos inquiridos a maioria foram do sexo feminino
55% (n=22), com uma média de idades de 52,6 anos (± 6,6 anos), sendo que a idade
mínima foi de 30 anos e a máxima de 60 anos. Ao subdividir a amostra de acordo com
o nível de IPAQ, a média de idades encontrada foi de 53,3 anos (± 6,9 anos) e 52,0
anos (± 6,5 anos) respectivamente para os níveis Baixo e Moderado.
No que concerne, à variável peso a média global foi de 81,9 Kg (± 13,1 Kg),
com valores entre os 61,6 Kg e os 109,0 Kg. No nível de IPAQ baixo o valor médio foi
78,6 Kg (±13,8 Kg) e no nível moderado 84,8 Kg (± 12,1 Kg).
Verificou-se que o valor médio de IMC dos participantes do estudo foi de 31,9
Kg/m2 (± 6,8 Kg/m2), variando entre 21,0 Kg/m2 e 55,8 Kg/m2. Quando dividida a
amostra segundo o nível de IPAQ estes valores não sofreram grandes alterações.
No que diz respeito ao PAbd da amostra, foi em média de 100,6 cm (± 15,3
cm), com valores mínimo e máximo de 70,0 cm e 150,0 cm respectivamente. O valor
médio do IMC na amostra do IPAQ baixo e moderado foi 98,6 cm (± 15,8 cm) e 102,3
(±15,2 cm) relativamente.
Quanto à inactividade física verificou-se uma média de 278,8 min (±164,7 min)
para o grupo total, com valor mínimo de 20 min e máximo de 720 min.
Note-se que, os valores elevados dos desvios padrão das variáveis peso, PA e
inactividade física demonstram heterogeneidade da amostra.
Através da análise do gráfico 1, podemos analisar a distribuição dos indivíduos
da nossa amostra nos níveis de IPAQ baixo e moderado, segundo as variáveis; sexo,
profissão, diagnóstico prévio de HTA, condição física e motivação para a prática de
AF.
RESULTADOS
49
Gráfico 1 – IPAQ Baixo / Moderado
Os indivíduos do sexo feminino intervenientes no estudo, distribuíram-se
essencialmente no nível baixo de AF (61,0% vs 50,0% IPAQ moderado).
No nível moderado, verificou-se que a maioria dos indivíduos tinha actividades
laborais, 77,3% (n=17).
A presença de HTA diagnosticada foi maioritariamente manifestada no nível de
IPAQ baixo 61,1% (n=11) vs 38,9% (n=7) ausência de diagnóstico prévio de HTA.
Quanto à condição física, 81,1% (n=18) dos indivíduos do nível de IPAQ
moderado relataram uma condição física Razoável, Boa e Muito Boa, contra apenas
18,2% (n=4) no outro nível de condição.
Na avaliação da motivação, verificou-se uma distribuição dos indivíduos da
amostra total idêntica nos três níveis distintos, baixo, médio e alto com, 37,5% (n=15),
32,5% (n=13) e 30,0 (n=12) respectivamente. No entanto, na motivação para a prática
de AF, e apesar de não existirem diferenças, podemos verificar que no Nível de IPAQ
RESULTADOS
50
moderado a motivação é mais alta relativamente ao outro nível de IPAQ (40,9% vs
16,7%).
O nível de AF médio, calculado pelo IPAQ para a amostra total, foi de 890,21
MET-min/sem, ou seja, um nível considerado moderado de AF. Neste item o nível de
AF mínimo encontrado foi de 0,0 min e máximo de 2559,0 min. Na mesma linha e no
que respeita ao nível de IPAQ, os resultados mostraram-nos que 55% dos indivíduos
estão no nível moderado. Os sujeitos do sexo feminino dividiram-se de forma igual nos
distintos níveis de IPAQ. No sexo masculino, a maioria dos indivíduos mostraram-se
mais activos (11/22 para as mulheres vs 11/18 para os homens no nível moderado).
Ao relacionar as variáveis com o nível de IPAQ, foi apenas na condição física
dos doentes, que se encontraram maiores diferenças estatisticamente significativas
(p=0,005), verificando-se que grande parte dos indivíduos caracterizados com o nível
de AF Moderado definia a sua condição física como razoável, boa e muito boa (81,8%
vs 38,9%). Esta constatação leva-nos a crer que existe uma relação entre a condição
física e o Nível de IPAQ e que quanto melhor a condição física maior o nível de IPAQ.
Para as restantes variáveis idade, peso, IMC, PAbd, TAD, TAS, inactividade
física, sexo, profissão, HTA e motivação, não se encontraram diferenças
estatisticamente significativas.
Pode-se então averiguar que, não existiram diferenças estatisticamente
significativas entre os Níveis de IPAQ para nenhuma das variáveis quantitativas,
sugerindo que os indivíduos pertencentes ao Nível de IPAQ baixo apresentaram
características similares aos do Nível de IPAQ moderado.
Foram ainda analisadas as categorias de IMC e de PAbd de acordo com o
sexo, tendo-se verificado que relativamente ao IMC, a maioria dos indivíduos da
amostra eram classificados como obesos 57,5% (n=23) (IMC igual ou superior a 30
kg/m2), 17 dos quais do sexo feminino, enquanto que os indivíduos do sexo masculino
eram maioritariamente classificados como IMC normal ou sobrepeso (IMC entre 25 e
29,9 kg/m2). (Tabela 8)
Dos restantes sujeitos da amostra apenas 3 (7,5%) têm um IMC considerado
normal e 14 (35,0%) apresentam sobrepeso.
Quanto ao PAbd, 60% (n=24) dos indivíduos inquiridos são considerados com
risco muito elevado de complicações metabólicas e cardiovasculares devido ao
aumento do PAbd (valores ≥ 88 cm para o sexo feminino e ≥ 102 cm para o sexo
masculino).
RESULTADOS
51
Tabela 8 – Caracterização e comparação das variáveis categoria de IMC e categoria de PAbd analisadas
para cada um dos sexos
Sexo Feminino Masculino Total n % n % n %
IMC* Normal e Sobrepeso 5 22,7 12 66,7 17 42,5 Obesidade 17 77,3 6 33,3 23 57,5
PAbd* Sem Risco Acrescido 2 9,1 14 77,8 16 40,0 Com Risco Acrescido 21 90,9 4 22,2 24 60,9
* p<0,05,
Verificou-se existirem diferenças entre os sexos para o IMC (p=0,005) e para o
PA (p<0,001).
Para aferir se estas duas variáveis estão associadas foi ainda analisada a
associação entre IMC e PAbd recorrendo-se para isso ao coeficiente de correlação de
Pearson. Para a relação entre IMC e PAbd obteve-se um coeficiente de correlação de
0,832, sendo esta correlação considerada alta e estatisticamente significativa
(p<0,001<0,05).
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
55
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente estudo teve como principal objectivo avaliar o perfil da AF em DM
tipo 2, seguidos na consulta de endocrinologia do CHP-HGSA e relacioná-lo com os
indicadores de saúde.
A média de idades obtida neste estudo foi de 52,6 anos, sendo que, 55%
indivíduos são do sexo feminino vs 45% do sexo masculino, verificando-se uma
proporção de mulheres ligeiramente superior.
Trata-se de uma amostra constituída maioritariamente por adultos com mais de
50 anos, o que poderia limitar a adesão à prática regular de AF por existirem,
provavelmente, outras comorbilidades associadas à idade (por exemplo: osteoporose,
lombalgias).
Em Portugal, as estimativas apontam para prevalências de obesidade nas
mulheres de 15,4% e 12,9% para os homens.23 No nosso estudo apenas 7,5% dos
indivíduos tiveram peso normal, os restantes intervenientes tiveram peso acima do
recomendado (35,0% sobrepeso e 57,5% obesidade), estando os valores de
obesidade distribuídos em diferentes proporções de acordo com o género, 77,3%
mulheres vs 33,3% homens. Estes valores encontrados, são claramente superiores às
estimativas para a população portuguesa anteriormente referenciadas.
Num estudo realizado nos Açores, a prevalência de obesidade é de 15,4% para
o sexo feminino e 17% para o sexo masculino respectivamente.23
Tendo em conta que, a recolha de dados deste estudo foi realizada num
Hospital Central e admitindo que os casos com maior gravidade são encaminhados e
seguidos neste tipo de instituições, esta verdade justifica as discrepâncias de valores
entre as prevalências de obesidade e a superioridade da média de idades do presente
trabalho e os anteriormente citados.
A elevada prevalência de excesso de peso/obesidade motiva preocupação,
especialmente por ocorrer numa população de risco com uma média de idades de
52,6 anos e por nestas idades ser frequente a existência de diversas alterações no
estado de saúde.
Estes achados vão de encontro ao desfecho do estudo da prevalência global
da DM, estimativas para o ano 2000 e projecções para o ano 2030, que concluiu que a
“epidemia da diabetes” continua e os níveis de obesidade nestes indivíduos continua a
aumentar figurando um futuro subestimado destes doentes.8
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
56
A média do IMC na faixa dos 31,87 (Kg/m2) na amostra do presente estudo
representa um risco de mortalidade superior aos indivíduos com IMC normal.78 Embora
não tenha sido encontrada associação entre os níveis de AF e o IMC no nosso estudo,
um estudo representativo da população Americana realizado em 2003 com mais de
23,283 sujeitos com o intuito de avaliar a AF de adultos com DM e em perigo de
desenvolver a mesma doença, evidencia que os níveis de AF diminuem com o
aumento do IMC.79
Um estudo com 37,692 indivíduos de ambos os sexos, com o objectivo de
avaliar como as características demográficas, sociais e comportamentais se associam
aos diferentes tipos de AF, conclui que os indivíduos com IMC mais elevado
apresentam menor probabilidade de serem mais activos.80 No entanto, na nossa
amostra a média do IMC do grupo de indivíduos classificados com IPAQ moderado é
ligeiramente superior à média encontrada para o grupo menos activo, estes resultados
foram também descritos por Santos, R. e tal.23
Este dado, que à partida podia ser um paradoxo, poderá ser explicado não só
porque os níveis de AF avaliados por questionário tendem a ser sobrestimados, mas
também porque a natureza transversal do estudo não permite saber se os indivíduos
com maior peso utilizam a AF como estratégia de redução de peso ou se sempre
forma mais activos e incentivados.23
No nosso estudo, a obesidade abdominal parece ser uma inalterável evidência,
isto porque 60,9% da amostra apresenta valores de PAbd superiores aos parâmetros
considerados normais para este tipo de indivíduos. Estes valores da amostra são de
alguma forma preocupantes, uma vez que, ao aumento do PAbd, estão
frequentemente associadas diversas complicações.23 O excesso de gordura visceral é
considerado um factor de risco de DCV.15 Os indivíduos com PAbd acima dos valores
recomendados, independentemente do seu IMC, têm um risco maior de desenvolver
FRCV do que sujeitos com o PAbd normal.19
Relativamente à HTA a maioria dos indivíduos 57,5% (n=23) tinham este factor
de risco diagnosticado. Num estudo transversal com a duração de 1 ano, realizado
pelos médicos sentinela com o objectivo de caracterizar uma amostra de 4583
diabéticos, também verificou que apenas 16,9% da amostra cumpriam as
recomendações relativamente à TA para estes doentes.81
O conjunto de resultados mostrou que a média do nível de AF (890,212 MET-
min/sem ± 753,66) da população estudada embora considerada como moderada e
uma vez que não foram encontrados estudos similares que tivessem utilizado o IPAQ
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
57
como instrumento de avaliação do nível de AF em doentes diabéticos tipo 2,
considerou-se que estes resultados, ficaram aquém dos encontrados em outros
estudos em outro tipo de populações. Num estudo em que se analisou a associação
entre factores metabólicos, antropométricos, clínicos e a AF em idosos, com uma
população de 379 indivíduos a média de dispêndio calórico foi de 1482 MET/sem.62 No
estudo internacional de validação do IPAQ, a média de dispêndio calórico encontrada
foi de 2154 MET/semana para a população adulta em geral, e não especificamente
para indivíduos com DM tipo 2.73
Um estudo (IMAGE) realizado para desenvolver Guidelines de prevenção da
DM para os países Europeus revela que intervenções no estilo de vida, dieta e AF,
reduz o risco de evolução da doença entre 43% e 58%, estes valores são depreciados
com os resultados do presente estudo.7
A quantidade média de tempo dispendido em actividades sedentárias foi de
278,75 minutos por dia, valores também coincidentes com os de um estudo que
avaliou uma amostra de 260 indivíduos com DM tipo 2 com idades superiores a 55
anos e 54,6% da amostra revelava 0 minutos de AF semanal.67 Estes valores
favorecem todas as evidências que demonstram que o sedentarismo, favorecido pela
vida moderna tem uma relação directa e positiva com o aumento da prevalência desta
enfermidade.30 Contudo, vários estudos referenciam o benefício da AF no controle da
HTA, DM e obesidade.24,63,65
Na amostra, verificou-se uma prevalência de indivíduos no nível médio de AF
(55,0%), sem qualquer registo para o nível mais elevado do IPAQ, correspondendo
portanto os restantes (45%) ao nível de AF baixo. Num estudo de caracterização da
prática de exercício físico em dois Centros de Saúde (Reboleira e Queluz) com 605
indivíduos, 39% de todos os diabéticos afirmaram efectuar exercício físico de forma
regular.9 Ao contrário dos estudos anteriores, um estudo com 19 indivíduos diabéticos,
apresenta apenas um indivíduo com nível de AF moderado sendo que, os restantes
revelam um baixo nível de AF.82 Embora no presente estudo se verifique um maior
número de sujeitos no nível de IPAQ moderado, estes resultados sugerem algumas
questões e certamente, dever-se-á ter em conta o facto de ser um estudo transversal,
a avaliar o nível de AF baseado num auto-relato, apenas dos últimos sete dias.
A AF dos participantes do nosso estudo, determinada pelo IPAQ, só se
relacionou com a condição física. Esta relação também se evidenciou também num
estudo randomizado com 260 indivíduos com DM tipo2 com idades ≥ 55 anos67, em
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
58
que se relaciona o comportamento da AF com diferentes parâmetros (sócio-
demográficos e barreiras arquitectónicas, conhecimento de AF).
Equaciona-se que, a percepção de uma baixa condição física constitua uma
barreira psicológica ao compromisso com um tipo de AF.83,84
7. CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
61
7. CONCLUSÕES
A importância da AF no tratamento da DM é uma distinção secularmente
conhecida e empiricamente estabelecida. Os seus benefícios para a saúde e em
especial para doenças crónicas são frequentemente mencionados e investigados.71,56
A adaptação da sociedade a um comportamento cada vez mais sedentário, ou
seja, fisicamente inactivo torna-se segundo a OMS um problema de saúde pública que
afecta milhares de pessoas em todo o mundo. Torna-se urgente medir a saúde da
população, promover a AF e impulsionar assim a saúde pública no mundo.85
Tendo em conta, que Portugal é o país da União Europeia que tem piores
índices de AF quer organizada quer espontânea, ou seja, somos o povo menos
fisicamente activo. Isto quer dizer que, continuamos a desperdiçar o baixo
investimento nesta prática, a qual que dá grandes dividendos, não só económicos
como na qualidade de vida, tanto a nível individual como à escala dos vários sistemas
de saúde. Se toda a população fosse mais activa e cumprisse as recomendações,
tinham com certeza uma melhor qualidade de vida, uma melhor saúde e mais prazer
minimizando assim muitos gastos com despesas de saúde relacionados com as
doenças devidas ao sedentarismo, recursos que podiam ser canalizados para outras
necessidades.86,87
Tendo em conta os resultados de outros estudos com objectivos semelhantes
ao do presente estudo, concluímos que a AF desenvolvida pelos doentes diabéticos
por nós observados não é suficiente para alterar os factores de risco e assim trazer
benefícios para a saúde.
Assim, nas consultas de Terapêutica e Educação da DM deverá ser enfatizada
a necessidade da prática de AF como parte integrante do tratamento, e serem
estabelecidos programas de AF estruturados adicionais para se atingirem os
benefícios que esta prática concede nestes doentes. Nestes programas também
devem constar, para além da prática de AF, estratégias no âmbito da prevenção,
assim como investir no esclarecimento dos diabéticos, da importância e benefícios da
prática habitual de AF na evolução da sua doença.
CONCLUSÕES
62
Limitações do estudo:
É importante salientar o tamanho reduzido da amostra.
Neste estudo a recolha de dados foi feita através de questionários de
modo que os resultados estão submetidos a limitações impostas por essa
metodologia.
O motivo que leva os indivíduos a praticar AF não foi questionado. Embora
essa informação seja interessante, e deva ser incluída em estudos futuros,
ela foge do propósito do presente trabalho.
Um último aspecto a ser levantado é o facto de se tratar de um estudo
transversal, avaliando o nível de AF baseado no relato, apenas, dos
últimos sete dias.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9. ANEXOS
ANEXO 1 - Avaliação da Actividade Física em Doentes com Diabetes MellitusTipo 2, Seguidos na Consulta de Endocrinologia do CHP-HGSA – INFORMAÇÃO
i
Rute da Silva Santos, encontrando-se de momento a realizar o Mestrado em
Prevenção e Reabilitação Cardiovascular, no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar,
solicita fazer uma pesquisa sobre a actividade física em diabéticos tipo 2, que sejam seguidos
na consulta de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto - Hospital Geral de Santo António
(CHP-HGSA), com idades que se situem entre os 30 e os 60 anos.
O principal objectivo deste estudo é, a caracterização do perfil da actividade física,
(baixa, moderada, intensa ou vigorosa) destes doentes. Com os resultados desta pesquisa
pretendem-se futuras abordagens preventivas no âmbito desta doença.
A selecção dos doentes é proveniente dos registos do CHP- HGSA sendo a recolha
efectuada de acordo com as presenças nas consultas de Endocrinologia.
Neste sentido, de modo a concretizar este estudo, solicita-se a devida autorização para
o preenchimento de um primeiro questionário (caracterização da amostra onde são recolhidos
dados como idade, sexo, profissão, altura, peso, índice de massa corporal, perímetro
abdominal, tensão arterial, auto-percepção da condição física e motivação para a prática de
actividade física.
A altura irá ser avaliada com um estadiómetro, medindo entre o ponto acima da cabeça
e o ponto de referência do solo.
O peso é obtido através de uma balança com o doente descalço e com roupas leves.
O perímetro abdominal é medido com uma fita métrica estando o doente em pé com o
abdómen relaxado e os braços ao longo do corpo; a fita métrica é colocada sem exercer
pressão, no ponto médio entre o bordo inferior da última costela e a anca e o índice de massa
corporal é calculado com os dados obtidos no peso e na altura.
A tensão arterial é avaliada com um esfigmomanómetro, o doente sentado, a
braçadeira acima da fossa antecubital e sensor sobre a artéria umeral, no braço direito apoiado
e ao nível do coração.
O International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) (versão curta), um instrumento
validado para a população portuguesa de avaliação da actividade física, irá ser explicado e
posteriormente preenchido com auxílio do investigador. Neste instrumento constam algumas
questões relacionadas com a actividade física dos últimos 7 dias.
Toda a informação recolhida é COMPLETAMENTE CONFIDENCIAL e utilizada
somente para este trabalho. Nenhuma destas avaliações implica qualquer custo ou risco para
os intervenientes.
Agradeço desde já a vossa disponibilidade e colaboração.
____________________________________ (Rute Santos)
ANEXO 2 - CONSENTIMENTO INFORMADO
Avaliação da Actividade Física em Doentes com Diabetes Mellitus Tipo 2, seguidos na consulta de Endocrinologia do CHP-HSA
DEFI – Modelo de Consentimento Informado para Estudos de Investigação – Edição 1 / Versão 1 – Aprovado em CA em 15032007 Página ii de 112
ii
Eu, abaixo-assinado __________________________________________________,
fui informado de que o estudo de investigação acima mencionado se destina a avaliar
a actividade física de diabéticos tipo 2, com idades compreendidas entre os 30 e 60
anos. Um dos grandes objectivos da pesquisa será a identificação da duração,
frequência e tipo de actividade física destes doentes.
Sei que neste estudo está prevista a realização de dois questionários, um primeiro que
se destina a caracterizar a amostra e um segundo sobre actividade física (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ, versão curta) tendo-me sido explicado em que
consistem. Sei também que me será efectuada avaliação antropométrica que consiste
em medições como peso, altura, perímetro abdominal e medição da tensão arterial.
Nenhuma destas avaliações me implicará custos.
Foi-me garantido que todos os dados relativos à identificação dos participantes neste
estudo são confidenciais.
Sei que posso recusar-me a participar ou interromper a qualquer momento a
participação no estudo, sem nenhum tipo de penalização por este facto.
Compreendi a informação que me foi dada, tive oportunidade de fazer perguntas e as
minhas dúvidas foram esclarecidas.
Aceito participar de livre vontade no estudo acima mencionado.
Também autorizo a divulgação dos resultados obtidos no meio científico, garantindo o
anonimato.
Nome do participante no estudo.
Assinatura_____________________________________ Data _____________.
Nome do investigador responsável
Assinatura_____________________________________ Data _____________.
ANEXO 3 - QUESTIONARIO PARA CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
iii
Data:_______/________/_______
Idade: _____________ Sexo:______________
Profissão:_____________________________
Altura:______________ Peso:______________ IMC: _________________
Perímetro abdominal:________________ Tensão arterial:_______________
Tem outras doenças diagnosticadas para além da diabetes? ______________
Quais __________________________________________________________
Como caracteriza a sua condição física?
Muito má
Má
Razoável
Boa
Muito boa
Classifique a sua motivação para praticar actividade física (em que 0 significa nada
motivado(a) e 10 é o máximo de motivação)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nada Motivado
Máximo Motivação
ANEXO 4 - International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) Versão Curta
iv
Ao responder às seguintes questões considere o seguinte: Actividades físicas vigorosas referem-se a actividades que requerem um esforço físico intenso que fazem ficar com a respiração ofegante. Actividades físicas moderadas referem-se a actividades que requerem esforço físico moderado e tornam a respiração um pouco mais forte que o normal. Ao responder às questões considere apenas as actividades físicas que realize durante pelo menos 10 minutos seguidos.
Q.1 Diga-me, nos últimos 7 dias, em quantos dias fez actividades físicas vigorosas, como por exemplo, levantar objectos pesados, cavar, ginástica aeróbica, nadar, jogar futebol, andar de bicicleta a um ritmo rápido?
Dias
Q.2 Nos dias em que pratica actividades físicas vigorosas, quanto tempo em média dedica normalmente a essas actividades?
Horas Minutos
Q.3 Diga-me, nos últimos 7 dias, em quantos dias fez actividades físicas moderadas como por exemplo, carregar objectos leves, caçar, trabalhos de carpintaria, andar de bicicleta a um ritmo normal ou ténis de pares? Por favor não inclua o “andar “ .
Dias Q.4 Nos dias em que faz actividades físicas moderadas, quanto tempo em
média dedica normalmente a essas actividades?
Horas Minutos Q.5 Diga-me, nos últimos 7 dias, em quantos dias andou pelo menos 10 minutos
seguidos?
Dias Q.6 Quanto tempo no total, despendeu num desses dias, a andar/caminhar?
Horas Minutos Q.7 Diga-me, num dia normal quanto tempo passa sentado? Isto pode incluir o
tempo que passa a uma secretária, a visitar amigos, a ler, a estudar ou a ver
televisão.
Horas Minutos
Obrigada pela sua atenção.