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MENSAGEIRO DO CORAÇÃO DE JESUS DEZEMBRO | 2015 A BÍBLIA: SÍMBOLOS QUE FAZEM SENTIDO pág. 7 A FAMÍLIA, UM TESOURO DA IGREJA CELEBRAR O ANO JUBILAR DA MISERICÓRDIA pág. 13

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MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

DEZEMBRO | 2015

A BÍBLIA: SÍMBOLOS QUE

FAZEM SENTIDO pág. 7

A FAMÍLIA,UM TESOURO DA IGREJA

CELEBRARO ANO JUBILARDA MISERICÓRDIApág. 13

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Dezembro 2015 // Ano CXL n.º 12

DiretorAntónio Valério, s.j.

AdministraçãoRua S. Barnabé, 32, 4710-309 BRAGA (Portugal)

Contactos:Geral: 253 689 440Revistas: 253 689 442Livraria: 253 689 443Fax: 253 689 441E-mail: [email protected]: www.revistamensageiro.pt www.apostoladodaoracao.pt

Direção de arte e produção gráficaFrancisca Cardoso

PaginaçãoEditorial A.O.

Impressão e acabamentosEmpresa Diário do Minho, Lda. Rua de Santa Margarida, 4 , 4710-306 BRAGA Contr. nº 504 443 135

Redação, Edição e PropriedadeSecretariado Nacional do Apostolado da Oração Província Portuguesa da Companhia de Jesus (Pessoa Coletiva Religiosa – N. I. F. 500 825 343)

Depósito Legal 11.762/86ISSN 0874-4955Isento de Registo na ERC, ao abrigo do Decre to Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12º, nº 1 aTiragem: 9.000 exemplares

ASSINATURA PARA 2015

Portugal(incluindo as Regiões Autónomas): 14,00€

Portugal (2 anos): 27,00€Europa: 20,00€ 25,00 Fr. SuíçosFora da Europa: 26,00€ 40,00 USD 40,00 CADPreço por exemplar: 1,30€

ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Horário: 9h-12h30 / 14h30-19h

Pagar por transferência bancária: De Portugal: NIB – 0033 0000 0000 5717 13255 (Millennium.BCP – Braga);Do Estrangeiro: IBAN – PT50 – 0033 0000 0000 5717 13255 Swift/Bic: BCOMPTPL (Millennium.BCP – Braga).

MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

Agradecemos o envio do comprovativo da transferência bancária (data, valor, titular da conta e número de assinante).

N O V I D A D E S !

PEDIDOS:www.livraria.apostoladodaoracao.pt | [email protected]; Secretariado Nacional do A.O. - R. S. Barnabé, 32 – 4710-309 Braga

Pequenos passos possíveisPreços: Portugal: 9,70€; Europa: 11,60€; Fora da Europa: 14,00€.

Quem leu Nascemos e Jamais Morreremos já conhece Chiara Corbela Petrillo. Agora, tem a possibilidade de se encontrar com aqueles que viveram mais de perto a sua experiência de fé e perceber, através dos seus testemunhos, muito daquilo que ficava em segundo plano em Nascemos e Jamais Morreremos. Conhecer sobretudo a normalidade da vida de Chiara, normalidade onde ganhou raízes e cresceu até à plenitude a certeza de que Deus é amor e nada deixa ao acaso na vida daqueles que O amam.

Mapas de FéPreços: Portugal: 15,00€; Europa: 18,00€; Fora da Europa: 19,50€.

Um teólogo de renome apresenta dez grandes pensadores que tentaram abrir caminhos novos para o discurso sobre a fé cristã, num tempo em que o Cristianismo aparece, cada vez mais, como estranho à cultura. Esta é uma obra para não especialistas que pode ser lida com grande proveito por teólogos e filósofos de todos os quadrantes.

INFORMAÇÃO IMPORTANTE

Estimado Assinante:

– Não coloque na carta que nos envia notas, moedas ou selos.

Procure fazer sempre o seu pagamento através de vale de correio,

cheque ou transferência bancária.

– Não passe cheques em branco. Coloque sempre à ordem de:

Secretariado Nacional do Apostolado da Oração ou SNAO.

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A Administração agradece a sua colaboração

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dezembro 2015 | 3

O CONVITE A ACOLHER

O Natal é um convite, ou mais ainda que isso: é um dom. Oferecido e posto nos nossos braços, para que o coração o possa acolher. De uma forma nova, para não cair nas rotinas das festas habituais de todos os anos. Para isso, o coração terá que estremecer de espanto e surpresa, perguntando-se o que tenho que fazer, agora que tenho nos meus braços Deus-Menino?

Uma proposta irrecusável, fazê-lo entrar na vida, no coração e em casa. Maria e José são o exemplo desta capacidade extraordinária de acolher a surpresa de Deus, que é o próprio Deus. De uma forma muito própria, que apenas eles puderam viver, mas que não tem que ser muito distante da nossa, hoje, dois mil anos depois.

Se Deus age continuamente, se continua a querer comunicar connosco, a desejar encontrar-nos, o Natal é o dia por excelência em que Ele, da forma mais simples e pequena que se pode imaginar, nos diz: Acolhes-me? Posso entrar na tua casa? Mas… teremos consciência que dizer sim a este convite não é apenas para colocar a imagem do Menino no presépio e fazer uma boa consoada? Dizer sim a Deus é correr e assumir o risco de a nossa vida ser transformada. Acolher Deus não se separa do acolher o outro, especialmente o mais pequeno, o mais frágil. Acolher questiona-nos, tira as nossas seguranças, faz-nos sair do comodismo de ter tudo planeado e seguro.

Este ano que termina vê surgir um novo ano em que, no nosso país e na Europa, muitas famílias nos vão «bater à porta», pedindo para entrar. Pessoas muito diferentes, religiosa e culturalmente. Podemos até ter medo, por motivos sérios, que tais pessoas venham a pôr em causa a nossa identidade. Mas não nos esqueçamos que a nossa identidade cristã começa com o sim do Natal e, ao dizer esse sim, assumimos as suas consequências. Não podemos fazer de conta que aqueles que nos batem à porta não têm nada a ver com o Menino Jesus.

SUMÁRIOABERTURA - O convite a acolherP. António Valério, s.j. ................................................................ 1

INTENÇÕES DO PAPA António Coelho, s.j. .....................................................................2

DESTAQUE Sínodo dos Bispos - A Família, um tesouro da IgrejaElias Couto....................................................................................4

TIRAR A BÍBLIA DA ESTANTEA Bíblia: símbolos que fazem sentidoMiguel Gonçalves Ferreira, s.j. .................................................. 7

INformar - AdventoAntónio Santana, s.j. ..................................................................8

ANO DA VIDA CONSAGRADA Evangelho, Profecia, EsperançaD. Virgílio do Nascimento Antunes ........................................10

OPINIÃO - São poucas as fotografias....Isabel Figueiredo ....................................................................... 12

DOSSIER - Ano Jubilar da MisericórdiaManuel Morujão, s.j. .................................................................13

VIVER O AO - Ser Apóstolo da OraçãoAntónio Valério, s.j. .................................................................. 21

1ª SEXTA-FEIRA Em comunhão com o Papa, rezar pelas famíliasDário Pedroso, s.j. ..................................................................... 22

REUNIÃO DE GRUPO - Esquema de reunião de grupo Manuel Morujão, s.j. .................................................................24

NOTÍCIAS Elisabete Carvalho .....................................................................25

À CONVERSA COM... Laurinda Alves ...................................... 31

FOTOS: Capa: © Marko I. Rupnik, s.j./Centro Aletti – “O Nascimento” – Capela da Casa de Encontros Cristãos – Capiago (CO), Itália (Fevereiro de 2006); pág. 4: Lusa/Epa/Giuseppe Lami; pág. 5: Lusa/Epa/Maurizio Brambatti; pág. 6: Lusa/Epa/Ettore Ferrari; Lusa/Epa/Osservatore Romano; pág. 11: © Ricardo Perna/Família Cristã; pág. 13: © Museu do Ermitage (São Petersburgo) – “O Regresso do Filho Pródigo” – Rembrandt; pág. 26: Adriana Pinheiro; pág. 29: Lusa/Epa/Giuseppe Lami; Arquivo A.O.

P. António Valério, s.j.

ABERTURA

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4 | Mensageiro

POR ANTÓNIO COELHO, S.J.

No dia 8 deste mês, em que se celebra a soleni-dade da Imaculada Conceição, tem início o Jubileu extraordinário da Misericórdia, que terminará no dia de Cristo Rei do ano que vem, em que somos convidados a meditar sobre a misericórdia de Deus.

A bula da convocação do Jubileu começa com as palavras: Misericordiae vultus – o rosto da miseri-córdia de Jesus. Lançamos o olhar para Ele que nos busca, nos espera e nos perdoa.

O que é a misericórdia? É difícil encontrar uma definição para esta realidade tão rica de significado. Temos, por isso, a necessidade de dar várias defini-ções. Misericórdia é a palavra que revela o misté-rio da Santíssima Trindade. Misericórdia é também o ato último e supremo com o qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é o caminho que liga Deus ao homem, porque abre o coração à certeza de sermos amados, apesar do nosso pecado. Com efeito, a misericórdia é sempre maior que o nosso pecado e ninguém pode pôr limites ao amor de Deus que perdoa sempre.

A Sagrada Escritura, concretamente os salmos, dá muito relevo à misericórdia de Deus. Paciente e misericordioso: estas duas palavras aparecem muitas vezes no Antigo Testamento, para definir a natureza de Deus. O seu ser misericordioso revela-se

concretamente na história da salvação, onde a sua bondade prevalece acima do castigo e da destruição. E poderíamos multiplicar outras passagens em que isto se concretiza.

Por tudo isto podemos concluir que a misericór-dia não é algo abstrato, mas uma realidade concreta onde se revela o amor, um convite a voltarmo-nos para Cristo e deixarmo-nos possuir por Ele. Este convite é dirigido a todos e a todos Cristo recebe de braços abertos. É Cristo que nos diz: «aqui estou de novo para renovar a aliança contigo; tenho necessi-dade de ti».

Disponhamo-nos a viver intensamente este ano, meditando no amor de Deus por nós e na necessi-dade do perdão de uns para com os outros, já que o perdão de Deus implica o perdão entre nós.

INTENÇÃO UNIVERSAL PARA QUE TODOS

EXPERIMENTEMOS A

MISERICÓRDIA DE DEUS, QUE

NUNCA SE CANSA DE PERDOAR.

EXPERIMENTAR A MISERICÓRDIA DE DEUS

INTENÇÕES DO PAPA

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dezembro 2015 | 5

INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃO PARA QUE AS FAMÍLIAS, DE MODO

PARTICULAR AS QUE SOFREM,

ENCONTREM NO NASCIMENTO DE JESUS

UM SINAL DE ESPERANÇA SEGURA.

AS FAMÍLIAS QUE SOFREM

O tema da família é sempre atual, por várias razões. Primeiro, pela importância que ele tem. Em segundo lugar, pelos numerosos problemas que implica, podendo afirmar que aumentam de dia para dia.

No primeiro domingo depois do Natal celebramos a festa da Sagrada Família de Nazaré. É meditando sobre esta família que tiramos lições para o que deve ser cada família.

E o Evangelho da celebração apresenta-a pelo caminho doloroso do exílio, em busca de refúgio no Egito. À sua semelhança, podemos ver a dramática situação dos exilados de hoje, marcada pelo medo, por incertezas e incomodidades de toda a ordem. Lamentavelmente, milhões de famílias apresentam esta realidade no nosso tempo.

Cada dia, a televisão e outros meios de comunica-ção social falam dos refugiados que fogem da fome, da guerra e outros males, em busca de segurança e de uma vida digna.

Mesmo quando encontram trabalho, nem sempre os refugiados e migrantes em geral encontram o acolhimento, o respeito e o apreço dos valores das suas culturas. As suas legítimas expectativas entram em choque com situações complicadas e dificulda-des que por vezes parecem insuperáveis.

Fixemos o nosso olhar na família de Nazaré e pensemos no drama dos migrantes exilados que são vítimas de rejeição e tráfico ou de um trabalho escravo.

Jesus quis pertencer a uma família que experi-mentou também numerosas dificuldades, para que ninguém se sinta excluído da proximidade de Deus.

Rezemos este mês para que as nossas famílias imitem a família de Nazaré, onde reinava a simpli-cidade de vida e que constituía uma comunidade de amor onde havia paz e ajuda mútua.

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DESTAQUE

A Família, um tesouro da Igreja

A Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Família decorreu entre 4 e 25 de outubro e deu continuidade à reflexão efetuada na Assembleia Extraordinária do mesmo Sínodo, realizada em outubro de 2014. Esta reflexão em duas etapas permitiu abundante especulação, nos media e também nas comunidades cristãs, sobre os resultados finais de uma reflexão que se previa marcada por fortes tensões entre perspetivas bastante diferentes relativamente ao modo como a Igreja deve olhar, hoje, para a família.

Contrariando tais especulações, os frutos dos trabalhos sinodais, tal como aparecem no documento final entre-gue ao Papa, constituem uma reafirmação do compromisso da Igreja com a família e com a sua defesa, face às muitas dificuldades que enfrenta. Ao mesmo tempo, os Padres sinodais manifestam o desejo de que a Igreja, nas suas estruturas pastorais, seja cada vez mais um espaço de acolhimento para as famílias, sobretudo aquelas mais fragilizadas.

Este documento, confiado pelos Padres sinodais ao Papa Francisco, será agora objeto do cuidado do Papa, que a seu tempo, se assim o desejar, dará a conhecer orientações mais concretas sobre as diversas questões deixadas em aberto pelo Sínodo.

Elias Couto

Sínodo dos Bispos

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dezembro 2015 | 7

Família nascida da união entre um homem e uma mulher

Ainda há relativamente poucos anos, falar da família constituída pela união entre um homem e uma mulher pareceria uma redundância. Hoje, não é assim. O Documento do Sínodo reflete esta realidade, usando numerosas vezes, logo

Desafios à pastoral familiar

Um dos aspetos mais delicados da pastoral familiar é aquele relacionado com a paternidade e materni-dade responsavelmente abertas à vida. O Sínodo lembra a necessidade de redescobrir a encíclica Humanae vitae, de Paulo VI, e a exortação apostólica Familiaris consortio, de João Paulo II, sobretudo para ajudar os casais a redescobrirem a importância da fecundidade, em sociedades tantas vezes marcadas por uma grave crise de natalidade.

Se a fecundidade responsavelmente vivida pode ser algo estranho à cultura ambiente, não o é menos a indissolubilidade do matrimónio. Mesmo se a Igreja a anuncia como essencial à vida conjugal, não deixa de ter consciência da cada vez maior fragilidade dos laços matrimoniais e da existência de inúmeros casais separados, vivendo sozinhos ou comprometi-dos num segundo casamento.

Estas situações, quando implicam católicos que pretendem continuar a viver a sua fé, também sacra-mentalmente, torna-se particularmente complexa. A estes cristãos, diz o Sínodo: «Os batizados que se divorciaram e recasaram civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã segundo os diver-sos modos possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo. A lógica da integração é a chave do seu acompanhamento pastoral, para que não só saibam que pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja, mas para que sobretudo possam experimentar de modo alegre e fecundo essa pertença» (n. 84).

A situação destes fiéis deve, portanto, ser reta-mente discernida pela comunidade eclesial. Nas palavras do Sínodo, tal discernimento há de ser feito com o acompanhamento de um sacerdote, respei-tando o ensinamento da Igreja e as orientações do Bispo. «Neste processo, será útil fazer um exame de consciência, mediante momentos de reflexão e de arrependimento» (n. 85). Este exame de consciência terá sobretudo a ver com o modo como se chegou à rutura do primeiro casamento e há de ajudar a pessoa em causa a formar um «juízo correto» sobre quais os obstáculos «à possibilidade de uma mais plena participação na vida da Igreja e sobre os passos que podem favorecê-la e fazê-la crescer» (n. 86).

nos primeiros números, a expressão «a família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher» (nn. 1, 3, 4, 5). É significativo que o docu-mento sinodal retome uma e outra vez esta expres-são, sobretudo quando é cada vez mais frequente pretender impor, também à Igreja, a aceitação de modelos ditos familiares baseados na convivência entre dois homens ou duas mulheres.

A este propósito, aliás, o Sínodo recomenda «que cada pessoa, independentemente da própria tendên-cia sexual, seja respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, de modo a evitar “qualquer sinal de discriminação injusta”» (n. 76). E acrescenta: «Relativamente aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, “não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, nem mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família”» (ibidem). Consideram, por isso, os Padres sinodais «totalmente inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres mediante a introdução de leis que instituam o “matrimónio” entre pessoas do mesmo sexo» (ibidem).

Para o Sínodo, fica claro que a família não é simples-mente fruto do querer humano. Ela responde ao projeto de Deus, que «une o coração de um homem e de uma mulher que se amam» e une-os «na unidade e na indissolubilidade» (n. 1). Este projeto

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é, porém, posto em causa por fenómenos culturais cada vez mais dominantes, entre eles o individua-lismo, que se satisfaz apenas na posse e no desfru-tar das pessoas e das coisas (n. 8); o «feminismo que denuncia a maternidade como um pretexto» para a exploração da mulher e como um «obstáculo à sua plena realização» (ibidem); e a ideologia do género, «que nega a diferença e a reciprocidade natural entre homem e mulher», com o objetivo de erigir uma sociedade esvaziada de diferenças sexuais, eliminando assim o fundamento antropológico da família (cf. ibidem).

Escutar a Bíblia e a Tradição

Da leitura atenta da Bíblia e da Tradição eclesial (nn. 35-46) emerge aquilo que o Sínodo entende ser o plano de Deus sobre a família. Este mani-festa-se, de modo particular, na indissolubilidade e na fecundidade da união entre os esposos, cujo fundamento é a «irrevogável fidelidade de Deus à sua aliança» (n. 48). Escrevem os Padres sino-dais: «A indissolubilidade corresponde ao desejo profundo de amor recíproco e duradouro que o Criador colocou no coração humano, e é um dom que Ele mesmo faz a cada casal» (n. 48).

De modo semelhante, «a fecundidade dos esposos, em sentido pleno, é espiritual: eles são sinal sacra-mental vivo, fonte de vida para a comunidade cristã e para o mundo» (n. 50). É nesta fecundidade espiritual que se inscreve, de modo mais pleno, a geração dos filhos, «o fruto mais precioso do amor conjugal» (ibidem).

Aprofundar a espiritualidade conjugal para viver plenamente o matrimónio

Uma das preocupações manifestadas durante o Sínodo da Família diz respeito à necessidade de apoio aos casais mais jovens, durante a fase do namoro e na vivência em comum após a celebração do matrimónio.

As Equipas de Nossa Senhora (ENS) são uma das estruturas da Igreja Católica que se propõe precisamente acom-panhar casais jovens e colaborar no acolhimento e acompanhamento de situações de união de facto, de casais em segunda união e casais em dificuldade.

Este mês de dezembro, os seus membros estão «especialmente unidos em oração com as famílias que sofrem. Nos Encontros do Advento que as ENS de todo o mundo organizam para preparar o nascimento do Deus Menino, serão lembradas de uma forma especial, levando assim uma mensagem de esperança a todos os que sofrem», afirmam os responsáveis deste Movimento, José e Maria Berta Moura Soares.

O carisma das Equipas de Nossa Senhora «é a espiritualidade conjugal, que ajuda os casais a viverem plena-mente o sacramento do matrimónio e a caminharem em casal para a santidade». Neste percurso, o Movimento propõe aos seus casais as orientações de vida, os pontos concretos de esforço – atitudes interiores que, ao serem despertadas e assimiladas, vão conduzir a uma nova maneira de viver – e uma vida de equipa. Dos seis pontos concretos de esforço, dois assumem-se como «muito importantes para o crescimento espiritual em casal: oração conjugal e diálogo conjugal». Por outro lado, a vida em equipa (comunidade de cinco a oito casais e um conselheiro espiritual) «é local de Encontro com o Senhor e com os outros casais, num clima de oração, de entreajuda, de parti-lha e de testemunho».

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dezembro 2015 | 9

A Bíblia: símbolos que fazem sentido

Miguel Gonçalves Ferreira, s.j.

Um dos aspetos que maior dificuldade causa aos atuais leitores da Bíblia está relacionado com a difi-culdade em entender a linguagem simbólica. Esta incompreensão transforma a Sagrada Escritura numa casa repleta de memórias, retratos, melodias e imagens das quais se desconhece o significado ou o sentido, embora se pense que têm valor. Esta dificuldade em entender e utilizar símbolos diz-nos que vivemos hoje numa época que algum autor apelidou de «miséria simbólica».

Porque acontece isto? Em boa parte, deve-se à distância cultural entre nós e os autores sagra-dos. Na verdade, esta distância é apenas «meio problema», pois se a diferença de vinte séculos nos separa, une-nos a experiência humana, com o que essa tem de intemporal. É a mesma experiên-cia que nos permite apreciarmos hoje e sempre um silogismo de Aristóteles, um diálogo de Platão, um auto de Gil Vicente ou um soneto de Camões. As difi-culdades atuais com a simbologia bíblica têm a sua principal origem na abordagem intelectual surgida no Iluminismo do século XVIII. O apelo que este fez a uma «razão pura» trouxe-nos uma visão crítica que nos salvou da ingenuidade, mas também nos «vacinou» contra a simplicidade e nos fez descon-fiar da perceção que nos vem do afeto. Tudo isto nos trouxe a uma noção de verdade a que se acede unica-mente pelo uso da razão intelectual e pela observa-ção científica-experimental dos fenómenos. Na era da ciência e da técnica, a única realidade que inte-ressa é aquela que se conta, mede ou pesa. Ou então a que se pode pensar segundo uma lógica linear. A metafísica – tudo o que está para além do que é físico – é incerta, provavelmente falsa e desnecessária...

Poderá a linguagem simbólica da Bíblia recupe-rar o seu valor nos tempos atuais? Antes de mais, é preciso recordar o que é um símbolo. Literalmente, é a junção de duas partes de um objeto quebrado, que assim recupera a unidade. A partir desta enten-demos a imagem ou a mensagem que traz consigo. Que duas metades são estas que em nós recla-mam serem postas em relação? Podem ser a razão e a fé, mas também o sentimento e o sentido. A linguagem simbólica tem autêntica capacidade de nos pôr em contacto com os afetos mais profun-dos que nos habitam e constituem. Dessa forma ajuda-nos a recuperar uma visão unificadora – e por isso pacificadora – de nós mesmos e da realidade. Um símbolo bem utilizado tem um enorme poder mobilizador, pois ao dar sentido dá motivação. Isto dá-nos a responsabilidade de conhecer e usar bem os símbolos que mais sentido acrescentam ao nosso caminho de fé.

Um pequeno exemplo pode ser-nos dado pelo modo como a Bíblia se refere ao mar e suas águas, que eram para os Israelitas – povo da terra – sinal do desconhecido e da morte. Antes da criação, o Espírito que dá vida paira sobre as águas. O grande sinal da libertação de Israel é atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto. Também Jesus, novo Moisés, caminha sobre as águas, prenunciando a sua ressurreição. Para S. Paulo, cada cristão participa da vitória de Jesus, ao ser sepultado nas águas do Batismo, renascendo para uma vida nova. A Bíblia e a sua linguagem simbólica destinam-se a fazer experimentar profundamente um sentido nas nossas vidas atravessadas pela morte e pelo mal. Pode ser também essa uma das grandes motivações para a tirar da estante!

TIRAR A BÍBLIA DA ESTANTE

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A nossa vida é cíclica e feita de etapas: a passa-gem de ano civil, o dia de aniversário, a mudança de ano académico. Liturgicamente, o ritmo anual começa no Advento. O tempo de espera da chegada do Messias foi anunciado pelos profetas como sendo de preparação do momento supremo da salvação da humanidade. No percurso de apro-ximação ao Mistério de Deus, ainda hoje há que ir de coração purificado. Por isso, até ao Natal, a Palavra de Deus anuncia-nos que Deus cumpre a sua promessa de salvação, mas é preciso que cada um esteja atento à sua chegada, capaz de O reconhecer no meio do mundo em que vive. Muito em breve festejaremos a vinda à terra do Deus incarnado. Até lá, o tempo do Advento é um período de vigilância, de convite à conversão e mudança de vida, de tomada de consciência do dom que Deus nos dá continuamente através do seu Filho Jesus Cristo.

Neste Advento, quatro profetas dão voz ao anúncio da vinda do Salvador. Jeremias recorda a promessa de Deus de cuidar do seu Povo num momento de dificuldade. Na eminência da depor-tação para o exílio a que vai ser sujeito, eis que o profeta é mediador de esperança para os crentes: «Dias virão, em que cumprirei a promessa», diz-nos o Senhor pela boca de Jeremias, «em que farei germinar um rebento de justiça que exer-cerá o direito e a justiça na terra». Ainda que o tempo presente seja de insegurança e de desi-lusão, não se pode perder a esperança na ação salvadora de Deus.

ADVENTO António Santana, s.j.

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dezembro 2015 | 11

Um outro profeta, Baruc, vem trazer uma nova esperança ao Povo na diáspora. Onde parece que já não há vida, a aliança é renovada por Deus: «Jerusalém, deixa a tua veste de luto e aflição e reveste para sempre a beleza da glória que vem de Deus». É a justiça e a paz que marcam a ação de Deus em favor do seu Povo, que se redes-cobre repentinamente na terra da felicidade. Tantas vezes abatidos pela tristeza e pelo desâ-nimo, Deus irrompe inesperadamente na vida dos crentes com um toque de graça que abre ao sentido da vida.

De seguida, o profeta Sofonias vem dizer: «O Senhor teu Deus está no meio de ti, como pode-roso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-se com o seu amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa». Quando se está aberto à conversão e à renovação do interior, transformando os sentimentos de egoísmo e os esquemas de injustiça em serviço gratuito e gene-roso, prepara-se o caminho do Senhor e faz-se festa porque Deus vive no meio de nós.

Por fim, Miqueias conclui as antigas profecias, anunciando que de Belém «sairá aquele que há de reinar sobre Israel». O Messias apascentará todos os povos, como um pastor cuida do seu rebanho, porque «Ele será a paz».

É pela voz de S. Paulo que vamos entrando no mistério do Deus incarnado na vida da Igreja. Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses e na Epístola aos Filipenses, apela a crescer e abundar na caridade. Este é o tempo de dar graças por tanto bem recebido. Com o coração centrado em Cristo Salvador, os cristãos expressam a confiança de

quem vive assente em Deus com orações, súpli-cas e ações de graças. Renovados por dentro, repetimos com o autor da Epístola aos Hebreus o desejo de cumprir a missão que Jesus nos vem trazer: «Eis-Me aqui: Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade».

O Ano Litúrgico que se abre dá voz ao Evangelista S. Lucas. É por Ele que acompanhamos Jesus no anúncio da Boa-Nova, que nos desafia a um caminho de relação. «Vigiai e orai em todo o tempo», são meios para perseverar na fidelidade a Deus. Como personagem modelo deste exercí-cio, encontramos S. João Batista, «a voz que grita no deserto», «pregando um batismo de penitência para a remissão dos pecados». Ao redor do primo de Jesus, encontramos quem, na busca de solu-ções concretas para as suas vidas, o questiona com a interpelação: «Que devemos fazer?». É também esta a pergunta a formular neste tempo de Advento: «Que devemos fazer para nos tornar-mos mais parecidos com Jesus?» A resposta está no repartir o que se tem em excesso, na bondade das relações, no deixar a violência e o julgar injus-tamente. S. João Batista anuncia que a vinda do Messias traz um batismo «com o Espírito Santo e com o fogo» que transforma a vida na fé de quem adere à logica do reino de Deus.

No final do itinerário de Advento, é com Maria que chegamos ao Natal. A Mãe de Deus é apre-sentada em caminho, na pressa de visitar a sua prima Isabel. É ela a bendita entre as mulheres que traz no seu seio Jesus Cristo, o Salvador. Na rapidez com que se dirige para a montanha revela-nos a determinação com que aceita a missão que Deus lhe dá. Sem hesitações, coloca os meios à sua disposição para cumprir a vontade de Deus e ensina-nos a fazer o mesmo. Como Maria, é necessário transformar-se interiormente para se reconhecer a chegada do Salvador. Porque também com o nosso «sim», somos o Presépio de Belém onde Deus encontra a sua morada.

INformar

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12 | Mensageiro

D. Virgílio do Nascimento Antunes

EVANGELHO, PROFECIA, ESPERANÇA

O Ano da Vida Consagrada veio trazer de novo a reflexão sobre uma das fundamentais dimensões da vida cristã, ajudar os diferentes institutos a fazerem um ponto da sua situação interna e a projetarem o seu futuro com realismo, a partir da fé e da vocação a que são chamados.

Embora as situações sejam muito variadas e a realidade não seja a mesma no mundo católico ocidental, nos países de missão da África, da Ásia e da América do Sul, este reequacionar da questão era extremamente urgente e necessário. Sabemos que, no respeito pelo lugar essencial que a vida consa-grada tem na vida da Igreja, os modelos e formas têm uma dimensão histórica inquestionável, que precisa de ser discernida em cada tempo e situação, a fim de corresponder mais adequadamente a uma identidade estrutural e, ao mesmo tempo, aos desa-fios da atualidade.

As últimas décadas foram pródigas em adapta-ções, fruto do sério discernimento feito por institu-tos presentes numa Igreja e sociedade em mudança acentuada. O Ano da Vida Consagrada é, por um lado, o resultado desse esforço e, por outro, ocasião para o relançamento de um futuro promissor. A Igreja e os próprios institutos no seu interior só têm

a ganhar com uma maior clarividência iluminada pelo Espírito Santo, mesmo que, nalguns casos, o processo traga a marca de algum sofrimento e desencanto por parte dos seus membros, que podem e devem ser assumidos com a disponibili-dade própria de quem veio para servir e dar a vida.

O maior desafio consiste em encontrar resposta para a dificuldade de preservar a identidade por meio do regresso às fontes do carisma fundador e, ao mesmo tempo, fazer a atualização contínua para melhor corresponder às necessidades do tempo presente. Sempre a vida consagrada foi procurando corresponder às exigências de cada período da histó-ria, preservando a identidade própria do carisma fundador. Acontece que, no caso das fundações mais antigas, o processo, por ser muito lento, era quase impercetível; no presente, as mudanças são tão rápidas que é difícil encará-las sem as pensar como ruturas.

Por um lado, encontramos congregações e insti-tutos com uma longa trajetória histórica que mani-festam capacidade e discernimento adequado para fazer caminho de forma tranquila e segura; por outro, encontramos alguns que se perderam no meio da ânsia de um aggiornamento, que acabou por

Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

ANO DA VIDA CONSAGRADA

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dezembro 2015 | 13

dar origem a uma realidade diferente da que antes existia e fez sucumbir alguns dos seus membros por inadaptação ao novo modelo. Deparamo-nos ainda com o nascimento de novas comunidades, entre as quais muitas dão origem a novos modelos e formas de consagração, frequentemente pouco consis-tentes e que, assim como crescem rapidamente, também rapidamente se desmoronam, acabando, algumas delas, por não ser uma verdadeira alterna-tiva aos modelos históricos que conhecemos.

O Ano da Vida Consagrada, subordinado ao apela-tivo lema, Evangelho, História, Profecia, constituiu um forte impulso do Espírito, querido e acolhido pela Igreja e pelos consagrados. Voltar ao Evangelho como fonte da vida cristã e da consagração na Igreja é sempre o caminho a percorrer, e esse traba-lho está a ser feito com coragem e ousadia. Reler a história de cada instituto, estudar os acontecimen-tos e as pessoas ligados aos momentos fundan-tes, conhecer os contornos da evolução realizada, ajuda a relativizar muitos aspetos e a não absolu-tizar alguns outros que têm a marca do transitório; também esse percurso está a ser feito. Olhar para o futuro com uma visão verdadeiramente profé-tica, que conhece o lugar do Espírito Santo em todo

o processo e a necessária docilidade de todos para, unidos e em comunhão, se abrirem a novos hori-zontes, também é uma preocupação bem visível. Finalmente, o Ano da Vida Consagrada trouxe um forte contributo para que todos tomem consciência do lugar imprescindível que as formas históricas de consagração têm na Igreja, tal como as que são fruto da novidade surgida nas últimas décadas; hoje reco-nhece-se que não são concorrentes, mas que não só podem como devem coexistir numa Igreja plural, enriquecida pelos múltiplos dons e carismas do Espírito, todos em estado de conversão permanente e a caminho da unidade e da comunhão.

Todos estamos gratos ao Papa Francisco que, cora-josamente, propôs este ano de graça à Igreja. Todos estamos gratos aos consagrados que o souberam aproveitar para se renovarem e se relançarem no serviço à evangelização, à caridade e à construção de uma Igreja. A ação do Espírito Santo gerador do testemunho fiel de homens e mulheres que vivem a radicalidade do Evangelho, na pobreza, castidade e obediência, continuará a ser um pilar de valor ines-timável no presente e no futuro para que a obra de Deus se realize.

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14 | Mensageiro

SÃO POUCAS AS FOTOGRAFIAS...

Isabel Figueiredo

São poucas as fotografias que vi, no pequeno ecrã de um telemóvel. Mas andam comigo desde que um amigo nos mostrou como tinha passado três dias, na fronteira entre a Sérvia e a República Checa.

De uma forma voluntária, organizou-se com outros colegas e partiram dispostos a ajudar. Choveu sempre e, por isso, as fotografias têm a cor de um céu cinzento e quase cheiram a terra molhada. A primeira mostra uma mãe e um filho, protegidos com capas de plástico azuis. Nenhum deles fixa a câmara. O rapazinho, sentado em cima de um pneu, abre os braços e sorri. Pouco. A mãe, sentada num cobertor, tem a cabeça tapada, uma manta nos ombros e um peluche caído ao seu lado. À sua volta estão garrafas vazias, sacos de plástico, galhos e folhas e há lama por todo o lado.

Noutra fotografia, aparece uma tenda grande e aberta. A lama é a mesma, tal como os sacos de plástico, os cobertores atirados para cima da tenda, o lixo. Alguns caixotes de cartão lembram-nos as marcas que inundam os supermercados de uma Europa que vive na abundância dos excedentes. Uma Europa que vive tão longe destas fronteiras.

Na terceira fotografia, um grupo de homens, abraça-dos, regista o fim de uma manhã de trabalho. Todos estão protegidos da chuva pelas mesmas capas, alguns com grandes pás. Percebemos que abriram caminhos, limparam estradas, apanharam lixo. A pele branca de uns contrasta com barbas escuras de outros. O sorriso de alguns não faz esquecer os

semblantes pesados de outros… e mesmo quando se percebe que, no meio de toda aquela tragédia, se tocou música com instrumentos tradicionais, permanece a mesma tristeza que tapa quaisquer sinais de esperança.

A fuga de refugiados pelas fronteiras da Europa é um drama real, umas vezes levado ao palco dos grandes acontecimentos, outras vezes igno-rado porque interessa, ou porque já não interessa. Mas sempre que volto a olhar para aquela mãe e aquele filho, só consigo pensar em Belém, na gruta do grande milagre. A pobreza é a mesma, discreta e humilde. A maternidade é a mesma, que não conhece tempo, nem lugar. A ternura é a mesma, naquele menino, tapado por plásticos, sentado num pneu abandonado, de braços estendidos. E a sua mãe não resiste a um ligeiro sorriso… talvez por ver que o seu filho mereceu a atenção daquele estran-geiro, vindo de longe para o fotografar. Agora, já terá chegado a neve e o frio àqueles caminhos enlamea-dos. Que será feito deles?...

MAS SEMPRE QUE VOLTO A OLHAR PARA AQUELA MÃE E AQUELE FILHO, SÓ CONSIGO PENSAR EM BELÉM, NA GRUTA DO GRANDE MILAGRE.

OPINIÃO

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Ano Jubilar da Misericórdia

Para sermos sempre mais misericordiosos

MENSAGEIRO | DOSSIER 11

Manuel Morujão, s.j.

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Um Ano Jubilar, também conhecido como Ano Santo, é o período de aproximadamente um ano em que a Igreja concede graças especiais, a indulgência jubilar, mediante o cumprimento de certas condi-ções (peregrinação, visita a uma igreja, reconcilia-ção, oração). Ano Santo é um tempo no qual o amor misericordioso de Deus quer chamar a sua Igreja para receber uma mais abundante efusão de graça em vista da nossa conversão pessoal e comunitária. A esta quadra especial de graça podemos aplicar o que diz S. Paulo: «É este o tempo favorável, é este o dia da salvação» (2 Cor 6, 2).

A primeira vez que se realizou um Ano Jubilar foi em 1300, convocado pelo Papa Bonifácio VIII (1294--1303), pela Bula Antiquorum habet, de 23 de feve-reiro de 1300, estabelecendo a sua celebração de cem em cem anos.

O Papa Paulo II, pela Bula Ineffabilis Providentia, de 19 de abril de 1470, estabeleceu definitivamente que a periodicidade dos jubileus passasse a ser de 25 em 25 anos, como se tem verificado até aos dias de hoje. Nesta altura entrou em uso a significativa denominação de «Ano Santo», um ano especial para a nossa santificação.

O Papa S. João Paulo II, na Carta apostólica em que convida a Igreja para a celebração do terceiro milénio do Cristianismo, Tertio Millennio Adveniente, de 10 de novembro de 1994, indica as seguintes características com que devemos celebrar um Ano Santo (nn. 11-16), na linha da tradição bíblica dos anos jubilares:

– Celebração centrada na pessoa de Jesus salva-dor: «O jubileu, ano da graça do Senhor, é uma caraterística da atividade de Jesus e não a defini-ção cronológica de um certo aniversário». Também o Ano Jubilar da Misericórdia está centrado na pessoa de Cristo, que o Papa Francisco nos apresenta como o «rosto da misericórdia» divina, na Bula de procla-mação deste Ano Santo.

– «O jubileu era um tempo dedicado de modo particular a Deus», também com o reconhecimento de que só a Deus criador corresponde o domínio soberano sobre toda a criação.

– O ano santo como tempo oportuno para a prática da justiça social e da fraternidade. A tradição do ano jubilar é «uma das raízes da doutrina social da Igreja».

– O ano jubilar, particular ano de conversão, de reconciliação fraterna e sacramental: «Para a Igreja, o jubileu é verdadeiramente este ano de graça, ano de remissão dos pecados e das penas pelos pecados, ano de reconciliação entre os desavindos, ano de múltiplas conversões e de penitência sacramental e extra-sacramental. A tradição dos anos jubilares está ligada à concessão de indulgências, de modo mais generoso que em outros anos».

– Jubileu, tempo de celebração festiva: «O termo jubileu exprime alegria, não só alegria interior, mas júbilo que se manifesta externamente, uma vez que a vinda de Deus é também um aconteci-mento exterior».

O QUE É UM ANO JUBILAR?SuaS CaraCteríStiCaS

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dezembro 2015 | 17

A proclamação da misericórdia de Deus pelo Papa Francisco tem sido uma constante nas suas inter-venções, provavelmente a nota mais saliente do seu magistério, tanto no espírito como na letra. Como é natural, cada um «fala da abundância do [que lhe vai no] coração» (Lc 6, 45).

Logo na primeira oração do Angelus, a 17 de março de 2013, assim afirma: «A melhor sensação que podemos ter é a de sentir misericórdia. Ao escutar misericórdia, esta palavra muda tudo. É o melhor que podemos escutar, muda o mundo. Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo. Necessitamos compreender bem esta mise-ricórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência».

Na exortação apostólica Evangelii gaudium (A Alegria do Evangelho), onde o Papa Francisco como que nos apresenta o programa do seu ponti-ficado, assim afirma: «A Igreja vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva» (n. 24). A proclamação deste original ano jubilar faz parte deste «desejo inexau-rível de oferecer misericórdia» a todas as pessoas, independentemente de serem ou não crentes, desta ou doutra religião.

«Cristo olhou-o com misericórdia e escolheu-o» («Miserando atque eligendo») é o lema que o Santo Padre Francisco escolheu, quando foi nomeado Bispo em Buenos Aires, sublinhando a sua particular

devoção à misericórdia divina. São palavras tiradas de um comentário à vocação de S. Mateus, feito por S. Beda Venerável.

Na mensagem para a Quaresma de 2015, o Santo Padre exorta-nos à globalização da misericórdia: «Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particular-mente as nossas paróquias e as nossas comunida-des, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!».

O Papa Francisco quer promover na Igreja uma campanha de promoção de atitudes de misericór-dia, que não exclua ninguém, sendo todos beneficiá-rios de generosa misericórdia: «Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus! A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do reino de Deus já presente no meio de nós». Assim afirma na Bula de proclamação deste Ano Jubilar da Misericórdia (n. 5).

O tema da misericórdia, que devemos receber de Deus para oferecer a todos, é profundamente atual. O Papa João Paulo II ofereceu-nos uma Encíclica sobre a misericórdia: Dives in misericordia (Deus rico em Misericórdia). Aí manifesta o desejo que as suas páginas sejam «um vibrante apelo à misericórdia, de que o homem e o mundo contemporâneo tanto precisam. E precisam dessa misericórdia, mesmo sem muitas vezes o saberem» (n. 2).

Porquê um Ano SAnto dA miSericórdiA?

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18 | Mensageiro

AlgunS PontoS dA HiStórtiA doS AnoS JubilAreS

Os Anos Jubilares têm a sua raiz na Bíblia. Aliás, a palavra «jubileu» vem de «yobel», instrumento feito de um chifre de carneiro que se usava para anunciar o seu início, no dia da expiação, o 10º dia do 7º mês do 49º ano, ou seja, ao fim de 7 anos sabáticos, o 50º ano (cf. Lv 25, 8-17).

Os anos jubilares do povo bíblico de Israel unem as seguintes dimensões: reconhecimento da primazia do único Deus verdadeiro; libertação dos escravos e justiça social com retoma das propriedades perdi-das; promoção de uma boa relação de fraternidade com todos.

Jesus apresentou-Se na sinagoga da sua terra, Nazaré, como sendo o nosso jubileu. Depois de proclamar a passagem do profeta Isaías que fala da missão do messias, que deverá «proclamar um ano favorável da parte do Senhor», aplicou a Si mesmo o que leu: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir» (Lc 4, 21).

A versão cristã dos Anos Jubilares bíblicos deu-se com a instituição dos Anos Santos (ver página 14 deste dossier). Este Jubileu da Misericórdia é o 29º da história da Igreja e será um jubileu extraordiná-rio porque fora da lógica da celebração cíclica de 25 em 25 anos, e centrado numa temática particular: a misericórdia. Outros dois jubileus foram extraor-dinários: o de 1933, no tempo do Papa Pio XI, para celebrar os 1900 anos da morte e ressurreição do Redentor; e o de 1983, com João Paulo II, celebrando os 1950 anos do mesmo evento salvador, o Ano Santo da Redenção.

dAtAS mAiS relevAnteS deSte Ano JubilAr dA miSericórdiA8. 12. 2015Abertura do Ano Jubilar «O Ano Santo abrir-se-á no dia 8 de dezembro

de 2015, solenidade da Imaculada Conceição. Esta

festa litúrgica indica o modo de agir de Deus desde os primórdios da nossa história. (…) A misericór-dia será sempre maior do que qualquer pecado, e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa. Na festa da Imaculada Conceição, terei a alegria de abrir a Porta Santa. Será então uma Porta da Misericórdia, onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança» (Papa Francisco, Bula Misericordiae vultus, 3).

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13. 12. 2015 Abertura da Porta Santa em Roma e nas Dioceses«No domingo seguinte, o Terceiro Domingo de

Advento, abrir-se-á a Porta Santa na Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão. E em seguida será aberta a Porta Santa nas outras basí-licas papais. Estabeleço que no mesmo domingo, em cada Igreja particular – na Catedral, que é a igreja-mãe para todos os fiéis, ou na concatedral, ou então numa igreja de significado especial – se abra igualmente, durante todo o Ano Santo, uma “Porta da Misericórdia”. Por opção do Ordinário, a mesma poderá ser aberta também nos santuá-rios, meta de muitos peregrinos que frequente-mente, nestes lugares sagrados, se sentem tocados no coração pela graça e encontram o caminho da conversão. Assim, cada Igreja particular estará diretamente envolvida na vivência deste Ano Santo como um momento extraordinário de graça e reno-vação espiritual. Portanto, o Jubileu será celebrado, quer em Roma quer nas Igrejas particulares, como sinal visível da comunhão da Igreja inteira» (Papa Francisco, Bula Misericordiae vultus, 3).

20. 11. 2016 Encerramento do Ano Jubilar da Misericórdia «O Ano Jubilar terminará na solenidade litúrgica

de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novem-bro de 2016. Naquele dia, ao fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de grati-dão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça. Confiaremos a vida da Igreja, a humanidade inteira e o universo imenso à realeza de Cristo, para que derrame a sua misericórdia, como o orvalho da manhã, para a construção duma história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo. Quanto desejo que os anos futuros sejam permea-dos de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus! A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do reino de Deus já presente no meio de nós» (Papa Francisco, Bula Misericordiae vultus, 5).

A Quaresma de 2016, com a exortação ao sacra-mento da reconciliação e o envio dos missionários da misericórdia

«A Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus. (…) A inicia-tiva “24 horas para o Senhor”, que será celebrada na sexta-feira e no sábado anteriores ao IV Domingo da Quaresma, deve ser incrementada nas dioceses.

(…) Com convicção, ponhamos novamente o sacra-mento da Reconciliação no centro, porque permite tocar sensivelmente a grandeza da misericórdia. Será, para cada penitente, fonte de verdadeira paz interior. Não me cansarei jamais de insistir com os confessores para que sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai. (…) Em suma, os confessores são chamados a ser sempre e por todo o lado, em cada situação e apesar de tudo, o sinal do primado da misericórdia».

«Na Quaresma deste Ano Santo, é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia. Serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério tão fundamental para a fé. Serão sacer-dotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato. Serão sobretudo sinal vivo de como o Pai acolhe a todos aqueles que andam à procura do seu perdão» (Papa Francisco, Bula Misericordiae vultus, 17 e 18).

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20 | Mensageiro

(cf. Carta do Papa Francisco ao Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, 1 de setembro de 2015)

«Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conver-são. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como Jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a miseri-córdia. Será necessário acompanhar estas celebra-ções com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro.

Penso também em quantos, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa,

sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa. Para eles será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como expe-riência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica a via mestra para dar sentido à dor e à solidão. Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar.

O meu pensamento dirige-se também aos encar-cerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. O Jubileu constituiu sempre a oportuni-dade de uma grande amnistia, destinada a envol-ver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injus-tiça perpetrada e desejam sinceramente inserir- -se de novo na sociedade, oferecendo o seu contri-buto honesto. A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão. Nas capelas das prisões poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, diri-gindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade».

breve bibliogrAfiAELOY BUENO DE LA FUENTE, A Mensagem de Fátima

– A Misericórdia de Deus: o triunfo do amor nos dramas da história, Santuário de Fátima, Fátima, 2.ª edição, 2014.

FAUSTINA KOWALSKA, Diário – A Misericórdia Divina na minha alma, Edição dos Marianos da Imaculada Conceição, Fátima, 2.ª edição, 2003.

JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Rico em Misericórdia, «Dives in Misericordia», Editorial A.O., Braga, 4.ª edição, 1987.

MANUEL MORUJÃO, Celebrar e Praticar a Misericórdia – Subsídios para viver o Ano Jubilar da Misericórdia, Editorial A.O., Braga, 2015.

PAPA FRANCISCO, Bula de proclamação do Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia Misericordiae vultus, 2015. É o texto fundamental deste Ano Jubilar que vem nas páginas do livro anterior: Celebrar e Praticar a Misericórdia.

WALTER KASPER, A Misericórdia – Condição funda-mental do Evangelho e chave da vida cristã, Lucerna, Cascais, 2015.

Como AlCAnçAr IndulgênCIA deste Ano JubIlAr?

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dezembro 2015 | 21

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22 | Mensageiro

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dezembro 2015 | 23

Ser Apóstolo da OraçãoAntónio Valério, s.j.

Neste último artigo desta secção, onde fomos explorando os principais temas que estruturam a proposta do Apostolado da Oração (AO), será útil, em estilo de resumo, dar a conhecer o que é pedido à pessoa que acolhe o AO como uma ajuda a viver unida a Cristo e à missão da Igreja, através da parti-cipação na Rede Mundial de Oração do Papa.

Em primeiro lugar, o modo mais comum de parti-cipar no AO como a Rede Mundial de Oração do Papa é, precisamente, rezar pelas suas intenções, especialmente na primeira sexta-feira do mês, que é a Jornada mundial de oração pelas inten-ções do Papa, e participar nesse dia, se possível, na Eucaristia. É um modo de se mobilizar, durante o mês, em favor dos desafios da humanidade e da missão da Igreja e de se dispor interiormente para viver ao estilo de Jesus.

Se este é o nível mais comum, há diferentes modos de aprofundar progressivamente a pertença e a vivência do AO, a saber:

Viver um compromisso pessoal, com os três momentos de oração com Jesus. O objetivo é viver durante o dia em maior intimidade pessoal com Jesus e mais consciente da dimensão apostó-lica da vocação de batizado. Os três momentos de oração assinalam o oferecimento da nossa vida, ao começar o dia, a oração pelas intenções da Igreja,

a meditação da Palavra de Deus ao longo do dia e a revisão de vida, à noite, para ser dócil ao Espírito Santo e comprometer-se com aquilo que Deus vai pedindo na vida diária.

Viver um compromisso comunitário, participando numa comunidade da Rede Mundial de Oração do Papa. Estas comunidades não só rezam e vivem em atitude de disponibilidade interior para a missão, mas também se mobilizam, procurando modos de viver cada mês os desafios da humanidade e da missão da Igreja expressos nestas intenções. Em muitos lugares, já existem estes grupos, que são os Centros do AO e que são convidados a viver neste dinamismo, mas, noutros lugares, poderão ser criados outros tipos de grupos, compostos por pessoas que pretendem ajudar o pároco na dina-mização da vida espiritual da comunidade em que estão inseridas.

Consagração como Apóstolos da Oração. A quem deseja aprofundar mais este compromisso ao serviço da Rede de Oração do Papa é feito o convite de consagrar a sua vida ao Coração de Jesus. Quem assim se consagra torna-se apóstolo ao serviço das comunidades da Rede, do Secretariado Nacional e da missão da Igreja, inserido na realidade da própria Igreja local.

VIVER O AO

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24 | Mensageiro

EM COMUNHÃO COM O PAPA, REZAR PELAS FAMÍLIAS

Dário Pedroso, s.j.

A contemplação do presépio pode, neste mês em que celebramos o Natal, ser ajuda a termos mais presentes na nossa oração as famílias, de modo particular as que sofrem. Vamos rezar um terço com a Sagrada Família, junto do presépio.

1º – Cântico ao Menino

2º – Acolher a vidaMaria e José souberam acolher a vida do Menino, acolher o Verbo do Pai que nasceu

do seio virginal de Maria. Olhar o Menino deve levar-nos a pensar e a rezar pelo dom da vida e por todos as crianças. Por aquelas que são mortas antes de nascerem, por aquelas que vivem situações familiares difíceis, por aquelas que não têm família, paz, pão, amor. Pelas crianças vítimas da guerra, da violência, da exploração criminosa. Pelas que não encontram corações e famílias que as acolham, defendam, protejam. Peçamos ao Menino do presépio que a todas proteja e abençoe e suscite corações gene-rosos que amem e ajudem todas as crianças do mundo. Rezemos o primeiro mistério.

3º – Cântico à vida

4º – Acolher a misericórdiaO Papa, na intenção universal, convida a rezar para que todos experimentem a mise-

ricórdia de Deus que nunca Se cansa de perdoar. A misericórdia veio até nós através do Menino do presépio. Ele é o rosto da misericórdia do Pai. As famílias, junto do presépio, necessitam de aprender a dialogar, a perdoar, a ser “igrejas” onde se vive a paz e a concórdia entre todos os membros. Experimentar a misericórdia, acolhê-la e dá-la aos outros é viver a grande lição do Natal e do presépio. Um Deus Menino que veio até nós para nos dar a misericórdia do Pai. Aprendamos com Ele a ser misericor-diosos, compadecidos e bons. Rezemos o segundo mistério.

5º – Cântico de perdão

1ª SEXTA-FEIRA

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6º – Acolher a esperançaCom o Natal renasce a esperança no rosto do Menino recém-nascido. Entreguemos

as famílias que sofrem à Sagrada Família para que possam viver em esperança uma vida nova, com mais paz e mais amor, mais justiça e mais liberdade, mais pão e mais cultura. Que o nascimento de Jesus seja um sinal de esperança que invada os corações de verdadeira alegria. Que todas as famílias, junto do presépio, se sintam renovadas e amadas, que encontrem pessoas que as ajudem e protejam com dedi-cação e generosidade. Supliquemos à Família Sagrada de Nazaré que abençoe todas as famílias e lhes conceda a esperença. Rezemos o terceiro mistério.

7º – Cântico ao Menino

8º – Acolher o amorO presépio coloca diante de nós o amor, o Natal é o nascimento em carne

humana do Amor que veio do Céu. A Sagrada Família vive em amor, que gera sempre comunhão, paz, concórdia, unidade. Junto do presépio, temos que apren-der a amar, a ser família em amor, em paz, em concórdia, em unidade. Que o Natal, além da festa exterior, das prendas, iluminações e ornamentos, seja o nascimento de mais amor no seio das famílias, no coração de cada um dos seus membros. Rezemos o quarto mistério.

9º – Cântico de caridade

10º – Acolher a alegriaA verdadeira alegria só Deus a pode dar. O Menino que nos nasce no presépio vem

dar-nos a alegria divina, a alegria do Céu. A Sagrada Família, apesar das provações e provas, vive em comunhão alegre. Aquele Menino alegra o coração de Maria e de José, dos pastores e dos magos. Deixemos que o Deus Menino seja a nossa alegria. Vivamos em comunhão com Ele, para que as nossas famílias vivam a santa alegria na paz e no dom, no serviço humilde. Que nada nem ninguém nos tire a alegria que o Natal nos quer dar. Que o Menino seja a nossa alegria. Rezemos o quinto mistério.

11º – Cântico final

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Esquema de reunião de grupoManuel Morujão, s.j.

Uma reunião de pessoas cristãs deve ser sempre uma experiência de fraternidade, que é selada pela presença do próprio Senhor Jesus. Foi o mesmo Jesus que garantiu que deveriam contar sempre com Ele: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18, 20). Cristo é sempre o convidado especial num encontro de cristãos, Aquele que dá qualidade humano-divina aos nossos encontros. Jesus Cristo deve ser sempre o invisível presente com quem devemos contar para a qualidade dos nossos relacionamentos, para nos situarmos nos assuntos que tratamos e na busca das soluções que procuramos.

Todos recordamos a observação seriíssima de Jesus no juízo final: «O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Esta verdade deve iluminar todos os nossos relacionamentos, de um modo particular quando participamos numa reunião: acolhimento cordial das pessoas, atenção a quem fala, ajuda no que pudermos e soubermos.

Oração inicial – Oração do Oferecimento(com a fórmula tradicional ou com outra)

1.ª Parte Intenções do Papa para o mês de dezembro

O responsável, ou outra pessoa do grupo, poderá fazer uma apresentação da intenção universal e da intenção pela evangelização do Papa Francisco para este mês de dezembro. Poderá servir-se do que vem nas primeiras páginas desta revista.

A intenção universal deste mês de dezembro refere-se à necessidade de experimentar a miseri-córdia de Deus: «Que todos experimentemos a mise-ricórdia de Deus, que nunca Se cansa de perdoar».

A intenção pela evangelização recorda-nos: «Que as famílias, de modo particular as que sofrem, encon-trem no nascimento de Jesus um sinal de esperança segura». O Natal de Jesus foi vivido por uma família em sofrimento: fora da sua terra, em Belém e não em Nazaré, e não tendo sequer uma casa, recor-rendo a um estábulo de animais, a gruta de Belém. Reviver o mistério do Natal de Jesus deve criar em nós solidariedade com as famílias que sofrem.

2.ª ParteOs grupos do AO são grupos de oração e de ação

Dar algum tempo para partilhar o que os membros do AO poderão fazer, na linha das intenções que o Papa Francisco nos propõe, talvez respondendo às seguintes perguntas:– Que propostas apresentamos para viver a época litúrgica do Advento e Natal praticando a virtude da misericórdia, tanto no aspeto mais espiritual (oração, sacramento da reconciliação), como a nível de relações fraternas (sermos mais tolerantes e compreensivos, exercitar o perdão com quem nos ofendeu ou tem connosco uma relação conflituosa)?– Que podemos fazer para que na nossa paróquia e nas nossas famílias a vivência do Natal seja mais cristã, sem ficar apenas em manifestações externas desligadas do nascimento de Cristo?

3.ª ParteAssuntos práticos do grupo do AO

Terminar com uma leitura da Palavra de Deus (por exemplo, o Evangelho do domingo seguinte à reunião) e com uma oração ou um cântico.

REUNIÃO DE GRUPO

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Retiro em silêncio em Fátima

AO É NOTÍCIA

O Apostolado da Oração (AO) promove, de 4 a 7 de fevereiro de 2016, na Domus Carmeli, em Fátima, um retiro em silêncio, orientado pelo P. António Valério, sj e pelo P. Marco Cunha, sj. O retiro tem como base os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola e propõe um percurso em silêncio que leva a descobrir as raízes espirituais da proposta do AO, alicerçadas no amor a Deus e que levam a um compromisso real com o mundo e a Igreja. As inscrições devem ser efetuadas através do mail [email protected] ou do telefone 253 689 446.

O aniversário de um Centro do Apostolado da Oração (AO), momento de júbilo por excelência, pode e deve ser aproveitado para fazer um balanço do trabalho realizado e para renovar o compromisso eclesial de cada um dos seus membros e do Centro, compromisso esse que assume particular importân-cia nesta fase de recriação do AO.

CENTROS FUNDADOS EM 1866 E QUE CELEBRAM 150 ANOS DE EXISTÊNCIA:Diocese de Leiria-Fátima Caranguejeira (Milagres).

Patriarcado de Lisboa Arruda dos Vinhos (Alenquer).

CENTROS FUNDADOS EM 1916 E QUE CELEBRAM 100 ANOS DE EXISTÊNCIA: Diocese do Algarve Conceição de Faro; Faro, S. Pedro; Estói (Loulé-S. Brás).

Diocese de Aveiro Segadães (Águeda); Gafanha da Encarnação (Ílhavo); Parada de Cima (Vagos).

Arquidiocese de Braga Manhente (Barcelos); Pousa (Barcelos); Cabreiros (Braga); Cunha (Braga); Infesta (Celorico de Basto);

Vale de Bouro (Celorico de Basto); Rio Tinto (Esposende); Cepães (Esposende); Estorãos (Fafe); Monte (Fafe); Queimadela (Fafe); Gonça (Guimarães--Vizela); Pinheiro (Guimarães-Vizela); Águas Santas (Póvoa de Lanhoso); Covelas (Póvoa de Lanhoso); Friande (Póvoa de Lanhoso); Junqueira (Vila do Conde-Póvoa de Varzim).

Diocese de Bragança-Miranda Matela (Vimioso).

Diocese de Coimbra Soure (Alfarelos e Soure); Vila da Rainha (Alfarelos e Soure); Ceira (Coimbra); Santo António dos Olivais (Coimbra); Anobra (Condeixa); Lageosa (Oliveira do Hospital); São Tiago de Litém (Pombal).

Diocese do Porto Muro (Trofa); Sanfins de Ferreira (Paços de Ferreira); Oliveira do Douro (Gaia e Santa Maria da Feira); Seixezelo (Gaia e Santa Maria da Feira); Chapa (Amarante); Carvalhosa (Sobre-Tâmega); São Lourenço do Douro (Marco de Canavezes).

Diocese de Viana do CasteloSoajo (Arcos de Valdevez); Vilarelho (Arcos de Valdevez); Portela (Monção); Cepões (Ponte de Lima).

Centros aniversariantes em 2016

NOTÍCIAS

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CENTROS FUNDADOS EM 1941 E QUE CELEBRAM 75 ANOS DE EXISTÊNCIA: Diocese de AveiroAnadia–Senhora do Rosário (Anadia): Celebra o restauro; Gafanha da Boa Hora (Vagos); Santo António (Vagos).

Diocese de Beja Aljustrel (Almodôvar); Beja, Santa Maria da Feira (Beja); Beja, São João Baptista (Beja); Beja, Santíssimo Salvador (Beja); Cuba (Cuba).

Diocese de Bragança-Miranda Parada, S. Tiago (Alfândega da Fé); Saldonha (Alfândega da Fé); Sendim da Ribeira (Alfândega da Fé); Parâmio (Alfândega da Fé); Pereiros (Carrazeda de Ansiães); Pinhal do Norte (Carrazeda de Ansiães); Pombal de Ansiães (Carrazeda de Ansiães); Zedes (Carrazeda de Ansiães); Angueira (Vimioso).

Arquidiocese de Évora Evoramonte (Estremoz); Cabrela (Montemor-o-Novo).

Diocese de Lamego Fonte Longa (Meda); Poço do Canto (Meda); Aldeia de Nacomba (Moimenta da Beira); Paredes da Beira (São João da Pesqueira).

Diocese do Porto Cabreiros (Arouca).

Diocese de Santarém Azinhaga (Entroncamento).

Diocese de Vila Real Santo Aleixo (Baixo Tâmega).

CENTROS FUNDADOS EM 1966 E QUE CELEBRAM 50 ANOS DE EXISTÊNCIA: Diocese de Lamego Casais do Douro (S. João da Pesqueira).

Importância da oração exaltada na peregrinação a Fátima

Dezenas de milhares de pessoas participaram na Peregrinação Nacional do Apostolado da Oração (AO) a Fátima. Os estandartes dos vários Centros do AO, em tons de vermelho, deram um colorido dife-rente a uma manhã acinzentada pela chuva.

A peregrinação começou com a recitação do terço, presidida pelo Secretário Nacional do Apostolado da Oração, padre António Valério, que propôs

meditações alusivas à importância da oração para a vida dos cristãos.

Seguiu-se a celebração da Eucaristia, em que o Arcebispo de Braga referiu que «o verdadeiro aposto-lado é a oração». Mas, além do nome “Apostolado da Oração”, «importa o compromisso», afirmou, frisando que «a oração é o pulmão do Cristianismo», seja na dimensão pessoal, seja no âmbito da comunidade.

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«É grande a responsabilidade dos membros do Apostolado da Oração. Estão no coração e sublinham a originalidade da vida cristã: mergulhar em Deus para tornar a vida mais humana e isto, em Igreja que somos, numa união sempre crescente com o Santo Padre e com as suas intenções. Sendo fiel ao espírito fundador deste Movimento, a Igreja poderá renovar--se a partir de dentro», referiu D. Jorge Ortiga.

O prelado afirmou que «a oração necessita de momentos e de espaços reservados. O ofereci-mento do dia, rezado com todo o fervor, como vós o fazeis, reforça na vida a dimensão espiritual e, por isso, mais conforme a Cristo. Quando se oferece o dia, experimenta-se uma vida doada e despojada e, como tal, mais em consonância com a vontade de fazer só e apenas o que Ele fez».

Dirigindo-se aos membros do AO, D. Jorge Ortiga disse que a oração pessoal «pode ser considerada insuficiente se não atender aos outros, à Igreja, ao discernimento de caminhos de revitalização e de dinamização da vida espiritual das comunidades». Por isso, exortou, «empenhai-vos em dar às vossas comunidades esta experiência contemplativa, para que o seu rosto seja genuinamente missionário».

Segundo D. Jorge Ortiga, «seguir, escutar e rezar são os elementos necessários» para os cristãos serem «missionários, de um amor nunca antes experimentado. Ser discípulo missionário, ainda que sendo intemporal, é o desafio que teremos pela nossa frente nos anos vindouros».

Centro de Colares ganha novo dinamismo

Linhas gerais da recriação apresentadas no Encontro de Diretores Diocesanos

Formar leigos para dinamizar AO

O centro do Apostolado da Oração da paróquia de Nossa Senhora da Assunção, em Colares, Sintra, Patriarcado de Lisboa, tem vindo a ganhar um novo dinamismo. Particularmente desde março, tem havido várias iniciativas centradas na devoção ao Coração de Jesus.

Concretamente, os altares do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria têm sido arranjados, semanalmente, com maior destaque, houve a consagração dos zeladores na Missa da festa do Sagrado Coração de Jesus e passou a haver reuniões mensais de zeladores.

  Nas reuniões mensais de zeladores, têm sido abordados vários aspetos relacionados com a revi-talização do Centro do AO, nomeadamente a difi-culdade em conseguir novos associados. Neste âmbito, segundo Patrícia Moraes Sarmento, uma das decisões foi, com o consentimento do Prior de Colares, padre José António Rebelo da Silva,

O Secretariado Nacional do Apostolado da Oração (SNAO) pretende organizar encontros de forma-ção e preparação de leigos dispostos a dinamizar a espiritualidade do Apostolado da Oração (AO) nas comunidades, em articulação com os grupos já existentes. A ideia foi avançada no último encon-tro dos Diretores Diocesanos, que decorreu em

apresentar o Apostolado da Oração no final da Missa de cada igreja da paróquia. Uma ideia bem sucedida, já que, em setembro deste ano, o Centro tinha 200 associados.

O Centro esteve representado na procissão de Nossa Senhora da Praia com um estandarte adaptado e está a preparar um especificamente  do Apostolado da Oração. Entretanto, o grupo de zeladores iniciou uma formação catequética, para ajudar os seus membros a crescer na caridade e no amor ao próximo e para que o trabalho que desenvolvem seja mais verda-deiro e fecundo.

Esta formação acontece no final da reunião de grupo. «Em cada reunião, depois de se falar das necessidades, projetos, partilha de possíveis ca- minhos e tomada de decisões,  dedicamos cerca de 30 minutos a catequese», conta Patrícia Moraes Sarmento, confiante numa maior adesão ao grupo e devoção ao Coração de Jesus.

Fátima, e insere-se no processo de recriação do AO em curso.

Segundo o Secretário Nacional do AO, P. António Valério, o objetivo não é «criar mais um grupo ou movimento, mas ajudar os grupos que já existem a rezar e a colaborar entre si». Estes leigos devem ser indicados e apoiados pelos párocos, com quem,

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posteriormente, inspirados pela espiritualidade do Apostolado da Oração, irão colaborar.

No encontro de Diretores Diocesanos, o Secretário Nacional apresentou as linhas gerais do que está a ser posto em prática na linha da Recriação do AO, concretamente, como se apresenta o AO, as várias modalidades de participação. O P. António Valério deu conta de que, em Portugal, o processo de recria-ção tem assentado na reformulação das revistas, especialmente o Mensageiro do Coração de Jesus, site, redes sociais na internet e em novos projetos de oração digital, Passo-a-Rezar e Click To Pray.

O P. António Valério indicou ainda que está previsto, para fevereiro de 2016, o lançamento da versão internacional da plataforma Click To Pray, nascida em Portugal, e que será traduzida em inglês, francês e espanhol, tornando-se a plataforma de oração do AO Internacional.

Os presentes mostraram-se agradados e interes-sados nos projetos em curso, mas foi sublinhada a necessidade de não perder de vista o conteúdo específico do AO, que é a centralidade de Cristo, a

Eucaristia e o oferecimento da vida. Podendo não ser tomado como a primeira abordagem, nunca deve deixar de estar presente na apresentação do que é o AO, como Rede de Oração do Papa, mas sempre movida pela adesão a Jesus e o compromisso quoti-diano inspirado na Eucaristia.

Durante a reunião, foi referida a importância de comunicar aos bispos, párocos e seminaristas a nova caracterização do AO e o seu potencial como instrumento de oração pessoal e união com a Igreja e o Papa, num compromisso missionário dos cris-tãos com a dinamização espiritual das comunida-des cristãs. Foi também sublinhada a importância de desafiar os seminaristas a fazer experiências concretas de participação nos momentos da vida dos grupos do AO nas respetivas dioceses.

No final, foi sugerida e aprovada uma nova moda-lidade de Encontro Nacional para 2017, que passará a ser um encontro para Diretores Diocesanos e suas equipas e responsáveis dos Centros mais ativos das dioceses.

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Pais de Santa Teresinha viveram serviço cristão na família

IGREJA É NOTÍCIA

O Papa canonizou os pais de Santa Teresinha, primeiro casal a ser canonizado em conjunto, com exceção dos casos de martírio. São Louis Martin (1823-1894) e Santa Zélie Guérin Martin (1831- -1877) foram proclamados santos durante uma cerimónia que reuniu milhares de pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Francisco disse que os novos santos «viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomea-damente a de Santa Teresinha do Menino Jesus».

Na sua homilia, o Papa sustentou que há «incom-patibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado».

Simbolicamente, a canonização aconteceu durante o Sínodo dos Bispos sobre a família e no Dia Mundial das Missões, de que Santa Teresa do Menino Jesus é padroeira.

Louis, relojoeiro, e Zélie Martin, bordadeira, casaram-se em 1858 e tiveram nove filhos: quatro

faleceram ainda na infância e cinco filhas segui-ram a vida religiosa.

Para a canonização foram reconhecidas duas curas tidas como milagrosas: Pietro, criança italiana nascida em 2002, com uma malformação pulmo-nar, e Carmen, nascida em Espanha no ano de 2008, prematura e com uma grave hemorragia cerebral.

As relíquias dos novos santos foram levadas pelas duas crianças durante a Missa.

O Papa canonizou ainda Vincente Grossi (Itália, 1845-1917), padre diocesano, fundador do Instituto das Filhas do Oratório, e Maria da Imaculada Conceição (Espanha, 1926-1998), religiosa da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz.

«São Vicente Grossi foi pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo, especialmente à fragilidade dos jovens. Com ardor, repartiu o pão da Palavra para todos e tornou-se bom samaritano para os mais necessitados», recordou Francisco.

«Santa Maria da Imaculada Conceição serviu pessoalmente, com grande humildade, os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes», acrescentou.

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Cristãos em risco de genocídio em várias partes do mundo

Nova congregação para a Família, Leigos e Vida

«O Cristianismo estará em vias de extinção no coração de muitas das regiões bíblicas no espaço de uma geração, senão antes». O alerta surge no rela-tório “Perseguidos e Esquecidos?”, elaborado pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), sobre “os cristãos oprimidos por causa da sua fé”.

O documento identifica situações de perseguição religiosa «extrema» em 22 países, no período entre 2013 e 2015, concretamente na Arábia Saudita, China, Coreia do Norte, Eritreia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Sudão, Síria e Vietname.

De todos os países analisados, a Fundação AIS prevê que, dentro de cinco anos, a religião cristã estará eventualmente erradicada de algumas regiões do Médio Oriente. O caso da Síria será ainda mais preocupante do que no Iraque, pois a comu-nidade cristã estava estimada em cerca de 1,25 milhões de pessoas no início da guerra civil, em 2011, e hoje, apenas quatro anos mais tarde, não deverá ultrapassar os 500 mil fiéis.

O relatório demonstra que 80 por cento da perse-guição religiosa tem por alvo cristãos e denuncia a «limpeza étnico-religiosa» contra os cristãos no Médio Oriente e regiões de África, alimentada pela «ameaça» de genocídio feita por grupos islâmicos.

«Os cristãos são de longe o grupo religioso mais perseguido», lê-se no documento, que refere ainda

O Papa Francisco decidiu criar uma nova congrega-ção da Cúria Romana para as áreas da Família, Leigos e Vida. O anúncio foi feito durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família e a ideia é congregar o atual Conselho Pontifício para a Família, o Conselho Pontifício para os Leigos e a Academia Pontifícia para a Vida.

Desta forma, a área da Família assume maior atenção dentro dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, que colaboram diretamente com o Papa.

Durante o Sínodo, que decorreu de 4 a 25 de outubro, foi feita uma ampla abordagem às proble-máticas que afetam as famílias de hoje, o que «segu-ramente não significa que foram encontradas solu-ções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família», referiu o Papa na Mensagem de encerramento dos trabalhos que, durante três semanas, reuniram, em Roma, bispos

o impacto crescente do extremismo em África e na Ásia. Segundo a AIS, o medo do genocídio, «que em muitos casos tem fundamento», desencadeou um «êxodo de cristãos», nomeadamente do Médio Oriente e nalgumas regiões de África.

«A Igreja está a ser silenciada e expulsa do coração da sua antiga região bíblica», observa a fundação pontifícia, preocupada com a ascensão de grupos militantes islâmicos na Nigéria, Sudão, Quénia e Tanzânia, e com a perseguição contra cristãos levada a cabo por «movimentos religiosos naciona-listas – muçulmanos, hindus, judeus e budistas».

Os regimes totalitários, incluindo a China, têm colo-cado cada vez mais pressões sobre o Cristianismo, que é visto como uma ameaça, «quanto mais não seja devido ao seu crescente apoio “clandestino”», diz ainda o relatório.

Em países como a Coreia do Norte ou a China há relatos de cristãos perseguidos, agredidos violenta-mente, presos, obrigados a campanhas de reeduca-ção e, muitas vezes, mortos. Também na Eritreia e no Vietname há relatos de violência exercida pelas autoridades sobre as comunidades religiosas.

O Papa associou-se a esta publicação e defendeu uma maior ação da comunidade internacional para travar a «chaga» da perseguição religiosa. Francisco quer «que o mundo acorde» para o sofrimento dos cristãos.

e outros representantes das comunidades católicas de todo o mundo.

No que respeita ao casamento, uma das propos-tas que surge no relatório final do Sínodo consiste na criação de um «ministério» específico nas comunidades católicas para os que vivem crises matrimoniais, o «drama da separação» e para as famílias monoparentais.

«A experiência mostra que com uma ajuda adequada e com a ação reconciliadora da graça do Espírito Santo, uma grande percentagem das crises matrimoniais são superadas de forma satisfatória», refere o docu-mento conclusivo da assembleia sinodal, acrescen-tando que na vida familiar é sempre necessário um desejo de conversão e de perdão, mesmo nos casos «mais dolorosos», como os de «infidelidade conjugal».

Concluído o Sínodo, espera-se agora um docu-mento do Papa sobre a família.

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dezembro 2015 | 33

Laurinda Alves

O jornalismo é uma forma de vida?É curiosa a pergunta porque realmente me obriga a uma interrogação mais profunda e mais íntima. Sim, penso que de alguma forma também é um “sacer-dócio” no sentido de estarmos permanentemente alerta e disponíveis para escrever, para falar, para amplificar as vozes dos que já têm alguma voz, mas também para dar voz e visibilidade a quem não tem. Neste sentido é uma forma de vida e dou-me conta de que realmente vivo numa atitude constante de jornalista que cartografa e revela talentos, que identifica o que está bem e menos bem à sua volta, que comunica ideias e projetos construtivos com impacto na sociedade.

Integrou o Movimento Esperança Portugal. O que motivou esta decisão?A gratuidade, em primeiro lugar. Poder fazer um voluntariado cívico-político sem agenda própria, sem esperar retribuição e muito menos colher favores mais à frente. Foi importante reforçar a noção de que nós, cidadãos comuns que não estamos ligados aos partidos, nem às juventudes partidárias, podemos dar passos e contribuir para o bem comum através da política. Foi isso que moveu os fundadores do MEP e foi isso que me fez aceitar ser candidata independente ao Parlamento Europeu. Era importante dar sinais de esperança (é sempre importante reforçar ou resgatar a esperança!) e foi isso que tentamos fazer. Porque passamos muitos meses “on the road” e atravessamos o país inteiro, posso garantir que parte da nossa missão foi cumprida com sucesso.

Tem um filho de 24 anos. Como é a Laurinda mãe? Não sou bom juiz em causa própria e, por isso, não me posso avaliar como mãe, vista de fora (o meu filho será sempre o meu maior e melhor avaliador), mas no plano das intenções, do amor que sinto pelo meu filho, da minha entrega à sua formação e evolução como ser humano, bem como da minha gestão de prioridades, posso dizer que tudo isto me realiza completamente. Ou seja, ser mãe – ser mãe deste filho! – é a minha maior alegria, a minha maior realiza-ção pessoal e a minha maior fonte de emoção e gratidão. O Martim sempre foi e será a minha primeira e última prioridade e penso que ele sabe isso. Sabe porque sente, pois quem é muito amado sente-se muito amado.

À CONVERSA COM...

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À CONVERSA COM...

Devo ao Martim as maiores alegrias da minha vida e essa certeza de que apren-demos a ser mães com os nossos filhos. Ser mãe é um processo em curso e muito dinâmico... a mãe que sou hoje não tem nada a ver com a mãe que fui quando o Martim nasceu ou quando era criança. E isso é fascinante e sempre motivo de uma gratidão eterna a Deus, à vida, aos meus pais e a todos os que me ajudaram a construir-me como mãe.

A Laurinda Alves, escritora, tem alguns livros publicados. O que refletem os seus livros?  É gira, a vida, porque tenho seis livros publicados, sem nunca ter escrito nenhum livro... Digo isto porque realmente cinco destes livros são coleções de crónicas e textos que já tinham sido publicados no Público ou na XIS, e apenas um é feito de novo e, mesmo esse, em estilo de entrevista. Falo do livro Ouvir, Falar, Amar, que é uma longa conversa com o Padre Alberto Brito, grande comunicador e grande Mestre de Comunicação e Relações Humanas. Espero que todos estes livros transmitam um olhar construtivo e uma atitude positiva, pois é esse o meu maior propósito quando escrevo. Posso partir de realidades duras e adversas, de acontecimentos negativos, mas escrevo sempre para tentar resgatar a esperança, para devolver ou reforçar a dignidade, para revelar alguém ou alguma coisa que inspire e nos leve mais longe. Gosto muito de revelar os talentos dos outros e, por isso, há mais de 15 anos que faço essa cartografia, seja através da escrita ou de entrevistas gravadas para a TV e agora, mais recentemente, para o Observador. 

Perspetiva-se mais algum?Não tenho tido tempo para me sentar ao computador só para escrever e, por isso, todos os projetos editoriais têm sido adiados. Se Deus quiser e tudo correr bem, espero ter esse tempo com tempo a partir dos 60 anos, para poder dedicar--me só à escrita. Gostava muito. E já só faltam seis anos...

Como é a sua relação com Deus?De uma grande proximidade e intimidade, feita de uma presença constante. Sinto Deus sempre muito próximo e Amigo, sabe?! Eternamente atento, deli-cado com os detalhes da minha vida, misericordioso com as minhas falhas. Bondoso, sempre. E também cheio de Amor e humor, nem sem bem explicar isto, mas Deus na minha vida expressa-se muito através do Amor e do humor...

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ATIVIDADES INACIANAS dezembro/ janeiro

Em Soutelo (Vila Verde): CEC – Casa da Torre Av. dos Viscondes da Torre, 80 – 4730-570 SOUTELO – Tel. 253 310 400; Fax: 253 310 401; E-mail: [email protected]

No Porto: CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de LoyolaR. Oliveira Monteiro, 562 – 4050-440 PORTO– Tel.: 226 061 410; E-mail: [email protected]

NO RODÍZIO – Casa de Exercícios de Santo InácioEstrada do Rodízio, 124 – 2705-335 COLARES – Tel. 219 289 020; Fax: 219 289 026; E-mail: [email protected]

04-08 dez. Exercícios Espirituais – P. Carlos Carneiro10-18 dez. Exercícios Espirituais – P. Fernando António13 dez. Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)17-20 dez. Exercícios Espirituais “pé-descalço” * – P. Carlos Carneiro e João Sarmento, sj [Inscrições no CREU]18-21 dez. Exercícios Espirituais “pé-descalço” * – P. Miguel Almeida [Inscrições no CAB]18-22 dez. Exercícios Espirituais – P. Vasco Pinto de Magalhães [Inscrições no CREU]26-31 dez. Exercícios Espirituais – P. Rui Nunes04-12 jan. Exercícios Espirituais – P. Marco Cunha14-17 jan. Exercícios Espirituais – P. José Frazão Correia15-17 jan. BI – A síntese da personalidade – P. Alberto Brito17 jan. Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)21-24 jan. Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior21-24 jan. Exercícios Espirituais – P. António Valério [Inscrições no CAB]22-24 jan. Desafios da meia-idade (dos 40 aos 55 anos) – P. Vasco Pinto de Magalhães

01 dez. BTT (“Bamos Ter Teoria”) – Porquê Deus, se temos ciência? – Prof. João Paiva12 jan. “Las 3as” – As religiões são todas iguais? E os ateísmos? – P. Filipe Martins22-24 jan. “Café” – Curso de Aprofundamento da Fé – P. Zé Eduardo Lima e P. Carlos Carneiro26 jan. BTT (“Bamos Ter Teoria”) – Felicidade. A Graça e o Custo da Existência – P. José Frazão Correia29-31 jan. Fim de semana para Noivos – Equipa de casais e P. Vasco Pinto de Magalhães

Em Lisboa: CUPAV – Centro Universitário Padre António VieiraEstrada da Torre, 26 – 1769-014 LISBOA – Tel. 217 590 516; E-mail: [email protected]

04-07 dez. Exercícios Espirituais – P. Hermínio Vitorino04-08 dez. Exercícios Espirituais – P. Hermínio Rico04-08 dez. Exercícios Espirituais / discernimento em comum – Ir. Isabel, Ir. Lisete, P. Manuel Morujão12 dez. Retiro de Advento – P. Nuno Tovar de Lemos e P. Gonçalo Castro Fronseca13 dez. Retiro de Advento – P. Nuno Tovar de Lemos e P. Gonçalo Castro Fonseca17-20 dez. Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto26 dez.-01 jan. Exercícios Espirituais – P. Gonçalo Eiró08-10 jan. Relações Humanas – Comunicação Interpessoal – P. Alberto Brito16-17 jan. Fim de semana para Noivos – P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais21-24 jan. Exercícios Espirituais – P. António Júlio Trigueiros21-24 jan. Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto21-24 jan. Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia29-31 jan. Lições Inacianas de Liderança – P. Hermínio Rico29-31 jan. “Vivá Missa” – Para compreender e viver melhor a Missa – P. Gonçalo Eiró

Em Coimbra: CUMN – Centro Universitário Manuel da NóbregaR. Almeida Garrett, 4 – 3000-021 COIMBRA – Tel. 239 829 712; E-mail: [email protected]

04-08 dez. Exercícios Espirituais “pé-descalço” * – P. Miguel Gonçalves Ferreira 18-22 dez. Exercícios Espirituais “pé-descalço” * – P. António Sant’Ana e P. Nuno Branco12 jan. Orar, comer e gostar15-17 jan. “Café” (Eclarecimento de dúvidas de fé) – P. António Sant’Ana28-31 jan. Exercícios Espirituais – P. António Sant’Ana

01 dez. Encontro de Advento I04-08 dez. Exercícios Espirituais – P. Carlos Azevedo Mendes09 dez. Encontro de Advento II 12 dez. Pré-Advento – Dia de Retiro (Círculo Vieira) – P. Nuno Tovar de Lemos e P. Gonçalo Castro Fonseca13 dez. Pré-Advento – Dia de Retiro (Círculo Vieira) – P. Nuno Tovar de Lemos e P. Gonçalo Castro Fonseca15 dez. Encontro de Advento III18-21 dez. Exercícios Espirituais “pé-descalço” * – P. João Goulão05 jan. O que é o Eneagrama? – Uma noite para explicar esta dinâmica – P. Gonçalo Eiró15-17 jan. Fim de semana no Campo 22-24 jan. Fim de semana Monástico 22-24 jan. Curso de Aprofundamento da Fé – P. Carlos Azevedo Mendes e P. João Goulão 28-31 jan. Exercícios Espirituais – P. Nuno Tovar de Lemos29-31 jan. Fim de semana para Noivos

* Para universitários

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PAPA FRANCISCO, BULA MISERICORDIAE VULTUS, 1

Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. (...). O Pai, «rico em misericórdia» (Ef 2, 4), depois de ter revelado o seu nome a Moisés como «Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e fidelidade» (Ex 34, 6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina. Na «plenitude do tempo» (Gl 4, 4), quando tudo estava pronto segundo o seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus.

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