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    Dedico este livro à Lia, meu amor.

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     É um oásis mágicocom uma porta nesta realidade 

    e uma escada em outra realidade e, embora nada tenha sido dito,as comunidades invisíveis aí estão,mostrando uma utopia real.O Amor e a pureza curam a cegueira.

    CHAMALU

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     AQUARELA DO BRASIL, 54  A MOR, 55 QUERIDO, 57 O ANTI - NARCISO, 58 

     M ÚSICA, 59 S ONETO NO FUNDO DO MAR, 60

     A MAR, 62 A MOR, 63C ORPO SANTO, 64 

    R ÉGUA DA

     19ªDIMENSÃO

    , 66 “T  EMPO VIRÁ”, 67 T  EMPO, 68 S  EM FIM SIM , 69 

     M ONA L ISA, 70 E STRANHO, 71P RÍSTINA H  ÉLADE , 72V OCAÇÃO DE JARDINEIRO, 74 V OCAÇÃO DE AMAR A FLOR, 75 T OUT DE MÊME , 77 

     F ORAGENS , 79 O E STOJO DE  R EFLEXOS , 81

     A POESIA DO SE , 82S  INAIS , 83R EMEMBER 77, 85 P SITÁCULO, 86 C REME ROSA, 87 C OISAS JÁ FALADAS , 88 

     AGRADECIMENTO, 89 P  AGO PAGO, 90ROSA/AZUL, 91S ONHO ZERO, 93

     N  ESHKAFFEH , 94 

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     LIA

    Na mina do coraçãoMana a fonte da paixãoManá e peixe pro corpoPão da existência o amor

    Meu amor NinaMeu amor Mina

    De olhos grandes

    Por sete anos ou maisSou seu senhor e escravoSinal de Caim e de pazQue eu nego esfrego mas não lavo

    Meu amor LiaMeu amor LiaDe olhos doces

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     BORN FREE 

     Você é um mistério Você é uma misturaDe careta e porra-louca.Quero beijar tua boca

     – Te olho muito sério – E você diz: – Me atura!Como se me impusesse

    Um peso, um p.d.s.,Um veneno letal.Cê tá passando mal?Que que cê tá pensandoQue eu penso, quando passoOs olhos no jornal?

     – No mundo, certamente.No mundo!, sua demente,O mundo, esse mundinhoNão vale este cansaço

    Expresso em vários grausDe espantado astigmatismo.Eu penso é nos abismos,É na fúria de orlando,É no meu piniquinho,É no tesão artesãoDe te beijar todinhaQuando beijo tua boca!Sua porra-louca louca!

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     HARMONIA

    Sinta o sabor da chuvaé bom estar aquihá um segredoem cada canto donosso momento

    saiba que fumega

    no espaço na coruma entrega lindao amor que sinto

    comamos juntosesse alimentoeu pago o gásnasceum cogumelona porta da cozinha

    não a consertoporque ela está ótimacheia de memóriasé assim que eu a quero

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    GERAÇÃO EXPONTÂNEA

    E se o amor nascer do nada de repenteEle vai ser tal qual uma serpenteQue de repente nascer do nada

    E você dirá atônito: como?O que há? Sou mesmo eu? Pro domoSua será – serpente alada.

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     NONO MEDELA

     AntesEra dilúculoE eu olhava

     A falta de teu amor refrigerante A mélea falta até de tua falta e... vá às favas! Todo este ardor crenteEm você

    Misticismo atrasadíssimoHoje digoSou ateu de teu organismoE se nem creio em mim em mim me encisto.

    Pois há mais coisas entre a terra & a terraQual – queres um exemplo? – meu fantasma queErra sobre as ondas dessa lamaQue quebra com prazer os vitrais do templo

    E tem o INFERNO & o CÉU no nome dela

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     AMOR

    Bicho, eu gosto muito das criançasNão são elas que me impedem de ficarMas o que elas serão, se continuaremNa sua linda rota de purezaBichoEu adoro muito todas as crianças

     A que você é, a que os teus pais são

    Mas as crianças dos velhos tão tão velhasQue me dá uma afliçãoUma vontade de arE as crianças mesmoFicam metade velhas, não da velhice mesmaE sim a outra, doída, escondidaEm cada enfeitezinho da sala de estarNa disposição dos móveisSempre a mesmaNo barracão em que vivo

    Ou nos palacetes podres e gritantesDesta sociedade decadenteQue devora corpos de criançasE que devora mentes

    Bicho, adoro compor eu e vocêO ser completo, fácil, simples, sem malíciaPassaria assim dias e diasMas existem irmãos, irmãs, cunhados, tias,Existem os patrões e os professores

    Existe um hitler em cada quinaPodre bichoEngaiolado, até voar pro nada.

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    Bicho, adoro o gritar da bicharadaE grito de ódio na frente de um zooSou bólide zunindo sob a chuvaMeu ser está na festa do solDo primeiro dia deste planetaNão tem erroEra isso sempre

     Adoro as crianças por isso me ausentoComo quem sente dor de dente

    De leite, que quer/não quer cair Tem que cair sim Amarre uma linha na maçanetaDa porta e tente

    Diga pràs criançasQue seu pai é uma fraudeQue seu pai é um bêbadoUm poeta loucoQue ficou maluco

    De tão sadioQue não queria uma vida de merdaE que o paiComo já disse Maiakóvsky É o UniversoE que o mundoComo eles já desconfiavamQuando ouviam tua mãe falando

     Teu pai reclamandoOs tios enchendo

    É o inverso.

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    SSSSSSASSSSSSRSSSSSSSSSCSSSSSSSOSSSFSSSSASSSGSSOSSSSSS

    a chama vai ficar acesa

    como criança esperando a sobremesa

    e a minha alma cheia de vontade

    pássaro labareda op-arte

    sei todos nós somos bebês incógnitos

    múmias mumificadas no sarcófago

    SSSSSSASSSSSSRSSSSSSSSSCSSSSSSSOSSSFSSSSASSSGSSOSSSSSS

    da nossa compreensão e paciência

    pra com a misteriosa assassina da essência

    eu sei que eu abusei não faço mais

    nem fosso o chão atrás do que pra trás

    só quero a materialização míticana minha frente de uma mulher bonita

    SSSSSSASSSSSSRSSSSSSSSSCSSSSSSSOSSSFSSSSASSSGSSOSSSSSS

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     BLUES 

    Noite frígida de acasoDe um ocaso barulhento

    E não é traçar vermelhoE enfeitar de yellow 

    E não é traço preciso

    Insinuando movimento

    Linhas, curvas, a esferaSobre uma mão aberta

    Ou sons que trazem a infância Às raias do desespero

    Mas a lua ab e surdaEstendendo seu reflexo

    Sua imagem ubíqua, nuaPor detrás dos outros prédios

    Onde muitos outros moscasDeglutem torpes o tédio

    Sem remédio de uma noiteDe frio inverso ao inverno

    De um desespero obesoE de um acaso perpétuo

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    O DIREITO DE NASCER

    Só porque sou mulher tenho que fazer Tudo que ele quer Tudo que ele querEu tenho de fazer só porque souMulher, as pessoasEnsinam suas fraquezas para os filhosEnsinam-lhes o medo da dor

    E olha que eu souBonita, eu sei, eu tenho um espelhoDentro do meu espelho, o meu seioEsquerdo é o morro da MangueiraO direito é o Cristo RedentorEntre as coxas, papai, te trago sempre, papaiE mamãe me ensinaram suas doresDepois alguns flatos, por motivosOutros, os outros me olhavam no olhoRedondo, eu dizia

    Há o encéfalo esquerdoO direito de nascerQue mesmo o esturjão tem

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     ENTRELINHAS 

    (ou: o estado em que ficou o poeta)

    Nada é mais frio que a pedra(Há muita coisa mais fria)E a noite não chega ao fim!(A noite dura doze horas)Sim! Desejo receber pelo correio

    (Sem compromisso?)Uma amostra de estar aqui(Relativo. Mas quem fala está)

     As coisas parecem infinitas(“As coisas” é impreciso. O universo é infinito)Mas tudo fica incompleto(O quê? Quem quer a completude quer o finito!)E talvez complexo meu(Ambíguo, agora.)

     Talvez uma palavra parecida

    (Parece referir-se a rima)Palavras etc etc...! E daí(Bem, as palavras admitem vários sentidos)Nada é mais frio que a carne(Absurdo! Não há ser vivo no frio absoluto!)Longe de mim.

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    PRÍSTINA HELADA

     Até mesmo na extinta BabilôniaHavia para as damas os guerreirosLutando como feras e construindo

     Jardins suspensos

    Mistérios à vistaSilêncio gravado em pedras a laser

    Mas algo você sabe sobre AtlântidaE sobre nossa vida na outra estrela

    É que em todas as cenas do tempoE em todos os cenários do momentumO eterno retorna o amorCriando tudo

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    PÍLULAS CONTRA ESTUPOR

    É fácil se deixar levar/Pela imagem mais fresca da memória/

     Talque ela inaugure uma série semelhante/

    E, por mais banal esuperficial que seja/

    Boa ou má para a pessoa em questão/

     Torne-sedominante em seus pensamentos/

      E em sua percepção./É preciso

    saber sacudir/  As pulgas, tomar ar, virar páginas,/

    Se livrar dotorpor

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     AJUDE O BONEQUINHO A ENCONTRAR A SAÍDA

    em construções o mito me tragaessas coisas não acontecerammuito medrosamente morro de medoe ela estava olhandono peito apaixonado pelo amorem tudo tendo um frio que percorre o corposem nem uma grande chance na visão tele

    o medo cresce espontâneo no desertonão sei se era pra mim que olhavaa noite adentro como a florestao amor oculto nas dobras de ontemexplodem milhões de estrelas longes do olhoteia esmagadora feita de pequenos nadaschoveu assim que ele morreu de sedelouco de dor de dar o não ao simo mar rugindo sempre a próxima paredetrago esse mito em grandes construções

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    POEMA DE AMOR!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!!!!!!!!!????????!?!?!?!?!?! 

    Menina esse teu olhoCravado onde eu não estouParece purê de batataCom vinagreEu não sou Roberto CarlosE não sei falar de amorMas penso que isso que eu sinto

    Um pouco abaixo do cintoE que parece com dorDe parto de alto condorIsso parece o diaboDebochando do cantorDebuxado em tê-la mina

     Aqui humilde e iletradoComo sorvete de creme

     Você gosta de sorveteOu gosta mais de mim?

    Responda com um X  Você gosta mais de:a) SORVETEb) CHOPPc) LUÍS (o autor! o autor!!! plec! plec! plec!)d) FÁBIO JÚNIOR e) NEY MATOGROSSOf) ÂNGELA RÔ RÔg) NRAh) UFO

    i) CBDj) ETCk) NUNCA PENSOU NISSO ANTES

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     NOTURNO CRISTALINO MADRIGAL

    e na ponta de um cristalcristal vez bicode peito de pena de jacaminha pre ferida almadrigal trigal trigueiramal má

    seela lançasse seu sedoso olor louroseela soubesse ela amasse elasecriste teria dito

    todo do i dodonde depoispoisna ponta de umcristalino noturno sonhar euachei cheiros de matos de tódas de toras de ratosputrefatos de fato encontrei cheiros de fatosfalecidos no pomar marcando candurasflores ultra passando andorinhas

    no voar

    o cheiro morreu eu não sei porém que pólem pode empoeira ar sujar jardim importa?só na ponta de um cristal solfejado madrigal se encontraa contradansasalpicada de arrebol

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    rebolando entre as alasalamedas desuorseela soubesse distodistante tentando andareu ficava vadiando(ando doente a te olhar)

    seela soubesse disso disquitava deficar na tardeque não cho

     via sem ou vir a cotovia

    cris

    tal que lhe possa cegar

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    CONTA DE SONHAR

    Quando eu era criança aprendi algo sobrea poesia com canções de rádio e parentes e ojardim da infância. Ela me fascinou: a poesiaficou rindo para mim – a arte de cantar ecantar e cantar e cantar no papel pelo ar umpássaro de cor, de luz, de pensamento.Daí me fizeram aprender amor com novelas de

    tv e família e na escola e era bom juntaresse tesão de cantar no ar com a vontade decomer flor (e aí eu comi a flor pra impres-sioná-la, mas ela fingiu que não viu e viu),esfregar a flor na cara, florificar o cosmos.Com o advento do tal do mundo adulto (!!!!!!!)

     vieram ideias só/lidas: posição, negócios,real, empregos, sócios, transações, socius,dinheiro, esposa, contas, contas, contase mais contas de um colar infinito de id-

    iotas, kapas, lambdas, mus, nus, csis,omicrons, pis, rhos, sigmas, taus, upsilons,phis, chis, psis,ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooMEGA

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     BABACA VERSUS BABACA (OU ERREI DE TUDO)

    Eu sou esse assassino frio mesmoQue você conhece

     A dupla identidade, um vão vampiro, A esmo, a procurar, pela cidade.Médico e monstro, todos amam o meu mal,Meu homem sem caráter, limpo e branco.O monstro da lagoa de minha alma

    Esse... ele vive, aos trancos e barrancos Armando barracas, armado até os dentesDe sorridentes caras, as mandacas,

     A mula manca, cáries e parentesEu sou o bobo alegre aquele que te conheceNão mudou nadaE tudo mudouPrece, messe, fenece, Herman Hesse,Não faltou nada.Então o que faltou?

    Eu te falei de amor? Ah, não desmintaNão diga isso, nem por brincadeira,

     Ah, o amor esteve sim, foi fintaOlho no olho do goleiroChute a gol.Se errei chutes de pênaltiE me culpamDo Brasil não ter sido campeãoNão sei... não vou saber...

    Não quero serO verso certo, a certa contra-mãoCerta canção bonitaQue o irritaPor lembrá-la, ou sê-la, ou não querê-la.Certa filatelia escrachada

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    Os dantes agora caem pelos bueiros Adentro, no meio do centroDesta máquina perfeita, deste engenhoDesta arte do Demo, da maldade,Deste artefato sórdido, ratoeira,Pesadelo sólido, colmeia, enterroDa cristandade nas missas e nos padresE nos cultos e pastoresDa humanidade nas crianças bestas

    E de mim neste robô ridículo que eu sou.

     Viva a cidade.

    Chega de sal, venham amenidades.Falemos de amor.EuContinuo sendo o mesmo babacaQue um dia te matou

     Amor

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     A CASA DA MÃE JOANA DARK 

    Olhos em fúria, os cabelos loucos, Anda pelo quarto, deita, liga o rádio,Pega café e bebe, cara de louco,Olho longe, agora está tristeE chora um pouco.

    O bruxo.

     A pele está ficando pergaminhoE o rostoCada dia mais magro, encovado,Olheiras, lentes, pelos pela cara,O corpo também encolheE ele toma café. Faz frio.

    Está sozinhoNo quarto

    De novoUm dia frioSenta, lê um poucoFera na jaulaMedo do mundoOs homens são maus

     A vida é um fluxoFenomenológico, ilógico,Mágica absurda,Mercado de crianças mortas.

     Vela, o pau murcho,O mal em tudo, A garrafa semi-vaziaUm crucifixo ocultoNa carne.Só bem tarde

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    Dormirá de exausto.

    O bruxo.

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     ANIMA MUNDI 

    Céus e selvas selvagens à esperaBasta abrir a janela e olharOlhar quer dizer abrir a janelaE pular por ela e correr atéChegar lá – depois da pracinhaQue tem uma igreja azul com um sino

     A balir, a berrar, a bramir

     Você vem me falar de políticaComo quem fala de uma doença antigaQue alguém cultiva no jardimDa almaMas eu queria falar com você sobre a almaDe carne e de cheiros, concreta e real,

     Aquela que voa alto e corre córregoPelo céu/mar brilhante e a selva selvagemDo meu/seu coração

     

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    SE 

    O que há de especial neste momentoÉ justamente que sobre ele estouDebruçado e querendo e hostil e atentoE malicioso e tonto e tanto que não vou.

     Ao som de Gymnopédies  de Erik Satie(Ao som de gaita harmônica e violãoPela desbragada tv que fica ali

    Zunindo) eu fico aqui caído no colchãoSem saber se devo se não devo ouComo começar a comer o instanteQue eu tanto quero eu erro pelo pou-Co tempo que acorrenta o instante titãFurioso por um instante só queEu posso cercear com o não com a mãoCom a fobia e a fome, com a faca do seE o garfo do talvez, cortar, sim, não.

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     A NOITE DESCE IMENSA

    Sobre a cabeça dócil da populaçãoOlho para a cidade de São SebastiãoDentro do meu aquário invisível

    E vejo minha criação amenaDe quicos marinhosDe noite jogo alimento pra eles

     Ali fico mais aliviadoMeus sapinhos

     Vocês não sabem, nem desconfiamMas há alguém, aqui,Fora do aquário,

    Que pensa sempre em vocês

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    PNEUMOSSÍNTESE 

    Pelo quadrilátero do vidro da porta Vê-se o sol iluminando as folhas de uma plantaGrande, cujo nome não háE cujas raízes não se vêemOnde ela começaNão se pode saber o que ela pensaPois não fala

    Não olhaNão emite sinais sociais que sãoO estofo do que pensamos que é pensarEla está láSempre fixada a este pequeno planetaQue não pára de girarE rodar, e se inclinar, e se moverPode-se dizer, isto simQue ela gosta de solDe fazer fotossíntese

    E do ventoQue fica a tarde inteira dançandoCom o seu pensamento

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    Teseu & TESÃO

    a noite acordadonem toda em claropelo labirinto

    & SOLUÇÕES 

    de dia inteiroqueimando velasno laboratório

    caminhos que só funcionam à noitefórmulas que só se ligam de dia

    e dia após diae noite após noite

    será se vamos nos encontrar?

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     ALMA NEGRA

    De repente meu quarto fica cheioDo cheiro de mil incensosE eu ouço um mantra antigoUm zumbido nos ouvidosCímbalos a bater, palmas e pésEmbriagados de alegriaSank  ī rtana

    De todos os fantasmas que eu carrego comigoÉ tudo tão lindo se você existeIa ser tão gostoso namorar contigoMas eu me contenho e espero outro DomingoOlhando distraído prà tv 

     Você tem um kaos no peitoEstrelas no cabelo e no umbigoE teus olhos são fontes de puro prazerEu não tinha ainda ouvido algo tão claroQuanto a tua voz e a tua risada

    Mas é o som da tua voz que me embriagaMe psicodeliza, me vicia, me acalma

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    GRILOS 

    Eu já não me caibo em mimDe tanto que me equivoco

     Vejo estrelas no capimOnde só há gafanhotos.Se eles eram vagalumesEu ficava até alegre

     Vale menos tal negrume

    Que uma vaga que me leve.Não quero dizer que caibaMeu sonho nesta cidadePorém, tanto quanto eu saibaSonho é só necessidadeBásica, vulgar, frugal,E sem a qual não se viveMesmo que vivo, e que malOu pior, é o melhor, just live

     And let dream. Deixa, ai de mim,

    Que eu enxergue o planetárioNos grilos do teu jardim!

     – Já nem sei quem é otário.

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    Olho o que se dá aíE não posso nomear

     A noite é profunda e sem fim e boaOu má não faz sentidoÉ a noite do sentidoE ali algo a boiarE uma luaOculta, boaEm algum lugar

    E assimFicamosO que falo e essas estranhas estruturasDe uma raça alienígenaDe algum planeta estranhoE que mal se veem de noiteMas tão belasOu feiasOu algo para além de mim e distoQue se possa dar

    (Construções em runas)

    (Reuínas)

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     LENDA

    Ela uma mulher completa e linda Alabastro derramado na barrigaCimento pelas pernas cu de ferro

    Porém adornadas com ligas lindasPeito de prata a boca calcárea

     Vulva bivalve seca como o nordeste

    Porém cheia de mim de cores lindaDorso baleia longe no marOlhos de lepra cabelos cor de merda

     Tudo despegado de si sim lindaUma mulher de pedra hieroglíficaNão respira nem ar por suas guelras

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     EI-LA

    Motivo pra sofrer havia nãoMas mesmo assim ela permaneciaCom um ar sempre calado que aragãoFechava a minha loja ao meio-dia

    Ela cheirava forte extremunçãoDo meu querer de seu querer vigia

    Ela era sangue e carne vinho e pãoE eu esfaimado bêbado na orgia

    Eu me jurei que nunca mais fariaPoemas de amor pra ela prestimosoEm esquecê-la sob a terra fria

    Porém de noite acordo temerosoE vejo um vulto sobre a escadaria

     Vestindo o seu vestido luminoso

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     A DAMA PROMETIDA

    Olhai-a, aquela bela, linda dama...Não julgueis que ela dormeSe ela sonha – ela choraDe olhos fechados... Ela ama

    O Conde AzulQue um dia ela viu passar no céu

    Corcel azulGalope lópe lópe lópe lópe

    Ela sonha

    De olhos fechados, mas não que ela durmaEla acordaPrà vida

     A dama  – prometida

     Ao senhor mui distinto e bem feito da vidaCarlos LamaUm barão marromQue ela não

    Nem seiNem ela sabe se conde é mais ou menos que barãoMas, no peitoEla inda guarda o leiteQue vai se transformar em veneno amargor

    Ela inda guarda o esperançoso e virgem leiteCom que amamentariaOs filhos do seu

    No céu o corcel é poeira pesada

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     A dama não dorme, não sonha nem sabeQue dorme e renega

     A vida, que cegaSonha  Ainda

     A lágrima azul se lhe escorre das faces

    E por um instante

    Loucura ou milagre Todos podem ver brilhar a lágrima Azul da cor do céu...

    Reflexos do CondeE seu corcel

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    UM RARO PRAZER

    “Ora (direis) ouvir estrelas! CertoFicas ouvindo atrizes na tv!”E rides. Eu me aperto e desapertoE não respondo nada. Bem se vêQue sou uma raça de panaca tímidoQue não assume o próprio parnasiano

     Jeito e se estreita na janela mínima

     Vasculhando o noturno e suburbanoCéu sem estrelas pós-industrial.

     A sonhar, a amar, a minha dama Agora mesmo, sei, já me esqueceu.Mas podia dizer que só quem ama

     Tem peito pra desligar e esquecerEssa escrota tv de vocês. Eu,

     Às seis ou sete estrelas que há pra ver Ainda, escuto, com prazer, igual.

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    DOIS SONETOS DE SHAKESPEARE Traduzidos por Luis Carlos de Morais Junior 

    I

    Os lábios feitos por Amor, os dela,Soaram o som que disse assim: “Odeio”,E eu desfaleci à voz aquela...Mas imediatamente o perdão veio

    Quando ela viu meu infeliz estado,Censurou sua língua, que, sempre branda,Gentil decreto então me fez ser dado;E arremedou aquel frase nefanda;“Odeio”, ela alterou com um complemento,Que seguiu-a, como segue o dia terno

     À noite, que tal qual demo agourento,Do céu desprende e retorna ao inferno;

    “Odeio”, com ódio ela falou, e aí...Salvou-me a vida, ao dizer: “não a ti”.

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    II

     A glória parcial do nascimento,Da perícia, riqueza ou corpo forte,

     As roupas mais cotadas do momento,Galgos, falcões, cavalos de alto porte,Podem ser todo o encanto de uma vidaPra alguém que aí empenhe seu cuidado;Porém não podem ser minha medida,

     Algo melhor que tudo hei encontrado.O teu amor pra mim é muito maisQue um nascimento nobre, ou que o dinheiro,Mais deleitoso que esportes frugais;E tendo a ti, me gabo prazenteiro

     Tão desgraçado nesta solidãoQue tu devias vir, mesmo que em vão.

    (Infeliz nisso só, que poderias Tirar tudo, e deixar-me as mãos vazias.)

    (Mais triste que todos seria eu, seDesta honra me tirasses todo o ser.)

    (Mais triste que todos seria eu, seDesta honra me tirasses todo o ter.)

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    TRADUÇÃO

    Estranhaz coisas dentro de ti assim fechado no teuLado vazio num perímetro holográfico de tempo ido.Bitrilhões de acordes jogam fora tua noite de lataE você nada atrás da outra sobre a cama toda lua.Não lembre não, você já se esqueceu de tudo tudoQue você nunca teve, você hoje tem a serena serenataDe uma barata, pra que mais? O amor e tudo mais,

    Como Noel cantou tão bem não tem tradução.

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    POEMA COM SONOPLASTIA

     A sorte bate à sua porta! Pam-pam-pam!E se você não atender ela arromba Catabum!

     Te bota no colo a espernear Buááááááááááááá!E você se sente penetrado! Fuque-fuque.

     Assim é a sorte:  Ao som de “Heaven,

    Cintilante I’m in heaven”Ela não liga pra nadaE quem nasceCom o rabo virado prà lua

     Traga sempre vaselina no bolsoRelaxe e aproveite!  Ai! ai! ai!

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    VIOLÃO

     Você é bela como uma cançãoMaravilhosa que se ouviu na infância

     Você é feroz como quando a criança Vê pela primeira vez a onda do mar

     Você é gostosa como a vida,Filme, disco, show, parque de diversão

     Você é carioca até demaisFoi você que inventou o jeito de menina carioca andar

     A tua voz é veludo negroE teus olhos duas espadas de luzDeitar com você com certeza é embarcar numa naveQue vai pra outros uni/versosE entra por um buraco negro eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

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    eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeesai numa super-nova

     Você explode igual a um vulcão

    E com certeza tem mais cartas ainda na manga Te dou minha canção e o meu sim e o meu nãoE o dia do fico e o grito do ipiranga!

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     A BOCETA E TUDO MAIS 

    Um sol nasceu dentro de mimE iluminou o jardimNo alto da minha cabeça

     Agora espero por mimOlhando pràquela esquina

     Até que eu apareça

    E se eu não aparecerSob a forma de outro serEu mesmo então vou prà esquinaPra bater papo com a tardeE pra dansar com a chuvaQue cair com o sol, viúvaDe um ser do planeta MarteCasado com outro planetaOnde mora, engenho e arteO ser sol, boca e boceta.

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     A MEUS PARES 

     Todas pessoas burras da terraPodem fazer uma bandaE tocar tão alto que mais nada se ouçaNinguém vai impedir

     Todas pessoas burras canalhas da terraPodem fazer um desfileQue seria televisionado para os milhões de cantos

    Do planeta Todas pessoas burras canalhas escrotas da terraPodem fazer um exércitoUm exército tão grande, que, onde quer que se ande,Não se encontrará coisa que não tenha sido tocada por suas  porcas mãos

     Todas pessoas imundas da terraPodem fazer um exércitoUm desfile, uma banda.Se todos os canalhas do mundo se dessem os braços

    Haveria um fenômeno, e eles cairiam bem fundo,Mais fundo do que o fundo da Terra.Porcos canalhas pesam demais.

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     AQUARELA DO BRASIL

    O corpo inacessível, passando,Deixando-me na expectativa insoneÉ gueixa, atari, Carolina, Sônia,Nega maluca – sofrer até quando?Eu sou Marlene. Eu sou Emilinha.Sou louco pelas cantoras do rádio,Pelas novelas da tv, e sábado

    Perdidos na noite, e Roberta Close. Você me olha séria, toda pose,Um monstro travestido de mulher,Não sei o quê, mas ser feliz não quer,

     Talvez só sexo, pra ficar sozinha,Me espiando pela fresta da janelaEnquanto olho babando pro teu raboDe sereia ou de gata, ai aí caibo!Ou de mulher – caótica aquarela.

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     AMOR

    CretinoDe matar a facadaOs outrosNão me toquem nesse amorO amor como estátuaCravada no peitoPara sempre uma foto

    Hirta de nervosoO amor tecidoNas horas de infernoCaindo pra dentro

     Trancado na jaulaDuelando consigo mesmoPelo teu amor

     Amor Tecedor

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    MEGA-MIR-AGEM

    olha os despenhadeiros

    calça asas de gente sem desepero

    solta no ar seu corpopena a calma é um giz

    espera o ar da tarde afoito apenas coisas sentidas sem terem rosa choque e faz mais nada além do não

    nem drogas nem drogas desesperocom sua cabeça o que não

    se atreve nem contradições sociaisestranho como um como encravado no meio de um poema

    com fome de voar sobre os

    despenhadeiros como homem encravado no meio do

      CHÃO

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    QUERIDO

    Ganhar já é perderEu já perdi vocêDesde aquele jardimNaquele dia lindoEm que se deu o simDesde lá desenhava-seNo nosso céu o caos

    O apocalipse de hojeQue amanhã lembraremosComo sendo nossa ordem

     Já te perdi inteiraE no entanto te tocoEsse mistério sérioSó toco de ouvidoDanço conforme a vidaDigo o que você quiser

     Você é tão linda

    Parece uma estrelaUma desconhecidaQue vem e vaiSem querer

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    O ANTI-NARCISO

    Monte de coisas jogadas num canto Antes da noite cair irremediávelRugindo e miando para meu espantoIrremediável e ousa som de cascavelSecretando entre mentes sua esporrenta fonte

     Arrasada num canto jogada num monte

    MON

     TE

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     MÚSICA

    Do soalhoFrio feito de invernoEstou vendo o céu azul

     Voando no céu

    E não saiEsta sabedoria mágica

    Do pires isabelE da xícara quebrada

    É porqueMuitos sons bater de asasPombas brancas como a pazBeliscando meu quintal

    Lá em cimaBem mais alto do que tudo

    Estou vendo um urubu Voando no urubu

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    SONETO NO FUNDO DO MAR

    Na alga ta o mar. Madrepérola  pi  cre  na  te achar terNa concha te perder

      marNalga maresia ver  heresia vi  ssel céuDe amante a do do pé  ce ro

      la  bio olharE de lá  amante bio beijar.

     A!morromarianamorada

    najamaisternacar

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    minagualuar

    on  ra da  fa sa

      sá fa ?  ca ¿ ¡ ?  Bar tu ? ¿¡ ?!................... . . . . .  nanja.  do cio  E volta pro mar silen  fun so  no imer  so so  Sol do universo

     o enigma  O enigma versus  é a espuma a chama  li re  Sa lo da de pouso  fa ca de on

      Cala esconde  mar cada rima a rima  Calmaria...

      O oceano é uma imensa cama.

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     AMAR

    Corpos são porcos Almas são lama

    Na lama o porco chafurda e não sai do lugarNo porco afundado a lama se gruda e só quer esta

      vida

    O corpo é náufrago

     A alma é uma ilha vaziaMinha queridaExistem três amores possíveis

    O amor do náufragoO amor da ilhaO amor do mar

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     AMOR

     Você pensa que eu não posso mais fazerPoemas pra você, porque não te amoMais, como antigamenteOu que o amor vira cristal inócuoNão pode mais fazer ninguém chorarNão cria casos, é móvel da salaReprise de comédia, parentesco

    Porque passou algum tempoOu o amor não existeOu é só um momentoMas você está erradaPorque poema pra nós dois é tudo, é cadaOlhar que a gente troca distraídoÉ cada gemido, abraço, aperto de mãoEstá te poetar em te lembrarNesta noite tão fria e ter saudadeUma saudade tão grande

    Que dá vontade de te procurarPara dizer do amor, o nosso umbigoQue nos liga um ao outroE que é como larva, crisálida, inseto, ovo

     Voa por dentro de si mesmoMas nunca deixa de ser o que é

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    CORPO SANTO

     Teu corpo – campo santo – desarvoro,Descampo e desirgino em pensamentoEm intenção maligna de momentoQue um momento depois eu já deploroRevendo-te tão cândi, e choro. Eu choro.Revendo-te tão branda na memóriaEu quero o bem perdido bem querido

     Trazido nos teus olhos: sacrossantos,Reclamo-te em meus cantos, por meus cantos,Por mim, por quê não sou, ou hei sofrido

     – Ante a mim próprio nunca redimido.E vejo tua face na miragemDe minha tresloucada fantasia

     Vejo tua boca rindo na alegriaDa lúbrica carícia feita aragem(Talvez do anseio meu sutil mensagem)Enxergo o lindo colo, arqueado colo

     Alvinho qual se fora láctea nataInvento distraído a densa mataQue escondes-me e não mostras, e consolo-Me em inventar, e contrafeito amolo-Me – o que não pode é claro me cessar(Nem mesmo eu já o posso), contrafeitoMedito nas nuanças de teu peito

     – Não do teu peito espírito, luar,Mas desse mar maré a transbordar.Medito no argentino seio arfante

    Elegante retiro de desejosE cubro-te de beijos, dos arquejosDa lira de minha alma – tua amante

     – Melodia de amor – vã – incessante.Penso em teu ventre claro e abaixo escuroPela vegetação inusitada

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    Que adorna a linda terra da esplanada.Não me arrependo, vejo, não me curo,Nem censuro a mim mesmo, isso to juro.Crio tuas pernas, teus sensuais braços,Estonteantes, cheios de mistérios,Sobrepujando estéticos critérios

    lassosCriando novos, sobre os velhos

    laços

    Perdido, encontro o rumo de teus passos; Tristonho, alegro-me ante o acalanto Teu. Vivo sem motivo, mas desejo Teu corpo amigo, sempre que te vejoE isso não chega, desejar, se tanto,Desvirginar teu corpo – campo santo.

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    RÉGUA DA 19ª DIMENSÃO

    Noite escuraFrio feito de invernoCasas por toda partePoucas tvs ligadas

    No altoOlhando pra tudo

    BatmanSobe nas torres mais altasE pensa em algo

    Como algasCostumes crescemOu desaparecemNa Terra PuraDos sonhosOnde tudo é possível

    Onde tudo é poder

    Sólidas casasDensa escuridão

     A noite mansaO horizonte irregular

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    tempo viráem que a velocidade que brinca conoscoem nossos objetos tecnológicos e teleológicosastronaves satélites meios de comunicação palavrascomputadores etc.essa velocidade se libertará dos modelos que a nossa concepçãotecnológica e teleológica e ontológica via percepção específicado caosmos inconcebível das forças e formas não pré-datadas, i. e.pré-formalizadas pela nossa modulação de forma humana que

    produzquantificacões e qualificações do real enquanto reel que pode serexperimentado pela nossa cognição e inteligência na práxis secaque nos assegura sentido inteligibilidade segurança de percepçãoetc.tudo isto está e sempre esteve por um fio mais fino que umcabelotudo isto depende de um equilíbrio de forças super sutil e instávele eventualmente se solta em danças de delírios a partir de certosmovimentos particulares que podem soltar essa espécie de fibra e

    permitir outras experimentações que à falta de qualquer referencialsocial i. e. intraespecífico são apenas consideradas idiotias ouqualquer avaria na constituição e/ou equilíbrio eletrostático ouquimiosmótico daquele determinado indivíduo que pode serpenalizadocomo uma precaução contra o caos à porta batendo com suasespadasde fogo na mão, nos esperando do lado de fora desta porta deparaísoque se converteu em prisão. mas tempo virá, repito, em que a

     velocidade libertada de nossas formações estruturaismodelizantesesvoaçará com sua cândida doçura demoníaca de velocidade pura elivre produzindo mais que delírios mundos e mundos e mundosreaise finalmente livres então vamos sem sujeito rir e rir e rir e rir e rir

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    TEMPO

     As palavras estão dentroDo rocambole das coisas vistas e ouvidasQuando se duvida

     A dúvida não está no centro

    Daquilo que divide o que percebe Aquilo que acontece ou se supõe

    Porque o suposto está aquém do sonhoE além do além e é sempre muito leve

    O tempo todo você maquinaPalavras & percepções & pausas no tempo &Fluxos & substâncias & proteína &Proteus & Sonhos & realidades & Tempo

    s &

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    SEM FIM SIM 

     Te quero como como quando tenho fome como tenho estedesejo todo por ver você tocar você lamber você e se der tecomer teus lábios teu tudo me quer com essa fome de mulherque mais parece loba e quer que eu pareça lobisomem que eusou e sei que sou e soo pra você meu uivo no silêncio covardedessa noite de cidade todos nas camas trepando ou vendo tv eprogramas tolos e sonhos com sexo ou programas tolos ou eles

    ficam acordados pensando que pensam ouvindo o silêncio e derepente eles escutam o uivo do tesão de uma mulherenlouquecida pelo amor e que só pensa em dar felicidade pramim e assim essa cidade babaca e essa gente opaca setransmutam por radiação e o sol nasce sobre a feliz

    cidadedo tesãosem fim

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     ESTRANHO

    Ou vou pro mar ou vou prà terra Você não entende Julgando erraE me prende.

    E a mão construiráUm caminho para os pés

    Para lá de para láDo que pensa que não és

     A estrela Alfa-Centauri distaQuatro anos e quatro meses-luzE mais longe ainda outra conquistaNos reclama/me/te/induz

     A ir prà terra ou pro mar A entender ou ser um erro

    Pior do que se desestrelarMais estranho que o desterro.

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    PRÍSTINA HÉLADE 

    E mesmo na extinta BabilôniaHavia para damas os guerreirosQue lutavam contra tudo ou construíam

     Jardins suspensos só por seu amorE havia é claro o amor criando tudoEm suspenso e contra quem guerreiro

     Amante luta. Em cada cabeludo

    Da era do rock beat ou rolling stoneHá a meiguice que havia em Al CaponeNas horas de lutar/amar o amorOra encarnado em LúciaOra em MagaliOra em Claudete, vistoso travestiOra em tiCada cabeludoDançando reggae e samba e cantando

     A loura que passa por ali

    É um guerreiro Tal como Einstein foi lavando pratosOu Freud analisando LeonardoE Marx falando em alemãoOu Darwin pisando o chão do Rio de JaneiroE até mesmo na BabelQuem diz que alguém não entendeuOu tentou entender?E o que vale é a tentaçãoOu vale tudo

    Por amorNietzsche martelou Jesus gritou: “Pai, perdoai!”E Janis JoplinFoi prà lua trepada na over dose de JimiE cada cabeludo se mandou

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    Prà city, prà downtown, prà Rio Branco,Prà Praça MauáOu pra Visconde de MauáMas não deixou de ser guerreiro e lutarPor essa damaQue não tem igual

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    VOCAÇÃO DE JARDINEIRO

    Cultivo paixões secretasComo flores abertas amarelasSempre-vivas eternas

     Antigas e esquecidasComo noites de frio e ovomaltineE tv sonho de amor aquele filmePaixões marcadas, cartas anônimas

    Mulheres tão bonitas quanto homensE conservando o úmido, o ômegaMulheres crescendo como plantasCarnívoras pelo meu quarto tontoDe insetos notívagos, sempre-vivasE espectros dos espelhos de narcisoNo meio de um mato redemoinho de ventosHistéricos e o mistério da selvaDe plantas antropófagas onde eu me perdiPara sempre! para sempre! me devorem

    Suas bocas verdes têm a beleza das canções que lembroDe ouvir quando menino, na beiraDe um lago-mar que não se mexiaBota fogoNos rádios rasgados, nos discos arranhados,Na tv ao ladoDos vasos de plantinhas, de sementesQue eu semeava, que eu regava, que eu olhava ansioso edistraído

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    VOCAÇÃO DE AMAR A FLOR

     Você nunca viu nada tão cândidoQuanto a mão segurando o revólverEnquanto os tantos graus do óculos focamO espelho, a revolver, a revolver

     Você nunca vai ver nada tão sádicoQuanto a minha sádica paciênciaNem nada tão dantescamente trágico

    Quanto a minha mania de decênciaEu passo pelo meio dos tirosE nem sequer me abaixo, distraídoOs carros atropelam, e meu péSó sente a dor de não pisar vocêPisar como uma forma de treparQue seja tudo, foda e originalUm amor como outro nunca háE ontem não haverá; que faça malPra que possa ser depois um bem

    Bem maior do que a morte e do que a vidaEu mataria o mundo, mas meu bem

     Talvez você ficasse arrependidaEu seria capaz de te comer,

     Te machucar, e de chupar teu sangue;É evidente que eu amo vocêE isso me deixa lânguido, e cândidoComo quem foi surrado, pisoteado,Cuspido, ameaçado, atropelado,Como quem é habitué do Inferno

    Pra de lá trazer de volta sua amadaQue cai nas armadilhas do diaboE tem a vocação do caos no caosNão caia, explico tudo cabo a raboEu não sou mau, não sou mau, não sou mauEu apenas te amo com a fúria

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    Das óperas de Wagner, das tragédiasGregas, dos filmes de Hollywood,Das comédias de Chaplin, da luxúria,Do ódio dos terroristas, da paixãoDos comunistas, da paz dos sandinistas,Da síntese nadistas e tudistas,Com anarquismo, com o coração

     Arrebentado de amor, desfeito em lágrimasComo os lençóis sorrindo de manhã

    Em que eu te dei meu inferno e meu céuPara sempre, para sempre. Te amo.

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    TOUT DE MÊME 

     A vizinhança não sabe de tudo?Então por que ela não me explicaPor que toda noiteQue chega essa horaEu fico sem arComeço a pairarMais leve que o ar

    E voo, sobrevoo A noite e o bairro Toda a vizinhança Toda a minha ânsiaE o meu medoE vejo o amanhã surgir beloE coloro o já passadoCom tintas do reexplicado:O mal foi só mal-entendidoE estendido afinal

     Vou ao fim de mim talvezMas talvez o vezo talDe vazar da sensatezDo sem sabor naturalSeja saber de burguêsDe filho do capitalDas capitanias genéticasPorque as hordas ascéticasDas favelas na orla marítima

     Tem um dia que são rítmicas

    Nos outros mimos de micosDo I don’t see, don’t speak and don’t hearMas sempre prontas pra rir

     A carantona entre as grades A fazel mil e uma micagensCaretas de gargalhar

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    Comendo as pipocas lançadas Alegrando a meninada...Onde foi que eu já vi tua cara?Hein boy?Hein boi?Hein?

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     FORAGENS 

    uma pomba contra o azulo presente

      de um segundo  o já

    que este dia deu

    flora lá flora o vento falha entre as páginas da tarde

    e um sentimento arde como se isto fosse uma espécie dee eu jogo tudo:e a roda roda eu olhando pro número outros pra outrosnúmeros e a roda para em vários números diferentes ao

    mesmo tempo

    e o vento impressiona

    sem ser nadaele essiona e entre as frestas

    a folha falae a flor work a process

    fora lá fora o vento da tarde nas folhas verde escuro das plantas

    farfalha e aqui dentro no claro escuro das cortinas da sala sobreo sofá ao lado de uma fumegante chávena de chá delicioso preto nopires azul claro ao lado de um arco distendido olha rápido o claro

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    sólida tarde passa solidamente arde solitariamente líquens por todaparte sob o solo e as plantas nos vasos e nas sombras e o sol forteamarelo claro e os sós e os sols bemóis solíquens e não há outros e

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    O ESTOJO DE REFLEXOS 

    Em agradecimento vão anexos A foto da citada ocasiãoE o seu presente, o Estojo de Reflexos.Não o abra, não o olhe, não o toque, nãoPronuncie seu nome pra ninguémE nem para si mesmo; se tocadoOu mesmo nomeado, o que contém

    Irá se revelar como um tornadoE afundará a sua embarcaçãoNo mar revolto e desesperançadoOnde aconselho que jogue o estojoFicando com sua falta por legado.

     Veio ele da árida plaga em que a mãoDo homem não cria homens desconexos.

     Ali não há lugar para o seu nojoE os reflexos não captam os reflexos.

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     A POESIA DO SE 

    Imensidão de alvura e longos braçosInexistência que tanto me aprazCalor que rompe todos os cabaçosDa ideia da consciência da pazOlhos verdes que a matéria criaDa energia que se faz matéria fezOlhos nadando em branco, rósea tez

    E na boca promessas da madrugadaNinha. Muito provável burra, muito nada,

     Ardente quente e chata como um corte.Dia. Noite. Dia. Noite. Dia. Noite.Sexo grande e forte como açoite

     Total em tudo que te cerca ou não Antevisão beatífica da morte A vida oprimida escorrendo pelo chão. Vou ficar rico com um assalto magistralPra não ter nunca mais que trabalhar

     Vou fazer uma casa à beira marCercada por peludo matagalDonde nós vai viver... você e eu

     Tudo que tenho será todo teuDeitar-te-ás na macia cama preguiçosaE nua, braços nus, pra trás jogadosNosso amor será fúria perigosaDe alucinados de amor, de amor drogados.E eu não farei nada, preguiçoso,

    E tu nada farás, fera pantera,Só minha em quente ardente bela guerra. Até o dia em que perca minha fomeDe ti, talvez sem mais instinto de homem,Ou cansado de ti, e, bem curioso,Deixe eu – eu! – minha bela, minha fera,De agir como drogado ou belicoso.

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    SINAIS 

    muito mais interessante ainda é o teu corpo reluzente do suortrabalhador de mentes acariciantes como gatinhos genitaisentregues só a si como metáforas ora ora ora ora ora ora ora eusei que eu não sei porra nenhuma/mas veja bem interessante éo teu corpo de pedra e cal mulher impossível passandoimpassível como se fosse um míssil de fissão nucleardetonando minha fissura que não quer mais de largar na frente

    de minha frente alucinada como o cigarro que dá mais nada eeleva você ao desorganismageografogregoniaaaaaaaaaaaa

    no sacolejo do ônibusuma mensagem etéreapara mim, vinda do ETdiretamente para você:

    NÃO se iluda com as luzes da cidade  nem com o glacê dos bolos  não bole planos pra daqui a uns tempos

      porque não tem porque não ASS: luis

    (o resto da mensagem vai em signos não-verbais[como sói])

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    REMEMBER 77 

    O olho não vislumbra um só momentoQue não fosse pura pedra cinza, aforaO pavimento frio de cimentoE o asfalto quente deste enorme autódromo.

    E é – se eu faço um poema absurdo agora – 

    Na esperança clara de setembroRetornar nossas cores, muito emboraSejam cores das quais nem mesmo eu lembro.

    Quando estou sem consolo e sem alentoOlho através do espelho da janela

     Apreensivo, a procurar atento

    O tento de revê-la, de que inda elaHá de voltar, como a rosa amarela

    quebrando o pavimento.Reflorirá

    nas fendas do cimento.

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    PSITÁCULO

     A gaiola não tem ladosSó a grade pela frenteO alpiste não é muitoMas há e a goela agradecePorque a água mesmo poucaE sabendo a sanitáriaSempre sabe onde é a sede

    E a sede da incertezaFormatando vosso bicoPara o canto conveniente

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    CREME ROSA

    Se escondeFinge que volta pra mimIlude tua ilusãoPretende que tu és tuaPretende que o posso serEu não sei o que fazerCom o fogo da ilusão

    Que encharca a solidãoComo se fosse um gásNão sei o quê dói maisSe é esperar esperandoOu não esperar esperandoMata mas sorrindoQuem a vida inventouPra poder estar com vocêSe esconde foge de mimNada é mais natural

    Masca o chiclete e vê tua tv Não estarei no anúncioNão esperarei vocêMulher você é loucaO louco creme rosa de tua bocaRebenta tudo que é serEu sempre pudeEu poderei esquecer

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    COISAS JÁ FALADAS 

    Lembro de você sempre tão sériaProfunda como o mais fundo mistérioQue está na minha lembrançaEstá na minha cabeça

     A menina que está na minha infânciaEsta cidade tem metais demais

     Você no tempo e no espaço está longe demais

    E o tempo não se repete repete jamaisMe olhando com olhos grandes e paradosDizendo coisas tolas já faladasSua tão suave cabeleiraEscorre pela tarde o dia inteiroEstá na minha lembrançaEstá na minha cabeça

     A menina que está na minha infância

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     AGRADECIMENTO

     Agradeço a toda e qualquer coisaQue ousaProduzir em si sua própria sorteSer forteReciclar deveres, crenças, dívidas

     A vidaNão admite dúvida: ela explode

    É poder

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    PAGO PAGO

    lavo meu rosto mais um dia em jêestação olho no espelho estendoa mão pego tuamãopego do bus apago o pago para tráse novamente nave imago novocê

    crio uma chuva com sabor de carnaval você só ri se tímidaúmida de sale a lua brilha e o sol fala em in/quêsque quis mais paz mas para quê ou para quemtiro tua meio beijo e chupo o teu pémas não é do pé que o novo homem vai nascer

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    ROSA/AZUL

    É azulE ouro o firmamentoÉ azulO brim da minha calçaE até no cantoDa parede nuaPosso ver o azul

    E mesmo que Você não me acrediteÉ... mesmo triste, tristeE num canto, triste

     Tu és azulO próprio péDessa menina lindaO enfeita uma sandália azulDaquele azulDas safiras e turquesas

    Opala azulE muito azul muito

     Água-marinhaQue envolve a pele

     Azul e escamada dos peixes Azuis passarinhos do marMeu amor, vem

     Vem comigo, vemE o mundo inteiro

     Vai ficar

     AzulSó porqueEssa energia entre nósÉ a mesmaQue você chama deusÉ azul e ouro

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    O firmamento do planeta em que vivemosPlanta em que plantamosOs nossos pésComo as gotas de chuvaQue ontem caiuSobre nós sobre as casas sobre o mundoDe pequenos seres que vicejam sob o céuNo meu jardim

     A roseira bebe a chuva

    E me ofertaComo um presente de amorUma linda rosa azul

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    SONHO ZERO

    Sonho movido a nadaSonho movido a nádegasSonho movido a águaE construo um milBase pra dez centilhõesE depois

     A depois eu faço o sonho

    Que ao redor só vê anõesE que tem como enfeites

     A manha a menina e as manhãsClaras do dia quase claroEm que eu vou e toco e talE aí coisa tremendaSou soneto e sou emenda

     Ao corpo da constituiçãoDelicada de minha mente e péE aí

     Ai quem me dera ser dúbioComo a nota no pianoOu assim inacessívelPassarinho na florestaComo a incognoscível moçaOu o impassível cálculoE aí – vê só

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     NESHKAFFEH 

    Entre Elizabeth Bachoffen EchtE Jutith SaloméMeu coração balançaMinha alma dansaE meu pé buscapéE na sombra de láBemol bemal mar

    O sol sustenido no céuE o luarDo ser tão incerto

     Avencas na caatingaKlaus Kinski vampiro roxoE a marca da panteraE eu aqui troncho

     A chamar a mexer A flor e a rodaO sol e a onda

     As cores mais carasE a tara na caraO clima do clímaxE o teu clitórisNeto da arqueoptérixE da múmia de QueópsSob o azul ventre de NutNu me nutre teu prazerNo umbigo do contigoEu consigo conviver

    Com ver o ser AliásBala de anis

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    OMETEORITO

     AC ABADECOMPL

    ETAR 

     AQUI A SU A TRANSL

     AÇÃO