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Projeto Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Regionais de Atenção Integrada à Saúde / Regiões de Saúde Modelos de Serviços para o Manejo Integrado e Continuado da Cronicidade e do Envelhecimento: uma revisão da literatura Autores: Armando De Negri Filho Flávia Renata Fratezi Jeane Roza Quintans Tatiana Yonekura Mayla Youko Kato São Paulo 2013

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Projeto Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Regionais de Atenção

Integrada à Saúde / Regiões de Saúde

Modelos de Serviços para o Manejo

Integrado e Continuado da Cronicidade

e do Envelhecimento: uma revisão da

literatura

Autores:

Armando De Negri Filho Flávia Renata Fratezi Jeane Roza Quintans

Tatiana Yonekura Mayla Youko Kato

São Paulo

2013

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

1.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .................................................................... 6

1.2 CONDIÇÕES CRÔNICAS DE SAÚDE ........................................................................ 12

1.3 CAPACIDADE FUNCIONAL E AUTONOMIA ............................................................ 19

1.4 DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE DO IDOSO E DA PESSOA COM CONDIÇÕES CRÔNICAS .................................................................................................................... 21

2 OBJETIVOS E FINALIDADE ............................................................................................ 25

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 25

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 25

2.3 FINALIDADE ........................................................................................................... 25

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 25

3.1 PICO ....................................................................................................................... 26

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ....................................................................................... 26

3.2.1 Tipos de estudo .............................................................................................. 26

3.2.2 Tipos de intervenção/ fenômeno de interesse .............................................. 26

3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ...................................................................................... 26

3.4 BASES DE DADOS .................................................................................................. 27

3.5 ESTRATÉGIA DE BUSCA E DESCRITORES ............................................................... 27

3.6 FORMA DE AVALIAÇÃO CRÍTICA ........................................................................... 27

3.7 FORMA DE DESCRIÇÃO DE DADOS ....................................................................... 27

3.8 FORMA DE ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................... 27

4 RESULTADOS ................................................................................................................ 28

4.1 SÍNTESE DOS DADOS ............................................................................................. 32

4.1.1 Literatura científica ........................................................................................ 32

4.1.2 Literatura Cinza .............................................................................................. 37

4.1.2.1 Os modelos de atenção às condições crônicas ...................................... 37

4.1.2.2 A experiência de Portugal ....................................................................... 54

4.1.2.3 A experiência da Espanha ....................................................................... 60

4.1.2.3.1 Modelo da Catalunha: Programa Vida als Anys ............................. 62

4.1.2.4 A experiência da Suécia .......................................................................... 72

4.1.2.5 A experiência do Japão ........................................................................... 77

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4.1.2.6 Outras experiências internacionais ........................................................ 84

4.1.2.6.1 Dinamarca ....................................................................................... 84

4.1.2.6.2 Finlândia .......................................................................................... 86

4.1.2.6.3 Holanda ........................................................................................... 88

4.1.2.6.4 Irlanda ............................................................................................. 89

4.1.2.6.5 Reino Unido..................................................................................... 90

4.1.2.6.6 Canadá ............................................................................................ 92

4.1.2.6.6 Noruega ........................................................................................... 92

4.1.2.7 A experiência do Brasil ........................................................................... 93

4.1.2.7.1 A experiência de Franca .................................................................. 94

4.1.2. 7.2 Ações e Programas do Governo Federal ........................................ 95

4.1.2. 7.3 Legislações Nacionais ..................................................................... 97

5. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 103

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 105

APÊNDICES .................................................................................................................... 115

ANEXOS ......................................................................................................................... 120

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1 INTRODUÇÃO

As melhores condições de vida associadas aos avanços tecnológicos e à

diminuição da mortalidade e da natalidade, em todo o mundo, são fatores que

favorecem para que mais pessoas tornem-se idosas, com possibilidades crescentes de

atingirem o limiar biológico da vida. No Brasil, a expectativa de vida em 2008 era de 72

anos (IBGE, 2011) e, em 2025, estima-se que chegará a 80 anos (Mendes et al., 2005).

No ano de 2020, os idosos representarão cerca de 1,2 bilhões de pessoas

em todo o mundo (WHO, 2002) e até 2025, a população idosa mundial aumentará

2,4% ao ano (IBGE, 2011). Na América Latina, prevê-se um aumento de 217% da

população total entre 1980 e 2025, sendo que, dentre os idosos, esse incremento

poderá ser de 412%.

Em razão dessa transição demográfica, há um peso relativo maior de

adultos e idosos na pirâmide etária da população. Esse fato, aliado a fatores como

aumento da renda, urbanização, industrialização, mecanização da produção, maior

acesso aos alimentos e adoção de hábitos menos saudáveis pela população, levaram

ao maior risco e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (Schmidt et al.,

2011).

Assim, em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de mortalidade

típico de populações jovens para um cenário típico dos países longevos, com a

presença de doenças complexas e onerosas, que, em geral, são crônicas, múltiplas,

têm longa duração e exigem cuidados contínuos (Veras, 2009).

De acordo com o IBGE (2010), 31,5% dos brasileiros entrevistados

relataram ser portadores de pelo menos uma doença crônica. Dentre os idosos com

mais de 65 anos, 79,1% referiram ser portadores de pelo menos uma dentre as doze

doenças crônicas selecionadas (IBGE, 2008).

A presença dessas doenças, juntamente com as características de

vulnerabilidade e necessidades de saúde específicas da população que envelhece,

aumenta a demanda por cuidado, com maior utilização dos serviços de saúde pelos

idosos (Rodrigues, 2007), maior frequência das internações hospitalares e elevado

tempo de ocupação do leito (Louvison et al., 2008). Por isso, considera-se que o

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envelhecimento populacional representa maior carga de doenças na população e

aumento de incapacidades e de utilização dos serviços de saúde (Veras, 2009).

As transições demográficas e epidemiológicas obrigam a mudança de um

modelo de atenção centrado nas doenças agudas para um modelo baseado na

promoção intersetorial da saúde e na integração dos serviços de saúde (Paim et al.,

2011). Dessa forma, há a necessidade de reformulação dos serviços de saúde para

responder às demandas dessa população, considerando que o cuidado deve ser

abrangente e envolver intervenções em distintos níveis de atenção e diversas

instituições, incluindo, dentre outros, unidades de internação, hospitais-dia e

instituições de cuidado prolongado (Coelho-Filho, 2000).

A realidade dos serviços há de ser considerada em maior

profundidade, a fim de se delinear efetivamente a melhor

estratégia de organização da atenção ao idoso. O delineamento

de unidades geriátricas, em diferentes níveis do sistema de

saúde, deve, portanto, ser objeto de discussão e pesquisa no

Brasil, a fim de que possam ser concebidas propostas custo-

efetivas para provisão de cuidado digno às pessoas idosas

(Coelho-Filho, 2000).

A atenção prestada aos idosos e às pessoas portadoras de doenças crônicas

deve ser orientada para responder às suas necessidades de saúde, considerando as

comorbidades, ao enfatizar a continuidade dos cuidados e a integração dos aspectos

biopsicossociais (Bayliss et al., 2008).

Contudo, o sistema de saúde brasileiro enfrenta desafios como: a reforma

da estrutura de financiamento, para assegurar a universalidade, a igualdade e a

sustentabilidade no longo prazo; a renegociação dos papéis público e privado; a

adequação do modelo de atenção para responder às transformações demográficas e

epidemiológicas; e a promoção da qualidade do cuidado e da segurança do paciente

(Paim et al., 2011).

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Por isso, no cenário das políticas públicas, tem-se perguntado em que

condições de saúde viverão os idosos longevos. Desde a década de 1960, estudiosos

do envelhecimento tentam responder a essa questão, a partir de visões opostas. Uma

das visões concebe o aumento da expectativa de vida como drástico e catastrófico na

prevalência de doenças mentais e crônicas, com constante aumento de incapacidades

e deficiências, e como um problema no desenvolvimento social e econômico

(Gruenberg, 1977; Verbrugge, 1984; Kramer, 1980; Egidi, 2003 apud Camarano et al.,

2004).

Uma abordagem positiva entende que o envelhecimento populacional não

está necessariamente associado a doenças e incapacidades, principalmente entre os

idosos mais jovens. Por exemplo, estudo sobre internações hospitalares revelou que a

maioria dos idosos europeus, especialmente os residentes na Dinamarca, Holanda e

Bélgica, declarou ter boas condições de saúde (Egidi, 2003 apud Camarano et al.,

2004).

1.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

O envelhecimento é um processo de mudanças universais pautados

geneticamente para a espécie e para cada indivíduo, que se traduz em diminuição da

plasticidade comportamental, aumento da vulnerabilidade, acumulação evolutiva e

aumento do risco de morte. O ritmo, a duração e os efeitos desse processo

comportam diferenças individuais e de grupos etários, dependentes de eventos de

natureza genético-biológica, sócio histórica e psicológica (Neri, 2005; Freitas et al.,

2006).

Esse processo é natural e acompanhado por alterações biológicas,

psicológicas e sociais. Por envelhecimento biológico entende-se alteração na

capacidade de manutenção da homeostase perante situações de sobrecarga do

organismo, além de alterações celulares, funcionais e moleculares. O envelhecimento

psicológico é acompanhado por alteração nas capacidades de percepção, rapidez da

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aprendizagem e memória. Já o envelhecimento social inclui mudanças nos papéis e

comportamentos sociais (Neri, 2005; Freitas et al., 2006).

Assim, o envelhecimento é um processo natural, dinâmico, progressivo,

irreversível, heterogêneo e envolve todas as fases do ciclo vital, iniciando desde a

concepção do indivíduo e o acompanhando por todo o tempo de vida, terminando

com a morte (Papaléu-Neto, 2006).

De acordo com Neri 2008, o envelhecimento compreende os processos de

transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a

diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. Esses processos são de

natureza interacional, iniciando-se em diferentes épocas e ritmos, acarretando

resultados diferentes para as diversas partes e funções do organismo. A pessoa idosa é

considerada aquela com idade igual ou superior a 60 anos nos países em

desenvolvimento, e com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos (Brasil, 1994;

2003).

O envelhecimento populacional é um fenômeno universal que está

diretamente relacionado com o declínio das taxas de mortalidade, fecundidade e o

aumento da expectativa de vida. Essa transição demográfica reformulou a estrutura

etária populacional de diversos países (United Nations, 2001).

Dados estatísticos indicam que a população mundial está envelhecendo

rapidamente: no período entre 2000 a 2050 a proporção de pessoas com idade

superior a 60 anos passará de 11% a 22% (WHO, 2012). A Figura 1 apresenta o

crescimento do envelhecimento populacional do período de 1950 a 2050. Os dados

demonstram que o número de idosos triplicou nos últimos 50 anos e irá ampliar três

vezes mais em 2050, podendo chegar ao total de dois bilhões de idosos.

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Figura 1 - População com 60 anos ou mais: Mundo e Regiões, 1950-2050.

Fonte: United Nations, 2001.

Essa transição em países desenvolvidos ocorreu de forma mais lenta,

diferentemente dos países em desenvolvimento. A parcela da população com idade

acima de 65 anos demorou em torno de 100 anos para passar de 7 a 14% nas regiões

desenvolvidas, enquanto em países como o Brasil e China esse mesmo crescimento

acontecerá em torno de 25 anos (WHO, 2012). No período de 2045 a 2050, projeta-se

que a taxa de aumento de idosos nos países em desenvolvimento deverá ser dez vezes

maior que em países desenvolvidos (United Nations, 2001).

O envelhecimento populacional não é apenas caracterizado pelo aumento

do número de idosos, mas também pela diminuição relativa da proporção de crianças

e jovens e aumento na proporção de adultos e idosos na população geral (IBGE,

2010a).

Durante o período de 1950 a 2050 o número de jovens tem sido cada vez

menor em relação ao de idosos, o que impacta diretamente a dinâmica social

existente. Além disso, outro fator notável é o crescimento da população de idosos

Mundo

Regiões desenvolvidas

Regiões em desenvolvimento

Milhões

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muito idosos, que apresentam idade igual ou superior a 80 anos (United Nations,

2001).

O crescimento anual desse grupo é de 3,85%, quase o dobro comparado

com a taxa de crescimento dos idosos com 60 anos (1,9%). No ano de 2050, um em

cada cinco idosos terão 80 anos ou mais, o que representará cerca de 379 milhões em

todo o mundo; destes, 3,2 milhões serão idosos com mais de 100 anos. Nesse mesmo

período, países como a China, Índia, Estados Unidos, Japão, Indonésia e Brasil serão

responsáveis por 57% dos idosos muito idosos (United Nations, 2001).

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em

2010, a população brasileira totalizava 190.755.799 habitantes, dos quais 10,8% eram

idosos. O envelhecimento no Brasil pode ser ilustrado pelo fato de que em 1991, o

grupo etário de 0 a 15 anos representava 34,7% da população e as pessoas com 65

anos ou mais somavam 4,8%. Em 2010, esses números se alteraram para 24,1% e

7,4%, respectivamente.

Em 2025, o Brasil será o sexto país em número de idosos, com cerca de 32

milhões de pessoas nessa faixa etária (Schneider, Irigaray, 2008). A Figura 2 ilustra a

mudança demográfica brasileira, com a transformação de uma pirâmide com formato

triangular, com base alargada, para uma pirâmide com topo mais largo, formato típico

de sociedades envelhecidas.

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Figura 2 – Pirâmides etárias da população brasileira 1990, 2010 e 2025.

Fonte: IBGE, 2008.

Alguns autores utilizam o Índice de Envelhecimento (IE), definido como o

número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, para cada 100 pessoas com

menos de 15 anos em uma população que reside em determinado espaço geográfico

em um período específico (RIPSA, 2008), para avaliar o processo de envelhecimento

populacional (Closs, Schwanke, 2012).

No Brasil, o IE que era 12,18 em 1970, passou para 44,8 em 2010, o que

representa um aumento de 268% (Closs, Schwanke, 2012), conforme pode ser

observado na Figura 3. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas,

essa variação poderá ser de 338% no período de 2000 a 2050, quando haverá em

torno de 118 idosos para cada 100 pessoas menores de 15 anos, o que evidencia a

irreversibilidade do processo de envelhecimento brasileiro (United Nations, 2002 apud

Closs, Schwanke, 2012).

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Figura 3 - Índice de Envelhecimento no Brasil, 1970 – 2010.

Fonte: Closs, Schwanke, 2012.

A mudança do perfil da população impacta diretamente nas estruturas de

saúde, sociais, econômicas e políticas existentes. Discussões sobre a viabilidade dos

sistemas de pensões e benefícios, aumento dos custos e demanda dos serviços de

saúde, estruturas de cuidados informais devem estar em pauta, pois são necessários

estímulos que favoreçam a transformação das estruturas existentes na sociedade atual

(United Nations, 2001).

A organização da atenção ao idoso no Brasil implica em desafios

relacionados a força de trabalho, recursos financeiros, eficiência e efetividade. Os

serviços devem ser coerentes com os princípios do cuidado gerontogeriátrico, visar à

otimização dos recursos disponíveis e contemplar as características do sistema de

saúde (Coelho-Filho, 2000).

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1.2 CONDIÇÕES CRÔNICAS DE SAÚDE

De acordo com Mendes (2012),

condições de saúde podem ser definidas como as circunstâncias na saúde

das pessoas que se apresentam de forma mais ou menos persistentes e que

exigem respostas sociais reativas ou proativas, episódicas ou contínuas e

fragmentadas ou integradas, dos sistemas de atenção à saúde, dos

profissionais de saúde e das pessoas usuárias.

A situação de saúde no Brasil é caracterizada pela tripla carga das doenças,

manifestada pela coexistência de condições crônicas, doenças infecciosas/ parasitárias

e causas externas de morbidade (Goulart, 2011; Mendes, 2012), sendo que as duas

últimas, usualmente, são consideradas condições agudas de saúde (Mendes, 2012).

A Figura 4 abaixo indica as diferenças entre as condições agudas e crônicas

de saúde.

Figura 4 - Diferenças entre condições agudas e crônicas de saúde.

Condições agudas Condições crônicas

Duração limitada, curta Duração longa

Manifestação abrupta Manifestação gradual

Autolimitadas Não autolimitadas

Diagnóstico e prognóstico usualmente precisos

Diagnóstico e prognóstico usualmente incertos

Intervenção usualmente efetiva Intervenção usualmente com alguma incerteza

Resultado: a cura Resultado: o cuidado

Centradas no cuidado profissional Centradas no autocuidado orientado

Cuidado centrado no médico Cuidado multiprofissional e interprofissional

Conhecimento e ação clínica concentrados no profissional

Conhecimento e ação clínica compartilhados pelos profissionais e usuários

Fonte: Von Korff et al., 1997; Holman, Lorig, 2000; OMS, 2003; Lorig et al., 2006 apud Mendes, 2011.

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As condições agudas podem evoluir para condições crônicas, por exemplo,

em traumas que deixam seqüelas por um período prolongado. Do mesmo modo, as

condições crônicas podem apresentar agudizações, que devem ser abordadas na rede

de atenção às urgências e emergências (Mendes, 2012).

As condições crônicas de saúde incluem as doenças infecciosas

persistentes, as condições relacionadas com a maternidade, o período perinatal e ao

ciclo de vida, os distúrbios mentais de longo prazo, as deficiências físicas e estruturais

contínuas, as doenças metabólicas e bucais, as enfermidades e as doenças crônicas

(Mendes, 2012).

O Ministério da Saúde (2012) conceitua doenças crônicas como aquelas

que possuem múltiplas causas, têm início gradual, prognóstico, muitas vezes, incerto e

duração longa ou indefinida. O curso clínico dessas doenças altera-se ao longo do

tempo, podendo ter períodos de agudização e levar à incapacidade. As intervenções

nem sempre levam à cura e devem ser pautadas na mudança de estilo de vida.

Para a Organização Mundial da Saúde, doenças crônicas são aquelas de

longa duração e progressão lenta (WHO, 2008 apud Singh, 2008). O Centro para

Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos definiu as doenças crônicas

como aquelas que não têm cura ou que estão presentes há três meses ou mais (CDC,

2008 apud Singh, 2008).

As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs) são consideradas um

problema de saúde pública global, principalmente nos países de baixa e média renda,

onde representam dois terços da carga de doença, podendo atingir os três quartos até

2030 (Goulart, 2011).

Essas doenças podem representar 60% das causas de morte e 46% da carga

global de doenças no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Estimativas indicam que, em 2020, representarão 80% da carga de doença nos países

em desenvolvimento (Goulart, 2011).

Em geral, os idosos são considerados um grupo de risco para as DCNTs.

Contudo, são crescentes no mundo os números de jovens e adultos com que possuem

doenças crônicas, considerando que cerca de 70% das mortes antes dos 60 anos em

países de renda alta podem ser atribuídas às doenças crônicas e aproximadamente

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dois terços das mortes prematuras em adultos de 15 a 69 anos e três quartos das

mortes totais em adultos no mundo são conferidas a essas doenças (Goulart, 2011).

As doenças cardiovasculares, o diabetes, o câncer, as doenças respiratórias

e os transtornos neuropisiquiátricos (especialmente a depressão, as psicoses e os

transtornos relacionados ao uso de álccol) representam a principal carga de doença no

Brasil, sendo que as quatro primeiras foram responsáveis, em 2007, por 58% das

mortes no país (Schmidt et al., 2011).

No Brasil, essas doenças representaram 66% dos anos de vida perdidos

ajustados por incapacidade (Schramm, Oliveira, Leite, 2004) e, em consequência delas,

a perda da força de trabalho e a diminuição das poupanças familiares poderão levar a

um prejuízo econômico de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015 no país (Abegunde et

al., 2007).

A Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios demonstrou que, em

2008, cerca de um terço dos entrevistados (aproximadamente 60 milhões de pessoas)

referiu ter pelo menos uma doença crônica e 5,9% deles declararam ter três ou mais

(Goulart, 2011).

Dentre as doenças crônicas, em 2003, 18,8% dos brasileiros relataram ter

recebido diagnóstico de depressão nos 12 meses anteriores à entrevista (OMS, 2010

apud Schmidt et al., 2011). Outro estudo verificou que 30% dos adultos no país

apresentavam estados mistos de depressão e ansiedade. As demências têm se tornado

uma questão de saúde pública, com prevalência que variou de 5,1% a 8,8% entre as

pessoas com 65 anos ou mais (Herrera et al., 2002; Bottino et al., 2008; Scazufca et al.,

2008 apud Schmidt et al., 2011).

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e são

as que geram o maior custo com as hospitalizações no país. Em 2007, essas doenças

representaram 12,7% das internações não relacionadas à gestação e 27,4% das

hospitalizações de idosos (Schmidt et al., 2011).

A prevalência de diabetes entre as pessoas com 20 anos ou mais de idade

aumentou de 3,3% em 1998 para 5,3% em 2008 (Viacava, 2010 apud Schmidt, 2011).

Entre 1999 e 2001, o diabetes foi causa de 7,4% das internações não associadas à

gestação e de 9,3% dos custos hospitalares (Rosa, 2008).

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Com relação ao câncer, observou-se que, dentre os homens, a mortalidade

por câncer de pulmão, próstata e colorretal está aumentando, enquanto a mortalidade

por câncer gástrico está diminuindo. Já entre as mulheres, aumentou a mortalidade

por câncer de mama, pulmão e colorretal e diminuiu a mortalidade por câncer do colo

do útero e esôfago (Schmidt et al., 2011).

Para as doenças respiratórias, entre 2000 e 2007, verificou-se redução da

doença pulmonar obstrutiva crônica em 28,2% e da asma em 34,1%. As taxas de

hospitalização decorrentes dessas doenças também diminuíram (Schmidt et al., 2011).

Quando se fala em DCNTs, é imprescindível considerar seus principais

fatores de risco, que são semelhantes em todo o mundo: tabagismo, consumo de

álcool, sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade. Fatores de risco são

características ou atributos que aumentam a chance de uma pessoa desenvolver

condições crônicas (Mendes, 2012). Aproximadamente dois terços dos novos casos de

doenças crônicas são causados por esses fatores (Goulart, 2011).

A Figura 5 abaixo ilustra as principais causas de doenças crônicas, de

acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Figura 5 - As maiores causas de doenças crônicas, de acordo com a OMS.

Fonte: Adaptado de Singh, 2008.

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Um estudo realizado em 2003 em 16 capitais brasileiras identificou que

13,6% das mortes de adultos estavam relacionadas ao tabagismo (Correa, Barreto,

Passos, 2003), que é responsável por uma em cada seis mortes por DCNTs (Goulart,

2011).

Com relação ao álcool, aproximadamente 25% dos adultos brasileiros

relataram pelo menos um problema de âmbito social, ocupacional, familiar, legal ou

físico relacionado ao seu consumo; e de 9% a 12% dos adultos são dependentes do

álcool (Laranjeira, 2010).

Entre 1996 e 1997, 3,3% dos adultos brasileiros realizavam o nível mínimo

recomendado de atividade física (Monteiro et al., 2003). Pesquisas têm demonstrado

que os níveis de atividade física melhoraram, com 14,7% dos adultos realizando

atividade física adequada em 2009, porém, esse aumento pode ainda não ser

suficiente (Schmidt et al., 2011).

Dados sobre a alimentação inadequada foram destacados em pesquisas

sobre compras de alimentos pelas famílias, que indicaram diminuição da compra de

alimentos tradicionais básicos e aumentos de até 400% na aquisição de alimentos

processados. As pesquisas demonstraram, também, que houve aumento na proporção

de energia proveniente de gorduras no total dos alimentos, na energia derivada de

gorduras saturadas (Levy, Claro, Monteiro, 2009) e no consumo diário de sódio, que

chega a ser duas vezes maior do que o recomendado (Sarno et al., 2009).

Outro fator de risco importante, a obesidade, apresentou aumento

contínuo entre adultos, de 2006 a 2009, indo de 11,4% para 13,9% (Schmidt et al.,

2011). Uma pesquisa nacional sobre antropometria indicou um aumento na

prevalência de obesidade entre pessoas com 20 anos ou mais de idade de 14,8% entre

2006 e 2009 (IBGE, 2010b).

A implementação de políticas para prevenção e controle das doenças

crônicas foi recomendada, assim como a necessidade de alta tecnologia e de

mudanças nos tratamentos hospitalares, legislações e regulamentações destinadas à

prevenção e à promoção que permitam um cuidado de qualidade e o fortalecimento

do vínculo entre governo, instituições acadêmicas e sociedade civil para responder

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com mais facilidade e agilidade aos desafios impostos pelas DCNTs (Schmidt et al.,

2011).

Uma iniciativa é o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das

Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, elaborado pelo Ministério da Saúde

(Brasil, 2011), que definiu diretrizes e ações em vigilância, informação, avaliação,

monitoramento e promoção em saúde e atenção integral para essas doenças e fatores

de risco associados.

Recentemente, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 252/2013

(Brasil, 2013), instituiu a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas

no âmbito do SUS, com o objetivo de proporcionar um atendimento integral a essas

pessoas, oferecendo ações e serviços de prevenção de agravos, promoção e proteção

da saúde, diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção da saúde e redução de

danos.

De acordo com a Portaria, a Rede tem como princípios e diretrizes: acesso

e acolhimento; humanização; respeito às diversidades, hábitos e culturas; atenção

centrada no usuário e realizada por equipe multiprofissional; atuação territorial;

monitoramento e avaliação; articulação interfederativa; participação e controle social;

autonomia e apoio ao autocuidado; equidade; formação profissional e educação

permanente; e regulação articulada entre todos os componentes da rede. A Rede é

estruturada pela atenção básica, atenção especializada, ambulatórios especializados,

hospitais e serviços de urgência e emergência (Brasil, 2013).

O Observatório Europeu de Sistemas de Saúde (2010 apud Goulart, 2011)

tem destacado que o enfrentamento das doenças crônicas deve ter uma perspectiva

do ciclo de vida, com oportunidades de intervenção em todas as suas fases, como

pode ser visualizado no Quadro 1 abaixo.

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Quadro 1 - Ciclos de vida e oportunidades de intervenção nas DCNTs.

FASE INTERVENÇÃO

Fetal Nutrição materna; pré-natal regular

Infância Suplementação alimentar saudável em grupos de baixas condições socioeconômicas; aleitamento materno

Adolescência Programas de nutrição saudável nas escolas; regulação da publicidade de alimentos; redução do tempo em frente à televisão; promoção de exercícios; proibição de venda de cigarros

Vida adulta Redução de fatores de risco; preparo de alimentos saudáveis; programas de bem estar no ambiente de trabalho; detecção precoce e tratamento de fatores de risco e doenças

Velhice Redução de fatores de risco; controle mediante formação de grupos de auto-ajuda

Fonte: Goulart, 2011.

Em todas as fases da vida devem existir oportunidades de alimentação

adequada, prática regular de atividades físicas, prevenção do uso de tabaco, acesso

aos cuidados primários em saúde, mudanças culturais favoráveis às escolhas saudáveis

e segurança comunitária (Goulart, 2011).

Schmidt e colaboradores (2011) relataram que há dois desafios para o

enfrentamento das doenças crônicas: a eliminação das longas listas de espera nos

serviços de diagnóstico e cirurgias e na assistência ambulatorial especializada; e a

realização do tratamento das complicações das condições crônicas em ambulatório, e

não mais nas emergências hospitalares.

Alguns autores têm indicado que o modelo de atenção existente

atualmente no sistema de saúde brasileiro não é suficiente para responder às

mudanças no perfil epidemiológico e às necessidades de saúde da população (Brasil,

2010; Mendes, 2011). Uma das formas de organização do sistema de saúde que tem se

mostrado eficaz para melhorar os indicadores de saúde é a formação de redes

integradas e regionalizadas de atenção à saúde (OPAS, 2008; OMS, 2008; MENDES,

2008 apud Brasil, 2012a).

A literatura internacional recomendou que os modelos de atenção às

condições crônicas devem apresentar três características: ênfase da atenção básica,

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como entrada e reguladora do acesso ao sistema de saúde; promoção do autocuidado

do usuário, com a garantia do empoderamento e da autonomia; e coordenação entre

os diversos serviços, incluindo a atenção básica, os hospitais e serviços especializados e

os serviços que não compõem o setor saúde (Goulart, 2011).

1.3 CAPACIDADE FUNCIONAL E AUTONOMIA

No cenário de envelhecimento populacional e aumento das condições

crônicas, a capacidade funcional passa a ser um importante indicador de saúde

(Ramos, 2009).

Capacidade funcional é o grau com que a pessoa consegue executar as

atividades de vida diária com os próprios meios (Neri, 2005), sendo o resultado da

interação de todas as capacidades físicas e mentais desenvolvidas durante a vida.

A capacidade funcional é avaliada por meio da capacidade de execução das

Atividades Básicas de Vida Diária (AVDs), que incluem: alimentação, vestuário, controle

dos esfíncteres, locomoção e banho; das Atividades Instrumentais de Vida Diária

(AIVDs), que se relacionam a viver de forma independente na comunidade, realizar

tarefas domésticas, compras, manusear o próprio dinheiro, ingerir os medicamentos,

dentre outros; e as Atividades Avançadas de Vida Diária (AADVs), associadas a

trabalho, lazer, contatos sociais e atividade física (Caldas, 2003).

A Organização Mundial da Saúde (1997) ressaltou a capacidade funcional e

a independência como fatores importantes para o diagnóstico de saúde física e mental

da população idosa e a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil, 2006) assume que o

principal problema que pode afetar as pessoas com 60 anos ou mais é a perda da

capacidade funcional.

O Ministério da Saúde, por meio da Relação Nacional de Ações e Serviços

de Saúde (RENASES) (Brasil, 2012b), destaca que a atenção à saúde do idoso deve

incluir, dentre outras ações, a identificação de situações de risco e vulnerabilidade,

com avaliação da capacidade funcional.

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Estudos sobre a capacidade funcional revelaram que aproximadamente

40% das pessoas com 65 anos ou mais necessitavam de ajuda para realizar as AIVDs, e

10% delas precisaram de auxílio para realizar as ABVDs (Parayba, 2005; Maciel, Guerra,

2007).

Dentre os idosos institucionalizados, um estudo realizado em Cuiabá (MT),

identificou dependência total para a realização das ABVDs em 31,2% dos idosos

avaliados e dependência parcial em 13% deles. Para as AIVDs, 53,2% dos idosos tinham

dependência total e 30,5%, dependência parcial. Dentre os residentes sem contato

familiar e que referiram sua saúde como regular ou ruim, a chance de dependência

para as ABVDs foi 2 vezes maior, e a dependência para AIVDs esteve relacionada

positivamente a sexo feminino, ausência de contato familiar e déficit cognitivo. O

estudo também revelou que a prevalência de dependência para ABVDs nos idosos

institucionalizados foi 6,4 vezes maior do que em idosos da comunidade e a

dependência em AIVDs foi 3 vezes maior (Oliveira, Mattos, 2012).

A Organização Mundial da Saúde (2000) realizou um levantamento sobre a

esperança de vida total e saudável aos 60 anos e os anos de vida sem saúde e

identificou que em países como Japão, Suíça, Austrália, Suécia e Canadá, os anos de

vida sem saúde variaram de 3,5 a 3,8 para os homens e de 4,6 a 5,1 para as mulheres.

No Brasil, esse período foi de 7,7 anos para os homens e 8,7 para as mulheres, o que

representa 40% de anos totais de vida sem saúde para os homens e 39% para as

mulheres (Camarano et al., 2004).

Na Espanha, 37% dos idosos necessitam de apoio para realização de

atividades do cotidiano, sendo que 94% dos idosos dependentes vivem em domicílio e

6% em instituições públicas ou privadas. Dentre os idosos não institucionalizados, 38%

possuíam limitações para a realização das ABVDs e AIVDs, dos quais 26% apresentaram

nível de dependência moderado e 12%, severo (Casado, Rico, Sabes, 2002).

Ao considerar os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, dentre

as pessoas portadoras de doenças crônicas, o Banco Mundial previu que entre 2008 e

2030 haverá um aumento de 37% para os países de baixa renda e 11% para os de

renda média (Goulart, 2011).

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A capacidade funcional varia de um grau de independência total nas

atividades diárias, com autonomia completa, para uma dependência total nas

atividades cotidianas e perda completa de autonomia (Ramos, 2009). A autonomia é

definida como a habilidade de realizar julgamentos e agir (Fonseca et al., 2010) e se

relaciona com a liberdade individual, a privacidade, a livre escolha, o autogoverno, a

auto regulação e a independência moral (Collopy, 1988 apud Neri, 2005).

O grau de capacidade funcional do indivíduo possibilita identificar seu risco

para hospitalização, institucionalização, morte (Ramos, 2009), fragilidade,

dependência, quedas, e problemas de mobilidade (Fiedler, Peres, 2008).

Um princípio subjacente à política de governos recentes tem sido ajudar as

pessoas a manter sua independência em suas próprias casas o maior tempo possível.

Em particular, as políticas têm enfatizado a personalização dos serviços, com o

objetivo de oferecer às pessoas maior escolha e controle sobre os serviços que

recebem (Darton et al., 2012).

1.4 DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE DO IDOSO E DA PESSOA COM

CONDIÇÕES CRÔNICAS

Os determinantes sociais de saúde, como as desigualdades sociais, as

diferenças no acesso aos bens e serviços, a baixa escolaridade e as desigualdades no

acesso à informação levam ao aumento da prevalência das doenças crônicas e de suas

complicações (Schmidt et al., 2011).

Na maioria dos países, as pessoas que têm baixo nível socioeconômico e

aqueles que vivem em comunidades pobres ou marginalizados têm maior risco de

morrer por condições crônicas do que os grupos e comunidades mais favorecidos.

Pessoas em países de baixa renda e com baixo nível socioeconômico têm pior acesso a

cuidados de saúde para diagnóstico e tratamento do que aquelas em países de alta

renda ou com melhor nível socioeconômico (Cesare et al, 2013).

As taxas de tabagismo, pressão arterial e outros fatores de risco de DCNTs

tendem a ser maiores nos grupos de baixo nível socioeconômico do que naqueles com

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alto nível. As desigualdades sociais nos fatores de risco são responsáveis por mais da

metade das desigualdades nas principais doenças não transmissíveis, especialmente as

cardiovasculares e câncer de pulmão (Cesare et al, 2013).

Os determinantes sociais de saúde proximais, relacionados aos

comportamentos e ao estilo de vida, são considerados fatores de risco para as

condições crônicas (Mendes, 2012). O Observatório Europeu de Sistemas de Saúde

propôs uma matriz para implementação de intervenções de prevenção das condições

de saúde, que contempla os fatores de risco, os grupos populacionais e os espaços de

intervenção (Figueras et al., 2008 apud Mendes, 2012).

Nessa matriz, os fatores de risco são: tabagismo, inatividade física,

alimentação inadequada, sobrepeso/ obesidade, uso excessivo de álcool, dentre

outros. Os espaços de intervenção podem se dar a nível macrossocial (elaboração de

políticas e legislações), meso (comunidades, ambientes de trabalho e escolas) ou

microssociais (ações desenvolvidas em pequenos grupos ou individuais). Com relação à

população, os grupos podem ser classificados de diversas formas, como por exemplo,

crianças, jovens, adultos, idosos ou grupos vulneráveis definidos por renda, etnia,

gênero ou condição de saúde (Mendes, 2012).

A redução das DCNTs em grupos desfavorecidos é necessária para atingir

reduções significativas nos encargos totais dessas doenças. Ações efetivas para reduzir

as desigualdades nas DCNTs incluem programas de equidade de desenvolvimento da

primeira infância e educação, remoção de barreiras para garantir o emprego dos

grupos desfavorecidos, estratégias abrangentes para o controle do tabaco e do álcool

e para a redução de sal na dieta; cuidados primários universais, financiados,

fisicamente acessíveis e de alta qualidade, com intervenções preventivas e detecção

precoce e tratamento de doenças, e seguro universal e outros mecanismos para

remover as barreiras financeiras aos cuidados de saúde (Cesare et al., 2013).

Nesse sentido, Geib (2012) considera que a equidade em saúde requer

ação sobre os determinantes sociais no curso da vida para minimizar as doenças

crônicas e deficiências do idoso que refletem as suas posições sociais no passado. O

Quadro 2 abaixo ilustra alguns indicadores de saúde para idosos.

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Quadro 2 - Indicadores de determinantes sociais em saúde para idosos.

Indicadores utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2009)

Proporção dos idosos no Brasil e por estados

Crescimento relativo da população de 60 anos ou mais de idade, total e por grupos de idade

Média de anos de estudos das pessoas de 60 anos ou mais de idade

Proporção das pessoas de 18 anos ou mais de idade e pessoas de referência, segundo os grupos de idade

Proporção das pessoas de 65 anos ou mais de idade, aposentadas e/ou pensionistas

População residente total e de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade, segundo as grandes regiões, unidades da federação e regiões metropolitanas

População residente de 60 anos ou mais de idade, por situação de moradia, cor ou raça e sexo, segundo as grandes regiões, unidades da federação e regiões metropolitanas

Pessoas de 60 anos ou mais de idade, total, média de anos de estudo e distribuição percentual, por grupos de anos de estudo

Pessoas de 60 anos ou mais de idade, residentes em domicílios particulares, por classes de rendimento médio mensal domiciliar per capita

Pessoas de 60 e 65 anos ou mais de idade, total e proporção de residentes em domicílios particulares permanentes próprios

Pessoas de 60 anos ou mais de idade residentes em domicílios particulares, por tipo de arranjo domiciliar (sozinho, casal sem filhos, morando sem filhos e com outros, morando com filhos e/ou com outros)

Mulheres de 60 anos ou mais de idade, residente em domicílios particulares, por tipo de convivência com os filhos

Proporção das pessoas de 60, 65 e 70 anos ou mais de idade ocupadas, por sexo

Índice de envelhecimento: número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, para cada 100 pessoas com menos de 15 anos em uma população que reside em determinado espaço geográfico em um período específico

Indicadores utilizados pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA, 2008)

Condição de saúde dos idosos

Autoavaliação da saúde: importante preditor de sobrevivência entre idosos. Diferenças de gênero e idade, na percepção da saúde, são importantes determinantes do comportamento em relação à procura por atendimento de saúde. A percepção de um estado de saúde ruim acarreta maior uso dos serviços de saúde entre os idosos. Método de cálculo: Proporção de idosos que declararam sua saúde ruim e muito ruim, por grupos de idade e por classes de rendimento médio mensal familiar per capita, em salários-mínimos, segundo o sexo.

Doenças crônicas: prevalência de doença crônica das pessoas de 60 anos ou mais de idade, por percentis de rendimento médio mensal familiar

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per capita; proporção de idosos que declararam doença crônica; proporção de idosos com múltiplas patologias entre aqueles que declararam alguma doença crônica.

Taxa de prevalência de incapacidade funcional em mobilidade física: prevalência de incapacidade funcional em mobilidade física das pessoas de 60 anos ou mais de idade, segundo as mesorregiões de residência, segundo o rendimento médio mensal familiar per capita, por sexo.

Uso de serviços de saúde

Número de consultas médicas: proporção de idosos que consultaram médico, no último ano, por classes de rendimento médio mensal familiar per capita, por salários mínimos.

Filiação a plano privado de saúde: cobertura (%) dos planos de saúde dos idosos, por classes de rendimento médio mensal domiciliar per capita (possui ou não possui).

Taxas de hospitalizações no âmbito do SUS: morbidade hospitalar de idosos no SUS, segundo o sexo, os grupos de idade e as causas de internação.

Custo médio e por habitante das hospitalizações no âmbito do SUS: custo médio da hospitalização de todas as causas de internação, segundo os grupos de idade (0-14 anos; 15-59 anos; 60 anos ou mais); custo da internação por habitante idoso, por grupos de idade (60-69 anos; 70-79 anos; 80 anos ou mais)

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2 OBJETIVOS E FINALIDADE

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar os modelos de serviços para o manejo integrado e continuado

da cronicidade e do envelhecimento.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever os modelos de atenção e de serviços para o manejo integrado

e continuado da cronicidade e do envelhecimento;

Identificar as legislações nacionais sobre o manejo integrado da

cronicidade e do envelhecimento.

2.3 FINALIDADE

Identificar os modelos de serviços nacionais e internacionais para o manejo

da cronicidade e do envelhecimento, visando apoiar o desenho de modelos de serviços

que permitam um cuidado integrado e continuado, em quatro regiões de saúde do

Brasil, sendo duas no Estado do Amazonas e duas no Rio Grande do Sul.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este é um projeto de revisão da literatura integrativa (RI). Cooper (1984)

conceituou RI como um recurso para sintetizar o estado da arte relativo a um

determinado tópico de interesse e ressaltar questões importantes de pesquisa que

ainda não estão devidamente esclarecidas. É um tipo de revisão com questões amplas

que possibilita a inclusão de diversos tipos de estudos, metodologias e teorias. Desta

forma a RI tem o potencial de aprofundar a análise dos dados (Whittemore, 2005).

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3.1 PICO

A estratégia PICo auxilia na construção da pergunta de pesquisa de

natureza diversa, representando o acrônimo de P (problema de pesquisa), I

(intervenção) e Co (Contexto). O PICo desta revisão é:

P – manejo da cronicidade e do envelhecimento

I – modelos de serviços

Co – rede de atenção à saúde

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

3.2.1 Tipos de estudo

Foram incluídos estudos teóricos, de opinião e da literatura cinza e escritos

nos idiomas inglês, espanhol ou português. Estudos quantitativos e qualitativos sobre

o manejo da cronicidade e do envelhecimento também foram incluídos, caso

descrevessem modelos de serviços.

3.2.2 Tipos de intervenção/ fenômeno de interesse

Os fenômenos de interesse são os modelos de atenção e de serviços para o

manejo integrado e continuado da cronicidade e do envelhecimento.

3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Estudos que não descreveram as características do modelo de atenção/

serviço.

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3.4 BASES DE DADOS

A busca foi realizada nas bases de dados Pubmed e LILACS. A literatura

cinza foi consultada por meio das bases Google Acadêmico, páginas da Internet da

Organização Mundial da Saúde e institucionais dos países Portugal, Espanha, Suécia,

Japão, Dinamarca, Finlândia, Holanda, Irlanda, Reino Unido, Canadá, Noruega e Brasil.

3.5 ESTRATÉGIA DE BUSCA E DESCRITORES

As estratégias de busca e descritores encontram-se no Apêndice 1.

3.6 FORMA DE AVALIAÇÃO CRÍTICA

Os estudos encontrados foram avaliados através do instrumento NOTARI

do Joanna Briggs Institute, conforme Anexo 1.

3.7 FORMA DE DESCRIÇÃO DE DADOS

Foi desenvolvido um instrumento para descrição dos dados (Apêndice 2). A

partir deste instrumento, foi construído um quadro analítico com a descrição de todos

os modelos identificados.

3.8 FORMA DE ANÁLISE DOS DADOS

Primeiramente, os estudos foram classificados por ano, procedência dos

autores, tema/objeto específico analisado, natureza, tipo de estudo, resultados

obtidos, país de publicação e outras classificações que respondessem aos objetivos

específicos. Em seguida, os conteúdos foram descritos de acordo com os modelos

identificados, propostos ou avaliados.

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4 RESULTADOS

A realização da revisão teve início no primeiro semestre de 2012, quando

foi elaborado o protocolo de revisão. A problematização e a busca nas bases de dados

e literatura cinza ocorreram de janeiro a junho de 2013, devido à necessidade de

reestruturação do projeto “Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas Regionais de

Atenção Integrada à Saúde/ Regiões de Saúde”.

A estratégia final de busca identificou um total de 13848 estudos nas duas

bases de dados e na literatura cinza. O fluxograma desta revisão está descrito na

Figura 6.

Figura 6 – Fluxograma da revisão integrativa sobre o manejo da cronicidade e

envelhecimento.

Total de referências recuperadas

pela estratégia de busca

(n = 13848)

Referências identificadas por outras fontes (n = 83)

Referências duplicadas removidas

ou indisponíveis (n = 13)

Referências selecionadas pelo título e resumo (n = 164)

Referências excluídas pelo título e resumo

(n = 13767)

Referências avaliadas e elegíveis na íntegra

(n = 151)

Referências excluídas (n = 76)

Estudos incluídos (n = 75)

Sele

ção

Inclu

o

Elig

ibili

dad

e

Ide

ntifica

ção

Total de referências identificadas (n = 13931)

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Os Quadros 3, 4 e 5 descrevem os resultados por base de dados e literatura

cinza. Devido ao grande número de artigos recuperados e à limitação de tempo para a

realização desta revisão, optou-se por fazer um recorte de tempo, a partir de 2000

para o tema da cronicidade e 2011 para o envelhecimento.

Quadro 3 – Número de referências sobre cronicidade identificadas e selecionadas

por base de dados. São Paulo, 2013.

Bases de dados

Referências

Identificadas Identificadas a partir do ano

2000 Selecionadas Incluídas

PubMed 4842 2392 28 4

LILACS 157 - 3 -

Total 4999 2392 31 4

Quadro 4 – Número de referências sobre envelhecimento identificadas e

selecionadas por base de dados. São Paulo, 2013.

Bases de dados

Referências

Identificadas Identificadas a partir do ano

2011 Selecionadas

Incluídas

PubMed 8632 513 65 4

LILACS 217 - 29 -

Total 8849 513 94 4

Quadro 5 – Número de referências identificadas e selecionadas na literatura cinza,

referentes ao manejo da cronicidade e envelhecimento. São Paulo, 2013.

Literatura cinza Referências

Identificadas Selecionadas

Sites institucionais Sites governamentais

54 49

WHO 5 1

Outros 24 17

Total 83 67

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Na literatura científica, foram identificados 8 modelos de serviços, sendo 3

relacionados ao manejo integrado e continuado do envelhecimento e 5 à cronicidade.

A busca na literatura cinza identificou 67 modelos de atenção ao manejo integrado e

continuado da cronicidade e do envelhecimento.

O Quadro 6 descreve as características de cada estudo incluído. Nota-se

que 50% dos estudos são provenientes de autores dos Estados Unidos.

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Quadro 6 – Descrição dos estudos incluídos por autor, título, ano de publicação, afiliação dos autores, país de afiliação do autor principal,

tipo de estudos e modelo.

N Autor

Principal Título

Ano de Publicação

Afiliação dos autores País Tipo de estudo

1 Fretwell MD The PACE Program: Home-Based Care for Nursing

Home–Eligible Individuals 2011

Elderhaus PACE, Wilmington,

North Carolina

Estados

Unidos

Quantitativo

descritivo

2 Powell DL Pillars for the Care of Older Persons in the Caribbean 2011 Duke University School of Nursing Caribe Teórico

3 Veras RP A assistência suplementar de saúde e seus projetos de

cuidado para com o idoso 2008 UERJ Brasil Qualitativo

4 Fischer HM Managing chronic conditions for elderly adults: the

VNS Choice Model 2005 Wellcare Health Plans

Estados

Unidos

Teórico

Descritivo

5 Naylor MD Scaling up: bringing the transitional care model into

the mainstream 2010

University of Pennsylvania School

of Nursing

Estados

Unidos Editorial

6 Parke B An Elder-Friendly hospital: translating a dream into

reality 2004 Chilliwack Health Service Canadá Descritivo

7 Meek GG The benefits of providing nursing services to

retirement village residents. 2011 Waiariki Institute of Technology

Nova

Zelândia Quantitativo

8 Scharlach A The "Village" model: a consumer-driven approach for

aging in place 2011

School of social welfare, University

of Californa

Estados

Unidos Quantitativo

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4.1 SÍNTESE DOS DADOS

A seguir, são apresentados a síntese dos modelos de serviços identificados

na literatura científica e cinza.

4.1.1 Literatura científica

O Quadro 7 abaixo identifica as principais características de cada um

desses modelos.

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Quadro 7 - Principais características dos modelos de serviços identificados.

N Modelo de serviço

Características do Serviço Características dos Usuários Resumo

1 Program of All-Inclusive Care for the Elderly (PACE)

- Envolve diversos tipos de serviço, como: assistência domiciliar, atenção ambulatorial, atenção hospitalar, atenção primária, cuidados paliativos, saúde mental, assistência social - Requer equipe interprofissional, composta por médico de cuidado primário, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, terapeuta recreacional ou coordenador de atividades, nutricionista, supervisor, auxiliares de enfermagem e motoristas - A esfera administrativa é federal e estadual, sendo gratuito para idosos de baixa renda e idosos com renda acima do limite pagam

O usuário deve atender alguns critérios de inclusão: residir na área de abrangência, ter 55 anos ou mais, ser elegível para receber cuidados institucionais e ser capaz de viver com segurança na comunidade com um cuidador

Programa que objetiva prolongar a independência na comunidade e melhorar a qualidade de vida. Desenvolvido para atender às necessidades dos idosos que querem permanecer na comunidade ao invés de receber cuidados em uma instituição. O Programa oferece assistência médica completa, serviços sociais e serviços de cuidados pessoais requeridos pelo indivíduo. A equipe interdisciplinar é responsável por determinar necessidades de cuidado, alocação de recursos, coordenar todos os serviços e avaliar os resultados dos participantes. O produto desse processo é um plano de atenção integral, que aborda um conjunto padrão de questões biopsicossociais e domínios funcionais relevantes para a saúde de idosos frágeis: diagnósticos e medicamentos, nutrição, função intestinal e de bexiga, cognição, emoção, atividade social, mobilidade, atividades da vida diária, e cooperação com o plano de cuidado. Pode reduzir o número de visitas às emergências, admissões e readmissões hospitalares, oferecendo maior tempo médio de sobrevivência entre os participantes com alto risco de mortalidade.

2 Cuidados Primários de Saúde no Caribe

Modelo de atenção primária, que atende idosos com todos os níveis de dependência e autonomia

Não especificado Os serviços são fornecidos por profissionais de saúde, responsáveis por abordar a maioria das necessidades de cuidados em saúde, desenvolvendo uma parceria com o paciente, praticada no contexto da família e da comunidade. Há quatro pilares de cuidado: cuidado primário com gerenciamento de caso, integração e coordenação dos serviços, promoção de saúde e prevenção de doenças e planejamento e prestação de contas. Cada pilar apresenta possíveis programas e serviços que atendam às necessidades dos idosos e suas famílias. A sobreposição

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dos pilares ressalta a abordagem multissetorial para o atendimento integral e reflete sua interdependência na execução, operações, análise de dados, monitoramento de cuidados continuados e planejamento da assistência. A agregação de dados gerados permite previsão de tendências, planejamento de base populacional, monitoramento ambiental, desenvolvimento da força de trabalho e pesquisa.

3 Projetos para o idoso na assistência suplementar

- Serviços ou programas gerenciados por empresas privadas - Os programas têm como objetivo: prevenção de doenças crônicas, educação em saúde, campanhas educativas e vacinação, gerenciamento de crônicos, visita ou internação domiciliar

Atende idosos com todos os níveis de dependência, com ou sem autonomia

Descreve um modelo teórico para entender os níveis de dependência e atenção ao idoso fora do período de internação. Nenhuma empresa apresentou pleno atendimento a todos os idosos de suas respectivas carteiras. A atenção prestada aos idosos deve basear-se em um modelo teórico que classifica o cuidado em quatro níveis, de acordo com o grau de dependência do idoso e a complexidade das ações: nível 1 - idoso saudável e independente; nível 2 – dependência leve; nível 3 – dependência moderada; e nível 4 – idoso fragilizado e dependente.

4 VNS Choice (Visiting Nurse Service)

- Programa de Nova York para organizações comunitárias - cínicas de enfermagem, serviço de assistência domiciliar, centro dia, serviço de ambulância e alimentação - Objetivo: responder adequadamente às necessidades individuais de cuidado dos usuários por meio de um modelo de gestão do cuidado contínuo - Serviço público, municipal - Requer uma equipe de profissionais

Atende idosos com todos os níveis de dependência, com ou sem autonomia

Provisão de um cuidado coordenado e integrado a serviços clínicos ou no domicílio do usuário. Desde 1998, já atendeu 6900 usuários elegíveis do Medicaid.

5 Transitional Care Model

Não especificado Não especificado Incorpora as principais características do cuidado de transição através do planejamento hospitalar e acompanhamento domiciliar para idosos de alto risco, doentes crônicos internados por condições médicas e

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cirúrgicas comuns. Esses serviços são prestados por um profissional com formação especializada em cuidar de idosos com múltiplas condições crônicas e para apoiar familiares cuidadores. Estudos mostraram que o cuidado de transição direcionado ao idoso com alto risco melhora a qualidade do atendimento, função física, qualidade de vida e satisfação com a experiência do cuidado entre pacientes e seus cuidadores familiares.

6 Elder-Friendly Hospital (EFH)

- Serviço de atenção hospitalar - Objetivo: responder às necessidades dos idosos, considerando que a instituição deve fazer parte da comunidade, reconhecer as consequências adversas da hospitalização em idosos, prever e evitar problemas remediáveis que podem ocorrer quando o hospital cumpre a sua responsabilidade de fornecer o atendimento para a população

Atende idosos com todos os níveis de dependência, com ou sem autonomia

Os Hospitais Amigos do Idoso devem apresentar em seus processos e serviços: avaliação e triagem de alto risco; planejamento do tempo de permanência; planejamento e coordenação do cuidado; processos de cuidado com a participação da família; políticas e procedimentos que refletem a cultura, atitude e ambiente que valoriza os idosos; recrutamento de pessoal com conhecimento no cuidado dos idosos e de suas famílias; ambiente físico devidamente equipado para apoiar as habilidades de idosos e suas famílias; processos de comunicação e de escuta.

7 Village Model - Unidades residenciais múltiplas com acomodação e serviços, principalmente para aposentados - O objetivo é possibilitar ao idoso acesso ao cuidado de enfermagem, fortalecimento dos vínculos entre usuários, equipe de enfermagem e cuidado domiciliar. Utiliza estratégia do cuidado centrado no paciente e identifica necessidades de uma maneira holística - Requer, no mínimo, uma enfermeira - Serviço privado, mediante pagamento de anuidade

Pessoas de classe média Provisão de cuidados em saúde, dentro de uma village de aposentados.

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8 Village Model - Organização comunitária não governamental, privada, mediante pagamento de anuidade - Média de 105 idosos por Village. 48% vivem sozinhos, 7% com companheiro(a) e 3% com outras pessoas - Há 60 villages nos EUA - O objetivo é prover uma variedade de serviços para responder às necessidades dos usuários, promover a saúde e qualidade de vida, independência e autonomia, informação e engajamento na comunidade

Idosos (> 65 anos) de classe média Provisão de residências comunitárias para idosos com a combinação de serviços de saúde e social e não profissionais, como transporte, empregada doméstica e companhia.

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4.1.2 Literatura Cinza

4.1.2.1 Os modelos de atenção às condições crônicas

O tema de qualquer modelo de atenção à saúde, faz referência não a

programas, mas ao modo de se construir a gestão de processos políticos,

organizacionais e de trabalho que estejam comprometidos com a produção

dos atos de cuidar do individual, do coletivo, do social, dos meios, das coisas

e dos lugares e isto sempre será uma tarefa tecnológica, comprometida com

necessidades enquanto valores de uso, enquanto utilidades para indivíduos

ou grupos (Merhy, 2000).

Modelo de atenção à saúde é um sistema lógico que articula as relações

entre a população e suas subpopulações estratificadas por riscos e entre os focos das

intervenções do sistema de saúde e os vários tipos de intervenções sanitárias. Esse

sistema lógico é definido de acordo com a visão prevalecente da saúde, das situações

epidemiológica e demográfica e dos determinantes sociais da saúde, considerados em

determinados tempo e sociedade (Mendes, 2011).

No caso das condições crônicas de saúde, o Chronic Care Model (CCM) ou

Modelo de Atenção Crônica foi desenvolvido nos Estados Unidos pela equipe do

MacColl Institute for Healthcare Innovation e que tem sido adotado por muitos países

(Wagner, 1998). Após desenvolvido, o modelo foi aperfeiçoado com apoio da

Fundação Robert Wood Johnson e testado em um projeto denominado Improving

Chronic Illness Care.

O modelo é composto por seis elementos, subdivididos em dois campos: o

sistema de atenção à saúde e a comunidade, conforme pode ser observado na Figura 7

abaixo.

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Figura 7 - O modelo de atenção às condições crônicas.

Fonte: Mendes, 2012.

No sistema de atenção à saúde, os focos das mudanças são a organização

da atenção à saúde, o autocuidado apoiado, o desenho do sistema de prestação de

serviços, o suporte às decisões e os sistemas de informação clínica. Na comunidade, as

transformações devem incluir a articulação dos serviços de saúde com os recursos da

comunidade. Esses elementos são inter-relacionados e possibilitam o desenvolvimento

de pessoas usuárias informadas e ativas, ou seja, motivadas, informadas e com

habilidades e confiança para decidir sobre sua saúde e gerenciar sua condição crônica;

e de equipe de saúde preparada e proativa, que atua em interação com os usuários e

disponibiliza suporte e recursos necessários para prover uma atenção de alta

qualidade. Dessa forma, são favorecidos os resultados clínicos e funcionais para a

população (Mendes, 2012).

O Quadro 8 identifica quais os objetivos das mudanças em cada um dos

seis elementos e os meios para alcançá-las.

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Quadro 8 - Elementos do CCM, objetivos das mudanças e meios de alcançá-las.

ELEMENTOS OBJETIVO DA MUDANÇA MEIOS PARA A MUDANÇA

Organização da atenção à saúde

Criar cultura, organização e mecanismos para promover uma atenção segura e de alta qualidade

Melhorar o suporte às mudanças em todos os níveis da organização, especialmente com seus líderes; introduzir estratégias destinadas a facilitar as mudanças sistêmicas amplas; fortalecer o manejo dos erros e dos problemas de qualidade para melhorar a atenção à saúde; prover incentivos baseados na qualidade da atenção à saúde; desenvolver acordos que facilitam a coordenação da atenção à saúde.

Autocuidado apoiado Preparar e empoderar os usuários para que auto gerenciem sua saúde e a atenção à saúde prestada

Enfatizar o papel central dos usuários no gerenciamento de sua própria saúde; usar estratégias de apoio para o autocuidado que incluam a avaliação do estado de saúde, a fixação de metas a serem alcançadas, a elaboração dos planos de cuidado, as tecnologias de solução de problemas e o monitoramento; organizar recursos das organizações de saúde e da comunidade apoiar o autocuidado dos usuários.

Desenho do sistema de prestação de serviços

Assegurar uma atenção à saúde efetiva e eficiente e um autocuidado apoiado

Definir papéis e distribuir tarefas entre os membros da equipe multiprofissional; introduzir novas formas de atenção como: compartilhada a grupo, contínua, por pares e à distância; buscar equilíbrio entre atenção à demanda espontânea e atenção programada; planejar o uso de instrumentos para dar suporte a uma atenção à saúde baseada em evidências; prover a gestão de caso para os portadores de condições de saúde muito complexas; monitorar regularmente os portadores de condição crônica; prover a atenção à saúde de acordo com as necessidades, a compreensão e a cultura dos usuários.

Suporte às decisões

Promover uma atenção à saúde que seja consistente com as evidências científicas e com as preferências das pessoas usuárias

Introduzir diretrizes clínicas baseadas em evidência na prática dos sistemas de atenção à saúde; compartilhar essas diretrizes e informações clínicas com usuários para fortalecer sua participação na atenção à saúde; usar ferramentas de educação permanente e educação em saúde; integrar atenção primária com especializada.

Sistema de informação clínica

Organizar os dados da população e dos usuários para facilitar uma atenção à saúde mais eficiente e efetiva

Utilizar prontuários clínicos informatizados; prover alertas, lembretes e feedbacks oportunos para profissionais de saúde e usuários; identificar subpopulações de riscos; elaborar plano de cuidado individual para cada usuário; compartilhar informações clínicas entre profissionais de saúde e usuários para possibilitar a coordenação da atenção à saúde; monitorar desempenho da equipe e do sistema de atenção à saúde.

Recursos da comunidade Mobilizar os recursos da comunidade para atender às necessidades dos usuários

Encorajar a participação dos usuários em programas comunitários; realizar parcerias entre organizações de saúde e comunitárias para desenvolver programas que atendam às necessidades dos usuários; defender políticas que melhorem a atenção à saúde.

Fonte: Mendes, 2012.

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O CCM foi adaptado para vários contextos e países, desenvolvidos ou em

desenvolvimento, e foi implantado em países como Alemanha, Austrália, Canadá,

Cingapura, Dinamarca, Escócia, França, Holanda, Itália, Irlanda, Noruega, Nova

Zelândia, País de Gales, Reino Unido e Suécia (Singh, 2008; Mendes, 2011). Apesar das

abordagens nesses países ser muito diferentes, elas compartilham uma ênfase na

gestão da doença ao nível da prestação de serviços (Singh, 2008).

No Brasil, existem experiências de utilização do modelo no Grupo

Hospitalar Conceição (Porto Alegre/RS), nas Secretarias Municipais de Saúde de

Curitiba/PR e de Diadema/SP e pelo Ministério da Saúde, por meio do Projeto Qualidia

(Mendes, 2012), desenvolvido nas cidades de Anchieta/ES, Antônio Carlos/SC,

Florianópolis/SC, Ilha de Itamaracá/PE, Recife/PE, Rio Bonito/RJ, Rio de Janeiro/RJ, São

Lourenço da Mata/PE, Silva Jardim/RJ e Tijucas/SC1.

De acordo com Ham (2007 apud Mendes, 2011), o modelo é mais

adequado para sistemas de saúde públicos e universais e quando as mudanças incluem

o conjunto dos seis elementos, pois eles potencializam uns aos outros.

Estudos foram realizados para avaliar os efeitos do CCM para a população

e verificou-se que foram positivos. Uma pesquisa realizada em 51 organizações de

saúde da Califórnia com 4 mil portadores de diabetes, insuficiência cardíaca, asma e

depressão revelou que: 1) as organizações apresentaram melhorias, com média de 48

mudanças, em 5,8 dos 6 elementos do CCM; 2) houve diminuição do risco

cardiovascular em portadores de diabetes; 3) os portadores de insuficiência cardíaca

utilizaram menos 35% de internações (medidas por leitos/dia); 4) os portadores de

asma e diabetes receberam tratamentos mais adequados às suas doenças; e 5) as

mudanças tiveram sustentabilidade em 82% das organizações e se difundiram dentro e

fora delas (Mendes, 2012).

Para facilitar o monitoramento e a implantação do CCM, foram

desenvolvidos alguns instrumentos, dentre os quais, um checklist, organizado pelos

seis elementos do CCM, para verificar se todos eles foram considerados no processo

de implantação.

1 Disponível em: www.qualidia.com.br. Acesso em: 13 Mai 2013.

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A partir de uma ferramenta desenvolvida pelo Serviço de Saúde Indiano

para avaliação da atenção ao diabetes (Acton et al., 1993, 1995 apud Bonomi et al.,

2002), os pesquisadores Bonomi et al. (2002) elaboraram o Questionário de Avaliação

do Cuidado às Doenças Crônicas (Assessment of Chronic Illness Care - ACIC), que

objetiva identificar campos de melhoria da atenção às doenças crônicas antes da

implementação de ações ou projetos e avaliar o grau e a natureza das melhorias feitas

em resposta às intervenções realizadas2 (Mendes, 2012).

Esse questionário destina-se a aplicação na equipe de saúde e é dividido

em sete partes: organização do sistema de saúde, cooperação comunitária, unidade de

saúde, suporte para decisões clínicas, desenho da linha de cuidado, sistema de

informação clínica e integração dos componentes do modelo2.

Com a finalidade de realizar o diagnóstico organizacional da capacidade do

serviço de saúde de cuidar das doenças crônicas na visão dos usuários, foi

desenvolvido o Questionário de Avaliação do Paciente do Cuidado às Condições

Crônicas (Patient Assessment of Chronic Illness Care – PACIC) (Mendes, 2012).

O PACIC é uma escala do tipo Likert, composto por 25 questões, que

incluem temas como: plano de cuidado, proatividade no cuidado, intervenções sobre

fatores de risco modificáveis, respeito aos valores pessoais, autocuidado, acesso a

especialistas e monitoramento do cuidado (Mendes, 2012).

Em 2003, a Organização Mundial de Saúde propôs uma expansão do CCM,

o Modelo dos Cuidados Inovadores para as Condições Crônicas (CICC) (Figura 8), que

considera as pessoas usuárias e suas famílias, as comunidades e as organizações de

saúde. O modelo propõe-se a melhorar a atenção à saúde em três níveis, ou

componentes estruturais: micro (indivíduos e famílias), meso (organizações de saúde e

comunidade) e macro (políticas de saúde) (OMS, 2003; Mendes, 2011).

2 Disponível em: www.qualidia.com.br. Acesso em: 13 Mai 2013.

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Figura 8 - O Modelo dos Cuidados Inovadores para Condições Crônicas.

Fonte: OMS, 2003.

Os componentes estruturais do modelo podem ser utilizados para criar ou

redesenhar um sistema com capacidade para gerir condições crônicas de forma mais

eficaz (OMS, 2003). O Modelo CICC se concentra em aspectos comunitários e políticos

de melhoria dos cuidados crônicos, ao invés do foco na atenção primária (Singh, 2008).

O modelo CICC possui seis princípios norteadores, que são fundamentais

para os três níveis (micro, meso e macro) do sistema de saúde: tomada de decisão com

base em evidências científicas; enfoque na população; enfoque na prevenção; enfoque

na qualidade; integração (nas categorias de condições crônicas e em todos os âmbitos

da saúde); e flexibilidade e adaptabilidade (OMS, 2003).

O Quadro 9 abaixo ilustra alguns exemplos de utilização do modelo CICC

por alguns países.

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Quadro 9 - Exemplos de iniciativas internacionais que utilizaram o Modelo dos Cuidados Inovadores para Condições Crônicas.

MODELO DE SERVIÇO PAÍS PRINCÍPIOS EQUIPE ESTRUTURA

FÍSICA CUSTOS USUÁRIOS PROCESSOS

COMPONENTES ESTRUTURAIS

Nível Micro - componentes estruturais no nível de interação do paciente

Compliance Service África do Sul

Melhoria do autogerenciamento e da aderência ao tratamento

Equipe de monitoramento

Centro de monitoramento

US$ 1 por paciente por mês

Pacientes crônicos

Adota medidas pró-ativas para ajudar as pessoas a gerenciar suas condições crônicas mediante o envio de mensagens de correio eletrônico e notas de lembrete via SMS. As mensagens trazem dicas do dia-a-dia (por exemplo, uma receita com pouco sal para pessoas hipertensas), humor ou informações específicas sobre determinada doença. Cada mensagem termina com um aviso (por exemplo, “tome o [nome do remédio] agora”, ou “é hora de marcar uma consulta na [nome da clínica]”). Existe um centro de monitoramento que permite aos destinatários relatarem problemas na transmissão ou entrarem em contato por telefone com uma central de atendimento 24 horas atendida por profissionais de enfermagem.

- Apoiar o autogerenciamento e a prevenção (organização de saúde) - Mobilizar e coordenar recursos (comunidade) - Prestar serviços complementares (comunidade) - Esse projeto é particularmente importante considerando o fato de que a aderência a tratamentos de longo prazo está em torno de 50% nos países desenvolvidos e em cerca de 20% nos países em desenvolvimento

Nível Meso - componentes estruturais para a organização de saúde

Cooperativa Locais de Saúde

Escócia Integração dos serviços de saúde primários e comunitários

Clínicos gerais e conselho administrativo multidisciplinar composto por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, outros

Consultórios Não informado Populações com menos de 10.000 habitantes a mais de 172.000 habitantes

- As cooperativas são organizações de integração local que reúnem serviços de atenção primária e comunitária com diversos serviços especializados - Assessoramento por meio de serviços online ou de televisão digital e distribuição

- Fortalecer parcerias (ambiente político) - Desenvolver e alocar recursos humanos (ambiente político) - Organizar e equipar o pessoal da área de saúde (organização de saúde) - Apoiar o

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profissionais de saúde e público em geral

de materiais educativos para o autocuidado - NHS 24: sistema de triagem controlado por enfermeiros que encaminham os pacientes incapazes de cuidarem de si a um membro mais indicado da equipe de atenção primária ou, em caso de emergência, ao serviço de ambulância ou hospital - Atenção primária ampliada: equipe de atenção primária (médicos, enfermeiros, parteiras, farmacêuticos, assistentes sociais) capazes de suprir a maior parte das necessidades dos pacientes - Atenção intermediária: médicos, enfermeiras, terapeutas e assistentes sociais oferecem serviços locais que incluem investigação, reabilitação e alívio, principalmente, para idosos, em hospitais da comunidade, serviços de enfermagem, atenção domiciliar e a própria casa do paciente; - Atenção secundária: interligada por meio de redes de clínicas gerenciadas, apoia o trabalho dos níveis anteriores; - Atenção terciária: interligada mediante redes de clínicas gerenciadas, como centros de assessoramento e atenção altamente especializados

autogerenciamento e a prevenção (organização de saúde) - Promover melhores resultados por meio de liderança e apoio (comunidade) - Mobilizar e coordenar os recursos (comunidade) - Desempenham um papel importante na evolução da hierarquia que apoia a saúde comunitária e o bem-estar mediante a integração da atenção

Noncommunicable diseases health intervention project

Tanzânia, Camarões

Projeto básico de intervenção em saúde para as doenças não

Equipe de atenção primária

Estrutura da atenção primária

Não informado Portadores de hipertensão, doenças cardíacas e

Inclui: - Diretrizes clínicas - Material educativo direcionado ao paciente para

- Organizar e equipar os profissionais de saúde (organização de saúde) - Usar os sistemas de

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transmissíveis diabetes apoiar o uso das diretrizes clínicas - Métodos e materiais de treinamento direcionados aos profissionais para apoiar o uso das diretrizes clínicas - Formulários de registro de pacientes e um sistema de marcação de consultas e acompanhamento - Proporciona pacotes de tratamento baseados em evidências científicas para tratar hipertensão, doença cardíaca e diabetes na atenção primária de saúde

informação (organização de saúde)

Atenção integrada para as condições crônicas

Etiópia Melhorar o acesso e a aderência ao tratamento

Médicos e enfermeiros

Instituições comunitárias de saúde

Não informado. Patrocinado pela Loteria Nacional do Reino Unido, por intermédio da Fundação Tropical Health and Education Trust de Londres

Pessoas portadoras de diabetes, epilepsia, doença cardíaca, doenças reumáticas, hipertensão e asma; tratamento oftalmológico comunitário e gerenciamento de incapacidades físicas crônicas

Os médicos residentes do Gondar College, auxiliados por enfermeiros treinados, realizam visitas mensais a instituições de saúde comunitárias para fazer acompanhamentos.

- Organizar e equipar os profissionais de saúde (organização de saúde) - Baseado nos conceitos de que o acesso e a aderência ao tratamento podem ser melhorados se os pacientes forem tratados em instituições de saúde próximas às suas residências

Kaiser Permanente Estados Unidos

Atenção integrada para as condições crônicas

Médicos, enfermeiros, educadores em saúde, psicólogos e fisioterapeutas (equipe de atenção primária)

Instituições de saúde (de atenção primária, ambulatórios, hospitais)

Não informado. Uma comparação entre o sistema Kaiser Permanente e o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido demonstrou que apesar de os custos per capita

Principalmente portadores de condições crônicas

A equipe de atenção primária está vinculada a farmácias, ao assessoramento por telefone, aos centros de marcação de consultas, aos programas de gerenciamento de condições crônicas e às clínicas. Dessa forma, é estabelecido um sistema de saúde totalmente integrado, que vai desde o

- Promover continuidade e coordenação (organização de saúde) - Organizar e equipar os profissionais de saúde (organização de saúde) - Usar sistemas de informação (organização de saúde) - Apoiar o

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em cada sistema serem similares, o desempenho da Kaiser foi consideravelmente melhor em termos de acesso, tratamento e tempo de espera

atendimento ambulatorial até a internação hospitalar. Os pacientes são inscritos nos programas de gerenciamento de condições crônicas por meio de estratégias de extensão que classificam os indivíduos com problemas crônicos que não buscaram atenção primária e mediante identificação feita pelo médico durante a consulta. Os pacientes recebem assistência de múltiplas áreas do conhecimento de acordo com a intensidade de suas necessidades. O esquema contempla os três níveis de atenção. Há uma ênfase na prevenção, na educação e no autogerenciamento do paciente.

autogerenciamento e a prevenção (organização de saúde)

Chronic Disease Self- Management Program

China - Aumentar o autogerenciamento e reduzir a utilização dos serviços de saúde - As pessoas com condições crônicas têm preocupações e problemas semelhantes, podendo aprender a assumir a responsabilidade pelo gerenciamento diário de suas doenças, problemas físicos e emocionais; - As pessoas leigas com condições crônicas, quando recebem um manual detalhado,

Líderes voluntários capacitados que trabalham em duplas

Espaço físico para realização das sessões

Não informado Portadores de doenças crônicas

Realização de 7 sessões programadas, durante 7 semanas consecutivas, com duração de 60 a 90 minutos cada. Os temas incluem exercícios, uso de técnicas cognitivas de administração de sintomas, nutrição, gerenciamento da fadiga e do sono, utilização dos recursos da comunidade, uso de medicamentos, administração do medo, da raiva e da depressão, interação com profissionais da saúde, resolução de problemas e tomada de decisão

- Apoiar o autogerenciamento e a prevenção (organização de saúde) - Promover melhores resultados por meio de liderança e apoio (comunidade) - Prestar serviços complementares (comunidade)

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conseguem seguir um programa de autogerenciamento de forma tão eficaz (ou mais) quanto os profissionais da saúde

Action Point Estados Unidos

Aderência da população carente da zona urbana ao tratamento de HIV/AIDS

Médico, psicólogo

Não informado O custo anual do projeto por cliente equivale, aproximadamente, ao custo anual, no varejo, de um único inibidor da protease

População carente da zona urbana portadora de HIV/AIDS

Fornecer medicamentos à população carente com HIV positivo. Semanalmente, um pequeno incentivo pecuniário é entregue aos clientes que utilizam os serviços pelo menos uma vez por semana. Após um mês de inscrição, os clientes recebem um bipe que emite um sinal sonoro em momentos específicos do dia para lembrá-los de tomar os medicamentos.

- Garantir a qualidade por meio de liderança e incentivos (organização de saúde) - Apoiar o autogerenciamento e a prevenção (organização de saúde) - Usar os sistemas de informação (organização de saúde) - Mobilizar e coordenar recursos (comunidade) - Prestar serviços complementares (comunidade)

Nível Macro: componentes estruturais de um ambiente político favorável

Home-based care Zâmbia - Atenção domiciliar para HIV/AIDS e Tuberculose - Programa baseado na comunidade

Enfermeiros e voluntários da comunidade

Atendimento domiciliar

Não informado Portadores de HIV/AIDS e Tuberculose

- Visita domiciliar realizada por enfermeiros comunitários que prestam cuidados diretos aos pacientes e apoiam os agentes comunitários de saúde - Os enfermeiros e voluntários da comunidade realizam atividades de cuidado direto ao paciente, apoio ao autogerenciamento, família e cuidadores

- Promover melhores resultados por meio de liderança e apoio (comunidade) - Mobilizar e coordenar recursos (comunidade) - Prestar serviços complementares (comunidade)

National Depression Programme

Finlândia Reduzir o estigma e melhorar os cuidados de distúrbios mentais crônicos

Não Informado Não informado Não informado Portadores de depressão, profissionais de saúde e de assistência social e população em

- Planos para ampliar a consciência pública sobre o problema da depressão - Relacionamento intersetorial para ajudar os pacientes - Cursos de capacitação para profissionais da saúde e de

- Organizar e equipar o pessoal da área de saúde (organização de saúde) - Aumentar a consciência e reduzir o estigma (comunidade) - Prestar serviços

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geral assistência social - Campanhas públicas de conscientização - Grupos de autoajuda na comunidade para pessoas com sintomas de depressão

complementares (comunidade)

National Schizophrenia Project

Finlândia Reduzir o estigma e melhorar os cuidados de distúrbios mentais crônicos

Equipe multidisciplinar

Não informado Não informado Portadores de esquizofrenia e família

- Envolvimento da família e incorporação de novas abordagens no tratamento - Trabalho de equipes multidisciplinares nas comunidades para prevenir internação e manter os pacientes seguros

- Organizar e equipar o pessoal da área de saúde (organização de saúde) - Aumentar a consciência e reduzir o estigma (comunidade) - Prestar serviços complementares (comunidade)

Abordagem multifacetada para enfrentamento das condições crônicas

Botsuana Liderança do governo para tratar as condições crônicas

Não informado Não informado Não informado Pessoas com condições crônicas e HIV/AIDS

- O Ministro da Saúde montou uma equipe responsável pela vigilância, prevenção e controle de doenças não transmissíveis - O aumento progressivo da carga de HIV/AIDS acarretou uma mudança na capacitação de trabalhadores da saúde, que antes eram treinados apenas na atenção de problemas agudos

- Formar liderança e defender a causa (ambiente político) - Desenvolver e alocar recursos humanos (ambiente político)

Programa integrado de gerenciamento de doenças não transmissíveis

Índia Gerenciamento e prevenção integrada de doenças não transmissíveis (DNT)

Não informado Não informado Não informado Não informado - Educação em saúde para a prevenção primária e secundária das DNT com a mobilização da comunidade, envolvendo os meios de comunicação de massa - Protocolos de tratamento para educação e capacitação de médicos no diagnóstico e gerenciamento das DNT - Fortalecimento e/ou criação de instituições para diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares e o estabelecimento de serviços de referência em saúde - Produção de medicamentos

- Integrar políticas (ambiente político) - Formar liderança e defender a causa (ambiente político) - Desenvolver e alocar recursos humanos (ambiente político)

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de baixo custo para tratar diabetes, hipertensão e infarto do miocárdio - Desenvolvimento e sustentação de instituições para reabilitação de pessoas com incapacidades - Apoio a pesquisas (estudos epidemiológicos sobre doenças cardiovasculares e diabetes; intervenções multisetoriais baseadas na população para reduzir os fatores de risco; função da nutrição e dos fatores relacionados ao estilo de vida; desenvolvimento de intervenções com boa relação custo-eficácia em cada nível da atenção)

Programa de atenção à tuberculose

Peru Melhorando a atenção para tuberculose mediante apoio político

Não informado Não informado Não informado Não informado - Distribuição gratuita de medicamentos e fornecimento de alimentos (como um incentivo para aumentar a aderência ao tratamento entre pacientes de baixa renda) - Capacitação de enfermeiros

- Formar liderança e defender a causa (ambiente político) - Promover financiamento regular (ambiente político) - Garantir a qualidade por meio de liderança e incentivos (organização de saúde) - Organizar e equipar o pessoal da saúde (organização de saúde)

Health Houses Irã Abordando as condições crônicas na atenção primária

Clínicos gerais, parteiras e dentistas nos centros de saúde rurais

Não informado Não informado Cerca de 1500 por casa de saúde

- Os centros de saúde rurais supervisionam, apoiam e atendem os casos referidos pelas casas de saúde. Os centros de saúde urbanos desempenham suas funções principalmente com o auxílio dos postos de saúde. Os hospitais distritais nas cidades atendem os casos referidos pelos centros de saúde urbanos e são responsáveis por serviços

- Fortalecer parcerias (ambiente político) - Formar liderança e defender a causa (ambiente político) - Desenvolver e alocar recursos humanos (ambiente político) - Promover coordenação e continuidade (organização de saúde) - Organizar e equipar o

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especializados, hospitalares e atendimento ambulatorial - As atividades primárias nas casas e postos de saúde identificam na comunidade casos que não receberam tratamento e fornecem cuidados de seguimento especialmente para os casos de tuberculose, malária, distúrbios mentais, hipertensão e diabetes - O Ministério da Saúde compartilha a responsabilidade de provisão dos serviços de saúde e capacitação médica em todo o país. A participação ativa da comunidade é estimulada no planejamento e implementação de serviços de saúde

pessoal da área de saúde (organização de saúde)

Programa de Reforma do Setor Saúde

Filipinas Reforma nacional do setor saúde

Não informado Não informado Não informado População com pouco acesso à saúde

- O Programa incrementou os serviços para garantir uma prestação mais eficaz dos programas de saúde pública. Quanto às condições crônicas, as atividades de reforma enfocaram: normas e direcionamentos clínicos; sistemas de vigilância e de registro; abordagens baseadas na comunidade; pesquisa e financiamento. Essas atividades são adaptadas às necessidades específicas de diferentes condições crônicas, incluindo doença cardiovascular, câncer, diabetes, asma e transtornos osteomusculares

- Integrar políticas (ambiente político) - Formar liderança e defender a causa (ambiente político)

Fonte: OMS, 2003.

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Outros modelos que derivaram do Modelo de Atenção Crônica são apresentados no Quadro 10 abaixo.

Quadro 10 - Modelos que derivaram do CCM.

MODELO PAÍS BREVE DESCRIÇÃO

Modelo de Atenção Crônica Expandido

Canadá, adotado pela Província da Colúmbia

Britânica

Inclusão do componente de promoção da saúde ao CCM, voltado para os determinantes sociais de saúde e para a participação na comunidade.

Modelo de Atenção à Saúde e de Assistência Social

Reino Unido

Integra as ações de atenção à saúde e de assistência social. Esse modelo é pautado em intervenções realizadas na infraestrutura (recursos comunitários, suporte às decisões, sistemas de informações clínicas e ambientes da atenção à saúde e da assistência social); no sistema de atenção à saúde (promoção da saúde, autocuidado apoiado, gestão da condição de saúde e gestão de caso); e nos resultados (desenvolver usuários mais informados e empoderados e profissionais de saúde e de assistência social proativos e bem preparados). Os fatores-chave desse modelo são: enfoque sistemático para integrar atenção à saúde, assistência social, profissionais e usuários; identificação de todos os portadores de condições crônicas; estratificação dos usuários para receberem atenção diferenciada segundo suas necessidades; agentes comunitários na gestão de caso; identificação de usuários que usam intensivamente os serviços; utilização de equipes multiprofissionais na atenção primária, com apoio de especialistas; ênfase no autocuidado apoiado; e uso de instrumentos e tecnologias já disponíveis para produzir impacto na saúde das pessoas.

Modelo de Atenção à Saúde e de Assistência Social

Escócia

Adotou o modelo desenvolvido pelo Reino Unido, a partir dos seguintes elementos: diretrizes clínicas para portadores de condições crônicas; parceria entre as equipes de saúde e usuários; soluções integradas que respondam às necessidades de portadores de condições crônicas; foco na atenção primária e nos equipamentos comunitários; e autocuidado apoiado.

Modelo da Continuidade da Atenção à Saúde

Austrália

Considera que evolução das condições crônicas se inicia por uma população saudável, passando para subpopulações com fatores de risco, subpopulações com condição crônica e subpopulação com condição crônica em estado terminal. Propõe intervenções relativas a esses diversos momentos. Essas intervenções são associadas a promoção da saúde, atuação sobre os fatores de risco, ações de recuperação e reabilitação e cuidados paliativos para os portadores de condições terminais.

Modelo do Curso de Vida

Nova Zelândia Derivado do modelo australiano, considera que o curso da vida evolui de uma população protegida para uma população vulnerável, depois para uma população com condição estabelecida sem complicações e para uma população com condição de saúde estabelecida com complicações. A cada momento, há ações de promoção

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primária, secundária e terciária à saúde. O modelo estrutura-se em: resultados finais (melhores níveis de saúde, redução de iniquidades, maior autonomia, segurança e confiança, intersetorialidade, equidade e acesso, efetividade, qualidade e eficiência); resultados intermediários (diminuição da incidência das condições crônicas, redução do impacto das condições crônicas na saúde e no bem-estar, maior resposta dos serviços às necessidades das pessoas e das famílias e maior envolvimento das pessoas, famílias e comunidade); produtos (volume e tipo de serviços de prevenção, de enfrentamento de riscos, de atenção curativa, de reabilitação e de cuidados paliativos); atividades (clínicas e gerenciais); e insumos (recursos humanos, materiais e financeiros).

Modelo de Fortalecimento da Atenção à Saúde

Estados Unidos Tem como foco ajudar as pessoas e a comunidade a desenvolver seus próprios talentos, capacidades e interesses, conectando-os com os recursos de que necessitam para atingir seus objetivos.

Modelo da Atenção Guiada

Estados Unidos

Desenvolvido para o cuidado de idosos com múltiplas condições crônicas. Foi implantado na atenção primária, articulando as ações de médicos e enfermeiros para prover sete serviços a grupos de aproximadamente 50 pessoas: diagnóstico integral e plano de cuidado; melhores práticas para a atenção às condições crônicas; autogestão das condições crônicas; estilos de vida saudáveis; atenção coordenada; informação e suporte familiar; e mobilização de recursos comunitários.

Modelo da Saúde Pública

Estados Unidos

Composto por três níveis de intervenções: políticas dirigidas à população, atividades comunitárias e serviços de atenção à saúde. Inclui serviços preventivos e monitoramento dos cuidados aos portadores de condições crônicas e enfatiza os determinantes sociais, culturais e econômicos das doenças. Requer liderança comprometida, vigilância em saúde, parcerias, planejamento estatal, intervenções focalizadas e avaliação e gestão de programas.

Modelo de Atenção à Saúde dos Veteranos de Guerra

Estados Unidos Articula o envolvimento dos usuários e das famílias no planejamento da atenção; a melhoria da autonomia e da capacidade funcional; a provisão de uma atenção integrada contínua; a integração entre atenção aguda e de longo prazo; e a colaboração de equipes multiprofissionais.

Fonte: Mendes, 2011.

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Outro modelo de atenção às condições crônicas que teve influência do

CCM é a Pirâmide de Risco da Kaiser Permanente (Figura 9), que foi desenvolvido nos

Estados Unidos e tem sido utilizado por diversos países, como Austrália, Canadá,

Dinamarca, Nova Zelândia e Reino Unido (Mendes, 2012).

O modelo considera três níveis de intervenções, de acordo com a

complexidade da condição crônica, o que orienta as intervenções em relação aos

grupos de riscos e possibilita a utilização mais racional dos recursos humanos, que são

concentrados nos grupos de maior risco.

A Pirâmide de Riscos é centrada na integração do sistema de saúde; na

estratificação da população por riscos; no manejo dos riscos através da gestão da

clínica; nas ações de prevenção e promoção; no autocuidado apoiado; na associação

da atenção à saúde com as necessidades dos usuários; na integração entre a atenção

primária e especializada; e na visão dos usuários como membros das equipes de saúde

(Mendes, 2011).

Figura 9 - Modelo da Pirâmide de Risco da Kaiser Permanente.

Fonte: Mendes, 2011.

A partir da estratificação dos riscos, o modelo considera a natureza do

cuidado dividida em autocuidado apoiado e atenção profissional. Conforme a doença

crônica avança, a relação entre o autocuidado apoiado e atenção profissional é

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alterada, ou seja, as condições crônicas simples são enfrentadas com o autocuidado

apoiado e as condições complexas são enfrentadas em maior escala com a atenção

profissional (Mendes, 2012).

4.1.2.2 A experiência de Portugal

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada em

2006 a partir do decreto-lei n.º 101/2006 e se constitui como um novo modelo

organizacional por um conjunto de instituições públicas e privadas, que prestam

cuidados continuados de saúde e de apoio social.

A RNCCI tem como objetivo a prestação de cuidados de saúde e de apoio

social de forma continuada e integrada a pessoas que, independentemente da idade,

encontrem-se em situação de dependência.

Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação

global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade,

no âmbito da situação de dependência em que se encontra.

As características e princípios são:

Promoção da continuidade de cuidados de forma integrada a pessoas

em situação de dependência e com perda de autonomia;

Prestação individualizada e humanizada de cuidados;

Continuidade dos cuidados entre os diferentes serviços, sectores e

níveis de diferenciação, mediante a articulação e coordenação em rede;

Equidade no acesso e mobilidade entre os diferentes tipos de unidades

e equipes da Rede;

Proximidade da prestação dos cuidados, através da potenciação de

serviços comunitários de proximidade;

Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade na prestação dos cuidados;

Avaliação integral das necessidades da pessoa em situação de

dependência e definição periódica de objetivos de funcionalidade e autonomia;

Promoção, recuperação contínua ou manutenção da funcionalidade e

da autonomia;

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Participação das pessoas em situação de dependência e dos seus

familiares ou representante legal, na elaboração do plano individual de intervenção e

no encaminhamento para as unidades e equipes da Rede;

Participação e co-responsabilização da família e dos cuidadores

principais na prestação dos cuidados; e

Eficiência e qualidade na prestação dos cuidados.

A coordenação da Rede processa-se a nível nacional, em termos de

constituição e competências. A coordenação da Rede aos níveis regional e local visa a

sua operacionalização em dois níveis territoriais, permitindo, desta forma, uma

articulação efetiva e eficiente dos diferentes níveis de coordenação da Rede,

garantindo flexibilidade e sequencialidade na utilização das unidades e equipes que a

compõem.

Em relação à tipologia, a prestação de cuidados continuados integrados é

assegurada por: unidades de internação, unidades de ambulatório, equipes

hospitalares e equipes domiciliárias. As constituições de cada tipo de serviço estão

descritas no Quadro 11.

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Quadro 11 – Descrição dos tipos de serviços que compõem a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.

Unidades de internação Unidade de ambulatório Equipes hospitalares Equipes domiciliárias

Unidades de convalescença Unidade de dia e de promoção da

autonomia Equipes de gestão de altas

Equipes de cuidados continuados

integrados

Unidades de média duração e

reabilitação

Equipes intra-hospitalares de

suporte em cuidados paliativos

Equipes comunitárias de suporte

em cuidados

paliativos

Unidades de longa duração e

manutenção

Unidades de cuidados paliativos

As características de cada unidade de internação estão descritas no Quadro 12.

Quadro 12 – Características das unidades de internação.

Tipos Unidades de Convalescença Unidades de Média Duração e

Reabilitação

Unidades de Longa Duração e

Manutenção Unidades de Cuidados Paliativos

Definição Unidade de internação,

independente, integrada num

hospital de agudos ou outra

instituição. Articulada com um

hospital de agudos, para prestar

tratamento e supervisão clínica,

continuada e intensiva, e para

cuidados clínicos de reabilitação, na

sequência de internação hospitalar

originado por situação clínica aguda,

Unidade de internação, com espaço

físico próprio, articulada com o

hospital de agudos para a prestação

de cuidados clínicos, de reabilitação e

apoio psicossocial, por situação

clínica decorrente de recuperação de

um processo agudo ou

descompensação de processo

patológico crônico, a pessoas com

perda transitória de autonomia

Unidade de internação, de caráter

temporário ou permanente, com

espaço físico próprio, para prestar

apoio social e cuidados de saúde de

manutenção a pessoas com doenças

ou processos crônicos, com

diferentes níveis de dependência e

que não reúnam condições para

serem cuidadas no domicílio

Unidade de internação, com espaço

físico próprio, preferencialmente

localizada num hospital, para

acompanhamento, tratamento e

supervisão clínica a doentes em

situação clínica complexa e de

sofrimento, decorrentes de doença

severa e/ou avançada, incurável e

progressiva, nos termos do

consignado no Programa Nacional de

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recorrência ou descompensação de

processo crônico

potencialmente recuperável Cuidados Paliativos do Plano Nacional

de Saúde

Objetivos Promover a reabilitação e a

independência dos pacientes;

contribuir para a gestão das altas dos

hospitais de agudos; evitar a

permanência desnecessária nos

serviços dos hospitais de agudos;

otimizar a utilização de unidades de

internação de média e longa duração

Evitar permanências desnecessárias

em hospitais de agudos; contribuir

para a gestão das altas dos hospitais

de agudos; reduzir a utilização

desnecessária de unidades de

internação de convalescença e de

longa duração; promover a

reabilitação e a independência dos

pacientes

Facilitar a gestão das altas dos

hospitais de agudos; promover a

autonomia e a satisfação de

necessidades sociais dos doentes

Acompanhamento, tratamento e

supervisão clínica de doentes em

situação clínica complexa e de

sofrimento decorrente de doença

severa e/ou avançada, incurável e

progressiva

Equipe mínima

Enfermeiros (sendo,

preferencialmente, um especialista

em Reabilitação)

Médicos (sendo um fisiatra)

Fisioterapeuta

Dietista

Auxiliares de ação médica

Técnico de serviço social

Assistentes administrativos

Médico

Enfermeiro

Fisioterapeuta

Terapeuta ocupacional em tempo

parcial

Psicólogo clínico em tempo parcial

Nutricionista em tempo parcial

Auxiliares de ação médica

Profissionais de ação social (técnico

de serviço social e pessoal com perfis

profissionais que garantam o

funcionamento da unidade)

Médico

Enfermeiro

Fisioterapeuta em tempo parcial

Terapeuta ocupacional em tempo

parcial

Psicólogo clínico em tempo parcial

Nutricionista em tempo parcial

Auxiliares de ação médica/ ajudantes

de saúde (na base de 1

profissional/leito). Este número

deverá ser reforçado no caso de

terem a responsabilidade de limpeza

e manutenção das instalações

Profissionais de ação social (técnico

de serviço social e pessoal com perfis

profissionais que garantam o

funcionamento da unidade)

Implementação Preferencialmente em equipamento

independente dos Hospitais de

Deverão situar-se em instalações

próprias, podendo ser considerada a

Deverão situar-se em instalações

próprias, podendo ser considerada a

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Agudos, na sua proximidade. Para

otimização de recursos, poderão

situar-se, nas suas instalações ou na

dos Centros de Saúde com unidades

de internação, considerando a

reconversão e adaptação das

instalações já existentes. O número

de unidades será estimado em função

das características sócio-

demográficas, bem como do

panorama de equipamentos

edificados do Serviço Nacional de

Saúde (SNS), da região de

implementação. Genericamente, para

cada área de influência regional, a

resposta em Convalescença não

deverá ultrapassar as 24 camas por

cada 100.000 habitantes. O local para

implementação deve obedecer aos

seguintes requisitos: ter boas

acessibilidades; ser implantado em

zona com boa salubridade, longe de

estruturas ou infraestruturas que

provoquem ruído, vibrações, cheiros,

fumos ou outros poluentes

considerados perigosos para a saúde

pública e que perturbem, ou

interfiram negativamente, no

cotidiano dos pacientes

reconversão e adaptação de

instalações já existentes. O número

de unidades é, em primeira linha,

estimado em função das

características sócio-demográficas da

zona de implementação. O local para

implementação das Unidades deve

obedecer aos seguintes requisitos:

ter acessibilidades;

ser implantado em zona de boa

salubridade, longe de estruturas ou

infraestruturas que provoquem

ruído, vibrações, cheiros, fumos ou

outros poluentes considerados

perigosos para a saúde pública e que

perturbem, ou interfiram, no

cotidiano dos utilizadores;

estar inserido na comunidade de

modo a permitir a integração social

dos usuários

reconversão e adaptação de

instalações já existentes. O número

das Unidades é, em primeira linha,

estimado em função das

características sócio-demográficas da

zona de implementação. O local para

implementação das Unidades deve

obedecer aos seguintes requisitos:

ter acessibilidades;

ser implantado em zona de boa

salubridade, longe de estruturas ou

infraestruturas que provoquem ruído,

vibrações, cheiros, fumos ou outros

poluentes considerados perigosos

para a saúde pública e que

perturbem, ou interfiram, no

quotidiano dos utilizadores;

estar inserido na comunidade de

modo a permitir a integração social

dos utilizadores

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O ingresso na Rede é efetuado através de proposta das equipes

prestadoras de cuidados continuados integrados ou das equipes de gestão de altas, na

decorrência de diagnóstico da situação de dependência. A admissão varia de acordo

com as diferentes unidades (Quadro 13).

Quadro 13 – Formas de admissão segundo unidade de serviço.

Unidades Forma de admissão

Unidades de convalescença e unidades de

média duração e reabilitação

Preferencialmente pela equipe de gestão de

altas na decorrência de diagnóstico da

situação de dependência elaborado pela

equipe que preparou a alta hospitalar

Unidades de média duração e reabilitação Determinada pela equipe coordenadora local

Unidades de longa duração e manutenção e

unidades de dia e de promoção da autonomia

Determinada pela equipe coordenadora local,

na decorrência de diagnóstico de situação de

dependência por ela efetuado

Unidades de cuidados paliativos Determinada por proposta médica

Equipes intra-hospitalares Determinada por proposta médica

A admissão nas unidades de internação depende, ainda, da impossibilidade

de prestação de cuidados no domicílio e da não justificação de internação em hospital

de agudos. A admissão nas equipes de suporte em cuidados paliativos é feita sob

proposta, preferencialmente, das equipes prestadoras de cuidados continuados

integrados dos centros de saúde de abrangência ou das equipes de gestão de altas dos

hospitais de referência da zona.

Após a identificação da necessidade de cuidados de apoio social, a equipe

de coordenação local da referida área determina a proposta de cuidado.

As entidades promotoras e gestoras das unidades e equipes da Rede

revestem uma das seguintes formas: 1) entidades públicas dotadas de autonomia

administrativa e financeira, com ou sem autonomia patrimonial; 2) instituições

particulares de solidariedade social e equiparadas, ou que prossigam fins idênticos; 3)

entidades privadas com fins lucrativos; e 4) centros de saúde do Serviço Nacional de

Saúde.

O financiamento das unidades e equipes da Rede depende das condições

de funcionamento das unidades e obedece ao princípio da diversificação das fontes de

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financiamento e da adequação seletiva mediante modelo de financiamento próprio, a

depender da aprovação por portaria dos Ministros de Estado e das Finanças, do

Trabalho e da Solidariedade Social e da Saúde.

4.1.2.3 A experiência da Espanha

A assistência de saúde para idosos na Espanha é desenvolvida em duas

dimensões: cuidados de longa duração, que é o conjunto de atividades direcionadas

para satisfazer as necessidades causadas pela incapacidade funcional; e assistência de

saúde, que apresenta diversas modalidades de atenção (Casado, Rico, Sabes, 2002)

(Figura 10).

Figura 10 - A atenção aos idosos vulneráveis na Espanha.

Fonte: Adaptado de Casado, Rico, Sabes, 2002.

*Means Tested: teste de elegibilidade de acesso ao serviço.

O Governo Espanhol possui o Sistema para la Autonomía y Atencion a la

Dependencia (SAAD), que objetiva promover a autonomia e melhorar a qualidade de

vida, proporcionar oportunidades, favorecer a autonomia e a participação ativa na

comunidade. Os cuidados direcionados às pessoas com dependência podem ser por

meio de serviços ou financeiros. A oferta de serviços é a prioridade do sistema, que

disponibiliza um catálogo de serviços mediante a oferta pública da Rede de Serviços

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Sociais das Comunidades Autónomas, por meio de centros e escolas públicas ou

privadas acreditadas (Espanha, 2012). O Quadro 14 apresenta a relação de serviços

sociais que visam o cuidado e a promoção da independência.

Quadro 14 – Relação de serviços sociais que visam o cuidado e a promoção da

independência na Espanha.

Serviços Características

Centro Dia e Noite

Disponibiliza atendimento durante o dia ou noite para pessoa em

situação de dependência. Objetiva melhorar ou manter o melhor nível de

autonomia e apoiar a família ou cuidadores. O Serviço apresenta

abordagem biopsicossocial, aconselhamento, prevenção, reabilitação e

cuidados pessoais. Existem os seguintes tipos: Centro Dia para idosos,

Centro dia para pessoas com idade inferior a 65 anos, Centro Dia

especializado e Centro Noite.

Apoio ao Domicílio

Apresenta um conjunto de ações realizadas em domicílio com o intuito de

atender as necessidades de vida diária. Os serviços de apoio domiciliar

podem ser dos tipos: de apoio à higiene pessoal e realização de atividades

de vida diária; e de atendimento às necessidades domésticas (apoio para

lavar, cozinhar entre outras atividades). Estes serviços somente podem

ser fornecidos em conjunto com o de apoio à higiene pessoal.

Serviço de Tele assistência

Apoio, mediante ao uso de tecnologia de comunicação, em resposta

imediata a situações de emergência, ou a insegurança, solidão e

isolamento. Favorece a permanência dos usuários em seu ambiente

habitual.

Serviço Residencial

Fornece assistência integral e continuada de âmbito pessoal, de saúde e

social. Esse serviço pode ser público ou credenciado. A permanência do

usuário pode ser permanente ou temporária. Existem os lares residenciais

e os centros de apoio.

Serviços de prevenção de

situações de dependência

e promoção da autonomia

Visam manter e desenvolver a autonomia. Os serviços de promoção são

de aconselhamento, orientação, assistência e formação em tecnologia

para o apoio e adaptação para facilitar a execução das atividades de vida

diária.

Fonte: Espanha, 2012.

Os objetivos dos serviços devem atender às características de cada

subgrupo da população idosa, tendo como planos: a promoção e a prevenção;

diminuição de morbidades; retardar possíveis dependências; fornecer atenção na fase

aguda da doença; cuidados de reabilitação para ampliar o nível possível de autonomia

na fase aguda, de convalescença e crônica; e cuidar das pessoas dependentes nas

atividades de vida diária, doenças avançadas e terminais para favorecer o bem-estar, o

controle dos sintomas e melhorar a qualidade de vida. Para alcançar tais objetivos, foi

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necessária a criação de uma rede de cuidado que atendesse todos os níveis de atenção

(Espanha, 2012).

Dentro dessa dinâmica de assistência espanhola, destacou-se o programa

da Catalunha, denominado Vida als Anys (VA), criado em 1986, que foi uma

experiência pioneira no atendimento ao idoso, transformando a Espanha em um

modelo de referência no atendimento ao idoso dependente e uma referência

internacional no cuidado paliativo, sendo monitorado como um programa piloto pela

Organização Mundial da Saúde (Casado, Rico, Sabes, 2002, Salvà-Casanovas et al.,

2004; Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

4.1.2.3.1 Modelo da Catalunha: Programa Vida als Anys

A compreensão do conceito de Serviço Sociosanitário é necessária para o

entendimento do Modelo da Catalunha. Nessa abordagem, a organização dos serviços

é fundamental para a integração das capacidades únicas dos equipamentos de saúde e

sociais, potencializando o atendimento dos indivíduos que necessitam de ambos os

serviços (Figura 11).

A coordenação e/ou integração dos serviços sociais e de saúde pode ser

aplicada em quatro eixos de atividades: geriatria, doença crônica, demência e cuidados

paliativos. A população idosa necessita de uma abordagem biopsicossocial. Logo, o

modelo de cuidado deve ser integral, de promoção de autonomia e de reintegração na

sociedade, global, interdisciplinar, de inserção na comunidade, ser equitativo em

recursos territoriais. Além desses fatores, outros elementos complementares devem

ser destacados: a continuidade dos cuidados, a promoção da autonomia, a

participação da família no processo de atendimento aos pacientes, a preferência pela

permanência em ambiente domiciliar com melhor qualidade de vida possível e o

trabalho para o alcance das metas propostas (CatSalut, 2004).

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Figura 11 - Atenção Sociosanitária.

Fonte: CatSalut, 2004.

O modelo da Catalunha caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma rede

de serviços coordenados pelo Instituto Catalán de Asistencia y Servicios Sociales y el

Servicio Catalán de Salud, que divide os cuidados de saúde, cobertos pelo

Departamento de Saúde e Segurança Social, e cuidados sociais, que são financiados

pelo Departamento de Bem-estar Social e pelos usuários dos serviços (Institución del

Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O desenvolvimento do programa estabeleceu uma rede de serviços

sociosanitários, que contribuiu com o planejamento de saúde da Catalunha,

consolidado na Lei nº 15 de 9 de julho de 1990, o que favoreceu a aprovação do

Decreto nº 242 de 31 de agosto de 1999, por meio do estabelecimento de uma rede

de uso público (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O desenvolvimento da rede de serviços de saúde e sociais na Catalunha

ocorreu por meio do crescimento quantitativo de recursos públicos disponíveis, que foi

efetuado através de contratos com diversas esferas administrativas (públicas, privadas,

fundações entre outros). A diversificação dos serviços deve satisfazer aos critérios de

necessidades e planejamento com base em quatro princípios da área de competência,

que são: cuidados geriátricos, cuidados paliativos, cuidados para portadores de doença

de Alzheimer e outras demências e cuidados para doenças neurodegenerativas e

lesões cerebrais (Salvà-Casanovas et al., 2004).

Soci

osa

nit

ário

s

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O arranjo dessa rede de serviços elimina possíveis barreiras existentes

entre os serviços de saúde e sociais, pois na medida em que existe a flexibilidade no

uso e alocação dos recursos, é possível o desenvolvimento de novos serviços, sem a

obrigatoriedade da definição da responsabilidade da gestão e do financiamento.

Portanto, o método estratégico é o planejamento intersetorial e o financiamento

compartilhado (social e saúde) (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

A rede de serviços é constituída por: serviços de internação (média, ou

longa duração), de ambulatório e equipes de avaliação. Esse agrupamento de serviços

favoreceu a implantação de um modelo de cuidados geriátricos com base na avaliação

e trabalho de equipes multidisciplinares que atuam em diferentes níveis de cuidado. A

articulação dos serviços tem o intuito de garantir a continuidade do cuidado, uma vez

que existe uma boa coordenação com os serviços de agudos e de cuidados primários

(Casado, Rico, Sabes, 2002, Salvà-Casanovas et al., 2004; Institución del Ararteko al

Parlamento Vasco, 2007). O nível operacional é Macro, sendo coordenado de forma

vertical, entre os cuidados hospitalares e primários, e horizontal entre os parceiros da

rede ser serviços de saúde e financiamento social (Institución del Ararteko al

Parlamento Vasco, 2007).

A estratégia para distribuição equitativa dos recursos disponíveis na

Catalunha é dividida de acordo com critérios de planejamento de saúde e social, sendo

determinado pelo fluxo de pacientes no território. Os recursos são distribuídos em 37

áreas, de acordo com os indicadores gerais pré-definidos (leitos/1.000 habitantes,

equipes/1.000 habitantes e leitos ou vagas/1.000 habitantes > 64 anos) e/ou pela

distribuição de cada tipo de serviços (Salvà-Casanovas et al., 2004). O Quadro 15

apresenta a relação de serviços sociosanitários disponíveis e os indicadores para cada

serviço.

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Quadro 15 - Indicadores de recursos por serviço.

Longa

Duração

Média

Duração

CV + CP*

Média Duração

Convalescença

Cuidados

Paliativos

Hospital

Dia PADES**

leitos ou

vagas/ 1.000

habitantes >

64 anos

5 2 1,8 - 1,5 -

equipes/ 1.000

habitantes - - - - - 1

leitos/1.000

habitantes - - - 0,06 - -

Fonte: CatSalut, 2004; Salvà-Casanovas et al., 2004; Inst Ararteko al Parlamento Vasco, 2007.

*CV= Concalescença; CP= Cuidados paliativo **PADES= Programa de Atenção domiciliar

O acesso à rede é realizado pelo centro de referência de cada território,

sendo que o pedido pode ser apresentado pelos serviços de atenção primária,

hospitais e equipes de avaliação. Além disso, pode ser realizada uma avaliação

preliminar dos comitês interdisciplinares de atendimento de casa zona de influência.

Destaca-se que o acesso depende da avaliação das necessidades do usuário

(Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O programa atende as seguintes populações: pessoas com doenças

crônicas e dependência funcional evolutiva, portadores de doença de Alzheimer ou

outras demências, idosos enfermos, pessoas com doenças terminais, pessoas que

tenham passado por uma fase aguda da doença e a cura depende de reabilitação ou

terapia (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

Para o atendimento dessas diferentes populações, a atenção foi dividida

nos seguintes eixos: cuidados geriátricos; cuidados de pessoas com doenças

neurodegenerativas e lesões cerebrais; cuidados para a doença de Alzheimer e outras

demências; e cuidados paliativos.

O objetivo principal do programa Vida als Anys é o desenvolvimento de um

novo recurso de internação que atenda pacientes com baixas necessidades de saúde

para a internação em hospitais de agudos, e elevadas para um atendimento em

domicílio, o que acarretava no bloqueio de leitos. A dinâmica do sistema colabora com

a liberação de leitos, com o aumento do grau de especialização de internação

existente e com o equilíbrio assistencial mais adequado (Casado, Rico, Sabes, 2002). O

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Quadro 16 apresenta os Serviços Sociosanitários e a quantidade de leitos disponíveis

até dezembro de 2003.

Quadro 16 - Serviços Sociosanitários disponíveis até dezembro de 2003.

Fontes: CatSalut, 2004; Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007.

O Decreto nº 92 de 5 de março de 2002 estabeleceu as regras de

autorização, condições de funcionamento e as tipologias dos centros de saúde

(Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007). O Quadro 17 apresenta a

descrição e as caracterizações específicas dos serviços que constituem a rede de

assistência do programa.

Tipos de serviços Unidades Total de Leitos

Longa duração

Mídia duração

Convalescença e psicogeriátrico

Cuidados Paliativos

Média duração versátil

Total de leitos sociosanitários

83

91

44

30

17

5.519

2.055

1.467

349

7.574

1.461

Hospital de dia 61

PADES (Programa de Atenção Domiciliar)

UFISS (Unidades Funcionais Interdisciplinares

Sociosanitárias)

EAIA (Equipes de avaliação integral ambulatorial)

68 equipes

53 equipes

42 equipes

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Quadro 17 – Descrição dos Serviços.

Categoria Definição Cuidado Tipo de Serviço Público Alvo Característica

Internação

Combinação de serviços

de internação,

manutenção e de

suporte as AVDs.

Incluem os serviços

residenciais, de âmbito

social, que apresentam

suporte especializado e

médico.

Longa

Duração

Centros ou Unidades

de longa duração

Pacientes crônicos ou

com sequelas agudas

Objetiva o bem-estar, qualidade de

vida e controle de sintomas de

pacientes que não podem ser

receber atendimento em ambiente

domiciliar. Essas Unidades estão

localizadas em centros de saúde ou

hospitais de agudos. Devido ao

tempo de ocupação de leito ser

variado, a rotação deve ser entre 2 e

4 pacientes/ano/leito. O tempo

médio de permanência é de 174,5

dias. Geralmente são unidades

especializadas: para doença de

Alzheimer e outras demências,

doenças mentais crônicas, AIDS,

tuberculose e deficiências graves.

Média

Duração

Unidade de

enfermagem/ Pacientes agudos

Atendimento multidisciplinar para

pacientes em processo agudo, com

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subaguda perda de autonomia potencialmente

reversível, que necessitam de

atenção clínica contínua que não

requer alta tecnologia até a

reabilitação e/ou estabilização do

quadro. Essas unidades estão

localizadas em hospitais de agudos

ou centros de saúde com os

recursos necessários. Média de

permanência de 40,8 dias.

Unidade de Cuidado

Paliativo

Pacientes em fase

terminal

Objetivam o bem-estar e aqualidade

de vida aos pacientes em fase

terminal. Localizadas em centros de

saúde ou em hospitais de agudos.

Média de permanência de 21,4 dias.

Unidade Versátil

Pacientes

convalescentes ou que

necessitam de cuidado

paliativo

Devido ao tamanho e critérios de

planejamento, essas unidades não

podem realizar as atividades de

maneira específica, fornecendo

assim, cuidados de convalescença e

paliativos.

Curta

Duração

Unidade Geriátrica

de Agudo Pacientes idosos

Devido às características dos

problemas de saúde da população

idosa, podem ocorrer problemas

como perda de autonomia,

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desnutrição aguda ou delírio. Esses

fatores dificultam o processo

decisório das equipes de saúde, o

que indica a necessidade da

especialização do serviço e

formação profissional. Tempo médio

de internação de 5,8 dias.

Atenção

Diurna

Fornecer apoio a idosos

doentes, pessoas com

doenças, doenças

crônicas ou terminais

que, apesar de terem

apoio suficiente para

permanecer em casa,

necessitam de suporte

ampliado, reabilitação,

tratamento ou

diagnóstico e

monitoramento

especializado durante o

dia

Ambulatorial Hospital Dia Pacientes crônicos

Avaliação integral do paciente,

reabilitação, manutenção e

prevenção de crises e cuidados

continuados. Podem ser

especializados para doença de

Alzheimer e outras demências,

pacientes terminais, doenças

neurodegenerativas e lesões

cerebrais. Atendimento médio de

49,8 dias.

Unidades de

diagnostico e

monitoramento

(EAIA)

Pacientes complexos

Presentes em hospitais-dia

geriátricos ou de agudos. Avaliação

das necessidades dos pacientes

complexos e de difícil controle, com

o intuito de elaborar um plano

global de intervenção. Esse plano

pode ser: avaliação e

acompanhamento especializado ou

avaliação multidisciplinar (fornece

avaliação de saúde médica, física,

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cognitiva e social). Essas equipes

podem ser distintas nas avaliações

geriátricas e podem ser dividias em

distúrbios cognitivos e de cuidados

paliativos.

Avaliação e

Apoio

Atenção

Domiciliária

Equipes de Apoio-

PADES

Equipes especializadas no

fornecimento de cuidados primários

na área de geriatria e de cuidados

paliativos. Prestam atendimento

direto e apresentam papel

importante na coordenação dos

diferentes níveis de atenção. Equipe

geralmente composta por médico,

dois enfermeiros, um assistente

social. Nesse seguimento, existem

também equipes especializadas.

Unidades funcionais

interdisciplinares

Sociosanitárias

(UFISS)

Pacientes complexos

São equipes especializadas

interdisciplinares que fornecem

apoios aos serviços de hospitais de

agudos para a avaliação e controle

de pacientes complexos,

principalmente idosos e pacientes

terminais. Equipe geralmente

composta por um médico geriatra

ou, quando apropriado, com

treinamento específico em cuidados

paliativos, enfermagem e assistente

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social. A equipe deve ser envolvida

no atendimento direto e

desempenhar um papel importante

de coordenação de recursos entre

os diferentes níveis de atenção.

Existem UFISS especializadas em

geriatria, cuidados paliativos, mista

ou respiratória.

Fonte: CatSalut, 2004; Salvà-Casanovas et al., 2004; Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007.

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O programa Vida als Anys possui como base os Centros Sociosanitários,

com três tipos de serviços: longa permanência, convalescência e cuidados paliativos.

Os Centros Sóciosanitários, comparados aos hospitais, fornecem um atendimento de

menor complexidade, e diante das residências assistidas é um recurso que apresenta

maior intervenção médica e de enfermagem com um período de internação menor. A

rede de recursos do programa também é composta pelos Hospitais Dia, que objetiva

reabilitar e aumentar ou manter a capacidade funcional dos pacientes que tenham

superado a fase aguda da doença e não precisam de internação. Para apoiar os

hospitais de agudos e os centros de atenção primária foram desenvolvidas as

modalidades de equipe de apoio, com o intuito de obter melhores respostas diante de

problemas específicos dos pacientes idosos atendidos nesses serviços (Casado, Rico,

Sabes, 2002; CatSalut, 2004, Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

No âmbito hospitalar existem as Unidades Funcionais Interdisciplinares

Sociosanitárias (UFISS) que são constituídas por equipes de profissionais que

colaboram com a equipe de saúde e na assistência dos casos geriátricos mais

complexos, incluindo o tratamento e o planejamento da alta dos pacientes que podem

ser transferidos para outro serviço mais adequado, que geralmente é um centro

sociosanitário.

Nos centros de atenção primária, as equipes de avaliação e suporte no

domicílio (Programa de Atenção Domiciliar - PADES) iniciam sua atuação a pedido dos

profissionais desses serviços, contribuindo com eles no atendimento domiciliar

geriátrico mais grave, além de integrarem o cuidado com os outros recursos de saúde

e sociais. A assistência fornecida pelo PADES diminuiu a probabilidade de internações,

atendimentos em serviços de urgência e os custos (Casado, Rico, Sabes, 2002;

CatSalut, 2004, Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O programa é bem sucedido na diversificação de serviços que constituem a

rede de cuidado, que atendem os problemas sociais e de saúde da população,

contudo, a falta de mecanismos eficazes de coordenação com os serviços sociais

dificulta a continuidade do cuidado. Os PADES atuam apenas com a informação sobre

os serviços sociais comunitários existentes sobre a internação e o acesso a esses

serviços, não trabalhando como gestores de caso, o que é uma importante lacuna na

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assistência ao idoso (Casado, Rico, Sabes, 2002; CatSalut, 2004, Institución del

Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

4.1.2.4 A experiência da Suécia

O sistema de saúde da Suécia é descentralizado e organizado em três níveis

(estadual, distrital e municipal), sendo que a captação de recursos é obtida por meio

da tributação. Os cuidados primários e secundários são financiados e produzidos a

nível local e os municípios são responsáveis pelos serviços de enfermagem,

residenciais, atendimento domiciliar e outros serviços (Robertson, 2011).

A integração dos serviços de saúde e sociais é uma prioridade da Suécia

desde o início da década de 1990. O cuidado local é um sistema de atenção primária,

orientado para a família e comunidade, apoiado por um serviço hospitalar adaptável

(Andersson, Karlberg, 2000; Robertson, 2011). O cuidado local objetiva responder às

necessidades das populações de uma região específica e é direcionado para as

condições de longo prazo, atenção à família, saúde da criança e cuidados aos idosos

(Robertson, 2011).

O cuidado aos idosos é financiado por impostos municipais e subsídios do

governo, sendo que as despesas que são pagas pelo próprio idoso são subsidiadas com

base em tarifas especiais. Os valores cobrados pela prestação dos serviços são

decididos em cada município, dependendo da renda e do nível ou tipo de apoio

fornecido. A participação do setor privado nos municípios é forte, evidenciada pelo

fato de que, no período entre 1995 e 2005, o número de empreses privadas no setor

de serviços sociais aumentou cinco vezes (Suécia, 2012).

O atendimento de âmbito social e de saúde ao idoso e pessoas com

deficiência na Suécia visa favorecer a independência e a permanência na comunidade

o maior tempo possível (Suécia, 2012). Existem dois principais tipos atendimento: no

local de moradia e institucional (instituições geriátricas, instituições de longa

permanência, entre outras) (Sierżantowicz, Elijason, Wessbo, 2012). O Quadro 18

apresenta, de forma geral, os serviços disponibilizados.

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Quadro 18 - Serviços disponibilizados.

Serviço Descrição

Ajuda em domicílio

O tipo de apoio depende da avaliação das necessidades. Os idosos com dependência podem receber assistência permanente, o que favorece sua permanência em casa durante toda a vida. Os idosos gravemente doentes podem receber atendimento de saúde e social.

Entrega de alimentação em domicílio

CareWorker- Esses profissionais realizam tarefas domésticas, como limpeza, lavagem de roupas, compras e preparo de alimentos, além de apoiar com a higiene pessoal, decúbito, vestuário, alimentação, contatos sociais, lazer e compras. Para o pagamento desse serviço, é cobrada uma taxa, ajustada à renda e ao tipo de assistência. A quantidade de ajuda de apoio pode variar de uma a algumas horas/mês para atendimento 24 horas para pessoas com necessidades extensas.

Institucionalização

“Habitação especial para idosos" é o termo oficial para todas as instituições públicas, que podem variar de acordo com a oferta de serviços em alcance e intensidade. A política oficial sueca afirma que todas as instituições para idosos devem ser consideradas como a própria casa dos moradores. Após uma avaliação das necessidades, um assistente social decide sobre a admissão. Os residentes devem assinar um contrato para os seus quartos e trazer seus próprios móveis e roupas. É cobrada uma taxa de aluguel e de cuidado.

Instituição de Longa Permanência (ILPI) - direcionada a Idosos que necessitam de supervisão e cuidado constantes. Essas instituições fornecem cuidados de enfermagem.

Transporte Transporte em táxis ou veículos adaptados para pessoas incapazes de utilizar o transporte público regular.

Pensão Todos os cidadãos suecos têm o direto de receber pensão depois de se aposentar, podendo escolher o início do recebimento entre as idades de 61 a 67 anos.

Preventivos

Cuidado preventivo com o intuito de manter o idoso mais tempo saudável. Vários tipos de cuidados preventivos foram inseridos na Suécia, como a atividade física de prescrição.

Redução de lesões decorrentes de quedas - disponibilização de informações e auxílio de profissionais especializados (fixers help) para a realização de atividades como a troca de lâmpadas e cortinas em casa.

Estimulação através de músicas, filmes, leitura, pintura entre outras atividades que podem proporcionar o bem-estar Fontes: Trydegård, 2004; Suécia, 2012.

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No ano de 1992 entrou em vigor a Reforma do Envelhecimento, que

reuniu todos os cuidados públicos para as pessoas idosas, fortalecendo a cultura de

serviço social e de cuidados de saúde e incentivando a criação de outros recursos de

internação fora dos hospitais (Trydegård, 2004; Andersson, Karlberg, 2000). Nesse

contexto, a busca pela melhoria da qualidade do atendimento e a coordenação dos

serviços se tornou um desafio (Andersson, Karlberg, 2000). A Figura 12 apresenta a

relação entre os serviços após a Reforma.

Figura 12 - Relação entre os serviços de atenção.

Fonte: Andersson, Karlbergv, 2000.

Essa necessidade favoreceu o desenvolvimento das Cadeias de Cuidado,

que são atividades coordenadas de cuidado multidisciplinar com base em diretrizes

clínicas para as condições de saúde específicas, sendo a maioria direcionada para

condições crônicas, como diabetes, demência e artrite (Andersson, Karlberg, 2000;

Nolte e McKee, 2008; Robertson, 2011).

Nesse contexto de cuidado, o Modelo Norrtälje desenvolveu novos

sistemas financeiros e de relatórios, sistemas eletrônicos de registro médico,

informações de pacientes compartilhadas, reorganização dos cuidados aos idosos e

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serviços de atendimento domiciliar, trajetória e acesso coordenado dos pacientes e

novas formas de contratação dos funcionários.

O planejamento, o financiamento e a organização dos serviços são

baseados em três grupos etários: do nascimento até 18 anos; de 19 a 64 anos; e

maiores de 65 anos. Após dois anos de funcionamento, verificou-se melhora na

eficiência dos serviços, no atendimento psiquiátrico e no tempo de internação, com

diminuição dos custos e do número de internações (Robertson, 2011).

Para melhorar o fluxo e a coordenação de cuidado de idosos, clínicos em

Jönköping criaram o Projeto Esther. A personagem idealizada Esther é uma mulher

sueca de 88 anos de idade que vive sozinha na comunidade e apresenta necessidades

de saúde crônicas e agudas. Essas características são comuns a muitos idosos no país

(Baker et al., 2008; Robertson, 2011).

O Projeto é multidisciplinar e envolve profissionais de enfermagem,

assistência social e médicos de atenção secundária para favorecer o fluxo dos

pacientes por meio de um sistema de coordenação do cuidado e da comunicação entre

os serviços (Robertson, 2011). Para alcançar essas propostas, no final de 1998, foi

realizado o mapeamento da complexa rede de serviços de atenção e fornecedores e

foram realizadas entrevistas com pacientes e médicos que forneciam atendimento em

todo o sistema. Isso permitiu a identificação e melhora do fluxo de pacientes por meio

do sistema de cuidados (Baker et al., 2008).

O projeto favoreceu o processo de transferência para a continuidade do

cuidado, os métodos de comunicação entre as equipes, documentação integrada,

procedimento de comunicação e estratégia para o desenvolvimento de habilidades e

educação de pacientes para autogestão. Esses fatores contribuíram de forma

significativa em um período de três a cinco anos com a dinâmica dos serviços. Dados

confirmaram a redução do número de internações hospitalares (20%), diminuição de

dias de internação por insuficiência cardíaca (30%) e redução do tempo de espera para

consultas com especialistas (Baker et al., 2008; Robertson, 2011).

As melhorias em grande escala na área da saúde proporcionaram o

reconhecimento internacional do Condado de Jönköping como um dos melhores

modelos existentes. Os principais fatores destacados foram: redução das taxas de

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sepse, gestão de doença crônica, redução do absenteísmo e da rotatividade de

profissionais.

Outro exemplo de atenção aos idosos é o realizado na cidade de

Herrljunga, que tem como focos: 1) melhoria do estado de saúde e capacidade de

autogestão das atividades básicas de vida diária, serviços médicos e de enfermagem;

2) melhoria das condições ambientais, adaptando apartamentos para idosos em

cadeiras de rodas, transporte, alimentação, instalação de dispositivos de alarme e

contato regular com os profissionais sociais; e 3) suporte a família por meio de centros

onde os idosos realizam atividades. Essas estratégias de cuidado visam à autonomia e

a independência dos idosos (Sierżantowicz, Elijason, Wessbo, 2012).

4.1.2.5 A experiência do Japão

No Japão, onde o envelhecimento da população vem avançando as

maiores taxas mundiais, os cuidados de longa duração são amplamente debatidos,

devido ao aumento no número de idosos que necessitam de cuidados3. Em 2012,

23,7% da população tinha 65 ou mais, a maior proporção de idosos no mundo. O

sistema de valores tradicionais no Japão depositou a responsabilidade primária sobre

as famílias para o apoio aos idosos.

A prestação de serviços públicos para idosos remonta à Ordem de Socorro

(Relief Order) em 1874, com a provisão de assistência ao idoso doente de 70 anos ou

mais, sem suporte da família. A Lei do Seguro de Saúde de 1922 e o Ato Nacional de

Seguro de 1938 estabeleceram um sistema de seguro de saúde que cobria toda a

população em 1961 (Japão, 2012).

No final da década de 1940, o bem-estar social tornou-se um objetivo

nacional mais importante e na década de 1950, as novas leis de assistência pública

melhoraram significativamente as condições de vida dos idosos. Desde 1961, o

Governo Nacional promulgou diversas leis e declarações políticas destinadas a

promover o bem-estar dos idosos (Austrália, Japão, 2000).

3 Disponível em: http://www.kaigo.gr.jp/JLCIhp.htm. Acesso em: 04 Jun 2013.

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Até 1988, os idosos eram assistidos em casas de enfermagem de longa

duração e hospitais geriátricos e enfermarias. Após 1988, para melhor atender às

necessidades imediatas dessas pessoas, foram criadas instituições como casas

transitórias (Halfway houses) que fornecem cuidado intermediário entre os hospitais e

a comunidade e assistência de longo prazo para idosos com doenças crônicas que

necessitam de cuidados intensivos e de reabilitação, mas não de hospitalização

(Austrália, Japão, 2000).

O governo japonês tem aumentado o número de instituições e

profissionais desde a formulação da “Estratégia Decenal de Promoção da Saúde e Bem-

Estar do Idoso” em 1989. O Plano Ouro definiu objetivos específicos e metas para

instituições e trabalhadores na área de cuidados de longa permanência. Em 1994, essa

estratégia foi denominada de “Novo plano de ouro” com a revisão de metas

numéricas:

Assistência em cuidado domiciliar: 170.000 pessoas;

Cuidado de respiro: 60.000 leitos;

Centro de cuidado-dia: 17.000 locais;

Postos de cuidado de enfermagem domiciliar: 5.000 locais;

Casas de enfermagem especiais para idosos: 290.000 idosos;

Instalações de serviços de saúde para os idosos: 280.000 leitos;

Instituições de assistência à vida (casas de cuidado): 100.000 idosos.

Os princípios básicos e subjacentes aos planos eram autonomia, orientação

do usuário, universalidade, oferta de serviços abrangentes e regionalização (Austrália,

Japão, 2000).

Muitas localidades têm experimentado maior demanda do que o previsto

desde o lançamento do “Novo Plano de Ouro”. A oferta de serviços de assistência

domiciliar e de institucionalização não tem acompanhado a grande e rápida

necessidade da população (Ihara, sem data).

O Plano de Assistência Médica é a estratégia nacional de saúde para

estabelecer um sistema para fornecer alta qualidade e apropriada assistência médica.

Esse plano promove uma divisão de papéis e cooperação das funções médicas a fim de

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prestar assistência médica continuada em comunidades. Com base na estratégia

nacional, cada governo de província revisa seu Plano a cada cinco anos (Japão, 2012).

O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar desenvolveu um modelo de

sistema de cuidados integrados comunitários para o ano de 2025 (Japão, sem data),

conforme Figura 13.

Figura 13 – Modelo de sistema de cuidados integrados comunitários para o ano de

2025.

Fonte: Ministério da Saúde do Japão, Trabalho e Bem-estar.

Aproximadamente 70% das pessoas que necessitam de cuidados de longa

duração desejam receber cuidados em domicílio e há uma forte preferência entre os

idosos para a prestação do cuidado na comunidade e por membros da família. Ao

mesmo tempo, muitos idosos também desejam internação em serviços. O Ministério

da Saúde, Trabalho e Bem-estar defende a necessidade de estabelecer um sistema

integrado de cuidados comunitários com a prestação de serviços continuados,

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integrados e orgânicos no cuidado de longa duração, preventivos, domiciliares e

suporte à vida. A melhoria dos serviços domiciliares, disponíveis 24 horas por dia, 365

dias por ano, serviços de cuidado intensivo e serviços de acomodação para idosos é

incentivada (Japão, sem data; Austrália, Japão, 2000).

A provisão de serviços de longa permanência para idosos foi classificada

em cuidado médico, de longa permanência e bem-estar social, conforme Quadro 19.

Quadro 19 – Serviços de saúde, longa permanência e de bem-estar social e

financiamento no Japão.

Cuidado médico Cuidado de longa permanência Cuidado de bem-estar social

Institucional Hospitais

Geral

Psiquiátrico Clínicas com leitos

Institucional Casas de enfermagem

especiais para idosos Serviços de cuidado para

idosos Enfermarias de hospitais de

longa permanência

Institucional Casas para idosos Casas para idosos com

renda moderada

Domiciliar Ambulatório Visita médica Fisioterapia/ Terapia

ocupacional

Domiciliar Suporte domiciliar (Home

help) Enfermagem domiciliar Reabilitação domiciliar Banho domiciliar Cuidado diário Cuidado de respiro

Comunitário Cuidado dia Suporte domiciliar Refeição

Financiamento

Sem co-pagamento Hospitais 70% seguro médico 20% governo nacional 10% governos municipais

Co-pagamento de 10% • Outros 90%, dos quais

50% prêmios obrigatórios 25% governo nacional 12,5% governos prefeitura

Sem co-pagamento 50% governo nacional 50% governos locais

Unidade de saúde • 50% seguro médico • 33% governo nacional

Outra classificação descreve os serviços em domiciliares, unidades de serviços (Facility

service), serviços comunitários, serviços de longa permanência preventivos, serviços

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comunitários de longa permanência preventivos e outros. A Figura 14 descreve os

serviços de cada modelo de serviço e o financiamento do sistema de saúde.

Figura 14 - Modelos de serviços e financiamento.

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Fonte: Japão, sem data.

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Em relação ao financiamento do sistema de saúde, o Ministério da Saúde,

Trabalho e Bem-estar do Japão reitera a necessidade de realizar debates nacionais

sobre os benefícios e encargos, a fim operar de forma estável os cuidados de longa

duração no futuro. A previsão de gasto em 2025 é de cinco a seis vezes superior,

comparado ao ano de 2000 (Japão, sem data) (Figura 15).

Figura 15 – Gastos e previsão de gastos com cuidado de longa duração.

Fonte: Japão, 2012.

Uma escala de seis níveis de dependência é utilizada para determinar o

acesso de idosos para os cuidados comunitários e institucionais para a melhor

assistência obtida. A Figura 16 ilustra a escala que mostra a utilização esperada por

semana de seis tipos de serviços por nível de dependência, com exceção do cuidado de

respiro, no qual a utilização esperada é por seis meses. A intervenção precoce,

estratégias de prevenção e a promoção da independência saudável são incentivadas.

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Figura 16 – Relação entre acesso aos serviços por nível de dependência no Japão.

4.1.2.6 Outras experiências internacionais

4.1.2.6.1 Dinamarca

O sistema de saúde na Dinamarca é universal e financiado principalmente

através de impostos. O país possui um modelo de Gestão de Alta, em que alguns

hospitais criaram equipes multiprofissionais para fornecer cuidados de

acompanhamento pós-alta em casa ou na comunidade, por exemplo, para pacientes

idosos.

As equipes incluem profissionais da atenção primária e secundária à saúde

e assistentes sociais e tem os objetivos de reduzir as readmissões e oferecer

atendimento / tratamento em casa. Os serviços disponíveis por meio desse programa

incluem: casas de enfermagem, alojamento apoiado, creches, cuidados intermédiários

e reabilitação, atendimento domiciliar 24 horas (higiene pessoal e cuidados

domésticos) e refeições sobre rodas (Robertson, 2011).

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Nesse país, é destacada a atenção integrada prestada aos idosos na cidade

de Skaevinge. Esses serviços têm âmbito geográfico local, destinam-se a idosos frágeis,

possuem relação de integração, atuam no nível meso e incluem serviços sociais

comunitários e serviços de saúde de atenção primária (Institución del Ararteko al

Parlamento Vasco, 2007).

A Atenção Integrada aos Idosos tem como objetivos integrar os serviços de

saúde e sociais em uma única organização para tornar mais flexível e eficiente o uso

dos recursos disponíveis; facilitar o aceso aos serviços de saúde e sociais tanto para os

idosos que residem em seus domicílios quanto para aqueles que vivem em serviços

residenciais; oferecer uma atenção individualizada e preventiva para melhorar a saúde

dos idosos e evitar hospitalizações desnecessárias; e promover o conceito de

autocuidado entre os profissionais de saúde, profissionais dos serviços socais e entre a

população idosa (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

Para atingir esses objetivos, os departamentos de saúde e sociais foram

reorganizados de modo que: 1) profissionais de saúde e do serviço social que antes

atuavam de forma independente foram agrupados em uma estrutura única

interdisciplinar; 2) o Lar de Idosos Municipal foi transformado no Centro de Saúde

Bauneparken, com uma estrutura de apartamentos supervisionados e um serviço de

atenção domiciliar permanente, de caráter social e de saúde, aberto a todos os

habitantes do município; e 3) os profissionais do Centro de Saúde receberam um

treinamento visando o desenvolvimento de habilidades de trabalho interdisciplinar

(Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O Centro de Saúde Bauneparken oferece cuidados de saúde e sociais de

forma integrada, durante 24 horas por dia, para cerca de 600 pessoas, sejam as que

residem no complexo de apartamentos ou aqueles que vivem em seus domicílios. O

Centro oferece uma ampla gama de serviços, como: apartamentos supervisionados,

centros-dia, centros-dia psicogeriátricos, serviços de cuidado intermediários (para

prevenção de hospitalizações e para facilitar a permanência no domicílio após a alta

hospitalar), atenção domiciliária 24 horas, serviço de reabilitação (fisioterapia e terapia

ocupacional), alarme remoto, refeições em casa, assistência técnica, adaptação da

casa, odontologia e transporte (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

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Outra abordagem envolve a criação de salas de agudos, que oferecem uma

alternativa à internação hospitalar de pacientes idosos com uma condição aguda, mas

que não necessitam de tratamento especializado. Essas salas estão localizadas em

residenciais para idosos ou unidades de assistência social nas comunidades locais. Os

grupos de profissionais locais são responsáveis pelas salas e coordenam as referências

e o tratamento com os cuidados secundários, de assistência social e os serviços de

emergência (Robertson, 2011).

A prestação de todos os serviços em um único local facilita o acesso a eles

e favorece uma atenção centrada no usuário, melhorando a coordenação das

diferentes intervenções.

4.1.2.6.2 Finlândia

Na Finlândia, existem os Centros de Cuidados Primários à Saúde, que foram

criados para melhorar o acesso aos cuidados de saúde e oferecem uma variedade de

serviços: atendimento ambulatorial médico, cuidados de internação, prevenção,

assistência odontológica, assistência à maternidade, cuidados com a saúde da criança,

saúde escolar, cuidados para idosos, planejamento familiar, fisioterapia e cuidados de

saúde ocupacional. Os serviços normalmente incluem radiografia, laboratórios,

pequenas cirurgias e endoscopia, eletrocardiograma e ultrassonografia. Os

profissionais são: enfermeiras, parteiras, assistentes sociais, dentistas, fisioterapeutas

e psicólogos (Vuorenkoski, Mladovsky, Mossialos, 2008 apud Robertson, 2011).

Alguns Centros de Saúde realizam atendimento de saúde e social

integrados, por exemplo, na cidade de Helsinque, em que a Atenção Domiciliar

Integrada é de âmbito local, destinada a idosos, atua no nível micro, inclui serviços

sociais e de saúde de assistência domiciliar e utiliza como instrumentos, métodos e

estratégias a gestão de casos, a avaliação interdisciplinar e conjunta de necessidades e

um plano interdisciplinar e conjunto de atenção individualizada (Institución del

Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

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A cidade de Helsinque está dividida em sete grandes áreas e cada uma

delas conta com um serviço social de base e um centro de saúde, que atuam

conjuntamente na prestação da atenção domiciliária aos idosos que desejam

permanecer em seu domicílio e que necessitam de auxílio de saúde diário e de ajuda

para as atividades de vida diária. O programa oferece atendimento domiciliar intensivo

para substituir os cuidados hospitalares ou institucionais e acelerar a alta hospitalar

(Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

Em todas as áreas existem equipes multiprofissionais formadas por seis a

oito profissionais de ambos os serviços. A equipe inclui médicos, enfermeiros,

assistentes sociais e conselheiros de apoio domiciliário, todos com especialização em

geriatria (Valvanne, 2005 apud Robertson, 2011).

No geral, os idosos chegam aos serviços através do hospital e o processo de

atenção é realizado conforme as seguintes fases:

1) primeira visita: realizada pelo profissional responsável, que faz uma avaliação

conjunta das necessidades de saúde e sociais. Nessa visita, é importante que estejam

presentes os cuidadores/familiares do idoso;

2) elaboração do plano de atenção: o plano considera as capacidades do idoso, suas

doenças e os medicamentos que utiliza, relacionando a natureza dos cuidados, a sua

frequência, as tarefas que devem ser desenvolvidas diariamente e o plano de

reabilitação. O plano de cuidado deve ser elaborado com a participação do idoso, que

recebe uma cópia do mesmo;

3) designação de um profissional de referência: a cada idoso usuário é destinado um

profissional de referência,encarregado de realizar visitas regulares e fazer um

acompanhamento contínuo das necessidades e dos cuidados; e

4) reuniões da equipe e documentação: os membros da equipe se reúnem com

regularidade para supervisionar os casos e manter um registro detalhado das tarefas

realizadas e da evolução do idoso atendido (Institución del Ararteko al Parlamento

Vasco, 2007).

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4.1.2.6.3 Holanda

No final dos anos de 1990, a Holanda adotou um modelo de atenção de

saúde e social integrado, baseado na coordenação dos diferentes provedores de

serviços de saúde e sociais. O objetivo é oferecer uma atenção integrada que combine

a atenção social e de saúde, além de realizar diversas atividades orientadas a

promover o bem-estar da população. O modelo é de âmbito nacional, destinado a

idosos, de nível micro e proporciona um único ponto de acesso aos serviços e

informações sobre os serviços disponíveis e as opções de cuidados mais adequadas às

necessidades de cada pessoa (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

Dois tipos de organização foram criados: as Oficinas Regionais de Avaliação

(RIO) e as Oficinas de Atribuição de Cuidado e Encaminhamento (BCAR). As primeiras

constituem o único ponto de entrada ao sistema e sua função é traduzir a necessidade

expressa pela população em termos de demanda por recursos, o que é feito por um

profissional especializado que avalia as necessidades de atendimento em seis áreas

que os idosos podem requerer assistência: realização de tarefas domésticas, atividades

básicas de vida diária, cuidados de enfermagem, ajudas técnicas, tratamento e

alojamento (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

O processo de avaliação segue alguns critérios: a oferta deve adaptar-se à

demanda, de modo que a avaliação das necessidades não deve ser condicionada à

oferta disponível; o serviço deve oferecer uma atenção integral, com acesso a uma

variedade de serviços sociais e de saúde (atenção doméstica e pessoal para realização

das atividades diárias, cuidados de enfermagem, saúde mental, serviços para pessoas

com incapacidade, alojamento, ajudas técnicas e outros); e a avaliação deve ser

realizada no prazo máximo de seis semanas (Institución del Ararteko al Parlamento

Vasco, 2007).

Uma vez realizada a avaliação por parte da RIO, a demanda passa para a

BCAR, que se responsabiliza por articular o pacote de serviços,contratando ou

providenciando os serviços necessários (Institución del Ararteko al Parlamento Vasco,

2007).

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4.1.2.6.4 Irlanda

Na Irlanda, foi desenvolvido um projeto de âmbito regional, destinado ao

conjunto da população, com atuação no nível meso e que envolve serviços de saúde

de atenção primária, serviços sociais comunitários e serviços de cuidados continuados

(serviços de saúde e sociais de atenção à dependência).

O projeto foi baseado em um modelo participativo, com a inclusão de

todos os agentes relacionados com o planejamento, a gestão, a prestação e a avaliação

dos serviços sociais e de saúde. A implementação do modelo ocorreu em quatro fases:

1) Desenho do modelo de atenção integrada: envolveu uma revisão da literatura sobre

modelos de atenção integrada, em busca de modelos e boas práticas que fossem

aplicáveis ao contexto daquela região, a realização em um diagnóstico situacional e a

elaboração de um modelo próprio de atenção integrada, a partir de oficinas de

trabalho. O modelo desenhado e adotado foi denominado de ICON (Integrated Care,

One Network) e apresenta as seguintes características: baseia-se nos valores de

igualdade, dignidade, respeito, confiança e escolha; é centrado no usuário; responde

às necessidades de forma imediata; é acessível, transparente, flexível e avaliável. Os

componentes do modelo são: prevenção, agilidade no acesso e no encaminhamento,

avaliação conjunta, gestão de caso, plano de atenção individualizado e revisão

contínua do plano de atenção;

2) Implantação piloto: essa fase envolveu a avaliação dos usuários, os procedimentos

de encaminhamento, a transmissão das informações relativas aos usuários entre os

membros do serviço e entre os serviços, a possibilidade de estabelecer um registro

único de arquivo de referência e o trabalho em equipe;

3) Implementação: foi realiza em 18 serviços de naturezas variadas, para validar o

modelo em diferentes contextos. Para isso, foram realizadas reuniões mensais com os

responsáveis por esses serviços, para reorganização das dinâmicas de trabalho e

criação de vínculos entre os diferentes serviços, estabelecendo as bases para a criação

de uma rede de serviços a nível regional. Durante essa fase, foi desenvolvido um

aplicativo que permite medir o grau de integração em um determinado serviço e

oferecer propostas de melhoria;

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4) Consolidação do projeto ICON: implantação do projeto em 40 a 45 serviços,

transferindo sua responsabilidade aos próprios serviços (Institución del Ararteko al

Parlamento Vasco, 2007).

4.1.2.6.5 Reino Unido

Os Serviços de Cuidado Intermediário são destinados a pessoas com

doenças que podem levar à necessidade de hospitalização e aquelas com um grau de

dependência suscetível ao ingresso em um serviço residencial assistido.

Nesse programa, cuja atuação é a nível meso, há uma coordenação entre

os serviços hospitalares, os de reabilitação, os de atendimento domiciliar e os de

residência assistida.

Os cuidados intermediários no Reino Unido foram desenvolvidos para

promover uma recuperação mais rápida das pessoas doentes, prevenir internações

desnecessárias nos hospitais de agudos, facilitar as altas hospitalares mediante a

articulação dos serviços de transição e maximizar a autonomia dos usuários.

Ainda que basicamente estejam integrados ao sistema de saúde, os

serviços de atenção intermediária mantêm uma estreita relação com os serviços

sociais comunitários, na medida em que seu objetivo é substituir o maior número

possível de hospitalizações pela utilização de serviços sociosanitários de base

comunitária.

Os serviços de atenção intermediária apresentam as seguintes

características: são direcionados às pessoas que, na ausência deles, permaneceriam

em instituições de longa permanência; articulam-se com uma avaliação individual de

necessidades e de um plano individual de atenção; estão orientados a promover a

independência e facilitar o maior grau de autonomia possível no cotidiano dos

usuários; tem um caráter temporal (em geral, períodos inferiores a seis semanas e

muitas vezes, limitados a uma ou duas semanas); e baseiam-se na coordenação entre

diversos serviços sociais e de saúde, fundamentalmente, pelo trabalho em rede.

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Nessa modalidade de serviço, destacam-se os Serviços de Cuidado

Intermediário de Ealing, que incluem:

1) prevenção das admissões hospitalares por meio de um pacote de serviços

comunitários que integram os serviços sociais e de reabilitação, principalmente no

caso de idosos;

2) reabilitação na alta hospitalar com um pacote intensivo de atenção domiciliar e

reabilitação em casa, reduzindo, assim, a demanda futura por serviços sociais de

atenção à dependência;

3) acompanhamento após a alta hospitalar, mediante seguimento telefônico,

oferecendo apoio aos idosos que podem apresentar dificuldades de adaptação após a

alta (a monitorização é feita por um profissional de enfermagem que, em caso de

detectar um problema, solicita uma avaliação domiciliar);

4) alta gradual, que consiste em dar alta hospitalar a pacientes que estejam

aguardando vaga em instituição de longa permanência, por meio de leitos destinados

aos cuidados de convalescência;

5) permanência temporária em centros residenciais, para prevenir as admissões

hospitalares desnecessárias, proporcionando cuidados e reabilitação;

6) apoio após a alta hospitalar, visando facilitar o retorno ao domicílio, por meio da

realização de assistência domiciliar por um período limitado de tempo (cerca de um

mês), até a recuperação do idoso;

7) prevenção de quedas, com a realização de uma avaliação de elementos no domicílio

que possam levar a risco de queda, realização de pequenos reparos e adaptações para

eliminar os riscos; e

8) serviço de monitoramento telefônico semanal, destinado aos idosos frágeis.

O serviço conta com uma equipe interdisciplinar que se encarrega da

avaliação dos usuários e da alocação dos recursos adequados para cada caso. Essa

equipe é composta por médicos, enfermeiros, assistente social, terapeuta ocupacional

e fisioterapeuta, os quais recebem treinamento contínuo para que qualquer membro

da equipe possa realizar o atendimento inicial integral ao paciente (Institución del

Ararteko al Parlamento Vasco, 2007).

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4.1.2.6.6 Canadá

O Sistema de Serviços Integrados para Pessoas Idosas em Perda de

Autonomia (SIPA) busca responder às necessidades dos idosos com dependência

funcional e tem como principais caraterísticas:

1) prestação de serviços locais de base comunitária, favorecendo a permanência do

idoso em seu domicílio;

2) oferta de uma gama completa de serviços sociais e de saúde, comunitários e

residenciais;

3) centralidade da atenção, de modo que a responsabilidade de todos os serviços

recaia sobre o programa;

4) gestão de caso;

5) acompanhamento contínuo da qualidade da atenção a da gestão dos serviços, para

uma melhor avaliação das necessidades dos usuários e suas famílias;

6) caráter interdisciplinar da avaliação das necessidades;

7) mobilização de recursos de maneira rápida e flexível;

8) prevenção, detecção e intervenção precoce;

9) modelo de financiamento consistente (semelhante ao PACE program); e

10) compatibilidade com o sistema público de saúde (Institución del Ararteko al

Parlamento Vasco, 2007).

4.1.2.6.6 Noruega

Os cuidados intermediários são prestados nas Casas de Saúde (Helsehus),

onde os idosos recebem cuidados médicos, avaliação e reabilitação em um ambiente

residencial. Os pacientes podem ter alta hospitalar para a Casa de Saúde, antes de

voltar para seu domicílio. O tempo médio de permanência na Casa de Saúde é de 18

dias. Esse serviço emprega mais profissionais de saúde do que o habitual para um lar

de idosos, resultando em melhores resultados para os pacientes, em comparação com

outros que recebem cuidados convencionais (Robertson, 2011).

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4.1.2.7 A experiência do Brasil

Com base nos modelos de atenção às condições crônicas apresentados,

Modelo de Atenção Crônica (CCM), Modelo dos Cuidados Inovadores para Condições

Crônicas (CICC) e Modelo da Pirâmide de Riscos, Mendes (2011) desenvolveu o Modelo

de Atenção às Condições Crônicas (MACC), adaptado para a realidade do sistema de

saúde brasileiro. Esse modelo também foi baseado no Modelo de Determinação Social

da Saúde (Dahlgren e Whitehead, 1991).

O MACC estrutura-se em cinco níveis e em três componentes integrados: a

população, os focos das intervenções e os tipos de intervenções (Figura 17) e pode ser

aplicado em diferentes espaços sociais.

Figura 17 - O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).

Fonte: Mendes, 2012.

Assim como o Modelo da Pirâmide de Riscos, o MACC considera a relação

entre o autocuidado apoiado e a atenção profissional (representada pela linha

transversal que corta o desenho) e adotou estratégias de intervenção nos níveis micro,

meso e macro, como preconizado pelo modelo CICC (Mendes, 2012).

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No nível 1 do MACC, atua-se com a população, com foco nos

determinantes sociais intermediários (condições de vida e trabalho, educação,

emprego, renda, habitação, acesso aos serviços e outros) e as intervenção são de

promoção da saúde. No nível 2, a ênfase é nos determinantes sociais da saúde

proximais, por isso, o alvo são subpopulações com fatores de risco ligados ao

comportamento e estilo de vida (principalmente, tabagismo, alimentação inadequada,

uso excessivo de álcool, sedentarismo e sobrepeso/obesidade), realizando

intervenções de prevenção das condições de saúde.

Os determinantes sociais individuais, como idade, sexo, fatores

hereditários e fatores de risco biopsicológicos são o foco dos níveis 3, 4 e 5 do modelo.

No nível 3, deve ser realizada a gestão da condição de saúde da subpopulação com

condição crônica simples ou fator de risco biopsicológico, por exemplo, dislipidemia,

hipertensão, pré-diabetes e depressão.

No nível 4, a subpopulação alvo da gestão da condição de saúde é aquela

que possui uma condição crônica complexa. Finalmente, no nível 5, é preconizada a

gestão de caso para uma subpopulação com condição de saúde muito complexa

(Mendes, 2011; 2012).

No MACC, o cuidado é realizado de modo colaborativo, com base em

evidências, atendendo às necessidades de saúde dos usuários e com participação da

família. Além disso, o cuidado envolve: a avaliação do estado de saúde, das habilidades

e da confiança para o autocuidado; a atenção personalizada e pautada em diretrizes

clínicas; o plano de cuidado compartilhado; e o monitoramento ativo e colaborativo

desse plano (Mendes, 2011; 2012).

4.1.2.7.1 A experiência de Franca

A cidade de Franca, localizada no estado de São Paulo, possui doze

hospitais, sendo oito de pequeno porte. As taxas de ocupação são elevadas e variaram

de 87,2% a 126,7% no ano de 2008. Com base na experiência de Portugal e Espanha,

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foi desenvolvido um projeto em Franca que visa à prática do conceito de Cuidados

Continuados Integrados4.

As bases propostas do projeto são: 1) atuação em rede regional; 2) todos

os hospitais com Porta Aberta; 3) implantação gradativa - na região, por proposição; 4)

regulação, no projeto, coordenada pelo Departamento Regional de Saúde – SES/SP; e

5) linhas de atenção: saúde da mulher, saúde mental, cirurgias de curta permanência,

urgência / emergência, apoio diagnóstico e cuidados continuados.

Considerando a realidade do sistema de saúde do município de Franca, foi

necessária a organização dos serviços (Unidade Básica de Saúde, Programa Saúde da

Família, Unidade de Convalescença, equipe de gestão de alta e média duração). Foi

realizada a proposta da criação de leitos de cuidados prolongados nas cidades de Ipuã

(20 leitos) e Pedregulho (22 leitos), localizadas em áreas equidistantes de Franca. Esses

equipamentos não comprometem a retaguarda do pronto-socorro, possuem baixa

taxa de ocupação e frequência de cirurgias eletivas. Nesse contexto, a participação da

equipe multidisciplinar é importante por apresentar a capacitação específica para o

envolvimento e integração com base na proposta estabelecida4.

4.1.2. 7.2 Ações e Programas do Governo Federal

A busca por ações e programas do Governo Federal na área da saúde que

contemplam os idosos e portadores de doenças crônicas revelou a existência de 5

campanhas e 8 ações/programas que estão em desenvolvimento ou foram

desenvolvidas5.

Em relação às campanhas, são elas: 1) Saúde não tem Preço, que fornece

medicamentos gratuitos a pessoas portadoras de hipertensão, diabetes e asma; 2)

Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe; 3) Saúde mais Perto de Você, que

visa aproximar as pessoas das Unidades Básicas de Saúde; 4) Qualidade de Vida, que

4 Disponível em: http://rbce.dominiotemporario.com/Osservicospos/Cuidadosintegrados.pdf.

Acesso em: 21 Jun 2013. 5 Disponível em: www.saude.gov.br/portal/saude/area. Acesso em 05 Fev 2013.

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busca conscientizar a população sobre a adoção de hábitos de vida saudáveis; e 5)

Campanha de Prevenção e Controle da Hipertensão, que tem foco na prevenção, no

controle e no tratamento da hipertensão.

As ações e programas identificados são: 1) Academia da Saúde, que

estimula a criação de espaços públicos de atividade física e lazer, visando a promoção

da saúde; 2) Saúde da Família, que atua na manutenção da saúde e na prevenção de

doenças; 3) Programa Melhor em Casa, que oferece assistência multiprofissional

gratuita no domicílio a pessoas com necessidade de reabilitação, idosos, pacientes

crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica; 4) Farmácia Popular, que

amplia o acesso da população a medicamentos essenciais, vendidos a preços mais

baixos que os praticados no mercado; 5) Programa de Controle do Câncer do colo do

útero e de mama; 6) Projeto Expande, que tem como objetivo estruturar a integração

da assistência oncológica no Brasil; 7) De Volta para Casa, o qual propõe a reintegração

social de pessoas portadoras de transtornos mentais ou que estiveram internadas por

longo período; e 8) Controle do Tabagismo, para prevenir doenças e reduzir a

incidência do câncer e de outras doenças relacionadas ao tabaco.

Além disso, o Ministério da Saúde reconhece como importantes e incluiu

na sua agenda 2013 as seguintes datas: Dia Mundial da Atividade Física (6 de abril), Dia

Mundial da Doença de Parkinson (11 de abril), Dia Mundial do Combate à Violência

contra a Pessoa Idosa (15 de junho), Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de

setembro), Dia Nacional e Internacional do Idoso (1º de outubro) e Dia Mundial do

Combate à Osteoporose (20 de outubro).

Ainda, o Ministério da Saúde indica a existência de 4 sistemas que auxiliam

na implementação da saúde do idoso: 1) Sistema de Indicadores de Saúde e

Acompanhamento de Políticas do Idoso (SISAP), cujo objetivo é disponibilizar

indicadores de diferentes dimensões da saúde dos idosos, relacionando-os com

políticas públicas6; 2) Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), que

agrupa instituições responsáveis por informação em saúde no Brasil, produzindo

subsídios para políticas públicas de saúde7; 3) Departamento de Informática do

6 Disponível em: http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br. Acesso em 05 fev 2013.

7 Disponível em: http://www.ripsa.org.br. Acesso em 05 fev 2013.

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Sistema Único de Saúde (DATASUS); e 4) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE).

4.1.2. 7.3 Legislações Nacionais

As legislações nacionais incluem leis, portarias e decretos relacionadas à

saúde e direitos dos idosos e de pessoas portadoras de doenças crônicas. O Quadro 20

abaixo indica as principais publicações nesse âmbito.

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Quadro 20 - Legislações nacionais relacionadas ao envelhecimento e doenças crônicas.

TÍTULO LEGISLAÇÃO DATA DE

PUBLICAÇÃO RESUMO

Lei Orgânica da Saúde Lei nº 8.080 19/09/1990

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Regula as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Diz respeito à saúde e às ações que se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

Política Nacional do Idoso Lei nº 8.842 04/01/1994 Assegura os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Advertências e Recomendações sobre Usos de Medicamentos

Lei nº 8.926 09/08/1994 Torna obrigatória a inclusão, nas bulas de medicamento, de advertências e recomendações sobre seu uso por pessoas idosas.

Acompanhante Hospitalar de Pacientes Portaria MS/GM nº 280 08/04/1999

Torna obrigatória nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com o SUS, a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes idosos quando internados.

Atendimento prioritário Lei n° 10.048 08/11/2000

Pessoas portadoras de deficiência, idosos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário em repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos.

Normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida

Lei n° 10.098 19/12/2000

Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Normas de funcionamento dos serviços de atenção ao idoso no Brasil

Portaria MPAS/SEAS nº 73 10/05/2001 Estabelece normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil, integrando a regulamentação da Política Nacional do Idoso e propõe novas modalidades de atenção ao

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idoso, que poderão ser adequadas à realidade de cada município.

Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso

Portaria MS/GM nº 702 16/04/2002

Cria mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso, as quais são integradas por hospitais gerais e centros de referência em assistência à saúde do idoso.

Normas para Cadastramento de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso

Portaria MS/SAS nº 249 16/04/2002 Aprova normas referentes ao cadastramento de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso.

Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência

Portaria GM nº 1.060 05/06/2002

Seu propósito é reabilitar a pessoa portadora de deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano, contribuindo para a sua inclusão em todas as esferas da vida social, além de proteger a saúde dessas pessoas e prevenir agravos que determinem o aparecimento de deficiências.

Estatuto do Idoso Lei n° 10741 01/10/2003

Regulamenta os direitos assegurados às pessoas com 60 anos ou mais. Dispõe sobre os direitos do idoso à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, aos alimentos, à saúde, à convivência familiar e comunitária, entre outros.

Conselho Nacional dos Direitos do Idoso Decreto nº 5.109 17/06/2004 Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI).

Pacto pela Saúde 2006 Portaria MS/GM nº 399 23/02/2006

A saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo, sendo apresentada uma série de ações que visam à implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso.

Política Nacional de Atenção Básica - PNAB Portaria MS/GM nº 648 29/03/2006

Estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa de Saúde da Família (PSF) e para o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). A saúde do idoso é uma das áreas definidas como estratégicas para a operacionalização da Atenção Básica.

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa Portaria MS/GM n° 2528 20/10/2006

Direciona medidas para recuperação, manutenção e promoção da autonomia e da independência dos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS.

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Dia Nacional do Idoso Lei nº 11.433 28/12/2006

Institui o dia 1º de outubro como o Dia Nacional do Idoso e determina que os órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação da Política Nacional do Idoso promovam a realização e divulgação de eventos que valorizem o idoso na sociedade.

Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social

Decreto nº 6.214 26/09/2007

Regulamenta o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social, de acordo com a Lei nº 8.742/1993 e a Lei nº 10.741/2003. O BPC é o pagamento de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso maior de 65 anos que não possuem meios para prover a própria subsistência.

Lista Brasileira de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária

Portaria MS/SAS nº 221 18/04/2008

Define a utilização da lista como instrumento de avaliação da atenção primária e/ou da utilização da atenção hospitalar, podendo ser aplicada para avaliar o desempenho do sistema de saúde. Na lista constam doenças crônicas e doenças comuns em idosos.

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

Portaria MS/GM n° 1944 28/08/2009

Objetiva promover ações de saúde que contribuam para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos, de forma a possibilitar o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis nessa população.

Pacto pela Saúde – Biênio 2010-2011 Portaria MS/GM nº 2.669 06/11/2009

Estabelece as prioridades, objetivos, metas e indicadores de monitoramento e avaliação do Pacto pela Saúde, nos componentes pela Vida e de Gestão, e as orientações, prazos e diretrizes do seu processo de pactuação para o biênio 2010–2011.

Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde Portaria MS/GM nº 1.820 14/08/2009 Informa sobre os direitos e deveres dos usuários do sistema de saúde.

Fundo Nacional do Idoso Lei nº 12.213 20/01/2010

Institui o Fundo Nacional do Idoso, destinado a financiar programas e ações relativas ao idoso para assegurar os seus direitos sociais e criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Programa Nacional de Imunizações Portaria n° 3.318 28/10/2010 Institui, em todo o território nacional, os calendários de

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Vacinação da Criança, do Adolescente, do Adulto e do Idoso visando à eliminação e à erradicação das doenças imunopreveníveis. O PNI inclui nas ações de prevenção das doenças evitáveis por imunização na população acima de 60 anos as vacinas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde.

Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite

Decreto nº 7.612 17/11/2011

Objetiva promover, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência, ou seja, aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

Redes de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas

Portaria nº 252 19/02/2013

Institui a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja finalidade é realizar a atenção de forma integral aos usuários com doenças crônicas, em todos os pontos de atenção, com ações e serviços de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde.

Atenção domiciliar no âmbito do SUS Portaria nº 963 27/03/2013 Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Quadro 21 abaixo indica políticas para doenças específicas.

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Quadro 21 - Legislações nacionais relacionadas a doenças específicas.

TÍTULO LEGISLAÇÃO DATA DE

PUBLICAÇÃO RESUMO

Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e à Diabetes Mellitus

Portaria MS/GM nº 16 08/01/2002

Estabelece diretrizes e metas para a atenção aos portadores desses agravos no SUS, mediante a reestruturação e a ampliação do atendimento básico voltado para a hipertensão e o diabetes, com ênfase na prevenção primária, na ampliação do diagnóstico precoce e na vinculação de portadores à rede básica de saúde.

Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus

Portaria MS/GM nº 371 06/03/2002

Objetiva implantar o cadastramento dos portadores de hipertensão e diabetes mediante a instituição do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes; ofertar medicamentos de maneira contínua para a rede básica de saúde; e acompanhar e avaliar os impactos na morbimortalidade para essas doenças.

Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer

Portaria MS/GM nº 703 16/04/2002

Define que o Programa será desenvolvido de forma articulada pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Saúde dos estados, distrito federal e municípios em cooperação com as redes estaduais de assistência e centros de referência em assistência à saúde do idoso.

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Tratamento da Osteoporose

Portaria MS/SAS nº 470 24/07/2002 Inclui o conceito da doença, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão/exclusão de pacientes no protocolo de tratamento, esquemas terapêuticos e mecanismos de acompanhamento.

Programa Nacional de Controle do Tabagismo

Portaria MS/GM nº 1.035 01/06/2004 Objetiva reduzir a prevalência de fumantes no Brasil e a morbimortalidade por doenças relacionadas ao tabaco.

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Doença de Parkinson

Portaria MS/SAS nº 228 11/05/2010 Inclui o conceito geral da doença, os critérios de inclusão/exclusão de pacientes no tratamento, critérios de diagnóstico, e mecanismos de regulação, controle e avaliação do tratamento.

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Tratamento da Doença de Alzheimer

Portaria MS/SAS nº 491 24/09/2010 Inclui o conceito geral da Doença de Alzheimer, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação.

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5. RECOMENDAÇÕES

A partir dessa revisão, foram identificados temas a serem trabalhados em

uma próxima etapa: educação permanente em saúde, saúde mental, cuidados

paliativos, envelhecimento sustentável e financiamento das condições crônicas.

A reflexão de um modelo de serviços para a população idosa e pacientes

crônicos deve ter como eixo basilar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e a

não violação dos Direitos Humanos.

O SUS tem como princípio básico a equidade, universalidade, integralidade e

controle social. Todo cidadão tem o direito de acesso a serviços públicos de saúde, de

alta complexidade sem privilégios e a assistência deve ser integral.

Declaração Universal dos Direitos Humanos defende a igualdade e a dignidade

a todos os seres humanos. A garantia do direito a vida, a igualdade perante a lei, a

liberdade de expressão entre outros elementos fundamentais. Nenhum indivíduo pode

ser submetido a tratamento desumano ou degradante, além do direito a um padrão de

vida capaz de garantir saúde e bem-estar, como ter o acesso a serviços de saúde e

sociais.

O cuidado de idosos e pacientes crônicos deve ser estruturado para suprir as

demandas emergidas das necessidades específicas dessa população. Sendo que a falta

estruturação de um sistema que garanta a atenção à saúde de forma integral, em

todos os níveis de atenção seja uma violação aos princípios dos SUS e aos Direitos

Humanos.

A reflexão sobre essas questões e a revisão da literatura contribuiu para a

estruturação de recomendações que possam nortear o desenvolvimento de um

sistema de saúde que atendam a esse público de forma integral.

O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), desenvolvido por

Mendes (2012) pode ser utilizado pelo sistema de saúde brasileiro como o modelo de

atenção para o manejo integrado da cronicidade e do envelhecimento.

A partir das experiências internacionais identificadas nessa revisão,são

apresentadas algumas recomendações para o Brasil:

- Adotar o modelo de Cuidados Continuados Integrados utilizado em Portugal;

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- Priorizar o cuidado na comunidade, seja no domicílio ou instituições de

cuidado formal;

- Utilizar serviços de cuidado de transição, como a gestão de alta;

- Oferecer programas de apoio à família e ao cuidador, como os programas de

respiro;

- Promover a integração dos cuidados de saúde e sociais;

- Priorizar ações que objetivem a promoção/ melhoria/ manutenção da

autonomia, considerando os diferentes níveis de funcionalidade do indivíduo;

- Promover a articulação e a coordenação dos serviços em rede para garantir a

integração e a continuidade do cuidado;

- Disponibilizar unidades de cuidados paliativos;

- Favorecer a atuação da equipe interprofissional;

- Disponibilizar mais atendimentos domiciliares;

- Ter um gestor de casos na equipe, para possibilitar a atenção integral e a

coordenação do cuidado (como por exemplo, a experiência da Holanda);

- Ter como foco do planejamento de serviços as necessidades sociais em saúde;

- Disponibilizar serviços de atenção intermediária (como por exemplo, a

experiência do Reino Unido);

- Disponibilizar profissionais como os CareWorkers, a exemplo da Suécia.

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REFERÊNCIAS

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Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 648 de 29 de março de 2006. Estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa de Saúde da Família (PSF) e para o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM n° 2528 de 20 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.060 de 5 de junho de 2002. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria nº 399 de 23 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

Brasil. Ministério da Previdência e Assistência Social. Portaria nº 73 de 10 de maio de 2001. Estabelece normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil, integrando a regulamentação da Política Nacional do Idoso e propõe novas modalidades de atenção ao idoso, que poderão ser adequadas à realidade de cada município. Brasília: Ministério da Previdência e Assistência Social; 2001.

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Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde; 2003.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM n° 1944 de 28 de agosto de 2009. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 2.669 de 06 de novembro de 2009. Estabelece as prioridades, objetivos, metas e indicadores de monitoramento e avaliação do Pacto pela Saúde, nos componentes pela Vida e de Gestão, e as orientações, prazos e diretrizes do seu processo de pactuação para o biênio 2010 - 2011. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 1.820 de 14 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 16 de 08 de janeiro de 2002. Institui Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e à Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 371 de 06 de março de 2002. Institui o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, parte integrante do Plano Nacional de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 703 de 16 de abril de 2002. Institui o Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria MS/GM nº 1.035 de 01 de junho de 2004. Institui o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 3.318 de 28 de outubro de 2010. Institui em todo o território nacional, o Calendário Básico de vacinação da Criança, o Calendário do Adolescente e o Calendário do Adulto e Idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 702 de 12 de abril de 2002. Dispõe sobre a criação de mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080, de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

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funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde; 1990.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 841, de 02 de maio de 2012. Publica a relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. In: Brasil. Ministério da Saúde. RENASES. Brasília; 2012b.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 252 de 19 de fevereiro de 2013. Institui a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 252 de 19 de fevereiro de 2013. Institui a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 280, de 7 de abril de 1999. Torna obrigatória nos hospitais públicos, contratados ou conveniados com o SUS a viabilização de meios que permitam a presença do acompanhante de pacientes idosos quando internados. Brasília: Ministério da Saúde; 1999.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 963 de 27 de março de 2013. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Portaria nº 249 de 16 de abril de 2002. Aprova normas referentes ao cadastramento de Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Documento de diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas Redes de Atenção à Saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministério da Saúde; 2012a.

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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria MS/SAS nº 470 de 27 de julho de 2002. Define o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Tratamento da Osteoporose. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

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Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Presidência da República; 2003.

Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 5.109 de 17 de junho de 2004. Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República; 2004.

Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 6.214 de 26 de setembro de 2007. Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República; 2007.

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APÊNDICES

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Apêndice 1 - Estratégias de busca e descritores.

Bases de dados Estratégia

Envelhecimento Cronicidade

PubMed

(((((((((((((((("Palliative Care Services")) OR ("Health Services for the Aged"[Mesh]))) AND ("Aged"[Mesh]))) AND ("humans"[MeSH Terms] AND (Practice Guideline[ptyp] OR Review[ptyp] OR systematic[sb] OR Case Reports[ptyp] OR Classical Article[ptyp] OR Comment[ptyp] OR Comparative Study[ptyp] OR Congresses[ptyp] OR Consensus Development Conference[ptyp] OR Consensus Development Conference, NIH[ptyp] OR Corrected and Republished Article[ptyp] OR Directory[ptyp] OR Duplicate Publication[ptyp] OR Editorial[ptyp] OR Electronic Supplementary Materials[ptyp] OR English Abstract[ptyp] OR Evaluation Studies[ptyp] OR Festschrift[ptyp] OR Government Publications[ptyp] OR Guideline[ptyp] OR Historical Article[ptyp] OR Interactive Tutorial[ptyp] OR Interview[ptyp] OR Introductory Journal Article[ptyp] OR Journal Article[ptyp] OR Lectures[ptyp] OR Legislation[ptyp] OR Letter[ptyp] OR Multicenter Study[ptyp] OR News[ptyp] OR Newspaper Article[ptyp] OR Overall[ptyp] OR Patient Education Handout[ptyp] OR Periodical Index[ptyp] OR Portraits[ptyp] OR Published Erratum[ptyp] OR Retracted Publication[ptyp] OR Retraction of Publication[ptyp] OR Scientific Integrity Review[ptyp] OR Technical Report[ptyp] AND (English[lang] OR Portuguese[lang] OR Spanish[lang]))))) NOT ("dental"))) NOT (drug))) NOT

((((((((((((((((((((((((((("Ambulatory Care Services")) OR ("Assisted Living Facilities"[Mesh])) OR ("caregiver program")) OR ("caregiver service")) OR ("family caregiver")) OR ("Community Health Centers"[Mesh])) OR ("Community Mental Health Services"[Mesh])) OR ("Day Care"[Mesh])) OR ("Geriatric Day Hospital")) OR ("Day Hospital Care")) OR ("Health Services for the Aged"[Mesh])) OR ("Home Care Agencies"[Mesh])) OR ("Home Care Services, Hospital-Based"[Mesh])) OR ("Home Nursing"[Mesh])) OR ("Homes for the Aged"[Mesh])) OR ("Hospice Care"[Mesh])) OR ("Hospitals, Chronic Disease"[Mesh])) OR ("Housing for the Elderly"[Mesh])) OR ("Intermediate Care Facilities"[Mesh])) OR ("Long-Term Care"[Mesh])) OR ("Palliative Care Services")) OR ("Primary Health Services")) OR ("Respite Care"[Mesh])) OR ("Self-Care Units"[Mesh]))) AND ("Chronic Disease"[Mesh] OR (Chronic Diseases) OR (Disease, Chronic) OR (Diseases, Chronic) OR (Chronic Illness) OR (Chronic Illnesses) OR (Illness, Chronic) OR (Illnesses, Chronic) OR (Chronically Ill))) AND ("humans"[MeSH Terms] AND (Practice Guideline[ptyp] OR Review[ptyp] OR systematic[sb] OR Case Reports[ptyp] OR Classical Article[ptyp] OR Comment[ptyp] OR Comparative Study[ptyp] OR Congresses[ptyp] OR Consensus Development Conference[ptyp] OR Consensus Development Conference, NIH[ptyp] OR Corrected and Republished

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(medication))) NOT (prevalence))) NOT ((pay) OR ethic) Article[ptyp] OR Directory[ptyp] OR Duplicate Publication[ptyp] OR Editorial[ptyp] OR Electronic Supplementary Materials[ptyp] OR English Abstract[ptyp] OR Evaluation Studies[ptyp] OR Festschrift[ptyp] OR Government Publications[ptyp] OR Guideline[ptyp] OR Historical Article[ptyp] OR Interactive Tutorial[ptyp] OR Interview[ptyp] OR Introductory Journal Article[ptyp] OR Journal Article[ptyp] OR Lectures[ptyp] OR Legislation[ptyp] OR Letter[ptyp] OR Multicenter Study[ptyp] OR News[ptyp] OR Newspaper Article[ptyp] OR Overall[ptyp] OR Patient Education Handout[ptyp] OR Periodical Index[ptyp] OR Portraits[ptyp] OR Published Erratum[ptyp] OR Retracted Publication[ptyp] OR Retraction of Publication[ptyp] OR Scientific Integrity Review[ptyp] OR Technical Report[ptyp] AND (English[lang] OR Portuguese[lang] OR Spanish[lang])))

LILACS Envelhecimento or Saúde do idoso [Descritor de assunto] and serviço or modelo [Palavras]

doença crônica [Descritor de assunto] and serviço or modelo [Palavras]

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Apêndice 2 - Instrumento de descrição dos dados.

País do estudo

Idioma ( )Português ( )Inglês ( )Espanhol

Objetivo do estudo

Tipo de estudo

Método de coleta de dados

Resumo

Cronicidade ou envelhecimento ( )C ( )E

Tipo de serviço ( )Assistência domiciliar ( )Atenção ambulatorial ( )Atenção hospitalar ( )Atenção primária ( )Cuidados paliativos ( )Saúde Mental ( )Assistência Social

Nível de dependência ( )Independente ( )Semidependente ( )Dependente

Tipo de dependência ( )Transitória ( )Permanente

Autonomia ( )Com ( )Sem

Tempo de permanência ( )Curto (<90 dias) ( )Médio (91-180) ( )Longo (>181 dias)

Faixa etária

Sexo ( )M ( )F

Escolaridade

Renda

Objetivo da instituição

Número de usuários assistidos

Tipo de doença ( )Não específico ( )Específico (descrever)

Estrutura física Número de leitos/quartos, outras informações relevantes

Força de trabalho

Referência/contra referência

Porta de entrada Como o usuário entrou institucionalmente

Porta de saída Como o usuário saiu institucionalmente

Critérios clínicos de admissão

Critérios clínicos de alta

Localização geográfica ( )Urbano ( )Rural

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Esfera administrativa ( )Federal ( )Estadual ( )Municipal ( )Instituição filantrópica ( )Universitária ( )Privada ( )ONG

Outras

Incluído, excluído ( )I ( )E

Motivo da exclusão

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ANEXOS

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Anexo 1 - NOTARI