Modernismo Português - Fernando Pessoa

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Literatura PortuguesaLiteratura Portuguesa

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O ModernismoO Modernismo

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Fernando PessoaFernando Pessoa

Alberto CaieiroAlberto Caieiro

Álvaro de CamposÁlvaro de Campos Ricardo ReisRicardo Reis

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BiografiaBiografia 1888 nasceu em Lisboa!1888 nasceu em Lisboa! "rf#o de pai aos cinco anos$ % levado para &urban 'África do (ul)$"rf#o de pai aos cinco anos$ % levado para &urban 'África do (ul)$

onde fa* o curso prim+rio e o secund+rio com e,cepcional bril-o!onde fa* o curso prim+rio e o secund+rio com e,cepcional bril-o! 1./0 regressa a Portugal e matriculase na Faculdade de Letras1./0 regressa a Portugal e matriculase na Faculdade de Letras

de Lisboa2 assiste 3s aulas por algum tempo$ mas acabade Lisboa2 assiste 3s aulas por algum tempo$ mas acaba

abandonando os bancos escolares para se tornar correspondenteabandonando os bancos escolares para se tornar correspondentecomercial em l4nguas estrangeiras!comercial em l4nguas estrangeiras! 1.15 est+ como cr4tico de1.15 est+ como cr4tico de  A Águia A Águia$ e tr6s anos depois lidera o$ e tr6s anos depois lidera o

grupo de Orp-eu!grupo de Orp-eu! 7,tinta a revista$ passa a colaborar em outras$ como Centauro$7,tinta a revista$ passa a colaborar em outras$ como Centauro$

At-ena$ Contempornea e Presen9a! :a altura em ;ue esta <ltimaAt-ena$ Contempornea e Presen9a! :a altura em ;ue esta <ltima

apareceu$ o seu nome =+ % considerado como o de um mestre!apareceu$ o seu nome =+ % considerado como o de um mestre! 1.>? participa no concurso de poesia promovido pelo1.>? participa no concurso de poesia promovido pelo(ecretariado :acional de @nforma9es$ de Lisboa$ e somente(ecretariado :acional de @nforma9es$ de Lisboa$ e somenterecebe o segundo lugar!recebe o segundo lugar!

1.>0 doente recol-ese ao -ospital$ e falece a >/ de novembro!1.>0 doente recol-ese ao -ospital$ e falece a >/ de novembro!

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Obras Liter+riasObras Liter+rias

PoesiaPoesia

 Antinous Antinous '1.18)$'1.18)$ 35 Sonnets35 Sonnets '1.18)$'1.18)$ InscriptionsInscriptions '1.5/)$'1.5/)$

English Poems I English Poems I $$ II II  ee III III  '1.51) reuni#o dos op<sculos em ingl6s$'1.51) reuni#o dos op<sculos em ingl6s$ MensagemMensagem '1.>?)$'1.>?)$ PoesiasPoesias de Fernando Pessoa '1.?5)$de Fernando Pessoa '1.?5)$ PoesiasPoesias de Álvaro de Campos '1.??)$de Álvaro de Campos '1.??)$

PoemasPoemas de Alberto Caieiro '1.?)$de Alberto Caieiro '1.?)$ OdesOdes de Ricardo Reis '1.?)$de Ricardo Reis '1.?)$ Poemas DramáticosPoemas Dramáticos '1.05)$'1.05)$ Poesias InéditasPoesias Inéditas '1.001.0)$'1.001.0)$ Quadras ao osto PopularQuadras ao osto Popular '1.0)!'1.0)!

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Obras Liter+riasObras Liter+riasProsaProsa

 A !o"a Poesia Portuguesa A !o"a Poesia Portuguesa '1.??)$'1.??)$ Páginas de Doutrina EstéticaPáginas de Doutrina Estética '1.?)$'1.?)$  Análise da #ida Mental Portuguesa Análise da #ida Mental Portuguesa 's!d!)$'s!d!)$  Apologia do Paganismo Apologia do Paganismo 's!d!)$'s!d!)$ Páginas $ntimas e dePáginas $ntimas e de  Auto Interpreta%&o Auto Interpreta%&o '1.)$'1.)$ Páginas de Estética e 'eoria e (r)tica *iteráriaPáginas de Estética e 'eoria e (r)tica *iterária   '1.) te,tos'1.) te,tos

filosDficos!filosDficos!

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EE!!!G % o poeta l4rico$ dial%tico$ de gosto levemente barroco$ esteta$ ;ue!!!G % o poeta l4rico$ dial%tico$ de gosto levemente barroco$ esteta$ ;ueescreve seus versos H3 beiram+goaI !!!GJ! 'Massaud Mois%s!escreve seus versos H3 beiram+goaI !!!GJ! 'Massaud Mois%s!  A A*iteratura Portuguesa*iteratura Portuguesa$ p! 5??)$ p! 5??)

Coment+rio cr4tico sobre Fernando PessoaComent+rio cr4tico sobre Fernando Pessoa

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7la canta$ pobre ceifeira$7la canta$ pobre ceifeira$Kulgandose feli* talve*2Kulgandose feli* talve*2Canta$ e ceifa$ e a sua vo*$ c-eiaCanta$ e ceifa$ e a sua vo*$ c-eia

&e alegre e annima viuve*$&e alegre e annima viuve*$

Ondula como um canto de aveOndula como um canto de ave:o ar limpo como um limiar$:o ar limpo como um limiar$7 -+ curvas no enredo suave7 -+ curvas no enredo suave&o som ;ue ela tem a cantar!&o som ;ue ela tem a cantar!

Ouvila alegra e entristece$Ouvila alegra e entristece$:a sua vo* -+ o campo e a lida$:a sua vo* -+ o campo e a lida$7 canta como se tivesse7 canta como se tivesseMais ra*es pra cantar ;ue a vida!Mais ra*es pra cantar ;ue a vida!

A-$ canta$ canta sem ra*#oA-$ canta$ canta sem ra*#oO ;ue em mim sente Nst+ pensando!O ;ue em mim sente Nst+ pensando!

&errama no meu cora9#o&errama no meu cora9#o

A tua incerta vo* ondeandoA tua incerta vo* ondeando

A-$ poder ser tu$ sendo euA-$ poder ser tu$ sendo euer a tua alegre inconsci6ncia$er a tua alegre inconsci6ncia$7 a consci6ncia disso " c%u7 a consci6ncia disso " c%u" campo " can9#o A ci6ncia" campo " can9#o A ci6ncia

Pesa tanto e a vida % t#o brevePesa tanto e a vida % t#o breve7ntrai por mim dentro ornai7ntrai por mim dentro ornaiMin-a alma a vossa sombra leveMin-a alma a vossa sombra leve

&epois$ levandome$ passai&epois$ levandome$ passai

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:o plaino abandonado:o plaino abandonado

ue a morna brisa a;uece$ue a morna brisa a;uece$&e balas trespassado&e balas trespassado &uas$ de lado a lado$ &uas$ de lado a lado$Ka* morto$ e arrefeceKa* morto$ e arrefece

Raial-e a farda o sangueRaial-e a farda o sangue&e bra9os estendidos$&e bra9os estendidos$Alvo$ louro$ e,angue$Alvo$ louro$ e,angue$Fita com ol-ar langueFita com ol-ar langue7 cego os c%us perdidos7 cego os c%us perdidos

#o =ovem ue =ovem era#o =ovem ue =ovem era'Agora ;ue idade temQ)'Agora ;ue idade temQ)Fil-o <nico$ a m#e l-e deraFil-o <nico$ a m#e l-e deram nome e o mantiveram nome e o mantiveraEO menino de sua m#eJ!EO menino de sua m#eJ!

O menino da sua m#eO menino da sua m#e

Caiul-e da algibeiraCaiul-e da algibeira

A cigarreira breveA cigarreira breve&eral-e a m#e! 7st+ inteira&eral-e a m#e! 7st+ inteira7 boa a cigarreira!7 boa a cigarreira!7le % ;ue =+ n#o serve!7le % ;ue =+ n#o serve!

&e outra algibeira$ alada&e outra algibeira$ aladaPonta a ro9ar o solo$Ponta a ro9ar o solo$A brancura embain-adaA brancura embain-ada&e um len9o!!! deul-o a criada&e um len9o!!! deul-o a criadaSel-a ;ue o trou,e ao colo!Sel-a ;ue o trou,e ao colo!

L+ longe$ em casa$ -+ a preceL+ longe$ em casa$ -+ a preceEue volte cedo$ e bemJEue volte cedo$ e bemJ'Mal-as ;ue o @mp%rio tece)'Mal-as ;ue o @mp%rio tece)Ka* morto$ e apodrece$Ka* morto$ e apodrece$O menino de sua m#e!O menino de sua m#e!

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O poeta % um fingidor!O poeta % um fingidor!Finge t#o completamenteFinge t#o completamenteue c-ega a fingir ;ue % dor ue c-ega a fingir ;ue % dor A dor ;ue deveras sente!A dor ;ue deveras sente!

7 os ;ue l6em o ;ue escreve$7 os ;ue l6em o ;ue escreve$:a dor lida sentem bem$:a dor lida sentem bem$:#o as duas ;ue ele teve$:#o as duas ;ue ele teve$Mas sD a ;ue eles n#o t6m!Mas sD a ;ue eles n#o t6m!

7 assim nas cal-as de roda7 assim nas cal-as de rodaTira$ a entreter a ra*#o$Tira$ a entreter a ra*#o$7sse comboio de corda7sse comboio de cordaue se c-ama cora9#o!ue se c-ama cora9#o!

AutopsicografiaAutopsicografia

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EEMensagem '1.>?)$ foi o <nico livro em l4ngua portuguesa publicadoMensagem '1.>?)$ foi o <nico livro em l4ngua portuguesa publicadopor Pessoa! Os poemas do livro est#o organi*ados de forma a comporpor Pessoa! Os poemas do livro est#o organi*ados de forma a comporuma epop%ia fragment+ria$ em ;ue o con=unto dos te,tos l4ricos acabauma epop%ia fragment+ria$ em ;ue o con=unto dos te,tos l4ricos acaba

formando um elogio de teor %pico a Portugal! ra9ando a -istDria doformando um elogio de teor %pico a Portugal! ra9ando a -istDria doseu pa4s$ Pessoa envereda por um nacionalismo m4stico de car+terseu pa4s$ Pessoa envereda por um nacionalismo m4stico de car+tersebastianista!sebastianista!O livro Mensagem est+ dividido em tr6s partes Bras#o$ Mar portugu6sO livro Mensagem est+ dividido em tr6s partes Bras#o$ Mar portugu6se O 7ncoberto! :a primeira$ contase a -istDria das glDriase O 7ncoberto! :a primeira$ contase a -istDria das glDrias

portuguesas! :a segunda$ s#o apresentadas as navega9es eportuguesas! :a segunda$ s#o apresentadas as navega9es econ;uistas mar4timas de Portugal! :a terceira$ % apresentado o mitocon;uistas mar4timas de Portugal! :a terceira$ % apresentado o mitosebastianista de retorno de Portugal 3s %pocas de glDria!sebastianista de retorno de Portugal 3s %pocas de glDria! A primeira parte de Mensagem$ Bras#o$ se estrutura como o bras#oA primeira parte de Mensagem$ Bras#o$ se estrutura como o bras#oportugu6s$ ;ue % formado por dois campos um apresenta seteportugu6s$ ;ue % formado por dois campos um apresenta sete

castelos$ o outro$ cinco ;uinas! :o topo do bras#o$ est#o a coroa e ocastelos$ o outro$ cinco ;uinas! :o topo do bras#o$ est#o a coroa e otimbre$ ;ue apresenta o grifo$ animal mitolDgico ;ue tem cabe9a detimbre$ ;ue apresenta o grifo$ animal mitolDgico ;ue tem cabe9a dele#o e asas de +guia! Assim se dividem os poemas desta parte$le#o e asas de +guia! Assim se dividem os poemas desta parte$remetendo ao bras#o de Portugal! Sersam sobre as grandes figuras daremetendo ao bras#o de Portugal! Sersam sobre as grandes figuras da-istDria de Portugal$ desde &om Uenri;ue$ fundador do Condado-istDria de Portugal$ desde &om Uenri;ue$ fundador do CondadoPortucalense$ passando por sua esposa$ &ona are=a$ e seu fil-o$Portucalense$ passando por sua esposa$ &ona are=a$ e seu fil-o$

Resumo da obraResumo da obra MensagemMensagem

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primeiro rei de Portugal$ &om Afonso Uenri;ues$ at% o infante &omprimeiro rei de Portugal$ &om Afonso Uenri;ues$ at% o infante &omUenri;ue '1>.?1?/)$ fundador da 7scola de (agres e grandeUenri;ue '1>.?1?/)$ fundador da 7scola de (agres e grandefomentador da e,pans#o ultramarina portuguesa$ e Afonso defomentador da e,pans#o ultramarina portuguesa$ e Afonso deAlbu;uer;ue '1?51010)$ dominador portugu6s do Oriente! At% o mitoAlbu;uer;ue '1?51010)$ dominador portugu6s do Oriente! At% o mito

de lisses$ ;ue teria fundado a cidade de lissepona$ depois Lisboa$ %de lisses$ ;ue teria fundado a cidade de lissepona$ depois Lisboa$ %apresentado !!!G! A segunda parte$ Mar portugu6s$ apresenta asapresentado !!!G! A segunda parte$ Mar portugu6s$ apresenta asprincipais etapas da e,pans#o ultramarina ;ue levou Portugal aprincipais etapas da e,pans#o ultramarina ;ue levou Portugal aocupar um lugar de desta;ue no mundo durante os s%culos VS e VS@ocupar um lugar de desta;ue no mundo durante os s%culos VS e VS@!!!G! K+ a <ltima parte$ O 7ncoberto$ apresenta o misticismo em torno!!!G! K+ a <ltima parte$ O 7ncoberto$ apresenta o misticismo em torno

da figura de &om (ebasti#o$ rei de Portugal cu=a frota foi di*imada emda figura de &om (ebasti#o$ rei de Portugal cu=a frota foi di*imada emata;ue aos mouros em 10W8! Muitas previses$ como a do sapateiroata;ue aos mouros em 10W8! Muitas previses$ como a do sapateiroBandarra e a do padre Antnio Sieira$ prev6em o retorno de &omBandarra e a do padre Antnio Sieira$ prev6em o retorno de &om(ebasti#o para resgatar o poderio de Portugal$ criando o uinto(ebasti#o para resgatar o poderio de Portugal$ criando o uinto@mp%rio$ marcando a supremacia de Portugal sobre o mundo !!!G!J@mp%rio$ marcando a supremacia de Portugal sobre o mundo !!!G!J

Fonte -ttpXXYYY!netsaber!com!brXresumosXverZresumoZcZ?/>1!-tmlFonte -ttpXXYYY!netsaber!com!brXresumosXverZresumoZcZ?/>1!-tml

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Os -eternimosOs -eternimos

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EEPasso agora a responder 3 sua pergunta sobre a g6nese dos meusPasso agora a responder 3 sua pergunta sobre a g6nese dos meus-eternimos! Sou ver se consigo responderl-e completamente!-eternimos! Sou ver se consigo responderl-e completamente!

Come9o pela parte psi;ui+trica! A origem dos meus -eternimos % oCome9o pela parte psi;ui+trica! A origem dos meus -eternimos % ofundo tra9o de -isteria ;ue e,iste em mim! :#o sei se soufundo tra9o de -isteria ;ue e,iste em mim! :#o sei se sousimplesmente -ist%rico$ se sou$ mais propriamente$ um -isterosimplesmente -ist%rico$ se sou$ mais propriamente$ um -isteroneurast6nico! endo para esta segunda -ipDtese$ por;ue -+ em mimneurast6nico! endo para esta segunda -ipDtese$ por;ue -+ em mimfenmenos de abulia ;ue a -isteria$ propriamente dita$ n#o en;uadrafenmenos de abulia ;ue a -isteria$ propriamente dita$ n#o en;uadrano registro dos seus sintomas! (e=a como for$ a origem mental dosno registro dos seus sintomas! (e=a como for$ a origem mental dosmeus -eternimos est+ na min-a tend6ncia orgnica e constante parameus -eternimos est+ na min-a tend6ncia orgnica e constante paraa despersonali*a9#o e para a simula9#o! 7stes fenmenos feli*mentea despersonali*a9#o e para a simula9#o! 7stes fenmenos feli*mentepara mim e para os outros mentali*aramse em mim2 ;uero di*er$ n#opara mim e para os outros mentali*aramse em mim2 ;uero di*er$ n#ose manifestam na min-a vida pr+tica$ e,terior e de contato comse manifestam na min-a vida pr+tica$ e,terior e de contato comoutros2 fa*em e,plos#o para dentro e vivoos eu a sDs comigo! (e euoutros2 fa*em e,plos#o para dentro e vivoos eu a sDs comigo! (e eu

fosse mul-er na mul-er os fenmenos -ist%ricos rompem emfosse mul-er na mul-er os fenmenos -ist%ricos rompem emata;ues e cousas parecidas cada poema de Álvaro de Campos 'oata;ues e cousas parecidas cada poema de Álvaro de Campos 'omais -istericamente -ist%rico de mim) seria um alarme para amais -istericamente -ist%rico de mim) seria um alarme para avi*in-an9a! Mas sou -omem e nos -omens a -isteria assumevi*in-an9a! Mas sou -omem e nos -omens a -isteria assumeprincipalmente aspectos mentais2 assim tudo acaba em sil6ncio eprincipalmente aspectos mentais2 assim tudo acaba em sil6ncio e

poesia[poesia[

A e,plica9#o de Fernando PessoaA e,plica9#o de Fernando Pessoa

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&esde crian9a tive a tend6ncia para criar em meu torno um mundo&esde crian9a tive a tend6ncia para criar em meu torno um mundofict4cio$ de me cercar de amigos e con-ecidos ;ue nunca e,istiram!fict4cio$ de me cercar de amigos e con-ecidos ;ue nunca e,istiram!':#o sei$ bem entendido$ se realmente n#o e,istiram$ ou se sou eu ;ue':#o sei$ bem entendido$ se realmente n#o e,istiram$ ou se sou eu ;uen#o e,isto! :estas cousas$ como em todas$ n#o devemos sern#o e,isto! :estas cousas$ como em todas$ n#o devemos serdogm+ticos!) &esde ;ue me con-e9o como sendo a;uilo a ;ue c-amodogm+ticos!) &esde ;ue me con-e9o como sendo a;uilo a ;ue c-amo

eu$ me lembro de precisar mentalmente$ em figura$ movimentos$eu$ me lembro de precisar mentalmente$ em figura$ movimentos$car+cter e -istDria$ v+rias figuras irreais ;ue eram para mim t#ocar+cter e -istDria$ v+rias figuras irreais ;ue eram para mim t#ovis4veis e min-as como as cousas da;uilo a ;ue c-amamos$vis4veis e min-as como as cousas da;uilo a ;ue c-amamos$porventura abusivamente$ a vida real! 7sta tend6ncia$ ;ue me vemporventura abusivamente$ a vida real! 7sta tend6ncia$ ;ue me vemdesde ;ue me lembro de ser um eu$ temme acompan-ado sempre$desde ;ue me lembro de ser um eu$ temme acompan-ado sempre$

mudando um pouco o tipo de m<sica com ;ue me encanta$ mas n#omudando um pouco o tipo de m<sica com ;ue me encanta$ mas n#oalterando nunca a sua maneira de encantar!alterando nunca a sua maneira de encantar!

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Lembro$ assim$ o ;ue me parece ter sido o meu primeiro -eternimo$Lembro$ assim$ o ;ue me parece ter sido o meu primeiro -eternimo$ou$ antes$ o meu primeiro con-ecido ine,istente um certo C-evalierou$ antes$ o meu primeiro con-ecido ine,istente um certo C-evalierde Pas dos meus seis anos$ por ;uem escrevia cartas dele a mimde Pas dos meus seis anos$ por ;uem escrevia cartas dele a mimmesmo$ e cu=a figura$ n#o inteiramente vaga$ ainda con;uista a;uelamesmo$ e cu=a figura$ n#o inteiramente vaga$ ainda con;uista a;uela

parte da min-a afei9#o ;ue confina com a saudade! Lembrome$ comparte da min-a afei9#o ;ue confina com a saudade! Lembrome$ commenos nitide*$ de uma outra figura$ cu=o nome =+ me n#o ocorre masmenos nitide*$ de uma outra figura$ cu=o nome =+ me n#o ocorre mas;ue o tin-a estrangeiro tamb%m$ ;ue era$ n#o sei em ;u6$ um rival do;ue o tin-a estrangeiro tamb%m$ ;ue era$ n#o sei em ;u6$ um rival doC-evalier de Pas[ Cousas ;ue acontecem a todas as crian9asQ (emC-evalier de Pas[ Cousas ;ue acontecem a todas as crian9asQ (emd<vida ou talve*! Mas a tal ponto as vivi ;ue as vivo ainda$ pois ;ued<vida ou talve*! Mas a tal ponto as vivi ;ue as vivo ainda$ pois ;ueas relembro de tal modo ;ue % mister um esfor9o para me fa*er saberas relembro de tal modo ;ue % mister um esfor9o para me fa*er saber;ue n#o foram realidades!;ue n#o foram realidades!

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7sta tend6ncia para criar em torno de mim um outro mundo$ igual a7sta tend6ncia para criar em torno de mim um outro mundo$ igual aeste mas com outra gente$ nunca me saiu da imagina9#o! eve v+riaseste mas com outra gente$ nunca me saiu da imagina9#o! eve v+riasfases$ entre as ;uais esta$ sucedida =+ em maioridade! Ocorriame umfases$ entre as ;uais esta$ sucedida =+ em maioridade! Ocorriame umdito de esp4rito$ absolutamente al-eio$ por um motivo ou outro$ a ;uemdito de esp4rito$ absolutamente al-eio$ por um motivo ou outro$ a ;uemeu sou$ ou a ;uem supon-o ;ue sou! &i*iao$ imediatamente$eu sou$ ou a ;uem supon-o ;ue sou! &i*iao$ imediatamente$

espontaneamente$ como sendo de certo amigo meu$ cu=o nomeespontaneamente$ como sendo de certo amigo meu$ cu=o nomeinventava$ cu=a -istDria acrescentava$ e cu=a figura cara$ estatura$inventava$ cu=a -istDria acrescentava$ e cu=a figura cara$ estatura$tra=e e gesto imediatamente eu via diante de mim! 7 assim arran=ei$ etra=e e gesto imediatamente eu via diante de mim! 7 assim arran=ei$ epropaguei$ v+rios amigos e con-ecidos ;ue nunca e,istiram$ mas ;uepropaguei$ v+rios amigos e con-ecidos ;ue nunca e,istiram$ mas ;ueainda -o=e$ a perto de trinta anos de distncia$ oi9o$ sinto$ ve=o! Repitoainda -o=e$ a perto de trinta anos de distncia$ oi9o$ sinto$ ve=o! Repitooi9o$ sinto$ ve=o[ 7 ten-o saudades delesJ! 'Carta a Adolfo Casaisoi9o$ sinto$ ve=o[ 7 ten-o saudades delesJ! 'Carta a Adolfo CasaisMonteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)Monteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)

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EEAmb4guo$ esse processo atomi*ante da personalidade tornaAmb4guo$ esse processo atomi*ante da personalidade torna

Fernando Pessoa uno e diviso ao mesmo tempo e salvao dumaFernando Pessoa uno e diviso ao mesmo tempo e salvao dumaegolatria$ ;ue poderia condu*ilo ao suic4dio ou 3 loucura$ osegolatria$ ;ue poderia condu*ilo ao suic4dio ou 3 loucura$ oscamin-os abertos aos compan-eiros de gera9#o 'M+rio de (+camin-os abertos aos compan-eiros de gera9#o 'M+rio de (+Carneiro suicidase$ \ngelo de Lima morre no -osp4cio)! Ora$ e a;uiCarneiro suicidase$ \ngelo de Lima morre no -osp4cio)! Ora$ e a;uiest+ o ponto a ;ue se pretende c-egar $ % desse m<ltiplo eest+ o ponto a ;ue se pretende c-egar $ % desse m<ltiplo edesintegrante desdobramento de personalidade ;ue nascem osdesintegrante desdobramento de personalidade ;ue nascem osH-eternimosI de Fernando Pessoa! :ada tendo ;ue ver comH-eternimosI de Fernando Pessoa! :ada tendo ;ue ver comHpseudnimosI$ ;uerem referir a e,ist6ncia de Houtros nomesI$ isto %$HpseudnimosI$ ;uerem referir a e,ist6ncia de Houtros nomesI$ isto %$outros poetas$ com identidade$ HvidaI e sentidos autnomos$ vivendooutros poetas$ com identidade$ HvidaI e sentidos autnomos$ vivendodentro do poeta$ de forma ;ue este se torna um e v+rios aos mesmodentro do poeta$ de forma ;ue este se torna um e v+rios aos mesmotempo! Como sabemos a dupla personalidade % fenmeno fre;]ente$tempo! Como sabemos a dupla personalidade % fenmeno fre;]ente$

n#o assim a polipersonalidade! Mediante esta disposi9#o an4mica$n#o assim a polipersonalidade! Mediante esta disposi9#o an4mica$Fernando Pessoa se -abilita a ver o mundo como os outros o v6em$Fernando Pessoa se -abilita a ver o mundo como os outros o v6em$viram e ver#o$ e$ e,plicando e transcendendo o caos geral$ apro,imarviram e ver#o$ e$ e,plicando e transcendendo o caos geral$ apro,imarse de uma verdade menos contingente dentro da floresta dese de uma verdade menos contingente dentro da floresta derelativismo em ;ue se ac-a embren-adoJ ! 'relativismo em ;ue se ac-a embren-adoJ ! ' A *iteratura Portuguesa A *iteratura Portuguesa$ p!$ p!

5?>)5?>)

A vis#o do estudioso Massaud Mois%sA vis#o do estudioso Massaud Mois%s

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Alberto CaieiroAlberto Caieiro

O E i t J d Alb t C i i dO E i t J d Alb t C i i d

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EEA4 por 1.15$ salvo erro ';ue nunca pode ser grande)$ veiome 3 id%iaA4 por 1.15$ salvo erro ';ue nunca pode ser grande)$ veiome 3 id%iaescrever uns poemas de 4ndole pag#! 7sbocei umas cousas em versoescrever uns poemas de 4ndole pag#! 7sbocei umas cousas em versoirregular 'n#o no estilo Álvaro de Campos$ mas num estilo de meiairregular 'n#o no estilo Álvaro de Campos$ mas num estilo de meiaregularidade)$ e abandonei o caso!regularidade)$ e abandonei o caso!!!!G Ano e meio$ ou dois anos depois$ lembreime um dia de fa*er uma!!!G Ano e meio$ ou dois anos depois$ lembreime um dia de fa*er umapartida ao (+Carneiro de inventar um poeta bucDlico$ de esp%ciepartida ao (+Carneiro de inventar um poeta bucDlico$ de esp%ciecomplicada$ e apresentarl-o$ =+ me n#o lembro como$ em ;ual;uercomplicada$ e apresentarl-o$ =+ me n#o lembro como$ em ;ual;ueresp%cie de realidade! Levei uns dias a elaborar o poeta mas nadaesp%cie de realidade! Levei uns dias a elaborar o poeta mas nadaconsegui! :um dia em ;ue finalmente desistira foi em 8 de Mar9o deconsegui! :um dia em ;ue finalmente desistira foi em 8 de Mar9o de1.1? acer;ueime de uma cmoda alta$ e$ tomando um papel$1.1? acer;ueime de uma cmoda alta$ e$ tomando um papel$comecei a escrever$ de p%$ como escrevo sempre ;ue posso! 7 escrevicomecei a escrever$ de p%$ como escrevo sempre ;ue posso! 7 escrevi

trinta e tantos poemas a fio$ numa esp%cie de 6,tase cu=a nature*a n#otrinta e tantos poemas a fio$ numa esp%cie de 6,tase cu=a nature*a n#oconseguirei definir! Foi o dia triunfal da min-a vida$ e nunca podereiconseguirei definir! Foi o dia triunfal da min-a vida$ e nunca podereiter outro assim! Abri com um t4tulo$ O Tuardador de Reban-os! 7 oter outro assim! Abri com um t4tulo$ O Tuardador de Reban-os! 7 o;ue se seguiu foi o aparecimento de algu%m em mim$ a ;uem dei;ue se seguiu foi o aparecimento de algu%m em mim$ a ;uem deidesde logo o nome de Alberto CaeiroJ! 'Carta a Adolfo Casaisdesde logo o nome de Alberto CaeiroJ! 'Carta a Adolfo Casais

Monteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)Monteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)

O EnascimentoJ de Alberto Caieiro segundoO EnascimentoJ de Alberto Caieiro segundoFernando PessoaFernando Pessoa

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EE!!!G Alberto Caieiro$ HnascidoI a 8 de mar9o de 1.1? e mestre dos!!!G Alberto Caieiro$ HnascidoI a 8 de mar9o de 1.1? e mestre dos

demais % o poeta ;ue foge para o campo$ pois$ sendo poeta e nadademais % o poeta ;ue foge para o campo$ pois$ sendo poeta e nadamais$ poeta por nature*a$ deve procurar viver simplesmente como asmais$ poeta por nature*a$ deve procurar viver simplesmente como asflores$ os regatos$ as fontes$ os prados$ etc!$ ;ue s#o feli*es apenasflores$ os regatos$ as fontes$ os prados$ etc!$ ;ue s#o feli*es apenaspor;ue$ faltandol-es a capacidade de pensar$ n#o sabem o ;ue s#opor;ue$ faltandol-es a capacidade de pensar$ n#o sabem o ;ue s#o!!!GJ! '!!!GJ! ' A *iteratura Portuguesa A *iteratura Portuguesa$ p! 5??)$ p! 5??)

Alberto Caieiro segundo Massaud Mois%sAlberto Caieiro segundo Massaud Mois%s

O d i # iO d i # i

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O ;ue vemos das coisas s#o as coisas!O ;ue vemos das coisas s#o as coisas!Por ;ue ver4amos nDs uma coisa se -ouvesse outraQPor ;ue ver4amos nDs uma coisa se -ouvesse outraQPor ;ue % ;ue ver e ouvir seria iludirmonosPor ;ue % ;ue ver e ouvir seria iludirmonos(e ver e ouvir s#o ver e ouvirQ(e ver e ouvir s#o ver e ouvirQ

O essencial % saber ver$O essencial % saber ver$(aber ver sem estar a pensar$(aber ver sem estar a pensar$(aber ver ;uando se v6(aber ver ;uando se v67 nem pensar ;uando se v6$7 nem pensar ;uando se v6$:em ver ;uando se pensa!:em ver ;uando se pensa!

Mas isso 'triste de nDs ;ue tra*emos a alma vestida)$Mas isso 'triste de nDs ;ue tra*emos a alma vestida)$

@sso e,ige um estudo profundo$@sso e,ige um estudo profundo$ma aprendi*agem de desaprender ma aprendi*agem de desaprender 

7 uma se;uestra9#o na liberdade da;uele convento7 uma se;uestra9#o na liberdade da;uele convento&e ;ue os poetas di*em ;ue as estrelas s#o as freiras eternas&e ;ue os poetas di*em ;ue as estrelas s#o as freiras eternas

7 as flores as penitentes convictas de um sD dia$7 as flores as penitentes convictas de um sD dia$Mas onde afinal as estrelas n#o s#o sen#o estrelasMas onde afinal as estrelas n#o s#o sen#o estrelas

:em flores sen#o flores$:em flores sen#o flores$(endo por isso ;ue l-e c-amamos estrelas e flores!(endo por isso ;ue l-e c-amamos estrelas e flores!

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O mist%rio das coisas$ onde est+ eleQO mist%rio das coisas$ onde est+ eleQOnde est+ ele ;ue n#o apareceOnde est+ ele ;ue n#o aparecePelo menos a mostrarnos ;ue % mist%rioQPelo menos a mostrarnos ;ue % mist%rioQue sabe o rio disso e ;ue sabe a +rvoreQue sabe o rio disso e ;ue sabe a +rvoreQ

7 eu$ ;ue n#o sou mais do ;ue eles$ ;ue sei dissoQ7 eu$ ;ue n#o sou mais do ;ue eles$ ;ue sei dissoQ(empre ;ue ol-o para as coisas penso no ;ue os -omens pensam delas$(empre ;ue ol-o para as coisas penso no ;ue os -omens pensam delas$Rio como um regato ;ue soa fresco numa pedra!Rio como um regato ;ue soa fresco numa pedra!

Por;ue o <nico sentido oculto das coisasPor;ue o <nico sentido oculto das coisas^ elas n#o terem sentido oculto nen-um$^ elas n#o terem sentido oculto nen-um$^ mais estran-o do ;ue todas as estran-e*as^ mais estran-o do ;ue todas as estran-e*as7 do ;ue os son-os de todos os poetas7 do ;ue os son-os de todos os poetas7 os pensamentos de todos os filDsofos$7 os pensamentos de todos os filDsofos$ue as coisas se=am realmente o ;ue parecem ser ue as coisas se=am realmente o ;ue parecem ser 

7 n#o -a=a nada ;ue compreender!7 n#o -a=a nada ;ue compreender!

(im$ eis o ;ue os meus sentidos aprenderam so*in-os (im$ eis o ;ue os meus sentidos aprenderam so*in-os As coisas n#o tem significa9#o tem e,ist6ncia!As coisas n#o tem significa9#o tem e,ist6ncia!

As coisas s#o o <nico sentido oculto das coisas!As coisas s#o o <nico sentido oculto das coisas!

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EEAparecido Alberto Caeiro$ tratei logo de l-e descobrir instintiva eAparecido Alberto Caeiro$ tratei logo de l-e descobrir instintiva e

subconscientemente uns disc4pulos! Arran;uei do seu falsosubconscientemente uns disc4pulos! Arran;uei do seu falsopaganismo o Ricardo Reis latente$ descobril-e o nome$ e a=usteio apaganismo o Ricardo Reis latente$ descobril-e o nome$ e a=usteio asi mesmo$ por;ue nessa altura =+ o via! 7$ de repente$ e em deriva9#osi mesmo$ por;ue nessa altura =+ o via! 7$ de repente$ e em deriva9#ooposta 3 de Ricardo Reis$ surgiume impetuosamente um novooposta 3 de Ricardo Reis$ surgiume impetuosamente um novoindiv4duo! :um =ato$ e 3 m+;uina de escrever$ sem interrup9#o nemindiv4duo! :um =ato$ e 3 m+;uina de escrever$ sem interrup9#o nememenda$ surgiu a Ode riunfal de Álvaro de Campos a Ode com esseemenda$ surgiu a Ode riunfal de Álvaro de Campos a Ode com essenome e o -omem com o nome ;ue temJ! 'Carta a Adolfo Casaisnome e o -omem com o nome ;ue temJ! 'Carta a Adolfo CasaisMonteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)Monteiro de 1> de =aneiro de 1.>0)

O EnascimentoJ de Álvaro de Campos eO EnascimentoJ de Álvaro de Campos eRicardo Reis segundo Fernando PessoaRicardo Reis segundo Fernando Pessoa

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EE!!!G % o poeta moderno$ s%culo VV$ engen-eiro de profiss#o$ ;ue do!!!G % o poeta moderno$ s%culo VV$ engen-eiro de profiss#o$ ;ue dodesespero e,trai a prDpria ra*#o de ser e n#o foge de sua condi9#o dedesespero e,trai a prDpria ra*#o de ser e n#o foge de sua condi9#o de-omem su=eito 3 m+;uina e 3 cegueira dos semel-antes$ tudo-omem su=eito 3 m+;uina e 3 cegueira dos semel-antes$ tudotransfundido numa revolta a um tempo atual e perene$ prDpria dostransfundido numa revolta a um tempo atual e perene$ prDpria doscontestadores !!!G!J 'contestadores !!!G!J ' A *iteratura Portuguesa A *iteratura Portuguesa$ p! 5??)$ p! 5??)

Álvaro de Campos segundo Massaud Mois%sÁlvaro de Campos segundo Massaud Mois%s

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:#o :#o ;uero nada!:#o :#o ;uero nada!

K+ disse ;ue n#o ;uero nada!K+ disse ;ue n#o ;uero nada!:#o me ven-am com concluses:#o me ven-am com conclusesA <nica conclus#o % morrer!A <nica conclus#o % morrer!

:#o me tragam est%ticas:#o me tragam est%ticas

:#o me falem em moral:#o me falem em moraliremme da;ui a metaf4sicairemme da;ui a metaf4sica:#o me apregoem sistemas:#o me apregoem sistemascompletos$ n#o me enfileiremcompletos$ n#o me enfileiremcon;uistascon;uistas&as ci6ncias 'das ci6ncias$ &eus&as ci6ncias 'das ci6ncias$ &eusmeu$ das ci6ncias) _meu$ das ci6ncias) _&as ci6ncias$ das artes$ da&as ci6ncias$ das artes$ dacivili*a9#o modernacivili*a9#o moderna

ue mal fi* eu aos deuses todosQue mal fi* eu aos deuses todosQ

Lisbon revisited '1.5>)Lisbon revisited '1.5>)

(e t6m a verdade$ guardemna(e t6m a verdade$ guardemna

(ou um t%cnico$ mas ten-o t%cnica sD(ou um t%cnico$ mas ten-o t%cnica sDdentro da t%cnica!dentro da t%cnica!Fora disso sou doido$ com todo oFora disso sou doido$ com todo odireito a s6lo!direito a s6lo!Com todo o direito a s6lo$ ouviramQCom todo o direito a s6lo$ ouviramQ

:#o me macem$ por amor de &eus:#o me macem$ por amor de &eus

ueriamme casado$ f<til$ ;uotidianoueriamme casado$ f<til$ ;uotidianoe tribut+velQe tribut+velQueriamme o contr+rio disto$ oueriamme o contr+rio disto$ ocontr+rio de ;ual;uer coisaQcontr+rio de ;ual;uer coisaQ(e eu fosse outra pessoa$ fa*ial-es$ a(e eu fosse outra pessoa$ fa*ial-es$ atodos$ a vontade!todos$ a vontade!

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Assim$ como sou$ ten-amAssim$ como sou$ ten-am

paci6nciapaci6nciaS#o para o diabo sem mim$S#o para o diabo sem mim$Ou dei,emme ir so*in-o para oOu dei,emme ir so*in-o para odiabodiaboPara ;ue -avemos de ir =untosQPara ;ue -avemos de ir =untosQ

:#o me peguem no bra9o:#o me peguem no bra9o:#o gosto ;ue me peguem no:#o gosto ;ue me peguem nobra9o! uero ser so*in-o!bra9o! uero ser so*in-o!

K+ disse ;ue sou so*in-oK+ disse ;ue sou so*in-o

A-$ ;ue ma9ada ;uererem ;ue euA-$ ;ue ma9ada ;uererem ;ue euse=a da compan-iase=a da compan-ia

" c%u a*ul _ o mesmo da min-a" c%u a*ul _ o mesmo da min-ainfncia _infncia _7terna verdade va*ia e perfeita7terna verdade va*ia e perfeita" macio e=o ancestral e mudo$" macio e=o ancestral e mudo$Pe;uena verdade onde o c%u sePe;uena verdade onde o c%u serefletereflete" m+goa revisitada$ Lisboa de outrora" m+goa revisitada$ Lisboa de outrora

de -o=ede -o=e:ada me dais$ nada me tirais$ nada:ada me dais$ nada me tirais$ nadasois ;ue eu me sinta!sois ;ue eu me sinta!

&ei,emme em pa* :#o tardo$ ;ue eu&ei,emme em pa* :#o tardo$ ;ue eu

nunca tardo!!!nunca tardo!!!7 en;uanto tarda o Abismo e o7 en;uanto tarda o Abismo e o(il6ncio ;uero estar so*in-o(il6ncio ;uero estar so*in-o

Anivers+rioAnivers+rio

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:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos$:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos$7u era feli* e ningu%m estava morto!7u era feli* e ningu%m estava morto!:a casa antiga$ at% eu fa*er anos era uma tradi9#o de -+ s%culos$:a casa antiga$ at% eu fa*er anos era uma tradi9#o de -+ s%culos$7 a alegria de todos$ e a min-a$ estava certa com uma religi#o ;ual;uer!7 a alegria de todos$ e a min-a$ estava certa com uma religi#o ;ual;uer!

:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos$:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos$7u tin-a a grande sa<de de n#o perceber coisa nen-uma$7u tin-a a grande sa<de de n#o perceber coisa nen-uma$&e ser inteligente para entre a fam4lia$&e ser inteligente para entre a fam4lia$

7 de n#o ter as esperan9as ;ue os outros tin-am por mim!7 de n#o ter as esperan9as ;ue os outros tin-am por mim!uando vim a ter esperan9as$ =+ n#o sabia ter esperan9as!uando vim a ter esperan9as$ =+ n#o sabia ter esperan9as!uando vim a ol-ar para a vida$ perdera o sentido da vida!uando vim a ol-ar para a vida$ perdera o sentido da vida!

(im$ o ;ue fui de suposto a mimmesmo$(im$ o ;ue fui de suposto a mimmesmo$

O ;ue fui de cora9#o e parentesco!O ;ue fui de cora9#o e parentesco!O ;ue fui de seres de meiaprov4ncia$O ;ue fui de seres de meiaprov4ncia$O ;ue fui de amaremme e eu ser menino$O ;ue fui de amaremme e eu ser menino$O ;ue fui ai$ meu &eus$ o ;ue sD -o=e sei ;ue fui!!!O ;ue fui ai$ meu &eus$ o ;ue sD -o=e sei ;ue fui!!!A ;ue distncia!!!A ;ue distncia!!!

':em o ac-o!!!)':em o ac-o!!!)O tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anosO tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos

Anivers+rioAnivers+rio

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O ;ue eu sou -o=e % como a umidade no corredor do fim da casa$O ;ue eu sou -o=e % como a umidade no corredor do fim da casa$

Pondo grelado nas paredes!!!Pondo grelado nas paredes!!!O ;ue eu sou -o=e 'e a casa dos ;ue me amaram treme atrav%s dasO ;ue eu sou -o=e 'e a casa dos ;ue me amaram treme atrav%s dasmin-as l+grimas)$min-as l+grimas)$O ;ue eu sou -o=e % terem vendido a casa$O ;ue eu sou -o=e % terem vendido a casa$^ terem morrido todos$^ terem morrido todos$^ estar eu sobrevivente a mimmesmo como um fDsforo frio!!!^ estar eu sobrevivente a mimmesmo como um fDsforo frio!!!

:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!!:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!!ue meu amor$ como uma pessoa$ esse tempoue meu amor$ como uma pessoa$ esse tempo&ese=o f4sico da alma de se encontrar ali outra ve*$&ese=o f4sico da alma de se encontrar ali outra ve*$Por uma viagem metaf4sica e carnal$Por uma viagem metaf4sica e carnal$

Com uma dualidade de eu para mim!!!Com uma dualidade de eu para mim!!!Comer o passado como p#o de fome$ sem tempo de manteiga nosComer o passado como p#o de fome$ sem tempo de manteiga nosdentesdentes

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Se=o tudo outra ve* com uma nitide* ;ue me cega para o ;ue -+ a;ui!!!Se=o tudo outra ve* com uma nitide* ;ue me cega para o ;ue -+ a;ui!!!A mesa posta com mais lugares$ com mel-ores desen-os na loi9a$ comA mesa posta com mais lugares$ com mel-ores desen-os na loi9a$ commais copos$mais copos$

O aparador com muitas coisas _ doces$ frutas$ o resto na sombraO aparador com muitas coisas _ doces$ frutas$ o resto na sombradebai,o do al9ado$debai,o do al9ado$As tias vel-as$ os primos diferentes$ e tudo era por min-a causa$As tias vel-as$ os primos diferentes$ e tudo era por min-a causa$:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!!:o tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!! 

P+ra$ meu cora9#oP+ra$ meu cora9#o:#o penses &ei,a o pensar na cabe9a:#o penses &ei,a o pensar na cabe9a" meu &eus$ meu &eus$ meu &eus" meu &eus$ meu &eus$ meu &eusUo=e =+ n#o fa9o anos!Uo=e =+ n#o fa9o anos!&uro!&uro!

(omamseme dias!(omamseme dias!(erei vel-o ;uando o for!(erei vel-o ;uando o for!Mais nada!Mais nada!Raiva de n#o ter tra*ido o passado roubado na algibeira!!!Raiva de n#o ter tra*ido o passado roubado na algibeira!!!

O tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!!O tempo em ;ue feste=avam o dia dos meus anos!!!

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EE!!!G simboli*a uma forma -uman4stica de ver o mundo$ evidente na!!!G simboli*a uma forma -uman4stica de ver o mundo$ evidente naades#o ressuscitadora do esp4rito da Antiguidade cl+ssica$ de ;ue oades#o ressuscitadora do esp4rito da Antiguidade cl+ssica$ de ;ue oculto da ode e dum paganismo da decad6ncia$ anterior 3 no9#o doculto da ode e dum paganismo da decad6ncia$ anterior 3 no9#o dopecado$ constituem apenas duas particulares mas e,pressivaspecado$ constituem apenas duas particulares mas e,pressivasmanifesta9es !!!G!J 'manifesta9es !!!G!J ' A *iteratura Portuguesa A *iteratura Portuguesa$ p! 5??)$ p! 5??)

Ricardo Reis segundo Massaud Mois%sRicardo Reis segundo Massaud Mois%s

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Sem sentarte comigo L4dia$ 3 beira do rio!Sem sentarte comigo L4dia$ 3 beira do rio!(ossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos(ossegadamente fitemos o seu curso e aprendamosue a vida passa$ e n#o estamos de m#os enla9adas!ue a vida passa$ e n#o estamos de m#os enla9adas!

'7nlacemos as m#os!)'7nlacemos as m#os!)

&epois pensemos$ crian9as adultas$ ;ue a vida&epois pensemos$ crian9as adultas$ ;ue a vidaPassa e n#o fica$ nada dei,a e nunca regressa$Passa e n#o fica$ nada dei,a e nunca regressa$Sai para um mar muito longe$ para ao p% do Fado$Sai para um mar muito longe$ para ao p% do Fado$

Mais longe ;ue os deuses!Mais longe ;ue os deuses!

&esenlacemos as m#os$ por;ue n#o vale a pena cansarmonos!&esenlacemos as m#os$ por;ue n#o vale a pena cansarmonos!uer go*emos$ ;uer n#o go*emos$ passamos como o rio!uer go*emos$ ;uer n#o go*emos$ passamos como o rio!Mais vale saber passar silenciosamenteMais vale saber passar silenciosamente7 sem desassossegos grandes!7 sem desassossegos grandes!

(em amores$ nem Ddios$ nem pai,es ;ue levantam a vo*$(em amores$ nem Ddios$ nem pai,es ;ue levantam a vo*$:em inve=as ;ue d#o movimento demais aos ol-os$:em inve=as ;ue d#o movimento demais aos ol-os$:em cuidados$ por;ue se os tivesse o rio sempre correria$:em cuidados$ por;ue se os tivesse o rio sempre correria$7 sempre iria ter ao mar!7 sempre iria ter ao mar!

Amemonos tran;uilamente$ pensando ;ue pod4amos$Amemonos tran;uilamente$ pensando ;ue pod4amos$

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; $ p ; p $; $ p ; p $(e ;uis%ssemos$ trocar bei=os e abra9os e car4cias$(e ;uis%ssemos$ trocar bei=os e abra9os e car4cias$Mas ;ue mais vale estarmos sentados ao p% um do outroMas ;ue mais vale estarmos sentados ao p% um do outroOuvindo correr o rio e vendoo!Ouvindo correr o rio e vendoo!

Col-amos flores$ pega tu nelas e dei,aasCol-amos flores$ pega tu nelas e dei,aas:o colo$ e ;ue o seu perfume suavi*e o momento :o colo$ e ;ue o seu perfume suavi*e o momento 7ste momento em ;ue sossegadamente n#o cremos em nada$7ste momento em ;ue sossegadamente n#o cremos em nada$Pag#os inocentes da decad6ncia!Pag#os inocentes da decad6ncia!

Ao menos$ se for sombra antes$ lembrarte+s de mim depoisAo menos$ se for sombra antes$ lembrarte+s de mim depois(em ;ue a min-a lembran9a te arda ou te fira ou te mova$(em ;ue a min-a lembran9a te arda ou te fira ou te mova$Por;ue nunca enla9amos as m#os$ nem nos bei=amosPor;ue nunca enla9amos as m#os$ nem nos bei=amos:em fomos mais do ;ue crian9as!:em fomos mais do ;ue crian9as!

7 se antes do ;ue eu levares o Dbolo ao bar;ueiro sombrio$7 se antes do ;ue eu levares o Dbolo ao bar;ueiro sombrio$7u nada terei ;ue sofrer ao lembrarme de ti!7u nada terei ;ue sofrer ao lembrarme de ti!(erme+s suave 3 memDria lembrandote assim 3 beirario$(erme+s suave 3 memDria lembrandote assim 3 beirario$Pag# triste e com flores no rega9o!Pag# triste e com flores no rega9o!

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(egue o teu destino$(egue o teu destino$Rega as tuas plantas$Rega as tuas plantas$

Ama as tuas rosas!Ama as tuas rosas!O resto % a sombraO resto % a sombra&e +rvores al-eias!&e +rvores al-eias!

A realidadeA realidade

(empre % mais ou menos(empre % mais ou menos&o ;ue nDs ;ueremos!&o ;ue nDs ;ueremos!(D nDs somos sempre(D nDs somos sempre@guais a nDs prDprios!@guais a nDs prDprios!

(uave % viver sD!(uave % viver sD!Trande e nobre % sempreTrande e nobre % sempreSiver simplesmente!Siver simplesmente!&ei,a a dor nas aras&ei,a a dor nas arasComo e,voto aos deuses!Como e,voto aos deuses!

S6 de longe a vida!S6 de longe a vida!:unca a interrogues!:unca a interrogues!

7la nada pode7la nada pode&i*erte! A resposta&i*erte! A resposta7st+ al%m dos deuses!7st+ al%m dos deuses! Mas serenamenteMas serenamente@mita o Olimpo@mita o Olimpo:o teu cora9#o!:o teu cora9#o!Os deuses s#o deusesOs deuses s#o deusesPor;ue n#o se pensam!Por;ue n#o se pensam!

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8/20/2019 Modernismo Português - Fernando Pessoa

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#o cedo tudo ;uanto passa#o cedo tudo ;uanto passaMorre t#o =ovem ante os deuses ;uantoMorre t#o =ovem ante os deuses ;uanto  Morre udo % t#o pouco  Morre udo % t#o pouco

:ada se sabe$ tudo se imagina!:ada se sabe$ tudo se imagina!Circundate de rosas$ ama$ bebeCircundate de rosas$ ama$ bebe  7 cala! O mais % nada!  7 cala! O mais % nada!

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uero dos deuses sD ;ue me n#o lembrem!uero dos deuses sD ;ue me n#o lembrem!(erei livre sem dita nem desdita$(erei livre sem dita nem desdita$Como o vento ;ue % a vidaComo o vento ;ue % a vida&o ar ;ue n#o % nada!&o ar ;ue n#o % nada!

O Ddio e o amor iguais nos buscam2 ambos$O Ddio e o amor iguais nos buscam2 ambos$Cada um com seu modo$ nos oprimem!Cada um com seu modo$ nos oprimem!A ;uem deuses concedem$A ;uem deuses concedem$:ada$ tem liberdade!:ada$ tem liberdade!