Fernando Távora e o espaço público português.

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F E R N A N D O T Á V O R A e o espaço público português.

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F E R N A N D O T Á V O R Ae o espaço público português.

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F E R N A N D O T Á V O R Ae o espaço público português.

Trabalho referente a disciplina Teoria III ministrada pela Professora Doutora Teresa Fonseca, na Faculdade deArquitectura da Universidade do Porto durante o ano lectivo 2009/2010.

Realizado pelos alunos:•Amanda Maria Sobral Marques: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba – Brasil.•Éric Harada: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas – Brasil.•Manuela Oddo: Università degli Studi di Palermo, Palermo – Italia.•Marco Morini: Università degli Studi di Palermo, Palermo - Italia.•érgio Luis R. Faria: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitba – Brasil.•Susana: Faculdade de Arquitectura da Univercidade do Porto, Porto – Portugal.

‘As imagens utilizadas na capa e na contra-capa são desenhos assinados por Fernando Távora. Realização gráfica por Marco Morini e Amanda Marques .

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MarcoAmanda ManuelaÉric Sérgio Susana

Mercado Municipal de Santa Maria da Feira, 1953-59.Casa dos 24, Porto, 1995-2003.

Auditórium da Faculdade de Direito, Coimbra, 1994-2000.Praça 8 de Maio, Coimbra, 1992-97.

Quinta da Conceição, Matosinhos, 1956-93.Praça da Libertade, Viana do Castelo, 2001.

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Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora, arquitectoportuguês nascido na cidade do Porto em 25 de Agosto de1923. Diplomado em Arquitectura pela Escola Superior de BelasArtes do Porto em 1952.Arquitecto Moderno sempre buscou inovações em suas obrasmas sem ignorar ou esquecer o passado. Isto torna-se claro emseus trabalhos que, dê forma explicita ou inplicita, sempre oevocam, deixando claro que defendia o movimento ao qualpertencia -o Modernismo – mas sem deixar seus ideias sobre aimportância do já existente para trás. Seu trabalho éenquadrado na chamada “tradição arquitectónicaportuguesa”. Com seus trabalhos sempre em evolução e atornarem-se grandes exemplos arquitectónicos

F E R N A N D O T Á V O R Ae o espaço público português.

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MERCADO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA MERCADO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA

Amanda

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5.1 5.3

“...o Mercado da Feira que é, em meu entender, a obra mais tensa e por isso mesmo com maissignificado da nossa arquitectura moderna em transição para o racionalismo crítico. Tensão que vem dadialética entre integração e ruptura, entre espaço interno ( que é exterior e semi-exterior) e sítio; entrepercurso e pausa; entre tecnologia nova e construção comum; estando sempre estes termos – e outros-assumidos como opostos mais resolvidos em forma simples. Obra que transcende o panorama portuguêspara se classificar entre as obras primas da arquitectura européia dos anos 50.”

Nuno PortasNuno Portas

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O primeiro olhar EncantamentoO primeiro olhar, Encantamento...A minha primeira impressãosobre a obra de Fernando Távora.

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LOCALIZAÇÃO Este edifício localiza-se noMunicípio de Santa Maria da Feira em PortugalMunicípio de Santa Maria da Feira, em Portugal.

Município este situado no cruzamento dos eixosNorte e Sul do país, por onde antigamentepassava uma rota romana de ligação entre ascidades de Lisboa e Braga a qual perdurou porcidades de Lisboa e Braga - a qual perdurou portoda a Idade Média e por grande período doséculo passado. A existência desta rota deorigem a um Feira que, devido a grandeconcentração de pessoas e ao muitos ediferentes encontros de diversos povos

Mercado

diferentes encontros de diversos povos,futuramente vira originar o Município que aindaleva o nome do evento.Neste mesmo local está presente o Castelo deSanta Maria, medieval e antigo local dearrecadação de impostos e moradia da realezaarrecadação de impostos e moradia da realezahoje é tido como elemento protetor do Municípiodevido sua localização imponente.Santa Maria da Feria é um município inerte à umterreno muito acidentado. Com a presença demuitos morros, aclives e declives tem como umde seus pontos mais altos o sítio onde encontra-se o Castelo de Santa Maria; assim é possívelvisualizá-lo de quase todo o território municipal.

O Mercado Municipal de Santa Maria da Feira éde autoria do Arquitecto Fernando Távora e datade 1953-1959. Localizado no município acimadescrito, especificadamente na Rua dosDescobrimentos. Esta, como tantas outras ruaslocais, possui declive considerável

C t lproporcionando –inicialmente- um terrenoacidentado ao projecto,

Castelo5.5

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Fernando Távora defendiaa idéia de que para fazerum bom projecto deve-se

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um bom projecto deve seconhecer muito bem osítio onde irá projectar,assim como a história queo envolve.Neste caso o mercadoes e caso o e cadoestá localizado em umarua com grande declive e,devido a isto, o terreno erabastante acidentado.Távora leva isso em contae tira proveito destainclinação para realizaçãode sua obra.

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“Num quadrado de 50x50metros implantar ummercado. Um módulo,também quadrado, de 1x1metros comanda acomposição e introduz-lhea sua geometria. Corposvários, com sentidoprotector, distribuem-seformando páteo. Nãoapenas um lugar de trocade coisas mas de troca deidéias, um convite para que

úos homens se reúnam.Uma linguagem austera,sob a proteção tutelar doCastelo. A propósito deste

ifí iedifício Aldo Van Eyck, noCongresso de Otterlo,sugeriu que a noçãocorrente de espaço et d itempo deveria sersubstituída pelo conceitomais vital de lugar eocasião.”

F d Tá

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Fernando Távora5.9

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Todo projecto possue um programabase de determinações a serembase de determinações a seremseguidas, com este mercado nãoseria diferente.Um mercado municipal abrigadiferentes funções em um único locale Távora dividiu todas as funções eme Távora dividiu todas as funções emtrês diferentes corpos edificados,sendo dois deles com caves.A distribuição se deu tão bem que asfunções do mercado continuam afuncionar –em sua grande parte- dafuncionar em sua grande parte damesma maneira desde a suafundação em 1959.

Foi esta a subdivisão:Foi esta a subdivisão:

1- Veterinário2- Fiscalização3- Estabelecimento4- Arrecadaçãoç5- Talho

6- Flores e frutos7- Hortaliças

8- Animais de pena e pelo9- Peixe10- Garagem11- Câmara Frigorífica

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Neste projecto destacam-se alguns aspectos que acabam por traduzi-lo de forma muito expressiva, sendo eles: a modulação,a fonte, a utilização de uma plataforma, o telhado marcante, e a utilização do mesmo espaço por diferentes escalas. Para ummelhor entender especificarei em seguida cada um destes.

“Da boa ou da má qualidade do espaço depende, em parte, o bem ou o mal-estar dos homens; adesarmonia da organização do espaço gera a infelicidade humana.

Fernando Távorra

ÉÉ pensando na função de sua obra que Távoratoma sua melhor decisão. Sendo o mercado umlocal de passagem de pessoas, onde seususuários se dirigem com intuitos certos e jáprogramados para realizarem a sua tarefa de

t d t Tácomprar em um curto espaço de tempo, Távorainova e dispõe os edifícios no terreno de forma acriar um pátio interno.Ao centro do pátio criado existe uma fonte quenos remete aos pátios internos das casastradicionais espanholas e dos feudos É criadatradicionais espanholas e dos feudos. É criadauma “praça” interna ao mercado convidando ousuário do local a deleitar a edificação e seuentorno.Essa realização foi possível devido ao empregodo módulo de 1x1 metro adotado em todo o

5.11

do módulo de 1x1 metro adotado em todo oprojeto.

Fernando Távora insere um espaço público – apraça – dentro de outro – o mercado- e assimtransforma sabiamente seu projecto de um sítio

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transforma, sabiamente, seu projecto de um sítioque seria apenas de passagem em um sítio dePASSAGEM E PERMANÊNCIA.5.135.12

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“Plataforma: piso elevado ou terraço, aberto ou coberto. Base (com ou sem porções do programa nointerior) que destaca parte do conjunto arquitetônico. Elemento arquitetônico tratado desde aAntigüidade Clássica.”

Irã Taborda Dudeque¹

Ao projectar o mercado sobre umaplataforma o arquitecto passa a valorizarseu trabalho de forma muito sutil. Isso se dápois ao elevar o edifício do nível original da

t f i trua, transforma-o em um corpo imponenteque chama atenção e impões respeito atodos que o vêem.Esta elevação e destaque cabem a esteprojeto por se tratar de um espaçopúblico de grande interesse a vida dospúblico, de grande interesse a vida doscidadãos locais , podendo destacar-se dosdemais edifícios que o cercam e nãopossuem tamanho significado.

Junto a isto com a elevação do edifícioJunto a isto, com a elevação do edifíciopor intermédio da plataforma, resolvem-seas três entradas ao local, de forma simples:sendo as duas direcionadas aos usuáriosdestacadas naturalmente pelaplataforma tornando necessário o uso deplataforma, tornando necessário o uso deescadarias para adentrar ao local. E, a dosfuncionários e de carga e descarga demercadorias “apagada” por estar em umnível mais baixo das demais e recuadajunto ao passeio.5.14 junto ao passeio.

No corte ao lado é possível identificar com clareza odesnível existente entre o interior e o exterior doprojecto Assim como a plataforma criada seguindo o

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projecto. Assim como a plataforma criada seguindo onível mais alto do terreno, que serve de apoio aestética do projecto e como área útil projectada.

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Cabe ainda ressaltar que a plataforma nesta obra empregada não serviu apenas para o destaque da obra em questão,neste caso o arquitecto utiliza a plataforma para inserir alguns dos ambientes necessários dentro do mercado.

Ao lado o corte apresentadomostra um pormenor da cave.As duas caves deste projectoservem para áreas de apoiofundamentais ao bom uso dofundamentais ao bom uso dolocal, no caso: arrecadaçãode mercadorias, frigoríficos edepósitos.

5.15

Aliando o pátio internocriado, a fonte nele presente,, p ,a disposição dos corposedificados no terreno, autilização da plataforma e asdiferentes entradas existenteso edifício passa a funcionar5.16 pcomo um todo.

O local agora convidativo aouso mais alongado, quepassa a ser um espaço5.17

público de passagem epermanênciasimultaneamente podeter destacada ainda maisuma característica: o senso

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uma característica: o sensode proteção que passa aoseu usuário.5.18 5.19

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5.215.20

Um elemento quemerece atenção nestaobra é o telhado“borboleta”borboletadesenhado por Távora.

Elemento de destaqueda obra está presenteem todos os edifícios eem todos os edifícios eencanta por suabeleza e originalidade.

165.22 5.23

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5.255 24

Relembrando a época deste projecto anos 50 não pode-se esquecer que

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Relembrando a época deste projecto, anos 50, não pode-se esquecer queFernando Távora estava com os pensamentos no Movimento Moderno. Ouseja, os arquitectos e demais artistas da época buscavam a inovação e aruptura com o passado.Como já citado anteriormente neste trabalho Távora era contra esterompimento com passado Ao contrário disso sempre julgou de extremarompimento com passado. Ao contrário disso sempre julgou de extremaimportância o conhecimento e domínio plenos sobre a história, sobre opassado. Somente assim os seus projetos se realizaram com sucesso.

No caso das coberturas dos edifícios do Mercado Municipal de Santa Mariada Feira F. Távora exaltou esta busca pelo novo. Projectou as coberturas noda Feira F. Távora exaltou esta busca pelo novo. Projectou as coberturas noestilo do denominado “Telhado tipo Borboleta”. O formado destes telhadosremetem à um aumento da área aberta devido ao seu ângulo de abertura.

Esta cobertura trouxe ao arquitecto grande reconhecimento e foi muitodifundida pelo Movimento Moderno Local e Internacional. É tido como marcapregistrada deste projecto.

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5.26

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Foram utilizados: pedras graníticas e betão armado na estrutura, remetendo a arquitectura loca. A arquitectura tradicionalportuguesa. Além destes foram usadas cerâmicas para revestimento de áreas molhadas.

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O projecto fecha um ciclo harmonioso quandoTávora mostra que a escala não é apenas aq phumana e nem somente a do automóvel, massim as duas juntas; convivendo em harmoniaperfeita.

Este projeto é, sem dúvidas, um dos belosp jexemplos da Arquitectura Moderna Portuguesa.Nele Fernando Távora soube resolver as questõesrelacionadas ao Mercado de forma simples elógica, o que torna a obra ainda mais admirável.

5.28 5.29

“Está, em grande parte, nas mãos da Arquitectura e do Urbanismo a organização do meioem que o homem vive, dos edifícios em que habita ou trabalha, das cidades, das regiões

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ou dos países em que se encontra integrado.”Fernando Távorra

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5. Mercado Municipal de Santa Maria da Feira, Amanda Marques.

5.1 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.2 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.3 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.4 Desenho da Autora.

5.5 Google Maps, Maio 2010.

5.6 Google Maps, Maio 2010.

5.7 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.8 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5 9 F t fi ti d d li T i i L F d Tá Bl Li b 19935.9 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.10 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.11 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.12 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5 13 Imagem arquivo pessoal Novembro 2009

MERCADO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA

5.13 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.14 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.15 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.16 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.17 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.MERCADO MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA 5. 7 age a qu o pessoa , o e b o 009.

5.18 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.19 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.20 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.21 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.22 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.23 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.24 Fotografia retirada do livro: Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.

5.25 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

Amanda

5.26 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.27 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.28 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

5.29 Imagem arquivo pessoal, Novembro 2009.

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bibliografia.(1952) Escrito de Fernando Távora para Lusíadas, Revista Ilustrada de Cultura. Volume 1, número 2. Novembro 1952.(1993) Trigueiros L Fernando Távora Blau Lisboa 1993(1993) Trigueiros L., Fernando Távora, Blau, Lisboa 1993.(1996) Távora F., Da organização do espaço, FAUP Publicações, Porto 1996.(2005) Esposito A., Leoni G., Fernando Távora, Opera Completa, Electa, Milano 2005.(2006) Jorge F., Coordenação e Fotografia de, Coimbra vista do céu, Argumentum, Lisboa 2006.(2008) Aula Ministrada pelo Professor Doutor Irã Taborda Dudeque, PUC-PR, Curitiba 2008.(2010)Arquivo Histórico Santa Maria da Feira, formato digital.(2010) Consulta ao site: www.faup.up em Abril 2010.

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ANTIGA CASA DA CÂMARA (CASA DOS 24) (CASA DOS 24).

Eric H

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Sé do Porto - Catedral

2 022.02

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Muralha Românica Porto – Fim da Idade Média

Introdução Histórica

2.03

Na Imagem da muralha Românica podemos observar o Terreiro da Sé já sem as casa que foram demolidas na década de 40.

Já na imagem de porto do fim da idade média podemos notar a diferença, na frete da igreja existia um conjunto de casas.

2.04

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Porto – Séc. XVI e XVII Porto – 1813

Em meados do século XVI, as sessões da câmara,mudaram se para as Rua das Flores em virtude damudaram-se para as Rua das Flores, em virtude daprecariedade em que se encontrava o edifício. Em1784, estava num estado de degradação extremaque ameaçava ruir.

2.05

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Porto – 1824 Porto – 1833

2.07 2.08

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Porto – 1839

E 1875 já t d d b d difí iEm 1875, já em estado de abandono, o edifícioseria completamente destruído por um incêndio,restando só algumas paredes.

Em 1819, os Paços do Concelho conseguirammudar para um prédio construído para o efeito namudar para um prédio construído para o efeito, naantiga Praça das Hortas, atual Praça da Liberdade,onde permaneceram até 1916.

Historia .

D t é XIX i d t i li ãDurante o séc. XIX com a industrialização e aconstrução do tabuleiro superior da ponte D. Luiz foiestabelecendo uma nova ligação norte sul, q qualno séc. XX iria romper definitivamente o tecidourbano da sé.

Estudos procuravam estabelecer uma ligação entrea Acrópole da Sé e a avenida dos aliados. Nasegunda metade do séc. XX seriam desenvolvidasalgumas dessas propostasalgumas dessas propostas.

Os antigos paços do conselho da cidade do porto,até o séc. XVII estavam instalados na casa Rolaçomou casa dos 24 nome dado pelo fato de seou casa dos 24 nome dado pelo fato de sereunirem lá 24 dos mestres de oficio da cidade.

2.09

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Abertura da Rua de Mousinho da Silveira, Porto, Portugal

Porto – Em vermelho o que foi demolido 2.10

2.11 2.12

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Porto – Acrópole Porto – Ates das Demolições

Depois de vários séculos em mudanças sucessivas de lugar, a Câmara Municipal do Porto iria ser instalada no novo edifício da

Demolições de 19402.13 2.14

p ç g , pAvenida dos Aliados, cujas obras se iniciaram em 1920.

Em 1940, a Câmara Municipal do Porto encontrava-se instalada provisoriamente desde 1915 no edifício do Paço Episcopal.

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Antes das demolições

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Depois das demolições

2.16

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Porto – Área do atual Terreiro as Sé Porto – Antes das Demolições 2.18

2.17

Porto – Área do SAAL - Serviço de Apoio Ambulatório Local

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Historia

Durantes a segunda metade da década de 90, Dr.Fernando Gomes, como presidente da CâmaraM i i l d P t d F d TáMunicipal do Porto, encomendou a Fernando Távora,Alcino Soutinho e Álvaro Siza três projetos públicos paraa zona histórica do Porto.

Fernando Távora teve a tarefa de desenhar um edifíciopara a Antiga Casa da Rolaçom ou Casa dos 24 umpara a Antiga Casa da Rolaçom ou Casa dos 24, umpresente sem programa concreto.

Fernando Távora enfrentou o desafio e sentiu umgrande entusiasmo pelo projeto.

Em Setembro de 1996 tinha concluído o anteprojeto, noqual apresentou uma solução que iria desenvolver noprojeto de execução.

2 202.20

2.21

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Localização

A posição descentralizada do conjunto da sé proporcionava uma grande proximidade com duas das quatro portasmedievais localizadas no norte da muralha primitivamedievais localizadas no norte da muralha primitiva.

A Antiga casa da câmara encontra-se entre as duas portas onde existia um espaça aberto isento de casario e desniveladoque era vencido por duas escadas que ligavam a rua escura com o lado norte da igreja da sé.

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2.24 2.25 2.26

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Localização

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Localização

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Catedral da sé:Construída no sec. XXII em estilo românico, sofreu variasalterações ao longo dos séculos. O projecto inicial contavacom um deambulatório, que foi demolido para construção da

t l l

2.29

atual capela mor.A planta do templo é de três naves com cinco tramos cadauma, estando separados do coro por um transepto simples.Já a fachada possui duas torres, destacando-se entre elas umarosácea do séc. XIV.O t l f i t f d 1722 l ltO portal foi transformado em 1722 e pela mesma altura,precedeu-se a uma modificação no coroamento das torres. Natorre do lado norte existe um baixo relevo representando uma“coca”. (barco da época)Do lado setentrional (norte) existe uma galilé, em estilo barroco.O i t iO interior:As naves são inteiramente abobadadas, com berçosquebrados.Ao fundo da nave central encontra-se o coro alto, iluminadopela rosácea gótica.Claustro velho :Construção medieval situada no ângulo sudeste, que serviu decemitério.Claustro Gótico:Construído entre os séc. XIV-XV na parte Sul do templo, é todoConstruído entre os séc. XIV XV na parte Sul do templo, é todoabobadado com nervuras em colunas fasciculares.Paredes forradas de azulejos do séc. XVIII com temas inspiradosnos cântico dos cânticos.Conta também com uma notável escadaria que o liga com acasa do Cabido. (conjunto dos cônegos)( j g )Sacristia:Construída em um estilo gótico. Onde o pavimento eraanteriormente de pedra e cerâmica, mas no séc. XVIII foisubstituído por mármore.Possui uma abobada de berço quebrado que assenta emPossui uma abobada de berço quebrado que assenta emgrossos arcos torais e consolas de granito, embutidas nos muros.Interior luxuoso com pinturas na abobada e nas paredes,lavatórios em mármore raro, um grande arcaz barroco e umquadro representando a sagrada família.

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Ruína medieval da casa da câmara

Primitivamente o senado municipal funcionava em

2.30

Primitivamente o senado municipal funcionava emuma modesta casa de madeira encostada as paredesda sé, em 1350 os homens-bons do conselho, comautorização prévia do conselho da comarca, resolveramerguer um novo edifícioerguer um novo edifício.No ano de 1443 a câmara fecha contrato com o mestrecarpinteiro Gonçalo Domingues, para que este execute aobra de madeiramento da sua nova casa, a casa torre,situada no largo fronteiro a sé, da qual só restamg qatualmente ruínas.No interior pretendia-se que o teto fosse semelhante ao tetoda sala do castelo de Lisboa tal como havia sido mandadodecorar pelo rei.O andar de baixo destinava se a casa da audiência ondeO andar de baixo destinava-se a casa da audiência, ondeera administrada a justiçaCom entrada pela rua de S. Sebastião existia ainda umaloja, arredondada desde 1485 , por se encontrardesocupada, e não ser necessária aos serviços da câmara.desocupada, e não ser necessária aos serviços da câmara.A câmara conservou-se nesse edifício até meados doséculo XVI, altura em que as paredes começaram a abrisbrechas e a ameaçarem ruína.No entanto sé em 1784 foi celebrado um acordo entre aNo entanto sé em 1784 foi celebrado um acordo entre avereação e os padres grilos para que se transferisse osenado portuense para uma parte do seu convento.O andar superior da velha torre começou a ser demolidaentre 1795 e 1796.O que dela fico sofreu um violento incêndio namadrugada de 25 de abril de 1875.

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Cotas / Topografia Medidas / Área

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Dimensões 2.33

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Fernando Távora teve muita liberdade o que lhepermitiu concentrar-se na relação da arquitetura com

l bl difi ld do lugar e nos problemas e dificuldades que o processode demolição e a construção da ponte causaram.

Esta problemática está presente do projeto da Casados 24, e constitui uma das questões centrais.Fernando Távora conhece a fundo as circunstânciasFernando Távora conhece a fundo as circunstânciasque determinam a abertura da Avenida da Ponte e aabertura do Terreiro da Sé.

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Dimensões2.35 2.37

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O Projecto

Fernando Távora valoriza a integridade da cidade histórica.Pensa a regeneração urbana como sinal de confiançaPensa a regeneração urbana como sinal de confiançaperante os vazios que resultam das dinâmicas detransformação da cidade.

O objetivo não era efetuar um restauro da ruína, mas simevitar o vazioevitar o vazio.

Fernando Távora parece estar interessado em implementaruma metodologia de preparação dos instrumentos de umprocesso de restauração urbana, capaz de sensibilizar ÁlvaroSiza quando este propõe, em 2001, o Projeto deSiza quando este propõe, em 2001, o Projeto deRequalificação da Avenida D. Afonso Henriques.

Fernando Távora rejeita a "A simulação do processo criativooriginal, refundindo o velho e novo numa nova unidade enuma nova forma que não permite mais distinguirq p gfisicamente os dois momentos, do que resulta um falsohistórico eticamente inaceitável.", preferindo pelo contrário,um edifício construído inequivocamente no tempo atual,mas que se orienta pela história e evoca o edifíciodesaparecido.p

As informações eram a altura igual a 100 palmos e a sala dosenado com teto em ouro.

Fernando Távora opta por manter a ruína e sobre estasobrepõe uma estrutura em betão armado. Os pavimentosem madeira, são apoiados em perfis de aço. Uma viga(horizontal) de betão fortemente armado e reforçado nointerior com perfis metálicos recebe todas as cargas do novoedifício; esta viga não descarrega nas paredes existentes,

i imas transmite diretamente o peso da nova estrutura ao soloatravés de micro-estacas que atravessam as paredes depedra existentes de grande espessura, mas sem capacidadede carga para o novo edifício.

2.39

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As paredes em "U" forradas no interior e exterior a placagem de granito serrado e grampeado, idêntico na cor ao da Sé,d i d i i i í d j i ã d b d l i d d O

2.40 2.41

erguem-se deixando sinais inequívocos da justaposição de um novo momento sobre os restos da alvenaria de pedra. Osenvidraçados desenhados com folgas para absorverem os ligeiros movimentos que a estrutura produz, não são pequenosvãos recortados na nova superfície opaca, mas assumem-se como grandes elementos preponderantes, transparentes eautônomos.

A i d í it d lt i i l d 100 l té i itAssim o novo emerge das ruínas, respeitando a altura original de 100 palmos, com recursos e matérias que aceitam oenvelhecimento, acentuando intencionalmente a ligação entre o plano elevado do terreiro da Sé e a rua S. Sebastião emum nível inferior.

A escada que liga os dois níveis enquadra a estatua de São Nepomuceno.

No interior Fernando Távora preferiu em espaço vertical unitário e liberto pelos planos de vidro, rejeitado os pavimentos embetão que dividem o espaço e marcariam uma descontinuidade entre o novo e o velho.

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Proporções

2.44

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2 472.47

Características2.46

A casa assobradada continha em seu interior vários elementos artísticos de grande qualidade, por exemplo, o teto da sala forrado de ouro.

2.48

Page 44: Fernando Távora e o espaço público português.

2.492.50

NovoMateriais

O edifício foi construído emgranito comaproximadamente 100

2.52

aproximadamente 100palmos de altura ou 22 m aapenas 7 metros da igrejada Sé com que desafiandoo poder episcopal na baseda muralha primitiva, junto àda muralha primitiva, junto àporta S. Sebastião.

Antigo2.51

Page 45: Fernando Távora e o espaço público português.

Material / Pavimentação

2.55

2.53

2 572.57

2.542.56

Page 46: Fernando Távora e o espaço público português.

Foram Utilizados materiais que aceitam o envelhecimento como pedra, vidro, aço, latão, cobre e madeira).

Material utilizado

Fernando Távora acentua intencionalmente a ligação entre o plano elevado do Terreiro da Sé e a Rua de S. Sebastião auma nível inferior.

No exterior, encostada ao lado sul do edifício é construída uma escada que liga os dois níveis

i i á f i i i i j i iNo interior, Fernando Távora preferiu um espaço vertical libertado pelos planos de vidro, rejeitando os pavimentos em betãoque seccionariam o espaço.

Uso / Função

S f ã d t ã d d ( bléi d Câ ) i i d d d i i l lá li ã

Elementos marcantes

Antiga Casa da Sé do Porto

Sua função era de representação do senado (assembléia da Câmara), primeira sede do poder municipal, lá se realizaçãoreuniões, mas como pequeno as grandes assembléias tinham de ser efetuadas em recinto mais amplo.

Câmara Sé do Porto

2.59

2.58

Page 47: Fernando Távora e o espaço público português.

Área Publica / Turística - Funcional

2.60 2.61

Page 48: Fernando Távora e o espaço público português.

O Entorno

Sé do proto

Antiga casada Câmara

Torre da rua

Claustros daSé do porto

D. Pedro Pitões

Terreira daCasa museu

Guerra JunqueiraSé (Catedral)

I j lé i Igreja e colégio dos Grilos

Paço Episcopal

2.62

Paço Episcopal

Page 49: Fernando Távora e o espaço público português.

Elementos Marcantes

2 642.642.65

2.66

2.63

2.67

2.71

2.682.692.70

Page 50: Fernando Távora e o espaço público português.

Paço Episcopal

A primeira construção data do séculos XII e XIII.Tornou-se um dos principais palácio da cidades, com um projeto atribuída aoarquiteto Nicolau Nasoni.Com uma fachada trabalhada em cantarias e um interior escadas barrocase janelas originais do antigo paço medieval.

éIgreja dos Grilos( Igreja do Colégio de São Lourenço )

Construída no séc. XVI no estilo maneirista.Pertencia ao colégio da companhia de Jesus, mas foi vendido aosAgostinhos Descalços ou mais conhecidos como frades grilos.N i t i t b l táb l i éi til lá iNo interior encontramos belos retábulos e painéis no estilo neoclássico

Torre da Rua de D. Pedro Pitões

Casa-torre medieval descoberta na época das demolições do Terreiro da Sé.F i tã l t t t íd d l d d íti i i lFoi então completamente reconstruída, porem deslocada do sítio original.Na parede norte pode ver-se um balcão em pedra de feição gótica,elemento de construção recente.

Oratório da Capela de São Sebastião

Construída pela Ordem dos Agostinhos Descalços, sediados no Convento dosGrilos e as suas armas figuram na fachada. Fazia parte de um conjunto deoratórios incluídos no percurso da procissão do Senhor dos Passos, que aOrdem organizou até 1832.

Muralha Primitiva

A primeira muralha medieval ergueu-se no entorno da acrópole da sé,datada dos séculos XI e XII, sobre um antigo alinhamento defensivo.As portas que se abriam eram conhecidas como “portas de Vandona” de SAs portas que se abriam eram conhecidas como “portas de Vandona”, de S.Sebastião e de Santana.Desta construção hoje restam apenas trechos escondidos no tecido urbano,entre os casarios.

Page 51: Fernando Távora e o espaço público português.

Alçados  Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana – Q 14008 – Caracterização Parcelar

2.72

2.73

2.74

2.75

Page 52: Fernando Távora e o espaço público português.

Crédito das Ilustrações 2.01 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.02 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.03 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.04 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.05 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.06 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.07 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.08 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.09 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.1O Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.11 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.12 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.13 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.14 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.15 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.16 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.17 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.18 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.19 Bairros Da Sé Do Porto, T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca2.2O Arquivo pessoal , 07 Outubro de 20102.21 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.22 Bing ‐Mapas ‐Microsoft 20102.23 Bing ‐Mapas ‐Microsoft 20102.24 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.25 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.26 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.27 CAD, montagem Arq. Pessoal2.28 CAD, montagem Arq. Pessoal2.29 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 2010q p2.3O Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.31 CAD, montagem Arq. Pessoal2.32 Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O Exemplo da Casa dos 24. ‐ F. P. e Gomes2.33 Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O Exemplo da Casa dos 24. ‐ F. P. e Gomes2.34 Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O Exemplo da Casa dos 24. ‐ F. P. e Gomesç p2.35 Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O Exemplo da Casa dos 24. ‐ F. P. e Gomes2.36 Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O Exemplo da Casa dos 24. ‐ F. P. e Gomes2.37 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.38 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 2010

Page 53: Fernando Távora e o espaço público português.

Crédito das Ilustrações 2.39 Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e Giovanni Leon2.4O Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e Giovanni Leon2.41 Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e Giovanni Leon2.42 CAD, montagem Arq. Pessoal2.43 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.44 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.45 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.46 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.47 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.48 CAD, montagem Arq. Pessoal2.49 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.5O Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.51 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.52 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.53 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.54 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.55 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.56 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.57 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.58 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.59 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.6O Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.61 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.62 CAD, montagem Arq. Pessoalg q2.63 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.64 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.65 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.66 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.67 http://cct.portodigital.ptp // p g p2.68 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 20102.69 Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.7O Arquivo pessoal , 05 de Maio de 20102.71 Arquivo de Sandra Cerqueira 2005‐07‐152.72 Porto Vivo ‐ Sociedade de Reabilitação Urbana ‐ quarteirão 14008 ‐ Porto Vivoç q2.73 Porto Vivo ‐ Sociedade de Reabilitação Urbana ‐ quarteirão 14008 ‐ Porto Vivo2.74 Porto Vivo ‐ Sociedade de Reabilitação Urbana ‐ quarteirão 14008 ‐ Porto Vivo2.75 Porto Vivo ‐ Sociedade de Reabilitação Urbana ‐ quarteirão 14008 ‐ Porto Vivo2..76 Arquivo pessoal , 27 de janeiro de 2010

Page 54: Fernando Távora e o espaço público português.

BAIRRO DA SÉ DO PORTO – Contributo para a sua caracterizaçãoó

Bibliografia:

histórica. T. P. Carvalho, C. Guimarães e M. J. Barroca

Restauro e reabilitação na obra de Fernando Távora. O exemploda casa dos 24. Francisco Portugal e Gomes

A i Hi tó i M i i l d P t A éli Vi i d Oli iArquivo Histórico Municipal do Porto. Amélia Vieira de Oliveira,Maria Helena Gil Braga

A Sé do Porto no Séc. XX. Maria Leonor Botelho

Arquivo Porto Patrimônio Mundial (municipal)Arquivo Porto Patrimônio Mundial (municipal)

Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e GiovanniLeon.

Imagens Google EarthImagens Google Earth

Imagens Bing Maps

Arquivo Digital do Porto -

2.76

Page 55: Fernando Távora e o espaço público português.

ANFITEATRO DA FACULDADE DE DIREITO, COIMBRA. manuela

Page 56: Fernando Távora e o espaço público português.

LOCALIZAÇÃO O Anfiteatro da Faculdade de Direito instala-se na Alta de Coimbra, Acrópole da cidadela Portuguesa, lugaremblemático e cheio de historia, marcado pela evolução da cidade e da sua Universidade.Não é muito comum a inserção de uma construção no “núcleo duro” de Coimbra Alta, pois intervir nesta parte da cidadesignifica intervir num contexto de múltiplas e diferentes referências históricas e formais num lugar com uma identidadesignifica intervir num contexto de múltiplas e diferentes referências históricas e formais, num lugar com uma identidadeprópria, onde a historia é presente.A dificuldade, de facto, não está tão presente no projecto, quanto no contexto envolvente.Grande é o peso da historia cristalizada nos edifícios e pode inibir quem tem uma absoluta submissão ao passado, ao seuaparecimento, consequência de transformações continuas:

<<O projecto nasce do conhecimento do lugar mas, ao mesmo tempo, a minha arquitectura define o lugar. Assim, aarquitectura é o processo de redefinição do lugar>>.

E ainda Távora sabe que a tarefa do arquitecto se diferencia da do histórico: no interpretar um lugar a fim de perceber todasas possíveis transformaçõesas possíveis transformações.

Page 57: Fernando Távora e o espaço público português.

A descrição do Auditório da Faculdade de Direito de Coimbra só pode começar do lugar em que ele se encontra, doque existia antes da sua construção, pela estrutura e pelo contexto que define o lugar: o Paço das Escolas.Inicialmente assento de uma Medina árabe do sec. VIII, tornou-se a residência real do Rei Afonso Henriques depois dareconquista Cristã Em seguida tornou se a sede para a Universidade de Coimbra por mãos de D João no 1537reconquista Cristã. Em seguida, tornou-se a sede para a Universidade de Coimbra, por mãos de D.João no 1537.

A preparação que o Tavora tem do território português, é cultivada e profunda, a um nível raro; ele era certamenteconsciente de tudo o que um lugar tão cheio de simbólico continha, com a mesma força com que defendia o ensino dehistória como instrumento que ajuda a construção do presente, por salvaguardar a identidade do lugar. História comométodo e não como objectivo, porque o objectivo é que a arquitectura obedece a realidade e ao homem, num esforço desíntese e de clarificação num "acto de criação"síntese e de clarificação, num acto de criação .

<< È preciso tirar a máscara e seres tu mesmo; eu só faço edifícios de que tenho compreensão. Um edifício deve sersempre totalmente integrado com o lugar, as pessoas devem senti-lo como seu próprio; uma arquitectura que permanece nolocal de origem de uma forma natural, não espectacular>>.

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No 1962, Távora publica um ensaio desactualizado e,fundamentalmente anti-moderno: “Da organização doespaço” em que fixa os princípios que estão na baseespaço , em que fixa os princípios que estão na baseda sua arquitectura, que se encontram em cada umadas suas obras, numa análise atenta, e que, por fim,influenciaram bastante a arquitectura portuguesacontemporânea e posterior.Conceitos como a aceitação do tempo a experiênciaConceitos como a aceitação do tempo, a experiênciacomo matéria de um projecto, vazio e cheio, forma,mas o mais importante, como o título, a organização doespaço formam a base deste ensaio.

No Auditório, Fernando Távora conseguiu a conciliarpassado e presente, cidade e sitio, memória,passado e presente, cidade e sitio, memória,continuidade e evolução.

Interrogado sobre o que ele acreditava que fossefundamental na arquitectura, respondia:

<<Um edifício deve ser concentrado num terreno eU ed c o de e se co ce ado u e e o eservir as pessoas. Claro que as situações mudam, enfim,não são eternas, mas o edifício, em certo sentido,procura uma certa eternidade. É isso que tenhoprocurado – dar ao edifício uma certa eternidade. Essaeternidade vem de quê? Da forma? Da função? Claro.q çDos materiais? Claro. Do enquadramento? Da oposiçãocom o vizinho? Claro. Mas pode vir pela simpatia comque esse edifício se desfaz e passa a fazer partedaquele ambiente. No fundo, é isso que procuro>>.

A partir daí compreende-se a relação "catártica" epurificadora que Távora tem contra o lugar: oarquitecto deve ser capaz de compreender o que écerto, aceitar e perceber o que é bom a mudar. Deveser capaz de se relacionar, de forma crítica, com olocal, e, chamado a intervir, deve saber o que tem deesquecer, para se poder concentrar em pontos-chavee palavras que dão vida a esse sitio.

Page 59: Fernando Távora e o espaço público português.

Trata-se de uma arquitectura definida num tempo enum lugar, preocupada em explorar as suas qualidades,também potenciais, do lugar e do tempo, por projectar-se para além das limitações que impõem asse para além das limitações, que impõem ascircunstâncias em que o projecto é gerado.

Para isso, requer-se o conhecimento do lugar e dotempo, factor por vezes ausente, na realidade frenéticados dias actuais.

O morro da Alta de Coimbra foi ocupado ao longoO morro da Alta de Coimbra foi ocupado, ao longodo tempo, de modo orgânico: os edifícios foramconstruídos num terreno inclinado, para não construíremgrandes terraços ou plataformas. São edifícioscontraforte, que estão enraizados no solo à procura doseu apoio e que dão vida, com os seus contornos, aseu apoio e que dão vida, com os seus contornos, auma sucessão de ruelas, becos e praças, que lidos emconjunto são cheios alternados com vazios.Foi então, segundo estes princípios que o Auditório foiconstruído.

<<Só através do tempo o projecto pode tomar a suaprópria personalidade. No Porto cozinha-se um pratochamado Tripas: pode-se cozinhar ao meio-dia paraconsumir à uma, ou fazê-lo às sete horas da manhãpara consumir também à uma, e este será certamentemais agradável, mas é melhor preparar no dia antes.Como na arquitectura, a melhoria da qualidadedepende apenas do tempo>>.

Page 60: Fernando Távora e o espaço público português.

Observando os numerosos esquiços que o Távora realiza nas suas visitas ao lugar, compreende-se que ele tinha decididoinserir o novo edifício como um contraforte, encaixando-o no chão e fazendo tabula rasa da parede existente.

A sua construção aceita as regras do complexo em que se encosta, inserindo-se no intervalo entre a Capela Joanina e aFaculdade de DireitoFaculdade de Direito.

A vista lateral reforça a ideia de que tal exigência nasce do declive, que conduz à cota do projecto.

<<É l i h ã ã t l t t dif t<<É claro que as minhas mãos são estas, completamente diferentesdaqueles do Siza, e os nossos edifícios reflectem as nossas mãos. Eutenho uma teoria infalível nas mãos dos homens, [...] garanto-vos quenão há duas mãos iguais. A nossa arquitectura reflecte as nossasmãos>>.

Page 61: Fernando Távora e o espaço público português.

No 1993, um concurso público que vai ver vencedorespor unanimidade Fernando Távora em colaboraçãocom José Bernardo Távora, lança o regulamento para aconstrução do Anfiteatroconstrução do Anfiteatro.O programa em si é simples: construir uma Aula Magnacom 450 lugares; e prevê dois requisitos: o novo edifícioserá ligado e tangente à biblioteca Joanina, do séculoXVIII, como a Faculdade de Direito, e deve tambémpreservar e qualificar a arcada antiga de Marco Pirespreservar e qualificar a arcada antiga de Marco Pires.Há um lugar, no entanto, extremamente complexo: noterreno encontram-se os restos de um edifíciomanuelino, cinco arcadas paralelas com a parte frontaldos edifícios históricos, fechadas por dois arcadasperpendicularesperpendiculares.

Page 62: Fernando Távora e o espaço público português.

A sequência de esquiços parece contar comabsoluta natureza o making of do projecto.Eles contam a lucidez com que o lugar é observado ecompreendido pelo arquitecto Português em cada umcompreendido pelo arquitecto Português em cada umdos seus elementos:- Uma ligeira inclinação do terreno,- as ruínas do edifício manuelino,- um complexo monumental resultado de uma intensarevisão histórico – temporalrevisão histórico – temporal,- a vista sobre o Rio Mondego e a Baixa.

Parece quase que o arquitecto Português queriaconcentrar-se nos pontos-chave do local, "esquecendo-se" do resto.As suas palavras esclarecem melhor o seu significado:As suas palavras esclarecem melhor o seu significado:

<<Esquecer é tão importante quanto observar, sãofunções fundamentais e complementares. Esquecer éuma maneira de seleccionar uma forma de memória.Para criar é preciso esquecer, na arquitectura como naa a c a é p ec so esquece , a a qu ec u a co o avida>>.Távora afirma que "todos os edifícios devem ser capazde manter o seu lugar", subordinar-se sem sujeição aomonumento, mas também assumir-se aresponsabilidade de transformar a imagem dap guniversidade, falar ou calar quando for caso disso, inclui"a arte de sentar-se.”

<<Existem diferentes formas de se sentar quecaracterizam as diversas civilizações.Os japoneses sentam-se de uma forma, os índios deoutra, os animais tem, cada um, a sua própria maneira.É importante compreender a forma como se assentaum edifício no terreno e, portanto, é adequado secolocado estavelmente. No projecto para o Anfiteatrode Coimbra tentei mostrar a delicadeza com que oedifício está enraizado no chão, para projectar-sedepois no exterior com planos horizontais e para cima,com pequenos volumes>>.

Page 63: Fernando Távora e o espaço público português.

Mas é no estúdio dos percursos que o projecto vaialém do simples gesto do "fazer sentar” um novo actordeste palco: Távora sabe a importância da suaempresa sabe a atenção que ela requer em cadaempresa, sabe a atenção que ela requer em cadaprocesso, razão pela qual a ligação com apreexistência faz-se íntima, quase um pedido cortês donovo na abordagem com o antigo. Cortês, no entanto,quanto decidido e determinado na vontade doarquitecto de falar a esse lugar sagrado mas sem searquitecto de falar a esse lugar sagrado, mas sem sesubmeter a ele, impondo-se pela sua independênciacomo novo actor no palco do tempo.

Daí, a escolha de voltar o Anfiteatro não para a vistapanorâmica sobre a cidade baixa e o rio, mas para ocentro académico, não foi ao acaso, mas sim paracentro académico, não foi ao acaso, mas sim paraenfatizar a exigência de que o alçado principal devecontinuar a ser a arcada principal, ou seja, a parte atrásda Aula Magna.

Page 64: Fernando Távora e o espaço público português.

A cavea foi projectada de tal modo, que da cattedra seja impossível apreciar, tanto a paisagem exterior, como também océu, acentuando assim a intimidade deste espaço.A introspecção da sala no complexo universitário é, então, corrigida pela presença de uma galeria na parte superior doanfiteatro, junta a uma grande janela, por trás dos que estão na cavea.O percurso da galeria começa com dois vestíbulos simétricos, que cortam o edifício segundo o eixo nascente - poente, naqual se articulam duas entradas a partir do exterior, que se inserem nas preexistências históricas, relacionando funcionalmenteo novo edifício com a biblioteca Joanina dum lado e a Faculdade de Direito, Capela e Pátio da Universidade do outro.

Page 65: Fernando Távora e o espaço público português.

A nascente, entre as galerias, localiza-se o bar,inteiramente envolto pela arcada antiga.

Do átrio entre o bar e o Anfiteatro há uma escadaDo átrio, entre o bar e o Anfiteatro, há uma escadasimétrica que liga o Auditório ao Pátio das Escolas, e dáacesso ao piso superior, onde se situa a sala de leitura, aqual se prolonga para o pátio exterior, localizado nacobertura e que se abre sobre um terraço.O Edificio é perfeitamente ortogonal e simetrico noO Edificio é perfeitamente ortogonal e simetrico nointerior e no exterior, anulando a irregularidade doslimites do terreno. Na determinação de como o edifíciose implanta no terreno, tiveram um papel decisivo aspreexistências, a arcada manuelina, o muro gótico e osvestígios de um caminho e de um muro romanovestígios de um caminho e de um muro romano.A descida do terreno permite que o volume ganhealtura, encaixando-se no terreno, apesar de seimplantar à cota da arcada antiga.

Page 66: Fernando Távora e o espaço público português.

A cena da comparação mais directa entre o novo e oantigo, é, porém, o grande hall inserida entre oanfiteatro e à frente dos edifícios históricos: uma grandeanfiteatro e à frente dos edifícios históricos: uma grandeparede envidraçada que permite ver as ruínas doedifício manuelino, incorporadas através de umapavimentação que liga as ruínas ao solo.

A ligação entre novo e antigo não é formal ou neutral,conservadora ou destrutiva é simplesmente essencialconservadora ou destrutiva, é simplesmente essencial.A relação com a arcada antiga não é materializada

fisicamente: então, o edificio não precisa de estarligado a preexistência para estar intensamenteamarrado a esta.A modelação de todos o espaços, feita a partir doA modelação de todos o espaços, feita a partir do

estudo métrico da arcada antiga, define o módulo queestá na base de todo o projecto e intensifica aimportância do conhecimento da preexistência nadefinição integral do anfiteatro. A arcada torna-seassim indissociável do edifício, e a sua existência éass d ssoc á e do ed c o, e a sua e s ê c a éessencial para a composição ter significado.A cota base de implantação do edifício è também a

cota correspondente à da arcada (cota 93).Távora define o edifício segundo um modulo de 0.55m x0.55m que se repete seja nos vãos, quer pela dimensãoq p j q pdas cadeiras (0,55m), quer também pela dimensãotransversal dos degraus (1,10m).A largura de um vão da arcada corresponde a 5,50m,

múltiplo do modulo base utilizado, sendo assim tambéma largura de cada arco 1,10m.O arquitecto trabalha com formas simples egeométricas que remetem quer a quadrados e arectângulos, quer ao cubo e ao paralelepípedo, comoa tradição e também a modernidade.

Page 67: Fernando Távora e o espaço público português.

De facto o edifício desenvolve-se num quadrado de aproximadamente 40x40m.O anfiteatro ocupa a parte poente do edifício com uma área de 606,12m, aproximadamente 2/3 da área total do edifício(946,02m).A sala tem como base o rectângulo de 30 80m x 15 40m formado por um duplo quadrado; se se acrescentar a terceiraA sala tem como base o rectângulo de 30,80m x 15,40m, formado por um duplo quadrado; se se acrescentar a terceiradimensão, verificamos que a altura máxima do edifício é de 7,70m, exactamente metade da largura.As três dimensões da sala estão entre si segundo a proporção de 4a x 2a x a. Subdividindo estas medidas constata-se que são

múltiplos do módulo base de 0,55m.O arquitecto português não se limita a conjugar módulos que dão forma ao edifício, pois para ele “é impossível projectarrepetindo simplesmente módulos fazer arquitectura requer tempo”repetindo simplesmente módulos, fazer arquitectura requer tempo .

O,55m

155,40m

30,80m30,80m

Page 68: Fernando Távora e o espaço público português.

A precisão do método construtivo monstra aconhecimento profundo do estado das coisas porTávoraTávora.

A resolução do projecto requer a procura continua,do arquitecto, pela ordem e harmonia na definição daarquitectura, tendo não o domínio, mas sim o controlo ea organização do espaço.Muitos são os recursos ao antigo tanto na escolha dosMuitos são os recursos ao antigo, tanto na escolha dos

materiais, quanto na tripartição da fachada doAuditório; símbolos estes, da importância que a historiatem para Távora.A construção do edifício apoia-se numa estrutura

porticada de betão armado, a excepção do átrio, oporticada de betão armado, a excepção do átrio, obar, e a sala de leitura, que se apoiam sobre umaestrutura de ferro. Placas de pedra calcaria, querevestem os exteriores e interiores, dão continuidadeentre edifício e percursos e representam um claro tributodo arquitecto português as origens de Coimbra,do a qu ec o po uguês as o ge s de Co b a,antigamente construída sobre uma colina de pedracalcária.

Page 69: Fernando Távora e o espaço público português.

As paredes interiores são revestidas em madeira deAfizelia, marcadas com estreitas ripas horizontais demadeira mais clara; a cobertura em cobre ou tijolomadeira mais clara; a cobertura, em cobre ou tijolo,quando acessível.

A criação de um único volume, concentrado entreestes dois edifícios, é uma manifesta intenção deconstruir em paralelo com o existente, mantendo ocarácter individual de cada edifício mas intensamentecarácter individual de cada edifício, mas intensamentee intimamente interligado ao conjunto.Távora desenvolveu o projecto como uma visãoclássica de arquitectura, evidenciada pela maneiracomo ele tem articulado e inserido o novo edifício,chegando a abranger o actual fragmento da arcadachegando a abranger o actual fragmento da arcadamanuelina, ou através da adopção de articulaçãovertical tripartida da fachada, visível também naBiblioteca e nos Gerais. É evidente o recurso aosRomanos, que conquistaram a cidade e fizeram suaprópria essa área, assim como o recurso à imagem dosp óp a essa á ea, ass co o o ecu so à age dostemplos da Acrópole: base, corpo e cobertura, sãobem legíveis no Auditório do Távora, como se elequisesse criar ali o novo símbolo da Acrópole deCoimbra.Távora teve em conta a visibilidade desta parte dapcolina desde a baixa da cidade, e da importância doantigo Paço das Escolas como caracterizador dafachada urbana da Acrópole.

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Apesar de tudo, o seu edifício, mesmo incluindo asala de leitura, era o mais baixo entre as propostas, aligação com a faculdade está no rés do chão e oligação com a faculdade está no rés-do-chão e oanfiteatro desenvolve-se a uma cota inferior. Istopermite ao “templo” adquirir uma escala maishumanizada, marcada nas zonas de entrada e nasaberturas.

A parede do interior tratada como se fosse umA parede do interior, tratada como se fosse umexterior faz lembrar cenografias dos teatros romanos.Assim, cria um grande terraço, tal como uma praça,voltada para a cidade, representando simbolicamenteo fórum implantado pelos romanos, em Coimbra.

Alexandre Alves Costa, membro do júri do concursoAlexandre Alves Costa, membro do júri do concursoafirmou que: <<Este edifício podia ser construído emqualquer lugar, mas seria insubstituível neste lugar>>, istosignifica que, é o modo como o edifício se encaixa napreexistência, em termos de forma e composição, quecompleta o conjunto.co p e a o co ju o.

O resultado é uma obra moderna e aparentementesimples, mas carregada de referências, com carácter eidentidade, capaz de acrescentar qualidade ao lugar:no Anfiteatro, Fernando Távora, implanta o novoedifício numa perspectiva de continuidade com op pexistente.

A construção do Anfiteatro redefiniu este espaço,que ficou equilibrado em relação ás massas construídas.A actual permeabilidade visual entre a cota baixa e aFaculdade de Direito deve-se ao redesenhar dainclinação do terreno e da posição central doAnfiteatro. Os edifícios da Faculdade de Direitoaparecem em segundo plano.

É de notar que, alem disso, como o espaço exteriornão define uma praça nem constitui uma paisagem, éum elemento arquitectónico de valor histórico apreservar a arcada manuelina.

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A responsabilidade de partilhar as suas escolhas com acomunidade é enaltecedora por Távora. Se olharmos a suamaneira de se relacionar com dois projectos, precisamente, oa e a de se e ac o a co do s p ojec os, p ec sa e e, oAnfiteatro de Coimbra e a Casa dos Vinte e Quatro, no Porto,notamos semelhanças e diferenças na resposta do arquitecto asduas intervenções.Ambos os edifícios estão localizados em lugares altamenteidentificável e estão destinados a realizar um papel institucional dep pauto reconhecimento pela comunidade, da cidade no primeirocaso, académicas no segundo. Para ambos a naturezaextraordinária do local torna particularmente complexa a “razãodas coisas” e de ambos os lugares Távora tem um conhecimentoarqueológico antigo.Um e outro projecto começam, não da uma invenção da formaque melhor pode representar a comunidade, de referência ou dasintenções individuais do projectista, mas de uma pergunta a simesmo sobre a melhor maneira de um novo edifício se localizar nascaracterísticas do lugar, acrescentando, sem estragar, pararesponder ao programa.Dito isto, analisadas essas semelhanças, é claro que os doisprojectos são diferentes, pois há diferentes circunstâncias.

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O Anfiteatro, no fundo, é basicamente um espaçocom características incomuns: é publico, mas interior,porque o acesso é possível do Pátio das Escolas que éporque o acesso é possível do Pátio das Escolas, que é,por sua vez, um pátio interior. Assim, parece quase umtesouro escondido a ser encontrado, mas ainda é umespaço público, que não surge marcante pela suagrandeza, mas pela surpresa que nasce da procura doAuditório e culmina na descoberta de uma jóiaAuditório e culmina na descoberta de uma jóia"escondida" da paisagem Portuguesa, que pareceescapar aos olhos dos "observadores casuais" daquelesque olham apenas porque um edifício se destaca,porque se encontra ao longo da estrada que estão apercorrerpercorrer.

No entanto, ele está ali, diante dos olhos de todos,ao olhar-se para Coimbra do Rio Mondego admira-se aAlta em todas a sua totalidade.

Notamos que, como quase todos os seus projectos,incluindo aqueles em que a preexistência não assumec u do aque es e que a p ee s ê c a ão assu egrande importância histórica ou está ausente, são actosde “modificação” da realidade, nunca de “imposição”;partem da qualidade do que lá estava anteriormente,para reconstruí-lo, corrigi-lo, nunca contradizê-lo.Távora é capaz de produzir uma arquitectura << Passaram os anos eu percebi que um edifício não é apenasp p q

enraizada no presente e projectada no futuro, capazde manter a história como a efígie do tempo presente,com uma visão progressista e fluida das história dasartes e da arquitectura quanto aos respectivosinstrumentos expressivos, as técnicas, as referências

<< Passaram os anos, eu percebi que um edifício não é apenasuma planta bonita e uma bela fotografia num dia ensolarado, domelhor ângulo. Verifiquei, enfim, que todos os arquitectos eramhomens, com sua qualidade, maior ou menor, com as suas falhas,maiores ou menores. Tornei-me convencido de que a arquitectura éessencialmente um evento entre muitos na vida dos homensculturais.

O Anfiteatro da Faculdade de Direito de Coimbra é,portanto, um edifício mais moderno quecontemporâneo, porque contém em si, todas asexperiências de uma arquitectura e dum lugar: Coimbra

essencialmente um evento, entre muitos, na vida dos homens,também, contudo, sujeita às contingências da vida. A virgemintocável, assim, tornou-se uma manifestação de vida. Encontrei aarquitectura como algo que eu, ou outros, podemos realizar; melhorou pior, terrivelmente ligada a circunstância tanto quanto umaárvore está enraizado à terra>>e a sua Universidade. árvore está enraizado à terra>>.

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Anfiteatro da Faculdade de Direito de Coimbra, Fernando Tavora

L’Anfiteatro della Faculdade di Direito si inserisce nell’Alta di Coimbra, acropoli della cittadellaportoghese luogo emblematico e carico di storia marcato dall’evoluzione della Città e della suaportoghese, luogo emblematico e carico di storia, marcato dall evoluzione della Città e della suaUniversità.Non accade tutti i giorni di inserire una costruzione nel “nucleo duro” di Coimbra Alta, intervenire inquesta parte della città significa intervenire in un contesto di multiple e differenti referenze storiche eformali, in un luogo con un’identità propria, dove la storia è una realtà presente, marcata nei suoiedificiedifici.La difficoltà, infatti, non sta tanto nel progetto, quanto nel trovare il giusto modo per rapportarsi con ilcontesto circostante.Grande è il peso della storia cristallizzata negli edifici e può inibire chi possiede un’assolutasottomissione al passato, al suo formarsi in seguito a continue trasformazioni:

<<Il progetto nasce dal conoscimento del luogo, ma, al tempo stesso, la mia architettura definisce illuogo. Così un’architettura è un processo di ridefinizione di un luogo>>.

Eppure Tavora sa che il compito dell’architetto proprio in questo si differenzia da quello di unostorico: nell’interpretare un luogo e capirne le possibili trasformazioni.s o co: e e p e a e u uogo e cap e e poss b as o a o .

La descrizione dell’Auditorium della Facoltà di Diritto di Coimbra non può che iniziare, quindi, dalluogo in cui esso si trova, da ciò che già esisteva anteriormente alla sua costruzione, dal contorno edal contesto che definiva quel sito: o Paço das Escolas.Inizialmente sede di una medina araba del sec.VIII, divenne la residenza regia di Re Afonso Henriquesg qin seguito alla riconquista cristiana, per poi trasformarsi in sede dell’Università di Coimbra per mano diD.João nel 1537.La preparazione che ha Tavora del territorio portoghese, è colta e profonda a un livello raro; erasicuramente a conoscenza, quindi, di tutto ciò che pregnava un luogo così emblematico, per lastessa forza con cui difendeva l’apprendimento della storia come strumento che aiuta la costruzionedel presente, salvaguardando l’identità del luogo.Storia come metodo e non come obiettivo, in quanto l’obiettivo è che l’architettura si adegui alla realtà del luogo e all’uomo, in uno sforzo di sintesi e chiarificazione, in un “atto di creazione”.

<<Bisogna togliersi la maschera ed essere se stessi; io so fare solo edifici di cui ho “comprensione”>> –diceva – <<Un edificio deve sempre essere perfettamente integrato con il luogo, la gente lo devesentire proprio; un’architettura che permane nel luogo di origine in modo naturale, nonspettacolare>>.

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Nel 1962, Tavora pubblica un saggio radicalmente inattuale e antimoderno: “Da organização doespaço”, in cui fissa i principi che sono alla base della sua architettura, che si riscontrano in ciascunadelle sue opere ad un’attenta analisi, e che, infine, hanno influenzato enormemente l’architetturaPortoghese contemporanea e successivaPortoghese contemporanea e successiva.Concetti quali l’accettazione del tempo, l’esperienza come materia del progetto, vuoto e pieno,forma, ma soprattutto, come dice il titolo appunto, l’organizzazione dello spazio, sono alla base diquesto saggio.Nell’Auditorium, Fernando Tavora è riuscito a conciliare passato e presente, città e sito, memoria,continuità e evoluzionecontinuità e evoluzione.Interrogato su ciò che riteneva fondamentale nell’architettura, egli risponde:<<Un edificio deve essere inquadrato in un terreno e servire alle persone. È ovvio che gli scenaricambiano, non sono eterni, ma l’edificio, in un certo modo, ricerca una certa identità.È questo ciò che cerco, dare all’edificio una certa identità.L’eternità viene da cosa? Dalla forma? Dalla funzione? Dai materiali? Dall’inquadramento? Chiaro!L eternità viene da cosa? Dalla forma? Dalla funzione? Dai materiali? Dall inquadramento? Chiaro!Da tutto questo, ma ci sono una serie di cose che diluiscono l’edificio, in modo da disfarsi percominciare a far parte di quell’ambiente. È questo ciò che cerco>>.Da ciò si intuisce il rapporto “catartico” e purificatore che ha Tavora nei confronti del luogo:l’architetto deve saper capire cosa è giusto, accettare e capire cosa è bene modificare, devesapersi porre in relazione critica al luogo, e, chiamato ad intervenire, deve sapere cosa bisognasape s po e e a o e c ca a uogo, e, c a a o ad e e e, de e sape e cosa b sog adimenticare, per potersi concentrare sui punti fondamentali che danno parola e vita a quel sito.

Si tratta di un’architettura definita in un tempo e in un luogo, impegnata a sfruttare le qualità, anchepotenziali, del luogo e del tempo, per proiettarsi, nei casi migliori, al di là dei limiti immanenti chep g p p p gimpone la circostanza stessa entro cui il progetto si genera.Per far ciò occorre la conoscenza del luogo, e, di conseguenza, il tempo, fattore spesso mancantenella realtà frenetica dei giorni d’oggi.La collina dell’Alta di Coimbra venne occupata, col tempo, in maniera organica: gli edifici vennerocostruiti sul terreno inclinato evitando di costruire grandi terrazzamenti o piattaforme; sono edificicontrafforte, che si radicano nel terreno cercando sostegno da esso, e dando vita, con i lorocontorni, ad un susseguirsi di viuzze, stretti vicoli e piazze che, letti nell’insieme sono un’alternanza dipieni e vuoti.È proprio questo il modo in cui l’Auditorium è stato costruito.<<Solo grazie al tempo il progetto può assumere una sua personalità. A Porto si cucina un piattochiamato tripas: lo si può cucinare a mezzogiorno per consumarlo all’una, oppure alle sette dimattina per consumarlo sempre all’una, e nel secondo caso sarà certamente più saporito; ma lacosa migliore è prepararlo il giorno prima. Come accade in architettura, il miglioramento dellaqualità dipende solo dal tempo>>.

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Osservando gli innumerevoli schizzi che Tavora esegue nelle sue visite al luogo, si comprende comeegli abbia deciso di inserire anche il nuovo edificio come un contrafforte, appoggiandolodirettamente al terreno e facendo tabula rasa del muro esistente.La sua costruzione accetta la regola del complesso cui si accosta inserendosi in corrispondenzaLa sua costruzione accetta la regola del complesso cui si accosta, inserendosi in corrispondenzadell’intervallo tra la cappella Joanina e la Facoltà di Legge.Una vista laterale rafforza l’idea che si tratti di un’esigenza data dal declivio che porta alla quota delprogetto.<<Certo le mie mani sono queste, completamente differenti da quelle di Siza, e i nostri edificirispecchiano le nostre mani Io ho una teoria infallibile sulle mani degli uomini [ ]vi assicuro che nonrispecchiano le nostre mani. Io ho una teoria infallibile sulle mani degli uomini, […]vi assicuro che nonesistono due mani identiche. Le nostre architetture rispecchiano le nostre mani>>.In data 1993, un concorso pubblico che vedrà vincitori all’unanimità Fernando Tavora incollaborazione con Josè Bernando Tavora, lancia il bando per la costruzione dell’Anfiteatro.Il programma è in sé semplice: la costruzione di un’aula Magna con 450 posti, e prevede dueesigenze: la nuova costruzione dovrà essere tangente e collegarsi alla settecentesca bibliotecaesigenze: la nuova costruzione dovrà essere tangente e collegarsi alla settecentesca bibliotecaJoanina quanto alla Facoltà di legge ad essa collegata e dovrà inoltre preservare e qualificarel’arcata antica.C’è un luogo, invece, estremamente complesso: sul terreno si trovano i resti di un edificio manuelino,cinque arcate con andamento parallelo al fronte degli edifici storici, chiuse da due arcateortogonali.o ogo a .La sequenza di schizzi sembra raccontare con assoluta naturalezza il farsi del progetto.Essi raccontano la lucidità con cui il sito viene osservato e compreso dall’architetto portoghese inogni suo elemento:Un leggero declivio del terreno,i resti dell’edificio manuelino,un complesso monumentale frutto di un’intensa rivisitazione storico-temporale,la vista sul Rio Mondego e sulla Baixa.Sembra quasi che l’architetto portoghese abbia voluto focalizzare l’attenzione sui punti chiave del sito, “dimenticandosi” delresto, e sono le sue stesse parole che ce ne chiariscono ancor meglio il senso:<<Dimenticare è tanto importante quanto ricordare, sono funzioni fondamentali e complementari. Dimenticare è un modo perselezionare dunque una forma del ricordo. Per progettare è necessario dimenticare, così nell’architettura come nella vita>>.Tavora sostiene che “ogni edificio deve saper stare al suo posto”, subordinarsi senza soggezione al complesso monumentalema anche assumersi la responsabilità di trasformare l’immagine della cittadella universitaria, parlare o tacere al momentoopportuno, comprendere “l’arte del sedersi”.<<Esistono maniere diverse di sedersi che connotano le diverse civiltà. I giapponesi siedono in un modo, gli indiani in un altro, gli

i li h l i ianimali hanno ognuno la propria maniera.È importante capire come un edificio siede al suolo e, in tal modo, se ne appropria, vi si colloca stabilmente. Nel progetto perl’Anfiteatro di Coimbra ho cercato di mostrare la delicatezza con cui l’edificio si radica al suolo, per proiettarsi poi versol’esterno con piani orizzontali e verso l’alto con piccoli volumi>>.

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Ma è nello studio dei percorsi che il progetto va oltre il semplice gesto del “far accomodare” unnuovo attore di questo palcoscenico: Tavora sa il carico della sua impresa, sa l’attenzione che essarichiede in ogni suo processo è per questo che il legame con la preesistenza si fa intimo quasi unarichiede in ogni suo processo, è per questo che il legame con la preesistenza si fa intimo, quasi unacortese richiesta del nuovo nell’accostarsi con l’antico. Cortese però, quanto decisa e determinatanella volontà dell’architetto di dialogare con quel luogo sacro, ma senza assoggettarsi ad esso,imponendosi per la sua indipendenza in qualità di nuovo attore nel palco del tempo.

Da qui la scelta, non certo casuale, di rivolgere l’Anfiteatro non verso l’affaccio panoramico sullacittà bassa e sul fiume, ma verso il nucleo universitario, quasi a sottolineare l’esigenza che il prospettocittà bassa e sul fiume, ma verso il nucleo universitario, quasi a sottolineare l esigenza che il prospettoprincipale debba essere comunque l’arcata, di fatto il retro dell’Aula Magna.La cavea è studiata in modo tale, che dalla cattedra sia impossibile godere non solo del paesaggioesterno, ma anche del cielo, fatto che accentua il carattere intimista di questo spazio.L’introiezione dell’aula nel complesso universitario è poi corretta dalla presenza di una galleria sullasommità dell’anfiteatro e affiancata da una lunga finestra, alle spalle di chi siede nell’aula.so à de a ea o e a a ca a da u a u ga es a, a e spa e d c s ede e au a.Il percorso della galleria parte con due vestiboli simmetrici che tagliano l’edificio secondo l’asse est-ovest, in corrispondenza dei quali si innestano due accessi alla cavea dell’Anfiteatro, che siinseriscono nelle preesistenze storiche collegando funzionalmente la nuova aula con la biblioteca daun lato e con la Facoltà, la Cappella e il Patio dell’Università dall’altro.

Ad est delle gallerie si trova il bar, completamente avvolto dall’arcata antica.Dall’atrio, tra il bar e l’anfiteatro, si localizza una scala simmetrica che lega l’Auditorium al Patio dasEscolas, e porta al piano superiore, dove si situa la sala di lettura che si apre su un terrazzo.L’edificio è perfettamente ortogonale e simmetrico nell’interiore quanto nell’esteriore, annullandol’irregolarità date dai limiti imposti dal terreno. Nella determinazione di come l’edificio si dovesseimpiantare, ebbero un ruolo fondamentale la preesistenza, l’arcata manuelina, il muro gotico e i restidi un cammino e di un muro romano.Il declivio naturale del terreno permette al volume di acquisire altezza, incassandosi nel terreno.

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La scena del più diretto confronto tra nuovo e antico è però la vasta hall inserita tra l’anfiteatro e ilfronte degli edifici storici: una grande parete vetrata che lascia vedere i resti dell’edificio manuelino,incorporati ad essa tramite una pavimentazione ad elementi basamentali che inglobano l’attacco aterra dei ruderiterra dei ruderi.Il legame tra nuovo e antico non è formale, né neutrale, conservativo o distruttivo; è piuttosto,semplicemente sostanziale. La relazione con l’arcata non è materializzata fiscamente: ciò consenteall’edificio di non avere bisogno di un legame diretto alla preesistenza per essere profondamenteintegrato in essa.La modellazione di tutto lo spazio fatta a partire dallo studio metrico dell’arcata antica definisce ilLa modellazione di tutto lo spazio, fatta a partire dallo studio metrico dell arcata antica, definisce ilmodulo che sta alla base dell’intero progetto dell’Auditorium e intensifica l’importanza dellapreesistenza nella definizione integrale dell’anfiteatro. È così che l’arcata diventa una componentefondamentale e indissociabile dall’edificio, e la sua esistenza si fa essenziale per dare un senso allacomposizione. Persino la quota base dell’impiantazione dell’edificio corrisponde a quella dell’arcata(quota 93)(quota 93).Tavora definisce l’edificio secondo un modulo di 0.55 x 0.55, che si ripete nelle porte, nelladimensione delle sedie (0,55m) e persino nella dimensione trasversale dei gradini (1,10m).La grandezza di un vano dell’arcata è di metri 5,50, multiplo del modulo di base utilizzato, comeanche la larghezza di ogni arco, di metri 1,10.L’architetto lavora con forme semplici e geometriche che si rifanno al quadrato e al rettangolo, ala c e o a o a co o e se p c e geo e c e c e s a o a quad a o e a e a go o, acubo e al parallelepipedo, come nella tradizione ma anche nella modernità.Di fatto l’edificio si sviluppa in un quadrato di circa 40 x 40m.L’anfiteatro occupa la parte ovest dell’edificio con un’area di 606,12m, approssimativamente i 2/3dell’area totale dell’edificio (946,02m).La sala ha come base un rettangolo di 30,80m x 15,40m, formato da un doppio quadrato: seg pp qaggiungessimo adesso la terza dimensione, verificheremmo che l’altezza massima dell’edificio è di7,70m, esattamente metà della larghezza.Le tre dimensioni della sala stanno nello spazio secondo un rapporto di 4a x 2a x a. Suddividendo queste misure si constata chesono multipli del modulo di base di 0,55m.L’architetto portoghese, quindi, non si limita soltanto a coniugare moduli che danno forma all’edificio, dal momento che, perlui, “è impossibile progettare solo tramite associazioni di moduli, l’architettura richiede tempo”.La precisione del metodo costruttivo mostra la conoscenza profonda dello stato delle cose da parte di Tavora. La risposta alprogetto richiede la ricerca continua, da parte dell’architetto, dell’ordine e dell’armonia nella definizione dell’architettura,mirando non al dominio ma al controllo e all’organizzazione dello spazio.Molti sono i richiami all’antico, tanto nella scelta dei materiali quanto nella tripartizione classicista della facciata dell’Auditorium;i b li ti d ll’i t h l t i i t Tsimboli questi, dell’importanza che la storia riveste per Tavora.

La costruzione dell’edificio è prevista in cemento armato, ad eccezione di una struttura in ferro per l’atrio, il bar e la sala dilettura. Placche di pietra calcarea, che rivestono l’esterno come l’interno, danno continuità ai due ambienti e rappresentanoun chiaro omaggio dell’architetto portoghese alle origini di Coimbra, anticamente sorta su una collina calcarea appunto.

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Le pareti interiori sono rivestite di legno di Afizelia, marcate con strette assicelle orizzontali di legno piùchiaro; il rivestimento della copertura, in rame, o mattoni, se accessibile.La creazione di un unico volume, concentrato tra questi due edifici, è una manifestazione dellavolontà di costruire in parallelo con l’esistente mantenendo il carattere individuale di ciascun edificiovolontà di costruire in parallelo con l esistente, mantenendo il carattere individuale di ciascun edificio,ma collegandoli intimamente e intensamente al contesto.Tavora ha elaborato il progetto secondo una visione architettonica classica, come evidenzia il modoin cui ha inserito e articolato il nuovo edificio, giungendo ad inglobarvi il frammento esistente diun’arcata manuelina, oppure adottando un’articolazione verticale tripartita della facciata, visibileanche nella biblioteca e negli Studi Generali È chiaro il richiamo ai Romani che conquistarono laanche nella biblioteca e negli Studi Generali. È chiaro il richiamo ai Romani, che conquistarono lacittà e fecero propria quella zona, nonché il ricorso all’immagine dei templi di un’acropoli:basamento, corpo, e coronamento, chiaramente leggibili nell’Auditorium di Tavora, quasi egli volessefare di quest’ultimo il nuovo simbolo dell’acropoli coimbrese.Tavora tenne in conto la visibilità di questa parte della collina dalla baixa della città, edell’importanza dell’antico Paço das Escolas come fattore caratterizzante della facciata urbanadell importanza dell antico Paço das Escolas come fattore caratterizzante della facciata urbanadell’acropoli.

Nonostante tutto, il suo edificio, anche includendo la sala di lettura, era il più basso tra quelli chefurono proposti al bando, ciò consente al “tempio” di acquisire una scala più umanizzata, marcatanella zona delle entrate e nelle aperture.La parete interna, trattata come se fosse un esterno, ci ricorda la scenografia dei teatri romani,mentre la creazione di un grande terrazzo, quasi come una piazza, rivolta verso la città, rappresentag q p ppsimbolicamente come i Romani impiantarono il forum a Coimbra.Alexandre Alves Costa, membro del giurì del concorso affermò che: <<Questo edificio potrebbeessere costruito ovunque, ma è in questo luogo che è insostituibile>>, ciò significa che è il modo in cuil’edificio si incastra nella preesistenza, in termini di forma e composizione che completa il contesto.Il risultato è un’opera moderna e apparentemente semplice, ma caricata di referenze, apparenti onascoste, con carattere e identità, capace di aumentare qualità al luogo.La costruzione dell’anfiteatro ha ridefinito questo spazio, che appare adesso equilibrato in relazionealle masse costruite.L’attuale permeabilità visuale tra la quota della baixa e la facoltà di Diritto è dovuta alla ri-disegnazione dell’inclinazione del terreno nonché alla posizione centrale dell’anfiteatro: l’edificiodella facoltà di Diritto appare in secondo piano.È singolare notare, inoltre, come lo spazio esterno, non definisce una piazza, né costituisce unpaesaggio, ma è un elemento architettonico di valore storico che preserva l’arcata manuelina.

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L’Anfiteatro, in fondo, è uno spazio dalle caratteristiche singolari: è pubblico ma interiore, perchévi si accede dal Patio das Escolas, che è, a sua volta, un cortile interno. Sembrerebbe quindi quasi unluogo nascosto un tesoro da ricercare; eppure è uno spazio pubblico che si afferma non per la sualuogo nascosto, un tesoro da ricercare; eppure è uno spazio pubblico, che si afferma non per la suaimponenza eclatante, ma per lo stupore che nasce dalla ricerca dell’Auditorium e che culmina nellascoperta di un “gioiello nascosto” del panorama portoghese, che pare sfuggire agli occhi degli“osservatori casuali”, di coloro i quali, cioè, che osservano giusto perché un edificio salta loro agliocchi solo perché si trova lungo la strada che stanno percorrendo.Eppure lui è lì davanti gli occhi di tutti se si guarda Coimbra dal rio Mondego e si ammira la Alta inEppure lui è lì, davanti gli occhi di tutti, se si guarda Coimbra dal rio Mondego e si ammira la Alta intutta la sua totalità.Fernando Tavora fa di ogni suo edificio un corpo vivo, un organismo con corpo e linguaggio proprio,che gli conferisce uniformità.La responsabilità di condividere le sue scelte con una comunità circostante è per Tavoraschiacciante Se osserviamo il suo modo di relazionarsi in due progetti quali appunto l’Anfiteatro dischiacciante. Se osserviamo il suo modo di relazionarsi in due progetti quali appunto l Anfiteatro diCoimbra e la Casa dei Ventiquattro, a Porto, potremmo notare somiglianze e differenze nella rispostadell’architetto ai due interventi.Entrambi gli edifici sorgono in luoghi fortemente identificativi e sono destinati a svolgere una funzione istituzionale di autoriconoscimento da parte della comunità, cittadina nel primo caso, accademica nel secondo. Per entrambi la straordinarietàdel sito rende la “ragione delle cose” particolarmente complessa e di entrambi i luoghi Tavora ha antica e archeologicadel sito rende la ragione delle cose particolarmente complessa e di entrambi i luoghi Tavora ha antica e archeologicaconoscenza. L’uno e l’altro progetto prendono avvio, non da un’invenzione della forma che meglio può rappresentare lacomunità di riferimento o le intenzioni individuali del progettista, ma da un interrogarsi sul miglior modo in cui un nuovo edificiopuò venir collocato nello stato delle cose, aggiungendo senza cancellare per rispondere al programma.Detto ciò, analizzate queste affinità, è chiaro che i due progetti siano differenti come diverse sono le circostanze.Si nota da questo, come quasi tutti i suoi progetti, anche quelli in cui le preesistenze storiche non assumono carattereq , q p g , q ppreminente oppure sono del tutto assenti, sono atti “modificativi” della realtà, mai “impositivi”; partono dalle qualità di ciò chec’era prima di loro per ricostruirlo, correggerlo, mai contraddirlo.Tavora è capace di produrre un’architettura ancorata nel presente e proiettata verso il futuro, in grado di permanere nellastoria come effige del tempo presente, utilizzando una visione progressiva e fluida della storia delle arti e dell’architettura perquel che riguarda i propri strumenti espressivi, le tecniche, i riferimenti culturali.gL’Anfiteatro della Facoltà di Diritto di Coimbra è quindi un edificio più Moderno che contemporaneo, perché contiene in sétutte le esperienze di un’architettura e di un luogo: Coimbra e la sua Università.<<Passarono gli anni, compresi che un edificio non è solo una bella pianta o una bella fotografia scattata in un giorno di soledalla migliore angolatura. Verificai che, infine, tutti gli architetti erano uomini, con le loro qualità, maggiori o minori, con i lorodifetti, maggiori o minori. Mi convinsi che l’architettura è soprattutto un accadimento tra i tanti nella vita degli uomini,anch’essa, come ogni cosa, soggetta alle contingenze proprie della vita. La vergine intoccabile si trasformò così in unamanifestazione di vita. Incontrai l’architettura come una cosa che io, o altri, possiamo realizzare; migliore o peggiore,terribilmente contingente, legata alla circostanza tanto quanto un albero si ancora alla terra con le sue radici>>.

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A Alta está estrategicamente posicionada num ponto de estreitamento do rio, onde se encontrava uma travessia mais fácil. Foi nessa elevação que a cidade teve origem, principalmente por causa do seu potencial defensivo. No centro da Alta, localiza-se a Sé Nova. A nascente, a colina tem um declive menos pronunciado, que permite uma chegada mais fácil à Alta e que, em termos de defesa, permitia uma rápida fuga caso a cidade fosse invadida. A norte, o morro desce com declive acentuado até a rua Sá da Bandeira e a sul è desenhado pelo rio Mondego, descendo abruptamente até às suas margens. Èneste ponto que se encontram os edifícios universitários, de carácter monumental. A sudoeste está localizado o antigo Paço das Escolas (hoje Faculdade de Direito e Reitoria), lugar que foi provavelmente escolhido como ponto defensivo, tendo em conta a sua boa exposição solar, o domínio sobre a cidade e o Rio do Mondego.

Abaixo deste, no morro da Almedina, as construções adaptam-se à topografia difícil, as ruas são inclinadas e estreitas e a circulação viária é difícil, se não, as vezes, impraticável.

Situada no centro do território português, entre os rios do Douro e do Tejo, Coimbra tem uma posição única, que desfruta ao melhor as vantagens do sítio.

A cidade, que se desenvolve sobre um morro calcário, é banhada pelo rio Mondego e tem a configuração de um ovo, deformado por um lado, que Fernando Martins chamou a cutilada. O seu eixo maior orienta-se de nascente para poente, e éno Pátio das Artes, no lado oriental, que se encontra à cota mais alta (108 m), em relação aos 19 m da cota da Baixa, que desenvolve-se praticamente em plano.

Cidade de Coimbra: Geografia.

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PRAÇA OITO DE MAIO, COIMBRA.

marco

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LOCALIZAÇÃO A Praça 8 de Maio situa-se na zona Baixa do centro histórico da cidade de Coimbra. Insere-se num tecido urbano tipicamente medieval, caracterizado prevalentemente por uma malha irregular de pequenas ruas antigas. A praça tem uma posição central no sistema de espaços públicos que a envolve. Como em todas as praças maiores medievais, na praça há importantes símbolos e monumentos da cidade (o Mosteiro de Santa Cruz do XII século, a Câmara Municipal de Coimbra, a antiga igreja de São João das Donas – hoje Café Santa Cruz) e a hierarquia das ruas percebe-se neste sentido. Os pontos de acesso principais a Norte e a Sul são a Rua da Sofia e a Rua Visconde da Luz. Os pontos de acesso secundários são as ruas medievais Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo, de cerca de 3 m de largura cada, que afluem de poente neste amplo espaço público pedonal.

A mais recente intervenção de requalificação foi realizada para um projecto do arquitecto Fernando Távora, na altura 1992-97.

Rua da Sofia

Rua Visconde da Luz

4.1

Page 83: Fernando Távora e o espaço público português.

O tecido urbano da Baixa de Coimbra, especificadamente nas proximidades da Praça 8 de Maio, monstra claros sinais das diferentes épocas da historia da cidade. A actual Rua de Visconde da Luz (localmente chamada a calçada, nome da toponímia portuguesa para designar antigas vias) que corresponde ao antigo eixo romano, que desenvolvia-se desde a rua Direita até o Rio Mondego, mantém-se, ainda hoje, numa orientação quase rectilínea, apenas com aquelas irregularidades ou desvios que são normais quando um eixo viário romano sobrevive, através da Idade Média, até o nosso tempo. Este eixo poderá ter perdido importância quando, na Idade Média, a área entre o Mosteiro de Santa Cruz e o rio Mondego foi urbanizada. Esta urbanização, por muitos, deve ter sido iniciativa do Mosteiro de Santa Cruz, pela maneira em que se desenvolveu em relação a esse: a rectilinearidade das ruas Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo e o traçado paralelo das três últimas sugerem uma urbanização planeada, enquanto os percursos muito irregulares da área a sul da Rua do Corvo testemunham um desenvolvimento urbano mais espontâneo e menos dirigido. Um outro importante facto urbano, pelas suas dimensões e pelo seu programa, é a Rua da Sofia, eixo de 440 m, criado com o sentido de ordenar o desenvolvimento moderno da cidade, no ano em que a Universidade foi transferida de Lisboa para Coimbra (1537). Èaqui, nas imediatas proximidades da Praça 8 de Maio, que desenvolveram-se o urbanismo e a arquitectura renascentista dos colégios universitários.

4.2

Page 84: Fernando Távora e o espaço público português.

MOSTEIRO DE SANTA CRUZ Fundado em 1131, no exterior das muralhas de Coimbra, foi a mais importante casa monástica nos primeiros séculos da monarquia portuguesa. Somou benefícios papais e doações régias, o que permitiu a acumulação dum grande património e, ao mesmo tempo, uma posição de grande importância ao nível institucional e cultural. Pouco resta do primitivo mosteiro românico, com torre-nartex defensiva sobre o espaço de entrada, porque a Igreja de Santa Cruz foi objecto de numerosas reformulações, a mais importante das quais, querida por D. Manuel na primeira metade do século XVI, conferiu ao edifício o seu aspecto actual. Os melhores artistas do reino participaram às obras. A esta altura corresponde o Claustro do Silêncio, totalmente reconstruído em estilo manuelino, abobadado e com galeria superior, o emblemático portal de kjDiogo de Castilho, os torreões com contrafortes em quilha da cenográfica fachada. A única nave da igreja tem uma abóbada de estrutura claramente gótica, de nervuras direitas, com uma série de capelas laterais. Aqui já se pode ver uma certa influência da nova corrente do Renascentismo.

CAFÉ SANTA CRUZ Instalado na antiga igreja São João das Donas, o café Santa Cruz é um dos espaços mais característicos da cidade de Coimbra e remonta àprimeira metade do século XVI. Este templo renascentista deve a sua fundação a Frei Brás de Braga (1530), o reformador e prior dos frades de Santa Cruz, e ànecessidade de libertar a Igreja do Mosteiro de um excesso de fiéis, devolvendo-a exclusivamente aos monges. Esta intervenção insere-se na reforma integral do Mosteiro, ordenada por D. Manuel, que incluiu o complexo monástico, a igreja, os túmulos de D. Afonso Henriques e seu sucessor, D. Sancho I, a Sala do Capítulo, a capela de São Miguel e o Claustro do Silêncio. O interior mantém a primitiva estrutura atribuída a Diogo de Castilho, cujo espaço de planta rectangular corresponde à nave da igreja. Ao fundo pode-se distinguir aquela que foi uma capela-mor. Ambos os espaços são cobertos por abobadas de nervuras. Nas paredes rasga-se uma capela de cada lado, com arcos semi-circulares renascentistas.

4.3 4.4 4.5

Page 85: Fernando Távora e o espaço público português.

A Praça 8 de Maio tem uma planta de forma irregular, caracterizada por uma largura máxima no sentido nascente/poente de cerca de 40 metros e um cumprimento máximo de 80 metros no sentido Norte/Sul. O lado maior, a nascente, é mais rectilíneo e é definido pelas fachadas da Igreja de Santa Cruz, da Câmara Municipal de Coimbra e do CaféSanta Cruz. Os restantes lados desenvolvem-se semi-radialmente, definidos por uma serie de construções de uso prevalentemente residencial de 3-4 pisos, com comércio ao piso térreo, que formam pequenas ruas medievais, que afluem no grande espaço público pedonal da praça, que se abre no sentido do céu. Os edifícios da Câmara Municipal de Coimbra e do Mosteiro de Santa Cruz impõem-se com as suas proporções como elementos dominantes no espaço da praça, ganhando protagonismo sobre os espaços mais fechados da outra frente.

4.6 4.10

4.11

4.7 4.8

4.9

Page 86: Fernando Távora e o espaço público português.

As soluções urbanísticas planeadas ou já em fase de execução na baixa de Coimbra conduziram a um diferente tratamento qualitativo dos espaços públicos para elas afectados. Uma destas foi a proposta de utilização pedonal da Rua de Visconde da Luz, que véu provocar novas soluções de arranjo da Praça 8 de Maio. A solução de Fernando Távora, que corresponde à altura do 1992, insere-se neste quadro geral e nasce de um profundo estudo e conhecimento do existente e da sua historia e é, como outros projectos de reorganização de praças (por exemplo, em Guimarães), baseada sobre uma forte relação com o lugar, sobre um atento estúdio dos percursos e dos seus cruzamentos e sobre uma magistral obra de estereotomia. A praça, por efeito da ligação do tráfico mecânico entre Rua da Sofia e Rua de Visconde da Luz, ficava a uma cota de um metro e trinta acima da soleira da Igreja de Santa Cruz. Desaparecendo aquele tráfico, pude ser recuperada a cota inicial da praça e, com esta, a leitura original da Igreja referenciada as ruas medievais que aí afluíam frontalmente a fachada do monumento (Rua Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo). Àleitura tangencial que o eixo do tráfico tinha criado, foi substituída uma leitura ortogonal daquele conjunto de ruas de estrutura medieval, mais perto da ideia e do significado originais. A Praça foi rebaixada para a cota primitiva do século XII e isso determinou a exigência de um sistema de rampas, inclinações de passeio, degraus, muros baixos, que permitisse a articulação com as ruas actuais do envolvente, dando uma ideia de continuidade espacial.

4.12

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1834 HOJE

1934

1990

4.15

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1840

1900

1900

HOJE

4.16

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4.21

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RUA DIREITA RUA DA MOEDA RUA DA LOUÇA RUA DO CORVO RUA VISCONDE DA LUZ

4.22

4.23

antes depois

Page 90: Fernando Távora e o espaço público português.

‘’O desenho de detalhes é importante mas a qualidade da execução, os sistemas e materiais empregues, a perfeição, éessencial para o resultado...’’ (Ruskin, 1885)1.

1 Fonseca, 2010. Da Resistência da obra, FAUP, Aula de Teoria 3.

O tratamento do espaço da praça foi estudado com grande cuidado, nem só nas fases de desenho e projecto, mas também em fase de execução. Desta atenção, típica da maneira de fazer arquitectura de Fernando Távora, feita de gestos subtis e variados, pode-se encontrar um exemplo muito evidente no tratamento do pavimento da Praça 8 de Maio. Isto, que, a um primeiro olhar, pode parecer um detalhe, torna-se um tema fundamental do desenvolvimento do projecto. Já os esquiços preliminares testemunhavam a sua importância, ao nível do desenho e da definição/delimitação do espaço; os sucessivos pormenores a escala maior demonstram, além disso, um grande cuidado na integração dos elementos funcionais e infra-estruturais no projecto e a relevância que a qualidade dos materiais, as exactas medidas das várias peças e a sua correcta aposta em obra têm por Távora, sempre atento e presente para acompanhar a execução das suas obras.

4.25 4.26

4.24

Page 91: Fernando Távora e o espaço público português.

O pavimento da Praça 8 de Maio éconstituído prevalentemente por blocos de pedra calcária: as duas diferentes cores e as várias disposições destes contribuem a modular o espaço da praça, a definir os limites, sem dividir em maneira forte, a delinear momentos diferentes, a sublinhar percursos, a sugerir uma leitura mais do que uma outra.

Nada édeixado ao

caso.4.27

Page 92: Fernando Távora e o espaço público português.

A um olhar mais atento, nota-se que o espaço trapezoidal em frente da Igreja de Santa Cruz é claramente definido pelas linhas cinzentas das pedras do chão distribuídas semi-radialmente a partir da fachada do edifício. Esta escolha, presente desde as primeiras fases do projecto, cria uma forte relação deste espaço com a fachada da igreja, e é em perfeita continuidade com a decisão de recuperar a primitiva cota da praça, valorizando a leitura frontal, que era a leitura medieval e originária: em particular, as duas linhas que estão em posição tangencial em relação ao círculo da fonte enquadram o portal da igreja e a linha que passa pelo seu centro chega exactamente no meio do portal, criando uma forte tensão com a entrada do Mosteiro de Santa Cruz.

Page 93: Fernando Távora e o espaço público português.

4.28 4.29

Page 94: Fernando Távora e o espaço público português.

Discursos semelhantes podem valer pelos espaços em frente das fachadas da Câmara Municipal de Coimbra - em que a simples rotação das pedras do pavimento permite de definir ao nível do chão os espaços de entrada – e do Café Santa Cruz. Nas rampas de acesso aos arruamentos de cotas superiores é utilizado granito em placas, o que permite uma maior segurança graças à sua rugosidade natural. Esta diferença de material contribui a sublinhar o percurso tangencial, que de Rua da Sofia chega até o Rio Mondego.

4.30

Page 95: Fernando Távora e o espaço público português.

A fonte circular situa-se numa posição baricéntrica no espaço fortemente hierarquizado da praça: o posicionamento e a definição da sua cota foi a decisão fundamental do projecto de modelação do espaço, sobretudo pelas relações que instaura com a frente do Mosteiro de Santa Cruz ou, mais ainda, com o seu portal escultório. Alem de ser um elemento qualificante do espaço público da praça, a fonte sublinha a centralidade que esta tem no esquema do Bairro em que se coloca e contribui a definir a sua identidade. Formada por blocos de pedra calcária, a fonte pode ser dividida em dois elementos elementos de forma circular concêntricos: a base, que realiza a junção das diferenças de cotas, tem uma altura de 11 cm no lado a poente, e chega até 38 cm no lado a nascente e aquela que pode-se definir a moldura da bacia da fonte, que desenvolve-se horizontalmente.

4.31 4.32

Page 96: Fernando Távora e o espaço público português.

A Praça 8 de Maio é um espaço público que é capaz de articular todos os espaços que o envolvem e todos os percursos que daqui passam e de reunir momentos urbanos de diferentes qualidades espaciais (as pequenas ruinhas medievais, o grande adro em frente do Mosteiro de Santa Cruz, a rua pedonal de Visconde da Luz e a rua com tráfego mecânico da Sofia), sem perder a sua

unidade. A intervenção do Távora conseguiu manter sempre o espaço público da Praça como elemento de união e continuidade. Este seu tratamento como elemento de continuidade e articulação espacial, a sua posição central no sistema de espaços que a envolve, a sua utilização pedonal, fazem da Praça 8 de Maio um nósignificativo da cidade de Coimbra, um

ponto de encontro e de passagem de pessoas, de cruzamento de percursos, de (re)união, um espaço de estar e de convívio

ao ar livre: uma praça no verdadeiro e originário sentido do termo, feita para as pessoas que aqui passam e param. E é neste sentido que esta intervenção deve ser lida:

como uma restituição do significado original, uma reapropriação do valor espacial, uma releitura moderna em continuidade com o passado.

4.33

4.34 4.35

Page 97: Fernando Távora e o espaço público português.

‘’ Progettando ‹‹a partire da un profondo e vitale radicamento nella realtá che gli impedisce, per sua natura, di tradirla con l’imposizione di elementi alienanti, la sua architettura non fa riferimento a questo o a quell’architetto, a questa o a quella scuola, cinge tutta la dimensione della memoria››, come constata Alves Costa; aggiungendo poi che l’opera di Távora costituisce ‹‹nella sua apparente semplicitá, la piú originale e erudita ricerca linguística di questi anni in Portogallo››.’’

Bernardo Ferrão, L’antico e il moderno nell’Architettura di Fernando Távora.p. 342-343, Esposito A., Leoni G., Fernando Távora, Opera Completa, Electa 2005.

Page 98: Fernando Távora e o espaço público português.

LOCALIZZAZIONE. Piazza 8 de Maio sorge nella zona bassa (Baixa) del centro storico della Città di Coimbra. Si inserisce in un tessuto urbano tipicamente medievale, prevalentemente caratterizzato da una maglia irregolare di stradine antiche. La piazza occupa una posizione centrale all’interno del sistema di spazi pubblici che la circonda. Come in tutte le piazze maggiori medievali, nella piazza si trovano importanti simboli e monumenti della città (il Monastero di Santa Cruz del secolo XII, la Camera Municipale di Coimbra, l’antica chiesa cinquecentesca di São João das Donas –oggi Café Santa Cruz) e in questo senso si interpreta la gerarchia delle varie strade. I punti di accesso principali, a norde e a sud, sono rispettivamente Rua da Sofia e Rua Visconde da Luz. I punti di accesso secondari sono, invece, le piccole vie medievali Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo, larghe circa tre metri ciascuna, che affluiscono da ovest in questo ampio spazio pubblico pedonale. Il più recente intervento di riqualificazione é stato realizzato su progetto dell’architetto Fernando Távora tra il 1992 e il 1997.

Il tessuto urbano della Baixa di Coimbra, specificatamente nelle vicinanze della piazza 8 de Maio, mostra chiari segni delle differenti epoche storiche attraversate dalla città. L’attuale Rua Visconde da Luz (localmente chiamata calçada, nome che nella toponimia portoghese é utilizzato per designare vie antiche), che corrisponde all’antico asse romano che si sviluppava dalla Rua Direita fino al fiume Mondego, si mantiene, ancora oggi, in un orientamento quasi rettilineo, appena con quelle irregolarità che sono normali quando un asse viario sopravvive, attraverso il Medioevo, fino ai nostri gironi. Questo asse deve aver perso importanza quando, nel Medioevo, l’area trai l Monastero di Santa Cruz e il fiume Mondego fu urbanizzata. Questa urbanizzazione, per molti, é probabilmente risultato di un’iniziativa del monastero stesso, per il modo in cui si é sviluppata in relazione a esso: la rettilinearitá delle vie Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo e il tracciato parallelo delle ultime tre suggeriscono una urbanizzazione pianificata, mentre i percorsi molto irregolari che si incontrano nell’area a sud della Rua do Corvo testimoniano uno sviluppo urbano più spontaneo e meno controllato. Un altro importante fatto urbano, per le sue dimensioni e per il suo programma, é la Rua da Sofia, asse viario di 440 m, creato allo scopo di ordinare lo sviluppo moderno della città, nell’anno in cui l’Università veniva trasferita da Lisbona a Coimbra (1537). É qui, nelle immediate vicinanze di Piazza 8 de Maio, che si svilupparono l’urbanismo e l’architettura rinascimentali dei collegi universitari.

PIAZZA OITO DE MAIO, COIMBRA. 1992-97..

Page 99: Fernando Távora e o espaço público português.

MONASTERO DI SANTA CRUZ. Fondato nel 1131, all’esterno delle mura di Coimbra, fu la più importante casa monastica durante i primi secoli della monarchia portoghese. Ottenne benefici papali e donazioni regie, cosa che permise l’accumulazione di un grande patrimonio e, al tempo stesso, una posizione di grande prestigio a livello istituzionale e culturale. Poco rimane del primitivo monastero românico, con la torre-nartece difensiva sopra lo spazio di entrata, perché la Chiesa di Santa Cruz fu oggetto di numerose riformulazioni, la piú importante delle quali, voluta da D. Manuel nella prima meta del XVI secolo, conferì all’edificio il suo aspetto attuale. I migliori artisti del regno parteciparono alle opere. A questo periodo corrisponde il Claustro del Silenzio, ricostruito completamente in stile manuelino, con copertura a volte e doppio ordine di galleria, l’emblematico portale di Diogo de Castilho, i torrioni con contrafforti em quilha della scenografica facciata. L’unica navata della Chiesa presenta una volta di struttura chiaramente gotica, con nervature, con una serie di cappelle laterali. Già qui si può rilevare una certa influenza della nuova corrente del Rinascimento, che si stava diffondendo nel paese.

CAFÈ SANTA CRUZ. Installato nella antica chiesa di São João das Donas, il café Santa Cruz è uno degli spazi piùcaratteristici della Città di Coimbra e risale alla prima metà del XVi secolo. Questo tempio del Rinascimento deve la sua fondazione a Frate Bràs di Braga (1530), riformatore e priore dell’Ordine dei Frati di Santa Cruz, e alla necessità di liberare la Chiesa da un eccesso di fedeli, restituendola esclusivamente ai monaci. Questo intervento si inserisce nella riforma integrale del Monastero, ordinata da D. Manuel, che incluì il complesso monastico, la chiesa, i tumuli di Afonso Henriques e del suo successore, D. Sancho I, la Sala del Capitolo, la cappella di São Miguel e il Chiostro del Silenzio. L’interno mantiene la struttura originale, attribuita a Diogo de Castilho, il cui spazio di pianta rettangolare corrisponde alla navata della Chiesa. Sul fondo si può distinguere quella che fu la cappella maggiore. Entrambi gli spazi sono coperti da volte a nervatura. Sulle pareti si ritaglia una cappella per ogni lato, con archi semi-circolari rinascimentali.

Le soluzioni urbanistiche pianificate o già in fase di esecuzione nella Baixa di Coimbra hanno condotto a un differente trattamento qualitativo degli spazi pubblici interessati da esse. Una di questa è stata la proposta di uso pedonale della via Visconde da Luz, che ha visto provocare nuove soluzioni di organizzazione della Piazza 8 de Maio. La proposta di Fernando Tàvora, che risale al 1992, si inserisce in questo quadro generale, nasce da uno studio profondo e una grande conoscenza dell’esistente e della sua storia e è, come altri progetti di riorganizzazione di piazze (per esempio, a Guimarães), basata su una forte relazione con il luogo, su un attento studio dei percorsi e dei loro incroci e su una magistrale opera di stereonomia. La piazza, per effetto del collegamento del traffico meccanico tra Via da Sofia e Via Visconde da Luz, si trovava a una quota superiore di un metro e trenta rispetto alla soglia della Chiesa di Santa Cruz. Scomparendo quel traffico, si è potuto recuperare la quota iniziale della piazza e, con questa, la lettura originale della Chiesa legata alle strade medievali che affluivano in direzione frontale rispetto alla facciata del monumento (Rua Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo). Alla lettura tangenziale che l’asse di transito carrabile aveva creato fu sostituita una lettura ortogonale di quell’insieme di stradine di struttura medievale, probabilmente piùvicino all’idea e al significato originali. Il livello della piazza è stato abbassato alla quota primitiva del XII secolo e questo ha determinato l’esigenza di un sistema di rampe, inclinazioni di pavimento, gradini, muri bassi, che permettesse l’articolazione con le vie attuali circostanti, dando un’idea di continuità spaziale.

Page 100: Fernando Távora e o espaço público português.

Il disegno dei dettagli è importante ma la qualità di esecuzione, i sistemi e i materiali impiegati, la perfezione sono essenziali per il risultato... (Ruskin, 1885)1.

Il trattamento dello spazio della piazza è stato studiato con grande cura, non solo nelle fasi di disegno e progetto, ma anche in fase di esecuzione. Di questa attenzione,tipica della maniera di fare architettura di Fernando Tàvora, fatta di gesti sottili e variati, si può trovare un esempio molto evidente nel trattamento del pavimento della Piazza 8 de Maio. Questo, che a un primo sguardo, può sembrare un dettaglio, diventa un tema fondamentale di sviluppo del progetto. Già gli schizzi preliminari testimoniavano la sua importanza, a livello del disegno e della definizione/delimitazione spaziale; i particolari costruttivi successivi dimostrano, inoltre, una grande attenzione verso l’integrazione degli elementi funzionali e infra-strutturali nel progetto e la rilevanza che la qualità dei materiali, le misure esatte dei vari elementi e la loro corretta messa in opera hanno per Tàvora, sempre attento e presente per accompagnare l’esecuzione delle sue opere. Nulla è lasciato al caso. Il pavimento di Piazza 8 de Maio é costituito prevalentemente da blocchi di pietra calcarea: i due differenti colori e le varie disposizioni di questi hanno contribuito a modulare lo spazio della piazza, a definirne i limiti, senza dividere in maniera netta, a delineare momenti differenti, a sottolineare percorsi, a suggerire una lettura piuttosto che un’altra. A uno sguardo piú attento, si nota che lo spazio trapezoidale di fronte la Chiesa di Santa Cruz risulta chiaramente definito dalle linee grige delle pietre pavimentali, distribuite semi-radialmente a partire dalla facciata dell’edificio. Questa scelta, presente sin dalle primissime fasi del progetto, crea una forte relazione di questo spazio con il fronte della Chiesa e si trova in perfetta continuitá con la decisione di recuperare la quota iniziale della piazza, valorizzandone la lettura frontale, che era la lettura medievale e originaria: in particolare, le due linee che stanno in posizione tangenziale in relazione al cerchio della fontana inquadrano il portale della chiesa e quella che passa per il suo punto centrale raggiunge esattamente il punto centrale del portale scultoreo, creando una forte tensione con l’entrata del Monatero di Santa Cruz. Discorsi affini possono valere per gli spazi di fronte alle facciate della Camera Municipale di Coimbra – in cui la semplice rotazione delle pietre della pavimentazione permette di definire gli spazi di entrata - e del Café Santa Cruz. Nelle rampe di accesso al vie che stanno a quota superiore sono utilizzate granito in piccoli blocchi: ció permette una maggiore sicurezza grazie alla sua naturale rugositá. Questa differenza di material inoltre contribuisce a sottolineare il percorso tangenziale, che dalla Rua da Sofia giunge sino al fiume Mondego.

La fontana di forma circolare si trova in una posizione baricentrica nello spazio fortemente gerarchizzato della piazza: il posizionamento e la definizione della sua quota é stata la decisione fondamentale del progetto di modellazione dello spazio, soprattutto per le relazioni che instaura con la facciata del monastero, o, ancora di piú, con il suo portale scultoreo. Oltre a essere un elemento qualificante dello spazio pubblico dello spazio pubblico della piazza, la fontana sottolinea la centralitá che questa ha nello schema del quartiere e collabora alla definizione della sua identitá. Costituita di blocchi di pietra calcarea, la fontana puó essere divisa in due elementi concentrici: la base, che realizza il raccordo delle quote, é alta 11 cm nel lato orientale e arriva fino a 38 cm nel lato a ovest e quella puóessere definita la cornice della vasca della fontana, che ha uno sviluppo orizzontale.

1 Fonseca, 2010. Da Resistência da obra, FAUP, Aula de Teoria 3.

Page 101: Fernando Távora e o espaço público português.

Piazza 8 de Maio é uno spazio pubblico che ha la capacitá di articolare tutti gli spazi che lo circondano e tutti i percorsi che da qui passano e di riunire momenti urbani con differenti qualitá spaziali (le stradine medievali, il grande sagrato del Monastero di Santa Cruz, la via pedonale Visconde da Luz e la rua carrabile di Santa Sofia), senza perdere la sua unitá. L’intervento di Távora é riuscita a mantenere lo spazio pubblico della piazza come elemento di unione e continuitá. Questo suo trattamento come elemento di continuitá e articolazione spaziale, la sua posizione centrale nel sistema di spazi che la circonda, la sua utilizzazione pedonale, fanno di Piazza 8 de Maio un nodo significativo della cittá di Coimbra, un punto di incontro e di passaggio di persone, di incrocio di percorsi, di (ri)unione, uno spazio di convivio all’aria aperta: una piazza nel vero e originario senso del termine, fatta per le persone che di qua passano e che qui sostano. E é in questo senso che questo intervento va letto: come una restituzione del significato originale, una riappropriazione del valore spaziale, una rilettura moderna in continuitá con il passato.

Progettando ‹‹a partire da un profondo e vitale radicamento nella realtá che gli impedisce, per sua natura, di tradirla con l’imposizione di elementi alienanti, la sua architettura non fa riferimento a questo o a quell’architetto, a questa o a quella scuola, cinge tutta la dimensione della memoria››, come constata Alves Costa; aggiungendo poi che l’opera di Távora costituisce ‹‹nella sua apparente semplicitá, la piúoriginale e erudita ricerca linguística di questi anni in Portogallo››.2

L’antico e il moderno nell’Architettura di Fernando Távora. Bernardo Ferrãop. 342-343, Esposito A., Leoni G., Fernando Távora, Opera Completa, Electa 2005.

Page 102: Fernando Távora e o espaço público português.

4) Praça 8 de Maio, Coimbra. Marco Morini.

Page 103: Fernando Távora e o espaço público português.

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(2001) G. Leoni, servizio a cura di, Fernando Távora, “CASABELLA” , pp. 46-57, Ottobre 2001.(2005) Esposito A., Leoni G., Fernando Távora, Opera Completa, Electa, Milano 2005.

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Page 104: Fernando Távora e o espaço público português.

QUINTA DA CONCEIÇÃO MATOSINHOS QUINTA DA CONCEIÇÃO, MATOSINHOS.

sérgio

Page 105: Fernando Távora e o espaço público português.

5.4

Quinta da Conceição

LOCALIZAÇÃO Quinta da Conceição é um parque público localizado na freguesia de Leça da Palmeira, conselho deMatosinhos, distrito do Porto, em Portugal.Inicialmente o local era as instalações do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco que láchegou em 1481 Algumas década depois o clima agreste fez com que o convento deixasse o localchegou em 1481. Algumas década depois o clima agreste fez com que o convento deixasse o local.Durante mais de três séculos o local ficou abandonado sendo vendido em hasta pública apenas em 1834.A intervenção de requalificação foi realizada pelo arquitecto Fernando Távora, nos anos de 1956-93.

Page 106: Fernando Távora e o espaço público português.

”O Parque foi um convento de frades que ali se instalaram no século XV e, depois, uma propriedade particular. Existiam aavenida, a capela, o claustro, os tanques e, portanto, havia já elementos que garantiam uma estrutura a manter. A suarealização durou anos. O município pagava-me ao fim de cada ano segundo a obra feita. Eu funcionei ali como o padre priordo convento. Caminhava com os pedreiros e jardineiros, indicando-lhes o que deviam fazer (…) Tudo isto se passava numasituação muito familiar, quase doméstica”.(Excertos retirados do livro «Fernando Távora. Desenhos de Viagens, Projectos», Macrom, 2002)

5.4 5.4

O ponto de acesso principal a Leste éa Av. Dr. Antunes Guimarães. Ospontos de acesso secundários são naRua de Vila FrancaRua de Vila Franca.

Page 107: Fernando Távora e o espaço público português.

5.3.1

Abertura dos arruamentos tangente á Quinta da Conceição, que hoje ligam Leça á A28, antes E.N. 107. Com a abertura dadoca n.º 2 iniciaram-se também as obras de construção da ponte e respectivos acessos. O local é junto á Quinta daConceição, onde já estava sendo construído as quadras de tênis.

Page 108: Fernando Távora e o espaço público português.

5.3.2

O Porto foi construído em 1884, segundo o plano doengenheiro Nogueira Soares. Em 1932 começou-se aconstruir a doca nº 1. Já o quebra-mar foi terminado em

1940 e a construção da doca nº2 foi finalizada em 1962.

5.15.3.3

Page 109: Fernando Távora e o espaço público português.

Porto de Leixões de 1930 a 1990

5 3 15 3 1 5.3.15.3.1

5.3.15.3.1

Page 110: Fernando Távora e o espaço público português.

O mercado municipal de Matosinhos também se encontra próximo ao parque, ele tem sua fachada principal voltada para Leçada Palmeira, é disposto em dois pavimentos, aproveitando o declive do terreno, sendo o inferior para a zona do peixe e o superiormercado geral.A cobertura constituída por uma abóbada parabólica delgada, em betão, dividida por vidro sobre peças pré-fabricadas. Tem38m de corda 11m de fachada e 7cm de espessura apoiando se em vigas com a forma de arcos parabólicos que constituem a38m de corda, 11m de fachada e 7cm de espessura, apoiando-se em vigas com a forma de arcos parabólicos que constituem aestrutura resistente de todo o edifício.O mercado foi inaugurado em 1952, pelo então Presidente da República General Craveiro Lopes.

5 3 4 5 15.3.4 5.1

5.3.4 5.1

Page 111: Fernando Távora e o espaço público português.

PLANO GERAL DO PARQUE QUINTA DA CONCEIÇÃO E QUINTA DE SANTIAGO

3Legenda:

1 - entrada principal da Quinta da Conceição

3

2 - acesso ao pátio vermelha 326 5

3 - entrada de automóveis

1

6 5

4 - entrada principal da Quinta de Santiago

5 Ruínas do claustro do mosteiro franciscano

1

35 - Ruínas do claustro do mosteiro franciscano

6 - Capela

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PLANO GERAL DO PARQUE QUINTA DA CONCEIÇÃO E QUINTA DE SANTIAGO

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Legenda:

7 - Pavilhão de Tênis

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8 - Piscina desenhado por Álvaro Siza

8

9 - Esplanada7

10 - parque infantil

11- ponte que liga as Quintas11 ponte que liga as Quintas

12 - Casa da Quinta de Santiago

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PAVILHÃO DE TÊNIS (1956-1960)“Devo dizer que há muitas obras que fiz e de que não gosto porque foram realizadas com pressa (o

5.1

não gosto porque foram realizadas com pressa (o tempo é bom conselheiro) ou porque o meu momento ou as condições não eram favoráveis,mas vejo-as sempre com muita saudade como acontece com as mulheres outrora amadas. O Pavilhão de Ténis é uma das obras de que ainda Pavilhão de Ténis é uma das obras de que ainda gosto (…) O problema que se colocava era o de marcar o parque com um edifício, criando ali um objecto dotado de presença, que afirmasse o eixo dos campos de ténis e que servisse como ponto de referênci” ponto de referênci . (Excertos retirados do livro «Fernando Távora. Desenhos de Viagens, Projectos», Macrom, 2002)

5.15.1

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PLANTAS,CORTES E ALÇADOSDO PAVILÃO DE TÉNIS

5.2

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DETALHES CONSTRUTIVOS,encaixe das estruturas, material utilizado no forro, desenho das tesouras,

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desenho das tesouras, calha e guarda corpo.

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5.1

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DETALHES, pilares salientes na parede, alçada posterior, varanda para o público

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Page 117: Fernando Távora e o espaço público português.

DETALHES, executivo da iluminária, alçada lateral, marca no betão armado da forma

5.1 5.1

utilizada para fazer a estrutura.

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Corte, alçados e detalhes construtivos das portas e janelas.

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5.15.15.15.1

5.15.1

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Planta, corte e alçado da área octogonal de acesso ao pátio vermelho.

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Pátio vermelho visto do caminho rente a quadra de tênis

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Planta e corte do adro da capela de São Francisco, onde se encontra sepultado Frei João da Póvoa.

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Relação bem resolvida dos elementos

t i

5.1 5.1

naturais e elementos arquitetonicos.

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Fonte ao centro do retângulo com o entorno com pavimento de cascalho forjado

5.1 5.1

de cascalho forjado.

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Piscinaprojetadapor SizaVieira(1958 a

5.1 5.3.5

(1958 a

1965)

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Esplanada e tanque.

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Atualmente é visível o antigo claustro do convento, Távora confronta os vestígios da ruína que não informam sobre a totalidade do corpo que constituía a obra antes do estado de ruína.

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5.15.1

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Portal de estilo manuelino que pertenceu à igreja do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de S. Francisco 5.1

5.1

5.15.15.1

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Estatua desenhada pelo Arquitecto Siza5.1

5.1

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Mobiliario urbano existentes no local

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5.15.1

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Tipologia do piso adotado

5.1 5.1 5.1

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Bibliografia:

Fernando Távora. Desenhos de Viagens, Projectos, Macrom, 2002

Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e Giovanni Leon. 2005

Fonte Ilustrações:

5.1Arquivo pessoal 2009/20105.2 Fernando Távora Opera Completa, Antonio Esposito e Giovanni Leon5.3 Google imagensg g5.3.1 Matosinhos antigo História de Matosinhos contada aos jovens5.3.2 Retratos de Portugal5.3.3 Navios e navegadores5.3.4 A voz da Leça5.3.5 Panoramio5.4 Google earth

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PRAÇA DA LIBERDADE, VIANA DO CASTELO.

SUSANA

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PRAÇA DA LIBERDADE, VIANA DO CASTELO

“As cidades com uma história antiga são diferentes umas das outras não apenas pelas peripécias porque passou a sua evolução pelasAs cidades com uma história antiga são diferentes umas das outras não apenas pelas peripécias porque passou a sua evolução, pelas características pessoais, económicas e sociológicas dos seus habitantes, pela planta e disposição das suas ruas e praças, pelo aspecto dos

edifícios, mas essencialmente por algo que engloba tudo isto e não é a mera soma de tudo isto: as cidades têm um carácter. “

João Vieira Cadas/ Paulo Varela Gomesin Viana do Castelo

Colecção Cidades e Vilas de PortugalColecção Cidades e Vilas de PortugalEditorial Presença- 1990.

susana

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PRAÇA DA LIBERDADE, VIANA DO CASTELO

“As cidades com uma história antiga são diferentes umas das outras não apenas pelas peripécias porque passou a sua evolução pelasAs cidades com uma história antiga são diferentes umas das outras não apenas pelas peripécias porque passou a sua evolução, pelas características pessoais, económicas e sociológicas dos seus habitantes, pela planta e disposição das suas ruas e praças, pelo aspecto dos

edifícios, mas essencialmente por algo que engloba tudo isto e não é a mera soma de tudo isto: as cidades têm um carácter. “

João Vieira Cadas/ Paulo Varela Gomesin Viana do Castelo

Colecção Cidades e Vilas de PortugalColecção Cidades e Vilas de PortugalEditorial Presença- 1990.

susana

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LOCALIZAÇÃO Localizada na Fozdo Lima, Viana ficou secularmenteidentificada com o mar e o rio e ocomércio de longa distância , jáque estas valências naturais foramde crucial importância para ahistória do seu desenvolvimentocom as actividades mar.

ORIGENS, SÍTIO E LOCALIZAÇÃO.Viana foi fundada por D. Afonso III

em 18 de Junho de 1258, aquandorecebe o foral, que se inseria na

líti d i ã t dpolítica de criação e povoamento deburgos no Alto Minho, para defesa daregião.

D. Afonso III via estes novos burgoscomo uma forma de retirar poder àsordens monásticas e aos nobres terraordens monásticas e aos nobres terra-tenentes da região, o que explica agrande autonomia que este foralconcede aos moradores e habitantesde forma a promover a sua fixaçãointramuros Além disso a excelenteintramuros. Além disso, a excelentelocalização do burgo, em plenoCaminho de Santiago, no coração deuma região de grandes potenciaisagrícolas e comerciais, numaembocadura de um rio muito 6 3embocadura de um rio muitonavegável como o Lima, justificou acriação de uma estruturaadministrativa.

Desta forma o burgo é implantadono local mais conveniente seguindo o

6.3

Geograficamente, foi escolhida a margem direita do rio Lima, uma área com um certodeclive, que precavia a ocorrência de inundações, além de possibilitar uma excelenteno local mais conveniente, seguindo o

modelo típico dos novos burgoseuropeus, neste caso o francês.

.

exposição solar. Paralelamente, o solo firme da margem junto a águas relativamenteprofundas, proporcionava um bom ancoradouro e auspiciava uma vocação marítima queo próprio foral já previra.

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A estrutura urbana medieval desenvolveu-sea partir de dois eixos ortogonais: um paralelo eoutro perpendicular ao rio correspondendo aoutro perpendicular ao rio, correspondendo adois caminhos principais – um na continuaçãoda estrada proveniente de Ponte de Lima , queatravessava o perímetro amuralhado a poente,seguindo para norte, pelo litoral; o outroperpendicular ao rio tinha um carácter localperpendicular ao rio, tinha um carácter local,ligando a zona do porto ao Campo do Forno(actual Praça da República), local fora damuralha onde se realizavam as feiras quinzenais,seguindo em direcção a Norte..

O traçado deste último eixo está ligado àO traçado deste último eixo está ligado àpequena colina onde, segundo alguns autores,se terá edificado a torre de menagem,demolida quando da construção da actualmatriz (Sé).

Era a pequena praça, junto a esta torre,a a peque a p aça, ju o a es a o e,conhecida por Praça Velha, que se assumiacomo centro cívico da vila, sendo nesse localque se reunia o Concelho.São estes dois eixos estruturantes e a própriamuralha, de forma ovalóide,com um perímetro

6.4

pde 700 metros, 10 metros de altura eaproximadamente 2 metros de espessura , quecondicionaram e determinaram o desenhourbano da vila de Viana até ao século XVI,encontrando-se ocupada por quarteirõesrectangulares de dimensões semelhantes ,divididos em parcelas estreitas e compridas,demonstrando uma preocupação naorganização das ruas.

Assiste-se a uma fase de grande prosperidade

6.3

económica de uma burguesia mercantil cadavez mais influente no tecido económico e socialdo país, ao mesmo tempo um considerávelaumento demográfico.

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Viana não fugiu à regra, como se pode considerar umparadigma desta realidade.C f lt d d t d t d áfi bCom a falta de espaço, decorrente do aumento demográfico, o burgo

tem de ultrapassar a cerca muralhada, dando início a um processo deocupação urbana no espaço exterior, assim como de todos os espaçosainda livres no interior da muralha.O crescimento do burgo e o consequente esgotamento dosespaços vagos/ desocupados dentro do perímetro muralhadoespaços vagos/ desocupados dentro do perímetro muralhado,agudizado pela construção da Matriz (Sé), na Praça Velha, e doHospital Velho (antiga hospedaria de apoio e recolhimento dosperegrinos de Santiago), na Praça da Erva, fez com quehouvesse necessidade de transferir o centro cívico para oexterior da muralha permitindo a uma vila como Viana que noexterior da muralha, permitindo a uma vila como Viana, que noséc. XVI era das mais prósperas do país, ostentar uma praçacom as dimensões e a dignidade que a sua importânciareclamava e a estética urbanística da época exigia.Deste modo, o centro cívico da vila desloca-se da Praça Velha para o

Campo do Forno (actual Praça da República) onde são construídos

Praça da República

Campo do Forno, (actual Praça da República), onde são construídosos Paços de Concelho e o Chafariz da vila , obras de João Lopes “oVelho”, o que originou uma alteração dos eixos estruturantes e aabertura de novas vias, condicionadas em grande parte pela fundaçãode vários conventos e pela construção de diversos palácios em áreassuburbanas.

6.4

suburbanas.A cada vez maior importância urbana e social do Campo doForno, é ainda mais monumentalizada com a construção da“casa das Varandas” da Santa Casa da Misericórdia, o que levainclusivamente à transferência da feira quinzenal para umespaço extramuros, entre a parte ocidental da muralha e o rio,p ç ponde se manteve até finais do séc. XIX.

Além do novo eixo, formado pela rua da Bandeira, Picota,

6.3

Manjovos e Altamira, que estrutura a ligação Nascente/Poente,assiste-se ao aparecimento e a uma cada vez maiorimportância da Rua Cândido Reis (actual Rua das Mordomas)que sendo uma continuação do eixo perpendicular ao rio queestruturava o burgo afonsino, estabelece a ligação a Norte.

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Praça da República

6.4

6.31940

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Viana do Castelo: hoje

6.3

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Posicionamento da Praça no plano urbanoAcessibilidade e centralidade

A Praça é por excelência o espaçoprivilegiado como acesso quase obrigatórioao fluxo de bens e serviços da vida urbana,em quase todas as direcções e sentidos...

Desta forma, vemos como este espaçopúblico é determinante para a organizaçãoda cidade e do bem estar dos seus utentes.Numa primeira fase, é-nos revelado como

centro cívico de Viana do Castelo, a PraçaV lh i t d b tit íd

Praça da República

Velha, espaço intramuros, sendo substituídopelo Campo do Forno ( depois denominadoPraça da Rainha e desde 1910 a actualPraça da República). É um local importanteda cidade devido ao predomínio de eixosparalelos ao rio a Praça é entrecr ada

6.4

paralelos ao rio – a Praça é entrecruzadapelos arruamentos mais significativos deViana, como ponto de passagem.Contudo, ao longo do tempo, após a

introdução da larga e longa Avenida dosCombatentes vemos que ambos lutam pelaCombatentes, vemos que ambos lutam pelaprimazia quanto à centralidade.A Avenida dos Combatentes da Grande

Guerra é um símbolo da modernidadevianense. Este espaço articula-se com aestação ferroviária rede de camionagem

6.3estação ferroviária, rede de camionagem,doca comercial e beira-rio (jardim público). Éum projecto que teve início em 1917 e foiconcluída em 1924, dotando-sesucessivamente de edifícios amplos efuncionais, como a Cruz Vermelha e a Escolafuncionais, como a Cruz Vermelha e a EscolaPrimária Dr. Alfredo de Magalhães, ao qual sejuntou o melhoramento do espaço beira-rio.

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ImplantaçãoA Praça da Liberdade situa-se num espaço ribeirinho,

acompanhado pela Alameda Cerqueira Alves e Avenida 5de Outubro, que se localizam no topo Sul da Avenida dosCombatentes.

Em tempos, o espaço da praça foi ocupado como parquede estacionamento a céu aberto, o que se tornava umproblema a reflectir.A Praça liga a Avenida dos Combatentes ao rio,requalificando todo o espaço ganho ao rio e que nuncaantes havia sido aproveitado. Deste modo, nasce em tornodo Monumento ao 25 de Abril e constituí-se como um novo

t d Vi t d l ã d id d icentro de Viana, acentuando a relação da avenida e do rio.A conformar este espaço estão os edifícios administrativos,

que irão albergar as Finanças, o Centro de Emprego e oTribunal do Trabalho. São dois pisos, onde comércio erestauração se situam ao nível do solo.

Novo centro___ centro histórico

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O tecido urbano de Viana do Castelo,nomeadamente contíguo à Praça daLiberdade revela-nos diferentes épocas dahistória da cidade.A actual Alameda Cerqueira Alves

demonstra claramente este processoevolutivo na cidade, os edifícios oitocentistascontrastam com a nova intervençãoproduzida pelo Programa Polis desde 2001,cujo Plano de Pormenor é do ArquitectoAdalberto Dias. De um lado os edifícios comvista sobre o rio, e no chão a novaintervenção – o alargamento da rua, dos

i l j d d itpasseios agora em lajeado de granito, aintrodução de mobiliário urbano e a zonaarborizada que confere a continuidade atodo este espaço ribeirinho. A presença dobarco Gil Eanes no porto realça a ligação dapop lação ianense com o marpopulação vianense com o mar.A Alameda prolonga-se desde o Campo daAgonia até à Avenida dos combatentes, umgrande eixo marcante na estrutura urbanade Viana,também intervencionado peloArquitecto Fernando Távora nesta fase OArquitecto Fernando Távora nesta fase. Operfil da Avenida é de 20metros de largurapor 420metros de comprimento,Na intersecção destes dois eixos, encontra-seo novo posto de turismo – Viana WelcomeCenterCenter.Por sua vez, a Avenida é rematada no toposuperior pela Estação de Combóios e a Sulpela Praça da Liberdade.Continuando pela marginal, percorremos aAlameda 5 de Outubro, ladeada pelo JardimAlameda 5 de Outubro, ladeada pelo JardimPúblico até à Ponte Eiffel, passando pelaBiblioteca Municipal, da autoria doArquitecto Siza Vieira.Como se pode constatar, Viana do Casteloserve de palco à arquitectura de vários

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MONUMENTO AO 25 ABRIL A primeira das obras públicaserguidas em memória de um grandioso feito histórico é oMonumento ao 25 de Abril na Praça da Liberdade, inauguradona noite de 24 de Abril de 1999 . É uma imponente estruturametálica, em aço corten”A” da autoria do arquitecto José

BIBLIOTECA MUNICIPAL, 2006 Instalada no espaçoganho ao rio,a biblioteca projectada por Siza Vieira,permite preservar a vista sobre o rio, elevando-se grandeparte da sua superfície com apoios nos extremos poente enascente, com um vazio central. O volume prolonga-se no

Rodrigues. É uma obra que corresponde pela grandiosidade àvastidão do cenário onde se implanta, com os seus 16metros dealtura e 7,5 metros de largura, onde se agiganta à contemplaçãodo observador em toda a zona ribeirinha da cidade, desde aentrada na barra, a qualquer ponto da Avenida dos

rés-do-chão por um piso em planta em forma de “L” e poruns muretes que enquadram o jardim marginal.O primeiro andar é destinado a salas de leitura paraadultos e crianças, onde as salas são inundadas de luznatural graças às grandes janelas panorâmicas sobre o Rio

ó àCombatentes desde a Estação dos Caminhos de Ferro.

È configurado por um pórtico com duas folhas de quatro metrosde largura e um de espessura, abertas para as águas do rio Lima,de onde pende da padieira uma grossa corrente de elos,simbolicamente cortada ficando quase toda a sua extensão

Lima e centro histórico e às claraboias projectadas peloautor.

simbolicamente cortada, ficando quase toda a sua extensãoamontoada no chão. Representa a porta que se abriu, com ocorte da corrente em Abril, numa manifesta glorificação daliberdade conquistada com a Revolução dos Cravos. Destaforma, procurou-se prestar tributo a todos os homens e mulheresque se distinguiram na luta contra a injustiça e a opressão

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A Praça da Liberdade tem uma forma regular, caracterizada por uma larguramáxima no sentido nascente/poente de cerca de 45 metros e um cumprimentomáxima no sentido nascente/poente de cerca de 45 metros e um cumprimentomáximo de 65 metros no sentido Norte/Sul. O lado maior, a nascente, érectilíneo e é definido pelas fachadas do edificio nasceste, o mais largo com35metros de largura por 55metros de comprimento.Estão definidos por um uso prevalentemente residencial de 3-4 pisos, comcomércio ao piso térreo com passagem a meio do edifícoo que faz com que oscomércio ao piso térreo,com passagem a meio do edifícoo que faz com que osutentes afluam no grande espaço público pedonal da praça, que se abre parao rio Lima. Os edifícios administrativos impõem-se com as suas proporções comoelementos dominantes no espaço da praça, ganhando protagonismo sobre osespaços mais fechados da outra frente a norte, conformados pela Alameda 5de Outubro A sul a praça é definida pelo encontro com o rio com o naturalde Outubro.. A sul a praça é definida pelo encontro com o rio, com o natural.Vemos assim esta natureza construída, num dialogo ora de imposição ora desimbiose.

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O Detalhe.O Detalhe.O pavimento é constituído sobretudo porlajeado de granito, microcubo e caleirasem aluminio. As diferentes cores e asvárias disposições contribuem paramodular o espaço da praça, definir osmodular o espaço da praça, definir oslimites, delinear momentosdiferentes,identificar percursos.

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A Praça da Liberdade é um espaçopúblico articulador todos os espaços que oenvolvem e todos os percursos que daquipassam. Reunir momentos de diferentesqualidades espaciais desde a relação com orio, a vista sobre a foz, a relação com a outramargem, a vista para o monte de Santa Luzia.. A intervenção do Távora conseguiu fazer

um novo espaço público na cidade de Viana,a Praça como elemento de união econtinuidade. Este seu tratamento comoelemento de continuidade e articulaçãoespacial, a sua posição no sistema de

l tili ãespaços que a envolve, a sua utilização

pedonal, fazem da Praça um ponto deencontro e de passagem de pessoas, depercursos, um espaço polivalente, amplo,com significado com memória um espaçocom significado, com memória. um espaço

de estar e de convívio ao ar livre: umapraça , feita para as pessoas que aquipassam e param. E é neste sentido que estai t ã d lidintervenção deve ser lida: como uma

restituição do significadooriginal, uma reapropriação do valorespacial, uma releitura moderna empcontinuidade com o passado.