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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA: CONHECIMENTO E INOVAÇÃO NA PRODUÇÃO DO ALGODÃO Lúcia Ferreira Lirbório 1 Universidade de São Paulo – USP [email protected] ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A PRODUÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL O algodão é uma lavoura que desde o período colonial faz parte da economia brasileira. Produção pouco explorada nos primeiros séculos de colonização, essa cultura foi bastante valorizada no final do século XVIII e primeira metade do século XIX, devido ao desenvolvimento da indústria têxtil inglesa, que passou a demandar grande quantidade dessa matéria prima, provocando um verdadeiro “surto algodoeiro” no país (ANDRADE, [1963] 2005; PRADO, 2004). De acordo com Andrade ([1963] 2005) o algodão teve uma valorização econômica tão elevada que era considerado como “ouro branco”. A maior produção do algodão para exportação foi inicialmente cultivado na capitania do Maranhão, que logo foi superada pelas produções das capitanias de Pernambuco e Paraíba que possuíam mais recursos para investir. A exploração do algodão, por ser mais barata que a exploração da cana-de-açúcar, era feita por pequenos e médios produtores, sendo considerada por Andrade (Op. Cit,) uma cultura mais democrática que a cana-de-açúcar, uma vez que também era desenvolvida em consócio com produtos alimentares, como o milho e o feijão. As principais regiões produtoras eram as messoregiões do Agreste e do Sertão, que possuiam e ainda possuem condições climáticas favoráveis ao cultido do algodão, um vez que o mesmo se adapta bem a pouca disponilidade de água. Além das caractrísticas físicas, outro fator que contribuiu para interiorização do algodão é que na Zona da Mata predominava a produção de cana-de-açucar, outra lavoura de exportação muito importante 1 Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco/UFPE e Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Geografia Humana/PPGH do Departamento de Geografia/DG da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/FFLCH da Universidade de São Paulo/USP. Essa pesquisa conta com o apoio financeiro do CNPq, através da concessão de bolsa de Doutorado. 3584

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MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA:CONHECIMENTO E INOVAÇÃO NA PRODUÇÃO

DO ALGODÃO

Lúcia Ferreira Lirbório1

Universidade de São Paulo – USP

[email protected]

ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A PRODUÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL

O algodão é uma lavoura que desde o período colonial faz parte da economia

brasileira. Produção pouco explorada nos primeiros séculos de colonização, essa cultura foi

bastante valorizada no final do século XVIII e primeira metade do século XIX, devido ao

desenvolvimento da indústria têxtil inglesa, que passou a demandar grande quantidade

dessa matéria prima, provocando um verdadeiro “surto algodoeiro” no país (ANDRADE,

[1963] 2005; PRADO, 2004).

De acordo com Andrade ([1963] 2005) o algodão teve uma valorização

econômica tão elevada que era considerado como “ouro branco”. A maior produção do

algodão para exportação foi inicialmente cultivado na capitania do Maranhão, que logo foi

superada pelas produções das capitanias de Pernambuco e Paraíba que possuíam mais

recursos para investir. A exploração do algodão, por ser mais barata que a exploração da

cana-de-açúcar, era feita por pequenos e médios produtores, sendo considerada por

Andrade (Op. Cit,) uma cultura mais democrática que a cana-de-açúcar, uma vez que

também era desenvolvida em consócio com produtos alimentares, como o milho e o feijão.

As principais regiões produtoras eram as messoregiões do Agreste e do Sertão,

que possuiam e ainda possuem condições climáticas favoráveis ao cultido do algodão, um

vez que o mesmo se adapta bem a pouca disponilidade de água. Além das caractrísticas

físicas, outro fator que contribuiu para interiorização do algodão é que na Zona da Mata

predominava a produção de cana-de-açucar, outra lavoura de exportação muito importante

1 Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco/UFPE e Doutoranda do Programa de Pós Graduaçãoem Geografia Humana/PPGH do Departamento de Geografia/DG da Faculdade de Filosofia, Letras e CiênciasHumanas/FFLCH da Universidade de São Paulo/USP. Essa pesquisa conta com o apoio financeiro do CNPq, atravésda concessão de bolsa de Doutorado.

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para economia colonial. Contudo, a supervalorização econômica do algodão fez com que

esse se expandisse, inclusive nessa região, sendo a “única lavoura que disputou terra e

braços com a cana” (ANDRADE, 2005; MELO, 1982 PRADO JUNIOR, 2004).

A principal variedade cultivada era uma espécie nativa, o algodão arbóreo

“mocó” (Gossypium hirsutum L.r. marie galante). A qualidade da fibra desse algodão era tão

boa que a mesma era comparada ao algodão egípcio. Além do algodão “mocó”, foi

introduzido na década de 1841-1850 mudas de algodão herbáceo (Gossypium L.n. latifolium)

de origem norte americana, que logo se alastrou pelo Agreste e Sertão. Porém, o algodão

mocó continuou sendo a principal cultivar explorada, devido se adaptar melhor ao clima

semiárido, sendo mais resistente aos longos períodos de seca e ser produtivo por até quatro

anos, já que é uma planta perene (ANDRADE ([1963] 2005); MELO, 1980; BRASIL, 2007).

A dinâmica da produção do algodão brasileiro estava associada à geopolítica

europeia, assim como os outros produtos explorados na colônia. No processo de

subordinação da cotonicultura brasileira, alguns eventos vão contribuir para expansão ou

retração dessa lavoura. Entre os fatores que contribuíram para expansão da cotonicultura

na região foi,

O aumento da população e o consequente aumento do consumo de tecidos

ordinários como o chamado ‘algodãozinho’; a descoberta da máquina à vapor e

o seu emprego na indústria têxtil na Inglaterra e a consequente revolução

industrial; a abertura dos portos às nações amigas por D. João VI em 1808; e os

eventos políticos internacionais como a Guerra de Secessão eliminando do

mercado internacional, por período relativamente longo concorrentes que

dispunham de técnicas mais aperfeiçoadas e de produto de melhor qualidade

que o Nordeste brasileiro (ANDRADE, [1963]2005, p. 132).

Em relação aos períodos de crise merece destaque ainda na segunda metade do

século XIX, o retorno dos Estados Unidos ao comércio mundial desse produto, uma vez que

entre 1861-1864 os cotonicultores do Sul dos Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra

de Secessão; outro momento de crise na cotonicultura brasileira é a crise de 1929 e a praga

da lagarta rosada, que atingiu os algodoais nordestinos; e a última crise aconteceu em 1980

ocasionada principalmente pela praga do “bicudo” que quase extinguiu a produção de

algodão no Nordeste (ANDRADE, [1963] 2005; MOREIRA ET AL., 1989; ARAÚJO, 1997; BRSAIL,

1997).

Moreira et al. (1989), afirmam ser tributária da última crise do algodão no

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Nordeste a desorganização secular da exploração da cultura, caracterizada por: estrutura de

produção baseada no sistema de meiação, baixo nível tecnológico, redução de acesso a

crédito a partir de 1985 e aumento dos custos com defensivos agrícolas na tentativa de

reduzir os danos da praga do bicudo nos algodoais.

Em estudo sobre a crise na produção do algodão na região Meridional brasileira,

liderada pelo Estado de São Paulo, Gonçalves e Ramos (2007) identificam que as principais

causas dessa crise foram: (i) a política nacional que dificultava a exportação do algodão, para

garantir o abastecimento do mercado interno; (ii) a praga do bicudo que também atingiu os

algodoais da região, mas não na mesma proporção ocorrida no Nordeste; (iii) abertura

comercial da economia brasileira nos anos 1990, que colocou os produtores brasileiros em

concorrência com países nos quais os processos produtivos eram mais avançados e a

política de subsídios a esse produto era muito desigual, como a proteção dada aos

cotonicultores dos Estados Unidos2. Diante dos fatos acima citados, o Brasil passa da

condição de grande produtor e exportador de algodão para a de um dos maiores

importadores mundial do produto na década de 1990, conforme pode ser observado nas

tabelas 1 e 2 (ARAÚJO, 1997; BRASIL, 2007; SANTOS ET AL., 2008).

Tabela 1: Os dez principais países em área colhida e produção de algodão (1945-1946, 1975-1976,1996-1997, 2005-2006).

Área Colhida Produção1945-1946 1975-1976 1996-1997 2005-2006 1945-1946 1975-1976 1996-1997 2005-2006

EUA Índia Índia Índia EUA U. Soviética China ChinaÍndia China EUA EUA Índia China EUA EUAChina EUA China China U. Soviética EUA Índia ÍndiaBrasil U. Soviética Paquistão Paquistão China Índia Paquistão PaquistãoU. Soviética Paquistão Uzbequistão Uzbequistão Brasil Paquistão Uzbequistão UzbequistãoUganda Brasil Argentina Brasil Egito Turquia Turquia BrasilEgito Turquia Turquia Burkina México Brasil Austrália TurquiaMéxico Uganda Brasil Turquia Peru Egito Egito AustráliaArgentina Egito Tukmenia Tukmenia Argentina México Argentina GréciaZaire Nigéria Grécia Mali Sudão Síria Grécia Síria84,54 82,62 79,69 79,13 93,51 84,60 83,81 86,92

Fonte: SANTOS ET AL., 2008.

2 “O agronegócio brasileiro, em particular o do algodão, entrou para a história da Organização Mundial do Comércio(OMC), com a decisão do painel que questionava os altos subsídios concedidos pelo governo dos Estados Unidos aseus produtores.(...) A luta do produtor brasileiro para ser mais competitivo, o experimento das pesquisas em buscade um produto de excelência e o investimento em tecnologia para atingir melhor produtividade foram reconhecidospela OMC. A história mostra que, para chegar ao estágio atual, o produtor teve de superar momentos de angústia. Acrise econômica e o ataque do bicudo à nossa lavoura causaram estragos, mas não derrubaram nossos produtores,que, cientes de sua força, lutaram até serem reconhecidos mundialmente” (COSTA; BUENO, 2004. p. 5).

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Tabela 2: Os dez principais países em importação e exportação de algodão (1945-1946, 1975-1946,1996-1997, 2005-2006).

Importação Exportação1945-1946 1975-1976 1996-1997 2005-2006 1945-1946 1975-1976 1996-1997 2005-2006

França Japão China China EUA U. Soviética EUA EUAChina França Brasil Turquia Brasil EUA Uzbequistão UzbequistãoItália Alemanha Indonésia Bangladesh Egito Turquia Austrália Índiaeua Taiwan Itália Indonésia Índia Sudão Argentina AustráliaÍndia Coréia Taiwan Turquia Peru Egito Índia BrasilEspanha China Coréia do Sul Paquistão U. Soviética Irã Grécia GréciaBélgica Itália Japão México Sudão México Mali BurkinaJapão U. Soviética Tailândia Rússia México Síria Síria MaliSuíça Portugal Turquia Taiwan Síria Guatemala Benin KazakhtanPortugal Checolosváquia México Coréia do Sul Guatemala Paquistão México Turkmenia

Fonte: SANTOS ET AL., 2008.

Na análise da tabela 1 é possível observar que na safra de 1996-1997 o Brasil cai

consideravelmente no ranking dos dez principais países em área colhida de algodão,

ocupando o 8º lugar. Em relação à produção para a mesma safra, o Brasil nem aparece nas

estatísticas. Na safra de 2005-2006, o Brasil retoma sua presença entre os principais países

em área colhida e em produção do algodão.

Em relação às estatísticas de importação e exportação (tabela 2), o Brasil na

safra de 1996-1997 é o segundo maior importador de algodão, essa situação é reflexo do

desabastecimento interno decorrente da crise da produção nacional desse produto. Em

relação à exportação, na safra de 1945-1946 o Brasil é o segundo maior exportador mundial

de algodão, situação que não se repete nas décadas seguintes, somente na safra de

2005-2006 o Brasil retoma seu lugar no cenário internacional sendo o quarto maior

exportador mundial de algodão.

DA INCIPIENTE BASE DE PESQUISA AGRÍCOLA A MODERNIZAÇÃO CIENTÍFICA DA PRODUÇÃO DO ALGODÃO

A exploração da cotonicultura brasileira foi por muito tempo desenvolvida com a

utilização de poucos insumos e técnicas que melhorasse a qualidade da fibra, bem como a

sua produtividade. Esse baixo padrão técnico se enquadra no “período natural” de uso do

território proposto por Santos (2006), no qual as relações de produção possuía uma

dependência muito grande dos fatores naturais. A principal técnica empregada na lavoura

do algodão era a enxada. Vale resaltar que essa não era uma particularidade dessa lavoura,

mas uma realidade para o conjunto da agropecuária brasileira (PRADO JUNIOR, 2004;

CRESTANA; SOUZA, 2008; LIRBÓRIO, 2012).

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Era tão insignificante a adoção de melhores práticas na produção do algodão,

que o historiador Caio Prado Junior (2004), descreveu com perplexidade como uma lavoura

tão importante para a economia do país não contava com um sistema mínimo de

investimento em pesquisas e melhores praticas de manejo, armazenamento,

beneficiamento entre outros. Situação que se explicava segundo o autor por conta do tipo

de colonização implantada no país, a colônia de exploração, que se caracterizava por três

aspectos: a produção de monoculturas; grande concentração de terras e utilização do

trabalho escravo. Na citação abaixo é possível constatar as principais técnicas utilizada no

manejo da agricultura brasileira no período do auge da produção do algodão,

Em matéria de lavra do solo, nada verdadeiramente se praticava de eficiente, e

além da queima e da roçada para a limpeza indispensável – e isto mesmo

apenas sumariamente e sem mais que o processo indígena de coivara – não se

fazia mais que abrir o solo em regos ou covas, conforme o caso, para lançar nela

a semente. Aliás de instrumentos agrícolas não se conhecia mais que a enxada.

Nada mais primário (PRADO JUNIOR, 2004. p. 137).

Entre as poucas iniciativas no sentido de melhorar a produção do algodão no

país, Amaral (1950), Andrade ([1963]2005) e Prado Junior (2004) citam as contribuições do

botânico e lavrador Manuel Arruda da Câmara, que elaborou um manual sobre o

enfardamento do algodão e que o mesmo foi divulgado entre os produtores, contudo Prado

Junior (2004), chama atenção para o desconhecimento de Arruda Câmara sobre a invenção

de uma técnica de beneficiamento do algodão pelo norte americano Whitney em 1972 – o

saw-gin . Essa técnica foi amplamente difundida pelas regiões produtoras de algodão nos

Estados Unidos, enquanto no Brasil ainda utilizava o descaroçador, que era uma técnica

mais rudimentar.

No que se refere à pesquisa sobre melhoramento do algodão, merece destaque

o pioneirismo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituto estadual de pesquisa do

Estado de São Paulo, fundado em 1887 em Campina-SP, mas que só em 1929 foi induzido a

fazer pesquisas sobre essa cultura, que estava em expansão na região, em função da crise

do café em 1929. A produção do algodão foi estimulada nessa região devido à demanda por

essa matéria prima da nascente indústria têxtil nacional (COSTA; BRUENO, 2004; BRASIL,

2007; GONÇALVES; RAMOS, 2008).

Enquanto o Sudeste ia criando infraestruturas mínimas de pesquisa, no

Nordeste ainda predominava a produção em moldes tradicionais e com poucos

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incrementos. Na década de 1980 a cotonicultura brasileira enfrentou uma grave crise em

sua produção. Com a crise do algodão no país, um número grande de agricultores familiares

do semiárido nordestino perdeu uma importante fonte de renda (ARAÚJO, 1997).

A RETOMADA DA PRODUÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL NOS ANOS 1990

O Brasil deixou de ser um grande produtor e exportador de algodão conforme já

foi mencionado no início desse artigo e tornou-se um grande importador. Essa situação foi

profundamente modificada ainda na primeira metade da década de 1990, a partir do

estímulo do Estado brasileiro, através da Embrapa Algodão que já vinha desenvolvendo

pesquisas de melhoramento genético para o algodão no país. Passou a pesquisar e

desenvolver novas variedades que se adaptassem as condições edafoclimáticas dos

cerrados brasileiro.

Assim em 1991 é desenvolvida por pesquisadores desse instituto a variedade

CNPA ITA 90 que foi introduzida principalmente no estado do Mato Grosso e Goiás no

Centro-Oeste e no Oeste Baiano no Nordeste. Esses locais fazem parte da nova fronteira

agrícola moderna do país (BRASIL, 2007).

Quando foi criado em 1975 – como uma das unidades descentralizadas da

Embrapa – a Embrapa Algodão possuía duas linhas de atuação, sendo a primeira voltada

para a cultura do algodoeiro arbóreo – de grande expressão socioeconômica na região

Nordeste – e a segunda dirigida para o algodoeiro herbáceo, com maior ênfase na região

Centro-Oeste. Atualmente, além da cultura do algodão, foi incorporada à agenda de

pesquisa dessa instituição outros produtos, tais como: a mamona, o amendoim, o gergelim,

o pinhão manso e o sisal.

São objetivos desse instituto de pesquisa: (i) gerar e transferir tecnologias de

baixo impacto ambiental; (ii) desenvolver cultivares de algodão resistentes a doenças e

adaptados às condições do cerrado brasileiro; (iii) desenvolver cultivares adaptados ao

cultivo da região semiárida; (iv) desenvolver cultivares de amendoim gergelim e mamona

adaptados ao cultivo no Nordeste; (v) fortalecer a agricultura familiar e o agronegócio; (vi)

descobrir novas aplicações para os produtos estudados e (vii) integrar a agricultura à

indústria e ao consumidor (Embrapa Algodão, 2014).

A produção do algodão desenvolvida nos cerrados brasileiro é completamente

diferente da que era desenvolvida anteriormente no país. Essa produção é desenvolvida

num padrão empresarial, em grandes propriedades, com a utilização de mecanização e

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pesquisas técnico-científicas, e a Embrapa Algodão é a principal parceira na pesquisa

agropecuária. Além das pesquisas para o algodão do cerrado, uma grande inovação da

Embrapa Algodão foi o desenvolvimento de variedades de algodão de fibra naturalmente

colorida (FREIRE, 1999; BRASIL, 2007).

Ao contrário do pouco conhecimento científico que caracterizou por anos a fio a

produção algodoeira, essa nova fase da cotonicultura brasileira é marcada por um

agronegócio altamente especializado, com emprego das mais sofisticadas técnicas agrícolas

e avançados conhecimentos técnico-científico-informacional (SANTOS; SILVEIRA, 2011).

Alguns fatos explicam a retomada da produção do algodão no país, entre eles,

merece destaque a forte atuação do Estado na promoção de políticas públicas para o setor

agropecuário, com ênfase para as pesquisas que vem sendo desenvolvidas pela Embrapa

Algodão, e a busca de uma cultura alternativa para os produtores de soja do Centro-Oeste

(EMRAPA, 2014; NEVES; PINTO, 2012; BRASIL 2007).

O Centro-Oeste – que a essa época já se constituía um celeiro da produção

agrícola moderna –e o Oeste Baiano, foram as áreas que receberam essa nova estrutura de

produção do algodão. Contribuíram para o êxito, as condições de solo e topografia, além do

empenho de instituições de pesquisa em desenvolver variedades mais produtivas, como a

CNPA ITA 90 (EMRAPA, 2014).

No caso do Oeste Baiano, novo “front” da produção agrícola moderna, a

mudança no modelo de produção do algodão é ainda mais radical, devido ao fato da Bahia

produzir tradicionalmente algodão arbóreo, por pequenos e médios produtores e

agricultores familiares, e agora passa a desenvolver uma cotonicultura de base empresarial,

semelhante ao Centro-Oeste, com sementes melhoradas de algodão herbáceo, de alta

produtividade e com técnicas modernas de produção (BRASIL, 2007).

Um dado relevante para o êxito dessa nova fase da produção de algodão no

Brasil, especialmente nos cerrados, são: as políticas de incentivos fiscais3, a forte articulação

dos produtores e uma política de proteção por parte dos estados produtores. Essa

organização dos produtores conseguiu, inclusive, derrubar junto a Organização Mundial do

Comércio (OMC) os subsídios que os Estados Unidos ofereciam aos produtores dessa

3 Os produtores de algodão tem uma redução de 75% dos impostos sobre o algodão comercializado no país. Essamedida é uma forma de assegurar que o mercado nacional seja suprido dessa matéria prima, uma vez que osvalores pago pelo mercado internacional pode levar os produtores que veem no comércio internacional maiorespossibilidades de lucro, reduzir a oferta desse produto no mercado nacional, o que implicaria sérios problemas paraa indústria têxtil nacional.

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cultura no país (COSTA; BUENO, 2004; BRASIL, 2007).

O reconhecimento de que a pesquisa é condição indispensável para

sobrevivência dessa commodity e da agricultura contemporânea, pelos empresários da

cadeia produtiva do algodão, tem feito com que estes estejam cada vez mais solícitos por

pesquisas que garantam a permanência da produção brasileira entre as mais competitivas

mundialmente.

Nesse sentido, merecem destaque as organizações e instituições que tem

colaborado para o bom desempenho do setor. Conforme Neves e Pinto, (2012),

Outro fator que permitiu o crescimento da cotonicultura no Centro-Oeste foi o

desenvolvimento de cultivares adaptadas ao cerrado, iniciado pela Empresa

brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no início da década de 1990, e

seguido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso

(Fundação MT), pelo Instituto Matogrossense do Algodão, pela Cooperativa

Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), pelo Instituto Agronômico de Campinas

(IAC), pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), entre

outras instituições públicas e privadas. Graças ao desenvolvimento de

variedades voltadas ao cultivo no cerrado, a cotonicultura de alta tecnologia

pôde se disseminar não apenas nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Mato

Grosso do Sul, mas também nas regiões Oeste dos Estados de Minas Gerais,

Bahia e Piauí,além de Tocantins e Maranhão (NEVES; PINTO, 2012, p. 21).

O mapa da cotonicultura brasileira atual de acordo com BRASIL (2007),

apresenta-se da seguinte forma:

i) a cotonicultura da Região Nordeste, com base no cultivo de algodão

arbóreo, pequenas propriedades, baixo rendimento e baixa taxa de utilização de

capital que, embora pouco significativa em termos de volume de produção,

ainda tem importância social e econômica em vários estados, em particular por

se constituir na principal fonte de renda de pequenos produtores; ii) a

cotonicultura da região dos Cerrados, calcada no cultivo de algodão herbáceo,

em propriedades maiores que o módulo mínimo atribuído à atividade (1.000 ha),

intensiva em capital e com altos rendimentos; iii) as Regiões Sul (Paraná) e

Sudeste (São Paulo), calcada no cultivo de algodão herbáceo também intensivos

em capital, mas com predominância de propriedades inferiores ao módulo

mínimo recomendado e rendimento da cultura inferior ao da região dos

Cerrados (BRASIL, 2007, p. 58).

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O ALGODÃO NATURALMENTE COLORIDO

Um dado novo em termos da cotonicultura nacional é a produção do algodão de

fibra naturalmente colorida, no Nordeste brasileiro, proporcionado pelas pesquisas de

melhoramento genético que vem sendo desenvolvidas pela Embrapa Algodão nos últimos

vinte anos. Essas pesquisas já resultaram no desenvolvimento de quatro novas cultivares, a

saber: BRS 200 Marrom, BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira e BRS Tópazio (BELTRÃO, 2006;

CAVALCANTI, 2012). As tonalidades dessas variedades podem ser observadas nas fotos 1 e

2.

Foto 1: Algodão de fibra naturalmente colorida.

Fonte: LIRBÓRIO Lúcia Ferreira /arquivo particular da autora. Julho de 2014.

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Foto 2: Fibra naturalmente colorida.

Fonte: LIRBÓRIO Lúcia Ferreira /arquivo particular da autora. Julho de 2014.

Essas cultivares de algodão colorido foram desenvolvidos especialmente para as

condições climáticas do semiárido. As pesquisas dessas novas variedades foram

inicialmente realizadas com base em onze acessos disponíveis no “Banco de Germoplasma”

da Embrapa Algodão. As variedades disponíveis neste banco são oriundas de coletas de

algodão arbóreo nativo da região e de acessos disponíveis em outros lugares do mundo

(FREIRE, 1999).

As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Algodão ao longo de

aproximadamente quarenta anos, tem acumulado vasto conhecimento sobre essa cultura.

Ainda em relação ao algodão colorido, o mesmo tem sido alvo de estudos desde o início das

atividades desse centro de pesquisa na região, uma vez que já haviam sido identificadas

algumas cultivares do tipo arbóreo, que apresentavam a fibra com tons marrons e creme,

mas não possuíam características viáveis para o processamento na indústria têxtil, uma vez

que apresentavam fibras pouco longas, finura inadequada e instabilidade na coloração

(FREIRE, 1999).

Inicialmente, o grande desafio da instituição era melhorar as características

desse algodão. Esse interesse foi reforçado a partir de uma visita de um grupo de

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empresários japoneses da indústria têxtil que demonstrou interesse pela compra da

produção do algodão de fibra colorida. Diante desse fato, Freire (1999) aponta que os

objetivos do programa de melhoramento genético do algodão colorido4 desenvolvido na

instituição foram: elevar a resistência das fibras, a finura, o comprimento e a uniformidade,

bem como estabilizar a coloração das fibras nas tonalidades creme e marrom e elevar a sua

produtividade no campo.

Vale lembrar, que o algodão naturalmente colorido já era produzido desde

tempos imemoráveis, por povos antigos como os Incas e Astecas e povos antigos dos

continentes americano, africano e da Austrália. Contudo, a grande inovação da Embrapa

Algodão no desenvolvimento do algodão colorido, é que as técnicas empregadas para

obtenção da fibra colorida era feita através de cruzamentos e o algodão colorido

desenvolvido por esse Centro de Pesquisa foi alcançado a partir de melhoramento genético

(FREIRE, 1999).

Inserindo-se inicialmente no espaço geográfico paraibano, o algodão colorido

passou a constituir-se um importante nicho de mercado para os produtores, já que o preço

pago pelas fibras do algodão colorido é superior ao pago pelo algodão de fibra branca. É

importante destacar que nem sempre a produção do algodão colorido foi tão valorizada,

sendo inclusive, descartado por longo período da indústria têxtil mundial, chegando sua

exploração ser proibida em vários países, pois eram considerados como contaminação

indesejável aos algodões de tonalidade branca normal (BIO-PIRATERIA, 1993; FREIRE, 1999).

Por sua vez, Farias (2010) afirma que um acordo que havia sido firmado entre a

Embrapa Algodão e as empresas têxteis, garantindo a exclusividade na produção do algodão

colorido aos paraibanos, em especial, os pequenos e médios produtores, bem como

agricultores familiares ou cooperativas foi quebrado. O autor não dá indícios de quando isso

aconteceu, mas afirma que além da Paraíba, que detinha a exclusividade na produção,

outros Estados como: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais,

Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás entre outros, estão produzindo o algodão

colorido.

A produção do algodão colorido é um mercado que garante um bom lucro para

seus produtores, pois tem há garantia de compra da produção, uma vez que o algodão é

matéria prima essencial para a indústria têxtil e de confecções de produtos com perfil

4 A pesquisa do melhoramento genético do algodão colorido foi financiada por recursos do Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e recursos da Embrapa (FREIRE, 1999).

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ecológicos. O cultivo do algodão colorido é desenvolvido de forma orgânica, diferente da

produção do algodão branco que era desenvolvido com práticas com a utilização de

insumos químicos (FARIAS, 2010).

O valor do quilo da pluma do algodão atualmente, é de R$ 9,40 um valor bem

elevado se comparado ao algodão de fibra branca que custa R$ 3, 84. Assim os agricultores

tem maior interesse em cultivar as variedades coloridas. Não há dados sistematizados da

produção do algodão colorido, pois o IBGE ainda não faz a subdivisão em seu banco de

dados por variedade cultivadas, mas apenas entre algodão arbóreo e herbáceo. Em trabalho

de campo um pesquisador da Embrapa Algodão informou que no início da produção do

algodão colorido, devido a grande divulgação por parte do Instituto na mídia, a área

cultivada com o algodão BRS 200, foi ascendente chegando a de aproximadamente 2.000

hectares em 2005, mas atualmente essa área foi drasticamente reduzida chegando a apenas

100 hectares, uma redução total de 95% da área total.

Vale resaltar que essa informação foi dada com base na venda de sementes por

essa instituição, mas acreditamos que a área produzida seja maior, uma vez que os

trabalhadores podem utilizar as sementes dos seus algodoais para serem posteriormente

plantadas, o que pode levar ao desconhecimento da área total plantada.

Além de ser produzido de forma orgânica o algodão, passa por um primeiro

beneficiamento do algodão, que é a separação entre a pluma e o caroço, esse processo é

feito em uma mini-usina o que também garante o aumento do valor comercial do algodão.

Nas fotos 03 e 04 é possível observar a lavoura do algodão, em seus primeiros meses de

vegetação e a miniusina na qual é feita esse primeiro beneficiamento do algodão. Os dados

da área plantada com algodão colorido na Paraíba até a safra 2005-2006 pode se observada

no quadro 01, no qual observar-se de fato o aumento da área plantada no período de 2000

a 2006.

Quadro 1: Evolução da área plantada com o algodão colorido na ParaíbaSafra/Período Área (hectares)

2000/2001 102001/2002 602002/2003 6002003/2004 6002004/2005 2000

2005/2006 (estimativa) 2000Fonte: FARIAS (2010 APUD CARVALHO (S/D).

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O cultivo orgânico é mais um elemento que agrega valor ao algodão colorido,

por sua vez ainda há uma grande dificuldade por parte dos agricultores em conseguirem

certificar esse produto, devido aos custos da certificação. Alguns produtores afirmaram que

empresas que compram a fibra às vezes se comprometem a pagar a certificação. Essa

atitude agrega valor aos produtos derivados desse algodão.

Nesse sentido, a produção do algodão colorido constitui-se em uma inovação

que foi gestada por pesquisadores da Embrapa Algodão e que marca uma nova fase da

modernização da agricultura brasileira. Vale destacar que essa modernização vai ocorrer em

espaços seletivos do território. E, certamente, devido ao conhecimento já acumulado sobre

a produção do algodão em função da importância que o mesmo teve para o Nordeste e, em

espacial, para a cidade de Campina Grande - PB, que foi importante praça comercial do

algodão no mundo no início do século XX. Assim sendo, essa cidade detém um capital social

relevante para os futuros desafios dessa lavoura (SANTOS; SILVEIRA, 2011).

Campina Grande é reconhecida por ser uma cidade na qual o potencial de

desenvolvimento tecnológico tem sido muito explorado em sua trajetória histórica. Essa

característica certamente é resultado de sua formação territorial e econômica. De acordo

com Fernandes (2010), o crescimento de Campina Grande está associado em certa medida à

cultura local de valorização da formação profissional tecnológica e de produção de

conhecimento.

O crescimento da economia campinense, especialmente motivada pela dinâmica

manufatureira do couro e do algodão, foi acompanhado por uma preocupação com a

formação profissional orientada para a indústria que até então precisava trazer de fora sua

mão de obra. A partir da década de 1940, observa-se na cidade uma sucessão de iniciativas

que vão pouco a pouco constituindo uma expressiva base de instituições de C&T, fenômeno

pouco comum nas cidades do interior nordestino (Fernandes, 2010. p. 40-41).

Ainda de acordo com Fernandes (2010), a instalação do Centro Nacional de

Pesquisa do Algodão, atualmente denominada “Embrapa Algodão”, consolida a cidade como

um centro de produção de conhecimento na região Nordeste que, neste caso, guarda fortes

articulações com a histórica dinâmica produtiva regional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da pesquisa agropecuária do algodão no Brasil é recente, ainda que

essa cultura tenha desde o período colonial sido de grande importância para economia

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brasileira. A Embrapa Algodão é um instituto fundamental no processo de desenvolvimento

de conhecimento e inovação sobre a cultura no país. A produção do algodão colorido no

Nordeste representa para os agricultores familiares que desenvolvem essa cultura uma

oportunidade de renda para esses agricultores que foram nefastamente prejudicados

quando da crise de 1980 que desestruturou a produção do algodão branco no Nordeste. A

preocupação com as questões ambientais pode representar uma possibilidade de expansão

do algodão colorido no Nordeste, ainda que tenhamos observado uma redução da área

plantada.

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MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA: CONHECIMENTO E INOVAÇÃO NA PRODUÇÃO DO ALGODÃO

EIXO 1 – Transformações territoriais em perspectiva histórica: processos, escalas e contradições.

RESUMO

A década de 1970 é um marco no processo de modernização da agricultura brasileira. Essa

modernização foi extremamente seletiva em relação aos locais nos quais as novas lógicas de

produção, baseada no conhecimento e inovação, foram adotadas, reforçando a concentração em

pontos do território, onde as condições de produção já eram mais fluidas, como o Sudeste e o

Centro-Oeste. Somado às áreas em que a tecnoesfera são mais densas, outras áreas do território

nacional foram dotadas de instrumentos que viabilizaram a produção segundo uma lógica

capitalista, perversa, ditada de fora do lugar, constituindo-se em lugares do fazer agropecuário

globalizado (SANTOS; SILVEIRA, 2011; ELIAS 2003). No atual período histórico a técnica, a ciência

e a informação estão presentes nas mais diversas atividades, é relevante destacar o papel que o

Estado tem desempenhado no processo de modernização da agricultura brasileira, em especial a

partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 1973. O presente

estudo tem por objetivo fazer alguns apontamentos sobre o papel que a pesquisa agropecuária,

realizada por esse instituto de pesquisa, tem desenvolvido na atual produção do algodão

brasileira, com destaque para os estudos que são conduzidos, pela Embrapa Algodão, com sede

em Campina Grande – Paraíba.

Palavras-chave: algodão; pesquisa; inovação.

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