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Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva Práticas de Atividades Físicas e Desportivas Módulo 5 JDC: Voleibol Documento de Apoio Nº 2 Ano letivo 2014/2015 Docente: Alexandra Lopes

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Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão

Desportiva

Práticas de Atividades Físicas e

Desportivas

Módulo 5 – JDC: Voleibol

Documento de Apoio Nº 2

Ano letivo 2014/2015

Docente: Alexandra Lopes

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1 - ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL DO VOLEIBOL

O voleibol é atualmente um dos desportos mais praticados no mundo, sendo praticado, com maior ou menor difusão, por todos os continentes.

Este desporto apresenta uma estrutura altamente organizada, desde a federação internacional e confederações continentais, até às federações nacionais e associações regionais.

1.1 - FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE VOLEIBOL (FIVB)

A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) é a instituição que coordena as atividades de voleibol a nível internacional. Foi fundada em 1947 e a sua sede localiza-se em Lausanne, na Suíça.

A principal atividade da FIVB é o planeamento e a organização de eventos de voleibol, às vezes em parceria com outras instituições internacionais tais como o Comité Olímpico Internacional (COI). Em linhas gerais, isto significa definir regras de qualificação e fórmulas de disputa para as competições, bem como detalhes mais específicos, tais como restrições para convocação e substituição de jogadores, locais para as partidas e anfitriões para os torneios. Entre outros, a FIVB organiza os seguintes eventos internacionais:

Torneio Olímpico de Voleibol (seleções masculinas e femininas)

Torneio Olímpico de Voleibol de Praia (seleções masculinas e femininas)

Campeonato Mundial de Voleibol (seleções masculinas e femininas)

Campeonato Mundial de Voleibol de Praia (seleções masculinas e femininas)

Copa do Mundo (seleções masculinas e femininas)

Liga Mundial (seleções masculinas)

Grand Prix (seleções femininas)

A FIVB também participa na organização de eventos continentais que têm um significado internacional, como por exemplo os torneios de qualificação para os Jogos Olímpicos e para o Campeonato Mundial.

Outra área de interesse da FIVB é a promoção do voleibol no mundo. Parte da sua atividade consiste em atrair patrocinadores e parceiros comerciais, através da negociação dos direitos de transmissão e cobertura para eventos de voleibol de alto nível.

A FIVB também mantém uma linha especial de programas dedicados à profissionalização do voleibol mundial. As principais atividades envolvidas consistem no estabelecimento de centros de desenvolvimento em áreas do globo onde o desporto ainda não é popular e o fornecimento de auxílio (material e humano) para organizações que estão abaixo dos padrões exigidos ao nível internacional.

A FIVB é responsável pela definição das regras do jogo. Recentemente, muitas alterações foram introduzidas em sintonia com os objetivos promocionais da entidade, na tentativa de aumentar o interesse do público e satisfazer as exigências de patrocinadores e meios de comunicação social. Estas medidas vão de restrições simples, quase mundanas, como por exemplo a exigência de equipamentos mais apelativos (significando roupas justas, que supostamente agradam mais aos

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espectadores porque salientam o corpo dos atletas), até mudanças bastante drásticas na forma de jogo (por exemplo os pontos corridos ou a existência do líbero).

A FIVB é a mais alta autoridade internacional no que diz respeito ao voleibol, e julga (ou, pelo menos, é envolvida no julgamento) sobre casos de doping, transferência de jogadores, mudanças de nacionalidade e determinação de género. A entidade também publica o ranking mundial, que é utilizado como base para a definição dos cabeças-de-série em competições internacionais.

A FIVB tem uma ampla e extensa estrutura administrativa, que inclui um conselho administrativo, um comité executivo e diversas comissões que tratam de assuntos específicos do voleibol, tais como medicina, arbitragem e torneios. A FIVB também exerce autoridade sobre as cinco confederações continentais:

Confederação Europeia de Voleibol (CEV)

Confederação Asiática de Voleibol (AVC)

Confederação Sul-americana de Voleibol (CSV)

Confederação de Voleibol da América do Norte, Central e Caraíbas (NORCECA)

Confederação Africana de Voleibol (CAVB)

1.2 - CONFEDERAÇÃO EUROPEIA DE VOLEIBOL (CEV)

A Confederação Europeia de Voleibol é a entidade que regula o voleibol na Europa. Foi fundada em 1963 e tem a sua sede na Cidade do Luxemburgo.

A Europa é o continente com mais tradição ao nível do voleibol, apesar de este ter sido inventado nos Estados Unidos. Muitas técnicas e táticas comuns no voleibol moderno foram supostamente introduzidas por equipas europeias. Entre outras, são dignas de nota: bloco (Checoslováquia, 1938); deslocamento do passador ou distribuidor, que levou ao estabelecimento do chamado sistema 5:1 (União Soviética, 1949); receção em manchete (Checoslováquia, 1958); e ataque da zona defensiva (Polónia, 1974).

Esta longa tradição no desporto pode ter contribuído para o tamanho da

estrutura administrativa da CEV, quase tão grande e abrangente quanto a da

própria FIVB. Ela é a maior entre todas as confederações continentais de voleibol,

sendo a que organiza o maior número de competições anuais.

Como autoridade máxima de voleibol na Europa e representante das

federações nacionais junto da FIVB, a CEV organiza competições de relevância

continental, tais como o importante Campeonato Europeu (primeira edição em 1948)

e a Liga Europeia (entre selecções nacionais) Também é responsável pela

organização das competições europeias de clubes, como por exemplo a liga dos

Campeões Europeus. Participa na organização de qualificações para torneios

importantes (como os Jogos Olímpicos e o Campeonato Mundial) e de eventos

sediados por uma das federações suas filiadas.

1.3 - FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE VOLEIBOL (FPV)

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A Federação Portuguesa de Voleibol é a federação que orienta e regulamenta as competições de voleibol de pavilhão e praia em Portugal. Foi fundada em 1947 e tem a sua sede no Porto. É filiada na CEV e na FIVB.

É responsável por todas as selecções nacionais e organiza, entre outros o Campeonato Nacional de Voleibol, a Taça de Portugal e a Supertaça de Portugal.

Estão sob tutela de FPV as diversas associações regionais existentes em Portugal.

1.4 - ASSOCIAÇÕES REGIONAIS

As associações regionais tutelam o desporto a nível regional, estando dependentes da FPV. Na nossa região, o voleibol é tutelado pela Associação de Voleibol de Coimbra.

Entre outros, as associações distritais são responsáveis pela organização dos Campeonatos Regionais dos diversos escalões.

2 - O VOLEIBOL NO MUNDO

Apesar de ser praticado um pouco por todo o mundo, o voleibol tem maior implantação na Europa e na América em masculinos, e na Europa, América e Ásia em femininos. É menos praticado em África e na Oceânia, pelo que as seleções destes continentes obtêm piores resultados internacionais.

A nível de países, aquele que sem dúvida tem obtido melhores resultados a nível internacional ao longo da história é a Rússia (antiga União Soviética), quer em masculinos, quer em femininos.

O voleibol masculino apresenta bastante equilíbrio a nível internacional, espelhado pelo facto de já terem havido 10 vencedores diferentes ao longo dos Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos disputados até hoje. Podemos considerar que as seleções que têm obtido melhores resultados são a Rússia, o Brasil e a Itália, que já conquistaram diversos títulos internacionais. Numa segunda linha, mas com possibilidade de lutar pela vitória nas grandes competições, temos seleções como Cuba, Estados Unidos, Sérvia, Polónia ou Holanda.

O voleibol feminino apresenta menos equilíbrio que o masculino, sendo dominado quase por completo por 4 seleções: Cuba, China, Japão e Rússia. Uma prova deste domínio intenso é que apenas em duas ocasiões o vencedor de uma grande competição mundial não foi um dos 4 países mais fortes. Isto aconteceu nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim (venceu o Brasil) e no Campeonato do Mundo de 2002, na Alemanha (venceu a Itália). Atualmente, seleções como o Brasil, a Itália, a Sérvia, os Estados unidos ou a Coreia do Sul tentam disputar os primeiros lugares das grandes competições com as 4 seleções mais fortes.

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3 - SISTEMAS DE OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DA

PRESTAÇÃO DESPORTIVA

O homem sempre observou o decorrer dos acontecimentos, porém a observação como uma técnica utilizada na metodologia científica só começou a surgir nos finais do século XIX. Foram os psicólogos os primeiros a utilizar o método de modo intenso. Na área das ciências da natureza, a observação foi igualmente utilizada, assim como na sociologia e antropologia.

Foi a partir da década de 70 do século XX, em particular na educação, que a observação se começou a desenvolver extraordinariamente. Na atualidade existem diversos ramos da educação desenvolvidos e adaptados segundo as diferentes áreas de estudo.

Neste módulo, interessa-nos a observação realizada em contexto desportivo, com identificação e registo de indicadores de prestação dos atletas/alunos. Sendo assim, devemos ter sempre presentes alguns aspetos que é necessário definir com clareza antes de realizar qualquer observação.

Observar o Quê? (definir o

que se quer observar)

Observar quem? (definir quem é

observado)

Observar para quê? (definir o objetivo da observação)

Quem observa? (definir quem é o observador)

Identificar os gestos técnicos e/ou táticos a observar.

Identificar as componentes críticas necessárias à sua execução.

Os alunos/atletas, individualmente e/ou em grupo (identificar os gestos e/ou os erros de execução).

Para os corrigir (feedback pedagógico).

Função do professor/ treinador.

Os jogadores e/ou a equipa (executou/ não executou, finalizou/ não finalizou, fez ou não falta, tempo no ataque, tempo na defesa, etc.).

Para avaliar o desempenho e poder intervir mais objetivamente junto dos jogadores/ equipa.

Apenas no sentido de recolher informação.

Para posterior análise estatística e interpretação dos dados.

Função de qualquer agente desportivo (professor, treinador, árbitro, monitor, etc.).

Quadro 1: Aspetos a definir antes de realizar uma observação

A observação conjunta da capacidade física, dos elementos técnicos e das

manobras táticas permite-nos, com a ajuda de um tratamento estatístico posterior, a recolha de uma série de informações, nomeadamente sobre:

A evolução de alguns parâmetros durante o jogo ou no decorrer de uma época.

O nível do aluno/jogador tendo como referência o resto da equipa.

O nível da equipa, tendo como referência as outras equipas.

Os seguintes parâmetros devem ser objeto de análise e interpretação por parte do professor/treinador desde o início:

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A evolução dos alunos/jogadores e da equipa nos domínios físico, técnico e tático.

A planificação da aula/treino e a resolução dos problemas identificados.

3.1 - PARÂMETROS OBSERVÁVEIS

Técnica

Segundo Resa (1998), a técnica, nos desportos coletivos, pode ser definida como a execução do movimento adaptado às condições da situação real de jogo e ao tipo somático (constituição física) do jogador, da forma mais funcional e económica possível, tendo em vista a realização do objetivo do jogo. Como conteúdo fundamental, salienta-se a técnica, enquanto sistema especializado de ações motoras simultâneas, executadas sob condições que variam frequentemente devido às mais diversificadas situações que ocorrem na realização das jogadas.

Tática

A tática consiste na organização de meios de ação utilizáveis para obter melhores resultados. Todo o comportamento ótimo em competição pressupõe uma atitude tática ótima do atleta. A tática desportiva assenta em requisitos de vária ordem:

Psicológicos: qualidade de decisão, disponibilidade para o esforço, capacidade de adaptação, capacidade de concentração, capacidade de comunicação, etc.).

Coordenativos e condicionais: capacidades condicionais e coordenativas.

Cognitivos: perceção do movimento e da posição dos colegas/adversários e do objeto de jogo (bola), capacidade de raciocínio e de antecipação das ações, etc.).

Técnicos: a execução do movimento deve estar de acordo com a ação a decorrer.

Nos jogos desportivos coletivos, a tática desempenha um papel crucial pois determina as ações do jogo. Aqui, a tática subdivide-se em tática individual e em tática coletiva, tanto nas ações defensivas como ofensivas. Na tática individual, o atleta perante uma determinada situação (problema) deverá tomar rapidamente uma decisão tática adequada às necessidades. Esta decisão torna-se bastante complexa se tivermos em conta o número de jogadores, a posição da bola, a posição dos colegas e dos adversários e o intervalo de tempo reduzido em que ele tem de decidir, tendo sempre bem presente o objetivo da ação (o remate, o drible, o passe, etc.). A tática coletiva diz respeito às ações a escolher que devem estar em concordância com os colegas da equipa (defesa à zona, pressão sobre os adversários, etc.). Os conhecimentos e as experiências táticas vividas anteriormente entre os colegas da mesma equipa desempenham um papel muito importante na tática coletiva.

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Figura 1: Ficha de observação de voleibol (procedimentos técnicos)

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Figura 2: Ficha de observação de voleibol (procedimentos táticos)

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Figura 3: Boletim de jogo utilizado pela FPV e FIVB

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3.2 - ANÁLISE TÉCNICA E TÁTICA DO JOGO

A competitividade nas modalidades desportivas é muito elevada, o que pode ser devido:

Ao conhecimento que cada equipa tem de si própria e dos adversários: os técnicos tentam minimizar os aspetos desconhecidos uma vez que cada decisão errada ou fator-surpresa pode dar origem a uma derrota.

Ao conhecimento das características que definem qualquer modalidade desportiva: a análise dos tipos de exigências competitivas é imprescindível para se progredir, aperfeiçoar e poder programar o treino.

Segundo Garganta (1996), o estudo do jogo a partir da observação do comportamento dos jogadores e das equipas revela-se muito importante na organização e avaliação dos processos de ensino e de treino nos jogos desportivos coletivos.

Para Janeiro (1999), no universo dos desportos de rendimento e, em particular, nos jogos desportivos coletivos, a observação do jogo tem-se revelado como um meio imprescindível para a caracterização das exigências específicas que são impostas aos jogadores em situação competitiva.

Genericamente, um jogo pode ser analisado sob o ponto de vista:

Técnico: quando se analisa o desempenho de 1 ou mais jogadores, procurando determinar o nível das suas ações, a execução dos fundamentos e a eficiência dessa execução, quantificando a ação através de uma determinada “medida”.

Tático: quando se analisam situações desenvolvidas por pequenos grupos de jogadores ou por toda a equipa a partir de padrões predefinidos (plano tático de jogo), tanto na defesa como no ataque.

Nota: Qualquer uma destas análises pode ser feita de forma objetiva (quando se procura quantificar ou nomear uma determinada ação) ou através de observações subjetivas (quando se tenta fazer uma observação qualitativa da execução técnica ou da ação conjunta de pequenos grupos ou de toda a equipa).

3.3 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DO JOGO

Segundo Comas (1991), o basquetebol foi a primeira modalidade desportiva a utilizar estatísticas e a disponibilizá-las a investigadores, treinadores, dirigentes, público e meios de comunicação social. Mesmo na atualidade, o basquetebol continua a ser o desporto onde a estatística está mais desenvolvida, em especial na liga norte-americana (NBA), onde há estatísticas para (quase) tudo o que se pode imaginar.

Estas estatísticas fornecem uma apreciável quantidade e qualidade de informação, tendo-se tornado imprescindíveis e extremamente eficazes no domínio da avaliação dos jogadores e das equipas.

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Uma das formas mais utilizadas para se avaliar o desempenho em jogo consiste na análise estatística.

Estatística: é representada por uma observação numérica das ocorrências dos indicadores de jogo, podendo ser considerada uma técnica quantitativa, descrita como uma medida de desempenho baseada na recolha e interpretação dos números obtidos e da sua transformação, possibilitando uma leitura significativa do jogo.

Segundo Gaspar (2001), a estatística aplicada ao desporto é a ciência responsável por contabilizar cada uma das ações do jogo, sem se preocupar com a maneira como elas ocorrem. Segundo Martin e Gross (1990), ela fornece informações relevantes e objetivas, que servem como uma base construtiva para avaliar o desempenho.

O objetivo de se obter este tipo de informação consiste na possibilidade de dar aos técnicos e atletas informações sobre o jogo de forma que os próximos desempenhos possam ser melhorados.

A estatística de jogo é utilizada mundialmente e existem critérios que definem previamente cada um desses indicadores para garantir a objetividade das observações e da quantificação. Esses mesmos critérios são utilizados tanto em torneios internacionais (Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo) como, por vezes, também em torneios nacionais e regionais.

Na generalidade, os técnicos reconhecem que um jogador não pode ser avaliado simplesmente em função do número de pontos que faz; os aspetos que demonstram a habilidade de um jogador vão muito além da sua pontuação, e nada mais eficiente do que as informações estatísticas para ajudar a compreender melhor a atuação do jogador. Ela é capaz de mostrar o “volume” de jogo do jogador, em função do “volume” de jogo da sua equipa, mostra a eficácia nos passes, nos ressaltos, enfim, enquadra o jogador num contexto mais amplo (Cousy e Power, 1985).

A análise conjunta dos indicadores de jogo permite fornecer dados importantes aos técnicos e aos atletas de forma que possam estabelecer estratégias adequadas para os treinos e também para os jogos, possibilitando uma melhoria do desempenho individual e coletivo.

A estatística dos jogos também é importante para os meios de informação que assim divulgam os resultados e os utilizam para basear as suas análises e comentários (técnicos e táticos) do jogo.

3.3.1 – Indicadores de Jogo Utilizados nos Desportos Coletivos

Os jogos desportivos coletivos partilham entre si bastantes indicadores de jogo, existindo depois alguns que são específicos de cada modalidade desportiva.

São exemplos de indicadores de jogo: o número de lançamentos tentados e convertidos, ressaltos ofensivos e defensivos, faltas cometidas e sofridas, assistências, desarmes de lançamento, roubos de bola e perdas de bola, eficácia na defesa, eficácia no ataque, recuperações de posse de bola, perdas de bola, ataques, remates, cruzamentos, blocos bem sucedidos e blocos sem sucesso, serviços realizados com ou sem sucesso, pontos sofridos, pontos marcados, tipo de remate, circunstância do remate, zona de finalização, tempo jogado, cartões, etc.

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Efetivamente, esta nova área de estudo pretende dar respostas objetivas a questões objetivas, tais como: Qual o grau de eficácia de cada um dos jogadores? Qual o grau de eficácia quanto ao número de remates efetuados, tempo de ataque da equipa, número de interceções, etc..

A procura das razões que levam uma equipa a ser mais eficaz do que outra, isto é, a marcar mais pontos do que a equipa adversária durante um jogo, é o objetivo perseguido por todos os treinadores e investigadores.

As respostas a estas questões pressupõem, sistematicamente, o recurso às estatísticas do jogo, que se constituem como as medidas mais objetivas que se encontram disponíveis (Grabiner, 1999).

Nota: é importante relembrar que a análise estatística deve ser apenas mais um dos fatores a ser considerado na análise global do jogo e das equipas, juntamente com aspetos físicos e psicológicos.

Perante tudo o que foi exposto, surgiram então novos métodos de análise do jogo considerados vitais para o entendimento e para o progresso no estudo do jogo. Uma dessas novas perspetivas centra-se na medição da eficácia coletiva em situação de jogo.

Eficácia coletiva: em situação de jogo é habitualmente expressa pela eficácia ofensiva (CEO) e defensiva (CED).

Eficácia ofensiva (CEO): associa-se à capacidade de as equipas converterem pontos. É medida pela razão entre o número de pontos convertidos e o número de posses de bola da equipa.

Eficácia defensiva (CED): associa-se à capacidade de as equipas impedirem a conversão de pontos dos seus adversários. É medida pela razão entre o número de pontos sofridos e o número de posses de bola da equipa adversária.

3.4 – TIPOS E OBJETIVOS DA OBSERVAÇÃO

3.4.1 – Observação em Direto e em Diferido

A recolha de dados pode ser feita em direto ou em diferido (pelo visionamento de imagens de vídeo). No primeiro caso, a rapidez da sequência de ações implica a seleção antecipada do que se pretende observar, tendo como vantagem o acesso rápido aos dados recolhidos. No segundo caso, a quantidade de informações recolhidas pode aumentar consideravelmente (a utilização da câmara lenta ajuda bastante), mas implica muito tempo disponível para a sua análise.

A diferença fundamental entre estas duas perspetivas situa-se ao nível do tratamento das imagens (depois de recolhidas).

Observação em direto:

Utilizam-se grelhas/fichas de observação (escolha e análise prévia da tarefa a analisar), sendo logo no momento (em tempo real) apresentada ao observador.

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Pode ter em vista diferentes objetivos e centrar-se apenas na equipa ou, pelo contrário, apenas nos jogadores.

Segundo Sarmento (1991), este processo de observação apresenta algumas dificuldades (o movimento é muito rápido; nunca é igual), mas também apresenta algumas vantagens (é a nossa realidade; ajuda-nos a definir critérios de observação; possibilita um treino dinâmico e motivador).

No tratamento dos resultados, é imprescindível averiguar a fidelidade da observação (para isso são necessários 2 observadores e o número de acordos entre eles deverá ser superior a 80%, para que se considere válido todo o processo.

Observação em diferido:

A execução é registada em filme ou vídeo e só posteriormente é apresentada ao observador.

Não dispensa a construção da grelha/ficha de observação (escolha dos itens a observar).

Situa-se numa perspetiva intermédia cujo objetivo visa principalmente caracterizar os níveis de competição, os estilos de jogo ou ainda a possível evolução de formas de jogo.

Proporciona um trabalho laboratorial de preparação instrumental, tornando todo o processo muito mais rigoroso.

Permite um trabalho conjunto com sistemas computorizados, facilitando o tratamento dos dados.

Possibilita a manipulação de algumas variáveis (tempo de exposição das imagens – câmara lenta, tempo de resposta, tipo de “erros a identificar”, etc.).

Apoia-se numa grande quantidade de observações capaz de fornecer indicadores de jogo a partir dos quais é possível estudar futuros desempenhos.

Permite rever todas as variáveis que nos interessam, e, no caso de a filmagem ter sido feita propositadamente para a realização de determinado estudo, reúne ótimas condições para a observação desejada (o recurso a uma observação diferida a partir de imagens gravadas, tem os seus inconvenientes, principalmente pelo facto de as transmissões televisivas nem sempre captarem as imagens que mais nos interessam).

No tratamento dos resultados, isto é, quando se pretende validar uma prova/teste, para verificar as hipotéticas diferenças entre os observadores, há que testar a validade do instrumento de medida, bem como a sua sensibilidade (índices de dificuldade e discriminação), estandardização e objetividade.

3.4.2 – Objetivos da Observação

No contexto da observação em desporto podemos basicamente considerar 2 tipos de observação: a observação num contexto pedagógico/didático e a observação com fins estatísticos.

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Observação num contexto pedagógico/didático (observar para corrigir):

Neste caso, considera-se que a observação na formação desportiva é muito importante, uma vez que se trata de uma tarefa primordial no ensino e no treino de habilidades complexas, sejam elas de caráter técnico, tático, individual e/ou coletiva.

O professor/treinador é no dia-a-dia confrontado com a necessidade de corrigir e aperfeiçoar as execuções dos seus alunos/atletas. Para isso ele baseia-se na imagem mental que possui de modelos de alta competição.

As avaliações qualitativas centradas no domínio técnico-tático e realizadas em meio natural são as mais utilizadas pelos professores e as que se encontram menos desenvolvidas teoricamente, encontrando-se ainda muito dependentes do grau de conhecimento das modalidades. A análise das tarefas e as técnicas de observação determinam, em grande medida, a qualidade da avaliação. É o caso dos sistemas de observação em situação de ensino que permitem a avaliação formativa, contínua e auto-avaliação.

Observação com fins estatísticos (observar para agir no treino/competição):

A avaliação e a análise das prestações dos jogadores e das equipas constituem um momento chave para os treinadores. Em 1983 verificou-se que apenas 12% das análises feitas pelos treinadores logo após o jogo estavam corretas, ou seja, era urgente evitar que as análises dos jogos fossem impregnadas de uma série de reações emotivas como consequência da vitória ou derrota. Tenta-se assim evitar através da observação, ou pelo menos diminuir, uma série de conflitos entre os jogadores e mesmo entre estes e o treinador.

A análise do jogo, entendida como o estudo do jogo a partir da observação da atividade dos jogadores e das equipas, tem vindo a constituir ao longo dos tempos, um argumento de crescente importância nos processos de preparação desportiva (Garganta, 1996). Tal facto é traduzido pela quantidade e qualidade de informação disponibilizada para:

Aceder ao conhecimento da organização do jogo e aos fatores que concorrem para o sucesso desportivo.

Planificar e organizar o treino, tornando os seus conteúdos mais objetivos e específicos.

Regular a aprendizagem, o treino e a competição.

Estes propósitos têm vindo a ser atingidos de uma forma gradual e muito consistente.

De facto, as estruturas do jogo exigiriam, de imediato, métodos e meios de análise capazes de acompanhar a sua evolução. Progressivamente, os métodos de observação direta foram substituídos por poderosos sistemas informáticos capazes de recolher e tratar os dados em tempo real. Esta evolução passou a permitir aos treinadores o acesso a grandes quantidades de informação em tempo real (durante o jogo), possibilitando a intervenção imediata na equipa de forma a corrigir as falhas da sua equipa e tentar aproveitar as fragilidades do adversário.