Moebes

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  Arcanos Maiores do Tarô  (Enciclopédia do Ocultismo)  Por G. O. Mebes  Título do original russo  Курс Энциклопедии Оккультизма  INTRODUÇÃO Uma amiga me trouxe, um dia, um velho livro russo, intitulado "Enciclopédia do Ocultismo" e editado em Shanghai, na China, em 1937, pelo Centro Russo de Ocultismo. Interessada nos assuntos espiritualistas, ela o comprara por acaso.  Sociedade das Ciências Antigas  Page 1 of 252 Arcanos Maiores do Tarô 09.05.2012 file://C:\Documents and Settings\Bruno\Configurações locais\Temp\tmp5256\arcanosmai...

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Arcanos Maiores do Tar

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Sociedade das Cincias Antigas

Arcanos Maiores do Tar (Enciclopdia do Ocultismo)

Por

G. O. Mebes

Ttulo do original russo

INTRODUO Uma amiga me trouxe, um dia, um velho livro russo, intitulado "Enciclopdia do Ocultismo" e editado em Shanghai, na China, em 1937, pelo Centro Russo de Ocultismo. Interessada nos assuntos espiritualistas, ela o comprara por acaso.

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A obra continha os ensinamentos de um misterioso "Mestre", sem revelar o nome do autor ou dar outras informaes a seu respeito. Lido o livro, achei-o extremamente interessante e fiquei impressionada pela autoridade que emanava das palavras do "Mestre". No era a "certeza nascida da ignorncia", to freqente nos escritos e palestras espiritualistas, mas parecia ser bem o resultado da experincia prpria e do profundo saber. Receando que o texto, to valioso, possa perder-se pela destruio do livro, j em mau estado, comecei imediatamente o trabalho de sua traduo, procurando, ao mesmo tempo, descobrir quem seria o misterioso "Mestre". Depois de muita busca, consegui entrar em contato com pessoas ligadas, por laos de amizade ou mesmo de famlia, com os antigos discpulos do "Mestre", e at trocar correspondncia com um de seus discpulos diretos, vivendo ento no Chile, e hoje j falecido. A obra apresenta a transcrio de uma srie de aulas ministradas nos anos 1911-12, em So Petersburgo (naquele tempo capital da Rssia) por G. O. Mebes, mais conhecido como "GOM". Mebes, professor de matemtica e de francs em dois dos melhores liceus da capital, era tambm chefe da Maonaria, do Martinismo e da Rosacruz da Rssia, bem como fundador e dirigente da Escola Inicitica do Esoterismo Ocidental. Em 1912, Mebes autorizou os alunos a publicar uma parte de suas aulas, principalmente para o uso da Escola. O livro apareceu numa edio muito limitada, tendo se esgotado rapidamente. Aps a revoluo russa, quando as autoridades comearam a perseguir todo movimento religioso, a atividade espiritualista de Mebes tornou-se clandestina mas continuou at 1926, ano em que foi preso e deportado a um "gulag", nas ilhas do Mar Branco. Faleceu poucos anos depois. Alguns livros, no entanto, foram salvos e levados para alm das fronteiras russas. Considerado j como obra clssica do ocultismo, o livro foi reeditado na China, em poucos exemplares ainda. Um destes chegou ao Brasil e, aps o falecimento do seu detentor, foi vendido. O ttulo original russo "Enciclopdia do Ocultismo" poder surpreender, todavia ele se explica pelo fato que os 22 Arcanos Maiores do Tar encerram a gama total do ocultismo. Toda e qualquer manifestao no mundo por ns habitado apresenta uma faceta de um destes 22 Arcanos. Os mesmos abrangem a totalidade da vida da nossa Humanidade atual, decada. Somente pelo nosso prprio esforo podemos [1] ultrapassar esse crculo limitador e entrar no campo dos Arcanos Menores , regentes da Humanidade primordial, no decada. A todos que colaboraram na publicao deste livro e, especialmente, a Fanny Ligeti, Simone Deceuninck, Maria Luiza de Andrade Simes, Dr. Sandor Peth e Jos Antnio Arantes meus mais sinceros agradecimentos. A tradutora, Marta Pcher PREFCIO DO LIVRO RUSSO Este livro apenas um esboo do panorama da imensa sabedoria que vimos se desenrolar diante de ns durante as noites a ns consagradas pelo Mestre.

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Transmitimos a ESSNCIA das lies correta e exatamente; todavia, foi preciso abreviar bastante a exposio oral e viva, como tambm suprimir os exemplos fornecidos pela vida e que ilustraram, de modo claro e sutil, os ensinamentos e idias expostas. Portanto, necessrio meditar sobre o texto para poder usufruir tudo aquilo que foi dado pronto durante as aulas. Transmitimos tambm todas as indicaes elementares sobre o modo de proceder, para que o estudante possa desenvolver em si mesmo a intuio e o poder de realizao. Aquele que estudar esta Enciclopdia, aplicando a si prprio as diretrizes nela contidas, poder sem temor lidar com os ramos ESPECIAIS de cada um dos trs graus da Iniciao do Ocultismo, os quais, de modo breve, podem ser chamados ciclos CABAL1STICO, MGICO e HERMTICO. possvel que, na medida em que no se oponha isso obrigao de manter o segredo por parte dos iniciados, possamos no futuro editar esses cursos iniciticos especiais. No momento, a comunicao dessas informaes seria prematura e mesmo prejudicial. De acordo com a tradio, os sacerdotes de Memphis, prevendo a queda da civilizao egpcia, ocultaram seus conhecimentos sob a forma de um baralho que, hoje em dia, conhecido pelo nome de Tar e o legaram aos profanos, sabendo que, atravs do vcio, tais conhecimentos chegariam posteridade. Na existncia de um homem inteligente dois fatores possuem importncia primordial: o grau de CONSCINCIA DA VIDA e o grau de PODER DE REALIZAO. A aspirao, assim chamada "INICIAO" , na sua essncia, a busca de um ou outro destes elementos e, mais freqentemente, dos dois. A iniciao est baseada no domnio dos ARCANOS ou MISTRIOS. Aqui convm explicar a diferena de significado dos trs termos: "Secretum", "Arcanum" e Mysterium". SECRETUM aquilo que alguns seres humanos, seguindo uma fantasia ou motivo da vida cotidiana, decidiram esconder dos outros. ARCANUM um mistrio cujo conhecimento indispensvel para compreender um grupo determinado de fatos, leis ou princpios. Sem o conhecimento do "Arcanum", nada pode ser feito no momento que surge a necessidade de tal compreenso. "Arcanum" um mistrio acessvel a uma inteligncia suficientemente diligente nessa esfera. No seu sentido amplo, o termo "Arcanum" inclui toda a cincia terica, referente a qualquer atividade prtica em determinado campo. MYSTERIUM todo um sistema harmonioso de arcanos e segredos, sintetizado por uma determinada escola e constituindo a base de sua cosmoviso e o critrio de sua atividade. Hoje importante para ns o termo ARCANUM. Um arcano pode ser expresso oralmente, mediante a escrita de uma linguagem comum, ou ainda, simbolizado. Os antigos centros iniciticos utilizavam a terceira forma de transmisso, isto , a simblica. Podemos distinguir trs tipos de simbolismo: 1. O simbolismo das cores, utilizado principalmente na iniciao da raa negra. 2. O simbolismo dos quadros e figuras geomtricas, constituindo o acervo da raa vermelha. 3. O simbolismo dos nmeros, caracterstico da raa branca.

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A ns chegou o grandioso monumento do simbolismo das escolas egpcias em que os trs tipos de apresentaes simblicas se juntam em um baralho, mais conhecido como "TAR DOS BOMIOS" e composto de 78 cartas coloridas. Estas cartas representam os chamados ARCANOS. Constam de 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores. A cada carta, de um ou outro modo, corresponde um valor numrico. De acordo com a tradio, essas figuras eram colocadas nas paredes de galerias subterrneas, onde o nefito penetrava aps ter passado por uma srie completa de provas. O Tar considerado um esquema da cosmoviso dos Iniciados da antigidade. certo que cada povo tem sua prpria viso do mundo expressa pelo seu idioma. Se ele faz uso da escrita, os elementos da linguagem so tambm apresentados no alfabeto. Conseqentemente, o Tar pode ser considerado como um alfabeto inicitico. As cartas-lminas representam as letras desse alfabeto. Os detalhes das lminas e os matizes de suas cores constituem comentrios complementares a essas letras. Os 22 Arcanos Maiores correspondem aos 22 hierglifos do alfabeto hebraico. A cada letra desse alfabeto atribudo um valor numrico definido e nessa ordem numrica que vamos analisar os Arcanos, tendo em mente a divisa da raa branca: "Tudo por nmero, medida e peso". LMINA I FUNDO: Turbilhes de cor azul-lils, mais condensados na parte inferior. No primeiro plano, uma mesa em forma de cubo de brancura ofuscante, apresenta de frente uma de suas faces. Sobre essa mesa, no primeiro plano, uma moeda; logo atrs, uma espada, cujo cabo em forma de cruz, acha-se direita. A lmina da espada tem uma acanaladura pelo meio. Ainda na mesa, direita, h um clice de cristal com p reto. Atrs do cubo acha-se uma figura masculina, de p, materializada dos turbilhes do fundo. Ao redor da figura, como passagem para o fundo, uma aura luminosa. A parte inferior do corpo est oculta pela mesa, mais ou menos at os quadris. Acima da cabea, uma radiao em branco e ouro forma o smbolo do infinito. A testa cingida por uma fita de ouro. Dessa fita, e somente atrs, desce um tecido branco que cobre a nuca, mas deixando mostra as orelhas. A parte visvel do corpo est desnuda, apenas com um cinto de ouro e franjas brancas. O rosto e o talhe possuem as caractersticas dos sete planetas sem que haja predominncia de qualquer um deles. O olhar dirige-se para a frente. O brao esquerdo do homem est levantado e empunha uma vara de nogueira, onde ainda se vm os vestgios de quatro galhos cortados. Seu brao direito cai mansamente; os dedos da mo pairam por cima da mesa. O quadro, no seu conjunto, d uma impresso profundamente real, embora no concretizada [2] demasiadamente. ARCANO I

ALEPH

Dirigindo nossa ateno para a construo do smbolo Aleph, vemos nela uma aluso trindade, apresentada na forma de duas partes, ligadas por uma terceira. A lmina correspondente do Tar representa um homem de p, cujo brao esquerdo erguido empunha uma vara. O seu brao direito est abaixado e a mo aponta para a terra. Em linhas gerais, a imagem

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lembra o prprio smbolo Aleph. Acima da cabea do homem vemos o signo do infinito. Uma fita de ouro cinge a cabea e um cinto, tambm de ouro, a cintura. Na sua frente, uma mesa em forma de cubo e nela se acham trs objetos: um clice, uma espada e uma moeda. Deste modo, alm da indicao da triplicidade (o prprio corpo do homem neutraliza os dois braos orientados em direes opostas), a lmina nos mostra quatro objetos misteriosos. Vamos, em primeiro lugar, estudar a posio oposta dos braos: Em todos os campos de conhecimento encontram-se binrios, ou seja, o conjunto de duas polaridades opostas. Os metafsicos falam de essncia e substncia dois objetivos a serem estudados opondo-se um ao outro. A cincia fala dos princpios, opondo-se aos fatos. Um outro exemplo de binrio freqentemente mencionado o esprito-matria. Na vida diria encontramos os binrios: vidamorte conscinciapoder de realizao bemmal Os campos mais especializados da cincia nos oferecem vrios binrios, tais como: luz-sombra, calorfrio, etc. Nos assuntos especializados, na maioria dos casos, fcil achar a neutralizao dos binrios, ou seja, o terceiro termo, o mdio, que constitui a passagem de um dos elementos extremos ao outro, estabelecendo assim uma escala trplice, formada por trs graus da mesma manifestao. Conseqentemente, os dois, por meio do terceiro se unem numa unidade. Entre a luz e a sombra se coloca a penumbra, obtendo-se assim graus de iluminao ou, se preferirem, graus de escurecimento. Entre o calor e o frio, existem as temperaturas intermedirias. Entre uma classificao alta e outra baixa, temos a mdia. Entre as correntes positivas e negativas o estado neutro. O antagonismo sexual: marido mulher, neutraliza-se pelo nascimento da criana e os trs elementos se unem formando um s: a famlia. E assim por diante. Notemos que o termo mdio possui o que podemos chamar de construo dual, ou seja, caractersticas semelhantes aos dois termos extremos. Nem todos os binrios, porm, podem ser facilmente neutralizados. Podemos neutralizar satisfatoriamente o binrio essncia-substncia pelo termo NATUREZA. Mas, no ser fcil neutralizar os binrios: EspritoMatria Vida Morte Bem Mal ou mesmo o nosso binrio: ConscinciaPoder realizador Definiremos o termo INICIAO como sendo o poder de neutralizar os dois ltimos binrios mencionados. Esta cincia fazia parte dos antigos Grandes Mistrios. Os Pequenos Mistrios abarcavam um conjunto -de conhecimentos que se Integravam no que, hoje em dia, chamamos de instruo geral. A neutralizao do binrio esprito-matria objeto da Iniciao Terica. Os trs grandes binrios

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restantes da Iniciao Prtica. Passemos agora s idias gerais referentes escala unitria em forma de trs degraus. Notemos o princpio hierrquico que rege a construo do escalamento ternrio. O degrau superior, sendo da mais alta hierarquia, mas idntico em essncia aos outros degraus como se fosse simplesmente refletido nesses degraus, porm gradualmente diminudo de intensidade. Deduz-se -que o poder subalterno distingue-se do poder superior apenas pela amplitude e intensidade de competncia, e no pelo carter da mesma. Conseqentemente, um chefe comum de alguns subalternos, responsveis por tarefas diferentes, deve possuir em si a sntese das competncias dessas diversas especializaes. Notemos tambm a idia de continuidade da passagem entre um e outro degrau. Marcamos apenas trs, mas, na maioria dos exemplos citados, a passagem de um degrau para outro fludica e ininterrupta.

Figura 1 Do estudo dos ternrios deduzimos que sua gnese pode ser dual. Podemos comear pelos extremos, como o fizemos, e chegar ao mdio. Chamaremos esta gnese de tipo geral de ternrio (figura 1). O signo "+" corresponde ao plo positivo, isto , quele princpio do binrio que consideramos expansivo, masculino. O signo "" corresponde ao plo negativo, atrativo, feminino do binrio. A letra "N" representa o termo do meio, o neutro, o andrgino. Em muitos casos podemos tambm comear pelo termo do meio e, pela sua diviso, determinar seus plos. A eletricidade neutra, pelo processo de frico de superfcie, separa-se em eletricidade positiva "+" e negativa "". Nada nos impede de ver na penumbra uma sombra parcialmente iluminada pela luz. A criana apresenta por um lado caractersticas absorventes, assimilando diversos elementos, alimentandose e crescendo. Por outro lado, ela demonstra uma atividade, uma expanso, que se estende aos objetos exteriores. Nela, as duas caractersticas esto unidas podendo, no entanto, figurar separadamente em nosso pensamento. Em tais casos teremos um outro tipo de ternrio, ao qual daremos o nome de "TERNRIO DO GRANDE ARCANO". (figura 2).

Figura 2 Deixaremos por enquanto as idias e passaremos ao mtodo de obt-las.

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Hoje, usando algumas analogias, nos aproximamos do assim chamado Simbolismo. Mas, o que simbolismo? um mtodo de analogia aplicado a um caso particular. Vejamos o ternrio: Luz Penumbra Sombra. Sob estes elementos colocamos outros ternrios, e tambm sob os elementos extremos outros binrios no neutralizados. Exemplo: Luz Penumbra Sombra Alta Mdia Baixa Essncia Natureza Substncia Esprito Matria Vida Morte Se compararmos os 3 ternrios com os 2 binrios, poderemos chegar aos termos neutros dos ltimos, por analogia, porque os 3 ternrios, cujos termos neutralizadores so conhecidos, nos sugerem a idia. Tal caso seria um exemplo do Poder de Realizao do Smbolo no mundo metafsico-lgico. Como vemos, na quarta linha no conseguimos neutralizar o binrio "esprito-matria". O poder "realizador" do smbolo no se manifestou ainda aqui. Apenas chegamos a uma possibilidade de comparao condicional: se assemelharmos o esprito luz, e a matria sombra, ento, o termo procurado anlogo "penumbra". Isto j alguma coisa. Voltemos ao estudo da lmina do primeiro Arcano Maior. A figura representa um homem, isto , um ser individual e significa que o Arcano da Unicidade , ao mesmo tempo, o Arcano da Individualidade. Se alguns elementos chegarem a ser unificados, o grupo passar ento a viver uma vida individual. Cada clula viva. Se vrias clulas se unem num grupo e formam um rgo, esse rgo passar a viver uma vida individual. Os rgos, agrupando-se, formam um organismo, o qual, por sua vez, vive tambm uma vida individual. Todos os reinos orgnicos do planeta, incluindo o mineral, juntos, formam uma manifestao individual e viva chamada planeta. Um grupo de planetas constitui um sistema planetrio, e assim por diante at o infinito. Em geral, uma clula se considera independente e luta com outras clulas por interesse prprio, ignorando a vida do rgo e do organismo do qual faz parte. Para ela este um ambiente em que evolui sua pequena vida prpria. Um sbio acadmico, assemelhando-se a essa clula, do mesmo modo irreverente para com a Terra e o sistema solar, negando-lhes vida individual e considerando-os apenas como o ambiente inanimado no qual se desenrola sua prpria e benfica atividade. A Terra, por sua vez, encara a vida do sbio com o mesmo desprezo que este manifesta em relao s suas clulas que se renovam. O Arcano I nos ensina que essas individualizaes existem, e que no somente um grupo de tomos se individualiza, em nome da vida, na forma de molcula, mas que at uma corporao formada por um grupo casual de homens, se individualiza e, por isso mesmo, passa a viver uma vida corporativa, tratando com desprezo os pequenos interesses particulares de cada um de seus membros . Essa idia universal foi expressa por Cristo no seguinte texto: "Onde houver dois ou trs reunidos em Meu Nome, Eu estarei entre eles" (Mateus XVIII, 20). Fora do Logos no h vida realizada, portanto, a

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expresso "em Meu nome" significa "em nome da vida". Voltando lmina I, notamos que ela representa um Homem de p, postura que corresponde ao elemento positivo. Isto nos servir de indicao para o ttulo do Arcano. Os esoteristas chamam-no de "Magus" (Mago); na linguagem comum, seu nome em francs "Le Bateleur", ou seja, um prestidigitador popular que atua nas feiras. Para ns ele representa um ser individual ativo. Se, no universo, admitirmos trs elementos bsicos: o Arqutipo, o Homem e a Natureza, poderemos estabelecer um ternrio teosfico e dar ao Arcano um ttulo em cada um destes trs planos: 1. No plano do Arqutipo (aspecto ativo) "Divina Essentia" 2. No plano da Humanidade (aspecto ativo) "Vir", o Homem 3. No plano da Natureza (aspecto ativo) "Natura Naturans" (na terminologia de Espinosa). Neste breve curso, estudaremos o que significa o Homem do nosso Arcano e sua caracterstica individual, manifestada atravs de sua atividade. Na atividade do Homem percebemos, antes de tudo, o grande binrio: Esprito Matria O homem, espiritualmente, vive no plano das idias. Por outro lado, ele se expressa no plano fsico, material, isto , na regio onde as percepes se realizam pela reao dos sentidos aos objetos que chamamos de objetos concretos ou materiais. O nosso primeiro esforo no caminho da auto-iniciao, ser procurar neutralizar o binrio acima mencionado. O que pede ligar o esprito com a matria? O que poder constituir para ns a passagem do plano das idias para o plano dos objetos concretizados? Responderemos: O plano no qual a Energia determina as Formas. Eis aqui o esquema do nosso ternrio escalonado: Esprito Energia Matria Idias Formas Objetos Materiais Chamaremos esse plano intermedirio de "Astral" e, aos extremos, daremos os nomes de "Mental" e "Fsico". A passagem do Mental ao Astral se faz pelo processo de agrupamento, confronto e adio, ou, expressando-nos mais exatamente, pelo processo de condensao progressiva das idias, regido pela grande Lei da Individualizao das Coletividades, acima exposta. Se, a uma idia geral de polgono, acrescentamos a idia de igualdade de seus elementos lineares e angulares, conceberemos uma idia nova mais condensada, mais precisa, de um polgono regular. Ligando a ltima idia com a idia do nmero quatro, aparecer a imagem de um quadrado, imagem que j pode ser considerada como fazendo parte das formas. De modo semelhante, podemos passar do plano Astral para o Fsico. Um disco metlico fixo sobre um

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eixo no riscar um diamante, mas se ao mesmo disco imprimimos um rpido movimento circular ou, em outras palavras, aumentamos a quantidade de sua energia cintica, ou ainda, concentramos nele novas propriedades astrais ento passar a riscar o diamante. Assim, pela condensao do astral, podem ser modificadas as propriedades puramente fsicas, neste caso, a dureza da periferia do disco. A passagem do astral para o fsico realizou-se, embora apenas parcialmente. Se algum se concentrar no desejo de que uma pessoa que se encontra em outro aposento, execute um determinado movimento, essa concentrao consistir numa condensao de idias em imagens, isto , formas. Mantendo na imaginao essas formas, ou, em outras palavras, condensando o astral, conseguiremos que o movimento desejado seja executado. Haver uma manifestao acessvel aos sentidos, pertencendo, portanto, ao plano fsico. De novo teremos a realizao da mencionada passagem. Pode-se objetar que, no primeiro exemplo, o disco imvel j possua um certo grau de dureza uma propriedade fsica e que, pela condensao do astral, esse grau de dureza apenas foi aumentado; que, no segundo exemplo, o magnetizador no apenas utilizou sua imaginao, mas, tambm, controlou sua respirao de acordo com regras definidas e talvez mesmo executou um ou outro movimento com o corpo, momentneo ou contnuo, rtmico ou no. A essas objees podemos responder com o aforismo alqumico: "Para fazer ouro, preciso ter ouro". Esta a lei que rege a maioria dos processos que tm lugar no campo das manifestaes realizadas. No exigido de ns que recriemos o Universo e nem sabemos quanto tempo seria preciso para isso. suficiente que tomemos um ponto de apoio nas realizaes j prontas. Somos parecidos com o homem que joga pequenos cristais dentro de uma soluo saturada para provocar uma rpida cristalizao geral dessa mesma soluo. A maioria das operaes mgicas, realizadas, possui a mesma caracterstica: uma escolha adequada dos pontos de apoio. No possumos a compreenso do mecanismo da coagulao. Sabemos apenas como utilizar a "mquina" que j existe. Podemos, pelo esforo intenso e perseverante do intelecto e da vontade, chegar a escolher entre as mquinas, a mais simples e eficaz, mas, a construo da mesma, no assunto nosso. Para isto, como aprenderemos mais tarde, h entidades especiais, conhecidas sob o nome de ANJOS (dentro dos limites do plano mental), SPRITUS DIRECTORES (no plano astral) e ELEMENTAIS (no plano fsico). A cada um cabe uma funo. Assim, vamos procurar distinguir em todo o Universo e em cada um dos elementos que o compem, mesmo que seja aproximadamente, as esferas dos trs planos: mental, astral e fsico. Elas se interpenetram, mas podem ser estudadas separadamente. No HOMEM, conseqentemente, discernimos trs elementos componentes: "MENS" ou esprito, "ANIMA" ou alma, chamada tambm corpo astral ou astrosoma e, finalmente, "CORPUS" ou corpo fsico. Caso o homem se dedique ao trabalho intelectual, diremos que Mens e Anima nele esto mais ativos do que o Corpus. Caso prevalea a vida passional ou o trabalho da pura imaginao, ativo ou passivo, a preponderncia pertence a Anima e assim por diante. A Mens humana, coagulando-se, determina a sua Anima; esta, coagulando-se por sua vez e tomando um ponto de apoio no plano fsico, nos elementos materializados mesmo que seja de forma sutil fornecidos pelos pais, cria para si um corpo fsico, tanto para a vida intra-uterina como para a vida externa.

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De acordo com a forma j planificada, a alma sustenta as funes do corpo fsico, reparando seus eventuais danos. Falar de como a Mens dirige as funes da alma, e como tambm ela procura, eventualmente, repar-la, seria ainda cedo demais. Terminando o presente captulo, desejamos acrescentar ainda que nada nos impede de substituir a nossa tosca diviso ternria do Universo e do Homem, por outra, mais detalhada, na qual os planos j enumerados dividir-se-o em sub-planos. Em breve o faremos. LMINA II No fundo, sustentada por uma barra de ouro, uma grande cortina de veludo de cor violeta-escuro desce at o cho. A barra se acha colocada entre duas colunas de estilo egpcio, feitas de grandes blocos de pedra assentadas sobre slidas bases. Uma das colunas, a da direita, vermelha e a da esquerda, de cor azul escuro. Trs degraus de arenito bege-cinza descem a partir do nvel onde se elevam as colunas. Entre as colunas, altura do degrau superior, se acha um cubo no qual est sentada uma mulher. Uma faixa cinge sua testa e se prolonga por um vu semi-transparente, cobrindo o rosto at o queixo. Dos ombros, cai um manto-tnica de seda, de cor violeta, disposto de forma a deixar descobertos o peito e a metade do corpo da mulher. Entre os seios, uma cruz solar de ouro. O manto envolve totalmente a parte inferior do corpo, escondendo at seu contorno. A mulher segura um rolo de papiro, meio desdobrado, porm no se pode distinguir o que nele est escrito. Sobre a cabea podemos ver um adorno egpcio constitudo pelos chifres de uma vaca que formam um crescente lunar. Entre os chifres, um disco de prata opaca: a lua cheia. O quadro se apresenta bem arejado, mas com pouca luz que parece vir pela frente. ARCANO II

BETH

As manifestaes superiores do homem, na sua vida terrestre, so o intelecto e a vontade. A harmonia resulta da neutralizao desse binrio. Voltemos ao ternrio: Esprito Astral Matria. muito importante que, tanto o esprito como o astro-soma e o corpo do homem sejam sos. A mnada mental humana , em si, sadia, devido a sua origem elevada de que falaremos mais adiante. Contudo, indispensvel que ela seja ativa no homem. Sendo assim, ele possui conscincia a qual poderia ser identificada com o grau de suas aspiraes espirituais. Um astrosoma sadio fornece o elemento chamado Harmonia da Alma ( o terceiro elemento do binrio conscincia poder). Essa harmonia garante a expresso da totalidade passional do homem, totalidade essa que, na linguagem comum, se chama Personalidade. Se algum nos informa "como" e "o que" deseja, conheceremos ento o seu "eu". Um corpo sadio assegura uma transmisso correta dos impulsos da vontade do homem; equilibra a esfera das necessidades fsicas e traz o elemento do poder realizador.

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O que conveniente estudar em primeiro lugar? O corpo fsico, o astral ou o esprito? Do corpo e suas funes tratam outras especializaes. As manifestaes do esprito e suas aspiraes no so desconhecidas aos pensadores e pessoas atradas pela filosofia. A nossa tarefa, presentemente, ser estudar o astrosoma e, conseqentemente, o mundo astral como seu ambiente. Da mesma forma que precisvamos primeiramente compreender o que o homem, como unidade ativa, o passo seguinte deve ser procurar conhecer o mundo astral. O Arcano II est associado ao signo Beth do alfabeto hebraico e ao nmero dois. Ao Arcano I corresponde o hierglifo HOMEM; ao Arcano II corresponde a BOCA HUMANA. O nome erudito da segunda lmina do Tar GNOSIS (conhecimento). Os ocultistas chamam-na, s vezes, A PORTA DO SANTURIO. O nome comum A PAPISA. A lmina apresenta no segundo plano duas colunas: a vermelha, geralmente com o signo do sol, se chama JAQUIM; a outra, de cor azul-escuro (s vezes preta), decorada com o signo da lua, tem o nome de BOAZ. A meia-lua existente entre as colunas corresponde ao ESPAO MDIO da linguagem manica. Na lmina, esse espao est oculto por uma cortina. No primeiro plano vemos uma mulher sentada num assento cbico. O smbolo do infinito, acima da cabea do homem da lmina precedente, substitudo aqui pelo adorno chifres e lua cheia sobre a cabea da mulher. Seu rosto est coberto por um vu semitransparente e a figura inteira envolta em ampla vestimenta. No regao, ela segura um rolo de papiro (s vezes um livro) meio encoberto pelas pregas da vestimenta. No peito, uma cruz, cujos braos so de igual comprimento. Os nomes do Arcano II, nos planos de: Arqutipo, Homem e Natureza so, respectivamente: "Divina Substantia", "Femina" e "Natura Naturata". Trataremos de estudar esse Arcano. 1. Seu valor numrico indica que a Unidade deve ser dividida em dois e polarizada cada vez que deseja participar do processo da vida. 2. A prpria figura da letra Beth, assim como as duas colunas, mostram claramente o mtodo que prevalece nas dedues da cincia oculta. Lembremos a grande Lei da Analogia, cuja frmula, nos versos da Tbua Esmeraldina, , na sua traduo latina, expressa como segue: "Quod est inferius est sicut quod est superius, Et quod est superius est sicut quod est inferius Ad perpetuanda miracula rei unius" Ou seja: "O que est em baixo semelhante (anlogo no igual) ao que est em cima, e o que est em cima semelhante ao que est em baixo para perfazer as maravilhas da coisa nica". Notemos que a parte superior da letra Beth apenas semelhante inferior, e que a coluna da direita apenas semelhante coluna da esquerda, mas no so iguais. Essa indicao do mtodo para adquirir o conhecimento, junto com a representao da "Porta do Santurio" na lmina, justificam o nome "GNOSIS" dada ao Arcano II. 3. Os chifres indicam o princpio binrio. Tambm as colunas mostram o princpio binrio, mas, entre elas, est sentada uma mulher um ser individual que deve neutralizar esse binrio. A mulher o smbolo da passividade e ainda mais quando est sentada. Essa postura demonstra um estado de expectativa, de meditao e receptividade que deve possuir aquele desejoso de estudar. Alm disso, a

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lmina nos diz que os segredos da cincia so acessveis somente a uma inteligncia penetrante eles esto meio ocultos por um vu. Os resultados das investigaes cientficas dos sbios so registrados nos escritos; as leis da Natureza no seu livro vivo. Entretanto assimilar o conhecimento neles contido, s possvel sob as pregas da vestimenta ou manto que nos isola da agitao mundana, dos condicionamentos e outras influncias prejudiciais. O hierglifo do Arcano a Boca Humana simboliza um refgio, um lugar onde possvel se abrigar, um edifcio ou templo consagrado ao estudo. As duas mandbulas que so parecidas, mas no iguais, ilustram a Lei da Analogia acima exposta. 4. O Arcano mostra a importncia do estudo aprofundado do binrio: princpio masculino princpio feminino. No Arcano I, notamos acima da cabea do homem o smbolo unitrio do infinito: . No Arcano II, encontramos os chifres, ou seja, um elemento mais tangvel. A me # mais materializada do que o pai. O passivo sempre mais concretizado do que o ativo. O elemento sutil, ativo, fecunda o elemento passivo, mais tangvel. Entretanto, o passivo deve ser condensado medida exata do ativo, e deve lhe convir. Qual a finalidade da existncia desses dois elementos? A finalidade o prprio ato de fecundao. No Arcano II ele simbolizado pela cruz sobre o peito da mulher. A parte vertical da cruz o "PHALLUS", a horizontal "CTEIS". Essa cruz solar tem exatamente o mesmo significado que o "STAUROS" do simbolismo gnstico (figura 3) ou "LINGAM" do simbolismo indu (figura 4).

Figura 3 Figura 4 Os mesmos princpios sero apresentados de um modo mais filosfico no Arcano X por "IOD" como princpio masculino e "HE" como feminino. O Arcano II pertence ao princpio feminino. A lua, presente na lmina, indica tambm o princpio da maternidade. A lua correspondncia astrolgica desse Arcano a Me Universal. Assim, o Arcano II nos lembra o binrio e indica claramente sua fecundidade. Vejamos, de forma resumida, as fases bsicas dessa fecundidade. Tomemos da mecnica o exemplo de duas foras iguais, mas de direes opostas que, aplicadas a um ponto material, condicionam o equilbrio desse ponto. Esse tosco esquema de um binrio nos ajudar a compreender que, em geral, as manifestaes so produtivas devido existncia de uma oposio; sem ela permanecem improdutivas. Que utilidade haveria em propagar a caridade num ambiente perfeitamente caridoso? Para que irritar uma pessoa se ela absolutamente no reage a essa provocao? Que resultado daria a tentativa de apoiar-se sobre algo que no apresenta nenhuma resistncia e cede ao menor contato? preciso sempre levar em considerao essa regra quando queremos realizar algum "modus vivendi", quer dizer um equilbrio, seja qual for o campo de sua aplicao. A linha que delimita o campo positivo e o negativo no binrio e que os equilibra, pode ser deslocada, de acordo com as circunstncias, mas o equilbrio do momento sempre regido pelo esquema acima exposto. Uma ao ou um comportamento que neutraliza o grande binrio do bem e do mal, pode, em

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qualquer momento, cair no campo do bem ou do mal; em cada uma dessas eventualidades, o binrio ter que ser neutralizado atravs de uma ao ou um comportamento diferente. Em determinadas condies pode ser indicado limitar-nos simplesmente a no prejudicar uma pessoa e, poderemos, cinco minutos mais tarde, sentir que a nossa conscincia nos obriga a auxili-la atravs de uma determinada ao benfica e elevada. A linha divisria, equilibrante, deslocou-se, mas o princpio de neturalizao no mudou. Passemos agora a uma outra fase da aplicao do binrio. A primeira fase chamaremos condicionalmente de esttica; a segunda, de dinmica. Apliquemos duas foras iguais e paralelas, agindo, porm, em direes opostas, em dois pontos de um corpo slido. Com isto evocaremos a idia de um movimento rotativo. exatamente o que queramos obter; alis, queremos obter ainda mais: a idia de um movimento tempestuoso, de um turbilho. A seguir, imaginemos esse movimento aplicado matria astral: os impetuosos vrtices astrais provocados pelo poderoso esforo de vontade e imaginao, formando turbilhes que se espalham e crescem como trombas e so regidos pelas mesmas leis. No permitido revelar o segredo da formao geral dessas trombas, mas podemos aludir a um caso particular em que o homem, instintivamente, cria esses turbilhes, os quais formam coagulatos individualizados de matria e podem ser claramente percebidos, provando assim seu poder realizador; esse trabalho est ligado ao assunto da neutralizao do binrio Vida-Morte. Mencionamos tambm outro binrio inicitico: Esprito-Matria neutralizado pelo astral como plano mdio. Quais so os meios para conhecer esse plano? Existem geralmente dois mtodos para obter esse conhecimento: 1. O mtodo indutivo, pelo contato com os habitantes desse plano e o registro dos resultados dessas relaes. 2. O mtodo dedutivo, partindo da definio do plano astral. Considerando o grau de desenvolvimento oculto de nossos estudantes, apenas o segundo mtodo lhes acessvel. Vamos segui-lo: O plano astral, por definio, adjacente aos planos mental e fsico. Deve, portanto, possuir marcas ou reflexos dos elementos das regies que lhe so limtrofes ou prximas, em ambos os planos. As coletividades de idias j condensadas e tipicamente agrupadas possuem um reflexo no plano astral. So as assim chamadas ASTRO-IDIAS, isto , idias que j esto assumindo uma forma. As ASTRO-IDIAS podem ser captadas por metafsicos e cientistas, naqueles momentos do seu trabalho mental em que surge o problema de envolver numa forma uma idia j acalentada. Acontece freqentemente que a mesma ASTRO-IDIA captada por diversas mentes, dos sub-planos prximos um do outro, e ento que podemos ver o aparecimento simultneo de dois ou mais sistemas, muito parecidos, mas no iguais em sua forma. Como exemplo temos o aparecimento do clculo infinitesimal, introduzindo de um lado por Leibnitz clculo diferencial e de outro por Newton mtodo das fluxes. Os acontecimentos e as aes realizadas no plano fsico, refletem-se no plano astral como num espelho, atravs dos sub-planos superiores os mais sutis do plano fsico. Esses reflexos se fixam de forma duradoura, formando os assim chamados CLICHS ASTRAIS dos acontecimentos do plano fsico. A esfera astral no est sujeita s leis limitadas do espao de trs dimenses, nem do tempo de uma

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dimenso. Ali podem ser encontrados no apenas os clichs de acontecimentos passados, mas tambm, de acontecimentos futuros. Podemos objetar que os acontecimento futuros dependem, at certo ponto, dos impulsos volitivos e do livre arbtrio dos indivduos. Sim, est certo. Cada desejo, cada medida tomada no plano fsico pode, em parte, modificar os clichs do futuro e pode at apag-los; no entanto, quanto mais alto for o sub-plano astral no qual se encontra o clich do futuro acontecimento, menos possibilidade haver de ser ele modificado, e mais infalvel ser a sua predio. Aqui existe um grande mistrio: o do livre arbtrio; o mesmo mistrio que rege em geral a criao dos turbilhes astrais. Devido a isto, a exposio deste assunto pode parecer nebulosa e apresentar contradies; todavia, elas so apenas aparentes. Se os cientistas so digamos "caadores" de astro-idias relativas cincia, todos os "clarividentes" e diversos adivinhos do futuro so "caadores" dos clichs astrais. Tais clichs podem ser captados por eles durante o transe, sono ou outros estados onde h preponderncia da atividade astral no ser humano. Os clichs que mais se destacam e mais atraem a ateno so os que mostram anomalias ou acontecimentos de carter grandioso. Os clichs de grandes crimes, catstrofes, como tambm de acontecimentos felizes de mbito mundial, se percebem com mais facilidade. No caso da pessoa possuir um certo grau de sensibilidade, esses clichs podero at ser percebidos no estado de viglia. Vamos supor agora o caso de algum conceber um desejo mau de uma forma bastante comum. Essa pessoa ainda no realizou o tal desejo no plano fsico, mas j esboou o quadro astral de sua m inteno. Assim fazendo, ela coagulou o astral e, ajudada pela grande lei de individualizao das coagulaes, criou um ente. O ente criado um astrosoma tipicamente formado, que no possui corpo fsico; no entanto, possui algo semelhante a uma mnada mental a prpria idia do desejo concebido. Este ente, de acordo com a natureza limitada de sua "mnada", pode atuar apenas dentro da esfera da idia que o criou. Sobre quem estender-se- sua influncia? Antes de tudo, sobre seu "pai", o criador do quadro. A partir desse momento, a LARVA (nome dado a um tal ente) no deixar de instigar seu autor, para que no esquea o seu desejo, para que renove o impulso que a criou e com isso a fortalece. Tambm poder essa larva exercer sua influncia sobre um outro ser humano, pronto para desejar as mesmas coisas e de uma forma parecida. Ser o caso em que se diz que a larva de Fulano apegou-se a Sicrano. Como libertarse dessas larvas, prprias e alheias? Recomendamos trs mtodos: 1. Um esforo consciente da vontade, o desejo firme de no submeter-se larva, de venc-la e rejeit-la; de agir como um pintor que olhasse com grande desprezo uma pornografia por ele pintada. 2. A concentrao do pensamento e da imaginao sobre outro assunto ou outro desejo; uma forte absoro neste segundo assunto impedir a ligao com o primeiro. A orao a forma mais aconselhvel. Cada orao um ato de concentrao e, invertendo o processo, podemos dizer que cada concentrao pode ser definida como orao, seja ela dedicada a Deus, a si mesmo ou ao diabo, de acordo com a natureza da concentrao. (Pelo nome de "diabo" entendemos a deturpao, at o ltimo limite, do esquema dos Princpios Superiores atravs de reflexos e refraes deformados ao ponto de transformar esse esquema numa sntese de completa anarquia). Este mtodo pode ser comparado ao fato de virarmos as costas para um quadro que fere nossa sensibilidade e contemplar outro, mais belo. 3. A destruio das larvas com a espada mgica, utilizando o poder realizador e o apoio do plano fsico. A espada deve possuir uma lmina metlica, fixada a um cabo isolante de madeira, de ebonite, etc, ou ento, ser separada da mo do operador por uma luva isolante de seda, de l, de pele, etc. O poder da espada mgica est no fato de que os turbilhes astrais mudam de carter quando prximos a uma lmina ou ponta metlica, e isto de forma to violenta que, caso a lmina toque o n ganglionar da larva,

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provocar a sua completa destruio. Na utilizao deste mtodo, a larva deve ser procurada na chamada "aura" (atmosfera de emanaes astrais que envolve o corpo) do sujeito vitimado por ela. Esse processo assemelha-se destruio de um quadro indesejvel, rasgando inteiramente a tela na qual foi pintado. Vamos supor agora que um homem inteligente e capaz de concentrao, conceba, pelo contrrio, um pensamento bom, esboando para o mesmo uma forma. Encontrando outras pessoas que pensam de modo igual, conversa com elas a respeito de sua idia e, juntos, elaboram a forma que lhe deve ser dada. Cria-se assim uma coletividade humana que pensa na mesma idia e lhe confere a mesma forma. Os contornos de uma determinada figura ficam delineados e cada um dos participantes desse trabalho, passando "o lpis" nesses contornos, torna a figura cada vez mais clara e visvel. A idia comum dessas pessoas provoca o nascimento de um astrosoma, chamado EGRGORA de uma coletividade. Essa egrgora, como todo astrosoma, protege, restabelece e estimula o corpo fsico da coletividade, ou seja, cuida de todos os recursos fsicos de seus membros que possam ser teis para a realizao da idia. A egrgora de uma sociedade de beneficncia, por exemplo, incitar seus membros a trabalhar e fazer contribuies de toda espcie, ajudar no sentido de aumentar o nmero de scios, de substituir por novos membros aqueles que se afastam, etc. As egrgoras das coletividades que so inimigas no plano fsico, lutam entre si no plano astral. Se, no plano fsico, os inimigos da coletividade destroem os corpos fsicos de seus membros, os astrosomas das vtimas vm reforar sua egrgora no plano astral. Lembremos o caso da perseguio aos adeptos da cristandade primitiva pelos judeus e pagos, que terminou com o triunfo da egrgora crist. Voltaremos ainda a falar das egrgoras no estudo do Arcano X. No momento em que o homem chega ao fim de uma de suas encarnaes, seu corpo se desagrega. De acordo com as leis da Natureza, todos os elementos que compunham esse corpo, incluindo a fora vital do sangue e mesmo a energia das manifestaes nervosas, voltam com maior ou menor demora ao seio da Natureza, para serem utilizados em outras formaes. Todavia, o ser humano, composto ento de mnada espiritual e do astrosoma, continua a sua existncia. Nessa fase, ele chamado de ELEMENTAR. O mais inferior dos planos em que ele pode processar a sua evoluo o plano astral. Pode s vezes, manifestarse no plano fsico. Porm, essas manifestaes so condicionadas ao mediunismo de determinadas pessoas. Eventualmente, pode "emprestar" a essas pessoas elementos dos sub-planos intermedirios entre o fsico e o astral, ou seja, sub-planos inferiores do astral e sub-planos superiores, mais sutis, do fsico. Para corroborar este processo necessria tambm, ou a passividade temporria do mdium, ou a vontade concentrada de um mago, ou ainda a vontade coletiva de uma corrente mgica (como, por exemplo, a que impera durante as sesses espritas), ou ainda o poder e a direo de uma egrgora ou outra entidade semelhante. Contudo, os contatos com o plano fsico constituem casos particulares. Geralmente, a vida normal do elementar consiste em examinar e meditar sobre os clichs astrais e conviver com outras entidades do mesmo plano. So elas suas companheiras de estudo, de sofrimento relativo ao autojulgamento, de preparativos para as encarnaes futuras. Entre os encontros passageiros que se realizam no plano astral, muito interessantes so os contatos com os astrosomas exteriorizados dos seres humanos vivos. Um homem encarnado pode, consciente ou inconscientemente, concentrar sua atividade na esfera astral, de tal modo que suas funes fsicas chegam a reduzir-se ao mnimo. preciso saber que o astrosoma no se limita a formar o corpo humano no ventre materno e a dirigir seu desenvolvimento depois do nascimento, mas tambm sustenta a sua forma, rege a substituio das clulas, repara os danos e, quando chega a hora da desagregao do corpo, dirige tambm este processo. Logo nos primeiros tempos aps a morte fsica, o elementar se dedica ao processo de desagregao do

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seu corpo fsico e do fantasma dos fluidos nervosos. Podemos dizer que o astrosoma Brahma, Vishnu e Shiva para seu corpo material. A atividade do astrosoma, relativa a seu corpo fsico, particularmente intensa durante o sono, pois ento a MENS no utiliza os servios do astrosoma como instrumento de transmisso, e o mesmo pode ocuparse com o trabalho "corriqueiro", isto , com os assuntos de nutrio, de tratamento dos rgos, etc. Nos casos em que o astrosoma tem pouco a fazer, por exemplo, quando o organismo se acha em estado de letargia, catalepsia, estados chamados de transe, etc, o astrosoma est quase livre e pode se manifestar com bastante energia em relao aos objetos externos; pode se dedicar cura de um corpo alheio (nesse caso o corpo astral do curador se exterioriza em direo ao doente); pode, assim, tomando a energia fludica de um mdium, ou mesmo do seu prprio corpo fsico, revelar-se distncia por manifestaes mecnicas, pancadas, transporte de objetos, toques em algum, efeitos de luz, aparecimento da imagem de sua prpria pessoa longe do lugar onde se acha seu corpo fsico, etc. Essa manifestao da energia astral humana, distante do seu corpo fsico, devida sada em corpo astral ou exteriorizao do astral. J que as emoes pertencem atividade astral, a exteriorizao pode acontecer inconscientemente nos casos de grande medo, grande infortnio ou tambm nos estados particulares de sono, de letargia ou catalepsia. Os magos e feiticeiros podem exteriorizar-se conscientemente, quando querem manifestar sua atividade distncia. Sendo que cada "Iod" tem seu "He", cada manifestao de energia positiva, distncia, ser acompanhada de uma manifestao de energia negativa, isto , de estado de receptividade e percepo distncia, nos respectivos sub-planos astrais. A exteriorizao perceptiva praticada para examinar o clich astral de um acontecimento terrestre, para captar uma astroidia, para resolver um complicado problema terico, para conhecer pela experincia o ensinamento recebido teoricamente, etc. A MENS humana durante esse tempo no trabalha muito; sua atividade bipartida. Ela acompanha por um lado o corpo astral, abastecendo-o com um determinado grau de impulsos volitivos em sua jornada; por outro, ela participa parcialmente na tarefa de vigiar o corpo fsico que, durante a exteriorizao do astrosoma, fica exposto a vrios perigos reais de que falaremos mais adiante. Essa viglia da MENS garante, at certo ponto, uma rpida volta do astrosoma ao corpo fsico em caso de perigo iminente. Em relao ao papel do corpo astral do homem, vale a pena fazer duas observaes: 1. Se o corpo fsico danificado na ausncia do corpo astral, isto , no momento da exteriorizao, a dor ser menos aguda e a reparao do dano mais rpida. Por exemplo, se, no momento em que uma pessoa ferida fisicamente, ela consegue se exteriorizar, mesmo que seja parcialmente, o sistema dos turbilhes astrais ser pouco atingido e o astral, reintegrando seu corpo fsico, reparar melhor e mais rapidamente o dano. Essa capacidade do astrosoma explica as demonstraes dos faquires que transpassam com facas vrias partes do corpo, as quais logo ficam curadas, devido a atividade enrgica do astrosoma que volta ao corpo aps um curto afastamento. 2. Se, pelo contrrio, o sistema de turbilhes astrais for ferido (por exemplo por uma espada mgica) durante a exteriorizao do astrosoma, isto , quando no usava o corpo fsico como ponto de apoio, a ferida ser perigosa para o corpo astral e afetar suas manifestaes inferiores, entre as quais a sustentao e proteo do corpo fsico. Mesmo se apenas um n ganglionar secundrio for atingido, o dano que sofreu o astrosoma provocar, aps a sua volta, a formao de uma ferida naquela parte do corpo fsico que estava protegida pela atividade do sistema ganglionar atingido. Quanto mais baixo o subplano em que o astrosoma se exteriorizou, tanto mais sentida ser a ferida.

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Resta dizer algumas palavras sobre os "ELEMENTAIS" que os manuais de estudo ocultista incluem geralmente entre os habitantes do plano astral. Eles no so entidades astrais. Os elementais possuem: 1. Uma mnada mental, dirigida a uma atividade involutiva especfica. 2. Um astrosoma que d forma a essa atividade. 3. Um corpo fsico, invisvel em circunstncias normais devido a sua homogeneidade com o ambiente no qual os elementais atuam. Os elementais regem e dirigem as manifestaes qumicas e fsicas, diversos processos fisiolgicos, etc. Quando o corpo desses elementais predominantemente gasoso, eles so chamados Silfos; quando aquoso, Ondinas, e quando slido, Gnomos. Se o corpo deles mais sutil e, pela sua consistncia se assemelha mais quilo que chamamos de ter universal, so ento denominados Salamandras. Existem tambm criaturas que possuem somente a mnada mental e um corpo astral. Trabalham na corrente involutiva, no plano astral, de modo semelhante ao do trabalho dos elementais, dentro dos elementos fsicos. Essas criaturas so chamadas SPIRITUS DIRECTORES, ou seja, espritos dirigentes do astral. H ainda outras entidades, puramente mentais; trabalham na corrente involutiva do plano mental e so chamadas ANJOS. LMINA III Fundo: Espao azul de um cu de alvorada. Na rea inferior da lmina, parte da superfcie convexa do globo terrestre, sobre o qual est fixado um coagulato cinzento, cbico, semitransparente. Sobre esse cubo, podemos ver 3/4 partes de uma figura de mulher em posio reclinada. Do lado direito, o quadro est de tal modo iluminado por uma luz ofuscando de cor ouro-alaranjada, que, desse lado desaparecem os contornos da figura que parece apoiar-se sobre a luz. A cabea da mulher de puro tipo venusiano. Seus cabelos castanhos esto soltos. O rosto expressa uma dor cheia de felicidade, como se v s vezes no rosto de mulheres que esto dando luz. Est vestida com uma tnica de um verde suave que desce dos ombros, cobre uma parte do cubo e termina no cho. Sua mo esquerda segura um broquel, de forma triangular e ngulos arredondados, cuja ponta est dirigida para a terra. No broquel, vemos uma guia em vo tendo no bico uma cruz de braos iguais. O broquel cobre a parte inferior do corpo da mulher, at os joelhos, escondendo quase que inteiramente o seu estado de gravidez. No seu brao direito, erguido, um cetro de ouro com o smbolo do planeta Vnus na ponta. Os ps da mulher se apiam num crescente lunar, cujas pontas esto viradas para cima. Os suaves raios lunares prateados, inundam o ngulo esquerdo inferior do quadro. Acima da cabea da mulher, doze estrelas esto dispostas em forma de coroa. Algumas se destacam apenas dos raios solares. Outras, mais afastadas do espao iluminado, brilham no fundo azul. O quadro inteiro mais colorido e luminoso do que grfico; porm todas as cores so suaves, sem contrastes bruscos. ARCANO III

GHIMEL

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O signo do alfabeto hebraico que corresponde a este Arcano GHIMEL e seu nmero trs. Seu hierglifo uma mo que pega, disposta de tal modo que forma um canal, podendo absorver qualquer coisa. Da concepo do canal, passamos idia da vagina que constitui a ltima etapa no processo do nascimento. Da vm os trs nomes do Arcano, conforme o ternrio teosfico: "Divina Natura", "Partus", "Generatio". A idia de criao est estreitamente ligada ao elemento do amor ou, no sentido mais amplo, ao da atrao. A gravitao universal, o amor comum, a compaixo, o amor impessoal, todas estas manifestaes so expresses particulares desse princpio geral. A deusa da atrao Vnus, e um dos nomes eruditos desse Arcano "Venus Urania", ou seja, Vnus do Universo, Vnus Csmica. Outro nome erudito "Physis" a Natureza. Seu nome comum "Imperatriz". O Arcano III, que por seu nmero evoca a idia do ternrio, tem por smbolo geomtrico um tringulo que, conforme o carter do ternrio, ser ascendente ou descendente. A lmina mostra uma mulher sentada, coroada de 12 estrelas, que simbolizam os 12 signos zodacais. H uma estreita ligao entre o nascimento no plano fsico e as 12 fases da energia solar recebida pela Terra. Essas fases correspondem presena progressiva do Sol nos 12 signos zodiacais. por causa disso que, no ocultismo, o termo "zodaco" alude ao plano fsico, a uma caracterstica fsica. A mulher da lmina "est envolvida em sol e se contorce nas dores do parto". O significado do Arcano III revelado pela apresentao do processo do nascimento. Os raios soares, envolvendo a mulher, fazem lembrar que o sol o centro da gravitao o exemplo do amor planetrio do nosso sistema. Ele o centro emanante da vida e, portanto, da criao. Na mo direita, a mulher segura um cetro com o smbolo de Vnus. Isto significa que ela reina permanentemente pelo amor, sobre tudo que nasceu e o que nascer. A correspondncia astrolgica do Arcano III Vnus, cujo smbolo apresenta uma sntese de outros dois: o Sol emanao criativa, positiva; e o mundo dos elementos, ou seja, a totalidade das influncias do ambiente como aprenderemos mais adiante. O smbolo de Vnus pode ser interpretado da seguinte maneira: as emanaes construtivas, graas ao amor, vencem as dificuldades do ambiente. Na mo esquerda, a mulher segura um escudo onde figura uma guia; isto significa que o princpio da criao abarca as esferas mais elevadas. A guia segura no bico uma cruz de braos iguais, indicao de que o nascimento uma conseqncia natural da unio do princpio ativo com o princpio passivo (ver Arcano II). A mulher, novamente apresenta-se sentada numa pedra cbica colocada sobre um globo (explicaremos isto mais adiante) e sob os seus ps est a lua, que simboliza aqui a matria do mundo sub-lunar, como esfera mais baixa da criao. s vezes encontramos uma alterao desse quadro: ao invs de estar envolvida pelo sol, a mulher possui asas. As asas mostram que a "Isis Terrestris" provm da "Isis Celestis". Qual ser o significado deste Arcano? Antes de tudo, dado pela frmula gnstica: "Nada se cria, tudo nasce". Ou seja, h sempre um Iod que fecunda um He, e, com isso, determina o nascimento do terceiro elemento, Vau (ver Arcano VI). O pai, a

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me e o filho; o ativo e o passivo neutralizados pelo andrgino. O Arcano III proclama a Lei do Ternrio como sendo geral e universal. Para melhor compreenso disso, faremos uma breve anlise de alguns ternrios tpicos. Comearemos pelo ternrio teosfico: Arqutipo Homem Natureza. Podemos ver nele o esquema teolgico da Trindade Divina: Deus em Deus, ou Deus Pai. Deus manifestando-se na Humanidade, ou Deus Filho. Deus manifestando-se na Natureza, ou Deus Esprito Santo. Falando dessa trplice manifestao do Deus nico, em que o termo do meio neutraliza os dois extremos pois a Humanidade religa a Natureza com o Arqutipo aproveitaremos para mencionar os trs modos de busca de Deus pelas almas. H almas que procuram Deus Pai pelos caminhos metafsicos; h almas que procuram Deus Filho dentro do seu corao e, em nome dessa procura, formam grupos humanos; finalmente, h almas que procuram Deus pela contemplao da Natureza e aceitao de suas leis imutveis; so os que buscam o Esprito Santo. Debateremos isto mais detalhadamente nos Mistrios da Cabala. Tomemos agora o mesmo ternrio: Arqutipo Homem Natureza, em seu sentido da vida do Universo. Imaginemos o Arqutipo como algo totalmente harmonioso, andrgino, onisciente, bem-aventurado, possuindo a capacidade total de ao e conseqentemente, podendo limitar a esfera de sua atividade. Este Princpio Superior, usando a expresso comum, divide-se em manifestaes ativa e passiva, dando, com isso, o esquema do tringulo ascendente. Paralelamente a essa concepo do Arqutipo, conceberemos a Humanidade como um nico organismo, formado por clulas que na terra se chamam "homens", e talvez possuam um nome diferente em outros planetas. Admitindo a existncia de tais clulas em diversos mundos csmicos, sis, planetas, etc, aos quais pertencem, obteremos a idia geral do Homem Universal, vivendo a vida de uma entidade coletiva e possuindo vontade prpria, de acordo com a grande Lei de Individualizao. Podemos conceber tambm a Natureza como uma totalidade, composta de elementos que consideramos individualizados ou no, de acordo com a nossa viso do mundo. Imaginemos essa totalidade como sendo dinamizada pela Lei em ao, isto , pela Lei de Causa e Efeito. Assim, no tringulo analisado por ns, a Humanidade e a Natureza correspondero, respectivamente, aos plos positivo e negativo (no sentido relativo e no absoluto) da manifestao do Arqutipo. Tomemos um outro exemplo, o ternrio: Passado Presente Futuro. O presente o momento que delimita os campos do passado e do futuro. Sem apontar o momento chamado "Presente", essa diviso no poderia ser feita. interessante notar que, na lngua russa, o termo "presente" tem dois significados: um quer dizer "o real", e outro se refere ao perodo presente dentro da concepo do tempo. O presente contm em si o passado e o futuro. O passado corresponde ao aspecto passivo, cristalizado, ele j no pode ser mudado; o futuro corresponde ao aspecto ativo.

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Aproximando os dois ternrios, diremos que o presente, por analogia, corresponde ao Arqutipo; o futuro Humanidade e o passado Natureza. Prosseguiremos dizendo que a Humanidade determina o futuro, pelo livre arbtrio de sua vontade coletiva; que a Natureza, regida pelo passado, determina suas manifestaes, chamadas "Destino". Seu instrumento uma fatalidade inexorvel, cristalizada e, portanto, passiva. O Arqutipo andrgino. Esse carter de Harmonia Superior refletido no grande luminrio universal que se chama Providncia. A Providncia, portanto, neutra, andrgina e desempenha o papel da Luz, iluminando os campos dos outros dois elementos. Cada processo de "nascimento" ou de emanao, seja qual for, deve ser REAL para a prpria pessoa que faz nascer ou que emana. Caso contrrio, o "nascido" ou "emanado", no poder tornar-se real no plano correspondente de manifestaes vitais. Uma frmula de sugesto, para ter fora, deve ser emitida sempre no presente: "estais fazendo isso ou aquilo", e nunca "fizestes" ou "fareis". Uma tese imutvel, seja ela metafsica ou cientfica, sempre enunciada no presente. Ningum sentir a fora de uma sensao apresentada como passada ou futura. Voltando ao nosso ternrio, afirmaremos com Fabre d'Olivet que a histria do mundo se desenrola conforme o tringulo mstico (figura 5).

Figura 5 A Providncia com sua Luz, ilumina o Presente. A Vontade Humana cria o futuro. Porm em suas realizaes, ela limitada pela Fatalidade, conseqncia inexorvel do Passado. Se a Vontade Humana se une influncia iluminadora da Providncia, as duas se tornam mais fortes que a Fatalidade, e durante esse tempo a histria do mundo tem um carter evolutivo. Se a Humanidade fecha os olhos Luz da Providncia e, sozinha, entra na luta com a Fatalidade, o resultado geral no pode ser previsto. Tudo depender do lado em que haver mais fora. Caso a Vontade Humana, conscientemente, lute com a Fatalidade e a Providncia unidas, ela ser vencida e seus esforos no traro resultados. Se, finalmente, a Vontade Humana segue a Fatalidade, desrespeitando as indicaes da Providncia, as realizaes, naquele perodo da histria do mundo, sero visveis e poderosas, mas, a Humanidade estar se afastando da Harmonia Universal e, no futuro, ser obrigada a corrigir seu erro. Em tal poca, a histria do mundo involutiva. Procuremos aplicar agora o tringulo mstico de Fabre d'Olivet vida de uma alma particular durante uma de suas encarnaes. Neste caso, o tringulo ser o da figura 6.

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Figura 6 A Providncia, na vida de um ser humano, representada pela Conscincia, que totalmente neutra: nem leva, nem impede ir em qualquer direo; apenas ilumina o caminho, mostrando como neutralizar, no momento presente o binrio bem-mal. A vontade do homem determina o futuro, mas suas possibilidades so limitadas por aquilo que se chama "Karma". O Karma como um balano geral das encarnaes anteriores da alma. O ser humano nasce, pela primeira vez, em circunstncias favorveis para adquirir a sabedoria. Ele nasce, como se diz, com karma limpo, e falha. Na segunda encarnao, alm do esforo em adquirir sabedoria, ele ter que limpar seu karma, o que j no se far sem luta e sofrimento. Naturalmente, nesse segundo nascimento, a conseqncia dos erros da encarnao precedente, manifestar-se- como condies de vida menos favorveis. As encarnaes subseqentes tornam o karma mais leve ou mais pesado, at que ele fique definitivamente limpo. Um karma pesado, que no pode ser pago exclusivamente com os esforos conscientes da vontade, pago em parte pelo sofrimento. Os sofrimentos de um homem, condenado pelo karma, so s vezes to grandes que bastam para saldar uma parte da sua dvida, mesmo quando ele permanece totalmente passivo e mesmo seja conscientemente mal-intencionado durante determinada encarnao. Eis aqui as possveis combinaes das influncias do Tringulo Mstico, aplicado vida de um ser humano particular: 1. A vontade em harmonia com a conscincia e lutando contra o karma. Resultado: purificao do karma. 2. A vontade concordando com o karma, mas opondo-se s indicaes da conscincia. Isto corresponde ao oportunismo egosta e resulta em sucessos visveis na vida, embora com aumento da carga krmica. 3. A luta da vontade contra o karma, sem consultar a conscincia. O resultado geral no pode ser previsto, pois depender das respectivas foras em ao. 4. A vontade contra o karma e a conscincia reunidos. Resultado: fracasso na vida e aumento do karma. Os ternrios escalonados, parecidos com os que foram analisados neste Arcano, isto , os que apresentam os trs graus bsicos da mesma manifestao, chamaremos de ternrios absolutos. A esses vamos assemelhar outros ternrios condicionais que chamaremos de ternrios anlogos, ligando cada um deles condicional ou simbolicamente a um determinado ternrio absoluto.

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Tomemos dois exemplos de tais ternrios: o primeiro, pertencente ao campo da Natureza, e o segundo ao do simbolismo ritual. Analisemos o corpo humano, dividindo-o em cabea, regio torcica e regio abdominal. Por analogia, a cabea corresponder ao plano mental, pois as manifestaes mentais do homem encarnado tem uma certa ligao com as funes do crebro; o trax corresponder ao plano astral, mesmo considerando apenas o papel principal atribudo aos exerccios respiratrios no tratamento fsico dos candidatos ao trabalho astral; o abdome corresponder ao plano fsico, pois as funes dos rgos da alimentao esto naturalmente ligadas renovao das clulas do corpo. Ser este um ternrio anlogo. Podemos tambm dar-lhe uma forma um pouco diferente: a atividade da cabea rege a distribuio dos fluidos nervosos; a do trax rege a renovao da fora vital do sangue; e atividade do abdome, a restaurao dos tecidos (circulao da linfa). Querendo verificar praticamente esta construo artificial, analisaremos separadamente a cabea a analogia do plano mental procurando nela os trs sub-planos do plano mental: os olhos representaro a mentalidade; segundo o olhar conclumos superficialmente sobre a atividade intelectual do indivduo. O nariz representar a parte astral da cabea; de acordo com a formao do mesmo, tiram-se freqentemente concluses superficiais a respeito da patologia da legio torcica da pessoa. A boca representar o plano fsico; ela ser um enviado da regio abdominal, cujos distrbios podem ser percebidos atravs da observao dos lbios, da lngua, etc . Essa subdiviso confirma o fato de nosso ternrio no ser inteiramente arbitrrio, e sim possuir uma base natural-simblica. Daremos agora um exemplo de ternrio artificial-simblico, explicando o esquema do famoso tridente de PARACELSO (Tridens Paracelsis), apresentado na figura 7.

Figura 7 Tridente de Paracelso Os dentes so de metal: ferro, ao, estanho, etc. O cabo cilndrico e feito de material isolante: madeira, ebonite ou outro. O instrumento, do ponto de vista prtico, representa uma espada mgica de trs pontas. Vamos analisar as inscries que figuram nas extremidades dos dentes, os signos desenhados na base dos mesmos e a inscrio de ouro no cabo. Comecemos pelas primeiras: No dente superior est gravada a palavra "bito", cujo significado : obedece, submete-te, cede, s atento. Essa inscrio se relaciona com o lado passivo da vida fsica ou, melhor, com o lado passivo de todas as manifestaes nos trs planos, durante a encarnao fsica. No dente inferior lemos: "Imo". Mais exatamente, deveria ser "Immo"; essa palavra significa: "ao contrrio", "em oposio"; seu sentido aqui : resiste, s ativo.

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No dente do meio da figura a inscrio "Apdosel" que deve ser dividida da seguinte maneira: AP DO SEL. "AP" deve ser substitudo pelas letras gregas alpha (A) e rho (P) que so as primeiras letras da palavra grega "arche" que significa: comeo elemento superior mens. A silaba "DO" deve ser lida da direita para a esquerda "OD". Este o nome do astral positivamente polarizado. Portanto, significa o astrosoma no campo das manifestaes masculinas positivas. "SEL" do latino sal smbolo do plano fsico, simboliza o prprio plano fsico. Assim os trs dentes, pelas inscries, afirmam que o homem um ser ativo, trplice (mens-animacorpus) que deve equilibrar o binrio "submisso" e "oposio" e deve navegar entre essas duas correntes. Este ternrio relacionado com o campo da atividade do ser humano. Passemos ao segundo ternrio de signos: o primeiro signo assemelha-se ao caranguejo. Na astrologia, esse signo zodiacal (caranguejo-cncer) o domiclio da lua, cuja influncia planetria transmite o princpio passivo ao dente passivo. A serpente que, no lugar da cabea tem o signo de Jpiter, o smbolo do turbilho astral, pelo qual a autoridade do homem simbolizado pelo signo de Jpiter transmitida ao astral do mundo. O terceiro smbolo uma ligeira alterao do signo zodiacal de Leo, domiclio do sol, princpio ativo, transmitindo sua influncia para o ativo dente inferior. Como podemos ver, o segundo ternrio apresenta o plano das formas que agem como transmissores da influncia para os dentes. O cabo est enfeitado com a inscrio em ouro: P. P. P. VLIDOXFATO onde o triplo P deve ser invertido para que possa representar a figura do triplo lingam a fecundao em trs planos. "V" o algarismo para o nmero cinco, que corresponde ao pentagrama, smbolo da vontade humana. "LI" so as letras iniciais da palavra "Libertate"; "VLI" significa, portanto "pentagrammatica libertate" ou seja, "pela liberdade da vontade humana". "DOX" significa "doxa", estar ciente, aquilo que nos d o elemento da conscincia. "FATO" significa "pela fatalidade", "pelo destino", "pelo karma". Assim, o cabo nos diz que cada ser humano tem o direito de tentar produzir nos trs planos, graas existncia das foras colocadas por ns nas pontas do tringulo mstico de Fabre d'Olivet. Este ternrio se refere ao carter mental, mesmo metafsico, de nossos direitos absolutos nos trs planos. O tridente, no seu conjunto, simboliza: nos dois planos superiores (o cabo e a regio dos signos astrolgicos) o ser humano em geral; no plano fsico simboliza o ser masculino, pois o dente do meio indica atividade. Praticamente, o instrumento serve de espada mgica na mo de um ser humano masculino. Num formato muito reduzido, aplicado no tratamento da impotncia masculina. Com isto, temos um exemplo de um sistema de trs ternrios no campo do simbolismo. LMINA IV Fundo: Duas paredes angulares, brancas, inteiramente decoradas com swsticas de cor azul safira. No se avista o teto. Um assoalho feito de pedras quadradas, de cor cinza. Sobre o mesmo, um cubo branco que mostra, de frente, uma de suas faces, na qual figura a imagem de uma guia voando da esquerda para a direita. Do pescoo da ave, pende a Cruz do Hierofante. Ao lado direito do cubo, um homem, visto de perfil, est nele se apoiando displicentemente. A perna que se acha no segundo plano est dobrada com o joelho projetado para a frente e sua parte interna encostada na outra perna, formando com ela uma cruz. O homem est ligeiramente inclinado, o brao esquerdo estendido, segura um cetro com o smbolo de

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Vnus, feito de ouro. Dentro do crculo deste smbolo h um outro o de Jpiter feito de prata. O homem veste uma tnica azul safira que o cobre desde os ombros at os joelhos. Os ps esto calados com sandlias douradas, presas por uma tira que se cruza na perna. O rosto ostenta uma barba de corte assrio. Na cabea, uma trplice tiara de ouro, de tipo egpcio. A figura, no seu conjunto, de acentuado tipo jupiteriano, expressando poder e autoridade. As linhas do quadro so claras e bem destacadas. Nada h de indeterminado, vago ou tortuoso. A luz vem pela esquerda, de baixo para cima. ARCANO IV DALETH O signo do alfabeto hebraico que corresponde ao Arcano IV Daleth. O seu valor numrico: 4. O hierglifo do Arcano o Seio; da a idia de alimentar e ser alimentado. A alimentao fortalece a criatura e a capacita para agir e adquirir autoridade no seu ambiente. A lmina do Arcano apresenta um homem coroado com uma trplice tiara. Isto significa que o princpio de autoridade existe nos trs planos e que essa autoridade, para ser real em qualquer campo, deve se estender aos trs planos desse campo. Na mo esquerda, o homem segura um cetro, encimado pelo signo de Vnus, ou o signo de Jpiter. O primeiro significa que indispensvel saber criar entes complexos, individualizados e terminados. O segundo indica simplesmente a correspondncia astrolgica do Arcano o planeta Jpiter com todas as caractersticas do deus Jpiter da Mitologia. A posio dos braos e dos ombros do homem da lmina deveria formar um tringulo ascendente. Em muitos baralhos do Tar essa particularidade foi omitida. A perna esquerda est cruzada com a direita de modo a formar uma cruz de braos iguais. Atrs da figura h uma pedra cbica na qual est representada uma guia, trazendo no pescoo o emblema chamado "Cruz do Grande Hierofante" (figura 8). O homem apia a mo direita na face superior no cubo.

Figura 8 - Cruz do Grande Hierofante Vejamos a explicao desses smbolos: Uma pedra cbica, uniformemente talhada e lisa, o smbolo de tudo o que foi trabalhado e terminado, recebendo uma forma definitiva. Indica que a autoridade se manifesta pelas formas, previamente bem elaboradas. Cada lado do cubo, evidentemente, apresenta um quadrado um dos smbolos geomtricos deste Arcano. A imagem da guia sobre a pedra demonstra a necessidade de uma grande elevao de pensamento para

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aquele que pretende dar s coisas uma forma acabada. preciso que ele seja, digamos um engenheiro e no apenas um operrio no seu trabalho. Essa idia est confirmada pela presena, no Arcano, da Cruz do Grande Hierofante. A linha vertical da cruz simboliza um canal que conduz ponta inferior, a influncia dos trs planos do Universo, representados por trs travessas horizontais. Para completar a forma, para polir a pedra, preciso no apenas captar a idia da coisa nas alturas, mas, tambm, faz-la passar pelas fases mental, astral e fsica de sua realizao. Falta ainda explicar a cruz formada pelas pernas do homem. Essa cruz de braos iguais ser o segundo smbolo deste Arcano, sendo que o primeiro uma pedra cbica, um dos nomes ("Petra Cubica") do Arcano. Na linguagem comum o nome do Arcano o "IMPERADOR" por causa do cetro e da coroa. Na esfera do ternrio teosfico, os ttulos do Arcano sero os seguintes: "Forma" no plano do Arqutipo, "Auctoritas" (autoridade) no plano do Homem "Adaptatio (adaptao) no plano da Natureza. Passemos agora interpretao do quaternrio, representado pelos quatro braos da cruz. Este quaternrio simboliza, antes de qualquer coisa, um esquema geral de todo processo dinmico, completo, no Universo. Tais processos caracterizam-se gnosticamente do seguinte modo: O princpio ativo, masculino, expansivo Iod fecunda o princpio passivo, feminino, atrativo, He. Desta unio nasce o princpio neutro, andrgino, Vau, que transmite ao plano inferior tudo o que recebeu do superior. Logo que este esquema se realiza, aparece a idia da famlia, ou seja, a idia de um ciclo completado de manifestao. Admitir a existncia deste ncleo, como traar uma linha de contorno ao redor da vida interna dessa famlia e constatar que na vida externa, esse ncleo familiar, embora composto, atua como uma unidade independente. Quando desejamos expressar o fato de que o ciclo Iod-He-Vau foi concludo, colocamos, aps as trs letras, uma quarta: o segundo He, passivo, que confirma o fato do ciclo ter sido encerrado. Tal quaternrio do ciclo elementar corresponde ao terceiro grande nome de Deus: Iod-He-Vau-He. A Cabala atribui a este nome uma fora milagrosa quando corretamente pronunciado. muito provvel que, em casos especialmente solenes, o hierofante o pronunciasse trs vezes; a primeira, lendo-o literalmente: Iod-He-Vau-He. A segunda, dividindo-o em duas partes, ou seja: "Iod", que corresponde ao princpio masculino e "Heva", correspondendo ao princpio feminino; assim resultava "Iod-Heva" ou "Iodheva". Na terceira vez, a palavra inteira era lida etimologicamente. muito provvel que sua pronuncia fosse "leve" ou "lave", mas, de qualquer modo, no "Jehova", como pensavam alguns autores do sculo XVIII, baseando-se na pontuao condicional do texto hebraico, referente no a esse nome, mas a outro que o substitua na leitura em voz alta. Deste modo o Hierofante apontava em primeiro lugar o esquema completo do ciclo elementar; depois, o androginato da humanidade e, finalmente, a unicidade e a Lei Unitria em geral. Para que os profanos no pudessem ouvir o nome sagrado, as palavras do Hierofante eram abafadas pelo som de alguns instrumentos musicais de percusso.

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O ciclo Iod-He-Vau-He se distribui na cruz do quaternrio conforme figura 9, lendo-se a mesma palavra em ambas as direes do movimento giratrio. As flechas indicam a direo certa. A leitura do terceiro Nome Divino, mas em sentido inverso, resulta na palavra "Havaioth", considerada como smbolo de anarquia (o reino do diabo). Esta palavra se obtm quando o movimento giratrio inicia-se numa das pontas da linha horizontal, ao invs de o fazer na ponta superior da linha vertical.

Figura 9 Imaginemos agora que a nossa unidade composta, a nossa famlia, representada pelo segundo He do Nome Sagrado, exerce uma influncia sobre algum elemento do mundo exterior, isto , que o nosso ciclo elementar, pela sua completao, condicionou um novo ciclo. Neste caso, o smbolo passivo He j no mais corresponde ao quarto elemento. Este He, de um modo misterioso, mas em conformidade com a Lei, transformou-se no Iod do ciclo seguinte. A nossa cruz, como se tivesse girado 90, torna-se um crculo; este movimento se chama: o girar do quaternrio no Crculo Hermtico. No cabe aqui descrever a natureza deste processo. Vamos nos limitar a constatar o fato da transformao do segundo He em um novo Iod. Este novo Iod procura ou forma para si um novo He, que lhe convm, e o fecunda. Da nasce um novo Vau, que conduz a um segundo ciclo. Caso este ciclo seja o final, estar delimitado pelo smbolo He. Se passar a ser ativo, o He ser substitudo por Iod, podendo esse processo repetir-se at o infinito. Se compararmos a srie de elementos obtidos nos processos cclicos sucessivos a uma srie de nmeros naturais, poderemos verificar que nesta ltima srie, todos os mltiplos de trs correspondero a Vau; todos os nmeros que, conforme o esquema de trs, ocupam o lugar do nmero um correspondero a Iod, e todos os que ocupam o lugar do 2 correspondero ao He. Exemplo: IodHeVauIodHeVauIodHeVauIodHeVauIodHeVauIodHeVau 123456789101112131415161718,etc. Assim, por exemplo, o 58 elemento da srie ser um Iod, o 62 um He, e o 75 um Vau. Caso a srie termine com 58 elemento, o He correspondente ser chamado de segundo He (elemento final). Vejamos: 1o exemplo: elemento 1 o pai; elemento 2 a me; elemento 3 o filho; elemento 4 a influncia de toda a famlia sobre o elemento 5 que ser, por exemplo, uma outra famlia. Essa influncia d nascimento ao elemento 6 os interesses comuns das duas famlias. Unidos por esses interesses, o grupo das duas famlias (elemento 7) age sobre um outro grupo de famlia (elemento 8), criando uma solidariedade entre os dois grupos (elemento 9).

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este o esquema da formao de uma comunidade em geral, e de um Estado em particular. Passemos a outro exemplo: Um gnio (1) fecunda a mente de um sbio (2) que vive num mundo de abstraes. O sbio gestando e transmitindo a idia, cria a possibilidade de formao do elemento andrgino (3), ou seja, um ser humano realizador. Este, por um lado, recebe passivamente o alimento fornecido pelo sbio e, por outro lado, age no mundo de acordo com o ensinamento recebido. Caso seu comportamento seja mais passivo (He), todo o ciclo caracterizar-se- como inteligncia, passiva. Caso seja ativo e se torne um Iod do ciclo seguinte (4), fecundando o meio ambiente capaz de assimilar o novo impulso cultural (5), este ciclo receber o nome de inteligncia ativa. Temos pois, aqui, o esquema do processo de transmisso cultural, a partir do ponto de intuio cientfica e filosfica. Podemos aplicar o mesmo esquema ao campo da esttica. Terceiro exemplo: A manh (1) prepara e planifica a atividade do dia (2); o fruto dessa atividade aparece de noite (3) e, atravs da misteriosa passagem pela noite, torna-se o ponto de partida para os planos e preparativos da manh seguinte (4). O semear da primavera (1) incubado pelas condies do vero (2), propicia a colheita outonal (3) e o perodo hibernal determina o grau da atividade na primavera seguinte (4). Aplicando tudo isso ao esquema do giro do quaternrio dentro do crculo, teremos os seguintes dados: a trajetria do deslocamento do primeiro quadrante (1-Iod); a trajetria do segundo quadrante (2-primeiro He); a trajetria do terceiro quadrante (3-Vau) e a determinao do centro. Com isso, teremos a determinao da circunferncia, sem a qual no poderamos ter certeza de que o quarto elemento (o segundo He), aps ter girado 90, fosse cair no lugar do Iod do ciclo seguinte. Cada ciclo de Iniciao comporta trs etapas, correspondendo aos trs quadrantes do crculo hermtico. Nos trs graus simblicos da legtima Maonaria tica de Ashmol e Fludd, o elemento Iod representado pelo grau de aprendiz. Nesse grau, o Maom se esfora para conhecer-se a si mesmo o mais possvel e para se aperfeioar, e s ento se d conta das trevas da ignorncia tica em que vive o homem comum. Esse grau, ativo, exige um trabalho rduo e cansativo. O prprio ritual da iniciao do grau de Aprendiz rico em aluses simblicas aos erros, aos desvios de conduta e s penosas provaes da vida. O elemento He, na iniciao manica, corresponde ao segundo grau, o de Companheiro, cujo campo de aplicao ampliado. O Companheiro desfruta os aspectos agradveis de relaes fraternais com seus "irmos de armas" que, como ele prprio, ultrapassaram o penoso estgio de Aprendiz. O ritual do grau simboliza o prazer do conhecimento em geral, e em particular todas as douras da amizade, da ajuda mtua, da proteo dos instrutores experimentados. O elemento Vau corresponde ao terceiro grau, o de Mestre, j conhecedor da vida no ambiente manico e que ter agora de se familiarizar com a idia da morte, com todas as suas implicaes. A Loja dos Mestres representa uma sntese de toda a famlia manica. Se a considerarmos como unidade fechada, ela corresponder ao segundo He. Se a considerarmos do ponto de vista da influncia que exerce no seu meio-ambiente, corresponder a um novo Iod. Voltando numerao dos elementos do ciclo dinmico, chamamos a ateno para a possibilidade de

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analisar ciclos de 9 elementos e no de trs como fizemos antes. O lugar de um elemento no ciclo de nove se determina pela menor subtrao positiva, segundo o mdulo de nove. Assim o 58 elemento da srie ser o 4o elemento do seu ciclo de nove, ou seja, o Iod da segunda famlia daquele ciclo de nove; o 78 elemento da srie ser o sexto elemento do seu ciclo de nove, ou seja o Vau da segunda famlia do mesmo ciclo. Podemos obter estes resultados de um modo mais rpido, somando os algarismos do nmero, segundo um mtodo aritmtico bem conhecido: 58: 5 + 8 = 13; 1 + 3 = 4 78: 7 + 8 = 15; 1 + 5 = 6 Esse clculo que se chama "extrair a raiz teosfica do nmero", nos ser muito til no futuro. Para completar a nossa exposio, acrescentaremos ainda que, se aplicarmos a qualquer nmero do ciclo de trs a adio teosfica, isto , a adio de todos os nmeros naturais, incluindo o prprio nmero em questo, obteremos os seguintes resultados: 1. Se o nmero correspondia a 0 (ou a 3, o que o mesmo), no mdulo de 3, a soma teosfica corresponder tambm ao 0 do mdulo 3. O temrio permanecer ternrio. 2. Se o nmero correspondia a 1, no mdulo de 3, sua soma teosfica corresponder a 1, segundo o mdulo de 3. A unidade permanece unidade. 3.. Se o nmero correspondia a 2, no mdulo de 3, sua soma teosfica corresponder a 3 (ou a 0, o que o mesmo), segundo o mdulo de 3. O binrio, aps a sntese, no mais permanece binrio, mas, neutraliza-se em ternrio. Esses teoremas podem ser demonstrados facilmente, de um modo geral. Aqui, nos limitaremos a trs exemplos particulares, segundo a frmula Sn = (a1 + an) n 2 Sobre a soma dos termos de uma progresso aritmtica.

O 6 era Ternrio, o 16, Mnada e o 20, Binrio. Tendo analisado o Quaternrio como esquema geral de processos dinmicos elementares, passaremos agora ao simbolismo da cruz de braos iguais, como esquema de manifestao ativa e passiva do Homem no plano astral. A barra vertical da cruz, que religa o Iod e o Vau, est dividida em duas partes pelo ponto central. A de cima Iod predomina sobre a de baixo Vau pois, o Iod mais ativo que o Vau. A parte superior considerada como campo de aes positivas do ser humano o campo do Bem e a parte inferior, como campo de aes negativas, a regio do Mal.

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Um Iniciado, em cada momento da vida, deve discernir entre esses dois campos, permanecendo sempre no ponto neutro. Isto conhecer o bem e o mal das aes. A barra horizontal da cruz divide-se tambm em duas partes, ambas correspondendo receptividade, esfera passiva do homem. O brao da direita pertence ao segundo He que pode transformar-se em Iod; ele , portanto, mais ativo, domina o brao esquerdo e corresponde esfera da receptividade favorvel. O brao esquerdo representa a esfera da receptividade desfavorvel. Um Iniciado possui a capacidade de delimitar, em qualquer momento da vida, nitidamente, essas duas regies, ou seja, possui o conhecimento do ponto neutro. Em resumo, baseando-se nessa nova anlise da cruz, podemos dizer que, para dominar o Arcano da autoridade, o homem deve no somente considerar o bem e o mal de suas aes, mas, tambm saber utilizar todas as influncias externas, tanto as boas como as ms. Ele saber utilizar tanto a ira quanto um sentimento de gratido, como estmulos de ao; tanto a ternura como a decepo, como meios de aquietao. A base da autoridade do homem sua capacidade de se manter no centro da cruz hermtica, em sintonia com todos os seus elementos, mas permanecendo dono de suas esferas. Dessa anlise passemos agora s analogias tradicionais dos elementos do Quaternrio: O elemento lod est ligado ao que a tradio chama de "Ar"; o primeiro H, "Terra"; o Vau, "gua" e o segundo He, ao "Fogo". Na antigidade, esses quatro termos eram chamados de "Elementos do Quaternrio". Mencionaremos correspondncias mais razoveis em vrios planos. No plano metafsico, o "Ar" corresponde ao tempo; a "gua", ao espao; a "Terra", ao princpio da estagnao, inrcia da matria; o "Fogo", ao estado cintico da matria. No plano moral, o "Ar" indica que cada iniciado deve ousar; a "gua" que deve saber; a "Terra" que deve calar e o "Fogo" que deve ser capaz de querer. A ltima correspondncia est ligada apresentao do quaternrio das figuras simblicas, ou seja, dos "animais sagrados": a guia ousa, o Homem sabe, o Touro cala e o Leo fogoso em seus desejos. Os hermetistas contemporneos simbolizam essas quatro manifestaes pelos emblemas em forma de cruzes formadas por calhas, nas quais as horizontais correspondem a receptividade no dado momento e as verticais ao impulso do agir (figura 10).

Figura 10 Quem ousa, abafa em si o sentido do perigo (a calha escura horizontal) e age (a calha clara vertical). Quem est satisfeito com seus conhecimentos, nem estuda, nem age (as calhas escuras). Quem cala no se manifesta (calha vertical escura), mas toma conhecimento de tudo (a calha horizontal clara). Quem quer, ao mesmo tempo ativo e receptivo evidentemente pois sabe tambm o que quer (as calhas claras).

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No plano fsico, os quatro elementos correspondem aos quatro estados da matria: terra, slido; gua, lquido; ar, gasoso; fogo, irradiante. Aproximando todas essas explicaes da anlise do quaternrio das atividades e receptividades humanas, compreenderemos melhor a tese clssica do Ocultismo que afirma ser o corpo humano composto de todos os quatro elementos, e o prprio homem um ser sinttico, que aprende a conhecer os quatro campos dos braos da cruz. Os elementais so submetidos autoridade de um homem equilibrado. No possuem discernimento entre o bem e o mal; eles no se acham no ponto central da cruz, vivem apenas nos braos. Os silfos vivem no ar, as ondinas na gua, os gnomos na terra e as salamandras no fogo. Seus corpos so feitos da matria do mesmo elemento em que habitam e em que se fundem, portanto, no podem ser vistos com olhos fsicos, nem escutados com ouvidos fsicos, etc., a no ser que se manifestem por um emprstimo medinico de uma outra substncia. Neste caso, um contato com esses elementais pode ser estabelecido atravs dos sentidos fsicos. Os elementais dirigem os pormenores daquilo que chamamos manifestaes fsicas e qumicas. Daremos algumas breves indicaes sobre a distribuio dos elementos alqumicos do quaternrio IodHe-Vau-He. Ao termo "Ar" corresponde, na alquimia, o solvente universal "Azoth", cujo smbolo um caduceu, com trs circunvolues encimado por asas de guia. Ao termo "gua", corresponde o "Mercrio" que pode ser obtido do mercrio comum; seu smbolo . O Azoth, freqentemente, tambm chamado "Mercrio dos Sbios" ou "Mercrio dos Filsofos"; todavia, devemos compreender que este "Mercrio" no pode ser obtido do mercrio metlico. Ao termo "Terra" corresponde o elemento "Sal". Seu smbolo . Ao termo "Fogo" corresponde o elemento "Enxofre", cujo smbolo . O enxofre e o sal alqumicos no devem ser confundidos com as substncias do mesmo nome da qumica com