Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais e das ... · municípios de Água Clara e Ribas...
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Monitoramento da Qualidade das Águas
Superficiais e das Comunidades Aquáticas na Usina Hidrelétrica São Domingos – MS
RELATÓRIO TÉCNICO
Municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo
Março/2015
13ª CAMPANHA PÓS-ENCHIMENTO DO RESERVATÓRIO
1
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... 2
LISTA DE QUADROS .................................................................................................................. 2
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... 2
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 4
3 METODOLOGIAS DE TRABALHO ....................................................................................... 4
3.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................ 4
3.2 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM ............................................ 5
3.3 METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM ................................................................................... 8
3.4 METODOLOGIA DE LABORATÓRIO .................................................................................... 9
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 11
4.1 DADOS ABIÓTICOS ........................................................................................................ 11
4.2 DADOS BIÓTICOS .......................................................................................................... 22
4.2.1 Índice de Coliformes ........................................................................................................... 22 4.2.2 Índice de Qualidade da Água (IQA) ..................................................................................... 23
5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS OBTIDOS .............................................................. 24
6 CONCLUSÃO NESTA CAMPANHA ................................................................................... 26
7 SUGESTÃO DE MONITORAMENTOS FUTUROS................................................................. 27
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 27
9 EQUIPE TÉCNICA .......................................................................................................... 32
10 RESPONSÁVEL PELO RELATÓRIO .................................................................................... 32
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1–Mapa da Rede de Monitoramento da Qualidade das ÁguasSuperficiais e Comunidades Aquáticas. ............................................................................................................................... 7 Figura 2– Pontos de monitoramento na UHE São Domingos. A=RSD4, B=RV3, C=RV7, D=RSD2. ......... 8 Figura 3 – Aferição da transparência. .......................................................................................... 9 Figura 4 – Valores de Temperatura da água. .............................................................................. 12 Figura 5 - Valores de Oxigênio Dissolvido. ................................................................................. 13 Figura 6 - Valores de pH. ......................................................................................................... 13 Figura 7 - Valores de Condutividade Elétrica. ............................................................................. 14 Figura 8 - Valores de Turbidez. ................................................................................................. 15 Figura 9 - Valores de Transparência. ......................................................................................... 16 Figura 10 - Valores de sólidos totais. ......................................................................................... 18 Figura 11 - Valores de sólidos totais dissolvidos. ........................................................................ 19 Figura 12 - Valores de Cor verdadeira. ...................................................................................... 20 Figura 13 - Valores de Alcalinidade total. ................................................................................... 20 Figura 14 - Valores de Fósforo total. ......................................................................................... 21 Figura 15 - Índices de coliformes termotolerantes. ..................................................................... 23 Figura 16 - Representação do IQA (índice de qualidade da água). ................................................. 23
LISTA DE QUADROS
Quadro 1-Localização das estações de amostragem. .................................................................... 5 Quadro 2 – Parâmetros analisados e método de análise ............................................................... 9 Quadro 3 - Classificação do Índice de Qualidade da Água. ........................................................... 11
LISTA DE TABELAS
Tabela I - Dados obtidos em campo na 13ª campanha (março/15) pós-enchimento do reservatório. 11 Tabela II - Resultados obtidos em superfície na 13ª campanha - março de 2015. ........................... 16 Tabela III - Resultados dos pontos de reservatório realizados em superfície, meio e fundo. ............ 17 Tabela IV - Resultados de IQA. ................................................................................................. 24
3
1 INTRODUÇÃO
Este Relatório apresenta os dados da campanha de monitoramento da qualidade das águas
superficiais e das comunidades aquáticas na área de influência da UHE São Domingos,
realizada no mês de março de 2015 que corresponde à fase pós-enchimento do
reservatório. Foram realizadas 13 (treze) campanhas na fase pós-enchimento, quatro
campanhas de monitoramento na fase enchimento e quatro campanhas na fase rio.
As atividades fazem parte dos Programas “Monitoramento das Águas Superficiais e
Monitoramento das Comunidades Aquáticas”, da UHE São Domingos que são parte
integrante do Projeto Básico Ambiental – PBA da Usina.
TUNDISI et al. (2008) esclarecem que barramentos de rios construídos pelo homem, são
sistemas aquáticos artificiais que apresentam características muito diferentes de lagos e
interferem nas bacias hidrográficas e nos ciclos hidrológicos. Dentre estas diferenças, se
destaca a presença de gradientes longitudinais bem característicos e acentuados, nos quais
se distinguem três regiões:
Região sob influência de rios tributários;
Região de transição funcionando como um intermediário entre rio e lago;
Região de caráter mais lacustre, sujeita às ações da abertura do vertedouro e das
turbinas.
As regiões descritas por TUNDISI et al. (2008) criam uma dinâmica no ecossistema aquático,
proporcionando a formação de padrões de comportamento local e espacial que
caracterizam os ambientes.
Como instrumentos para descrição, acompanhamento e conhecimento da dinâmica do
ambiente aquático e suas interações entre as variáveis bióticas e abióticas, foram estudados
alguns aspectos físico-químicos da água e parâmetros biológicos.
A Usina Hidrelétrica de São Domingos (UHSD) é o primeiro empreendimento da Eletrosul, na
área de geração de energia no Mato Grosso Sul desde 1980, ano em que a empresa iniciou
as atividades no Estado, direcionadas para a transmissão de energia em alta tensão. A Usina
Hidrelétrica São Domingos tem potência instalada de 48 MW e energia assegurada de 36,9
MW médios. Com esta potência é capaz de gerar anualmente 323,25 GWh, e segundo
4
cálculos da empresa, a energia assegurada de 36,9 MW, é capaz de alimentar uma cidade de
até 210 mil domicílios ou, atender em média, 700 mil pessoas.
A UHSD é uma usina com característica de “fio d’água”, ou seja, seu reservatório tem
somente a função de manter o desnível necessário para a geração de energia. A usina é
constituída de uma barragem que utiliza um canal de adução para conduzir a água até a casa
de força, de forma a aproveitar a queda natural do rio Verde.
2 OBJETIVOS
Gerar informações sobre características físicas, químicas e biológicas das águas dos
rios Verde, São Domingos e Ribeirão Tamanduá, na região da UHE São Domingos, após a
formação do reservatório;
Avaliar as variações ocorridas nos parâmetros e nos indicadores em função da escala
temporal e espacial;
Avaliar, após o término dos serviços, os parâmetros; frequência de amostragem,
pontos de amostragem e indicadores utilizados neste monitoramento;
Estabelecer os usos permitidos de acordo com a classe em que o rio se enquadra;
Acompanhar a evolução dos níveis tróficos e de comprometimento da qualidade das
águas do reservatório;
Acompanhar as principais alterações e tendências da qualidade da água deste
ecossistema;
Comparar os parâmetros obtidos com os padrões estabelecidos na Resolução
CONAMA 357/05 para rios de Classe II;
Atender ao estabelecido na Resolução Conjunta ANEEL-ANA nº3 de 10 de agosto de
2010;
Fornecer informações técnicas e propor medidas visando a melhoria da qualidade
das águas do reservatório, tendo em vista a manutenção dos seus múltiplos usos;
3 METODOLOGIAS DE TRABALHO
3.1 ÁREA DE ESTUDO
5
Localizada a 205 quilômetros da cidade de Campo Grande, a Usina Hidrelétrica de São
Domingos está instalada na confluência dos rios Verde e São Domingos, na divisa dos
municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo (região leste do MS), com acesso pela BR-262,
em Água Clara.
A sub‐bacia do rio Verde situa‐se no quadrante centro‐nordeste do estado de Mato Grosso
do Sul, abrangendo parcelas do território de quatro municípios, Ribas do Rio Pardo e
Camapuã pela margem direita, Água Clara e Costa Rica pela esquerda. A drenagem da
sub‐bacia é comandada pelo rio Verde e pelo São Domingos, seu principal tributário. O rio
Verde tem suas cabeceiras situadas a cerca de 980 m de altitude no reverso da cuesta,
conhecida regionalmente como Serra das Araras, e que constitui a borda setentrional da
Bacia Sedimentar do Paraná. Após um percurso de aproximadamente 220 km, desemboca
no rio Paraná cerca de 50 km a jusante da cidade de Três Lagoas. (ENGEVIX, 2001).
3.2 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM
A rede de monitoramento da qualidade da água e das comunidades aquáticas é composta
por sete (7) estações de amostragem que estão apresentadas no Quadro 1 a seguir. Em
todos os pontos de amostragem foram realizadas coletas para análise da qualidade da água.
Quadro 1-Localização das estações de amostragem.
Ponto Código Localização Coordenadas
(Datum SAD 69)
1 RSD 1 Rio São Domingos, curso médio, nas cachoeiras
situadas a jusante do ribeirão Nascente
269709 W
7790742 S
2 RSD 2 Rio São Domingos próximo a foz 271411 W
7781279 S
3 RV 3 Rio Verde imediatamente a montante da área
prevista do reservatório da UHE São Domingos
263871 W
7788066 S
4 RV 4
Rio Verde a montante da cachoeira Branca nas
proximidades da cachoeira Preta (a jusante da
confluência com o ribeirão Araras)
267590 W 7784205 S
6
5 RTM 5 Ribeirão Tamanduá próximo a foz com o rio Verde,
aproximadamente 600 metros da foz do rio Verde 271600 W 7780019 S
6 RV 6 Rio Verde imediatamente após a cachoeira Branca
(a jusante do barramento)
272188 W
7780324 S
7 RV 7
Rio Verde região de várzea situada entre os
córregos Ferreira e Barreirinho, a jusante da cidade
de Água Clara (a jusante da UHE São Domingos)
320606 W 7719070 S
Os novos ambientes criados com o represamento da água resultaram no surgimento de
inúmeras interações. Os pontos RSD 02 e RV 04 são pontos de reservatório (lênticos). Os
pontos RSD1 e RV3 são considerados ambientes de transição, situados a montante do
reservatório. Já o ponto RTM5 está localizado no rio Tamanduá, um afluente do rio Verde.
Os pontos RV6 e RV7 são ambientes fluviais (lóticos) e estão localizados a jusante da
barragem, estando o ponto RV 06, próximo, e o ponto RV 07 distante da barragem.
A Figura 1 a seguir representa a localização das estações de amostragem (Anexo I – Mapa de
localização das estações).
7
Figura 1–Mapa da Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais e Comunidades Aquáticas.
As mesmas estações de amostragem foram adotadas em todas as fases do empreendimento
(fase de implantação, enchimento e operação da Usina), buscando uma análise comparativa
entre os valores levantados com as fases do empreendimento. Seguem abaixo registros
fotográficos dos pontos amostrais.
8
Figura 2– Pontos de monitoramento na UHE São Domingos. A=RSD4, B=RV3, C=RV7, D=RSD2.
3.3 METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM
As amostras para análises físico-químicas foram coletadas em frascos de polietileno e/ou em
vidro de borossilicato conforme o tipo de parâmetro a ser determinado. Para as amostras
destinadas ao exame bacteriológico foram utilizados materiais estéreis.
As amostras foram devidamente preservadas e acondicionadas em gelo embalado em sacos
plásticos e transportadas em baixa temperatura até o laboratório para análises seguindo
recomendações das NORMAS TÉCNICAS: NBR9897 e NBR9898 corroborando ao preconizado
no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, AWWA/APHA, 22ª ed.
(2012), tendo-se o cuidado de obedecer ao tempo decorrido entre a coleta e análise da
amostra.
Em campo foram realizadas as seguintes análises: oxigênio dissolvido e transparência
utilizando oxímetro e disco de Secchi respectivamente. Foram aferidas também as
temperaturas ambiente e da água.
A B
C D
9
Figura 3 – Aferição da transparência.
3.4 METODOLOGIA DE LABORATÓRIO
As amostras foram analisadas seguindo os procedimentos recomendados no Standard
Methods for Examination of Water and Wastewater, AWWA/APHA-22ª ed. (2012). Foram
avaliados os parâmetros ambientais apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 – Parâmetros analisados e método de análise
PARÂMETROS MÉTODO ANALÍTICO
ÁGUAS SUPERFICIAIS
Temperatura da Água Termômetro digital do oxímetro
Alcalinidade total Titulometria
Coliformes totais e Coliformes Fecais
Teste substrato enzimático cromogênico e fluorogênico
Condutividade Potenciometria
Cor verdadeira Comparação visual
DBO5,20 Teste DBO 5 dias
Fósforo total Cloreto Estanhoso - Espectrofotométrico
Fosfato Ácido Ascórbico - Espectrofotométrico
Ortofosfato Ácido Ascórbico - Espectrofotométrico
Nitrato Redução de Cádmio
Nitrito Colorimétrico
Nitrogênio amoniacal total Macro-Kjeldhal/Destilação/Nesslerização
Nitrogênio total Kjeldahl Macro-Kjeldhal/Digestão/Destilação/Nesslerização
Oxigênio dissolvido Sonda de Oxigênio Dissolvido
pH Potenciométrico
Sólidos dissolvidos totais SMWW 2540 C 22st ed
Sólidos sedimentáveis totais SMWW 2540 D 22st ed
Sólidos totais SMWW 2540 B 22st ed
Turbidez Nefelométrico
Transparência Secchi (m) Disco de Secchi
10
Ressalta-se que conforme mencionado anteriormente, foram analisados em campo os
parâmetros Oxigênio Dissolvido, Temperatura ambiente, Temperatura da água e
Transparência.
Os resultados foram avaliados segundo recomendações da Resolução CONAMANº 357 de 17
de Março de 2005, artigo 15 que enquadra os mananciais em classes.
Os dados obtidos com as amostras foram usados como subsídios para o cálculo do IQA, que
se apresentou como importante ferramenta empregada na avaliação da qualidade da água
de rios, córregos e lagos.
Segundo CETESB (2011), o IQA é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de
água correspondentes aos parâmetros: temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido,
demanda bioquímica de oxigênio (5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio
total, fósforo total, resíduo total (sólido total) e turbidez.
A seguinte fórmula foi utilizada:
Onde:
IQA: Índice de qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;
qi: qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva "curva
média de variação de qualidade", em função de sua concentração ou medida, e
wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em função
da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que:
em que:
n: número de parâmetros que entram no cálculo do IQA.
Na ausência de valor de algum dos 9 parâmetros, o cálculo do IQA é inviabilizado.
11
A partir do cálculo efetuado do IQA, pode-se determinar a qualidade das águas brutas,
variando numa escala de 0 a 100, conforme quadro a seguir (Quadro 3).
Quadro 3 - Classificação do Índice de Qualidade da Água.
Fonte: CETESB (2011).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os Relatórios de Ensaios, que contemplam todos os resultados de qualidade da água e os
resultados limnológicos encontram-se no Anexo II deste documento.
4.1 DADOS ABIÓTICOS
A Tabela I a seguir apresentam os resultados da 13ª campanha.
Tabela I - Dados obtidos em campo na 13ª campanha (março/15) pós-enchimento do reservatório.
Pontos Oxigênio
Dissolvido (mg/L O2)
pH
Condutividade (µS/cm)
Temp. ambiente
°C
Temp. água
°C
Disco de Secchi
(m)
Turbidez (NTU)
RSD1 6,30 6,27 17,3 23,2 24,9 1,10 9,97
RSD2 6,67 6,75 18,8 35,4 29,6 2,50 2,43
RV3 7,64 6,72 21,4 32,5 27,0 0,50 14,1
RV4 6,40 6,56 21,3 32,5 30,7 0,90 10,8
RTM5 6,21 6,02 13,5 28,0 26,1 Fundo 5,56
RV6 7,10 6,50 19,9 24,7 27,3 0,90 11,1
RV7 7,14 6,6 21,4 35,1 26,8 0,90 7,95
A temperatura do ar demonstrou variações sazonais, com média de 30,2 °C. O tempo esteve
aberto em grande parte do período de coletas. O mês de março é considerado um mês
chuvoso, com registro de elevadas precipitações. A temperatura média das águas foi de
Categoria Ponderação
Ótima 79 <IQA ≤ 100
Boa 51 < IQA ≤ 79
Regular 36 < IQA ≤ 51
Ruim 19 < IQA ≤ 36
Péssima IQA ≤ 19
IQA - Parâmetros
12
27,5ºC. A temperatura desempenha um papel principal de controle no meio aquático,
condicionando as influências de uma série de variáveis físico-químicas, porém pode variar
durante o dia.
A Figura 4 apresenta os valores da temperatura da água medidos durante o monitoramento
realizado na UHE São Domingos. Segundo BRANCO (1978), os rios podem ser classificados
quanto à temperatura de suas águas. Sendo este um importante fator ecológico, tanto pela
influência direta que pode exercer sobre vários tipos de organismos, como pela relação
existente entre eles e o teor de gases dissolvidos.
Figura 4 – Valores de Temperatura da água.
Em relação ao oxigênio dissolvido, suas principais fontes para a água são a atmosfera e a
fotossíntese, devendo-se as perdas à decomposição de matéria orgânica (oxidação), difusão
para a atmosfera, respiração dos organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos
(ESTEVES, 1998).
O oxigênio se manteve elevado nos pontos da UHE São Domingos no mês de março de 2015.
O ponto RV3 apresentou o maior valor de oxigênio (7,64), ponto localizado a montante da
barragem. Todos os pontos monitorados atenderam a recomendação da Resolução
CONAMA 357/05, estando acima de 5 mg/L O2 (Figura 7). De acordo com ROLLA et al.
(2009), teores de oxigênio >3mg/L O2 já são suficientes para manter a comunidade de peixes
em condições adequadas de sobrevivência.
24,9
29,6 27
30,7
26,1 27,3 26,8
0
5
10
15
20
25
30
35
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
Tem
pe
ratu
ra °
C
Pontos de amostragem
Temperatura da água
13
Figura 5 - Valores de Oxigênio Dissolvido.
O pH mostrou média de 6,49 e apresentou valores neutros. Todos os resultados atenderam
ao recomendado na legislação, estando entre 6 e 9, conforme apresentado na Figura 6. O pH
pode em determinadas condições, contribuir para a precipitação de elementos químicos
tóxicos como metais pesados; em outras condições podem exercer efeitos sobre a
solubilidade de nutrientes na água (CETESB, 2010).
Figura 6 - Valores de pH.
6,3 6,67
7,64
6,4 6,21
7,1 7,14
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
OD
mg/
l
Pontos de Amostragem
Oxigênio Dissolvido
13ªCampanha mar/15
CONAMA 357/05
6,27
6,75 6,72 6,56
6,02
6,5 6,6
4
5
6
7
8
9
10
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
pH
Pontos de amostragem
13ªcampanha
CONAMA 357/05
CONAMA 357/ 05
14
A condutividade pode fornecer indicação das modificações na composição de uma água,
especialmente na sua concentração mineral. A condutividade elétrica nas campanhas esteve
baixa (< 50 µS/cm) (Figura 7), demonstrando baixa concentração de sais nas águas. O maior
registro foi 21,4 µS/cm nos ponto RV3 e RV7. A legislação não faz referência a esse
parâmetro, portanto não há limites recomendados.
Figura 7 - Valores de Condutividade Elétrica.
Segundo CETESB (2010), a turbidez é o grau de atenuação de intensidade que um feixe de
luz sofre ao atravessar a água e esse valor pode ser influenciado por vários fatores, tais
como: presença de sólidos em suspensão, partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e
detritos orgânicos, algas e bactérias, plâncton em geral, etc. A turbidez esteve baixa em
todos os pontos, conforme apresenta a Figura 8.
17,3 18,8
21,4 21,3
13,5
19,9 21,4
0
5
10
15
20
25
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
µS/
cm
Pontos de Amostragem
Condutividade
15
Figura 8 - Valores de Turbidez.
A transparência, medida pelo disco de Secchi, é função essencialmente da reflexão da luz na
superfície do corpo d’água sendo, por isso, influenciada pelas características das águas e dos
constituintes da matéria orgânica nela dissolvida ou em suspensão (WETZEL, 1993 apud
BARBOSA et al, 2006). Essa medida tem maior significado em lagos e represas, já que águas
turvas nestes ambientes pode reduzir a penetração da luz, prejudicando assim, a
fotossíntese.
No ponto RTM5 o disco de secchi sempre atinge o fundo, onde a profundidade é baixa. Nos
outros pontos a transparência variou de 0,5 m (RV3) a 2,50 m (RSD2) (Figura 9).
9,97 2,43
14,1 10,8
5,56 11,1
7,95
0
20
40
60
80
100
120
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
NTU
Pontos de Amostragem
13ª campanha
CONAMA 357/05
16
Figura 9 - Valores de Transparência.
Tabela II - Resultados obtidos em superfície na 13ª campanha - março de 2015.
PARÂMETROS
PONTOS
Ponto RSD1
Ponto RSD2
Ponto RV3
Ponto RV4
Ponto RTM5
Ponto RV6
Ponto RV7
CONAMA 357/05 (VMP)
Alcalinidade Total 4,0 4,9 8,9 5,9 5,9 5,9 6,9 NR
Cor Verdadeira 25,0 11,0 19,0 26,0 28,0 25,0 29,0 75,0
DBO 5 a 20°C <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 5,0
Fósforo Total 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04 0,06 0,05 0,03 a 0,1
(a)
Fosfato Total 0,12 0,12 0,14 0,12 0,11 0,17 0,14 NR
Nitratos <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 10,0
Nitritos <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 1,0
Nitrogênio Amoniacal 0,17 <0, 1 0,15 0,18 0,19 0,21 0,15 0,5 a 3,7 (b)
Nitrogênio total kjeldahl 0,4 0,2 0,34 0,32 0,42 0,43 0,29 NR
Ortofosfato 0,08 0,09 0,12 0,09 0,06 0,1 0,08 NR
Sólidos Totais 57,0 42,0 71,0 39,0 37,0 53,0 38,0 NR
Sólidos Totais Dissolvidos
35,0 34,0 52,0 25,0 37,0 34,0 23,0 500,0
1,1
2,5
0,5
0,9 0,8
0,9 0,9
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
pro
fun
did
ade
(m
)
Pontos de amostragem
17
Sólidos Sedimentáveis <0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 NR
Coliformes Totais 2,0x104 2,1x10
2 2,00x10
4 3,9x10
2 6,5x10
3 7,7x10
3 6,0x10
2 NR
Coliformes Termotolerantes
6,7x102 2,0x10
1 1,0x10
3 6,1x10
1 5,3x10
2 6,8x10
2 1, 4x10
2 1,0x10
3
Legenda –NR: Não regulamentado; VMP: Valor máximo permitido; (a): Até 0,1 mg/L para ambientes lóticos, até 0,03 mg/L para
ambientes lênticos, e até 0,05 mg/L em ambientes intermediários e tributários diretos de ambientes lênticos. (b): 3,7mg/L N para pH ≤ 7,5; 2,0 mg/L N para 7,5 < pH ≤ 8,0; 1,0 mg/L N para 8,0 < pH ≤ 8,5; 0,5 mg/L N para pH > 8,5.
A Tabela III a seguir apresenta os resultados em profundidade nos pontos de reservatório
RSD2 e RV4.
Tabela III - Resultados dos pontos de reservatório realizados em superfície, meio e fundo.
PARÂMETROS RSD2 RV4
SUPERFÍCIE
(0,20 m) MEIO (12 m)
FUNDO (25 m)
SUPERFÍCIE (0,20 m)
MEIO (9 m)
FUNDO (17 m)
Alcalinidade total 4,9 1,0 5,9 5,9 8,9 7,9
Cor verdadeira 11,0 13,0 14,0 26,0 25,0 40,0
Condutividade 18,8 19,0 24,0 21,3 20,9 20,4
Demanda Bioquímica de Oxigênio <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0
Fósforo total 0,04 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04
Fosfato total 0,12 0,08 0,09 0,12 0,11 0,12
Nitrato <0,1 < 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Nitrito <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02
Nitrogênio amoniacal < 0,1 0,11 0,1 0,18 0,16 0,17
Nitrogênio total 0,2 0,3 0,23 0,32 0,37 0,26
Ortofosfato 0,09 0,06 0,05 0,09 0,1 0,07
Oxigênio dissolvido 6,67 5,0 4,6 6,4 7,12 4,5
pH 6,75 6,19 6,27 6,56 6,63 6,51
Sólidos sedimentáveis < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 <0,1
Sólidos totais 42,0 37,0 43,0 39,0 59,0 35,0
Sólidos totais dissolvidos 34,0 27,0 32,0 25,0 47,0 20,0
Turbidez 2,43 3,83 3,81 10,8 11,8 22,5
Coliformes totais 2,1x102 2,2x10
3 1,1x10
3 3,9x10
3 4,9x10
3 3,4x10
3
Coliformes termotolerantes 2,0x101
2,0x102 1,1x10
2 6,3x10
1 5,2x10
2 3,5x10
2
A carga orgânica, representada pela DBO esteve baixa. A turbidez apresentou valores baixos
nos três níveis. Os valores de coliformes estiveram baixos, sendo mais elevados no meio. O
oxigênio dissolvido apresentou perfil vertical no ponto RSD2.
Segundo TUCCI (2008), a bacia hidrográfica, naturalmente, produz uma quantidade de
sedimentos transportada pelos rios em razão das funções naturais do ciclo hidrológico,
18
porém quando ocorre modificação da cobertura da bacia (retirada da cobertura vegetal), o
solo fica desprotegido e a erosão e produção de sedimentos aumentam. Os sólidos em geral,
são compostos por argila, areia, matéria orgânica, sais minerais e metais.
Nesta campanha, os sólidos sedimentáveis não foram significantes. Eles evidenciam a
capacidade de sedimentação de sólidos em reservatórios. A resolução CONAMA 357/05 não
faz referência a esse parâmetro.
Os sólidos totais foram pouco expressivos, conforme verificamos na Figura 10. Não há limite
legal para os sólidos totais.
Figura 10 - Valores de sólidos totais.
Através dos resultados percebem-se valores maiores na entrada do reservatório (RSD1 e
RV3), indicando contribuições à montante.
Os sólidos totais dissolvidos também foram pouco expressivos, sendo que estes se referem à
concentração de íons dissolvidos presentes nas águas. Os sólidos totais dissolvidos estiveram
dentro do recomendado na Resolução CONAMA 357/05 (<500 mg/L), sendo o maior registro
de 52,0 mg/L no ponto RV3 (Figura 11).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
57
42
71
39 37
53
38
mg/
l
Sólidos totais
19
Figura 11 - Valores de sólidos totais dissolvidos.
A carga orgânica, expressa pela DBO, durante o período monitorado esteve baixa. Todos os
pontos apresentaram valores <2,0 mg/l, atendendo a Resolução CONAMA 357/05(≤ 5,0
mg/L O2 em ambientes Classe II).
A cor nas águas naturais, geralmente é devida a produtos de decomposição de matéria
orgânica do próprio manancial ou do húmus dos solos adjacentes e também por atividades
humanas, tais como: irrigação de terras destinadas à agricultura, dragagens de areia, queima
de matas, etc. (BRANCO, 1978).
A cor é responsável pela coloração da água, resulta da existência de sólidos dissolvidos, pode
ser causada pelo ferro ou manganês, pela decomposição da matéria orgânica da água.
Quando de origem natural, não apresenta risco a saúde, e de origem industrial, pode ou não
apresentar toxicidade (VON SPERLING, 1996; BRANCO, 1978).
A cor verdadeira atendeu a legislação em todos os pontos. A Resolução CONAMA 357/05
determina limite máximo de 75 mg Pt/L (Figura 12).
0
10
20
30
40
50
60
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
35 34
52
25
37 34
23
mg/
l
Sólidos Totais dissolvidos
20
Figura 12 - Valores de Cor verdadeira.
A alcalinidade, conforme CETESB (1973) é uma propriedade que indica a capacidade de
neutralização de substâncias ácidas ou básicas pelos ecossistemas aquáticos. A Figura 13
ilustra os valores de alcalinidade. Os valores encontrados durante a campanha em todos os
corpos d’água estudados foram baixos (<50 mg/L de CaCO3).
Figura 13 - Valores de Alcalinidade total.
0
5
10
15
20
25
30
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
25
11
19
26
28
25
29
mg/
l
Cor verdadeira
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
4
4,9
8,9
5,9 5,9 5,9
6,9
mg/
l
Alcalinidade
21
A liberação do fosfato orgânico, a partir de matéria orgânica é catalisada por enzimas
denominadas fosfatases, produzidas principalmente por bactérias. Algumas bactérias e
fungos produzem fitase, que pode ter grande importância na ciclagem do fosfato como um
todo. Esta enzima atua sobre o hexafosfato de inisidol (ácido fítico), liberando ortofosfato
(hexafosfato de inisidol + 6 H2O = fitaseinositol + 6 PO43+).
O fósforo total atendeu parcialmente ao recomendado pelo CONAMA 357/05 CLASSE II (0,1
mg/L para ambientes lóticos, 0,03 mg/L para ambientes lênticos e 0,05 mg/L para ambientes
intermediários). A Figura 14 representa os valores de fósforo registrados durante o
monitoramento.
Figura 14 - Valores de Fósforo total.
O fósforo deve ser entendido como uma medida do potencial de eutrofização, já que este
nutriente atua como o agente limitante da produção primária de ecossistemas aquáticos
continentais.
O ortofosfato mostrou valores entre 0,06 e 0,12 mg/L. Os ortofosfatos são biodisponíveis. De
acordo com CETESB, uma vez assimilados, eles são convertidos em fosfato orgânico e em
fosfatos condensados. Após a morte de um organismo, os fosfatos condensados são
liberados na água. Entretanto, eles não estão disponíveis para absorção biológica até que
sejam hidrolizados para ortofosfatos por bactérias.
0,04 0,04
0,05
0,04 0,04
0,06
0,05
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
mg/
l
Fósforo Total
CONAMA 357/05
22
Figura 15 – Valores de Ortofosfato.
4.2 DADOS BIÓTICOS
4.2.1 Índice de Coliformes
Os coliformes fecais ou termotolerantes são um grupo de bactérias indicadoras de
organismos originários predominantemente do trato intestinal humano e de outros animais
(VON SPERLING, 1996). A presença dessas bactérias na água é indicativa da presença de
organismos patogênicos.
Para coliformes totais não há limites na legislação, e segundo BASTOS et al (2000) eles não
são indicadores adequados da qualidade da água in natura, guardando validade apenas
como indicadores da qualidade da água tratada.
Embora tenham sido registrados em todos os pontos, os índices de coliformes
termotolerantes (fecais) estiveram baixos, não ultrapassando o recomendado pela legislação
(1,0x103 NMP/100 mL)(Figura 16).
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
0,08
0,09
0,12
0,09
0,06
0,1
0,08
mg/
l
Ortofosfato
23
Figura 16 - Índices de coliformes termotolerantes.
4.2.2 Índice de Qualidade da Água (IQA)
O IQA, nos pontos amostrados, registrou índices elevados. O maior índice foi encontrado no
RSD2 (71,8) e o menor no ponto RTM5 (65,3). O IQA foi classificado como Bom em todos os
pontos (Figura 17).
Figura 17 - Representação do IQA (índice de qualidade da água).
0
200
400
600
800
1000
1200
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
NM
P/1
00
ml
13ª campanha mar/2015
CONAMA 357/2005
58
60
62
64
66
68
70
72
RSD1 RSD2 RV3 RV4 RTM5 RV6 RV7
64,7
71,8
66,7 66,3
63,4
65,3
68,6
IQA
24
A Tabela IV apresenta a classificação de IQA na campanha de água superficial realizada na
UHE São Domingos no mês de março de 2015.
Tabela IV - Resultados de IQA.
PONTOS CATEGORIA
RSD 01 Boa RSD 02 Boa RV 03 Boa RV 04 Boa
RTM 05 Boa RV 06 Boa RV 07 Boa
5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS OBTIDOS
Este relatório contempla a décima terceira (13ª) campanha de monitoramento pós-
enchimento, realizada em março de 2015. As cinco primeiras campanhas pós-enchimento
foram realizadas em janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2013, e a partir de junho de
2013 elas passaram a ser realizadas trimestralmente.
As campanhas referentes ao enchimento do reservatório foram realizadas nos meses de
outubro (três campanhas) e dezembro de 2012 (uma campanha). As campanhas pré-
enchimento foram realizadas em novembro de 2010, fevereiro de 2011, agosto e setembro
de 2012. No geral, os parâmetros físico-químicos não mostraram variações significativas
durante as campanhas pré-enchimento, enchimento e pós-enchimento. Os pontos de
reservatório apresentaram aumento gradativo de nutrientes.
O IQA torna-se uma importante ferramenta empregada na avaliação da qualidade da água
de rios, córregos e lagos, considerando vários parâmetros importantes em seu cálculo, como
os coliformes fecais, nitratos, OD, DBO e pH.
Nas campanhas pré-enchimento o IQA apresentou valores mais elevados em agosto e
setembro de 2012. Como as campanhas realizadas anteriormente foram em períodos
chuvosos, estes podem ter contribuído para um IQA menor, demonstrando uma qualidade
da água um pouco inferior.
Já nas campanhas de enchimento o IQA esteve bastante satisfatório, mostrando uma ótima
qualidade da água em quase todos os pontos, com exceção do RTM5 que apresentou nas 1ª,
3ª e 4ª campanhas IQA classificado com BOM, sendo esse ponto um afluente do rio Verde.
25
Nas três primeiras campanhas realizadas pós-enchimento do reservatório (jan/fev/mar/13),
o ponto RSD1 mostrou um índice mais baixo, que está relacionado aos coliformes
registrados nesse ambiente. Os pontos RV3 e RV7 na 2ª campanha (fevereiro) também
registraram um índice baixo de IQA, devido à contaminação por coliformes, que diminui a
qualidade da água analisada, provavelmente devido ao período chuvoso.
Já nas campanhas realizadas em abr/mai/jun/13 a qualidade das águas esteve bastante
afetada no ponto RV3, o qual apresentou índice de qualidade da água pouco satisfatório,
com alto índice de coliformes fecais em suas águas. Na campanha realizada em setembro de
2013 apenas o parâmetro fósforo total esteve em desacordo com a legislação nos pontos
lênticos. Em todos os pontos os valores de IQA foram satisfatórios.
Em dezembro de 2013, com exceção do RTM5 classificado como “Bom”, todos os demais
pontos apresentaram Ótima qualidade da água. Em março de 2014 o IQA esteve ótimo no
RV4, e nos outros pontos o IQA mostrou pouca oscilação com índice bom de qualidade da
água. É possível que o IQA tenha apresentado valores menores em março de 2014 em
virtude do elevado índice de coliformes registrado nos ambientes estudados, devido ao
período chuvoso.
Em junho e setembro o IQA apresentou índice “Bom”. Em dezembro o IQA foi elevado,
sendo bom e ótimo, apresentando qualidade satisfatória das águas na UHE São Domingos.
Nesta última campanha de março de 2015 todos os pontos apresentam IQA “Bom”.
A figura abaixo apresenta um comparativo entre os IQA´s das campanhas pós-enchimentos.
26
Figura 18 – Comparativo dos IQA´s das campanhas pós-enchimento.
6 CONCLUSÃO NESTA CAMPANHA
Todos os pontos estiveram oxigenados, com baixa carga orgânica medida pela DBO. A
turbidez apresentou valores baixos em todos os pontos da UHE São Domingos, atendendo
ao permitido pela legislação CONAMA 357/05.
Já o fósfoto total, nos pontos RSD2 e RV4 não atendeu ao recomendado pela legislação. Em
comparação com a fase enchimento notou-se que houve um aumento no registro de fósforo
total nos ambientes estudados. Porém esse aumento apresentado nesta última campanha
pode ter relação com o período chuvoso.
O IQA, segundo CETESB (2013), classificou a água em todos os pontos como “Boa”.
As bactérias coliformes termotolerantes (fecais) foram detectadas nas amostras em todos os
pontos, porém com valores baixos. Todos os pontos monitorados atenderam ao
recomendado na Resolução CONAMA 357/05 Classe II.
Os pontos de reservatório RSD2 e RV04 apresentaram em profundidade cor verdadeira e
turbidez baixa.
Os ambientes estudados mostraram-se adequados para a manutenção da vida aquática e
das comunidades biológicas presentes durante as campanhas monitoradas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
RSD1 RSD2 RV03 RV04 RTM05 RV06 RV07
nov/10 fev/11 ago/12 set/12 10-out-12 18-out-12
24-out-12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13
mai/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14
set/14 dez/14 mar/15 Boa Ótima
27
7 SUGESTÃO DE MONITORAMENTOS FUTUROS
As avaliações a seguir foram baseadas nas médias do IQA (Índice de Qualidade da Água)
obtidas nos monitoramentos realizados após o enchimento do reservatório, ou seja, a partir
de janeiro de 2013 até março de 2015, considerando os períodos de chuva e seca.
Tendo em vista o monitoramento mensal por um período de seis meses (janeiro a junho de
2013), após o enchimento do reservatório e o monitoramento trimestral (outubro e
dezembro de 2013; março, junho, setembro e dezembro de 2014 e março de 2015) por um
ano e seis meses, verificou-se que a distribuição espacial e temporal dos dados manteve
uma homogeneidade. Isto permite sugerir o monitoramento semestral da qualidade das
águas superficiais, mantendo apenas um ponto trimestral para atendimento de Resolução
Conjunta ANA ANEEL nº003/2010.
Através da Correspondência Externa CE DMO-0018/2015 (protocolo 61/452590/2015),
encaminhamos para o IMASUL proposta técnica com as adequações sugeridas, baseada nos
resultados obtidos até o momento.
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32
9 EQUIPE TÉCNICA
Engº Ambiental Rafael Eid Shibayama
CREA/MS 13222
Responsável pela coleta
Laboratório Biolaqua Ambiental Ltda.
CNPJ: 10.246.520/0001-32
Engº Ambiental Gabriel Agrimpio Gonçalves
Coordenador de Laboratório
Msc.Biól. Marcia Aparecida Cabral Seixas
Mestre em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos
CRBio. 33261/01-D
Responsável Técnico
10 RESPONSÁVEL PELO RELATÓRIO
Engº Ambiental Rafael Eid Shibayama
CREA/MS 13222
33
Anexos
34
Anexo I– ART
35
Anexo II– Relatórios de Ensaios