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USO DE INSETICIDAS PARA PERCEVEJOS E LAGARTAS NA CULTURA DO MILHO INFORMATIVO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ANO 3 • NÚMERO 4 ABRIL 2014 Introdução Ocorrência e Condições Climáticas Favoráveis A fase de implantação da lavoura, partindo da escolha de sementes de qualidade até o manejo fitossanitário inicial, é fundamental para a manutenção do potencial produtivo na cultura do milho e para a obtenção de uma elevada produtividade. As mudanças ocorridas nos sistemas de produção e o incremento de novas tecnologias modificaram a dinâmica de ocorrência de pragas e doenças nos sistemas agrícolas (CRUZ et al., 1999). A falta de manejo rotacionado de culturas, assim como a utilização de inseticidas não seletivos e sem critérios para aplicação, tem contribuído para o aumento da incidência de pragas iniciais no milho. Neste Agronômico, vamos abordar os diferentes modos de ação de inseticidas nos principais percevejos e lagartas na cultura do milho, com enfoque no uso de tratamento de sementes industrial (TSI), e o controle químico de insetos em conjunto com a dessecação antecipada da lavoura, a fim de evitar danos no estande inicial de plantas e assegurar a manutenção do teto produtivo. Percevejos preferem ambientes com temperaturas mais amenas e atacam principalmente no início do desenvolvimento da cultura, enquanto lagartas causam danos durante todo o desenvolvimento. As principais espécies de percevejo encontradas causando danos à cultura do milho são Dichelops furcatus, que predomina na região Sul, D. melacanthus, que predomina nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e Scaptocoris castanea, percevejo causador de danos no sistema radicular e que prospera em diferentes ambientes. As lagartas que mais causam danos são as do complexo Spodoptera, Helicoverpa spp., Agrotis ipsilon, Elasmopalpus lignosellus e Diatraea saccharallis. Podemos citar também Diabrotica speciosa, coleóptero com crescente importância em algumas regiões do Brasil, cuja larva ataca as raízes do milho.

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USO DE INSETICIDAS PARA PERCEVEJOSE LAGARTAS NA CULTURA DO MILHO

INFORMATIVO DEDESENVOLVIMENTOTECNOLÓGICOANO 3 • NÚMERO 4ABRIL 2014

Introdução

Ocorrência e Condições Climáticas Favoráveis

A fase de implantação da lavoura, partindo da escolha de sementes de qualidade até o manejo fitossanitário inicial, é fundamental para a manutenção do potencial produtivo na cultura do milho e para a obtenção de uma elevada produtividade. As mudanças ocorridas nos sistemas de produção e o incremento de novas tecnologias modificaram a dinâmica de ocorrência de pragas e doenças nos sistemas agrícolas (CRUZ et al., 1999). A falta de manejo rotacionado de culturas, assim como a utilização de inseticidas não seletivos e sem critérios para aplicação, tem contribuído para o aumento da incidência de pragas iniciais no milho.

Neste Agronômico, vamos abordar os diferentes modos de ação de inseticidas nos principais percevejos e lagartas na cultura do milho, com enfoque no uso de tratamento de sementes industrial (TSI), e o controle químico de insetos em conjunto com a dessecação antecipada da lavoura, a fim de evitar danos no estande inicial de plantas e assegurar a manutenção do teto produtivo.

Percevejos preferem ambientes com temperaturas mais amenas e atacam principalmente no início do desenvolvimento da cultura, enquanto lagartas causam danos durante todo o desenvolvimento. As principais espécies de percevejo encontradas causando danos à cultura do milho são Dichelops furcatus, que predomina na região Sul, D. melacanthus, que predomina nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e Scaptocoris castanea, percevejo causador de danos no sistema radicular e que prospera em diferentes ambientes. As lagartas que mais causam danos são as do complexo Spodoptera, Helicoverpa spp., Agrotis ipsilon, Elasmopalpus lignosellus e Diatraea saccharallis. Podemos citar também Diabrotica speciosa, coleóptero com crescente importância em algumas regiões do Brasil, cuja larva ataca as raízes do milho.

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FIGURA 1: Ataque de Agrotis ipsilon (A) e Dichelops melacanthus no início do estabelecimento da cultura do milho (B).

FIGURA 2: Helicoverpa armigera em planta daninha entressafra (Foto: Costa, J. M.).

FIGURA 3: Spodoptera frugiperda atacando milho no início de desenvolvimento da cultura (Foto: Oliveira Jr., J. A.).

A dessecação antecipada é uma forma de manejo que contribui para a redução de insetos e doenças remanescentes no período entre culturas pela eliminação de plantas daninhas hospedeiras. Outro objetivo desta prática é diminuir a competição por espaço, por radiação, por água e por nutrientes, no início do desenvolvimento da cultura. Em casos de presença de grande quantidade de insetos pragas após a dessecação, o agricultor deve utilizar inseticidas para o manejo de pragas residentes na palhada.

Dessecação antecipada

Foto: Boer, C. A. Foto: Oliveira Jr., J. A.

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FIGURA 4: Sítio de ação de inseticidas e subgrupos químicos dos principais inseticidas utilizados para o controle de lagartas (Adaptado IRAC).

Sistema Nervoso e Muscular• Inibidores de acetilcolinesterase

(carbamatos e organofosforados);• Moduladores de canais de sódio

(piretroides e piretrinas);• Agonistas de receptores nicotínicos

de acetilcolina (neonicotinoides);• Moduladores alostéricos

de receptores (espinosinas);• Moduladores dos receptores

de rianodina (diamidas);

Cresc. e Desenvolvimento• Inibidores da biossíntese dequitina, tipo 0 (benzoilureias).

Sistema Digestivo• Disruptores microbianosda membrana do mesêntero(Bacillus thuringiensis e B. sphaericus).

Respiração Celular• Desacopladores de fosforilaçãooxidativa via disrupçãodo gradiente de próton. (clorfenapir).

Tratamento de semente industrial (TSI)

Modo de Ação de Inseticidas

A utilização do TSI, em comparação ao manejo de tratamento convencional de semente (na fazenda), propicia maior segurança e economia ao produtor. Essa técnica evita a aquisição de máquinas específicas, possui dosagem ideal e cobertura uniforme na semente, reduz chances de contaminação dos usuários e garante a validade dos lotes. Em trabalho realizado por Pereira et al., (2010) observou-se que o uso de tratamento de sementes, de maneira adequada, não altera a porcentagem de germinação até 9 meses após a aplicação dos tratamentos.

O TSI garante a manutenção do potencial germinativo do material, a uniformidade de emergência, proteção e resistência da plântula no início de seu desenvolvimento, quando a perda de fotoassimilados e área foliar refletem em reduções de produtividade. A aplicação de inseticidas durante a semeadura pode proporcionar incremento de produtividade, dependendo das pragas presentes no ambiente (CECCON et al., 2004).

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Conhecer os modos de ação dos inseticidas, o tipo e as características da aplicação e o residual dos produtos utilizados é de suma importância para a tomada de decisão sobre o momento da intervenção para que se obtenha a eficácia desejada. Além disso, a rotação entre mecanismos de ação é fundamental para retardar a seleção de insetos resistentes aos produtos.

É importante frisar que a escolha dos grupos químicos e/ou ingredientes ativos para controle químico, tanto de percevejos quanto de lagartas, deve levar em consideração o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para cada praga específica e as doses recomendadas.

A tabela completa com todos os modos de ação de inseticidas pode ser encontrada no site do IRAC: http://www.irac-online.org/documents/moa-structures-poster-portuguese/?ext=pdf

FIGURA 5: Sítio de ação de inseticidas e subgrupos químicos dos principais inseticidas utilizados parao controle de percevejo (Fonte: IRAC).

Sistema Nervoso e Muscular• Inibidores de acetilcolinesterase(carbamatos e organofosforados);• Moduladores de canais de sódio(piretroides e piretrinas);• Agonistas de receptores nicotínicosde acetilcolina (neonicotinoides).

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Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informaçõessobre o assunto, procure o TD mais próximo.

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Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informações sobre o assunto,procure o TD mais próximo.

Autor:

Colaboradores: João Oliveira e Alexandre DessbesellEditoração: Wilson Breda Neto e Guilherme Barros

Altair Schneider

Referências BibliográficasCECCON, G.; RAGA, A.; DUARTE, A. P.  &  SILOTO, R. C.. Efeito de inseticidas na semeadura sobre pragas iniciais e produtividade de milho safrinha em plantio direto. Bragantia [online], vol.63, n.2, pp. 227-237, 2004.CRUZ. I.; VIANA, P. A.; WAQUIL, J. M. Manejo das pragas iniciais de milho mediante o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos. Sete Lagoas/MG EMBRAPA-CNPMS, 39 p., Circular Técnico, 31, 1999.IRAC, Resistance Management for Sustainable Agriculture and Improved Public Health. Fonte: <http://www.irac-online.org/>. Sítio institucional na internet.PEREIRA M. E.; SILVA L. H. C.; CARVALHO B. O.; OLIVEIRA J. A.; ANDRADE T.; PEREIRA M. D.. Efeitos do Tratamento Inseticida Sobre a Qualidade Fisiológica de Sementes de Milho ao Longo do Armazenamento. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo, 2010.