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MÉTRICAS DA PAISAGEM E PERSPECTIVAS DE CONSERVAÇÃO
PARA O PEFI NA PAISAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
CÓRREGO IPIRANGA, MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, (SP)
Patricia do Prado Oliveira (a), Yuri Tavares Rocha (b)
(a) Departamento de Geografia /Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo
(USP), [email protected] (b)
Departamento de Geografia /Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo
(USP), [email protected]
Eixo: Unidades de conservação: usos, riscos, gestão e adaptação às mudanças globais.
Resumo/
Este trabalho é parte da tese de doutorado “Métricas da paisagem e perspectivas de conservação
para Parques em situação de isolamento na cidade de São Paulo: O Parque Estadual Fontes do Ipiranga
(PEFI), O Parque Estadual do Jaraguá (PEJ) e o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo (PNMFC),
Município de São Paulo (SP)”. Apresenta-se o mapeamento do uso e cobertura da terra em uma série
histórica da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga onde está localizado o PEFI (Parque Estadual Fontes
do Ipiranga), um importante remanescente de Mata Atlântica em uma região de urbanização consolidada
do município de São Paulo. O objetivo era analisar e compreender os impactos do processo de
urbanização sob esses remanescentes florestais nas últimas cinco décadas com a geração de métricas da
paisagem. Com isso, foi possível a identificação das principais tendências e perspectivas de conservação
na paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga. Este documento (com margens de 2,5cm) respeita
o formato que os artigos submetidos deverão ter, podendo ser utilizado para a edição final do texto.
Palavras chave: ecologia da paisagem, unidades de conservação; mapeamento; mosaico da paisagem
1. Introdução
A bacia hidrográfica do córrego Ipiranga (código 869932) está localizada a sudeste do
município de São Paulo entre os paralelos 23°33’59’’e S 23°40’18’’S e os meridianos
46°37’49’’O e 46°36’38’’O. O córrego Ipiranga é um dos afluentes da margem esquerda do
rio Tamanduateí, pertencente à bacia hidrográfica do Alto Tietê (BHAT) e sua bacia apresenta
uma área de 23,1 quilômetros quadrados (Figura I):
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Figura I: Localização da área de estudo
O processo para o estabelecimento do Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI) data do
século XIX, e também é parte importante da história da região. Quando as áreas para a criação do
Parque foram definidas, o grande objetivo da criação deste parque era preservar a mata existente
devido à presença dos mananciais que, além de guardarem as fontes ou nascentes do histórico
riacho do Ipiranga onde ocorreu a proclamação da independência do Brasil, tinham potencial para
abastecimento da região. (HOEHNE et al. 1941, HOEHNE 1949, 1951 apud ROCHA,
CAVALHEIRO, 2001). 1Segundo Hoehne (1933) 2apud Barros et al.(2002), a floresta existente
no PEFI é uma floresta secundária, no entanto, devido às excepcionalidades de condições e a
escassez de áreas com vegetação natural remanescente, o PEFI se destaca como um importante
fragmento de vegetação na metrópole paulista, e por este motivo enfrenta conflitos e desafios que
1 HOEHNE, F.C. 1949. Relatório anual do Instituto de Botânica: exercício de 1948. Secretaria da Agricultura. São Paulo.
HOEHNE, F.C. 1951. Relatório anual do Instituto de Botânica: exercício de 1950. Secretaria da Agricultura, São Paulo. 2 HOEHNE, F. C. Observações e quatro novas espécies arborescentes do incipiente Jardim Botânico do Estado de São Paulo.
Ostenia, 1933: 287-304, tab 1-8.
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ameaçam sua integridade. Devido à situação de isolamento em meio a uma região densamente
urbanizada. Pode ser considerada uma “ilha florestal” que desempenha um papel importante
na preservação da fauna e flora, na regulação climática, na qualidade do ar e no controle das
cheias locais, já que a região é um ponto crítico em relação às enchentes (FERNANDES,
2015).
Partindo da hipótese de que a condição de isolamento submeteu esse ambiente a
situações que ameaçam sua conservação em longo prazo, esse trabalho procurou analisar e
compreender os impactos do processo de urbanização sob esses remanescentes florestais nas
últimas cinco décadas com a geração de métricas da paisagem. Com isso, foi possível a
identificação das principais tendências e perspectivas de conservação na paisagem da bacia
hidrográfica do córrego Ipiranga e onde está o PEFI a partir dos resultados obtidos.
2. Materiais e Métodos
Para a reconstituição da paisagem das bacias hidrográficas em estudo, foram utilizadas
fotografias aéreas dos anos de 1962 e 1994 do levantamento aerofotogramétrico do Estado de
São Paulo, executado pela Aerofoto Natividade Ltda, e do levantamento aerofotogramétrico
executado pela Base S/A, ambos em escala 1:25.000, que foram digitalizadas e
georreferenciadas no software Arcgis versão 10.0.
Para geração do mapa mais atual, foram utilizadas imagens do satélite RapidEye do
ano de 2014 georreferenciadas e disponibilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O mapeamento foi gerado a partir do método de classificação supervisionada orientada a
objeto (OBIA). Foi feita a incorporação de dados auxiliares gerados com visitas a campo e
informações sobre a área de estudo antes, durante e depois do processo de classificação. A
ferramenta Google Street View também auxiliou a identificação das feições. Para a realização
da classificação orientada a objeto, foram utilizados os softwares ENVI 5.3 (pré-
processamento, classificação e pós-classificação) e Arcgis 10.0 (edição dos mapas). Como
base cartográfica auxiliar para o mapeamento, foi utilizado o Mapa do Uso e Ocupação do
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Solo do Município de São Paulo da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A
(EMPLASA).
Na etapa de pré-processamento das imagens foram realizadas a calibração
radiométrica das imagens e a conversão de números digitais (DN) para valores de
reflectância, transformando valores de radiância para valores de refletância bidirecional da
superfície.
A partir dos valores de refletância, foi gerado o Índice de Vegetação da Diferença
Normalizada (NDVI), que auxiliou as etapas de segmentação e classificação das imagens.
Depois da etapa de classificação das imagens, foi gerada a matriz de confusão para testar a
exatidão da classificação a partir da ferramenta Confusion Matrix Using Ground Truth ROI
disponível no ENVI 5.3. Para este mapeamento a acurácia obtida foi de 87.3% e o coeficiente
kappa foi de 0.8440. Após a etapa de produção dos mapas de uso e cobertura da terra, as
métricas da paisagem foram geradas no software Fragstats 4.2.1. A partir da análise dos
resultados, foram apontadas as principais tendências e prognósticos para as manchas de
cobertura vegetal remanescentes. A análise realizada teve como base os pressupostos teóricos
da Ecologia da Paisagem na compreensão dos padrões espaciais e suas consequências. A
configuração da paisagem corresponde à estrutura espacial do mosaico da paisagem, que se
originou da heterogeneidade. Os conceitos de mancha, corredor e matriz são elementos
essenciais para o entendimento da estrutura paisagem (LANG; BLASCHKE, 2009).
Um ordenamento específico dos elementos da paisagem origina padrões
característicos que Forman (1995) chamou de Mosaico de Manchas. Nas paisagens
modificadas pelas atividades humanas, principalmente pelo tipo do uso da terra desenvolvido
em uma determinada localidade, os hábitats naturais vão deixando de existir em grandes
manchas sendo reduzidos a fragmentos que formam “ilhas” entre paisagens urbanas,
suburbanas e agrícolas.
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3. Resultados e discussões
Foram produzidos mapas de uso e cobertura da terra para a reconstituição da
paisagem da bacia do córrego Ipiranga (Figuras II, III e IV). A partir dos mesmos, foram
feitas a identificação e quantificação das principais mudanças que ocorreram em um período
de 52 anos (Tabela I). As mudanças provocadas pelo processo de urbanização foram
observadas a partir da variação de área ocupada pelas classes de uso relacionadas às
atividades antrópicas e pelas classes de uso relacionadas à vegetação. Para as classes de
cobertura vegetal floresta ombrófila densa secundária tardia (mata), floresta ombrófila densa
secundária inicial (capoeira), campo foram geradas as métricas da paisagem no software
Fragstats 4.2.1:
Figura II: Uso e cobertura da terra na paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga em 1962,
município de São Paulo (SP). Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017).
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Figura III: Uso e cobertura da terra na paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga em 1994, município
de São Paulo (SP). Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017).
Figura IV: Uso e cobertura da terra na paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga em 2014, município
de São Paulo (SP). Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017).
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Tabela I - Quantificação do uso e cobertura da terra na paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga
(1962-2014) Município de São Paulo (SP)
Área em hectares (ha)
Porcentagem de área
ocupada%
e Variação% áre
a (
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em%
áre
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ha
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%
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)
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em%
Va
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ção
%
Classes de uso e cobertura da terra 1962 1994 2014
floresta ombrófila densa
secundária tardia (mata) 330,4 14,2 265,1 11,4 -19,7 291,9 12,6 10,1
floresta ombrófila densa
secundária inicial (capoeira) 68,8 3 65,3 3 -5,08 65,7 3 0,02
campo 323,9 14 31,5 1,3 -90,2 22,7 1 27,9
campo úmido 0,18 0 0,18 0 0 0,18 0 0
silvicultura/
bosque heterogêneo 23,3 1 26 1,1 11,5 36,4 1,4 40
agricultura
98,3 4,4 - - - - - -
área urbanizada com
vegetação 189,8 8,2 262,2 11,3 38,1 404,3 17,5 54,1
área urbanizada/loteamentos 1.196 52 1.535,4 66,3 27,7 1361 59 -12
solo exposto 62,4 2,6 16,4 0,7 -73,7 20,4 0,8 24,3
vias principais 5 0,02 90,4 3,9 1700 94,3 4 4,31
corpos d´agua 15,2 0,6 21 1 - 16,2 0,7 22,8
área total da paisagem: 2.313,1 hectares
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
A (Tabela II) contém os dados obtidos a partir da geração das métricas de área, para
bordas e subdivisão para as classes de cobertura vegetal da paisagem da bacia hidrográfica do
córrego Ipiranga: número de manchas (NP), O índice da maior mancha (LPI), total de bordas
(TE) e a área média das manchas (AREA_MN). As métricas de área são a base para o cálculo
de outras métricas da paisagem. A riqueza e abundância de algumas espécies dependem
diretamente das dimensões dos fragmentos na paisagem para garantir sua existência
(VOLOTÃO, 1998).
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Tabela II- Métricas de área, bordas e subdivisão da paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga
(1962- 2014), Município de São Paulo (SP)
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Métrica 1962 1994 2014 1962 1994 2014 1962 1994 2014
NP 224 25 67 85 39 75 51 16 3
LPI 3,34 0,63 0,15 0,68 2,47 1 8,36 5,45 6,61
TE 214.100 24.335 24.110 55.395 34.625 40.490 63.980 59.910 40.000
AREA_MN 1,44 1,26 0,33 1,01 2,61 0,96 7,03 8,28 97,3
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
A (Tabela III) apresenta os resultados obtidos a partir da geração das métricas de
forma para classes de cobertura vegetal da paisagem da bacia hidrográfica do córrego
Ipiranga: o índice de forma médio (SHAPE_MN), o índice de dimensão fractal médio
(FRAC_MN), círculo circunscrito relacionado médio (CIRCLE_MN), Índice de contiguidade
médio (CONTIG_MN). O tamanho e a forma dos fragmentos interferem em processos
ecológicos (VOLOTÃO, 1998).
Tabela III- métricas de forma da paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga (1962-2014), Município de
São Paulo (SP)
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sse
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métrica 1962 1994 2014 1962 1994 2014 1962 1994 2014
SHAPE_MN 1,8414 2,1233 1.6219 1,8383 1,8659 1,5619 1,6969 1,5967 3,4189
FRAC_MN 1,1214 1,1405 1.1293 1,1440 1,1281 1,1080 1,1300 1,0892 1,1754
CIRCLE_MN 0,4969 0,5513 0.7026 0,5797 0,4781 0,5773 0,5239 0,4035 0,6619
CONTIG_MN 0,4031 0,4332 0.7341 0,4406 0,4078 0,7319 0,3700 0,3044 0,9700
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
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A (Tabela IV) apresenta os resultados obtidos a partir da geração das métricas de
área interior para classes de cobertura vegetal da paisagem da bacia hidrográfica do córrego
Ipiranga: total de área interior (TCA), número de áreas interior (NDCA), área interior média
(CORE_MN), índice de área interior médio (CAI_MN). Algumas espécies necessitam de
características presentes no interior das manchas, além disso, esta é a área da mancha que não
está sob influência do efeito de borda (VOLOTÃO, 1998).
Tabela IV- Métricas de área interior da paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga (1962-
2014), Município de São Paulo (SP)
cla
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om
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métrica 1962 1994 2014 1962 1994 2014 1962 1994 2014
TCA 69,40 2,54 0,067 11,87 36,99 8,98 209,4 151,37 192,55
NDCA 80 16 3 28 8 21 15 13 13
CORE_MN 0,3099 0,1019 0,0010 0,1397 0,9486 0,1198 4,1059 4,3251 64,1850
CAI_MN 1,8020 0,7970 0,0303 1,5234 2,8010 1,5601 2,7158 6,6727 53,4480
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
A (Tabela V) apresenta os resultados obtidos a partir da geração das métricas de
contraste e agregação para classes de cobertura vegetal da paisagem da bacia hidrográfica do
córrego Ipiranga: contraste ponderado pela densidade de borda (CWED), índice de contraste
de bordas médio (ECON_MN) e porcentagem de adjacências semelhantes (PLAJD). Essas
métricas expressam o grau de diversidade entre uma mancha e suas adjacências (VOLOTÃO,
1998).
Tabela V- Métricas de contraste e agregação da paisagem da bacia hidrográfica do córrego
Ipiranga (1962- 2014), Município de São Paulo (SP)
Cla
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a
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Métrica 1962 1994 2014 1962 1994 2014 1962 1994 2014
CWED 90,47 9,91 8,54 17,46 5,6 9,7 27,7 23,6 11,58
ECON_MN 96,79 88,98 80,47 74,01 38,99 56,62 99,39 90,55 73,45
PLADJ 91,61 89,74 86,62 90,56 94,17 92,05 97,34 96,89 98,20
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A (Tabela VI) apresenta os resultados obtidos a partir da geração das métricas
isolamento para as classes de cobertura vegetal da paisagem da bacia hidrográfica do córrego
Ipiranga: o índice de proximidade médio (PROX_MN), O Índice de similaridade médio
(SIMI_MN) e do índice de conectividade (CONNECT).
Tabela VI - Métricas de isolamento da paisagem da bacia hidrográfica do córrego
Ipiranga (1962-2014), Município de São Paulo (SP)
Mét
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Ca
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(ma
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TYPE 1962 1994 2014 1962 1994 2014 1962 1994 2014
PROX_MN 1504,4 511,9 7,1679 338,2 1376,6 43,5 4802,6 6202,4 6049,3
SIMI_MN 3.382,9 1.278,4 143,5 26.462,7 22.208,3 103 9051,4 14387,5 6049,3
CONNECT 1,63 14,66 3,43 5,66 9 3,07 6,47 8,66 66,66
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
Com a análise dos dados obtidos a partir das métricas da paisagem foi possível
estabelecer as principais tendências para a dinâmica da paisagem e prognósticos para a
conservação dos remanescentes florestais presentes atualmente na paisagem da bacia do
córrego Ipiranga que foram sintetizadas no (Quadro I):
Quadro I - Síntese das principais tendências e prognósticos para conservação na paisagem da bacia
hidrográfica do córrego Ipiranga, Município de São Paulo (SP)
Aspectos
ecológicos campo
Floresta ombrófila
densa secundária
inicial
(capoeira)
Floresta ombrófila
densa secundária tardia
(mata)
Fragmentação
Diminuição do número de
manchas no primeiro
período (1962-1994) em
função da redução da área
ocupada pela classe um
Diminuição do número de
manchas no primeiro
período (1962-1994) em
função da redução da área
ocupada pela classe um
Diminuição do número de manchas
em função de uma possível
regeneração da vegetação.
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Aumento do número de
manchas no segundo
período
Aumento do número de
manchas no segundo
período (1994-2014).
Tamanho
Manchas encontradas em
todos os períodos eram
muito pequenas
e tinham entre 1 e 7
hectares.
A maior parte das
manchas é muito pequena.
Em 1994, havia a
presença de uma mancha
maior em virtude da
degradação das matas do
PEFI devido a um
incêndio.
Tamanho das manchas aumentou
no segundo período (1994-2014).
No entanto, as maiores manchas
foram identificadas em 1962, e,
não houve um retorno às condições
desta data anterior.
Forma
As formas estão menos
complexas e mais
circulares, porque as
manchas também estão
menores.
As formas estão menos
complexas, porque as
manchas também estão
menores, no entanto, estão
mais alongadas.
As formas das manchas
apresentaram maior complexidade
durante o segundo período, (1994-
2014), além de estarem menos
circulares e mais alongadas, e,
essas características não favorecem
a conservação.
Isolamento
O isolamento aumentou
provavelmente em função
das interferências
antrópicas e não favorece
a conservação
O isolamento aumentou
provavelmente em função
das interferências
antrópicas e não favorece
a conservação.
O isolamento aumentou
provavelmente em função das
interferências antrópicas e, essa
característica não favorece a
conservação.
Bordas e
Contraste
As bordas e o contraste
diminuíram em função da
redução de área
As bordas e o contraste
aumentaram no segundo
período (1994-2014).
As bordas e o contraste diminuíram
no segundo período (1994-2014), o
que contribui para diminuição do
efeito de borda.
Conectividade
A conexão entre as
manchas diminuiu ao
longo do período
analisado
A conexão entre as
manchas diminuiu durante
o segundo período
(1994-2014).
A conexão entre as manchas
aumentou durante o último
período, fato que favorece a
conservação.
Área interior
Mais de 80% das manchas
não possui área interior
que quando estão
presentes são pequenas
Mais de 80% das manchas
não possui área interior
que quando estavam
presentes eram pequenas.
Com o aumento do tamanho das
manchas, a área interior também
aumentou no segundo período
(1994-2014).
Organização: Patricia do Prado Oliveira (2017)
4. Considerações finais
Um dos principais desafios enfrentados a conservação para o Parque Estadual Fontes
do Ipiranga (PEFI) é a questão do isolamento em meio à matriz urbana. Dentro do universo de
análise da paisagem da bacia hidrográfica do córrego Ipiranga esse isolamento aumentou e
restam poucas alternativas para a melhoria das condições ecológicas e de conectividade com
outras manchas. Houve um aumento do tamanho das manchas maiores da classe floresta
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ombrófila densa secundária tardia (mata), fato que evidentemente está relacionado às medidas
de proteção integral e um provável processo de regeneração natural da vegetação.
5. Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudos durante o desenvolvimento desta pesquisa.
6. Referências Bibliográficas
BARROS, F.; MAMEDE; H. MELO, M.; LOPES A Flora fanerogâmica do PEFI Parque
Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI): unidade de conservação que resiste à urbanização
de São Paulo. São Paulo: Editora Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,
2002. 351 p 405.
FERNANDES, M. S. Conservação da natureza na paisagem urbana: hemerobia do
Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo (SP). 44 f. Monografia de
conclusão de curso, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, 2015.
LANG, S.; BLASCHKE, T. Análise da paisagem com SIG. Tradução Hermann Kux. São
Paulo: Editora Oficina de Textos, 2009.
ROCHA, Y.T; CAVALHEIRO, F. Aspectos históricos do Jardim Botânico de São Paulo.
Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, V.24(4), 2001. p.577-586.
FORMAN, R. T. T. Land Mosaics: The Ecology of Landscapes and Regions. Front Cover,.
Cambridge University Press, Nov 9, 1995.
VOLOTÃO, C.F.S. Trabalho de análise espacial Métricas do Fragstats. Instituto Nacional
De Pesquisas Espaciais/INPE. São Jose dos Campos, 1998.