Muito Alem Da Liberacao

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Muito Além da Liberação

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Muito Além da LiberaçãoLivro baseado nos ensinamentos milenares

dos textos sagrados da Índia

Adaptação de comentários de

Shri Shrimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja 

O expoente máximo da sabedoria védica no mundo atual

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Copyright © 2010 by Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

Título em inglês:

“Beyond Liberation”

Tradução: Mahakala dasa (Marcio Lima Pereira Pombo)Revisão: Krsna Jivani devi dasi (Laura Pires Camargo)

Arte e diagramação: Jay Krishna dasa (Wallace Ponte)

Apoio: Sri Gauravani Gaudiya Matha, Jagannatha Espaço Védico e Madana-gopala dasa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

BIBLIOTECA MUNICIPAL MARIETTA TELLES MACHADO

Todos os direitos reservados - É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquerforma ou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito do autor. A violação dosDireitos Autorais (Lei no. 9610 /98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código PenalBrasileiro.

M181m Maharaja, Bhaktivedanta Narayana Gosvami.

Muito Além da Liberação / Bhaktivedanta Narayana Maharaja -

Rio de Janeiro: IGVI, 2010

 

30 p.:il

Tradução de: Beyond Liberation

Adaptação de comentários de Shri Shrimad Bhaktivedanta

Narayana Gosvami Maharaja 

ISBN 978-85-6366-301-6

1. Vedas. 2. Filosofia hindu. I. Título

 

CDU: 294.118

Convidamos os leitores interessados no assunto

deste livro a visitarem nossos sites:

www.purebhakti.com

www.bhaktibrasil.com

www.gauravani.com.br

IMPRESSO NO BRASIL

Printed in Brazil 2010

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O Autor

Prefácio

Introdução

O despertar da consciência

Onde devemos depositar nosso amor e

confiança?

As conquistas materiais não são o objetivo final

O caminho da liberação

Observando o tempo

Muito além da liberação

Que é amor verdadeiro?

O caminho do amor divino

Onde podemos encontrar esta força

A quem podemos amar e com quem podemos

estabelecer um relacionamento?

Como meditar

Conclusão

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Shrila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja 

Shrila Narayana Maharaja nasceu em 1921 às margens do

sagrado rio Ganges, em Bihar, Índia. Mestre auto-realizado na

sucessão discipular Vaishnava que remonta ao próprio Krishna,

Shrila Maharaja é um profundo conhecedor das escrituras

sagradas da Índia e já traduziu ao híndi mais de trinta obras

clássicas em sânscrito e bengali, as quais enriqueceu com seus

próprios comentários. Esta obra extraordinária tem servido para

preservar os ensinamentos dos antigos Vedas, e tanto seus

livros como suas palestras vêm sendo traduzidos para diversos

idiomas.

Shrila Narayana Maharaja ensinou a filosofia Vaishnava por

toda a Índia durante mais de quarenta anos, antes de viajar ao

Ocidente pela primeira vez em 1996. Desde então, já deu a volta

ao mundo mais de trinta vezes, seguindo os passos de seu

mestre espiritual instrutor e amigo íntimo Srila A.C.Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o famoso pregador mundial

da doutrina Gaudiya Vaishnava e fundador da Sociedade

Internacional da Consciência de Krishna.

Como mestre espiritual autêntico e auto-realizado, Shrila

Narayana Maharaja vem proporcionando vivificante orientação e

amoroso refúgio a quantos acodem a ele, e, mediante seus

livros e turnês mundiais, tem purificado a todos os buscadores

sinceros da verdade com sua companhia e realizações divinas.

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Prefácio

Os Vedas são as escrituras milenares da Índia, as quais contêm

toda a sabedoria conhecida pelo homem. Inclusive, todos os

campos do conhecimento até agora explorados pela raça humana

têm origem nesta vastíssima literatura. Estes livros respondem àsperguntas da humanidade quanto à busca da felicidade por meio do

gozo dos sentidos, da conquista da salvação ao se alcançar a

liberação do ciclo de nascimentos e mortes (nirvana) e do caminho

da auto-realização pela prática do serviço devocional puro a Deus.

Os Vedas explicam as qualidades pessoais e impessoais de Deus,

bem como Suas múltiplas e variadas energias. O conhecimento

constante nestes antiqüíssimos livros cuja origem perde-se no

tempo foi transmitido, sem adulteração, pelo próprio Deus ao

mestre espiritual, deste ao discípulo e assim por diante, formando-se uma corrente ininterrupta de mestres e discípulos auto-

realizados.

As escrituras védicas apresentam conclusões acerca de toda sorte

de assuntos – podemos inclusive obter a resposta para satisfazer

nosso anseio frustrado de experimentar felicidade eterna. Os

membros da sociedade atual sofrem em virtude da dor e da

confusão, das rixas e das relações tensas, da cobiça material e da

hipocrisia. No esforço empreendido na luta pela vida, muitos de nósprocuramos ver as coisas da perspectiva correta, no entanto,

mesmo desejando conhecer uma realidade superior, é comum

sermos desencaminhados por nossos sentidos descontrolados e

por nossa ignorância.

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Introdução

O propósito deste livro é descrever os três processos diferentes

seguidos para se alcançar a felicidade nesta vida. A maioria das

pessoas busca o prazer no que vê diante dos seus olhos – ou seja,

no mundo externo dos objetos –, tentando satisfazer todos os

desejos solicitados pelo corpo. A segunda fórmula de obter prazer

é renunciar por completo ao mundo material e refugiar-se na paz

interior da alma. E a terceira – a menos seguida de todas – se

pratica quando a alma desperta e cultiva seu relacionamento eterno

com Deus.

A história a seguir nos ensina que, ao desejar alcançar qualquer

uma destas três metas, devemos seguir um processo em particular,

da mesma forma que, para sermos advogados, precisamos estudar

Direito.

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Você pode me mostrar Deus?

Havia um rei na Índia que queria ver Deus. Sabendo da erudição de

seu primeiro ministro, mandou chamá-lo e lhe perguntou:

- Você pode me mostrar Deus e dizer-me o que Ele faz?

Apesar de todo seu conhecimento, naquele momento o ministro

não soube o que responder, e por isso pediu ao rei um prazo detrês dias para pensar e dar-lhe a resposta. O rei assentiu, mas

advertiu-o de que, caso sua resposta não fosse satisfatória,

deixaria de confiar nele.

Já em casa, o ministro pôs-se a consultar seus livros na esperança

de achar a resposta à pergunta do rei. Dois dias depois, ainda não

conseguira nada. Percebendo a aflição do pai, seu filho de cinco

anos aproximou-se dele e perguntou-lhe:

- Por que está triste, papai?

- Não encontro uma resposta apropriada a uma pergunta que o rei

me fez, e perderei a confiança dele se fracassar.

- Que pergunta? indagou o filho.

- Você não entenderia, filho. Não se preocupe.

O menino insistiu tanto que por fim o pai lhe contou tudo.

- O rei quer ver Deus e saber o que Ele faz. Já pesquisei todas as

escrituras, mas ainda não achei nada convincente.

O menino sorriu e disse:

- É muito fácil. Quando for ao palácio amanhã, diga ao rei que a

resposta é tão simples que mesmo seu filhinho a conhece.

O primeiro ministro lançou um olhar cético para o filho, mas este

continuou insistindo.

- Não se preocupe, papai – prometo que não o decepcionarei.

O despertar da consciência 

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O ministro, de tão desesperado, não viu outro remédio senão

aceitar a proposta do filho. Quando os dois foram juntos ao palácio

na manhã seguinte, o rei os recebeu e perguntou outra vez ao

ministro:

- Querido ministro, você pode me mostrar Deus e dizer-me o queEle faz?

O ministro respondeu humildemente:

- Majestade, é uma pergunta tão simples que até meu filhinho

conhece a resposta.

Surpreendido, o rei voltou-se para o menino e lhe disse:

- Muito bem, você pode me mostrar Deus e dizer-me o que Elefaz?

- Majestade, para tal, preciso de um vaso de leite – respondeu o

menino. Apesar de estranhar aquele pedido, o rei mandou trazerem

a jarra de leite.

Em seguida, perguntou o menino:

- Majestade, há manteiga neste leite?

- Claro que há manteiga no leite – declarou o rei após pensar por

um instante.

- O senhor pode me mostrar a manteiga?

- Sim – respondeu o rei –, mas, para se poder ver a manteiga,

primeiro é preciso bater o leite.

- Exato – disse o menino –. Também para se ver a Deus é preciso

primeiro seguir um processo. Sem um processo de prática

espiritual não podemos ver a Deus, do mesmo modo que não

podemos ver a manteiga sem antes seguirmos o processo de bater

o leite. Se seguimos este processo divino, Deus Se manifesta para

nós.

O rei ficou encantado com aquela explicação tão lógica e

maravilhosa.

- E você pode me dizer o que Ele faz?

- O senhor me faz perguntas como se fosse meu discípulo e eu,

seu mestre – observou o menino –, mas está sentado num trono e

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eu, no solo. Por educação, sua alteza deveria adotar a posição mais

humilde e eu deveria estar sentado na mais elevada.

Dando-se conta da verdade das palavras do menino, o rei

levantou-se do trono e sentou-se no solo. Assim, o menino subiu

ao trono e concluiu:

- É isto que Deus faz. Dependendo dos resultados de nossas

atividades, às vezes Ele nos coloca em posição superior e outras

em posição inferior, logo, às vezes nascemos em família abastada e

outras em família humilde. Deus faz com que aconteçam estas

mudanças dependendo da vida que levamos.

O rei ficou tão satisfeito com aquelas respostas que as proclamou

em todo o reino e encheu o ministro e seu filhinho de presentes

valiosos!

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Tal qual nesta narração, sabemos que, querendo alcançar algumobjetivo, precisamos seguir um processo. Observamos regras,

sejam elas costumes sociais, leis, valores nacionais ou o que

nossos pais nos ensinaram na infância. Ao longo da vida, aderimos

aos ensinamentos de nossos professores, à tradição e ao que

aprendemos nos livros escolares e, se resolvemos não seguir nada

disso e nos deixamos levar pelos impulsos de nossa mente,

podemos vir a ter problemas com as autoridades e sofrer as

conseqüências.

Somos almas livres pelo fato de podermos escolher livremente em

que autoridade depositar nossa confiança. E, sem dúvida, nos é

mais conveniente seguir o conhecimento mais puro e nos deixar

orientar pela autoridade máxima, porque só assim atingiremos um

estado de consciência mais elevado e pleno de paz.

Ao longo da história, os filósofos idealizaram diferentes soluções

para os problemas da vida, mas, por mais sensatos que sejam seusargumentos, nenhum deles mostra um caminho tão convincente

nem tão amplo como aquele oferecido pelas antigas escrituras

védicas da Índia. Por milhões de anos e desde o princípio dos

tempos, este conhecimento – cuja origem é o próprio Deus – vem

sendo transmitido em sânscrito (o idioma mais antigo que existe)

de mestre a discípulo sem sofrer alterações de espécie alguma.

Baseando-nos nele, vamos apresentar agora uma análise do

objetivo mais elevado que o ser humano pode alcançar.As escrituras védicas chegaram à conclusão de que, consciente ou

inconscientemente, todas as pessoas procuram atingir um de três

objetivos. Estes objetivos e os processos a serem seguidos para

atingi-los poderiam ser resumidos da seguinte maneira:

A maioria das pessoas segue o caminho que busca a felicidade por

meio da satisfação dos desejos relacionados ao corpo. Em

sânscrito, gozo material chama-se bhukti.

Alguns trilham o caminho da liberação dos sofrimentos deste

mundo e querem saborear os prazeres do eu interior. Em sânscrito,

liberação chama-se mukti.

Onde devemos depositar nosso

 amor e confiança 

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Finalmente, bem poucos seres humanos querem servir a Deus comdevoção amorosa e pura. Em sânscrito, serviço devocional chama-se bhakti, ou bhakti-yoga, que literalmente significa “união com aPessoa Suprema”.

Analisando com cuidado a afirmação anterior, concluiremos que a buscade todo ser humano se reduz exclusivamente a uma destas trêsmotivações.

As coisas materiais podem nos proporcionar felicidade plena? Lograr afelicidade através do bem-estar econômico é o primeiro objetivomencionado nas escrituras védicas. Qualquer pessoa pode obter prazeressensuais temporários (riqueza, fama, prazer físico etc.) sempre que assimo ambicione com intensidade suficiente. As escrituras védicas explicamclaramente o método adequado para esta conquista. De fato, certostextos da literatura védica tratam exclusivamente do modo pelo qual sepodem alcançar estes bens materiais, não apenas neste planeta, comotambém em planetas superiores.

Quem não teve a fortuna de ouvir falar de metas espirituais maiselevadas buscará, é lógico, os prazeres densos do corpo e o merodesfrute sensual. Este mundo material está projetado de forma quese possa desfrutar com os sentidos materiais: os olhos, a língua, osouvidos, o estômago, os órgãos genitais... A imensa maioria das

pessoas empenha todos os seus esforços em obter estes prazeresefêmeros, mas acaso têm sucesso em seu intento? Conhecemosalguém que seja feliz o tempo todo? Há pessoas bem pobres que sóalcançam pensar nos aspectos básicos da sobrevivência (comoalimento, roupa ou moradia) e que experimentam felicidade aoconseguir, por exemplo, um pedaço de pão. Um homem rico podeexperimentar este mesmo nível de felicidade ao comprar um iatenovo. Se pararmos para pensar, constataremos que a felicidade dorico não é muito superior à do pobre.

Qualquer que seja a situação em que estejamos, sempre haveremosde querer ser mais felizes e será difícil nos contentarmos emaceitar as coisas que se nos apresentam. O problema é que narealidade nunca logramos dar prazer duradouro e real ao corpo eaos sentidos materiais, uma vez que estes não são eternos e, maiscedo ou mais tarde, estão fadados a desaparecer. No entanto, aalma, a qual é nossa identidade autêntica, é eterna e viveincentivando-nos a que mergulhemos em nós mesmos e nosvinculemos à nossa natureza mais elevada. Só nesta dimensão éque poderemos encontrar a verdadeira felicidade.

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Afortunadamente, há pessoas que compreendem o efêmero dasconquistas materiais e, em algum momento de suas vidas, começam abuscar uma autoridade espiritual que lhes possa guiar a um nível deconsciência mais profundo. Quando isto acontece, talvez elas ouçamtrechos de escrituras como o Bhagavad-gita (5.22), onde se diz:

“Uma pessoa inteligente não se envolve com as fontes da miséria,ocasionadas pelo contato com os sentidos materiais. Ó filho deKunti! Estes prazeres têm começo e fim, de modo que o sábio não se

deleita com eles.”

Ao nos darmos conta do fato de os prazeres terrenos não seremcapazes de nos proporcionar felicidade real e duradoura, vemosdespertar em nosso íntimo o desejo de livrar-nos por inteiro dessespersistentes desejos materiais e sair, assim, do ciclo de açõesconstantes e de consequências, ora agradáveis, ora desagradáveis.

A cada ação corresponde uma reação igual e oposta, como no casodo movimento do pêndulo, oscilando primeiro para um lado e em

seguida para o outro. Por mais felizes que acreditemos ser em umdado momento, a tristeza nos aguarda na curva da esquina. Somoscomo as crianças, que num estalo de dedos passam do sorriso aopranto. Mesmo que boas ações nos proporcionem resultadosprazerosos, a felicidade delas decorrente também é passageira e,terminada, volta a tristeza. Deste modo, concluímos que a únicameta que vale a pena almejar é a de liberarmo-nos deste ciclo deação e reação, pois o caminho material não proporciona prazerperdurável, nada mais sendo que a causa de nossa escravidão.

Tudo que esteja sujeito à deterioração é material, e não espiritual.As conquistas materiais apenas nos conferem felicidade débil epassageira. Segundo nos revelam os Vedas, somos algo mais queeste corpo material – somos as almas eternamente alegres quemoram dentro do corpo, motivo pelo qual nenhum prazer externo etemporário poderá trazer-nos felicidade real.

Se meditarmos um pouco nestas coisas, nossa visão se ampliará etalvez queiramos adotar um caminho de contemplação interior. Como

seres inteligentes que somos, por que contentar-nos com menos?

 As conquistas materiais não são

o objetivo final

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Por que ninguém quer morrer? Conforme afirmam os Vedas, por

constituição, a alma é eterna – não morre nunca. Também dizem

que a alma é plena de bem-aventurança, e por isso o desejo de

buscar nossa verdadeira natureza, saturada de felicidade, é algo

inerente a nós. A alma, por natureza, quer viver em paz no eterno

presente, livre da dualidade de passado e futuro e do fardo dos

desejos materiais. No entanto, a natureza da mente descontrolada é

bem outra: vive inquieta, cheia de desejos, e fazendo planos

constantes para desfrutar no futuro. Em razão disto, o caminho

pelo qual nos livramos dos sofrimentos e das penalidades destemundo nos parece tão atraente. De fato, muitos perseguem este

objetivo e chegam a realizar práticas muito rigorosas no intuito de

alcançá-lo.

Resolver adotar o caminho que conduz à liberação do ciclo de ação

e reação é muito mais elevado e nobre que tentar desfrutar dos

prazeres mundanos. Estar desapegado do gozo das coisas

materiais oferecidas pelo mundo é uma qualidade da alma, e é

possível chegar a este estado trilhando-se quatro rotas distintas:

. Diferenciando o temporário, ou perecível, do eterno, ou espiritual.

. Renunciando ao desejo de recompensas e prazeres temporários

deste mundo e dos planetas superiores (descritos em detalhe nos

Vedas).

. Desenvolvendo controle sobre a mente e os sentidos.

. Cultivando cuidadosamente o desejo de liberarmo-nos.

Como dissemos antes, as escrituras védicas descrevem em detalhe

as diferentes metas da vida e os processos a serem seguidos para

atingi-las. Segundo os Vedas, a liberação é um estado elevado de

consciência, no qual a alma experimenta sua individualidade e

obtém compreensão plena de si mesma. A condição natural da alma

liberada é a satisfação e a plenitude absolutas. Ela vive em estado

de bem-aventurança espiritual, livre do sofrimento e da felicidade

mundanos, sem ter nenhum desejo de desfrutar de algo deste

mundo.

O caminho da liberação

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Podemos imaginar tal estado de consciência utilizando um exemplo

material. Imaginemos que acabamos de fazer uma boa refeição.

Relaxados no sofá gozando da companhia da família, nossos

sentidos estão satisfeitos e apaziguados. Por não estarmos

sofrendo, nossa consciência é capaz de viver o momento presente.

Não ansiamos por nada, não fazemos planos em troca da felicidade

no futuro, nem tampouco sentimos falta de algo do passado – só

estamos vivendo o deleite do momento presente e experimentando

o que parece ser a ausência de sofrimento neste mundo material.

Nosso “gerador interno de pensamentos”, a mente inquieta, está

momentaneamente desligada. Quando isto nos acontece, julgamos

estar felizes e em paz.

Este é um exemplo terreno, já que este tipo de satisfação é

insignificante e muito breve, mas este estado é de alguma formasemelhante ao da pessoa cuja consciência está livre de desejos. No

entanto, a alma que tem a fortuna de liberar-se da escravidão dos

desejos materiais experimenta uma satisfação milhões de vezes

superior e, além disso, a bem-aventurança por ela alcançada é

eterna.

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O tempo se subdivide em três etapas neste mundo: passado,presente e futuro. Em geral, temos dificuldade de viver no

momento presente – é algo bem penoso, já que o presente está

sobrecarregado dos problemas causados por responsabilidades

aparentemente avassaladoras. Somam-se a esta dificuldade as

dores causadas por outras pessoas, por condições climáticas

adversas ou simplesmente por nossas próprias mentes. Sempre

confiamos que em breve seremos muito mais felizes do que somos

neste difícil presente, o que faz nossa mente tramar toda espécie

de planos e sonhos futuros para escaparmos de uma situação quenão nos satisfaz. Nossa mente vive tentando extrair o máximo

possível das coisas materiais e explorar os recursos externos a fim

de obter cada vez mais satisfação. Todos queremos desfrutar – é

algo que faz parte da nossa natureza –, e, ao longo de nossas vidas,

buscamos desvendar o mistério, não só de como fazê-lo, mas

também de como desfrutar a cada momento. Esta é a nossa luta

constante.

As naturezas da mente material e da alma são bastante diferentes.A mente é apenas um meio para se chegar à alma. A alma não tem

desejos materiais e está sempre feliz, ao passo que a mente é um

poço de desejos. Como neste estado material de consciência

tendemos a nos identificar mais com a mente do que com a alma,

sentimo-nos frustrados quando não logramos satisfazer os desejos

da mente. Somente então, caso sejamos muito afortunados,

começamos a vislumbrar a idéia de que existe uma verdade mais

profunda e, nessa altura, voltamo-nos para o interior, para a luz da

alma.

Observando o tempo

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Agora que chegamos a este ponto de nosso desenvolvimento,

deparamos com um conceito surpreendente. As escrituras védicas

nos animam a nos aprofundar mais ainda e a evoluirmos ao estado

de consciência situado além inclusive desse estado aparentemente

alegre de liberação. Na verdade, estar liberado de todos os

sofrimentos é apenas o aspecto negativo da liberação autêntica. O

aspecto positivo é termos a oportunidade de desenvolver um

profundo relacionamento de amor com Deus. Se no estado de

liberação ainda nos julgamos pessoas deste mundo, e não servos

puros de Deus, isso quer dizer que não atingimos nosso destino

final. Esta espécie de liberação é conhecida como “liberação

impessoal”, e por isso não se trata do objetivo mais elevado ao

qual podemos aspirar.

A cessação de todo sofrimento material é o aspecto negativo da

felicidade suprema. A felicidade suprema está no despertar de

nosso relacionamento original de amor e afeição com Deus. Há

inúmeras canções que enaltecem a doçura das relações humanas,

contudo, nem as canções nem os fugazes momentos de amor porelas descritos parecem durar muito – e, mesmo que durassem, no

final das contas a morte é inevitável. Para sentir-se plenamente

satisfeita, a alma precisa estabelecer um relacionamento mais

duradouro.

A experiência da alma ante o gozo causado pela liberação das

dores deste mundo é uma classe de felicidade, mas encontramos

uma fonte ainda maior de felicidade a partir do momento em que a

alma desperta para seu relacionamento eterno de amor com Deus.E é uma felicidade sem limites!

Muito além da liberação

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Desde o princípio dos tempos, a alma, desesperada, busca amor e

afeição. O amor é a força mais poderosa que existe, e todos nós o

desejamos saborear de uma forma ou de outra. Queremos não

apenas experimentá-lo, como também desfrutá-lo sempre. É algo a

que temos direito pelo simples fato de termos nascido. Mesmo que

vivamos intensamente, nossa maior necessidade, a de sermos

amados, continua sem ter sido satisfeita. O poder do amor é

inimaginável. A atração do amor é o elemento mais importante em

qualquer circunstância deste mundo. Tudo o mais pode ser

eliminado e esquecido ao entrarmos em contato com o amor e aafeição verdadeiros. Se alguém questionar ou desafiar o princípio

do amor, terá que aceitar a derrota, porque o amor é o princípio

mais autêntico que existe.

A chave para se entender a diferença entre as duas classes de

felicidade mencionadas (a liberação impessoal e a devoção por

amor a Deus) está em compreender a natureza do amor. A

felicidade que logramos ao conseguirmos a liberação impessoal

está em terem terminado as desgraças e, estando livres dosgrandes desejos materiais, atingimos um estado de consciência

pleno de paz. Isso não pode ser chamado de amor – na verdade,

nada tem a ver com o amor. Nesse nível, não há um sentimento

caloroso de uma relação amorosa. O mais elevado nível de amor

puro e total só pode existir entre a alma e Deus, que são seres

eternos.

Que é amor verdadeiro?

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O caminho da devoção, ou o serviço amoroso a Deus (bhakti), estádescrito em pormenores nos Vedas. Os sábios da antiguidade, os

quais compreenderam esta sincera necessidade do ser humano,

explicam com clareza como podemos alcançar a satisfação plena

unindo-nos com nosso amado Senhor. Na história do rei que queria

ver a Deus, ao lhe perguntarem se havia manteiga no leite, ele

respondeu: “Sim, mas para tal é necessário seguir um processo.”

Do mesmo modo, se quisermos despertar nosso relacionamento

eterno com Deus, deveremos estudar o processo descrito pelos

sábios e seguir suas instruções, sem as quais jamais chegaremos adespertar nosso relacionamento espiritual com Ele. Não temos

como atingi-lo por nossos próprios meios porque precisamos de

uma força que não é deste mundo.

O caminho do amor divino

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Para se caminhar por este elevado caminho, serão necessários oconhecimento e a força de alguém que já o esteja trilhando, da

mesma forma que uma pessoa, tendo caído num poço fundo, só

pode ser salva por outra que lhe atire uma corda de cima. Só

alguém que conhece e entende estas verdades essenciais da vida

nos pode ajudar a sair de nosso estado de sofrimento. Não há outra

maneira de sair desta confusão. Encontrar tal pessoa deve ser

nossa prioridade máxima. E, tão logo surja o desejo deste encontro

em nosso coração, esse representante de Deus virá até nós. O

único requisito é que o desejo de encontrar essa pessoa sejaintenso o suficiente.

Onde podemos encontrar 

esta força 

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As escrituras védicas descrevem o nome de Krishna como o nome

mais importante de Deus. Krishna significa literalmente “o mais

atraente”. Este nome nos ajuda a entender Sua personalidade.

Apesar de Krishna ser a causa de tudo e a verdade suprema, em

Seu reino espiritual Ele Se deleita com relacionamentos de afeto

surpreendentes com um grande número de amigos e familiares na

mais formosa e encantadora de todas as Suas moradas: Vrindavan.

Estes amigos e parentes eternos O acompanham enquanto Ele

realiza Suas atividades amorosas tão extraordinárias, as quais

cativam por completo a mente e o coração. Tais atividades vêm

descritas em detalhe por grandes personalidades que

testemunham, em suas meditações, os maravilhosos intercâmbios

de amor entre Krishna e Seus companheiros.

Nossa morada eterna está com Krishna no mundo espiritual, onde o

êxtase e a bem-aventurança experimentados não têm limites. Os

que aspiram à liberação impessoal como meta última no fundo

desejam tornar-se o próprio Krishna, mas isso é impossível pelamesma razão pela qual eu jamais posso me tornar você e vice-

versa. A felicidade derivada deste tipo de liberação se centraliza

no próprio indivíduo – sem nenhuma espécie de trocas pessoais –,

daí ser limitada. Todavia, ao estabelecermos um relacionamento de

amor com Krishna com a intenção sincera de servi-l'O, a bem-

aventurança que experimentamos é infinita. O objetivo de nossas

práticas é despertar nossa consciência adormecida ou, por outras

palavras, nossa verdadeira natureza como eternos servos

amorosos de Krishna.

Lendo a respeito d'Ele e ouvindo falar sobre Ele, especialmente

pela voz dos que conhecem Suas qualidades gloriosas, vamos

sentir uma inspiração constante de aproximarmo-nos cada vez

mais d'Ele. E, ao chegar a hora da morte, momento em que

teremos que deixar este corpo, poderemos ir ter com Ele para

sempre.

 

 A quem podemos amar e com quem

podemos estabelecer um

relacionamento?

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Somos imensamente afortunados pelo fato de o processo paraalcançar este relacionamento tão bem-aventurado na era atual

consistir apenas em cantar os santos nomes de Krishna. Ele

investe todo Seu poder e energia em Seus nomes, bem como nos

possibilita chegarmos a ter um relacionamento totalmente

satisfatório com Ele. Este é um processo transcendental – à medida

que aumentar a nossa fé nele, o poder do Santo Nome irá

iluminando nossa consciência. De fato, somente com o cantar do

Santo Nome podemos lograr qualquer uma das metas descritas

antes. Se você não acredita nisso, tente praticar o processo eexperimente seus efeitos você mesmo. Os nomes de Deus mais

poderosos do mundo são conhecidos como “maha-mantra”. O

cantar do mantra faz iniciar o processo de unir-nos a Deus para

sempre. Este é o mantra:

Hare Krishna Hare Krishna

Krishna Krishna Hare Hare

Hare Rama Hare Rama

Rama Rama Hare Hare

Se recitarmos este mantra, experimentaremos sem dúvida um

estado de consciência superior. Apesar da recomendação de

recitá-lo em postura e atitude de meditação, recitá-lo ou cantá-lo

em qualquer momento, lugar e circunstância produzirá em nós uma

bem-aventurança que só fará aumentar. O cantar, aliado aos

ensinamentos das escrituras por parte daqueles que já

desenvolveram um relacionamento de amor com Krishna, haverá de

nos imergir irremediavelmente num oceano de amor.

Existem muitos nomes de Deus: Jeová, Alá, Buda, Iavé, Rama ou

Krishna, mas as escrituras védicas nos dizem que Krishna e Rama

são os nomes mais importantes e melhores para se recitar ou

cantar a fim de obter os resultados máximos.

 

Como meditar 

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Nosso objetivo na vida é chegarmos a ser plenamente felizes. A

natureza essencial da alma é o desfrute, que procuramos alcançar

por meio de um entre três processos:

* tentando desfrutar ao máximo através de nossos sentidos

materiais;

* buscando chegar à liberação utilizando nossos sentidos mais

sutis;

* despertando nossa identidade autêntica e oferecendo nossos

corações e nosso serviço a Deus, Krishna.

Estes três processos não conduzem ao mesmo destino. Os dois

primeiros caminhos, o de desfrutar com os sentidos corpóreos

materiais e o da liberação impessoal, não têm necessariamente que

nos levar à terceira e mais elevada verdade, que é estabelecer um

relacionamento perfeito e puro com Krishna.

O grau de prazer que se obtém com o primeiro processo éinsignificante se comparado ao segundo. Na escala da felicidade, o

segundo caminho nem sequer conta se comparado à bem-

aventurança obtida no terceiro, no qual despertamos nosso

relacionamento de amor com Krishna, que é o próprio Deus.

Evidentemente, isto só se pode compreender por meio da prática.

A informação contida neste livro é apenas uma fração do imenso

conhecimento que integra a literatura védica. Acabamos de fazer

uma descrição bem sucinta, mas, se depois de lê-la você quiser

obter mais informação transmitida pelos santos que se dedicam a

servir a Krishna, este livrinho terá sido um êxito.

Livros como este estão disponíveis em toda parte. Basta você

desejá-los e, como num passe de mágica, logo terá um em suas

mãos.

Conclusão

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Arcana-dipika

Beyond Nirvana

Sri Bhakti-rasamrta-sindhu-bindu

Sri Bhajana-rahasya

Bhakti-rasayana*

Bhakti-tattva-viveka*

Sri Brahma-samhita

Controlado pelo Amor*

Damodara-lila-madhuri

A Essência do Bhagavad-gita*

Five Essential Essays

Going beyond Vaikuntha

Guru-devatatma

Felicidade no Paraíso doTolo*

Jaiva-dharma

Sri Manah-siksa*

Pinnacle of Devotion

Raga-vartma-candrika

Sri Prabandhavali

Secret Truths of theBhagavatam

Segredos do Eu Encoberto*

Siva-tattva

Sri Camatkara-candrika

Livros de Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

* livros em português

Sri Damodarastakam

Sri Gaudiya Giti-guccha*

Sri Gita-govinda

Sri Gopi-gita

Sri Harinama Maha-mantra*

Sri Navadvida-dhama

Sri Prema-samputa

Sri Sankalpa-kalpadrumahSri Siksastaka*

Sri Upadesamrta*

Sri Vraja-mandala Parikrama

Srila Bhakti Prajñana KesavaGosvami – His Life andTeachings

Srimad Bhagavad-gita

The Butter Thief

The Essence of All Advice

O Néctar de Govinda-lila*

The Origin of Ratha-yatra

O Caminho do Amor*

Letters from America

My Siksa-guru and Priya-bandhu

Venu-gita

Rays of the Harmonist(periodical)

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Este livro foi impressona oficina da ASA EDITORA GRÁFICA / EDITORA KELPS LTDA.No papel: off-set 75g

e-mail: [email protected]

A revisão final desta obra é de responsabilidade dos editores