MULHERES NO JORNALISMO ESPORTIVO - TCC UFRJ 2016

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    ESCOLA DE COMUNICAO

    CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS

    JORNALISMO

    MULHERES NO JORNALISMO ESPORTIVO

    MONIQUE DE ANDRADE DANTAS

    RIO DE JANEIRO

    2016

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    ESCOLA DE COMUNICAO

    CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANASJORNALISMO

    MULHERES NO JORNALISMO ESPORTIVO

    Monografia de graduao apresentada Escola de Comunicao da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, como requisito

    parcial para a obteno do ttulo deBacharel em Comunicao Social,habilitao em Jornalismo.

    MONIQUE DE ANDRADE DANTAS

    Orientador: Prof. Dr. Fernando Ewerton Fernandez Junior.

    RIO DE JANEIRO2016

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    ESCOLA DE COMUNICAO

    TERMO DE APROVAO

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, avalia a Monografia Mulheres no

    Jornalismo Esportivo, elaborada por Monique de Andrade Dantas

    Monografia examinada:

    Rio de Janeiro, no dia 11 / 03 / 2016.

    Comisso Examinadora:

    Orientador: Prof. Fernando Ewerton Fernandez JuniorDoutor em Comunicao pela Escola de Comunicao - UFRJDepartamento de Comunicao - UFRJ

    Prof. Cristiane Henriques CostaDoutora em Comunicao pela Escola de Comunicao - UFRJDepartamento de Comunicao - UFRJ

    Prof. Gabriela Nra Pacheco LatiniDoutora em Comunicao pela Escola de Comunicao - UFRJDepartamento de Comunicao - UFRJ

    RIO DE JANEIRO

    2016

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    FICHA CATALOGRFICA

    DANTAS, Monique de Andrade.

    Mulheres no Jornalismo Esportivo. Rio de Janeiro, 2016.

    107 f.

    Monografia (Graduao em Comunicao Social/ Jornalismo)

    Universidade Federal do Rio de JaneiroUFRJ, Escola de ComunicaoECO.

    Orientador: Fernando Ewerton Fernandez Junior

    1.

    Jornalismo. 2. Jornalismo Esportivo. 3. Mulheres. 4. MulheresJornalistas. 5. Esportes. I. Ewerton Fernandez Junior, Fernando. II.

    ECO/UFRJ. III. JORNALISMO. IV. Mulheres no Jornalismo

    Esportivo.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiro a Deus, por me dar a oportunidade em cursar e concluir a minha

    formao em Jornalismo na UFRJ, universidade onde sempre quis estudar.

    minha me, que sempre me incentivou nos meus estudos e me apoiou em todas

    as iniciativas que tomei na minha segunda graduao. Esteve por perto quando estudei

    Turismo na UNIRIO e agora na UFRJ.

    Aos meus amigos que comemoraram comigo a minha entrada na Escola de

    Comunicao da UFRJ e aos meus colegas de faculdade que conheci durante os quatroanos de curso, do Ciclo Bsico habilitao em Jornalismo.

    Ao professor Fernando Ewerton, que aceitou o desafio em orientar o meu trabalho

    sobre Mulheres no Jornalismo Esportivo e foi muito importante com seus conselhos sobre

    o tema, correes necessrias e indicaes de entrevistadas para este estudo. As aulas de

    Jornalismo Esportivo me inspiraram a fazer o trabalho de concluso de curso sobre as

    mulheres jornalistas na editoria de esportes.

    s professoras Cristiane Costa e Gabriela Nra, que aceitaram prontamente o

    convite em participar da banca para a defesa da monografia. A todos os professores da

    Escola de Comunicao da UFRJ com quem eu convivi durante todo o curso, certamente

    suas contribuies foram essenciais para a minha formao como jornalista.

    s jornalistas entrevistadas para este trabalho: Regiani Ritter, Manoela Penna,

    Soninha Francine (por intermdio de Mariclia Franco), Martha Esteves, Marluci Martins,

    Glenda Kozlowski (por intermdio de Daniel Cardoso), Alade Pires, Clara Albuquerque,Cristina Dissat, Renata Rosa Graciano e Renata Mendona. As suas declaraes foram um

    grande aprendizado para quem deseja trabalhar no jornalismo e principalmente no

    jornalismo esportivo.

    A todas as profissionais do jornalismo esportivo que abriram caminho para que

    outras jornalistas tenham uma trajetria bem sucedida nas redaes dos veculos de

    comunicao que trabalham com esportes.

    Que futuramente eu faa uma ps-graduao na rea de jornalismo.

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    LISTA DE SIGLAS

    ACEESP Associao dos Cronistas Esportivos do Estado de So Paulo.

    ACERJ Associao dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro.

    AMCE Associao Mineira de Cronistas Esportivos.

    APEA Associao Paulista de Esportes Atlticos.

    ARFOC Associao dos Reprteres Fotogrficos e Cinematogrficos do Rio deJaneiro.

    CBD Confederao Brasileira de Desportos.CBF Confederao Brasileira de Futebol.

    COI Comit Olmpico Internacional.

    FACHA Faculdades Integradas Hlio Alonso.

    FENAJ Federao Nacional dos Jornalistas.

    FPF Federao Paulista de Futebol.

    LAF Liga dos Amadores de Futebol.

    USP Universidade de So Paulo.

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    DANTAS, Monique de Andrade. Mulheres no Jornalismo Esportivo. Orientador:Fernando Ewerton Fernandez Junior. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO. Monografia emJornalismo.

    RESUMO

    Este trabalho aborda a atuao das mulheres no Jornalismo Esportivo, desde as pioneirasna cobertura de esportes at o crescimento da presena feminina nos veculos decomunicao. Antes do jornalismo esportivo, muitas pioneiras foram importantes no

    jornalismo em geral, invadindo as redaes e alcanando editorias vistas como masculinas,como poltica e economia, durante o sculo XX. Entre as dcadas de 1960 e 1980 eramuito raro ver uma mulher reprter de campo cobrindo partidas de futebol, pois o esportesempre foi dominado por homens. At a dcada de 1990 havia poucas profissionaistrabalhando na editoria de esportes, um meio ainda considerado machista na viso dehomens. Em compensao reviso bibliogrfica sobre o assunto, foram feitas entrevistascom onze jornalistas esportivas em atividade em diferentes veculos e mdias, e analisada a

    presena feminina em programas de TV aberta e fechada. As jornalistas agora assumem a

    funo de reprteres, apresentadoras e comentaristas de programas esportivos. Com otempo, as mulheres mostraram conhecimento e competncia sobre o assunto, conquistandoo reconhecimento e o respeito pelo trabalho delas no jornalismo esportivo.

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    1 INTRODUO

    Durante muito tempo as mulheres foram vistas como pessoas pouco ligadas ao

    esporte por conta de imposies da sociedade nos sculos XIX e XX. Porm, esseesteretipo foi se modificando ao longo das ltimas dcadas. Boa parte das publicaes

    voltadas para as mulheres sempre teve assuntos considerados femininos como moda,

    costura, comportamento, entre outros. Mesmo aps o surgimento de revistas feministas,

    com temas ligados aos direitos da mulher, abolio da escravido e direito ao voto, as

    primeiras revistas eram comandadas por homens e as mulheres foram assumindo o

    comando das publicaes aos poucos.

    A participao feminina nos Jogos Olmpicos era proibida em 1896, quando a

    primeira edio foi realizada em Atenas, na Grcia, somente acontecendo em 1900

    (BRAVO, 2009; MOTA, 2013). As atividades destinadas s mulheres na sociedade sempre

    estiveram ligadas aos cuidados do lar e dos filhos, e o esporte no era adequado para elas

    devido aos exerccios vistos como violentos. A prtica esportiva era exclusiva dos homens,

    inviabilizando a insero das mulheres nas competies por causa da imagem de

    delicadeza atribuda aos corpos femininos (ALEXANDRINO, 2011). E isso enfraqueceu o

    esporte feminino nas competies nacionais e internacionais.

    Por causa da escassez de mulheres atletas nas disputas oficiais houve um

    desinteresse do pblico, inclusive o feminino, para as notcias e atualizaes sobre o

    mundo esportivo. At hoje os homens acompanham esportes muito mais do que as

    mulheres, embora este cenrio esteja se modificando ultimamente. Nas dcadas de 1940 e

    1950 surgiram duas pioneiras do jornalismo esportivo: Maria Helena Rangel e Mary Zilda

    Grssia Sereno. A primeira era atleta de arremesso de disco, formada em Educao Fsica

    pela Universidade de So Paulo (USP) e pela Faculdade Csper Lbero na dcada de 1940,

    atuando como jornalista na Gazeta Esportiva. J Mary Zilda Sereno foi uma das pioneiras

    do fotojornalismo e especialista na cobertura de partidas de futebol em So Paulo.

    Na dcada de 1970 surgiu a Rdio Mulher, um programa sobre esportes formado

    apenas por mulheres. Germana Garili era locutora do programa e conciliava a vida de

    jornalista com os esportes desde a dcada de 1960. Regiani Ritter tambm foi (RUBBO &

    VASCONCELOS, 2009) da Rdio Mulher na dcada de 1980. A radialista comeou a

    carreira como reprter de campo e entrava nos estdios para entrevistar jogadores e

    tcnicos dos times de futebol, enfrentando problemas com dirigentes dos clubes por ser

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    uma das poucas mulheres na cobertura esportiva. Outras profissionais apareceram a partir

    dos anos 1980 no jornalismo impresso e na TV. Na televiso h uma presena maior de

    mulheres em programas esportivos como reprteres e apresentadoras, como a

    apresentadora daBand Renata Fan e a jornalista Isabela Scalabrini, pioneira daRede Globo

    no comando do Globo Esportena dcada de 1980.

    O objetivo deste estudo fazer uma retrospectiva do trabalho das mulheres no

    jornalismo esportivo e destacar a sua atuao nos diversos veculos de comunicao,

    inclusive a mdia alternativa por meio de blogsesites. A representatividade feminina nas

    redaes de publicaes voltadas para o esporte, se comparada presena masculina, ainda

    bem menor e no passa de 10% (COELHO, 2003). Mesmo com o preconceito vindo de

    outros colegas de profisso, as mulheres jornalistas invadiram a editoria de esportes econseguiram credibilidade para trabalhar em igualdade com os homens. A questo do

    machismo sofrido ou no pelas jornalistas de esporte um dos tpicos abordados nesta

    pesquisa, mostrando que o trabalho das mulheres no deveria ser questionado por questes

    de gnero.

    As fontes usadas neste trabalho incluem entrevistas com onze mulheres jornalistas

    que atuam na editoria esportiva nos veculos impresso, televisivo, radiofnico e internet.

    As entrevistas foram realizadas pessoalmente, por telefone e por e-mail, entre os dias 8 deoutubro a 12 de dezembro de 2015, com as jornalistas Alade Pires, Clara Albuquerque,

    Cristina Dissat, Glenda Kozlowski, Manoela Penna, Marluci Martins, Martha Esteves,

    Regiani Ritter, Renata Graciano, Renata Mendona e Soninha Francine. Outras fontes de

    pesquisa foram livros, trabalhos de final de curso, artigos acadmicos, dissertaes, teses e

    pginas eletrnicas sobre o tema.

    No primeiro captulo so mostrados os histricos do jornalismo esportivo no Brasil

    e no mundo. Quando e onde foram criadas as primeiras publicaes sobre esportes e sade,com modalidades que vm do turfe e caa at o futebol, este ltimo mais popularizado

    pelos veculos de comunicao impresso, rdio e televisivo. A cobertura esportiva, com

    prioridade no futebol, passou por diversas transformaes durante o sculo XX e o

    histrico dos veculos de comunicao retratado neste captulo.

    O incio da trajetria das mulheres no jornalismo e a invaso delas nas redaes so

    temas do segundo captulo. Neste tpico mostrado o histrico da participao feminina

    nas redaes de jornais e revistas, sendo as primeiras publicaes voltadas para a temtica

    feminina. Depois vieram as pioneiras do jornalismo esportivo, originalmente de So Paulo,

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    entre as dcadas de 1940 e 1960. Somente a partir da dcada de 1970 o crescimento da

    presena feminina nas editorias de esportes foi notado, j que as jornalistas assumiram

    editorias ditas masculinas como poltica e economia. Elas adquiriram conhecimento e se

    especializaram em suas pautas esportivas no impresso, rdio, televiso e internet, sendo a

    maioria delas trabalhando com futebol. As primeiras jornalistas de esportes abriram

    caminho para outras profissionais que sempre desejaram atuar no jornalismo esportivo e

    superaram o preconceito dentro das redaes por serem mulheres.

    O terceiro captulo aborda a participao feminina nas redaes e o machismo

    sofrido por elas no jornalismo esportivo. So mostrados os nmeros da presena feminina

    no jornalismo e na editoria de esportes, alm de dados das entidades ligadas ao jornalismo

    esportivo sobre a porcentagem de mulheres jornalistas credenciadas como reprteres decampo. A princpio as jornalistas eram encaminhadas para cobrirem esportes amadores,

    por serem considerados pelos editores modalidades mais fceis para elas entenderem. O

    futebol sempre foi destinado aos homens jornalistas, por causa da cultura de que eles

    entendem melhor de futebol do que as mulheres.

    Algumas profissionais do jornalismo esportivo relatam nas entrevistas se sofreram

    machismo ou no quando comearam na carreira de jornalista cobrindo esportes como

    futebol. A postura e a imposio da personalidade foram tticas para que muitas mulheresconseguissem respeito na editoria, alem de lidarem com a questo da boa aparncia fsica,

    atributo exigido quando apresentam programas de televiso.

    No quarto e ltimo captulo mostrada a atuao das mulheres jornalistas em

    veculos de comunicao ligados ao esporte. Apesar de a maioria atuar nos programas

    televisivos, h uma significativa presena no jornalismo impresso e no rdio. A atuao

    delas dividida por veculos de comunicao: telejornalismo esportivo na TV aberta e na

    TV fechada, jornalismo impresso, rdio e internet. A internet proporciona o aparecimentoda mdia alternativa escrita e produzida por mulheres, e em alguns casos elas so editoras

    de sites sobre o esporte. Alm de jornalistas que deixaram as redaes de publicaes

    esportivas e partiram para as assessorias de imprensa ligadas ao esporte.

    Procurou-se, assim, mostrar que o nmero de mulheres nas redaes dos veculos

    de comunicao ligados ao esporte aumentou consideravelmente nas ltimas dcadas. Se

    antes a atividade das jornalistas era restrita s funes de apresentadoras e reprteres dos

    programas esportivos de televiso, agora elas tambm exercem o cargo de comentaristas

    nas atraes semanais sobre o esporte, sendo reconhecidas pelo conhecimento sobre o

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    assunto e no apenas pela beleza. Houve tambm um aumento da participao feminina na

    internet, formado porsitese blogsproduzidos por mulheres jornalistas.

    As mulheres no jornalismo esportivo apresentam um olhar diferente na abordagem

    de temas ligados aos esportes, principalmente futebol. A atuao das jornalistas indica que,

    no futuro, o trabalho delas possa no ser visto como algo diferente ou questionado, pois

    comum nos dias atuais assistir a uma mulher apresentando em vrios programas e

    telejornais esportivos, sozinha ou junto com outros apresentadores. Com a invaso

    feminina nas redaes das editorias de esporte, as pessoas vero as mulheres jornalistas

    com mais naturalidade, como sempre aconteceu com os jornalistas esportivos homens,

    alcanando, portanto, a igualdade entre gneros no jornalismo esportivo.

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    2 HISTRIA DO JORNALISMO ESPORTIVO

    O jornalismo esportivo comeou a se difundir no mundo durante o sculo XIX, com

    revistas e jornais que destacavam os esportes mais praticados naquele tempo como turfe,

    equitao, caa, ciclismo, boxe, natao, entre outros. Mais tarde, vieram os peridicos

    especializados em futebol na Inglaterra, Frana e Espanha, acompanhando a

    profissionalizao do esporte e o surgimento de federaes esportivas.

    No Brasil, as primeiras revistas eram dedicadas sade e s atividades fsicas no

    sculo XIX. No incio do sculo XX surgiu a primeira revista voltada para os esportes,

    Fanfulla, criada em 1910, com linguagem que no era opinativa e de cunho popular. O

    futebol comearia a ganhar fora no final do sculo XIX e durante todo o sculo XX, com

    a organizao do futebol e das federaes estaduais do esporte. No sculo XX o jornalismo

    esportivo passou por muitas transformaes na cobertura de competies esportivas,

    priorizando o futebol nos veculos impressos e em seguida nas rdios. A televiso deu um

    tom de espetculo aos jogos de futebol, principalmente em Copas do Mundo, e a internet

    atualmente contribui para a transmisso de eventos esportivos em tempo real.

    2.1 JORNALISMO ESPORTIVO NO MUNDO

    H poucos registros sobre a origem do jornalismo esportivo no mundo. De acordo

    com artigos acadmicos, um dos primeiros peridicos a fazer uma cobertura sobre os

    esportes, principalmente o futebol, o jornal ingls Bells Life em 1838. A publicao,

    segundo Leandro (2005, p.66) mudou o seu nome para Sporting Life. A profissionalizao

    das federaes esportivas e dos clubes na era moderna provocou o seu surgimento. Quando

    o capitalismo se fortaleceu aps a Revoluo Industrial, no sculo XIX, o jornalismo comofenmeno moderno ganhou mais destaque e o Sporting Life se caracterizou pela

    organizao das instituies esportivas. Altabella (apud ANDJAR, 2013, p.8)

    complementa que o Sporting Lifeabsorveu o peridico Sportman, fundado em 1852, no

    ano de 1859 e a fuso dos dois jornais ocorreu em 1883, com periodicidade diria.

    Na Frana, o jornal mais antigo oLe Sport, editado por Eugene Chapus em 1854,

    cujo objetivo era escrever crnicas sobre equitao, turfe e caa, alm de sees dedicadas

    para outros esportes como canoagem, natao, boxe e luta. OLEquipe, cujo antecessor dojornal foiLAuto, criado em 1903, considerado o primeiro peridico esportivo do mundo

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    e demonstra um estilo prprio de linguagem referentes s crnicas esportivas. Em 1946,

    LAuto se transformou em LEquipe e as pginas amarelas da antiga publicao ficaram

    brancas. Os jornais da Europa tiveram um incentivo na cobertura de esportes, alm do

    hipismo e do boxe, quando o Baro de Coubertin reorganizou os Jogos Olmpicos em

    1896, na Grcia. Antes disso, os esportes que tinham mais destaque eram, alm dos boxes

    ingls e francs, a esgrima e o iatismo.

    Andjar (2013, p.9) registra que o primeiro dirio esportivo francs o Le Vlo,

    embora no estivesse fundada at 1892. Ainda sobre publicaes dedicadas prtica de

    turfe, h oJornal do Haras, que foi editada em 1828 e durou por mais de meio sculo. Em

    1869 surgiu o primeiro semanrio de ciclismo de Paris, o Velocipede Illustr

    (ALTABELLA apudANDJAR, 2013, p. 9).Baro Pierre de Coubertin, com seu neolimpismo, criou um veculo impresso

    denominadoRevue Atletique. A revista impulsionou a imprensa francesa e internacional, e

    foi decisivo para que o esporte tivesse bastante relevncia nas pginas dos jornais

    (LEANDRO, 2005).

    De 1919 a 1939, o fenmeno registrado que o esporte, antes abordado de formadidtica pela imprensa, passa a ser encarado com autonomia e como informaoespecfica. O jornalismo esportivo se fortalece e os livros sobre esportes tambm

    comeam a se tornar mais lidos (LEANDRO, 2005. p.66).

    A imprensa francesa conscientizava a populao da importncia da prtica de

    esportes, que so benficos para a sade e formao da cidadania. A cobertura de eventos

    esportivos ainda no era consolidada e os textos dos jornais se sustentavam nas crnicas,

    como acontece no incio do jornalismo esportivo no Brasil, que ser abordado no prximo

    tpico.

    Andjar (2013, p.8) fala que os Jogos Olmpicos de 1896 surgiram com a idia de

    que os festivais esportivos internacionais poderiam fomentar o entendimento e a paz

    mundial. O esporte moderno se configurou como atividade das massas e a converso de

    alguns esportes em espetculo pelos veculos de comunicao se reflete no aumento da

    dedicao destes para as atividades esportivas. Entre os 70 mil espectadores dos Jogos

    Olmpicos de Atenas, estavam os correspondentes dos jornais Le Figaro, da Frana, e do

    londrino The Times, que j publicavam crnicas sobre os atletas e os seus resultados

    (ALCOBA; MARN apudANDJAR, 2013). A partir de ento h uma espetacularizao

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    dos esportes voltado s massas e o fenmeno social do esporte abordado por Pierre

    Bourdieu.

    Bourdieu (1983) questiona sobre as condies histricas e sociais da possibilidade

    do fenmeno social que as pessoas aceitam facilmente como esporte moderno e das

    condies ligadas aos agrupamentos esportivos.

    Isto sobre as condies sociais que tornam possvel a constituio do sistemade instituies e de agentes diretamente ou indiretamente ligados existncia de

    prticas e de consumos esportivos, desde os agrupamentos "esportivos", pblicosou privados, que tm como funo assegurar a representao e a defesa dosinteresses dos praticantes de um esporte determinado e, ao mesmo tempo,elaborar e aplicar as normas que regem estas prticas, at os produtores evendedores de bens (equipamentos, instrumentos, vestimentas especiais, etc.) ede servios necessrios prtica do esporte (professores, instrutores, treinadores,

    mdicos especialistas, jornalistas esportivos, etc.) e produtores e vendedores deespetculos esportivos e de bens associados (malhas, fotos dos campees ouloterias esportivas, por exemplo) (BOURDIEU, 1983, p.2).

    Bourdieu faz um retrospecto da histria social do esporte com objetivo de legitimar

    uma cincia social como objeto cientfico separado e pergunta novamente se a apario do

    esporte, no sentido moderno do termo, no correlativa de uma ruptura com atividades

    consideradas ancestrais dos esportes modernos (1983, p.3). E complementa que a

    constituio do campo das prticas esportivas se acompanha na elaborao de umafilosofia poltica do esporte. E o amadorismo do esporte faz com que a atividade seja

    desinteressada, por mais que o esporte se afirme como uma escola de coragem e virilidade

    (Ibidem, p.5). Anos mais tarde, o esporte atravessaria uma fase do amadorismo para a

    profissionalizao, tanto das prticas quanto das entidades esportivas. E isso chamar mais

    ateno da imprensa, principalmente o futebol.

    Leandro (2005, p.66-67) fala sobre o surgimento da imprensa esportiva nos Estados

    Unidos, que comea a ganhar formato a partir da dcada de 20 do sculo XX. A cobertura

    de esportes e a importncia deles no mundo eram rejeitadas pela academia norte-

    americana, tanto que no h muitas pesquisas sobre a rea. Aqui, no comeo do sculo XX,

    Lima Barreto e Graciliano Ramos consideravam o futebol como uma importao

    desnecessria da Inglaterra, com valores estranhos. Embora o The New York Journal

    comeasse, em 1895, a registrar corridas de cavalos e, mesmo com o sucesso do hipismo,

    cobria outros esportes que estavam surgindo no final do sculo XIX. Em 1926, o jornal

    publicou uma matria em colunas sobre o boxeador Gene Tunney, com direito a fotografia

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    na primeira pgina, recebendo homenagem dos torcedores pela vitria dele na competio

    (SILVEIRA, 2009, p.20).

    Na Espanha, a imprensa esportiva surgiu em meados do sculo

    XIX, por influncia do jornalismo anglo-saxo e francs. Logo apareceram publicaes

    especializadas como revistas, boletins e informes que inundaram as cidades, refletindo a

    popularidade e a democratizao dos esportes caractersticos da poca (ANDJAR, 2013,

    p.9). Segundo Andjar, El Cazador foi a primeira revista especializada em esportes,

    inaugurada em 1856 e de periodicidade quinzenal. Falava sobre os direitos dos caadores e

    reclamava das fiscalizaes das leis de caa. Depois dessa publicao, vieram outros

    peridicos falando do ciclismo, ginstica, hipismo, entre outros. A imprensa espanhola s

    passou a dar mais importncia ao futebol a partir do incio do sculo XX, com oaparecimento do jornal El Mundo Deportivo em 1906. Outra publicao sobre esportes

    importante da Espanha apareceu na terceira dcada do sculo passado: Marca.Marca era

    um semanrio surgido em 1938 na cidade de San Sebastin, localizada no Pas Basco, que

    se mudou para Madrid dois anos depois e em 1942 saiu o primeiro nmero do dirio

    (Ibidem, p.13).

    Voltando organizao dos primeiros Jogos Olmpicos da Era Moderna de 1896,

    na capital grega Atenas, o Baro de Coubertin implorou para que a mdia da pocatransmitisse os jogos, oferecendo um banquete aos jornalistas, tratados por ele como

    convidados de honra (SLATER, 1998, p.49). Cem anos depois, a imprensa internacional

    fez fila para que as emissoras de TV conseguissem a cobertura exclusiva das Olimpadas

    de Atlanta, nos Estados Unidos. A NBC, emissora de TV norte-americana, pagou mais da

    metade do valor pedido pelo Comit Olmpico Internacional (COI), cerca de 900 milhes

    de dlares, para ter direitos exclusivos de transmisso no pas em 1996.

    Slater divide o relacionamento da mdia com os Jogos Olmpicos em fases distintas:a primeira, de 1896 at 1932, numa era pr-televiso marcada pelo rdio; depois entre 1936

    e 1964, numa poca marcada pela televiso antes dos satlites; dos satlites antes da

    internet no perodo entre 1968 e 1988; e por fim na era do domnio olmpico, comeando a

    partir de 1992 e se tornou uma tendncia para o futuro das transmisses das Olimpadas.

    Pea e Del Rio (2011, p.139) falam da importncia do rdio nas trs primeiras

    dcadas do sculo XX, como forma de destacar os Jogos Olmpicos como evento esportivo

    de grande porte, tornando-se um acontecimento global com o advento da televiso. Para os

    autores, a televiso converte os eventos locais em mundiais e os Jogos Olmpicos

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    encontraram este meio de comunicao como principal difuso dos valores positivos do

    esporte e de seu imaginrio.

    Os jornalistas esportivos eram escritores subjugados pela emoo das competies,

    pelos feitos dos atletas (ALCOBA apud SILVEIRA, 2009, p.21). O que no seria diferente

    no Brasil, como ser abordado no prximo tpico. Antes as publicaes esportivas eram

    mais segmentadas, falavam de esportes mais populares da poca como equitao, caa,

    boxe, entre outros. O futebol passou a ganhar destaque entre o final do sculo XIX e o

    incio do sculo XX. E a espetacularizao do futebol e dos Jogos Olmpicos causa

    comoo entre seus torcedores e os novos meios de comunicao, como as mdias digitais,

    reforaram o alcance das transmisses esportivas para o mundo todo.

    2.2 JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL

    Sobre o jornalismo esportivo no Brasil, Bahia (1990 apud Silveira, 2009, p.21) cita

    O Atleta, de 1856, como a primeira publicao destinada aos esportes no pas. O jornal

    registrava a rotina dos moradores do Rio de Janeiro em termos de preparao fsica. Em

    So Paulo teve Sport, trazendo conceitos sobre a atividade fsica, iniciando em 1886,

    juntamente com o Sportman. As grafias dos semanrios e jornais voltados s atividades

    fsicas eram em ingls e s no decorrer do sculo XX os ttulos foram se modificando,

    sendo outros extintos.

    Segundo Coelho (2003, p.8), um dos primeiros jornais que se dedicava ao esporte

    era Fanfulla, criado em 1910 na cidade de So Paulo. Era um peridico diferente dos

    outros por no ser voltado s elites e nem era opinativo, mas tinha um pblico-alvo

    bastante numeroso na capital paulista: os italianos.Fanfullafoi influente na criao de um

    time de futebol, o Palestra Itlia - que mais tarde se tornaria o Palmeiras - graas a um

    aviso despretensioso em uma de suas edies. Relatava em pginas inteiras as fichas de

    todos os jogos do clube dos italianos e ainda no existiam as caractersticas do jornalismo

    esportivo atual. At hoje grande fonte de consulta dos arquivos do Palmeiras sobre as

    primeiras dcadas do futebol brasileiro.

    Stycer (2009, p.39-40) faz um retrospecto do surgimento do futebol no Brasil,

    trazido por imigrantes europeus e adotado pelas elites urbanas em meados dos anos 1890.

    Ao longo do sculo XX, o futebol deixa de ser uma diverso ligada aos mais ricos para se

    tornar um dos esportes mais populares do pas. E aborda trs aspectos referentes aos

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    conflitos durante os primrdios do futebol, provocando a rivalidade entre So Paulo e Rio

    de Janeiro por meio dos jornais Gazeta Esportiva eJornal dos Sports.

    O mais importante, naturalmente, o corte de classe que afeta de forma profundaa prtica do esporte. O segundo, um desdobramento do primeiro, expe asdificuldades de comunidades de imigrantes em sua adaptao ao Brasil. Oterceiro ope So Paulo e Rio de Janeiro, os principais centros urbanos do pas(STYCER, 2009, p.40).

    A Liga Paulista de Futebol foi fundada em 1901 com cinco clubes e no Rio de

    Janeiro foi criada a Liga Metropolitana de Futebol, quatro anos depois. Nas palavras de

    Pereira (2000, p.35), o futebol se torna um modismo elegante devido s arquibancadas

    cheias de cavalheiros distintos e senhoras de vestidos claros. Isso mostra o carter elitista

    do futebol brasileiro nas primeiras dcadas do sculo passado. Nelson Rodrigues (1994),

    que num texto em homenagem a Mrio Filho, considera o nascimento da crnica esportiva

    em 1927, quando seu irmo assume a direo da pgina de esportes do jornal A Manh.

    Mas eu gostaria de perguntar: - o que era a crnica antes de Mrio Filho? Simplesmente

    no era, simplesmente no havia. Sim, a crnica esportiva estava na sua pr-histria, roia

    pelas cavernas (RODRIGUES, 1994, p.8).

    Alguns estudos sobre o aparecimento e a consolidao do jornalismo esportivo

    como gnero no Brasil, apontam que aFolha de S. Paulo j disponibilizava uma seo deesportes na dcada de 1910, de periodicidade diria, como registro de competies com

    outras modalidades esportivas e trazia resultados das primeiras partidas de futebol, alm

    dos preparativos dos jogos, das escalaes dos jogadores e das estatsticas sobre os

    confrontos.

    Bezerra (2008) fala da profissionalizao do futebol e da relevncia do esporte nos

    jornais especializados, substituindo outros que ocupavam as pginas no incio do sculo

    XX.O futebol conquistara definitivamente a sociedade. Vrios jornais e revistassurgiram pelo pas, especialmente no eixo Rio-So Paulo. Nas sees de esportesdos principais jornais, o futebol substitua as notcias do remo e do turfe, quedominavam o noticirio desde o incio do sculo (BEZERRA, 2008, p.35).

    Stycer (2009, p.45) menciona a fundao do Palestra Itlia em 26 de agosto de

    1914, por meio da convocao feita aos imigrantes italianos, publicada no jornal esportivo

    Fanfulla. Arajo (2000 apud STYCER, 2009) considera que o futebol se tornaria a partir

    da fundao do clube italiano uma forma de insero social na elite. Assim como Coelho(2003, p.9) destaca o Vasco da Gama como o primeiro clube a colocar negros em seus

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    quadros e isso foi noticiado nos jornais cariocas na dcada de 1920. Formado por

    comerciantes portugueses em 1898, originalmente como um clube de remo, o Vasco

    passou a se dedicar ao futebol em 1916 e resolveu criar o estdio de So Janurio para

    disputar a primeira diviso do futebol do Rio de Janeiro. A partir de ento o futebol

    comea a ser popularizado no Brasil.

    OEstado de So Paulodivulga a escalao do time do Paulistano, da elite cafeeira,

    e ignora os jogadores do clube de imigrantes italianos. J na partida do Palestra Itlia, atual

    Palmeiras, sobre o Corinthians em 1933, o jornal enaltece as qualidades do time derrotado

    e apresenta defeitos vencedor, mostrando uma certa parcialidade da publicao em relao

    aos clubes formado por atletas das elites paulistas (STYCER, 2009, p.47).

    A criao de ligas esportivas no eixo Rio-So Paulo e a contratao de atletas dosclubes como funcionrios de comerciantes estrangeiros revelam o processo de

    profissionalizao e de valorizao do futebol brasileiro, fazendo com que os jornais da

    poca registrassem dados sobre as partidas e comeassem a acirrar rivalidades entre os

    clubes dos dois estados, com a criao da Federao Brasileira de Futebol (So Paulo) e da

    Federao Brasileira de Sports (Rio).

    O jornal carioca Correio da Manh promoveu, em 1906, uma disputa entre

    selecionados cariocas e paulistas como forma tambm de divulgar o nome do veculoimpresso na popularizao do esporte (Ibidem, p.51). Dez anos depois, as duas federaes

    fizeram um pacto que resultaria na fundao da Confederao Brasileira de Desportos

    (CBD), que se tornaria Confederao Brasileira de Futebol (CBF) apenas em 1979.

    A supremacia inicial das equipes paulistas, mas logo, em 1913,os cariocas obtm resultados mais expressivos nas disputasinternacionais, abrindo debate nas pginas esportivas das duascidades (Ibidem, p.51).

    O carioca Correio da Manh provocava uma rivalidade com a imprensa de So

    Paulo, ao reclamar que os jornais paulistas torcem incondicionalmente para os times do

    estado. Alm disso, debocha em 1918 do Estado de So Paulo, quando o selecionado

    carioca vence o paulista e diz que aguarda opinio dos ilustres colegas d OEstadinho. O

    processo de modernizao do futebol acaba levando as ligas do Rio e de So Paulo a

    aceitarem a profissionalizao do esporte em 1933, cujo interesse ganha outra dimenso

    (STYCER, 2009, p.54).

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    De acordo com as pesquisas de Stycer, o nmero de publicaes destinadas ao

    esporte salta de cinco, em 1912, para 58 em 1930. E neste perodo nascem dois sinnimos

    da imprensa esportiva brasileira: Gazeta Esportiva, em So Paulo, e o Jornal dos Sports,

    no Rio de Janeiro.

    A Gazeta Esportiva oriunda deA Gazeta, fundada por Adolfo Arajo e circulou

    pela primeira vez no dia de 16 de maio de 1906. Era vespertino e aps a morte de seu

    fundador, passou por vrias crises at ser adquirido por Csper Lbero em 1918,

    transformando-o num conhecido dirio do estado de So Paulo na primeira metade do

    sculo XX (STYCER, 2009, p.55). Csper Lbero no tinha fortuna e adquiriu o jornal com

    a ajuda de seu irmo e de dois amigos ilustres, Jlio Prestes (futuro governador de So

    Paulo) e Oscar Rodrigues Alves, filho do presidente da Repblica Rodrigues Alves. Lberocomeou a associar A Gazetaem eventos esportivos na dcada de 20, quando assistiu a

    uma corrida noturna em Paris, no ano de 1924. O jornalista quis promover um evento

    parecido em So Paulo e foi o idealizador da Corrida de So Silvestre, realizado pela

    primeira vez no dia 31 de dezembro de 1925.

    Tambm criou uma prova ciclstica, a Nove de Julho, e uma competio esportiva

    entre universidades (STYCER, 2009, p.61). Em 24 de dezembro de 1928, nascia A Gazeta

    Edio Esportiva, um suplemento semanal do jornal, que dez anos depois se chamaria AGazeta Esportiva, de circulao trs vezes na semana e at que em 10 de outubro de 1947,

    o suplemento teria periodicidade diria. O principal foco de A Gazeta o futebol e o

    volume de informaes era a grande novidade, pois o jornal dedicava inicialmente 12

    pginas dirias ao fazer a cobertura dos principais clubes da cidade, alm dos campeonatos

    de vrzea e dos clubes classistas. Csper Lbero foi considerado um conciliador do futebol

    paulista, pois queria que os clubes da Liga dos Amadores de Futebol (LAF) se associassem

    Associao Paulista de Esportes Atlticos (Apea) sem o desgaste moral e poltico doarrependimento de se rebelarem contra a entidade oficial.

    O jornal A Gazetateve tambm a direo do italiano Tomz Mazzoni, que deu a

    cara da publicao paulista e consolidou o seu papel na imprensa brasileira, principalmente

    a esportiva. Foi considerado por muitos profissionais o maior jornalista esportivo de So

    Paulo por dcadas. Em 1928 lanou o Almanaque Esportivo, quando trabalhava na seo

    esportiva de A Gazeta, que trazia os registros dos principais eventos esportivos no ano

    (STYCER, 2009, p.66).

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    Mazzoni buscava o dilogo com o torcedor, com a finalidade em torn-lo leitor fiel

    do jornal por meio de artifcios e promoes. E era um militante ferrenho contra a

    desmoralizao do futebol brasileiro, causada por dirigentes e ligas, alm dos jornalistas

    clubistas. Entendeu que a paixo um dos elementos fundamentais do futebol,

    facilitando a identificao do leitor com o jornal, e modificou o tratamento aos nomes de

    jogadores, antes chamados de senhores com nome e sobrenome, ao colocar nomes em

    diminutivo ou apelidos. O jornal A Gazetadeixou de circular em 25 de agosto de 1979,

    devido a uma crise financeira, tornando-se suplemento de A Gazeta Esportiva. Em 1999

    deixou de ser publicado e dois anos depois parou de circular, mantendo-se apenas com um

    site na internet1(STYCER, 2009, p.70).

    Se Mazzoni incentivava a paixo do torcedor por futebol em So Paulo, o mesmose pode dizer de Mrio Filho no Rio de Janeiro com oJornal dos Sports. E ambos tambm

    tm uma histria em comum quando se refere presena feminina em suas redaes, a

    partir da dcada de 1940.

    O Jornal dos Sports nasceu no dia 13 de maro de 1931, por iniciativa dos

    jornalistas lvaro Nascimento e Argemiro Bulco, que trabalhavam no Rio Sportivo

    (KONDER, 2004, 21). Para Coelho (2003, p.9), o Jornal dos Sportsfoi o primeiro dirio

    exclusivamente dedicado aos esportes no pas. Segundo Stycer (2009, p.70) o dirio adotouuma marca registrada que durou muitos anos: a cor rosa das pginas, copiada do jornal

    italiano Gazzeta dello Sport. Entretanto Konder (2004, p.22) afirma equivocadamente que

    as pginas cor-de-rosa so originadas do jornal francs LAuto e inseridas no Jornal dos

    Sportsno dia 23 de maro de 1936. OJornal dos Sportsfoi adquirido pelo jornalista Mrio

    Filho, em sociedade com Roberto Marinho, proprietrio do jornal O Globo. Foi nas

    pginas rosas do jornal, em 1949, que nasceu a campanha pela construo do Estdio

    Municipal do Maracan, inaugurado em 16 de junho de 1950. O Maracan ganhou o nomede Estdio Jornalista Mrio Filho em 1966, ano da morte do jornalista, e continua assim at

    hoje.

    Antes doJornal dos Sports, Mrio Filho foi editorialista do Correio da Manh, um

    dos principais jornais do Rio de Janeiro, e em 1925 criou o seu prprio matutino,A Manh.

    Na dcada de 30, o jornalista trabalhou em O Globoe transformou a seo esportiva do

    jornal, passando a ter duas sees esportivas com opinies diferentes. E tambm criou o

    Mundo Esportivo, que durou apenas oito meses.

    1Disponvel em:http://www.gazetaesportiva.net/.Acesso em 26 ago. 2015.

    http://www.gazetaesportiva.net/http://www.gazetaesportiva.net/http://www.gazetaesportiva.net/http://www.gazetaesportiva.net/
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    Mrio Filho dava apelidos aos jogadores e colocava nomes nos grandes clssicos

    cariocas, como o mais famoso deles: Fla-Flu, referindo aos times de Flamengo e

    Fluminense. A histria do Fla-Flu2 comeou em 1925 quando a Seleo Carioca, que era

    a convocao dos melhores jogadores da cidade do Rio de Janeiro para a disputa de

    amistosos ou competies, precisou ser convocada s pressas para disputar o Campeonato

    Brasileiro de Selees Estaduais. Pela dificuldade em reunir os jogadores, escalaram

    apenas os jogadores do Flamengo e do Fluminense, o que gerou repercusso negativa por

    parte do pblico, chamando a Seleo Carioca de Combinado Fla-Flu. A Seleo

    Carioca foi campe neste ano e Mrio Filho, com a inteno em reverter a imagem

    negativa do combinado carioca, passou a chamar o clssico entre os dois times de Fla-

    Flu a partir de 1933.Criou os Jogos Estudantis em 1947 os Jogos da Primavera, consolidando a marca

    da cobertura jornalstica esportiva. Nas dcadas de 1950 e 1960 com estes dois eventos fez

    que o Jornal dos Sportsocupasse o lugar de destaque na imprensa esportiva (KONDER,

    2004, p.22). O Globo j dedicava em suas pginas, no ano de 1931, o incentivo e as

    expectativas dos torcedores pelas competies e resultados das partidas (STYCER, 2009,

    p.77).

    Csper Lbero, Tomz Mazzoni e Mrio Filho foram muito importantes naconsolidao do jornalismo esportivo nas trs primeiras dcadas do sculo XX, quando o

    futebol passa do amadorismo dos clubes recm-criados para a profissionalizao dos

    mesmos com o surgimento de ligas e competies locais e regionais. E entenderam que o

    futebol havia se tornado um fenmeno de massas, ao utilizar a paixo do torcedor para

    atrair leitores para seus jornais, que ainda relegavam o jornalismo esportivo a segundo

    plano. As crises econmicas nas dcadas de 1970 e 1980 levaram os dois principais jornais

    do pas ao declnio de vendas, por conta da m organizao dos clubes e da recesso nasituao financeira do futebol brasileiro (Ibidem, 2009, p.86).

    Nas dcadas de 40 e 50, o jornalismo esportivo se misturava ao romance com as

    crnicas de Nelson Rodrigues e Mrio Filho. O que Nelson Rodrigues escrevia no era

    exatamente um jornalismo, pois dramatizava as partidas de futebol priorizando os

    personagens, no caso os jogadores, e suas histrias. No havia uma informao precisa nos

    textos, como acontece atualbmente no jornalismo esportivo. A poesia dominava os textos

    2Disponvel em:http://trivela.uol.com.br/como-o-profissionalismo-ajudou-tornar-o-fla-flu-tao-grandioso/.Acesso em 31 out. 2015.

    http://trivela.uol.com.br/como-o-profissionalismo-ajudou-tornar-o-fla-flu-tao-grandioso/http://trivela.uol.com.br/como-o-profissionalismo-ajudou-tornar-o-fla-flu-tao-grandioso/http://trivela.uol.com.br/como-o-profissionalismo-ajudou-tornar-o-fla-flu-tao-grandioso/http://trivela.uol.com.br/como-o-profissionalismo-ajudou-tornar-o-fla-flu-tao-grandioso/
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    de Mrio Filho e de Nelson Rodrigues dos principais clssicos do campeonato carioca,

    como o Fla-Flu, at mesmo os jogos mais violentos. Nelson Rodrigues disse que o Fla-

    Flu nasceu quarenta minutos antes do nada e isso motivava o torcedor a ir aos estdios,

    para idolatrar seus dolos (COELHO, 2003, p.17-18).

    Vrias revistas e jornais foram surgindo e desaparecendo durante dcadas, como

    por exemplo, a Revista do Esporteno Rio de Janeiro, entre os anos 1950 e 1960. Cobriu

    Copas do Mundo e acabou com as crises. Outro exemplo o dirio esportivo O Jornal,

    criado por Roberto Petri em So Paulo. Os cadernos de esportes s passaram a tomar conta

    dos jornais no final da dcada de 1960. O Caderno dos Esportes deu origem aoJornal da

    Tarde em 1967, na cidade de So Paulo. Para Coelho (2003, p.10) o Brasil s teria uma

    revista esportiva com vida regular nos anos 1970. Em maro de 1970 ocorreu a criao darevista Placar3, que na poca pertencia Editora Abril, inicialmente de periodicidade

    semanal. A publicao passou por altos e baixos, sendo relanada em 1995. Nos anos

    2000, passou a circular com edies mensais e chegou a ter distribuio gratuita em 2009,

    com vendas em bancas somente s segundas-feiras no ano seguinte.

    Apesar do crescimento da cobertura esportiva comear nesta dcada e com as crises

    financeiras, Coelho diz que o preconceito com o jornalismo esportivo era muito presente

    no sculo passado, cuja editoria era mal vista por outros profissionais do jornalismo e eraeditoria de segundo plano:

    Durante todo o sculo passado, dirigir redao esportiva queria dizer tourear arealidade. Lutar contra o preconceito de que s os de menor poder aquisitivo

    poderiam tornar-se leitores desse tipo de dirio. O preconceito no erainfundado, o que tornava a luta ainda mais inglria. De fato, menor poderaquisitivo significava tambm menor poder cultural e, consequentemente, ler noconstava de nenhuma lista de prioridades (COELHO, 2003, p.9).

    O dirioLance!chegou s bancas de jornais, pelo empresrio Walter de Mattos Jr,no dia 26 de outubro de 1997. Depois de dois anos no mercado, o Lance! se tornou a

    publicao esportiva mais vendida do pas. Viu concorrentes, comoA Gazeta Esportivae o

    Jornal dos Sports, perderem espao e at fecharem as redaes com cinco anos de

    existncia. Com dez anos de criao, o Lance! apareceria como o dcimo dirio mais

    importante do Brasil, segundo Stycer (2009, p.89).

    Soares (1994, p.13) afirma que o radiojornalismo brasileiro foi o primeiro gnero a

    se firmar no rdio e continua ocupando grande tempo nas principais emissoras brasileiras,

    3Disponvel em:http://revistaplacar.uol.com.br/.Acesso em 01 set. 2015.

    http://revistaplacar.uol.com.br/http://revistaplacar.uol.com.br/http://revistaplacar.uol.com.br/http://revistaplacar.uol.com.br/
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    com programas permanentes de notcias e comentrios toda semana, sendo maior na longa

    jornada de jogos. Soares fala em seu livro que a primeira transmisso de uma partida de

    futebol, lance a lance durante os 90 minutos por Nicolau Tuma, aconteceu no rdio

    esportivo de So Paulo, a Rdio Sociedade Educadora Paulista, em 1931. Da mesma

    forma do jornal impresso, o rdio tambm provocou a espetacularizao das partidas de

    futebol, pois os locutores usam uma linguagem especfica para captar a ateno do ouvinte,

    fazendo-o imaginar os lances dos jogos. O rdio se tornou um fenmeno de comunicao

    de massa.

    Tota (apud BEZERRA, 2008, p.38) descreve a improvisao dos locutores

    esportivos ao noticiarem os fatos publicados nos jornais e no havia transmisso direta dos

    jogos, pois os profissionais apenas liam por telegramas os resultados dos principais jogos.E completa que aRdio Educadora transmitiu, em abril de 1925, numa tarde de domingo,

    os resultados dos jogos de futebol dos campeonatos da capital, do interior e dos

    campeonatos internacionais.

    O rdio esportivo tem os requisitos para atender as trs demandas, como

    informao, conquista do pblico e dos anunciantes e manter o interesse por futebol

    (SOARES, 1994, p.27). Embora a Rdio Educadora Paulista seja a primeira a transmitir

    um jogo direto, a Rdio Record, criada em 1928 como Rdio Sociedade Record,consolidou-se como a emissora de maior destaque em So Paulo. Outra rdio de grande

    projeo a Rdio Bandeirantes, inaugurada em 1937.

    Segundo Tavares (apudBEZERRA 2008, p.42) a primeira transmisso em cadeia

    nacional foi realizada pelas rdios Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, Cruzeiro do Sul de

    So Paulo e Clube de Santos que, comandada pela rdio Clube do Brasil do Rio de

    Janeiro, fizeram a cobertura da Copa do Mundo de 1938, na Frana. Foi a primeira

    transmisso esportiva internacional pelo rdio, apresentando o mundial para os ouvintes doBrasil.

    Em So Paulo as principais rdios so, alm das rdios Record e Rdio

    Bandeirantes, aJovem Pan, aRdio Capital, aDifusorae aExcelsior. Esta ltima, afiliada

    da Rdio Globo, transferiu o sinal para a rdio CBN em 1991. Na capital paulista, o

    principal nome do rdio esportivo foi Osmar Santos, fenmeno dos anos 1970. Foi

    considerado o mais bem remunerado locutor esportivo do pas, ao trocar a Jovem Panpela

    Rdio Globo em 1977 e alavancou a audincia global, antes inexistente em So Paulo

    (COELHO, 2003, p.29). O rdio foi importante para a revelao de muitos nomes bastante

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    conhecidos, como o apresentador Fausto Silva, que era reprter de campo de Osmar

    Santos.

    J no Rio de Janeiro as principais rdios a transmitirem esportes so aRdio Globo,

    fundada em 2 de dezembro de 1944, e a Super Rdio Tupi, criada 25 de setembro de 1935.

    A Super Rdio Tupi4comeou a ter fora nas transmisses do jornalismo esportivo a partir

    da dcada de 1950, com Ary Barroso e Antonio Maria como narradores. Em 1957, o

    comentarista Jos Almrio criou uma equipe esportiva com informao e esporte ao mesmo

    tempo, chamada deEquipe Bola de Ouro, at hoje no ar. Entre as dcadas de 1960 e 1980,

    aRdio Tupi teve sucesso com a Seleo Brasileira do Rdio, reunindo grandes nomes do

    rdio esportivo nas coberturas dos jogos da Seleo Brasileira em Copas do Mundo.

    Os principais programas da Super Rdio Tupi so Giro Esportivo,Rolando a Bola,Show de Bola,Bola em Jogoe Show do Apolinho, apresentado por Washington Rodrigues,

    o Apolinho, desde 1999.

    A Rdio Globo5foi a nica emissora brasileira a transmitir a Copa do Mundo de

    1954, na Sua, embora tenha comeado no mundial anterior, em 1950 no Brasil, com Lus

    Mendes. Nas dcadas seguintes, criou Os Trepidantes para denominar a equipe do

    jornalismo esportivo. O principal nome da emissora foi Jos Carlos Arajo, que na

    primeira vez ficou entre 1960 e 1976, voltou em 1984 e permaneceu por 28 anos. LuizPenido atualmente ocupa a vaga deixada por Jos Carlos Arajo na Rdio Globo. Durante

    as Copas do Mundo de 2002 e 2006, a rdio foi a mais ouvida em So Paulo, sendo que a

    grande rival da rdio Jovem Pan a Bandeirantes, que brigavam por anunciantes nesta

    poca. Houve um processo de criao de emissoras afiliadas das rdios, por causa da

    importncia e penetrao delas no mercado, a ponto de espremer trs emissoras em So

    Paulo e duas no Rio de Janeiro.

    Os principais programas esportivos da Rdio Globo, atualmente com a equipechamada de Timaodo rdio esportivo brasileiro, so: Globo Esportivo de Luiz Penido,

    Rdio Globo Futebol Clube, Enquanto a Bola no rola com Eraldo Leite, Panorama

    Esportivocom Zeca Marques, alm os recentes Futebol de Verdade, apresentado pelos ex-

    jogadores Zico e Juninho Pernambucano, e Olha o Gol, com Edson Mauro, transmitido

    quando no h jogos dos campeonatos regionais e nacionais.

    4Disponvel em: http://www.tupi.am/.Acesso em 26 ago. 2015.5Disponvel em:http://radioglobo.globo.com/.Acesso em 26 ago. 2015.

    http://www.tupi.am/http://www.tupi.am/http://radioglobo.globo.com/http://radioglobo.globo.com/http://radioglobo.globo.com/http://radioglobo.globo.com/http://www.tupi.am/
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    A rdio Jovem Pan teve destaque na programao do rdio esportivo com o

    surgimento do Planto de Domingo, comandado pelo jornalista Milton Neves a partir de

    1978. O apresentador contava histrias de futebol e entrevistava grandes personalidades do

    mundo esportivo durante anos, com inseres de merchadisingde seus patrocinadores. Isso

    aconteceu antes de consolidar na carreira televisiva com o Terceiro Tempo, programa

    homnimo que ele fazia na rdio Jovem Pan em 1982, atualmente nome da atrao

    esportiva na TV Bandeirantes.

    Um caso recente de emissora de rdio voltada para os esportes a Rdio Bradesco

    Esportes FM6, criado em 17 de maio de 2012 na cidade de So Paulo e no dia 26 de

    setembro do mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro. A rdio pertence ao Grupo

    Bandeirantes de Comunicao, aps a extino da OI FMem diversas redes de rdios. Oprojeto de uma nova emissora de rdio partiu do Grupo Bel, empresa de comunicao

    detentora da Rdio Bradesco Esportes FM, para definir o futuro do projeto provisrio da

    emissoraRede Vero.7

    A novidade do projeto seria o patrocnio mster de um banco, o Bradesco, e a

    parceria forte do Grupo Bandeirantes de Comunicao, o que fez a rdio mudar a sua

    filosofia para dedicar toda a sua transmisso ao mundo dos esportes. A Bradesco Esportes

    FM estreou em todas as localidades onde o Grupo Bel cobria, exceto em Recife, onde osinal foi ocupado pela Rdio Globo FM. O locutor Jos Carlos Arajo foi a principal

    contratao da rdioBradesco Esportes FM no Rio de Janeiro por dois anos, que depois se

    transferiu para a Rdio Transamrica FM e atualmente est na Super Rdio Tupi, desde

    abril de 2015.

    Assim como o jornalismo impresso e o rdio tiveram papis importantes na

    profissionalizao dos clubes de futebol e na transformao do esporte em paixo nacional

    para o torcedor, a televiso expandiu essa espetacularizao dos esportes e de seus atletas.Tanto que influenciou na criao de torneios de futebol e tornou a disputa acirrada para

    conseguir os direitos de transmisso das competies.

    Bravo (2009) diz que o jornalismo esportivo na televiso permite uma ousadia no

    texto com expresses e adjetivos populares, porm que h uma confuso entre textos

    sensacionalistas e descontrados.

    6Disponvel em:http://bradescoesportesfm.band.uol.com.br/.Acesso em 31 out. 2015.7Disponvel:http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.html.Acesso em 31 out. 2015.

    http://bradescoesportesfm.band.uol.com.br/http://bradescoesportesfm.band.uol.com.br/http://bradescoesportesfm.band.uol.com.br/http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/05/11/Radio-Bradesco-Esportes-entra-no-ar.htmlhttp://bradescoesportesfm.band.uol.com.br/
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    H certo exagero nas produes televisivas de eventos esportivos, pois muitasemissoras de televiso j no priorizam mais a informao e sim o espetculo.

    No entanto, devemos nos atentar que o esporte um evento que trabalha com oemocional do telespectador sendo difcil desvincular espetculo de notcia(BRAVO, 2009, p.25).

    Segundo Ribeiro (apudBRAVO 2009, p.24) o primeiro registro de um telejornal

    voltado para os esportes foi o Mesa Redonda, criado em 1954 pela TV Record. Um ano

    depois, a TV Tupi fez a primeira transmisso externa de uma partida de futebol, entre

    Santos e Palmeiras na Vila Belmiro. Ribeiro afirma que a TV Tupi tambm cobriu a

    primeira partida interestadual em 1956, entre Brasil e Itlia, direto do Maracan para So

    Paulo.

    Com tanta gente aderindo nova moda da televiso, era o momento de asemissoras comearem a se preocupar com o aperfeioamento das transmisses,em especial das partidas de futebol, um dos programas lderes de audincia dapoca. Record e TV Rio, por exemplo, passaram a utilizar lentes de zoomespeciais para conseguirem ngulos mais prximos s estrelas do espetculo(RIBEIRO apudBRAVO, 2009, p.24).

    J Fanucchi (1996, p.43 apud BEZERRA 2008, p.76) aponta que a primeira

    transmisso de um jogo de futebol na TV foi no dia 10 de dezembro de 1950, no jogo

    Portuguesa e Palmeiras, realizada pela PRF3-TV. A televiso possibilitou a expanso de

    programas esportivos e desmitificou alguns cronistas esportivos que faziam carreira no

    rdio, pois a linguagem radiofnica criava um imaginrio para o torcedor na hora da

    narrao das partidas e era mais dinmica que a narrao na televiso. O rdio dramatizava

    as partidas de futebol e buscava cativar o ouvinte pela emoo, o que no deixa de ser

    diferente na TV.

    A Rede Bandeirantes8foi a primeira emissora de TV a exibir ao vivo a Copa do

    Mundo de 1970, no Mxico. O Governo Federal na poca organizou um pool de

    transmisso junto com a Rede Globo e a TV Tupi. O retorno cobertura do mundial saconteceria em 1994, nos Estados Unidos. Na dcada de 1980, a Rede Bandeirantesficou

    conhecida como o Canal do Esporte, por passar com exclusividade jogos dos

    campeonatos brasileiros de 1986 a 1993. A Rede Globonem sequer acompanhava alguns

    torneios e vrios jogos, apenas apresentava os melhores momentos das partidas e dos

    principais lances por meio do Globo Esporte(COELHO, 2003, p.65).

    8Disponvel em:http://www.band.uol.com.br/grupo/historia.asp.Acesso em 08 set. 2015.

    http://www.band.uol.com.br/grupo/historia.asphttp://www.band.uol.com.br/grupo/historia.asphttp://www.band.uol.com.br/grupo/historia.asphttp://www.band.uol.com.br/grupo/historia.asp
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    A Band9criou em 1983 o Show do Esporte, considerado o programa de esportes

    mais longo do mundo, com durao de 10 horas seguidas aos domingos, das 10 horas da

    manh s oito horas da noite. O programa foi criado, apresentado e dirigido por Luciano do

    Valle, locutor esportivo falecido em 2014. O Show do Esporte ficou no ar at 2004. Em

    1996, aBandexibiu os Jogos Olmpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, o quarto de sua

    histria. Atualmente, a Band transmite os programas Band Esporte Clube, nos finais de

    semana, os dirios Jogo Aberto, apresentado por Renata Fan e Os Donos da Bola. Os

    programas GolO Grande Momento do Futebole Terceiro Temposo apresentados pelo

    principal nome do jornalismo esportivo da emissora, Milton Neves.

    Um dos casos curiosos quanto aos direitos de transmisso de jogos importantes foi

    em 2000, quando a emissora paulista alcanou a liderana absoluta mostrando a final doMundial de Clubes da FIFA, entre Vasco e Corinthians, no Maracan. A audincia marcou

    53 pontos e fez que a Globo deixasse de repassar as principais competies nacionais e

    internacionais Band. Entretanto, em 2006, as duas emissoras fecharam um novo acordo

    para a transmisso do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e os

    campeonatos estaduais.

    Coelho (2003) afirma que os direitos de transmisso dos jogos so vendidos por

    valores infinitamente maiores do que nas dcadas anteriores. Questiona se a maioremissora do pas compra as cotas de patrocnio das competies nacionais, o campeonato

    dela e no deve ser desvalorizado. A TV Globo detm os direitos do Campeonato

    Brasileiro desde 1995, que foram valorizados dois anos depois. O autor refere como a

    principal emissora de televiso, a Globo, que tem o costume de transmitir os jogos como se

    fosse um show, onde o estdio no apresenta defeito nem h comentrios sobre a qualidade

    tcnica da partida.

    Os clubes pensaram que iriam aumentar seus dividendos com o dinheiro da TV,mas no criaram campeonato suficientemente lucrativo para que a televiso deles

    precisasse. Ao contrrio, so hoje os clubes que dependem da televiso(COELHO, 2003, p. 64-65).

    A Rede Globo, ao comprar com exclusividade os direitos, acaba tolhendo o

    jornalismo e restringe o acesso informao do restante dos espectadores. Causou

    polmica em 1998, quando comprou os direitos de transmisso da Copa do Mundo na

    Frana, por 220 milhes de dlares. Somente para no ser ultrapassada pela concorrncia.

    Assim aconteceu com a Record na dcada de 1970 e com a Bandeirantes na dcada9Disponvel em:http://www.band.uol.com.br/.Acesso em 08 set. 2015.

    http://www.band.uol.com.br/http://www.band.uol.com.br/http://www.band.uol.com.br/http://www.band.uol.com.br/
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    seguinte. Para completar a hegemonia no jornalismo esportivo na televiso, a Globo criou

    em 1992 o SporTV, canal de TV fechada, pertencente Globosat. A sua concorrente a

    ESPN Brasil, criada a partir do acordo entre o Grupo Disney, detentora da marca, e a

    extinta emissora por assinatura TVA, do Grupo Abril.

    ARede Globo tem programas esportivos com mais de 30 anos de atividade, mesmo

    quando a emissora no valorizava tanto os campeonatos nacionais e internacionais, at o

    fim da dcada de 1980. O programa Esporte Espetacular estreou em 1973, sendo o mais

    antigo da grade de programao, exibido aos domingos de manh. J o Globo Esporte,

    programa dirio de esportes, comeou a ser exibido em 1978. No s de futebol e esportes

    olmpicos vive a programao esportiva da Globo. OAuto Esporte um programa voltado

    para o mundo automotivo e o Corujo do Esporte um dos mais recentes, exibidosemanalmente nas madrugadas e criado em 2011, falando de todos os esportes.

    Nos anos 1990, a internet virou febre no Brasil, mais precisamente a partir de 1997.

    O fenmeno da internet tomara conta da Europa e dos Estados Unidos j havia alguns

    anos. Entretanto os sites no eram to difundidos a ponto de se tornarem negcio

    (COELHO, 2003, p.59). Coelho (2003) fala que na mesma poca que surgiu o Lance!foi

    criado o site do dirio10, com o sintoma de que a internet pegaria no pas. O prestgio da

    internet somente ocorreu dois anos depois, o que levou muitos profissionais do jornalismoesportivo para os principais portais de notcias, como o UOL e o IG. Houve uma

    estabilidade do jornalismo esportivo na internet at 2002, mas um ano antes passou por

    uma grande crise que demitiu muitos profissionais das redaes on-line, por causa da falta

    de investimentos nas pginas eletrnicas.

    O jornalismo esportivo na internet enfrenta problemas de critrios de

    noticiabilidade, como a falta de apurao das notcias e a precipitao na hora de publicar o

    contedo no endereo eletrnico, que um dos meios de comunicao mais rpidos queexiste, porm no tem muita credibilidade quanto um jornal impresso. Muitos jornais

    impressos, emissoras de rdio e televiso migraram para os seussitesna internet, alm dos

    portais especializados em esporte, como o GloboEsporte.com, UOL Esporte e o Esporte

    Interativo, este ltimo um canal de TV 100% de esportes lanado em 2007.

    10Disponvel em:http://www.lancenet.com.br/.Acesso em 09 set. 2015.

    http://www.lancenet.com.br/http://www.lancenet.com.br/http://www.lancenet.com.br/http://www.lancenet.com.br/
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    3AS MULHERES NO JORNALISMO ESPORTIVO BRASILEIRO

    Neste captulo sero abordadas as primeiras publicaes impressas voltadas para o

    pblico feminino, com temticas relacionadas moda, cultura e teatro, inicialmente

    comandadas por homens. Durante o sculo XIX, as revistas direcionadas s leitoras

    ganharam temas como os direitos da mulher, abolio da escravido, feminismo e causa

    indgena, numa poca em que era impensvel s mulheres aprenderem a ler e a escrever.

    Logo surgiram publicaes comandadas por mulheres e as primeiras profissionais do

    jornalismo, entre elas escritoras, ilustradoras e fotgrafas. No sculo XX, o crescimento

    das mulheres no jornalismo aconteceu de forma lenta e gradual, com aumento significativo

    a partir da dcada de 1970.No jornalismo esportivo, a presena das mulheres na editoria comea a ser

    percebida entre as dcadas de 1970 e 1980, com destaque para a Rdio Mulher, em So

    Paulo. Mas nas dcadas anteriores j existiam pioneiras na cobertura de esportes para o

    jornalismo impresso e tambm para o rdio. Na televiso as mulheres jornalistas passaram

    a cobrir eventos esportivos na dcada de 1980 e comearam a fazer reportagens em campo,

    tanto no comando de programas quanto na funo de reprteres. Foi com as pioneiras do

    jornalismo esportivo que o pblico feminino, antes desinteressado aos esportes, passou agostar das modalidades esportivas, principalmente futebol, e assim crescendo o nmero de

    mulheres que trabalham na editoria de esportes.

    3.1 O INCIO DAS MULHERES NO JORNALISMO

    Sobre o incio das mulheres no jornalismo, Ramos (2010, p. 342) faz uma

    retrospectiva sobre a invaso delas nas redaes de jornais e revistas, durante o sculo XIXe com um aumento gradual no sculo XX. Antes fala das publicaes voltadas ao pblico

    feminino, como o Espelho Diamantino, de 1827, considerada a primeira revista brasileira

    dedicada mulher, embora dirigida por um homem, Pierre Blancher. A publicao no

    tinha as matrias comuns da imprensa feminina, como chamada nos dias de hoje. Era

    uma revista de variedades com vis cultural.

    Segundo Ramos, Nsia Floresta Brasileira Augusta pode ser considerada a pioneira

    do jornalismo feminino no pas. Nsia Floresta era pseudnimo de Dionsia Gonalves

    Pinto, nascida em 1810 no Rio Grande do Norte e falecida na Frana em 1885, e que

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    colaborou para a revistaEspelho das Brasileiras, publicao editada por Adolphe Emile de

    Bois-Garin, numa poca impensvel para mulheres aprenderem a ler e muito menos serem

    jornalistas. A jornalista comeou a escrever para a revista em 1831 e depois para outros

    jornais, com temticas sobre a escravido, problemas dos ndios, preconceitos e direitos da

    mulher.

    Em 1833, uma mulher fundou um jornal voltado para defender os direitos

    femininos: Maria Josefa Barreto Pereira Pinto. Ela criou o jornal Belona Irada Contra os

    Sectrios de Momono Rio Grande do Sul e durou apenas um ano. Ramos (2010, p.343)

    destaca o Jornal das Senhoras: modas, literatura, bellas-artes, theatro e crtica, fundado

    no Rio de Janeiro em 1852 pela jornalista argentina Juana Paula Manso de Noronha, sendo

    apontado como o primeiro jornal dirigido por uma mulher no Brasil. Era editado aosdomingos e circulou na cidade durante trs anos.

    Narcisa Amlia de Campos a primeira mulher a se profissionalizar como

    jornalista, ao criar o jornal quinzenal O Gazetinha em Resende, no Estado do Rio de

    Janeiro, em 1884. A publicao tambm continha assuntos ligados defesa da mulher e ao

    movimento abolicionista. Francisca Jlia da Silva, com apenas 20 anos, foi colaboradora

    de diversos jornais como O Estado de S. Paulo, Correio Paulistano, Dirio Popular, So

    Paulo Ilustrado, Vida Moderna e em outras publicaes no Rio de Janeiro. Estreou nojornalA Pauliceia.

    No sculo XX, lanada em So Paulo a Revista Feminina, com tiragem de 30 mil

    exemplares e dirigida por Virgilina de Sousa Sales em 1914. Alm de moda e culinria, a

    revista tambm seguia o caminho de abordar assuntos femininos como a emancipao e o

    direito ao voto. Antes, no Rio de Janeiro, Nair de Tef colaborou para vrios jornais e

    revistas cariocas fazendo charges. No era jornalista, mas foi a primeira desenhista

    brasileira a criar caricaturas em jornais da poca.A partir da dcada de 1920, grandes escritoras tiveram experincias como

    jornalistas e diretoras nas redaes dos principais jornais e revistas do Brasil. A jornalista e

    escritora Rachel de Queiroz comeou a colaborar para a revista O Cruzeiro em 1943,

    escrevendo a coluna ltima pgina durante 35 anos. A poetisa Ceclia Meirelles foi

    diretora por alguns anos de uma pgina sobre educao no Dirio de Notcias, do Rio de

    Janeiro, na dcada de 1930. Antes de sua morte, na dcada de 1960, escreveu crnicas na

    Folha da Manh, mostrando a sua experincia no jornalismo feminino.

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    Sobre a temtica dos jornais e revistas voltados ao pblico feminino, Silva (2004,

    p.28) aponta que adiferena entre a imprensa feminina e feminista, que a feminina

    dirigida e pensada para as mulheres, enquanto a feminista, embora dirija ao mesmo

    pblico, objetiva defender causas.

    E o histrico da imprensa feita e dirigida por mulheres no livro de Ramos (2010)

    enumera os veculos de comunicao impresso com temas femininos, como cuidar do lar,

    beleza e cultura, e feminista, como os direitos das mulheres, a emancipao e o voto. E

    Silva (2004, p. 29) complementa que as revistas femininas trabalham a maior parte dos

    problemas da esfera pblica para a privada.

    Rocha (apud Mota, 2013) aponta que a presena feminina foi notada a partir da

    dcada de 1970, no sendo considerado um fenmeno e sim uma tendncia futura.

    Se fizermos um estudo de outras profisses, como medicina, arquitetura, direito,pesquisa cientfica, veremos que at 30 anos atrs elas tambm pertenciam aomundo masculino (...) Se, pelo censo de 1950 as mulheres representavam 15,6%da populao economicamente ativa, em 2002, de acordo com os dados do Pnad,esse percentual atingiu 43%. O nvel de escolaridade das mulheres superior aodos homens, o que um outro dado importante para a explicao do aumento da

    participao feminina no jornalismo (ROCHA apud MOTA, 2013, p.16).

    Travancas (1992, p.76) afirma que o jornalismo no uma profisso exclusiva

    dos homens, pois a atividade jornalstica exige abnegao e entrega, qualidades

    predominantemente femininas. Embora sejam raras nos cargos de direo das redaes, as

    mulheres esto em maioria na rea de reportagem. E a presena macia delas nas redaes

    do jornalismo impresso chamada de invaso, porm o salrio das reprteres menor se

    comparado a dos homens.

    A imprensa feminina chegou a no ser considerada um tipo de jornalismo, pois

    os assuntos abordados nas revistas eram restritos a moda, culinria, consumo, fotonovelas,

    entre outros. Eram vistas como forma de alienao por outros profissionais da rea

    (BUITONI apud MOTA, 2013, p. 16).

    Ramos (2010, p.16) fala sobre a trajetria das mulheres no jornalismo e da

    presena delas nas redaes, em nmero ainda menor no total de profissionais da rea.

    Entretanto, em assessorias de imprensa as mulheres dominam o ambiente de trabalho.

    Ramos comeou a sua carreira de jornalista em 1952 e em toda a imprensa paulista havia

    um pouco mais de 30 mulheres jornalistas. Dirigiu aPgina Femininano jornal Gazeta em

    1954, aps se formar em jornalismo na Faculdade Csper Lbero. A maioria delas

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    trabalhava, alm de revistas femininas, em colunas sociais e assuntos considerados

    amenos.

    A Editora Abril lanou revistas que tinham mulheres jornalistas como

    colaboradoras e at mesmo dirigidas por elas, como por exemplo as revistas Capricho,

    criada em 1952, Voc em 1956 e a Manequim, criada em 1959 (RAMOS, 2010, p.18).

    Havia tambm possibilidade de trabalho para as jornalistas nas sucursais dos principais

    jornais do pas, como O Globo, Jornal do Brasil, Correio da Manh, A Tribuna da

    Imprensa, entre outros, com sees ligadas ao pblico feminino.

    Sobre a linguagem utilizada em publicaes femininas, Silva (2004, p.30) fala

    que ela usada de forma variada: culta, literria, coloquial, com textos quase publicitrios,

    predominando o estilo imperativo e com a finalidade da revista agir como uma espcie deconselheira para as leitoras. Para Buitoni (apud SILVA, 2004, p.31) jornais e revistas

    femininos funcionam como termmetro dos costumes da poca. E a imprensa feminina,

    seja na criao ou em sua evoluo, est diretamente ligada ao contexto histrico.

    Na dcada de 1970, houve uma invaso feminina nas redaes dos jornais e

    revistas ligadas ao esporte. Segundo Coelho (2003) era quase impossvel ver as mulheres

    no esporte at o incio dos anos 1970, e a presena feminina na redao refletia o interesse

    da populao. E complementa sobre a equidade de direitos e salrios nas profisses, queno se aplica em boa parte das editorias de esportes no pas.

    Se em estdio de futebol, autdromo ou ginsio h mais homens do quemulheres, normal que haja tambm ndice diferente de homens e mulheres nasredaes. (...) Normal que no haja preconceito. Homens e mulheres devem teros mesmos direitos. Os mesmos nveis salariais, o que incrivelmente se verificanas redaes, ao contrrio das demais profisses. O que no se pratica em boa

    parte das editorias do pas. Menos ainda na de esportes (COELHO, 2003, p.34).

    A partir dos anos 1980, o acesso das mulheres reprteres de futebol deixou de serrestrito, porm o preconceito com a opinio feminina continuou, o que algo injustificvel.

    Poucas eram as mulheres especialistas em futebol na roda de amigos num bar. Stycer

    (2009, p.254) complementa que com o tempo, as mulheres conseguiram encontrar espaos

    em reas ditas nobres dominadas pelos homens, como poltica e economia. Quando

    entravam para o jornalismo esportivo, as mulheres jornalistas eram encaminhadas para as

    editorias de esportes amadores (COELHO apud STYCER, 2009, p.255).

    Mota (2013) fala sobre a conquista da credibilidade das mulheres no jornalismo e

    dos problemas no mercado de trabalho em constante expanso.

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    Mesmo que as mulheres tenham conquistado credibilidade e tambm tenhamalcanado as redaes e diferentes editorias dentro do jornalismo, elas ainda

    passam por problemas em um mercado de trabalho que est em permanenteexpanso. Porm, se compararmos com outra poca veremos que os avanos sonotveis. As mulheres provam que podem ir alm do preconceito e ganhar

    respeito e espao dentro do ambiente profissional (MOTA, 2013, p. 16-17).

    Soares e Michel (2009, p.10) afirmam que a chegada da mulher ao setor da

    comunicao dependeu de uma questo de tempo, assumindo os microfones do rdio e

    mais tarde invadindo o veculo de imagem com a chegada da televiso. E no jornalismo

    esportivo no poderia ser diferente a partir das dcadas de 1970 e 1980. Para Rubbo &

    Vasconcelos (2009, p. 3) a projeo da mulher nas editorias de esportes aconteceu

    simultaneamente com a ascenso feminina em diversas profisses e no momento que ojornalismo esportivo se firmava como segmento profissional.

    3.2 AS PIONEIRAS DO JORNALISMO ESPORTIVO

    As mulheres para chegarem ao jornalismo esportivo tiveram que batalhar por seus

    espaos nas redaes, at mesmo em outras editorias como poltica e economia, citadoanteriormente. Antes disso, elas eram encaminhas somente s sees femininas dos jornais

    e revistas. Segundo Bravo (2009, p.26), o jornalismo esportivo era uma rea de atuao

    predominantemente masculina e a mulher enfrentou dificuldades para ter destaque e

    respeito dentro do esporte na imprensa. Nos Estados Unidos, por exemplo, as jornalistas

    conseguiram destaque como reprteres, apresentadoras e comentaristas, porm no

    estavam livres do preconceito nas dcadas de 1970 e 1980.

    De acordo com Mota (2013, p. 26), as mulheres eram proibidas de assistirem e de

    participarem dos Jogos Olmpicos de Atenas (1896), o que explica o predomnio do

    pblico masculino em detrimento ao feminino durante o sculo XX. O interesse dos

    homens pelo esporte em relao s mulheres ainda maior, e isso reflete no nmero de

    jornalistas esportivos nas redaes.

    A mulher consegue desmitificar a ideia de que o mundo dos esportes s pertenceaos homens e que elas no tm competncia para discutir. O poder decomunicao em massa contribui para que as mulheres consigam conquistarcredibilidade do pblico ao assistir um programa e ter como protagonista uma

    mulher apresentando, por exemplo (MOTA, 2013, p.27).

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    A ligao das mulheres com esportes no Brasil ganhou fora a partir da dcada de

    1940, quando comearam a praticar futebol, incomodando os conservadores e tendo o seu

    rendimento contestado por eles. Para Bolzan, Marques e Oliveira (2013), as mulheres

    conquistaram o seu espao no esporte e no jornalismo esportivo:

    Mas elas conquistaram o seu espao no esporte, lugar que teve que sergarimpado no ambiente jornalstico, onde as notcias eram predominantementemasculinas. A prtica do esporte faz com que elas estejam habilitadas paracomentar as competies. No incio, a participao delas era limitada aapresentarem propagandas e leitura de script. Nos anos 90, as mulheres comeama ganhar destaque no cenrio esportivo. Poucas mulheres conseguem exercer ocargo de comentarista, muito relacionado ao preconceito dos colegas do meio edo contato com o pblico (BOLZAN, MARQUES e OLIVEIRA, 2013, p. 5).

    Segundo as citaes de Knijnik e Souza (2004, p. 9), o esporte ainda um processo

    de infiltrao lenta e gradual, sem contestao por parte das mulheres. Nunca houve um

    movimento feminista que lutasse pela equidade de gnero, por causa da ausncia de um

    movimento contestador das esportistas brasileiras. As mulheres esto conquistando mais

    espao nas editorias de esportes, com aumento na dcada de 1990.

    Stycer (2009, p.253) fala sobre a estimativa da ocupao feminina nas redaes

    atualmente, entre 30% e 40% nas principais publicaes do pas. J no jornalismo

    esportivo essa porcentagem no passa dos 10%. Stycer cita um estudo feito entre 10 mil

    jornalistas nos Estados Unidos na rea esportiva de imprensa e televiso, foram

    identificados apenas 3% de mulheres entre eles.

    Os 10% da presena feminina nas redaes esportivas citada por Coelho (2003, p.

    35) e o autor refora que o preconceito era muito mais presente nas outras dcadas do que

    nos dias de hoje. Tambm relata a recusa do reprter Oldemrio Touguinh, do Jornal do

    Brasil, em passar seus relatos de coberturas esportivas para uma mulher, que assumia o

    lugar do editor na coleta de material para a publicao no jornal. Apesar da diminuio do

    preconceito contra as mulheres no jornalismo esportivo, boa parte das profissionais

    encaminhada para os esportes olmpicos, pois os homens ainda acham que as mulheres tm

    mais facilidade em adquirir conhecimento sobre esses esportes do que sobre o futebol e o

    automobilismo, territrios onde o machismo domina.

    A associao entre a mulher e o esporte era bem restrita, pois a imagem delas

    sempre foi associada s atividades do lar e de cuidar dos filhos. Para Alexandrino (2011,

    p.35) a prtica esportiva era exclusiva dos homens porque acreditavam que as mulheresno tinham condies fsicas para o esporte, inviabilizando a insero delas nas

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    competies. Bravo (2009, p.14) diz que as mulheres demoraram sculos para que a

    sociedade liberasse a prtica do esporte feminino, o que somente aconteceu a partir de

    1900, nos Jogos Olmpicos de Paris, na Frana.

    Goellner (2009) analisa os discursos da mdia que narram a participao das

    mulheres no esporte, destacando os corpos femininos e aparncias no lugar das trajetrias

    das atletas, com suas conquistas e frustraes. E acrescenta as imagens de bela, maternal e

    feminina que so associadas s mulheres desde os primrdios do esporte no Brasil.

    A histria das mulheres no universo cultural do esporte brasileiro marcada porrupturas, persistncias, transgresses, avanos e recuos. uma histria plural,que no pode ser analisada a partir de um nico olhar, dado serem plurais as

    prprias mulheres e, tambm, as formas atravs das quais participam do esporte.

    So atletas, jornalistas, rbitras, praticantes, espectadoras, dirigentes, treinadoras,admiradoras, entre outras (GOELLNER, 2009, p.271).

    A insero das mulheres brasileiras no universo das prticas esportivas data de

    meados do sculo XIX, entretanto foi apenas a partir das primeiras dcadas do sculo XX

    que essa participao se ampliou e consolidou (Ibidem, p.272). Mulheres se exercitando

    fisicamente era uma novidade nesse tempo, pois as imagens associadas a elas eram de

    imagens romnticas e contidas, como na literatura. O esteretipo da mulher lnguida e de

    gestos delicados no se perdurou por muito tempo, devido recomendao mdica emindicar exerccios fsicos como atividade benfica para a sade das mulheres, no s para

    enfrentar a maternidade como uma forma de embelezamento dos corpos femininos.

    Uma das formas de ampliar a apario pblica de mulheres praticantes deesportes foi a organizao, em alguns centros urbanos do pas, de competiesesportivas direcionadas, exclusivamente, para atletas mulheres, tais como osJogos Femininos do Estado de So Paulo, criados em 1935, os Jogos daPrimavera, realizados na cidade do Rio de Janeiro em 1949 e os Jogos AbertosFemininos, cuja primeira edio aconteceu no ano de 1954, em Porto Alegre

    (Ibidem, p.278).

    Com o Decreto-lei n. 3.199, institudo pelo Conselho Nacional de Desportos em

    1941, as mulheres tiveram a sua participao interditada em vrias modalidades do esporte

    como futebol, rgbi, plo aqutico, corridas de fundo e lutas, pois eram vistas como

    violentos e no adaptveis ao sexo feminino. Isso amputou a participao crescente elas

    nas dcadas de 1940 e 1950, o que fez escassear investimentos de apoio s atletas,

    inclusive nas dcadas de 1960 e 1970, por parte de clubes e instituies esportivas. Muitas

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    atletas perderam o direito de competir, sob a justificativa da lei em proibir a prtica desses

    esportes.

    A ligao do esporte com a imprensa fez surgir uma pioneira do jornalismo

    esportivo feminino: Maria Helena Rangel. considerada a primeira jornalista do pas e era

    atleta em arremesso de disco (RAMOS, 2010, p.31). Em sua trajetria como atleta, Maria

    Helena ganhou competies de arremesso de disco por oito anos seguidos. Era irm do

    diretor de teatro Flvio Rangel e se formou em Educao Fsica pela Universidade de So

    Paulo (USP). Estudou na Faculdade Csper Lbero na dcada de 1940 e durante a

    faculdade foi convidada para escrever na Gazeta Esportivaem 1947.

    Maria Helena fez inmeras viagens como jornalista, para cobrir campeonatos de

    vlei e basquete. Seu registro profissional data de 1 de janeiro de 1948 e exerceu aprofisso por cinco, seis anos. Faleceu no ano de 2000, em decorrncia de um Acidente

    Vascular Cerebral (Ibidem, p. 238).

    Outra profissional do jornalismo esportivo, contempornea de Maria Helena

    Rangel, Mary Zilda Grassia Sereno, nascida no Rio de Janeiro. Foi uma das primeiras

    jornalistas fotgrafas de So Paulo e contou em entrevista para a Folha de S. Paulo,em

    1981 que o fotgrafo fazia de tudo alm da foto: revelar, copiar e ampliar. Sua primeira

    tentativa de fotografar para um jornal foi em O Globo, aps a Copa do Mundo de 1934,quando flagrou uma freira italiana que comemorava o ttulo da seleo de seu pas no Rio

    de Janeiro (RAMOS, 2010, p. 261). O jornal publicou a foto, mas no a contratou por ela

    ser mulher.

    Mary Sereno trabalhou em outros veculos impressos comoHoje, O Dia, O Tempo,

    Gazeta Esportiva, A Hora e na poca. Comeou a trabalhar no Hoje e fotografou a

    cobertura da colocao da pedra fundamental do Estdio do Morumbi. Mary Sereno era

    fotgrafa especialista na cobertura de jogos de futebol e de incndios de edifcios na capitalpaulista com sua cmera SpeedGraphic, ganha por ela em 1948. Foi a primeira jornalista a

    ser credenciada pela Polcia de So Paulo e um das primeiras sindicalizadas no Brasil, com

    incio em 1934. Segundo Ramos, Mary Sereno tambm fotografava na editoria de cidades,

    mas a preferncia da fotojornalista eram os esportes.

    Ateno, gente, a Mary est entrando. Tinha sempre algum para avisar aos

    colegas que estavam se trocando que Mary Zilda Grassia Sereno, a fotgrafa deO Dia, estava para entrar no vestirio dos jogadores. Mary era fotgrafa dageral, mas gostava, mesmo, era de futebol, o que cobria com maisfreqncia (Ibidem, p. 265).

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    Mary considerava natural entrar nos vestirios do Pacaembu, na dcada de 1950, e

    a atitude da fotojornalista era vista como uma valentia. No era comum uma mulher

    jornalista entrar facilmente num vestirio. Quando ela era vista, tinha sempre uma pessoa

    para avisar aos jogadores que estava chegando ao vestirio. Eles se vestiam e eu fazia as

    fotos, disse Sereno. A fotgrafa esportiva morreu aos 87 anos, em 1998.

    Segundo Bolzan, Marques e Oliveira (2013, p.5) as mulheres entraram no

    radiojornalismo esportivo em 1971, em So Paulo, naRdio Mulher. Foi a primeira equipe

    feminina a cobrir eventos esportivos, transmitindo tambm futebol. Claudete Troiano,

    atualmente apresentadora de TV, era a narradora das partidas, com os comentrios de

    Leilah Silveira. E as reportagens ficavam a cargo de Germana Garili e Jurema Iara.

    Germana Garili11tambm foi uma das pioneiras do jornalismo esportivo, iniciandoa sua carreira na dcada de 1960. Conhecida como Geg, conciliou a vida esportiva com

    o jornalismo e escreveu trs colunas para diferentes meios de comunicao: em 1962 para

    a Tribuna Ituana, em 1968 para a Tribuna de Francae para a Gazeta de Santo Amaro, em

    1972, com a colunaA Bola Dela. Foi locutora daRdio Mulher, antes chamada deRdio

    Difusora Hora Certa, e reprter de transmisses ao vivo das partidas de futebol.

    reconhecida oficialmente pela Federao Paulista de Futebol (FPF) como a primeira

    reprter feminina profissional a fazer uma cobertura de futebol no campo.Outra jornalista representante da Rdio Mulher, de acordo com Rubbo &

    Vasconcelos (2009), a radialista e atriz Regiani Ritter, atualmente locutora e

    apresentadora daRdio Gazeta AM12.Ritter apresenta os programasDisparada no Esporte

    e Revista Geral. Comeou a carreira no jornalismo esportivo na dcada de 1980 como

    reprter de campo e comentarista da Rdio Gazeta, alm da experincia na TV Gazeta,

    participando do programaMesa Redonda,e no jornalDirio Popular. Nas tevs Gazeta e

    Record, foi editora-chefe e produtora doMesa Redonda(RITTER, 2015)

    13

    .Conquistou o prmio de melhor jornalista em 1991 pelo jornal Unidade, do

    Sindicato dos Jornalistas de So Paulo. Segundo Mota (2013, p. 28), a jornalista cobriu trs

    Copas do Mundo e os jogos do time do So Paulo. Ritter relembra o seu incio no

    jornalismo esportivo:

    11Disponvel em:http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/germana-a-gege-5689.Acesso em 05

    out. 2015.12Disponvel em:http://www.gazetaam.com/. Acesso em 05 out. 2015.13Entrevista concedida autora. 08 out. 2015.

    http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/germana-a-gege-5689http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/germana-a-gege-5689http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/germana-a-gege-5689http://www.gazetaam.com/http://www.gazetaam.com/http://www.gazetaam.com/http://www.gazetaam.com/http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/germana-a-gege-5689
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    Foi na dcada de 1980, quando apresentava um musical com variedades na radioGazeta AM, que era muito forte no esporte. Por volta de 1984 o diretor do dpto.de esporte, Pedro Luiz Paoliello, me convidou para cobrir um reprter que ia

    para Minas