Museus e locais de Museus e locais de memória: identidades, memória: identidades, diversidades culturais e diversidades culturais e interações comunitáriasinterações comunitárias

Profa. Dra. Andrea Paula dos SantosProfa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro

Primeiro DiaPrimeiro Dia

objetivosobjetivos Tendências teóricas e sociais:Tendências teóricas e sociais:

– em torno das noções de identidade e em torno das noções de identidade e subjetividade, de modo a possibilitar subjetividade, de modo a possibilitar ações em sintonia com as demandas ações em sintonia com as demandas das comunidades onde tais das comunidades onde tais instituições estão inseridas.instituições estão inseridas.

– que surgem com o objetivo de que surgem com o objetivo de compreender e atuar em nosso compreender e atuar em nosso mundo.mundo.

ExperiênciaExperiência Experiência pode ser definida como Experiência pode ser definida como

um contato epistêmico direto com um contato epistêmico direto com uma fonte cognitiva de informações. uma fonte cognitiva de informações.

Esse contato resulta marcas Esse contato resulta marcas singulares que formam o sujeito.singulares que formam o sujeito.

Algumas experiências podem ser Algumas experiências podem ser “armazenadas” em nossa memória “armazenadas” em nossa memória de forma a definir padrões de de forma a definir padrões de comportamento subjetivos. comportamento subjetivos.

MemóriaMemória Memória é a capacidade de reter, Memória é a capacidade de reter,

recuperar, armazenar e evocar idéias, recuperar, armazenar e evocar idéias, saberes, sensações, emoções, saberes, sensações, emoções, sentimentos, informações e experiências sentimentos, informações e experiências acontecidas anteriormente.acontecidas anteriormente.

O que a memória grava, recalca, exclui, O que a memória grava, recalca, exclui, relembra é o resultado de um trabalho relembra é o resultado de um trabalho de organização, portanto toda memória é de organização, portanto toda memória é seletivaseletiva..

Memória IndividualMemória Individual Cada um de nós carrega dentro de si Cada um de nós carrega dentro de si

suas vivências, impressões, suas vivências, impressões, acompanhadas de suas aprendizagens. acompanhadas de suas aprendizagens. Não guardamos tudo, pois a memória é Não guardamos tudo, pois a memória é sempre seletiva. Vale ressaltar que nosso sempre seletiva. Vale ressaltar que nosso jeito de considerar o que é significativo jeito de considerar o que é significativo ou não resulta do espaço e do tempo em ou não resulta do espaço e do tempo em que vivemos. A história de cada um de que vivemos. A história de cada um de nós contém a história de um tempo, dos nós contém a história de um tempo, dos grupos a que pertencemos e das pessoas grupos a que pertencemos e das pessoas com quem nos relacionamos.com quem nos relacionamos.

Memória ColetivaMemória Coletiva É o conjunto de registros eleitos pelo grupo É o conjunto de registros eleitos pelo grupo

como significativos, que estabelece sua como significativos, que estabelece sua identidade, seu jeito de ser e viver o identidade, seu jeito de ser e viver o mundo, e decorre dos seus parâmetros mundo, e decorre dos seus parâmetros históricos e culturais. A possibilidade de históricos e culturais. A possibilidade de compartilhar desta memória é que dá a compartilhar desta memória é que dá a cada um de nós o senso de pertencimento. cada um de nós o senso de pertencimento. Trata-se de uma relação criativa e dinâmica Trata-se de uma relação criativa e dinâmica entre o indivíduo e o grupo. entre o indivíduo e o grupo.

““Nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são Nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros, mesmo que se trate de lembradas pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e com objetos que só nós vimos. É por que em realidade com objetos que só nós vimos. É por que em realidade nunca estamos sós.” Maurice Halbwachsnunca estamos sós.” Maurice Halbwachs

Memórias: Individual e Memórias: Individual e ColetivaColetiva

Importante Importante lembrar dos lembrar dos conceitos de conceitos de Halbwachs.Halbwachs.

Relação entre Relação entre memória individual memória individual e coletiva.e coletiva.

Profissão

Família

LazerEtc.

Estudos

IdentidadeIdentidade Sentidos de pertencimentos Sentidos de pertencimentos

criados pelas pessoas e pelos criados pelas pessoas e pelos grupos para expressarem grupos para expressarem comportamentos e comportamentos e conseguirem traçar conseguirem traçar estratégias de sobrevivênciaestratégias de sobrevivência..

SubjetividadeSubjetividade Mundo íntimo de cada pessoa que pode Mundo íntimo de cada pessoa que pode

ser expresso em várias linguagens, mas ser expresso em várias linguagens, mas sempre parcial, fragmentado e plural.sempre parcial, fragmentado e plural.

A valorização das subjetividades, suas A valorização das subjetividades, suas linguagens e expressões é fundamental linguagens e expressões é fundamental para novos projetos e ações culturais e para novos projetos e ações culturais e educativas, pois favorece a diversidade educativas, pois favorece a diversidade cultural e a construção de identidades.cultural e a construção de identidades.

De onde surgem as De onde surgem as narrativas?narrativas? As narrativas foram gravadas e seus As narrativas foram gravadas e seus

textos construídos. Mas qual sua textos construídos. Mas qual sua matéria prima?matéria prima?

A constituição da narrativa é um ato de A constituição da narrativa é um ato de negociação das memórias pessoais negociação das memórias pessoais (individuais) e de luta (coletivas).(individuais) e de luta (coletivas).

As narrativas, pelo ato discursivo, As narrativas, pelo ato discursivo, tornam-se forma de construção de tornam-se forma de construção de identidades.identidades.

Memória/NarrativaMemória/Narrativa

Só é possível apreender o que há na Só é possível apreender o que há na memória de alguém a partir do que memória de alguém a partir do que é sistematizado em forma de é sistematizado em forma de narrativa.narrativa.

A memória narrada é uma seleção, A memória narrada é uma seleção, uma organização entre possíveis.uma organização entre possíveis.

Memória/IdentidadeMemória/Identidade

A memória e identidades são A memória e identidades são fenômenos construídos, social e fenômenos construídos, social e individualmente.individualmente.

Sua construção pode ser Sua construção pode ser consciente ou inconsciente. consciente ou inconsciente.

Construção IdentitáriaConstrução Identitária Identidade se constrói sobre a base Identidade se constrói sobre a base

da experiência vivida, sentida e da experiência vivida, sentida e memorizada. memorizada.

Mas, não só. Mas, não só.

Constrói-se também pelo reviver ou Constrói-se também pelo reviver ou recriar proporcionado pela narrativa.recriar proporcionado pela narrativa.

Construções Construções identitáriasidentitárias

É preciso pensar É preciso pensar a relação entre:a relação entre:

– Experiência;Experiência;– Memória;Memória;– Narrativa; e Narrativa; e – Identidade.Identidade.

Memória

NarrativaIdentidade

Experiência

Narrativa e IdentidadeNarrativa e Identidade No caso de nossos trabalhos de No caso de nossos trabalhos de

pesquisa, somos mediadores da pesquisa, somos mediadores da organização da narrativa.organização da narrativa.

Ordenar (uma) memória, e assim Ordenar (uma) memória, e assim também a se organizar como também a se organizar como coletividade (diversidade cultural).coletividade (diversidade cultural).

Sendo assim, ao mesmo tempo que Sendo assim, ao mesmo tempo que se estuda, constitui-se identidades se estuda, constitui-se identidades (pessoas participam).(pessoas participam).

Narrativa e IdentidadeNarrativa e Identidade

Nesse sentido, ao se registrar as Nesse sentido, ao se registrar as entrevistas desses colaboradores, entrevistas desses colaboradores, contribui-se com essa tarefa de contribui-se com essa tarefa de (re)construção identitária (re)construção identitária abraçada por eles – o pesquisador abraçada por eles – o pesquisador queira ou não, concorde ou não. queira ou não, concorde ou não.

Identidade para quê?Identidade para quê?

As pessoas mostram a As pessoas mostram a necessidade de assumir a necessidade de assumir a (re)construção das identidades (re)construção das identidades como tarefa permanente, como como tarefa permanente, como projeto de vida, num contexto de projeto de vida, num contexto de resistência à exclusão.resistência à exclusão.

Estudos sobre Estudos sobre IdentidadeIdentidade

Estudos contemporâneosEstudos contemporâneos– Castells:Castells: “cultura da virtualidade “cultura da virtualidade

real“. Não há separação entre real“. Não há separação entre "realidade" e representação "realidade" e representação simbólica. Identidade como fonte de simbólica. Identidade como fonte de significados e experiências de um significados e experiências de um povo.povo.

– Canclini:Canclini: “Relativismo Cultural”. “Relativismo Cultural”. Valor dos signos e símbolos.Valor dos signos e símbolos.

Estudos contemporâneosEstudos contemporâneos

– Bauman:Bauman: Identidades líquidas, Identidades líquidas, fluidas. Assumidas e abandonadas fluidas. Assumidas e abandonadas conforme a ocasião. conforme a ocasião.

– Stuart Hall: Stuart Hall: precisamos de precisamos de identidade no contexto da identidade no contexto da globalização excludente?globalização excludente?

Estudos sobre Estudos sobre IdentidadeIdentidade

Segundo HALL (2005)Segundo HALL (2005) Há mudanças nas percepções de identidades, Há mudanças nas percepções de identidades,

relacionada com o uso e apropriação dos relacionada com o uso e apropriação dos materiais e documentos disponibilizados nos materiais e documentos disponibilizados nos acervos de museus. acervos de museus.

As identidades, que por tanto tempo As identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando fazendo surgir novas identidades e fragmentando o individuo, até aqui visto como um sujeito o individuo, até aqui visto como um sujeito unificado, sem levar em conta subjetividades. unificado, sem levar em conta subjetividades. Assim, vivenciamos mudanças relacionadas aos Assim, vivenciamos mudanças relacionadas aos conceitos de identidade e de sujeito. conceitos de identidade e de sujeito.

Devemos estar atentos aos Devemos estar atentos aos aspectos de nossas identidades que aspectos de nossas identidades que surgem de nosso “pertencimento” a surgem de nosso “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais. tudo, nacionais.

Deslocam-se estruturas e processos Deslocam-se estruturas e processos centrais das sociedades modernas e centrais das sociedades modernas e abalam-se os quadros de referência abalam-se os quadros de referência que davam aos sujeitos uma que davam aos sujeitos uma ancoragem estável no mundo.ancoragem estável no mundo.

A dinâmica da A dinâmica da identidadeidentidade Importante compreender identidade como Importante compreender identidade como

processos em que a noção de processos em que a noção de pertencimento e de continuidade histórica pertencimento e de continuidade histórica dos grupos sociais são construídas em meio dos grupos sociais são construídas em meio a lutas, contradições e ambigüidades. a lutas, contradições e ambigüidades.

As escolhas e as decisões que um indivíduo As escolhas e as decisões que um indivíduo toma são fundamentais tanto para definir toma são fundamentais tanto para definir identidade como pertencimento.identidade como pertencimento.

As noções de pertencimento são As noções de pertencimento são negociáveis e revogáveis.negociáveis e revogáveis.

Identidade e Identidade e PertencimentoPertencimento

O processo de formação de uma O processo de formação de uma identidade é contínuo, sempre negociado identidade é contínuo, sempre negociado entre coletividade e indivíduo. Dessas entre coletividade e indivíduo. Dessas negociações constantes entre seus negociações constantes entre seus membros surge um sentimento de membros surge um sentimento de pertencimento à determinadas pertencimento à determinadas comunidades. comunidades.

Diversidade culturalDiversidade cultural diversidades culturais surgem diversidades culturais surgem

quando observamos o cotidiano e quando observamos o cotidiano e procuramos compreender como procuramos compreender como identidades e culturas são inventadas identidades e culturas são inventadas pelas práticas de trabalho, de convívio, de pelas práticas de trabalho, de convívio, de vivências, enfim, pelas experiências, ou vivências, enfim, pelas experiências, ou seja, pelo modo como as pessoas seja, pelo modo como as pessoas participam das situações que vivem e participam das situações que vivem e assim interagem, fabricando significados assim interagem, fabricando significados e transformando o mundo.e transformando o mundo.

CulturaCultura modo de vida dos grupos modo de vida dos grupos

humanoshumanos, ,  OuOu processo de produção constante e processo de produção constante e

mutável de significados sobre o mutável de significados sobre o mundo, para representar aspectos mundo, para representar aspectos da vida e se fazer comunicar, da vida e se fazer comunicar, (des)construindo incessantemente (des)construindo incessantemente a si mesmo e ao mundo.a si mesmo e ao mundo.