MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO TARTRAZINA NO...

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i MARIELLY REIS RESENDE MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO TARTRAZINA NO ENSAIO Salmonella/MICROSSOMA Limeira 2015

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MARIELLY REIS RESENDE

MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO

TARTRAZINA NO ENSAIO Salmonella/MICROSSOMA

Limeira

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

MARIELLY REIS RESENDE

MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO TARTRAZINA

NO ENSAIO Salmonella/MICROSSOMA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da

Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de

Campinas, como requisito para a obtenção do título de

Mestra em Tecnologia.

Área de concentração: Tecnologia e Inovação.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Nelma De Mello Silva Oliveira

COORIENTADORAS: Profa. Dra. Gisela De Aragão Umbuzeiro

Profa. Dra. Simone Valente Campos

Limeira

2015

Este exemplar corresponde à versão final Dissertação

defendida pela aluna Marielly Reis Resende, e

orientada pela Profa. Dra. Nelma De Mello Silva

Oliveira.

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Resumo

Embora tenha grande utilidade e diversas aplicações nos setores industriais, há anos

a discussão sobre o potencial genotóxico do corante tartrazina vem sendo abordada, uma vez

que há vários resultados controversos descritos na literatura. É provável que a presença de

impurezas nas amostras possa ser uma das causas do possível potencial mutagênico. Dessa

forma, esse estudo visa avaliar a atividade mutagênica do corante tartrazina com diferentes

graus de pureza e possíveis interferentes presentes nas amostras, utilizando o ensaio

Salmonella/microssoma a partir das linhagens recomendadas pela OECD 471. Os resultados

obtidos demonstraram que o corante tartrazina ≥99 % e o corante tartrazina comercial 90%,

não apresentaram atividade mutagênica para as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA1535 e

TA102 demonstrando ausência de impurezas mutagênicas ou que as mesmas estejam em

baixas concentrações nas amostras avaliadas.

Palavras-chave: Aditivos; Corantes alimentícios; Testes de mutagenicidade; Impurezas;

Corante tartrazina.

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Abstract

Although very useful and diverse applications in industry, for years the discussion on the

genotoxic potential of the dye tartrazine has been addressed, since there are several

controversial results in the literature. It is likely that the presence of impurities in the samples

may be a cause of the possible mutagenic potential. Thus, this study aims to evaluate the

mutagenic activity of the dye tartrazine with different degrees of purity and possible

interferences present in the samples, using the Salmonella / microsome test from the lines

recommended by the OECD 471. The results showed that the dye tartrazina ≥99% and the

dye tartrazine commercial 90% showed no mutagenic activity for the strains TA97, TA98,

TA100, TA1535 and TA102 showing absence of mutagenic impurities or that they are in low

concentrations in the analyzed samples.

Keywords: Additives; Food dye; Mutagenicity testing; Impurities; Tartrazine dye.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

2 OBJETIVO ....................................................................................................................... 5

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 7

3.1 Aditivos Alimentares: Corantes .................................................................................. 7

3.2 Identificação, processo de síntese e impurezas do corante tartrazina.......................... 9

3.3 Mutagenicidade provocadas por impurezas provenientes da síntese dos corantes .. .15

3.4 Toxicocinética ......................................................................................................... 17

3.5 Regulamentações ...................................................................................................... 20

3.6 Estudos de Genotoxicidade ....................................................................................... 23

3.6.1 Lesões no material genético ............................................................................ 23

3.6.2 Ensaios de Salmonella/microssoma ................................................................ 25

3.6.2.1 Características genéticas das linhagens utilizadas no ensaio de

Salmonella/microssoma ........................................................................................... 26

3.6.3 Estudos in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina ............................... 28

3.6.4 Estudos in vivo de genotoxicidade do corante tartrazina ............................... 33

3.7 Estudos de carcinogenicidade ............................................................................ 35

3.7.1 Toxicidades reprodutiva e de desenvolvimento ............................................. 36

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 39

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4.1 Equipamentos ............................................................................................................ 39

4.2. Vidraria e outros materiais ....................................................................................... 39

4.3 Reagentes .................................................................................................................. 40

4.4 Preparos de Meios de Cultura e Soluções ................................................................ 41

4.5 Amostras de corantes ................................................................................................. 54

4.6 Manutenção das linhagens de Salmonella typhimurium ........................................... 55

4.7 Confirmações das características genéticas das linhagens de Salmonella typhimurium

utilizadas no ensaio .............................................................................................................. 56

4.7.1 Plasmídio pKM101 ........................................................................................ 56

4.7.2 Plasmídio pAQ1 .............................................................................................. 56

4.7.3 Mutação rfa ..................................................................................................... 57

4.7.4 Deleção do uvrB ............................................................................................. 58

4.7.5 Auxotrofia para histidina ............................................................................... 59

4.7.6 Taxa de reversão espontânea .......................................................................... 60

4.8 Protocolo do ensaio de Salmonella/microssoma por incorporação em placas ........... 61

4.9 Controles positivos e negativos ................................................................................... 63

4.10 Critérios de avaliação ................................................................................................ 64

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 67

5.1 Confirmações das caractetrísticas genéticas ...................................................... 67

5.2 Taxa de reversão espontânea ............................................................................. 70

xiii

5.3 Ensaio de Salmonella/microssoma .................................................................... 71

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 81

APÊNDICE ..................................................................................................................... 107

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Dedico este trabalho a toda minha família,

pelo amor, dedicação, carinho, paciência,

e apoio doados a mim.

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xvii

Agradecimentos

À minha orientadora Dra. Nelma De Mello Silva Oliveira pela confiança, paciência,

incentivo e amizade.

Às minhas coorientadoras, Dra. Gisela de Aragão Umbuzeiro e Simone Valente

Campos pelos valiosos ensinamentos, confiança, incentivo, amizade e pelo exemplo de

profissionalismo.

A toda minha família, por ser meu referencial de vida, pelo amor e confiança

incondicional, por sempre acreditar e me apoiar. Amo muito vocês!

Ao meu noivo Luiz Silva de Sousa, por ter sempre me incentivado e encorajado a

lutar pelos meus sonhos, pela confiança e pela paciência nos momentos de ausência. Te amo,

meu amor!

A toda família Amadio, pela amizade, por me acolherem como parte da família e

pelas inesquecíveis confraternizações e deliciosos churrascos.

A toda família Delariva, pela amizade, por sábios conselhos e pelas deliciosas tardes

de domingo. Jamais me esquecerei de vocês.

Às amigas Ádria Caloto de Oliveira, Anjaina Fernandes de Alburqueque e Josiane

Vendemiatti pela simpatia, amizade, apoio dado e ajuda na elaboração do trabalho.

Ao meu amigo Daniel Alexandre Morales, pela ajuda nos ensaios e troca de

informações.

A toda equipe do LEAL e do LACAN pela amizade, troca de conhecimentos e pelos

momentos de distração.

Aos professores Dr. Fábio Kummrow e Dra. Elisangela Franciscon Guimaro Dias,

membros da comissão da banca de defesa, pelas críticas e sugestões que contribuíram para a

melhoria deste trabalho.

xviii

À Karen Mercuri e Fátima Alves da secretaria de pós-graduação pelas dúvidas

solucionadas.

À Coordenação e Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior, CAPES, pelo apoio,

representado pela bolsa de estudos concedida.

À Rede Mineira de Ensaios Toxicológicos e Farmacológicos da FAPEMIG, pelo

apoio, concedido em forma de material de consumo.

xix

“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.”

(Louis Pasteur)

xx

xxi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Processo de síntese do corante tartrazina ............................................................ 10

Figura 2 - Esquema de confirmação da presença de plasmídio das linhagens de Salmonella

typhimurium ........................................................................................................................ 57

Figura 3 - Esquema de confirmação da mutação rfa das linhagens de Salmonella typhimurium

.............................................................................................................................. ...............58

Figura 4 - Esquema de confirmação da deleção do gene uvrB das linhagens de Salmonella

typhimurium ......................................................................................................................... 59

Figura 5 - Esquema de confirmação da auxotrofia para histidina das linhagens de Salmonella

typhimurium ......................................................................................................................... 60

Figura 6 - Esquema do ensaio de Salmonella/microssoma pelo método de incorporação em

placas .................................................................................................................................. 62

Figura 7 - Confirmação da auxotrofia para histidina (A) placas suplementadas com biotina

para a linhagem TA98; (B) placas suplementadas com biotina e histidina para a linhagem

TA98 .................................................................................................................................... 68

Figura 8 - Confirmação da mutação rfa para a linhagem TA98 ......................................... 68

Figura 9 - Confirmação da deleção uvrB (A) para a linhagem TA98; (B) para a linhagem

TA102 .................................................................................................................................. 69

Figura 10 - Confirmação da presença de plasmídio para a linhagem TA98 ....................... 70

Figura 11 - Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina comercial

Duas Rodas (90%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem

ativação metabólica ............................................................................................................. 72

xxii

Figura 12 - Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina Sigma (≥

99%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem ativação

metabólica. ........................................................................................................................... 73

xxiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação e características físicas - químicas do corante tartrazina. ............... 9

Tabela 2 - As especificações de limites máximos de impurezas para síntese do corante

tartrazina .............................................................................................................................. 14

Tabela 3 - Limite máximo de utilização do corante tartrazina em diferentes categorias de

alimentos de acordo com as legislações específica brasileira ............................................ 22

Tabela 4 - Características genética das linhagens de Salmonella typhimurium utilizadas no

ensaio de Samonella/microssoma ........................................................................................ 28

Tabela 5 - Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina ................................. 30

Tabela 6 - Média histórica da taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio

Salmonella/microssoma no LACAN ................................................................................... 61

Tabela 7 - Controles positivos utilizados no ensaio Salmonella/microssoma ..................... 64

Tabela 8 - Taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio

Salmonella/microssoma ....................................................................................................... 71

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xxv

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CPPA Comitê Permanente em Aditivos Alimentares

DNA Ácido desoxirribonucleico

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FMN Flavina mononucleotídeo

HCl Ácido clorídrico

HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

IARC Agência Internacional para Pesquisa Sobre o Câncer

LACAN Laboratório Central Analítica

LEAL Laboratório de Ecotoxicologia e Microbiologia Ambiental Prof. Dr. Abílio

Lopes

LPS Lipopolissacarídica

OECD Diretrizes para Ensaios de Produtos Químicos

OMS Organização Mundial de Saúde

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1

1. INTRODUÇÃO

Aditivos químicos são usados com a finalidade de melhorar a aparência, aroma,

sabor, cor, textura e conservação dos alimentos processados. Por encontrá-los em uma

infinidade de produtos alimentícios, sua ingestão acontece por longos períodos, portanto,

representam potenciais riscos para a saúde (BERZAS et al., 1999, SASAKI et al., 2002).

Dentre estes, estão os corantes que são largamente utilizados para compensar a perda de cores

naturais, que são destruídas durante o processamento e armazenamento de alimentos, além

de proporcionar o aparecimento de novas cores desejadas. Os mesmos podem ser

classificados como corantes naturais e sintéticos (HATHCOCK e RADER, 2003).

Quando comparado com corantes naturais, os sintéticos apresentam várias vantagens,

tais como a alta estabilidade à luz, oxigênio, pH, uniformidade de cor, baixa contaminação

microbiológica, baixo custo de produção, dentre outras (HATHCOCK e RADER, 2003). Os

corantes podem ser classificados de acordo com seu grupamento cromóforo, sendo os mais

relevantes os compostos azóicos, antraquinonas, nitro e quinolinas (GREGORY,1990). Os

mais utilizados são os corantes do tipo azo, que apresentam grupamentos azo (N=N) ligados

a anéis aromáticos (MANSOUR et al., 2007).

Embora tenham grande utilidade e diversas aplicações, algumas dessas substâncias

representam um potencial risco para a saúde humana especialmente se forem excessivamente

consumidas (POLÔNIO, 2002).

Como o uso de corantes alimentícios varia entre os diversos países é necessária uma

regulamentação própria de cada país de acordo com suas necessidades. Sendo observado em

todo o mundo um consenso no uso seguro desses produtos (DALL’AGNOL, 2013). Por esta

razão, dados de segurança, como a ingestão diária aceitável (IDA), com base em estudos

toxicológicos experimentais em animais e clínicos em humanos, têm sido repetidamente

determinados e avaliados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e

Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) (DOWNHAM e COLLINS,

2000).

2

Nesse sentido a toxicologia propõe o estudo desses azocorantes, pela importância da

exposição oral crônica e em baixas concentrações que foram relacionados ao câncer de

bexiga e da porção intestinal do cólon em humanos, a sarcomas esplênicos, hepatocarcinomas

e anomalias nucleares em animais de experimentação e aberrações cromossômicas em células

de mamíferos (PERCY, MOORE e CHIPMAN, 1989; SASAKI, et al., 2002; MANSOUR et

al., 2007).

Estudos indicam que a população infantil constitui o grupo mais vulnerável a ingestão

dessas substâncias, visto que a quantidade ingerida é maior na criança, em relação ao peso

corporal, do que no adulto. Podendo ocorrer alguns efeitos devido à ação direta dos corantes

nas células ou pela formação de metabólitos decorrentes da redução da ligação azo

(POLÔNIO, 2002; SHILS et al., 2003).

Dessa forma, os bioensaios constituem uma ferramenta importante na avaliação de

toxicidade dos corantes. Permitindo assim, fornecer informações sobre o perigo o qual a

população está exposta, uma vez que o ensaio avalia a toxicidade de diversas substâncias

biologicamente ativas (BERZAS et al., 1999).

O ensaio de mutagenicidade com Salmonella typhimurium, também conhecido como

ensaio de Salmonella/microssoma ou ensaio de Ames, é metodologia de triagem mais

utilizada atualmente para identificar substâncias genotóxicas. Utiliza linhagens que possuem

uma mutação específica no gene responsável pela síntese do aminoácido histidina bem como

diferentes alterações nos sistemas de reparo e capacidades metabólicas, permitindo a

detecção de diversos compostos químicos que podem interagir com o ácido

desoxirribonucleico (DNA). A fim de mimetizar a metabolização que ocorreria em

mamíferos, o ensaio emprega um sistema exógeno, fornecido pelas enzimas do citocromo

P450 do fígado de rato, tornando-o capaz de identificar mutagénos que precisam de ativação

metabólica para se tornar ativos (MORTELMANS e ZEIGER, 2000; UMBUZEIRO e

VARGAS, 2003).

As Diretrizes para Ensaios de Produtos Químicos (OECD 471), determinam que pelo

menos cinco linhagens de Salmonella typhimurium devem ser utilizadas no ensaio. A

combinação recomendada é: TA1535, e TA1537 ou TA97a ou TA97, TA98, e TA100, e E.

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coli WP2 uvrA, ou E. coli WP2 uvrA (pKM101) ou TA102, a fim de detectar um número

maior de mutagénos, uma vez que cada linhagem tem uma característica específica de

detecção.

Por ser um corante azóico, a tartrazina tem despertado uma maior atenção dos

toxicologistas, alergistas e oncologistas diante da possibilidade de causar reações adversas

que variam desde urticária, asma ou até mesmo câncer de cólon intestinal (COMBES e

HAVELAND-SMITH, 1982; BERZAS et al., 1999; YONGLIN et al., 2011; SASAKI et al.,

2002).

Com base nos dados descritos na literatura sobre o corante tartrazina, observa-se que

existe um grande número de ensaios de mutagenicidade com resultados negativos (LÜCK e

RICKERL, 1960, apud EFSA, 2009; BROWN et al., 1978; MUZZAL e COOK, 1979;

CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981; BROWN e DIETRICH, 1983; KARPLIUK et al.,

1984, apud EFSA, 2009; ISHIDATE et al., 1984; IZBIRAK et al., 1990, apud EFSA, 2009;

POLLASTRINI et al., 1990, apud EFSA, 2009) e alguns positivos (PATTERSON e

BUTLER, 1982; ISHIDATE et al., 1984; HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009;

MUNZNER e WEVER, 1987; PRIVAL et al., 1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004;

MPOUNTOUKAS et al., 2010), gerando assim algumas controvérsias sobre o seu potencial

genotóxico, o que vem sendo discutido há anos.

Os corantes não são considerados substâncias químicas puras, podendo conter em sua

formulação mais de 10% de impurezas (EFSA, 2009). Impureza é definida como qualquer

material e/ou substância que afete a pureza de um material de interesse, como por exemplo,

o corante. Estas impurezas podem ser de origens orgânicas ou inorgânicas. As impurezas de

origem inorgânicas podem ser metais pesados e outros materiais empregados durante a

síntese do corante. Já as impurezas orgânicas podem ser provenientes de produto

intermediário ou de degradação (RAO e KIRAM, 2010).

Dessa forma, a identificação, caracterização e os efeitos adversos provenientes a

partir destas impurezas presentes nos lotes dos mesmos, é de importância crucial para garantir

a segurança dos alimentos e medicamentos que contêm em sua formulação esses aditivos,

4

uma vez que muitas dessas impurezas são consideradas mutagênicas e/ou carcinogênicas

(ZIMMER et al., 1980; FDA, 1985).

A EFSA (Autoridade Européia de Segurança Alimentar) propondo esclarecer sobre

essa e outras características, elaborou um parecer científico em 2009, com o intuito de

reavaliar a segurança alimentar do corante tartrazina. Após a análise de banco de dados, o

parecer concluiu que os dados não indicam a necessidade de rever a IDA de 7,5 mg/kg de

peso corporal/dia, uma vez que muitos dos estudos analisados não são esclarecedores e foram

considerados com dados insuficientes. Além disso, o parecer observa que os níveis de

consumos relatados, estão abaixo da IDA estabelecida.

Portanto torna-se necessário a realização de mais estudos sobre o corante tartrazina

para elucidar seu potencial genotóxico por meios de bioensaios como o ensaio de

Salmonella/microssoma, visto que esse pode ser influenciado pelo teor de impurezas presente

no produto.

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2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Comparar a possível atividade mutagênica do corante alimentício tartrazina grau

analítico como seu respectivo corante comercial, utilizando o ensaio de

Salmonella/microssoma incluindo as linhagens recomendadas pela OECD 471.

2.2 Objetivo Específico

Verificar o comportamento dos dois corantes mediante a aplicação do teste

Salmonella/microssoma para avaliar a mutagenicidade dos corantes em relação ao grau de

pureza de cada um, a fim de verificar a interferência de possíveis contaminantes presentes

nas amostras.

6

7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aditivos Alimentares: Corantes

Os aditivos alimentares são divididos em várias classes de substâncias que podem ser

adicionadas aos alimentos com diversas finalidades. Dentre tais classes encontram-se os

corantes que são substâncias sem valor nutricional, cujo único objetivo é promover a cor e

tornar os alimentos mais atraentes aumentando sua aceitação no mercado consumidor

(POLÔNIO e PERES, 2009). A indústria alimentícia pode ter sofrido um avanço tecnológico

controverso com a utilização destes, enquanto que, para saúde, tais corantes, principalmente

os artificiais não são indicados (SILVA e REED, 2010; CHEESEMAN, 2012). Apesar da

ingestão de corantes não ser indicada por especialistas, a estimativa de produção mundial de

corantes alimentares e pigmentos é aproximadamente 750-800 mil toneladas por ano, dos

quais 26 mil, em média, são consumidos apenas no Brasil (MARMITT; PIROTTAS; STULP,

2010; GOMES et al., 2013).

O controle do uso de corantes alimentares, baseados na IDA, resultou de

investigações dos diversos organismos internacionais (Comitê de Especialistas Aditivos

Alimentares (JECFA), Comitê do Codex sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes,

Comissão Científico da Alimentação Humana (CCAH) da União Européia e a Directiva

(94/36/EC) (BESSONOV et al., 2011; GANESAN et al., 2011; GOMES et al., 2013). No

Brasil, a permissão para o uso e determinação dos níveis máximos toleráveis de aditivos

alimentares é de responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) -

Ministério da Saúde, por realizar essas atividades de inspeção através do Comitê Permanente

em Aditivos Alimentares (CPAA) (FÁVERO; RIBEIRO; AQUINO, 2011).

No entanto, apesar do controle exigido pelas agências reguladoras, a utilização de

corantes em alimentos ainda levanta uma série de dúvidas quanto à sua toxicidade. Isto é

devido à grande dificuldade em verificar se a quantidade de aditivos utilizados pela indústria

de alimentos está em conformidade com as leis vigentes e seu grau de pureza (POLÔNIO e

8

PERES, 2009). No Brasil não é obrigatório declarar nos rótulos a quantidade de corantes

presentes nos produtos (BRASIL, 2005; GOMES et al., 2013). E muito menos se sabe sobre

o controle de qualidade destes que podem apresentar contaminações por aminas aromáticas

e metais pesados (EFSA, 2009).

Entre os corantes de alimentos, os mais usados pela indústria são os que contêm um

grupo azo (-N = N-), incluindo amarelo crepúsculo, o vermelho bordeaux, e o amarelo

tartrazina. A formação de azocorante se dá por reações de acoplamento, sendo a anilina

composto de partida para a produção dos mesmos enquanto os sais de diazônio obtidos pela

diazotação da anilina podem atacar outro anel aromático como um fenol, ou mesmo, outra

anilina formando o azocorante (MORRISON, 2005).

O corante tartrazina está presente em inúmeros alimentos como cereais, doces,

laticínios, geléias, sorvetes, recheios, licores, sucos em pó, refrigerantes, gelatinas e iogurtes,

além de alguns produtos cosméticos e medicamentos tais como vitaminas, antiácidos e

cápsulas (GOMES et al., 2013). Sendo evidente a abundância de alimentos coloridos que são

altamente atrativos ao público infanto-juvenil, foi realizado um estudo em Hyderabad, na

Índia, com 662 indivíduos em áreas urbanas e 358 em áreas rurais. Foi observado que a

ingestão diária de tartrazina, amarelo crepúsculo e eritrosina em crianças, ultrapassaram os

limites aceitáveis em 104, 284 e 200 %, respectivamente (RAO et al., 2004).

Esses azocorantes entram em contado com o trato gastrointestinal humano que abriga

uma microbiota diversificada composta de pelo menos alguns milhares de espécies. Os

mesmos podem se apresentar tanto insolúveis como solúveis em água e ser reduzidos pelas

bactérias intestinais (FENG, CERNIGLIA, CHEN, 2012). Embora alguns desses corantes

primários não apresentem um potencial cancerígeno e/ou mutagênico, alguns de seus

metabólitos gerados após a sua degradação por atividade de azoredutases, que são

comumente produzidas por bactérias entéricas, se mostram tóxicos e/ou carcinogênico para

os seres humanos (CHUNG et al., 1978; ELHKIM, 2007; FENG, CERNIGLIA, CHEN,

2012).

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3.2 Identificacão, processo de síntese e impurezas do corante tartrazina

O corante tartrazina também conhecido como INS 102, FD & C Yellow number 5,

CI Food Yellow 4 e E102 é considerado como um aditivo alimentar. A tartrazina apresenta

uma alta solubilidade em meio aquoso, podendo ser identificado por espectrofotometria UV-

VIS no comprimento de onda próximo a 426nm (DIRETIVA 95/45/CE, 1995). Esta característica

ocorre devido à presença de grupos cromóforos, carboxílicos, nitro, hidroxílicos e amino que são

capazes de aumentar a intensidade de absorção específica para um determinado corante (DEL

GIOVINE; BOCCA, 2003).

Segundo Zollinger (1991) a presença de grupos sulfônicos (-SO3H) confere um

caráter ácido ao azocorante, além de torná-lo altamente solúvel em água, uma vez que o

grupo químico é facilmente ionizável, podendo ser encontrados em corantes monoazo

aniônicos. A identificação e características fisico-químicas da tartrazina podem ser

observadas na Tabela 1.

Tabela 1- Identificação e características físico - químicas do corante tartrazina

Nome Usual Amarelo Tartrazina

Nome Químico Sal tri-sódico 5-hidroxi-1-(4-sulfofenil) -4- [(4- sulfofenil) azo] -Pirazole-

3- carboxilato

Sinônimos Tartrazine; FD & C Yellow No. 5, Food Yellow No.4

Classe Monoazo

Fórmula Molecular C16H9N4Na3O=S2

Massa Molar 534, 35781

CAS 1934-21-0

Number Color Index (C.I.) 19140

Absorção Máxima λ max. = 426nm

Kow -10,17

Pka ~9,4

Solubilidade em água 38 mg/L a 2 °C, 200 mg/L a 25 °C

Fonte: (PRADO e GODOY, 2003; U.S. EPA, 2000; PEREZ-URQUIZA e BELTRAN; MARMION, 1991).

10

Durante o processo de síntese da matéria prima e manufatura desses corantes, podem

gerar algumas impurezas, podendo chegar a um total de 10% do composto final (Figura 1).

Algumas destas impurezas, como metais, 4 - aminobifenil, 4 – aminoazobenzeno (ácido

sulfanílico) e benzidina, podem apresentar efeitos carcinogênicos e ou mutagênicos, ou seja,

são capazes de induzirem mutações no DNA bem como gerar a formação de tumores

(ZIMMER et al., 1980; FDA, 1985; CLAXTON, HUGHES e CHUNG, 2001; CHUNG,

CHEN e CLAXTON, 2006). No entando estas podem estar presentes em níveis de segurança

conforme estabelecido pela legislação (FDA, 1985).

Figura 1 – Processo de síntese do corante tartrazina

Fonte: (PRIVAL, PEIPERL, e BELL, 1993).

Apesar de muitos metais serem essenciais ao bom funcionamento do organismo,

outros, no entanto podem ser prejudiciais, causando toxicidade aguda ou crônica,

11

dependendo da sua concentração e a forma disponível no organismo, além do tempo,

frequência da exposição e suscetibilidade do organismo exposto (LINDINO et al., 2008).

A população em geral pode ser exposta a estas substâncias, uma vez que, está presente

em diversos corantes nos mais variados produtos como couro, roupa, brinquedos, além de

alimentos e medicamentos (LANCASTER e LAWRENCE, 1999). Dessa forma, o alto

consumo de corantes pode tornar-se uma fonte de metais tóxicos, se forem consumidos em

concentrações acima do limite permitido pela legislação, mesmo em pequenas quantidades,

podem constituir um sério risco à saúde humana, devido ao seu acúmulo progressivo no

organismo (FRIBERG et al., 1979).

Nesse caso torna-se necessário um rigoroso controle de qualidade durante a

fabricação destes corantes tanto na indústria alimentícia bem como na indústria farmacêutica,

uma vez que o fabricante é responsável pela verificação de possíveis contaminantes presentes

nos mesmos (LINDINO et al., 2008).

O corante tartrazina geralmente é preparado a partir da diazotação do ácido 4 - amino

– benzeno com o ácido nítrico e nitrito de sódio, em seguida o composto diazo é acoplado

com o 4,5- dihidro- 5 - oxo - 1 - (4 - sulfofenil) - 1H - pirazole - 3 - ácido carboxílico ou com

o éster metílico, ou éster etílico, ou um sal de ácido carboxílico, que é isolado e purificado

como o sal de sódio ou cálcio (FDA 21 CRF74.705). Como principais componentes não

corados é possível encontrar cloreto de sódio e/ou sulfato de sódio na sua composição, no

entanto os teores de matérias de corantes totais não devem ser inferiores a 85% (DIRETIVA

95/45/CE, 1995).

De acordo com a Resolução nº 37 de 1977, o preparado de sal a partir do corante é

denominado laca, que consiste em uma combinação com o radical básico de alumínio, cálcio

e/ou sódio, podendo ser comercializados com o nome laca de alumínio, cálcio e/ou sódio de

tartrazina. Essas lacas devem seguir algumas especificações: cloretos e sulfatos como sal de

sódio devem estar em um limite máximo de 2% e matéria inorgânica insolúvel em HCl (ácido

clorídrico) presentes em até 0,5% (BRASIL, 1977). De acordo com a Diretiva 2008/128/CE,

a laca de alumínio de tartrazina não deve conter mais do que 0,5 % de material insolúvel em

HCl e materiais extraíveis com éter não deve exceder mais do que 0,2 % sob condições

neutras. Já o JECFA não dá especificações para lacas de alumínio de tartrazina, porém faz

12

uma referência geral para lacas de alumínios em corantes, determinando que a presença de

cloretos solúveis em água e sulfatos de sais de sódio, matéria insolúvel em ácido clorídrico,

matéria extraível com éter, arsênio e chumbo, não deve conter mais de 2, 0,5, 0,2 %, 3 e

5mg/kg respectivamente (JECFA, 2004).

A benzidina é uma das aminas aromáticas que se origina como uma impureza durante

a oxidação da anilina, um precursor para a síntese do ácido sulfanílico, que por sua vez é

precursor para a síntese do corante tartrazina. Durante a síntese da tartrazina pode ocorrer a

diazotação da benzidina e apenas uma pequena parte permanece como bendizina livre, ou

seja, a maior parte permanece na forma de corantes subsidiários como o corante T diazo

benzidina – pirazolona. Dessa forma após a ingestão da tartrazina pelos mamíferos, se estes

compostos estiverem presentes, por sua vez serão reduzidos no intestino liberando a

benzidina em sua forma livre (PRIVAL, PEIPERL e BELL, 1993; DAVIS e BAILEY, 1993).

Com bases nessas informações Davis e Bailey (1993) avaliaram a presença de

benzidina em 14 amostras do corante tartrazina, onde estes foram quimicamente reduzidos

com ditionito de sódio e as aminas liberadas eram isoladas através de extração com solventes

e posteriormente determinadas por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Os

resultados obtidos neste estudo mostram que os lotes comerciais do corante tartrazina

continham benzidina na forma livre e na forma de corante subsidiário em níveis acima

daqueles permitidos pela legislação (≤1 ppb), além disso em 4 das amostras apresentaram

níveis superiores a 100 ppb.

Um total de 53 amostras do corante tartrazina foi avaliado por Prival, Peiperl e Bell

(1993) onde também utilizaram o ditionito de sódio para a redução do corante, com intuito

de converter a benzidina na forma de diazo em benzidina livre, seguida da extração, a

benzidina foi quantificada como corante diazo benzidina-pirazolona T por HPLC. Um total

de 24 amostras que foram positivas para benzidina em níveis que variavam de 7 a 83 ng/g,

haviam sido certificadas pela FDA.

A FDA (1985) limita a benzidina em 1ng/g, apesar de que em alguns estudos o limite

de detecção foI de 3-4 ng/g (LANCASTER e LAWRENCE, 1999). A Tabela 2 apresenta as

especificações estabelecidas pela Directiva 2008/128/CE, JECFA (JECFA, 2006) e FDA

13

(FDA 21 CRF74.705) dos limites máximos de contaminantes que podem estar presentes no

corante tartrazina. No Brasil, o Conselho Nacional de Saúde, aprovou a Resolução CNS/MS

(Brasil, 1988 nº 4) indicando o limite máximo de apenas cinco contaminantes inorgânicos,

como o arsênio, chumbo, cobre, estanho e zinco com limites máximos de 1, 10, 20, 250 e 50

mg/kg do corante, respectivamente (LINDINO et al., 2008). Perante as informações de

acesso público, no Brasil, a legislação determina também os limites máximos tolerados de

contaminantes inorgânicos em diversos alimentos, como refrigerantes, sucos e outros

alimentos (BRASIL,1965). Pode-se notar que há uma divergência de informações e de

critérios no processo de fabricação dos corantes para diversos países, podendo assim, incorrer

num aumento das substâncias classificadas como impurezas presentes no corante e

consequentemente no alimento em que o mesmo é adicionado.

Essas especificações para os aditivos alimentares são elaboradas no intuito de garantir

a qualidade e segurança dos alimentos, incluindo desde o processo de fabricação até o

produto final. Além disso, vale ressaltar que diversas matérias-primas ou os diferentes

métodos de fabricação muitas vezes resultará em diferentes concentrações de pureza

(TEMANORD, 2002).

Portanto durante o processo de síntese de corantes é necessário seguir as boas práticas

de fabricação, seguindo sempre as especificações estabelecidas pela legislação, ou seja, não

se deve envolver compostos que são reconhecidos por apresentarem riscos à saúde, como a

presença de um grande grupo de aminas aromáticas (ANON, 1996; IARC, 2010).

14

Tabela 2 - As especificações de limites máximos de impurezas para síntese do corante

tartrazina

Impureza Diretiva da

Comissão

2008/128/EC

JECFA (2006) FDA (1985)

matéria insolúvel em

água

≤ 0,2% ≤ 0,2% ≤ 0,2%

Matéria volátil em

135ºC

- - ≤ 13%

Máteria de Corantes

subsdiários

≤ 1,0% ≤ 1,0% -

Ácido sulfônico 4-

hidrobenzeno

≤ 0,5% ≤ 0,5% -

Ácido sulfonico 4-

aminobenzeno

≤ 0,5% ≤ 0,5% ≤ 0,2%

5-oxo-1-(4-sulfofenil)-

3 ácido carboxilico

≤ 0,5% ≤ 0,5% -

4,4-diazoaminodi

(ácido benzeno

sulfonico)

≤ 0,5% ≤ 0,5% -

Ácido

tetrahidrosuccunic

≤ 0,5% ≤ 0,5% -

4,4 ' - (1 - triazeno - 1

,3 -di-il) bis [ácido

benzeno], sal dissódico

- - ≤ 0,05

4 Aminobifenil ≤ 0,01% ≤ 0,01% ≤ 75 ppb

Azobenzeno - - ≤ 40 ppb

1,3 - Diphenyltriazene ≤ 40 ppb

Anilina ≤ 0,01% ≤ 0,01% ≤ 100 ppb

Benzidina ≤ 1 ppb

Substâncias extraíveis

com éter

≤ 0,2% (sob

condições

neutra)

≤ 0,2% -

Arsênico ≤ 3 mg/kg - ≤ 3 ppm

Chumbo ≤ 10 mg/kg ≤ 2 mg/kg ≤ 10 ppm

Mercúrio ≤ 1mg/kg - ≤ 1 ppm

Cádmio ≤ 1mg/kg - -

Metais pesados ≤ 40mg/kg - (-): Não especifica

15

3.3 Mutagenicidade provocadas por impurezas provenientes da síntese dos

corantes

Muito dos azocorantes que são análogos da benzidina são considerados mutagênicos

e/ou carcinogênicos, uma vez que através do seu metabolismo os eletrólitos interagem com

o DNA (MATHUR, BHATNAGAR, SHARMA, 2012). Estudos relataram uma alta

incidência de tumores de bexiga (CASE et al, 1954; ZAVON et al, 1973;) de estômago, reto,

pulmão e próstata (UBELIN et al, 1954) em trabalhadores expostos a benzidina e anilina em

fábricas de produtos químicos.

Além disso, vários pesquisadores têm correlacionado um número de aminas

aromáticas carcinogênicas e a capacidade em induzir mutações, quando testadas através do

ensaio de Salmonella/microssoma com e sem combinação de ativação metabólica (AMES et

al., 1972; GARNER et al., 1975; WANG et al., 1975; FERRETTI et al, 1977; LAZEAR e

LOUIE, 1977, CHUNG et al.; 2006; GREGORY, 1981; SHAHIN, 1985; MCCANN et al.,

1975).

Garner (1975) ao avaliar a atividade mutagênica de análogos de benzidina, a 3,3 '-

diclorobenzidina purificada demonstrou que tais substâncias apresentaram uma atividade

mutagênica para a linhagem TA1538 em presença de ativação metabólica e a 3,3’, 5,5'-

tetrametilbenzidina apresentou uma atividade mutagênica tanto em presença quanto em

ausência de S9. De acordo com McCann et al. (1975) a benzidina apresentou um potencial

mutagênico para a linhagem TA1538 em presença de ativação metabólica.

Gregory (1981) avaliou a atividade mutagênica de uma série de compostos derivados

de diazo benzidina e o- tolidina, bem como vários compostos monoazos. Todos os corantes

de benzidina e σ-toluidina testados foram mutagênicos para as linhagens TA98 e TA100,

após sofrerem uma redução química com ditionito de sódio.

Chung et al. (2006) revisaram a mutagenicidade de alguns análogos de benzidina,

demonstrando que muitas destas aminas foram consideradas mutagênicas para as linhagens

TA98 e TA100, em presença de ativação metabólica, segundo estudos realizados por meio

16

do ensaio de Salmonella /microssoma. Algumas aminas com alguns halogênios ou grupos

nitro presentes em sua estrutura apresentaram uma ação direta na mutagenicidade. Porém ao

adicionar um grupamento sulfônico na molécula de benzidina e uma complexação com um

íon metálico gerou uma redução na mutagenicidade.

Em adição, a anilina assim como outras aminas aromáticas são também consideradas

impurezas provenientes do processo de síntese de corantes (EFSA, 2009). Em vários estudos

algumas anilinas foram capazes de causar uma indução cancerígena em bexiga de cães

(BONSER, 1943, apud ZIMMER et al., 1980), em ratos algumas foram consideradas

carcinogênicas como a 2- metil -, 4 - metil -, e 2,4,5 - trimetil - anilina (HOMBURGUER et

al., 1972, RUSSFIELD et al.,1973; MCCANN et al., 1975; ZIMMER et al., 1980), além de

estar associadas ao dano oxidativo no DNA em células de baço de ratos (BOMHARD e

HERBOLD, 2005; MA et al., 2008).

No entanto para alguns autores a anilina apresentou resultados negativos através do

ensaio de Salmonella/microssoma (MCCANN et al., 1975; SUGIMURA et al., 1976;

DEGAWA et al., 1979; SIMON, 1979; MORI et al., 1980) bem como o ácido sulfanílico,

considerado como um de seus metabólicos (MCCANN et al., 1975; DEGAWA et al., 1979;

CHUNG, FULK e ANDREWS, 1981).

Shahin (1985) avaliou as relações de estrutura-atividade, de três nitroanilinas e nove

nitroaminofenols, testados quanto à sua capacidade de induzir mutações em linhagens de

Salmonella typhimurium. Para os compostos m-nitroanilina, 4-nitro-2-aminofenol, o 3-nitro-

6-aminofenol os resultados encontrados foram positivos para as linhagens TA1538 e TA98

em ausência de S9. No entanto os compostos σ-nitroanilina, 2-nitro-3-aminofenol, o 3-nitro-

4-aminofenol, 4-nitro-3-aminofenol, o 3-nitro-2-aminofenol, 2-nitro-6-aminofenol, 2-nitro-

4-aminofenol e 2-nitro-5-aminofenol foram negativos para TA1535, TA100, TA1537,

TA1538 e TA98, tanto na presença quanto em ausência de S9. O autor concluiu que a

atividade mutagênica ou inatividade desses compostos parece ser dependente das posições

dos grupos amino, nitro, e hidroxi nas suas estruturas químicas.

Outro interferente considerado como uma impureza é o composto 4 – aminobifenil.

Estudos tem demonstrado que este apresenta um potencial cancerígeno em camundongos

17

(CLAYSON et al.,1967) e ratos (WALPOLE et al., 1952) além de apresentar um potencial

mutagênico para as linhagens TA100, TA1537 e TA1538 em presença de S9. Seu isômero,

o 2-aminobifenil também foi mutagênico para a linhagem TA100 em presença de S9

(MCCANN et al.,1975). Estes resultados são confirmados por Lazear e Louie (1977) ao

analisar o 4-aminobifenil, bem como o seu sal cloridrato onde observaram uma

mutagenicidade para as linhagens de Salmonella typhimurium TA98 e TA100, com doses

testadas (50 e 100 pg/placa) em presença de ativação metabólica.

3.4 Toxicocinética

Segundo a Agência Internacional para Pesquisa Sobre o Câncer (IARC, 2010) a

ativação metabólica foi aceita como um elemento essencial para explicar a atividade

biológica de uma amina, uma vez que essa atividade está relacionada com a forma de

absorção, hábitos alimentares, tempo de contato, tecido alvo e células específicas além da

susceptibilidade individual ao metabolismo próprio de uma espécie animal.

A exposição a agentes possivelmente tóxicos pode se dar principalmente pelas vias

oral, respiratória e dérmica. Após a exposição oral aos azocorantes, pode ocorrer uma

azoredução numa ampla variedade de espécies de mamíferos, incluindo macacos Rhesus

(RINDE e TROLL, 1975) e seres humanos (FULLER, 1937; SCHRODER e CAMPBELL,

1972; WATABE et al., 1980) por meio de enzimas hepáticas ou por bactérias presentes na

microbiota intestinal sob condições anaeróbicas (WALKER, 1970; GINGELL e WALKER,

1971; SCHELINE, 1973).

Essa azoedução pode gerar como produtos de degradação a formação de

hidroxilaminas, as quais são capazes de causar dano ao DNA. Se forem completamente

reduzidas, as aminas aromáticas (-NH2), podem ser oxidadas novamente a N-

hidroxiderivados por enzimas do sistema citocromo P450. Esses radicais N-hidroxi por sua

vez podem ser acetilados por σ-acetiltransferases gerando íons eletrolíticos, capazes de reagir

com o DNA (BARTSCH, 1981; ARLT et al., 2002; UMBUZEIRO et al., 2005). Dessa forma,

18

a reação metabólica desempenha um importante papel na mutagênese e/ou carcinogênese

destes corantes (CHUNG, 1983; CHUNG e CERNIGLIA, 1992).

O radical nitro (-NO2), apesar de não fazer parte da molécula do corante tartrazina,

pode está presente em outros corantes azóicos, os quais também podem ser reduzidos pelas

nitroredutases bacterianas ou por enzimas presentes no citoplasma de células de mamíferos,

como as xantinas oxidases, ou ainda o citocromo P450, pela via redutiva gerando radicais N-

hidroxi (VOLKER et al., 2004; UMBUZEIRO et al., 2005). As reações de redução com

grupamentos nitro interagem com nitrobenzeno e aminas que são oxidadas principalmente

no fígado onde produzem metabólitos finais como anilinas e estes podem ser distribuídos de

forma diferente. O nitrobenzeno é considerado um causador de adenoma e carcinoma

hepático e anilinas causadoras de sarcoma predominantemente no baço de rato (IARC, 2010).

Com base nos levantamentos históricos, sobre azocorantes, a tartrazina e seu

metabolismo têm sido estudados por vários autores (RYAN e WRIGHT, 1962; JONES et al.,

1964; JECFA, 1966; ROXON et al., 1966, 1967; BERTAGNI et al., 1972; RYAN, 1972;

HONOHAN et al., 1977; KHERA e MUNRO, 1979). Acredita-se que menos de 2% da

tartrazina que é ingerida consegue ser absorvida (MURDOCH et al., 1987; EFSA, 2009).

Estudos têm demonstrado que após a administração intraperitonial ou intravenosa da

tartrazina em diferentes espécies de animais, os compostos resultantes da redução não são

metabolizados no fígado (HONOHAN et al., 1977). No entanto Kuno e Mizutani (2005)

mostraram que a tartrazina não é um substrato para as enzimas CYP2A6 e UDP-

glucuronosiltransferase, através de ensaios utilizando microssomas de fígado bovino para

mimetizar os microssomas hepáticos humanos (HIRANO et al., 2002; HIRANO e

MIZUTANI, 2003; KANOU et al., 2002).

Portanto, as enzimas hepáticas que reduzem ligações azo desempenhariam apenas um

papel menor no metabolismo dos azocorantes. A redução pelas bactérias intestinais seria o

caminho mais provável (JECFA, 1966; BERTAGNI et al., 1972; JONES et al., 1964; RYAN,

1972; CHUNG et al., 1978; KHERA e MUNRO, 1979). A maior parte da tartrazina é

rapidamente metabolizada em aminopirazolone no cólon pela flora intestinal (JECFA, 1966;

19

KHERA e MUNRO, 1979) e degradada a ácido 4 – hidrazinobenzenesulfonico, e em seguida

é reduzida em ácido sulfanílico (RYAN et al, 1969a; JONES et al, 1964).

Segundo Ryan e Wright (1961) após uma administração intravenosa de baixas doses

de tartrazina em ratos, esta não demonstrou ser excretada na bílis. Mais tarde, Ryan e Wright

(1962) comprovaram que o grupamento carboxila presentes na tartrazina foi responsável pelo

bloqueio da excreção biliar. No entanto para Jones et al. (1964) quando administrado por via

oral o corante tartrazina pode ser reduzido in vivo, diferentemente quando administrado por

via intraperitoneal, demonstrando que a flora do trato gastro intestinal é responsável pela

redução desse composto. Após a administração intraperitoneal de uma dose elevada de

tartrazina, a excreção de ácido sulfanílico pode ser explicada através de um ciclo entero-

hepático. A excreção do corante na bílis levaria a uma diminuição no intestino seguido por

uma absorção e subsequente excreção de ácido sulfanílico na urina.

O ácido sulfanílico é o principal metabólito produzido após a redução da tartrazina

pelas bactérias intestinais. Isso sugere que os elétrons extracelulares podem estimular a

redução dos azocorantes. A redução em aminopirazolone e ácido sulfanílico ocorre por meio

da presença de transportadores de életrons como a flavina que são liberadas pelas bactérias

em condições anaeróbicas no cólon (ROXON et al., 1967; CHUNG et al., 1978).

Além disso, em relação a metabolização hepática e renal após a adminstração de

tartazina e carmosina os seus efeitos tornam-se mais evidentes em doses mais elevadas, por

induzirem o estresse oxidativo devido a formação de radicais livres podendo levar a efeitos

tóxicos. O estudo foi realizado administrando-se doses de 15 mg/kg e 500 mg/kg e de 8 mg/kg

e 100 mg/kg de peso corporal dos corantes tartrazina e carmosina, respectivamente, durante

30 dias (AMIN, HAMEID, ELSTTAR, 2010).

Com base nessas informações, pode-se observar que as substâncias como os corantes

são capazes de induzir o estresse oxidativo por formação de radicais livres podendo levar a

efeitos tóxicos. Nesse sentido a realização de estudos com o intuito de avaliar substâncias

indutoras de mutagenicidade devem ser realizados tanto in vitro como in vivo .

20

3.5 Regulamentações

As legislações visam estabelecer padrões para utilização de aditivos alimentares,

incluindo os corantes sintéticos, visto que o emprego dos mesmos tem sido objeto de críticas

em função de possíveis efeitos nocivos à saúde do consumidor. Esses efeitos vão desde

alterações de comportamento em crianças, a asma, urticária, reações alérgicas a alimentos

até apresentação de potencial mutagênico e/ou carcinogênico em alguns casos (RING,

BROCKOWe BEHRENDT, 2001; PRADO e GODOY, 2003; ELHKIM, et al., 2007).

Em virtude de alguns efeitos nocivos e críticas na utilização desses corantes, ocorreu

na Europa e nos EUA um movimento de reavaliação dessas substâncias, com desdobramento

no Brasil e em outros países da América Latina. Diversos órgãos internacionais, entre eles, o

Comitê de Especialistas relacionados FAO/OMS sobre Aditivos Alimentares (JECFA), um

comitê científico internacional de especialistas administrado conjuntamente pela

Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) e pela Organização

Mundial da Saúde (OMS) em 1966 e pela Comissão Científica da Alimentação Humana

(CCAH) da União Europeia, em 1975 e 1984 participaram desse processo de reavaliação.

Por meio de vários estudos, esses órgãos estabeleceram uma IDA segura de 7,5 mg/kg de

peso corporal/dia para o corante tartrazina, sendo assim, uma criança de 30 Kg e um adulto

de 60 Kg podem consumir até 225 mg e 450 mg de tartrazina por dia, respectivamente

(JECFA, 1966).

O consumo desse corante acima dos níveis estabelecidos pela legislação pode gerar

desde reações alérgicas (ELHKIM, et al., 2007) como alterações comportamentais atuando

como um catalisador na hiperatividade (TANAKA et al., 2006). Em ratos têm produzido

neurotoxicidade e déficits de aprendizado e memória (YONGLIN et al., 2011).

Devido à grande utilização desses compostos e seu potencial risco para a saúde

humana, os EUA permite a utilização de apenas nove corantes; no Japão segundo a

legislação, somente onze agentes sintéticos são liberados, e na União Europeia, apenas

dezessete, embora a Suécia e a Noruega proibirem o uso desses produtos artificiais em

alimentos (REYES e PRADO, 2001; QUEIJA, et al., 2001; PRADO e GODOY, 2003).

21

No Brasil, as Resoluções n° 382 a 388, de 9 de agosto de 1999, da ANVISA,

regulamentam o uso de onze corantes artificiais, sendo eles: amaranto, vermelho de

eritrosina, vermelho 40, ponceau 4R, amarelo crepúsculo, amarelo tartrazina, azul de

indigotina, azul brilhante, azorrubina, verde rápido e azul patente V. Esses corantes podem

ser utilizados nas indústrias de alimentos e farmacêuticas respeitando os limites máximos de

quantidade permitida para cada um deles e em alimentos específicos. Entre os países do

MERCOSUL, houve necessidade de uma legislação que harmonizasse a utilização desses

corantes alimentares (MERCOSUL Resolução GMC nº 52/98) bem como determinasse

funções de aditivos e seus limites máximos de utilização para todas as categorias de alimentos

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO, 2001).

O emprego de um novo aditivo alimentar no Brasil apenas é permitido se previamente

for aprovado pela Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA do

Ministério da Saúde) e se for utilizado dentro de um limite permitido, garantindo sua

inocuidade (BRASIL, 1969).

O Ministério da Saúde por meio da ANVISA regulamenta, controla e fiscaliza o uso

de aditivos em alimentos e medicamentos, exigindo o cumprimento dos padrões de limites

máximos (Tabela 3) determinados. Uma vez que a utilização de alguns aditivos como os

corantes podem geram uma toxicidade após seu consumo, principalmente se estiverem

presentes impurezas provenientes de sua síntese. Dessa forma, existe uma preocupação dos

órgãos reguladores em relação à rotulagem dos alimentos e medicamentos que contêm como

por exemplo o corante tartrazina em sua formulação. No Brasil é regulamentado pela

ANVISA e nos EUA (FDA) por meio de um Regulamento Federal, os fabricantes de

alimentos e medicamentos que utilizam este corante em sua formulação foram obrigados a

declarar, na lista de ingredientes e bula do medicamento, o nome do corante tartrazina por

extenso (CRF 74.1705; BRASIL, 2002, 2003).

22

Tabela 3 - Limite máximo de utilização do corante tartrazina em diferentes categorias de

alimentos de acordo com as legislações específica brasileira.

Alimentos Limite máximo Resolução (ANVISA)

Balas, confeitos, bombons, chocolates e

similares

0,030 g/100g RDC nº 387, de 5 de agosto de

1999

Cobertura e xarope, recheios e pós para o

preparo de coberturas e xaropes para

produtos de panificação e biscoitos,

produtos de sobremesas, gelados

comestíveis, balas, confeitos, bombons

chocolates e similares

0,050 g/100g

RDC nº 387, de 5 de agosto de

1999

Bebidas não alcoólicas a base de soja 0,01g/100mL RDC nº 25, de 15 de fevereiro de

2005

Bebidas não alcoólicas gaseificadas e

não gaseificadas

0,01g/100mL RDC nº 5, de 15 de janeiro de

2007

Gelados comestíveis 0,015g/100g RDC nº 3, de 15 de janeiro de

2007

Molhos e condimentos 0,05g/100g RDC nº4, 15 de janeiro de 2007

Petiscos 0,02g/100g RDC nº 64, de 16 de setembro

de 2008

Preparações culinárias industriais

(congeladas ou não) desidratadas

0,005g/100g RDC nº 34, de 9 de março de

2001

Sobremesas 0,015g/100g Resolução nº 388, de 05 de agosto

de 1999

Sopas e caldos concentrados/

desidratados

0,005g/100g RDC nº 33, de 09 de março de

2001

Suplementos Vitamínicos e ou de

Minerais (líquidos)

0,01g/100mL RDC nº 24, de 15 de fevereiro de

2005

Suplementos Vitamínicos e ou de

Minerais (sólidos)

0,03g/100g RDC nº 24, de 15 de fevereiro de

2005

Fonte: (ANVISA, 2014)

23

Em função da alta demanda de utilização dos corantes e da sua necessidade de

fiscalização, os métodos de avaliação destes aditivos têm sido rotineiramente requeridos.

Tais determinações visam tanto o controle de qualidade das indústrias alimentícias e

farmacêuticas, quanto à análise destes compostos em órgãos de vigilância e controle da saúde

humana. Na avaliação do TemaNord, 2002, recomendou-se uma reavaliação do corante

tartrazina para a inclusão de dados recém-publicados, em relação aos estudos de

genotoxicidade, toxicidade crônica /carcinogenicidade, reprodutiva e de desenvolvimento

pré-natal.

3.6 Estudos de Genotoxicidade

3.6.1 Lesões no material genético

A molécula de dupla fita de DNA é o local onde está armazenada toda a informação

genética. Estas fitas se ligam através de pontes de hidrogênio com as bases nitrogenadas,

onde uma adenina se liga a uma timina enquanto uma citosina se liga a uma guanina,

compondo uma molécula de DNA. Algumas lesões podem ocorrer na molécula de DNA,

como adições ou deleções de bases nitrogenadas, quebras ou rearranjos cromossômicos.

Dessa forma se a célula não conseguir reparar, ou seja, reconstruir a informação genética

original, a lesão é denominada de mutação, que pode ocorrer de forma espontânea ou

induzida por agentes químicos ou físicos (COMBES, 1992; MORTELMANS e ZEIGER,

2000).

As mutações podem ocorrer em qualquer célula, tanto em células de linhagem

germinativa como em células somáticas. Quando ocorrem em células de linhagem

germinativa, essas podem ser propagadas á geração seguinte, sendo responsáveis por várias

doenças hereditárias assim como em alguns tipos de cânceres (MARON e AMES, 1983;

COMBES, 1992). Porém quando a mutação ocorre em células somáticas, a consequência

mais comum é o desenvolvimento de tumores benignos ou malignos. Além disso, foi

24

proposto que as mutações em células somáticas podem também estar envolvidas na

patogênese de algumas doenças crônicas degenerativas como as cardiovasculares e

neurodegenerativas (VARANDA, 2006),

Uma mutação pode ocorrer nos cromossomos ou nos genes. A mutação

cromossômica se caracteriza quando partes de segmentos de cromossomos, cromossomos

inteiros ou grupamentos de cromossomos se alteram, resultando em rearranjos

cromossômicos anormais (GRIFFITHS et al., 1998a apud FERRAZ, 2008). Dessa maneira

muitas mutações cromossômicas podem conduzir a anomalias no funcionamento da célula e

do organismo (MARON e AMES, 1983).

Na mutação gênica também denominada de mutação de ponto, os eventos de

mutações ocorrem em genes individuais, ou seja, as alterações ocorrem em pares de bases

únicos do DNA ou num pequeno número de bases adjacentes (GRIFFITHS et. al, 2001b apud

FERRAZ, 2008). Estas mutações podem ocorrer através da substituição de pares de bases ou

deslocamento do quadro de leitura do DNA, também chamada de mutação frameshift. A

mutação frameshift ocorre devido a adição ou a perda de uma ou mais bases nitrogenadas do

DNA, levando a uma alteração no quadro de leitura. Quando a leitura da sequência de códons

do ácido ribonucléico mensageiro (mRNA) é “lida” pelo aparelho traducional, esta ocorrerá

de forma incorreta, uma vez que a adição ou deleção de um único par de base do DNA mudará

a matriz de leitura começando a leitura a partir do local que sofreu essa alteração estendendo

até o terminal carboxílico da proteína (GRIFFITHS et. al, 2001b).

Dependendo do gene que sofreu alteração e do tipo de efeito que essa alteração tem

na expressão gênica, isso pode resultar em grandes efeitos, que pode ser desde uma perda

completa da expressão do gene, até à formação de uma proteína variante com propriedades

alteradas (MARON e AMES, 1983).

Com base nessas informações citadas anteriormente há vários sistemas de reparo que

cuidam da remoção de lesões causadas no DNA. Dentre eles, podemos citar o reparo por

excisão, que consiste no reconhecimento da lesão no DNA, corte na fita e excisão da lesão e

de alguns nucleotídeos adjacentes, o que resulta na formação de um novo pedaço de DNA e

25

restauração da dupla hélice original por um processo livre de erros (GREEN, 1978;

HANAWALT, 1979; FRIEDBERG, 1985).

Estes sistemas de reparo são importantes, visto que vários testes de mutagenicidade

se baseiam neles. O ensaio com Salmonella, por exemplo, utiliza linhagens mutantes

deficientes no reparo por excisão através da deleção do gene uvrB, no intuito de aumentar a

capacidade de detecção do ensaio (MARON e AMES, 1983).

3.6.2 Ensaios de Salmonella/microssoma

O ensaio de mutagenicidade com Salmonella typhimurium, também conhecido como

ensaio de Salmonella/microssoma ou teste de Ames, é uma metodologia de triagem mais

utilizada atualmente para detectar substâncias genotóxicas (UMBUZEIRO e VARGAS,

2003). O ensaio foi inicialmente descrito pelo grupo do Dr. Bruce Ames, (AMES,

YAMASAKI, 1971; AMES et al., 1973a; 1973b; MARON, AMES, 1983) e discutido

internacionalmente e revisado por Mortelmans e Zeiger (2000).

Esse teste emprega linhagens de Salmonella typhimurium derivadas da parental LT2,

auxotróficas para o aminoácido histidina, apresentando diferentes mutações no operon deste

aminoácido. Essas linhagens são construídas para detectar mutações do tipo deslocamento

do quadro de leitura ou substituição de pares de base no DNA. São incapazes de crescer em

meio de cultura mínimo sem histidina, a menos que ocorram mutações que restaurem a sua

capacidade de síntese. O número de revertentes é facilmente medido pela contagem de

colônias que crescem em meio mínimo, após a exposição de uma população de células à

substância testada (UMBUZEIRO e VARGAS, 2003).

As linhagens de Salmonella typhimurium empregadas no ensaio são pertencentes ao

grupo das enterobactérias que são capazes de produzir nitroredutases e azoredutases. Alguns

corantes azóicos apenas exibem atividade mutagênica se as ligações azo forem reduzidas

gerando aminas aromáticas, podendo ser mais ou menos mutagênicas quando comparadas ao

corante original, dependendo da estrutura química. Se o corante tiver um ou mais

26

substituintes do grupo nitro, as nitroredutases endógenas irão reduzi-lo às hidroxilaminas ou

a aminas aromáticas (UMBUZEIRO et al., 2005).

Além disso, com a utilização de um sistema exógeno, a partir de uma enzima do

citocromo P450 do fígado de rato, o ensaio é capaz de detectar mutágenos que tem a

necessidade de serem metabolizados para se tornar ativos e interagir com o DNA

(MORTELMANS e ZEIGER, 2000).

3.6.2.1 Características genéticas das linhagens utilizadas no ensaio de

Salmonella/microssoma

Cada uma das linhagens empregadas possui uma mutação específica no gene

responsável pela síntese do aminoácido histidina bem como diferentes alterações nos

sistemas de reparo e capacidades metabólicas. Sendo assim, respondem diferentemente às

variadas classes de compostos químicos. Essas alterações genéticas adicionais são

responsáveis por atribuir uma maior sensibilidade na detecção de diversos mutágenos, tais

como deleção dos genes uvrB que elimina o mecanismo de reparo por excisão, permitindo

que mais lesões no DNA sejam reparadas pelo mecanismo suscetível ao erro, e a mutação

rfa que causa a perda parcial da camada lipopolissacarídica (LPS) da parede bacteriana

tornando-a mais permeável para difusão de moléculas grandes que normalmente não

penetram nas células. A deleção do gene uvrB promoveu a deleção de parte do gene

responsável pela síntese de biotina, tornando-as auxotróficas para biotina (MARON e

AMES; 1983; MORTELMANS e ZEIGER; 2000; UMBUZEIRO e VARGAS, 2003).

Algumas linhagens como a TA98 e YG1041 possuem o plasmídio pKM101 que além

de conferir resistência à ampicilina, contêm os genes mucAB, cuja expressão causa estímulo

ao mecanismo suscetível ao erro (error-prone). A linhagem TA98 apresenta mutação no

gene hisD3052 que codifica para a histidinol desidrogenase, apresentando como ponto

preferencial para a reversão oito resíduos repetitivos de GC e detecta compostos mutagênicos

que causam deslocamento do quadro de leitura do DNA. Apesar de ter a capacidade de

27

reduzir compostos do tipo nitro, ela possui uma menor atividade de nitroredutase. Isso ocorre

devido à deleção de alguns dos genes responsáveis pela produção dessa enzima

(MORTELMANS e ZEIGER; 2000).

Dessa forma, outras linhagens foram desenvolvidas; algumas incapazes de produzir

essa enzima (TA98NR e TA100NR) e outras com alta produção da mesma (YG1021,

YG1026). Já as linhagens YG1041 e YG1042 foram desenvolvidas com alta produção de

ambas as enzimas nitroredutases e o-acetiltransferases. Ensaios empregando essas linhagens

são úteis para o esclarecimento da via de redução do grupo nitro na mutagenicidade de certos

compostos (MARON e AMES; 1983; MORTELMANS e ZEIGER; 2000).

A linhagem TA97a apresenta mutação no gene hisD6610 detectando também

mutágenos que causam deslocamento do quadro de leitura do DNA. Já a linhagem TA102

apresenta uma mutação no gene hisG428, detectando assim mutágenos como formaldeído,

vários hidroperóxidos, bleomicina, fenilidrazina, raios-X, luz UV e agentes cross-link, como

mitomicina C. Já as linhagens TA100 e TA1535 apresentam a mutação hisG46, responsável

por codificar o gene para primeira enzima da biossíntese da histidina (AMES, 1971)

resultando na substituição de uma leucina por uma prolina, tornando assim um marcador para

compostos mutagênicos que causam substituição principalmente nos pares de bases GC

(MARON e AMES, 1983).

Uma combinação dessas linhagens podem auxiliar no papel destas enzimas na

atividade mutagênica de corantes azóicos, tornando assim o ensaio de

Salmonella/microssoma, uma importante ferramenta para contribuir e predizer os possíveis

efeitos desses compostos para a saúde humana após a sua ingestão, uma vez que utilizam

enterobactérias com características metabólicas similares às presentes na microbiota

intestinal de mamíferos (CHADWICK et al., 1992; PORWOLLIK et al., 2001;

UMBUZEIRO et al., 2005; CHUNG, 1992).

Assim, de acordo com OECD 471, as linhagens demonstradas na Tabela 4 são as que

foram utilizadas no presente estudo visando testar a mutagenicidade do corante tartrazina.

28

Tabela 4 - Características genética das linhagens de Salmonella typhimurium utilizadas no ensaio

de Samonella/microssoma

Linhagem Descrição Plasmídios

Tipo de

Mutação

Referência

TA97a

hisD6610; hisO1242

rfa; ∆ (uvrB,bio)

pKM101(Apr)

Deslocamento do

quadro de leitura

MORTELMANS e

ZEIGER, 2000

TA98

hisD3052;

rfa; ∆ (uvrB,bio)

pKM101 (Apr)

Deslocamento do

quadro de leitura

MARON e AMES,

1983

TA100

hisG46;

rfa; ∆ (uvrB,bio)

pKM101 (Apr)

Substituição de

pares de bases

MORTELMANS e

ZEIGER, 2000

TA102

hisG 428;

rfa

pKM101 (Apr)

pAQ1 (Ttr )

Substituição de

pares de bases

MARON e AMES,

1983

TA1535

hisG46;

rfa; ∆ (uvrB)

- Substituição de

pares de bases

MORTELMANS e

ZEIGER, 2000

(his): mutação responsável pela síntese da histidina; (ΔuvrB): deleção do gene uvrB; (Δbio): deleção do gene

da biotina; (rfa): mutação que causa perda parcial da camada lipopolissacarídica; (Apr): resistente à ampicilina;

(Ttr) : tetraciclina resistente; (-): não apresenta plasmidios.

3.6.3 Estudos in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina

A identificação de substâncias que são capazes de induzir mutações é importante para

avaliar e garantir uma segurança alimentar. Os principais estudos disponíveis de

genotoxicidade in vitro na literatura demonstraram que o corante tartrazina não apresenta

atividade mutagênica (LÜCK e RICKERL, 1960, apud EFSA, 2009; BROWN et al., 1978;

MUZZALL e COOK, 1979; CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981; BROWN e DIETRICH,

1983; KARPLIUK et al., 1984, apud EFSA, 2009; ISHIDATE et al., 1984; IZBIRAK et al.,

29

1990, apud EFSA, 2009; POLLASTRINI et al., 1990, apud EFSA, 2009), embora alguns

tenham apresentado resultados positivos (PATTERSON e BUTLER, 1982; ISHIDATE et

al., 1984; HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009; MUNZNER e WEVER,1987;

PRIVAL et al.,1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004; MPOUNTOUKAS et al., 2010) como

pode ser observados na Tabela 5.

Chung, Fulk e Andrews (1981) realizaram um estudo com dezessete corantes e 16

dos seus metabólitos ou derivados testados no ensaio de mutagenicidade de Salmonella/

microssoma utilizando a metodologia de incorporação em placas, em presença e ausência de

microssomas de fígado de rato (S9), utilizando as linhagens TA1535, TA1537, TA1538,

TA98 e TA100. Os resultados foram positivos com e sem ativação metabólica para 3-

aminopireno, vermelho litol, azul de metileno, amarelo metil, vermelho neutro e vermelho

fenol. Já o 4-amino pirazolone, 2,4- dimetilanilina , N , N - dirmetil - p - fenilenodiamina ,

vermelho de metila e 4 - fenil - azo - 1 – naftilamina, apresentaram resultados positivos

apenas em presença de S9 . Os resultados foram negativos para os azocorantes, tartrazina,

vermelho allura , amaranto, ponceau R, ponceau SX, amarelo crepúsculo em presença e

ausência de S9. Os seguintes metabólitos também apresentaram resultados negativos, como

a anilina, ácido sulfanílico, cloridrato de 1 - amino - 2 - naftol , ácido antranílico, sal

cresidine, pirazolona T, sal de R – amino - ( 1 - amino-2 -naftol-3, 6- sal dissódico

disulfónico), sal de Schaeffer (ácido - 6 - sulfônico 2- naftol, sal de sódio), naphthionate

sódio, sulfanilamida e ácido 4 - Amino-naftalenossulfónico sal sódico (CHUNG, FULK e

ANDREWS, 1981).

A indução de aberração cromossômica foi avaliada após dois diferentes períodos da

cultura celular de fibroblasto de Muntiacus Muntjac expostas em concentrações de 3, 5, 10 e

20 µg/mL de tartrazina. Foi observado um aumento significativo em relação a quebras das

cromátides e cromossomos dicêntricos quando comparados com os grupos controles em

todos os grupos experimentais. Os autores sugerem que novos estudos são necessários para

determinar o potencial mutagênico do corante (PATTERSON e BUTLER, 1982).

30

Tabela 5 - Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina.

(NE): Não especifica; (-): Não utiliza

Ensaio Tipo de mutação Ativação

S9

Dose Resultado Origem Referência

Salmonella/microssoma

TA1535, TA100,

TA1537, TA1538, TA98

Mutação de

ponto

Com e sem 0,05-1

mg/placa

Negativo Analítico (BROWN et

al., 1978)

Salmonella/ microssoma

TA98, TA1537, TA100,

TA1535

Mutação de

ponto

Com e sem 0,165mg/placa Negativo Comercial (MUZZALL e

COOK, 1979)

Salmonella/ microssoma

TA100 e TA98

Mutação de

ponto

Com e sem NE Negativo Analítico (BROWN e

DIETRICH,

1983)

Salmonella/ microssoma

TA100 e TA98

Mutação de

ponto

Com e sem NE Positivo

(TA98)

NE (HENSCHLER

e WILD, 1985,

apud EFSA,

2009)

Salmonella/ microssoma

TA98, TA100, TA1535

TA1537 e TA1538

Mutação de

ponto

Com e Sem 5 -5000 μg

/placa

Negativo Analítico ( CHUNG;

FULK e

ANDREWS,

1981)

In vitro Muntiacus

Muntjac

Aberração

Cromossômica

- 3, 5, 10 or 20

μg/ml

Positivo NE (PATTERSON

e BUTLER,

1982)

Aberração cromossômica

E. Coli K-12

Aberração

Cromossômica

- NE Negativo NE (KARPLIUK

et al., 1984,

apud EFSA,

2009)

Salmonella/ microssoma

TA92, TA94, TA98,

TA100, TA1535 e

TA1537

Mutação de

ponto

Com e Sem 5mg/placa Negativo NE (ISHIDATE, et

al., 1984)

31

Continuação da Tabela 5- Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina

Ensaio Tipo de

mutação

Ativação

S9

Dose Resultado Origem Referência

Aberração

Cromossômica em

células de fibroblasto de

hamster

Aberração

Cromossômica

- 6 mg/ml Positivo NE (ISHIDATE, et al.,

1984)

Salmonella/ microssoma

TA98 e TA100

Mutação de

ponto

Com e sem 0,1-5

mg/placa

Positivo

(TA100)

Analitico (MUNZNER e

WEVER, 1987)

Salmonella/ microssoma

TA98, TA100, TA1535

e TA1537

Mutação de

ponto

Com e sem 25-2500

mg/placa

Positivo

(TA98)

NE (PRIVAL et

al.,1988)

Salmonella/ microssoma

TA98 e TA100

Mutação de

ponto

Com e sem NE Negativo NE (IZBIRAK et al.,

1990, apud EFSA,

2009)

Salmonella/ microssoma

TA98, TA100, TA1535,

TA1538 e E. coli WP2,

WP2 uvrA e Wp2 uvrA

pkM101

Mutação de

ponto

Com e sem 1000-5000

mg/placa

Negativo NE (POLLASTRINI et

al., 1990, apud

EFSA, 2009)

Salmonella/ microssoma

TA97, TA98 e TA100

Mutação de

ponto

Sem 100 -1000

µg/placa

Positivo

(TA98)

NE (DAS e

MUKHERJEE,

2004)

Ensaio SCE em células

de linfócitos humanos

Aberração

cromossômica

- 0,02-8mM Positivo NE (MPOUNTOUKAS

et al., 2010)

(NE): Não especifica; (-): Não utiliza

Ishidate et al. (1984) realizaram os ensaios de Salmonella/microssoma com as

linhagens TA1535, TA100, TA1537, TA94 e TA98, além dos ensaios de aberrações

32

cromossômicas in vitro em células de fibroblastos de hamster chinês com 190 aditivos

alimentares sintéticos e 52 aditivos alimentares derivados de fontes naturais. De um total de

200 aditivos testados no ensaio de Salmonella/microssoma 14 apresentaram efeitos positivos

e 54 de um total de 242 foram positivos no teste cromossômico. Em relação ao corante

tartrazina, este apresentou resultados negativos no ensaio de mutagenicidade. Para o ensaio

cromossômico, foi encontrado um pequeno aumento na incidência de células poliplóides

após a exposição das células de fibroblastos de hamster chinês ao corante.

O potencial mutagênico de metabólitos não identificados do corante tartrazina foi

avaliado em amostras de urina de ratos através de ensaios de Salmonella/microssoma com as

linhagens TA98 e TA100, empregando o método de pré - incubação. Após a adição de S9 foi

observado um potencial mutagênico com doses dependentes para a linhagem TA98

(HENSCHLER e WILD, 1985).

Os resultados descritos por Henschler e Wild (1985) citados anteriormente não foram

confirmados por Munzner e Wener (1987) ao administrarem uma dose única de 1,5 g / kg de

peso corporal de tartrazina dissolvida em 2 mL de NaCl a 0,9% em ratos. Uma hora após

essa administração foi coletado bile e por um período de 24horas foi coletado urina e fezes.

Estas amostras foram tratadas e soluções foram preparadas, em seguida foi realizado um

ensaio de mutagenicidade utilizando a metodologia de incorporação em placas com as

linhagens TA98 e TA100 em presença e ausência de ativação metabólica. Os resultados

foram negativos para as amostras de bile e urinas para ambas as linhagens. Porém para as

amostras de fezes em doses de 5 mg/placa em presença de S9 foi observado um aumento

significativo no número de revertentes quando comparadas ao grupo controle (MUNZNER

e WENER, 1987).

Prival et al. (1988) avaliaram a atividade mutagênica de 4 azocorantes (tartrazina,

amarelo crepúsculo, amaranto e vermelho 40) e dos produtos após a sua azoredução,

utilizando as linhagens TA98, TA100, TA1535 e TA1537, por meio do ensaio de

Salmonella/microssoma empregando quatro metodologias diferentes. Os autores não

observaram nenhuma atividade mutagênica para os corantes em doses variando de 0,1 a 10

mg / placa, em ausência e presença de S9, usando a metodologia de incorporação em placas

(1). O corante tartrazina também apresentou resultados negativos quando empregado o ensaio

33

de incorporação em placas utilizando extratos obtidos com éteres provenientes do corante

(2). Já para os outros corantes foi observada uma atividade apenas em doses elevadas. Os

corantes não mostraram atividade mutagênica quando testados com o ensaio de pré-

incubação em presença de flavina mononucleotídeo (FMN) e S9 provenientes de

microssomas de fígado de hamster (3). Porém quando as amostras de corantes foram

reduzidas com ditionito de sódio e em seguida extraída com éter (4), os corantes tartrazina e

amarelo crepúsculo, apresentaram atividade mutagênica para a linhagem TA98 em doses

mais elevadas de 2500 mg/placa na presença de S9. Já os corantes, amaranto e vermelho 40

apresentaram atividade mutagênica em doses menores de 25 mg/placa e 1 mg/placa

respectivamente para a linhagem TA98 em presença de S9, em doses mais altas foi observada

atividade mutagênica para as linhagens TA100 e TA1537.

No entanto, Das e Mukherejee (2004) avaliando o efeito mutagênico do corante

tartrazina por meio do ensaio de Salmonella/microssoma utilizando a metodologia de

incorporação em placas, observaram um aumento significativo no número de colônias

revertentes da linhagem TA98 nas doses de 100 e 250 µg/placa. Além disso, o corante

tartrazina por meio do ensaio (in vitro) em células humanas de sangue periférico apresentou

um efeito tóxico significativo em doses de 4 e 8 mM em relação à qualidade de

cromossomos, de modo que a mancha de diferenciação entre as duas cromatídes não estava

bem clara (MPOUNTOUKAS et al., 2010).

3.6.4 Estudos in vivo de genotoxicidade do corante tartrazina

Os corantes curcumina e tartrazina foram avaliados em células provenientes da

medula óssea de ratos e camundongos após a exposição aguda e crônica. Os resultados

indicam que a tartrazina é mais clastogênica que o corante curcumina, uma vez que resultou

em um aumento significativo de aberrações cromossômicas em doses de 2000 e 1000

mg/kg/peso corporal/dia em exposições aguda e crônica, respectivamente de tartrazina na

alimentação (GIRI et al., 1990, apud EFSA, 2009).

34

Esses resultados também foram observados em células de fibroblasto de hamster

chinês, após uma exposição a 2,5 mg/mL de corante tartrazina por período de 48 horas foi

observado uma incidência de 2 % de células poliploídes e uma incidência de 23% de células

com aberrações cromossômicas estruturais (ISHIDATE et al., 1984).

A atividade citogenética de seis corantes alimentares incluindo tartrazina foram

analisados em camundongos C57B1/ 6, foram administradas por via oral doses diárias de 0,5

e 5,0 mg/kg de tartrazina durante 5 dias. Após o período de tratamento foi realizada a análise

de quinhentas metáfases de células, e uma porcentagem de células com anomalias foram

observadas, porém estas não diferiram dos grupos controle. Para os autores o corante

tartrazina não aumentou a incidência de aberrações cromossômicas em células de medula

óssea de camundongo (DURNEV et al., 1990, apud EFSA, 2009). E segundo o parecer da

EFSA (2009) os tipos de aberrações cromossômicas não foram descritos apresentando

detalhes nem usando a terminologia internacional, indicando uma impossibilidade de

conclusões fundamentadas.

Sasaki et al. (2002) avaliaram a genotoxicidade de 39 produtos que são usados como

aditivos alimentares. Foi realizado o ensaio do cometa em ratos após 3 e 24 horas da

administração de dose máxima de (2000 mg / kg de peso corporal) em células do estômago

glandular , cólon , fígado , rim , bexiga , pulmão, cérebro e da medula óssea. Os resultados

demostraram que os corantes tartrazina, amaranto, allura red e eritrosina foram capazes de

induzir danos ao DNA no estômago, cólon e/ou bexiga e nos órgãos gastrointestinais, a partir

de uma dose de 10 mg/Kg de peso corporal. Entretanto após uma reavaliação pela EFSA

(2009) os autores concluiram que os danos observados no cólon de ratos podem ser

explicados por uma citotoxicidade local do corante.

Das e Mukherejee (2004) avaliaram o corante tartrazina após a administração de

doses de 50, 100 e 200 mg/kg de peso corporal através do ensaio de genotoxicidade por via

intraperitonial em camundongos Swiss. Os resultados demonstraram que o corante não possui

efeito genotóxico, uma vez que a frequência do número de células aberrantes e a quebra

cromossômica não foram significativamente mais elevadas, quando comparado com o grupo

controle. Estes resultados também são confirmados por Poul et al. (2009) através do ensaio

de micronúcleo em células do intestino de roedores. Os autores observaram a ausência de

35

genotoxicidade após a administração oral em doses de até 2000 mg/kg de peso corporal dos

corantes: amaranto, tartrazina, amarelo crepúsculo e metabólitos de aminas aromáticas.

3.7 Estudos de carcinogenicidade

Os resultados de estudos de toxicidade de longo prazo, descritos na avaliação do

JEFCA (1966) demonstram que o corante não apresenta aumento na incidência tumoral em

ratos (WATERMAN e LIGNAC, 1958; WILLHEIM e IVY, 1953; MANNELL et al., 1958

apud JEFCA, 1966) e em cães (DAVIS et al, 1964, apud JEFCA, 1966).

No estudo realizado por Mannell et al. (1958) não foi observado efeitos sobre a

mortalidade, crescimento, histopatologia e incidência tumoral após a administração do

corante tartrazina em dietas de ratos equivalentes a 0, 15, 150, ou 750 mg / kg de peso

corporal/dia por um período de 64 semanas. Neste estudo estabeleceu-se uma ingestão diária

aceitável de 750 mg/Kg de peso corporal/dia baseados no NOAEL (níveis de efeitos não

observados) em um fator 100 de segurança (MANNELL et al.,1958 apud JEFCA, 1966).

Baseando-se neste trabalho e nos citados anteriormente pela JECFA (1966) e

seguindo as avaliações do Comitê Científico da Alimentação Humana (CCAH) em 1975 e

1984, foi estabelecida a ingestão diária aceitável de 7,5 mg/Kg para o corante tartrazina.

Maekawa et al. (1987) não observaram lesões tóxicas após a exposição máxima por

um período de 2 anos em ratos de ambos os sexos nas doses de 0, 500 e 1000 mg/kg de peso

corporal/dia de tartrazina adicionada em água potável. Embora tenha sido observado uma

incidência de mesotelioma e pólipos endometriais em machos e fêmeas respectivamente em

grupos que receberam 500 mg/kg de peso corporal/dia de tartrazina. Para os autores os

mesoteliomas e pólipos endometriais são tumores espontâneos observados frequentemente

nestas linhagens de ratos (F344) e concluíram que o aumento significativo desta incidência

não foi atribuído à administração de tartrazina e o mesmo não foi carcinogênico para a

linhagem de ratos F344.

36

Grupos de camundongos com 42 dias de idade foram tratados com dietas contendo

doses de tartrazina de 0, 714 e 870; 2173 e 2662; 8103 e 9735 mg/kg de peso corporal/dia

(machos e fêmeas respectivamente) a uma exposição máxima por 104 semanas para

avaliação de um estudo crônico de toxicidade e carcinogenicidade. Foi observada uma

incidência de neoplasias e algumas alterações histológicas, porém para os autores as

alterações encontradas não diferiram significativamente entre o controle e os animais

tratados, sugerindo que esses resultados são encontrados normalmente em animais em fase

de envelhecimento (BORZELLECA e HALLAGAN, 1988b).

O uso prolongado do corante tartrazina foi investigado por Moutinho et al. (2007)

através de 45 ratos Wistar, machos, divididos em grupo controle (A) e tratado (B). O grupo

tratado recebeu o corante diariamente em água de beber ad libitum, na dose de 7,5 mg/kg/dia

por um período de dez meses, do desmame aos doze meses de idade. Os resultados

demonstram um aumento significante do número de linfócitos e eosinófilos na mucosa do

antro gástrico. No entanto não foram observadas alterações carcinogênicas em nenhuma das

regiões gástricas com a dose e o tempo utilizados no estudo. O parecer científico elaborado

pela EFSA (2009) considera que essas mudanças observadas pelos autores Moutinho et al.

(2007) não eram relacionadas com a administração do corante tartrazina indicando que os

estudos de carcinogenicidade disponíveis demonstraram que o corante não induz neoplasias

benigna e/ou maligna.

3.7.1 Toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento

Levando em consideração que as mutações podem ocorrer em células de linhagem

germinativa podendo ser propagadas a geração seguinte (COMBES, 1992, MARON e

AMES, 1983) torna-se importante a investigação sobre os efeitos de reprodução e

desenvolvimento do feto.

As avaliações da toxidade reprodutiva e de desenvolvimento com corante tartrazina

foram realizados por Collins et al. (1990, 1992) e os resultados demonstraram que não houve

nenhuma alteração relacionada a efeitos teratogênicos após a administração do corante por

37

gavagem em ratos nas doses de 0, 60, 100, 200, 400, 600 e 1000 mg/kg/dia e nem após a

administração do mesmo em água potável nas concentrações de 0, 67, 132, 292, 568 e 1064

mg/kg de peso corporal/dia em ratos.

Borzelleca e Hallagan (1988a) também realizaram um estudo com ratos a partir da

fase uterina onde foi administrado tartrazina na dieta em doses de 48 e 58; 491 e 589; 984 e

1225; 2641 e 3348 mg/kg de peso corporal/dia para machos e fêmeas respectivamente da

geração F0 (ratos 63-70 dias de idade) durante dois meses anteriores de acasalamento. De

forma aleatória após a conclusão da fase uterina foram selecionados dois ratos/sexo/ninhada

para o estudo crônico, sendo estes descendentes da F0, ou seja, os indivíduos da geração F1.

Estes animais foram expostos aos mesmos níveis de dieta dos pais, por um período de 113 e

114 semanas para as doses menores e, nas doses maiores os animais foram expostos por 122

e 125 semanas (machos e fêmeas respectivamente). Uma análise hematológica, bioquímica

e um estudo histopatológico foram realizados regularmente. Para os autores não houve

diferenças entre os grupos controle e os grupos tratados com o corante em relação à

incidência de massas palpáveis. Uma variedade de lesões, incluindo tumores detectados

através dos exames histológicos, alguns dos exames hematológicos e clínicos diferiram

significativamente, porém nenhuma dessas diferenças indica estar relacionado com o

tratamento e pareciam estar comumente relacionados a achados de forma espontânea em

ratos idosos. Com base nesses dados os autores afirmaram que o NOAEL foi de 5,0%

utilizando a dose maior na dieta o equivalente a 2641 e 3348 mg/kg de peso corporal/dia para

ratos machos e fêmeas, respectivamente. O parecer da EFSA, (2009) concorda com esse

NOAEL, uma vez que o peso e mudanças observadas não se fizeram significativas.

Como no estudo anterior, a pesquisa realizada por Tanaka et al. (2006) os autores não

observaram alterações em relação aos parâmetros reprodutivos, após o tratamento de grupos

de 20 ratos (10 animais de cada sexo) com doses de 83, 259, e 773 mg / kg de peso corporal

/ dia do corante tartrazina a partir de cinco semanas de idade da geração F0 a nove semanas

de idade da geração F1. Nos animais da geração F1, não foi observado interferência no

número de animais recém-nascidos, no peso e na relação da proporção entre os sexos. Já no

período da lactação foi observado um índice de sobrevivência significativamente menor nos

38

grupos de doses média e também aumento de peso corporal de animais do sexo masculino,

no grupo de dose mais alta no período de 0 a 21 dias após o nascimento.

Em outro estudo realizado por Tanaka et al. (2008) também não houve indicações de

efeitos adversos relacionados com a tartrazina em relação a reprodução e/ou

desenvolvimento, após o tratamento de ratos com doses de 83, 259 e 773 mg/kg de peso

corporal/dia, do corante tartrazina na dieta, a partir de cinco semanas de idade da geração F0

a nove semanas de idade da geração F2. Os resultados em relação aos ensaios

comportamentais realizados durante o período de lactação apresentaram algumas indicações

de diferenças no desempenho dos animais tratados em comparação com o grupo controle,

apresentando uma coordenação mais acelerada.

No entanto, segundo o parecer elaborado pela EFSA ao rever estes dois estudos

descritos por Tanaka et al. (2006 e 2008) observaram que estes resultados não são

consistentes, e nenhum efeito dose-resposta pode ser observado. O parecer conclui que estes

estudos não demonstraram quaisquer efeitos adversos da tartrazina na reprodução e no

desenvolvimento neurocomportamental. E que uma revisão da IDA com base nestes dados,

portanto, não se justifica (EFSA, 2009).

39

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Equipamentos

Agitador de soluções do tipo vortex (Phoenix AP56)

Agitador magnético (Tecnal – TE 0851)

Autoclave vertical (Marconi)

Balança analítica (Marte)

Balança semi-analítica (Shimadzu – AUW220D)

Banho maria (Fiston- Mod. 550)

Banho seco – Dry Block (Marconi – MA4004)

Capela de Segurança Biológica Classe II B2 (Filterflux)

Capela de Segurança Química (Filterflux)

Contador de colônias (Phoenic Luferco – CP600 Plus)

Dispensador automático – Bomba peristáltica (Ominispense® Plus)

Dispenser manual (Eppendorf Varispenser®)

Estufa para esterilização e secagem (Sterilifer)

Estufa Bacteriológica (Marconi-MA032)

Incubadora bacteriológica (Tecnal- TE- 420)

Microondas (Eletrolux - MES27)

Micropipetadores

Refrigerador /Freezer (Consul Pratice 410 duplex)

Ultrapurificador de água (Milliq-Q® - Academic Millipore)

4.2 Vidrarias e outros materiais

Alça de Drigalski

Alça de inoculação

Balão volumétrico

Béqueres

Bico de Busen

Canetas marcadoras para vidro de diferentes cores

40

Criotubos

Estantes para tubos de ensaio

Frascos de vidro com tampa rosqueavél do tipo “Schott”

Frascos para soluções do tipo falcon

Filtros descartáveis para esterilização

Fita de autoclave

Luvas do tipo cirúrgicas

Membrana filtrante 0,45 m (Millipore®)

Óculos de proteção

Provetas

Tubos de ensaio de vidro com tampas

Papel de filtro

Papel alumínio

Parafilme

Placas de Petri descartáveis

Pinças

Ponteiras para micropipetadores

Zaragatoas

4. 3 Reagentes

Acetona PA ACS (CAS: 67-64-1, Qhemis)

Ácido Cítrico monohidratado (CAS: 5949-291, Merck)

Acridina Mutagen ICR 191 (CAS: 17070-45-0, Sigma)

Álcool anidro (Ciclo Farma)

2 aminoantraceno 96% (CAS: 613-13-8, Sigma)

Ampicilina (CAS: 7177- 48-2, Sigma)

Bacto ágar (BD)

Bacto peptona (BD)

β-fosfato de nicotinamida adenina dinucleotídeo ( NADP) (CAS:68999-85B, Sigma)

D- Biotina (CAS: 58-85-5, Sigma)

Dimetilsulfóxido 99,5% (DMSO) (CAS: 67-68-5, Sigma)

41

Caldo nutriente nº2 (Oxoid)

Cloreto de magnésio hexahidratado (CAS: 779-18-6, Sigma)

Cloreto de potássio (CAS: 7447-40-7, Carlo Erba)

Cloreto de sódio (CAS:7647-145, Carlo Erba)

Cristal violeta (CI: 42555, Synth)

Dextrose anidra (D-(+) –Glucose) (CAS: 50-99-7, Sigma)

Fosfato de Potássio dibásico anidro (CAS: 4-11-7758, Sigma)

Fosfato de sódio dibásico anidro (CAS: 7558-79-4, J.T. Baker)

Fosfato de Potássio dibásico anidro (K2HPO4)

Fosfato de sódio monobásico monoidratado (CAS: 1004-21-5, Carlo Erba)

Fosfato de sódio e amônio tetraidratado (CAS: 778313-3, J.T. Baker)

Fração S9 (indutor enzimático Aroclor -1254, Moltox)

D-glicose 6-fosfato (CAS: 3671-99-6, Sigma)

L – Histidina HCl monoidratada (CAS: 5934-29-2, Sigma)

4-Nitroquinolina-1-óxido (4NQO) (CAS: 56-57-5, Sigma)

Sulfato de Magnésio heptahidratado (CAS: 10034-99-8, Sigma)

Tetraciclina cloridrato (CAS: 64-75-5, Sigma)

4. 4 Preparos de Meios de Cultura e Soluções

Os meios de cultura e as soluções utilizadas no ensaio e na confirmação dos genótipos

das linhagens foram preparados conforme Maron e Ames (1983) e Mortelmans e Zeiger

(2000) sendo apresentadas a seguir. Todos os ensaios de mutagenicidade, preparação de

meios e soluções foram realizados no Laboratório Central Analítica (LACAN) da Faculdade

de Tecnologia da Unicamp – Campus em Limeira, São Paulo.

Todos os meios e soluções foram esterilizados em autoclaves a 121 ºC (1 atm) por 20

minutos, exceto os casos que necessitaram de uma esterilização por membrana filtrante. Os

materiais utilizados no preparo dos meios e no ensaio como, ponteiras, dispenser, zaragatoa,

42

frascos do tipo Schott, criotubos e tubos falcon foram acondicionados em local apropriado

envoltos em papel alumínio e esterilizados em autoclave a 121 ºC (1 atm) por 20 minutos.

Os tubos de ensaio com tampa utilizados no ensaio foram armazenados em local apropriado

e envoltos em papel alumínio e submetidos à esterilização em estufa a 180 ºC por 3 horas.

As placas de Petri utilizadas foram adquiridas previamente esterilizadas por radiação γ –

cobalto.

Antecedendo o ensaio de mutagenicidade foi realizado um ensaio de esterilidade

colocando as placas de ágar mínimo e ágar nutriente em estufas a 37 ºC por 12 horas,

descartando as placas que apresentassem qualquer contaminação visual. As amostras do

corante tartrazina foram analisadas quanto à contaminação utilizando placas de ágar

nutriente, previamente ao ensaio.

Ágar Mínimo

Componentes Para 1000 mL

Meio de Vogel Bonner 50x 20 mL

Solução de Glicose 10% 200 mL

Solução de Ágar 780 mL

Em condições assépticas e com o auxílio de um agitador magnético aquecido a (50-60

ºC), os meios foram dissolvidos e em seguida 25 mL foram distribuídos em placa de Petri

estéreis utilizando um dispensador automático. Após a solidificação do meio, as placas foram

invertidas e armazenadas em geladeira a 4 ºC por um período máximo de 14 dias.

43

Meio Vogel Bonner 50x:

Componentes Para 1000 mL

Sulfato de Magnésio heptahidratado 10 g

Ácido Cítrico monohidratado 100 g

Fosfato de Potássio dibásico anidro 500 g

Fosfato de sódio e amônio tetrahidratado 175 g

Água ultrapura q.s.p 1000 mL

Todos os reagentes na ordem acima foram dissolvidos e distribuídos em volumes de

100 mL em frascos âmbar com capacidade de 250 mL. Após a esterilização o meio foi

armazenado em geladeira a 4ºC.

Solução de Glicose 10%

Componentes Para 1000 mL de ágar mínimo

Dextrose Anidra 20 g

Água ultrapura q.s.p. 200 mL

Após a completa dissolução de 20g de dextrose anidra em um frasco contendo 150 mL

de água, o volume final foi ajustado para 200 mL. Após a esterilização a 121ºC por 20

minutos, o meio foi estabilizado em banho-maria a 50-60ºC até o preparo do ágar mínimo.

Para os ensaios com a linhagem TA97a foi utilizada uma solução de glicose a 0,4%, uma vez

que essas linhagens são sensíveis a altas concentrações de glicose.

Solução de Ágar

44

Componentes Para 1000 mL de ágar mínimo

Bacto Ágar 15 g

Água ultrapura 780 mL

15g de bacto ágar foi dissolvido em 780 ml de água em um frasco com tampa, com o

auxílio de um agitador magnético e aquecido a (50-60ºC) até a completa dissolução do meio.

Após a esterilização do meio a 121ºC por 20 minutos, o meio foi estabilizado em banho-

maria a (50-60ºC) até o preparo do ágar mínimo.

Ágar Mínimo com Biotina

O Ágar mínimo com biotina é utilizado nos ensaios para confirmação das características

genéticas das linhagens de Salmonella typhimurium.

Componentes Para1000 mL

Meio de Vogel Bonner 50x 20 mL

Solução de Glicose 10% 200 mL

Solução de Ágar 780 mL

Solução de bitona 0,5 Mm 6,5 mL

Em condições assépticas e com o auxílio de um agitador magnéticoaquecido a (50-60

ºC), os meios foram dissolvidos e em seguida 25mL foram distribuídos em placa de Petri

estéreis utilizando um dispensador automático. Após a solidificação do meio, as placas foram

invertidas e armazenadas em geladeira a 4ºC.

Ágar Mínimo com Biotina/Histidina

45

O Agar mínimo com biotina e histidina, também é utilizado nos ensaios para confirmação

das características genéticas das linhagens de Salmonella typhimurium.

Componentes Para 1000 mL

Meio de Vogel Bonner 50x 20 mL

Solução de Glicose 10% 200 mL

Solução de Ágar 780 mL

Solução de bitona 0,5 Mm 6 mL

Solução de histidina 0,5 % 8 mL

Em condições assépticas e com o auxílio de um agitador magnéticoaquecido a (50-60

ºC), os meios foram dissolvidos e em seguida 25mL foram distribuídos em placa de Petri

estéreis utilizando um dispensador automático. Após a solidificação do meio, as placas foram

invertidas e armazenadas em geladeira a 4 ºC.

Solução de Histidina 0,5 %

A solução de histidina 0,5 % é utilizada no preparo do ágar mínimo com histidina/biotina

para a avaliação da auxotrofia para histidina presentes nas linhagens de Salmonella

typhimurium.

Componentes Para 100 mL

L – Histidina HCl monoidratada 0,5 g

Água ultrapura 100 mL

46

A histidina foi dissolvida em água e volumes de 50mL foram distribuídos em frascos

âmbar e submetidos à esterilização por autoclave a 121 ºC por 20 minutos. Após a

esterilização a solução foi armazenada em geladeira por um período máximo de 45 dias.

Solução de Biotina 0,5mM

A solução de com biotina 0,5 mM é também utilizada no preparo do ágar mínimo com

biotina para a avaliação da auxotrofia para histidina.

Componentes Para 100 mL

D- Biotina (MM = 244,3) 0,012 g

Água ultrapura 100 mL

A biotina foi dissolvida em água e volumes de 50 mL foram distribuídos em frascos

âmbar e submetidos a esterilização por autoclave a 121ºC por 20 minutos. Após a

esterilização a solução foi armazenada em geladeira por um período máximo de 45 dias.

Ágar Nutriente

O ágar nutriente além de ser utilizado para verificar a esterilidade das amostras

antecedendo os ensaios, também é usado para verificar a viabilidade e confirmação de

algumas características genéticas das linhagens utilizadas no ensaio.

47

Componentes Para 1000 mL

Caldo Nutriente Nº2 25 g

Bacto Ágar 15 g

Água ultrapura 1000 mL

Após a homogeneização dos reagentes, o meio foi esterilizado em autoclave a 121ºC por

20 minutos. Em uma câmara de fluxo laminar volumes de 25mL foi distribuído em placas de

Petri esterilizadas previamente com o auxílio de um dispensador automático. Após a

solidificação do meio, as placas foram invertidas e armazenadas em geladeira a 4 ºC. O meio

pode ser utilizado enquanto não apresentar contaminação visual.

Ágar de Superfície (Top ágar)

O meio de ágar de superfície é essencial para o ensaio, uma vez que é fonte do aminoácido

histidina para as linhagens.

Componentes Para 1000 mL

Bacto Ágar 6 g

Cloreto de sódio 6 g

Solução de biotidina 0,5mM 100 mL

Água ultrapura 900 mL

Após a completa homogeneização do bacto ágar e cloreto de sódio foram adicionados

100 mL de solução de biotidina 0,5 mM e volumes de 200 mL foram distribuídos em frascos

48

de 250 mL e autoclavados a 121 ºC por 20 minutos. Após a esterilização os frascos foram

armazenados em geladeira a 4 ºC.

Solução de Biotidina 0,5mM

Esta solução é empregada no top ágar para garantir um excesso de biotina e de histidina

para as linhagens de S.typhimurium usadas no ensaio.

Componentes Para 1000 mL

L – Histidina HCl 0,105 g

D- Biotina 0,122 g

Água ultrapura 1000 mL

Após a completa homogeneização dos reagentes, a solução foi distribuída em volumes

de 100mL em frascos âmbar com capacidade de 250 mL, esterilizada em autoclave a 121 ºC

por 20 minutos e armazenada em geladeira por um período de 60 dias.

Caldo Nutriente

O caldo nutriente é usado para incubar as linhagens antecedendo aos ensaios.

Componentes Para 1000 mL

Caldo Nutriente Nº2 25 g

Água ultrapura 1000 mL

49

Após a dissolução do caldo nutriente em água ultrapura, volumes de 20 mL foram

distribuídos em frascos de vidro com tampa com capacidade de 50 mL e submetidos à

esterilização. Após a esterilização os frascos foram armazenados em geladeira a 4 ºC.

Mistura S9

A mistura de S9 é utilizada no ensaio que necessita de um sistema exógeno, permitindo

identificar mutágenos que precisam de uma ativação metabólica para se tornarem ativos.

Componentes Porcentagem

Água ultrapura estéril 39,5 %

Tampão fosfato 0,2M 50 %

NADP 0,1M 4 %

Glicose-6-fosfato 1M 0,5 %

Solução de Sais 2 %

Fração S9 4 %

Todas as soluções preparadas previamente foram adicionadas assepticamente a um

frasco estéril, homogeneizadas e mantidas a 4ºC. Após o ensaio a solução excedente foi

descartada.

50

Solução de NADP 0,1M

Componentes

NADP 1 g

Água ultrapura estéril 13,06 mL

Em condições assépticas o NADP foi dissolvido em água e esterilizado por membrana

filtrante de 0,45 m. A solução foi transferida para um tubo falcon com capacidade de 25

mL previamente esterilizado e em seguida armazenado em freezer a -20 °C. Uma gota de

solução pronta foi incubada em placa de ágar nutriente por 24h a 37 ºC para controle de

esterilidade.

Solução de Tampão Fosfato 0,2M

Solução A

Componentes Para 100 mL

Fosfato de sódio dibásico anidro 2,84 g

Água ultrapura 100 mL

Solução B

Componentes Para 100 mL

Fosfato de sódio monobásico monohidratado 2,76 g

Água ultrapura 100

51

81 mL da solução A e 19 mL da solução B, foram misturados e o pH ajustado para 7,4,

com a solução A ou B (Solução A para aumentar e solução B para diminuir o pH). Após a

esterilização, a solução foi armazenada frasco de vidro com tampa de rosca e capacidade de

250 mL, em temperatura ambiente.

Glicose - 6 fosfato 0,1M

Componentes Para 10 mL

Glicose 6-fosfato 3,041 g

Água ultrapura estéril 10 mL

Em condições assépticas a glicose-6-fosfato foi dissolvida em água ultrapura, e

esterilizada por membrana filtrante de 0,45 m. Em seguida foi transferida para um tubo

falcon com capacidade de 25 mL previamente esterilizada e armazenada em freezer a -20 °C.

Uma gota de solução pronta foi incubada em placa de ágar nutriente por 24h a 37 ºC para

controle de esterilidade.

Solução de Sais - Cloreto de Magnésio 0,4M e Cloreto de Potássio 1,65M

Componentes Para100 mL

Cloreto de Magnésio 8,13 g

Cloreto de Potássio 12,3 g

Água ultrapura q.s.p. 100 mL

52

Todos os reagentes foram dissolvidos em água ultrapura. Após a esterilização em

autoclave, a solução foi armazenada frasco de vidro com tampa de rosca e capacidade de

250mL em geladeira a 4 ºC.

Fração S9

Componentes

Fração S9 1 frasco

Água ultrapura 2,1 mL

A fração S9 foi reconstituída com 2,1 mL de água ultra pura estéril. Volumes de 200

µL foram distribuídos em criotubos e armazenados em freezer a -20 ºC.

Solução de Ampicilina 8mg/mL

Esta solução é utilizada em meios que servem para confirmar a presença de plasmídio

com marcador de resistência à ampicilina nas linhagens de S.typhimurium

Componentes Para 10 mL

Ampicilina 0,08 g

Água ultrapura 10 mL

Após a homogeneização dos reagentes, a solução foi esterilizada por membrana filtrante

de 0,45 m e transferida para um tubo falcon com capacidade de 25 mL previamente

esterilizado e envolto com papel alumínio, em seguida foi armazenada em geladeira a 4°C.

53

Solução de Tetraciclina 8mg/mL

Usada nos meios que servem para confirmar a presença de plasmídio com marcador de

resistência à tetraciclina nas linhagens de Salmonella typhimurium (pAQ1 na TA102).

Componentes Para10 mL

Tetraciclina cloridrato 0,08 g

Água ultrapura 10 mL

A tetraciclina foi dissolvida em água e em seguida esterilizada por membrana filtrante

0,45 m. Após a esterilização a solução foi transferida para um tubo falcon com capacidade

de 25 mL previamente esterilizado e envolto com papel alumínio, em seguida foi armazenada

em geladeira a 4°C.

Solução de Cristal Violeta a 0,1%

A solução de cristal violeta é utilizada para avaliar as características genéticas, ou seja,

para confirmar a presença da mutação no gene rfa.

Componentes Para 100 mL

Cristal violeta 100 mg

Água ultrapura 100 mL

O cristal violeta foi dissolvido em água ultrapura e transferido para um frasco âmbar com

tampa de rosca e capacidade de 100 mL. A solução foi armazenada em temperatura ambiente.

54

Água de Diluição

Usada para avaliar a viabilidade das linhagens de S.typhimurium.

Componentes Para 1000 mL

Bacto Peptona 1 g

Água ultrapura 1000 mL

Após a dissolução da peptona em água ultrapura, a solução foi distribuída em volumes

de 100 mL em frascos de vidro com capacidade de 250 mL esterilizados e armazenados em

geladeira a 4 ºC.

Solução de Ácido Sulfúrico/Ácido Nítrico

É uma solução utilizada no procedimento de lavagem de tubos.

Solução de ácido sulfúrico a 50%

Componentes Para 1000 mL

Ácido sulfúrico 500 mL

Água destilada 500 mL

55

Solução de ácido nítrico a 50%

Componentes Para 1000 mL

Ácido nítrico 500 mL

Água destilada 500 mL

Adicionou-se 500 mL de água em um balão volumétrico com capacidade de 2000 a

3000 mL e aos poucos o ácido sulfúrico foi sendo adicionado agitando constantemente. A

solução foi esfriada em banho de gelo. O preparo da solução de ácido nítrico foi realizado

adicionando 500 mL de água em um balão volumétrico e aos poucos foi adicionado o volume

de 500 mL de ácido nítrico, agitando constantemente. Em seguida foram adicionados 600

mL de solução de ácido sulfúrico a 50% em um balão volumétrico com capacidade de 2000

a 3000 mL e 100 mL da solução de ácido nítrico a 50 %. O volume final da solução foi

armazenado em frasco de vidro com tampa de rosca e capacidade de 1000 mL e mantida a

temperatura ambiente.

4.5 Amostras de corantes

O corante alimentício tartrazina analítico (≥99%) (CAS Nº 1934-21-0), foi obtido da

empresa Sigma-Aldrich® e o seu respectivo corante comercial (90%) foi adquirido da

empresa Duas Rodas Industrial. As soluções foram preparadas utilizando como solvente água

deionizada estéril.

56

4.6 Manutenção das linhagens de Salmonella typhimurium

As linhagens de Salmonella typhimurium foram armazenadas em freezer a -20 °C, em

criotubos com 180 µL de cultura e 20 µL de dimetilsulfóxido (DMSO) como agente

crioprotetor. As características genéticas de cada linhagem foram avaliadas a cada seis meses,

conforme descrito abaixo. Essas características lhes conferem uma maior sensibilidade na

detecção de diversos tipos de agentes mutagênicos.

Uma alíquota de 100µL de cultura permanente foi inoculada em um frasco contendo

20mL de caldo nutriente e após um período de 12-18 horas overnight a 37 ºC sob agitação

de 150-170 rpm em incubadora bacteriológica tipo shaker, a cultura foi inoculada em placas

de ágar nutriente para o isolamento das colônias.

Após incubação de 24 horas a 37 ºC, em estufa bacteriológica, cinco colônias de cada

linhagem foram escolhidas ao acaso e cada uma foi inoculada em um tubo de ensaio contendo

5mL de caldo nutriente, suplementado com antibiótico correspondente.

4.7 Confirmações das características genéticas das linhagens de Salmonella

typhimurium utilizadas no ensaio

Utilizando uma incubadora bacteriológica tipo shaker cada cultura crescida nos 5mL

de caldo nutriente foi inoculada, com auxílio de zaragatoa previamente esterilizada, em

placas de ágar nutriente para verificação da presença dos plasmídios pKM101 e pAQ1, da

mutação rfa, da deleção de uvrB e auxotrofia para histidina.

4.7.1 Plasmídio pKM101

Para confirmação da existência dos plasmídios pKM101, com o auxílio de uma

zaragatoa foi aplicada uma estria de solução de ampicilina a 8mg/mL em placas de ágar

nutriente. Após secagem desta linha de solução, as linhagens a serem testadas foram estriadas

57

em placas de ágar nutriente sob a linha de antibiótico. As linhagens portadoras desse

plasmídio, que são resistentes à ampicilina, após a incubação a 37 ºC apresentavam

crescimento sobre a linha do antibiótico.

Figura 2- Esquema de confirmação da presença de plasmídio das genéticas das linhagens de

Salmonella typhimurium

(AN): Ágar Nutriente; (amp): ampicilina.

Fonte: (MORALES, 2009).

4.7.2 Plasmídio pAQ1

O procedimento foi o mesmo descrito para a confirmação da presença do plasmídio

pAQ1, porém foi utilizado uma solução de tetraciclina a 8 mg/mL (Figura 2).

4.7.3 Mutação rfa

Para confirmação da mutação rfa, a cultura foi estriada, com o auxílio de uma

zaragatoa, em placas de ágar nutriente (Figura 3). São adicionadas ao centro da placa discos

de papel de filtro de 5 mm de diâmetro embebidos com uma solução de cristal violeta a 0,1%.

A presença dessa mutação confere maior sensibilidade ao cristal violeta, uma vez que essa

mutação causa perda da barreira de lipopolissacarídeos da parede bacteriana, tornando a

58

bactéria mais permeável a moléculas volumosas. Após a incubação observa-se um halo de

inibição de crescimento bacteriano ao redor do disco devido a toxicidade do cristal violeta.

Figura 3 - Esquema de confirmação da mutação rfa das linhagens de Salmonella

typhimurium

(AN): Ágar Nutriente

Fonte: (MORALES, 2009).

4.7.4 Deleção do uvrB

Para confirmação dessa deleção, a cultura foi inoculada em placa de ágar nutriente

(Figura 4). Em seguida metade da placa foi coberta e outra metade exposta à luz ultravioleta

(UV) por 10 segundos. Essa mutação confere às linhagens uma deficiência no mecanismo de

reparo por excisão. Dessa forma as linhagens se tornam sensíveis à radiação ultravioleta. E

após a incubação deve-se observar um crescimento na metade da placa não irradiada e uma

inibição no crescimento na parte irradiada da placa.

59

Figura 4- Esquema de confirmação da deleção do gene uvrB das linhagens de Salmonella

typhimurium

(AN): Ágar Nutriente

Fonte: (MORALES, 2009).

4.7.5 Auxotrofia para histidina

A auxotrofia para a histidina foi avaliada inoculando alíquotas das culturas, por

estriamento, em placas de ágar mínimo contendo biotina e em placa de ágar mínimo contendo

histidina e biotina (Figura 5). Após a incubação deve-se observar ausência de crescimento

nas placas de ágar mínimo contendo biotina e presença de crescimento nas placas de ágar

mínimo contendo histidina e biotina.

60

Figura 5- Esquema de confirmação da auxotrofia para histidina das linhagens de

Salmonella typhimurium

(AM): Ágar Mínimo; (bio): biotina; (his): histidina

Fonte: ( MORALES, 2009).

4.7.6 Taxas de reversão espontânea

Cada linhagem apresenta uma característica especifica em relação a mutação

espontânea. Dessa forma a taxa de reversão espontânea é importante para avaliar a

integridade de cada linhagem a ser utilizada. Cada laboratório tem um intervalo de

crescimento característico de colônias com mutação reversa para cada linhagem que é a que

utilizado como "valores históricos de controle" (MARON e AMES, 1983, MORTELMANS

e ZEIGER, 2000). A média histórica da taxa de reversão das linhagens utilizadas no

laboratório LACAN pode ser observada na Tabela 6. Esta foi avaliada inoculando 100µL da

cultura em 2mL ágar de superfície mantido em banho seco a 45ºC, e verteu-se a mistura após

uma homogeneização sob a placa de ágar mínimo. Após a incubação por um período de 44-

66 horas observou-se e avaliou-se a taxa de reversão espontânea. Uma cultura das 5

analisadas de cada linhagem foi escolhida e utilizadas para o preparo dos ensaios, após a

avaliação das características genéticas.

61

Tabela 6 – Média histórica da taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio

Salmonella/microssoma no LACAN

Linhagem

Taxa de Reversão

(LACAN)

TA97a

-S9 140-200

+S9 140-200

TA98 -S9 20-80

+S9 20-80

TA100

-S9 100-170

+S9 100-170

TA102 -S9 100-300

+S9 100-400

TA1535 -S9 5-20

+S9 5-20

4.8 Protocolo do ensaio de Salmonella/microssoma por incorporação em

placas

Foram realizados ensaios com as amostras dos corantes alimentícios tartrazina

analítico (≥99% de pureza - Sigma-Aldrich®) e o corante tartrazina comercial (90% de pureza

- Duas Rodas) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, de acordo com

Mortelmans e Zeiger, 2000, por meio do método de incorporação em placas. A Figura 6

ilustra o protocolo do ensaio de Salmonella/microssoma.

62

Figura 6- Esquema do ensaio de Salmonella/microssoma em incorporação em placas

Fonte: (Modificado segundo MORALES, 2009).

Foi incluída no ensaio a utilização de um sistema de ativação metabólica exógena

(S9), por meio do uso de um homogeneizado de células de fígado de rato pré- tratado com o

indutor enzimático Aroclor -1254. A utilização de ativação metabólica é importante, pois

alguns mutágenos se tornam ativos após a sua metabolização via citocromo P450. Dessa

forma se houver alguma substância que necessite de ativação metabólica, esta será detectada

por meio da adição de S9.

Antecedendo o ensaio, para cada experimento, 0,1 mL da linhagem utilizada no teste

foi inoculada em um frasco contendo 20 mL de caldo nutriente a partir de uma cultura estoque

e colocada a 37 ºC pelo período de 12-16 horas (overnight) com agitação de 150-170 rpm em

uma mesa agitadora tipo shaker, para crescimento até a densidade de 1-3 x 109 Unidades

Formadoras de Colônias (UFC) por mL.

Em tubos de ensaios estéreis devidamente identificados foram adicionados para cada

placa, 0,1 mL de solução de amostra, 0,1 mL de cultura overnitgh e quando necessário 500

63

µL/placa da mistura S9. Em seguida adicionou-se 2 mL de ágar de superfície em cada tubo

e após serem ligeiramente agitados, em um agitador do tipo vórtex, e esse conteúdo foi

transferido para placas com ágar mínimo. As placas foram incubadas por um período de 66

horas a 37 ºC em uma estufa bacteriológica. Após a incubação, a avaliação da citoxicidade

foi realizada por observação visual e as colônias foram contadas manualmente sob um

contador de colônias. As amostras foram analisadas em cinco doses (0; 312,5; 625; 1250;

2500; 5000 µg/ placa) e em duplicata para corante tartrazina analítico e o seu correspondente

corante comercial, juntamente com controles negativos e positivos. Os resultados foram

analisados estatisticamente utilizando o modelo de Bernstein (BERNSTEIN et al., 1982).

4.9 Controles positivos e negativos

Em todos os ensaios foi utilizada água ultrapura Milli-Q estéril como controle

negativo e os controles positivos utilizados em ausência e presença de ativação metabólica

exógena (S9) está descrito na Tabela 7. Todos foram adquiridos da empresa Sigma-Aldrich®

e dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO). O controle positivo é usado de forma a assegurar

a capacidade de resposta da linhagem e a eficácia do sistema de ativação metabólica,

enquanto o controle negativo é utilizado no intuito de estabelecer o número de revertentes

espontâneos (MARON e AMES, 1983).

64

Tabela 7 - Controles positivos utilizados no ensaio Salmonella/microssoma

Linhagem Controle Positivo Dose

(µg/placa)

TA97a

-S9 9 aminoacridina 50

+S9 2 aminoantraceno (2AA) 2,5

TA98 -S9 4-nitroquinolina-óxido (4NQO) 0,5

+S9 2 aminoantraceno (2AA) 2,5

TA100

-S9 4-nitroquinolina-óxido (4NQO) 0,5

+S9 2 aminoantraceno (2AA) 2,5

TA102 -S9 Mitomicina C 0,5

+S9 2 aminoantraceno (2AA) 2,5

TA1535 -S9 Azida sódica 5,0

+S9 2 aminoantraceno (2AA) 2,5

4.10 Critérios de avaliação

A análise de variância (ANOVA) é aplicada para verificação de diferenças

estatísticas entre o controle negativo e as doses utilizadas, seguida de regressão linear. Os

resultados são apresentados pela razão entre o número de revertentes na placa teste e o

número de revertentes na placa do controle negativo, denominada de razão de

mutagenicidade (RM). A resposta é considerada negativa quando a ANOVA não for

significativa nem for observado um efeito dose-resposta. Porém uma amostra é considerada

positiva quando apresentar, em pelo menos uma das linhagens empregadas, relação dose-

resposta estatisticamente significativa (p ≤ 0,05) entre as concentrações testadas e valores de

revertentes espontâneos, acompanhada da razão de mutagênese maior ou igual a 2, em pelo

menos uma das doses testadas. Esse valor de 2 deve ser apenas usado como guia, pois

65

dependendo da taxa de reversão espontânea da linhagem ele pode ser maior ou menor

(UMBUZEIRO e VARGAS, 2003).

O programa SALANAL, elaborado por Dr. L. Myers do “Integrated Laboratory

Systems”, Carolina do Norte, EUA, foi utilizado para realizar as análises de variância. Para

avaliar a regressão linear foi utilizado um modelo linear, denominado truncagem tipo

Bernstein (BERNSTEIN et al., 1982).

66

67

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Confirmações das características genéticas

As características genéticas das linhagens de Salmonella typhimurium foram todas

avaliadas a fim de confirmar a integridade de cada uma das culturas, uma vez que cada uma

delas apresentou uma característica especifica que é responsável por conferir uma maior

sensibilidade na detecção de diversos mutágenos.

Uma vez que a Salmonella typhimurium cresce somente na presença do aminoácido

histidina, foram realizados testes para avaliar a dependência do aminoácido histidina

decorrentes das mutações no operon de histidina (his-), como pode ser observado na Figura

7. As placas suplementadas com biotina e histidina apresentaram um aumento no número de

colônias após a incubação quando comparadas com as placas de ágar mínimo suplementadas

apenas com biotina, em todas as linhagens testadas, confirmando assim a auxotrofia para a

histidina.

68

Figura 7- Confirmação da auxotrofia para histidina (A) placas suplementadas com biotina

para a linhagem TA98; (B) placas suplementadas com biotina e histidina para a linhagem

TA98

(A) (B)

Para a confirmação da mutação rfa, avaliou-se a presença de um halo de inibição

formado após a incubação da placa inoculada com as linhagens testadas e o disco de papel

filtro embebido com cristal violeta, podendo ser comprovado perda parcial da camada de

LPS da membrana externa bacteriana, em todas as linhagens testadas, conforme a Figura 8.

Figura 8 – Confirmação da mutação rfa para a linhagem TA98

69

A deleção do gene uvrB para as linhagens TA97a, TA98, TA100 e TA1535, pode ser

confirmada na Figura 9, uma vez que não apresentam a capacidade de reparo de excisão, esta

pode ser evidenciada pela inibição do crescimento das linhagens quando expostas a luz

ultravioleta. A linhagem TA102 também foi avaliada, porém ela não possui a deleção do

gene uvr, permitindo assim o reparo quando expostas a radiação UV e consequentemente há

o crescimento de colônias após a exposição à luz ultravioleta.

Figura 9- Confirmação da deleção uvrB (A) para a linhagem TA98; (B) para a linhagem

TA102

(A) (B)

Algumas linhagens apresentam plasmídeos que além de conferir uma resistência a

antibióticos, auxilia também na detecção a diferentes mutágenos. Para linhagens TA97a,

TA98 e TA100 foi possível observar na Figura 10, a presença do plasmídeo pKM101 (Apr),

resultado na resistência ao antibiótico ampicilina. Para a linhagem TA102, pode-se confirmar

a presença dos plasmídeos pKM101 (Apr) e pAQ1 (Ttr), conferindo resistência aos

antibióticos ampicilina e tetraciclina respectivamente. Já a linhagem TA1535 não possui

presença de plasmídeo, não sendo resistente aos antibióticos.

70

Figura 10- Confirmação da presença de plasmídeo para a linhagem TA98

5.2 Taxa de Reversão Espontânea

Cada linhagem de Salmonella typhimurium avaliada no presente estudo apresentou

uma taxa de reversão espontânea, conforme a Tabela 8, onde está representado os intervalos

da taxa de reversão espontânea para cada linhagem utilizada no presente estudo, comparando

com as utilizadas como controle no laboratório onde os testes foram realizados. Esta taxa

pode variar em função do solvente utilizado, da concentração histidina no ágar de superfície,

da concentração de S9, ou, ainda, de laboratório para laboratório dependendo das condições

do ensaio (MARON e AMES, 1983; MORTELMANS e ZEIGER, 2000). As taxas de

reversão espontânea encontradas na presente pesquisa estão dentro dos intervalos

demonstrados nos históricos encontrados no Laboratório Central Analítica (LACAN), por

Maron e Ames, 1983; Mortelmans e Zeiger, 2000 e pela Cetesb, 1993.

71

Tabela 8 – Taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio

Salmonella/microssoma

Linhagem

Taxa de Reversão

(Ensaio)

TA97a

-S9 150-200

+S9 150-200

TA98 -S9 30-65

+S9 40-75

TA100

-S9 140-160

+S9 130-160

TA102 -S9 140-200

+S9 160-210

TA1535 -S9 12-18

+S9 14-18

5.3 Ensaio de Salmonella/microssoma

Os resultados obtidos demonstraram que os corantes tartrazina comercial (90 %)

(Figura 11) e tartrazina Sigma-Aldrich® (≥ 99 %) (Figura 12) não apresentaram

mutagenicidade para as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535 tanto na presença

quanto ausência de ativação metabólica exógena nas condições do ensaio. Os valores de

razão de mutagenicidade obtidos foram inferiores a 2. Apesar de algumas doses terem

apresentadas um RM em torno de 0,6, ao observar o backgraund não foi detectado sinais de

toxicidade para as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA1535. No entanto, para a linhagem

72

TA102 no ensaio com o corante comercial e com o corante analítico, foi observada toxicidade

para a dose de 5000 µg/placa. Os dados brutos estão descritos no Apêndice.

Os ensaios foram realizados com o intuito de avaliar o potencial mutagênico do

corante comercial comparado com o analítico, visando verificar se haveria uma resposta

diferente entre os corantes com grau de pureza variável, uma vez que a presença de impurezas

nas amostras poderiam ser a causa de um potencial mutagênico, concordando com

resultados positivos encontrados (PATTERSON e BUTLER, 1982; ISHIDATE et al., 1984;

HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009; MUNZNER e WEVER, 1987; PRIVAL et

al.,1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004; MPOUNTOUKAS et al., 2010) para esse corante.

Figura 11- Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina comercial

Duas Rodas (90%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem

ativação metabólica.

0

50

100

150

200

250

300

0 1000 2000 3000 4000 5000

de

re

vert

en

tes/

pla

ca

Dose (µg/placa)

Tartrazina Comercial

TA98 SEM S9

TA98 COM S9

TA100 SEM S9

TA100 COM S9

TA1535 SEM S9

TA1535 COM S9

TA 102 SEM S9

TA102 COM S9

TA 97A SEM S9

TA 97A COM S9

73

Figura 12- Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina Sigma (≥

99%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem ativação

metabólica.

O ensaio de Salmonella/microssoma pode apresentar variações em seu protocolo

sendo desenvolvidos e revisados por vários pesquisadores (MARON e AMES, 1983;

MORTELMANS e ZEIGER, 2000) e normas técnicas internacionais (OECD 471). Os

protocolos geralmente mais empregados são os protocolos de incorporação em placas, de

pré-incubação (MARON e AMES, 1983; MORTELMANS e ZEIGER, 2000) e de

microssuspensão (KADO et al., 1983).

Em relação aos ensaios realizados com o corante tartrazina, são descritos na literatura

o ensaio de Salmonella/microssoma por meio de diferentes protocolos como o protocolo de

incorporação em placas e também com o protocolo de pré-incubação, (MUZZALL e COOK,

1979; CHUNG, FULK e ANDREWS,1981; ISHIDATE et al., 1984; MUNZNER e

WENER,1987; DAS e MUKHEREJEE, 2004 (PRIVAL e MITCHELL, 1982; BROWN e

DIETRICH, 1983; HENSCHLER e WILD 1985, apud EFSA, 2009; PRIVAL et al.,1988).

0

50

100

150

200

250

0 1000 2000 3000 4000 5000

de

Re

vert

en

tes/

pla

ca

Dose (µg/placa)

Tartrazina Sigma

TA98 SEM S9

TA98 COM S9

TA100 SEM S9

TA100 COM S9

TA1535 SEM S9

TA1535 COM S9

TA 102 SEM S9

TA 102 COM S9

TA 97A SEM S9

TA 97A COM S9

74

Os ensaios realizados pelo método de incorporação em placas com o corante

tartrazina, demostraram resultados controversos (CHUNG, FULK e ANDREWS, 1981;

ISHIDATE et al., 1984; DAS e MUKHEREJEE; 2004), porém para o presente estudo os

resultados não apresentaram mutagenicidade para nehuma das linhagens testadas.

Chung, Fulk e Andrews (1981) obtiveram resultados negativos para o azocorante

tartrazina, por meio do ensaio de mutagenicidade de Salmonella/ microssoma utilizando a

metodologia de incorporação em placas, em presença e ausência de microssomas de fígado

de rato (S9), utilizando as linhagens TA1535, TA1537, TA1538, TA98 e TA100.

Esses resultados também são sustentados por Ishidate et al. (1984) onde realizaram

ensaios de Salmonella/microssoma por meio do protocolo de incorporação em placas com as

linhagens TA1535, TA100, TA1537, TA94 e TA98. De um total de 200 aditivos testados no

ensaio de Salmonella/microssoma 14 apresentaram efeitos positivos. Em relação ao corante

tartrazina, este apresentou resultados negativos no ensaio de mutagenicidade.

Porém, Das e Mukherejee (2004) avaliaram os efeitos mutagênicos por meio do

ensaio de Salmonella/microssoma, empregando o protocolo de incorporação em placas sem

ativação metabólica em concentrações de 10, 100, 250, 500 e 1000 µg/ placa dos corantes

tartrazina e amaranto. Os resultados foram negativos para as linhagens TA97a e TA100,

porém a TA98 apresentou um aumento significativo no número de colônias revertentes

somente nas doses mais baixas para ambos os corantes. Contudo no presente estudo não foi

observado toxicidade e/ou mutagenicidade em todas as doses analisadas para a linhagem

TA98, o que pode estar associado à quantidade de impurezas presente na amostra testada.

No entanto, o presente estudo demonstrou que para a linhagem TA102 o corante

tartrazina comercial apresentou toxicidade em presença de S9, enquanto o corante tartrazina

analítico apresentou toxicidade em ausência de S9 ambos na dosagem de 5000 µg/placa, este

resultado pode ser explicado através da associação de dois fatores: a sensibilidade aumentada

para essa linhagem e as impurezas do corante nessa concentração se tornar significativa,

interferindo no resultado.

Um fator importante que deve ser ressaltado é a redução de azocorantes, uma vez que

pode influenciar nos resultados do ensaio Salmonella/microssoma, ou seja, pode levar a

75

produção de compostos mais ou menos tóxicos e/ou mutagênicos (RAFII et al., 1997) que o

composto original. Alguns estudos têm relatado ausência de atividade mutagênica dos

metabólitos da tartrazina (CHUNG, et al. 1981; EFSA, 2009; HENSCHLER e WILD 1985,

apud EFSA, 2009).

De acordo com Chung, Fulk e Andrews (1981) que avaliaram alguns metabólitos da

tartrazina em presença e ausência de microssomas de fígado de rato (S9), utilizando as

linhagens TA1535, TA1537, TA1538, TA98 e TA100 com doses de até 5000 µg/placa, os

resultados não apresentaram nenhuma atividade mutagênica.

Em contrapartida o parecer elaborado pela EFSA (2009) descreve dois trabalhos onde

foi observado um aumento significativo no número de revertentes quando comparados ao

grupo controle para metabólitos de tartrazina em urina para a linhagem TA98 em presença

de S9 (HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009) e em amostras de fezes TA100 em

presença de S9 (MUNZNER e WENER, 1987). Porém para a EFSA (2009) esses estudos

não são relevantes para a avaliação do potencial mutagênico do tartrazina bem como de seus

metabólitos, uma vez que não foi possível identificar os componentes mutagênicos nos

extratos das fezes.

Segundo a OECD, 471, alguns compostos pertencentes à classe química que incluem

cadeia curta, como nitrosaminas, metais, os aldeídos, azo-corantes, compostos diazo, e

alcaloides podem ser detectados de forma mais eficiente usando o método de pré-incubação.

Dessa forma, Prival e Mitchell (1982) elaboraram o protocolo de pré-incubação

utilizando flavina mononucleotídeo (FMN) e a fração S9 de fígado de hamster que possui

uma melhor capacidade para detecção da mutagenicidade de produtos aromáticos

provenientes da redução de alguns azocorantes. No entanto, os resultados descritos por Prival

et al. (1988) não apresentaram uma atividade mutagênica quando testados com o ensaio de

pré-incubação em presença de FMN e fração S9 provenientes de fígado de hamster para o

corante tartrazina em doses de até 2500 mg/placa.

Além disso, outros tipos de ensaios também podem ser realizados para detectar o

potencial mutagênico/genotóxico podendo apresentar os mesmos resultados que o ensaio de

Salmonella/microssoma ou resultados diferentes, isso vai depender do endpoint que será

76

analisado. Dessa forma, outros ensaios foram realizados com o corante tartrazina

apresentando também alguns resultados controversos (PATTERSON e BUTLER, 1982;

ISHIDATE et al., 1984).

A indução de aberração cromossômica foi avaliada após dois diferentes períodos da

cultura celular de fibroblasto de Muntiacus muntjac expostas a concentrações variadas de

tartrazina. Foi observado um aumento significativo em relação a quebras das cromátides e

cromossomos dicêntricos quando comparados com os grupos controles em todos os grupos

experimentais. Os autores sugerem que novos estudos são necessários para determinar o

potencial mutagênico do corante (PATTERSON e BUTLER, 1982).

Ishidate et al. (1984) avaliaram também por meio de ensaios de aberrações

cromossômicas in vitro em células de fibroblastos de hamster chinês com 190 aditivos

alimentares sintéticos e 52 aditivos alimentares derivados de fontes naturais. De um total de

242 aditivos, 54 apresentaram resultados positivos, incluindo o corante tartrazina no ensaio

cromossômico, onde observaram um pequeno aumento na incidência de células poliplóides

após a exposição as células de fibroblastos de hamster chinês ao corante.

Mpountoukas et al. (2010) estudaram o potencial genotóxico, citotóxico e citostático

dos corantes amaranto, eritrosina e tartrazina em células humanas de sangue periférico in

vitro. Nas doses de 1 e 2 mM, houve um aumento significativo em relação ao atraso das

divisões celulares quando comparada ao grupo controle. Em duas concentrações mais

elevadas de tartrazina (4 e 8 mM) foi observado um efeito tóxico significativo sobre a

qualidade de cromossomos de modo que a mancha de diferenciação entre as duas cromatídes

não estava bem clara. Uma explicação para isso seria que a tartrazina foi tóxica durante o

processo de condensação dos cromossomos na mitose.

Além disso, a solubilidade é outro fator que pode interferir nos resultados, visto que

o corante utilizado é altamente solúvel em água devido à presença de grupos sulfônicos (-

SO3H) que confere um caráter ácido ao corante, tornando-o facilmente ionizável

(Zollinger,1991). Dessa forma mesmo com a utilização de um protocolo que auxilie na

azoredução do corante, os produtos gerados após essa azoredução também seriam pouco

absorvidos, devido à sua solubilidade. No presente estudo, pode ser observado que em doses

77

de até 5000 µg/placa do corante tartrazina, as placas apresentam uma coloração amarela,

porém as colônias continuam com a sua coloração característica comparando com as placas

do controle negativo, indicando assim que há uma baixa absorção do corante pelas bactérias

(MURDOCH et al., 1987; EFSA, 2009).

Outro fator que também pode interferir nos resultados é a pureza do corante, ou seja,

quando o corante é obtido dentro dos padrões de qualidade como foi observado em vários

trabalhos, este não apresenta uma atividade mutagênica, embora possam apresentar essa

atividade mutagênica se estiver presente em sua constituição alguns contaminantes, tais como

anilinas, benzidinas, aminas aromáticas, metais pesados entre outros, provenientes da síntese

do próprio corante (ZIMMER et al., 1980; CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981; FDA, 1985;

CLAXTON, HUGHES e CHUNG, 2001; CHUNG, CHEN e CLAXTON, 2006).

Dessa forma, Lancaster e Lawrence (1989 e 1991) por meio de um método de HPLC

de pareamento iônico, verificaram a presença de 2 - naftilamina, 4 - aminobifenilo, anilina e

benzidina em amostras comerciais do corante tartrazina utilizadas no Canadá. Após a análise

de sete amostras observaram a presença de benzidina em três delas, em concentrações de até

326 ng/g e todas as amostras continham anilina em concentrações de até 83,2 µg/ g.

Os resultados obtidos por Davis e Bailey (1993) após avaliarem a presença de

benzidina em 14 amostras do corante tartrazina, mostraram que os lotes comerciais do

corante tartrazina continham benzidina na forma livre e na forma de corante subsidiário em

níveis acima daqueles permitidos, 4 das amostras apresentaram níveis superiores a 100 ppb.

Os resultados obtidos por Lancaster e Lawrence (1999) após analisarem 12 amostras

comerciais de tartrazina sugerem que os níveis de contaminantes como a benzidina e anilina

diminuíram após 1990. As amostras de tartrazina antes de 1990 continham níveis de anilina

em 115-182 mg/g e de benzidina 32-38 ng/g. Após o ano de 1990 os níveis de anilina e

benzidina estavam em 0,2-16,6 ng/g e 5 ng/g respectivamente.

Como observado nos trabalhos citados acima pode-se verificar que a presença de

impurezas em diversas amostras de corantes seria uma possível causa das controversas

geradas há anos sobre o potencial genotóxico do corante tartrazina (HENSCHLER e WILD,

1985, apud EFSA, 2009; PATTERSON e BUTLER, 1982; ISHIDATE et al., 1984;

78

MUNZNER e WEVER, 1987; PRIVAL et al., 1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004;

MPOUNTOUKAS et al., 2010).

Estes resultados positivos citados na literatura em relação ao potencial mutagênico e

genotóxico do corante tartrazina podem ser explicados pelo fato de que mesmo a utilização

de compostos com alto grau de pureza, ainda há a possibilidade de estarem presentes algumas

impurezas, provenientes de sua síntese, que pode contribuir para a mutagenicidade desse

corante (PRIVAL et al., 1988).

No entanto, os resultados do presente estudo possivelmente se justificam devido aos

relatos de que o corante tartrazina analisado pode não apresentar atividade mutagênica

(EFSA, 2009) principalmente quando não apresentam contaminantes que promovam essa

atividade.

Portanto há necessidade de uma harmozinação das legislações entre os diversos países

predizendo quais são as impurezas que podem fazer parte da composição do corante e os seus

limites máximos permitidos, para que haja um consenso entre os diversos países, visto que

há divergência entre eles nessas informações, com o intuito de sempre proporcionar a

segurança alimentar.

79

6. CONCLUSÃO

Diante dos resultados encontrados no presente estudo, os dois corantes não

apresentaram atividade mutagênica para nenhuma das linhagens utilizadas conforme

recomendações da OECD 471.

Comparando o corante tartrazina analítico com o seu correspondente comercial, os

ensaios realizados demonstraram ausência de atividade mutagênica para as linhagens

testadas, indicando ausência ou baixa concentração de impurezas que promovam esse tipo de

alteração. Entretanto para ambos os corantes pode-se observar uma presença de toxicidade

para a linhagem TA102.

Contudo é importante levar em consideração que os processos de fabricação,

contaminações e a atividade mutagênica podem estar diretamente relacionados com o

controle de qualidade nas indústrias durante a síntese do corante, devido à possibilidade de

contaminação por impurezas.

80

81

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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Apêndice A – Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma

TABELA 1- Resultados do Ensaio de Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina

comercial 90% com a linhagem TA98 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação

metabólica.

Tartrazina Comercial 90%

Dose (µg/placa)

TA98-S9 TA98+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 27 32 30 3,5 1,0 44 47 46 2,1 1,0

312,5 34 32 33 1,4 1,1 29 34 32 3,5 0,7

625 34 36 35 1,4 1,2 36 34 35 1,4 0,8

1250 36 33 35 2,1 1,2 39 30 35 6,4 0,8

2500 28 33 31 3,5 1,0 42 37 40 3,5 0,9

5000 28 29 29 0,7 1,0 40 35 38 3,5 0,8

Controle Positivo 541 498 520 30,4 17,6 1483 1342 1413 100 31,0

Viabilidade (bactérias/mL) 2,3x109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: 4NQO, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e 2); X

(Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

109

TABELA 2- Resultados do Ensaio Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Sigma

99% com a linhagem TA98 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Sigma 99%

Dose (µg/placa)

TA98-S9 TA98+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 65 62 64 2,1 1.0 66 80 73 9,9 1,0

312,5 72 60 66 8,5 1,0 76 73 75 2,1 1,0

625 76 64 70 8,5 1,1 75 69 72 4,2 1,0

1250 52 86 69 24,0 1,1 74 74 74 0 1,0

2500 76 68 72 5,7 1,1 81 50 66 21,9 0,9

5000 60 60 60 0 0,9 62 70 66 5,7 0,9

Controle Positivo 327 410 369 59 5,8 1410 1553 1482 101,1 20,3

Viabilidade (bactérias/mL) 2,5 x 109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: 4NQO, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e 2); X

(Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

110

TABELA 3- Resultados do Ensaio Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina

comercial 90% com a linhagem TA100 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação

metabólica.

Tartrazina Comercial 90%

Dose (µg/placa)

TA100-S9 TA100+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 141 158 150 12 1,0 173 140 157 23,3 1,0

312,5 133 133 133 0 0,9 137 145 141 5,7 0,9

625 124 157 141 23,3 0,9 135 122 129 9,2 0,8

1250 136 130 133 4,2 0,9 148 127 138 14,8 0,9

2500 148 120 134 19,8 0,9 120 122 121 1,4 0,8

5000 149 130 140 13,4 0,9 132 127 130 3,5 0,8

Controle Positivo 4380 4060 4220 226,3 28,2 3976 3870 3923 75 25,1

Viabilidade (bactérias/mL) 2,98 x 109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: 4NQO, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e 2); X

(Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

111

TABELA 4- Resultados do Ensaio Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Sigma

99% com a linhagem TA100 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Sigma 99%

Dose (µg/placa)

TA100-S9 TA100+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 157 150 154 4,9 1,0 135 124 130 7,8 1,0

312,5 126 128 127 1,4 7,5 106 122 114 11.3 0,9

625 135 126 131 6,4 7,7 124 131 128 4,9 1,1

1250 121 111 116 7,1 6,8 125 130 128 3,5 1,0

2500 155 180 168 17,7 9,9 146 149 148 2,1 1,2

5000 128 129 129 0,7 7,6 127 141 134 9,9 0,9

Controle Positivo 2878 2324 2601 391,7 153,0 3976 3870 3923 75 25,1

Viabilidade (bactérias/mL) 2x109

Controle Negativo (Água Miliq estéril); Controle Positivo (-S9: 4NQO, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e 2); X (Média); DP

(Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade);

112

TABELA 5- Resultados do Ensaio Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Comercial

90% com a linhagem TA1535 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Comercial90%

Dose (µg/placa)

TA1535-S9 TA1535+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 17 15 16 1,4 1,0 21 14 18 4,9 1,0

312,5 22 19 21 2,1 1,3 18 12 15 4,2 0,9

625 21 17 19 2,8 1,2 13 12 13 0,7 0,7

1250 17 20 19 2,1 1,2 13 12 13 0,7 0,7

2500 20 23 22 2,1 1,3 12 10 11 1,4 0,6

5000 16 16 16 0 1,0 10 11 11 0,7 0,6

Controle Positivo 1296 1225 1261 50,2 78,8 206 205 206 1 11,7

Viabilidade (bactérias/mL) 2,5 x109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: Azida Sódica, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e

2); X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

113

TABELA 6- Resultados do Ensaio Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Sigma 99%

com a linhagem TA1535 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Sigma 99%

Dose (µg/placa)

TA1535-S9 TA1535+S9

P1 P2 X DP RM P1 P2 X DP RM

Controle Negativo 20 14 17 4,2 1,0 17 12 15 3,5 1,0

312,5 22 15 19 4,9 1,1 14 18 16 2,8 1,1

625 22 18 20 2,8 1,2 17 13 15 2,8 0,9

1250 21 10 16 7,8 0,9 15 15 15 0 1,0

2500 16 10 13 4,2 0,8 16 15 15 1,4 1,0

5000 15 18 17 2,1 1,0 18 17 17 2,1 1,1

Controle Positivo 1410 1197 1304 150,6 76,7 185 143 164 30 11,3

Viabilidade (bactérias/mL) 2,1 x 109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9:Azida Sódica, +S9:2AA); P1 e P2 (Placas 1 e 2);

X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

114

TABELA 7- Resultados do Ensaio de Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina

comercial 90% com a linhagem TA102 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação

metabólica.

Amarelo Tartrazina Comercial 90%

Dose (µg/placa)

TA102-S9 TA102+S9

P1 P2 P3 P4 X DP RM P1 P2 P3 P4 X DP RM

Controle

Negativo

153 163 192 152 165 18,7 1,0 223 169 223 174 197 29,8 1,0

312,5 134 154 144 14,1 0,9 215 202 209 9,2 1,1

625 166 172 169 4,2 1,0 221 206 214 10,6 1,1

1250 185 190 188 3,5 1,1 211 226 219 10,6 1,1

2500 196 197 197 0,7 1,2 263 236 250 19,1 1,3

5000 Tox Tox Tox Tox

Controle

Positivo

2569 2431 2500 97,6 15,2 2089 2120 1541 2105 22 11,3

Viabilidade

(bactérias/mL)

3,1 x109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: Mitomicina C, +S9:2AA); P1, P2, P3 e P4

(Placas 1,2,3, e 4); X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade).

115

TABELA 8- Resultados do Ensaio de Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina

Sigma 99% com a linhagem TA102 em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação

metabólica.

Tartrazina Sigma 99%

Dose (µg/placa)

TA102-S9 TA102+S9

P1 P2 P3 P4 X DP RM P1 P2 P3 P4 X DP RM

Controle

Negativo

165 173 168 191 174 11,6 1,0 190 195 185 174 186 9,0 1,0

312,5 152 147 150 3,5 0,9 207 209 208 1,4 1,1

625 164 161 163 2,1 0,9 229 211 220 12,7 1,2

1250 171 173 172 1,4 1,0 217 214 216 2,1 1,2

2500 177 178 178 0,7 1,0 222 225 224 2,1 1,2

5000 Tox Tox Tox Tox

Controle

Positivo

1759 1509 1582 1634 176,8 9,4 2089 2120 1541 2105 22 11,3

Viabilidade

(bactérias/mL)

3,3 x109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: Mitomicina C, +S9:2AA); P1, P2, P3 e P4

(Placas 1,2,3, e 4); X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade).

116

TABELA 9- Resultados do Ensaio de Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Comercial 90% com

a linhagem TA97a em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Comercial 90%

Dose

(µg/placa)

TA97a-S9 TA97a+S9

P1 P2 P3 P4 P5 X DP RM P1 P2 P3 P4 P5 X DP RM

Controle

Negativo

184 178 197 181 182 184 7,4 1,0 170 189 175 155 156 169 13,

4

1,0

312,5 187 179 183 5,7 1,0 198 205 202 4,9 1,2

625 172 194 183 15,6 1,0 212 208 210 2,8 1,2

1250 184 176 180 5,7 1,0 214 195 205 13,

4

1,2

2500 185 181 183 2,8 1,0 189 195 192 4,2 1,1

5000 197 189 193 5,7 1,0 207 226 217 13,

4

1,3

Controle

Positivo

665 757 769 730 56,9 4,0 1187 2351 1329 1622 635 9,6

Viabilidade

(bactérias/

mL)

3,1 x 109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: 9 aminoacridine, +S9:2AA); P1, P2,P3,P4 e P5

(Placas 1, 2,3,4 e 5); X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

117

TABELA 10- Resultados do Ensaio de Salmonella/microssoma para o corante Tartrazina Sigma 99% com a

linhagem TA97a em presença (+S9) e ausência (-S9) de ativação metabólica.

Tartrazina Sigma 99%

Dose

(µg/placa)

TA97a-S9 TA97a+S9

P1 P2 P3 P4 P5 X DP RM P1 P2 P3 P4 P5 X DP RM

Controle

Negativo

157 162 165 166 171 164 5,2 1,0 188 174 172 188 190 182 9,

9

1,0

312,5 171 177 174 4,2 1,1 174 180 177 4,2 1,0

625 170 174 172 2,8 1,0 171 174 173 2,1 0,9

1250 180 178 179 1,4 1,1 194 198 196 2,8 1,1

2500 186 186 186 0,0 1,1 197 199 198 1,4 1,1

5000 191 192 192 0,7 1,2 201 209 205 5,7 1,1

Controle

Positivo

1125 1083 1104 29,7 6,7 1955 1792 2342 203

0

283 11,1

Viabilidade

(bactérias/

mL)

3,2 x109

Controle Negativo (água ultrapura Milli-Q estéril); Controle Positivo (-S9: 9 aminoacridine, +S9:2AA); P1, P2, P3, P4 e P5

(Placas 1, 2,3,4 e 5); X (Média); DP (Desvio Padrão); RM (Razão de Mutagenicidade)

118