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Índice
1. CONSIDERAÇÕESGERAIS22. ELEMENTOSBÁSICOSDAMODERAÇÃODEOFICINASDECONSULTORIAGRUPAL4
2.1. AParticipação42.2. AMotivação 52.3. ADesmotivação72.4. SentimentodeGrupo8
3. METAPLAN103.1. FunçõesdaVisualização113.2. VantagensdaVisualização133.3. AsalternativasparaVisualização133.4. UtilizaçãodosElementosEmpregadosnaVisualização143.5. RegrasdaVisualização 203.6. UtilizaçãodoMetaplan203.7. UtilizaçãodoMetaplannaelaboraçãodavisãodefuturodosnúcleos24
4. AAVALIAÇÃOCONTÍNUADONÚCLEOSETORIAL29
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1. Considerações gerais
Aconduçãodereuniõesdeumaconsultoriagrupal,aprincípio,pareceumaatividadere-lativamentesimples,principalmenteparaaquelesprofissionaisquejádominamastécnicasdetrabalhocomgrupos.
Entretanto,cabelembrarquedentrodesteprocesso,oconsultorgrupalnecessitadeumasériedeinstrumentosquevãoaoencontrodasnecessidadesindividuaisegrupais.Aformacomoelemoderaasreuniõescontribuideformaexpressivaparaoêxitodotrabalhojuntoaosnúcleossetoriais.
DolatimModerar(Moderatione),significaatoouefeitodemoderar,tornaradequado,ouainda,qualidadequeconsisteemevitarexcessosoufalta;prudência;comedimento.Ouseja,“Mo-deração”podeserentendidocomooprocessodeconduzirefacilitardiscussõesoupropiciaraaprendizagemativadeprocedimentoseações.
Nessecontexto,oconsultorgrupal,duranteotrabalhocomosnúcleossetoriaiséapessoaquetemcomofunçãoregrareregularasdiscussõesdeumgrupodetrabalhoparaqueasdife-rençasentreasopiniõeseconhecimentosdosparticipantesnãosemanifestemdeformadesor-denada,eogrupopossa,atravésderegrasaceitasportodos,atuardeformaprodutivaeeficaz.
AmoderaçãodeumgrupoemprocessodeConsultoriaGrupaltemcomofunçõesbásicas:
Mobilizareestimularaenergiacriativa,acapacidadedeanálisecrítica,osconheci-mentoseexperiênciasindividuaisdosparticipantes;
Ofereceraogrupotécnicasapropriadasparafacilitarodesenvolvimentodostraba-lhos;
Viabilizarprocedimentosdeconsultoriaparaotrabalhocomgruposqueapresentamproblemasesituaçõessemelhantes,porémrealidadeseníveisdecomplexidadedis-tintos;
Manter em andamento o processo participativo de discussão com perguntas quepermitamatodosexporemseuspontosdevista;
Criarumambienteinformaleagradávelparaviabilizaradiscussãodetemasimpor-tantesedelicados,nãoabordadosnodia-a-diadosparticipantes.
Assim,amoderaçãodenúcleossetoriaisdeve,principalmente, facilitaro intercâmbiodeinformaçõeseprovocardiscussões,ouseja,deveserumatentativadetornaracomunicaçãoen-treaspessoas,maisobjetivaeprodutiva,favorecendoasistematizaçãodasdiversasinformaçõesgeradaspelosparticipantes.
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Asintervençõesdamoderaçãonotrabalhodeumgrupotêmdeserprecisas,poisoconsul-torgrupal,enquantomoderador,trabalhasimultaneamentecomduasfunções.
Aoserconvidadoparaotrabalhodeconsultorgrupal,elerecebedacoordenaçãodaenti-dadeafunçãodeconduziroprocessodetrabalho,objetivandoumoumaisprodutos:umrela-tório,umprojetodelineadoouoauxílioàsoluçãodosproblemasempresariais/organizacionaisdosparticipantes.Poroutrolado,apósiniciarasdiscussões,oconsultorgrupalrecebedogrupoafunçãodeconduzi-losdaformamaisimparcialpossívelnostrabalhos,oqueinclui,porexemplo,“proteger” o grupo de interferências externas. O processo de moderação deve conciliar essasduasposiçõesdoconsultorgrupal.
Afunçãodoconsultorgrupal,easuaautoridade,advêmdedoispressupostosbásicos:
Suacompetênciatécnica:Eledominaastécnicasdemoderaçãobemcomoosele-mentosdegestãoempresarial,estandoaptoaidentificar,reconhecerediagnosticarproblemasnasempresasdosparticipantesalémdaquelesrelacionadosàcomunica-çãoentreosparticipantesealidarcomosmesmos.Paratanto,eletemquedetectarahierarquiaqueseestabelecedentrodequalquergrupoedasdistintasestruturas;
Suaneutralidade:Eletemdetransmitiraogrupoqueelenãodesfrutadebenefíciopessoalnaconduçãododebate.Nocasodamoderaçãodereuniõesdenúcleoseto-rial,oconsultordeveportar-secomimparcialidadeemtodooprocesso,estabelecen-doassoluçõesdeproblemaseaçõesemconjuntocomosparticipantes.
Considerando-setodasascaracterísticaseadinâmicaimplícitanosnúcleossetoriais(pa-péisdesempenhados,fasesefuncionamentodosnúcleos),énecessárioqueamoderaçãosejavistacomoumafacilitaçãodaspropostasindividuaisegrupais,eparaoentendimentodasaçõesadotadas.Constitui,portanto,umrecursoqueauxilianoalcancedosobjetivospropostos.
Abasedamoderaçãoaquiutilizadabaseia-seemalgunselementosdeoutrasmetodolo-giasqueempregamoenfoqueparticipativoparatrabalhoscomgrupos,como,porexemplo,oMetaplan(item3).
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2. Elementos básicos da moderação de oficinas de consultoria grupal
Dentrodoprocessodaconsultoriagrupal,maisespecificamentenoqueserefereàmode-raçãodosnúcleossetoriais,oelementoprimordial,quenorteiatodootrabalho,sãoascontribui-çõesqueosparticipantestrazem.Dessaforma,precisaseutilizarumametodologiadetrabalhoquepossibiliteacompatibilizaçãoentreasnecessidadesdospotenciaisbeneficiárioseaflexibi-lizaçãodapropostadetrabalho.Emcontrapartida,ametodologianecessitadeinstrumentosquelhepermitamconduziressesconteúdos,canalizandoasinformaçõespararesultadosconstruídosapartirdasexperiênciasenecessidadesindividuaisegrupais.
Nessecontexto,encontra-seoenfoqueparticipativoparaasreuniõesdosnúcleossetoriaisqueésustentadoporquatropilares:
aParticipação;
oMetaplan;
oPlanejamento;
aAvaliaçãocontínua.
2.1. A Participação
Oprimeiroelemento,aparticipação,pressupõequetodooconteúdoasertrabalhadoden-trodosnúcleossetoriaispartedasexperiências,vivênciaseconhecimentosdosparticipantes,ouseja,osindivíduosqueirãocomporogruposãoquemdefinirãoospontosprincipaisaseremtra-balhados,áreasquereceberãoaintervenção.Daíaimportânciadaseleçãopréviadosparticipan-tes,deformaaestabelecerumdeterminadograudehomogeneidadenogrupoaserformado.
Ointercâmbioeasocializaçãodasrealidadesindividuaiscomosdemais“companheirosdeadversidade”permitemconhecereconfrontaraspossíveisdiferençasdasreaçõeseformasdeagirdecadaparticipante,oquecontribuiráparaaampliaçãodoshorizontescomalternativasenovoscaminhos.
Dessaforma,aparticipaçãoconstituioeixoparaquetodooprocessodeaprendizagemsejaeficaz,noquedizrespeitoàessênciadesuaproposta.
Devidoaosfatoresintrínsecosaoelementoparticipação,estesdeterminamumcertoníveldeflexibilidadeeumdiálogosemhierarquiaentreosintegrantesdogrupoeoconsultorgrupalsemcontudo,comprometeroreferencialqueoúltimorepresenta.
Deacordocomteoriasdapsicologia,aparticipaçãoefetivadosindivíduos,emqualquerpro-cessopeloqualestãopassando,sóépossívelatravésdeestímulosqueestesrecebem,ouseja,temdehavermotivaçãoparaqueaspessoasrealmentesecomprometame,portanto,participem.
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Oestímuloàparticipaçãonasreuniõesdosnúcleossetoriais,dependedeumasériedeva-riáveisquevãodesdeamotivaçãodoconsultor,passandopelaformacomoogrupoéprovocado(questionado),atéosfluxosderelacionamentoqueseestabelecementreosdistintosagentesqueinteragemnogrupo.
2.2. A Motivação
A moderação por parte do consultor grupal, profissional que conduz o processo, é umapropostametodológicaparaauxiliarnoaperfeiçoamentodaposturaindividualnotrabalhoemgrupo,noplanodeação,noaprendizadodainteraçãodemocráticaentreasdiferentespessoasqueocompõe.
Muitaspessoas,acostumadasaoestiloautoritário,têmdificuldadedeabandonar,mesmoquetemporariamentenoâmbitodasreuniõesdosnúcleossetoriais,oestilorotineirodetrabalhoeexperimentarnovasformasdesecomunicar,seexpor,trabalharcomoutrosetomardecisõesporsipróprias.
Oconsultorgrupaltemqueaceitarosdiversosperfispresentes,emanteraconfiançadogrupoemsimesmoparacriarumambientequefaciliteacadaumdosparticipanteslidarcomsuasensaçãodeincômodooumesmoimpaciência,quepodeseexpressardasmaisvariadasfor-mas:desmotivação,críticasdestrutivas,perturbaçãodeliberadachegandoaoboicote.
Ganharconfiançaéformularasperguntascorretasequedigamrespeitoàrealidadedosparticipantes,numdadomomento.
Umgruposósedeixamotivarseentende:
oqueseesperadele;
porquedeveexecutardeterminadatarefa;
comodevefazê-la;
qualoresultadofinalesperado;
quaisospossíveisusosdosresultados.
Duranteaconduçãodasdiscussõesdogrupo,oconsultortemcomotarefabásicaescla-recerestespontos.Aoseiniciarumanovaetapa,ospontosdevemserexplicadosaogrupoeasperguntasrespondidas.Duranteotrabalho,aexplicaçãodessesaspectosdeveestarvisualizadapermanentemente,geralmentenaformadeumaperguntaaserrespondidapelogrupo.
Oprincípiobásicodamoderação,queseresumeapropiciarperguntascomofiocondutordodesenvolvimentodotrabalhodeumgrupo,reduzaspossibilidadesdequeogruposesintadominadopeloconsultorgrupal.
Aoestimularumadiscussãodeinteressedetodososparticipantes,aperguntaqueiniciaanovaetapatemumimpactomuitogrande.Eladeveserbempreparada.Apergunta:
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Quandoogrupoapresentarumnúmeromaiordeparticipantes,aperguntacolocadapodesertratadaemsubgrupos.Cadapessoaterámaistempodisponívelparacontribuirpropiciandooestímuloàmotivaçãoeparticipaçãodetodos,easocializaçãodosresultadosocorreemple-nária.
Deveprevaleceraregradequeadiscussãoeasoluçãooupelomenosesclarecimentodeconflitospessoaissurgidosnodebatetêmpreferênciasobreacontinuidadedadiscussãotemá-tica.
Enquantohouverdivergênciaspessoaisnãotrabalhadas,nãoháespaçocriativosuficien-teparadebaterostemas.Oconsultordevedesenvolversuapercepçãoparadetectarfontesdeagressividadeeresistência.Acomunicaçãonão-verbal,porexemplo,anunciaconflitos.Asitua-çãodeve,sepossível,seresclarecidadiantedogrupo,semmaiorenvolvimentooujustificativasporpartedoconsultorgrupal,poiselecorreoperigodeperdersuaautoridade.
Oconsultordeveterautocrítica,admitirerrosedesculpar-seporelas,masnãoentraremlongasjustificativas-quemsejustifica,seacusa.
Todomovimentodoconsultor,amímica,oritmo,otomdevoz,éregistradoeteminfluêncianamotivaçãodogrupo.
Oconsultorgrupaltemqueatuarnaturalmente,conhecerseuspontosfracosefortes.Aíelepoderáprocurarapoiodeoutrosnumasituaçãocrítica,evitandodescarregarseusproblemasnogrupo.
A“moderaçãoautomatizada”,naqualcadaeventose igualaaosanteriores,comrotinaetalvezmesmocomumasupostaperfeição,podeserprejudicialaogrupo.Cadagrupoqueretemodireitoaumtratamentodiferenciadoporpartedoconsultor.Estedeveseprepararparacadareuniãodemaneiradiferenciadaeconduzircadaruniãodeacordocomasnecessidadesdogru-
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po,sejamestasarticuladasounão,enãoconformealguma“ortodoxia”ou“tradição”.Esteaspectonãoaparecedeformamuitorelevantequandoumgrupotrabalhacomtécnicasparticipativaspelaprimeiravez.
2.3. A Desmotivação
Alémdasidéiaseopiniões,hásentimentoscirculandopelogrupo:frieza,aborrecimentoedesconfiançapodembloquearotrabalho.Quandooconsultordetectaadificuldadedogrupoemsearticular,porexemplo,pelaspoucascontribuiçõesrecebidasoupeloaumentononúmerodepessoasselevantandoeandandopelasala,eledeveentraremestadodealerta.Adesmotiva-çãoéumtermômetrodoníveldeparticipaçãoedeveserconsideradasobtodososângulos.Elapodetercausassimplese,nestecaso,demandasoluçõessimples,
comodividirogrupoemsubgruposapósintervalosouquandohádominaçãoporpartedepoucosparticipantes;
evitarsempreambientescomarcondicionadoouexpostosdemasiadamenteaosol;
evitarqueorganizadoresofereçamrefeiçõespesadas;
perguntaraogruposequerintervalodecafé;
trocardesala;
redefinirosobjetivosaserematingidospelogrupo.
Poroutrolado,adesmotivaçãopodetercausasmaisgraves,quedemandamaçõespreven-tivasnotrabalhocomogrupo,poisquandoumdestesproblemassurgepodesertardeparaacontinuidadedotrabalhosematritosquecomprometaaparticipaçãoefetiva.
Emsituaçõestensas,ogrupofacilmentecriticaoconsultor:“Nãohádisciplina”,“Otrabalhonãoestarendendo”,“Ométodoéinadequado”.
OConsultornãodevereagiraestasacusações,poisareaçãodiretaéprecipitadaefacilitaaogrupoacharumculpado.Oconflitodeveserretransmitidoaogrupoesubmetidoàdiscussão.Aformapelaqualoconsultorpodeintervirétornarmanifestoodesconfortopeloqualogrupoestápassando,fornecendoaeleinstrumentosparalidarcomafaltadeenergiacriativa.
Quando um grupo não avança no trabalho e apresenta sinais de irritação, o consultorpode:
intervir rapidamentecomperguntasparaqueogruposeconscientizedasituaçãomomentânea:
Lembraraogrupoqueotrabalhoédeles,nãodoconsultor!Oferecer-separadiscutirométodoemoutromomento,poisestetipodediscussãoéapenasumaválvuladeescapedogrupoparafugirdesuasresponsabilidades.SeoConsultorcometeualgumerroou“seperdeu”,amelhoralternativaéserfranco:“desculpemminhafalha!”.
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Sugeriraogrupoum“flash”:cadaparticipantefalaemumoudoisminutoscomosesente,oqueestáachandodotrabalhoequalasuasugestãoparacontinuar.Apalavrapassadeumparaoutro,seguindoaordemnocírculo;ninguémdeveresponderàfaladeoutroparticipante.Oconsultorgrupalvisualizanoquadroassugestõesparaumadiscussãosobreaestratégiaaserseguida.
PoderfalarsobreadesmotivaçãoéabaseparaqueogrupovolteaassumirnovamentearesponsabilidadeparacomsuasdivergênciaseretomarbonsníveisdeParticipação.
Nemsempre,porém,épossívelmotivarnovamenteogrupo.Emsituaçõesextremas,comoincompatibilidadedeopiniõesouatritospessoais,oconsultordeveexporaogrupoasgravesconseqüênciasdestesfatoressobreoprocessodediscussãoesugerirainterrupçãodotrabalhodonúcleosetorial,marcandosimultaneamentedataparasuaretomada.
2.4. Sentimento de Grupo
Faz parte das atribuições do consultor grupal, enquanto moderador fomentar um sen-timentodegrupo,demodoquecadaumsesintarepresentadonosresultadosfinaisdecadareunião denúcleosetorial.Alémdesuahabilidade individualnacomunicação interpessoal,oconsultor,deve:
sempre que possível, buscar o consenso. O consenso sempre implica em compro-missos.Estesdevemseraceitáveisparatodos.Senãoforpossível,deveregistrarasdivergênciasevisualizá-las,ousugeriraogrupodarpesocompontoscoloridosparaescolherumadaspropostas,evitandosempreotermo“votação”,poisalguémouumsubgruposempresairáderrotado;
levarogrupoaseguiralgumasregrascomuns,porexemplo:
falardeformaprecisaeconcisa;
concentrarnotemaemquestão;
contratodeconvivência.
nãocriticarouelogiarindividualmenteumparticipanteexcluindoosdemais;
cadaidéia,colaboraçãoepropostasãoimportantes,mesmoquesejarepetida.Temasquenãotêmrelaçãodiretacomadiscussãoatualsãoregistradosemtarjetas,afixadasàparte,eabordadosemoutromomento.
Oconsultorgrupaldevetreinaroseucomportamentoindividual,comofalarclaraepau-sadamente;pediratençãocomcolocaçõesdotipo“Beltranotemumadúvida”;falardiretamente
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comaspessoas,nãocomosquadros,chamando-aspelonome;nãoseseguraremobjetosaoredor;aceitarajudadosparticipantes.
Umareuniãocommoderaçãonãoénemmaisnemmenosqueumareuniãodetrabalhocomumametodologiaespecífica.Umareuniãodenúcleosetorialnãoéumeventosocial,etam-bémnãoéumcurso.Pessoasalheiasaotrabalho,osobservadores,quandopresentesnasala:
Despertamdesconfiançanogrupo;
Inibemaespontaneidadedascolocações;
Interferemlevantandoquestõesnãopertinentes.
Paraaconsolidaçãodosentimentodogrupodevehaverapenasconsultoresgrupaiseem-presáriosnoambientedetrabalho.UmadassituaçõesmaisdelicadaséapresençadejornalistasouequipesdeTV;fazemruídointerferindonaconcentraçãodogrupoeprovocammudançanocomportamentodaspessoas.Assim,diretoresepresidentesquequeremconhecerotrabalhodogrupodevemvisitá-loemseudia-a-diae,outrosinteressados,quequeremconhecerotrabalhodosnúcleosdevemparticipardeles.
Aresponsabilidadedoconsultorgrupalégrandenamoderaçãodasdiscussõeseestímuloàparticipação.Maselanãoéumpesodemasiado,poisoresultadodotrabalhoéantesdetudoresponsabilidadedogrupo.
Seumgrupotrabalhadeformaintegrada,oconsultorageespontaneamentesemformali-dadesnaconduçãodadiscussão.
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3. Metaplan
O segundo pilar que sustenta o enfoque participativo é constituído pelo Metaplan queapresentacomofunçãobásicaàdemocratizaçãodousodapalavra,possibilitandoageraçãodeumamemóriacoletivaesistemáticae,promovendoasistematizaçãoeordenaçãode idéiaseinformações.
Éumatécnicademoderaçãoquepermiteaparticipaçãodaspessoaspormeiodaescritadasidéiasemtarjetascoloridas,afixaçãoempainéisparaapresentaçãoediscussãocomumpe-quenogrupodepessoas.
OMetaplannasceuapartirdeumaempresadeconsultoriafranco-alemã,em1972,efoiadotadopelométodoZOPP,comoapoioaoprocessoparticipativodediscussãonodecorrerdotrabalho.
Atécnicaédestinadaa:
processodemoderaçãodereuniõesdegruposdetrabalhoutilizandoométodopar-ticipativo;
moderaçãodeoficinasdeplanejamento,monitoriaeavaliação.
Podeserusadoemqualquercircunstânciaecomqualquertipodegruposocial,indepen-dentedeclasse,níveldeconhecimento,graudeinstruçãoeidade.
OMetaplanseapóiaemtrêscomponentesfundamentais:
avisualizaçãoconstantedetodootrabalhoproduzido,
otrabalhoemgrupoe
otrabalhodemoderação.
Avisualizaçãocaracterizaumprocessoapartirdoqualainformaçãoétransmitidaetrans-formadavisualmente,apartirdacoleta,reuniãodedadosreaiseapresentação.OMetaplande-monstraflexibilidade,possibilitandoaalteraçãocontínuaesistemáticadasanáliseseresultados,conformeadinâmicaprópriadecadasistemaeanecessidadedeajustes,apartirdaaprendiza-gemobtidaatravésdaaçãodosparticipantes.
Alémdessesaspectos,oMetaplanpermiteumentendimentoimediatodosprocedimentoseanálises,eacomunicaçãoininterruptadecadainformação,colaborandoparaaassimilaçãodetodooprocessoenivelamentodasrealidadespelosagentesenvolvidose,porconseguintenamanutençãodocomponente“Participação”.
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OMetaplanconfiguraoeixoprincipalparaoentendimentodosrelacionamentos,fluxoseestruturasqueserãoapresentadaspelosintegrantesdonúcleosetorial,complementandoefor-talecendoaefetividadedosdemaispilares.Emfunçãodisso,serádespendidoummaiorespaçoaoelemento“Visualização”.
3.1. Funções da Visualização
Hámuitosmotivospelosquaisumgrupopoderiadecidir-seporreuniretrocarinforma-ções.Porumlado,asaçõesdeagregar,estruturar,combinar,transformaredistribuirainformaçãosãoatividadesquecadaorganismovivodoplanetae,também,quetodaentidadeeconômicadesenvolvediariamente,pelosimplesmotivodequesãoessenciaisparaacontinuidadedavida.Poroutro lado,atrocade informaçõespodeservirapropósitosespecíficos,dosquaisosmaisimportantessão:
facilitararecepçãoporpartedeumindivíduooumais,
facilitaroprocessamentoporpartedeumindivíduooumais,
facilitaradistribuiçãoaosdemaiseonivelamentoesocializaçãoàtodos.
3.1.1. A Troca de informações
Nasrelaçõeshumanaseeconômicas,osseguintesaspectossãoparticularmenteimportan-tes:
Aspessoastêmcincosentidos.
(Tato,Olfato,Visão,PaladareAudição)
Estáprovadoquearecepçãoeoprocessamentoimperfeitosdeinformação,porsereshumanos,podemsermaximizados,setalinformaçãoéoferecidaaelespordiferentescanaisdecomunicaçãodirigidosaosdistintossentidos.
Osentidodavisãotornou-seomaisimportanteparaossereshumanos.
Emborasejadifícilavaliaraporcentagemexatadeinformaçãoquecaptamossomen-tepelosnossosolhos,mediçõesfeitasreportamqueosentidodavisãoconsomemaisde50%daenergiaquearmazenamostodososdias.
Assim,atécnicadevisualizaçãomostra-secomoumrecursodidático-pedagógicoextre-mamenteconvenienteparaarápidadocumentaçãoderesultadosdeumadiscussãodegrupo,sendorelativamentebarataedefácilmanuseio.Alémdisso,oelemento“Visualização”,emdiscus-sõesdegrupoauxiliaa:
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manteroassuntoemandamento,evitandodispersõesouconfusões;
clarearosconflitos;
alcançarumsensocomum;
prestaradevidaatençãoàsposiçõesdosmembrosmais“fracos”dogrupo;
alcançarosobjetivospropostosatravésdaobtençãoderesultadosconcretos.
Todosestesaspectossãoimportantes,namedidaemqueopressupostodatrocaefetivaeconstantedeexperiênciaseinformações,demandatécnicasdesistematizaçãoegerenciamentodosdados.
Outroaspectoresidenopapel“sócio-educacional”doenfoqueparticipativo,queprivilegiatodososcanaisdecomunicaçãoentreosparticipantes,apartirdoprincipalcanalreceptor,ouseja,avisão.
Dessemodo,constituemvantagenscomparativasdessatécnica:
avisualizaçãoimediataeininterrupta
nãohánecessidadederevelarfilme,nemanotaçõesprecisamserfotocopiadas;
aflexibilidade
astarjetas–cartelasoucartões,comosãochamados–sãoafixadoscomfitacrepeoualfinetesepodemserreestruturadosduranteoprocessodeumadiscussão;
otransporte
osquadros,painéiseosmateriaispodemser facilmente transportadosaqualquerlugar;
asimplicidadenautilização
écomparativamentemaisfácilaprendercomousaressatecnologia;
obaixocusto
astarjetasequadrospodemseradquiridosquasequeemqualquerlugardomundo,eatémesmopodemserfeitospeloprópriousuárioacustosbastantereduzidos.
Entretanto, o Metaplan apresenta uma desvantagem, que se traduz pelo fato de que aspessoasprecisamestarcapacitadasaescutaraler,afimdeseremcapazesdesebeneficiarinte-gralmentedatécnica.
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3.2. Vantagens da Visualização
Avisualizaçãopermanente:
Obrigaadistinguirentreinformaçõesessenciaisesecundárias;
Racionalizaadiscussãoepermiteaprofundá-la;
Possibilitarepresentar,deformadidática,situaçõescomplexas;
Aumentaatransparênciadoprocessodetrabalhodogrupo;
Registraafirmações,divergênciaseconclusõesinstantaneamente.Nãohádificuldadepararetomarposteriormenteoassuntooupararesumi-lo;
Possibilitaarmazenaridéiaseinformaçõesparausoediscussãoposteriores;
Permiteamodificaçãodospainéis,poisasfichassãomóveisecoladasemsuadispo-siçãodefinitivaapenasaofinaldoevento;
Possibilita guardar os painéis e utilizá-los posteriormente em novos trabalhos ouparaadocumentação.Elespodemsercopiadosoufotografados,fornecendoaatadoevento;
Garante a participação de todos sem diferenciação de hierarquia ou influência datimidezindividual,poisasfichassãoanônimas.
Permiteacadaparticipanteversuascontribuiçõesnospainéiseidentificarsuaparce-lanotrabalhoconjunto.
3.3. As alternativas para Visualização
Avisualizaçãopodeserutilizadadediversasformas:
a. Apresentação,pelomoderadorououtrapessoadetemaspreviamentevisualizadoslevaremcontaqueasinformaçõesdadasaogrupodevemserdosadas,poisinforma-çõesemexcesso,desnorteiam;
b. Visualizaçãosimultâneadeumareuniãodedebateporummoderador,diretamentesobrefolhadepapelgrandecompincelatômicoouatravésdefichasescritaspelomoderador,presasempainel,quadroouparedesemsuaparticipaçãonotrabalhoemgrupo.
c. Visualizaçãodascontribuiçõesdosparticipantesdeumeventocommoderaçãoativa,noqualavisualizaçãoéprerrogativadogrupooupodeestaracargodomoderador,sendoqueosparticipanteslhefornecemasfichasescritas;
d. Visualizaçãopermanentederegras,procedimentos,programas,paralelamenteaotra-balhodegrupo,queinclusive,podenãodispordemoderadorformal.
Noscasos“a”e“d”,avisualizaçãotemcomofunçãocomplementaraapresentaçãodasre-
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grasdeumanovaetapaouaintroduçãodenovosconteúdosnadiscussão.Avisualização,por-tanto,nãosubstituiaapresentaçãoverbal,porisso,deveser“limpa”,istoé,conteromínimodeinformações.
Noscasos“b”e“c”,omoderadorexerceumafunçãoativajuntoaogrupoemdiferentesní-veisdeintensidade.
Vale, como regra geral, que as informações dadas pelo moderador ao grupo, devem servisualizadasparafinsderegistroefazerpartedadocumentação.
Nocuidadoecaprichocomavisualização,omoderadordemonstrarespeitoparacomosparticipanteseotrabalhodeles,gerandosatisfaçãonogrupoemaiorgraudeidentificaçãocomospainéisequadros.
3.3.1. O trabalho de moderação com visualização por meio de fichas
Nossofocodetrabalhosedarámuitonavisualizaçãopormeiodefichas,citadosnoitem“C”.
Oprocedimentogeralparaacoletadeidéiasregistradasemfichasesuaestruturaçãosim-plesempainéisé:
Forneceracadaparticipante,fichasepincelatômico;
Recolherasfichaspreenchidasefixá-lasnoquadroparaquetodossaibamoquejáfoiescrito;
Quandotodostiveremterminado,omoderadorlêtarjetaportarjetaaogrupo.Nestemomento,casohajadúvidasnainterpretaçãodoconteúdodatarjeta,omesmode-veráserexplicadopeloseuautor.
Efetuarumaanálise:“Oquefalta?”;
Iniciaraorganizaçãoeafixaçãodastarjetasdeacordocomumalógicadesimilarida-dedeidéiaouobjetivo,comaparticipaçãodogrupo,eirreestruturando-asemoutrapartedoquadro;
Agrupadasasfichas,dartítulosàscolunasediferentesgruposou“nuvens”,comaco-operaçãodogrupo;
Efetuarumaoutraanálise:“Oquefalta?”.
3.4. Utilização dos Elementos Empregados na Visualização
OsmateriaisbásicosqueconstituemoconjuntodeelementosdaVisualizaçãoparamode-raçãodeoficinasdeconsultoriagrupal:
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FolhasdepapelKraft,folhasdeflip-chartoupainéisdecortiçaouisopor.Podemsertiposoft-boardsouafixadosnaparede;
Tarjetasdecartolina,emdiferentesformatos,tamanhosecores.Podendosercompra-dopapelsulfitecoloridoecortadoem2ou3tamanhos;
Pincéisatômicos,paraescritanoscartões;
Alfinetesparamapa,adequadosparaafixardeformaflexíveloscartõesnospainéis;
Colalíquida,fitaadesiva(tipocrepe),tesouras,régua.
Soft-Boards:Soft-boardssãopainéiscomumalargurade1,25meumaalturade1,50m,mantidosporumquadrodemadeira,metalouplásticonumaposiçãoverticalaaproxim.0,50macimadoníveldochão.GeralmenteosSoft-boardssãocobertosdematerialsuave,paraafixaçãodosdemaiselementosesãoutilizadoscomorecursosàvisualizaçãonaconsultoriagrupal,devi-doaosseguintesaspectos:
possibilidadedeafixaçãodepapel(folhasdeflip-chart,papelA4,etc.)etarjetas,facil-mentecomalfinetessobreeles;
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facilidadeemtransportá-losdeumasalaàoutraouparadiferentescantosdeumasala,servindoaomesmotempocomoquadrosecomoseparadoresdasáreasdetra-balho;
quandoapresentamasduasfacesparaafixação,permitemaiorflexibilidadeemseuemprego.
Emcasodeutilizaçãodesoft-boards,oconsultorgrupal,deveráteratençãocomosseguin-tesaspectos:
Decisãoquantoasuaalocaçãoedisponibilidadeemquantidadesuficiente.Normal-mente,énecessário:de01ou02soft-boardsparaumadiscussãoentre5a10pesso-as;
Verificaçãodobomestadodeuso;
Afixaçãodeumafolhadepapelgrande(tipoflip-chart)emcadaladodosoft-board;
Colocaçãodenúmerosuficientedealfinetesnabordasuperiordecadasoft-board,
Distribuiçãodossoft-boards,mesas,cadeirasdeumaformaquecadaparticipantedogruposejacapazdeveropainel,nitidamente.
ExemplosdeDisposiçãodosSoft-boardsemPlenáriaeemSubgrupos
Observação:
Quandonãose temossoft-boards,deve-seprocurarespaçoscomparedesamplas, semjanelas,quadrosouobstáculoseafixarpapelKraft.NoscasosdeseusaropapelKraft,deve-sefixarastarjetascomfitacrepe.
1717 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
Tarjetas:Astarjetassãoformasgeométricasconfeccionadasemcartolinaemdiferen-tescores.ConstituemumdosprincipaisrecursosempregadosnaVisualizaçãoMóvel.Astarjetasencontram-se,geralmentedisponíveisem6cores(branco,amarelo,verde,azul, rosaealaranjado)eemtrêsformas(retangular,ovalecircular).Outrasformastêmsidoutilizadas(comoasnuvens),deformaapropiciarummaiornúmerodeele-mentos.
OutrosElementos Gráficos:Existemtambém várioselementos taiscomoetiquetasadesivas,linhasconectoras,sinaisesetas,etc.Boapartedelespodeserobtidocomoempregodepincéisatômicos.
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Composiçõesvisuais:Existemdiversostiposdecomposiçõesvisuais.Geralmente,sãoobtidasatravésdoempregodemaisdeumelementodevisualização.Ascomposi-çõesvisuaismaiscomunssão:
Agrupamentos
Sãoconjuntosdetarjetasdeformatosemelhante,oudiferente,categorizadasporalgumcritérioespecífico.Canetaspodemserutilizadasparadelimitarosagrupamentos.
Émuitoimportantenacomposiçãovisual,porqueelementosisoladosacabampornãosernotadosnumacomposiçãomuitocheiaeasdistânciasentreoselementospodemterumsigni-ficadodistinto.
Pode-setambémutilizaroselementosdevisualizaçãoparaproduzircomposiçõesvisuaisondeomesmotipode,oudiferentestiposdeelementossãocolocadosjuntos.
Seguemalgunsexemplos:
Seqüências:Sãocompostasdeumnúmerodeelementosdomesmotipo:
Ritmos:Sãocompostosdenúmerolimitadodeelementosdediferentestiposouemdife-rentesposições,formandoumaordenaçãoregular:
1919 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
Ênfase:Podeseratingidadediversasmaneiras,porexemplo,usandodiferentescoresoutamanhos de cartões, marcando os cartões com canetas ou usando outras formas e cores detarjetascomofundo.
Dinâmica:Édifícilexpressarsomentecomaajudadeelementosdeduasdimensões.Nor-malmente,amelhorsoluçãoéfazerusodesetas.
Cores:Emumareuniãoondeserãodiscutidostemasdiversos,cadatemadeveserrepresen-tadoporumaúnicacordetarjeta,podendootítuloserdestacadocomumacordiferente.
ARedaçãodasTarjetas:Escreveréumdosmodosmaissimplesdearmazenarinformaçãoedevisualizá-la.NaVisualizaçãoempregadapelotrabalhocomosnúcleossetoriais,aescritaéefetuadaemtarjetas.Istoapresentaumcertonúmerodevantagenssecomparadocomaescritanosquadros-negrosouflip-charts:
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Cadaparticipantedareuniãopodefazersuacontribuiçãoemtarjetassemdeixarseulugar.Porestarazão,escrevertarjetaséconvenienteatodomundoe,sedesejado,asidéiasdeumgrupopodemser recolhidasevisualizadassemrevelaraautoriadascontribuiçõesindividuais.
Ainformação,umavezescritaemtarjetas,podeseragrupada,arranjadaoureorga-nizadanumaimensavariedadedemaneiras.Istoésimplesmenteimpossívelcomainformaçãoescritaemquadros-negrosouflip-charts.
Obviamente,nãoapenasototalarranjodainformaçãomastambémcomponentesisoladospodemserfacilmentetrocados,seescritossobretarjetas.Istopermiterápidacorreçãoourefinamentodeafirmaçõesindividuais.
Para utilização das tarjetas de forma eficaz, o consultor grupal deverá considerar certasregrasdevisualização,normaseestimularqueosparticipantesasutilizem.
3.5. Regras da Visualização
3.6. Utilização do Metaplan
Conformedescritoanteriormente,osquatropilaresdoenfoqueparticipativoparaasreuni-õesdosnúcleossetoriaissãocomplementarese,portanto,interagementresi.NãoésomenteoconhecimentodastécnicasdoMetaplanquecontribuirãoparaotrabalhodoconsultorgrupal.Oplenoentendimentodaessênciadaferramenta,associadaàsvantagensdosoutroselementoséquedeterminaráoritmodasoficinasgrupais.
2121 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
Naconduçãodotrabalho,oconsultordeverásaberdominaresteselementos,deformaapropiciaramelhorutilizaçãodosseusrecursosetécnicase,possibilitartodososbenefíciosqueelepodetrazeraseususuários.
Apropostadaferramentaéauxiliarnaintroduçãodasmudançasrequeridaspelosparti-cipantesdonúcleosetorialemsuasrealidades,apartirdadefiniçãodaposiçãoqueaempresadesejaocupardentrodeumdeterminadoperíododetempo.
Geralmenteosparticipantesacreditamquetem“totalcompreensão”dosproblemasqueosafetamedecomosuasempresasestarãodaquia2ou3anos.Entretanto,aexperiênciamostraqueesseconhecimentodasituaçãoéparcial,fragmentadoeemergencial.
Torna-se necessário, trazer à tona e clarear os relacionamentos, as estruturas ou a largagamadeaspectosqueinteragemcomessasituaçãoproblemática.
Assim,oprimeiropassodeveseracolocação,emumalinguagemtãoprecisaquantopos-sível,deumafraseouperguntaorientadora.Estaperguntaqueorientarátodaadiscussão,nare-alidade,estimularáuma“tempestadedeidéias”nosparticipantes,suscitandotodososaspectosintervenientesàproposição.
Estimula-seogrupoaseprojetarnumdeterminadoperíododetempo,de2a3anos,evisu-alizarumasituaçãoidealparasuasempresaseseusetor,nomomentorepresentadopelogrupoalireunido.
Numatempestadedeidéiasapartirdaperguntaapresentada,osempresáriosescrevemidéias,umaemcadatarjeta,seguindoas“regrasdevisualização”vistasemitemanterior,ese-guindoaalternativadevisualizaçãodocasoC,tambémvistoemitemanterior.Astarjetasescritasdevemsercoletadaseafixadasnopainel.
Realiza-seumaleituradastarjetas,feitapeloconsultoroupeloautordamesma,fixadasnosoft-boardounopapelKraftcoladonaparedeapósosparticipantesjáteremanotadotodososfatoresrelevantesenenhumanovaidéiatersurgido.Casotodosestejamdeacordocomoqueestáafixadoenãotenhammaiscolaborações,iniciamosopróximopasso.
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Apartirdosprocedimentosanteriores,chega-seaoterceiropasso,queéodeestruturartodasasinformaçõescoletadas.
Começamosagrupandoastarjetas,quedealgumaformaserelacionamumascomasou-tras.Pegamosumatarjetaqualquereacolocamosnaextremidadeesquerdadopainel,noalto,eabaixodelacolocamosasquetêmumamesmaidéia,quesejasimilar.Quandoterminamasidéiassimilaresdestacolunainiciamosoutracolunaou“nuvem”comoutratarjeta.
Oquartopassoédarumtítulo(oqueédenominado“Categorização”)oucolocarumcabe-çalhoacadaagrupamentodetarjetas,porquenessecasoéimportanteidentificarotemaqueosuneeoagrupamentoficarámaisclaroparaosparticipantes.Aoladodecadacoluna,oconsultordeverádeixarumespaçoparaposteriormentefixarnovastarjetas.
Emalgunscasospode-se inverteroprocesso,ouseja, jádirecionamosa tempestadedeidéiasafixandoostítulosoutemasquequeremosdiscutir.
2323 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
Oquintopassoédiscutirjuntoaogrupoaçõesparacadatópicoapresentado.Otítulodadoparaacolunadesugestões,passaaseroobjetivodonúcleonaqueletema.Oconsultorpodeanotaraaçãopropostapelogrupoouconvidarumoudoisparticipantesparaapoiá-lonestatarefa.Nopainelfinal,paracadaidéiaapresentadadeveexistirumaoumaisatividadescomoumprojeto,visitaaumafeira,campanhademarketing,campanhadenormatização,umaconfrater-nização,umcurso,umapalestra,etc.
Agora,cabeaogrupopriorizarasaçõesedistribuí-lasemumoudoisanos.É importan-teevitarumasimplesvotaçãoporquepodedeixarosparticipantes,cujaspropostasnãoforamaceitas,chateados.Oconsultordeveressaltarqueassoluçõeseproblemasnãopriorizadosserãotratadosfuturamenteequeasuadocumentaçãoseráfeita.
Nopróximopassodeveseelaborardeformaparticipativaoquadro5W2H(what,why,who,when,where,how,howmuchouoquê,porquê,quem,onde,quando,comoequantocusta)quedeverepresentaroresultadofinaldestatarefa.
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3.7. Utilização do Metaplan na elaboração da visão de futuro dos núcleos
OMetaplanéummeioenãoumfimemsimesmo.Omoderadordevesempreadaptá-loàssituaçõesdiversasdeseutrabalhoparasealcançarofimdesejado.
Notrabalhocomnúcleossetoriaisexistemsituaçõespré-definidasqueomoderadordeveconhecereseguir,queseencontramdescritasnomóduloI.Abaixo,abordamosousodoMeta-plannaelaboraçãodeumplanejamentoenadefiniçãodavisãodefuturo,resultadosesperados,aplicaçãodaanáliseFOFA,elaboraçãodeumplanodeaçãoecriaçãodeumaagendaanual.
3.7.1. Construção da visão de futuro compartilhada
Oconsultor iniciaotrabalho,criandoumcenáriofuturo,que remetaonúcleosetorialaumacondiçãodesucesso,apresentandoparaogrupooseguintecenário(fraseorientadora):
Hojenosencontramosem2008.Onúcleodevocêsfoieleitocomoomelhordopaís.EuestouaquinaminhafunçãocomotécnicodoMinistériodeDesenvolvimentoegostariadesaberduascoisas:
Comoseapresentamasempresasparticipanteshoje?
Ecomoseapresentaonúcleosetorialhoje?
Asduasperguntas-chave levamogrupoaumasituaçãodesucessoqueo fazdesenharumavisãodefuturo.Parafacilitaroprocesso,oconsultorforneceaosparticipantesalgunstó-picosqueservemdesubsídioparaaestruturaçãodasituaçãodesejada,tantoparaasempresasquantoparaonúcleosetorial,conformeaTabela:Tópicosparaadefiniçãodavisãode futurocompartilhada.Nãoénecessárioqueogrupodefinaresultadosparacadaumdostópicoscitados
2525 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
eoconsultornãoprecisaestimularogruponestesentido,senãocorreoriscodecriarumavisãodefuturodistorcida.
Aseparaçãoemaspectosrelativosàsempresas(internos)eaonúcleosetorial(externos)temcomoobjetivodefinirposteriormenteasaçõeseseusresponsáveis.Nocasodoambienteinternoéderesponsabilidadedonúcleosetorial,enocasodoambienteexternosãodonúcleosetorialedeseusparceiros,especialmentedaentidadeempresariallocal.
Apósaelaboraçãodasituaçãodesejadadeacordocomostópicos(osmesmosdevemtercaráterdemetaseindicadores),oconsultorconvidaogrupoparaodesafiodeformularapartirdestequadroumavisãodefuturocompartilhada,fazendoaseguintepergunta:
“Avaliandotodosospontosquenoslevantamos,comonospodemosexpressarestavisãodefuturoemumasófrase?”
Oresultadodesteexercíciodeveserbemdocumentadoedivulgado,servindocomonortedotrabalhodogrupoparaumprazode2a3anos.Comotérminodesteexercícioencerra-seaprimeirareuniãodonúcleosetorial,quenãodeveultrapassar2horasdeduração.
Recomenda-sequeoconsultor,aosepreparartecnicamenteparaaempreitada,realizeal-gumasconsultasinformaisaosempresáriosantesdareuniãoebusquesuportejuntoasuacoor-denaçãoestadual.
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3.7.2. Diagnóstico participativo do segmento
Oconsultorapresentaavisãodefuturoqueogrupodefiniunaúltimareuniãoeoquadroelaboradoquelevouaesteresultado.Istopermiteaosparticipantesdaprimeirareuniãofazumareflexãosobreoquejáfoifeito,eaosnovosparticipantesseintegraremaoprocesso.
Emseqüência,oconsultorrealizajuntoaogrupoumdiagnósticodasituaçãoatualdasem-presasdosegmento.Paratalfinalidade,eleutilizaoinstrumentodediagnósticoFOFA.
Oconsultor,previamente,deveráestruturarumconjuntodetarjetasqueorientemautili-zaçãodesteinstrumento.
Agorapodeseiniciaraelaboraçãodoplanodeação,quedescreveasatividadesoucon-juntodeatividades(projetos)necessáriasparamigrardasituaçãoatualdiagnosticadaàsituaçãodesejada(visãodefuturo).Parafacilitarestetrabalho,oconsultorsolicitaaosparticipantessuges-tõesdeatividadesdeacordocomcadatópicoquefoiutilizadonadefiniçãodavisãodefuturo.
Podeacontecerqueogrupolevanteumgrandenúmerodeatividadesaseremexecutadasquesuperaacapacidaderealdonúcleo.Paraevitaristo,oconsultordevefazerdeformaparti-cipativaumapriorizaçãodasaçõesmaisrelevantes.Porexperiência,recomenda-sequeototaldeatividadesaseremdesenvolvidasnãosupereonúmerode30ações.Asdemaisserãodevi-damentedocumentadaseservirãodeinsumoparaopróximoplanejamento.Apriorizaçãodasaçõeséaúltimatarefadestareunião.
3.7.2.1. A matriz FOFA (análise swot)
OFOFA–Forças,Oportunidades,FraquezaseAmeaças-éuminstrumentodeidentificaçãodeumasituaçãoatualeservedeapoioaoplanejamentoestratégico.Apalavraéumaportugue-samentodaexpressão,eminglês,normalmenteencontradanoslivrosdeadministraçãodenomi-nadaSWOT:Strenght(força),Weakness(franquezas),Opportunities,Threats(ameaças).
PormeiodaFOFApode-serelacionardeformametodológica,emumaplanilha,quaissãoasforças,asfraquezas,asoportunidadeseasameaçasquecircundamaorganização,ajudandonatomadadedecisõesparaomelhordesempenho.
OsquatroaspectosdoFOFAreferem-seaosabordadosnositensanteriores(diagnósticointernoeanálisesetorial)epodemservistossegundoduasdimensões.
internaeexterna–fatoresinternos(forçasefraquezas)quepodemsercontroladospelaorganização;eosfatoresexternos(oportunidadeseameaças)devemserapro-veitados(oportunidades),ouevitados(ameaças).
positivasenegativas-épositiva,oualavancadora,arelaçãoentreasforçaseasopor-tunidadesenegativa,ouproblemática,arelaçãoentreasameaçaseasfraquezas.Arelaçãoentreasforçaseasameaçaspodeindicarvulnerabilidadeeentreasfraquezas
2727 Módulo II - Moderação de Reuniões de Núcleos Setoriais
easoportunidades,limitações.
Paraavaliarasforçaseasfraquezas,deveseconsiderarasfunçõesempresariais(recursoshu-manos,finanças,marketing,produção,tecnologiadeinformação,pesquisaedesenvolvimento).
Umaforçaéalgoqueaempresafaçabemouqueconstituaumacaracterísticaqueaumen-teasuacompetitividade.
Umafraquezaéalgoquefaltaàempresa,queelaexecutemalouqueaponhaemdesvan-tagememrelaçãoàconcorrência.Asfraquezas,emgeral,sãojustamenteausênciadoselemen-tosquepoderiamserencontradosnasforças.
3.7.3. Detalhamento do plano de ação
Apósaapresentaçãodoresultadodaúltimareunião,oconsultorconvidaogrupoainiciaroprocessododetalhamentodoplanodeação.Emumprimeiropassoogrupodefinequaisasaçõesdeverãoserrealizadasnoanocorrente,asdemaisnãoprecisamserdetalhadasnaquelemomento.Paraaquelasatividadesdocorrenteano,odetalhamentodeveabordaraquaisresulta-dosestãovinculados;distribuiçãoderesponsabilidades,prazos,valoresefontesparaarealizaçãodasaçõesprevistas.Oconsultor,percebendoquenãoconseguirádetalhartodasasaçõesnestareunião,deveráinformaraogrupoanecessidadedeseterminarotrabalhonapróximareunião.
Após o detalhamento do plano de ação, o consultor deverá compilar as informações eencaminhá-lasacoordenaçãodoprojeto,aocomitêgestoreadiretoriadaentidadeparaqueacompanhemodesenvolvimentodostrabalhos.
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3.7.4. Agenda de atividades
Apartirdasinformaçõesdacoluna“Quando?”,doplanodeação,deveserelaboradaumaagendadetrabalhoparaorientaraatuaçãodoconsultoredonúcleo.
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4. A avaliação contínua do núcleo setorial
Finalmente,oquartopilar,aavaliaçãocontínuapressupõenãoocontroledosnúcleosse-toriais,massimoestímuloàmensuraçãodaevoluçãodonúcleoeacomunicação,identificandoatempoqualquertipodeinsatisfação,tantoemníveldeexpectativasecomportamentoscomotambémdosresultadosparciaisobtidoscomostrabalhos.
Aavaliaçãocontínua,damesmaformaqueodiagnóstico,fazousodo“pêndulo”paraefetu-arasanálisese,apartirdaíobterdadosmaisprecisosparaavaliaçãodaconsultoriagrupal.
Àmedidaqueotrabalhosedesenvolve,seconstróiumhistóricodonúcleoeseobtémin-formaçõessistematizadaseconsensuadaspelosparticipantesdogrupo,deve-se:
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5. Bibliografia
CACB, MANUAL EMPREENDER, Projeto Empreender passo a passo. Brasília: 2003
DOHLE, Andreas e BARBOSA, Gilmar. Apostila Boas práticas de trabalho com núcleos setoriais . Belo Horizonte, 2003.
CENTRO CAPE, Manual programa modular de consultoria grupal – Vol. 1 e Vol. 2. Belo Horizonte: 2000.