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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.11, n.1, p.1-60, março 1998

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412 a 14

1448 a 50

5060

Agribusiness ..............................................................................

Novidades de Mercado ..................................................................Flashes ................................................................................

Lançamentos Editoriais .................................................................Registro ...............................................................................

Pesquisa em Andamento ...............................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

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52

T e c n o l o g i a

Novas cultivares de cebola para Santa Catarina

Artigo de Carlos Luiz Gandin, Lucio Francisco Thomazelli,Arno Alex Zimmermann Filho, Joseli Stradioto Neto,

Sérgio Omar de Oliveira, Valderis Rosset,José Biasi, Alseny Garcia, João Afonso Zanini Neto

e João Favorito Debarba ........................................................................................

Produtividade de cultivares de cana-de-açúcarno Oeste de Santa Catarina

Artigo de Rubson Rocha, Mário Miranda, Paulo Gondim e Aido Ortolan ............

Variabilidade em plantas jovens de aceroleiraspropagadas por semente

Artigo de Ruy Inacio Neiva de Carvalho ................................................................

Suscetibilidade de clones de batata-doce a insetos de soloArtigo de Paulo Antonio de Souza Gonçalves ......................................................

Acondroplasia em bovinos (relato de caso)

Artigo de Sérgio Augusto Ferreira de Quadros, José Antônio Ribas Ribeiro,Paulo Fernando Dias, Alexandre Guilherme Lenzi de Oliveira

e Cicero Teófilo Berton .........................................................................................

Produtividade, qualidade e lucro em função de espaçamentos deplantio e pesos de bulbilhos-sementes de alho

Artigo de Siegfried Mueller, Carlos Leomar Kreuz e Marcia Mondardo ................

R e p o r t a g e m

Combatendo as agressões ao meio ambiente:dez anos de pesquisas e tecnologias

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

Agricultura Familiar em dez anosReportagem de Homero M. Franco ..................................................................

23 a 37

39 a 42

O p i n i ã o

Ano 10: o sucesso vem da baseEditorial ..................................................................................................................

O III Encontro de Sistemas e as mudanças na agricultura

Artigo de Sérgio Leite Guimarães Pinheiro .............................................................

Suinocultura catarinense: impacto econômico x impacto ambientalArtigo de Ivone Lopes Tumelero ............................................................................

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Há dez anos foi editado o primeiro número darevista Agropecuária Catarinense. Na abertura

desta edição, a quadragésima primeira, duasmenções são obrigatórias: o agradecimento a

todos os leitores e colaboradores, sem os quaiseste feito não se concretizaria, e o compromissoda Epagri, como geradora e difusora de tecnolo-

gias agrícolas e como editora, de insistir nabusca da eficiência tecnológica e da qualidade

editorial.Assim, iniciamos uma nova década na certe-

za de contar com seu apoio, amigo leitor, e na

esperança de poder atendê-lo sempre e cada vezmelhor.

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

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2 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Antônio Amaury Silva Júnior, Edison Gomes de Freitas,Eduardo Rodrigues Hickel, João Afonso Zanini Neto, JoséRivadavia Junqueira Teixeira, Osvaldo Carlos Rockenbach,Osvino Leonardo Koller, Renato Arcangelo Pegoraro, ValmirJosé Vizzotto, Vera Talita Machado Cardoso

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Souza,Mariza T. Martins

CAPA: Osni Pereira

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

COLABORAÇÃO ESPECIAL: Tânia Maria Corrêa Bianchini

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO : Ivete Ana de Oliveira, MirnaBianchini Vali e Zulma Maria Vasco Amorim - GMC/Epagri, C.P.502, Fones (048) 334-1344 e 334-0066, Ramais 245 e 243,Fax (048) 334-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - Fone (048)334-0066, Ramal 263 - Fax (048) 334-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566- Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051)221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1998- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE MARÇO DE 1998

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Epagri- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, Fones (048) 334-1344 e 334-0066, Fax(048) 334-1024, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina,Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Dorvalino Furtado Filho, Editor--Técnico: Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assistentes:Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Dorvalino Furtado FilhoSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Carlos Luiz Gandin,Roger Delmar Flesch

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

Ano 10: o sucesso vem da baseAno 10: o sucesso vem da baseAno 10: o sucesso vem da baseAno 10: o sucesso vem da baseAno 10: o sucesso vem da baseO trinômio conhecimento, tecnolo-

gia e extensão, que se constitui na mis-são da Epagri, tem sua base no alto nívelde capacitação dos seus recursos huma-nos.

Preservar o meio ambiente, elevar aqualidade de vida e desenvolver umaagricultura competitiva são os grandesdesafios que a Epagri se propõe a en-frentar neste final de milênio, visandopromover o desenvolvimento susten-tável dos meios rural e pesqueiro, embenefício de toda a sociedade cata-rinense.

Para atingir esses objetivos, a Epagritem aplicado uma política arrojada dedesenvolvimento de recursos humanos,por entender que investir em geração edifusão de tecnologia é, antes de tudo,investir em pessoas.

Nesse sentido, pode-se afirmar queo Estado de Santa Catarina tem a suadisposição um capital intelectual de altonível, composto por profissionais capa-citados nas mais diversas áreasrequeridas para a promoção do desen-volvimento rural, com vistas a assegu-rar o atendimento das demandas dasociedade catarinense nos seus 293 mu-nicípios.

A permanente atualização de conhe-cimentos desses profissionais assumeespecial importância para manutençãoe o aprimoramento do nível dos serviçosprestados pela Empresa.

Dentre os programas de capacitaçãoda Epagri destaca-se, pelo alto retornoà sociedade e custo zero para o Governodo Estado, o Programa de Capacitação

Contínua no Exterior, o qual tem por obje-tivo motivar e viabilizar o aperfeiçoamen-to de seus técnicos, por meio de participa-ção em eventos de curta duração (congres-sos, estágios, viagens técnicas, etc.) reali-zados em instituições e países detentoresde tecnologia avançada em áreas de com-provado interesse para a agriculturacatarinense. A aplicabilidade dos conheci-mentos adquiridos nesses treinamentosvai desde o lançamento de cultivares maisresistentes e produtivas até o repasse detecnologias diretamente ao agricultor, pormeio do Programa de Profissionalizaçãode Agricultores.

No ano de 1997, as participações detécnicos da Epagri em treinamentos noexterior atingiram um total de 60, distri-buídas em 44 eventos, contra 46 participa-ções distribuídas em 33 eventos em 1996,o que representa um aumento de 23% emrelação ao ano anterior.

As áreas em que os profissionais daEmpresa foram capacitados no exterior,em 1997, foram horticultura (fruticultura,hortaliças e floricultura), desenvolvimen-to rural, aqüicultura, extensão rural, meioambiente, saneamento ambiental,rizicultura, bovinocultura, educação/for-mação profissional, solos/microbacias,entomologia, recursos hídricos, estatísti-ca, vitivinicultura. Já os treinamentos fo-ram realizados em países tais como: Ale-manha, Estados Unidos, Chile, Cuba,Tailândia, Espanha, Argentina,Venezuela, Japão, Itália, França, México,Israel, Colômbia, Canadá, Uruguai, Cos-ta Rica, além de consultorias prestadaspor técnicos da Epagri à FAO, na Nigéria

e na Costa Rica.Importante é salientar que as despe-

sas decorrentes dessas participações emeventos no exterior são integralmentecobertas por outras instituições (nacio-nais e internacionais), cabendo destacarGTZ (Agência Alemã de Cooperação Téc-nica), JICA (Agência Japonesa de Coo-peração Internacional), FAO (Food andAgriculture Organization), ONU (Orga-nização das Nações Unidas), INTA (Ins-tituto Nacional de Tecnologia da Argen-tina), Governo de Israel, Governo da Ar-gentina, Governo do Uruguai, associa-ções de produtores, CNPq (ConselhoNacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico), FIESC (Federação dasIndústrias do Estado de Santa Catari-na), MA (Ministério da Agricultura), pre-feituras municipais e, por vezes, dos pró-prios participantes.

A contribuição e o apoio dessas insti-tuições têm sido decisivos para acapacitação do quadro funcional daEpagri e constituem-se em clara demons-tração de reconhecimento, por parte deinstituições nacionais e estrangeiras, aostrabalhos conduzidos pela Empresa e aoalto nível de capacitação técnica de seusprofissionais.

Estas informações podem não ser dointeresse direto de nossos leitores, masforam aqui colocadas com o propósito deesclarecer que são estes profissionaisque geram a matéria-prima desta revis-ta. E também porque certamente istoexplica os dez anos de circulação e desucesso editorial que estamos comemo-rando.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 3

AGRIBUSINESS

Nova AméricaNova AméricaNova AméricaNova AméricaNova Américalança novoslança novoslança novoslança novoslança novos

sucos e açúcarsucos e açúcarsucos e açúcarsucos e açúcarsucos e açúcarlíquidolíquidolíquidolíquidolíquido

mente na propriedade. O ob-jetivo é irrigar o máximo deárea possível.

Diferente dos processostradicionais de irrigação - quepressurizam a água por meiode uma única tomada com mo-tores de grande potência e,conseqüentemente, com mai-or consumo de energia -, o pla-no de racionalização da irri-gação da Embrapa possibili-ta que as plantações sejamirrigadas de forma eficiente,mas com consumo de energiaaté 40% menor.

A economia é proporciona-da pela setorização de áreasagrícolas dentro da proprie-dade, permitindo escalonar as

Monsanto adquire controle daMonsanto adquire controle daMonsanto adquire controle daMonsanto adquire controle daMonsanto adquire controle daAgroceres, a maior empresa deAgroceres, a maior empresa deAgroceres, a maior empresa deAgroceres, a maior empresa deAgroceres, a maior empresa de

sementes de milho do Brasilsementes de milho do Brasilsementes de milho do Brasilsementes de milho do Brasilsementes de milho do Brasil

A Monsanto acaba deanunciar a aquisição do con-trole acionário da SementesAgroceres S.A., empresa quelidera o segmento de semen-tes de milho no Brasil.

Fundada em 1945, aAgroceres detém aproximada-mente 30% de participação nomercado brasileiro de semen-tes de milho, hoje o quartomaior no mundo. A empresatambém é líder em sorgo esementes de vegetais, alémde ter uma base muito forteem germoplasma tropical esubtropical.

“A compra da Agroceres éuma importante contribuiçãopara a nossa posição mundialem sementes”, afirmaHendrik A. Verfaillie, presi-dente da Monsanto Company.“Ela fortalece nossa presençano Brasil, um mercado-chavenesta área, e assegura o po-tencial para vendas futurasem outros países. Sentimo--nos orgulhosos com esta as-sociação com uma empresalíder em uma tecnologia tãoimportante para a atividadeagrícola”, comenta.

“Com esta aquisição, a

Monsanto passa a liderar o se-tor de sementes de milho noBrasil”, explica AntônioQueiroz, presidente da empre-sa em nosso país. “Este negócionos dá melhores condições detrazer aos agricultores brasi-leiros os avanços feitos por nos-sa empresa na área debiotecnologia - os quais contri-buirão para aumentar acompetitividade da agricultu-ra como um todo e, por conse-qüência, do potencial de expor-tação do país”, completa.

Os negócios da Agroceres naárea genética e de nutrição ani-mal não fazem parte desta ne-gociação e continuarão sendogeridos pela atual administra-ção.

Voltada ao aprimoramentoda qualidade dos alimentos eda saúde, a Monsanto lidera osetor de ciências da vida emtodo o mundo. A empresa tam-bém tem posição de destaqueno emergente segmento debiotecnologia agrícola e no de-senvolvimento e marketing degrãos e alimentos melhorados.

Contatos pelo Fone (011)536-0446 ou Fax (011)536-3543.

A Nova América, um dosmaiores grupos de agri-business do país, está inves-tindo US$ 5,5 milhões no lan-çamento do açúcar líquido e naampliação da linha de suco delaranja natural e chá emcaixinha.

Depois de conquistar omercado de sucos de laranjacom o Top Fruit - primeiro suco100% natural em embalagemlonga vida de 1 litro - o grupoestá lançando o Top Fruit Mini,em embalagem de 250ml, oTop Fruit Ice, conservado emgeladeira e o bag in box, emba-lagem de 10 litros, para serservido em copo.

A indústria de sucos estáinstalada no centro do pomarde 900 mil árvores do grupo,localizada na cidade de SantaCruz do Rio Pardo, interior deSão Paulo.

Além da nova versão de su-cos, a Nova América tambémamplia sua linha de chá mate,colocando no mercado o TopTea 250ml, chá mate em em-balagem longa vida e 250ml,nos sabores pêssego e limão.A empresa pretende aumen-tar a produção atual de 40 millitros para 70 mil nos próxi-mos seis meses, investindopara isto US$ 3 milhões, sen-do US$ 700 mil somente emmarketing.

Segundo o diretor comer-cial da Nova América, Sebas-tião Aizo, os lançamentosfazem parte de uma estraté-gia de aproveitamento daatual rede de distribuição.“Pretendemos ampliar nossomercado, abrangendo lan-chonetes, “fast-food”, super-mercados, hotéis, restauran-tes, lojas de conveniência eoutros estabelecimentos co-merciais”, afirma Aizo. Os no-vos produtos serão comer-cializados nas regiões Centro--Sul do país.

Açúcar líquido

Depois de alcançar a ter-ceira posição no ranking dosmaiores produtores de açúcarrefinado do país, o grupo estáinvestindo cerca de US$ 3milhões no desenvolvimentode sua marca de açúcar líqui-do, disponível no mercado nofinal de outubro, com produ-ção inicial de 2.500t/mês.

O produto será utilizadopor indústrias de bebidas ealimentos, simplificando otrabalho de produção de bis-coitos, sorvetes, geléias, su-cos concentrados, iogurtes erefrigerantes. “Com o açúcarlíquido, as empresas elimi-nam o processo de xaroparia,que transforma o açúcar cris-tal em líquido, permitindo queo cliente se concentre em suaatividade final”, diz Aizo.

Contatos pelo Fone (011)3061-9596.

Texto de Patrícia Marins.

Irrigação podeIrrigação podeIrrigação podeIrrigação podeIrrigação podegastar menosgastar menosgastar menosgastar menosgastar menos

energiaenergiaenergiaenergiaenergia

operações agrícolas, o que tor-na o sistema mais eficiente ecompetitivo.

O sistema já está sendo im-plantado em algumas proprie-dades rurais, em parceria comprefeituras, Secretaria de Es-tado da Agricultura, Pecuária eAbastecimento de Minas Ge-rais, Secretaria de RecursosHídricos do Ministério do MeioAmbiente e Amazônia Legal eCEMIG.

Mais informações contatarcom a Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, MG, pesquisadorLuciano Cordoval de Barros,Fone: (031) 773-5644.

Texto da jornalista SandraZambudio.

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -Embrapa, vinculada ao Mi-nistério da Agricultura eAbastecimento, tem uma no-vidade para os produtores queutilizam irrigação em suasplantações: um plano que pos-sibilita o uso de energiamonofásica em projetos dequalquer dimensão, benefi-ciando regiões que não pos-suem energia trifásica.

O plano vem de Minas Ge-rais (Embrapa Milho e Sorgo),onde um novo método de utili-zação de mananciais reduziusignificativamente os gastoscom energia elétrica. Trata--se da racionalização da irri-gação através de reservató-rios dispersos na proprieda-de. Esse plano consiste na uti-lização de um reservatóriomestre, de onde a água vaiabastecer outros reservató-rios localizados estrategica-

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NOVIDADESDE MERCADO

Herbicidas lideram vendasHerbicidas lideram vendasHerbicidas lideram vendasHerbicidas lideram vendasHerbicidas lideram vendasde defensivosde defensivosde defensivosde defensivosde defensivos

responsáveis os hortifrutigran-jeiros, batata e café; para osherbicidas e inseticidas, as cultu-ras da soja e do algodão foram asmais importantes; o crescimentonos acaricidas deve-se à pequena

Comportamento do mercado de produtos fitossanitários -setembro/97

Valor em US$ 1.000 - Cash

Classe Set./96 Set./97 97/96 Jan.- Jan.- 97/96

(%) -set./96 -set./97 (%)

Herbicidas 146.041 179.096 22,6 520.675 672.768 29,2

Fungicidas 32.713 45.049 37,7 187.666 250.866 33,7

Inseticidas 42.353 52.244 23,4 192.574 254.727 32,3

Acaricidas 8.666 9.429 8,8 61.111 57.669 (-5,6)

Outros(A) 2.947 5.929 101,2 29.642 42.020 41,8

Total 232.720 291.747 25,4 991.668 1.278.050 28,9

(A) Antibrotantes, reguladores de crescimento, espalhantes ade-sivos.

Novo umidostato melhora qualidadeNovo umidostato melhora qualidadeNovo umidostato melhora qualidadeNovo umidostato melhora qualidadeNovo umidostato melhora qualidadeda frutada frutada frutada frutada fruta

A empresa AGRIONIC aca-ba de lançar no mercado umnovo sistema que controla auto-maticamente a umidade relati-va do ar em câmaras frias, me-lhorando as condições de arma-zenagem de frutas como bana-na e mamão.

O sistema chamadoUmidostato Eletrônico é de bai-xo custo e garante a qualidadedas frutas por meio do controleexato da umidade relativa do arno interior da câmara fria. Ossistemas de refrigeração nor-malmente retiram muita umi-dade do ar causando a secagemda fruta, o que resulta em perdade peso e qualidade. OUmidostato Eletrônico resolveo problema acionando automa-ticamente um sistema de

umidificação no interior da câ-mara fria que repõe a umidadedo ar até atingir o nível idealdesejado, normalmente entre 85e 95%. O sistema funciona liga-do em 110/220V ou bateria 12Ve é fornecido completo em for-ma de kit com diversos acessó-rios e um manual de instruções

detalhado para facilitar a instala-ção em qualquer local. AAGRIONIC também fornece sis-temas completos e de fácil instala-ção para umidificação de câmarasfrias. O principal benefício do sis-tema já comprovado nas primei-ras instalações é uma grandemelhora na qualidade da fruta emtermos de cor, textura e vida deprateleira no comércio. O resulta-do prático é uma fruta que chegaao ponto de venda com cores maisvivas, mais qualidade e maior acei-tação pelo consumidor.

A precisão do Umidostato Ele-trônico é assegurada por um novosensor eletrônico aspirado desen-volvido pela AGRIONIC para tra-balhar em condições de baixa tem-peratura e alta umidade do ar. Opainel de controle pode ser insta-

lado até 500m distantedo sensor e indica a tem-peratura e umidade re-lativa do ar no interiorda câmara fria permitin-do o acompanhamentodas condições de conser-vação da fruta. Um bo-tão grande facilita o ajus-te do nível de umidadedesejado entre 60 e 96%,enquanto um sinal lu-minoso indica quando osistema de umidificaçãoestá ligado. O novo pro-duto atende as necessi-

dades de produtores, atacadistase supermercados na conservaçãode frutas e outros produtos sensí-veis à falta de umidade, como flo-res cortadas e verduras. Maioresinformações podem ser obtidasdiretamente no fabricanteAGRIONIC, Fone/Fax (051)332-0350.

Com uma participação aci-ma de 60% no total das vendasno mês de setembro, e mais de50% no acumulado do ano, osherbicidas continuam confir-mando as expectativas de negó-cios com produtos fitossanitários,que deverão atingir 2 bilhões dedólares no ano de 97. No balançomensal destacaram-se percen-

tualmente os fungicidas, fechan-do com 37,7% de crescimento emrelação ao mesmo período de 96.

“No balanço realizado pelasempresas associadas à Associa-ção Nacional de Defesa Vegetal -ANDEF, algumas culturas apre-sentaram demanda mais signifi-cativa de defensivos. No caso dosfungicidas, por exemplo, foram

recuperação no mercado decitros”, afirma Cristiano WalterSimon, presidente executivo daANDEF.

Texto do jornalista RobertoBarreto, Fone (011) 881-5033.

Criadores de ovinos e caprinos terãoCriadores de ovinos e caprinos terãoCriadores de ovinos e caprinos terãoCriadores de ovinos e caprinos terãoCriadores de ovinos e caprinos terãodetector de prenhez de baixo custodetector de prenhez de baixo custodetector de prenhez de baixo custodetector de prenhez de baixo custodetector de prenhez de baixo custo

A Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária - Embrapa,vinculada ao Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, estálançando um detector de prenhezpor ultra-som para cabras e ove-lhas. Produzido a pedido de cria-dores paulistas, é eletrônico eopera com seis pilhas comuns. Oaparelho será um instrumentofundamental para melhorar aprodutividade do sistema de cria-ção, beneficiando em especial ospequenos criadores.

O aparelho da Embrapa, alémde facilitar o planejamento daparição, também facilita a trans-ferência de embriões, especial-mente por identificar a prenheznas fêmeas receptoras. Os méto-dos mais comuns como a apalpa-ção e laparoscopia são onerosos e,em alguns casos, não permitemsaber se o feto está vivo.Diagnosticada a prenhez com oaparelho da Embrapa, o produtorpoderá dar tratamento diferenci-ado aos animais.

Clóvis Biscegli explica que o

aparelho está em fase de regis-tro junto ao Instituto Nacionalde Propriedade Industrial e quehá empresas interessadas emfazer parceria com a Embrapapara fabricação e comer-cialização. Apenas em São Pau-lo, existem 52 associações decriadores de ovinos e caprinos.O aparelho estará disponível paracomercialização no final destesemestre.

O pesquisador da Embrapajá havia desenvolvido detectorde prenhez para bovinos eeqüinos. Foram vendidas maisde 3 mil unidades desse apare-lho. No caso do novo detector deprenhez, Clóvis Biscegli destacacomo importante o custo, cercade 30% dos similares. “Isto faci-lita seu acesso a agricultoresfamiliares, que, em grande par-te, utilizam a criação de ovinos ecaprinos como importante fontede renda”, avalia.

Texto do jornalista JorgeDuarte. Mais informações peloFone (016) 274-2477.

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Melhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebola

Novas cultivares de cebola para Santa CatarinaNovas cultivares de cebola para Santa CatarinaNovas cultivares de cebola para Santa CatarinaNovas cultivares de cebola para Santa CatarinaNovas cultivares de cebola para Santa Catarina

Carlos Luiz Gandin, Lucio Francisco Thomazelli, Arno Alex Zimmermann Filho,Joseli Stradioto Neto, Sérgio Omar de Oliveira, Valderis Rosset,

José Biasi, Alseny Garcia, João Afonso Zanini Netoe João Favorito Debarba

A importância social eeconômica da cebola

A produção mundial de cebola, se-gundo dados da FAO, nos últimosanos foi de 27 milhões a 32,5 milhõesde toneladas/ano, variando conformeárea de cultivo, a qual se situa entre1,8 e 1,9 milhões de hectares/ano. Osmaiores produtores mundiais têm sidoos países do continente asiático, prin-cipalmente China, Índia e ex-UniãoSoviética, que respondem por mais de30% da oferta mundial.

No Brasil a cebola está situadaentre as três principais hortaliças cul-tivadas (batata, cebola e tomate), tan-to pelo volume produzido como pelarenda gerada, sendo plantada comer-cialmente desde a região Sul até oNordeste. Nesta distribuição geográ-fica destacam-se como grandes produ-tores: Santa Catarina, Rio Grande doSul, São Paulo, Paraná, Bahia ePernambuco.

Santa Catarina detém desde 1985a maior área plantada com cebola doBrasil. Esta expansão de área no Esta-do está ligada aos seguintes fatores:

• investimentos na assistência téc-nica, extensão rural e pesquisaagropecuária, por parte do governoestadual;

• maior densidade econômica dacultura comparada com as demaisatividades agrícolas;

• localização geográfica mais pró-xima dos centros consumidores, emrelação ao Rio Grande do Sul, que naépoca era o principal produtor da re-gião Sul;

• cultivares crioulas de boa aceita-ção no mercado e com boa capacidadede conservação no armazenamento;

• infra-estrutura de armazenageminstalada na região produtora;

• infra-estrutura viária do Estado,que permite escoamento da safra comfacilidade.

A cebola é cultivada em quase to-dos os municípios do Estado, concen-trando-se nas microrregiões deItuporanga, Rio do Sul e Tabuleiro,que apresentam aproximadamente76% da área plantada e que têm res-pondido por mais de 85% da produçãoobtida anualmente em Santa Catari-na.

Na região Sul e Sudeste do Brasila cebolicultura constitui-se em ativi-dade socioeconômica de significativarelevância para os Estados de SãoPaulo, Santa Catarina e Rio Grandedo Sul, nos quais se concentra mais de76% da produção nacional. Esta ativi-dade também contribui de maneiramarcante para a geração de empregose fixação do homem ao meio rural.Esta cultura está presente em aproxi-madamente 15 mil propriedades ru-rais catarinenses, que a tem comoprincipal atividade econômica, fazen-do com que em Santa Catarina ela sedestaque como a principal ocupaçãohortícola, tanto em termos de área deplantio como também em volume ob-tido ou em valor bruto de produção.

Outra característica marcante dacebolicultura catarinense diz respeitoà forma como esta atividade é desen-volvida, geralmente em regime deeconomia familiar. Nos períodos demaior concentração de trabalho, ca-racterizados pelo transplante e co-lheita, eventualmente são tambémcontratados serviços de terceiros. Atu-almente, para a produção de 1ha decebola são necessários 120 dias/ho-mem, demonstrando ser esta umacultura de grande utilização de mão--de-obra, e conseqüentemente tam-bém de grande importância social e

econômica, por gerar empregos nomeio rural, impulsionando a econo-mia dos municípios da região produto-ra e do Estado.

A integração econômica dos paísesque formam o Mercosul (Argentina,Brasil, Paraguai e Uruguai) afetou asrelações comerciais entre estes paí-ses, especialmente na área agrícola.No Brasil os efeitos da competição nosetor agrícola estão sendo fortementesentidos nos Estados do Sul, por pos-suírem uma base econômicaalicerçada no setor primário, cuja es-tação de produção coincide com a des-tes países. No caso específico da cebo-la, a Argentina vem, desde o final dadécada passada, apresentando gran-des vantagens comparativas, devidoao clima mais adequado para o cultivoe armazenamento, e à disponibilidadeda cultivar Sintética 14, cujas caracte-rísticas do bulbo atendem às exigênci-as do mercado consumidor internaci-onal. Como conseqüência a Argentinavem exportando grandes quantidadesde cebola para o Brasil, conquistandoo mercado consumidor brasileiro edesestruturando todo o setor produti-vo.

Observando-se as populações cri-oulas de cebola cultivadas pelos pro-dutores do Alto Vale do Itajaí emSanta Catarina, foi possível constatarque a variabilidade genética sempreesteve presente em grande escalaneste germoplasma, principalmentepara os caracteres de qualidade queatendem aos interesses do Mercosul(1 e 2). O atributo qualidade é funda-mental quando se trata decompetitividade econômica, e em ce-bola normalmente está associado àuniformidade dos bulbos em relaçãoao tamanho, formato, cor, sabor, fir-meza e integridade da película exter-#

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6 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Melhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebola

na, sanidade, ausência de brotação eenraizamento, e embalagem em al-guns casos. Assim a grande alternati-va que se apresentou para acebolicultura catarinense foi melho-rar a qualidade e a produtividade, oque foi iniciado pelo melhoramentogenético, com o desenvolvimento denovas cultivares adaptadas às condi-ções de cultivo do Estado.

Metodologia de pesquisautilizada no melhoramentogenético

O projeto de pesquisa foi desenvol-vido na Estação Experimental deItuporanga, pertencente à Epagri, lo-calizada a 27o de Latitude Sul.

A condução e o desenvolvimentodas ações de pesquisa deste projetoseguiram os princípios do melhora-mento genético (3 e 4), respeitando anatureza e a estrutura do germoplas-ma disponível, e as práticas culturaisque regem o comportamento da cebo-la no Estado de Santa Catarina (5).

O conhecimento da herança e dosmecanismos genéticos quecondicionam os caracteres de impor-tância agronômica, principalmente dosque satisfazem aos produtores e queatendem aos consumidores, foramconsiderados diretamente nas açõesde pesquisa, tanto na decisão quantoaos genótipos que foram utilizadoscomo também na metodologia e es-tratégias delineadas no desenvolvi-mento do projeto (6).

A produção de sementes dosgenótipos selecionados a cada ciclo,na fase reprodutiva, foi realizada noPlanalto Catarinense, principalmen-te nas Estações Experimentais deCaçador e Lages, tendo em vista asexcelentes condições climáticas lápredisponentes (7). A semente obtidaa cada ciclo foi utilizada para darcontinuidade aos ciclos subseqüentesde melhoramento genético e paraavaliação periódica do desempenhodo germoplasma.

Com as mudanças nas freqüênciasgênicas das características dosgenótipos melhorados, estes assumi-ram nova identidade genética e de-ram origem às seguintes cultivares:

• Ciclo médio - EPAGRI 362-Criou-

la Alto Vale.• Ciclo precoce - EPAGRI 363-

Superprecoce.

Obtenção da cultivar EPAGRI362-Crioula Alto Vale

Este experimento foi iniciado em1991 e conduzido através do melhora-mento genético de populações criou-las de cebola, de forma a se obter umacultivar de cebola crioula, de ciclomédio, com alto potencial genético,permitindo que a ceboliculturacatarinense pudesse competir noMercosul, tanto em termos de eficiên-cia agronômica na produção como tam-bém na qualidade dos bulboscomercializados.

Com o advento do Mercosul, aspopulações crioulas cultivadas na re-gião, que apresentam diversidadesmultivariadas na apresentação comer-cial, deixaram de atender aos consu-midores, que passaram a dispor decebola importada, de aspecto comer-cial superior, principalmente com pa-drão de formato e coloração uniforme.Desta forma, o melhoramento genéti-co destas populações, através da sele-ção, hibridação e recombinação, foidesenvolvido a partir de cinco popula-ções superiores coletadas na região,visando a obtenção de uma cultivar dealto rendimento de bulbos, adaptadaao sistema de armazenamento vigen-te na região produtora, com uniformi-dade, formato arredondado, coloraçãovermelho-escura, com boa firmeza eretenção das escamas, além das de-mais características requeridas pelomercado consumidor.

Como resultado do melhoramentogenético, foi obtida a cultivar EPAGRI362-Crioula Alto Vale, adaptada àscondições de cultivo e armazenamentoda região ceboleira do Estado, capazde atender os interesses do produtore, acima de tudo, satisfazer as exigên-cias do consumidor, de acordo com asnormas e padrões internacionais.

Obtenção da cultivar EPAGRI363-Superprecoce

Até o momento, o germoplasmautilizado pelos produtores de cebolavinha sendo constituído principalmen-

te de populações crioulas, de ciclomédio, originárias e cultivadas hádécadas no Estado, além das cultiva-res recomendadas pela pesquisaagropecuária. No entanto, com a cres-cente necessidade de ampliar o perío-do de colheita e comercialização, hou-ve necessidade de obter-se cultivaresmais precoces que as atuais, de formaque as regiões litorâneas pudessemantecipar a época de plantio utilizan-do uma cultivar adequada e preser-vando a eficiência da cebolicultura e aqualidade dos bulbos colhidos.

Dentre o germoplasma promissorpara este experimento, foram utiliza-das quatro populações precoces, origi-nárias da cultivar Baia Periforme, e otrabalho de melhoramento genéticopara a precocidade começou no inícioda década de 80 na Embrapa/CPACTem Pelotas, RS e foi continuado, des-de 1986, na Epagri.

Foram realizadas seleções anuaisdos genótipos que apresentaram pre-cocidade e os bulbos selecionados fo-ram recombinados em campos isola-dos de polinização aberta para produ-ção da semente e continuidade domelhoramento genético, até que coma mudança nas freqüências gênicassurgiu a cultivar EPAGRI 363-Superprecoce.

Características das novascultivares e seu potencialno Mercosul

O melhoramento genético destaspopulações foi desenvolvido visandouniformizar a coloração dos bulbos,fixar o formato arredondado, reduziro florescimento prematuro, aumen-tar a capacidade de conservação noarmazenamento, melhorar a reten-ção de escamas e a firmeza dos bulbose fixar o ciclo. A ampla variabilidadegenética existente nestas populaçõespermitiu selecionar e fixar as caracte-rísticas desejáveis.

A manifestação do potencial dasnovas cultivares varia com a mudan-ça dos ambientes em que são cultiva-dos, como conseqüência das interaçõesentre genótipos e ambientes, pelo fatode que os efeitos genotípicos são de-pendentes dos efeitos ambientais e datecnologia utilizada, e por isso os

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 7

genótipos nem sempre revelam umdesempenho satisfatório em todos osambientes. Desta forma é recomen-dável utilizar a cultivar EPAGRI 362-Crioula Alto Vale na região tradicio-nalmente produtora de cebola e aEPAGRI 363-Superprecoce na regiãolitorânea ou em regiões de clima maisquente.

As características destas cultiva-res estão resumidamente apresenta-das na Tabela 1, onde é possível obser-var que nas condições em que foirealizado o melhoramento genético,estas cultivares de cebola apresen-tam potencial genético para alta pro-dução e conservação de bulbos, óti-mas características qualitativas parao mercado e produção de semente. Noentanto, para que todo este potencialseja expresso, é preciso que seja utili-zada a tecnologia adequada de produ-ção, conforme recomendações do Sis-tema de Produção para a Cebola (5).

Com a implantação do Mercosul, oqual estabeleceu a livre circulação debens, serviços e fatores produtivosentre os países do Cone Sul, a cultivarCrioula se apresenta como capaz deproporcionar uma competitividadeinternacional à cebolicultura ca-tarinense, desde que seja cultivada earmazenada de acordo com as reco-mendações técnicas preconizadas pela

pesquisa agropecuária. Desta formaserá possível satisfazer com eficiênciaas normas e padrões internacionaisde comércio estabelecidos peloMercosul, de modo a preservar acompetitividade desta atividade nomeio rural de Santa Catarina, au-mentando a renda das 15 mil famíliasprodutoras e gerando empregos paratoda a sociedade, tanto no meio ruralcomo no urbano, contribuindo assimpara o desenvolvimento da economiabrasileira.

Agradecimentos

Agradecimento especial é dedica-do às famílias dos produtores ruraisque forneceram o germoplasma paramelhoramento das populações criou-las, principalmente Anisio Forster,Celso Klauber, Gilmar Gonçalves,Alfredo Hasse e Nilson Scheidt, bemcomo aos que participaram deste tra-balho de pesquisa e da difusão dastecnologias geradas, dentre tantosoutros.

Literatura citada

1. GANDIN, C.L.; THOMAZELLI, L.F.; GUI-MARÃES, D.R. Improved onioncultivars for Santa Catarina State,South Brazil, Onion Newsletter for theTropics, Kent, n.4, p.22-24, 1992.

2. SILVA, E; GANDIN, C.L.; DEBARBA, J.F.Onion production for export in SantaCatarina State, South Brazil. OnionNewsletter for the Tropics, Kent, n.4,p.16-18, 1992.

3. ALLARD, R.W. Principles of plant breeding.3.ed. New York: John Willey, 1968.381p.

4. WELSH, J.R. Fundamentals of plantgenetics and breeding. New York: JohnWilley, 1981. 290p.

5. EMPASC/EMATER-SC/ACARESC. Siste-ma de produção para cebola (2a revi-são). Florianópolis: 1990. 51p.(EMPASC/ACARESC. Sistemas deProdução, 16).

6. JONES, H.A.; MANN, L.H. Onion andtheir allies. New York: Interscience,1963. 283p.

7. MÜLLER, J.J.A.; CASALI, V.W.D. Produ-ção de sementes de cebola. Florianópo-lis: EMPASC, 1982. 64p. (EMPASC.Boletim Técnico, 16).

Carlos Luiz Gandin, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 3.141-D, CREA-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Ituporanga, C.P. 121, Fone(047) 833-1409, Fax (047) 833-1364, 88400-000 Ituporanga, SC, E-mail: [email protected]; Lucio Francisco Thomazelli, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 3.822-D, CREA-PR,Epagri/Estação Experimental de Ituporanga,C.P. 121, Fone (047) 833-1409, Fax (047) 833-1364, 88400-000 Ituporanga, SC, E-mail:[email protected]; Arno AlexZimmermann Filho, eng. agr., Cart. Prof.32.500-1, CREA-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Ituporanga, C.P. 121, Fone (047)833-1409, Fax (047) 833-1364, 88400-000Ituporanga, SC, E-mail: [email protected]; Joseli Stradioto Neto, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 6.462-D, CREA-SC, Epagri/Esta-ção Experimental de Lages, C.P. 181, Fone(049) 224-4400, Fax (049) 222-1957, 88502-970 Lages, SC; Sérgio Omar de Oliveira,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 3.614-D, CREA-SC, Epagri/Estação Experimental de Caça-dor, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049)663-3211, 89500-000 Caçador, SC; ValderisRosset, eng. agr., Cart. Prof. 3.366-D, CREA-SC, Epagri/Estação Experimental de Caça-dor, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049)663-3211, 89500-000 Caçador, SC; José Biasi,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 83-D, CREA-SC,Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P.591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC. Alseny Garcia, eng.agr., Ph.D., Embrapa/CPACT, C.P. 403, Fone(053) 275-8100, 96100-000 Pelotas, RS; JoãoAfonso Zanini Neto, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 445-D, Epagri, C.P. 502, Fone (048) 234-1344, Fax (048) 234-1024, 88034-901 Floria-nópolis, SC e João Favorito Debarba, eng.agr., Cart. Prof. 2.104-D, CREA-SC, Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P.121, Fone (047) 833-1409, Fax (047) 833-1364,88400-000 Ituporanga, SC, E-mail:[email protected].

Tabela 1 - Características das novas cultivares de cebola desenvolvidas em SantaCatarina

EPAGRI 362- EPAGRI 363--Crioula Alto Vale -Superprecoce

Ciclo:- semeadura à colheita 180 a 200 dias 170 a 190 dias- transplante à colheita 110 a 120 dias 110 a 120 dias

Cerosidade na folha Alta AltaSanidade em relação a doenças Boa BoaFlorescimento prematuro Inferior a 2% Inferior a 5%Estalo (tombamento natural) 90% 80%Formato dos bulbos Arredondado ArredondadoColoração dos bulbos Vermelho-forte Amarelo-douradoFirmeza dos bulbos Muito boa Muito boaRetenção de escamas Muito boa BoaConservação no armazenamento Muito boa BoaCiclo reprodutivo (produção sementes) 160 a 170 dias 160 a 170 diasPeríodo de:

- semeadura 01/05 a 15/06 01/04 a 15/05- transplante 01/08 a 15/09 01/06 a 15/07- colheita dez./jan. out./nov.

Local de cultivo recomendado Região produtora Região litorânea

Nota: O rendimento de bulbos e da semente depende da tecnologia de produção utilizada.

Melhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebolaMelhoramento da cebola

Característica

o

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8 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Cana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcar

Produtividade de cultivares de cana-de-açúcarProdutividade de cultivares de cana-de-açúcarProdutividade de cultivares de cana-de-açúcarProdutividade de cultivares de cana-de-açúcarProdutividade de cultivares de cana-de-açúcarno Oeste de Santa Catarinano Oeste de Santa Catarinano Oeste de Santa Catarinano Oeste de Santa Catarinano Oeste de Santa Catarina

Rubson Rocha, Mário Miranda,Paulo Gondim e Aido Ortolan

cana (Saccharum officinarum) éuma gramínea que apresenta

entre as plantas conhecidas os maio-res níveis de produção de matériaseca (MS) por unidade de área, poden-do atingir 78t de matéria seca porhectare quando cultivada em condi-ções de alta fertilidade (1). As varieda-des recomendadas para a região Cen-tro Sul (2) produzem em torno de 120tde matéria verde por hectare, comteor de MS oscilando em torno de24%, o que representa uma produçãoanual de 28,8t de matéria seca porhectare por ano. Os teores de açúcarnestas variedades variam entre 15 e18% entre maio e outubro, que éconsiderado o período de maturaçãoda cana destinada à indústria de açú-car ou álcool. As produções médiasobtidas em Santa Catarina situam-seem 49,2t de cana por hectare, enquan-to na região Colonial Oeste Catari-nense as produções situam-se em tor-no de 53t/ha (3).

Algumas características importan-tes da cana-de-açúcar, entre elas aalta produção de forragem por área, obaixo custo por quilograma de maté-ria seca produzido, a disponibilidadede matéria seca no período seco oufrio do ano (coincidindo com o menorcrescimento das pastagens), o auto--armazenamento, a manutenção dasqualidades nutritivas mesmo após amaturação e a grande aceitação pelogado, são razões suficientes para jus-tificar a sua grande difusão e utiliza-ção, principalmente no período seco efrio do ano. Um hectare de cana ésuficiente para alimentar cerca de 20bovinos por ano (4).

O objetivo do experimento consis-tiu no reconhecimento de cultivares

mais produtivas para a região Colo-nial do Oeste Catarinense, tendo emvista, entre outros, o aspecto da resis-tência à geada.

Material e métodos

As cultivares implantadas em áreado Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades - CPPP, em Chapecó,SC, e no Centro de Treinamento deSão Miguel do Oeste - Cetresmo, emoutubro de 1993, estão listadas naTabela 1. Em São Miguel do Oeste foipossível plantar apenas quatro culti-vares (devido à escassez de mudas),enquanto que em Chapecó foram plan-tadas seis cultivares.

Foi realizada amostragem do soloe as áreas foram corrigidas e fertiliza-das de acordo com a recomendação deadubação para a cultura da cana (5).

A parcela constou de três linhas de10m de comprimento, espaçadas de1,4m. O plantio foi realizado em outu-bro de 1993, tomando-se o cuidado dedeixar de 130 a 150 gemas nos 10mlineares.

A avaliação das épocas de corteconsistiu em se fazer colheitas espa-

çadas no tempo (maio, julho e setem-bro), para possibilitar a resistência àgeada. Em cada época de colheita fez--se o corte da linha central de cadauma das cultivares, contando-se onúmero de colmos e pesando-se todoo material. Amostravam-se dez colmospara a realização do teor de Brix (atra-vés de refratômetro), em três pontosdistintos do colmo (pé, meio e ponta).Das 30 medições, fez-se a média.

Os parâmetros avaliados foram:produção de matéria verde e matériaseca (toneladas de cana por hectare);número de colmos em 10m lineares;teor de proteína bruta (PB); Brixrefratométrico (concentração de açú-car); teor de nutrientes digestíveistotais (NDT) e resistência à geada;

Resultados e discussão

Apenas as cultivares RB785750 eRB806043 foram implantadas com onúmero de gemas abaixo de 130 ge-mas (126 e 129, respectivamente -Tabela 1). Estas mesmas cultivaresforam as que apresentaram um maiornúmero de perfilhos aos 40 dias apóso plantio, enquanto que a cultivar

Tabela 1 - Lista de cultivares de cana-de-açúcar instaladas no CPPP e no Cetresmo, comnúmero médio de gemas plantadas e número médio de perfilhos contados após 40 dias

do plantio

Cultivar Número

CPPP Cetresmo Gemas plantadas Perfilhos

SP71-6163 SP71-6163 137 69RB806043 - 129 79SP71-1406 SP71-1406 137 54RB785750 - 126 83RB765418 RB765418 138 74RB72454 RB72454 143 73

A

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Cana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcar

SP71-1406 teve o menor número deperfilhos (54).

Os dados médios de produção e dequalidade, para cada época de colhei-ta, nos três anos, estão na Tabela 2. Aprodutividade média, tanto em ter-mos de matéria verde quanto emmatéria seca, apresentou tendênciade aumento de maio a setembro.

Dois materiais se destacaram, pro-duzindo acima de 150t de matériaverde por hectare, em qualquer épocaem que ocorria a colheita: RB72454 eRB806043. A menor produção encon-trada foi para a cultivar SP71-1406, nomês de setembro (118,7t de matériaverde por hectare). Mesmo assim estevalor está muito acima da média esta-dual (49,2t de cana por hectare) e doOeste (53t de cana por hectare). Apa-rentemente, as cultivares que apre-sentavam um menor número decolmos em 10m lineares apresenta-

ram tendência à uma menor produ-ção.

O teor de Brix no ano aumentou,principalmente na terceira época decorte (setembro). Em maio, a médiaficou em 15o Brix, passando por 16o

Brix em julho e atingindo 17,6o Brixem setembro.

O teor de matéria seca, que estavaem média de 22,39% em maio, estabi-lizou-se em julho e setembro, ao re-dor de 24,7%.

Em maio, o teor de 4,5% de prote-ína bruta foi maior que nas outrasduas épocas de colheita, devido a queos materiais ainda não haviam com-pletado a maturação fisiológica, comuma maior percentagem de folhasverdes nas plantas. Nos cortes dejulho e setembro, a média das cultiva-res nem chegou aos 4% de proteínabruta. Os valores obtidos são superio-res aos encontrados para canas corta-

das com um ano e cinco meses decrescimento (6), enquanto no presen-te trabalho as canas tinham um anode crescimento. Para a utilização naalimentação animal, já é reconhecidoque este baixo valor protéico pode sercorrigido com a adição de uréia (nitro-gênio não protéico) (7, 8, 9 e 10).

Os teores de nutrientes digestíveistotais, não importando a época decorte, foram muito baixos. Nenhumacultivar conseguiu alcançar um teorde 55% de NDT. Houve tendência doaumento entre maio e julho, e a esta-bilização observada após este corte édevida ao aumento do teor de açúca-res totais, comprovado pelo teor deBrix.

A qualidade da cana-de-açúcar (emtermos de PB e NDT) diminuiu atéatingir a maturação, sendo que apóseste ponto, manteve-se estável. Istoé uma característica única destagramínea, já comprovada em outroestudo (11).

Todos os materiais se mostraramtolerantes a temperaturas baixas ocor-ridas no período.

Na região de Chapecó, em 1994,houve nove dias em que a temperatu-ra mínima de relva ficou abaixo de0oC, sendo que em junho foi registra-da a menor temperatura dos três anosde avaliação (-4,2oC). Em 1995, apenasem quatro dias registraram-se tem-peraturas de relva inferior a 0 oC, ocor-rendo em agosto a menor temperatu-ra (-1,8oC). Em 1996, houve nove ocor-rências de temperaturas abaixo dozero, com -2,2oC verificada em junhoe julho.

Na região de São Miguel do Oeste,dentro das oito temperaturas míni-mas de relva abaixo de 0oC que ocor-reram em 1994, destaca-se uma ocor-rência menor de -2,4 oC. Em 1995,apenas três geadas ocorreram, com amenor temperatura situando-se em-1,4oC. Das nove temperaturas abaixode 0 oC verificadas em 1996, a menoralcançou -1,6oC.

Considerações finais

As cultivares testadas se adapta-ram na região Oeste de Santa Catari-na, com destaque para as cultivares

Tabela 2 - Número de colmos em 10m lineares, produção de matéria verde (MV) ematéria seca (MS), teor de brix, teor de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e

nutrientes digestíveis totais (NDT) das cultivares de cana-de-açúcar implantadas noCPPP-Chapecó e no Cetresmo-São Miguel do Oeste. (1994-96) em três épocas de corte

Dados dequalidade(A)

MV MS MS PB NDTt/ha t/ha (%) (%) (%)

Corte realizado em maioRB72454 158 156,6 36,5 14,7 23,60 3,8 39,90RB806043 180 154,5 31,4 14,3 20,01 4,7 40,20SP71-6163 176 142,0 28,5 14,1 19,70 4,2 45,48RB765418 150 141,1 35,1 16,4 25,09 4,0 43,03RB785750 137 131,0 28,7 16,1 21,45 5,6 39,00SP71-1406 141 126,5 31,6 14,6 24,47 4,6 40,75Média 157 141,9 31,9 15,0 22,39 4,5 41,39

Corte realizado em julhoRB72454 179 182,9 47,3 16,0 25,66 3,5 44,15RB806043 177 170,6 41,7 14,9 24,44 3,5 42,50RB765418 150 141,3 38,6 17,9 27,43 3,2 46,25RB785750 161 136,5 32,4 15,7 23,15 3,7 50,35SP71-6163 137 126,8 31,1 16,0 24,12 3,2 54,70SP71-1406 136 125,4 29,9 15,7 23,45 3,3 48,23Média 157 147,2 36,8 16,0 24,71 3,4 47,70

Corte realizado em setembroRB72454 171 175,4 45,7 17,7 25,03 3,6 44,75RB806043 177 166,0 42,8 16,5 25,26 4,4 42,15RB765418 173 157,0 40,5 20,1 25,74 2,4 48,03SP71-6163 180 142,8 30,8 16,6 22,90 5,3 51,98RB785750 132 131,3 30,6 17,1 23,12 3,6 41,90SP71-1406 130 118,7 31,1 17,8 25,77 3,9 41,92Média 160 148,5 36,9 17,6 24,64 3,8 45,12

(A) Análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal/Epagri, Lages, SC.

CultivarNo

colmos

#

Brix

Produção

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10 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Cana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcarCana-de-açúcar

RB72454 e RB806043, em termos deprodutividade, e RB765418, em ter-mos de teor de açúcar.

Todos os materiais introduzidos seadaptaram à região, suportando a ocor-rência de geadas, com temperaturade relva de até -4,2oC.

Literatura citada

01. BOGDAN, A.V. Tropical pasture andfodder plants. New York: Longman,1977. 475p.

02. INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCO-OL. Novas variedades RB para a Re-gião Centro Sul. Araras: 1988. 31p.

03. INSTITUTO CEPA/SC. Síntese anual daagricultura de Santa Catarina. 1986-87. Florianópolis: 1987. v.1.

04. LENG, R.A.; PRESTON, T.R. Caña deazúcar para la producción bovina:limitaciones actuales, perspectivas yprioridades para la investigación. Tro-pical Animal Production, México, v.1,n. 1, p.1-22, 1976.

05. ANDRADE, I.F.; ARRUDA, M.L.R.;BARUQUI, F.M. Recomendação e prá-

tica de adubação e calagem em pasta-gens para a Região Sudeste do Brasil.In: SIMPÓSIO SOBRE CALAGEM EADUBAÇÃO DE PASTAGENS, 1.,1985, Nova Odessa, SP. Anais.Piracicaba: Associação Bras. Pesq. Po-tassa e do Fosfato, 1985. p.334-381.

06. OLIVEIRA, M.D.S. de; SAMPAIO, A.A.M.;CASAGRANDE, A.A.; NEVES, D.F.;VIEIRA, P. de F. Estudo da composiçãoquímico-bromatológica de algumasvariedades de cana-de-açúcar. In:REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADEBRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 33.1996, Fortaleza, CE. Anais. Fortaleza:SBZ, 1996. v. 2, p. 314-316.

07. MOREIRA, H.A. Cana-de-açúcar na ali-mentação de bovinos. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v. 9, n.108, p. 14-16, 1983.

08. EMBRAPA/CNPGL. Relatório técnico doCentro Nacional de Pesquisa de Gadode Leite 1981-1985. Coronel Pacheco:1986. 289p. (EMBRAPA-CNPGL. Re-latório Técnico, 4).

09. MOREIRA, H.A.; MELLO, R.P. Cana-de--açúcar + uréia: novas perspectivaspara alimentação de bovinos na épocada seca. Coronel Pacheco: EMBRAPA-

CNPGL, 1986. 18p. (EMBRAPA-CNPGL. Circular Técnica, 29).

10. ROCHA, R. Avaliação do pasto de capimelefante (Pennisetum purpureum ,Schumacher) na produção de leite devacas mestiças Holandês x Zebu,suplementadas com diferentes fontesalimentares, no período da seca. BeloHorizonte: Escola de Veterinária/UFMG, 1987. 76p. (Tese Mestrado).

11. FARIA, V.P. de; CORSI, M. Atualizaçãoem produção de forragem. Piracicaba:FEALQ, 1986. 86p.

Rubson Rocha , méd. vet., M.Sc., CRMV/SC0886, Epagri/Centro de Pesquisa para Pe-quenas Propriedades, C. P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89901-970Chapecó, SC; Mário Miranda, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 6.185-D , CREA-SC, Epagri/Centro de Pesquisa para Pequenas Proprie-dades, C. P. 791, Fone: (049) 723-4877, Fax(049) 723-0600, 89901-970 Chapecó, SC; Pau-lo Gondim, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.1.971-D, CREA-SC, Universidade Federal deSanta Catarina, C. P. 476, Fone (048) 234-2266, 88040-900 Florianópolis, SC e AidoOrtolan, eng. agr., Cart. Prof. 8.596-D, CREA--SC, Epagri/Gerência Regional de São Migueldo Oeste, C. P. 281, Fone/Fax (049) 822-0602,89900-000 São Miguel do Oeste, SC.

Fundagro

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável

do Estado de Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor agrícola público e privado do Estado de Santa

Catarina.

• Diagnósticos rápidos.

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o

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12 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

FLASHES

Programa HortasPrograma HortasPrograma HortasPrograma HortasPrograma HortasEscolaresEscolaresEscolaresEscolaresEscolares

O Programa Hortas Escola-res já está premiando as escolasque tiveram melhor desempe-nho nas atividades propostaspara 1997. No total, se destaca-ram 224 escolas que irão rece-ber entre os prêmios um relógiode parede, um certificado de par-ticipação e cheques totalizandoR$ 15.000,00.

Os professores irão ganharuma bolsa para material escolare os mais de 10 mil alunos dessasescolas, canetas especiais. En-tre as 224 escolas, três aindamereceram premiação especialcom um cheque de R$ 500,00.São elas: Escola Isolada Rio dosBugres, com 18 alunos, em VidalRamos; Escola Pólo São Pedro,na comunidade, em Videira, com58 alunos, e a Escola MunicipalLaurindo Crestani, com 19 alu-nos, no município de Palma Sola.

O Programa Hortas Escola-res - uma parceria da Epagri,secretaria da Educação, prefei-turas municipais e Souza Cruz -foi criado em 1985 com o objetivode incentivar o consumo de hor-taliças e ensinar alunos de esco-las rurais a produzi-las nas pró-prias escolas. Dessa forma, di-funde-se a importância do con-sumo de hortaliças na alimenta-ção diária, noção básica de higi-ene e saúde e, principalmente,estimulam-se as famílias do meiorural a manter hortas em casa.

Este ano, o tema escolhidopara o Programa, “A Gente Cres-ce com a Horta”, teve como metaconsolidar o trabalho iniciado noano anterior com as ervas aro-máticas e medicinais, e incenti-var a continuidade do progra-ma.

O Hortas Escolares envol-veu durante todo este ano maisde 147 mil alunos de 5.114 esco-las, que produziram 450 mil qui-los de hortaliças e ervas medici-nais, entre espinafre, couve,cenoura, almeirão, alface, be-terraba, brócolis, chicória,manjerona, sálvia, alfavaca eerva-doce-de-cabeça. A maiorparte dessa produção teve desti-no certo: a merenda escolar. Oexcedente, os alunos levarampara casa ou distribuíram paraentidades carentes.

Para desenvolver o Progra-ma Hortas Escolares, no come-ço de cada ano letivo, a Souza

Cruz fornece às escolas o materialeducativo e dez tipos de sementespara o desenvolvimento das hor-tas. A secretaria de Educação éresponsável pela orientação pe-dagógica. A Epagri e as prefeitu-ras oferecem assistência técnica eoperacional aos professores e alu-nos, tanto na condução da hortaquanto na utilização das hortali-ças na merenda escolar. Para oano que vem, além da produção dehortaliças, o Programa tambémvai incentivar a produção de adu-bo orgânico a partir do húmus deminhoca para utilização nas hor-tas.

ProdutoresProdutoresProdutoresProdutoresProdutoresconhecemconhecemconhecemconhecemconhecemsistemassistemassistemassistemassistemas

agroecológicosagroecológicosagroecológicosagroecológicosagroecológicosde produçãode produçãode produçãode produçãode produção

Um grupo de produtores ru-rais do município de Santo Amaroda Imperatriz, juntamente com osecretário municipal de agricul-tura, Sr. Salésio José Voges e osengenheiros agrônomos da EpagriJosé Ernani Müller e Léo TeobaldoKroth realizaram uma viagemtécnica à região da Grande PortoAlegre, RS onde visitaram propri-edades rurais que adotam méto-dos de agricultura orgânica naprodução de hortaliças, sem o usode fertilizantes químicos eagrotóxicos. Além de conhecer omodelo organizacional desses agri-cultores na produção ecomercialização de seus produ-tos, por meio de uma cooperativae de associações de produtores(que organizam feiras-livres), ogrupo acompanhou o processo etransformação da produção empicles, conservas, geléias, molhos,entre outros.

A partir desses contatos, éintenção dos técnicos da Epagri,em conjunto com a prefeituramunicipal, disseminar a práticada agricultura agroecológica jun-to aos produtores rurais do muni-cípio de Santo Amaro da Impera-triz.

A Epagri, com o apoio daPrefeitura Municipal de SantoAmaro da Imperatriz, está elabo-rando um projeto de produçãoorgânica de alimentos a ser de-senvolvido no município, princi-palmente no sentido de reverter o

quadro de poluição e contamina-ção por resíduos de produtos quí-micos no solo e na água, tornar aatividade agrícola mais saudável ecom menos riscos para o produtore, com isso, disponibilizar alimen-tos mais saudáveis ao consumi-dor.

Grupo deGrupo deGrupo deGrupo deGrupo deAnimação emAnimação emAnimação emAnimação emAnimação em

Agroecologia deAgroecologia deAgroecologia deAgroecologia deAgroecologia deSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta Catarina“Socialmente justa, ambien-

talmente sustentável, economi-camente viável, tecnolo-gicamente e culturalmente acei-ta”. Estas são as premissas quedevem nortear a agricultura nonosso país, contrapondo-se aosvisíveis malefícios que a chamadaRevolução Verde com seusinsumos modernos (agrotóxicos,fertilizantes, maquinário pesa-do...) tem trazido à população nosúltimos 50 anos.

Iniciativas na área da produ-ção ecológica/orgânica de alimen-tos já despontam por todo o país,não sendo diferente no Estado deSanta Catarina; viabilizando di-versos agricultores que apostamnum modo diferente de produzir- aliado à natureza!

No dia 4 de agosto de 1997, foicriado o Grupo de Animação emAgroecologia de Santa Catarinafruto de debates entre as maisdiversas organizações ligadas di-reta ou indiretamente com a agri-cultura. São Ongs, federações eassociações de agricultores, ór-gãos governamentais de ensino,pesquisa e extensão (como a UFSCe a Epagri), Ministério da Agricul-tura, Associação dos Engenhei-ros Agrônomos - Aeasc, Comitêde Defesa do Consumidor Orga-nizado - Deconor, Procon, profis-sionais liberais, dentre outros quereúnem-se mensalmente paradiscutir assuntos relacionados àagroecologia.

O grupo originou-se com opropósito de articular, sugerir,animar e elaborar processos naárea da agroecologia de formaintegrada, ou seja, as várias enti-dades em conjunto e com a soci-edade catarinense. O mesmo é decaráter aberto (livre adesão), denão representação e com coorde-nação não institucionalizada.

Segundo Luiz CarlosRebelatto dos Santos (engenhei-

ro agrônomo do Centro Vianeide Educação Popular, Lages, SCe membro do Grupo de Anima-ção), no momento algumas açõesjá foram encaminhadas como:elaboração de uma cartilha so-bre agroecologia, confecção deum dossiê/cadastro das entida-des e atividades desenvolvidasem agroecologia, estratégias deação regional e estadual atravésde seminários sobre o tema, par-ticipação na discussão nacionalsobre certificação de produtosorgânicos, bem como troca deinformações periódicas entre oscomponentes do grupo.

Venha construir a agroeco-logia conosco! Participe.

MaisMaisMaisMaisMaisinformaçõesinformaçõesinformaçõesinformaçõesinformações

disponíveis nodisponíveis nodisponíveis nodisponíveis nodisponíveis nocampocampocampocampocampo

Daqui pra frente o produtorrural contará com um impor-tante apoio. O Sebrae e a Confe-deração Nacional da Agricultu-ra - CNA estão implantando oSiagro, um serviço inédito nopaís, que vai fornecer, atravésde um banco de dados, informa-ções atualizadas para um me-lhor gerenciamento das propri-edades rurais. O acesso às infor-mações poderá ser feito atravésdos Balcões Sebrae, Federaçõesde Agricultura dos Estados eInternet, e futuramente pelossindicatos rurais. As respostassão instantâneas. E gratuitas.Produtores rurais e outros inte-ressados em informações sobrepreços agrícolas, clima, eventos,defesa sanitária, padronização eclassificação de produtos, pro-dução de sementes e mudas,entre outras, podem usar o se-guinte endereço da Internet:http://www.siagro.com.br.

Pioneiro,Pioneiro,Pioneiro,Pioneiro,Pioneiro,primeiroprimeiroprimeiroprimeiroprimeiro

capim-elefantecapim-elefantecapim-elefantecapim-elefantecapim-elefantepara pastejopara pastejopara pastejopara pastejopara pastejo

rotativorotativorotativorotativorotativo

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -

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Embrapa, vinculada ao Ministé-rio da Agricultura e do Abasteci-mento, está lançando o capim--elefante Pioneiro, o primeirodo mundo destinado ao uso empastejo rotativo.

São muitas as vantagensdessa cultivar, que, comparadaa outras, produz, em média, 30%a mais de matéria seca por ano.As touceiras apresentam for-mato aberto com crescimentovegetativo vigoroso e rápida ex-pansão, ocupando rapidamenteas falhas existentes na pasta-gem, o que resulta em maiorcobertura do solo. Uma caracte-rística importante é a boa aceita-ção por parte do gado no tocanteao sabor (boa palatabilidade).

O capim-elefante é umaforrageira tropical com boa adap-tação em todo o Brasil, sendoconsiderada como uma das es-pécies mais promissoras paraformação de pastagens. O usodo capim-elefante sob pastejorotacionado possibilita a obten-ção de produtividade acima de15.000kg de leite/ha/ano. A mé-dia nacional de produção de leitea pasto é de 1.000kg de leite/ha/ano.

Quando comparada a outrospaíses, a pecuária de leite brasi-leira possui baixa produtivida-de, em torno de 800 litros/ha/ano. Na Argentina, essa produ-ção é da ordem de 2.000 litros/ha/ano. Um dos fatores desseatraso é a baixa produtividade equalidade das pastagens.

A Embrapa está pesqui-sando cultivares de capim-ele-fante com propagação por meiode sementes, o que virá a facili-tar o plantio, levando desse modoa uma maior adoção por partedos produtores.

Texto da jornalistaRosângela Evangelista.

Produtor jáProdutor jáProdutor jáProdutor jáProdutor jádispõe de sorgodispõe de sorgodispõe de sorgodispõe de sorgodispõe de sorgopara silagem depara silagem depara silagem depara silagem depara silagem dealta qualidadealta qualidadealta qualidadealta qualidadealta qualidade

Uma dificuldade comu-mente encontrada pelo produ-tor que necessita de silagem jáestá resolvida. A Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agropecuá-ria - Embrapa, vinculada ao Mi-nistério da Agricultura e do Abas-tecimento, está lançando o sorgo

BR 700, híbrido simples de duplopropósito, para grãos e forragem,o que propicia uma silagem de altaqualidade.

O volume de massa verdedesse sorgo se situa entre 30 e40t/ha, associado a uma produçãode grãos equivalente às cultivarestradicionais de sorgo granífero,entre 4 e 5t/ha. O rendimento derebrota, por ocasião do primeirocorte, é de 30 a 40%.

O BR 700 adapta-se bem adiferentes situações climáticas esistemas de plantio, desde o RioGrande do Sul até os Estados doSudeste e Centro-Oeste, sendoindicado, de preferência, para plan-tios de verão.

Texto da jornalista RosângelaEvangelista. Mais informaçõespelo Fone (031) 773-5644, Fax(031) 773-9252, Embrapa Milho eSorgo.

PesquisadorPesquisadorPesquisadorPesquisadorPesquisadordesenvolve tesedesenvolve tesedesenvolve tesedesenvolve tesedesenvolve tese

em melhoramentoem melhoramentoem melhoramentoem melhoramentoem melhoramentogenético no milhogenético no milhogenético no milhogenético no milhogenético no milho

O engenheiro agrônomo daEpagri, Haroldo Tavares Elias,retornou do curso de pós-gradua-ção, em nível de mestrado, emagosto de 1997, realizado na Uni-versidade Federal de Lavras, MG,na área de concentração em Ge-nética e Melhoramento de Plan-tas. Comparação de testadores naavaliação de famílias S2 (Zea maysL.) foi o título da dissertação, ba-seada em trabalhos de obtençõese avaliações de linhagens de mi-lho com endogamia parcial.

O objetivo principal da disser-tação apresentada foi comparartrês testadores para discrimina-ção e avaliação da capacidade decombinação das linhagens (famí-lias) S2 extraídas de um compostoobtido no Centro Nacional de Pes-quisa de Milho e Sorgo (Embrapa/Sete Lagoas, MG). Esta metodo-logia possibilita eliminar linhagensque não tenham mérito conside-rável para que se promova suaseleção ou autofecundação, demodo a racionalizar e tornar maiseficiente um programa de desen-volvimento de híbridos. Na práti-ca o uso de testadores pode orien-tar e direcionar cruzamentos commaior probabilidade de sucessona obtenção de híbridos e/ou ge-rar populações melhoradas, atra-

vés de seleção recorrenteinterpopulacional.

O pesquisador HaroldoTavares Elias está atuando naárea de melhoramento de plan-tas, nas culturas de feijão e milhojunto ao Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades, emChapecó, SC.

Associação doAssociação doAssociação doAssociação doAssociação doPardo-Suíço ePardo-Suíço ePardo-Suíço ePardo-Suíço ePardo-Suíço e

Embrapa firmamEmbrapa firmamEmbrapa firmamEmbrapa firmamEmbrapa firmamconvênio naconvênio naconvênio naconvênio naconvênio na

ExpomilkExpomilkExpomilkExpomilkExpomilk

O crescente desenvolvimen-to do Pardo-Suíço no Brasil e opotencial da raça tanto para leitecomo carne foram os motivos quelevaram a Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária - Embrapaa desenvolver um projeto de ava-liação técnica produtiva ereprodutiva com a raça. A assina-tura do contrato de parceria entrea Associação Brasileira dos Cria-dores de Gado Pardo-Suíço -ABCGPS e a Embrapa aconteceudurante a VI Expomilk, em SãoPaulo, SP.

Pela primeira vez numa Esta-ção Experimental da Embrapa, oPardo-Suíço participará de umprojeto com duração de dez anos,com 60 novilhas doadas peloscriadores. Para a ABCGPS,trata-se de um grande passo paraa raça, pois será conhecida pelospesquisadores da pecuária na-cional e, além disso, haverádados que comprovem e ates-tem sua capacidade de produção.“Este acordo é uma grande vitóriapara os criadores de Pardo-Suíçoe, com certeza, contribuirá muitocom o desenvolvimento da raçano Brasil”, comemora VirgílioEustáquio da Silva, Presidente daABCGPS.

Segundo o Dr. Moacir GabrielSaveressig, técnico da Embrapade Brasília, o trabalho com o Par-do-Suíço será desenvolvido naregião dos cerrados, já que é umadas raças leiteiras mais rústicas,de melhor desempenho nestascondições e, também, devido aocrescimento do número de cria-dores nas regiões Centro-Oeste,Norte e Nordeste do país. O obje-tivo do trabalho será fornecer in-formações que contribuam para oincremento da raça no país, atra-vés de análises de pastagens,

manejo, fertilidade, produção,qualidade do leite, entreoutros tópicos que definam asmelhores condições para o de-senvolvimento da raça noBrasil. “O Pardo-Suíço neces-sita de uma pesquisa deste tipo;afinal, entre as raças firmadasno mercado, é o único com bomdesempenho na função de pro-duzir leite e carne”, declaraSaveressig.

Criação no Brasil - O Par-do-Suíço chegou ao Brasil em1906 e, desde então, vem se es-tabelecendo no país nas ativida-des leiteiras, apesar de ser umaraça de dupla aptidão. Contudo,a raça demonstra extrema rus-ticidade, precocidade, fácil adap-tação ao clima dos trópicos euma grande produção leiteira -uma vaca chega a produzir maisde 9 mil quilos em 305 dias, comduas ordenhas diárias - sendo,hoje, a responsável por 10% detoda a produção da pecuária lei-teira do país. A maior concentra-ção de Pardo-Suíço, cerca de 17mil cabeças, está nos Estados deSão Paulo e Minas Gerais que,junto ao resto dos Estados, so-mam cerca de 72.900 cabeçasdistribuídas em aproximada-mente 800 criatórios.

Contatos pelo Fone (011)871-1018. Texto da jornalistaAndrea Russo.

Sistema intensivoSistema intensivoSistema intensivoSistema intensivoSistema intensivode suínos criadosde suínos criadosde suínos criadosde suínos criadosde suínos criados

ao ar livreao ar livreao ar livreao ar livreao ar livre

O Sistema Intensivo de Su-ínos Criados ao Ar Livre (Siscal)foi introduzido no Brasil seguin-do recomendações técnicas de-senvolvidas na França e na In-glaterra. Esse fato contribuiu,em parte, para uma maior de-gradação das forragens e soloonde o sistema era implantado,conseqüência das técnicas demanejo inapropriadas para ascondições brasileiras. Obser-vando essa realidade, pesquisa-dores da Embrapa Suínos eAves, Unidade da Embrapa lo-calizada em Concórdia, SantaCatarina, iniciaram um traba-lho de adaptação dessas técnicasàs condições brasileiras, intro-duzindo nesse sistema outraspráticas - como o uso dodestrompe nas matrizes, cons-trução de cabanas e comedourosleves e móveis, implantação de#

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pastagens resistentes aopisoteio. Essas novas práticaspossibilitaram, por exemplo,manter a cobertura vegetal doSiscal em ótimo estado de con-servação sem nenhum prejuízoao meio ambiente e, também,que os produtores brasileirostenham uma alternativa em sis-tema de produção, podendo op-tar por um modelo que nãosendo o tradicional lhes possibi-lita, proporcionalmente, igualretorno econômico.

Contatos pelo Fone (049)442-8555. Texto da jornalistaTânia Maria Giacomelli.

HomenagemHomenagemHomenagemHomenagemHomenagem

Em novembro do ano pas-sado, durante o lançamento daMandiokfest, que ocorreu emParanavaí, no Paraná, houveum ato de justiça e de louvor aomérito. A pesquisadora ÁureaTereza Schmitt foi homenage-ada e agraciada com uma placade prata com a seguinte mensa-gem: “O setor mandioqueiro re-conhece e agradece o brilhantetrabalho que V.Sa. sempre de-senvolveu em favor damandiocultura. Paranavaí, 06de novembro de 1997. Produto-res, técnicos e industriais damandioca.”

Nos fins dos anos 70 ÁureaSchmitt iniciou pesquisas queresultaram na descoberta e naindicação de Baculoviruserinnyis, um vírus que comba-te o mandarová, principal pragada mandioca. Desde então estaforma de controle biológico vemsendo utilizada com sucesso emSanta Catarina, Paraná, MatoGrosso e Mato Grosso do Sul, ejá chegou a outros países comoVenezuela, Colômbia e Para-guai: somente na região produ-tora de mandioca no Paraná são15.000ha protegidos por esteinseticida biológico.

No momento a preocupa-ção de Áurea e da Epagri é darcontinuidade aos trabalhos vi-sando a caracterização e a for-mulação do produto, cujo regis-tro no Ministério da Agricultu-ra já está sendo providenciado.

É bom lembrar que além deeficiente o inseticida feito comBaculovirus não traz nenhumrisco e não causa problemas aomeio ambiente.

À Doutora Áurea e a seuscolaboradores as congratula-ções desta revista por uma ho-menagem sem dúvidas justa emerecida.

Caracterização físico--hídrica de seis solos mine-

rais não hidromórficos deSanta Catarina submeti-

dos a diferentes sistemasde manejo. Boletim Técniconº 93. 55p.

Segundo os autores, enge-nheiros agrônomos Ivan Ta-deu Baldissera, Milton daVeiga, Vilson Marcos Testa eIvan Luiz Zilli Bacic, este tra-balho foi desenvolvido paraavaliar o efeito de diferentessistemas de manejo do solo etempo de cultivo sobre as con-dições físicas do solo, visandoa indicação do tipo mais ade-quado de utilização para al-guns solos não hidromórficosde Santa Catarina.

dos e o seu uso em rebanhosleiteiros -Tecnologias para

produção de leite. BoletimTécnico nº 95. 53p.

O trabalho, que é uma edi-ção conjunta da Epagri e daEmbrapa Gado de Leite, obje-tiva mostrar alguns métodosde escolha de sêmen para vacasleiteiras, visando maximizar aprodução de leite. A autoria éde Marcus Cordeiro Durães,médico veterinário daEmbrapa.

Recomendações técni-

cas para a cultura do milhoem Santa Catarina. Sistemasde Produção nº 28. 59 p.

Técnicos da Epagri, Cidasc,Instituto Cepa, Coopernorte eCravil elaboraram esta publi-cação que reúne as tecnologiasadotadas e recomendadas parao cultivo do milho em SantaCatarina.

LANÇAMENTOSEDITORIAIS

* Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na sede da Empresa em Florianópolis, oumediante solicitação ao seguinte endereço: GMC/Epagri, C.P. 502, Fone (048) 334-0066, 88034-901Florianópolis, SC.

Cadeias produtivas doEstado de Santa Catarina:

Alho. Boletim Técnico nº 94.43p.

O trabalho é um estudo dofluxo deste produto em SantaCatarina (maior produtor na-cional de alho), desde o produ-tor até o consumidor. Foi ela-borado pelos engenheirosagrônomos Carlos LeomarKreuz, Marco Antonio Lucinie Gilmar MichelonDellamaria, da Epagri.

Critérios para escolha

de sêmen de touros prova-

Zoneamento agrícolapara a cultura do milho em

Santa Catarina . Documentosnº 190. 33p.

Por determinação do Con-selho Monetário Nacional, osagricultores que semearem mi-lho segundo o zoneamento agrí-cola da cultura terão uma redu-ção na taxa do Proagro, quepassará de 7,0 para 3,9% a

partir da safra agrícola 1996/97. Também o Banco do Bra-sil somente liberará créditode plantio àqueles produto-res que obedecerem o referidozoneamento.

Em Santa Catarina cou-be à Epagri, com o apoio doMinistério da Agricultura edo Abastecimento, a tarefade realizar o zoneamento domilho, apresentado e di-vulgado neste documento.Os autores deste trabalhosão os pesquisadores daEpagri Vera Magali RadtkeThomé, Sergio LuizZampiere, Hugo José Braga,Angelo Mendes Massignam,Darci Antônio Althoff e osbolsistas do Ministério daAgricultura e do Abasteci-mento, Guilherme Xavier deMiranda Jr. e CristinaPandolfo.

Prepare receitas combananas. Boletim Didáticonº 21. 32p.

O trabalho foi compilado eadaptado pela extensionistarural da Epagri LucileidePossamai para atividades deeducação alimentar realiza-das nos grupos sociais demulheres agricultoras, no mu-nicípio de Garuva.

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16 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Propagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleira

VVVVVariabilidade em plantas jovens de aceroleirasariabilidade em plantas jovens de aceroleirasariabilidade em plantas jovens de aceroleirasariabilidade em plantas jovens de aceroleirasariabilidade em plantas jovens de aceroleiraspropagadas por sementepropagadas por sementepropagadas por sementepropagadas por sementepropagadas por semente

Ruy Inacio Neiva de Carvalho

a década de 80, a acerola passoua ser muito conhecida devido a

uma característica importante: o seuelevado teor de ácido ascórbico (vita-mina C) que pode variar de 994 a2.520mg/100g de fruto maduro (1).Acerolas verdes têm um conteúdo deácido ascórbico ainda maior, atingin-do 3.175mg/100g (2).

Em razão deste fato, ocorreu umaintensa procura de acerolas, tantopelo mercado interno como pelo mer-cado externo, induzindo uma ampladifusão da cultura em diversas re-giões do Brasil. Países europeus, bemcomo Estados Unidos e Japão, passa-ram a ter interesse na importação dafruta e muitas indústrias foram entãoinstaladas, principalmente na regiãoNordeste do país.

Sendo uma cultura tropical, aaceroleira adaptou-se bem ao climabrasileiro e a sua expansão foi tãointensa que, mesmo nos Estados doSul do país, vários produtores inicia-ram seu cultivo. Neste momento,caracterizava-se a adaptação da plan-ta também em climas subtropicais,desde que geadas fortes não ocorres-sem.

Esta rápida dispersão da culturanão foi acompanhada de umatecnologia de produção, principalmen-te na etapa de formação da muda e dopomar. Desta forma, a semente daacerola foi intensamente utilizadapara a produção de mudas. Porém, aelevada segregação genética é uminconveniente deste sistema de pro-pagação (3). Plantas obtidas atravésda semente apresentavam caracterís-ticas distintas mesmo quando cultiva-

das nas mesmas condições de clima esolo e recebendo os mesmos tratosculturais.

Mesmo assim, muitos produtoresinstalaram pequenos pomares commudas propagadas por semente com oobjetivo de avaliar o po-tencial da cultura. Emrazão disso, observaçõesde diversas característi-cas de crescimento daplanta e de adaptação aoclima e às condições decultivo foram feitas du-rante o primeiro ano decultivo em 79 plantas deum pomar localizado emGaruva, SC.

As mudas do pomaravaliado foram produzi-das no município deViamão, vizinho de PortoAlegre, no Rio Grande doSul. O plantio foi realiza-do em janeiro/1993 noespaçamento 2,0 x 2,5m eas mudas estavamconduzidas em haste úni-ca, com cerca de 60cm dealtura.

Duas avaliações foramrealizadas, uma na meta-de do mês de maio (antesdo período de possíveisgeadas) e outra na me-tade do mês de novembro(após o período de pos-síveis geadas). Duranteo inverno ocorreramapenas baixas tempera-turas e ventos frios naregião.

Sensibilidade ao frio

Após o período de inverno, 15,1%das plantas morreram pela ocorrên-cia de ventos frios e baixas tempera-

Planta com três meses após o plantio e comcrescimento de um ramo central vertical forçado

por um tutor

N

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Propagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleira

turas. Outros 5,1% demonstraram altasensibilidade ao frio, mas retomaramo crescimento com a elevação da tem-peratura, e 1,3% apresentaram baixasensibilidade. A maioria das plantas(78,5%) não apresentou problemascom as baixas temperaturas do inver-no, ocorrendo apenas intensa quedade folhas, mas sem haver queima emorte de ramos. Assim que a tempe-ratura ambiente voltou a subir, novosfluxos de crescimento foram observa-dos.

Crescimento da planta

Visualmente, as plantas foram clas-sificadas em três categorias:

• Bom crescimento.• Crescimento regular.• Crescimento ruim.Antes da passagem do inverno, as

plantas com bom crescimento, ou seja,com intensa emissão de folhas novas,típico da cultura cultivada em climatropical, representaram 12,7% do to-tal de plantas. Outros 74,6% apresen-tavam um crescimento regular e 12,7%um crescimento ruim.

Após o inverno, as plantas queresistiram ao frio melhoraram seuritmo de crescimento, resultando em19,4% de plantas com bom crescimen-to, 76,1% com crescimento regular eapenas 4,5% apresentaram um cresci-mento ruim.

Arquitetura da planta

Naturalmente, as aceroleiras apre-sentam ramos arqueados que podematé tocar o solo. Esta é uma caracte-rística negativa e os ramos não arque-ados são mais desejáveis.

Antes do inverno, 45,6% das plan-tas apresentavam ramos mais eretose 54,4% ramos mais arqueados. Apóso inverno não houve alteração destacaracterística, pois é de influênciagenética e não é alterada por condi-ções climáticas.

Necessidade de tutor

Toda a muda de aceroleira planta-da deve ser tutorada para garantir um

crescimento mais ereto e em hasteúnica, ao menos até uma altura de60cm. A muda, mesmo que condu-zida no viveiro em haste única, aoser plantada e não tutorada, logocurva seu tronco principal e emitediversas ramificações próximas aosolo.

Após os primeiros meses de plan-tio, mesmo as plantas com hábito decrescimento mais ereto têm necessi-dade de serem tutoradas, pois os no-vos ramos longos emitidos também securvam com facilidade em direção aochão.

Após o período de inverno e naretomada do crescimento, observou--se que 79,1% das plantas necessita-vam de um tutor principal, outros17,9 exigiram a colocação de mais deum tutor para garantir o crescimentoereto, e apenas 3,0% não requisita-ram tutores, pois seu crescimento eraadequado.

Tipos de ramificações

A aceroleira adulta normalmenteapresenta muitas ramificações, sem aevidência de um ramo principal. Estacaracterística ajuda a limitar o cresci-mento da planta em até no máximo3m de altura.

Nas mudas, através do uso de tuto-res, pode-se induzir a manutenção deum ramo líder, mas após um períodode intenso crescimento vegetativo,isto torna-se inviável.

No pomar avaliado, as plantas fo-ram classificadas em:

• Com muitas ramificações e comum ramo líder.

• Com muitas ramificações e semum ramo líder.

• Com poucas ramificações e comum ramo líder.

• Com poucas ramificações e semum ramo líder.

Antes do período de frio, ou seja,nos primeiros cinco meses após oplantio, através do tutoramento foipossível a manutenção de 64,6% deplantas com um ramo líder (20,3%com muitas ramificações e 44,3% com

Planta com um ano após o plantio sem a existência de um ramo centralvertical, o que obriga a utilização de tutor para evitar o arqueamento

excessivo dos ramos #

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18 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

poucas ramificações). Os 35,4% deplantas sem a existência de um ramolíder foram representados por 21,5%com poucas ramificações e 13,9% commuitas ramificações.

Após a passagem do inverno, devi-do ao intenso crescimento das plan-tas, não foram encontradas plantascom um ramo líder, pois estes ramosramificaram-se e arquearam-se, nãosendo viável a sua condução por meiode tutores. Do total de plantas queresistiram ao frio, 83,6% apresenta-ram muitas ramificações e apenas16,4% pouco ramificaram após a reto-mada do crescimento, porém todaselas deixaram de apresentar um ramolíder.

Ocorrência de pragas

Existem poucas pragas que afetameconomicamente a cultura da acero-leira. Dentre elas destacam-se os pul-gões, as cochonilhas, os nematóides eas formigas cortadeiras.

Na área cultivada, não foi observa-do qualquer sintoma de ataque denematóides, como o amarelecimento,murcha e queda de folhas, mesmosem a ocorrência de frio, o secamentode ramos, a murcha e morte daplanta e aparecimento de galhas nasraízes.

Formigas cortadeiras encontra-vam-se em grande quantidade maseram eficientemente controladas atra-vés de iscas atrativas.

As pragas mais observadas foram

Propagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleiraPropagação da aceroleira

os pulgões e cochonilhas.As plantas foram classificadas em

três grupos:• Com alta ocorrência de pragas.• Com baixa ocorrência de pragas

(apenas nas pontas dos ramos).• Sem ocorrência de pragas.Após dez meses do plantio, 47,8%

das plantas não apresentavam qual-quer sintoma de pragas, outros 40,3%apresentavam baixa ocorrência e ape-nas 11,9% estavam mais atacadas,principalmente por pulgões. Pode-seconsiderar que a ocorrência destesinsetos pouco influenciou o desenvol-vimento da planta, que é bastanteintenso no período de altas tempera-turas.

Ocorrência de doenças

A principal doença observada emaceroleiras é a antracnose que secaracteriza pela ocorrência depontuações nas folhas que podemter seu centro destacado, deixandoum sintoma típico de perfurações nasfolhas com os bordos ressecados.

As plantas foram classificadas emtrês grupos:

• Com alta ocorrência de doenças.• Com baixa ocorrência de doenças

(apenas algumas folhas dispersas comsintomas).

• Sem sintomas.Após dez meses do plantio, 88,1%

das plantas apresentavam baixaocorrência de sintomas e 11,9% nãoapresentavam qualquer sintoma. Ne-

nhuma planta es-tava severamenteatacada por doen-ças. A alta percen-tagem de plantascom sintomas in-dica que as doen-ças da aceroleiradevem ser moni-toradas para quenão se tornemprejudiciais noperíodo de produ-ção.

Florescimento

Aos dez meses do plantio, apenasuma planta apresentou poucas flores.Nas regiões tropicais, sem ocorrênciade períodos de frio, no primeiro ano jáé possível um pequeno florescimento.No Sul do Brasil, esta característicase modifica e dificilmente a plantaflorescerá no primeiro ano de cultivo.

Conclusão

As aceroleiras propagadas por se-mentes apresentam importantes va-riações no primeiro ano de cultivo,principalmente com relação à sensibi-lidade ao frio e ao ritmo e hábito decrescimento. Portanto, deve-se evi-tar a formação de mudas por semen-tes ou fazer uma seleção de plantaspara a coleta das mesmas. Métodos depropagação vegetativa, como aestaquia e a enxertia, devem ser de-senvolvidas para eliminar estas vari-ações indesejáveis resultantes damultiplicação através das sementes.

Literatura citada

1. CARVALHO, R.I.N.; MANICA, I. Acerola,composição e armazenamento de fru-tos. Cadernos de Horticultura, PortoAlegre, v.1, n.1, p.1-7, 1993.

2. CARVALHO, R.I.N.; MANICA, I. Caracte-rísticas físicas, químicas e respiraçãode acerolas (Malpighia glabra L.) emtrês estádios de maturação. RevistaBrasileira de Fruticultura, Cruz dasAlmas, v.15, n.2, p.21-26, 1993.

3. ALVES, R.E. Cultura da acerola. In:DONADIO, L.D.; MARTINS, A.B.G.;VALENTE, J.P. (Ed.) Fruticultura tro-pical. Jaboticabal: FUNEP, 1992, p.15-37.

Ruy Inacio Neiva de Carvalho, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 24.342-D, CREA-PR, Uni-versidade Federal do Paraná, Setor de Ciên-cias Agrárias, Departamento de Fitotecnia eFitossanitarismo, C.P. 2.959, Fone (041) 254-564, Ramais 230 ou 116, Fax (041) 252-3689,80001-970 Curitiba, PR, E-mail:[email protected].

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20 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Pragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-doce

Suscetibilidade de clones de batata-doceSuscetibilidade de clones de batata-doceSuscetibilidade de clones de batata-doceSuscetibilidade de clones de batata-doceSuscetibilidade de clones de batata-docea insetos de soloa insetos de soloa insetos de soloa insetos de soloa insetos de solo

Paulo Antonio de Souza Gonçalves

anta Catarina destaca-se comoo segundo produtor nacional de

batata-doce, Ipomoea batatas , comuma produção anual de 75.785t (1). Osagricultores utilizam a batata-doce naalimentação familiar e de animais,sendo o excedente vendido para in-dústria de doces e principalmente emfeiras livres. O dano causado por inse-tos de solo é um dos principais fatoresde depreciação comercial das raízesde batata-doce destinadas às feiras.

Os insetos de solo que causamdanos às raízes de batata-doce são:broca da batata-doce (Euscepespostfasciatus Fair.), bicho alfinete(Diabrotica sp., Systena sp.,Chaetocnema sp.), larva arame(Conoderus sp.) e bicho bolo(Dyscinetus sp.) (2). Os danos causa-dos pela broca da batata-doce caracte-rizam-se por furos e galerias nas raízes,permitindo a entrada de fungos e bac-

térias que causam odor desagradável,tornando-as impróprias para o consu-mo humano (2, 3 e 4) (Figura 1). Obicho alfinete causa pequenos furosna superfície das raízes e galeriasirregulares sob a casca. Já a larvaarame causa perfurações de diâmetromaior e atinge as raízes internamen-te (2 e 4). O bicho bolo causa raspagemsuperficial da parte externa da raiz(3).

O uso de resistência de plantaspara manejo de insetos de solo embatata-doce é considerado viável, po-rém deve estar associado a medidasde controle cultural, tais como elimi-nação de restos culturais, seleção deraízes sadias para plantio, rotação deculturas, plantio em solos leves eirrigação (5 e 6). A resistência a inse-tos de solo em batata-doce foi avaliadapelo Centro Nacional de Pesquisa deHortaliças - CNPH, Brasília, DF, sen-

do direcionada para bicho alfinete elarva arame, o que resultou no lança-mento da variedade Brazlândia Roxa(7). A Universidade Federal de Lavras- UFLA, MG, além de insetos de solo,tem também trabalhos visando a re-sistência ao nematóide Meloidogynesp., com preferência a clones de polpaalaranjada (rica em vitamina A) (8).

O presente trabalho foi realizadocom o objetivo de selecionar clones debatata-doce com menor suscetibilidadea insetos de solo, visando em últimaanálise um produto de melhor aspec-to para comercialização regional emfeiras livres.

A pesquisa

A pesquisa foi realizada na EstaçãoExperimental de Ituporanga, com 195clones provenientes da coleção degermoplasma durante os anos de 1992,

A

Figura 1 - A - raiz de batata-doce com perfurações da broca; B - raiz com galeria interna causada pela broca

B

S

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Pragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-docePragas da batata-doce

1993, 1994 e 1995. As variáveis obser-vadas foram número de furos e per-centagem de raspagem na películaexterna das raízes. Uma amostra dedez raízes por clone mostrou-se sufici-ente para avaliar estes parâmetrosanualmente.

Testes estatísticos (análise devariância e separação de médias porTukey a 5%) permitiram separar osclones menos suscetíveis a insetos desolo e identificar aqueles com melhoraptidão comercial.

Resultados da pesquisa

Os clones selecionados quanto aomenor dano por raspagens foram osde número 69, 71, 233, e por furos o denúmero 160, pois se mostraram me-nos suscetíveis a danos por insetos desolo em relação aos demais (Tabela 1).Convém ressaltar que não foi obser-vada resistência, pois a suscetibilidadeinferior apresentada pelos clones foiobservada apenas em um dosparâmetros (raspagem ou furo).

O mercado exige geralmente clonescom peso de raiz em torno de 200 a400g, formato alongado e uniforme,pele lisa, sem perfurações, cicatrizes,rachaduras (6). Portanto, os clonesselecionados não satisfazem todas asexigências de mercado, principalmen-te quanto a peso médio de raiz eformato (Tabela 1). A utilização dos

mesmos para mercado dependerá dasexigências regionais dos consumido-res.

Literatura citada

1. IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. Rio deJaneiro, v.53, p.3-29, 1994.

2. BOFF, M.I.C.; BOFF, P.; THOMAZELLI,L.F. Insetos associados à cultura dabatata-doce no Alto Vale do Itajaí, SC.Agropecuária Catarinense, Florianó-polis, v.5, n.1, p.54-57, 1992.

3. CHALFANT, R.B.; JANSSON, R.K.; SEAL,D.R.; SCHALK, J.M. Ecology andmanagement of sweet potato insects.Annual Riview of Entomology,Stanford, v.35, p.157-80, 1990.

Tabela 1 - Características dos clones selecionados como menos suscetíveis a insetos desolo por meio dos critérios percentagem de raspagem (R) e número de furos (F)

Critério Cor Cor Produti- Peso médioClone de da da Formato vidade(A) raiz(A)

seleção película polpa (t/ha) (g)

69 R - 9,6% Vermelha Creme Obovado 9,0 168,4

71 R - 10,3% Rosada Creme Elíptico 13,0 218,6

233 R - 13,2% Marrom- Creme- Variado 12,5 272,9-alaranjado -escura

160 F - 3,3 Creme Amarelo- Variado 6,3 116,3-pálida

(A) Média dos anos 1992 e 1993.

4. MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.;CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.; PE-REIRA, W.; LOPES, C.A. Batata-doce,Ipomoea batatas (L.) Lam. Brasília:EMBRAPA-CNPH, 1989. 19p.(EMBRAPA-CNPH. Circular Técnica,3).

5. FABIÁN, O.; RAMAN, K.V. Euscepespostfasciatus (Fairmaire) (Coleoptera:Curculionidae) plaga importante delcamote. In: CONVENCIÓN NACIO-NAL DE ENTOMOLOGÍA, 21., 1988,Piura, Peru. Resúmenes. Piura: Socie-dade Entomológica del Peru, 1988. p.89.

6. FRANÇA, F.H.; MIRANDA, J.E.C.; MALUF,W.R.; ROSSI, P.E.F. Seleção degermoplasma de batata-doce visandoa resistência a insetos de solo. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEENTOMOLOGIA, 9., 1984, Londrina,PR. Resumos. Londrina: SociedadeEntomológica do Brasil, 1984, p.122.

7. FRANÇA, F.H. Manejo integrado de pragasda batata-doce no centro-sul do Brasil.In: CONGRESSO BRASILEIRO DEENTOMOLOGIA, 16., 1997, Salvador,BA. Resumos. Salvador: SociedadeEntomológica do Brasil/EMBRAPA-CNPMF, 1997. p.26.

8. AZEVEDO, S.M.; MALUF, W.R.; SILVEIRA,M.A.; MARTINS, V.S. Avaliação declones de batata-doce, Ipomoea bata-tas L. quanto à resistência aos insetosde solo. Horticultura Brasileira ,Brasília, v.13, n.1, p.69, 1995. Trab.apres. no 35. Congresso Brasileiro deOlericultura, 1995, Foz do Iguaçu, PR.

Paulo Antonio de Souza Gonçalves, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 34.327-2, CREA-SC,Epagri/Estação Experimental deItuporanga, C.P. 121, Fone (047) 833-1409,Fax (047) 833-1364, 88400-000 Ituporanga,SC.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 23

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Combatendo as agressões ao meio ambiente:Combatendo as agressões ao meio ambiente:Combatendo as agressões ao meio ambiente:Combatendo as agressões ao meio ambiente:Combatendo as agressões ao meio ambiente:dez anos de pesquisas e tecnologiasdez anos de pesquisas e tecnologiasdez anos de pesquisas e tecnologiasdez anos de pesquisas e tecnologiasdez anos de pesquisas e tecnologias

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

O recente Congresso Brasileiro de Agronomia, realizado no mês de outubro de 1997,em Blumenau, SC, teve como um dos temas de destaque a questão do meio ambiente.A preocupação da sociedade e, em especial, dos técnicos que mais diretamente lidam

com a natureza, os engenheiros agrônomos, com o futuro do nosso Estado, dasflorestas, solos e mananciais de água, foi amplamente manifestada no evento.

Felizmente medidas urgentes e eficazes estão sendo implementadas paraproporcionar às gerações futuras melhores condições e qualidade de vida. A revista

Agropecuária Catarinense, por ocasião do seu décimo aniversário, aliando-se a todos

que lutam para a melhoria de nosso meio ambiente, apresenta uma retrospectiva dasmatérias e artigos técnicos de pesquisadores e extensionistas da atual Epagri e das

empresas que lhe antecederam (Empasc, Acaresc e Acarpesc). São os esforços dapesquisa e da extensão para combater os males da erosão, do desmatamento

e da poluição das águas nos últimos dez anos, destacando o importante

Programa de Microbacias.

A preservação e recuperação das matas ciliares é uma das muitas conquistas doPrograma Microbacias em Santa Catarina

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24 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

anta Catarina, com 1,13% doterritório nacional, é um Estado

sui generis. Seus 195 mil km2 apre-sentam serras escarpadas, costa ma-rítima de 500km de extensão, planal-to central amplo e regiões com mor-ros de declividades diversas, onde pre-domina a pequena propriedade ruralfamiliar. A sua diversidade climáticaé única, podendo se encontrar umpomar de mamão na planície costeira,de clima subtropical, e logo ao lado,subindo a serra, beirando os 1.000mde altitude, cultiva-se a macieira, fru-ta típica da zona temperada. Estadiversidade de clima, relevo e soloscondiciona o tipo de exploração agrí-cola e pecuária deste Estado sulino,sem deixar de mencionar a influênciada colonização humana que se fezpresente ao longo dos últimos doisséculos.

Infelizmente, o manejo muitasvezes inadequado do solo e da águanas propriedades rurais, ao longo dostempos, levou à depauperação dosrecursos naturais da terracatarinense, dizimando florestas, cau-sando erosão dos solos e contaminan-do rios e córregos e o lençol freático.Nos últimos dez anos, a revista Agro-pecuária Catarinense - RAC tem re-gistrado a preocupação de pesquisa-dores e extensionistas com esta si-

tuação que chega a ser calamitosa emalgumas regiões, e mostra, através darecapitulação de vários artigos e re-portagens, a evolução da tecnologiaagrícola catarinense no combate aosmales da agressão ao meio ambiente.Já no primeiro número da revista, emmarço de 1988, os pesquisadores EloiErhard Scherer e Ivan TadeuBaldissera, do Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades-CPPP,em Chapecó, num trabalho pioneiro,mostraram a importância de utilizaruma planta leguminosa, no caso amucuna, como cobertura do solo emplantio intercalar ao milho. Além demelhorar as propriedades físicas, quí-micas e biológicas do solo, a mucunademonstrou eficiência na proteçãocontra a erosão principalmente cau-sada pelas chuvas, que são comuns naépoca de preparo do solo e plantio domilho. No inverno, a geada funcionacomo herbicida, queimando a mucunaque forma uma capa protetora nosolo. Lentamente os nutrientes conti-dos no tecido morto da planta sãomineralizados e voltam ao solo e sãoaproveitados em seguida pela cultu-ra do milho. A mucuna tambémprovou ser ótima controladora deinços, pois forma uma capa que, du-rante um tempo, impede o cresci-mento de ervas invasoras que compe-

tem com o milho.

Os benefícios do plantiodireto

O sucesso deste trabalho suscitououtros projetos semelhantes, abor-dando a importância dos chamadosadubos verdes, como proteção ao solo,fonte de nitrogênio e nutrientes, emesmo como alimentação animal. Ainoculação das leguminosas com bac-térias, os rizóbios, que formam nódu-los nas suas raízes, permite que estasplantas extraiam nitrogênio que exis-te em grande quantidade no ar atmos-férico e o coloquem à disposição de sipróprias e de outras plantas comopastagens e culturas agrícolas, subs-tituindo total ou parcialmente os adu-bos nitrogenados industriais. Esteassunto é abordado nos artigos darevista nos meses de setembro de1988 e setembro de 1989, de autoriados pesquisadores Milton AntonioSeganfredo e Edemar Brose, respecti-vamente das Estações Experimentaisde Ituporanga e Lages. Apotencialidade das leguminosasleucena e guandu como fontes econô-micas de alimentação animal foi obje-to de estudo pelos pesquisadores Nel-son Frederico Seiffert, AirtonRodrigues Salerno, Euclides Mondardoe Mario Miranda, da então Empasc,nas edições de dezembro de 1988 emarço de 1990. A empresa inclusivelançou uma nova variedade ou culti-var de guandu forrageiro, denomina-da EMPASC 303.

A proteção do solo através de co-bertura morta de plantas foi motivode importantes trabalhos publicadosna RAC, e serviram de valiosas ferra-mentas no apoio ao Programa deMicrobacias, como se verá mais adi-ante. Em março de 1989, a editoraassistente da revista, a engenheiraagrônoma e pesquisadora MaríliaHammel Tassinari faz uma visita aoAlto Vale do Itajaí e constata os pro-gressos técnicos com o plantio diretona cultura da cebola. Mais de 20 milfamílias rurais, diz o artigo, geral-mente de pequenos produtores, estãoenvolvidas com a cultura, mas é alar-mante a erosão e perdas de solo na

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Abertura de sulcos em resteva de mucuna para plantio direto de milho - Chapecó, SC

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região pela falta de práticaconservacionista, já que grande partedas áreas cultivadas localizam-se emterrenos declivosos. O uso excessivode arações e gradagens acelera a de-gradação e o compromentimento daprodutividade futura dos solos, cita aeditora. A utilização de coberturastipo milho, aveia, mucuna e outrasespécies, segundo três anos de pes-quisas, provou que houve incremen-tos de até 23% no rendimento dacebola, em relação ao plantio conven-cional sem proteção do solo. A palhadainibiu a germinação de sementes deervas daninhas, manteve a umidadedo solo, impediu grandes variaçõestérmicas diárias do solo, além de ele-var o teor de matéria orgânica daterra. O artigo apresenta a opinião deagricultores que experimentaram oplantio direto na cebola e ficaramsatisfeitos, como o caso do Sr. LaudirShaffer que dizia que a cada ano haviaum melhoramento da fertilidade deseu solo, principalmente no teor dematéria orgânica, e mostra o caso doSr. Edulino Schütz, que informou quecomeçou a colher 20 a 30% a mais como novo sistema. As pesquisas complantio direto avançaram ainda mais,e até testes com máquinas agrícolasadaptadas para cultivo mínimo foramdesenvolvidos, conforme artigo dos

Plantio direto de feijão na palha de aveia no Oeste Catariense

A erosão constantena cultura de cebola no Alto Valedo Itajaí começou a declinar...

...com as práticas de plantiodireto e cobertura morta

incentivadas pelo ProgramaMicrobacias

pesquisadores Telmo Jorge CarneiroAmado, Edson Silva e Luiz AntonioJunqueira Teixeira, da Estação Expe-rimental de Ituporanga, na revista demarço de 1992. O plantio direto emduas pequenas propriedades rurais(Alto Vale do Itajaí e Oeste) foi alvo dereportagem deste editor e do jornalis-ta Homero Franco, em junho de 1995,destacando o plantio de milho na pa-

lha de mucuna e feijão na palha daaveia, ambos em terrenos bastantedeclivosos.

Prática milenar

Estudos já realizados em outrasregiões do mundo e do país compro-vam que os resíduos de culturas queprotegem a superfície do solo (plantiodireto e cultivo mínimo) reduzem aerosão em aproximadamente 95%, emcomparação ao solo descoberto. Ba-seados nisso, os pesquisadores TelmoJ. C. Amado e Luiz Antonio J. Teixeira,da Estação Experimental deItuporanga, testaram diferentes adu-bos verdes em plantio direto na cultu-ra da cebola e observaram que, alémda proteção ao solo, as plantas for-neciam mais nitrogênio à cebola eaumentavam o seu rendimento. Estapesquisa, com três anos de duração,foi apresentada na RAC de setembrode 1991. Logo antes, em junho de1990, Valmir José Vizzoto e JuarezJosé Vanni Müller, da Estação Expe-rimental de Itajaí, testaram tipos decobertura para proteção ao solo e àssementes de cenoura que tinham pro-blemas de germinação com o solodescoberto. Os cientistas agrícolasconstataram que casca de arroz,#

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bagacite de cana e serragem, mate-riais baratos e abundantes na região,foram eficazes, reduzindo a tempera-tura na superfície, formando umabarreira física com a atmosfera, man-tendo a umidade no solo e favorecen-do substancialmente a emergênciadas plântulas.

Os adubos verdes, que podem serleguminosas ou gramíneas, foramminuciosamente estudados por TelmoJ.C. Amado, em Ituporanga, por Le-andro do Prado Wildner, no CPPP,em Chapecó, e também por EuclidesMondardo, na Estação Experimentalde Urussanga, no Litoral Sul Catari-nense. A adubação verde é uma práti-ca milenar, utilizada com sucesso naagricultura, antes mesmo da era cris-tã. Povos como chineses, gregos eromanos já reconheciam seus benefí-cios na melhoria da fertilidade dossolos e nas suas propriedades físicas.Durante as décadas de 40 e 50, princi-palmente nas regiões brasileiras decolonização européia, a adubação ver-de era prática habitual. A mucuna,por exemplo, é cultivada no Vale doItajaí há mais de cinqüenta anos. Mascom o advento da chamada “revoluçãoverde”, na década de 60, a adubaçãoverde foi relegada a um segundo pla-no, voltando a ressurgir, recentemen-te, em função do desgaste do modeloda agricultura dita “moderna”. TelmoAmado (artigo na revista de março de1991) idealizou uma tabela com diver-sos adubos verdes de inverno (aveiapreta, azevém, nabo forrageiro, xinxo,gorga, ervilhaca, etc.), indicando asmelhores opções de uso para cadaespécie, para utilização no plantio di-reto, rotação, alimentação animal,sementes, etc., e até para alimenta-ção humana ou aplicação industrial.Leandro Wildner pesquisou no OesteCatarinense adubos verdes de inver-no (vica, gorga, nabo forrageiro,serradela, tremoço, aveia preta, etc.)e de verão (crotalárias, feijão-de-por-co, guandus, mucunas, leucena, etc.),num trabalho semelhante ao de TelmoAmado, porém mais amplo conformemostram artigos nas revistas de mar-ço de 1992 e setembro de 1991. Osresultados das pesquisas científicas eo resgaste das práticas empíricas de

Testes pioneiros com adubos verdes na Estação Experimental de Urussanga

O cultivo consorciado de culturas, comum entre os pequenos produtores, tem sidoalvo das pesquisas em conservação do solo

adubação verde dos agricultores pelosextensionistas têm levado à dissemi-nação desta importante tecnologia avárias regiões, conforme o artigo des-te editor na revista de dezembro de1995, que enfoca o uso de crotaláriaem cultivo mínimo para o fumo e aespérgula ou gorga na alimentação debovinos, em solos arenosos do Litoral

Sul Catarinense.O cultivo consorciado de culturas,

comum entre os pequenos produto-res, tem chamado a atenção tanto deextensionistas como de pesquisado-res. Roger Delmar Flesch, do CPPP-Chapecó, na revista de março de 1991,destaca as vantagens do cultivo con-sorciado de milho e feijão, ressaltan-

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do a importância da diversificação deculturas e a rentabilidade da prática.Outro estudo do consórcio milho efeijão, em relação à maior ou menorocorrência de doença no feijoeiro, foiidealizado pelo pesquisador GilsonJosé Marcinichen Galloti (EstaçãoExperimental de Canoinhas), em par-ceria com os professores LaércioZambolim e Clibas Vieira, da Univer-sidade de Viçosa, Minas Gerais. Tam-bém no oeste, o pesquisador IvanTadeu Baldissera, na edição da RACde setembro de 1991, alertou sobre osenormes prejuízos causados pela ero-são nos solos declivosos, sem cobertu-ra verde ou resíduos de plantas, porocasião do plantio do milho, feijão esoja, período do ano em que ocorremuita chuva. No artigo, o técnicopreconiza o uso de práticasconservacionistas como rotação deculturas, adubos verdes e culturas decobertura, entre outras. Outro traba-lho clássico, apresentado em marçode 1991, foi realizado pelo pesquisa-dor Euclides Mondardo, da EstaçãoExperimental de Urussanga, que com-provou as vantagens do sistema mi-lho após o fumo no Sul do Estado,prática já empiricamente adotada pe-los agricultores.

Agricultura gera maisemprego

Os reflexos da globalização estãosendo muito fortes no Brasil nos últi-mos tempos. O desemprego está emalta, e os governantes deste país con-tinente têm que buscar saídas viáveispara não estagnar a economia brasi-leira. A agricultura, sem dúvida ne-nhuma, é uma forte aliada para gerarmais empregos e mais desenvolvi-mento. Alguns dados reforçam estaafirmação. Segundo parâmetros mé-dios internacionais, o investimentopara gerar um emprego no campo é daordem de US$ 5 mil, e de US$ 20 milno meio urbano. A FAO concorda comisso e vai além afirmando: manter ummigrante rural no meio urbano é setevezes, em média, mais caro do quemantê-lo na sua origem. O engenhei-ro agrônomo Christóvão AndradeFranco, veterano extensionista

A erosão dos solos causa enormes prejuízos à agricultura...

...mas o Programa Microbacias já implantou mais de 200 mil hectares de lavourasprotegidas com práticas conservacionistas

catarinense, estudioso da agriculturae atualmente assessor da Federaçãodos Trabalhadores de Santa Catarina- Fetaesc, assim resumia a importân-cia da agricultura como grande fontegeradora de desenvolvimento, emmatéria na RAC, em setembro de1994: “a agricultura não é somenteum produtor estratégico de alimen-

tos, mas é muito mais. Em um mo-mento histórico determinado éabsorvedora de trabalho a custosmenores. É preciso investir para queisso aconteça, justificando plenamen-te um programa de governo atualiza-do com os desafios do momento”.

Este programa já existia, e indire-tamente, mas efetivamente, vinha#

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ajudando a fixar o homem ao campo.Trata-se do Programa de MicrobaciasHidrográficas, que desde seu inícioem 1991 até 1997 já implantou 520projetos de microbacias, em 81 milpropriedades rurais catarinenses.Com recursos do Banco Mundial euma contrapartida do governo esta-dual, o Programa Microbacias que jávai partir para uma segunda etapadentro em breve, realizou uma verda-deira revolução na agricultura barri-ga verde, tanto que organismos econsultores internacionais conside-ram o programa catarinense um exem-plo de eficiência e organização. Não épara menos, pois enfrentar os imen-sos desafios encontrados pelas equi-pes de extensionistas e pesquisado-res, e pelos próprios agricultores, re-quer preparo e conhecimento nuncaantes alcançados. Senão, vejamos. Até100 anos atrás, conforme relata esteeditor na revista de junho de 1996,85% (81.587 km2) do território esta-dual eram cobertos por ricas e densasflorestas; hoje, apenas 6% (575.910ha)restam de floresta original e há so-mente 4,5% (431.932ha) de área reflo-restada. Na mesma reportagem, oeditor fala de um dos maiores proble-mas ambientais que ocorre no Brasil,ou seja, a poluição das águas de mui-tos rios e córregos catarinenses afeta-dos pelo despejo quase que diário dedejetos das granjas e pocilgas de suí-nos, principalmente no oeste. E falade outro grande problema que é aerosão dos solos, revelando que so-mente nos últimos 50 anos SantaCatarina perdeu 15cm de solo arável,o qual levou 6 mil anos para se for-mar. O escorrimento superficial dacamada arável do solo, sem proteçãode cobertura vegetal, ocasiona perdasanuais de 81 milhões de dólares emNPK (nitrogênio, fósforo e potássio,adubos químicos carregados pelaschuvas).

O engenheiro agrônomo da EpagriValdemar Hercílio de Freitas, Geren-te do Componente Extensão Rural doPrograma Microbacias, na mesmamatéria relacionada acima, assegura-va que mais de 200 mil hectares delavouras já haviam sido protegidoscom práticas mecânicas (terraços, cor-

dões de vegetal e de pedras) e compráticas vegetativas (uso de plantasde cobertura, plantio direto, cultivomínimo, etc.), visando solucionar ouprevenir a terrível erosão dos solos.Mas já em dezembro de 1988, emreportagem na RAC, o jornalistaHomero Franco comentava os pri-meiros resultados alcançados em trêspioneiras microbacias de 17 trabalha-das pela então Acaresc, ou seja, asmicrobacias de Rio Batalha(Ituporanga), Lageado Caxambu(Caxambu do Sul) e Lageado São José,em Chapecó. Ali estavam registradosos trabalhos com práticas de conser-vação do solo, adubação verde, plantiodireto, rotação de culturas, manejo deresíduos tóxicos, melhorias nas insta-lações sanitárias (fossas sépticas, pri-vadas, esgotos, etc.), bem como a lim-peza e preparação das fontes de águacomunitárias. A recuperação da flo-resta já estava em andamento, dizia amatéria, mostrando o viveiro comuni-tário de mudas florestais instalado nomunicípio de Caxambu do Sul, numtrabalho conjunto entre o poder públi-co municipal e a comunidade, umexemplo de parceria que se multipli-caria em vários municípios do Estado.

Outras matérias foram escritassobre os resultados gerais do Progra-

ma de Microbacias, entrevistando téc-nicos e produtores, e o leitor poderátambém buscar exemplos de impor-tantes resultados em artigos de de-zembro de 1990 e junho de 1993. Umimportante componente do ProgramaMicrobacias, o Prosolo (que é um fun-do, de caráter educativo, para incenti-var os agricultores, pertencentes auma microbacia, a executar investi-mentos em conservação e manejo dosolo e da água em nível comunitário eindividual) é discutido pelos engenhei-ros agrônomos e especialistas da ex-tensão Gilberto Tassinari e IrisSilveira, na revista de março de 1993.O termo sustentável, hoje bastanteutilizado para denotar uma agricultu-ra mais ambiental, ecológica, foi pelaprimeira vez mencionado pelo pesqui-sador Djalma Rogério Guimarães epelo especialista da extensão Otto LuizKiehn, na seção Conjuntura da revis-ta de junho de 1994.

Esterco animal, um ótimoadubo

Trabalhos e pesquisas em váriasáreas vêm sendo desenvolvidos paraauxiliar as ações do ProgramaMicrobacias. Em Santa Catarina,64,59% da população recebem água

Extensionista da Epagri capacita lideranças comunitárias em técnicasde saneamento ambiental

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tratada e apenas 5,22% são atendidospor rede de esgoto. Além disso, apro-ximadamente 80% das águas utiliza-das pelas famílias rurais catarinensesapresentam contaminação porcoliformes fecais devido ao não trata-mento dos dejetos humanos e ani-mais. Estas informações surpreen-dentes iniciam a reportagemconduzida por este editor na RAC demarço de 1996, enfocando o funda-mental trabalho das extensionistassociais da Epagri na área de sanea-mento ambiental e salientando oscursos de educação ambiental da em-presa ministrados a centenas de lide-ranças comunitárias em todo o Esta-do. Estes cursos acontecem anual-mente em várias regiões do Estado,contando com a bem organizada es-trutura dos oito Centros de Treina-mento da Epagri. Tais centros são umvalioso instrumento dos técnicos paratransmitir ensinamentos e capacitarlideranças comunitárias e agriculto-res nas mais diversas técnicasagropecuárias.

Com 3,35 milhões de cabeças suínasproduzindo dejetos que equivalem aosexcrementos de 15 milhões de pes-soas, Santa Catarina chegou ao fundodo poço em termos ambientais: 90%das correntes hídricas da região

suinícola estão contaminadas. Estealerta também iniciou a reportagemde junho de 1994, do jornalista HomeroFranco e deste editor, destacando ofinanciamento de 100 milhões de dóla-res do BNDES para financiar, numperíodo de cinco anos, um dos maioresprogramas de despoluição do país. Namatéria, os autores falam da impor-tância da cooperação entre várias or-ganizações governamentais e priva-das (Embrapa, Epagri, Fatma, Ibama,ACCS), cooperativas, sindicatos e pre-feituras, todos unidos no combate àincômoda poluição dos dejetos. Noartigo também constam as tecnolo-gias em desenvolvimento pela pes-quisa, colocadas à disposição dos téc-nicos e produtores.

Pesquisas na área de fertilidadedos solos desenvolvidas há mais dedez anos na então Empasc e estudosrecentes levados a efeito no Centro dePesquisa para Pequenas Proprieda-des, em Chapecó, sinalizam claramen-te que os dejetos de suínos e aves, aocontrário de serem um problema, po-dem se tornar uma solução, compro-vando antiga prática dos agricultores,que a relegaram a segundo plano como advento da fertilização química. “Oesterco poderá constituir-se numaótima fonte de nutrientes e poderá

suprir grande parte das necessidadesnutricionais das culturas, substituin-do parcela expressiva da adubaçãomineral nas propriedades com produ-ção animal” era o que escreviam opesquisador Eloi Erhard Scherer doCPPP e o ex-pesquisador e hoje profis-sional liberal Evandir Godoy deCastilhos, em artigo técnico para aRAC de setembro de 1994. Os mesmosautores, no número anterior da revis-ta, em junho de 1994, testavam oesterco de suínos de esterqueira e debiodigestor na produção de milho esoja consorciados. Em junho de 1995,um artigo dos pesquisadores Eloi E.Scherer, Ivan T. Baldissera e doextensionista Lourenço FranciscoXavier Dias analisa diversas amos-tras de esterco líquido de esterqueirase bioesterqueiras em oito municípiosdo Oeste Catarinense. Em face dosresultados, os técnicos alertam aosprodutores sobre a necessidade de ummanejo adequado do esterco, visandosua melhor qualidade fertilizante. EloiE. Scherer, em dezembro de 1995,avalia o esterco de aves e a uréia comofontes de nitrogênio para a cultura domilho e conclui que o esterco podesubstituir parcial ou totalmente aadubação nitrogenada mineral na cul-tura do milho, dependendo da quanti-dade aplicada. Observa também que oesterco possui alto efeito residualquanto aos importantes nutrientesfósforo e potássio, e revela que umaaplicação anual de 3t/ha de esterco ésuficiente para manter os teores des-tes nutrientes, sem necessidade deadubação mineral complementar. Ain-da em relação aos dejetos de suínos,um artigo recente (junho de 1997) dopesquisador Flávio Renê Bréa Victoria,do CPPP, comenta sobre projetos depesquisa em andamento, destacandoo aproveitamento e a reciclagem dosdejetos de suínos (como fertilizante ena alimentação animal - bovinos epeixes), e avaliação e análise das tec-nologias de aplicações de dejetos. Oartigo diz que resultado recente depesquisa indica elevada conversão ali-mentar dos peixes que se nutrem comdejetos de suínos, permitindo elevar aprodutividade de 2.500kg/ha/ano (mé-dia regional) para até 6.000kg/ha/ano.

Pesquisas atestaram que o esterco de aves e suínos pode substituiros fertilizantes químicos #

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Análise do solo, aliada doagricultor

A questão da acidez do solo é umponto fundamental quando se preten-de melhorar a fertilidade das terras,ainda mais que, em geral, nossos so-los são demasiadamente ácidos e hánecessidade de supri-los com nu-trientes minerais ou orgânicos paraviabilizar as culturas agrícolas.Calcário, gesso agrícola e lama de calsão fontes naturais e/ou industriaispara equilibrar a acidez do solo epermitir que nutrientes como fós-foro, potássio, etc. possam serdisponibilizados às culturas. Sobreestes assuntos a RAC apresentou in-teressantes artigos, a começar pordezembro de 1989, quando os pesqui-sadores Carla Maria Pandolfo e IvanTadeu Baldissera, do CPPP (atual-mente Carla Pandolfo está lotada naEstação Experimental de CamposNovos) discutiram as propriedades dogesso agrícola e do calcário, fazendorecomendações ao final do artigo. Osmesmos pesquisadores elaboram ma-téria na RAC de março de 1991, naqual analisam as condições físicas equímicas dos solos na microbacia pio-neira do Lajeado São José, no municí-pio de Chapecó. No final do artigo,entre outras recomendações, suge-rem incremento da cobertura vege-tal, redução do preparo do solo, apro-veitamento de materiais orgânicos,rotação de culturas e a correção daacidez do solo. Ainda em 1991, naedição de dezembro, os pesquisadoresAtsuo Suzuki e Clori Basso, da Esta-ção Experimental de Caçador, anali-sam o uso da lama de cal (subprodutodas fábricas de papel e celulose) comocorretivo de acidez do solo e concluemque seu uso agrícola é tecnicamenteviável. Já em 1993, na edição de ju-nho, Carla Maria Pandolfo e Milton daVeiga, da Estação Experimental Cam-pos Novos, e Ivan T. Baldissera discu-tem a evolução da fertilidade dos solosna mesorregião do Oeste Catarinense(que engloba desde o extremo oesteaté a região de Joaçaba e Concórdia),analisando itens como teor de argila,pH em água e alumínio trocável, po-tássio trocável e fósforo disponível.

No final, os técnicos concluem que énecessário elevar os níveis de fósforono solo. Uma alternativa, apontam, éa utilização de adubos orgânicos(esterco de suínos, aves, bovinos,etc.) que elevariam os níveis de fós-foro e potássio, melhorando a fer-tilidade geral, e minimizariam osefeitos da erosão. Mais recentemen-te, em março de 1995, Eloi E. Scherer,num meticuloso trabalho de pesqui-sa, alerta sobre a importância fun-damental da correção da acidez dosolo, em especial na cultura da soja, eindica condições para o parcelamentoda aplicação do calcário, de forma queo produtor obtenha maior ganho eco-nômico, com sustentabilidade técni-ca.

Em dois artigos correlatos, publi-cados em setembro de 1992 e marçode 1993, o pesquisador do CPPP VilsonMarcos Testa destaca a importânciada matéria orgânica do solo (húmus) ea CTC - Capacidade de Troca de Cá-tions (K, Ca, Mg, Fe, Zn e Mn) eanalisa diversos sistemas de culturasque utilizam adubos verdes(leguminosas) junto a uma culturacomercial (milho), como forma demelhorar a fertilidade e a conserva-ção dos solos.

Finalmente, para embasar todosestes estudos e recomendações, valio-sos tem sido os trabalhos de análise

dos solos. Sobre isso, a RAC apresen-tou duas matérias, a primeira de au-toria dos pesquisadores Ivan T.Baldissera e Eloi E. Scherer, na edi-ção de março de 1989, que fala sobreas etapas na realização das análises esua importância, e a segunda foi apre-sentada por este editor em março de1994, a respeito do novo Laboratóriodo CPPP, onde destaca os serviçosprestados pelo laboratório aos agri-cultores e para os trabalhos de pesqui-sa, totalizando até 1993 (quinze anosde existência) cerca de 170 mil análi-ses.

De olho na erosão

O impacto das gotas de chuva naterra descoberta e a utilização demáquinas agrícolas que destorroam ecompactam os solos são fatores im-portantes no processo erosivo. O altograu de declividade das terrascatarinenses também tem sido causade preocupação dos técnicos na buscade melhores alternativas de manejo eutilização dos solos. Foram estratégi-cos e alentadores para os trabalhosem microbacias os estudos técnico--científicos sobre erosão do solo le-vados a efeito nas estações experi-mentais de pesquisa. Um experimen-to clássico nesta área, com cinco anosde duração, fruto de convênio com a

Laboratórios commodernosequipamentos...

...são valiosos aliadosdos trabalhos

em microbacias

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FAO/ONU, com duas etapas (dois ti-pos de solos estudados), foi iniciadoem 1989 pelos pesquisadores Miltonda Veiga (Estação Experimental deCampos Novos) e Leandro do PradoWildner (CPPP) e os resultados pre-liminares foram discutidos na RACde junho de 1990. O experimentoobjetivou determinar a relação entrea erosão do solo e a produtividade dasculturas. A pesquisa foi concluída re-centemente e os resultados finais fo-ram apresentados na revista de de-zembro de 1997. Os pesquisadores,entre outras observações, notaramque é imperioso manter o solo cobertodurante o ano, tanto por culturascomerciais como por resíduos cultu-rais, adubos verdes, etc., já que mes-mo em qualquer época do ano, e porum período curto, uma única chuvapode provocar uma perda do solo muitomaior do que seria tolerado para amanutenção da produtividade do solo.Em especial alertam que é no períododa safra (setembro, outubro) e safrinha(janeiro, fevereiro) das culturas deverão que se concentram as chuvaserosivas, devendo os agricultores to-marem todo o cuidado com o preparodo solo nestas épocas, e preferencial-mente adotar práticas conserva-cionistas como o plantio direto.

Na edição de junho de 1989, oprofessor Ildegardis Bertol, da Facul-dade de Agronomia da UDESC/Lages,alertava que a condução das lavourasde alho na região do Planalto, na

maioria dos casos, não obedecia aosmais elementares princípiosconservacionistas. O seu trabalho pro-curou estudar características físicasdos solos de sete lavouras nos Camposde Lages, tais como densidade do solo,micro e macroporosidade, taxa de in-filtração de água, etc., e resultou emimportantes subsídios técnicos. Emmarço de 1990, o pesquisador MarioAngelo Vidor, da Estação Experimen-tal de Lages, analisa a conservaçãodos solos em pastagens e discorresobre a prática do rodízio dos pastoscom a agricultura anual intensiva.

Milton da Veiga (Estação Experi-mental de Campos Novos) e RenatoLevien, da Secretaria da Agriculturae do Abastecimento do RS, em setem-bro de 1990, trataram da influênciados equipamentos de preparo do solo(trator, arado, grade de discos, etc.)no processo erosivo dos solos, assina-lando que o melhor preparo é aqueleque menos revolve a terra, deixando omáximo de cobertura vegetal, como éo caso do plantio direto, seguido deperto do cultivo mínimo e escarificação.As voçorocas, que são os grandes sul-cos ou buracos abertos pela erosão daschuvas, foi motivo de estudo do pes-quisador Leandro do Prado Wildner(CPPP), em março de 1992, que apre-sentou técnicas para seu controleutilizando espécies vegetais e práti-cas de estabilização e recuperação dasmesmas.

As constantes secas no Estado têm

sido alvo de grande preocupação, oque levou o pesquisador Vilson Mar-cos Testa a apresentar, em junho de1992, um estudo sobre a potencialidadede irrigação na região Oeste e medi-das para a retenção de água no solo, aexemplo de coberturas permanentes,como culturas perenes, sucessões deculturas, materiais orgânicos. O in-vestigador propõe a construção deterraços, cordões vegetados ou culti-vo em faixas, reduzir o revolvimentodo solo e fazê-lo no ponto defriabilidade, evitar a compactação dosolo, etc. Na mesma edição da revista,os pesquisadores Milton da Veiga eAngelo Mendes Massignam (EstaçãoExperimental de Campos Novos) eLeandro P. Wildner (CPPP) apresen-tam um estudo sobre o índice deerosividade da chuva para várias re-giões de Santa Catarina, ferramentaque, segundo os autores, poderá serusada no planejamento de uso do solono Programa Microbacias.

A compactação do solo, um dosfatores limitantes da produtividade,foi discutida na edição de dezembro de1996 pelos professores Alceu Pedrottie Moacir de Souza Dias Júnior, daUniversidade Federal de Lavras, MG.No artigo os professores ensinamcomo reconhecer os sintomas dacompactação e as formas de controlá--la, como a subsolagem associada àrotação de culturas, uso de plantas decobertura, etc.

Artigo recente (setembro de 1997)de Milton da Veiga e do extensionistaOsmar Luiz Trombetta, da GerênciaRegional da Epagri de Campos Novos,revela a satisfação dos técnicos comos resultados até o momento alcança-dos pelo Programa Microbacias noMeio Oeste Catarinense, numa análi-se de 20 microbacias de um total de 30trabalhadas na região, envolvendoitens como área ocupada com as cul-turas comerciais ou de cobertura, for-mas de semeadura e de manejo dosolo. Os autores fazem uma análisedos manejos adotados tanto nas cultu-ras de inverno como nas de verão, erecomendam ações corretivas nosproblemas encontrados, a exemplo daexcessiva utilização do sistema aveiapreta-milho.

A recuperaçãodos níveis dematériaorgânica dossolos tem sidoa meta daspesquisas emfertilidade e doProgramaMicrobacias

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Mapas, satélites ecomputadores

O solo utilizado fora de sua aptidãonatural, além de estar sujeito a degra-dações irreversíveis, não traduz emprodutividade o investimento efetua-do. Por isso foi fundamental para oPrograma de Microbacias os traba-lhos de mapeamento e levantamentode solos da Epagri que, através demapas detalhados das diversasmicrobacias, permite uma verdadeiraradiografia da terra, sendo um inesti-mável subsídio aos extensionistas naorientação segura de técnicas de ma-nejo e conservação dos solos para osagricultores. A importância deste tra-balho foi destacada recentemente (se-tembro de 1997) em artigo de autoriado engenheiro agrônomo JoséAugusto Laus Neto - Ciram/Epagri. Afisiografia, ou seja, o estudo da paisa-gem e geomorfologia local e dos solosassociados de determinada área deuma microbacia, é uma ferramentavaliosa no auxílio ao mapeamento econstou de dois artigos na revista dedezembro de 1993, de autoria do pes-quisador Francisco RobertoCarvalhaes do Espírito Santo, doCPPP.

As modernas técnicas desensoriamento remoto utilizando sa-télites, como o Landsat 5, são umrecurso eficiente e viável nomonitoramento do uso da terra, vi-sando um planejamento conserva-cionista. Foi com isso em mente que

a engenheira agrônoma Angela daVeiga Beltrame (Pronatura - Assesso-ria e Planejamento Ambiental Ltda.)resolveu avaliar o uso da terra damicrobacia formada pelo rio do Cedro,em Brusque, trabalho originalmenteexecutado como tese de mestrado daautora e adaptado para a RAC emmarço de 1991.

Como não poderia ser diferente, ainformática também vem prestandogrande auxílio aos trabalhos de pre-servação e melhoria do meio ambien-te. A automatização nos processos demapeamento estreitou vínculos en-tre a cartografia e o sensoriamentoremoto, através de sistemas deprocessamento digital de imagens esistemas de gerenciamento de dados,o chamado geoprocessamento. Com

isso, tem sido possível acelerar ostrabalhos de mapeamento, trabalhan-do com grande número de dados pro-venientes de mapas, imagens de saté-lite, dados de censo, cadastro rural,etc. Um exemplo prático degeoprocessamento é discutido pelogeógrafo Valci Francisco Vieira daEpagri e o estudante de agronomiaKleber Hailee Emerich, na edição dedezembro de 1992, que cruzaram da-dos informatizados do Mapa de UsoAtual das Terras com o Mapa de Apti-dão de Uso da microbacia Ribeirão doTigre, em Rio do Sul, gerando comoresultado um mapa de identificaçãodos conflitos de uso das terras.

Visão sistêmica econstrutivismo

A avaliação da metodologia de tra-balho da extensão rural com os agri-cultores envolvidos nas microbacias édiscutida em artigo de março de 1996pelo engenheiro agrônomo ÁlvaroAfonso Simon - Ciram/Epagri, o qualfaz uma crítica da maneira impositivacom que as tecnologias da “revoluçãoverde” foram alocadas aos agriculto-res no mundo inteiro e também nostrabalhos em microbacias. Segundo otécnico, esta metodologia tem geradodesajustes culturais, desintegraçãosocial, autoritarismo político e obri-gou as comunidades rurais a mudan-ças em suas estruturas socioeco-nômicas. Em síntese, o autor propõe

A altadeclividade

dos soloscatarinenses

requer métodosespecíficos

de controle daerosão

A utilizaçãode imagens desatélite,através desensoriamentoremoto temauxiliado oplanejamentoconservacionistadas terras emmicrobacias

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

que o chamado processo de difusão detecnologias seja substituído por umprocesso participativo, sob uma visãomais holística, sistêmica, no qual oprocesso de aprendizagem acontece apartir dos problemas levantados pelaspróprias comunidades, oportunizandoao agricultor o conhecimento de suarealidade e a construção de sua pró-pria história. A visão sistêmica referi-da por Álvaro Simon foi discutida noano anterior em artigo para a RAC dejunho de 1995, trabalho conjunto como professor César Augusto Pompêo(Universidade Federal de Santa Cata-rina). O ponto de destaque é que estavisão sistêmica, segundo os autores,fornece as possibilidades concretas daconstrução de uma sociedade justaem sua forma social e sustentável emsua dimensão ecológica, colocando aextensão rural em um novo patamar,permitindo que as pequenas comuni-dade rurais trabalhadas nasmicrobacias atinjam um alto grau desatisfação em suas expectativas.

Um novo enfoque que está sendodiscutido ultimamente nas universi-dades e com algumas experiências emcertos países é a chamada abordagemconstrutivista, que apresenta concei-tos mais amplos do que o enfoquesistêmico e não se resume somente aoproblema tecnológico. Segundo o au-tor do trabalho, publicado em duaspartes nas revistas de março e junhode 1997, o pesquisador Sergio LeiteGuimarães Pinheiro, da Estação Ex-perimental de Itajaí-Epagri, que naépoca estava em curso de doutoradona Austrália, o construtivismo nãopretende se sobrepor ao enfoquesistêmico e participativo (muito em-bora o autor ressalta que o enfoqueparticipativo ainda possui um compo-nente autoritário, deixando poucamargem de poder e responsabilidadeaos agricultores), e sim preencherlacunas onde outras estratégias detrabalho não causaram impacto.

A importância das florestas

Dos 4,9 milhões de hectares culti-váveis em Santa Catarina, 3 milhões(ou 61%) se prestam para a silvicultu-ra. A exploração econômica de madei-

ra se apresenta como a alternativamais sensata, oportuna, estratégica ede fácial implantação. É o que apon-tam técnicos entrevistados pelo jor-nalista Homero Franco em reporta-gem publicada em setembro de 1991.Na matéria, Homero destaca os pro-blemas causados pelos desmata-mentos, como enxurradas, perdas delavouras pela erosão causada pelaschuvas, assinalando que nas terrasditas agricultáveis, a maioria emdeclividade, grande parte da área de-veria ser reflorestada. Outro dadointeressante é de que o severodesmatamento tem provocado tem-peraturas ao nível do solo de até 60oC,prejudicando a germinação e o cresci-mento inicial das culturas agrícolas.O calor excessivo também causa malestar aos animais e seres humanos, eprovoca ainda o aumento rápido daevapotranspiração, o rápidoressecamento do solo, a aceleração dadesestruturação do solo e a reduçãodo teor de matéria orgânica. Recente-mente, inclusive, a Secretaria da Agri-cultura e do Desenvolvimento Rural,face à tremenda importância e urgên-cia, lançou um programa de incentivoao plantio de árvores pelos agriculto-res, concedendo incentivos na formade dinheiro para acelerar oflorestamento e reflorestamento daspropriedades rurais. O próprio Pro-grama Microbacias tem estimuladobastante a criação de viveiros flores-tais nos municípios, o que tem acele-rado sobremaneira o reflorestamento

das propriedades rurais, seja com es-pécies exóticas (pínus, eucalipto), seja,e principalmente, com nossas árvoresnativas (cedro, araucária, bracatinga,palmiteiro, canela, pitanga, araçá, emuitas outras). O jornalista Homerojá em junho de 1989 alertava, emoutra reportagem para a RAC, sobreos desastres causados pelodesmatamento, como o assoreamentodos rios e represas, e dizia que SantaCatarina, dos três Estados do Sul, erao que possuía a maior cobertura flo-restal primitiva, mas assim mesmocom míseros 6%. No final da reporta-gem, destacava a importância dacriação do Programa de Microbacias ea alternativa do sistema agrossilvo-pastoril (agricultura, pecuária e silvi-cultura) como tipo de exploraçãoconservacionista tecnicamente dese-jada.

Investir em espécies florestais,sejam exóticas ou nativas, pode resul-tar em bom lucro para os agricultores,quando escolhidas aquelas de rápidocrescimento, as quais, além do retor-no financeiro, contribuem para a re-cuperação e conservação do meioambiente. Este é o tema da reporta-gem de março de 1993, de autoriadeste editor e do jornalista HomeroFranco. A matéria apresenta infor-mações sobre cinco espécies: pínus,eucalipto, bracatinga, cinamomo eacácia negra, as quais possuem boaadaptação e rápido crescimento emnosso meio. Finalizando, os autoresapontam para um grande equívoco:

A exploraçãosustentada da

floresta seapresenta

comoalternativa

viável, sensatae econômica,

além depreservar o

meio ambiente #

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

por falta de estrutura, o pequeno agri-cultor acaba vendendo suas árvoresem pé, no bosque, a intermediários,sem passar por um processo debeneficiamento. Com isto o produtorrural deixa de auferir uma boa soma.Exemplificando, 1m

3 de canela em

forma de tábuas simples representacerca de 1.500% a mais do que amadeira bruta em pé, de acordo coma matéria. E na edição de março de1994, o pesquisador Airton RodriguesSalerno, da Estação Experimental deItajaí, escreve sobre técnicas de co-lheita e processamento de sementesde essências florestais. Ele abordatópicos como escolha de árvores ma-trizes, métodos e épocas de colheita,processamento de frutos e sementes,dormência e armazenamento de se-mentes. Estudos científicos e educa-ção ambiental através de trilhas eco-lógicas são os objetivos de um grupode entidades do Planalto Norte Cata-rinense que utiliza a Floresta Nacio-nal de Três Barras para difundir co-nhecimentos e incutir uma mentali-dade conservacionista na populaçãoem geral, e para técnicos, universitá-rios e estudantes. Este é o tema dareportagem de setembro de 1997, deautoria deste editor. Na mesma edi-ção, os engenheiros florestais LuizCláudio Fossati (Estação Experimen-tal de Canoinhas), Laerte Bonetes(Universidade do Contestado,Canoinhas, SC) e os acadêmicos docurso de engenharia florestal AndréLuís Wendt dos Santos e JoséHilário Koehler apresentam um le-vantamento de 63 espécies de árvoresexistentes na Floresta Nacional deTrês Barras. Nesta pesquisa, osautores denunciam a baixa ocorrên-cia de determinadas espécies, umaconseqüência, segundo eles, de explo-rações anteriores com intuitos co-merciais.

Devido à importância da questãoflorestal, a RAC, com a colaboraçãodos pesquisadores e extensionistas doPrograma Estadual de Pesquisa eExtensão Rural em Essências Flores-tais, abriu uma seção especial na re-vista com o título Reflorestar, ondeperiodicamente os técnicos registraminformes atuais sobre o tema.

A riqueza vem do marA riqueza vem do marA riqueza vem do marA riqueza vem do marA riqueza vem do mar

Nada mais ambiental e ecológico doque o mar. Ele é o verdadeiro pulmão domundo, ou seja, a maior parte do oxigê-nio produzido no planeta provém dosoceanos, através da fotossíntese dasalgas. A vida saiu dos oceanos parapovoar o resto do planeta e é neles queestá a maior produção de alimentos,estimada entre 2 e 4 bilhões de tonela-das de organismos animais e vegetais,porém pouco e mal explorada. O LitoralCatarinense é uma das zonas mais pro-pícias no mundo à exploração pesqueiracom seus 531 quilômetros e 14% daprodução nacional de pescados, e esfor-ços estão sendo efetivados pelos órgãosgovernamentais e universidades parabuscar alternativas viáveis às famíliasdos pequenos pescadores catarinenses,conforme atesta o jornalista HomeroFranco, em dezembro de 1989. Homerochama a atenção para as proposições doentão Programa de Pesquisas Animaisda ex-Empasc ressaltando, entre ou-tros, o incentivo ao associativismo comoforma de organizar os pescadoresartesanais para a produção ecomercialização de produtos pesquei-ros. Crédito rural, pesquisa e fortaleci-mento da extensão rural pesqueira tam-

bém são pontos importantes do progra-ma. A reportagem também destaca a bru-tal realidade dos pescadores: ação perni-ciosa dos intermediários que levam 80%do lucro da pesca, a falta de tecnologias depesca ao alcance do pequeno pescador, aconcorrência ilegal dos barcos de pescaindustrial e a falta de organização políti-ca e comercial dos pescadores. Mas o jor-nalista também apresenta alternativaspara os pequenos pescadores, citandoexemplos viáveis de exploração comerci-al, como é o caso da criação de ostras, querecebeu um grande impulso através dostrabalhos do Laboratório de Produção deSementes de Ostras, da UFSC, na praiado Sambaqui, em Florianópolis. O maris-co ou mexilhão igualmente promete seruma fonte de renda auxiliar para o pesca-dor artesanal, e com a assinatura de umconvênio entre a UFSC (pesquisa) e a ex--Acarpesc (extensão pesqueira), prevê-seum incremento no cultivo deste animal,com maiores resultados técnicos e maisrendimento ao produtor, escreve HomeroFranco, exemplificando com a experiênciabem sucedida de dois produtores envolvi-dos no projeto experimental do referidoconvênio. O potencial do camarão mari-nho é comentando na reportagem quedestaca os trabalhos de pesquisa da Es-tação da Barra da Lagoa, em Florianópo-

Cultivo de mexilhões no moderno sistema “long line” se difunde noLitoral Catarinense

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

lis. “A estação está produzindo dois mi-lhões de pós-larvas ao mês. Apotencialidade, porém, é maior que dezmilhões, dependendo de que haja maisrecursos e se amplie a demanda em fun-ção do aumento do número de criadores”,arremata o jornalista. Finalizando a re-portagem, Homero descreve as diversasações do serviço de extensão pesqueirada ex-Acarpesc, e termina com uma en-trevista com um empresário da pesca.

Primeiro lugar

Novamente, em setembro de 1993, ojornalista aborda a questão das alterna-tivas de renda ao pequeno produtorartesanal da pesca, enfocando a produ-ção (crescente na época) dos mexilhões.Ele lembra que os resultados do convê-nio, em 1989, entre a UFSC e a ex--Acarpesc (agora absorvida na Epagri),foram bastante animadores: 190t em1990/91, 500t no ano seguinte e 1.100tna safra de 1992/93, o que coloca o Esta-do como primeiro produtor brasileiro. AEpagri, diz a matéria, possuía registrode cerca de 150 unidades de cultivo as-sistidas, estando prevista para 1993/94uma safra de cerca de 1.800t. Na maté-ria está o depoimento da engenheiraagrônoma e extensionista pesqueira Ritade Cássia Cordini Rosa, que salienta asvantagens do cultivo marinho: o fatoreconômico que determina produção abaixo custo e programável; o fator social,que não impede o pescador de exercer asua atividade extrativa, mantém suatradição ligada ao mar e permite quetoda a família participe da atividade decultivo; o fator ambiental, pelo fato de osmexilhões serem agentes filtradores,que requerem água de boa qualidadepara se desenvolverem sem causar da-nos à saúde humana, o que atua comoformador de uma consciênciapreservacionista; o fator alimentício,que leva à produção de um alimentoaltamente protéico e de melhor qua-lidade. Rita de Cássia lembra ainda quenas regiões de cultivo de mexilhões, sãofreqüentes as presenças de cardumes devárias espécies marinhas, o que favorecea pesca e beneficia as próprias famíliasenvolvidas no cultivo. A matéria finalizacom entrevista a novos produtores e comum texto sobre os aspectos técnicos damalacocultura (cultivo de mexilhões).

A nova agriculturaA nova agriculturaA nova agriculturaA nova agriculturaA nova agricultura

Até há pouco tempo, produzir ali-mentos sem agrotóxicos e sem adubosquímicos industriais era uma utopia.Era coisa de sonhadores, diziam os maiscéticos. Felizmente a utopia tornou-serealidade. No mundo inteiro, a produçãoorgânica ou ecológica de alimentos nãopára mais de crescer, fortalecendo o novoparadigma da agricultura ecológica ouagroecologia. Na Europa, em 1993, jáhavia 600 mil hectares dedicados aocultivo orgânico em 15 mil estabeleci-mentos agrícolas, confirma a RAC emsua edição de março de 1997, com umareportagem ampla sobre a florescenteprodução agroecológica em Santa Cata-rina. A matéria também registra que16% dos franceses consomem regular-mente produtos livres de agrotóxicos:frutas, legumes, carnes, produtos lácte-os, etc. E também cita que no Brasil acomercialização dos produtos orgânicos,naturais ou alternativos em feiras esupermercados já passa de 1 milhão dedólares anualmente. Recente pesquisacom consumidores de Florianópolis, SC,revela que 77% das pessoas que fre-qüentam os supermercados preferemprodutos orgânicos aos convencionais ese dispõem a pagar até 20% a mais poreles, de acordo com artigo publicado narevista, em dezembro de 1996, de auto-ria dos engenheiros agrônomos LéoTeobaldo Kroth, Moacir Bet, ReneKleveston e Carlos Leomar Kreuz, daEpagri. Em Porto Alegre, RS, os consu-midores gaúchos fazem fila para com-prar frutas, hortaliças e produtos lác-

teos, numa das maiores feiras brasi-leiras de produtos orgânicos, a preçosque não ultrapassam a média de preçosdos supermercados da capital gaúcha,assinala reportagem de setembro de1995.

Após as Guerras Mundiais, a ociosi-dade das indústrias de armas químicaslevou-as a despejarem seus produtostóxicos na agricultura. Foi a chamadaRevolução Verde, que embora tenha au-xiliado no aumento global da produçãode alimentos, causou enormes desastresambientais e prejuízos à saúde do ho-mem e dos animais. Enquanto a agricul-tura convencional, dita moderna, procu-ra dominar a natureza, a filosofia daagricultura sustentável, orgânica ou eco-lógica prefere trabalhar com a naturezaa dominá-la. A lei do retorno ou dareciclagem é fundamental para osconservacionistas ou agroecologistas,em oposição ao consumismo presente naagricultura convencional. Estas coloca-ções fazem parte do primeiro alerta so-bre o crescimento da agricultura ecológi-ca registrado na RAC, na edição de se-tembro de 1994, de autoria do jornalistaHomero Franco e deste editor, sob o su-gestivo título de “A agricultura que nãoenvenena”.

Praga que come praga

Embora não falando diretamentesobre agricultura orgânica ou ecológica,diversos artigos de pesquisadores e pro-fessores, anos antes, já comentavamsobre tópicos da agroecologia, a começarpelos estudos de adubação verde

relacionados noinício desta repor-tagem. O princípioda trofobiose,enunciado pelo ci-entista francêsChaboussou, em1980, e que afir-ma que plantasconstantementepulverizadas comagrotóxicos ten-dem a ser maissuscetíveis às pra-gas e doenças, foidefendido pelosacadêmicos deagronomia Mi-guel André Com-pagnoni, André

Diversas frutas, tais como o quivi, já são produzidasorganicamente e comercializadas nas feiras agroecológicas

#

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Luiz Sander, Cesar Alexandre de Pinhoe Eliane Adélia dos Santos, da UFSC, naedição de setembro de 1988. Importan-tes resultados foram atingidos pelas pes-quisas com controle biológico e práticasnão agressivas ao meio ambiente, con-forme relatam os seguintes trabalhos. Opesquisador da Estação Experimentalde Itajaí, Honório Francisco Prando, emsetembro de 1989, escreveu sobre o ma-nejo integrado de pragas, apontando ex-periências exitosas nas culturas da soja,mandioca, algodão, trigo e pepino. O tam-bém pesquisador José Maria Milanez,do

O uso do baculovírus...

...para controle do marandová da mandioca...

...é um dos exemplos mais exitosos decontrole biológico de pragas

CPPP, preparou um artigo em dezembrode 1988 sobre uma prática simples, bara-ta e ecológica de controlar a peste do carun-cho em feijão. E em dezembro de 1991, ocientista agrícola apresenta os primeirosestudos sobre a terrível lagarta lonomia,que vem causando inclusive morte de pes-soas. No texto, Milanez esclarece que “osurto desta espécie de inseto na regiãoOeste pode estar ligado ao desmatamentoexcessivo que ocorreu nas últimas déca-das”.

A pesquisa fecha o cerco contra aspragas, utilizando o mínimo ou nada deagrotóxicos, relata reportagem deste edi-tor em setembro de 1991. Na matériaconstam alguns resultados da pesquisaagrícola catarinense: isca de tayuyá, umaraiz nativa, atrai as vaquinhas, insetospragas do feijoeiro; vírus mata lagarta dasoja; ácaros predadores viram armaseficazes contra outros ácaros nocivos damacieira; fungo acaba com broca que ata-ca bananeira; bactéria combate os insetosborrachudos; e destaca também o pioneirotrabalho da bióloga Áurea Teresa Schmittque utiliza o baculovírus para controlar oataque do mandarová da mandioca,tecnologia que hoje em dia está em uso nãosó no Brasil, mas em países comoVenezuela, Colômbia, Paraguai. As ara-nhas como agente de controle biológico depragas aparecem em recente artigo dobiólogo e professor da UNOESC (Chapecó,SC) na revista de dezembro de 1997. Adiminuição em pelo menos 50% da aplica-ção de agrotóxicos na cultura da maçã foialcançada através do uso de um calendá-rio fitossanitário, desenvolvido por pes-quisadores das Estações Experimentaisde São Joaquim e Caçador, que, além de

reduzir a contaminação do meio ambien-te, permitiu considerável diminuição decustos financeiros ao fruticultor. Juntocom o calendário, a pesquisa iniciou aimplantação das chamadas estações deavisos fitossanitários, um moderno e im-portante aliado dos produtores, conformeregistram os pesquisadores YoshinoriKatsurayama, José Itamar da SilvaBoneti, Reinhard Krüeger e AntonioAmorim Neto, da Estação Experimentalde São Joaquim, em artigo de setembrode 1992.

Trabalho no campo, comqualidade

Um marco recente desta luta em prolde uma agricultura mais humanizada esustentável foi a Conferência Internacio-nal sobre Tecnologia e DesenvolvimentoSustentável, realizada em setembro de1995, em Porto Alegre, RS, e que contoucom diversas entidades governamentaise não governamentais, as quais firmaramum pacto de parceria para incentivo etrabalho em prol da agricultura sustentá-vel. Esta grande conferência foi precedidade um conjunto de quinze encontros re-gionais preparatórios. Mas experiênciasbem sucedidas sobre a nova agricultura jáestavam em andamento. A revista de ju-nho de 1995 mostra o caso de um produtorde arroz irrigado no Litoral Sul Catari-nense que dispensou o uso de adubos quí-micos, inseticidas e herbicidas, utilizan-do peixes na lavoura, os quais substitu-em, com vantagens, os agroquímicos. Ovalor da minhoca, um verdadeiro aliadodo solo e da natureza, foi discutido em três

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trabalhos consecutivos sobre o manejo demicrobacias hidrográficas, nas edições dedezembro de 1995, março de 1996 e junhode 1996, escritos pelo professor MasatoKobiyama, da UFSC. A valorizada mi-nhoca também foi motivo de uma reporta-gem deste editor, em março de 1995, ondeaborda o seu uso no processamento doesterco bovino para obtenção de húmus, ouvermicomposto. O aproveitamento de re-síduos vegetais, restos de comida, mais oesterco animal, os quais passam por umprocesso de fermentação aeróbica, resul-tando no composto ou húmus, fertilizantenatural também de ótima qualidade, se-melhante ao vermicomposto, foi descritopor este editor em dezembro de 1994.Uma prática simples e eficiente paratratamento biológico de esgoto utilizan-do o junco é enfocada em reportagem deHomero Franco, na edição de setembro de1995. Esta tecnologia ambiental é desimples manejo, serve para tratamen-tos domésticos e até industriais, não pro-voca cheiro e não prolifera vetores, comolarvas de mosquitos, ratos, moscas, etc. Oresgate das ervas ou plantas medicinais,muito utilizadas por nossos avós, índios epovos antigos, que sabiamente conhe-ciam o valor destas plantas, foi propostopelos pesquisadores Antônio Amaury Sil-va Júnior e Valmir José Vizzotto da Esta-

ção Experimental de Itajaí, em artigo narevista de março de 1996. E na edição desetembro do mesmo ano este editor des-creve os trabalhos da freira Eva Michalak,de Rodeio, SC, que há 50 anos vem coletan-do e cultivando plantas medicinais, pos-suindo uma das maiores coleções do Bra-sil.

As experiências em agricultura sus-tentável na Epagri culminaram recente-mente com a produção pioneira da cebolaagroecológica, trabalho desenvolvido naEstação Experimental de Ituporanga eem propriedade de três agricultores, umametodologia também pioneira de pesqui-sa participativa. Os resultados foramanimadores. Além de eliminar 100% deagroquímicos, os custos contabilizadosforam menores, e os preços na hora da

A utilização de peixes nas lavouras dearroz irrigado no Litoral Catarinense

poupa adubo e agrotóxicos

venda atingiram de 50 a 60% a mais quea cebola convencional, atesta matéria daRAC em março de 1997.

Os trabalhos em agricultura sus-tentável visam, sobretudo, beneficiar ohomem rural, dar-lhe uma oportunidadede aperfeiçoar sua atividade, manten-do-o no campo, com melhor qualidadede vida e produção e com reflexos em todaa sociedade. Sobre isso, convémrelembrar as palavras do grande esta-dista e presidente norte-americanoAbraham Lincoln, impressas na ediçãoda revista de junho de 1996: “Se as cida-des perecerem e os campos forem preser-vados, as cidades renascerão; mas se oscampos forem destruídos, as cidades etudo o mais desaparecerão para sem-pre”.

O agricultorLourival

Böess, do AltoVale do Itajaí,

um dospioneiros da

cebolaagroecológica

Mais empregono campo e

melhorqualidade de

vida àfamília do

agricultor sãoobjetivos dodesenvolvi-

mento ruralsustentável

o

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Agricultura Familiar em dez anosAgricultura Familiar em dez anosAgricultura Familiar em dez anosAgricultura Familiar em dez anosAgricultura Familiar em dez anos

Reportagem de Homero M. Franco

dentificada com a reali-dade de seu Estado, esta

revista abriu matéria de capaem junho/88 para apresentara situação da pequena pro-priedade em Santa Catarina.A expressão Agricultura Fa-miliar começou a aparecerem 1990 como substitutodesignativo de Pequena Pro-priedade, buscando assimconceituar “a propriedaderural trabalhada pela mão--de-obra da família do pro-prietário ali residente e cujarenda provenha exclusiva-mente dela.”

Em 1988, a matériaenfatizava o que ainda nãomudou: a pequena proprieda-de é o modelo econômico pri-mário símbolo de Santa Cata-rina. À época eram 212 milpropriedades com menos de50ha, o que representava 90%do total de propriedades ru-rais, ocupando 40% da área territoriale respondendo por 70% do valor totalda produção agrícola e por 72% dototal da produção animal do Estado.

O que mudou?

Ainda que hoje os números sejamalgo diferentes, em 1988 os agriculto-res do universo agora chamado deAgricultura Familiar se alimentavamde seu trabalho e ainda comercia-lizavam o excedente, suprindo 81% doleite, 73% do arroz, 79% do feijão, 86%da mandioca, 81% do milho e 50% dasoja catarinenses consumidos ou ex-portados (números do IBGE).

Hoje, o número de proprietários émenor que 212 mil e a sua participa-ção no volume de produção se alterou.O êxodo rural prosseguiu e um bom

número de propriedades foi adquiridopelo proprietário vizinho ou por genteda cidade, que ali não reside e, nestecaso, descaracteriza o estabelecimen-to como propriedade rural.

A revista dizia ao tentar comparara pequena propriedade catarinensecom a similar européia ou norte-ame-ricana: “aqui a pequena propriedadese caracteriza por:

• baixa renda;• baixa tecnificação;• carência de capital;• exploração e mão-de-obra fami-

liar;• ausência de mecanização, irriga-

ção, drenagem, adubação mineral,culturas solteiras, uso de inseticidas,fungicidas e herbicidas;

• baixa disponibilidade de terraprodutiva e apta para o uso dos moder-

nos meios de produção;• terreno declivoso, pedregoso e

raso”, isto é impróprio para culturasanuais.

Hoje, a situação está um poucoalterada. Algumas pequenas proprie-dades evoluíram quanto às cinco pri-meiras características, outrasinvoluíram. Nesse período, a políticaeconômica da União abandonou a agri-cultura dita de subsistência e o Estadomodificou sua metodologia de atuaçãoem Assistência Técnica e ExtensãoRural (ATER), modificando o quadro,como veremos mais adiante.

Previsão confirmada

No curso da reportagem citada,afirmavam os membros de um pro-grama tocado pela Empasc e Acaresc

I

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40 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

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(instituições que em 1991 se fundiramna atual Epagri), chamado PEESP –Pesquisa e Extensão com EnfoqueSistêmico: “a pesquisa e a extensãotradicionais não funcionam dentro dapequena propriedade” e que “as pres-sões recebidas por pesquisadores eextensionistas dentro do processoprodutivista do modelo agrícola bra-sileiro não permitem a esses técnicosobter os resultados desejados junto àpequena propriedade. Com ela, a ta-refa de gerar, identificar, aplicar eexpandir tecnologias em larga escala,com rápida resposta de capital, nãofunciona. A pequena propriedade éum universo à parte, complexo, de-licado. Antes se produz para o auto--abastecimento, depois para o merca-do. Habitando e trabalhando a peque-na propriedade, estão quase 30% doscatarinenses (hoje 23%)”, que àépoca eram mais de um milhão depessoas.

A crítica atingia a pesquisa preocu-pada em criar, a extensão preocupa-da em divulgar e o entendimento deque o agricultor é obrigado a adotara tecnologia de uma forma compulsi-va, descendente. E chamava a aten-ção para o ensinamento de PauloFreire: “conhecer é tarefa de sujeitos,não de objetos. E é como sujeito esomente enquanto sujeito que o ho-mem pode realmente conhecer. Asubstituição do procedimento empíricodos camponeses por nossas técnicaselaboradas é um problema antropoló-gico, epistemológico e também estru-tural”. Citava também Dufumier,cujos ensinamentos vão além das pre-ocupações de Paulo Freire quanto àmarginalização do agricultor no pro-cesso de seleção da tecnologia. Aquelecondena também o alijamento do agri-cultor como agente de geração e adap-tação de tecnologia.

O programa era atual em 1988 econtinua atual em 1998, pois as dis-cussões estabelecidas em quatro re-centes fóruns onde o Serviço PúblicoAgrícola foi alvo de estudos (ver box),envolvendo os quatro universos inte-ressados (agricultores, empresasgovernamentais de pesquisa e ex-tensão, servidores da pesquisa eextensão e legisladores), conduzem

para uma reformulação dos méto-dos. Não se quer apenas trabalhar acomplexidade da Agricultura Fami-liar, mas levar em conta a necessi-dade de trabalhar um projeto de de-senvolvimento sustentável para omeio rural, encarando oscomplicadores de ordem administra-tiva e cultural existentes dentro dapropriedade. “A realidade de cada umdeve ser olhada particularmente, in-clusive a escolaridade”, dizia a maté-ria de 1988.

Posição atual

Hoje, os extensionistas do paístomam posição: “a metodologiadifusionista não dá conta de promo-ver o desenvolvimento sustentávelporque os princípios da susten-tabilidade pressupõem cidadania,participação, solidariedade, justiçasocial, eqüidade, entre outras.”

Ao defenderem a metodologiaconstrutivista, indicam a necessi-dade de se construir um novo modelode sociedade e dentro dele a extensãorural, levando em conta que:

• todos os atores sociais possuemconhecimento;

• o conhecimento científico nãotem supremacia ao conhecimentoempírico;

• não existe conhecimento neutro;• a relação de poder não deve ser

hierárquica;• os métodos são construídos pas-

so a passo, metodicamente com refle-xão crítica;

• não existe receita pronta e aca-bada;

• temos de trabalhar a diversida-de, com pluralidade de idéias, visões,culturas e contextos;

• temos de buscar desenvolver apessoa como um ser integral.

Estas posições tiradas no 6º Con-gresso Brasileiro de ExtensãoRural, realizado em outubro/97, emGuarapari, ES, refletem o desejo de sefazer extensão rural contribuindopara a autopromoção dos agriculto-res familiares, através de um pro-cesso permanente de educação nãoformal, de assessoramento e assis-tência técnica compartilhada, pes-

quisa concebida e mobilização social.

Em apenas dez anos

Escudados nos primeiros resulta-dos dos estudos do referido programaPEESP, os técnicos identificaram e arevista mostrou em 1988: 78,62% dos90 mil produtores do Oeste e Vale doRio do Peixe produziam suínos, ondea cultura do milho aparecia comomonocultura, empregada na alimen-tação dos animais. Apenas 7,03% dosagricultores diversificavam produzin-do milho, feijão, soja, etc. como ativi-dade principal.

Nem dez anos mais tarde (1995)havia menos de 40 mil suinocultoresnas mesmas regiões, sendo destes18.700 integrados às agroindústrias.Significa que bastaram 7 anos paraque 22 mil suinocultores saíssem domercado, enquanto a produção semanteve crescendo.

Para alinharem-se ao mercado,melhor dizendo, para sujeitarem-se àmonocomercialização (via agroin-dústria) denunciada pela repor-tagem, os agricultores se tornammonocultores. É pior em 1998, quan-do os efeitos do Mercosul e da chama-da globalização se fazem sentir navida dos agricultores familiares aquinas minúsculas comunidades ruraisdo interior de Santa Catarina. Quantomais tecnologia sofisticada, mais ex-clusão.

Futuro outra vez

Hoje se sabe que os nossos agri-cultores familiares não poderão com-petir com os argentinos, cujas terrassão planas e férteis e cujos insumosindustriais empregados na suaagropecuária são muito mais baratose não podem ser trazidos para cáem virtude das taxas de importação.Os seus produtos têm livre (ou quase)trânsito no Brasil. Os agricultoresfamiliares não podem competir tam-bém com os produtores europeus sub-sidiados pelos seus governos.

Há dez anos, os entrevistados darevista, sem conhecer os obstáculoshoje conhecidos e ora citados, con-denavam a errônea dedicação desses

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 41

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

agricultores à monocultura, para evi-tar de serem excluídos pela vertica-lização do processo e a também errô-nea dedicação à produção dos ali-mentos da cesta básica do traba-lhador urbano, para fugir dos efeitosda política econômica federal, que tra-balha o achatamento dos preços paraconter os salários, num clarofavorecimento aos setores industriale de serviços. E sugeriam a diversifi-cação com a existência de mercadosalternativos e a organização em asso-ciações capazes de garantir agregaçãode renda.

Ainda que não tenha implantado ométodo em estudos no PEESP, aAcaresc deu um passo importante em1988, ao criar o Programa deProfissionalização de Agricultores, quepreencheu parte da lacuna: ofereceua uma parcela dos agricultores famili-ares a oportunidade de diversificar,agregar valor e inserir-se no mercadoalternativo.

Na edição vol. 10 no 1, páginas 51 a54, desta revista, os leitores poderãoconferir os bons resultados de agricul-tores formados pelo citado programa,que se inserem no mercado com pro-dução alternativa. Quer dizer: diver-sificação, com mercado, com agrega-ção de renda. Quer dizer, também,

A contribuição do Serviço Público AgrícolaA contribuição do Serviço Público AgrícolaA contribuição do Serviço Público AgrícolaA contribuição do Serviço Público AgrícolaA contribuição do Serviço Público Agrícola

que jamais o competidor argentino oueuropeu conseguirá chegar aqui porduas razões fundamentais: os custosde frete (no lado de quem produz) e oscustos de formação de estoque (nolado de quem revende) inviabilizarãoo competidor de longe. Mas há quecuidar para que a excessiva competi-ção entre os daqui também não osinviabilize.

Para conferir também: os banani-cultores de São João do Itaperiú, SC,mesmo tecnificados pela boa ATERrecebida, estavam sendo sufocadospelos intermediários. Resolveramassumir diretamente a comercia-lização da banana e buscar introduzi--la em praças distantes da zona produ-tora no Estado e fora dele. Resultado:quadruplicaram a renda.

Lançado em 1988, o Programa deProfissionalização de Agricultores, execu-tado pela Epagri e financiado pela GTZ(agência alemã de desenvolvimento), ofere-ceu, em nove anos de atuação, 3.377 cursosem até 48 diferentes áreas do saber,profissionalizando um universo de 47 milprodutores, até outubro/97.

A totalidade dos agricultores que atual-mente industrializam e vendem a suadiversificada produção em quase todas asregiões do Estado passou pelos cursos mi-nistrados pela Epagri.

Aqueles que industrializam a lã de ove-lha fazem crescer de 500 a 2.000% a rendacom a comercialização. Industrializandosuínos, o valor da carne cresce em 100 a120%. Também com o leite industrializado oganho representa de 90 a 100%. As frutasindustrializadas têm o seu valor aumentado

em até 200%.Os cursos voltados para a fabricação de

derivados de leite, carne suína, lã, frutas ehortaliças e de panificação são os que ofere-cem maior retorno aos treinandos.

Existem outras ações do Serviço PúblicoAgrícola que poderiam entrar nesta matéria,mas o objetivo da revista é apresentar umresumo, apenas.

Outras contribuições

Nestes dez anos de trabalho da revista,procuramos registrar e certamente conse-guimos, ainda que não totalmente, os avançosregistrados pela Pesquisa Agropecuária e pelaExtensão Rural, no afã de apoiar a Agricultu-ra Familiar. Se percorrermos as 40 edições darevista, iremos encontrar inúmeros traba-lhos divulgados. Destacamos estes:

• Artigo do pesquisador Edison Xavierde Almeida: Legumineira: fonte de proteínapara a pequena propriedade (Vol. 2, no 1).

• Artigo do extensionista Arlindo Cervo:Produção de sementes de arroz irrigado empequenas propriedades (Vol. 1, no 4).

• Reportagem de Homero M. Franco: Aalternativa do milho variedade (Vol. 2, no 2).

• Idem: Bovinocultura em SC: os cami-nhos apontam para a diversificação (Vol. 2,no 3).

• Idem: As proteínas da revolução azul(Vol. 2, no 4).

• Artigo do pesquisador Milton GeraldoRamos: Sistemas agroflorestais: uma pers-pectiva para pequenas propriedades (Vol. 2,no 4).

• Artigo do pesquisador Sadi SérgioGrimm: A pesquisa e o futuro da agriculturafamiliar em SC (Vol. 3, no 3).

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Transformar para agregar valor

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42 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

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• Artigo dos pesquisadores eextensionistas Ronaldo Valcarenghi deRosso, William Jack Sorrenson, Sérgio Lei-te Guimarães Pinheiro, Naldo Luiz Dalmazoe Raul de Nadal: Utilidade do computador naagricultura: o gerenciamento de proprieda-des agrícolas (Vol. 3, n o 4).

• Reportagem de Homero M. Franco: Apequena propriedade já pode melhorar osolo e aumentar a produtividade (Vol. 3, no

4).• Artigo dos técnicos Naldo Luiz Dalmazo

e Lisberto A. Albertoni: Riscos e incertezasna tomada de decisão dos pequenos agricul-tores (Vol. 3, no 4).

• Artigo do pesquisador Paulo SergioTagliari: A pequena propriedade ainda éfundamental (Vol. 4, no 1).

• Artigo dos pesquisadores Eloi ErhardScherer, Vitor João D’Agostini, Leandro doPrado Wildner, Raul de Nadal, MiltonSilvestro e William Jack Sorrenson: Ester-co de aves e nitrogênio em milho naspequenas propriedades (Vol. 4, n o 2).

• Artigo do pesquisador Luís CarlosRobaina Echeverria: Avaliação econômicade tecnologias conservacionistas para pe-quenas propriedades diversificadas (Vol. 4,no 3).

• Artigo do extensionista Élio Holz: Ad-ministração rural e o desenvolvimento agrí-cola (Vol. 5, n o 2).

• Artigo da professora Andréa MachadoRibeiro: Silo tipo cincho: solução para opequeno produtor (Vol. 5, n o 3).

• Reportagem de Homero M. Franco:Santa Catarina é o maior produtor nacionalde mexilhões (Vol. 6, no 3).

• Artigo do extensionista Élio Holz: Arenda dos pequenos negócios agrícolas (Vol.6, no 3).

• Reportagem de Homero M. Franco:Crise atinge o feijão na lavoura e no prato(Vol. 6, no 3).

• Artigo do professor Flávio Sacco dosAnjos: A pluriatividade e a agriculturacatarinense. Dissolução ou redefinição daexploração familiar? (Vol. 8, no 2).

• Artigo do professor Ademir AntonioCazella: Ações fundiárias em Santa Catari-na (Vol. 8, no 4).

• Reportagem de Paulo Sergio Tagliarie Ivan José Canci: Conferência sobre agri-cultura sustentável destaca a pequena pro-priedade (Vol. 8, no 4).

• Reportagem de Paulo Sergio Tagliari:Agroindústria da mandioca: desafios para ospequenos empresários (Vol. 9, no 3).

• Artigo dos pesquisadores Inácio HugoRockenbach, Ricardo de Souza Sette e HenriStuker: Mecanização agrícola e participaçãoda mulher na empresa familiar rural (Vol.10, n o 2).

• Reportagem de Paulo Sergio Tagliari:Pequeno agricultor vira microempresáriorural (Vol. 10, n o 3).

• Artigo do professor Leomar LuizPrezotto: A agroindustrialização de pequenoporte: higiene, qualidade e aspectos legais(Vol. 10, no 4).

• Artigos dos pesquisadores Sérgio LeiteGuimarães Pinheiro, C.J. Pearson e S.Chamala: Enfoque sistêmico, participação esustentabilidade na agricultura. I. Novosparadigmas para o desenvolvimento rural? II.Uma abordagem construtivista (Vol. 10, no 1).

O novo Serviço PúblicoAgrícola desejado pelosseus atores

Em quatro fóruns, um em Brasília, outroem Florianópolis, outro mais em Guarapari,ES, e finalmente a conclusão havida nova-mente em Brasília, os atores interessadosdiscutiram e apresentaram propostas para“Um Novo Serviço Público para a AgriculturaFamiliar” em Santa Catarina e no Brasil.Delegados de todas as instituições interessa-das nos serviços definiram o que esperam e oque estão dispostos fazer em busca de umnovo modelo de desenvolvimento para o cam-po.

Tendências

Na ótica de atores e painelistas envolvi-dos, o modelo de desenvolvimento compatívelcom os tempos atuais e tendências, é aqueleque faça uma intervenção profunda nas duasmaiores carências do país: eliminação da po-breza, levando cidadania a milhares de fa-mílias excluídas (a exclusão se dá princi-palmente no campo) e preservação/recupera-ção do meio ambiente, afetado brutalmentepela forma exploratória adotada na agricultu-ra e na indústria. Funções, portanto, do Esta-do.

Os agricultores foram enfáticos. O Servi-ço Público Agrícola deve ser exclusivo para aAgricultura Familiar, gratuito e pago pelodinheiro público. As entidades prestadorasdos serviços devem ser controladas pelosagricultores, com maioria de seus represen-tantes nos conselhos de administração.

Os servidores propõem promover a cida-dania das famílias rurais, através de um mo-delo construtivista (nada de imposições decima para baixo) de Extensão Rural, com totalrespeito pelo meio ambiente, mediante finan-ciamento dos três níveis de governo (União,Estado, Município), podendo destacar 10% daforça de trabalho para atender os mais ricos,mediante parceria nos custos. E defendem aadministração tripartite, isto é, agricultores,

servidores e governo, nenhum com maiorianos conselhos de administração.

O que conquistar

Os consultores Erni Seibel, da UFSC, eLauro Mattei, da Unicamp, que atuaram noSeminário Estadual de Santa Catarina, ou-vindo as posições dos vários atores e procu-rando fazer uma síntese, deixaram claro,entre outras idéias:

• a partidarização dos serviços foi noci-va;

• a duplicidade de serviços deve sereliminada;

• há que trabalhar para afinar asconceituações existentes;

• o rural não é apenas o agrícola, é o todo;• criar uma nova ética de gestão - não se

pode eliminar a hegemonia do governo,transferindo-a aos agricultores;

• separar o público do privado (o públicodeve estar sob o julgamento da comunidade,ter regras, normas, acordo democrático,indicadores sociais);

• a competitividade terá de ser da regiãoem relação à globalização e não entre osagricultores, e estes devem ser solidários;

• melhorar o desempenho econômicoatravés da identificação dos produtos daAgricultura Familiar com o meio ambiente,com a qualidade e com as condições deprodução - criar uma “aura”;

• devemos ter muita agilidade e profun-didade na organização para enfrentar omercado.

O futuro

Os delegados catarinenses levaram aBrasília as posições aqui tiradas, cotejando--as com as posições de 26 outros Estados noWorkshop Nacional de Agricultura Fami-liar. Já existem posições consolidadas emconsenso entre a Contag, a Faser, a Asbraere o Ministério da Agricultura para a volta doServiço de Extensão Rural exclusivamentepara a Agricultura Familiar.

No Estado, ficou instituído o FórumPermanente das Entidades Interessadas naAgricultura Familiar, em cujo âmbito o diá-logo prosseguirá até o refinamento das pro-postas até aqui conhecidas.

Com o advento do PRONAF (ProgramaNacional de Agricultura Familiar), vincula-do ao Ministério da Agricultura, as açõesdeste programa em Santa Catarina foramentregues à Secretaria de Estado do Desen-volvimento Rural e da Agricultura e nesseâmbito a Epagri foi chamada a ser um dosprincipais agentes daquelas atividades. Aimportância da Agricultura Familiar ficaassim reconhecida nacionalmente.

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Anormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genética

Acondroplasia em bovinos (relato de caso)Acondroplasia em bovinos (relato de caso)Acondroplasia em bovinos (relato de caso)Acondroplasia em bovinos (relato de caso)Acondroplasia em bovinos (relato de caso)Sérgio Augusto Ferreira de Quadros, José Antônio Ribas Ribeiro,

Paulo Fernando Dias, Alexandre Guilherme Lenzi de Oliveirae Cicero Teófilo Berton

os primeiros dias do mês dejulho de 1997, o Centro de Ciên-

cias Biológicas - CCB/UFSC recebeuum comunicado de que em um sítio napraia da Armação - Florianópolis, SChavia nascido um monstro. Dita cria-tura era, segundo o relato, metadecachorro e metade bezerro. O Depar-tamento de Zootecnia do Centro deCiências Agrárias (CCA/UFSC) foiconvidado a participar de uma expedi-ção ao local.

Quando os professores lá chega-ram foram recebidos pelo proprietá-rio e alguns vizinhos que mostraramo animal, que pode ser observado nasFiguras 1 a 4. O animal, do sexofeminino, então com catorze dias deidade, apresentava o focinho

desproporcionalmente curto, acentu-ado prognatismo, volume cranianoexagerado e malformações dos mem-bros que lhe impediam o deslocamen-

to, pois não conseguia manter-se empé senão por breve período. A seme-lhança do animal com um cão da raçabulldog ou boxer levou estes cidadãos

Figura 1 - Atitude da terneirainiciando a tentativa de ficar em pé(erguendo o posterior). Note que osmembros anteriores ficam cruzados

como os de um cão em repouso

Figura 2 - Os membros anteriores malformados (observe especialmente aregião dos boletos) dificultavam a postura e o deslocamento do animal

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Anormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genética

a considerar duas possibilidades:A - A vaca foi coberta por um cão,

concebeu e pariu esta quimera.B - A vaca, durante o período de

gestação, “olhou demais” para o ca-chorro de um vizinho que tinha carac-

terísticas semelhantes ao recém-nas-cido.

Como as hipóteses A e B sãoinviabilizadas, respectivamente peladistância filogenética (para não citar aimprovável atração sexual) e pelo co-

nhecimento mendeliano de que oscaracteres são fixados no momento daconcepção, procedeu-se a anamnese.

Nesta foi relatado que a mãe (Figu-ra 4) era uma vaca de aproximada-mente quinze anos de idade, cruzaJersey com Holandês vermelho e bran-co. Esta já era a sua sexta cria e todasas demais eram absolutamente nor-mais. Quanto ao pai, como esta vacanão tinha sido inseminada artificial-mente nem colocada com algum tou-ro, este só poderia ser um tourinho(Figura 5) de aproximadamente 15 a18 meses que era manejado sempreem conjunto com o lote onde se encon-trava a vaca que pariu “o monstro”.Ocorre que este tourinho também éfilho desta vaca e esta consangüinidadepode ter ocasionado a expressão degenes recessivos deletérios.

A literatura contém diversos rela-tos da expressão de genes deletériosem animais zootécnicos (1, 2, 3 e 4).Alguns destes genes têm um efeitotão drástico que causam a morte du-rante o período fetal ou no momentodo nascimento. Estes são designadoscomo genes letais. Outros genes, cha-mados subletais ou semiletais, cau-sam a morte após o nascimento ouainda em fase jovem. Há ainda genesque não causam morte, mas que defi-nitivamente reduzem a viabilidade ouo vigor, os quais são chamados genesdetrimentais. Entre as anormalida-des descritas está a acondroplasia.Sobre os termos acondroplasia oucondrodistrofia, antes erroneamentedesignados “raquitismo fetal”, se agru-pam transtornos hereditários congê-nitos de desenvolvimento das cartila-gens que se manifestam por nanismocom desproporções mais ou menosnotáveis (3). Há registro de três tiposde acondroplasia com manifestaçõesem rebanhos leiteiros e de corte e umquarto tipo descrito como “terneirobulldog” em gado Jersey, onde os ani-mais, além das alteraçõesmorfológicas, apresentam problemasde visão. Um gene recessivo está as-sociado (2).

Discussão

Há relatos do aparecimento nas

Figura 3 - Nos membros posteriores a principal alteração eram os jarretesfechados. Nos anteriores, onde a malformação era mais acentuada, a

curvatura dos boletos praticamente impedia que o animal posicionasse asola dos cascos no chão. Observe o aumento de volume craniano e o

maxilar e a mandíbula curtos

Figura 4 - Vaca de aproximadamente quinze anos de idadeque gerou a terneira #

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Anormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genéticaAnormalidade genética

raças Dexter, Jersey, Holandês,Aberdeen Angus, Telemark eHereford. Nesta última raça, nosE.U.A., há relato do nascimento deanimais com “acondroplasia de cabe-ça curta” com o seguinte fenótipo:cabeça curta, larga, fronte convexa,maxilar superior curto e inferior sa-liente. O quadro é acompanhado portranstornos locomotores. Esta é adescrição que mais se aproxima docaso observado.

O “terneiro bulldog” que aparecena raça Holandês sueca é diferentedo que aparece na raça Dexter (1).No primeiro caso a gestação énormal e, ainda que os terneiros nas-çam vivos, geralmente morrem de-pois. A malformação se caracterizapor um encurtamento dos maxilares,de forma que a cabeça parece com a deum cão da raça bulldog. As extremida-des também sofrem um encurtamen-to.

São sugeridos três padrões deacondroplasia (4), sendo o primeirotipo o identificado na raça Dexter, queapresenta extremas malformaçõesósseas e, invariavelmente, patas cur-tas. O segundo, do gado Telemark, émenos severo que o anterior no quese refere aos ossos dos membros,embora também apresente patas cur-tas. O terceiro tipo, identificado nasraças Jersey e Holandês, afeta pri-mariamente os ossos da cabeça, tor-nando a fronte e o maxilar deforma-dos. Os olhos também podem ser afe-tados e, ocasionalmente, haver leveenvolvimento dos membros.

As mutações gênicas ocorrem du-rante o processo evolutivo em todasas classes de seres vivos. A maioriadestas alterações não têm valoradaptativo e são, portanto, indesejá-veis. Estas mutações, que acarretamo desenvolvimento de fenótipos in-desejáveis, têm maior chance de per-manecerem presentes no genoma deuma população na forma de genesrecessivos que só se manifestam quan-do em homozigose. Portanto, quandose procede acasalamento de indiví-duos geneticamente muito próximos,aumentam as chances dos genes dele-térios manifestarem-se fenotipica-mente, como no caso descrito.

A descrição de anormalidades con-gênitas em animais pode vir a consti-tuir uma base de dados importantespara o monitoramento de sua ocor-rência entre espécies/raças de inte-resse zootécnico e na comparaçãodestas com a espécie humana, ondecasos de acondroplasia em criançastêm sido registrados sistematicamen-te (4).

Conclusões

O caso observado está de acordocom o que a literatura refere comoacondroplasia, condrodistrofia ou“terneiro bulldog”, anormalidadeconcernente à herança autossômicarecessiva, possibilitando admitir quea mesma está associada àconsangüinidade estreita existente noacasalamento que originou o indiví-duo em questão.

Literatura citada

l. JAHANSSON, I.; RENDEL, J. Genetica ymejora animal. Zaragoza: Acribia,1972. 567p.

2. LASLEY, J.F. Genetics of livestockimprovement. 5.ed. New Jersey: 1987.477p.

3. ROSEMBERGER, G. Enfermidade de losbovinos. 5.ed. Buenos Aires: Hemisfé-rio Sur, 1988. 577p.

4. SACCHET. A.M.O.F.; ROSA, R.S.;ZANETTINI, M.H.B.; PERREIRA,G.M. Anomalias hereditárias em ani-mais domésticos. Porto Alegre: Factec,1986. 32p.

Sérgio Augusto Ferreira de Quadros,méd. vet., M.Sc., CRMV-SC 1784, Professordo Departamento de Zootecnia, Centro deCiências Agrárias, Universidade Federal deSanta Catarina, C.P. 476, Fone (048) 234-2266, ramal 285, Fax (048) 234-2014, 88040-900 Florianópolis, SC, José Antônio RibasRibeiro, eng. agr., Ph.D., Professor do De-partamento de Zootecnia, Centro de CiênciasAgrárias, Universidade Federal de SantaCatarina, C.P. 476, Fone (048) 234-2266, ra-mal 270, Fax (048) 234-2014, 88040-900 Flo-rianópolis, SC, Paulo Fernando Dias, bió-logo, M.Sc., Professor do Departamento deBiologia Celular, Embriologia e Genética,Centro de Ciências Biológicas, UniversidadeFederal de Santa Catarina, Fone (048) 233-9799, 88040-900 Florianópolis, SC, Alexan-dre Guilherme Lenzi de Oliveira, acadê-mico de agronomia, bolsista do Departamen-to de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias,Universidade Federal de Santa Catarina,88040-900 Florianópolis, SC e Cicero TeófiloBerton, acadêmico de agronomia, bolsista doDepartamento de Zootecnia, Centro de Ciên-cias Agrárias, Universidade Federal de SantaCatarina, 88040-900 Florianópolis, SC.

Figura 5 - O animal da esquerda é o provável pai da terneira “bulldog”.Observe a semelhança da sua pelagem com a da vaca da Figura 4, sua mãe

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Projeto de Piscicultura utiliza a antiga roda d’águaProjeto de Piscicultura utiliza a antiga roda d’águaProjeto de Piscicultura utiliza a antiga roda d’águaProjeto de Piscicultura utiliza a antiga roda d’águaProjeto de Piscicultura utiliza a antiga roda d’água

Na era da globalização da econo-mia aumenta a demanda por novasopções econômicas, tecnologias maismodernas, redução de custos, etc.Também não se pode esquecer osconceitos de agricultura sustentá-vel. Pensando nisso, o produtor ru-ral e atual prefeito municipal dePorto União Sr. Alexandre PassosPuzyna idealizou um método sim-ples, barato e ecológico de aproveita-mento de água para abastecer seuprojeto de piscicultura de água doce,localizado na Colônia Santa Maria,região de terreno acidentado e mui-to pedregoso. A erva-mate é uma daspoucas culturas expressivas, alémde explorações pecuárias diversas.Neste cenário, em meio a remanes-centes da Floresta Ombrófila Mista,Puzyna construiu uma série de vi-veiros para a exploração da piscicul-tura, aproveitando a boa quantidadee qualidade das águas locais. Sãomais de 10ha de viveiros onde sãoexploradas as espécies de “cat-fish”(bagre americano) e carpa capim, naproporção de 80% e 20% respectiva-mente, para comercialização empesque-pagues de Curitiba e SãoPaulo.

O que chama a atenção na propri-edade do Sr. Puzyna é a engenho-sidade e simplicidade do método de

levante da água para abastecer osistema que engloba 100 mil metroscúbicos de água que se renovam emfluxo contínuo, dando condições à so-brevivência dos peixes. Assim, paraconseguir abastecer os viveiros,Puzyna construiu duas rodas d’águacom 5 e 8m de altura. Para movimentá--las, apenas com a força da água, foiconstruída uma barragem à montan-te, no rio Espingarda, e a água repre-sada movimenta as aletas das rodasque, girando, elevam-se à altura dese-jada, numa vazão constante de 230mcúbicos por hora. Esta água passa porum tubo de concreto e por um sistemade filtragem, seguindo após por tubu-lações até os viveiros. As rodas foramconstruídas com muita criatividadepelo carpinteiro-agricultor o Sr. Antô-nio Maurer, da Colônia São Martinho.Elas são de imbuia, com travessões deferro, sob um eixo, numa plataformade concreto.

Segundo informa o filho do Sr.Puzyna, engenheiro agrônomo e res-ponsável pelo empreendimento, ameta é incrementar a área alagada deviveiros para 50ha, com uma produ-ção prevista para 400t de peixes/ano.Ele destaca que a importância do sis-tema está ligada à ausência de polui-ção, pois não gasta energia fóssil,nem elétrica, apenas utiliza a força da

água represada. Avisão empresarialde AlexandrePuzyna atravésdeste empreendi-mento traz umanova alternativapara a região doNorte Catari-nense, compen-sando a pouca ex-pressão econô-mica da agricultu-ra portuniensecom atividadesque aproveitamas condições hí-dricas invejáveisdo Planalto Nor-te.

Preservação ecológica, eficiência, simplicidade e baixo custo são

as vantagens da roda d'água

REGISTRO

As geadas em LagesAs geadas em LagesAs geadas em LagesAs geadas em LagesAs geadas em Lages

Em todos os invernos ocorre noPlanalto Serrano de Santa Catarinao fenômeno da natureza denomina-do geada. Esta ocorre quando a tem-peratura na relva atinge 0oC e a águaali existente se transforma em gelo.

Desde 1948 a Epagri avalia todosos dias a existência ou não destefenômeno e qual é a sua intensidade.Existe uma classificação para a me-teorologia em que as geadas sãoconsideradas fracas (0 a -2OC), mo-deradas (-2 a -4oC), medianas (-4 a-6 oC), fortes (-6 a -8oC), muito fortes(-8 a -10oC) e extremamente fortes(-10 a -12oC).

Em todos esses anos, avaliou-seque 16 geadas é o número médio deocorrência deste fenômeno por anonesta região, com variações que che-gam desde 5 geadas (como no inver-no de 1961) até 33 geadas (em 1996).Em 1997 registraram-se 31 geadas.Conforme avaliação dos últimos cin-co anos, a geada mais forte ocorreuno dia 01 de julho de 1997 com atemperatura atingindo 9,9oC negati-vos na relva e 3,6oC negativos no ar.Segundo os dados analisados, as pri-meiras geadas em Lages podem ocor-rer nos meses de abril/maio e asúltimas em novembro, sendo queneste mês (novembro) a probabilida-de de ocorrência mostra-se bastantebaixa, visto que ocorreram apenasquatro geadas nos últimos 48 anos.

Os meses de maio, junho e julhosão aqueles que apresentam maiornúmero de geadas, tendo ocorridouma média histórica de três geadasno mês de maio e quatro nos mesesde junho e julho, sendo que já che-gou a ocorrer doze geadas no mês demaio do ano de 1978 e dez geadas nosmeses de junho e julho dos anos de62, 79, 87 e 91.

Segundo os técnicos JoseliStradiotto Neto e João Batista MeloNeto, da Epagri, em termos agronô-micos e silviculturais as piores gea-das nem sempre são aquelas maisfortes, mas sim aquelas que ocorremem épocas inoportunas, como noperíodo em que os vegetais reiniciamseu crescimento mais intenso: se-tembro em diante.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 49

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

Agrotóxicos menosAgrotóxicos menosAgrotóxicos menosAgrotóxicos menosAgrotóxicos menosperigososperigososperigososperigososperigosos

José Maria Milanez

Cada vez aumenta mais a preocu-pação das pessoas com relação aouso indiscriminado de inseticidas naslavouras, os quais podem causar a“quebra” do equilíbrio natural dosecossistemas, tendo como conse-qüência a contaminação de rios elençóis freáticos, com prejuízos àfauna e à flora, além da contami-nação direta dos alimentos porresíduos de produtos químicosprejudiciais à saúde dos consumido-res. Apenas para se ter uma idéia doproblema, na cultura da soja sãopulverizados, anualmente, cerca de6 a 9 milhões de litros de inseticidaspara o controle de lagartas e perce-vejos, segundo dados da Embrapa-Soja. A venda de inseticidas, consi-derando o período de janeiro aagosto de 1997, registrou umaumento de 44% em relação aomesmo período do ano de 1996, se-gundo dados da ANDEF.

Atualmente, a maioria dos inseti-cidas ainda existentes no mercado(clorofosforados, fosforados ecarbamatos) atuam no sistema ner-voso dos insetos, que possui certassemelhanças com o sistema nervosoperiférico de outros animais verte-brados, inclusive com o sistema ner-voso do próprio homem, principal-mente na transmissão química ousináptica dos impulsos nervosos,onde age uma substância conhecidacomo acetilcolina, ocasionando, des-ta maneira, casos de intoxicaçõescrônicas e/ou agudas de pessoas quemanuseiam ou entram em contatocom os inseticidas.

No Estado de Santa Catarina,segundo informações do CIT (Centrode Informações Toxicológicas), ór-gão que funciona junto ao HospitalUniversitário de Florianópolis, noano de 1996 foram registrados 469casos de intoxicações de pessoas poruso de agrotóxicos. A Secretaria Es-

Pesquisa participativa na agricultura familiar éPesquisa participativa na agricultura familiar éPesquisa participativa na agricultura familiar éPesquisa participativa na agricultura familiar éPesquisa participativa na agricultura familiar étema de encontro internacionaltema de encontro internacionaltema de encontro internacionaltema de encontro internacionaltema de encontro internacional

em Florianópolis, SCem Florianópolis, SCem Florianópolis, SCem Florianópolis, SCem Florianópolis, SC

tadual de Saúde relata que 57 pessoasmorreram nos últimos três anos.

Como decorrência da “pressão”mundial contra os riscos causadospelo uso ou mau uso de agrotóxicos, aspesquisas na área de controle químicode pragas, realizadas principalmentepelas grandes empresas multinacio-nais do ramo, têm procurado desen-volver produtos que sejam, na suamaioria, pouco tóxicos ou atóxicos aohomem e com menos riscos ao meioambiente, além de serem mais seleti-vos aos inimigos naturais, ou seja,que atuem somente sobre as pragas epreservem os agentes biológicos res-ponsáveis pelo equilíbrio natural dosagroecossistemas.

Neste sentido, na última década seintensificaram os estudos sobre osinseticidas fisiológicos que, ao invésde atuarem no sistema nervoso dosinsetos como a maioria dos insetici-das, interferem na síntese dehormônios de crescimento do inseto,

impedindo-os de realizarem a ecdise(troca de pele) e, portanto, de com-pletarem seu ciclo biológico. É o casode alguns inseticidas do grupo dosjuvenóides, que são consideradosbons larvicidas. Alguns inseticidascom estas propriedades já podem serencontrados no mercado especializa-do. No entanto, devido a seus preçosserem mais elevados, quando com-parados aos preços dos inseticidastradicionais, ainda são muito poucoutilizados pelos produtores.

Portanto, num futuro próximopoderemos contar com substânciasque atuem apenas como inseticidase não sejam tão nocivas às pessoas eà natureza, garantindo uma melhorqualidade de vida.

José Maria Milanez, eng. agr., Dr., Cart.Prof. no 60.266-D, CREA-SP, Epagri/Centrode Pesquisa para Pequenas Propriedades,C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax (049)723-0600. 89801-970 Chapecó, SC.

A maior participação do agricultorno processo de geração de novas tec-nologias e a discussão dainterdisciplinaridade e das cadeiasprodutivas dentro do contexto daagricultura familiar são alguns dostemas a serem apresentados no IIIEncontro de Sistemas de Produção,em Florianópolis, SC, no período de26 a 28 de maio de 1998. Especialistasde renome internacional estarão emSanta Catarina para debater as últi-mas novidades relacionadas ao desen-volvimento rural para a agriculturafamiliar.

Segundo informa o pesquisador daEpagri e secretário executivo do even-to, o engenheiro agrônomo SérgioPinheiro, o Encontro constará de pa-lestras, painéis e sessões de pôsteres.

No dia 26 de maio, a palestra deabertura sobre Enfoque de Sistemase Agricultura Familiar estará a car-go do professor Henrique Leff, daUniversidade Autônoma do México.No dia 27 pela manhã, a pesquisado-ra Jacqueline Ashby, do CIAT, Co-lômbia, fará palestra sobre Partici-pação como fator de Desenvolvimen-to. No mesmo dia haverá um painelsobre Participação, reunindo especi-alistas como Sílvio Almeida (AS-PTA), Sonia Bergamasco(UNICAMP), Roberto José Moreira(UFRRJ). Na parte da tarde do dia27 será apresentada a palestra Ca-deias Produtivas para AgriculturaFamiliar, por conta do professor JohnWilkinson da UFRRJ, tendo comodebatedores representantes dos#

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50 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

Estados do Paraná, Santa Catarinae Rio Grande do Sul. A Lógica doAgricultor Experimentador será otema da palestra do especialistaHenri Ocdè do CIRAD/PRIAG, daCosta Rica, no dia 28 de maio, pelamanhã, seguido pelo painel AInterdisciplinaridade como Re-curso Metodológico, apresentadopelos professores Valdo Cavalet(UFPR), Gui Duval (UniversidadeAutônoma do México), e SandroSchlindwein (UFSC), à tarde domesmo dia. Além disso, está setentando viabilizar um “workshop”de um dia, subseqüente ao evento(dia 29/05) com o Professor S.Chamala, da Universidade deQueensland, Austrália, especialis-ta em participação comunitária nasações de desenvolvimento rural.A idéia é discutir a experiênciaaustraliana de extensão envol-vendo a participação voluntária demais de 2 mil comunidades no pro-jeto microbacias “Landcare”, apon-tado como o maior exemplo de su-cesso.

O presidente da ComissãoOrganizadora do Encontro , pesqui-sador da Embrapa Laercio Nunes eNunes, lembra que o prazo paraenvio dos trabalhos a serem apre-sentados no evento encerra, aprincípio, no dia 31 de março docorrente. Os trabalhos podem serenviados por via postal ou porcorreio eletrônico. No primeirocaso, enviar disquete identificadocom título e autor, acompanhadopor uma cópia impressa, para:Maria de Fátima Ribeiro,IAPAR - Estação Experimental dePato Branco, Caixa Postal 510,CEP 855050-970, Pato Branco, PR;e-mail: [email protected]ções adicionais podem serobtidas junto à Secretaria, peloe-mail: [email protected],pelo fone (048) 234-0066 ou fax (048)234-1024, com as Sras. RosaniGarcez (ramal 249) ou Maria VieiraQuadros (ramal 247).

Avaliação de gramíneas perenes de verão no AltoAvaliação de gramíneas perenes de verão no AltoAvaliação de gramíneas perenes de verão no AltoAvaliação de gramíneas perenes de verão no AltoAvaliação de gramíneas perenes de verão no AltoVVVVVale do Itajaí, Santa Catarinaale do Itajaí, Santa Catarinaale do Itajaí, Santa Catarinaale do Itajaí, Santa Catarinaale do Itajaí, Santa Catarina

o

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

Tabela 1 - Rendimento de matéria seca - MS (kg/ha) e qualidade (Proteína Bruta -PB%, Digestibilidade in vitro da Matéria Orgânica - DIVMO% e Nutrientes

Digestivos Totais - NDT%) dos acessos de maior destaque. Médias de dois anos

Rendimento MS QualidadeEspécie Acesso

kg/ha PB% DIVMO% NDT%

Paspalum notatum EEL 10162 22.305 (A) 14,9 50,8 46,9

Cynodon sp. Tifton 85 20.140 (A) 15,2 52,3 49,5

Axonopus sp. Missioneira gigante 20.113 12,7 61,9 57,6

Paspalum notatum EEL 2735 18.556 (A) 13,7 48,4 44,0

Paspalum notatum EEL 1244 17.470 (A) 15,0 50,1 46,0

Hemarthria altissima PI 349798 17.166 12,0 57,7 54,0

Hemarthria altissima IAPAR 36 Flórida 16.489 11,9 60,4 56,5

Axonopus sp. Taió 16.170 15,2 51,8 48,4

Hemarthria altissima IAPAR 35 Roxinha 15.090 11,9 45,6 43,1

Hemarthria altissima PI 410131 15.030 11,3 52,1 49,1

Hemarthria altissima PI 349752 14.964 10,8 43,7 41,2

Axonopus sp Vidal Ramos 14.876 14,9 47,2 43,3

Hemarthria altissima PI 364887 14.831 11,4 51,2 48,4

Hemarthria altissima PI HM 365509 14.505 11,9 56,9 53,2

Hemarthria altissima EEL Flórida 14.253 11,3 46,3 43,9

Hemarthria altissima PI 367874 14.090 11,4 54,8 51,4

(A) Dados de um ano.

PESQUISA EMANDAMENTO

A pecuária leiteira no Alto Valedo Itajaí é uma atividade que estápresente em praticamente todas aspropriedades. A produtividade mé-dia do leite produzido é baixa e estádiretamente relacionada com a quan-tidade e qualidade da forragem ofe-recida aos animais. Com o objetivode minimizar esse problema estásendo conduzido na Epagri/EstaçãoExperimental de Ituporanga um ex-perimento com o objetivo de avaliare recomendar cultivares deforrageiras dos gêneros Hemarthria(quinze acessos), Axonopus spp. (cin-co acessos), Paspalum spp. (cincoacessos) e Cynodon spp. (um aces-so). O experimento foi instalado emabril de 1994 (Hemarthria eAxonopus ), novembro de 1994(Paspalum ) e março de 1995(Cynodon), e está sendo avaliado sobcortes a cada seis semanas a 7cm dealtura, sendo determinados o rendi-mento de matéria seca, a qualidade

(PB%, DIVMO% e NDT%) e a adap-tação às condições edafoclimáticasda região. Os acessos que estão sedestacando até o momento estãolistados na Tabela 1. Apesar detodos os materiais apresentaremalto rendimento de forragem, cabesalientar sua limitação qualitativaem termos principalmente deDIVMO% e NDT%, sendo os teoresde proteína considerados de regula-res a bons. Combinando produtivida-de e qualidade destacaram-seAxonopus sp. - missioneira gigante -e Hemarthria altissima IAPAR 36Flórida.

Este trabalho está sendo conduzi-do pelos pesquisadores JeffersonAraujo Flaresso, Edison Xavier deAlmeida e Celomar Daison Gross, daEpagri/Estação Experimental deItuporanga, e seus resultados aindanão são conclusivos, uma vez que oexperimento permanecerá em ava-liação por mais um ano.

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52 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

AlhoA lhoA lhoA lhoA lho

Produtividade, qualidade e lucro em função deProdutividade, qualidade e lucro em função deProdutividade, qualidade e lucro em função deProdutividade, qualidade e lucro em função deProdutividade, qualidade e lucro em função deespaçamentos de plantio e pesos deespaçamentos de plantio e pesos deespaçamentos de plantio e pesos deespaçamentos de plantio e pesos deespaçamentos de plantio e pesos de

bulbilhos-sementes de alhobulbilhos-sementes de alhobulbilhos-sementes de alhobulbilhos-sementes de alhobulbilhos-sementes de alho

Siegfried Mueller, Carlos Leomar Kreuze Marcia Mondardo

adequação do espaçamento deplantio ao peso do bulbilho-se-

mente possibilita produzir bulbos dealho com maior quantidade e/ou commelhor qualidade. Estudos nesta li-nha de pesquisa evidenciaram quepara bulbilhos-sementes com 2,0 a2,5g da cultivar Chonan o melhorespaçamento é 30 x 7,5cm com produ-tividade de 9.564kg/ha (1). Salienta--se que estes estudos (1) testaram osespaçamentos entre fileiras de 15, 20,25 e 30cm e de 5,0; 10,0 e 12,5cm entreplantas. Outros autores testaram qua-tro diferentes pesos médios debulbilhos-sementes (0,83; 1,46; 2,35 e3,65g) no espaçamento 25 x 8,0cm everificaram um aumento de produti-vidade de bulbos conforme o aumentodo peso dos bulbilhos-sementes utili-zados, variando de 7.086kg/ha(bulbilhos-sementes menores) até10.056kg/ha (bulbilhos-sementesmaiores) (2). Além disso, quantomaior o peso dos bulbilhos-sementes,maior foi a percentagem de bulbosnas classes maiores e menor a per-centagem de bulbos do tipo industrial(não comercial). A ocorrência de bul-bos pseudoperfilhados cresceu con-forme decrescia o peso dos bulbilhos--sementes.

Outras pesquisas (3) testaram trêsespaçamentos entre plantas (5,0; 7,5e 10,0cm) combinados com três pesosmédios de bulbilhos-sementes (1,75;2,5 e 4,0g) plantados em espaçamento

de 25cm, entre fileiras, e constataramque os bulbilhos de menor peso, nomenor espaçamento, produziram bul-bos com maior qualidade e produtivi-dade do que quando estes mesmosbulbilhos foram plantados emespaçamentos maiores. Por outrolado, os bulbilhos com maior pesoproduziram igualmente nosespaçamentos de 7,5 e de 10,0cm en-tre plantas, porém suas produtivida-des eram maiores do que a dos trata-mentos em que foram utilizadosbulbilhos-sementes menores.

O peso e o número médio dosbulbilhos estão diretamente relacio-nados com o tamanho do bulbo do qualesses provêm (4). Logo, os bulbosmaiores contêm maior número debulbilhos e maior peso médio porbulbilho do que os menores (3). Inde-pendentemente do tamanho, os bul-bos contêm bulbilhos de vários pesose tamanhos, porém a proporção debulbilhos grandes é maior nos bulbosmaiores. E são os bulbilhos com pesode 1,8 a 4,0g que possuem o maiorpotencial de produção. Por outro lado,o possível descarte dos bulbilhos pe-quenos (0,9 a 1,7g) pode redundar emaumento de custos e/ou despesas.Logo, deve haver um espaçamento deplantio próprio para cada tamanho(peso) de bulbilho-semente, o qualfavorece o potencial máximo de de-senvolvimento das plantas para a ob-tenção de melhores produtividades.

Considerando que o item alho-semen-te perfaz um total de 30% dos custosde produção do alho ou ainda 61% dosinsumos (5), qualquer técnica paramaximizar a eficiência fisiológica cul-tural se refletirá diretamente sobre olucro.

O objetivo deste trabalho foi deter-minar as influências de diferentesespaçamentos de plantio e pesos debulbilho-semente de alho sobre a pro-dutividade, a qualidade de bulbos e olucro.

Metodologia

O presente trabalho foi conduzidona propriedade do Sr. MikishiroYanagi, nas safras 1987/88 e 1988/89,na localidade denominada ColôniaJaponesa, Caçador, SC. A cultivarutilizada foi a Roxo Pérola de Caça-dor. O plantio foi efetuado no sentidotransversal dos canteiros em umespaçamento de 7 a 10cm entre plan-tas, iniciando com 7cm nas bordas doscanteiros e chegando a 10cm no cen-tro. As dimensões das parcelas foram1,25m de largura por 2,0m de compri-mento. O plantio foi feito em 06/07/87e em 08/07/88 e, a colheita em 20/11/87 e 11/11/88, respectivamente. Odelineamento experimental adotadofoi blocos casualizados com três repe-tições e nove tratamentos provenien-tes de um fatorial 3 x 3, ou seja, trêsespaçamentos de plantio entre filas

AAAAA

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(20, 25 e 30cm) e três pesos médios debulbilhos-sementes (1,50; 2,25 e 3,4gem 1987 e/ou 1,6; 2,6; e 3,6g em 1988)combinados.

Para a condução da cultura segui-ram-se as Normas do Sistema de Pro-dução de Alho para Santa Catarina(6).

As variáveis avaliadas no experi-mento foram: produtividade (kg/ha);classificação do alho (g/classe); pesomédio dos bulbos comerciais (g); inci-dência de bulbos com haste floralcortiçada (%); índice produção/alho--semente (g de produção : g de alho--semente utilizado); lucro (receita -despesa).

A rentabilidade dos tratamentosfoi calculada descontando-se custosde produção das receitas obtidas nacomercialização dos bulbos. Os bulbosde alho foram classificados conformeMinistério da Agricultura - portaria no

89, de 07 de abril de 1982 (7) apresen-tada na Tabela 1.

Resultados e discussão

As variáveis produtividades total ecomercial de bulbos de alho e pesomédio dos bulbos comerciais, quandoavaliadas por ano, não apresentaraminterações significativas entre os fato-res espaçamento de plantio e peso dosbulbilhos-sementes pelo teste F daanálise de variância a 5% de probabi-lidade, o que mostra que não houverespostas diferenciais dosespaçamentos à variação dos pesosdos bulbilhos-sementes e vice-versapara ambos os anos estudados. Contu-do, estas variáveis, nos dois anos,apresentaram efeitos altamente sig-nificativos para os dois fatores isola-damente, o que denota que houverespostas diferenciais entre osespaçamentos de plantio e também

entre os pesos de bulbilhos-sementesutilizados em ambos os anos. Pelaanálise conjunta dos anos, para estastrês variáveis, verificou-se que houveefeito linear altamente significativotanto para o fator espaçamento deplantio quanto para o fator peso porbulbilho-semente. As equações cor-respondentes, para estas variáveis efatores, são apresentadas na Tabela 2e as médias dos tratamentos sãoapresentadas detalhadamente na Ta-bela 3.

Pelas Tabelas 2 e 3 percebe-se quehouve uma diminuição da produtivi-dade, total e comercial, a medida queo espaçamento de plantio foi aumen-tado, contudo para o peso médio dosbulbos comerciais aconteceu o inver-so. Isto denota que enquanto o au-mento do espaçamento resultou na

Tabela 1 - Classificação dos bulbos dealho com base no maior diâmetro

horizontal (mm)

Diâmetro horizontal(mm)

7 Maior de 556 De 47 a menos de 555 De 42 a menos de 474 De 37 a menos de 423 De 32 a menos de 372 De 25 a menos de 321 (A) Menor de 25

(A) Bulbos menores de 25mm e defeituo-sos pertencentes a outras classes fo-ram considerados industriais.

Tabela 2 - Equações de regressão para as produtividades total e comercial de bulbos dealho (kg/ha) e peso médio de bulbos comerciais (g), para espaçamento de plantio e peso

do bulbilho-semente. Média de duas safras (1987/88 e 1988/89).Epagri/E.E. Caçador, 1997

Espaçamento de plantio(cm)

Produtividade total debulbos (kg/ha) Y = 15.170,025 - 170,277X Y = 8.258,2125 + 1061,955X

Produtividade comercialde bulbos (kg/ha) Y = 14.826,425 - 159,321X Y = 8.163,1375 + 1.072,105X

Peso médio por bulbocomercial (g) Y = 11,5996 + 0,4899X Y = 19,0988 + 1,8972X

Fator/variáveis Peso do bulbilho-semente

Tabela 3 - Produtividade média de bulbos total e comercial e peso médio dos bulboscomerciais utilizando-se diferentes espaçamentos e diferentes pesos de

bulbilhos-sementes, média de duas safras (1987/88 e 1988/89).Epagri/E.E. Caçador, 1997

Produtividade(kg/ha)

Total Comercial

Espaçamento entre filas (cm)20 11.801 11.692 21,1825 10.840 10.780 24,2930 10.098 10.058 26,08

Peso/bulbilho-semente (P)(A)

P1

9.953 9.863 22,13P

210.710 10.659 23,49

P3

12.077 12.008 25,93

(A) Os pesos dos bulbilhos-sementes foram em 1987 P1 = 1,5g, P

2 = 2,25g e P

3 = 3,4g e em 1988

P1 = 1,6g, P

2 = 2,6g e P

3 = 3,6g

Fator/variáveisPeso médio/bulbo

comercial(g)

Classe

Os bulbos, após classificados, tive-ram seus pesos multiplicados pelopreço vigente para cada classe consi-derando-se a variação dos preços paraas duas safras, isto é, preço baixo,médio e alto.

Os resultados foram submetidos àanálise de variância e os graus deliberdade de tratamentos foram des-dobrados em polinômios ortogonaispara ambos os fatores. #

AlhoA lhoA lhoA lhoA lho

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AlhoA lhoA lhoA lhoA lho

diminuição da produtividade ele tam-bém resultou no aumento da qualida-de pelo aumento do peso médio dosbulbos produzidos. Logo, pela avalia-ção simples dos resultados destas va-riáveis, dentro deste fator, não é con-veniente prever qual o melhorespaçamento de plantio, e faz-se ne-cessário proceder uma análise econô-mica. Para o fator peso dos bulbilhos--sementes (Tabelas 2 e 3) houve umaresposta linear positiva, das produti-vidades total e comercial e do pesomédio dos bulbos colhidos, em funçãodo aumento dos pesos dos bulbilhos--sementes utilizados. Isto sugere umefeito positivo do aumento do peso debulbilho-semente utilizado, tanto paraa produtividade como para a qualida-de, o que é concordante com outrosautores (1, 2 e 3).

Pelas Figuras 1 e 2 percebe-se queos espaçamentos de plantio e os pesosde bulbilhos-sementes influenciaramna produção de bulbos por classe.Registra-se que esta variável serve debase para os cálculos de receita daanálise econômica dos tratamentos.Comparando-se os efeitos dosespaçamentos e dos pesos dosbulbilhos-sementes sobre a produçãode bulbos para cada classe, constata--se que os aumentos do espaçamentode plantio e/ou do peso dos bulbilhos--sementes promoveram aumentos deproduções nas classes maiores (clas-ses 5 e 6), podendo-se inferir que oespaçamento de plantio de 30cm e opeso de bulbilho-semente de 3,5g te-rão maiores potenciais de produçãode bulbos com maior qualidade co-mercial, e isto é relevante para osresultados econômicos e para o pro-dutor de alho.

Pela percentagem de bulbospseudoperfilhados, Tabela 4, nota-seque houve aumentos desta devido aoaumento dos espaçamentos de plan-tio e à diminuição do peso de bulbilhos--sementes utilizados. Isto mostra umefeito do peso do bulbilho-sementemais alto e do espaçamento de plantiomenor (20cm), podendo-se inferir queos bulbilhos-sementes menores obri-gatoriamente devem ser plantados

em espaçamentos menores; todavia,os bulbilhos-sementes maiores po-dem ser plantados em espaçamen-tos maiores, a fim de que se possaobter bulbos com menor incidênciade pseudoperfilhamento, e isto podeotimizar o uso do alho-semente, oque confirma vários autores (2, 3 e4).

A maior percentagem de bulboscom haste floral cortiçada indica a

adaptação técnica ambiental de umacultura ou aos tratamentos nela sub-metidos. Percebe-se (Tabela 4) que ofator espaçamento de plantio não in-terferiu nesta variável, porém houveaumentos conforme eram aumenta-dos os pesos dos bulbilhos-sementes.Isto caracteriza um efeito positivo doaumento do peso dos bulbilhos-se-mentes utilizados, podendo-se pres-supor que os bulbilhos-sementes

Figura 1 - Distribuição da produção por classe de tamanho de bulbos em três

espaçamentos entre filas

Figura 2 - Distribuição da produção por classe de tamanho de bulbos em

três tamanhos de bulbo semente

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Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998 55

AlhoA lhoA lhoA lhoA lho

maiores tenham maior adaptabilida-de a uma maior diversidade técnico--ambiental.

Quanto ao índice produção/alho--semente (Tabela 4), nota-se quehouve pequenos aumentos com osaumentos dos espaçamentos de plan-

tio e grandes aumentos com a dimi-nuição do peso de bulbilho-sementeutilizado. Embora os maioresespaçamentos e os menores pesosde bulbilhos proporcionaram os maio-res índices de produção/alho-se-mente, os maiores índices somente

dão uma idéia desta relação, porém,devido a qualidade inferior dos bul-bos (classes menores), estes índicesnão necessariamente se relacionamcom os resultados econômicos maio-res.

Pela Tabela 5 percebe-se que osresultados econômicos calculados paratrês situações de preços levando emconsideração os custos fixos e variá-veis para cada tratamento, oespaçamento de 25cm entre filas e opeso maior de bulbilho-semente de ±3,5g apresentaram os maiores lucros,considerando-se os preços alto e mé-dio e os menores prejuízos, conside-rando-se os preços baixos para as pro-duções obtidas. Isto sugere um efeitopositivo do espaçamento de 25cm en-tre filas e do peso do bulbilho-sementemais alto, podendo-se prever que ouso de espaçamento em torno de 25cmaliado ao uso de bulbilhos-sementescom peso de 3,5g poderão potencial-mente proporcionar os maiores lu-cros, e isto é essencial para os produ-tores de alho.

Conclusões

A produtividade de bulbos total ecomercial e a incidência de bulboscom haste floral cortiçada aumenta-ram conforme foram aumentados ospesos dos bulbilhos-sementes ou di-minuídos os espaçamentos de plan-tio.

A incidência de bulbos pseudo-perfilhados e a relação produção/alho--semente diminuíram conforme fo-ram diminuídos os espaçamentos deplantio e/ou aumentados os pesos dosbulbilhos-sementes.

O peso médio por bulbo comercialaumentou com o aumento doespaçamento de plantio e/ou com oaumento dos bulbilhos-sementes.

As produções de bulbos nas classesmaiores (classes 5 e 6) foramfavorecidas pelo aumento do peso dosbulbilhos-sementes e/ou pelo au-mento dos espaçamentos de plan-tio.

O espaçamento de plantio de 25cme o peso médio dos bulbilhos-semen-

Tabela 5 - Lucro (BTN/ha) em três situações de preços (alto, médio e baixo), em função

de diferentes espaçamentos de plantio e pesos de bulbilhos-sementes utilizados, médias

das safras de alho 1987/88 e 1988/89. Epagri/E.E. Caçador, 1997

Lucro (BTN/ha)(A)

Fator Preço

Alto Médio Baixo

Espaçamento entre filas (cm)

20 14.440,32 3.757,23 -2.987,4925 15.171,93 5.291,88 -1.974,4930 13.920,37 4.932,42 -2.000,73

Peso/bulbilho-semente (P)(B)

P1

13.259,33 3.775,11 -2.692,70P

214.218,12 4.382,33 -2.459,66

P3

16.055,17 5.824,08 -1.810,35

(A) O valor do BTN/ha em outubro de 1996 foi de R$ 0,9618.(B) Os pesos dos bulbilhos-sementes foram em 1987 P

1 = 1,5g, P

2 = 2,25g e P

3 = 3,4g e em 1988

P1 = 1,6g, P

2 = 2,6g e P

3 = 3,6g.

Tabela 4 - Percentagem de bulbos de alho pseudoperfilhados, com haste floral cortiçada e

relação produção/alho-semente (índice) em função de diferentes espaçamentos de

plantio e de pesos de bulbilhos-sementes utilizados. Médias das safras de 1987/88 e

1988/89. Epagri. E.E. Caçador, 1997

Bulbos com

haste floral Relação produção/

cortiçada alho-semente

(%)

Espaçamento entre

filas (cm)

20 3,93 38,03 8,6725 11,17 36,00 10,0630 14,00 36,00 10,98

Peso/bulbilho-semente

(P)(B)

P1

15,27 26,05 13,28P

27,30 36,40 9,24

P3

6,53 47,60 7,19

(A) Os valores representam os resultados da safra 1987/88, pois na safra 1988/89 não houveocorrência de pseudoperfilhamento.

(B) Os pesos dos bulbilhos-sementes foram em 1987 P1 = 1,5g, P

2 = 2,25g e P

3 = 3,4g e em 1988

P1 = 1,6g, P

2 = 2,6g e P

3 = 3,6g.

Bulbos

Fator/variáveis pseudoperfilhados

(%)(A)

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56 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

7. Artigos técnicos devem ser redigidosem até seis laudas de texto corrido (alauda é formada por 30 linhas com70 toques por linha, em espaço dois).Cada artigo deverá vir em duas vias,acompanhado de material visualilustrativo, como tabelas, fotografi-as, gráficos ou figuras, num montan-te de até 25% do tamanho do artigo.Todas as folhas devem vir numera-das, inclusive aquelas que contenham

gráficos ou figuras.8. O prazo para recebimento de arti-

gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

11.Dúvidas porventura existentes po-derão ser esclarecidas junto à Epagri,que também poderá fornecer apoiopara o preparo de desenhos e fotos,quando necessário, bem como na re-dação.

12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

Normas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária Catarinense

AlhoA lhoA lhoA lhoA lho

tes de 3,5g foram os que apresenta-ram os maiores lucros.

Literatura citada

1. MUELLER, S.; BIASI, J. Efeito doespaçamento de plantio do alho, sobreo rendimento e seus componentes. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 22., 1982, Vitória,ES. Resumos. Vitória: SOB, 1982. p.252.

2. LUCINI, M. A.; CHONAN, T.; BIASI, J.;MUELLER, S. Cultura do alho: efeitodo peso do bulbilho-semente. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 23., 1993, Rio deJaneiro, RJ. Resumos. Rio de Janeiro:SOB, 1983. p. 103.

3. MUELLER, S.; LUCINI, M. A.; CHONAN,T. Efeito de borda a partir de alhoplantado em diferentes espaçamentos

dentro da linha e com diferentes pesosde bulbilhos-sementes sobre a produ-ção de bulbos. In: ENCONTRO DEHORTALIÇAS DA REGIÃO SUL, 4.,1988, Santa Maria, RS. Resumos. San-ta Maria: SOB, 1988. p.38.

4. MUELLER, S.; BIASI, J. Efeito do tamanhodo bulbo de alho (Allium sativum, L.)sobre o número, peso e tamanho debulbilhos, na cultivar Chonan. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 22., 1982, Vitória,ES. Resumos. Vitória: SOB, 1982. p.254.

5. INSTITUTO CEPA/SC. Alho. Custos de

Produção dos Principais Produtos

Agropecuários, Florianópolis, v.8, n.1,p.16, fev. 1987.

6. EMBRATER/EMBRAPA. Sistema de pro-

dução de alho; Santa Catarina. Flo-rianópolis, EMPASC/EMATER-SC/

ACARESC, 1980. 33 p. (EMBRAPA.Sistemas de Produção. Boletim, 269).

7. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTU-RA. Normas de identidade, qualidadee embalagem do alho. In: EMPASC. ACultura do Alho em Santa Catarina.Florianópolis: 1983. P. 92-98.

Siegfried Mueller, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 1.790-D, CREA-SC, Epagri/Estação Ex-perimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Ca-çador, SC; Carlos Leomar Kreuz, eng. agr.,Ph.D., Cart. Prof. 12-553-D, CREA-PR, Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC e Márcia

Mondardo , enga agr a, M.Sc., Cart. Prof.21.640-D, CREA-PR, Epagri/Estação Experi-mental de Caçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caça-dor, SC.

o

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OPINIÃO

O III Encontro deO III Encontro deO III Encontro deO III Encontro deO III Encontro deSistemas e asSistemas e asSistemas e asSistemas e asSistemas e asmudanças namudanças namudanças namudanças namudanças naagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro

o longo dos últimos anos o setorrural vem sentindo os reflexos das

tendências mundiais, simbolizadas pormetáforas como globalização, desenvol-vimento sustentável, neoliberalismo,privatização, reengenharia administra-tiva, planejamento estratégico e quali-dade total, para citar apenas algumas.

Este processo tem sido objeto de inú-meras análises e em geral as percepçõessobre os efeitos destas mudanças pare-cem estar longe de serem consensuais.Enquanto uns acham que estas tendên-cias são a única, inquestionável e inevi-tável realidade, outros apontam-nascomo mais uma forma de aumentar asdesigualdades sociais e de imposição edominação (do capital sobre o trabalhohumano).

Este artigo não tem a pretensão depolemizar ainda mais esta discussãonem privilegiar uma opinião em particu-lar, mas sim acrescentar algumas consi-derações sobre dois aspectos: processosde mudança e a realização do III Encon-tro de Sistemas, em Florianópolis, entre26 e 28 de maio de 1998.

Os sistemas sociais emudanças

Sob a perspectiva construtivista, sis-temas sociais humanos são definidoscomo redes de conversações, nas quais aspessoas vivem no domínio das realida-des múltiplas (1). Os limites destes sis-temas são emocionais (a emoção de acei-tação mútua) e não físicos ou adminis-trativos. Estes sistemas são tambémconservadores por natureza, e somentemudam quando seus membros têm ex-periências que estimulem mudanças.Estímulos podem vir de fora (através dainteração com o meio ou outros siste-mas) ou de dentro (via intuição, por exem-plo).

Mudanças começam com pessoas.São elas que organizam e controlam asinstituições e os sistemas sociais e

promovem transformações. Entretanto aspessoas são geralmente resistentes àsmudanças. Propor mudanças para os ou-tros parece fácil, mas mudar a nós mes-mos, as nossas instituições e a sociedadeem que vivemos é bem mais difícil.

Uma cultura (uma rede fechada deconversações) muda quando as conversa-ções (e emoções) mudam, e uma inspira-ção (um aceite para um convite emocional)pode mudar o fluxo das conversações. Nestaótica, participantes reconhecem que todosos diferentes domínios da realidade sãoigualmente válidos, e que uma constataçãocognitiva não pode constituir demandapara obediência, mas sim operar como umconvite para se entrar em outro domínioda realidade.

Muitos dos domínios da realidade sãodefinidos dentro da “visão dominante”desta e, em prática, este “convite” geral-mente está restrito pelas estruturas depoder existentes. ISON (2), citando o filó-sofo e historiador francês Michel Foucault,observa que poder é um fenômeno eviden-te em todas as relações sociais.CHAMBERS (3) argumenta que podersignifica fazer prevalecer sua definição darealidade sobre a definição da realidadede outras pessoas.

Para ISON (2), geralmente institui-ções ou programas operacionais formu-lam problemas e propõem soluções isola-damente do meio ambiente externo, ge-rando os chamados “systems-determinedproblems”, ou problemas determinados asistemas (como por exemplo, a própriainstituição). Segundo o mesmo autor, odesafio é construir processosinstitucionais que gerem “problem--determined systems”, ou sistemas deter-minados a problemas (e conseqüentemen-te instituições responsivas às demandase problemas da sociedade).

Além disso, as Instituições em muitoscasos impõem mudanças de cima parabaixo, desvalorizando o conhecimento lo-cal, a diversidade de idéias e as experiên-cias genuínas de parceria. Estruturasconcentradoras e centralizadoras de po-der limitam a inovação e criatividade pes-soal via autoritarismo, restrições legais efinanceiras, burocracia administrativa,discursos científicos, tradição cultural,métodos, mitos e hábitos. Em conseqüên-cia, duas formas de reação acontecem:Mudanças superficiais e temporárias(ou de “fachada”), a fim de agradar aoschefes de plantão. Assim que estes derem

as costas, tudo tende a voltar ao que eraantes (daí muitas vezes a necessidadede se criar pesadas e caras estruturas decontrole), e Resistência, concentran-do-se os esforços para impedir as mu-danças impostas e até derrubar o poderem exercício (substituindo-o geralmen-te, por outro poder que não ameace oatual sistema).

Desenvolvimento ou mudança cons-tituem formas de aprendizado, as quaisrequerem uma “consciência crítica”. Eaprendizado é o processo onde o conheci-mento é criado através da transforma-ção da experiência. Nesta concepção, nin-guém pode desenvolver ou mudar outrapessoa. Em última análise, o único tipopossível de mudança e aprendizado é oautodesenvolvimento. Somente atravésda conscientização crítica e de constan-tes reflexões sobre nossas experiências éque nos tornamos responsáveis por nos-sas ações e podemos construir conheci-mento e transformar nosso próprio am-biente.

O III Encontro de Sistemas

De acordo com MATURANA (1), exis-tem duas maneiras de se estimular mu-danças genuínas e voluntárias nas pes-soas: através de encontros com pessoasde outras redes de conversação (outrossistemas sociais e culturais) que pos-sam oferecer experiências alternativas,e via interações que estimulem as pes-soas a refletir sobre suas próprias cir-cunstâncias de coexistência com outrosseres humanos e criticar tradições cultu-rais e mitos que limitam as teorias epráticas correntes. Em síntese, intera-ções que viabilizem a exploração deparadigmas alternativos.

Cursos são uma das formas de esti-mular as pessoas a refletir sobre mu-danças, principalmente aqueles que con-vidam seus participantes a explorar te-orias e metodologias novas, contribuin-do para a construção de conscientizaçãocrítica. Um exemplo é o mestrado emagroecossistemas, oferecido pela Uni-versidade Federal de Santa Catarina, oqual tem entre seus objetivos o desenvol-vimento da visão holística na agricultu-ra. Outra forma de estimular mudançasé a organização e promoção de eventostécnico-científicos, os quais geralmenteconstituem-se em fonte de novas idéias,inspiração e entusiasmo.

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CONJUNTURA

SuinoculturaSuinoculturaSuinoculturaSuinoculturaSuinoculturacatarinense:catarinense:catarinense:catarinense:catarinense:

impacto econômicoimpacto econômicoimpacto econômicoimpacto econômicoimpacto econômicox impactox impactox impactox impactox impactoambientalambientalambientalambientalambiental

Ivone Lopes Tumelero

sensibilidade humana à ne-cessidade de convívio harmo-

nioso com o meio ambiente pareceser algo ainda incipiente. Noecossistema terrestre significativaparcela da humanidade vive em am-bientes degradados. Tal quadro ori-gina-se na inobservância e/ou desco-nhecimento de conceitos básicos,entre os quais a interrelação entre oselementos bióticos e abióticos dosecossistemas e a avaliação dos im-pactos gerados pelas atividades de-senvolvidas pelo homem.

Um exemplo da situação acimadescrita é a questão da atividadesuinícola na região Oeste de SantaCatarina. Até a década de 70 os dejetossuínos não constituíam grandes pro-blemas, pois a quantidade era peque-na. Este quadro foi transformado como aumento da produção, que passou aexigir grandes estruturas deestocagem. O alto custo destas estru-turas, a falta de conhecimento denovas tecnologias e o relevo desfavo-rável contribuíram para a degrada-ção ambiental na medida em queinduziram os suinocultores ao lança-mento indiscriminado nos rios. Osprojetos afins, embora dotados deboa técnica (como o Microbacias -financiado pelo Banco Mundial e queconsiste no manejo integrado do soloe da água) apresentam limitaçõesquanto à abrangência física. Alémdisso, novas técnicas são assimiladaslentamente, talvez por ser crescente

o êxodo rural, notadamente de jo-vens (a população remanescente,mais idosa, é mais resistente a idéiasnovas). Levantamentos do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, realizados em 1970 e 1980,indicaram um acréscimo da densida-de populacional urbana em 82,5% eum decréscimo da rural em 17,5%.

Há que se considerar também aslimitações impostas pelo binômiopequenas propriedades/geografia aci-dentada, notadamente a necessidadede cultivo em áreas íngremes, favo-recendo a erosão, e a carência deáreas favoráveis ao manejo dosdejetos animais.

Conseqüência do quadro exposto,são crescentes as dificuldades de abas-tecimento de água: a quantidade éreduzida e a quase totalidade daságuas superficiais encontra-se con-taminada com coliformes fecais.

Santa Catarina é o maior produ-tor de suínos do país. O crescentedesenvolvimento da suinocultura, es-timulada pela intensificação das ati-vidades dos grandes frigoríficos ins-talados na região Oeste do Estado,constitui-se em importante fator dedesenvolvimento econômico, provo-cando efeitos multiplicadores de ren-da e gerando mais de 150 mil empre-gos diretos (além de muitos indire-tos) em todos os setores da econo-mia.

A suinocultura está presente em50 mil propriedades e em 35 mil delasé a única fonte de renda. Sendo umaatividade predominante de pequenaspropriedades rurais, cerca de 82%dos suínos são criados em áreas deaté 100ha, sendo comum sua explo-ração associada à agricultura (1).

Levantamentos realizados pelaAssociação Catarinense de Criado-res de Suínos mostram que asuinocultura é a segunda atividademais importante no Estado, repre-sentando 15,4% da produçãoagropecuária e movimentando anu-almente 3,2 bilhões de dólares.

Opin iãoOpin iãoOpin iãoOpin iãoOpin ião

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A Sociedade Brasileira de Siste-mas de Produção - SBS é atualmenteum dos grupos no país que mais temevoluído em pesquisa, desenvolvimen-to e extensão rural participativa, comenfoque sistêmico e sustentável.

A SBS foi criada em 1993 em conse-qüência da necessidade de organizaçãode um fórum de discussão e troca deexperiências com o enfoque sistêmicona agricultura. A Sociedade já promo-veu dois encontros nacionais (em 1993e 1995), ambos em Londrina, sob aliderança do Instituto Agronômico doParaná (IAPAR). Atualmente está or-ganizando o III Encontro de Sistemas,em Florianópolis, entre 26 e 28 de maiode 1998, contando com o apoio daEpagri, Iapar, Embrapa, UFSC, CNPqe SDR/MA, entre outras instituições.

Espera-se que este evento ofereçaaos participantes a possibilidade dereflexão sobre novas opções de pesqui-sa, ensino, desenvolvimento e extensãorural. O desafio é questionar os mitosque tradicionalmente limitam nossasações e explorar paradigmas alternati-vos, estimulando mudanças voluntá-rias, genuínas e conseqüentemente sus-tentáveis. O III Encontro de Sistemasé mais um convite e uma oportunidadepara que, antes de sugerir mudançaspara outras pessoas, comecemos arealizar as transformações primeira-mente em nós mesmos, em nossas ca-sas e instituições.

Literatura citada

1. MATURANA, H.R. Reality: the searchfor objectivity or the quest for acompelling argument. Irish Journalof Psychology, Dublin, v.9, p.25-82,1988.

2. ISON, R.L. Changing communityattitudes. Rangeland Journal,Lottelsoe, v.15, p.154-166, 1993.

3. CHAMBERS, R. All power deceives. IDSBulletin, Brighton, v.25, n.2, p.14-26. Special issue on: knowledge ispower? The use and abuse ofinformation in development.

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro , eng.agr., Ph.D., Cart. Prof. 7.650-B, CREA-SC,Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255. 88301-970, Itajaí, SC. E-mail:[email protected]

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cola de biologia razoavelmente envol-vida com a questão ambiental, a exem-plo da Embrapa Suínos e Aves (volta-da, inclusive, à pesquisa de técnicasde tratamento e redução da geraçãode dejetos), os resultados são aindareduzidos se comparados à necessida-de. A deficiência de acesso a estasinformações também se caracterizacomo um dos elementos principais anão modificação do quadro ambiental.

Além dos fatores já citados, existeo grave problema político-administra-tivo de promover-se trabalhos conjun-tos entre os diversos níveis adminis-trativos e mesmo entre órgãos de ummesmo nível.

Mesmo convivendo em um quadroeconômico adverso a investimentos,tem-se verificado uma conscientizaçãocrescente com relação aoreaproveitamento dos desejos,notadamente dos pequenos suinocul-tores.

Outro aspecto relaciona-se a umasocialização dos impactos: tomando--se o nível de vida da população decentros urbanos (possibilidades delazer, acesso à cultura, à informação,etc.) e relacionando-se tal quadro àdegradação gerada para o fornecimen-to de tais serviços, pode-se talvez con-cluir que seja melhor permitir a gera-ção de poluição do que incentivar mi-gração para as cidades. Ou então pode--se promover, através de mecanismoseconômico-financeiros, a distribuiçãodos ônus ambientais a todos os que,direta ou indiretamente, estejam li-gados à atividade suinícola ou aosprodutos dela advindos.

Ainda há que considerar a necessi-dade de otimizar a utilização dos re-cursos naturais, notadamente os nãorenováveis. Em outros termos, osdejetos de suínos podem constituir-seem ótima fonte de nutrientes, poden-do suprir grande parte das necessida-des nutricionais das culturas. Já foiverificado incremento da produção demilho (cultura mais importante noOeste Catarinense) com a utilização

adequada dos dejetos (3), observadaa capacidade de suporte doecossistema.

Uma das maneiras de viabilizar autilização dos dejetos na lavoura,sem os riscos de contaminação dosolo e das águas superficiais e interi-ores, é a técnica de produção desuínos em camas de maravalha (ououtros materiais com característi-cas favoráveis). Por esta técnica, ovolume líquido de dejetos fica retidona cama, dispensando estruturasvolumosas de estocagem e tratamen-to, e facilita-se o manuseio na horado tratamento complementar (nor-malmente a compostagem) e na apli-cação. É uma técnica recente nocontexto brasileiro, e que pode indu-zir a uma sensível melhora ambien-tal, tanto na qualidade dos recursosnaturais como no incremento da pro-dutividade agrícola.

Literatura citada

1. OLIVEIRA, P.A.; MARTINS, R.R.;PEDROSO, D.; LIMA, G.J.M.M. de;LINDNER, E.A.; BELLI FILHO, P.;CASTILHOS JÚNIOR, A.B. de;SILVEIRA, V.R.; BALDISSERA, I.T.Manual de manejo e utilização dos

dejetos de suínos. Concórdia:EMBRAPA/CNPSA, 1993. 188p.(EMBRAPA-CNPSA. Documentos,27).

2. PAIVA, D.P. Moscas e seu controle inte-grado na suinocultura. Suinocultura

Industrial, São Paulo, v.10, n.117,p.34-36, 1995.

3. SCHERER, E.E.; BALDISSERA, I.T.;DIAS, L.F.X. Potencial fertilizante doesterco líquido de suínos da regiãoOeste Catarinense. Agropecuária

Catarinense, Florianópolis, v.8, n.2,p.35-39, 1995.

Ivone Lopes Tumelero, engenheira sani-tarista, M.Sc., Embrapa Suínos e Aves, La-boratório de Nutrição, C.P. 21, Fone (049)442-8555, Fax (049) 442-8559, 89700-000,Concórdia, SC.

A maioria dos suinocultores estávinculada aos grandes complexosagroindustriais da região (Sadia, Per-digão, Chapecó) sob a forma de par-cerias diversas. Objetivandoincrementar o nível de compe-titividade, as agroindústrias bus-cam, inclusive, a economia de es-cala. Tal política reflete-se nadesativação de algumas instalaçõese ampliação de outras: a tendênciaparece ser a de diminuição do núme-ro de produtores e a maior produçãodestas propriedades.

O aumento do plantel suinícolaocasionou uma desenfreada degra-dação ambiental representada pelaalta carga orgânica (DBO

5 variando

de 30.000mg/litro a 52.000mg/litro)(1), lançada nos rios e no solo, poisnormalmente os produtores pos-suem apenas sistemas de estoca-gem, que não comportam o temponecessário à estabilização. Esta defi-ciência provoca a retirada do mate-rial antes do prazo necessário, e olançamento em grande quantidadenos rios ocasiona a morte de peixes,além da exalação de maus odores. Oesterco líquido quando aplicado emgrandes quantidades no solo duran-te vários anos pode ocasionar sobre-carga da capacidade de infiltração dosolo e retenção dos nutrientes doesterco, ocasionando a contamina-ção das águas subterrâneas e super-ficiais (1). O manejo inadequado dosdejetos provoca ainda a produçãoexcessiva de moscas e mosquitosborrachudos (2).

Estudos da Embrapa Suínos eAves (1) indicam que menos de 25%dos dejetos produzidos (de um totalde 30 mil m3/dia) recebem tratamen-to: o restante é lançado diretamenteno meio ambiente. A conseqüênciado manejo inadequado é que 85% dasfontes de água das propriedades ru-rais estão contaminadas comcoliformes fecais, além da degrada-ção da qualidade do solo e do ar.

Embora a existência de uma es-

ConjunturaConjunturaConjunturaConjunturaConjuntura

o

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60 Agrop. Catarinense, v.11, n.1, mar. 1998

VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Noções de segurança no trato com as abelhasNoções de segurança no trato com as abelhasNoções de segurança no trato com as abelhasNoções de segurança no trato com as abelhasNoções de segurança no trato com as abelhasEm geral todos conhecem os benefícios

das abelhas, seja por seus produtos (mel,pólen, cera, geléia real, própolis), seja porsuas funções como agentes polinizadores.Quase todo mundo também sabe que asabelhas, quando se sentem ameaçadas, po-dem causar acidentes que vão de uma sim-ples e dolorida ferroada até problemas maissérios ou mesmo a morte. Este sistema dedefesa das abelhas é muito importante poispermite que elas possam preservar a espéciede continuar com a tarefa de polinizar egarantir a perpetuação de muitas espéciesdo reino vegetal. Os apicultores estão fami-liarizados com os hábitos das abelhas e sãohabilitados para lidar com elas com o má-ximo de segurança. Todavia outras pessoasque se aproximam de apiários ou têm con-tato com enxames nem sempre conhecem osriscos que correm nem como evitá-los, as-sim como as providências que devem tomarem caso de acidente.

A seguir apresentam-se algumas infor-mações e recomendações básicas para casosde acidentes.

Efeitos do veneno das abelhase sintomas das vítimas

Uma pessoa ferroada por abelhas podeapresentar diversas reações, dependendoda sensibilidade do indivíduo. Existem aspessoas alérgicas ao veneno da abelha. Es-tas devem evitar aproximar-se de colmeiase de trabalhar no apiário.

Uma pessoa que recebe uma ou poucasferroadas normalmente apresenta reaçãono local, com dor imediata, mancha circu-lar em torno do ferrão introduzido na pele,sendo logo após circundado por manchaavermelhada, acompanhada de inchaço,calor e coceira que podem durar por váriashoras. Em alguns casos podem apresentar

náuseas e vômitos de curta duração e poucaimportância.

Há casos que, apesar de uma ou poucasferroadas, a pessoa pode apresentar coceirageneralizada e inchaço por todo o corpo (in-clusive lábios e pálpebras), mal-estar geral,tonturas, desmaio, arroxeamento dos lábios,falta de ar, podendo ocorrer parada respira-tória. Nesse caso há risco de vida para opaciente, pois trata-se de pessoa alérgica aoveneno. Aconselha-se a procurar imediata-mente assistência médica.

Em vítimas que recebem centenas de pica-das pode haver a destruição maciça dosglóbulos vermelhos, hemorragias, compro-metimento do fígado, rins, coração e cérebro,e os mais variados sintomas: perda de cons-ciência, sonolência, tremores, dores abdomi-nais, aumento ou queda de pressão arterial,insuficiência renal e parada respiratória.Aconselha -se procurar um médico sem perdade tempo.

Primeiros socorros

Recomenda-se que a pessoa que for socor-rer a vítima mantenha-se calma e proceda daseguinte forma:

- Afastar a vítima para fora do raio de açãodas abelhas ou para um lugar seguro e acalmá--la, não esquecer de proteger-se adequada-mente para que não venha a ser outra vítimano momento de ajudar o acidentado.

- Retirar imediatamente os ferrões paraevitar que todo o veneno seja injetado navítima. Para isso, não utilizar o dedo ou pinçapara não comprimir a bolsa de veneno (verFigura 1). Recomenda-se retirar os ferrõescom o auxílio de uma lâmina de canivete oufaca, raspando cuidadosamente rente à pele.

- Lavar abundantemente os locais atingi-dos com água corrente, sem esfregar a pelepara não espalhar mais rapidamente o

veneno.- Aplicar bolsas de gelo no local das

picadas para diminuir o inchaço.- Aplicar no local das ferroadas, sem

esfregar, a pomada Nupercainal para ame-nizar as dores. Se houver, usar como subs-tituto da pomada, o leite de mamão, quetambém possui efeito anestésico, aliviandoas dores.

- Dependendo do caso, encaminhar avítima à unidade hospitalar mais próxima.

Observações importantes

No desespero e na ansiedade de ajudaruma pessoa picada por abelhas, muitas ve-zes lança-se mão de procedimentos errados,embora populares, que ao invés de ajudarcomplicam e agravam a situação. Para queisso não aconteça, recomenda-se: não esfre-gar ou friccionar as partes atingidas pelosferrões, pois isso, além de servir de fator dedifusão do veneno, aumenta mais ainda acoceira e a vermelhidão; não aplicar vina-gre, álcool, pasta de dente, rodelas de cebola,enxofre, fumo mascado, pois isto pode pro-vocar irritação; não enrolar os ferimentoscom ataduras, pois o calor agrava o inchaço;não deixar o paciente se agitar muito, poiso repouso é importante; quando se tratar depessoa alérgica ao veneno das abelhas, deve--se encaminhá-la imediatamente para cui-dados médicos.

Recomendações

Somente pessoas habilitadas, treinadase bem equipadas devem lidar com as abe-lhas. Deve-se cuidar para que crianças eanimais domésticos não se aproximem deapiários, enxames ou colmeias, pois issoperturba e irrita as abelhas.

Quando se tratar de envenenamento, amaior preocupação deve ser a de não perdertempo e medicar corretamente a vítima. Nosentido de evitar demora no atendimento, aqual, em certos casos, pode ser fatal, e nodesejo de minimizar o sofrimento do pa-ciente, basta uma consulta telefônica aosespecialistas em fisiopatologia de envene-namento, para se ter uma informação rápi-da, segura e correta. Os contatos devem serfeitos com o Centro de InformaçõesToxicológicas, Hospital Universitário/UFSC, Fone (048) 231-9535 ou (9048) 21520,Florianópolis, SC. Em outros Estados reco-menda-se contactar com os órgãos públicosde saúde.

Figura 1 - Localização das glândulas e bolsa de veneno das abelhas

Fonte: PUTTKAMMER, E. Curso de apicul-tura; crie abelhas com técnica e amor.Florianópolis: Epagri-Progr. Catari-nense de Profissionalização de Pro-dutores Rurais, 1996. 139p.