NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA[1]

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  • 8/6/2019 NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA[1]

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    NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRAAdministrao Financeira e OramentriaValor do Dinheiro no tempo

    VALOR DO DINHEIRO E UTILIDADE

    Modelos econmicos sempre empregam alguma unidade monetria como medida de valor. Qualquer um, emparticular ns que temos um passado de altas taxas de inflao, sabemos que padres monetrios comomedida de valor tm que ser vistos com cuidado.

    Um primeiro problema obviamente a inflao, que faz com que o padro monetrio represente valoreseconmicos cada vez menores. Quando a inflao afeta proporcionalmente todos os preos, isto ,quando as relaes entre os preos no muda, podemos trabalhar com um padro monetrio estvel(normalmente, uma moeda com baixa inflao, como o dlar, ou deflacionando com um ndice devariao de preo de uma cesta de bens e servios, como os muitos calculados pelo IBGE, FundaoGetlio Vargas e DIEESE) e, dessa forma comparar valores econmicos em datas diferentes;

    Outro problema que, mesmo em moeda estvel, valores monetrios em datas diferentes tm diferentesvalores econmicos. Geralmente, os agentes econmicos (ex: pessoas e empresas) preferem receber omesmo valor monetrio (mesmo com inflao nula) mais cedo a receb-lo mais tarde. Isso decorrentedo fato que se recebermos um dinheiro agora (e no houver inflao e fora o problema de segurana)

    temos todas as oportunidades que teramos se o recebssemos depois e, provavelmente, outras que noteramos se s o recebssemos mais tarde.

    Portanto, deixar de receber uma quantia numa data para receb-la mais tarde implica algum custo deoportunidade (mais propriamente custo de perda de oportunidade). Esse fato to universal que, em quasetodas as economias de hoje, existe um mercado financeiro de risco muito baixo cuja essncia o aluguel dedinheiro.

    Dizemos, portanto, que o valor de uma quantia monetria recebida, ou paga, varia no tempo e quandofazemos uma anlise econmica, esse um aspecto importante. Esse valor variado no tempo o quechamaremos adiante de valor do dinheiro no tempo.

    Mais isso ainda no tudo que tnhamos a comentar sobre o valor do dinheiro. Excetuando-se os casos onde

    as pessoas buscam emoo forte, as pessoas no gostam de situaes arriscadas. Certamente, um gerenteir preferir um projeto que traga, com certeza, um retorno de R$X do que outro que, sendo equivalente emoutros aspectos, produza o mesmo retorno com considervel incerteza. Como nosso mundo econmico povoado de incertezas, essa atitude face ao risco um outro aspecto que pode ser decisivo em decises e,por isso, devemos lev-la em conta quando usamos de quantias monetrias para representar valoreseconmicos

    O QUE O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

    Como vimos acima, o valor econmico associado a desembolsos (ou receitas) ocorridos em pocasdiferentes, geralmente tm valor econmico diferentes, ainda que correspondam mesma quantia monetriae no haja inflao. A razo disso, conforme argumentou-se, que o conjunto de oportunidades de uso dodinheiro recebido mais cedo, geralmente, maior. Conseqentemente, se dispusermos de uma quantia de

    dinheiro numa data A anterior uma outra data B, podemos tirar partido de alguma oportunidade deaplicao do dinheiro entre A e B para chegarmos a B com uma quantia maior do que o que teramos se srecebssemos a quantia em B. Deixando de lado a questo do risco, tambm mencionada acima, vejamoscomo tratar a questo do valor do dinheiro no tempo em condies de certeza.

    Receitas e desembolsos constituem fluxos de caixa. Alternativas de deciso podem (sob certeza),freqentemente, ser representadas, no seu aspecto econmico por conjunto de fluxos de caixa, utilizando-separa isso uma conveno onde, por exemplo, receitas so fluxos positivos e desembolsos, fluxos negativos.

    Anlise Do Valor Do Dinheiro No Tempo

    Normalmente, como j vimos, uma empresa trata seus problemas de deciso em diversos nveis. Num nvel(estratgico, ou de longo prazo) considera projetos de longo prazo, financiados por capital prprio ou por

    emprstimos de longo prazo. Em outros nveis (ttico e operacional) trata de projetos financiados poremprstimos de curto prazo. Assim, fica fcil estabelecer o custo-oportunidade do capital empatado nessesprojetos de nvel ttico e operacional.

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    Esse custo so os juros que se paga por esses emprstimos de curto prazo. Ou seja, quando se consideraqual o uso que a empresa faria de uma quantia que a empresa dispe para aplicao de curto prazo, comono exemplo, geralmente a taxa de juro que se paga pelo dinheiro tomado emprestado para financiar o capitalde curto prazo (capital de giro) uma boa aproximao. Isso porque se essa quantia deixar de sernecessria, ela evitar a tomada de emprstimo de curto prazo (que, normalmente so os emprstimos comjuros mais elevado dentre os que a companhia paga).

    - Mtodos Analticos

    Os mtodos analticos so precisos porque se baseiam no valor do dinheiro no tempo. A precisomencionada se refere metodologia utilizada para analisar os dados do projeto.

    O valor do dinheiro no tempo para cada empresa expresso por um parmetro denominado Taxa Mnima deAtratividade (TMA). Essa taxa especfica para cada empresa e representa a taxa de retorno que ela estdisposta a aceitar em um investimento de risco (projeto empresarial), para abrir mo de um retorno certo numinvestimento sem risco no mercado financeiro.

    Os mtodos analticos empregados em anlise de investimentos so o Valor Presente Lquido (VPL) e a TaxaInterna de Retorno (TIR).

    a) Valor Presente Lquido (VPL)

    O valor presente lquido (VPL) de um projeto de investimento igual ao valor presente de suas entradas decaixa menos o valor presente de suas sadas de caixa. Para clculo do valor presente das entradas e sadasde caixa utilizada a Taxa Mnima de Atratividade (TMA), como taxa de desconto. O valor presente lquidocalculado para um projeto significa o somatrio do valor presente das parcelas peridicas de lucro econmicogerado ao longo da vida til desse projeto. O lucro econmico pode ser definido como a diferena entre areceita peridica e o custo operacional peridico, acrescido do custo de oportunidade peridico doinvestimento.

    Utilizando uma calculadora financeira e considerando-se uma TMA de 10% ao ano, encontramos para oprojeto de investimento P um Valor Presente Lquido de R$ 20.392,54. Se considerarmos uma TMA de 15%ao ano, o Valor Presente Lquido do Projeto ser zero. Para uma TMA de 0%, o lucro econmico peridico seconfunde com o lucro contbil peridico e o valor presente lquido igual ao somatrio dos lucros contbeisperidicos.

    Podemos ter as seguintes possibilidades para o Valor Presente Lquido de um projeto de investimento:

    - Maior do que zero: significa que o investimento economicamente atrativo, pois o valor presente dasentradas de caixa maior do que o valor presente das sadas de caixa;- Igual a zero: o investimento indiferente pois o valor presente das entradas de caixa igual ao valorpresente das sadas de caixa;- Menor do que zero: indica que o investimento no economicamente atrativo porque o valor presente dasentradas de caixa menor do que o valor presente das sadas de caixa.

    Entre vrios projetos de investimento, o mais atrativo aquele que tem maior Valor Presente Lquido.

    b) Taxa Interna de Retorno (TIR)

    A Taxa Interna de Retorno o percentual de retorno obtido sobre o saldo investido e ainda no recuperadoem um projeto de investimento. Matematicamente, a Taxa Interna de Retorno a taxa de juros que torna ovalor presente das entradas de caixa igual ao valor ao presente das sadas de caixa do projeto deinvestimento.

    Utilizando uma calculadora financeira, encontramos para o projeto P uma Taxa Interna de Retorno de 15% aoano. Esse projeto ser atrativo se a empresa tiver uma TMA menor do que 15% ao ano.

    A Taxa Interna de Retorno de um investimento pode ser:

    Maior do que a Taxa Mnima de Atratividade : significa que o investimento economicamente atrativo; Igual Taxa Mnima de Atratividade : o investimento est economicamente numa situao de indiferena;

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    Menor do que a Taxa Mnima de Atratividade : o investimento no economicamente atrativo pois seuretorno superado pelo retorno de um investimento sem risco.

    Entre vrios investimentos, o melhor ser aquele que tiver a maior Taxa Interna de Retorno.

    Risco, Retorno e Valor

    O QUE RISCO

    O risco uma caracterstica iminente a toda e qualquer atividade, principalmente nas reas que tratamdiretamente com o patrimnio das empresas. Tudo o que feito hoje, visando a um resultado no futuro, estsujeito a algum grau de risco.

    Com base em fatos conhecidos e informaes adquiridas, podemos estabelecer meios capazes de projetaros acontecimentos futuros. Esses acontecimentos podero realmente acontecer, mas no sero"exatamente" como havamos projetado. Geralmente, o risco est associado a algum fator negativo quepossa impedir ou dificultar a realizao do que foi planejado.

    No mundo atual, a gesto de riscos em empresas indispensvel, pois um fato econmico que acontece emqualquer lugar do mundo provoca reflexos imediatos na economia brasileira. A gesto de riscos pode serentendida como um processo onde so tomadas decises de aceitar um risco conhecido ou de minimiz-lo.

    Como risco podemos destacar duas modalidades:

    Risco sistemtico : que afeta as empresas em geral;

    Risco sistemtico : que afeta especificamente uma empresa ou um pequeno grupo de empresas.

    RISCO X RETORNO

    Um ponto bsico em administrao financeira que h um confronto entre retorno (fluxo de caixa) e risco.Retorno e risco so determinantes-chaves das decises do administrador financeiro, pois a medio dosmesmos ressaltaro a necessidade ou no da concretizao de certos investimentos.

    O retorno e o risco afetam as decises de forma direta. Em geral, os acionistas e proprietrios de empresastem averso ao risco. Quando h risco envolvido, os acionistas e proprietrios de empresas esperam obtertaxas de retorno mais altas nos investimentos associados a riscos mais altos, e taxas de retorno mais baixasnaqueles com riscos mais baixos.

    a) Dilema Risco-Retorno Na Composio De Financiamentos

    As caractersticas do dilema risco-retorno, tambm podem ser observadas quando da definio de umapoltica de financiamento do capital de giro.

    A perda de rentabilidade provocada por uma poltica tradicional nos investimentos em capital de giro poderser minimizada atravs de alteraes em sua estrutura de financiamento. No obstante isso, maiorpreferncia por fundos de curto prazo (mais baratos) na composio do passivo acarreta, paralelamente amaior retorno, elevao do risco da empresa. Esta elevao do risco determinada, fundamentalmente,pelas seguintes razes:

    As taxas de juros a curto prazo so bem mais sensveis s alteraes conjunturais do que as taxas delongo prazo. Na realidade, empresas com maior participao de crditos de curto prazo apresentammaior risco pela natural falta de certeza no conhecimento do comportamento futuro de seus custos.Enquanto um emprstimo de longo prazo mantm o encargo de juros fixo por um perodo de tempomaior, um emprstimo de curto prazo, a ser renovado periodicamente, absorve com maior freqncia asoscilaes (normalmente crescentes) nas taxas de juros;

    Uma poltica de financiamento com maior nfase no crdito de curto prazo determina maior dependnciada empresa s disponibilidades de crdito no mercado. Eventuais dificuldades de repor os recursos de

    curto prazo, mesmo que temporrias, podero abalar a liquidez da empresa e gerar pssimasconseqncias junto aos seus credores.

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    Na realidade, os aspectos considerados envolvem o dilema maior na administrao do capital de giro: risco xretorno. Utilizando-se mais de crditos de curto prazo, a empresa poder obter, sempre que os seus custosforem inferiores aos de longo prazo, melhores resultados operacionais; no entanto, pelos motivos expostos, orisco da empresa se elevar;

    b) Abordagem De Risco Mnimo

    Uma postura de minimizao do risco pode ser adotada atravs de uma abordagem conservadora para ofinanciamento do capital de giro.

    O risco colocado em nveis mnimos em razo de a empresa no necessitar utilizar de sua capacidade decaptao de recursos a curto prazo, a qual seria acionada somente para atender a necessidades financeirasinesperadas (imprevistas). O custo desta abordagem seria bem elevado, em razo da preferncia por crditosa longo prazo (normalmente mais onerosos que os de curto prazo) e da ociosidade desses recursos emvrios perodos.c) Avaliao Do Risco De Crdito

    Na anlise do risco so levados em conta diversos critrios e mtodos. Um enfoque tradicional da anlise docrdito desenvolvido atravs de estudo de cinco fatores, definidos na proposio original de Brighan eWeston como os cinco CC do crdito, ou seja:

    1. Carter : identifica a disposio do cliente em pagar corretamente seu crdito. Essa avaliao efetuadaatravs do conhecimento de certas caractersticas morais do devedor; tais como honestidade, integridadeetc;

    2. Capacidade : procura medir o potencial de gerao de recursos do cliente visando liquidao conformepactuada. Essa anlise feita, normalmente, atravs de informaes histricas do desempenho docliente, de seus padres gerenciais etc. A varivel capital, analisada de forma similar anterior, est maisvoltada para a medio dos investimentos da firma cliente, dando ateno especial ao seu patrimniolquido;

    3. Garantias (collateral): julgam os ativos que o cliente pode oferecer como forma de lastrear (garantir) seucrdito;

    4. Condies : envolve as influncias do comportamento da conjuntura econmica sobre a capacidade depagamento do cliente.

    O processo de anlise destes fatores tradicionais de avaliao do risco do crdito desenvolvido,basicamente, pela tradio (experincia) que a empresa tenha com seu cliente e, tambm, atravs de umasrie de informaes e indicadores bsicos que o administrador dever colher junto ao consumidor e aomercado, visando suplementar a sua deciso.

    Ainda dentro do enfoque tradicional de avaliao do crdito pode-se enumerar, entre outras, as seguintesprincipais fontes de informaes:

    Avaliao retrospectiva das demonstraes contbeis do solicitante de crdito : as quais podero virsuplementadas com diversas informaes adicionais; tais como fluxos de caixa, descrio das garantiaspotenciais etc;

    Empresas prestadoras de servios em assessoria s decises de crdito : no Brasil, esses serviospodem ser fornecidos pela SERASA, pelo Servio de Proteo ao Crdito, pelas Associaes Comerciaise Industriais etc;

    Modelos quantitativos : dentro de um enfoque menos convencional, deve-se ressaltar a crescenteintroduo de modelos quantitativos nas decises de concesso de crdito, os quais se processam,principalmente, atravs do uso de medidas estatsticas, anlises discriminantes e rvores de deciso.

    RISCO

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    A idia de risco aplicada nos mercados vem sendo bastante explorada na literatura financeira e pelosveculos de comunicao. A preocupao com o risco aumentou em razo das crises internacionais queexperimentamos nos ltimos anos. No entanto, independente da maior ou menor volatilidade dos ativosfinanceiros, o investidor sempre deve se preocupar com o fator risco envolvido nas aplicaes.

    Risco pode ser conceituado como sendo a possibilidade de ocorrncia de um evento incerto e desfavorvel.Outros preferem entender risco como sendo a volatilidade natural existente nos mercados de ttulos de umaforma geral. No importa qual seja a definio, a verdade que todos os indivduos, ou pelo menos a grandemaioria deles, tm averso ao risco.

    Assumir riscos no investimento em ativos financeiros vai contra a preferncia natural das pessoas, de talforma que algum estar disposto a tolerar algum risco se houver uma compensao financeira por isso,expressa atravs de uma rentabilidade mais alta, que contempla o chamado prmio pelo risco. A suposiode que as pessoas, racionalmente, so avessas a riscos, acaba estabelecendo uma relao positiva entrerisco e rentabilidade. Ou seja, ao investir em aes, em vez de deixar o meu dinheiro na caderneta depoupana, fica implcita a idia de que exigirei uma rentabilidade mais alta sobre o meu investimento paracompensar o maior risco assumido.

    RISCO E RETORNO

    interessante atentar para os dados histricos de retorno e risco de alguns dos principais investimentos nomercado financeiro norte-americano, obtidos no livro Princpios de Administrao Financeira, de Stephen A.Ross, Randolph W. Westerfield e Bradford D. Jordan, publicado em 1998.

    Por exemplo, tomando o perodo de 1926 a 1994, uma carteira tpica de aes ordinrias apresentou umretorno mdio anual de 12,2% e um risco, medido por desvio-padro, de 20,3%. Obrigaes de empresas delongo prazo obtiveram um retorno mdio de 5,7% e um risco de 8,4%. Ao mesmo tempo, Letras do Tesourorenderam, em mdia, 3,7%, com um risco de 3,3%. Sem se aprofundar demais na anlise desses nmeros, oque queremos chamar a ateno para a confirmao da relao positiva entre risco e retorno a partir daobservao de dados passados.

    Convm deixar claro que o desvio-padro uma medida estatstica de disperso de retornos em relao aotermo mdio. Isso significa que quanto maior for o desvio-padro de um ativo, maior a probabilidade de terretornos acima (favorveis) e abaixo (desfavorveis) do retorno mdio calculado.

    O entendimento da relao positiva entre risco e retorno que tem levado muitos analistas a avaliar fundosmtuos de aes a partir do denominado ndice de Sharpe, que consiste em dividir o retorno excedente deum fundo pelo seu desvio-padro em uma dado perodo. Ou seja, o fundo ter um bom desempenho noapenas em funo da rentabilidade gerada, mas levando em conta tambm o nvel risco assumido.

    QUALIFICANDO OS RISCOS

    a) Risco De Perda Do Poder Aquisitivo

    Um dos efeitos mais notveis, observados nas modernas economias, a perda de poder aquisitivo dasmoedas, comumente chamada de inflao. Todo e qualquer investimento deveria ser realizado com esteaspecto em mente. Um investimento extremamente conservador produziria um rendimento que igualasse a

    taxa de inflao do perodo. Neste caso, em termos reais, nenhum rendimento seria produzido. Rendimentoreal, portanto, o excesso de rendimento em relao taxa de inflao do perodo em questo.

    O Brasil, assolado por altas taxas de inflao no passado prximo, tem ultimamente convivido com perdasinflacionrias menos alarmantes. No entanto, no incomum que muitas formas de investimentos noconsigam, sequer, repor as perdas inflacionrias em dados momentos. At mesmo os investimentos de rendafixa, atrelados aos juros, tm produzido perdas inflacionrias.

    b) Risco Quanto s Taxas De Juros

    O risco quanto s taxas de juros est ligado ao fato de que, um aumento nas taxas de juros pode causar umadepreciao nos preos de diversos ativos, assim como pode contribuir para o crescimento das taxas deinflao e diminuio do crescimento econmico. Nos Estados Unidos, pesquisas tm demonstrado que com

    o incremento nas taxas de juros a volatilidade dos mercados tambm aumenta. O incremento das taxas de juros, no Brasil, tem conduzido a perodos de recesso ou baixo crescimento econmico, principalmente

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    porque o governo, no geral, o grande tomador de recursos para cobertura de seus habituais dficitsoramentrios.

    Em suma, quando h uma grande demanda por dinheiro h presso para o aumento das taxas de juros, amenos que haja aumento na emisso de dinheiro. Como as emisses de dinheiro so inflacionrias, a noser que tenha havido crescimento econmico suficiente que as respaldem, a demanda por dinheiro,tipicamente um fenmeno comum em expanses econmicas, causa o aumento das taxas de juros,encerrando o ciclo de crescimento da economia. Isto tudo num cenrio ideal em que o governo fique margem dos mercados.

    No Brasil, este no o caso. O governo com seus dficits contribui para o aumento da demanda por dinheiroe, como deseja controlar a inflao, pressiona para cima as taxas de juros. Com o incremento das taxas dejuros, os investimentos em renda fixa tornam-se os preferidos, no Brasil, causando o aumento da volatilidadedos mercados de aes. Quando as taxas de juros crescem aos saltos, tipicamente quando o governo decidedefender a moeda ou reduzir a presso inflacionria imediata, o primeiro impacto sobre os ativos de rendafixa pr-fixados de perda, justamente pela troca de papis com juros menores pelos novos. Esse fenmenono dura mais que um ou dois meses. Nos Estados Unidos, o crescimento das taxas de juros impulsiona osinvestidores a tomarem mais risco, segundo pesquisas. No Brasil, embora no haja pesquisas do gnero, oefeito parece ser o contrrio, h uma busca por ativos que garantam rendimentos fixos, atrelados s taxas dejuros.

    c) Risco Do Negcio

    Alguns analistas sugerem que, as mudanas na regulao dos mercados financeiros e de capitais afetam osrelacionamentos entre os movimentos nos ciclos dos negcios e o mercado de aes.

    Nas ltimas dcadas, a poltica monetria tem sido a base para a anlise dos ciclos dos negcios. Asmudanas nos agregados monetrios so as maiores foras por trs dos ciclos econmicos e da taxa deinflao. Isso sem falar na atuao do governo nesses ciclos e mercados, conforme j abordado no tpicorelativo s taxas de juros. Mais uma vez, nos Estados Unidos, pesquisas tm sido realizadas quanto aosciclos dos negcios. A anlise setorial tem sido de suma importncia, eis que os diversos setores daeconomia tendem a reagir diferentemente s mudanas nos cenrios econmicos, interno e externo.

    Para os investidores a descoberta de que setores sero favorecidos ou prejudicados nos diferentes cenrioseconmicos de vital importncia, porque isso, por si s, pode conduzir a escolha de papis com melhorpotencial para valorizao.

    d) Risco De Mercado

    Tem-se observado que, quando o mercado de aes sobe, a maioria das aes sobe tambm. Por outrolado, quando o mercado cai, a grande maioria das aes tambm cai. A mudana na psicologia do mercadopode levar queda nos preos dos papis, sem que tenha havido nenhuma deteriorao na performance dasempresas emissoras.Movimentos nos preos das aes que no possam ser atribudos volatilidade ou betas elevados devemestar atrelados a fatores intrnsecos companhia emissora, fazendo com que os preos de suas aes semovam de forma contrria ao mercado, ou com melhor performance que o mercado como um todo.

    No raro ocorrer o fato dos investidores tomarem suas posies no mercado e, aps isso, o mercado mudarde direo. Quando os mesmos investidores tentam reverter suas posies, o mercado afetadograndemente e, tambm no raramente, prejuzos so gerados. Em sntese, os investidores devem avaliaros ativos em termos da compensao que esses proporcionam relativamente ao risco que eles criam.AlavancagemO QUE ALAVANCAGEM?

    Alavancagem o uso de ativos e recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietriosda empresa

    Variaes na alavancagem resultam em aumento de risco e retorno. Assim:

    > alavancagem ==> maior risco e maior retorno

    < alavancagem ==> menor risco e menor retorno

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    Os Administradores tm um controle quase completo sobre o risco introduzido com a alavancagem.

    ALAVANCAGEM FINANCEIRA

    a capacidade da empresa em usarencargos financeiros fixos (juros sobre emprstimos e dividendos deaes preferenciais), a fim de maximizar os efeitos de variaes no lucro a/dos juros e impostos sobre lucrospor ao da empresa (LPA).

    a) Grau De Alavancagem Financeira (GAF)

    a medida numrica da alavancagem financeira da empresa:

    *LPA = Lucro por AoLAJIR = Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (lucro operacional)DP = Dividendos por Aes PreferenciaisJ = juros

    b) Alavancagem Financeira Contabilmente

    LAJIR(-) Juros(=) Lucro Lquido Antes do Imposto de Renda(-) Impostos(-) Dividendos(=) Lucro Disponvel para Acionistas Ordinrios(=) Lucro por Ao (LPA)

    ALAVANCAGEM OPERACIONAL

    o uso potencial dos custos operacionais para aumentar os efeitos das mudanas nas vendas sobre o lucrosda empresa antes dos juros e impostos (LAJIR).

    O aumento nas vendas resulta em aumento mais que proporcional no LAJIRe vice-versa

    a) Grau de Alavancagem Operacional (GAO)

    a medida numrica da alavancagem operacional da empresa:

    * F = Custo Operacional Fixo por PerodoQ = Quantidade de vendas (unidades)P = Preo de venda por unidadeV = Custo operacional varivel por unidade

    b) Alavancagem Operacional Contabilmente

    Receita de Vendas

    (-) CMV(=) Lucro Bruto(-) Despesas Operacionais

    variao percentual no LAJIR Q x (p - v).

    GAO = =variao percentual nas vendas Q x (p - v) - F

    variao percentual no LPA LAJIR.GAF = =

    variao percentual no LAJIR LAJIR - J - (DP x 1 / (1 - T))

    variao do LPAAlavancagem Financeira =

    variao do LAIR

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    (=) Lucro Operacional = Lucro Antes dos Juros e IR (LAJIR)

    c) Anlise Do Ponto De Equilbrio (anlise custo-volume-lucro)

    Determinar o nvel de vendas necessrias para cobrir todos os custos operacionais (ponto de equilbriooperacional);

    Avaliar a lucratividade associada a cada nvel de vendas.

    d) Custos Fixos x Alavancagem Operacional

    Variao nos cursos fixos afeta significativamente a alavancagem operacional.

    ALAVANCAGEM TOTAL

    o uso potencial de custos fixos, tanto operacionais como financeiros, para aumentar o efeito das variaes

    nas vendas sobre o lucro por ao (LPA).

    a) Grau De Alavancagem Total (GAT)

    a medida numrica da alavancagem total da empresa:

    A Alavancagem Totalreflete o impacto combinado da alavancagem operacional e financeira da empresa:

    b) Alavancagm Total Contabilmente

    Anlise das Demonstraes Financeiras

    O QUE ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    A anlise das demonstraes financeiras visa relatar, a partir das informaes contbeis fornecidas pelasempresas, a posio econmico financeira atual, as causas que determinaram a evoluo apresentada, e astendncias futuras. Extrai a informao sobre a posio passada, presente e futura (projetada) de umaempresa.

    OBJETIVOS DA ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    Avaliar a situao econmico-financeira de uma empresa; Avaliar a capacidade de liquidez de uma empresa; Verificar a sua capacidade de solvncia (se ir ou no falir);

    variao percentual no LPA Q x (p - v).GAT = =

    variao percentual nas vendas Q x (p - v) - F- J - (DP x (1/ (1 - T))

    GAT = GAO x GAF

    variao do LAJIRAlavancagem Operacional =

    variao da Receita de Vendas

    variao do LPAAlavancagem Total =

    variao da Receita de Vendas

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    Tomada de deciso de investimentos na empresa; Tomada de decises em relao ou no a conceder crditos; Avaliar como a empresa est sendo administrada; Avaliar se a empresa ou tende a ser lucrativa ou no; Tomada de deciso sobre o futuro da empresa.

    USURIOS DA ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    Dirigentes da empresa; Acionistas; Credores; Fornecedores X Clientes; Concorrentes; rgos Governamentais; Empregados, Sindicatos e Comunidade; Transferncia de Controle Acionrio, Incorporao e Fuso.

    PROCEDIMENTOS PRELIMINARES DA ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    Deve-se analisar pelo menos dois anos consecutivos de demonstraes;

    Procurar analisar de empresas do mesmo ramo para se ter um paralelo para anlise; Eliminar as distores provocadas pela inflao; Reclassificar algumas contas das Demonstraes Financeiras:

    Duplicatas Descontadas Devero ser reclassificadas no Passivo Circulante.

    Despesas do Exerccio Seguinte Devero ser reclassificadas no Patrimnio Lquido.

    Receitas/Despesas Financeiras Devero ser reclassificadas em No Operacionais

    TCNICAS DE ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS

    Anlise Vertical e Horizontal; Indicadores Financeiros e Econmicos (ndices); Anlise da Taxa de Retorno Sobre Investimento - Margem de Lucro X Giro do Ativo (Frmula Du Pont).

    ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS VERTICAL E HORIZONTAL

    a) Anlise Vertical

    Identifica a participao percentual de cada componente da demonstrao financeira em relao ao seutotal.

    A tcnica consiste em estabelecer em quanto representa o Balano Patrimonial do total dos 100% doAtivo e Passivo, e, no DRE, da Receita Lquida.

    b) Anlise Horizontal

    Identifica a evoluo dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinadoperodo;

    uma anlise temporal do crescimento da empresa; A tcnica consiste em estabelecer o ndice (base) 100 para o primeiro ano e fazer a sua evoluo nos

    anos seguintes.

    ANLISE DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS POR NDICES

    Procura relacionar elementos afins das demonstraes financeiras, de forma a melhor extrair conclusessobre a situao da empresa.

    Visando uma comparao inter-empresarial, possvel ainda obter-se em revistas especializadas,indicadores de empresas concorrentes e padres do setor de atividade.

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    a) ndices De Liquidez

    Medem a capacidade de pagamento da empresa:

    ndice de Liquidez Corrente (AC/PC) : mede a capacidade de pagamento a curto prazo da empresa;

    ndice de Liquidez Seco (AC-Estoques/PC) : mede a capacidade de pagamento da empresa supondo quea mesma se desfaa dos estoques;.

    ndice de Liquidez Geral (AC+RLP/PC+ELP) : mede a capacidade geral de pagamento da empresa; ndice de Liquidez Imediata (Disponvel/PC) : mede a capacidade a vista de pagamento da empresa frente

    aos seus compromissos de curto prazo.

    b) ndices De Endividamento

    Mostram como est composto as origens de recursos da empresa:

    Relao de capital de terceiros sobre o prprio (PC+ELP/Patrimnio Lquido) : revela quanto que aempresa possui de dvidas em relao aos recursos pertencentes aos acionistas;

    Composio de Endividamento (PC/PC+ELP) : mostrar a relao de dvidas a curto prazo ao total dasdvidas;

    Endividamento Geral (PC+ELP/AT) : mostra a dependncia de recursos de terceiros no financiamento dosativos;

    Imobilizao do Capital Prprio (AP/PL) : revela quanto do investimento dos acionistas est eminvestimento de natureza permanente.

    c) ndices De Rentabilidade

    Mostram o grau de utilizao dos recursos na gerao de resultados:

    Margem Bruta (LB/ROL) : mostra a taxa de acrscimo sobre o custo das vendas para chegar receita(mark up);

    Margem Operacional (LO/ROL) : mostra o ganho puro das operaes da empresa;

    Margem Lquida (LL/ROL) : mostra a proporo do lucro da empresa;

    Giro do Ativo (ROL/ATmedio) : mostra quantas vezes minha atividade superou as minhas aplicaes;

    Taxa de Retorno Sobre Investimento (LL/AT mdio) : mostra o retorno dos acionistas sobre oinvestimento.;

    Taxa de Retorno sobre o Capital Prprio (LL/PL mdio) : mostra o retorno dos acionistas sobre a suaparcela de investimento.

    d) ndices De Atividade

    Mostra como foi a administrao:

    Prazo Mdio de Estoques : Estoque Mdio x 360/CMV; Prazo Mdio de Pagamento: Fornecedores Mdio x 360/Compras;

    Prazo Mdio de Recebimento : Duplicatas a Receber Mdia x 360/Vendas Lquidas.

    Planejamento Financeiro

    O QUE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

    o efeito integrado das decises de investimento e de financiamento, cujo resultado final um planofinanceiro.

    a) Premissas Do Planejamento Financeiro

    As decises de investimento e de financiamento so interdependentes e no isoladas; Minimizao das possibilidades de surpresas;

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    Deve-se possuir instrumentos de reao s surpresas no identificveis. Anlise do que faz sucesso nos projetos e do que os leva ao fracasso; Impacto das decises atuais sobre oportunidades futuras; Fixao de objetivos concretos capazes de motivar os acionistas/gestores/mercado e proporcionar

    padres de avaliao de resultado.

    b) O Que Envolve O Planejamento Financeiro

    Anlise de opes de financiamento e de investimento; Projeo do impacto de decises a partir de vrios cenrios; Escolha de alternativas a seguir; Avaliao de desempenho.

    TIPOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

    a) Planejamento Financeiro De Curto Prazo

    O horizonte raramente vai alm dos 12 meses imediatos; Vinculado ao planejamento de longo prazo; Gerenciamento voltado para compromissos - disponibilidades, emprstimos e aplicaes financeiras.

    b) Planejamento Financeiro De Longo Prazo

    Horizonte habitual de 5 anos; Algumas empresas trabalham com 10 anos ou mais, principalmente quanto se trata de valor atual de

    projetos de produtos/servios com vida til alta.

    - Planejamento Financeiro De Longo Prazo E Enquadramento Geral

    Evitar submerso em detalhes; Investimento conjunto; Propostas de pequenos investimentos consolidadas e tratadas como um nico projeto;

    Investimentos estratgicos e grandes tratatos individualmente.

    O PLANEJAMENTO FINANCEIRO UMA ATIVIDADE CONJUNTA

    Desejvel: planos financeiros interligados com planos de atividade;

    Realidade comum : planos independentes ou com gaps. Consolidao de informaes desconectadasestrategicamente.

    O PLANEJAMENTO FINANCEIRO E OS DADOS

    Dados estratgicos e portanto mais abstratos ou mutveis; Interesse dos acionistas;

    Risco assumido pelos acionistas; Projetos de investimento da concorrncia; Ciclo de vida dos projetos remunerado pelo mercado; Poltica macroeconmica, incluindo a fiscal; Risco internacional; Dados formais contbeis e de demonstraes financeiras para subsdio a um plano (em moeda

    constante):- Balanos;- Demonstraes de resultado;- Demonstrao de origem e aplicao de recursos;- Demonstrao de mutaes de patrimnio lquido;- Carga tributria da empresas no pas.

    Dados formais analticos e consolidados de investimentos/desinvestimentos:- Investimentos: por substituio: expanso, novos produtos, investimentos obrigatrios ou legais;

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    - Subdiviso por atividade: considerando anlise estratgica de crescimento agressivo/gradual, reduoagressiva/gradual ou liquidao;

    - Anlise do valor agregado de cada atividade para o negcio: Economic Value Added EVA Dados das formas de captao/remunerao da captao; Poltica de endividamento/taxas reais de juros esperada; Poltica de reteno dos lucros/dividendos; Tributao sobre encargos de financiamento.

    - Finalidade Dos Dados Previso Evitar a extrapolao ingnua; Previses macroeconmicas/modelos economtricos em conjunto com previses comerciais e

    comportamentais da concorrncia (conseguiremos manter custo e diferenciao identificveis, aceitveise remunerveis, ou seja, a srie temporal dos projetos correta?).

    - Qual O Modelo Econmico E De Estratgia Competitiva Por Detrs Das Previses?

    Superposio de previses com pressupostos ou vises diferenciadas fatal - financeira, comercial, deproduo.

    Disseminao da coerncia tarefa difcil e depende do alinhamento corporativo de misso, viso e

    estratgia. O planejador financeiro deve identificas incoerncias.

    ENCONTRAR UM PLANO FINANCEIRO TIMO

    Definir um plano em termos contabilsticos ou numricos no operacional; Como interligar o plano financeiro com o plano operacional da empresa (via de mo dupla)?

    OBSERVAR O DESENROLAR DO PLANO FINANCEIRO (controle)

    Premissas x resultados; Aes de reviso de premissas e remodelagem do plano;

    Remodelagem de investimentos/desinvestimentos; captao e remunerao.O PLANEJAMENTO FINANCEIRO UMA GESTO DE CARTEIRA DE OPES

    Investimentos olhados em si - opo presente de investimento; Investimentos olhados em si e na abertura de opes futuras de investimentos - novos mercados, novos

    produtos, novos projetos rentveis, continuidade da empresa como opo principal; Como avaliar se uma opo presente gera opo futura? Intimamente ligado viso estratgica da

    empresa. Quando as opes futuras sero exercidas? Como acoplar a sua srie temporal com a daopo presente?

    Quando alienar opes - venda de empresas/venda de ativos/venda de direitos?

    MODELOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

    Simulao; Ideal: integrao com a oramentao, planejamento operacional e avaliao de resultados; Utilizam demonstraes financeiras previsionais.

    - Fragilidade das demonstraes financeiras previsionais - a ausncia da viso financeira

    Prevalncia da viso contabilstica do mundo; Ausncia de instrumentos de anlise financeiras: fluxo de tesouraria; Valor atual; Risco de mercado. Ausncia de simulao das decises financeiras timas, principalmente atravs da programao linear.

    - Exemplo de programao linear - o modelo LONGER - Objetivos

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    Otimizar o clculo do melhor plano financeiro, dadas determinadas premissas e restries; Projetar as conseqncias de uma estratgia financeira selecionada.

    - Exemplo de programao linear - o modelo Modigliani/Miller - o valor de avaliao de uma empresaou projeto:

    Variveis:x = valor do investimento no projeto

    v = valor lquido de mercado dos ativos do projetod = disponibilidades financeiras para aplicar de imediato no projetoy = endividamento adicional contrado para o novo investimentotir = taxa interna de retorno do projeto, calculada pelo valor atual de receitas - custos e despesas a seremrealizados, inclusive pagamento de juros de financiamento.r = taxa de aplicao do mercado ou mnima de atratividadet = taxa marginal do somatrio dos impostos sobre lucros

    Limitaes definidas/calculadas pela empresa:x

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    recursos por parte dos administradores financeiros.

    O principal objetivo da administrao financeira maximizar a riqueza da empresa, e consequentemente dosproprietrios, sendo que, para que esse objetivo seja alcanado, os gestores financeiros devem escolherentre as alternativas de investimento e financiamento disponveis empresa, somente aquelas queefetivamente agreguem valor ao empreendimento.

    Essas decises, na maioria das vezes, ligadas expanso ou melhorias tecnolgicas, requerem grandesinvestimentos em ativos de longo prazo, que podem fazer com que a empresa incorra em gastos, quesomente podero ser reembolsados atravs da utilizao do ativo, jamais pela sua venda. So decises cujofracasso pode comprometer a prpria continuidade do negcio.

    Por outro lado, esses investimentos precisam ser de alguma forma financiados, e a maneira de obtenodesses recursos, requer a escolha entre as vrias opes possveis, daquela mais adequada e menosonerosa para a empresa, o que, alm de ser um fator determinante do risco, vai tambm influenciar na maiorou menor rentabilidade. Assim, fica claro que o planejamento financeiro de longo prazo uma funo deextrema importncia e que pode determinar o sucesso ou fracasso da empresa.

    Entretanto, mesmo com um planejamento financeiro bem equilibrado, projetado com investimentos cujoretorno seja considerado satisfatrio, financiados atravs da obteno de recursos com custos adequados, aempresa pode, no decorrer da implantao dos projetos, atravessar perodos de dificuldade quecomprometam sua liquidez e rentabilidade. A explicao para esse fato que, apesar das decises definanciamento e investimento, serem cruciais para o sucesso do empreendimento, normalmente essasdecises so de longo prazo, e, para obterem resultado satisfatrio, dependem do gerenciamento operacionaldo negcio, que envolve decises de curto prazo relacionadas s operaes financeiras do cotidiano dasorganizaes, compreendendo a gesto dos chamados itens circulantes que compem o capital de giro dasempresas.

    O QUE CAPITAL DE GIRO

    Qualquer que seja a definio adotada, o conceito de capital de giro (ou capital circulante) identifica osrecursos que giram (ou circulam) vrias vezes em determinado perodo. Ou seja, corresponde a uma parcelade capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assumediferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.

    Por exemplo, um capital alocado no disponvel pode ser aplicado inicialmente em estoque, assumindoposteriormente a venda realizada a forma de realizvel (crdito, se a venda for a prazo) ou novamente dedisponvel (se a venda for efetuada vista). Esse processo ininterrupto constitui-se, basicamente, no ciclooperacional (produo e venda) de uma empresa.

    O Capital de Giro (CG) ou Capital Circulante (CC) corresponde ao ativo circulante de uma empresa. Emsentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, parafinanciar seu ciclo operacional, o qual engloba as necessidades circulantes identificadas desde a aquisio dematrias-primas at a venda e o recebimento dos produtos elaborados.

    Uma importante caracterstica do capital de giro seu grau de volatilidade, que explicado pela curtadurao de seus elementos e constante mutao dos itens circulantes com outros de natureza idntica.

    Tipicamente, os ativos circulantes representam mais de 50% dos ativos totais das empresas. No Brasil,segundo o balano consolidado dos trs ltimos anos das 500 maiores empresas, a relao entre o capital degiro e o ativo total sempre foi superior a 50%. Apesar da tendncia decrescente, determinada basicamentepelo aperto da liquidez verificado nesses perodos, pode-se evidenciar a importncia do capital de giro comobase de sustentao das operaes das empresas pelo significativo nvel das aplicaes processadas nositens de curto prazo. Note-se que mesmo nos momentos de maior crise conjuntural, mais da metade do totaldos ativos empresariais est refletida em investimentos circulantes.

    Finalmente, comparando-se o capital de giro com o ativo fixo de uma empresa, podem ser observadas duasoutras importantes caractersticas:

    A primeira refere-se baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes;

    A segunda caracterstica refere-se divisibilidade dos elementos circulantes, que se apresenta bemsuperior dos ativos fixos.

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    Assim, o capital de giro pode ser definido como o volume de recursos de curto prazo, necessrio para ofinanciamento do ciclo operacional da empresa. basicamente composto pelas contas do ativo circulante:Disponvel, Duplicatas a Receber e Estoques, que mantm constante movimentao, formando o que secostuma chamar de Ciclo das Operaes Circulantes:

    Os recursos saem do disponvel atravs da aquisio das matrias-primas que iro passar pelo processo defabricao, transformando-se em produtos acabados. Esses produtos ficam estocados at o momento davenda. Se as vendas forem a vista, os recursos voltam imediatamente ao disponvel. Se forem a prazo, osrecursos somente retornaro ao disponvel aps passar por duplicatas a receber completando dessa forma o

    ciclo.

    O ponto mais importante a ser destacado no ciclo das operaes circulantes, que toda vez que ele secompleta e retorna ao disponvel, traz uma parcela adicional de recursos que refere-se ao lucro auferido naoperao de venda.

    Diante disso, conclui-se que a preocupao do gestor financeiro, na administrao do ciclo das operaescirculantes, deve concentrar-se na eficcia do seu gerenciamento e na velocidade com que ele se completapois, como vimos, esse fato o que vai determinar a maior ou menor rentabilidade.

    DISPONVEL (Oramento de Caixa)

    O termo disponvel refere-se a ativos de liquidez imediata, ou seja, recursos monetrios armazenados pela

    empresa e saldos mantidos em contas correntes bancrias (de disponibilidade imediata). Representa valoresque podem ser usados a qualquer momento em pagamentos de diversas naturezas. Por terem as Letras doTesouro Nacional as mesmas caractersticas de liquidez enunciadas, eventuais posies nesses ttulos serotambm consideradas como disponvel.

    O disponvel, o ativo mais lquido e o que apresenta a menor rentabilidade para a empresa. A preocupaobsica do administrador financeiro manter o menor montante de recursos possvel nesse tipo de ativo.Entretanto, a ateno deve estar voltada para que haja recursos disponveis no momento em que se fizernecessrio um desembolso de caixa, ficando assim garantida uma liquidez que possa dar sustentao satividades operacionais da empresa.

    Para decidir a quantidade mais adequada de investimento no disponvel, o administrador financeiro devesempre buscar a deciso que proporcione um equilbrio entre os Custos de Oportunidade(benefcios que a

    empresa deixa de obter ao optar por investimentos em ativos menos rentveis) e o Custo de Transao(custos incorridos pela empresa quando necessita buscar recursos no mercado de crdito ou negocia no

    Disponvel

    Estoques de matrias-primas

    Processo de fabricao

    Estoques de produtos acabados

    Vendas vista Vendas a prazo

    Duplicatas a receber

    Disponvel

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    mercado monetrio sua carteira de ttulos negociveis).

    1 - Razes Da Demanda De Moeda E A Manuteno De Caixa

    A administrao de caixa visa manter uma liquidez imediata necessria para suportar as atividades de umaempresa. Por no apresentar nenhum retorno operacional explcito, o saldo de caixa ideal deveria ser nulo.Evidentemente, essa posio extrema invivel, j que a empresa precisa normalmente manter um certonvel de caixa para, entre outras razes, fazer frente incerteza associada ao seu fluxo de recebimentos epagamentos.

    De acordo com estudos realizados por Keynes, as empresas devem manter recursos disponveis por trsmotivos:

    Transao : necessidade de manuteno de disponibilidades para atender compromissos previstos(fornecedores, salrios, impostos etc.);

    Precauo : fazer frente a compromissos oriundos de situaes imprevistas (substituio no prevista deequipamentos, aumento inesperado do nvel de inadimplncia etc.);

    Especulao : aproveitar oportunidades inesperadas que podem trazer ganhos extraordinrios empresa(aquisio de estoques a preos abaixo dos praticados pelo mercado).

    2 - O Ciclo De Caixa E O Controle De Seu Saldo

    A necessidade de manter um controle mais acurado na disponibilidade de uma empresa determinada peloobjetivo de ajustar a manuteno de um saldo de caixa que atenda aos motivos de transao, precauo eespeculao mencionados anteriormente, sem que isso ocasione ao mesmo tempo uma ociosidade(inatividade) dos recursos.

    As medidas de responsabilidade e competncia exclusivas do caixa so aquelas que podem serimplantadas sem que com isso haja interferncias nos outros elementos do capital de giro;

    Por sua vez, as medidas provenientes de uma poltica mais ampla da empresa envolvem alteraes

    diretas (e, muitas vezes, relevantes) nos outros ativos circulantes. O controle do nvel de caixa, nessescasos, pode ser efetuado mediante interferncias nas atividades de produo e estocagem e nos critriosde vendas estabelecidos pela empresa;

    Outra medida, ainda, seria rever a poltica de concesso de crdito adotada. Como esta influinormalmente no volume de vendas da empresa e, conseqentemente, em sua lucratividade, alteraesque venham a se proceder devero ser analisadas previamente com bastante rigor.

    necessrio ressaltar que uma administrao eficiente de caixa prev, tambm, decises de aplicaesfinanceiras de recursos temporariamente inativos.3 - Dilema Da Administrao De Caixa Em Inflao

    Em contextos inflacionrios, a administrao de caixa apresenta dificuldades adicionais pelo conflito marcantecom que convivem seus valores.

    De par com o rigor no controle do volume de caixa, a inflao conflitantemente determina necessidadescrescentes de aplicaes no capital de giro e, principalmente, no disponvel, como forma de repor adiminuio do poder aquisitivo do dinheiro. Essa dualidade nas regras explica o dilema da administrao decaixa em contextos inflacionrios. Se de um lado tem-se um aumento da necessidade de investimentos nocaixa, de outro surge a estratgia geral definida em manter o seu saldo o mais baixo possvel.4 - Projeo De Necessidades De Caixa Em Inflao

    A projeo das necessidades de caixa ser desenvolvida atravs do levantamento de todas as entradas e

    sadas de recursos previstas em determinado perodo de tempo.

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    a elaborao de um modelo de projeo de caixa deve permitir, em ltima anlise, que a empresa possaantecipar-se a eventuais necessidades futuras de recursos (programando, desde j, opes para captar osfundos carentes no mercado), como tambm melhor programar suas aplicaes com os excedentes de caixaque vierem a ser projetados. Em suma, o oramento (projeo) de caixa constitui-se num importanteinstrumento de controle da liquidez e, em sua elaborao, a empresa deve dedicar uma ateno permanenteevitando ao mximo que surjam, de forma inesperada, saldos insuficientes ou excessivos.

    DUPLICATAS (VALORES) A RECEBER

    A maioria das empresas efetua o volume mais significativo de suas vendas a prazo, o que torna aadministrao do crdito uma das funes mais importantes desempenhada pelos administradoresfinanceiros na gesto do capital de giro.

    O departamento de finanas, deve desenvolver tcnicas que permitam empresa efetuar suas vendas acrdito com a segurana de receber os respectivos valores nos prazos combinados. Isso envolve vriasdecises como:

    - A quem vender?- Quanto vender?- Em que condies vender?

    So decises que, quando no tomadas corretamente, podem trazer reflexos negativos em variveis de vitalimportncia, como volume de vendas e nvel de inadimplncia, entre outras.

    Outro fator de grande importncia na poltica de crdito o montante de recursos que a empresa podeinvestir. Os recursos investidos em duplicatas a receber podem determinar maiores ou menores volumes devendas. Se a empresa possuir recursos limitados, ter dificuldade em conceder crdito a prazos mais longos,comprometendo a ampliao das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em condies de investir emduplicatas a receber, ao flexibilizar o crdito corre o risco de ter um aumento em seu nvel de incobrveis.Cabe ento ao administrador financeiro, buscar um equilbrio que minimize o dilema RISCO X RETORNO.

    O nvel desses investimentos depende do comportamento das vendas e da formulao de uma poltica decrdito para a empresa, a qual engloba os seguintes elementos:

    1 - Elementos De Uma Poltica Geral De Crdito

    a) Anlise dos padres de crdito

    A empresa deve fixar os seus padres de crdito, ou seja, os requisitos de segurana mnimos que devemser atendidos pelos clientes para que se conceda o crdito. O estabelecimento dessas exigncias mnimasenvolve geralmente o agrupamento dos clientes em diversas categorias de risco, as quais visam,normalmente mediante o uso de probabilidades, mensurar o custo das perdas associadas s vendasrealizadas a um ou a vrios clientes de caractersticas semelhantes.

    b) Prazo de concesso de crdito

    Refere-se ao perodo de tempo que a empresa concede a seus clientes para pagamento das compras

    realizadas. Este prazo normalmente medido em nmero de dias representativo do ms comercial (porexemplo: 30 dias, 60 dias etc.), sendo normalmente contado a partir da data de emisso da faturarepresentativa da operao comercial realizada ou a partir do fim do ms em que se efetua a venda (porexemplo: 60 dias "fora o ms").

    O prazo de concesso de crdito varia segundo a influncia de diversos fatores, sendo normalmente maiornas empresas que trabalham com produtos sazonais (brinquedos etc.). Na realidade, a definio de prazosde concesso de crditos aos clientes depende, principalmente:

    Da poltica adotada pela concorrncia; Das caractersticas e do risco inerentes ao mercado consumidor; Da natureza do produto vendido; Do desempenho da conjuntura econmica; Do atendimento de determinadas metas gerenciais internas da empresa (giro dos ativos, polticas de

    estoques e compras, etc.) e de mercadologia;

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    Do prazo de pagamento a fornecedores, etc.

    c) Descontos financeiros por pagamentos antecipados

    O desconto financeiro pode ser definido como um abatimento no preo de venda efetuado quando ospagamentos das compras realizadas forem feitos a vista ou a prazos bem curtos. Normalmente, os descontosfinanceiros so concedidos tendo em vista, sobretudo, o incremento das vendas (espera-se que a introduode descontos venha a atrair novos clientes ou incentivar volumes maiores de vendas) e, tambm, a reduode necessidades de caixa atravs de uma diminuio do prazo mdio de cobrana. Mais extensivamente, aadoo desta poltica afeta identicamente o nvel de investimentos em valores a receber (determinado poruma suposta reduo das vendas a prazo) e o nvel das despesas gerais de crdito, notadamente as perdascom devedores duvidosos.d) Polticas de cobrana

    As polticas de cobrana so definidas pelos vrios critrios possveis de serem adotados por uma empresa,visando ao recebimento, na data de seus vencimentos, dos diversos valores a receber.

    Maior ampliao nos prazos normais de cobrana de uma empresa pode acarretar, entre outrasconseqncias, um aumento nos custos de inadimplncia (proviso para devedores duvidosos) e umagravamento das perdas inflacionrias. Por outro lado, a adoo de medidas mais rgidas de cobrana poderefletir-se sobre as vendas, atravs de uma retrao por parte dos consumidores. Evidentemente, deve aempresa procurar um procedimento mais prximo do "ideal", evitando, por exemplo, que as redues emsuas vendas (e, conseqntemente, nos lucros) superem os ganhos provenientes, principalmente de umaqueda em suas despesas com devedores duvidosos.

    2 - Principais Medidas Financeiras De Uma Poltica De Crdito

    a) Despesas com devedores duvidosos: rRefere-se probabilidade definida pela empresa em no receberdeterminado volume de crdito. A definio de uma poltica geral de crdito leva, muitas vezes, uma empresaa fixar um limite percentual a estas despesas, sendo definido, assim, como o risco mximo que aadministrao estaria disposta a arcar dentro das condies gerais estabelecidas;b) Despesas gerais de crdito: envolvem basicamente os gastos efetuados no processo de anlise desolicitaes e na manuteno de um departamento de crdito; como pessoal, materiais, servios de

    informaes contratados, etc;c) Despesas de cobranas: nestas despesas esto includos os gastos gerais efetuados principalmente nosdiversos procedimentos de cobrana adotados pela empresa, inclusive aqueles (gastos) provenientes deeventuais aes judiciais e taxas cobradas pelos bancos pela execuo desses servios;d) Custo do investimento marginal em valores a receber: este custo obtido mediante a aplicao de umataxa de retorno mnima exigida pela empresa (para seus investimentos ativos) sobre o investimento marginal(adicional) efetuado em valores a receber. O critrio geral de anlise de uma poltica de crdito prevbasicamente um confronto entre o retorno mnimo exigido pela empresa (ou o custo do dinheiro utilizado nofinanciamento desse investimento adicional) e a variao em seus resultados operacionais provocada pelaintroduo de determinada poltica de crdito (ou por alteraes em alguns de seus elementos).Evidentemente, se o custo for inferior ao resultado operacional, sendo ambos medidos em termos marginais,

    tem-se uma atratividade econmica pela aceitao da proposta, ocorrendo uma propenso de rejeio nasituao inversa.3 - Influncias De Uma Poltica De Crdito Sobre As Medidas Financeiras

    A introduo de uma nova poltica de crdito produz importantes influncias sobre determinadas variveisfinanceiras de controle interno.

    Afrouxamento nos padres usuais de crdito : ou seja, quando a direo da empresa decide concedercrditos a clientes de maior risco, surge de imediato uma expectativa de elevao no volume de vendas.No entanto, simultaneamente ao surgimento deste aspecto positivo, pode-se prever tambm umanecessidade de maior volume de investimentos em valores a receber (e uma possvel elevao do prazomdio de cobrana) acompanhada de um crescimento nas despesas gerais de crdito, principalmente na

    proviso para devedores duvidosos;

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    Ampliao em seus prazos usuais de crdito : coerente esperar por uma elevao no volume de vendas,nas despesas gerais de crdito (o departamento de crdito sobrecarregado, e as despesas de cobranae o nvel de inadimplncia tambm tendem a aumentar) e nos investimentos em valores a receber (o ativorealizvel se elevar, assim como o prazo mdio de cobrana).

    Reduo nos prazos de concesso de crdito : nesse caso, efeitos contrrios so esperados,naturalmente, se a deciso tomada for de uma influncia dessas decises sobre os lucros da empresa.Da mesma forma, medida pelo nvel em que ocorrerem tais variaes. Se o aumento nas receitas no

    for suficiente para cobrir as despesas marginais, verifica-se uma queda nos resultados operacionais. Aocontrrio, tem-se um incremento nesses valores.

    Em suma, o administrador financeiro deve interessar-se, dentro de um contexto de anlise da poltica decrdito, por qualquer deciso (ou conjunto de decises) que acarrete um resultado marginal superior ao custodo investimento marginal em valores a receber. A deciso de uma poltica global de crdito para a empresaenvolve, na realidade, um processo contnuo de tentativa, no qual, para cada alterao vivel de ser adotada, fundamental confrontar os resultados da obtidos com os custos marginais.

    ESTOQUES

    A administrao dos estoques deve ser uma preocupao constante para o administrador financeiro. Osestoques representam, na maioria das empresas, uma parcela considervel do ativo circulante e, por esse

    motivo, so alvo de muitos estudos.

    O objetivo principal no gerenciamento desse tipo de ativo, a possibilidade de reduo no seu investimentosem, contudo, retardar a produo por falta de matrias-primas ou perder vendas por falta de produtosacabados.

    Contudo, nunca se deve desprezar a necessidade de manter volumes adicionais em estoques (estoques desegurana), como forma de atender a certos imprevistos, geralmente no controlveis, na curva da demandae na atividade produtiva.

    1 - Aspectos Bsicos Dos Estoques

    De maneira ampla, os estoques podem ser definidos como os materiais, mercadorias ou produtos mantidos

    fisicamente disponveis pela empresa, na expectativa de ingressarem no ciclo de produo, de seguir o seucurso produtivo normal, ou de serem comercializados.

    a) Tipos de estoques

    Um conceito mais especfico de estoques, no entanto, depende de como eles sejam classificados; podem-seidentificar quatro tipos:

    Estoque de mercadorias e produtos acabados : refere-se a todos os itens adquiridos de terceiros(mercadorias) ou fabricados pela prpria empresa (produtos acabados) em condies de serem,respectivamente, revendidos ou vendidos;

    Importante fator que exerce influncia sobre o nvel desses estoques consiste na extenso do ciclo deproduo, ou seja, no tempo despendido em fabricar uma unidade do produto. natural que, quantomaior se apresentar esse prazo, mais elevadas sero as necessidades de investimentos nesse tipo deestoque. Por outro lado, aperfeioamentos tecnolgicos no processo de produo permitem reduesnos prazos de fabricao e, conseqentemente, no volume desses estoques.

    Estoque de Produtos em Elaborao : inclui todas as matrias-primas e demais custos (diretos e indiretos)relativos ao estgio de produo em que os produtos se encontram em determinada data (data dobalano);

    Estoque de matrias-primas e embalagens : consiste de todos os materiais adquiridos pela empresa edisponveis para a sua incorporao e transformao no processo produtivo (matrias-primas) e

    acondicionamento (embalagens) do produto acabado visando remessa ao cliente;

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    Estoque de Materiais de consumo e almoxarifado : inclui, entre outros, todos os itens destinados aoconsumo industrial, materiais de consumo de escritrios, material de propaganda etc.

    O volume de investimento nesse tipo de estoque varia de uma empresa para outra em funo,principalmente, de suas caractersticas bsicas e peculiaridades operacionais e administrativas. Porexemplo, empresas que fornecem alimentao ao seu pessoal, ou cujos ativos fixos requeremmanutenes mais constantes, costumam manter esses estoques em volumes mais elevados.

    b) Volume de estoquesO montante de estoques influenciado, principalmente, pelo comportamento e volume previstos da atividadeda empresa (produo e vendas) e pelo nvel de investimentos exigidos. Por exemplo, se as necessidadespor determinado produto forem altas, espera-se normalmente que o volume estocado seja tambm elevado.Pequenas necessidades, por outro lado, justificam um volume baixo de estoques. Na realidade, o nvel dosestoques deve acompanhar a projeo das necessidades, seja para municiamento do processo produtivo oupara atendimento das vendas realizadas.

    Em geral, as empresas costumam manter determinado volume estocado acima de suas necessidadesnormais, denominado de estoque de segurana, como forma de atender a certos imprevistos, tais comoaumentos inesperados da demanda, surgimento de problemas tcnicos mais prolongados no processoprodutivo etc.

    Em suma, podem ser enumerados, para cada tipo de estoque, os seguintes fatores importantes queinfluenciam, mais diretamente, o seu volume:

    - Mercadorias e produtos acabados

    Demanda constitui um dos principais fatores de definio do volume a ser mantido em estoque. A esteaspecto devem-se aliar, ainda, os padres de sazonalidade das vendas;

    Natureza neste caso inclui-se, alm da perecibilidade, a obsolncia do produto. Por exemplo, empresas quetrabalham com produtos de moda (roupas, tecidos etc.) ou que estejam sujeitos a mudanas tecnolgicasrpidas (como determinados aparelhos eletrnicos);

    Economia de escala para muitas empresas, um alto nvel de produo poder gerar importantes redues(economias) nos custos unitrios dos produtos acabados, determinadas por uma maior diluio dos custos edespesas fixos nas unidades fabricadas;

    Investimento necessrio especial ateno deve ser atribuda aos estoques mais caros de mercadorias eprodutos acabados. No s no que se refere ao seus custos de produo (ou de aquisio) como tambm scondies mais onerosas que devem existir para mant-los armazenados (instalaes adequadas,segurana, espao fsico etc.).

    - Matrias-primas e embalagens

    Prazo de entrega compreende o perodo de tempo despendido desde a formulao do pedido at o seuefetivo recebimento. Materiais que necessitam de algum processamento parcial, ou que apresentam algum

    risco de interrupo no fluxo de entrega, por exemplo, demandam estoques maiores que cubram o riscoenvolvido no prazo de chegada de novos pedidos;

    Nvel de reposio refere-se intensidade com que determinados materiais so requisitados pelo processode produo. Quanto maior o volume de produo, espera-se como contrapartida necessidades maiselevadas de matrias-primas estocadas. Por outro lado, se a produo se efetuar de forma contnua, osestoques tendero tambm a assumir volumes permanentes, o que faz supor volumes de matrias-primasestocados por mais tempo;

    Natureza fsica consiste principalmente no grau de perecibilidade apresentado pela matria-prima. Materiaisdeteriorveis pela ao do tempo, por exemplo, devem ter seus estoques bem reduzidos.

    2 - Principais Caractersticas Dos Estoques Em Inflao

    A presena de um fenmeno inflacionrio persistente provoca, normalmente, aviltamentos nos valores finaisdo fluxo de itens monetrios. Os valores monetrios do disponvel e realizvel mantidos por uma empresa

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    perdem substncia quando expostos inflao e, desde que no haja uma perfeita compensaoproveniente de ganhos inflacionrios sobre os passivos monetrios, a diferena ir refletir-senecessariamente no aviltamento do lucro.

    Uma idia muito difundida neste contexto refere-se deciso de aplicar maiores volumes de recursos emativos no monetrios, como forma de imunizar o capital da corroso provocada pela inflao. Em outraspalavras, comum pensar que, sendo esses ativos "no monetrios" e, por princpio, resguardados em suasubstncia econmica, maiores recursos que venham a ser canalizados para esses itens refletem uma boapoltica da empresa de proteo das influncias da inflao. Assim, a propalada tese de investir em estoques,como uma forma sempre vlida de a empresa proteger-se da inflao, requer um estudo bem mais amplo doque a simples constatao da natureza real desses ativos.

    interessante notar tambm que o comportamento do consumidor, com relao proteo da inflao, bem semelhante ao desenvolvido pela empresa. Verifica-se, muitas vezes, uma antecipao das compras dedeterminados produtos no mercado como forma de no se incorrer em preos futuros muito mais elevados.Este aspecto psicolgico do consumo, inclusive fomentado em algumas campanhas publicitrias, chega ainfluir na poltica de estocagem das empresas, notadamente na definio do volume de seus vrios estoques.

    - Antecipao De Compras Em Inflao

    a) Compra vista e venda vista: sempre que houver um prazo de estocagem positivo das mercadoriasadquiridas, ou seja, desde que as mercadorias no sejam comercializadas no exato momento de seurecebimento fsico, a empresa arca com o custo de financiar seus estoques at a data de sua realizao. Ocusto financeiro da empresa nessa situao definido pela taxa de captao, normalmente praticada pelomercado, e capitalizada pelo perodo de estocagem. Dessa maneira, o resultado quando do recebimento davenda realizada obtido pela diferena entre o preo de venda a vista e o custo da mercadoria vendidaacrescido dos encargos financeiros incorridos no perodo de estocagem;

    b) Compra vista e venda a prazo: alm dos encargos financeiros assumidos na existncia de um perodo deestocagem das mercadorias adquiridas, a empresa deve arcar ainda com os encargos de financiar o crditoconcedido aos seus clientes (vendas a prazo). Esses custos financeiros, so definidos pela taxa de juroscobrada pelo mercado nas operaes de captao de recursos normalmente processadas pela empresa;c) Compra prazo e venda a vista: nesta situao, o custo financeiro determinado pela existncia de umprazo de estocagem das aquisies , em grande parte (ou totalmente), diludo pela economia de encargos(ou ganhos financeiros) que a empresa obtm por pagar a prazo suas compras de estoques. Evidentemente,se a empresa lograr financiar integralmente seu prazo de estocagem mediante crdito de seus fornecedores,o custo de suas vendas ser definido unicamente pelo preo de aquisio a prazo das mercadorias;

    d) Compra a prazo e venda a prazo: a empresa deve absorver um custo financeiro proveniente da captaodemandada para financiar suas necessidades de recursos entre a data de pagamento da mercadoria e a datade recebimento da venda.3 - Investimentos Em Estoques Como Forma De Reduo Dos Custos De Produo (Economia DeEscala)

    Uma elevao no volume dos estoques somente ser economicamente atraente se o custo do investimento

    marginal for inferior reduo verificada nos custos provenientes de um maior volume de produo.- Estoques em Valores Correntes

    A contabilidade a nvel geral de preos (CNGP), por outro lado, conforme tambm abordada, ao procurarretratar as implicaes da flutuaes de preos nos vrios eventos da atividade empresarial contribui paraque o processo de tomada de decises realize-se em bases mais reais. Os resultados corrigidos, aferidos poresse critrio, exprimem valores representativos de determinada data, identificando uma efetiva capacidade decompra dos recursos alocados pela empresa.

    O custo corrente refere-se ao custo de aquisio, em determinada data, de um bem adquirido em algumadata anterior. Rigorosamente, o custo corrente (de reposio) dos estoques calculado pelos seus valores demercado (ou de aquisio) em suas respectivas datas de vendas.

    - Economias (ou deseconomias) de custo realizadas

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    a) Suposio de ausncia de inflao

    Ao se desconsiderar a existncia de inflao, essa medida refere-se diferena verificada entre os valorescorrentes (de reposio) e histricos dos estoques alocados ao processo produtivo ou de vendas daempresa. Em outras palavras, identifica em quanto os custos das vendas (CMV ou CPV, por exemplo),medidos em valores de mercado na data de suas realizaes, excederam queles apurados em basesestritamente histricas, cujos valores so definidos pelos preos originais de compra (ou de produo).

    Dessa maneira, se o valor corrente dos custos das vendas situar-se acima de seus respectivos valoreshistricos registrados pela contabilidade tradicional, diz-se que a empresa realizou uma "economia de custo".Em caso contrrio, verifica-se uma "deseconomia de custo". Na realidade, essa diferena encontradaexpressa um efetivo resultado (lucro ou prejuzo) da empresa. Se positivo, tem-se quanto a empresaeconomizou (lucrou) por ter adquirido seus estoques em uma data anterior s vendas realizadas. Por outrolado, se negativo, evidencia quanto perdeu (deseconomizou) pela desvalorizao de mercado verificada emseus estoques, da data de sua aquisio at a data da venda.b) Considerao da presena da inflao

    Caso se queira transformar as economias (ou deseconomias) de custo em termos corrigidos, bastar to-somente proceder atualizao dos valores histricos e correntes considerados em funo das variaesverificadas nos ndices gerais de preos, isto : economia (deseconomia) de custo realizada corrigida = Valorde reposio corrigido valor histrico corrigido.

    Se o lucro fosse apurado em moeda de data posterior venda realizada, o custo corrente da mercadoria, avenda e a economia de custo deveriam ser corrigidos pela inflao verificada no intervalo compreendido entrea sua formao e a data de apurao do resultado.

    - Economias (ou deseconomias) de custo no realizadas

    Essas medidas referem-se s variaes de valor nos elementos mantidos em estoques pela empresa emdeterminado perodo. So mensuradas pelas diferenas encontradas entre os custos correntes e histricos.Note-se que essas economias (ou deseconomias) no realizadas ocorrem especificamente na hiptese demanuteno de bens ativos nos estoques da empresa. Denotam, mais claramente, uma valorizao nosestoques (no realizados) que, se embutida na demonstrao de resultado, faria ocorrer um lucro, o qual noexiste em termos de caixa.

    De forma idntica medida anterior, as economias (ou deseconomias) de custo no realizadas podem sermensuradas em termos de valores correntes puros (nominais) e correntes corrigidos, ou seja:

    a) Em valores nominais (correntes puros) = sem inflao

    Economia (deseconomia) de custo no realizada = estoques a preos de reposio (corrente puro) estoques histricos nominais.

    b) Em valores corrigidos = com inflao

    Economia (deseconomia) de custo no realizada = estoques correntes corrigidos estoques histricos

    corrigidos.Esses clculos de economias de custo podem ser considerados nos relatrios gerenciais (internos) daempresa.

    CAPITAL DE GIRO LQUIDO (CGL) OU CAPITAL CIRCULANTE LQUIDO (CCL)

    Representa, de maneira geral, o valor lquido das aplicaes (deduzidas das dvidas a curto prazo)processadas no ativo (capital) circulante da empresa. Segundo essa conceituao, a forma mais direta deobter-se o valor do capital de giro lquido mediante a simples diferena entre o ativo circulante e o passivocirculante, ou seja: CGL (CCL) = Ativo Circulante Passivo Circulante

    O capital de giro lquido representa normalmente a parcela dos recursos de longo prazo (recursos

    permanentes) aplicada em itens ativos de curto prazo (circulantes). Na realidade, essa interpretao docapital de giro lquido processada de "baixo para cima" no balano, isto , identificando-se os valorespassivos de longo prazo (prprios ou de terceiros) que esto financiando o ativo circulante da empresa. Em

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    outras palavras, o CGL representa a parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicaestambm de longo prazo. Algebricamente, o clculo desse valor obtido pela seguinte expresso: CGL (CCL)= (Patrimnio Lquido + Exigvel a Longo Prazo) - (Ativo Permanente + Relizvel a Longo Prazo)

    O CGL poder ser nulo ou , at mesmo, negativo:

    Quando o capital de giro lquido negativo, os recursos permanentes da empresa no so suficientespara cobrir todas as suas necessidades de longo prazo, devendo ser utilizados fundos provenientes dopassivo circulante (curto prazo);

    A presena de um capital de giro lquido nulo, por sua vez, ocorre quando h total igualdade entre osprazos e os valores dos recursos captados e aplicados pela empresa.

    CARACTERSTICAS DO CAPITAL DE GIRO EM INFLAO

    Aps definido o investimento necessrio em capital de giro, se pode esperar, desde que no ocorramalteraes nas operaes de produo e venda da empresa, uma estabilidade nessa participao. Ou seja,espera-se que, aps ter efetuado um aporte inicial de capital de giro, a empresa, utilizando-se somente dasreceitas operacionais de um ciclo, possa financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte,determinando-se um equilbrio de seus recursos a curto prazo. Assim, a manuteno do nvel ideal de capitalde giro para sustentar as operaes de uma empresa pode ser efetuada mediante transferncias de receitas

    de um ciclo operacional para outro.O equilbrio do capital de giro, ainda, mais factvel em economias relativamente estveis, em que, alm dahiptese de manuteno dos nveis operacionais (produo e venda) das empresas, no se verificamalteraes nos vrios preos especficos determinadas pela presena de um processo inflacionrio. Dentro deum contexto inflacionrio, mesmo que ocorra estabilidade na atividade nominal da empresa, as variaesdesproporcionais nos preos dos fatores de produo (caracterstica tpica de uma conjuntura em inflao)determinam normalmente necessidades geometricamente crescentes no capital de giro.

    Em suma, o que se nota que muitas vezes, para manter a mesma capacidade de produo e venda, aempresa que atua em contextos inflacionrios se v obrigada a efetuar aplicaes financeiras adicionais emseu capital de giro. Em uma situao inflacionria as necessidades de capital de giro crescem de formaexponencial, ou seja, uma inflao de 10%, sem apresentar nenhum crescimento real de vendas, poder

    exigir que a empresa obtenha externamente 17% do seu volume de vendas de recursos para financiar seugiro. Com taxas maiores de inflao, esse nmero cresce exponencialmente.

    INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

    Os investimentos em capital de giro no geram diretamente unidades fsicas de produo e venda - meta finaldo processo empresarial de obteno de lucros. A manuteno de determinado volume de recursos aplicadono capital de giro visa, fundamentalmente, sustentao da atividade operacional de uma empresa.

    O capital de giro constitudo, em grande parte, por ativos monetrios, ou seja, por valores depreciveisperante a inflao. Tipicamente, investimentos em disponvel e crditos realizveis a curto prazo produzemperdas inflacionrias empresa, as quais so determinadas em funo do tempo em que os recursos ficamexpostos inflao.

    Dessa maneira, o mais rentvel para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes valoresmnimos ou exatamente iguais s suas necessidades operacionais. Por exemplo, os valores disponveispoderiam ser sempre iguais aos desembolsos de caixa efetuados em diferentes momentos. Da mesma forma,o valor investido no realizvel a curto prazo seria o reflexo do volume e prazo ideais de vendas a crdito, e osestoques deveriam conter a quantidade estritamente necessria para a consecuo da meta de produo evenda estabelecida pela empresa.FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

    1 - Comportamento Das Taxas De Juros A Curto E A Longo Prazo

    O custo de um crdito a longo prazo mais caro que o de curto prazo. Esta desigualdade explicada,

    basicamente, pelo fator risco envolvido na durao do emprstimo. Evidentemente, um credor assume maiorrisco ao comprometer a devoluo de seu capital emprestado por cinco anos, por exemplo, em vez de em

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    trs meses. As menores condies de previsibilidade da capacidade de pagamento do devedor impem umcusto adicional ao emprstimo.

    O tomador de recursos de longo prazo, por sua vez, obriga-se tambm a remunerar expectativas deflutuaes nas taxas de juros por um tempo maior, as quais assumem geralmente um comportamentocrescente em razo da incerteza associada durao do emprstimo. Ou seja, quanto maior for o prazo deconcesso de um emprstimo, maior ser seu custo em razo do risco que o credor assume em no obterum retorno condizente com os padres de juros da poca.

    interessante observar, em vrias operaes financeiras, a introduo de taxas flexveis (por exemplo, nasoperaes de repasse de recursos externos), as taxas de juros, definidas pela LIBOR, apresentam validadepara somente um semestre e taxas de juros com clusula de repactuao (por exemplo, lanamento dedebntures). Na realidade, esses aspectos de ps-fixao dos juros, aliados a uma poltica mais rigorosa deexigncias de garantias nas operaes de crdito, visam, em ltima anlise, minimizar o risco da definio dataxa de juros a longo prazo.

    Em suma, pode-se concluir afirmando que o nvel mais baixo do custo do crdito a curto prazo, em relao aode longo prazo, constitui mera expectativa normal. Situao inversa pode ocorrer, mas denota, pelas suascaractersticas atpicas, fenmeno cclico com durao limitada.

    2 - Abordagens Para O Financiamento Do Capital De Giro

    Antes de descrever as principais abordagens de financiamento, importante estender o conceito de capitalde giro atravs de sua classificao em permanente (ou fixo) e sazonal (ou varivel).

    A parte fixa do capital de giro determinada pela atividade normal da empresa, e seu montante definidopelo nvel mnimo de necessidades de recursos em determinado perodo;

    O capital de giro sazonal, por sua vez, determinado pelas variaes temporrias que ocorremnormalmente nos negcios da empresa. Por exemplo, maiores vendas com determinados meses do anoou grandes aquisies de estoques antes de perodos de entressafra produzem variaes temporrias noativo circulante, e so, por isso, denominadas sazonais ou variveis. Se a empresa, ainda, mantiveruma poltica fixa de pagamento a prazo a fornecedores e a outros dispndios operacionais, esses valoresa pagar devero ser subtrados de suas necessidades sazonais.

    a) Abordagem pelo equilbrio financeiro tradicional

    De acordo com esta abordagem, o ativo permanente e o capital de giro permanente so financiados tambmatravs de recursos de longo prazo (prprios ou de terceiros).

    Esta abordagem tambm conhecida como compensatria. Ou seja, ocorrendo oscilaes no capital degiro, essas necessidades temporrias devero ser financiadas, medida que forem ocorrendo, por recursosde terceiros a curto prazo; e os investimentos de carter permanente sero cobertos por fundos de prazocompatvel (longo prazo).

    Um aspecto de risco desta abordagem refere-se a uma possvel retrao (mesmo temporria) nasdisponibilidades de emprstimos de curto prazo. Evidentemente, ocorrendo alteraes nas necessidades

    sazonais em nveis mais significativos, a empresa poder encontrar dificuldades de captar recursoscirculantes no mercado, o que viria a prejudicar sua liquidez. Mesmo que os obtenha, poder ainda contrat-los a custos mais elevados, o que oneraria a sua rentabilidade.

    b) Abordagem de risco mnimo

    Uma postura de minimizao do risco pode ser adotada atravs de uma abordagem conservadora para ofinanciamento do capital de giro.

    O risco colocado em nveis mnimos em razo de a empresa no necessitar utilizar de sua capacidade decaptao de recursos a curto prazo, a qual seria acionada somente para atender a necessidades financeirasinesperadas (imprevistas). O custo desta abordagem seria bem elevado, em razo da preferncia por crditosa longo prazo (normalmente mais onerosos que os de curto prazo) e da ociosidade desses recursos em

    vrios perodos.Fontes de Financiamento a Longo Prazo

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    RECURSOS PRPRIOS

    Capital social (Aes)

    As empresas emitem vrios tipos de ttulos de longo prazo para financiar suas necessidades de recursos,incluindo aes ordinrias, aes preferenciais e instrumentos de dvida. A avaliao dos ttulos de longoprazo importante para os gerentes financeiros da empresa, bem como para atuais proprietrios,investidores potenciais e analistas de ttulos.

    Quanto mais desenvolvida uma economia, mais ativo o seu mercado de capitais, o que se traduz em maisoportunidades para as pessoas, empresas e instituies aplicarem suas poupanas. Ao abrir seu capital, umaempresa encontra uma fonte de captao de recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capitalacontece quando a empresa lana suas aes ao pblico, ou seja, emite aes e as negocia nas bolsas devalores. E voc, ao adquiri-las, passa a ser tambm "dono" da empresa um acionista.

    A abertura de capital feita sempre com autorizao da Comisso de Valores Mobilirios - CVM, o rgofiscalizador do mercado de capitais brasileiro. As empresas abertas precisam atender a requisitos definidosna Lei das S.As., para garantir a confiabilidade e o acesso s suas informaes e demonstraes financeiras.

    As Aes

    Aes so ttulos nominativos negociveis, que representam, para quem as possui, uma frao do capitalsocial de uma empresa.

    a) Tipos de ao

    As aes podem ser:

    Ordinrias : que concedem aos seus detentores o poder de voto nas assemblias deliberativas dacompanhia; ou

    Preferenciais : que oferecem preferncia na distribuio de resultados ou no reembolso do capital em

    caso de liquidao da companhia, no concedendo o direito de voto, ou restringindo-o. A Lei das S.As.permite que as companhias emitam at 2/3 do capital social em aes preferenciais.

    As aes, ordinrias ou preferenciais, so sempre nominativas, originando-se do fato a notao ON ou PNdepois do nome da empresa.

    b) Formas das aes

    As aes podem adotar ainda as seguintes formas:

    Nominativas registradas : quando h um registro de controle de propriedade feito pela empresa ou porterceiros, podendo ou no haver emisso de certificado; ou

    Escriturais nominativas : quando h a designao de uma instituio financeira credenciada pela CVM,que atua como fiel depositria dos ttulos, administrando-os via conta corrente de aes.

    c)A lucratividade das aes

    As aes so chamadas de ttulos de renda varivel porque tanto os rendimentos distribudos ao acionista -dividendos e bonificaes - quanto seu prprio valor no esto previamente fixados. A lucratividade de umaao, num determinado perodo de tempo, composta pela variao do preo mais rendimentos e exercciode direitos, estes dois ltimos tambm chamados de proventos.

    d) O valor da ao

    O valor da ao, ou seja seu preo de compra e venda, determinado em mercado, variando principalmenteem funo do desempenho financeiro verificado ou previsto para a companhia, bem como da conjunturaeconmica domstica e internacional.

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    e) Os dividendos

    Os dividendos correspondem parcela de lucro lquido distribuda aos acionistas, na proporo daquantidade de aes detida, ao fim de cada exerccio social. A companhia deve distribuir, no mnimo, 25% deseu lucro lquido ajustado. As aes preferenciais recebem 10% a mais de dividendos que as ordinrias, casoo estatuto social da companhia no estabelea um dividendo mnimo. Se apresentar prejuzo ou estiveratravessando dificuldades financeiras, a companhia no ser obrigada a distribuir dividendos. Porm, caso talsituao perdure, suas aes preferenciais adquiriro direito de voto, at que se restabelea a distribuio dedividendos.

    f) As bonificaes

    As bonificaes correspondem distribuio de novas aes para os atuais acionistas. Excepcionalmentepode ocorrer a distribuio de bonificao em dinheiro.

    g) As subscries de novas aes

    Os acionistas tm, ainda, preferncia na compra de novas aes emitidas ou direito de preferncia nasubscrio. Alm de garantir a possibilidade de manter a mesma participao no capital total, este direitopode significar ganho adicional, dependendo das condies do lanamento. Por fim, se no exercido, o direitopode ser vendido a terceiros.

    h) Os Mercados Primrio e Secundrio

    O Mercado Primrio compreende o lanamento de novas aes no mercado, com aporte de recursos companhia. Todas as operaes de emisso de aes precisam ter autorizao da CVM. obrigatria apresena do intermedirio financeiro- corretora de valores, banco mltiplo, banco de investimento oudistribuidora.- que exerce o papel de coordenador da operao.

    Uma vez ocorrendo o lanamento inicial ao mercado, as aes passam a ser negociadas no MercadoSecundrio, que compreende mercados de balco, organizados ou no, e bolsas de valores. Operaescomo a colocao inicial junto ao pblico de grande lote de aes detido por um acionista podem caracterizaroperaes de abertura de capital, exigindo registro na CVM. Apesar da semelhana com o mercado primrio,os recursos captados vo para o acionista vendedor - e no para a companhia, determinando, portanto, umadistribuio no mercado secundrio.

    RECURSOS DE TERCEIROS

    A obteno de recursos de terceiros a prazos superiores a 6 meses e 1 ano est fortemente relacionada funo de organismos e programas geridos por entidades vinculadas ao poder pblico:

    1 - Fundos Especiais de Instituies Pblicas

    Aps 1964 houve no Brasil a sustentao de fontes de financiamento para investimento (ampliao,modernizao e instalao de empresas ou projetos), e assim o poder pblico instituiu e passou a dirigir,atravs das suas prprias instituies financeiras ou repassando os recursos a instituies privadas, vriosfundos especiais com recursos provenientes de receitas tributrias, resultados de operaes de exercciosanteriores, ou obteno de emprstimos internacionais, bem como depsitos do pblico, vista ou a prazo.

    a) BNDES

    Criado em 1952, atua hoje principalmente atravs de prestao de aval (garantia obteno de emprstimospor outras instituies), da participao societria (atravs da compras de aes preferenciais das empresaassim financiadas), e de emprstimos diretos, a partir dos fundos especiais por ele geridos. Atua tambm deforma indireta, atravs dos agentes financeiros do Programa de Operaes Conjuntas (POC), reservando ofinanciamento para empresas privadas nacionais. Os agentes do POC avaliam e acompanham osfinanciamentos. Incluem-se entre eles diversos bancos de investimentos, bancos estaduais e regionais dedesenvolvimento.

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    O BNDES no tem contato com o pblico e obtm seus recursos com a arrecadao de impostos sobreoperaes financeiras, dotaes oramentrias, fundos do Programa de Integrao Social (PIS) eemprstimos em geral;

    b) BB

    O Banco do Brasil o maior banco comercial do Pas , recebendo depsitos do pblico e oferecendo linhasde desconto de duplicatas s empresas. O BB tambm gera fundos especiais provenientes de convnios compases estrangeiros para a importao de equipamentos e fundos para financiamento das exportaes.

    O BB a principal instituio financeira de apoio aos setores agrcola, pecurio e extrativo, atravs daCarteira de Crdito Agrcola e Industrial (CREAI), alm de executar operaes de garantia de preos mnimosde produtos agrcolas, em convnio com a Companhia de Financiamento da Produo.

    c) Bancos Regionais e estaduais de investimento

    Frutos do esforo nacional de descentralizao da atividade econmica, com vistas eliminao dedesequilbrios e diferenas regionais, sugiram o Banco do Nordeste do Brasil (BNB - 1964), o Banco Regionalde Desenvolvimento Econmico do Extremo-sul (BRDE 1962) e o Banco da Amaznia (BASA 1966).

    Os bancos regionais e estaduais de fomento so orientados para:

    Emprstimos para investimento ou capital de giro; Participao mediantes subscrio de aes e debntures no capital das empresa financiadas; Repasse de emprstimos obtidos no pas e no exterior; Prestao de garantias em emprstimos obtidos no pas ou no exterior.

    Portanto, esses bancos atuam na linha do BNES, de acordo com as prioridades da poltica econmica, a nvelregional.

    d) CEF

    A Caixa Econmica Federal dedica-se mais s linhas do Sistema Financeiro de Habitao, concedendoemprstimos para a aquisio de imvel prprio, fazendo uso tambm dos s