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Pinta com cores fecundas a mata perdida Frutos e flores exalam perfumes que a nós Leva além do Divino sabor É inspiração nos poemas de amor É o maracujá... É o fruto da paixão É o maracujá... É minha inspiração Brasileira espécie da flora que atrai atenção De cientistas, poetas e músicos e dos agricultores Do mais indefeso ao mais sábio e forte Planta lendária do Brasil Centro-Norte

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Pinta com cores fecundas a mata perdidaFrutos e flores exalam perfumes que a nósLeva além do Divino sabor É inspiração nos poemas de amor

É o maracujá... É o fruto da paixãoÉ o maracujá... É minha inspiração

Brasileira espécie da flora que atrai atençãoDe cientistas, poetas e músicos e dos agricultoresDo mais indefeso ao mais sábio e fortePlanta lendária do Brasil Centro-Norte

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Novas variedades: validação etransferência de tecnologia

Rogério de Sá Borges

Ciro Scaranari

Amantino Martins Nicoli

Reginaldo Resende Coelho

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

O maracujá tem sua origem na América Tropical. Pertence à

família Passifloraceae e ao gênero Passiflora. Apesar de

possuir grande número de espécies, os cultivos comerciais

baseiam-se na espécie Passiflora edulis f. flavicarpa, conhecida como

maracujá-amarelo ou azedo (Meletti, 1999). A área plantada com maracujá-

amarelo, no Brasil, vem se mantendo ao redor de 35 mil hectares com

destaque para a Região Nordeste, principalmente, os Estados da Bahia e de

Sergipe com cerca de 10 mil e 4 mil ha respectivamente. A Região Sudeste

aparece como a segunda região produtora do País com 10 mil ha sendo 3,1

mil em São Paulo, 2,6 em Minas Gerais e 2,3 no Espírito Santo. A produção

brasileira no ano de 2002 foi de 478.652 toneladas. Em relação à

produtividade, a média nacional está em torno de 14 toneladas por hectare,

porém, existem diferenças significativas entre as regiões distribuídas com 9,2 t/

ha (N), 11,6 t/ha (NE), 11,7 t/ha (CO), 14,8 t/ha (S) e 19,6 t/ha na Região

Sudeste. O Brasil é o maior produtor e o maior consumidor de maracujá do

mundo. O maracujá-amarelo ou azedo é o mais cultivado no País e sua

utilização se dá na forma de fruta fresca e de suco.

O maracujá-roxo também pode ser usado tanto para consumo in natura

como para produção de suco. Bastante cultivado na Austrália e na África do

Sul, é muito pouco produzido no Brasil provavelmente devido a sua baixa

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Maracujá: germoplasma e melhoramento genético

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aceitação no mercado atacadista. O maracujá-roxo tem sido aceito naindústria de suco por apresentar melhor rendimento industrial. O maracujá-

doce possui características de frutos e de comportamento das plantas bemdistintas do amarelo e do roxo, pois suas flores permanecem abertas todo odia e a aparência externa e características internas como aroma e sabor sãobastante diferentes. Devido ao alto teor de sólidos solúveis, a produção desuco resulta em um produto um pouco enjoativo (Meletti, 1999).

Em relação ao mercado internacional, apesar de ser amplamenteproduzido na América do Sul (Brasil, Colômbia, Peru e Equador) e na África, o

volume mundialmente comercializado de maracujá como fruta fresca épequeno quando comparado com o de outras frutas exportadas. Na Américado Norte e na Europa, o consumo é restrito a grupos éticos já familiarizadoscom a fruta que, para a maioria da população desses países, ainda éconsiderada como fruta exótica (Matsuura, 2002). Além dos países europeus,principais importadores, recentemente o maracujá brasileiro tem sido

exportado para Argentina e Uruguai, ainda que de forma incipiente. Nocomércio internacional de frutas frescas, as exportações brasileiras demaracujá representam 3% sendo que as frutas frescas correspondem a 1,5%do total (US$ 254 mil) das exportações brasileiras de maracujá (Pires & Mata,2004).

No Brasil, a produção de maracujá tem aumentado nos últimos anos,principalmente, no mercado de frutas frescas com a inserção de novasregiões. A maior parte das lavouras é explorada em pequenas e médias

propriedades sendo que cerca de metade da área cultivada com maracujá noPaís encontra-se em propriedades de até 20 ha. Como conseqüência existegrande número de produtores na atividade proporcionando umacomercialização regida pelas forças que governam o mercado, não havendograndes distorções de preços por parte dos agentes compradores evendedores. O mercado nacional possui forte sazonalidade na oferta. No

período de janeiro a julho, frutos de boa qualidade têm alcançado preçosentre R$ 0,55 e R$ 1,05 por quilo, enquanto de agosto a dezembro, os preçostêm variado de R$ 0,80 a R$ 2,00 (Pires & Mata, 2004). Essas variações depreços não determinam alternância de ciclo produtivo, mas têm sido

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responsável por significativas transformações técnicas no cultivo do

maracujazeiro determinando épocas de plantio e espaçamento para os

pomares estabelecidos em regiões que apresentam condições climáticas de

produção dentro do período de entressafra (Silva, 2004).

Ao se considerar a posição de liderança na produção de maracujá que

o País ocupa no cenário mundial, verifica-se uma escassez de literatura

principalmente na área de melhoramento genético. A falta de variedades e

híbridos hortículas definidos e de potencial superior e a conseqüente falta de

sementes comerciais reforça a necessidade de se voltar a atenção aos bancos

de germoplasma como ferramenta imprescindível ao desenvolvimento dos

programas de melhoramento (Cunha et al., 2004). Muitos genótipos que

poderiam fazer parte de bancos ativos de germoplasma e serem utilizados em

programas de melhoramento acabam sendo perdidos por representarem

espécies selvagens e estarem dispersos em matas naturais que vêm sendo

destruídas para ampliação de fronteiras agrícolas. No Brasil, existem

atualmente cinco bancos de germoplasma (Souza & Meletti, 1997).

Várias espécies frutíferas ou ornamentais, chamadas comumente de

maracujá, pertencem à família Passifloraceae, gênero Passiflora. Apesar de

algumas discordâncias entre os autores quanto ao número de espécies

pertencentes à família e ao gênero Passiflora, é aceita a existência de cerca de

400 espécies, sendo 150 nativas do Brasil e cerca de 60 possuem frutos

comestíveis (Silva, 2004). Os cultivos comerciais no Brasil baseiam-se,

principalmente, nas espécies Passiflora alata (maracujá-doce) e Passiflora

edulis (maracujá-amarelo) responsáveis por 95% da área plantada no País

(Meletti, 1999).

Segundo Silva (2004), existe grande variabilidade de formas, tamanho,

teor de açúcar, acidez, rendimento de suco, tolerância a pragas e a doenças,

cor de polpa e outras características de interesse nas principais espécies

cultivadas no Brasil, sendo que para o maracujá-doce e para o maracujá-roxo

ainda não há variedades comerciais. Para o maracujá-amarelo, já existem

algumas seleções e híbridos, com sementes disponíveis comercialmente,

sendo os principais:

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• Seleção Maguary ou Araguari - FB 100: apresenta como principais

características o alto rendimento de suco e teor de açúcar, polpa amarelo-

alarajanda, além da excelente produtividade e rusticidade. Como foi

desenvolvido para atender ao mercado industrial, apresenta frutos

desuniformes em tamanho e cor de casca;

• Híbridos Flora Brasil - FB 200: Disponíveis a partir de 2001, têm como

principais características o vigor e o tamanho dos frutos, ovalados, destinados

para mercado in natura, apresentam também boa coloração da polpa,

amarelo-alarajada, bom rendimento de suco e teor de açúcar;

• Híbridos “IAC Série 270”: Essa série de material desenvolvidos pelo Instituto

Agronômico – IAC é composta pelos híbridos “IAC 273”, “IAC 275” e “IAC

277” e possuem como principais características, bom rendimento de suco

e teor de açúcar, polpa alaranjada, boa produtividade e vigor. A diferença

entre eles é sutil. O “IAC 277” apresenta frutos maiores e mais alongados, o

“IAC 275” tem maior proporção de frutos com polpa de coloração alaranjada

intensa e o “IAC 273” é o de maior produtividade (Meletti, 1999);

• Seleção Sul Brasil: Selecionado nas condições de São Paulo, material original

a partir do qual foram feitas várias outras seleções;

• Seleções Embrapa: A Embrapa, por meio de seus centros de pesquisa,

vem desenvolvendo algumas variedades e híbridos que deverão ter sementes

comercialmente disponíveis em breve e, entre eles, tem chamado a atenção

o material derivado de Roxo Australiano e Vermelho.

A Embrapa TA Embrapa TA Embrapa TA Embrapa TA Embrapa Transferência de Transferência de Transferência de Transferência de Transferência de TecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaUm dos maiores desafios das empresas geradoras de conhecimento e

tecnologia é reduzir o tempo entre a produção do conhecimento e das

tecnologias e sua devida disponibilidade junto aos usuários e a sociedade em

geral. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa conta com

uma Unidade denominada Embrapa Transferência de Tecnologia que tem a

missão de buscar mecanismos para diminuir essa distância.

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A Unidade possui 15 Escritórios de Negócios (ENs) e 1 Unidade de

Produção (UP), instalados em todas as regiões geográficas brasileiras,

formando ampla rede de validação, demonstração e de transferência dos

conhecimentos e tecnologias produzidos pela empresa e por demais

instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Pesquisa.

Para cumprir sua missão, promove a articulação intra e interinstitucional

com o setor público e privado para o estabelecimento de redes de

transferência de tecnologia e utiliza-se de mecanismos como Vitrines

Tecnológicas, Unidades Demonstrativas (UDs), Dias de Campo, Cursos de

Formação de Agentes Multiplicadores, participação em exposições, entre

outras ações de transferência de tecnologia.

A Unidade é responsável pela multiplicação de sementes e mudas

geradas pelas diversas Unidades da Embrapa, de forma a garantir o

atendimento das demandas por sementes básicas e mudas, observando o

rigor no controle de qualidade do material multiplicado. A multiplicação

ocorre diretamente em áreas próprias dos Escritórios de Negócios ou por

meio de parcerias junto à iniciativa privada, obedecendo às leis pertinentes

como a Lei de Sementes e Mudas, Lei de Proteção de Cultivares e a Lei de

Biossegurança. Um dos instrumentos que formalizam a parceria com a

iniciativa privada são os contratos de licenciamento. Os recursos arrecadados

por meio desses contratos são destinados aos programas de pesquisa,

desenvolvimento e inovação tecnológica da Embrapa.

O IAC – Instituto Agronômico, instituição participante do Sistema de

Pesquisa Agropecuária Brasileiro, órgão da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento do Estado de São Paulo, é uma das instituições que vem ao

longo dos anos realizando trabalhos em parceria com essa Unidade da

Embrapa com a finalidade de somar esforços relativos à transferência de

tecnologias e produtos desenvolvidos pelo IAC para outras unidades

federativas do País.

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O programa IAC/EmbrapaO programa IAC/EmbrapaO programa IAC/EmbrapaO programa IAC/EmbrapaO programa IAC/EmbrapaTendo em vista a existência de convênios anteriores entre as instituições

com vistas na ampliação de programas de produção de sementes e mudas dediversas espécies e diante de resultados promissores envolvendo os novoshíbridos de maracujá “IAC Série 270”, foi inicialmente elaborado, em 2001, umestudo visando desde o conhecimento do mercado, das potencialidades evulnerabilidades de cada material a ele oferecido, destacando-se cultivarescomo Seleção Maguary, Sul-Brasil e “Sem origem” (estimado na época em92% do mercado), o que possibilitou desde a definição de posiçãocompetitiva de cada um, até a definição de objetivos, metas e estratégias deum plano com a finalidade de incrementar a participação de material do IACno mercado nacional por meio de ações da Embrapa Transferência deTecnologia, plano esse definido como Plano de Marketing.

Nesse plano, foram elencados diversos fatores-chave de sucesso emordem decrescente de importância: produtividade, tolerância ao vírus doendurecimento do fruto, marca, tolerância a fusariose, tamanho do fruto, teorde sólidos solúveis, peso do fruto, rendimento de polpa, resistência aotransporte, preço, coloração da polpa, coloração externa, homogeneidade detamanho, espessura da casca e tempo de prateleira, onde dentre os citadosmateriais, os do “IAC Série 270” foram os que mais se destacaram.

Entre os híbridos que compõem a série, foram eleitos, visando aomercado de frutas frescas, o IAC-277 (Figura 1) com elevada produtividade (2a 3 vezes superior à média nacional), frutos ovais, de casca mais fina, maiores,mais pesados e de menor variabilidade em campo. Para o segmento daagroindústria, foi eleito o IAC-275 (Figura 2), de produtividade semelhante aoanterior, com frutos ovais, de melhor rendimento industrial (cavidade internatotalmente preenchida), apresentando teor de sólidos solúveis totais superiora 15° Brix e forte pigmentação de polpa.

Foram então definidos objetivos, metas e estratégias, visando atender a5% de um mercado estimado, na época, em 10.000 ha potencialmenteutilizador de sementes de qualidade com garantia de origem, ao longo de um

período de três anos.

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Figura 1. Frutos do IAC 277.

Foto

: Lau

ra M

aria

Mol

ina

Mel

etti

Para tanto, foram instalados dois campos-piloto para produção de

sementes dos híbridos IAC-275 e IAC-277, no Campo Experimental da Embrapa,

em Nova Porteirinha, MG. Cada campo foi composto de seis progenitores

distintos que combinados entre si por meio de polinização controlada deram

origem a cada material. Inicialmente, as inflorescências foram protegidas por

sacos de papel e, após o cruzamento, foram novamente ensacadas por mais

dois dias para evitar a entrada de pólen de plantas indesejadas. Confirmado o

pegamento, pela coloração amarelada do ovário, a proteção foi substituída por

sacos tipo “rede” de malha de náilon e assim permanecendo até o momento de

sua colheita após desprenderem-se do pedúnculo (Figuras 3 e 4).

Figura 2. Fruto do IAC 275. Foto

: Lau

ra M

aria

Mol

ina

Mel

etti

Figura 3. Campo de produção desementes do IAC 275 .

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Feita a coleta em dias alternados, os frutos foram selecionados com

base no teor de sólidos solúveis, tamanho, espessura, textura e coloração de

casca, número de sementes e coloração da polpa. A extração das sementes

foi feita mecanicamente por ação de turbilhonamento com água em

liquidificadores providos de agitadores especiais sem facas. Depois da

lavagem em água corrente, a secagem foi feita sobre papel absorvente e à

sombra até que o teor de água nas sementes atingisse 10%, grau este

facilmente atingido nas condições locais ambiente. Em épocas desfavoráveis

a essa prática, utilizou-se de câmara de ventilação forçada, sob temperatura

constante de 30 ºC. As sementes secadas após a retirada do arilo feita

manualmente, com auxílio de flanelas, foram loteadas e amostradas para fins

de análise em laboratório, obedecendo a padrões internos de qualidade do

Programa Embrapa/IAC. Inicialmente submetidas a armazenamento a granel,

enquanto aguardavam-se os resultados das análises em câmara fria e seca (10

ºC e 45% de UR), as sementes, após a aprovação em laboratório, foram

acondicionadas em embalagens herméticas com 25 g de capacidade

(aproximadamente 1000 sementes) e revestidas internamente com filme de

Figura 4. Frutos hibridados.

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alumínio, capacidade esta definida em função do potencial de plantio desse

volume atingir 1 hectare. Assim, cada embalagem passou a ser definida pelo

programa como sendo “1 módulo”, permanecendo armazenada nas citadas

condições até o momento de sua efetiva comercialização.

Os volumes efetivamente comercializados, por unidade federativa,

encontram-se na Tabela 1 a seguir onde, considerando-se densidade de

plantio de 25g/ha, infere-se que foi atingida aproximadamente 70% da meta

originalmente proposta de 500 ha, recaindo a principal demanda, cerca de

90%, na cultivar IAC-277, destinada ao mercado de frutas frescas.

Tabela 1. Comercialização de sementes do Programa IAC/Embrapa (em gramas) -2002 a 2005.

UF IAC 275 IAC 277 Total

Amazonas 25 25 50

Bahia 225 3978 4203

Ceará - 525 525

Distrito Federal 75 200 275

Espírito santo - 25 25

Goiás 25 275 300

Maranhão 25 200 225

Minas Gerais 0 675 675

Mato Grosso do Sul 75 125 200

Mato Grosso - 50 50

Pernambuco - 75 75

Paraná - 65 65

Rio de Janeiro 75 50 125

Rio Grande do Norte - 25 25

São Paulo 250 1175 1425

Tocantins 50 50 100

Total 825 7518 8343

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Figura 5. Viabilidade (% de germinação) dos estoques de sementes de maracujá –Programa IAC / Embrapa.

Outra meta do Programa recaiu na formação de novos viveiristas que, a

partir de sementes das duas cultivares, poderiam vir a celebrar contratos de

licenciamento de produção, comercialização, marketing e transferência de

tecnologia para produção de sementes e mudas de maracujá, dentro do

Programa Embrapa/IAC. Para tanto, foram elaboradas normas técnicas para a

produção de mudas de maracujá cujo objetivo foi o de estabelecer exigências

para a produção e comercialização de mudas que exigem requisitos

obrigatórios, tais como: isolamento, aspectos construtivos do viveiro e

exigências quanto ao estabelecimento e condução da produção envolvendo

tipos de substrato, recipientes, semeadura, irrigação e controle fitossanitário e

outras práticas de manejo. As normas fixam, ainda, outras obrigações do

licenciado quanto ao atendimento dos padrões de produção, identificação e

armazenamento das mudas. O produto final é uma muda de qualidade que

conta com a marca do Programa (Figura 6).

80

82

84

86

88

90

92

94

jul/03 jan/04 jul/04 jan/05 jul/05

Datas de análise

Ger

min

ação

(%

)

IAC 275

IAC 277

De acordo com análises de estoques efetuadas a cada seis meses,

verifica-se que a germinação das sementes manteve-se alta no período de três

anos, o que demonstra terem sido corretas as técnicas de sua conservação,

conforme a Figura 5.

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Assim, foram estabelecidos contratos com produtores de mudas no

qual se destacam a própria Embrapa por meio de seu Escritório de Negócios

de Dourados, o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes/CATI, órgão da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, além do

viveiro de mudas Citro Setin localizado em Limeira, SP.

O PrO PrO PrO PrO Projeto de Tojeto de Tojeto de Tojeto de Tojeto de Transferência de Transferência de Transferência de Transferência de Transferência de Tecnologia para Novasecnologia para Novasecnologia para Novasecnologia para Novasecnologia para NovasCultivarCultivarCultivarCultivarCultivareseseseses

Iniciada a comercialização de sementes e mudas, foi verificada a

necessidade de ampliar o trabalho de difusão das novas cultivares para as

diversas regiões produtoras do País. Foi elaborado então um projeto

intitulado “Transferência de Tecnologia para novas cultivares de maracujazeiro

(Passiflora edulis f. flavicarpa)” aprovado pelo Sistema de Gestão de

Macroprogramas da Embrapa cujo objetivo foi demonstrar as cultivares

desenvolvidas para os agentes do sistema agroindustrial do maracujá e, por

meio delas, transferir tecnologias visando otimizar suas características

favoráveis e enaltecer suas vantagens comparativas. Sendo assim foram

Figura 6. Muda produzida por viveiristalicenciado com etiqueta do ProgramaIAC/Embrapa.

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instaladas Unidades de Demonstração (UDs), compostas de um número

representativo de plantas das cultivares IAC 275 e IAC 277, por meio de

parceiros selecionados em locais de atuação dos Escritórios de Negócios da

Embrapa Transferência de Tecnologia.

A escolha dos locais foi feita levando-se em consideração aspectos

como importância da cultura na região e disponibilidade de área e recursos

humanos da Embrapa e de parceiros para condução e acompanhamento das

UDs. Os locais escolhidos foram:

• Rolândia, PR (Cooperativa Agroindustrial - COROL): esta cooperativa

desenvolve projetos integrados de produção e industrialização de citros e

uva para produção de sucos e pretende em um futuro breve processar

também o maracujá-amarelo;

• Araguari,MG (produtor parceiro): nesta região o parceiro foi a empresa Kraft

Foods Brasil S/A proprietária da marca de sucos Maguary que auxiliou desde

o início, identificando um de seus produtores/fornecedores para a instalação

da UD e desde então tem auxiliado na condução e acompanhamento da

área;

• Campos dos Goytacazes, RJ (Bela Joana Sucos e Frutas Ltda): este local

foi escolhido devido ao interesse em se avaliar o desempenho do híbrido

IAC 275;

• Itaperuna, RJ (Sucos Niágara): nesta região também existe uma produção

significativa direcionada principalmente ao processamento na indústria de

sucos;

• Goiânia,GO (EN de Goiânia): foi instalada uma UD em área de uma Vitrine

Tecnológica do Escritório de Negócios de Goiânia da Embrapa Transferência

de Tecnologia onde já existem diversas UDs de outras culturas que são

apresentadas anualmente em evento promovido por essa Unidade;

• Vianópolis,GO (produtor parceiro): este município foi escolhido por ser uma

região de cultivo expressivo de maracujá no Estado;

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• Rondonópolis,MT (Sindicato Rural de Rondonópolis): foi instalada uma UD

em área do Sindicato localizada no parque de exposições da cidade. A

proposta foi de realizar o trabalho em parceria com a Empresa Mato-

Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural - Empaer na tentativa

de identificar oportunidades de cultivo com material geneticamente

melhorado de maracujá para pequenos produtores por ela assistidos. A UD

entrou na programação de visitas de agricultores promovida todos os anos

pela Empaer e pela Embrapa durante a EXPOSUL, feira agropecuária realizada

no mês de junho;

• Dourados, MS (EN de Dourados): foi instalada uma UD em área própria do

Escritório de Negócios de Dourados onde também existem várias UDs de

outras culturas freqüentemente visitadas por agricultores da região;

• Brasília, DF (Fazenda Sucupira): esta fazenda é uma Unidade de Produção

(UP) da Embrapa Transferência de Tecnologia e abriga UDs de outras culturas

com destaque para fruteiras. Esta UP possui estrutura de viveiros de mudas

frutíferas;

• Petrolina, PE (EN de Petrolina): a escolha deste local levou em consideração

não só a importância regional da fruticultura no Vale do São Francisco e da

relevância da cultura do maracujá na região nordeste como também a

disponibilidade de uma área própria da Embrapa no local;

• Amarante, MA (produtor parceiro): de acordo com levantamento feito pelo

EN de Imperatriz, o cultivo de maracujá é significativo na região, porém, a

utilização de cultivares melhoradas é muito baixa. Cabe destacar que na

ocasião voltava a funcionar uma indústria de processamento de maracujá

em Benevides, PA (Nova Amafruta) o que vinha despertando o interesse dos

produtores da região, fato esse que reforçou a decisão de se instalar uma

UD no local.

Todas as sementes utilizadas na produção das mudas para as UDs

foram fornecidas pelo EN de Sete Lagoas responsável pelo campo de

sementes em Nova Porteirinha, MG. A maior parte das mudas foi produzida em

cada local de instalação da UD. As mudas destinadas a Rolândia foram

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Maracujá: germoplasma e melhoramento genético

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produzidas pelo IAC e as de Vianópolis e das UDs do Rio de Janeiro pelos ENsde Goiânia e Sete Lagoas respectivamente. A produção das mudas seguiurecomendações técnicas elaboradas pela Embrapa e pelo IAC, baseadas nas“Normas Técnicas para Produção de Mudas de Maracujá”, e enviadas a cadaresponsável técnico das UD’s.

Cada UD foi composta de quatro linhas de 35 m de espaldeira contendoapenas um fio de arame. O espaçamento adotado foi de 4 m entre linhas e 5 mentre plantas. Foram plantadas duas linhas com o IAC 275 e outras duas como IAC 277 totalizando 14 plantas de cada híbrido (7 em cada linha). Além dasrecomendações de produção das mudas, foram elaboradas pela Embrapa epelo IAC recomendações para condução das UDs, contendo tratos culturais,

adubações e demais prescrições da cultura do maracujá (Figura 7).

Figura 7. Unidade deDemonstração emRondonópolis, MT.

Em relação às avaliações das UDs, foi elaborada e enviada a cadatécnico responsável uma ficha para anotações sobre informações tais como:local, número de plantas, data de plantio, tratos culturais, início e intensidadede florescimento, peso médio dos frutos e da casca, teor de sólidos solúveis enúmero de sementes. Em alguns locais, não foi possível a realização de partedas anotações em virtude de estarem instaladas em locais de acesso públicosujeitos a furtos como no caso de Rondonópolis. Neste caso foi priorizada ademonstração a produtores e técnicos não sendo realizadas as avaliações deflorescimento e frutificação. Nos demais locais os resultados vêmdemonstrando bom desempenho dos híbridos do IAC.

Foram realizados dias de campo, visitas monitoradas de grupos deprodutores e vitrines tecnológicas promovendo assim o uso dos híbridos IAC275 e IAC 277 estimulando com isto o uso de cultivares melhoradas (Tabela 1).

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Novas variedades: validação e transferência de tecnologia

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Novas cultivarNovas cultivarNovas cultivarNovas cultivarNovas cultivares da Embrapa Cerradoses da Embrapa Cerradoses da Embrapa Cerradoses da Embrapa Cerradoses da Embrapa CerradosEm junho de 2004, técnicos da Embrapa Transferência de Tecnologia e

pesquisadores da Embrapa Cerrados estudaram as possibilidades de

introdução de novos materiais de maracujá, oriundos de programa de

melhoramento da Embrapa Cerrados, na rede anteriormente criada para

validação dos híbridos do IAC da Série 270. A proposta seria utilizar a estrutura

já disponível de algumas das UDs para inclusão desses materiais.

Foram então definidos os locais que reunissem o interesse da pesquisa

e a estrutura existente para estabelecimento e condução das Unidades. Na

escolha dos locais, foi levado em conta, também, o aspecto de segurança por

se tratar de seleções ainda em fase de registro e passíveis de proteção. Sendo

assim, foram priorizados locais onde a Embrapa Transferência de Tecnologia

possuísse área interna e, nos locais onde as UDs foram estabelecidas em áreas

de terceiros, firmaram-se Acordos de Transferência de Material (ATMs). Nesses

documentos, estabeleceram-se as condições básicas para avaliação do

desempenho agronômico do material, destacando-se a garantia dos direitos

de propriedade intelectual por meio da restrição da multiplicação, a cessão

para terceiros e tudo que pudesse ser qualificado como uso indevido.

Locais como Goiânia, Brasília e Vianópolis, contemplados

anteriormente com os materiais do IAC, foram dessa vez descartados por se

considerar que já havia dados suficientes do comportamento dessas novas

seleções nas condições do planalto central.

Ao contrário dos híbridos do IAC, não havia resultados dos novos

materiais nas condições do Estado de São Paulo. Sendo assim foram

instaladas duas Unidades nos Municípios de Limeira e Jacupiranga. Este

último foi selecionado posteriormente em virtude de demandas locais. O

Município de Jacupiranga localiza-se no Vale do Ribeira, SP, principal região

produtora do Estado. Até 1999, a produção do Vale era de 1,5 milhão de

caixas, mas, a partir de 2000, com a entrada do vírus do endurecimento na

região, a área chegou a ser reduzida a menos da metade. Com a ajuda de

órgãos estaduais e de prefeituras, os produtores da região decidiram retomar

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Maracujá: germoplasma e melhoramento genético

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o cultivo de maracujá adotando técnicas de manejo que permitissem a

viabilidade do cultivo. A decisão pela inclusão de uma UD no local deveu-se a

tolerância à doença apresentada por alguns dos materiais da Embrapa.

A partir de outra demanda do EN de Manaus, foi instalada uma UD em

área da Embrapa Amazônia Oriental, localizada naquele município.

Além das Unidades mencionadas, foram instaladas UDs também em

Rolândia, Araguari, Rondonópolis, Dourados e Petrolina, eleitas pelas

mesmas razões consideradas na escolha quando da instalação das Unidades

com os híbridos IAC.

O material oriundo do programa de melhoramento da Embrapa

Cerrados constitui cruzamentos entre seleções visando à obtenção de

cultivares produtivas, com qualidade de fruto superior e tolerância a algumas

das principais doenças da cultura. Até o presente momento, as cultivares

ainda estão sendo identificadas pelos respectivos códigos até que seja

concluída a etapa de validação e sejam definidos nomes para registro,

proteção e lançamento das cultivares. O material possui as seguintes

características nas condições de cultivo do planalto central (Brasília, DF)

(Junqueira, 2005)1.

••••• GA-2 - Cultivar híbrida obtida do cruzamento entre a Cv. Sul Brasil ou Marília

x “Redondão”. Produz frutos amarelos, formato oblongo, pesando de 120

a 350 g, rendimento de polpa em torno de 40% e teor de sólidos solúveis

de 13 a 15° Brix. Tem boa tolerância à antracnose e bacteriose, mas é

susceptível à virose, verrugose e a doenças causadas por patógenos de

solo. Sua produtividade nas condições do Distrito Federal, com irrigação e

plantada no período de maio a julho, no espaçamento de 2,5 x 2,5 m, tem

ficado em torno de 42 t/ha no ano seguinte, mesmo com ataque da virose.

No segundo ano de produção, essa produtividade cai para 20 a 25 t/ha,

dependendo do manejo (Figura 8).

1 JUNQUEIRA, N.T.V. Comunicação pessoal, 2005.

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Novas variedades: validação e transferência de tecnologia

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••••• AR-1 - Cultivar obtida do cruzamento entre a GA-2 x MA (matriz derivada daRedonda) que apresentava tolerância a doenças foliares como bacteriose,antracnose e virose. Produz frutos amarelos, grandes oblongos, afilados noápice e mais arredondados na base. Pesam de 150 a 350 g, rendimento depolpa em torno de 38%, teor de sólidos solúveis de 13 a 14° Brix (Figura 9).

••••• AR-2 - cultivar híbrida obtida do cruzamento do “Redondão” com umaseleção de maracujá-amarelo mais resistente a doenças de raízes e da parteaérea, porém, de frutos pequenos. Essa cultivar produz frutos de 120 a 230g, formato ligeiramente arredondado, rendimento de polpa em torno de38%, teor de sólidos solúveis de 13 a 14º Brix. No Distrito Federal, suaprodutividade com irrigação e no espaçamento de 2,5 x 2,5 m tem ficadoem torno de 32 t/ha/ano se plantada de maio a julho. No segundo ano,essa produtividade vem sendo mantida (Figura 10).

••••• AP-1 - cultivar obtida do cruzamento entre dois tipos de maracujá-amarelode alta produtividade, selecionados em um pomar comercial. Os frutospesam de 100 a 220 g, com teor de sólidos solúveis em torno de 14° Brix,formato alongado. As plantas, assim como os frutos, são susceptíveis adoenças foliares, virose e podridão-de-raízes. No Distrito Federal, comirrigação, pode se obter em torno de 50 t/ha de 1600 plantas, em cultivosde maio a julho (Figura 11).

••••• EC-2-O - cultivar híbrida obtida do cruzamento entre a (Cv. Sul Brasil MaríliaX Roxo australiano) e F1 x GA-2. Produz de 10% a 15% de frutos de cascavermelha ou arroxeada.Os frutos pesam de 120 a 350 g, são arredondados,com teor de sólidos solúveis de 13 a 15° Brix, rendimento de suco em tornode 40%. A maioria das plantas é tolerante a doenças foliares e à virose. Nascondições do DF, vem-se obtendo em torno de 40t/ha no primeiro ano deprodução, se plantado de maio a julho, com irrigação, no espaçamento de2, x 2,5 m (Figura 12).

••••• EC-RAM - cultivar híbrida obtida do cruzamento de Roxo australiano x cultivarSul Brasil Marília (seleção MSC) F1 de casca vermelha x GA-2. Produz de 25%a 30% de frutos de casca vermelha, com 120 a 300 g (Figura 13), formatoalongado em sua maioria, às vezes ovalado, rendimento de polpa de 39% a42%, Teor de sólidos solúveis de 14 a 16° Brix. A maioria das plantas é toleranteà virose, bacteriose e antracnose do fruto. Nas condições do DF, com irrigação,vem-se obtendo, no primeiro ano de produção, de 30 a 50 t/ha no espaçamentode 2,5 x 2,5m em plantios efetuados de junho a agosto.

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Maracujá: germoplasma e melhoramento genético

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Figura 8. Fruto de GA-2 .

Figura 9. Fruto de AR-1.

Figura 10. Fruto AR-2.

Figura 11. Fruto de AP-1.

Foto: Nilton Junqueira

Foto: Nilton Junqueira

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Figura 12. Fruto de EC-2-O.

Figura 13. Frutos vermelhos doEC-RAM.

Todas as sementes utilizadas na produção das mudas destinadas àinstalação das Unidades de Demonstração foram produzidas e fornecidas pelaEmbrapa Cerrados. As mudas destinadas às UDs de Araguari, Dourados,Rondonópolis, Petrolina e Manaus foram produzidas em cada local seguindoas mesmas recomendações de produção de mudas de maracujá elaboradas efornecidas pelo EN de Campinas. Para as UDs de Limeira, Jacupiranga eRolândia, a produção das mudas foi realizada no viveiro de mudas Citro Setinanteriormente licenciado pela Embrapa Transferência de Tecnologia paraprodução comercial das mudas dos híbridos IAC.

Á exceção das UDs de Jacupiranga e Manaus, que foram incluídas emagosto de 2005, as demais Unidades foram implantadas entre dezembro de2004 e fevereiro de 2005.

O desenho adotado para cada UD seguiu o mesmo modelo do trabalhorealizado com o material do IAC, permitindo assim o aproveitamento da estruturajá existente em alguns locais. Nos locais onde não havia a estrutura anterior,foram usadas linhas de 35 m espaçadas a 4 m uma da outra seguindo o modelo

anterior. O espaçamento entre plantas nas linhas também foi o mesmo (5 m).

Foto: Nilton Junqueira

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Todos os locais foram contemplados com as cultivares AR-2, GA-2,

EC-2-O e AP-1. Em Limeira (SP) foram incluídos além desses o EC-RAM e oAR-1 e, em Jacupiranga, estão sendo avaliados apenas o material AR-1, AR-2e EC-RAM. .

Para estabelecimento, condução e avaliação estão sendo seguidas asmesmas recomendações adotadas anteriormente.

Os primeiros resultados das avaliações desse material deverão estardisponíveis no próximo ano quando então já se espera que seja possível odirecionamento das cultivares para as diferentes regiões de avaliação e quepossam ser tomadas decisões quanto a estratégias de lançamento e metas eprodução de sementes comerciais obtidas da realização de plano de

marketing e plano de negócios para as novas cultivares.

ConclusõesConclusõesConclusõesConclusõesConclusõesA utilização de mecanismos e estratégias como Planos de Marketing e

de Negócios, Unidades Demonstrativas, Vitrines Tecnológicas, Dias de Campoe oferta de sementes e mudas de qualidade vem auxiliando na validação etransferência de tecnologias visando à adoção de novas cultivares demaracujazeiro lançadas pelo IAC e pela Embrapa.

Referências BibliográficasReferências BibliográficasReferências BibliográficasReferências BibliográficasReferências Bibliográficas

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Novas variedades: validação e transferência de tecnologia

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