O Bandeirante - n.235 - 062012

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Ano XX - n o 235 - JUNHO de 2012 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP O Bandeirante Jornal Josyanne Rita de Arruda Franco Médica Pediatra Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012 Dentro do coração e da me- mória, residem imagens queri- das: anseios e sonhos de outro- ra, grandes momentos vividos. Quem não fez planos de viagens ao ver bela fotografia de lugares longínquos e aprazíveis, pensan- do conhecer outras paragens, viver novas experiências, sentir outros ares e aromas? Como es- quecer sensações felizes ou mes- mo tristezas recolhidas em olhos fechados e bocas silentes? Tudo tão perto e ainda assim distante, como um filme antigo, um sonho delicado... Lembranças. A maturidade nos ensina a res- gatar paisagens esquecidas, po- rém não aquelas das fotos turísti- cas dos lugares convidativos. São as imagens vividas que assolam em profusão a mente madura, muitas vezes em desfocadas pai- sagens adormecidas pelo tempo. Imagens tão próximas que pare- cem ter vida e respirar o mesmo ar que inalamos agora, que ape- lam para retornar e serem outra vez acarinhadas, na suave espera de um sorriso alentador. Que por vezes dormem nas ruínas, nas pa- redes e soalhos do passado e des- pertam em jardins floridos, poe- mas e canções eternas. Imagens inseridas em nós, tão próximas e palpáveis como um corpo cheio do calor da vida e, ao mesmo tempo, distantes como um sonho inacabado pelo despertar abrup- to com alheio estertor. A geografia do coração per- mite acessar paisagens distantes, mesmo que imersas em geleiras, vulcões ou escombros. Ocorrên- cias que resultam em muralhas desfeitas, catedrais erigidas, la- mento e devoção. Lugares onde a temperatura é tépida e aconche- gante, recôndito de bosques e ma- tas, clareiras e áreas desmatadas, terrenos arenosos, movediços, irregulares, planaltos e planícies, vício e virtude, densidade e vas- tidão. Clima e relevo de ocasião, revés do sonho... realidade. Diz a sabedoria popular que depois da tempestade vem a bo- nança. Memória e coração aco- lhem as estações da vida e as mudanças climáticas que se su- cedem, tal e qual a natureza: o orvalho que salpica as folhas du- rante a madrugada aceita evapo- rar sem dor com o calor do sol. “Assim se passaram dez anos...” fala a antiga canção. Passarão mais dez, vinte ou trinta, quem poderá dizer... Novos aconteci- mentos brindarão a vida, notícias alegres germinarão na felicida- de que um dia será lembrança e alimentará o sorriso, tornando- se gratidão pelos “tempos idos e vividos”... Afinal, recordar não é viver? Desta feita nossas imagens queridas sempre estarão muito próximas da mente e do coração, mesmo em paisagens distantes... Imagens próximas... paisagens distantes

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Ano XX - no 235 - junho de 2012Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP

O Bandeirantejornal

Josyanne Rita de Arruda FrancoMédica PediatraPresidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012

Dentro do coração e da me-mória, residem imagens queri-das: anseios e sonhos de outro-ra, grandes momentos vividos. Quem não fez planos de viagens ao ver bela fotografia de lugares longínquos e aprazíveis, pensan-do conhecer outras paragens, viver novas experiências, sentir outros ares e aromas? Como es-quecer sensações felizes ou mes-mo tristezas recolhidas em olhos fechados e bocas silentes? Tudo tão perto e ainda assim distante, como um filme antigo, um sonho delicado... Lembranças.

A maturidade nos ensina a res-gatar paisagens esquecidas, po-rém não aquelas das fotos turísti-cas dos lugares convidativos. São as imagens vividas que assolam em profusão a mente madura, muitas vezes em desfocadas pai-sagens adormecidas pelo tempo. Imagens tão próximas que pare-cem ter vida e respirar o mesmo ar que inalamos agora, que ape-lam para retornar e serem outra vez acarinhadas, na suave espera de um sorriso alentador. Que por vezes dormem nas ruínas, nas pa-redes e soalhos do passado e des-pertam em jardins floridos, poe-mas e canções eternas. Imagens

inseridas em nós, tão próximas e palpáveis como um corpo cheio do calor da vida e, ao mesmo tempo, distantes como um sonho inacabado pelo despertar abrup-to com alheio estertor.

A geografia do coração per-mite acessar paisagens distantes, mesmo que imersas em geleiras, vulcões ou escombros. Ocorrên-cias que resultam em muralhas desfeitas, catedrais erigidas, la-mento e devoção. Lugares onde a temperatura é tépida e aconche-gante, recôndito de bosques e ma-tas, clareiras e áreas desmatadas, terrenos arenosos, movediços, irregulares, planaltos e planícies, vício e virtude, densidade e vas-tidão. Clima e relevo de ocasião, revés do sonho... realidade.

Diz a sabedoria popular que

depois da tempestade vem a bo-nança. Memória e coração aco-lhem as estações da vida e as mudanças climáticas que se su-cedem, tal e qual a natureza: o orvalho que salpica as folhas du-rante a madrugada aceita evapo-rar sem dor com o calor do sol.

“Assim se passaram dez anos...” fala a antiga canção. Passarão mais dez, vinte ou trinta, quem poderá dizer... Novos aconteci-mentos brindarão a vida, notícias alegres germinarão na felicida-de que um dia será lembrança e alimentará o sorriso, tornando-se gratidão pelos “tempos idos e vividos”... Afinal, recordar não é viver? Desta feita nossas imagens queridas sempre estarão muito próximas da mente e do coração, mesmo em paisagens distantes...

Imagens próximas... paisagens distantes

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2 O BANDEIRANTE - Junho de 2012

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O mundo está sempre apresentando grandes mu-danças e com elas descobertas que felizmente quase sempre trazem benefícios. Buscam-se novas formas, alternativas para que as mudanças aconteçam, visando um mundo melhor. Uma delas foi o ser voluntário. Que oportunidade melhor existe para exercer a ci-dadania e a solidariedade? Todos ganham quando alguém se dispõe a realizar uma diferença na vida de outras pessoas: para aquele que recebe ajuda através de um projeto ou organização social; ou então ganha a sociedade que reconhece no cidadão o seu potencial a ser aproveitado.

E, assim, por que não lembrar o importante papel do voluntário que, espontaneamente doa seu tempo,

talento e trabalho, ao levar momentos de alegria, de alívio ao sofrimento, ou mesmo ensinamentos para melhorar condições de vida?

De acordo com pesquisa realizada pela Rede Brasil Voluntário e Ibope Inteligência, um em cada quatro brasileiros com mais de 16 anos – cerca de 35 milhões de pessoas –, faz ou já realizou algum trabalho voluntário. E o interessante é que a maioria dos voluntários (77%) declarou estar muito satisfeita com o trabalho que realiza.

Em relação à motivação para o exercício do trabalho voluntário, 67% apontam que o realizam para “ser solidário e ajudar os outros”; 32% para “fazer a diferença e melhorar o mundo” e 32% declararam ser por motivações religiosas. E dos voluntários entrevistados, 87% declararam que estão totalmente motivados a continuar exercendo o trabalho voluntário.

O Centro de Voluntariado de São Paulo – CVSP, através de palestras, que po-derão ser agendadas, orienta as pessoas no sentido de que o ser voluntário deve ter uma atitude responsável, que exige comprometimento e que deve principalmente trazer satisfação pessoal. O voluntário sente-se útil, valorizado e reconhecido. Ele vê uma grande oportunidade de exercer a cidadania, de ser solidário e contribuir para uma sociedade mais justa, inclusiva e melhor.

O site www.voluntariado.org.br propicia aos interessados informações de como participar de palestras interessantes e gratuitas e conhecer melhor o trabalho voluntário.

PIZZA DE JUNHO – Maravilhosa, interestadual (Minas Gerais e Paraná), alguns textos um pouco longos, mas ninguém se importou. A noite foi glamo-rosa, elegante, excelente qualidade literária. Que pena que não tenha Pizza Literária pelo Brasil afora. A receita da massa, deixa conosco.

Jornal O Bandeirante ANO XX - no 235 - Junho 2012

Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP. Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Josyanne Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira Galvão. Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-100 – Jundiaí – SP E-mail: [email protected] Tels.: (11) 4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores desta edição: Alcione Alcântara Gonçalves, Hélio José Déstro, Josyanne Rita de Arruda Franco, Ligia Terezinha Pezzuto, Márcia Etelli Coelho, Maria do Céu Coutinho Louzã.

Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.

Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira. Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos: Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli.

Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião

da Sobrames-SP

Maria do Céu Coutinho Louzã

Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. GalvãoRevisão: Ligia Terezinha PezzutoDiagramação: Mateus Marins CardosoImpressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica

Editores de O Bandeirante

Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011

Presidentes da Sobrames – SP

1º. Flerts Nebó (1988-1990)2º. Flerts Nebó (1990-1992)3º. Helio Begliomini (1992-1994)4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)8º. Luiz Giovani (2003-2004)9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)11º. Helio Begliomini (2007-2008)12º. Helio Begliomini (2009-2010)13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)

Antônio Carlos Lima Pompeu – 18/06

Helio José Déstro – 20/06

José Alberto Vieira – 08/06

AniversárioJUNHO: nesta data

querida, nossos parabéns!

O Malho

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O BANDEIRANTE - Junho de 2012 3 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

Márcia Etelli Coelho

Fatos e olhares

No dia 21 de junho, decoração típica e quitutes juninos fizeram os participantes esquecerem um pouco a dieta e se lembrarem dos tempos de criança. Apesar da chuva e do trânsito, a Sobrames São Paulo acolheu confrades de Minas Gerais (José Carlos Serufo e Alitta Guimarães Costa Reis) e do Paraná (Sérgio Pitaki). Este compareceu (em uma visita relâmpago) especialmente para reforçar o convite para o Congresso da Sobrames Nacional a se realizar em Curitiba de 11 a 13 de outubro. Além das sessões literárias tradicionais, esse Congresso promoverá palestras com representantes de todas as regionais. Temas interessantes, uma oportunidade imperdível de confraternização e de troca de experiências. www.sobramescongresso2012.com.br.

Pizza Literária de junho

Feira Nacional do LivroUm sucesso a décima segunda edição da Feira Nacional do

Livro de Ribeirão Preto realizada de 24 de maio a 3 de junho, com lançamento de livros, debates, conferências, salão de ideias, teatro e apresentações musicais. O sobramista Nelson Jacintho, que comanda o Movimento dos Escritores junto à Feira, teve destaque no Café Filosófico. Essa edição escolheu como patrono, Brasil Salomão, e homenageou, entre outros, Graciliano Ramos e Paulo Freire.

Mil poemas para Gonçalves DiasA exemplo da homenagem que o Chile fez para Pablo Neruda, o Brasil abraçou a ideia dessa inusitada Antologia

que pretende reunir textos dedicados a Gonçalves Dias, como se fossem cartas a ele dirigidas, poemas inspirados em suas temáticas ou mesmo pesquisa histórica sobre sua vida. A aceitação dos trabalhos dar-se-á na ordem de recebimento até se completarem os 1.000 (mil) textos. À frente da organização dessa Antologia encontra-se a confreira da Sobrames do Maranhão Dilercy Aragão Adler ([email protected]).

Concurso literário Abrames 2012 – 25 anosAté o dia 30 de agosto de 2012 estarão abertas as inscrições para o Concurso Literário da ABRAMES (Academia

Brasileira de Médicos Escritores) para textos inéditos nas Categorias aldravia, conto, crônica, poesia, trova e ensaio, podendo participar não só acadêmicos como o público em geral. Os prêmios serão conferidos durante as comemorações dos 25 anos de existência da ABRAMES a se realizar em novembro no Rio de Janeiro. O regulamento pode ser obtido no site: www.abrames.com.br

A Sobrames de São Paulo gostaria de se ver com maior representatividade em todos esses eventos. Possuímos talento e estamos aprimorando cada vez mais os nossos textos. Só falta tirá-los da gaveta, inscrevê-los e permitir que eles sigam mundo afora.

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4 O BANDEIRANTE - Junho de 2012 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

Maria de Fátima Barros Calife Batista

Atuação: Médica Psiquiatra e Psicanalista. Cidade de nascimento: Recife. Comida preferida: Frutos do Mar. Esporte: Caminhada e Hidroginástica. Livro de cabeceira atual: História da Filosofia Filme: A Partida (Yojiro Takita) Fim de semana: Praia, descanso e refeição num bom restaurante. Viagem inesquecível: Barcelona, Paris e Lisboa.Sonho: Harmonia e Paz entre os humanos. Intolerância: Violência e injustiça.Características pessoais: Descontração, bom humor e responsabilidade. Projeto futuro: Viajar a lugares bonitos e viver em harmonia com a natureza. Filosofia de vida: Viver o momento com intensidade. Complemento: Valorizar amizades sinceras ajuda a ser feliz!

Perfil 2012 Sobrames-SP

- Carlos Roberto Ferriani assumiu a presidência do Rotary Clube de Ribeirão Preto. - Alcione de Alcântara Gonçalves recebeu indicação da ABEPL (Academia Brasileira

de Estudos e Pesquisas Literárias) para a Medalha do Mérito Acadêmico 2012. Parabéns aos talentosos e ilustres confrades!

Outras notícias

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O BANDEIRANTE - Junho de 2012 5 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

A era das sacolinhas Maria do Céu Coutinho Louzã

Logo cedo vou até o sapateiro buscar os sapatos que deixei para conserto. Ele solícito mostra o serviço feito. Após ter pago, eu rece-bo os meus sapatos dentro de uma sacola de cor muito diferente da que eu havia trazido dias atrás. Espantada vejo que é uma sacola de uma loja da cidade de São Francisco, dos Estados Unidos. Que coisa engraçada! Como tais sacolas, agora duradouras, passeiam pelo mundo. Os tempos mudam e com eles muitos hábitos também.

No momento atual, uma polêmica e uma decisão dos donos de supermercados ou do governo está transformando a vida das donas de casa num verdadeiro reboliço. Uma mudança terrível deixou atônitos os frequentadores de supermercados. As sacolas de plástico estavam com o fim decretado!

Há poucos meses foi resolvido, não sei se, só pelo governo, pelas entidades defensoras da natureza ou pelos donos de supermercados: não mais serão oferecidas as sacolas plásticas, embalagens usadas há muitos anos!

Poluem muito o meio ambiente e não era mais possível serem distribuídas. Uma quantidade exagerada desse material para uso dos clientes dos supermercados estava criando problemas para o planeta terra. Era o que eles alegavam, mas a polêmica não está terminada. Havia algo por trás do que não sabemos muito bem: gastos exagerados com essas embalagens? Dificuldades em destruir o material de que são feitas?

Usadas para embalar verduras, frutas, carnes, enfim todas as compras de supermercado, facilitavam e muito a vida da dona de casa, que depois as utilizavam para vários fins domésticos. De todos os lados houve reclamações. Como deveriam os frequentadores de supermercados embalar e carregar as suas compras? Ao mesmo tempo, a indústria e o comércio muito criativos fizeram surgir embalagens, ditas recicláveis, não poluidoras e que deveriam ser compradas! Isso mesmo adquiridas dos supermercados! Estes imediatamente colocaram à venda sacolas de diferentes materiais, coloridas e atrativas. Ou os clientes poderiam usar, durante algum tempo, as caixas de papelão, sobras de embalagens de mercadorias recebidas pelos ditos supermercados. Estaria sendo um modo de os supermercados se desfazerem delas? Ou então... cada um que resolvesse como deveria carregar as suas compras. Mas sacolinhas plásticas nunca mais! Protestos de todos os lados. Dúvidas pairando pelo ar... Mas ficou assim agendada a data para não mais serem distribuídas as célebres embalagens plásticas, alvo de tanta polêmica. O que aconteceu foi que as pessoas foram obrigadas a munir-se de carrinhos, cestas, sacolas recicláveis – as mais variadas, oferecidas e vendidas nos mesmos supermercados – ou então buscarem outras formas de carregarem as suas compras.

Recentemente, li que em alguns municípios, por uma lei, o prefeito obrigou esses estabelecimentos a darem emba-lagens para as mercadorias compradas. Fosse de que material fosse, as compras deveriam ser embaladas! Mas em São Paulo a população, ainda que protestando, teve que recorrer à solução apresentada: comprar embalagens vendidas nos mesmos supermercados ou utilizar outras adquiridas no comércio. Este deve achar muito interessante tal medida, pois assim surgiu nova maneira de se aumentarem as vendas.

Acho que em breve teremos que sair das lojas, carregando nas mãos um par de sapatos que acabamos de adquirir ou ainda com uma dúzia de copos de vidro na sacola que nos lembramos de levar, pois não serão dadas mais embalagens de tipo algum! Mas se nos lembrarmos que em Paris vemos as pessoas carregando o pão que acabaram de comprar – uma baguete de uns 30 centímetros ou mais – debaixo do braço, sem nenhum invólucro, nada mais nos espantará...

Mas mesmo assim, quando vejo alguém com uma sacolinha de plástico, branca ou colorida, escrita com os nomes das lojas ou supermercados de sua origem começo a relembrar como eram antigamente embaladas as nossas compras.

Eu era criança. Morava no bairro do Paraíso e havia o empório ou melhor a vendinha do seu Manuel – português, é lógico – na esquina de nossa casa. Às vezes minha mãe me mandava comprar algo como um quilo de arroz ou de açúcar. Tudo o que se pesava era vendido a granel. O Sr. Manuel apanhava uma folha de papel de cor acinzentada, talvez o dobro de uma folha de sulfite de hoje, punha na balança, pesava a compra e sobre o balcão, dobrava o papel,

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6 O BANDEIRANTE - Junho de 2012 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

“O milagre da vida”Alcione Alcântara Gonçalves

O mundo surge do nada,E não se entende esse segredo.As estrelas do nosso Universo,Nascem, crescem e morrem,E não se sabe esse segredo.

A existência dos seres humanos,É um fato que não admite controvérsia,Mas, a sua gênese, é um segredo, Que a ciência ainda tropeça,Na busca da explicação que nos interessa.

Tudo na vida é um grande mistério,Que ao ser compreendido, deixa de serUm grande segredo visto e aceito sem medoPelo homem, que não sabe de onde veio,Mas, desvenda os segredos que encontra pelo meio.

com muita prática: enrolava as duas beiradas do papel juntas, compondo um rolinho que fechava o embrulho. Em cima era dada uma dobra mais marcada para proteger o que estava lá dentro. E eu ainda criança, com os olhos na altura do balcão acompanhava o seu trabalho de artista! Ai da gente se não chegasse depressa em casa, pois muitas vezes o pacote se desmanchava e lá se iam o arroz, ou o feijão ou as batatas pelo chão. Era um desastre não levar a sacola de lona ou de crochê que a nossa mãe, toda vez, recomendava para que não nos esquecêssemos.

Ainda me lembro de quantas vezes comprei 100 gramas de balinhas, nesse mesmo empório, que eram embaladas dessa maneira. Saquinhos de papel ou celofane só em bomboniére.

Nas padarias, os pãezinhos eram colocados no meio da folha de papel que depois, dobrada, duas pontas do papel eram torcidas juntas, de cada lado, formando umas orelhinhas bem simpáticas.

Os ovos... ora, os ovos eram colocados em saquinho de papel, intercalados com palha de arroz para não se que-brarem. Proteção que nem sempre funcionava e corria-se o risco de chegar a casa com algum quebrado.

Na quitanda os legumes e verduras (às vezes um pouco úmidas) vinham enrolados em jornal, o que fazia chegarmos muitas vezes com o pacote todo molhado, já meio desmanchado!

Ir à cidade fazer pagamentos ou compras era um passeio formidável. Depois da mercadoria paga, íamos ao bal-cão dos pacotes e o empacotador embrulhava a compra. Usava papel de embrulho rosa, amarelo ou mesmo pardo. Amarrava com barbante e, para cortá-lo, enrolava várias voltas no dedo e com um puxão o arrebentava. E muitas vezes ainda, com as pontas do cordel, fazia uma alça para a gente carregar. Tudo o que se comprava era embrulhado com papel e amarrado com barbante mais fino ou às vezes mais grosseiro.

Tempos mais tarde surgiu então a fita adesiva, transparente, que como muitos outros produtos popularizou-se com o nome do seu fabricante: Durex. Era uma grande invenção; dispensava-se o barbante e com facilidade um pacote era feito, bem fechado e com as dobras do papel bem assentadas. Já era um progresso.

Pacotes bem embrulhados para presente, com fitas, etiquetas, só nas lojas mais finas, sempre no centro da cidade e que geralmente eram entregues em casa. Como iríamos transportar aqueles pacotes no bonde ou ônibus!

A era do nylon, do plástico, do pós-guerra por volta de meados do século XX trouxe muitas novidades. Foi o come-ço da americanização da nossa vida. Surgiram os supermercados e com eles mais tarde os sacos de plásticos, sacolas para carregar os mantimentos, frutas etc. Era uma alegria para as donas de casa, que passaram a usar a criatividade no aproveitamento das sacolas. Ainda não se pensava nos problemas da poluição ambiental.

Aos poucos foram substituindo o papel. Surgiu a preocupação de que o fabrico do papel causava devastação nas florestas. Mas hoje sabemos que grandes firmas plantam matas de eucaliptos, até em sítios ou fazendas, que frequen-temente são arrendados para essa finalidade. Mas enquanto isso nas lojas e nos supermercados – estes no lugar dos pequenos empórios de bairro – foram aparecendo as sacolas plásticas coloridas, impressas com nome e endereço das firmas, notícias de crianças desaparecidas, recomendações de saúde ou mesmo propagandas de produtos.

Hoje, ao receber uma sacolinha internacional, de plástico, penso como a vida mudou. Volta-me à lembrança que no passado nossas mães e avós, quando iam à feira, carregavam as compras em sacolas de lona. E se iam ao empório, quitanda ou açougue levavam sempre sacolinhas feitas de crochê ou de tecido, coloridas, bem criativas. Mas mesmo assim eram felizes e não reclamavam.

Assim, a vida continua neste planeta,Tido como de provas e expiações,Palco de grandes e importantes encenações, Da grande peça teatral, chamada VIDA!Escrita pelo Senhor do Universo, a nós endereçada.

Vida e segredo, um binômio a ser compreendido;O segredo da eternidade, grande busca da humanidade;O segredo da vida, ainda não nos foi revelado,O ser e existir, já são para nós o grande milagre,Milagre da contemplação do outro, da natureza e de DEUS!

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O BANDEIRANTE - Junho de 2012 7 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

Diálogos virtuais

Concerto

Hélio José Déstro

Ligia Terezinha Pezzuto

Mil manhasnas manhãsmágicas.

Matreiros sonhosengrandecem o amanhã.Minha morosa melodiaembala o ninho.

Musical momento.Maestro.Mão.

As essências dos gênios mundiais nos dedos de um maníaco virtual que ficam 20 ou mais horas em frente ao com-putador fazem com que novidades para o bem ou para o mal sejam criadas. Qualquer que seja o ramo da humanidade, pode transformar verdades em meias verdades e inverdades. Tal ação é lançada em twiters que devido à facilidade de outros receptores aquilo se propaga em alta velocidade. É atração porque atinge o visual com sua facilidade de penetração no gênero humano, transformando seus pensamentos em ramos alternados.

O CELULAR com tão pouco de tempo de ser lançado no mercado hoje se faz presente em tudo, por tudo e sobre tudo. Captando músicas em comunicação e fotografias que servem tanto para desvendar como para ocultar infor-mes.

O COMPUTADOR e o celular transformaram-se em armas poderosas para o bem e o mal em mãos de pessoas principalmente os rackers que penetram em intimidades e em fontes financeiras, transferindo para si propriedades. Como são novidades ainda não há leis para intimidar, nem modo eficiente para brecar e com isto está havendo a mu-dança de pertences e os malandros agem impunemente. Jogos, imagens, sons, literatura com poucos toques digitais e quem conhece usufrui de criações ao seu bel-prazer. Músicas já não conseguem ter a venda de tantos CDs porque o meio de pirataria nem bem o produto é lançado já está duplicado, triplicado, multiplicado e entra no mercado porque sem impostos, ideias e criação. O criador é mero instrumento para os malandros de plantão.

A geração antiga que foi criada com métodos arcaicos não tem a facilidade que as crianças de hoje têm de usar o computador que inunda os países, os estados e o mundo em frações de tempo pequeno. Países e suas leis arcaicas não estão preparados para esta inundação de novidades da parte do mal e ficam tateando; assim, a malandragem impera.

O CELULAR em mãos criminosas dos prisioneiros de penitenciárias que os usam para contos do vigário fazem com que pessoas pretendendo ganhos imerecidos depositem valores aos malandros. Contos de variedades e tipos que a pessoa ganhou tal valor e que tenha que depositar um x, em tal conta; assim, perde pensando em ganhar.

Nossos netos já não fazem o que fazíamos e vivem seu tempo de infância em frente aos computadores e com seus celulares não se dedicam em aprender e sim em usar. Faz-se de tiranos desejando tudo o que a mídia impõe com suas propagandas enganosas. Um simples buscar num dedo de uma criança faz de estudos prolongados de geração anterior virem à tela pra resolver perguntas que eram procuradas em livros, livros e dicionários. De pesquisar e de estudos.

Também um enorme perigo é a facilidade de encontrar drogas, que está acabando com gerações e gerações, de-pendentes que estragam famílias.

Jamais o corpo humano esteve tão fácil de ser estudado assim como problemas de alma. Os de meia e máxima idade estão inferiorizados em relação às novas gerações. O que parece ser bom pra eles é um mal para nós.

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8 O BANDEIRANTE - Junho de 2012 SuPLEMEnTo LITERÁRIo

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Quem é? Quem é?(Resposta na edição de julho)

Mulher culta e inteligente,Simples como as coisas belas,

Escreve versos inspiradosNo cotidiano da vida dela.

Amorosa e muito simpática,Grande poeta... Não há quem conteste!

É uma sobramista dedicada,A querida amiga chamada _ _ _ _ _ _ _ _!

Nossas Pizzas Literárias: terceiras 5as feiras do mês, Rua Oscar Freire, 1.597, piso superior da Pizzaria Bonde Paulista, a partir das 19h30.

Nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.comNosso e-mail: [email protected]ços eletrônicos da diretoria: [email protected] (presidente). [email protected] (secretária). [email protected] (tesoureiro).

Próxima Pizza Literária: dia 19 de julho.•Eleições SOBRAMES-SP Biênio 2013-2014: setembro•Congresso SOBRAMES em Curitiba-PR: outubro•Coletânea SOBRAMES-SP (Décima Segunda Fornada): novembro•Posse da nova diretoria SOBRAMES-SP: dezembro •

Lembretes e notas de rodapé

Eventos da Sociedade no calendário 2012

Em O Bandeirante de maio/2012 (no 234), na página 1, considerar o título Paraíso Cibernético. E na página 2 do mesmo informativo, desconsiderar o título Sobrames Paulista nos 40 Anos de Fundação da Sobrames Pernambuco.

Errata