O DIA ALAGOAS - Caderno Especial

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ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA Em Maceió, apenas duas empresas trabalham com a coleta, transporte, tratamento e destinação adequada do lixo produzido pelas unidades de saúde no Estado; defasagem é de 1.700kg por dia Eduardo Leite SÓ A METADE DO LIXO HOSPITALAR É TRATADA Alagoas l 27 de abril a 3 de maio I ano 02 I número 061 l 2014 redação 82 3023.2092 I e-mail [email protected]

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Ecologia - LIXO HOSPITALAR Alagoas l 27 de abril a 3 de maio | 2014. O DIA ALAGOAS é um jornal semanário, no formato berliner, com circulação aos domingos.

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ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA ECOLOGIA

Em Maceió, apenas duas empresas trabalham com a coleta, transporte, tratamento e destinação adequada do lixo produzido pelas unidades de saúde no Estado; defasagem é de 1.700kg por dia

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Leite

SÓ A METADE DO LIXO HOSPITALAR É TRATADA

Alagoas l 27 de abril a 3 de maio I ano 02 I número 061 l 2014 redação 82 3023.2092 I e-mail [email protected]

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“O lixo hospitalar produ-

zido pelas unidades de saúde do Estado não tem, em sua totalidade, o destino correto. Em Maceió, o percentual de coleta, tratamento e destina-ção adequados é de 43%. Ou seja, a maior parte do lixo produzido nas unidades de saúde do Estado se perde no processo de coleta, transporte e, muitas vezes, é misturada ao lixo comum.

Mas a situação referente à coleta de lixo hospitalar em Alagoas pode ser ainda pior. As estimativas do Instituto do Meio Ambiente (IMA) são de que cerca de 70% deste tipo de lixo não recebam o trata-mento adequado.

A informação está base-ada na quantidade de denún-cias que o IMA recebe todos os dias dando conta da exis-tência de material de hospi-tais, do número de empresas que trabalham com este mate-rial no Estado. Além disso, os números sobre o lixo hospita-lar em Maceió servem de base para os cálculos do órgão.

NO MESMO SACOQuando o lixo hospitalar é

misturado ao lixo doméstico e levado para o aterro sanitá-rio por um caminhão-coletor, esse material é compactado e vai para as células como se fosse lixo comum. Isso é uma agressão ao meio ambiente e um sério risco às pessoas. O controle só é faci-litado quando o lixo coletado pela empresa é levado para o aterro sanitário e fiscali-zado. Além de produzir lixo

hospitalar, as unidades de saúde também produzem lixo comum e, muitas vezes, os funcionários responsáveis por esse serviço misturam as duas matérias.

Em Maceió, a média de produção do lixo doméstico é de 400 toneladas/dia. Como a proporção de resíduos de saúde gira entre 1% e 1,5%, a produção de lixo hospitalar em Maceió varia entre 4 e 6 toneladas.

O problema se agrava porque, em Alagoas [ou seja, no Estado inteiro] há apenas duas empresas que traba-lham com a coleta, transporte, tratamento e destinação final do lixo hospitalar. Isso implica em dizer que muitas seringas, bolsas de sangue, material cirúrgico como bisturi, por exemplo, são camuflados no meio do lixo doméstico. D.F. / P.B

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Destinação correta envolve a autoclavação ou incineraçãoDeraldo FranciscoPedro BarrosRepórteres

Dentre os enormes desafios que se apresentam para a administra-ção pública, um dos que exigem

maior atenção é o adequado tratamento que deve ser dado ao volume cada vez maior do lixo produ-zido pela sociedade contemporânea. E se o lixo em questão for de origem hospitalar, os cuidados requeridos são ainda maiores, uma vez que qual-quer cidadão pode mensurar os perigos para a saúde que este tipo de resíduo oferece. Acondicio-nar, transportar e dar ao lixo hospitalar um destino que não comprometa o meio ambiente e a saúde

pública exige, além de uma gestão própria para o tema, tecnologia que impacte o meio ambiente em menor escala possível.

Uma das opções é incinerar os resíduos, muito embora, segundo especialistas, esse processo possa liberar gases do efeito estufa. Como exemplo desses resíduos, são recolhidos por empresas especiali-zadas seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, catéteres e outros materiais descartáveis. As cinzas resultantes da incineração também requerem cuida-dos especiais e, assim, devem ser levadas para ater-ros sanitários.

Uma medida mais segura é a utilização do auto-clave. Neste equipamento, os resíduos de hospitais e clinicas são submetidos a alta pressão e temperatura e, dessa forma, tem-se a garantia de que os micro-

organismos serão eliminados e o lixo, livre do fator contaminante, pode ser levado para aterros sani-tários. Pelo menos, esse é o caminho adotado por alguns países e também pelas principais cidades do Brasil. Estimativas apontam que cerca de 200 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são produ-zidas por dia no país. Desse total, considera-se que entre 1% e 1,5% são originadas pelas unidades de saúde. Assim, chega-se, por estimativa, ao número de 2 mil toneladas por dia de lixo hospitalar. Deve-se levar em conta que esses dados não estão atualiza-dos. No entanto, eles servem como balizadores para a enorme produção dos rejeitos hospitalares no Brasil e obviamente dimensionam, também, o grande desa-fio para a gestão desses produtos. E nesse contexto, como será que Alagoas se insere?

Só 43% têm destinação correta em AL

Em Maceió, maior parte do lixo hospitalar

se perde no caminho

“Está tudo sob controle”, garante superintendente

O poder público não tem o levantamento e os poucos números existentes se referem à coleta de informações junto às empresas que atuam no ramo. A legislação para reco-lhimento, acondicionamento, transporte, tratamento e poste-rior destinação final do lixo hospitalar é bastante rigorosa. Além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ainda há os órgãos públicos estaduais e municipais. Em Maceió, o supe-rintendente de Limpeza Urbana de Maceió,Gustavo Novaes, garante que a situação está sob controle.

Ele afirma que as grandes unidades de saúde públicas, particulares e filantrópicas têm seus respectivos Planos de

Gerenciamento de Resíduos de

Saúde (PGRS).No entanto, o controle

do municí-pio sobre c l í n i c a s m é d i c a s e odonto-l ó g i c a s , geradores d e l i x o hospi ta-lar, parece falho. O r e f l e x o disso são os constan-tes sacos de

lixo comum que chegam

ao aterro sanitá-rio contendo lixo

hospitalar. D.F. / P.B

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Empresa fornece bombonas com saco plástico especial para hospitais e clínicas médicas acondicionarem os descartes

Na Serquip, lixo hospitalar é incinerado a mais de 1.000ºC; cinzas são enviadas para aterro sanitário em Pernambuco

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Sempma e Slum apertam o cerco contra hospitais e clínicasEsse tipo de trabalho é

cobrado ao gerador do lixo, no caso, as unidades de saúde. Cabe ao poder público a fisca-lização da operação.

Conforme o secretário municipal de Proteção ao Meio Ambiente, Raphael Wong, as fiscalizações ocorrem por denúncia ou ações pontuais.

A última “ação pontual” acon-teceu em janeiro deste ano. A penúltima foi em março de 2013. Ou seja, quase um ano depois.

Gustavo Novaes, da Slum, disse que, nestas duas investi-das, alguns geradores de lixo hospitalar foram autuados. “Na sequência, constatamos

que houve adequação à legisla-ção e que as unidades de saúde estão dando o destino correto ao lixo hospitalar”, disse o superintendente. D.F. / P.B

Empresas recolhem e tratam lixo hospitalarEm Alagoas, há apenas

duas empresas que trabalham com o transporte, coleta, trata-mento e destinação do lixo. Uma delas é a Serquip Trata-mento de Resíduos. A movi-mentação diária da empresa é de 3.000kg de lixo hospitalar.

Esse material é incinerado em câmaras com temperatu-ras que passam dos 1.200°C e as cinzas são levadas, como carga perigosa, para o aterro sanitário de Igarassu, na região metropolitana do Recife. O aterro sanitário de Maceió ainda não recebe esse tipo de material altamente tóxico. A empresa é responsá-vel pelo recolhimento do lixo em grandes hospitais e postos de saúde em Maceió.

A Serquip tem licença ambiental da Sempma e do IMA para funcionar. Além disso, também tem todos os laudos técnicos de avaliação dos serviços prestados aos seus clientes na coleta e inci-neração do lixo hospitalar.

AUTOCLAVAÇÃOOutra empresa que traba-

lha com a coleta de lixo hospi-talar em Alagoas é a AMSCO Ambiental e Serviços Ltda Coleta, Transporte e Trata-mento de Resíduos. Por enquanto, a AMSCO confi-gura como uma pequena

empresa neste ramo. Ela trabalha com poucos clientes e, conforme seus diretores, recolhe cerca de 3.000kg por semana de lixo hospitalar. A empresa ainda não trabalha com a incineração desses resí-duos. A atividade se resume, por enquanto, à autoclavação do lixo hospitalar. O mate-rial infectante é esterilizado a ponto de se tornar um lixo do Grupo A e, desta forma, pode ser compactado e depositado numa célula especial do aterro sanitário. O lixo hospitalar se torna inerte e, assim, é tritu-rado e levado para o aterro.

Mas a AMSCO está impe-dida de levar este tipo de material para o aterro sani-tário de Maceió. O gerente--geral da empresa, Cícero Alves Cordeiro não explicou à reportagem os motivos da proibição. “Posso dizer apenas que, em março do ano passado, recebi a informação de que não poderia mais levar o material da empresa para o aterro sanitário de Maceió. Por isso, estou enviando o lixo autoclavado e triturado para o aterro sanitário de Igarassu, em Pernambuco”, disse o gerente. A reporta-gem procurou a Slum para questionar este assunto, mas ninguém quis se pronunciar. D.F. / P.B

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Anvisa determina regras para separação e acondicionamentoPara disciplinar todo o

processo de recolhimento de lixo hospitalar, a Anvisa editou a Norma 307. O regu-lamento, que data de 24 de dezembro de 2004, obriga os responsáveis pela gestão desses rejeitos a obedecer algumas regras específi-cas no tocante à separação

e acondicionamento. De acordo com a norma, todo o mater ia l or iundo das unidades hospitalares e definido como lixo hospi-talar deve ser classificado e colocado em embalagens diferentes. São embalagens que especificam o destino de cada tipo de material a

ser descartado. Durante o processo de

separação, os resíduos são divididos em cinco grupos, passando pelos re je i tos b i o l ó g i c o s e q u í m i c o s até os perfurocortantes. Todo esse processo deve ser realizado por pessoal treinado, principalmente

quando se tratar dos resí-duos classificados como perigosos.

Vale ressal tar que as recomendações se rvem tanto para o momento da separação como também do descarte desses resíduos. O correto rigor operacional durante todo esse processo

vai garantir economia de recursos e tempo, a lém de gerar menor impacto ambiental. Observando o grau de contaminação os diversos tipos de resíduos hospitalares, eles podem ser classificados de acordo com os grupos aba ixos relacionados:

Lixo hospitalar acondicionado em sacos especiais pronto para ser levado para o incinerador, na empresa Serquip; este é o caminho correto para o material infectante produzido nas unidades de saúde

Grupo ANeste grupo estão classificados os resíduos hospitalares que

possuem algum nível de concentração biológica e com poten-cial infeccioso. Dentro desta classificação, destacam-se sangue, hemoderivados, secreções, líquidos orgânicos dentre outros.

SUBDIVISÕESA1: Culturas e estoques de microrganismo, descarte de

vacinas, sobras de amostras de laboratórios, além do descarte de sacos brancos leitosos, entre outros.

A2: Carcaças, peças anatômicas e resíduos provenientes de processos experimentais, entre outros.

A3: Resíduos que necessitam de tratamento diferenciado, como peças anatômicas, produto de fecundação sem sinais vitais etc.

A4: Resíduos que não necessitam de tratamento; filtro de ar, gases aspiradores, entre outros.

Grupo B Classificação de resíduos químicos

SUBDIVISÕESB1: Resíduos quimioterápicos e produtos por ele contami-

nados.B2: Resíduos químicos perigosos, inflamáveis ou explosi-

vos etc.B3: Resíduos e produtos farmacêuticos, medicamentos

vencidos ou contaminados.

Grupo CQualquer material resultante de atividades humana é

enquadrado neste grupo.

Grupo DResíduos que não apresentam riscos biológicos, suas carac-

terísticas são similares a resíduos domiciliares.

Grupo EMateriais perfurocortantes, objetos e instrumentos

contendo cantos, bordas, pontas etc.

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Leite