O PENSAMENTO SISTÊMICO COMO MÉTODO PARA … · O método sistêmico é ... O processo do CPFR é...
Transcript of O PENSAMENTO SISTÊMICO COMO MÉTODO PARA … · O método sistêmico é ... O processo do CPFR é...
O PENSAMENTO SISTÊMICO COMO
MÉTODO PARA CONSTRUÇÃO DO
PLANEJAMENTO COLABORATIVO DA
DEMANDA
Christopher Rosa Pohlmann (Unisinos)
Cleber Giovani Migotto Pereira (Unisinos)
Ricardo Augusto Cassel (Unisinos)
A abertura dos mercados impulsionada pela globalização apresentou
novos desafios às organizações tradicionalmente fiéis à mesma cadeia
de suprimentos. O aumento da concorrência e a racionalização dos
custos afetaram diretamente a gestão dass cadeias de suprimentos.
Diante destes acontecimentos, as organizações começaram a notar a
importância da assertividade da previsão de vendas ao longo de uma
cadeia, o que estava ocasionando o não atendimento da demanda, a
demanda atendida com atraso e/ou o excesso de estoques. Assim, surge
o CPFR uma proposta de planejamento colaborativo da demanda que
disponibiliza o compartilhamento de informações ao longo da cadeia
de modo a garantir uma melhor previsão como um todo. Porém, a
concretização de como aplicar este planejamento difere em cada
ambiente organizacional, que possui suas peculiaridades e forma de
estruturação e solução de problemas ao longo da cadeia. Desta forma,
o artigo propõe uma discussão teórica do uso do pensamento sistêmico
como método para a construção do planejamento colaborativo da
demanda.
Palavras-chaves: CPFR, planejamento colaborativo, demanda,
pensamento sistêmico
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
2
1.1
2. Introdução
O ritmo crescente de competição em todo o mundo, causado pelos processos de abertura
comercial, desregulamentação, e aumento do comércio internacional, tem levado a reverem a
suas antigas práticas de relacionamento dentro das cadeias de suprimentos (AROZO, 2000).
Tradicionalmente o padrão de relacionamento entre clientes e fornecedores nas cadeias de
suprimentos caracteriza-se por um comportamento individualista, e muitas vezes conflituoso,
onde cada empresa foca a atenção nas suas próprias atividades, planejando e executando suas
operações de forma isolada e não cooperativa.
Porém, diante deste novo cenário, as empresas têm buscado cortar custos, aumentar a
eficiência e obter vantagem competitiva sendo levadas a se relacionar com outros integrantes
de sua cadeia de suprimentos de forma diferente, buscando oportunidades de sinergia dentro
da cadeia.
De acordo com Neto (2005, p. 37), a logística colaborativa inverte a forma como as
encomendas são gerenciadas: na abordagem clássica 20% das encomendas são planejadas e
80% são tratadas de forma reativa, sempre na urgência. Já na abordagem colaborativa 80%
das encomendas são planejadas reduzindo consideravelmente a margem de reatividade ou
improviso.
Assim, surge o CPFR (Collaborative Planning Forecasting and Replenishment) para a
estruturação e solução deste problema, propondo obter, através de um planejamento
colaborativo, uma maior precisão nas previsões de vendas e nos planos de ressuprimento
(AROZO, 2000).
PIDD (1998) apresenta duas abordagens distintas de métodos de estruturação e solução de
problemas: a abordagem hard, a qual procura a resolução de problemas através de uma
maneira sistematizada/analítica, e a abordagem soft, a qual procura enriquecer a compreensão
de uma determinada situação sem se preocupar diretamente com a resolução de um suposto
problema.
A década de 90 é marcada por um “conflito escolástico” entre os defensores hard e soft, como
sendo abordagens excludentes. E, representa as abordagens nos seguintes modelos mentais:
Modelo mental do hard em relação ao soft: “Eles (soft) falam, falam, falam, mas no final do
dia, do que adianta tentar entender o problema se o mesmo não for resolvido?”; Modelo
mental do soft em relação ao hard: “Eles (hard) calculam, calculam, mas não conseguem
entender que o entendimento da situação é mais importante que uma eventual resolução”
(ANDRADE et al., 2006).
O pensamento sistêmico nasce da necessidade de resolver este conflito, como alternativa de
abordagem soft, mas também não excluindo o modelo mental hard, levando em conta que em
certo momento de seus passos metodológicos pressupõe o uso da simulação computacional,
tradicionalmente uma abordagem hard.
De acordo com Fleury (1999) apud Neto (2005, p. 18), a Gesta da Cadeia de Suprimentos
(SCM – Suplly Chain Management) é uma abordagem sistêmica de razoável complexidade
que implica em alta integração entre os participantes, exigindo a consideração simultânea de
diversos trade-offs. A Gesta da Cadeia de Suprimentos vai além das fronteiras organizacionais
e considera tantos os trade-offs internos quanto os interorganizacionais.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
3
Helms et al. (2007) destaca que não há um método passo-a-passo para a realização da
previsão colaborativa. O processo de planejamento colaborativo da demanda é desenvolvido
para reunir necessidades especificas para cada ambiente de negócios. O que o processo do
CPFR orienta são alguns pontos chaves a serem seguidos.
Neste sentido o modelo mental da abordagem soft, através do pensamento sistêmico, pode
contribuir para compreendermos o problema do planejamento colaborativo da demanda,
diante do fato que necessitamos enriquecer a compreensão das diversas inter-relações
existentes entre os diversos participantes de uma cadeia de suprimentos.
Por fim, o presente artigo pretende realizar uma discussão teórica do uso do pensamento
sistêmico como método para construção do planejamento colaborativo da demanda.
3. O pensamento sistêmico
Conforme Kasper apud Andrade et al. (2006), o pensamento sistêmico tem por objetivo lidar
com fenômenos e situações que requerem explicação baseada na inter-relação de múltiplas
forças ou fatores.
No século XX o pensamento predominante era o mecanicista, o qual caracterizava por
razoável grau de estruturação dos problemas, estabilidade do ambiente, baixo grau de
complexidade dinâmica e baixo grau de influência das percepções de diferentes atores a partir
de distintos interesses.
Assim, surgia o pensamento sistêmico, na necessidade de acompanhar o crescente processo de
aprendizagem organizacional como um ser vivo, em constante mutação, com diferentes
comportamentos e percepções da realidade. A partir de então, surge a necessidade de
aplicação do pensamento sistêmico, através do método sistêmico.
O método sistêmico é apresentado na Figura 1 através de um esquema que faz a junção entre
os níveis de percepção da realidade e os passos que serão detalhados mais adiante. Os níveis
de percepção são representados pela metáfora do iceberg, onde numa visão superficial só
percebe-se a ponta do iceberg (os eventos) da realidade e à medida que evoluímos na
percepção da realidade, aprofunda-se nos níveis desta realidade até os níveis mais essenciais.
Figura 1 – Esquema do método sistêmico
Fonte: Adaptada de Andrade et al. (2006)
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
4
A seguir, segue uma síntese dos passos de como procedermos a aplicação do método
sistêmico (ANDRADE et. al., 2006):
1) Definir uma situação complexa de interesse: O objetivo nesta etapa é verbalizar
claramente o problema de interesse;
2) Apresentar a história por meio de eventos: como se pode observar na Figura 1 aqui o
objetivo é explorar o primeiro nível do pensamento sistêmico, visando assinalar eventos
relevantes relacionados com a situação ao longo do horizonte de tempo;
3) Identificar as variáveis-chave: montada a lista de eventos, pode-se elencar
fatores/variáveis chaves para a compreensão do problema;
4) Traçar os padrões de comportamento: através da análise de gráficos e identificando
tendências das variáveis será possível encontrarmos padrões de comportamento;
5) Desenhar o mapa sistêmico: nesta etapa já podem ser realizados os primeiros ensaios da
estrutura sistêmica;
6) Identificar modelos mentais: Levantar crenças ou pressupostos que os atores envolvidos
na situação mantêm em suas mentes e que influenciam seus comportamentos, gerando
estruturas no mundo real;
7) Realizar cenários: conforme mostrado na Figura 1, cenários tratam de visualizar futuros
possíveis, em contraponto aos passos anteriores que buscavam reconhecer uma situação,
seja seu contexto histórico ou seu estado presente. Portanto, cenários tratam de desafiar
modelos mentais preconcebidos sobre o futuro e compreender seus desdobramentos;
8) Modelar em computador: permite um local seguro para realização de “experimentações”
utilizando análise de futuros possíveis baseado em cenários e modelos mentais. Esta etapa
não será contemplada neste estudo de caso;
9) Direcionadores estratégicos: envolvem o planejamento estratégico do planejamento de
ações para atingir o alvo desejado. Para tanto será necessário reprojetar o sistema
identificando pontos de alavancagem considerando as conseqüências sistêmicas dessas
alterações.
4. CPFR – Planejamento Colaborativo da Demanda
Collaborative Planning Forecasting and Replenishment – CPFR (Previsão, Planejamento e
Reabastecimento Colaborativos) é um sistema colaborativo que permite elaborar previsões de
vendas, o planejamento da produção e da distribuição de forma a otimizar o equilíbrio entre o
melhor custo e a melhor taxa de serviço (NETO, 2005, p. 37).
O CPFR pode ser definido como um conjunto de normas e procedimentos amparado pelo The
Voluntary Interindustry Commerce Standarts (VICS), um comitê fundado em 1986 e formado
por representantes de diversas empresas, com o objetivo de aumentar a eficiência das Cadeias
de Suprimentos, particularmente no setor de varejo, através do estabelecimento de padrões
que facilitem os fluxos físico e de informações (AROZO, 2000).
Alguns motivadores para a implantação de programas de planejamento colaborativo da
demanda: melhoria no julgamento e tomada de decisão, ou seja, na interpretação das
informações de mercado; troca de informações e cooperação entre áreas funcionais da
empresa; diminuição do efeito “chicote” ou bullwhip; previsão de demanda difere para SKUs
distintos e de acordo com seu ciclo de vida. Podem-se destacar como principais objetivos ou
benefícios do planejamento colaborativo da demanda o aumento da assertividade do
planejamento da demanda, a redução de custos operacionais e de estoque e a melhoria nos
níveis de serviço.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
5
O modelo CPFR é uma iniciativa que facilita a reengenharia de reabastecimento entre
parceiros comerciais, a precisão/exatidão da previsão (demanda, pedidos e vendas) entre
cliente e fornecedor participando da previsão e melhora no desempenho da cadeia de
suprimentos através da colaboração entre: Planejamento da demanda; Sincronização da
programação da produção; Planejamento logístico; e, Desenvolvimento de novos produtos
(ATTARAN, 2007).
De acordo com Vics (2004), o CPFR disponibiliza um modelo para a colaboração da cadeia
de suprimentos em quatro estágios:
1) Planejamento e Estratégia: neste estágio a relação entre compradores e vendedores é
planejada e atualizada. É orientado por um acordo colaborativo e por um plano de negócio
conjunto;
2) Administração da Demanda e do Suprimento: neste momento a previsão de vendas/ordens
de ressuprimento é criada, exceções ou discrepâncias são identificadas e resolvidas. O
processo do CPFR melhora a assertividade das previsões, pois conta com o trabalho
conjunto de clientes e fornecedores na construção das previsões, alinhando comprador e
vendedor já que seus objetivos são compartilhados;
3) Execução: O pedido é gerado, despachado e entregue, os produtos são recebidos e
estocados na prateleira do varejista, as transações de vendas são registradas e o pagamento
consolidado;
4) Análise: neste estágio são realizadas atividades de planejamento para tratar exceções. Se
ocorrerem discrepâncias os parceiros comerciais podem conjuntamente compartilhar
experiências e resolver a situação.
Estes estágios estão organizados em seqüência, porém em muitos casos muitas organizações
estão envolvidas nestes estágios ao mesmo tempo (NETO, 2005).
4.1 O processo do CPFR
O processo do CPFR é dividido em nove passos descritos a seguir:
1) Desenvolver um acordo colaborativo: consiste na elaboração de um acordo no qual as
empresas parceiras estabelecem as normas e regras para a relação de colaboração, a
expectativa de cada parte e as ações e recursos necessários para o sucesso;
2) Criação de um plano de negócios conjunto: descreve as categorias de produtos que estarão
inseridos no processo colaborativo, objetivos traçados, estratégias e táticas do plano
(estratégias de cada categoria, calendário promocional, etc.), bem como, os parâmetros de
gerenciamento: pedidos mínimos ou múltiplos, lead times, intervalo entre pedidos, etc. A
cada quatro ou seis meses este plano é reavaliado o qual norteará o planejamento e o
controle das atividades do dia-a-dia;
3) Criação das previsões de venda: consiste no desenvolvimento das previsões de vendas
individuais de cada empresa. A vantagem no processo CPFR é que os elos dispõem das
informações para realização das previsões. O fabricante utiliza informações dos PDVs do
varejista, bem como seu calendário de promoções, assim como o varejista leva em
consideração as atividades de marketing do fabricante. Estas previsões individuais são
importantes, pois cada elo a realiza com diferentes perspectivas. Por exemplo, o varejista
realiza sua previsão para a venda de produtos em cada ponto de venda (loja), enquanto o
fabricante/distribuidor a realiza analisando as vendas totais do varejo, em geral com base
em relatórios de consultorias de análise do mercado varejista;
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
6
4) Identificação das exceções para as previsões de venda: nesta etapa é realizada uma
comparação entre as previsões realizadas pelo varejista e pelo fabricante/distribuidor. O
objetivo é identificar grandes variações entre as previsões que possam vir a afetar o
planejamento de ressuprimento;
5) Análise colaborativa das exceções identificadas: neste ponto os elos envolvidos nas
previsões procuram compreender as razões pelas quais as exceções ocorreram, procurando
ao mesmo tempo chegar a um consenso acerca do valor previsto. Através da identificação
de eventos, como mudanças realizadas por algum dos elos e não comunicados a cadeia,
promoção não prevista, expectativas diferenciadas entre os elos com relação a alguns
fatores, etc. Uma vez analisado e chegado a um consenso, são realizados os ajustes e
incorporadas as mudanças às próximas previsões;
6) Criação de uma previsão das ordens de ressuprimento: consiste na elaboração de uma
previsão tendo como base o plano de previsões de vendas. O CPFR passa a tratar do
planejamento do ressuprimento do varejista em função de uma previsão de vendas comum
Esta previsão das ordens leva em consideração não apenas a previsão de vendas, mas
também outros fatores já pré-determinados como políticas de estoque, freqüência de
pedidos e lead times de ressuprimento;
7) Identificação das exceções para as previsões de ordens: semelhante à etapa quatro, porém
estas exceções estão relacionadas às restrições oriundas do fabricante/distribuidor no que
diz respeito à capacidade de atendimento das ordens previstas. Esta capacidade pode estar
relacionada à capacidade de produção, antecedência necessária para o planejamento da
produção, obtenção de insumos entre outros fatores. Aqui também é importante a
definição clara dos parâmetros para identificação das exceções conforme o plano de
negócio;
8) Análise colaborativa das exceções identificadas: nesta etapa a exceções identificadas são
analisadas e negociadas conjuntamente de modo que o fornecedor tenha capacidade de
atender a previsão de ordens. Esta negociação pode envolver o adiamento de alguma
atividade promocional visando auxiliar o fornecedor no atendimento desta demanda
repentina, bem como, afetará as previsões de venda anteriormente traçadas. Assim, o
processo de previsão deve ser reiniciado, levando em consideração estas mudanças;
9) Geração dos pedidos: nesta etapa é feita a transformação de ordens previstas em pedidos.
Este processo pode ser automatizado, determinando que após certo período de tempo - que
inclui reavaliações do pedido – a ordem prevista passa a ser um pedido.
4.2 CPFR Desafios
O CPFR não é apenas uma metodologia a ser empregada, mas sim uma mudança de cultura
interorganizacional, pois envolve várias empresas (elos da cadeia), em busca de uma
colaboração conjunta. Assim, cabe destacar alguns fatores que motivam esta necessidade de
colaboração, bem como, os desafios a serem enfrentados.
Entre os fatores que promovem o desejo entre fornecedores e compradores pela colaboração
através do CPFR podemos destacar: Planejamento da demanda, Sincronização da
programação da produção, Planejamento Logístico, Desenvolvimento de novos produtos e
Inovação na Gestão.
Outro questionamento quanto ao emprego do CPFR: Qualquer companhia tem condições de
colaborar usando CPFR? A resposta é Sim, mas levando em consideração que será mais
eficaz onde o ambiente da cadeia apresentar: Variação na demanda, compra ou venda de
produtos periodicamente e Tratamento altamente diferenciado por produtos de marca.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
7
Outro ponto é como as empresas devem colaborar conjuntamente, por onde começar a
construção deste planejamento? O que podemos perceber é que a adoção do modelo de
processo do CPFR é uma orientação a ser seguida, mas que é fundamental cada cadeia
envolvida moldar sua forma de colaboração e estruturação de como colaborar conjuntamente.
5. A construção do planejamento colaborativo da demanda
O gerenciamento de uma cadeia de suprimento é uma abordagem sistêmica de razoável
complexidade que implica em alta integração entre os participantes, exigindo a consideração
simultânea de diversos enfoques. Sendo assim, a construção do planejamento colaborativo da
demanda numa cadeia de suprimentos exige dos diversos elos da cadeia uma compreensão
profunda das diversas relações.
Diante deste contexto pretende-se através dos nove passos de aplicação do método sistêmico,
esquematizados na Figura 1, propor um método de trabalho de como conduzir a
implementação do processo do CPFR, conforme esquematizado no Quadro 1.
Processo do CPFR Níveis da realidade
1. Desenvolver um acordo colaborativo Eventos
2. Criação de um plano de negócios conjunto Eventos
3. Criação das previsões de venda Eventos
4. Identificação das exceções para as previsões de venda Padrões de comportamento
5. Análise colaborativa das exceções identificadas Estrutura sistêmica e Modelos Mentais
6. Criação de uma previsão das ordens de ressuprimento Eventos
7. Identificação das exceções para as previsões de ordens Padrões de comportamento
8. Análise colaborativa das exceções identificadas Estrutura sistêmica e Modelos Mentais
9. Geração dos pedidos
Quadro 1 – Processo CPFR x Níveis da realidade do pensamento sistêmico
Como ponto de partida, a idéia é formar um grupo para construção da visão sistêmica com o
viés no planejamento colaborativo da demanda (CPFR). Para tanto o grupo deve ser formado
por:
Orientador: será o motivador das atividades. É interessante que tenha bom conhecimento
do pensamento sistêmico;
Relator: integrante exclusivo para registro das informações discutidas em cada encontro.
Como sugestão, este registro pode ser de forma sistêmica, através de esquemas, mapa
conceitual, desenhos sistêmicos, que devem ser fixados em lugar de acesso comum ao
grupo;
Participantes: os participantes são os principais construtores do conhecimento e
colaboração. Deve ser formado por integrantes dos elos da cadeia envolvidos com o
processo de cadeia de suprimentos e com conhecimento tático/estratégico do seu
respectivo elo.
A proposta de trabalho é reunir este grupo através de encontros presenciais para trocar idéias
sobre a visão sistêmica do planejamento colaborativo da demanda.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
8
5.1 1º Encontro: A situação de interesse
O primeiro encontro tem como objetivo apresentar os conceitos iniciais de método do
pensamento sistêmico, apresentação para o grupo da proposta de método de trabalho e a
construção do tema em estudo.
Assim, é apresentado ao grupo a metáfora do iceberg conforme descrito na seção 3 (O
pensamento sistêmico) e os diversos formas de percepção da realidade. Também é
apresentada a Figura 1 e os passos para a aplicação do método sistêmico.
Como tarefa inicial o grupo deve ser instigado a desenvolver os seguintes tópicos: formular
uma frase sintetizando o foco de trabalho no que tange ao planejamento colaborativo da
demanda; definir o horizonte de tempo; formular três questões norteadoras (perguntas que
uma vez respondidas mediriam a efetividade do trabalho). Neste momento o grupo pode ser
subdividido em pequenos grupos de trabalho para desenvolver a dinâmica sugerida.
Entre as questões norteadoras, surgirá uma lista de indagações que devem ser sintetizadas
numa lista para posterior análise pelo grupo.
No levantamento das questões norteadoras podem ser levadas em consideração as seguintes
etapas do processo de implementação do CPFR:
Etapa 1 - Desenvolver um acordo colaborativo;
Etapa 2 - Criação de um plano de negócios conjunto;
Etapa 3 - Criação das previsões de venda;
Etapa 6 - Criação de uma previsão das ordens de ressuprimento;
Etapa 9 - Geração dos pedidos.
O resultado da tarefa proposta para o primeiro encontro pode ser sintetizado como
apresentado no Quadro 2.
Frase sintetizando
o foco de trabalho:
Por exemplo, Compreender as principais inter-relações do estágio atual de colaboração
na cadeia de suprimento
Horizonte de tempo: Período de tempo que será utilizado para análise de eventos/variáveis, podem ser
meses, anos, etc. No caso do foco de estudo seria interessante analisarmos o período da
cadeia onde seja possível o levantamento de informações relevantes para a
compreensão do funcionamento da cadeia.
Três questões
norteadoras:
Sugere-se sintetizar em três questões as diversas indagações levantadas pelo grupo.
Quadro 2 – Tarefa do 1º encontro
Após a realização da primeira tarefa a sinergia entre o grupo em torno do tema começa a dar
os primeiros passos, visto que no início da apresentação do tema ainda não estavam
verbalizados os objetivos a serem alcançados de como proceder para construção do
planejamento colaborativo da demanda.
5.2 2º Encontro: A história através de eventos e variáveis
A partir da definição do foco e das questões norteadoras cada grupo será orientado a localizar
dez eventos que contem cronologicamente a história do CPFR, levando em consideração o
conhecimento e a experiência no assunto e procurando identificar cada evento.
Os eventos e variáveis levantados no horizonte de tempo definido, podem ser registrados
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
9
conforme o Quadro 3.
Ano Eventos Variáveis
aaaa Falta de estoque no fabricante Níveis de estoque nos elos
aaaa Não atendimento da demanda Demanda no varejo
mm Demanda atendida com atraso Lead time
aaaa Excesso de estoques Níveis de estoque nos elos
Quadro 3 – Eventos e Variáveis
Como tarefa para o próximo encontro o grupo terá que levantar os dados no horizonte de
tempo das variáveis citadas acima, bem como, de outras variáveis relevantes aos eventos
listados e enviá-las ao orientador do trabalho para serem tratados e analisados.
5.3 3º Encontro: Padrões de Comportamento
Com base nos eventos levantados no encontro anterior será possível identificar variáveis-
chave iniciais para a compreensão do problema.
Como apoio para esta etapa do pensamento sistêmico o processo do CPFR possui duas etapas,
a etapa 4 - Identificação das exceções para as previsões de venda e a etapa 7 - Identificação
das exceções para as previsões de ordens, as quais podem contribuir para a identificação de
padrões de comportamento focando apenas nos pontos chave do planejamento colaborativo
planejado.
O levantamento dos dados proposto na tarefa anterior costuma ser trabalhoso, visto que
algumas variáveis serão facilmente encontradas e outras, quando encontradas, não
apresentarão o horizonte de tempo pretendido. Desta forma, alguns dos dados não estarão
disponíveis como o grupo planeja e costuma-se utilizar percepções qualitativas para
identificar alguns padrões de comportamento amparado pela análise dos gráficos com dados
mais completos e utilizando-se de uma matriz de correlação com os dados encontrados.
5.4 4º Encontro: Desenhar a estrutura sistêmica – Índices de Correlação
Neste encontro devem ser apresentados alguns aspectos conceituais sobre a linguagem
sistêmica, como representar relações entre variáveis, enlace reforçador (R) e balanceador (B),
regras para identificar os tipos de enlace, notação da linguagem sistêmica e as ferramentas
análise de correlação e arquétipos (mais detalhes sobre estes conceitos podem ser obtidos em
Andrade (2006)).
No Quadro 4 são apresentadas algumas dicas que podem ser utilizadas pelo grupo para a
construção inicial da estrutura sistêmica, analisando a matriz de correlação.
1. Escolher uma variável (importante); 6. Ambas são influenciadas, há uma variável em comum?
2. Encontrar uma correlação significativa; 7. É apenas uma coincidência?
3. Traçar os dois gráficos; 8. Desenhe as relações no mapa sistêmico
4. Testar se há relação de causa-e-efeito; 9. Volte ao passo 2 até última correlação significativa
5. Uma variável influencia a outra (direta ou indiretamente)? 10. Volte ao passo 1 até última variável importante
Quadro 4 – Etapas para construção do mapa sistêmico
Neste momento do encontro, cada grupo ficará com a tarefa de desenhar seu mapa sistêmico.
Todos devem procurar pela matriz de correlação para relembrar/analisar novamente e
começar a traçar o desenho sistêmico, para aplicar os conceitos da linguagem sistêmica.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
10
Ao final do encontro o grupo ou subgrupos deve apresentar seus mapas sistêmicos e começar
as discutir em torno de por que as relações foram construídas. Conforme a interpretação de
cada grupo, variáveis semelhantes costumam apresentar sinais opostos, o que contribuirá para
validar a relação de causa-e-efeito e chegar a um melhor entendimento de qual mapa
representará de forma mais adequada à realidade.
Por fim, como tarefa para o próximo encontro o grupo deverá unificar os mapas sistêmicos
concentrando a revisão final dos mapas em membros chave do grupo e apresentar no próximo
encontro.
5.5 5º Encontro: Desenhar a estrutura sistêmica – Matriz de Correlação e Arquétipos
A construção da estrutura sistêmica acontece naturalmente depois do terceiro encontro, pois a
análise das variáveis através de gráficos, a matriz de correlação e a construção dos arquétipos
já introduz de forma objetiva as relações sistêmicas.
Por fim, para amadurecer ainda mais o mapa sistêmico, com a inclusão dos arquétipos, o
grupo deve seguir os seguintes passos:
1) Selecionar duas ou três variáveis principais e localizar um ou mais arquétipos que se
apliquem a elas;
2) Combinar os arquétipos com os mapas sistêmicos desenhados anteriormente por análise
de correlação;
3) Utilizar as relações lineares de causa-e-efeito obtidas da análise de correlação;
4) Utilizar ferramentas genéricas para obter as relações de causa-e-efeito: 5 Por quês, Mapas
Cognitivos, Árvores da Teoria das Restrições, Diagrama de Ishikawa, etc.
No final deste encontro ficará como tarefa para o grupo juntar todos os arquétipos
construídos, bem como, análises realizadas e montar a estrutura sistêmica.
5.6 6º Encontro: Modelos Mentais
O início deste encontro é um momento importante, pois será apresentada a primeira versão do
mapa sistêmico após as revisões de todo o grupo.
Neste encontro é apresentando ao grupo o conceito de modelos mentais e a dinâmica para
identificação dos mesmos:
1) Identificar os atores chave (interessados ou stakeholders) que colaboram na realidade em
questão (Atores chave são conjuntos de indivíduos que possuem características culturais
em comum);
2) Identificar os modelos mentais de cada um dos atores que influenciam a realidade em
questão;
3) Identificar como os modelos mentais ajudam a construir ou manter a estrutura atual da
realidade;
4) Verificar as setas entre os elementos: Muitas delas representam escolhas das pessoas
(ações); Estas escolhas são derivadas de modelos mentais (pensamentos);
5) Listar estes pensamentos junto às setas (balões de histórias em quadrinhos).
Neste momento o grupo identificará diversos atores conforme exemplificado no Quadro 5.
Atores
Fornecedores Distribuidores Varejistas
Consumidores Centros de Distribuição Pontos de Venda
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
11
Quadro 5 – Atores sugeridos pelo grupo
Caso o número de atores seja muito grande podem ser selecionarmos os atores mais citados e
serem divididos alguns atores entre os pequenos grupos para construção dos modelos mentais
de cada ator. Neste momento, o grupo tende a apresentar certa facilidade, pois já estará mais
maduro quanto à estrutura sistêmica e compreensão do tema em estudo. A identificação dos
modelos mentais relacionados a cada ator surgirá naturalmente e podemos observar alguns
modelos mentais exemplificados no Quadro 6.
Atores Modelos Mentais
Fornecedores O último pedido de produção do distribuidor foi grande, vamos continuar a produzir;
O distribuidor não informa em tempo adequado as demandas de produção, muitas vezes
temos estoques sem necessidade;
Varejista As vendas estão em alta, vamos fazer novos pedidos de ressuprimento;
O centro de distribuição não está atendendo a nossa demanda, após nossa promoção;
Consumidores Não compraremos mais naquela loja, quase nunca encontro o produto que preciso.
Quadro 6 – Atores e Modelos Mentais
Ao fim deste encontro será possível incrementarmos o mapa sistêmico identificando variáveis
principais e de onde poderemos extrair os “balões” com os modelos mentais de cada ator.
Outro ponto importante na construção do mapa sistêmico é seguir sua construção passo-a-
passo, em conjunto com o grupo, de modo a realizar a interpretação a cada relação de causa-e-
efeito traçada.
5.7 7º Encontro: Cenários
Como aprendizado para o grupo, no início de cada encontro sugere-se rever o mapa sistêmico
visto que sempre há alguma melhoria a ser atualizada no mapa. Um grande aprendizado que
se observará no grupo será a visão crítica quanto à construção do mapa ao longo dos
encontros.
Neste encontro será apresentada ao grupo a teoria de cenários e o principal aprendizado que o
grupo notará é que cenários são excelentes instrumentos para desafiar os modelos mentais.
Neste momento propõe-se que cada membro do grupo seja instigado a escrever três forças
motrizes e identificar três incertezas críticas.
A identificação das incertezas costuma não ser uma tarefa natural, mas após uma revisão dos
conceitos torna-se mais fácil à identificação. Também pode haver alguns conflitos onde
membros do grupo consideram as mesmas forças tendências predeterminas e incertezas
críticas.
A dinâmica sugerida neste momento é o tradicional placar, pontuar as incertezas mais citadas
pelo grupo conforme exemplificado no Quadro 7.
Forças motrizes
Investimento em tecnologia da informação
Qualidade no transporte
Compartilhamento de informações
Incertezas críticas
Nível de investimento na integração da cadeia
Qualidade na gestão colaborativa
Concorrência no setor
Quadro 7 – Forças motrizes e Incertezas
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
12
Entre as incertezas críticas, como exemplo, podemos selecionar nível de investimento na
integração da cadeia e concorrência no setor. De posse destas incertezas o grupo pode
construir um cenário que segue exemplificado na Figura 2.
Figura 2 – Cenário – Investimento x Demanda
Analisando o cenário da Figura 2 o grupo poderia concluir que a situação atual da empresa
seria o Cenário 4, ou seja, com baixo investimento em integração – cadeia tradicional, com
pouca colaboração e troca de informações, aliado ao aumento da concorrência que tem
conseguido atender com maior eficiência clientes da cadeia, ocasionando na perda destes.
O grupo também pode imaginar outros cenários, com a transição do Cenário 4 para o Cenário
2, de modo à cadeia a iniciar o processo de colaboração e poder competir com o aumento da
concorrência. E, também pode desenhar outros cenários com incertezas criticas e vislumbrar
situações futuras.
Através do exercício com cenários o problema fica mais claro, talvez por estarmos mais
próximos da solução do problema. Também o grupo observará que a teoria dos cenários pode
ser aplicada a qualquer problema, lembrando que todo o pensamento sistêmico desenvolvido
até este encontro capacita o grupo a melhor compreensão e descrição dos cenários.
Por fim, através da construção dos cenários o grupo poderá observar dois pontos
fundamentais ao longo do aprendizado através da aplicação de cenários: a convergência em
prol do senso crítico tende a ser atingida naturalmente, justificada pela construção conjunta do
conhecimento do grupo na busca da solução do problema.
5.8 8º Encontro: Modelar em computador
Este encontro trata da parte hard da abordagem. Agora que temos estruturado a compreensão
do problema podemos realizar “experimentações” de situações com diversas variáveis na
análise de futuros alternativos, porém com um foco bem definido de atuação, direcionado pela
construção de cenários e identificação dos modelos mentais.
5.9 9º Encontro: Reprojetando o Sistema – Direcionadores Estratégicos
No último encontro do grupo, propõe-se começar com uma reapresentação do mapa
sistêmico. Cabe ressaltar que a cada encontro o mapa sistêmico recebe revisões e neste
encontro tende a estar bem simplificado e, com alguns eventuais, novos eventos.
Cenário 4
Cenário 2
Cenário 3
Cenário 1
Alto investimento em integração
Cadeia colaborativa
Baixa
Concorrência Alta
Concorrência
Baixo investimento em integração
Cadeia Tradicional
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
13
Neste ponto o grupo estará preparado para responder a questões norteadoras no Primeiro
Encontro as quais se sugere sejam estruturadas da seguinte forma: Questão norteadora?
Seguida de três tópicos de resposta. Estes tópicos normalmente são formados para algum ator
+ evento relacionado.
Respondidas as questões norteadoras o grupo estará preparado para sintetizar os modelos
mentais a serem desafiados os quais se sugere sejam estruturados da seguinte forma: Ator
descrição do modelo mental deste ator a ser desafiado.
Como dinâmica final, os grupos devem ser questionados a listar três pontos de alavancagem
que servirão como planos de ações e estratégias futuras para identificar soluções sustentáveis
para o setor. Estes pontos de alavancagem são oriundos da realização dos cenários, bem
como, a análise dos modelos mentais a serem desafiados e pode ser estruturado da seguinte
forma: Em tópicos descrevendo algum evento, modelo mental de atores a serem modificados
para atingir os objetivos desejados.
6. Conclusões
Muitas vezes diante de um problema, o maior desafio é saber por onde começar a resolvê-lo.
A grande contribuição da proposição do artigo é que o método do pensamento sistêmico
conduz o grupo num caminho para a solução de problemas, através de um processo de
aprendizado da construção do conhecimento conjunto.
Através deste método aprendemos a enxergar o problema como um todo, construindo esta
visão estratégica através de uma análise crítica do grupo. Podem-se perceber como as ações
tomadas no passado influenciarão no problema atual, identificando eventos e padrões de
comportamento, através da análise de números e gráficos.
A utilização de cenários permitirá identificar possibilidades futuras e avaliar seus impactos e
oportunidades, ensaiando o desafio aos modelos mentais. O método do pensamento sistêmico
nos permite visualizar as ações no tempo e no espaço de forma sistemática, direcionadora e
convergente.
Por fim, o pensamento sistêmico demonstra ser um método adequado para a compreensão da
construção do planejamento colaborativo da demanda, visto que o modelo CPFR propõe uma
maior compreensão das diversas relações ao longo da cadeia através do compartilhamento
intenso de informações entre os elos envolvidos. Além de possibilitar a construção de futuros
alternativos através de cenários reduzindo o risco da colaboração não funcionar.
7. Referências
___,___. & KASPER, Humberto. Pensamento Sistêmico e Modelagem Computacional:
Aplicação Prática na Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre – TRENSURB. Anais do
XVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. Porto Alegre, UFRGS.
Disponível em <http://br.geocities.com/cemabr>. Outubro de 1997.
ANDRADE, Aurélio, SELEME, Acyr, RODRIGUES, L. H., SOUTO, Rodrigo.
Pensamento Sistêmico – Caderno de Campo. Porto Alegre: Editora Bookman, 2006.
ATTARAN, Mohsen; ATTARAN, Sharmin. Collaborative supply chain management: The
most promising practice for building efficient and sustainable supply chains. Business
Process Management Journal, v. 13, ed. 3, pg. 390-404. 2007. Disponível em: <
http://www.emeraldinsight.com/Insight/ViewContentServlet?Filename=/published/emeraldful
ltextarticle/pdf/1570130304.pdf>. Acesso em: Out 2007.
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
14
BALLOU, Ronald H., Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização
e logística empresarial. 4º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
HELMS, Marilyn M.; ETTKIN, Lawrence P., CHAPMAN, Sharon. Supply chain
forecasting: Collaborative forecasting supports supply chain management. Disponível em: <
http://www.emeraldinsight.com/>. Acesso em: Out 2007.
JULIANELLI, Leonardo. Motivadores para implementação de iniciativas de colaboração
no processo de planejamento da demanda – Parte 1. Revista Tecnologística. Ano XI, nº. 124.
Mar. 2006.
NETO, Miguel Letenski. Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimentos de uma Indústria do
Setor de Perfumes e Cosméticos: Uma interpretação em função de “erros” na previsão de
vendas. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba. 2005.
PIDD, Michael; BORBA, Gustavo Severo de. Modelagem empresarial: Ferramentas para
tomada de decisão. 1. ed. Bookman. Porto Alegre, 1998.
Voluntary Interdustry Commerce Standards (VICS). An Overview. Disponível em
<http://www.cpfr.org>. May, 2004.