O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar...

79
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DANIEL CÉSAR BALDO O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO GÊNERO ALIMENTÍCIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ Balneário Camboriú 2010

Transcript of O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar...

Page 1: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANIEL CÉSAR BALDO

O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO GÊNERO

ALIMENTÍCIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

Page 2: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

DANIEL CÉSAR BALDO

O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO GÊNERO

ALIMENTÍCIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Dr. Fernando César Lenzi

Page 3: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

DANIEL CÉSAR BALDO

O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO GÊNERO

ALIMENTÍCIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.

Área de Concentração: Empreendedorismo

Balneário Camboriú, 08 de Julho de 2010.

_________________________________

Prof. Dr. Fernando César Lenzi

Orientador(a)

___________________________________

Prof. Msc. Marcio Daniel Kiesel

Avaliador(a)

___________________________________

Profa. Msc. Fabrícia Durieux Zucco

Avaliador(a)

Page 4: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

EQUIPE TÉCNICA

Estagiário(a): Daniel César Baldo

Área de Estágio: Empreendedorismo

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Mário Falk

Professor(a) orientador(a): Prof. Dr. Fernando César Lenzi

Page 5: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Fiorelo Pegoraro Com e Repres LTDA

Endereço: Av. Adolfo Ziguelli, 1010 – Joaçaba/ SC

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Empreendedorismo

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Mário Falk

Carimbo do CNPJ da Empresa:

Page 6: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

RESUMO

Esta pesquisa de iniciação científica foi realizada com o objetivo de identificar o perfil

empreendedor dos proprietários de estabelecimentos do pequeno varejo do gênero

alimentício, localizados em Balneário Camboriú. Diante de um contexto mercadológico que

exige constantes mudanças e inovações, faz-se necessário a prática do empreendedorismo. A

pesquisa foi realizada com 61 estabelecimentos de pequeno varejo alimentício, localizados no

centro de Balneário Camboriú, que são clientes da empresa Fiorelo Pegoraro Comércio e

Representações LTDA. O instrumento utilizado para identificação das competências

empreendedoras foi o mesmo utilizado por Lenzi (2008), que seguiu o modelo de

competências de Cooley (1990) e Spencer e Spencer (1993). Nos resultados, pode-se destacar

que o perfil empreendedor desses empresários apresenta como as principais características:

persistência, comprometimento e independência e auto-confiança. 85% dos empreendedores

iniciaram suas atividades porque identificaram uma oportunidade no mercado. Porém, apenas

15% abriram seu negócio por necessidade.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Perfil Empreendedor. Competências Empreendedoras.

Page 7: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

ABSTRACT

This survey of basic scientific research was carried out to identify the entrepreneurial owners

of small retail establishments in the foodstuff located in Balneario Camboriu. Facing a

marketing context that demands constant changes and innovation, it is necessary to practice

entrepreneurship. The survey was conducted with 61 small retail food establishments, located

in down town Balneário Camboriú, who are customers of the company Fiorelo Pegoraro

Comércio e Representações LTDA. The instrument used to identify the entrepreneurial skills

was also used by Lenzi (2008), which followed the competency model of Cooley (1990) and

Spencer and Spencer (1993). In the results, it can be noted that the entrepreneurial profile of

these entrepreneurs has as main characteristics: persistence, commitment and independence

and self confidence. 85% of those entrepreneurs began their activities because they identified

a market opportunity. Though only 15% opened their business out of necessity.

Key-words: Entrepreneurship. Entrepreneur Profile. Entrepreneurial Skills.

Page 8: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS .................................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 11

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................. 12

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

1.1 Tema de Estágio ............................................................................................... 13

1.2 Problema de Pesquisa ...................................................................................... 13

1.3 Objetivo Geral .................................................................................................. 14

1.4 Justificativa da Pesquisa .................................................................................. 14

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio ..................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 18

2.1 Empreendedorismo .......................................................................................... 18

2.1.1 Empreendedorismo no Brasil ............................................................................. 21

2.1.2 O Empreendedor ................................................................................................ 24

2.1.3 Tipos de Empreendedor ..................................................................................... 27

2.1.4 Características do Empreendedor ....................................................................... 32

2.2 Idéias e Oportunidades .................................................................................... 35

2.2.1 Fontes de Novas Idéias ....................................................................................... 38

2.2.2 Processo de Geração de Idéias e Ferramentas de Criatividade .......................... 40

2.2.3 Identificando e Avaliando Oportunidades .......................................................... 44

2.3 As Micro e Pequenas Empresas ...................................................................... 48

2.3.1 Cenário das Micro e Pequenas Empresas no Brasil ........................................... 50

2.3.2 Dificuldades das Micro e Pequenas Empresas ................................................... 52

3 METODOLOGIA ............................................................................................ 55

3.1 Tipologia de Pesquisa ....................................................................................... 55

3.2 Sujeito do Estudo .............................................................................................. 56

3.3 Instrumentos de Pesquisa ................................................................................ 57

3.4 Análise e Apresentação dos Dados .................................................................. 59

3.5 Limitações da Pesquisa .................................................................................... 60

4 RESULTADOS ................................................................................................. 61

Page 9: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

4.1 Competências Empreendedoras e Perfil dos Empreendedores ................... 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 71

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 73

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO DE COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS .......... 76

Page 10: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

LISTA DE SIGLAS

BOI – Busca de Oportunidade e Iniciativa

CRC – Correr Riscos Calculados

EQE – Exigência de Qualidade e Eficiência

PER – Persistência

COM – Comprometimento

BDI – Busca de Informações

EDM – Estabelecimento de Metas

PMS – Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

PRC – Persuasão e Rede de Contatos

IAC – Independência e Auto-Confiança

Page 11: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Empreendedores brasileiros segundo características de inovação dos empreendimentos .............................................................................................................

22

Quadro 2 – Potencial empreendedor segundo características dos empreendimentos ......

23

Quadro 3 – Critérios para avaliar oportunidades .............................................................

46

Page 12: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Enquadramento do número de empreendedores por competência analisada .... 67

Tabela 2 – Percentual de Empreendedores que possui cada uma das Competências

Empreendedoras ..................................................................................................................

69

Page 13: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Empreendedores de acordo com a idade .......................................................... 62

Gráfico 2 – Empreendedores de acordo com o gênero ....................................................... 63

Gráfico 3 – Empreendedores de acordo com o estado civil ................................................ 63

Gráfico 4 – Empreendedores de acordo com o número de filhos ....................................... 64

Gráfico 5 – Empreendedores de acordo grau de escolaridade ............................................ 65

Gráfico 6 – Empreendedores de acordo a razão de abertura do negócio ............................ 65

Gráfico 7 – Enquadramento do número de empreendedores por competência analisada ... 68

Page 14: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema de Estágio

Diante de um cenário tão competitivo encontrado nos dias atuais, não basta apenas ter

um produto de qualidade. Os empresários atualmente têm se deparado com a necessidade de

estar em constante inovação e oferecendo sempre um diferencial para a sua clientela diante da

concorrência. É nesse momento que entra em cena a prática do empreendedorismo. Dentro do

empreendedorismo, a figura principal é o empreendedor, que é aquele que está sempre

inovando, atento as oportunidades para que possa estar sempre um passo a frente no mercado.

Ser dono de um estabelecimento não significa mais ter sucesso profissional. Ficou para trás

aquela época de que apenas uma empresa oferecia determinado produto ou serviço. O que

encontramos hoje em dia é uma grande concorrência nos vários setores do mercado, aonde

sobrevivem aqueles que oferecem algo a mais para os seus clientes.

Diante de um contexto mercadológico que sempre está em busca de inovação e novas

oportunidades, muitos empreendedores de micro e pequenas empresas não têm perfil para

esse novo mercado, sendo assim, uma parte deles fecham as portas nos primeiros anos de

vida.

Uma pesquisa realizada pela empresa Vox Populi, em 2007, mostra uma melhora

espetacular na taxa de sobrevivência das pequenas empresas brasileiras. O percentual de

pequenas empresas que sobrevivem pelo menos dois anos passou de 51% em 2002 para 78%

em 2005, ou seja, 27% a mais de empresas que não fecharam suas portas.

A pesquisa mostra que alguns fatores têm ajudado nesse crescimento. Entre eles está o

fato de que os empresários estão cada vez mais bem preparados, através de cursos superiores,

buscando conhecimentos a respeito de gestão empresarial. Outro fator apontado é a melhoria

na economia, com a diminuição e controle da inflação, diminuindo também a taxa de juros, e

o aumento do consumo, principalmente por partes menos favorecidas da população. Diante

destes fatores compõe-se a situação problema foco desta pesquisa.

1.2 Problema de Pesquisa

A região escolhida para ser realizada a pesquisa contém uma alta sazonalidade, devido

ao fato de ser uma cidade turística, que ainda não tem um turismo forte o ano inteiro, mas

somente no verão. Devido a este fato, muitos empreendedores abrem seus negócios, ganham

Page 15: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

14

dinheiro no verão, porém não sobrevivem na baixa temporada. Por esse motivo, a pesquisa

buscará conhecer qual o tipo predominante de empreendedor na região de aplicação da

pesquisa, suas características empreendedoras mais presentes e se o negócio foi aberto por

identificação de uma oportunidade ou para suprir uma necessidade. Além disso, pretende-se

identificar qual o diferencial competitivo identificado como o mais freqüente e que traz os

melhores resultados.

De acordo com essas questões amplas de pesquisa levantadas, o problema de pesquisa

é:

Qual o perfil empreendedor dos donos de estabelecimentos do pequeno varejo do

gênero alimentício, localizados no centro de Balneário Camboriú?

1.3 Objetivo Geral

Identificar o perfil empreendedor dos proprietários de estabelecimentos do pequeno

varejo do gênero alimentício, localizados em Balneário Camboriú.

Objetivos Específicos

• Identificar as competências empreendedoras presentes nos empreendedores de

estabelecimentos do varejo de pequeno porte do setor alimentício de Balneário

Camboriú.

• Investigar a motivação de abertura do negócio com relação à oportunidade ou

necessidade.

• Analisar a relação da motivação de abertura dos negócios com os perfis

empreendedores identificados

1.4 Justificativa da Pesquisa

Considerando os objetivos propostos a identificação do perfil empreendedor

possibilitará um trabalho de desenvolvimento das competências empreendedoras de forma

mais consciente e centrada em resultados do desempenho das empresas pesquisadas.

A empresa Fiorelo Pegoraro Comércio e Representações têm interesse em um melhor

desempenho de seus clientes, para que, em decorrência deste fator, tenha um melhor

desempenho também. Os clientes do pequeno varejo, quando analisados separadamente,

Page 16: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

15

podem não ter um grande volume de compras junto a empresa, porém quando somados,

constituem uma grande parcela das vendas da organização.

Diante dessa situação, vem a razão de dar uma atenção especial, não só aos clientes

com um grande volume de vendas, mas também a essa categoria de comércio, para que, como

citado acima, os resultados de ambos sejam incrementados. Para que isso seja feito, é

necessário analisar o perfil desses empreendedores e seus negócios, para que, de acordo com

as suas maiores necessidades e dificuldades possa ser desenvolvido um trabalho com um

objetivo claro e específico.

A maioria dos novos negócios em Balneário Camboriú surge na temporada, onde

ocorre uma alta sazonalidade na região, por ser uma região turística. Porém, será que esses

negócios têm sustentabilidade em meses de baixa temporada? Ou será que é apenas uma

tentativa de sucesso em um cenário de incertezas? Essa pesquisa buscará responder essas

questões e outras apresentadas acima.

Depois de obtidos os resultados da pesquisa, poderá ser realizada uma sugestão para

que a empresa possa investir na capacitação desses empresários, visando a sustentabilidade

desses negócios e o seu sucesso, aumentando as suas vendas, conseqüentemente, melhorando

as vendas da empresa na região.

1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio

A história dessa bem sucedida distribuição começou com seu fundador Fiorelo

Pegoraro, um Catarinense da região de Catanduvas, Oeste de Santa Catarina, filho de

agricultores, que cansado do trabalho da roça com ambição de trabalhar no comércio, mudou-

se para Joaçaba. O jovem Fiorelo entre um trabalho e outro, juntou dinheiro para abrir seu

próprio negócio e adquiriu uma pequena pastelaria no centro da cidade de Joaçaba. Já casado,

dividia com sua esposa suas obrigações do empreendimento.

A expansão dos negócios aconteceu naturalmente. Certo dia chamou-lhe a atenção o

fato de o chocolate, também vendido na pastelaria, ser requisitado tanto quanto os pastéis.

Não teve dúvidas, resolveu montar uma pequena distribuidora de chocolates onde

comercializava apenas produtos Lacta. Isso aconteceu em 07 julho de 1977, tornando-se então

a Pegoraro Comércio e Representação Ltda. No inicio, sua estrutura era pequena e contava

apenas com um caminhão e um funcionário.

Como resultado de sua eficiência, produtividade e perfeita harmonia com a empresa

fornecedora, em 1983, montou uma filial em Cascavel, para atender a região Oeste do Paraná.

Page 17: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

16

Dois anos depois em 1985, adquiriu o fundo de comércio de um ex-distribuidor Lacta, em

Florianópolis e montou ali sua terceira filial, que está localizada em São José, expandindo

suas atividades para as demais regiões de Santa Catarina.

A partir daí, com a conquista de novas parcerias, por volta do ano de 1984 montou

outras empresas que hoje fazem parte do Grupo Pegoraro como: Deycon Comércio e

Representações Ltda, (sendo definido o nome da empresa a partir dos nomes de seus filhos

onde Dey – correspondente ao nome de Deived e Con - corresponde ao nome de Maycon) e a

Forelo Pegoraro & Filhos Ltda.

Em 1987 montou uma unidade na cidade de Londrina. Iniciando apenas como

extensão de Cascavel funcionando o depósito em Londrina e as notas sendo geradas em

Cascavel. Em pouco tempo, devido à necessidade da região esta unidade adquiriu uma

estrutura completa.

O Grupo Pegoraro já distribuía com muito sucesso os produtos da Lacta/Kraft por

aproximadamente 20 anos, diante deste sucesso em 1996 recebeu o projeto de distribuição da

Philip Morris e em outubro de 1999 este novo projeto foi implantado, rendendo para o Grupo

Pegoraro a abertura de mais uma filial em Pinhais, o aumento de clientes, que passou de 8.500

para 25.648, o aumento do quadro de funcionários, de 304 para 453, aumentando também sua

estrutura de logística, atendendo toda Santa Catarina e o Paraná.

No ano de 2005 a empresa fundou a unidade de Várzea Grande no Mato Grosso e

passou a expandir sua venda e distribuição para esta região e no ano seguinte, em setembro de

2006, a empresa fechou contrato com uma das mais tradicionais empresas de Azeite de Oliva

do mundo, iniciando a exportação de seus produtos e a venda exclusiva dos mesmos. Além

disto, a partir desta mesma data, passou a distribuir o primeiro produto de marca própria que

leva o nome de seu fundador Sr. Fiorelo Pegoraro sendo designado como: Pêssegos em

Caldas “Dom Fiorelo”.

Em sua curta história, o Grupo Pegoraro tem se caracterizado por seu dinamismo,

criatividade, e pelo arrojo de seus dirigentes que, ultrapassando a todas as dificuldades,

sempre acreditaram no potencial da empresa hoje consolidada no mercado graças à confiança

conquistada junto aos parceiros e clientes, que gerou crescimento vertiginoso.

O sucesso destas parcerias (Grupo Pegoraro, Fornecedores, Funcionários e

Colaboradores) está vinculado a uma trajetória vitoriosa e com exemplar dedicação ao

trabalho, pois aliar-se a outras forças viabiliza a capacidade empreendedora.

Atualmente, o Grupo Pegoraro conta com 07 unidades de venda localizadas

estrategicamente nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, para focar ainda mais

Page 18: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

17

o trabalho junto dos clientes. Cada unidade é independente. Sendo que as unidades estão

localizadas em: Joaçaba/SC, Joinville/SC, São José/SC, Londrina/PR, Cascavel/PR,

Pinhais/PR e Várzea Grande/MT.

O Grupo Pegoraro Atende mensalmente aproximadamente 32 Mil Clientes nestes

estados. Toda Equipe de Vendas é informatizada através de Palm Top, facilitando o

atendimento ao cliente e tornando possível a roteirização das entregas em 24 horas e para o

interior em 48 horas. O Sistema interno é on-line, ou seja, interligado entre todas as unidades

do Grupo, viabilizando informações aos seus usuários em tempo real. No total temos

aproximadamente 1030 funcionários e em torno de 300 prestadores de serviço.

Page 19: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo visa fundamentar a pesquisa que foi realizada, falando a respeito do

Empreendedorismo e variáveis que o envolvem, baseado na concepção de uma série de

autores a respeito do tema.

2.1 Empreendedorismo

Timmons (1990 apud Dornelas, 2005, p.21) menciona que “o empreendedorismo é

uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi

para o século XX”. Realmente isso tem se concretizado no século em que está sendo

vivenciado, pois a prática do empreendedorismo vem crescendo a cada dia no Brasil e no

mundo, mostrando a importância que tem o empreendedor para a economia de cada país, pois

através deles, mesmo que tenham seus pequenos negócios, milhões de empregos são gerados

todos os anos e isso tem uma repercussão positiva na economia.

Há algum tempo, o estudo do empreendedorismo tem sido mais abordado em muitas

nações, inclusive no Brasil, pois se tem percebido que existe uma necessidade de uma nova

forma de pensar e agir com relação à economia e ao desenvolvimento de cada país. Um

exemplo disso acontece nos Estados Unidos, e Dornelas (2005, p.25) afirma o seguinte:

A conjunção de um intenso dinamismo empresarial e rápido crescimento econômico, somados aos baixos índices de desemprego e às baixas taxas de inflação ocorridos, por exemplo, na década de 1990 nos Estados Unidos, aparentemente aponta para uma única conclusão: o empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade.

O empreendedor, que é a principal figura dentro do empreendedorismo, tem uma

grande relevância para um país e tem uma relação direta com o seu desenvolvimento

econômico. Então, um dos conceitos dessa prática é adotado por Dolabela (1999, p.43):

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação.

Diante dessa definição e outras que aparecem mais adiante, não há como falar de

empreendedorismo sem falar do empreendedor. Sem o empreendedor, não existe

empreendedorismo. Dornelas (2005, p.39) diz que o “empreendedorismo é o envolvimento de

pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de idéias em oportunidades. E a

perfeita implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso”.

Page 20: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

19

Quando se busca definir o termo empreendedor, aparecem diversas definições a

respeito dessa personalidade, porém diante do impacto econômico que ele causa, encontra-se

a seguinte citação: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela

introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela

exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1949 apud DORNELAS, 2005,

p.39). Para ele, o empreendedor é a essência da inovação no mundo, deixando de lado as

maneiras antigas de fazer negócios.

Uma das características do empreendedorismo é o processo constante da inovação.

Grande parte dela se dá através de novas tecnologias, que a cada dia são desenvolvidas com

maior rapidez. As pessoas que conseguem entender isso e usam a favor do seu

empreendimento entram em um novo conceito de negócio, desenvolvido ao longo dos últimos

anos. Para se ter sucesso nos dias atuais, não basta ter um produto ou serviço de qualidade, é

necessário reinventar vendas, negócios e empreendimentos a cada dia, para surpreender a sua

clientela, gerando um processo de fidelização.

Drucker (1987, p.39), diz que “a inovação é o instrumento específico do espírito

empreendedor. É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. A

inovação, de fato, cria um recurso”. Muitas vezes existe algo na natureza sem um valor

aparente, porém quando surge a arte da inovação, um recurso que não servia para nada, passa

por um processo de transformação, e a partir daí, tem um grande valor. De acordo com uma

necessidade identificada, um produto para supri-la é criado, que também atende ao desejo de

alguém, e passa a ser algo útil e valorizado para os seus usuários.

Diante dessas definições de empreendedorismo, e dessa característica citada acima,

para que se possa identificar essa prática, surge uma outra questão: a possibilidade do

Empreendedorismo ser ensinado. Dornelas (2005, p.40) diz o seguinte:

[...] os empreendedores natos continuam existindo, e continuam sendo referências de sucesso, mas muitos outros podem ser capacitados para a criação de empresas duradouras. Isso não garante que apenas pelo ensino do empreendedorismo serão gerados novos mitos como Bill Gates, Sílvio Santos, Olavo Setúbal e Antônio Ermínio de Moraes. No entanto, com certeza o ensino do empreendedorismo ajudará na formação de melhores empresários, melhores empresas e na maior geração de riqueza no país.

Existem pessoas que já nascem com características voltadas ao empreendedorismo,

que são os chamados empreendedores natos. Outros são ensinados dessa maneira em sua

criação. Porém existe a grande possibilidade de serem desenvolvidas pessoas com essas

características, mesmo depois de adultas. Pois ter sucesso profissional, oferecendo um

diferencial competitivo, é uma decisão de cada empresário. Uma decisão de buscar novos

Page 21: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

20

conhecimentos, de se adaptar a novas tendências, de estar sempre em busca de novas

oportunidades de negócio, inovando em todo o tempo. (DOLABELA, 1999, p. 68)

Uma pessoa inerte no que diz respeito a práticas empresariais pode tomar uma atitude

de sair do comodismo e buscar o novo, mudando seus hábitos para que possa se adequar às

exigências do mercado atualmente. Só que muitas vezes isso não se dá de forma solitária, mas

é necessário que uma pessoa ou um grupo de pessoas possa ajudar esse indivíduo. Isso pode

ocorrer através de um curso, uma palestra, um livro, uma faculdade, e outras alternativas.

Dolabela (1999, p.44) diz que “o tema ‘ensino de empreendedorismo’ evoca de

imediato novas formas de aprendizado e relacionamento. Por quê? Porque os fundamentos do

empreendedor não se incluem no conceito tradicional do que se aprende na escola”. As

escolas e os cursos universitários em geral, não formam empreendedores, mas sim

empregados. Formam pessoas com uma mentalidade de empregado, e não de uma pessoa

voltada para um mundo de inovação e busca de oportunidades. Esse é um vírus que tem sido

implantado nos estudantes em nossas escolas e universidades, mas que tem mudado de forma

gradativa com o passar do tempo, mas ainda em uma velocidade não muito alta.

O nível de empreendedores de sucesso no Brasil terá uma contribuição considerável,

quando as Universidades começarem a formar profissionais, não apenas especialistas em suas

áreas de atuação, mas com uma visão diferente de negócio, buscando desenvolver suas

habilidades empreendedoras a cada dia, para que possam estar à frente de seus concorrentes.

É possível encontrar médicos empreendedores. É possível existir engenheiros

empreendedores. É necessário haver um esforço maior em formar esse tipo de profissional,

para que a sociedade e a economia possam ser ainda mais afetadas de forma positiva por uma

cultura empreendedora. (DOLABELA, 1999, p. 45)

Porém, Dolabela (1999, p.45-46) cita o seguinte a respeito do assunto em questão:

É importante perceber que, neste campo, as relações entre escolas e empresas são compulsórias. Não é possível, como em outras áreas, que o trabalho de pesquisa, desenvolvimento e propagação do saber se complete apenas na própria academia. Não é por outro motivo que os congressos científicos na área de empreendedorismo reservam sempre lugar para os não-acadêmicos, os practitioners.

Quando a prática passa a ser analisada, seja em qualquer área, percebe-se que todas

elas provêm de uma teoria. Porém se não houver a prática, não há necessidade de teoria. Por

esse motivo, a importância grande de aliar essas duas forças, para que uma possa completar a

outra, trabalhando de forma sistemática, trazendo os resultados esperados. Essa pode ser uma

hipótese para que se possa identificar a necessidade de no caso das universidades, haver um

convênio e uma relação com as empresas, para que o acadêmico possa desenvolver as teorias

Page 22: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

21

aprendidas em sala de aula através de práticas empresariais, contribuindo assim com o

sucesso da organização.

2.1.1 Empreendedorismo no Brasil

O Movimento Empreendedor é muito recente no Brasil, sendo disseminado a cada dia,

na velocidade em que Instituições interessadas no Desenvolvimento Econômico do País

realizam ações para que ele possa crescer e aumentar. Foi a partir da década de 1990 que o

movimento começou a tomar forma em território brasileiro, quando entidades como Sebrae

(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira

para Exportação de Software) foram criadas. (DORNELAS, 2005, p.26).

A partir desse momento, muitos outros movimentos e ações começaram a serem

desenvolvidos para disseminar a prática do Empreendedorismo no Brasil. Antes disso, os

empresários não se preocupavam demasiadamente com um bom planejamento de caixa e com

uma boa Gestão de seus negócios. A Política e a Economia não ajudavam o micro e pequeno

empresário. Não existiam programas que o auxiliassem em sua Gestão. Mas, quase no fim da

primeira década do século XXI, essa história se mostra muito diferente da encontrada na

última década do século passado.

O Brasil é um País com uma alta capacidade empreendedora, e isso tem sido

desenvolvido e abordado por vários autores e instituições. Em uma recente pesquisa realizada

em 2008 pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2008), O Brasil aparece como o 13º

País mais Empreendedor do mundo. Em número de Empreendedores, ele aparece em 3º lugar,

perdendo apenas para a Índia e para os Estados Unidos.

Mas para que um País se desenvolva cada vez mais, não é suficiente um aumento no

número de pessoas que desenvolvam alguma atividade empreendedora, pois isso por si só não

traz crescimento econômico para uma Nação. O que fará a diferença é quando os donos de

estabelecimentos atuais e os que irão surgir tiverem conhecimento a respeito do que estão

fazendo, estando preocupados com o futuro da sua organização e com a sua gestão, pois

somente através de um bom gerenciamento cada uma dessas empresas terá um futuro

promissor .

A partir dessa definição, passa a ser analisado, o que pode ser chamado de

empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade. Empreendedorismo por necessidade

é quando uma pessoa abre seu próprio negócio, ou desenvolve alguma atividade

empreendedora, por causa de uma necessidade de sobrevivência ou outra. Empreendedorismo

Page 23: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

22

por oportunidade surge quando o negócio é aberto ou é desenvolvida uma atividade por

identificação de uma oportunidade de sucesso. Dornelas (2005, p.28) diz que:

[...] no Brasil, historicamente o índice de empreendedorismo de oportunidade tem estado abaixo do índice de empreendedorismo de necessidade, mas nos últimos anos tem-se percebido uma melhora nesta relação, e espera-se que para os próximos anos cada vez mais empreendedores focados em oportunidades surjam, promovendo o desenvolvimento do país.

No ano de 2008, através da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2008),

foi identificado que para cada 2 empreendedores por oportunidade existe 1 por necessidade no

Brasil. Isso é um fato a ser comemorado, pois quanto mais empreendedores por oportunidades

haverem, maior será o potencial empreendedor de uma Nação. Quando uma pessoa abre seu

próprio negócio ou introduz alguma espécie de inovação no mercado, caracterizando a prática

de empreendedorismo, esse indivíduo se mostra mais preparado do que outro que abre por

necessidade. Um cidadão que visa apenas o suprimento de uma necessidade, na maioria das

vezes não consegue enxergar as oportunidades de mercado, pois está com os seus olhos postos

no suprimento de sua necessidade. É louvável saber que esse cenário tem mudado no Brasil,

porém ainda há muito que se fazer. Um exemplo que pode ser apresentado para que o Brasil

possa seguir é o dos Estados Unidos, que, para cada empreendedor por necessidade, há quase

sete por oportunidade.

Uma das características do Empreendedor é estar a frente das oportunidades, sempre

inovando em seus produtos e serviços. Os quadros abaixo, retirados da pesquisa Global

Entrepreneurship Monitor (GEM, 2008), mostram a Metodologia GEM utilizada para

verificar o potencial empreendedor dos brasileiros conforme as características de seus

empreendimentos, e o outro mostra a realidade desse potencial.

EMPREENDEDORES

CARACTERÍSTICA Não-inovador Capacidade de

Inovação intermediária

Inovadores

Conhecimento do produto Ninguém considera novo

Novo para alguns Novo para todos

Quantidade de Concorrentes Muitos concorrentes

Poucos concorrentes Nenhum concorrente

Idade das tecnologias e processos

Mais de 5 anos De 1 a 5 anos Menos de 1 ano

Expectativa de exportação Nenhuma consumidor externo

Ter até 50% dos consumidores externos

Ter mais de 50% dos consumidores externos

Criação de emprego Até 5 empregos De 5 a 20 empregos Mais de 20 empregos FONTE: Metodologia GEM

Page 24: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

23

Quadro 1 – Empreendedores brasileiros segundo características de inovação dos empreendimentos

Esse quadro mostra a metodologia adotada pelo GEM para analisar o potencial

empreendedor dos brasileiros. Ela separa-os em três grupos: não-inovador, capacidade de

inovação intermediária e inovadores. Cada um desses grupos possui suas características

distintas. O grupo não-inovador trabalha com os produtos que todos conhecem, porém muitos

outros concorrentes também adotam a mesma linha de produtos e serviços. Nesse grupo, não

há espaço para tecnologia de ponta, pois geralmente os processos e a tecnologia tem mais de 5

anos, o que, nos dias de hoje, é considerado muito tempo, pela rapidez das mudanças

tecnológicas.

O segundo grupo tem a capacidade de inovação intermediária. Esses empreendedores

têm um pouco de inovação embutidos em seu negócio, porém ainda não adotam força máxima

nesse sentido. Tem características um pouco diferente do primeiro, porém moderadas. Os

concorrentes já não aparecem em grande escala, seus Gestores começam a pensar um pouco

mais no futuro de seu negócio, visando também atividades de exportação.

Por fim, aparece o terceiro grupo, o grupo dos inovadores. Nesse estágio, o Gestor

trabalha com produtos que ainda não são conhecidos, não há concorrência, está sempre

trabalhando com tecnologia de ponta e atualizando seus processos na mesma velocidade. Esse

tipo de empreendedor tem visão de futuro, busca até que mais de 50% de seus consumidores

sejam representados pelo público externo.

Potencial Empreendedor (%)

Característica do

Empreendimento

Não-inovador Capacidade de

Inovação intermediária

Inovadores

Conhecimento do produto 83,5 13,1 3,4

Quantidade de Concorrentes 65 27,8 7,2 Idade das tecnologias e processos

85,7 12,7 1,7

Expectativa de exportação 84,8 14,7 0,4 Criação de emprego 78,3 13,8 7,9 FONTE: Pesquisa GEM 2008.

Quadro 2 – Potencial empreendedor segundo características dos empreendimentos

Como aponta acima o quadro 2, é notável que a grande maioria dos empreendedores

brasileiros se encontra em um estágio preocupante com relação ao seu potencial

empreendedor. O que confirma isso é que essa grande parcela deles é caracterizada por ser do

tipo não-inovador. Nas análises anteriores, pode ser observado que o Brasil é o 13º país mais

Page 25: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

24

empreendedor do mundo, porém no quesito inovação há uma grande oportunidade a ser

desenvolvida.

2.1.2 O Empreendedor

Dentro da prática do Empreendedorismo existe uma figura essencial para que ela

aconteça na íntegra, chamada de empreendedor. Nos dias atuais entende-se que o

empreendedor não precisa, necessariamente, ser dono de um estabelecimento para ser

caracterizado como tal. (DORNELAS, 2003) Ele tem sido encontrado em vários tipos de

atividades e setores, e também dentro das organizações como funcionário.

Hisrich e Peters (2004, p.77), afirmam que:

[...] Não existe um “verdadeiro perfil empresarial”. Os empreendedores provêm de experiências educacionais, situações familiares e vivências profissionais variadas. O empreendedor em potencial pode ser hoje enfermeira, secretária, trabalhador de linha de montagem, vendedor, mecânico, dona de casa, gerente ou engenheiro. O empreendedor em potencial pode ser homem ou mulher e de qualquer raça ou nacionalidade.

Como mostra a ponderação dos autores acima, é possível observar que um

empreendedor é formado por um conjunto de características que o identificam como tal, e não

apenas por ser dono de uma empresa. Nos dias atuais, as empresas buscam cada vez mais

funcionários com características que tendem a inovação e a pro atividade, o que mostra que

aquele que quer ser empregado deve pensar e agir como se fosse o dono do negócio em que

está inserido.

Embora esteja à frente do negócio ou não, os empreendedores possuem características

semelhantes que os identificam. Birley e Muzyka (2001, p.4) citam que “os empreendedores

parecem ser orientados para realizações, gostam de assumir a responsabilidade por suas

decisões e não gostam de trabalho repetitivo e rotineiro”. Isso os leva a estar sempre buscando

oportunidades para desenvolver um produto, serviço ou processo através da inovação

constante, atraindo melhores resultados para a organização. Isso se explica pelo fato de ele

não gostar de trabalho repetitivo e rotineiro. Uma outra situação citada é que ele assume a

responsabilidade por suas decisões, o que caracteriza a busca por uma independência em

alguma área para que possa sempre assumi-la, mesmo que esteja errado. Porém é diferente

errar para os outros e errar para si, ou seja, errar na empresa alheia ou na sua própria empresa.

Hashimoto (2006, p.6), apresenta um quadro com inúmeras características do

empreendedor, que muitas vezes pode ser chamado de herói. Abaixo estão algumas delas.

Page 26: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

25

Comprometimento, criatividade, valores, habilidades específicas, conhecimento do negócio, princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidade, autoconfiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios, perseverança e determinação, habilidade de relacionamento interpessoal, boa comunicabilidade, liderança, facilidade de trabalhar em equipe, auto-motivação, capacidade de tomar decisões rapidamente, pensamento crítico, visão estratégica etc [...]

Essas são apenas algumas das muitas características que podem ser encontradas em

um empreendedor de sucesso. Não é raro ver que as organizações buscam, cada vez mais,

colaboradores com algumas das características citadas. É difícil, nos dias atuais, um

funcionário permanecer muito tempo em uma empresa se não souber se relacionar com as

pessoas, ou se tiver dificuldade de trabalhar em equipe. Acabou aquele tempo em que as

pessoas eram contratadas do pescoço para baixo, ou seja, não era necessário pensar dentro das

organizações, apenas receber ordens. O mundo dos negócios tem exigido cada vez mais dos

profissionais, requerendo que o mesmo seja dinâmico e tenha características empreendedoras.

Hashimoto (2006, p.7), completa sua afirmação a respeito das características

empreendedoras dizendo que “obviamente, não existe pessoa alguma que possua todas essas

características. O que existe é uma pessoa dotada das características mais apropriadas para um

determinado momento e lugar”. Existe algo que é chamado de preparação e algo que é

chamado de oportunidade. A pessoa se estiver no seu momento, ou seja, preparada para uma

oportunidade que surgir, a oportunidade a buscará. Uma construtora que busca uma

imobiliária para vender seus imóveis depois de construídos buscará a que estiver mais bem

preparada e adequada para o seu tipo de negócio. Por isso a importância de preparação, pois o

empreendedor está sempre em busca de novas oportunidades, porém, se não se preparar para

elas, elas simplesmente passarão para quem estiver mais pronto para aproveitá-las.

Há uma grande diferença entre um empreendedor de sucesso e um “aventureiro” no

mundo dos negócios. Uma pessoa bem preparada, que entende de Gestão Empresarial e tem

conhecimento a respeito da área em que atua, está na frente nessa briga pela preferência dos

consumidores que está cada vez mais acirrada. Birley e Musyha (2001, p. 4) dizem que os

empreendedores têm a capacidade de “transformar o que freqüentemente começa com uma

idéia muito simples e mal definida em algo concreto”. Isso é bem visto quando uma pessoa

vai a um banco pedir um financiamento para abrir ou expandir os seus negócios. Se ele chegar

cheio de boas idéias e intenções, porém mal definidas ou rabiscadas em um pedaço de papel, é

provável que não receba o que deseja. Por outro lado, se preparar uma idéia boa em um

Page 27: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

26

projeto bem elaborado e estruturado, que normalmente é chamado de plano de negócio, terá

muitas chances de sair do banco com uma resposta favorável ao seu projeto.

Enfim, “o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos

e tem uma visão futura da organização”. (DORNELAS, 2005, p. 17) Essa é uma definição

simples, mas que ilustra bem a figura do empreendedor, um ser dotado de tantas

características positivas, que pode ser encontrado em diversas áreas de atuação, mas que

geralmente apresenta características semelhantes.

Quando uma pessoa tem sonhos grandes e objetivos ousados em sua vida, isso sempre

exigirá que ela busque outras pessoas para estarem junto com ela contribuindo de alguma

maneira para realizar os seus sonhos. O empreendedor nunca fará nada sozinho, mas sempre

haverá outros indivíduos envolvidos em seus projetos para que eles possam ser realizados da

melhor maneira possível. Quando ele tem o projeto de abrir a sua própria empresa, sempre

haverá algo que ele terá de delegar para alguém realizar, pois apesar de que, no começo, haver

a necessidade de fazer de tudo um pouco, é indispensável o auxílio de terceiros.

Por essa razão, o empreendedor de sucesso tem a capacidade de influenciar as pessoas

através dos seus sonhos, injetando nelas o desejo de realizá-los através do seu poder de

persuasão. A melhor maneira de ele obter sucesso é fazendo com que aqueles que estão

envolvidos em seu negócio, sonhem os seus sonhos e se esforcem para realizá-los. A partir

desse momento, toda a equipe trabalhará com um único objetivo, o que fará com que através

da sinergia, o que eles traçarem, seja alcançado.

Murdock (2008, p.60) fala o seguinte:

O sucesso é uma coleção de relacionamentos. Sem clientes um advogado não consegue desenvolver uma carreira. Sem pacientes um médico não tem futuro. Sem platéia um cantor não tem para quem apresentar-se. Nosso futuro está relacionado às pessoas. Nosso sucesso depende da participação delas.

O que foi falado nas linhas acima dessa citação é resumido por essa declaração de

Mike Murdock. Um empreendedor nunca fará nada sozinho, mas sempre estará ligado a

outras pessoas, e o sucesso dele dependerá também da participação delas em seus projetos.

Nos dias atuais, não é raro ouvir em uma organização que os colaboradores são o seu

maior patrimônio. Isso significa que grandes empresas, lideradas por empreendedores de

sucesso, têm milhares de pessoas envolvidas com o seu sucesso, tornando reais cada um dos

objetivos traçados pela empresa. Enfim, as pessoas de sucesso entendem e aplicam o conceito

de que precisam umas das outras para que possam obter o sucesso esperado.

Page 28: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

27

2.1.3 Tipos de Empreendedor

Como vimos acima, não existe uma pessoa que tenha todas as características

empreendedoras necessárias para o sucesso de um negócio. Porém, para cada área de atuação

existem determinadas características que se adequam melhor aquela função e aquele tipo de

negócio.

De acordo com Miner (1998, p. 13) existem quatro tipos de empresários: o realizador,

o supervendedor, o autêntico gerente e o gerador de idéias.

1. O realizador: são empreendedores clássicos que levam muita energia às suas

empresas e dedicam inúmeras horas ao trabalho. Eles gostam de receber feedback

sobre seu desempenho e de planejar e estabelecer metas para realizações futuras. São

dotados de muita iniciativa e de um forte compromisso com a empresa. Os

realizadores acreditam que controlam suas vidas por meio de suas ações, e não são

controlados pelas circunstâncias ou pelas atitudes de terceiros. Eles devem ser

orientados por metas próprias (e não pelos objetivos de outras pessoas).

Cada um dos quatro perfis possui algumas características que definem a suas

particularidades com relação as suas atitudes. As características do realizador são as

seguintes:

• Necessidade de realizar: a necessidade de realizar produz vários efeitos

nesses profissionais. Quando são necessárias habilidades empreendedoras,

eles podem dedicar muita energia para fazer uma empresa prosperar. Muitos

realizadores tornam-se ‘workaholics’ e sobrecarregam-se de tarefas. Porém

eles realizam mais e estão na frente de concorrentes menos motivados.

• Desejo de obter feedback: eles precisam obter feedback para saber se estão

tendo êxito ou se estão errando em algum quesito.

• Desejo de planejar e estabelecer metas: esses profissionais têm visão de

futuro e não se detêm as dificuldades atuais, mas projetam de forma clara os

seus objetivos e metas futuras, sabendo que no fim obterão o que almejam e

planejam. Pelo fato de acreditarem nos seus planos e metas, se dedicam

arduamente para alcançá-los.

• Forte iniciativa pessoal: esses profissionais não precisam de outras pessoas

para iniciar algo para que depois eles venham a acompanhar, pois são

Page 29: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

28

independentes e tem um forte senso de iniciativa pessoal. Gostam de poder

dizer que fizeram algo sozinhos.

• Forte comprometimento pessoal com a empresa: nenhum profissional se

dedicaria de forma intensa em um negócio que não estivesse comprometido.

O fato de ter um forte comprometimento pessoal faz com que eles se

dediquem ao máximo ao negócio em que estão inseridos. Muitas vezes o seu

comprometimento supera até mesmo o de muitos médicos ou advogados em

suas profissões.

• Crença de que uma pessoa pode mudar significativamente uma situação:

acreditam que controlam suas vidas e não são controlados por outras pessoas.

Esse fato o leva a crer que sua decisão e atitude determinam os seus

resultados.

• Crença de que o trabalho deve ser orientado por metas pessoais e não pelos

objetivos de terceiros: uma pessoa que não sabe para onde está indo, qualquer

lugar serve. Se ele não definir suas metas, outra pessoa definirá. Eles são

individualistas e gostam de fazer as coisas de acordo com seus ideais.

As características citadas acima fazem parte do perfil de empresário conhecido como

realizador. Esse tipo de empreendedor é ativo e mergulha no seu empreendimento de forma

efetiva. Eles buscam obter o maior conhecimento possível a respeito de sua área de atuação

para que possam realizar suas atividades da melhor maneira possível.

2. O supervendedor: possuem uma grande sensibilidade em relação a outras pessoas e

desejam ajudá-las de qualquer maneira possível. Eles empregam um método de

vendas de persuasão branda e fecham suas vendas devido ao desejo dos clientes de

retribuir. Os relacionamentos são muito importantes para eles, que gostam de

reuniões sociais e de participar de grupos.

Algumas características definem melhor esse tipo de empreendedor:

• Capacidade de compreender e compartilhar sentimento com o outro

(empatia): eles enfatizam a interação humana e se colocam no lugar da outra

pessoa para entendê-la e poder fechar as negociações de forma boa para

ambas às partes.

Page 30: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

29

• Desejo de ajudar os outros: ele possui um forte desejo de ajudar as outras

pessoas, buscando, muitas vezes, fazer pelos outros aquilo que ele não

consegue fazer por si próprio.

• Crença de que os processos sociais são muito importantes: para o

supervendedor, a interação social e os relacionamentos com pessoas são

simplesmente mais importantes do que muitas outras considerações.

• Necessidade de manter relacionamentos sólidos e positivos com os outros:

além de considerar que os processos sociais são muito importantes, eles

acreditam que é necessário estabelecer alianças com as pessoas para que

tenham um vínculo afetivo e isso possa trazer uma contribuição profissional

positiva.

• Crença de que uma força de vendas é crucial para colocar em prática a

estratégia da empresa: considera a força de vendas como um meio

importante de implementar as estratégias da empresa. Pode nem sempre ser o

único método a predominar, mas, se não for, é improvável que fique muito

para trás.

3. O autêntico gerente: gostam de assumir responsabilidades e saem-se bem em cargos

de liderança nas empresas; eles são competitivos, decididos e possuem uma atitude

positiva em relação àqueles que têm autoridade; gostam de poder e de desempenhar

uma função.

As seguintes características definem esse tipo de empreendedor:

• Desejo de ser um líder na empresa: o autêntico gerente tem um forte desejo

de alcançar os altos cargos dentro da organização. Cargos de gerência são o

seu objetivo. Por possuir essa ambição de ser líder, ele se desempenha bem

nessas funções, adquirindo também uma autoconfiança elevada.

• Determinação: o autêntico gerente é determinado, toma decisões rápidas e é

confiante. Se é preciso tomar uma decisão, ele segue em frente e faz.

• Atitudes positivas em relação à autoridade: em geral, os autênticos gerentes

possuem uma atitude positiva com relação às pessoas que possuem cargos

superiores a ele dentro da organização. Eles gostam e respeitam seus chefes.

Page 31: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

30

• Desejo de competir: no que se refere a gerentes do mesmo nível, há um forte

elemento de competição em seu trabalho. Como resultado, há perdedores e

vencedores.

• Desejo de obter poder: é natural em grandes empresas que seus gerentes não

só se relacionem com pessoas em posições superiores (envolvendo atitudes

em relação à autoridade) e do mesmo nível (envolvendo competitividade),

mas também com integrantes dos escalões inferiores.

• Desejo de destacar-se entre os demais: ser gerente exige agir de modo

diferente das outras pessoas. O autêntico gerente deve se destacar em seu

grupo e assumir posição de grande visibilidade.

4. O gerador de idéias: os geradores de idéias inventam novos produtos, encontram

novos nichos, desenvolvem novos processos e, em geral, encontram uma forma de

superar a concorrência. Eles são inovadores no verdadeiro sentido empresarial. Eles

se sentem fortemente atraídos para o mundo das idéias, mas podem ser levados pelo

entusiasmo e assumir riscos que não foram suficientemente calculados; para diminuir

os perigos do entusiasmo injustificado, é aconselhável empregar um pouco de

cautela. Além disso, ocasionalmente, eles podem ser um tanto idealistas.

As características abaixo definem melhor esse tipo de empreendedor:

• Desejo de inovar: o gerador de idéias está sempre buscando algo novo para

se diferenciar de seus concorrentes, seja inovando ou criando um novo

produto ou serviço que represente um diferencial competitivo.

• Apego a idéias: os geradores de idéias são entusiastas, especiais, preocupam-

se com a opinião dos outros e se dão bem com as pessoas. Na realização de

tarefas, são adaptáveis, flexíveis, estão dispostos a ceder e a partilhar o

poder.

• Crença de que o desenvolvimento de novos produtos é crucial para colocar

em prática a estratégia da empresa: esse é um fator que diferencia uma

empresa inovadora de uma empresa comum. Para se diferenciar em um

cenário competitivo é necessário constantemente desenvolver novos produtos

e novas formas de oferecê-lo aos clientes.

• Bom nível de inteligência: as atividades do gerador de idéias quase sempre se

concentram no raciocínio, no aprendizado e ao lidar com as idéias. A

Page 32: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

31

inteligência pode representar uma ajuda, uma vantagem competitiva,

permitindo-lhes pensar melhor.

• Desejo de evitar riscos: os riscos são inevitáveis no mundo empresarial.

Porém os geradores de idéias devem evitá-los se querem obter êxito em seus

empreendimentos.

Esses são os quatro tipos de empresários definidos de acordo com as suas

características por Miner (1998). Não há uma regra que diga qual dos estilos tem o melhor

desempenho dentro do empreendedorismo, porém, talvez o perfil que mais se identifica com o

estudo, é o gerador de idéias, que está sempre buscando inovar, tem um apego às idéias e

acredita que o desenvolvimento de novos produtos é muito importante para que uma empresa

possa alcançar os seus objetivos, tendo um diferencial competitivo.

Um empreendedor não precisa necessariamente ter as características de apenas um dos

perfis. Porém, muitas vezes ele pode agregar características de mais de um dos tipos

estudados.

De acordo com Miner (1998, p. 187), os vários estilos podem ser usados com

eficiência de duas diferentes maneiras:

1. Seqüencialmente: um estilo pode ser enfatizado no estágio inicial da empresa e então

ser totalmente substituído por outro à medida que a firma cresce. Assim, com o

correr do tempo, o empresário passa de um caminho a outro.

2. Simultaneamente: dois ou mais estilos e caminhos são ativados praticamente ao

mesmo tempo, e o empresário passa de um ao outro continuamente.

As duas maneiras apresentadas por Miner de como usar com eficiência mais de um

estilo de gestão são muito interessantes. Na primeira delas, pode ser usado como exemplo, um

empreendedor que inicia suas atividades tendo sendo um determinado tipo de empresário,

porém, com o passar dos anos, ele tem que mudar seu estilo para se adequar ao seu negócio,

mudando então o caminho, como citado pelo autor. Na segunda forma citada, um empresário

é de um determinado estilo de gestão de acordo com cada situação distinta uma da outra,

adotando vários tipos em momentos específicos diferentes.

Page 33: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

32

2.1.4 Características do Empreendedor

O empreendedor, como já citado anteriormente é dotado de características que não são

comuns à maioria das pessoas. Ele tem um conjunto de aptidões e traços que já nasceram com

ele ou que são desenvolvidos ao longo de sua vida. Esses traços e características o identificam

como tal. Um empreendedor, não precisa, necessariamente, ter todas as características que

serão analisadas a seguir para ser identificado dessa maneira, pois haverá pessoas que terão

mais delas e outras que terão menos, porém pelas suas atitudes serão julgadas como

empreendedoras ou não. (DOLABELA, 1999, p. 68)

Hisrich e Peters (2004, p.77) citam que existem empreendedores em várias profissões

e áreas diferentes. De acordo com eles, o empreendedor possui alguns sentimentos ou

características principais que fazem dele o que ele é.

• Locus de controle: este é um atributo que identifica o senso de controle que uma

pessoa tem sobre a sua própria vida. A seguir veremos a necessidade que o

empreendedor tem de independência e de realização que estão muito ligados a esse

item, pois se ele for independente, isso indicará que ele está no controle de sua

vida e de seus negócios, o que denota a sua insatisfação em, muitas vezes,

trabalhar para outras pessoas, estando limitado a certas atitudes dentro de uma

organização, que em muitos casos impede ele de liberar sua criatividade.

• Sentimentos de independência e necessidade de realização: uma das características

mais fortes de um empreendedor é a necessidade de ser seu próprio patrão. Ele tem

dificuldade em trabalhar para outras pessoas, pois isso não o faz sentir

independente. Sua grande satisfação está em ser dono do seu próprio negócio, ter

sucesso no mesmo para que possa se sentir realizado com sua atividade

profissional.

• Assumir riscos: é evidente que um empresário assuma riscos no mundo dos

negócios. Pois aquele que não assume riscos, não tem chance de se diferenciar no

mercado e estar à frente da concorrência. O empreendedor tem a capacidade de

assumir riscos calculados, o que se faz necessário todas as vezes que ele aceita o

desafio de aproveitar uma oportunidade. Nos momentos em que ele assume esses

riscos e tem sucesso em cada empreitada, isso traz a ele um sentimento de

realização, que foi citado no item anterior. Essa é uma das características que faz

dele um indivíduo de sucesso nos negócios.

Page 34: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

33

Além de algumas das características citadas acima, Venturi e Lenzi (2003, p.64) fazem

uma síntese das principais características empreendedoras de acordo com o que dizem alguns

autores bem conceituados a respeito do assunto.

• Comprometimento, determinação e perseverança: se o dono do seu próprio

negócio ou intra-empreendedor não for comprometido com sua atividade ou

projeto, dificilmente outras pessoas serão. Se estiver comprometido, isso quer

dizer que ele estará determinado a alcançar o sucesso esperado, e mesmo em meio

a dificuldades, ele não irá desistir, mas irá perseverar até ver a concretização do

seu sonho.

• Guiado pela auto-realização e crescimento: o seu desejo de ser bem sucedido e a

vontade de crescer e se dar bem, é o que o guia para alcançar os seus objetivos e

metas.

• Senso de oportunidade e orientação por metas: as metas revelam o líder e

empreendedor que alguém é, e também o líder e empreendedor que ela não é.

Através do seu atingimento ou não isso poderá ser identificado. Quando se sabe

onde quer chegar, é possível analisar as oportunidades e identificar quais delas o

levarão ao sucesso e quais não devem ser aproveitadas. Uma pessoa que não sabe

onde quer chegar, pois não tem metas para isso, qualquer oportunidade que surgir

chamará a sua atenção, o que aumenta a probabilidade de a pessoa ter insucesso

em seus projetos. Com isso é possível concluir que as metas definidas decidem as

oportunidades selecionadas.

• Assumem responsabilidades: os empreendedores gostam de estar a frente dos

negócios, isso faz com que eles se tornem responsáveis pelo resultado de seus

negócios e projetos. Ainda que um funcionário do baixo escalão seja o autor do

erro, o empreendedor se responsabiliza pelo resultado da operação, atividade ou

projeto.

• Persistência na resolução de problemas: uma pessoa recebe o seu salário de acordo

com o problema que ela resolve ou tem capacidade de resolver. Um

empreendedor, por ter necessidade de realização, não desiste em meio as

dificuldades, mas persiste na solução dos problemas até vê-lo resolvido. Apesar

disso, ele conhece suas limitações e sabe até onde pode chegar.

• Realistas com senso de humor: empreendedores normalmente conhecem suas

qualidades e seus defeitos. Isso faz com que eles saibam até onde podem se

Page 35: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

34

aventurar, por mais que até mesmo em meio a situações difíceis eles não

abandonam o senso de humor e o otimismo.

• Busca obter feedback: muitos empreendedores se formam através do exemplo de

outras pessoas, buscando muitas vezes mentores para suas vidas. Por essa razão

eles desejam saber se estão indo bem ou não, de acordo com um retorno de

pessoas que estão envolvidas com o seu negócio ou outros que podem tomar a

liberdade de dar sua opinião.

• Decidido, urgente e paciente: o empreendedor é decidido quanto as suas metas e

objetivos e ele sabe que tem oportunidades que devem ser aproveitadas

rapidamente, por isso se faz necessário um senso de urgência. Por outro lado ele

tem uma visão aguçada, o que o leva a ter paciência para o cumprimento de sua

visão e objetivos de longo prazo.

• Sabe lidar com o fracasso: um fracasso nem sempre é o fim da linha, e mesmo que

seja deve ser encarado como uma oportunidade de aprendizado. Existem

empresários que em alguns momentos de suas vidas passaram por crises e

falências, porém aqueles que não desistiram, em um período de tempo recuperam

seu patrimônio. O empreendedor tem a capacidade de aprender com essas

situações.

• Formador de equipes: como já citado anteriormente, o empreendedor não tem

sucesso sozinho, mas existem sempre outras pessoas envolvidas. Por isso a

necessidade de ele formar uma equipe para trabalhar em prol de seus sonhos e

objetivos, além da capacidade de persuasão para que esses indivíduos sejam

adeptos desses projetos e dessa visão.

As características empreendedoras são muitas e aparecem em vários títulos de autores

que escrevem a respeito do assunto. Porém não se pode esperar que um indivíduo tenha todas

as características freqüentes em um empreendedor de sucesso, pois seria um mito buscar

encontrar uma pessoa assim, que poderia ser chamada de o empreendedor completo. Além do

que citaram os autores analisados até aqui, Dornelas (2005, p.33) apresenta mais algumas

características.

• São visionários: em empreendedores é comum encontrar neles uma visão clara e

específica a respeito do futuro do seu negócio e de seus projetos. Além disso, eles

Page 36: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

35

têm a capacidade de permanecer focados para que possam alcançá-los

empenhando neles seus esforços.

• São otimistas e apaixonados pelo que fazem: a paixão pelo que fazem e por terem

sucesso no que fazer, é o combustível para o negócio ou projeto ser bem sucedido.

O fato de serem otimistas faz com que o empreendedor consiga enxergar uma

oportunidade em cada calamidade, e não uma calamidade em cada oportunidade.

• Ficam ricos: esse não é o principal objetivo dos empreendedores, porém é a

conseqüência de um negócio que a cada dia se torna mais bem sucedido.

• São bem relacionados: uma rede de contatos faz parte do sucesso de um

empreendedor. Ela facilita as coisas, pois uma pessoa bem relacionada com os

clientes, fornecedores e com todos os stakeholders, tem maior chance de obter

sucesso.

Essas características a respeito do empreendedor citadas acima são apenas algumas

das principais de todo um conjunto existente. Elas não esgotam todo um universo complexo e

interessante que envolve a figura do empreendedor. Além do que foi falado, existe todo um

estudo a respeito do seu comportamento, de suas principais habilidades e de suas

competências principais.

Lenzi (2009, p. 26) cita o seguinte a respeito das competências do empreendedor:

A competência empreendedora é constituída pela intersecção de três aspectos fundamentais: conhecimentos, habilidades e atitudes. O conhecimento é representado pelo nível de informação que se em relação ao negócio e ao nível gerencial que o empreendedor atinge. A habilidade de aplicar na prática esse conhecimento também é um fator indispensável ao empreendedor. E apenas o conhecimento não é suficiente para uma competência e um desempenho favoráveis se não houver uma atitude propriamente dita.

Para completar o estudo das características do empreendedor, é importante ressaltar

que há a necessidade de ele não apenas ter as características, mas junto a elas, a competência

citada por Lenzi acima. Essas três competências são necessárias, pois não basta apenas ter o

conhecimento e o potencial, mas é necessário saber aplicar a teoria e ter uma atitude de fazer

as coisas acontecerem de acordo com o planejado.

2.2 Idéias ou Oportunidades

Para se dar início a um novo negócio ou projeto que seja empreendedor, é necessário

avaliar o mercado, identificando se o que se tem em mente é uma idéia ou uma oportunidade.

Page 37: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

36

Muitas pessoas têm idéias boas, porém não analisam se o mercado tem espaço para essas

idéias e se há realmente uma oportunidade ou carência no mercado de tal serviço ou produto.

O erro, muitas vezes, não está em se iniciar algo novo, mas em pensar que a idéia é o mesmo

que oportunidade.

Talvez um dos maiores mitos a respeito de novas idéias de negócios é que elas devem ser únicas. O fato de uma idéia ser ou não ser única não importa. O que importa é como o empreendedor utiliza sua idéia, inédita ou não, de forma a transformá-la em um produto ou serviço que faça sua empresa crescer. As oportunidades é que geralmente são únicas, pois o empreendedor pode ficar vários anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver um novo produto, ganhar um novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie de seus concorrentes. (DORNELAS, 2005, p.54)

Veja também o que diz Lenzi (2009, p. 45) a respeito de idéias e oportunidades:

Uma das mais freqüentes causas de fracasso de alguns empreendimentos reside justamente neste aspecto: confundir julgando que toda boa idéia possa ser uma boa oportunidade. Ou, pior ainda: lançar um produto ou serviço no mercado sem qualquer característica de diferenciação ou de inovação, tornando-se apenas mais um

no mercado.

No processo de identificação de uma oportunidade se encontra um estágio muito

importante que os empreendedores estão acostumados a realizar, que é o estágio da

observação. Diante de um mercado cada vez mais competitivo, esse indicador é muito

importante, pois a observação pode ser definida como a capacidade de enxergar uma

oportunidade aonde todos só enxergam coisas negativas e sem perspectiva de crescimento.

Degen (1989, p.20) cita que “o empreendedor de sucesso é aquele que não se cansa de

observar negócios, na constante procura de novas oportunidades, seja no caminho de casa, do

trabalho, nas compras, nas férias, lendo revistas, jornais ou vendo televisão”.

A capacidade de observação é uma das características dos empreendedores de sucesso.

Após a fase de observação, aqueles fatores observados, que podem ser oportunidades, devem

ser associados ao negócio ou projeto do observador, caso já tenha um, ou então deve ser

explorado através da sua criatividade para o início de uma atividade empresarial.

Sertek (2006, p. 94) cita que:

[...] A observação dos produtos e serviços é absolutamente necessária, ou seja, estar a par das necessidades das pessoas, dos clientes; estar bem informado é um fator tremendamente importante para descobrir oportunidades de negócios.

Nessa citação é possível confirmar a importância da observação, pois através dela

serão identificadas as necessidades dos consumidores, seja em serviço ou em produtos novos

ou adaptados a sua realidade. As empresas precisam analisar constantemente a sua clientela,

Page 38: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

37

para que possam descobrir as necessidades novas e o que eles acreditam que poderia ser

melhorado naquilo em que a organização está servindo e oferecendo.

Um exemplo disso é o dono de um mercado de médio porte no centro de uma cidade.

Talvez o melhor lugar para ele ficar para observar seus clientes e identificar as necessidades

novas ou as preferências dos consumidores, é no caixa. Nessa posição cada cliente expressa

aquilo que ele precisa ou necessita, bem como faz elogios ou reclamações a respeito daquilo

que foi percebido.

Para que as idéias floresçam e transforme-se em oportunidades, deve-se criar um ambiente corporativo propício ao surgimento de novas idéias. Isso ocorre em organizações que priorizam o empreendedorismo corporativo. Assim, para se ter um ambiente interno de geração de idéias, são necessárias duas características: desenvolvimento de uma estrutura para o empreendedorismo e ter as pessoas certas. (DORNELAS, 2003, p.82)

Em muitos casos as idéias empreendedoras vão surgir através dos colaboradores que

fazem parte da organização. Para que elas sejam aproveitadas, deve haver espaço para a

inovação e criatividade, a fim de que os que fazem parte dela tenham espaço para expor seus

pensamentos e contribuir para que oportunidades sejam aproveitadas da melhor maneira

possível, trazendo um resultado positivo para o negócio.

Para que se possa definir se uma idéia é uma oportunidade, é necessário, como já

citado anteriormente, estar em constante observação do mercado. Através disso, uma

conclusão poderá ser tirada, avaliando as verdadeiras necessidades de novos produtos ou

serviços, ou mesmo adaptações aos que já existem. Conclui-se que uma idéia não é

necessariamente uma oportunidade, mas transforma-se em tal quando há uma carência de tal

produto ou serviço no mercado em que a empresa atua.

Empresas de sucesso não lançam produtos novos simplesmente porque alguém dentro

da organização teve uma idéia brilhante. Essas organizações, antes de lançá-los, para não

correr o risco de fracassar no novo projeto, pesquisam o mercado, analisam a concorrência,

identificam as necessidades dos consumidores, e lançam o produto, primeiramente para que

seja testado, para que posteriormente seja lançado em definitivo.

O que pode auxiliar muito na análise da concorrência e identificação de necessidades é

o Plano de Negócio, que contém todos os detalhes de planejamento e de estratégia da

organização que será lançada, ou que já existe no mercado, o que pode trazer um

direcionamento claro da visão do negócio da empresa.

Por outro lado, a motivação que pode levar uma pessoa a abrir o seu próprio negócio, é

a necessidade ou a identificação de uma oportunidade no mercado. Greco, Bastos Junior e

Machado (2008, p.30), principais autores da pesquisa GEM em 2008, citam conhecer essa

Page 39: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

38

motivação serve para avaliar a natureza do empreendedorismo em países em

desenvolvimento. Os autores citam que empreender por oportunidade reflete o “lado positivo”

da atividade empreendedora nesses países. São pessoas que iniciaram um negócio para

melhorar sua condição de vida ao observar uma oportunidade de empreender.

Ainda na pesquisa GEM 2008, os autores citam que empreender por necessidade é o

outro extremo da atividade empreendedora. Nesse caso o empreendedorismo é tido como uma

“ferramenta para o desenvolvimento”.

2.2.1 Fontes de Novas Idéias

Uma idéia pode surgir através de várias maneiras. Pessoas que tem em si

características de inovação e criatividade saem na frente nesse processo, pois tem a tendência

para estar sempre buscando algo novo e adaptando ao seu negócio ou criando alguma coisa

que gere valor para a sua empresa.

A idéia de um empreendimento surge da observação, da percepção e análise de atividades, tendências e desenvolvimentos, na cultura, na sociedade, nos hábitos sociais e de consumo. As oportunidades detectadas ou visualizadas, racional ou intuitivamente, das necessidades e das demandas prováveis, atuais e futuras, e necessidades não atendidas definem a idéia do empreendimento. (BERNARDI, 2003, p.63)

Não há como analisar idéias e oportunidades de forma isolada, pois o sucesso de uma

está ligado à existência da outra. O autor citado acima também confirma o que foi falado

anteriormente a respeito da observação. Ela também pode ser utilizada para a criação de um

novo empreendimento, através de idéias que surgirão.

Birley e Muzyca (2001, p.25) citam que “há, na essência, somente duas maneiras pelas

quais você pode criar idéias de negócios – gerar a sua própria ou desenvolver a de outrem”.

Quando uma pessoa desenvolve a sua própria idéia, ela pode estar baseada na necessidade de

alguma pessoa ou de um grupo de pessoas, que ainda não está sendo suprida de maneira

adequada como os consumidores esperam. Dessa maneira, um novo conceito de negócio

surge, dando início a um novo empreendimento, produto ou serviço. Porém, um

empreendedor pode também buscar desenvolver um conceito já existente, ampliando-o

através da sua iniciativa e buscando realizar seus objetivos através disso. Um exemplo seria o

investimento na abertura de uma franquia.

Idéias podem surgir de várias maneiras, porém devem ser desenvolvidas de maneira

adequada para que o empreendimento tenha sucesso. Birley e Muzyca (2001, p.25) continuam

Page 40: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

39

dizendo que “existem algumas técnicas estabelecidas, como visualização, brainstorming e

análise morfológica, que podem ser usados para gerar idéias.

Dr. Myles Munroe, em seu livro Os Princípios e o Poder da Visão cita que a

imaginação é o maior dom que Deus deu ao homem. Uma pessoa, quando consegue visualizar

e imaginar o seu sucesso, isso a leva a alcançá-lo de maneira mais eficaz. Alguém que não

consegue se enxergar bem-sucedido em alguma área da sua vida, também não acredita que

isso pode acontecer, e se não acreditar não irá se esforçar para alcançar isso, por mais que

deseje. Alguém disse que uma pessoa só chega a um lugar aonde a sua mente chegar antes.

Quando uma pessoa consegue utilizar essa técnica ao seu favor, objetivos e metas de longo

prazo podem ser estabelecidos.

Uma outra técnica para gerar idéias é através do brainstorming. Essa técnica reúne um

grupo de pessoas, com uma programação que a antecede, aonde as pessoas podem expressar

suas idéias com liberdade sem serem repreendidas. As melhores idéias são acatadas e devem

ser colocadas em ação.

Uma última maneira é chamada de análise morfológica. Essa técnica visa dividir um

problema complexo em seus elementos. Por exemplo, se uma empresa serve alguns tipos de

lanches: A, B e C. Seu público pode ser dividido em três faixas-etárias. Sendo assim, já são

nove idéias que surgem. Dessa maneira é possível trabalhar especificamente com os gostos e

preferências de cada grupo de consumidores principais.

Uma nova idéia não surge de qualquer maneira. Algumas formas são citadas acima de

como elas podem surgir. Porém, para que isso ocorra, existem várias variáveis que interferem

nesse processo. Quando uma pessoa traz a luz algo novo para solucionar um problema, ou

seja, uma idéia, ela geralmente estará baseada em sua experiência e em seu conhecimento a

respeito do assunto. Dornelas (2001, p. 54) aborda o assunto da seguinte maneira:

Informação é a base de novas idéias. Estar bem informado é o dever de qualquer empreendedor. Atualmente, a informação está ao alcance de qualquer pessoa, em diversas formas e veículos diferentes: televisão, rádio, revistas, jornais, livros, Internet, outras pessoas, a própria empresa, fornecedores, compradores, entidades de classe, governo, entre outros. Só não se informa quem não quer.

Dornelas fala a respeito da importância da informação para o processo de geração de

idéias. Uma pessoa informada sabe o que está acontecendo, porque está acontecendo, e se

tiver a capacidade de selecionar as melhores informações, poderá se antecipar as necessidades

de um público a respeito de algum produto ou serviço, saindo na frente de seus concorrentes

devido ao conhecimento adquirido através de informações bem selecionadas.

Page 41: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

40

Na seqüência, Dornelas (2001, p. 55) cita alguns exemplos de formas e técnicas para

gerar idéias:

• Conversar com pessoas de todos os níveis sociais e idade (de adolescentes aos mais

velhos e experientes), sobre os mais variados temas, também pode trazer novas idéias

de produtos e serviços em um determinado nicho de mercado;

• Pesquisar novas patentes e licenciamentos de produtos, em áreas onde o empreendedor

tem intenção de atuar com um novo negócio, pode produzir conclusões interessantes

que definirão a estratégia da empresa;

• Estar atento aos acontecimentos sociais de sua região, tendências, preferências da

população, mudanças no estilo e padrão de vida das pessoas e hábitos dos jovens

(futuros e até atuais consumidores para determinados produtos e serviços);

• Visitar institutos de pesquisa, universidades, feiras de negócios, empresas etc;

• Participar de conferências e congressos da área, ir a reuniões e eventos de entidades de

classe e associações.

É possível ver a ênfase do autor, através das citações acima, na busca de informações

de várias formas para que novas idéias sejam geradas. Com base nas declarações dos autores a

respeito de onde surgem novas idéias, pode-se constatar que eles defendem o mesmo

conceito, de que elas são geradas através da informação obtida através de várias formas já

citadas anteriormente.

2.2.2 Processo de Geração de Idéias e Ferramentas de Criatividade

Na parte anterior algumas formas de geração de idéias são citadas de acordo com

alguns autores, focalizando a informação obtida através de várias maneiras. Bom Angelo

(2003, p. 127) fala a respeito de alguns processos de geração de idéias: pensamento lateral,

brainstorming, método de solução criativa de problemas, ter muitas idéias e destruição

criativa.

1. Pensamento lateral: esse método consiste em fugir do jeito tradicional de gerar idéias.

Essa é uma forma excelente para estimular a criatividade, pois ela foge do

convencional, aquilo que todos estão acostumados a fazer sempre. Através dessa

técnica idéias que, em um primeiro momento, parecem absurdas, se forem analisadas

Page 42: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

41

de forma mais detalhada, se mostrarão potenciais inexplorados que podem trazer

ótimos resultados para quem utilizá-los.

2. Brainstorming: de acordo com o autor, esse processo consiste em dizer tudo que vier a

cabeça em relação ao assunto proposto. Sem censura. Esse método pode ser utilizado

com um grupo de pessoas, aonde acontece uma tempestade de idéias, e nenhuma delas

deve ser descartada, mas as melhores serão selecionadas para serem analisadas e

colocadas em ação.

3. Método de solução criativa de problemas: essa ferramenta foi desenvolvida pela

Creative Education Foundation, em Buffalo, nos Estados Unidos. Segundo Bom

Ângelo (2003, p. 129), esse processo se divide em seis etapas:

1. Definição de um objetivo – nessa fase, devem-se aplicar técnicas de

pensamento divergente para gerar objetivos diferentes e escolher um para ser

trabalhado. Quem tem um problema específico a ser resolvido já tem seu

objetivo definido.

2. Levantamento de dados – no processo criativo é importante pesquisar o

máximo de informações sobre aquele objetivo ou problema a ser resolvido.

3. Definição dos problemas – deve-se avaliar quais são os obstáculos a serem

ultrapassados para se atingir determinado objetivo.

4. Geração de idéias – dados o objetivo e os pontos críticos, é hora de pensar nas

maneiras de superá-los.

5. Busca de soluções – as idéias são apenas conceitos. Para atingir o objetivo ou

resolver o problema, é preciso pensar em como aplicá-los.

6. Implementação dos conceitos – a última fase consiste em colocar em prática

tudo o que foi pensado e discutido teoricamente.

4. Ter muitas idéias: o autor defende a idéia de que quanto mais idéias surgirem, maiores

são as chances de haver uma idéia de qualidade. As primeiras idéias a surgirem são as

convencionais, porém depois de um período de tempo, pelo fato de a mente estar

sendo estimulada, idéias inovadoras começam a surgir, podendo serem avaliadas de

forma positiva com grandes possibilidades de sucesso.

Page 43: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

42

5. Destruição criativa: “ninguém deve se apegar àquilo que sabe fazer, mesmo que seja

muito bem-feito. Pois, se surgir algo inovador que substitua o que era feito, volta-se à

estaca zero imediatamente”. (BOM ANGELO, 2003, p. 130) O autor mostra que não

se pode prender ao que se faz sempre, mas deve ser mudado aquilo que

freqüentemente é adotado, por idéias inovadoras, abrindo mão de um conceito já

existente, por algo criativo e que supra as necessidades dos consumidores.

Seguindo a mesma linha de raciocínio relatada nas linhas anteriores através de alguns

processos de geração de idéias, existem diversas outras ferramentas que podem ser utilizadas

para estimular e praticar a criatividade, conseqüentemente, a geração de novos conceitos de

negócio. Seria necessário um outro estudo mais aprofundado a respeito do assunto, para

apresentá-los de forma mais detalhada. Porém, o objetivo aqui não é aprofundar o tema, mas

apenas fazer uma explanação a respeito das ferramentas e de suas definições.

King e Schlicksupp (1999) apresentam detalhadamente sete ferramentas de

criatividade. São elas: redefinição heurística, brainstorming clássico, brainwriting 6-3-5,

brainstorming imaginário, associações e analogias palavra-figura, TILMAG e quadro

morfológico. A seguir segue a definição de cada uma dessa ferramentas, de acordo com os

autores e sua obra em análise.

1. Redefinição heurística: “é incrível o que as pessoas comuns podem fazer se partem

para a ação sem idéias preconcebidas”. (KETTERING, apud KING e

SCHLICKSUPP, 1999, p. 3) Essa ferramenta consiste em se criar uma ampla

definição do problema, para que se torne mais fácil achar a solução do mesmo. Muitas

pessoas pulam essa parte e fazem as coisas de qualquer jeito. Porém devem

compreender que uma análise do problema e o entendimento de que ele possui um

contexto flexível e com muitas faces, pode fazer toda a diferença na hora de se

encontra a melhor maneira para solucioná-lo. Um bom entendimento do problema

pode ser metade do caminho andado para a sua solução.

2. Brainstorming clássico: essa ferramenta já foi, de forma breve, analisada

anteriormente, e, como visto, consiste em uma tempestade de idéias em um grupo

pequeno de pessoas, onde cada idéia que os membros tiverem deve ser exposta, sem

que nenhuma delas seja criticada, para que não se crie um bloqueio a criatividade e a

Page 44: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

43

exposição das idéias. Ela foi criada por volta do ano 1950 por Alex Osborn, um

expoente do campo da propaganda, quando ele percebeu que reuniões para solucionar

problemas não davam resultados positivos.

3. Brainwriting 6-3-5: [...]“ os membros do grupo escrevem suas idéias em um papel em

vez de expressá-las oralmente. A versão mais popular do brainwriting é chamada de

brainwriting 6-3-5. Os números 6-3-5 se referem a: seis pessoas, três idéias por rodada

e cinco minutos de geração de idéias em cada rodada”. (KING e SCHLICKSUPP,

1999, p. 47) O fato das idéias serem expressas de forma escrita e não oral, aumenta a

possibilidade de aproveitamento das idéias dos outros.

4. Brainstorming imaginário: essa ferramenta oferece aos participantes do grupo a

oportunidade de sair do problema real, e imaginar um problema completamente

diferente daquele que está em pauta, buscar uma solução imaginária para esse

problema, e trazer as idéias geradas para solução do problema imaginário para

solucionar o problema real. Esse exercício permite que não seja dada uma solução

mecânica (automática) para alguma situação, buscando-se dessa maneira uma fonte

alternativa de criatividade.

5. Associações e analogias palavra-figura: esse processo estimula de forma muito

positiva a geração de idéias. Através da analogia de palavras, figuras ou outros meios,

o entendimento, por exemplo, do funcionamento interno de algum desses objetos,

pode trazer essa situação para dentro do problema real, gerando uma fonte quase

inesgotável de inspiração.

6. TILMAG: essa ferramenta é útil para ser utilizada quando há um problema muito

complexo, aparentemente muito difícil de ser solucionado. O autor cita que “através

de sua abordagem estruturada e sistemática, o TILMAG auxilia a equipe a definir as

soluções ideais para o problema em questão, criar e explorar associações baseadas em

pares de elementos da solução ideal e a utilizar essas associações para gerar idéias

incomuns e inovadoras para solucionar um problema”. (KING e SCHLICKSUPP,

1999, p. 106)

Page 45: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

44

7. Quadro morfológico: essa ferramenta apresenta como resultado de sua utilização,

inúmeras maneiras para se solucionar um problema. São levantados vários parâmetros

para a solução de um problema. Para cada parâmetro muitas opções são definidas. A

junção dos dois cria muitas soluções para o problema em questão, aonde os

participantes deverão escolher as melhores.

Essas são algumas ferramentas úteis para o processo de geração de idéias. Elas têm

uma aplicação maior para o empreendedorismo corporativo, aquele que acontece dentro das

organizações já existentes. Porém, nada impede, um empreendedor utilizá-las para criar a

idéia de um novo negócio. Muitos fatores são importantes para que uma empresa tenha

sucesso, mas o que fará a diferença é a forma como os líderes utilizarem as ferramentas

disponíveis, seu tino para as oportunidades e seu conhecimento a respeito do ramo de atuação.

2.2.3 Identificando e Avaliando Oportunidades

Existem alguns hábitos que devem ser desenvolvidos para que se possa identificar uma

oportunidade e posteriormente avaliá-la para ver se é viável a implantação de uma nova idéia

através do que foi identificado. Sertek (2006, p.94) cita que “identificar necessidades;

observar deficiências; observar as tendências; derivar para algo similar à ocupação atual;

procurar outras aplicações de um mesmo conceito e benchmarking” são hábitos a serem

desenvolvidos para que potenciais idéias se tornem em negócios bem sucedidos.

1. Identificar necessidades: o autor cita que o sentir do mercado é a chave para a

inovação e implantação de novos produtos. Primeiramente, para que algo seja

desenvolvido ou aperfeiçoado, deve-se observar uma necessidade ou carência de tal

produto ou serviço no mercado. Não se pode cair no erro de pensar que uma idéia

inovadora seja sinônimo de uma necessidade de um público, pois são coisas que se

distinguem. Uma idéia pode não ter a ver com aquilo que o mercado está carente,

assim como uma carência do mercado, pode ainda não ter sido observada por nenhum

empreendedor em potencial.

2. Observar deficiências: sempre que uma empresa lança um produto no mercado, seus

concorrentes devem estar atentos para que possam analisar se isso é uma tendência,

um negócio que pode ser muito atrativo ou se foi um erro na estratégia de quem o

lançou. As empresas bem sucedidas, quando vêem que seus outras organizações

Page 46: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

45

lançaram algum produto ou serviço novo no mercado, elas seguem a mesma linha, se

analisado como algo positivo, buscando o aperfeiçoamento daquilo que foi criado.

Cada negócio, dessa maneira, atrai seus clientes potenciais de acordo com o seu

diferencial competitivo.

3. Observar as tendências: o cenário dos negócios está cada vez mais dinâmico e muda

mais rapidamente a cada ano que passa. Novas tecnologias duram pouco tempo até

surgirem outras melhores ainda. Um computador lançado a um ano atrás, hoje já não é

mais novidade, pois existem outras tecnologias superiores aquelas apresentadas

anteriormente. Sertek (2006, p.96), ainda cita três fatores que impulsionam as

mudanças. As ameaças externas, podendo ser citado um exemplo do Brasil, que tem

uma forte influência de tecnologias que vem de fora do País. Para concorrer com

grupos poderosos, os empresários tem que se adequar a essa realidade e buscar segui o

mesmo caminho. Em segundo lugar vem a as oportunidades externas, que ocorrem

quando ambientes são alterados por uma séria de fatores. Isso faz com que a empresa

tenha a oportunidade de se antecipar a essa mudança, lançando algo que o mercado

está pedindo, abrindo assim novos campos de ação. Em terceiro lugar vem a rapidez

de resposta de acordo com o que o mercado está necessitando. Isso faz com que a

empresa saia na frente de seus concorrentes, conseguindo vantagens por ser a primeira

a lançar aquilo que se identificou.

4. Procurar outras aplicações de um mesmo conceito: uma empresa deve identificar quais

são seus pontos fortes e fracos e em seguida as necessidades do mercado. De acordo

com as informações observadas, ela pode buscar um novo mercado para o mesmo tipo

de produto que ela trabalha. Por exemplo se ela trabalha com forno microondas para

utilidades domésticas, ela pode prospectar um mercado de cozinhas industriais que

exige fornos maiores e equipamentos de maior potência e porte.

5. Benchmarking: através dessa prática é possível desenvolver uma visão diferente a

respeito do seu negócio, pois um padrão de referência é criado, analisando os

principais concorrentes e os peritos no assunto em análise. Ainda Sertek (2006, p.101)

cita quatro estágios básicos para o desenvolvimento do benchmarking. O primeiro

deles é o planejamento, que consiste em se conhecer o negócio e planejar as

alternativas necessárias para se obter o sucesso esperado. Em segundo lugar está a

análise, que se busca saber as organizações que estão conseguindo os melhores

resultados através de suas práticas. Em terceiro lugar vem a integração, que se dá

através do entendimento das melhores práticas adotadas conciliadas com os melhores

Page 47: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

46

resultados. Em quarto e último lugar está a ação, buscando através da iniciativa

adotada, obter um diferencial competitivo diante da concorrência.

Uma idéia é diferente de uma oportunidade, por isso se faz necessário uma análise

para que se possa diferenciá-las em cada situação. Como foi visto anteriormente, existem

algumas formas e técnicas de geração de idéias. Porém uma investigação posterior

determinará se ela é viável ou não.

Dornelas (2003, p.85) apresenta o seguinte quadro, com os critérios para avaliar

oportunidades.

CRITÉRIO Alto Potencial Baixo Potencial Mercado Necessidades dos clientes Valor gerado para os usuários Ciclo de vida do produto/ serviço Estrutura do mercado Tamanho do mercado Taxa de crescimento do mercado Participação do mercado possível

Identificada, receptiva, atingível Alto Período que permite recuperar investimento e obter lucro Competição não consolidada ou mercado emergente Vendas acima de R$50 milhões anuais e poucos players 30% a 50% ao ano ou mais Ser líder; 20%, 30% ou mais

Sem foco, leal a outros produtos Baixo Muito rápido e não permite recuperar investimento e obter lucro Competição consolidada ou mercado maduro ou, ainda, mercado em declínio Desconhecido ou com vendas menores que R$10 milhões anuais Menor que 10% ano ano ou decrescendo Menor que 5%

Análise Econômica Lucros depois de impostos Tempo para: Ponto de equilíbrio

10% a 15% ou mais, com perspectiva duradoura Menos de 2 anos

Menor que 5%, frágil Mais que 3 anos

Page 48: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

47

QUADRO 3 Continuação Fluxo de caixa positivo Retorno potencial para o investimento Necessidade de capital inicial

Menos de 2 anos 25% ao ano ou mais Baixo e moderado

Mais que 3 anos 15% a 20% ou menos Altos investimentos

Vantagens Competitivas Custos fixos e variáveis: Produção Marketing Distribuição Grau de controle: Preços Custos Cadeia de fornecedores Cadeia de distribuição Barreiras de entrada: Alguma regulamentação a favor Vantagem tecnológica Vantagem contratual/ legal Redes de contato estabelecidas

Menores Menores Menores Moderado a forte Moderado a forte Moderado a forte Moderado a forte Possui ou pode conseguir Possui ou pode conseguir Possui ou pode conseguir Bem desenvolvidas

Maiores Maiores Maiores Fraco Fraco Fraco Fraco Nenhuma Nenhuma Nenhuma Limitadas; inacessíveis

Equipe Gerencial Pessoas da equipe Formação das pessoas Envolvimento com o negócio

Experientes, competência comprovada Multidisciplinar; habilidades complementares Gostam do que fazem, querem se diferenciar

Inexperientes, nunca dirigiram negócio parecido Todos com a mesma formação e características Apenas interesse financeiro (remuneração; benefícios etc.)

Page 49: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

48

Fonte: Dornelas (2003, p.85)

Quadro 3 – Critérios para avaliar oportunidades

2.3 As Micro e Pequenas Empresas

As micro e pequenas empresas representam um percentual muito grande do total de

empresas em atividade no Brasil. Em média, 98% das empresas no país, se caracterizam como

micro e pequenas empresas. Devido a esse fato, nos últimos anos tem sido dada uma atenção

especial a esse grupo de organizações, pois ele tem representado uma parte importante e

considerável do mercado.

O sonho de muitos brasileiros é o de ter a sua própria empresa. Mas não basta apenas

ter esse desejo, pois muitas pessoas que se aventuraram pelo mundo do empreendedorismo

fracassaram, devido a diversos motivos e dificuldades encontradas. O mundo dos negócios

não exalta aqueles que agem apenas pela emoção, mas se destacam os que têm um equilíbrio,

tendo um bom conhecimento de gestão, do setor em atuação e de suas habilidades

interpessoais.

Esse tipo de organização exerce um papel muito importante na sociedade. Essas

empresas geram empregos, fazem a economia movimentar, trazem desenvolvimento

econômico para uma região, dentre outros fatores. Por isso se dá a importância de o governo e

outras instituições contribuírem para o sucesso dessas organizações, pois se elas forem bem

sucedidas, a sociedade em si será beneficiada de forma acentuada.

Em geral, o que determinará o sucesso de uma pequena empresa é a forma como ela

será administrada. Resnik (1990, p.3) cita que:

No entanto, o sucesso e o fracasso de uma pequena empresa não é um jogo estatístico. A boa administração é o fator determinante da sobrevivência e sucesso. A má administração – e não a economia, a concorrência, a inconstância dos clientes ou o azar – é o fator que determina o fracasso.

Muitos empreendedores fracassados colocam a responsabilidade de suas derrotas e de

seus erros, em muitos fatores como a economia, o governo, a carga tributária excessiva, entre

outros motivos. A realidade é que se um empresário dono de um estabelecimento de pequeno

porte souber administrar com eficácia o seu próprio negócio, grande parte dos problemas

seriam resolvidos. Muitas vezes há fatores externos que contribuem para o fracasso, porém

não aparecem em primeiro lugar como motivos determinantes para o fracasso de um

empreendimento.

Page 50: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

49

Quando uma empresa de pequeno porte está iniciando suas atividades e durante o

decorrer delas, é essencial a presença do dono do estabelecimento para gerir o negócio. A

forma da empresa e suas características serão os espelho do dono. Muitos dizem um ditado

popular que diz “que o boi só engorda com o olho do dono”. Assim é nas empresas, somente

o proprietário do estabelecimento terá o tino necessário para gerenciar o negócio, estando

atento às dificuldades e sabendo enfrentar os desafios.

Resnik (1990, p.8) fala que:

Apenas o proprietário-gerente consegue determinar os principais propósitos, valores e a identidade da empresa. Apenas o proprietário-gerente pode estipular as prioridades e objetivos da empresa e decidir como os seus recursos devem ser alocados para terem maior impacto.

O autor segue dizendo que “a administração de uma pequena empresa é a arte

essencial. É tirar o máximo do mínimo”. Como citado acima, pode-se notar a importância da

presença do dono do estabelecimento em sua empresa, para que possam ser definidos os

principais objetivos, para dar um rumo para a organização, para que ela caminhe em direção a

um alvo claro e objetivo. Uma empresa desse porte, não pode se ater ao fato de ser pequena, e

abrir mão de traçar metas e objetivos, pois são eles que definirão para onde a empresa

caminhará.

Nos últimos anos as empresas, independente de seu porte, tem caminhado em direção

a sustentabilidade, aonde as organizações, até mesmo as de pequeno porte, tem visto a

necessidade de investir recursos na área de responsabilidade social, diminuindo ou até mesmo

eliminando os impactos negativos que elas causam para a sociedade e região aonde estão

inseridas. Donaire (1995, apud PREVIDELLI e MEURER, 2005, p.30) reforça esse

pensamento afirmando o seguinte:

Além do aspecto econômico, a questão social também passou a ser considerada uma variável importante na relação das empresas com o mercado, sobretudo pelo maior nível de conscientização da sociedade. As empresas, independente do porte, devem se preocupar com a questão social, pois estão se tornando instituições sociopolíticas. Esse novo conceito de responsabilidade social é conseqüência de mudanças no pensamento da sociedade, que passou a valorizar aspectos sociais que incluem distribuição de renda mais justa, qualidade de vida, relacionamento humano, realização pessoal, entre outros.

Como confirmado pelo autor acima, a sociedade e seus consumidores têm se

preocupado muito mais com uma sociedade sustentável, e muitos já começam a se perguntar o

que as empresas, das quais eles consomem os produtos, estão fazendo para contribuir com

essa nova realidade. Muitas empresas que estão conscientes a respeito desse assunto e tem

realizado ações efetivas, tem se destacado de certa forma na percepção da clientela. Um

Page 51: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

50

exemplo disso seria o Mc Donald’s, que apesar de ser um grande empresa, faz ações locais

em cada cidade em que estão inserido, a nível de restaurante, buscando contribuir para

diminuir os impactos ambientais que ele tem causado para a sociedade, através de um

programa chamado Gincana do Bom Vizinho.

Assim como a importância das pequenas empresas, a responsabilidade social passa a ser fator fundamental para se ter destaque. E esse fator vale tanto para as empresas como para os profissionais que atuam no mercado. Nesse sentido, as empresas devem se dedicar a essas questões e inserir na sua cultura de atuação fatores de preocupação com o meio ambiente e a sociedade, sob pena de ficar de fora das opções de um mercado que valoriza cada vez mais esses aspectos. Da mesma forma, as empresas passam a exigir de seus profissionais a dedicação a essas causas também. Portanto, o envolvimento pessoal de cada um de nós é fundamental para se manter competitivo no mercado empresarial. (LENZI, 2009, p. 8)

2.3.1 Cenário das Micro e Pequenas Empresas no Brasil

A cada dia que passa o cenário competitivo entre as empresas fica mais dinâmico e

exige mais de cada empreendedor e de suas respectivas organizações. Há alguns anos atrás ter

qualidade de produto e serviço representava um diferencial competitivo, nos dias atuais isso é

a obrigação de cada empresa. A concorrência está cada vez mais acirrada, e as pessoas lutam

por uma sobrevivência e para não serem passados para trás por seus adversários mercantis.

As mudanças têm acontecido de forma mais rápida a cada ano que passa. Produtos e

serviços que a alguns anos atrás não eram nem pensados pelos consumidores, nos dias atuais,

as pessoas não vivem sem essas novas tecnologias. Um exemplo disso pode ser o celular, o

computador, e muitas outras tecnologias que tem invadido o mercado de forma rápida.

Devido a essa nova economia, muitas empresas de pequeno porte têm se deparado

com muitas dificuldades para se manterem vivas e ativas no mercado. Essas mudanças têm

caracterizado uma nova economia. Lenzi (2009, p.8) comenta o seguinte a respeito do

assunto:

A chamada nova economia é caracterizada por fatores como abertura de oportunidades ao conhecimento, responsabilidades sociais da empresa, fortalecimento econômico pelas pequenas empresas e condução dos negócios tendo em vista as necessidades dos clientes. Talvez alguns desses fatores já sejam óbvios do ponto de vista teórico, mas, na prática, poucas empresas ou empreendedores os praticam.

Essa nova economia, como definida acima, tem exigido novas práticas e um novo

estilo de gestão por parte dos empreendedores e suas empresas. Infelizmente, como citou

Lenzi, na prática isso não tem sido uma realidade, o que pode ser o motivo do fracasso de

Page 52: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

51

muitas organizações de pequeno porte, que não se adequam as novas práticas essenciais nos

dias atuais.

Existem muitas características que esse novo cenário econômico exige das

organizações. Alguns já foram citados anteriormente, como a boa administração, que aparece

como ponto principal para o sucesso empresarial. Um outro ponto a ser considerado, também

já citado, é a necessidade de preocupação com a responsabilidade social, cada vez mais

exigida também por parte dos consumidores.

Previdelli e Meurer (2005, p. 30) falam a respeito de duas transformações que se

destacam na nova economia, causando um grande impacto nas empresas.

Apesar da sua importância, as empresas de pequeno porte vêm passando por drásticas transformações em que se destacam duas variáveis: a globalização dos mercados, que estreitou as relações entre empresas e contribuiu para aumentar a concorrência em nível internacional, fazendo com que as empresas nacionais se adaptassem a novos padrões de produção e de comercialização, mudando a sua relação com os consumidores, que ficaram mais exigentes e conscientes do papel das organizações; [...]

O fato de haver um mercado aberto a produtos estrangeiros gera na sociedade uma

mudança nos hábitos de consumo. Muitos produtos que não tinham acesso ao mercado

brasileiro, nos dias atuais tem. A China tem encontrado uma abertura grande para entrar com

seus produtos em nossa nação, e devido ao baixo custo, tem causado uma necessidade de

produtos nacionais se adequarem a essa realidade, muitas vezes tendo que se adequar ao preço

praticado por eles no mercado interno.

Por outro lado, surgem muitas oportunidades de produtos nacionais estarem entrando

no mercado internacional. Um exemplo bem sucedido é o das Havaianas, que tem encontrado

espaço em muitos outros países, se destacando de forma efetiva no mercado internacional.

Deve-se pesar os dois lados, a adequação dos produtos e serviços e padrões de sucesso

internacionais que entram no mercado interno, e a busca de oportunidades internacionais para

produtos brasileiros.

[...] e o desenvolvimento da Tecnologia da Informação (TI), que alterou as relações de mercado, promoveu modificações no processo produtivo e colocou a informação como essencial na elaboração de políticas gerenciais e mercadológicas para as empresas. Além disso, através dos meios de comunicação de massa, a sociedade passou a conhecer seus direitos, exigindo, assim, um padrão ético por parte das empresas, proporcionando maior segurança e confiabilidade dos seus produtos, o comprometimento de não agredir o meio ambiente e assumir o papel social de contribuir para o desenvolvimento do país. (Previdelli e Meurer, 2005, p. 30)

Essa segunda variável que se destaca no cenário de transformações da nova economia

mostra a essencialidade da informação e a forma como ela é tratada. A tecnologia é uma

Page 53: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

52

ferramenta extremamente necessária para trazer sucesso para uma empresa nos dias atuais.

Antigamente os contadores tinham pilhas de livros com os registro de empresas. Nos dias

atuais, se faz necessário apenas um computador ou alguns computadores para registrar todas

as informações de seus clientes pertinentes a suas movimentações financeiras e seus registros

contábeis. A tecnologia da informação é uma ferramenta que agiliza os processos produtivos

de cada organização, fazendo com que ela se torne mais produtiva e produza melhores

resultados.

2.3.2 Dificuldades das Micro e Pequenas Empresas

Devido a esse cenário de diversas transformações e a escassez de recursos disponíveis

para as empresas de pequeno porte, elas enfrentam muitas dificuldades que devem ser

administradas. Lenzi (2009, p. 4) destaca algumas causas de fracassos das empresas, que

também podem ser caracterizadas como dificuldades das pequenas empresas. As principais

delas são:

• Desconhecimento de tributação: muitos fracassam por desconhecer alguns detalhes a

respeito da carga tributária no país. O empreendedor não precisa ter um conhecimento

profundo na área, mas deve conhecer algumas coisas que o ajudam com relação aos

seus assuntos contábeis e fiscais, para poder usufruir desses benefícios e tomar

decisões mais acertadas na hora de formar o seu preço de venda e tomar decisões com

relação as suas finanças.

• Análise financeira e de custo inadequada: muitos empresários, por não conhecer a sua

estrutura de custos de forma adequada e como ela realmente é, acabam definindo

preços e tomando outras decisões financeiras de forma equivocada. Isso pode trazer

um prejuízo para a organização, podendo levá-la até mesmo ao fracasso.

• Falta de informação acerca de seus clientes/ mercado: se um empreendedor não

conhecer sua clientela e nem mesmo o mercado no qual está inserido, suas ações serão

completamente sem alvo e sem direção, podendo trazer danos para si mesma e para a

sociedade. O conhecimento do cliente e do mercado é essencial para que se possa

realizar campanhas e criar um relacionamento com eles, buscando atingir objetivos

claros e específicos.

Page 54: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

53

• Falta de liderança e gestão de pessoas: para que se possa ter pessoas eficientes e

comprometidas com o negócio é preciso que o empreendedor tenha habilidades de

liderança e saiba influenciar as pessoas inseridas em seu negócio. As organizações são

formadas por pessoas e elas são o seu maior patrimônio. Por essa razão deve-se saber

lidar de forma eficaz com as pessoas para que elas possam trabalhar entusiasticamente

buscando atingir os objetivos propostos.

• Cultura da qualidade incipiente: há vários anos atrás, ter qualidade nos produtos e

serviços representava um diferencial competitivo, porém nos dias atuais isso não é

mais realidade. A qualidade representa, hoje em dia, uma obrigação de cada

organização, e para se diferenciar no mercado ela precisará buscar outras vantagens

competitivas que atraiam e agradem aos seus consumidores.

De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae (1998, apud PREVIDELLI e

MEURER, 2005, p.32):

[...] a falta de capital de giro, a recessão econômica, a carga tributária elevada, os maus pagadores, a concorrência, a falta de clientes, o ponto inadequado, a falta de crédito, o desconhecimento do mercado, entre outros, foram os maiores problemas enfrentados pelas empresas durante o primeiro ano de vida.

De acordo com essa pesquisa realizada pelo Sebrae no ano de 1998, essas foram as

maiores dificuldades encontradas por empresas em seu primeiro ano de existência. O

primeiro ponto citado é falta de capital de giro. Muitas vezes esse fato se dá pois o

empreendedor investe todos os seus recursos para dar início as operações da empresa,

esquecendo-se do fato de reservar um valor para sustentar a sua operação. Alguns autores

dizem que a empresa deve ter um capital de giro suficiente para manter a empresa durante um

período de três meses.

Um segundo item que aparece como uma dificuldade para as organizações que estão

iniciando suas atividades é a recessão econômica. Esse fator afeta diretamente as empresas de

pequeno porte, principalmente as que estão iniciando, pois diminui as movimentações

financeiras da nação, conseqüentemente diminuindo a venda de mercadorias.

Em terceiro lugar aparece a carga tributária elevada que dificulta a operação das

empresas de pequeno porte, devido a sua escassez de recursos para serem investidos, na

maioria dos casos. Devido a esse fator que dificulta a vida do pequeno empresário, muitos

deles optam por fugir da tributação, buscando comprar mercadorias sem notas fiscais, para

não pagar impostos, aumentando assim o mercado informal no país.

Page 55: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

54

Em quarto lugar aparecem os maus pagadores, representando a inadimplência que

ocorre como freqüência em todos os setores da economia. O empreendedor deve se preocupar

com as suas vendas, porém mais ainda com o recebimento dos valores que foram negociados.

O fato de muito se preocuparem muitos com as vendas, os faz falhar na hora de conceder

crédito, fazendo-os dar credibilidade a pessoas erradas que são más pagadoras.

Em quinto lugar está a concorrência. O fato de muitos empreendedores não terem um

conhecimento da sua concorrência os faz tomar decisões e realizar ações desprezando esse

fator tão importante para o sucesso de cada organização. As empresas devem praticar uma

política de preços e ter ações empresariais de acordo com aquilo que é praticado no mercado,

não se anulando perante a concorrência.

Em sexto lugar é citada a falta de clientes. Esse fator ocorre pois negócios que iniciam

ainda não tem uma cliente formada, e muitos fracassam na hora de formar sua carteira de

clientes, falhando nas ações de acordo com o seu público-alvo. Uma empresa que inicia deve

ter claro que serão seus consumidores para que possa realizar campanhas para prospecção de

sua clientela e de novos negócios.

Em sétimo vem o ponto inadequado. Muitas vezes os empreendedores não analisam o

melhor ponto para suas instalações. Em muitos casos eles se deixam levar pelo preço do

aluguel ou por outros fatores, esquecendo-se que se seu negócio precisa de visibilidade, é

necessário que esteja localizado em um local com um grande fluxo de pessoas, por exemplo.

A fala de crédito aparece como penúltimo item. Dificilmente uma financeira ou um

banco liberará uma grande quantidade de dinheiro para um empreendedor que está iniciando

suas atividades, pois ele não apresenta um histórico de sucesso, pois está apenas começando, e

não tem garantia de que seu negócio será bem-sucedido.

Em último lugar, é citado o desconhecimento do mercado, que impede muitas

empresas de realizarem ações de acordo com aquilo que o mercado espera e oferece de

oportunidades. O conhecimento do mercado é um fator-chave para que uma organização

tenha sucesso, pois ninguém pode dar tiros no escuro com a garantia de que estará acertando.

Page 56: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

55

3 METODOLOGIA

Este capítulo aborda as questões da metodologia utilizada para a realização da

pesquisa, com o objetivo de apresentar com clareza os métodos que deram suporte a esta

pesquisa científica.

3.1 Tipologia de Pesquisa

De acordo com os objetivos que foram estabelecidos, a presente pesquisa buscou

identificar quais as competências empreendedoras estão presentes nos empresários

pesquisados.

De acordo com as informações e conceitos relatados durante o decorrer desse trabalho,

buscaram-se aliar a teoria com a prática. Filho e Santos (1998, p. 100) citam que “toda e

qualquer pesquisa tem como ponto de partida o conhecimento e a identificação dos elementos

que compõem a problemática a ser esclarecida”.

Com base no que escreveram Miner (1998), Hisrich e Peters (2004), Venturi e Lenzi

(2003) e Dornelas (2005), essa pesquisa buscou investigar nos empreendedores avaliados,

aquilo que foi dito por esses autores, identificando suas características empreendedoras,

diferenciais competitivos e fatores de sucesso para seus negócios.

A pesquisa realizada buscou estabelecer uma ligação entre a teoria aqui apresentada e

a prática, realizada através dos questionários. Gil (1991, p. 19), define pesquisa com a

seguinte declaração:

Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

Já para Cruz e Ribeiro (2003, p. 11), “uma investigação formal, ou seja, estruturada,

controlada, sistemática e redigida de acordo com as normas da metodologia valorizada pela

ciência, caracterizam uma pesquisa científica”.

Ander-Egg (1978, apud Lakatos e Marconi, 1991, p. 155) diz que a pesquisa é um

“procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos

ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”.

Page 57: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

56

De acordo com Dencker (1998, p.107), existem dois tipos de pesquisa: a qualitativa e

a quantitativa. O tipo de pesquisa que será usado e a metodologia adequada devem ser

definidas pelo pesquisador, dependendo do que ele pretende investigar.

Essa pesquisa terá uma abordagem quantitativa, pelos motivos e definição expressos

pelo autor a seguir. Richardson (1999, p.70) definiu esse tipo de pesquisa da seguinte

maneira:

[...] o método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. Amplamente utilizado na condução da pesquisa, o método quantitativo representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências. É freqüentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis, bem como nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos.

Além de ter uma abordagem quantitativa, essa pesquisa pode ser classificada como

exploratória, pois visa explorar as características empreendedoras dos donos de

estabelecimentos de pequeno varejo alimentício em Balneário Camboriú, que são clientes da

distribuidora de alimentos Fiorelo Pegoraro Com e Repres Ltda.

Gil (1991, p. 45) define que as pesquisas exploratórias “tem como objetivo principal o

aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é bastante flexível,

de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato

estudado”.

3.2 Sujeito de Estudo (População e Amostra)

O sujeito de estudo da pesquisa que foi considerado, foram os estabelecimentos de

pequeno varejo alimentício, localizados no centro de Balneário Camboriú, que são clientes da

empresa Fiorelo Pegoraro Comércio e Representações LTDA. Esse tipo de estabelecimento

engloba mercearias, mini-mercados, panificadoras, lojas de conveniência e açougues.

De acordo com informações fornecidas pela própria empresa, ela possui 61

estabelecimentos ativos nessa região que estão de acordo com as características citadas acima.

Dessa maneira, entende-se que a População é representada pelos 61 estabelecimentos.

Pelo motivo de que todos os estabelecimentos que compõe a população foram pesquisados, a

pesquisa caracterizou-se como sendo um censo.

Page 58: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

57

Por este motivo, é correto afirmar que a amostra utilizada para a realização dessa

pesquisa é uma amostra não-probabilística. Para Dencker (1998, p.88) esse tipo de “amostra

definida pelo pesquisador, através de critérios estatísticos ou de forma intencional, sem que

isso comprometa sua veracidade”.

A caracterização e escolha dos clientes da empresa Fiorelo Pegoraro para a realização

da pesquisa levou em consideração o fato de que a Cidade de Balneário Camboriú é uma

Cidade turística, possuindo uma alta sazonalidade. Por essa razão buscou-se analisar se os

empreendedores que mais são afetados por esse fator realmente empreendem por

oportunidade observada no mercado, ou se somente é motivado pela necessidade.

3.3 Instrumentos de Pesquisa

O instrumento utilizado para a coleta dos dados da pesquisa foi um questionário. O

mesmo deve ser elaborado ou selecionado de forma muito cuidadosa para que possa suprir a

necessidade que a pesquisa tem, bem como encontrar as respostas adequadas para a

problemática da pesquisa.

Roesch (1999, p. 32) define questionário da seguinte maneira:

O questionário não é apenas um formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita reflexão. O questionário é um instrumento de coleta de dados que busca mensurar alguma coisa. Para tanto, requer esforço intelectual anterior de planejamento, com base na conceituação do problema de pesquisa e do plano da pesquisa.

Essa conclusão do autor citado, complementa o que foi dito anteriormente. Para que

uma pesquisa, que utiliza um questionário como instrumento de coleta de dados, tenha

sucesso e alcance os objetivos propostos, o questionário deve ser planejado de forma

adequada para viabilizar a aplicação do mesmo.

Já a respeito da estrutura do questionário, veja o que diz outro autor a seguir.

O instrumento de coleta de dados mais utilizado em pesquisas de marketing é o questionário. Um questionário é formado de cinco partes: dados de identificação, solicitação para cooperação, instruções para sua utilização, perguntas questões e formas de registrar as respostas, e dados para classificar socioeconomicamente o respondente. (MATTAR, 2005, p. 43)

Já este autor fala a respeito das partes que envolvem um questionário. A primeira são

os dados de identificação, para a que a pessoa respondente possa se identificar. Em seguida

uma solicitação de cooperação para que a pessoa responda de forma a cooperar para a

realização de um objetivo proposto. Em terceiro as instruções para sua utilização,

Page 59: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

58

apresentando, se preciso, os detalhes de respostas, se estão em forma de verdadeiro e falso, ou

então através de uma classificação numérica, entre outras. A seguir vem às questões com suas

respectivas formas de registrar as respostas. E, por fim, dados para classificar

socioeconomicamente o respondente, que não está presente em todos os questionários.

O questionário aplicado para a realização desta pesquisa, fala a respeito das

competências profissionais dos empreendedores em análise nesse caso. Este instrumento foi

utilizado por Lenzi (2008) em sua Tese de Doutorado pela USP. Lenzi aborda que esse

instrumento de pesquisa seguiu o modelo de competências de Cooley (1990) e Spencer e

Spencer (1993), sendo que ele considera que estes autores abordam os empreendedores e suas

características de uma forma bem completa. Dessa maneira, o autor continua dizendo que as

competências analisadas foram: busca de oportunidades e iniciativa, correr riscos calculados,

exigência de qualidade e eficiência, persistência, comprometimento, busca de informações,

estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de

contatos, independência e autoconfiança.

Essas características e competências analisadas através dos questionários aplicados,

apontam para a teoria apresentada nesse estudo, nos momentos em que é abordado o perfil

empreendedor e suas qualificações. Sendo assim, uma máxima é realçada nesse momento: a

confrontação da teoria com a prática.

O questionário selecionado para a realização desse estudo, foi dividido em 10 partes,

aonde cada uma delas representa uma característica empreendedora. Dentro de cada uma

dessas divisões estão alocadas 3 atitudes ou comportamentos que dizem respeito ao perfil do

indivíduo que está sendo analisado.

As qualidades e comportamentos, quando analisados, em cada questão, são

respondidos de uma forma quantitativa, dentro de uma escala de 1 a 5, aonde a legenda

detalhada da mesma se encontra no Apêndice A. A classificação com o número 1, representa

um comportamento que o empreendedor nunca tem, e a classificação com o número 5

representa uma atitude que ele sempre apresenta.

Para a realização da tabulação das respostas, as notas mais altas para as competências

analisadas demonstram a presença integral no empreendedor e as notas mais baixas,

representam a ausência da competência. Cada questão pode ter um total de 5 pontos, sendo

que há 30 questões, o máximo que um empreendedor pode apresentar, é um total de 150

pontos, sendo o “empreendedor ideal”.

Lenzi (2008, p. 74), considera que um empreendedor possui a competência

empreendedora, quando ele apresenta uma qualificação de 12 a 15 pontos, pois cada

Page 60: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

59

competência possui 3 questões, e o máximo de pontos por competência é 15. Ele chegou a

essa conclusão pois avalia que uma resposta dentro da média seria enquadrada no número 3

da escala de 1 a 5, mas para que esteja em destaque, deve estar acima da média, portanto ser

qualificada como 4 na escala. Multiplicando-se 4 por 3, obtém-se o número 12, apresentado

como mínimo para que esta competência esteja em evidência no empreendedor.

Dessa forma, os empreendedores que apresentarem uma atribuição numérica por

competência analisada, de 12 a 15 pontos, considera-se que ele possui ela. Por outro lado, os

que tiverem uma atribuição abaixo de 12 pontos, não possuem essa competência.

Para completar a pesquisa que foi realizada, foi aplicado também um questionário que

possibilita informações sobre o perfil de cada empreendedor. Nesse questionário é solicitado o

estado civil, idade, gênero, número de filhos, grau de escolaridade, razão de abertura do

negócio e o principal diferencial competitivo da empresa.

3.4 Análise e Apresentação dos Dados

Para que se pudesse tabular e analisar os dados resultantes das pesquisas realizadas

através do questionário de competências profissionais, em um primeiro momento foi realizada

a distribuição dos empreendedores de acordo com suas pontuações individuais com o auxílio

de uma planilha do Excel.

Após o levantamento desses dados e a junção dessas informações foram realizadas

algumas tabelas e gráficos para enquadrar os empreendedores que possuem e os que não

possuem cada um das competências empreendedoras, sendo apresentado também o número de

entrevistados em cada uma das atribuições numéricas de cada competência.

Os empreendedores foram separados em dois grupos. O primeiro grupo é o dos

empreendedores que possuem a competência empreendedora, tendo uma atribuição numérica

de 12 a 15 pontos. E o segundo grupo de empresários possui uma atribuição numérica abaixo

de 12 pontos, por isso não possuem a competência empreendedora. Os gráficos foram

realizados através do auxílio de uma planilha do Excel.

Em um segundo momento foi realizada a tabulação dos dados relacionados ao perfil

de cada empreendedor, identificando sua idade, gênero, estado civil, número de filhos, grau

de grau de escolaridade e razão de abertura do negócio. Esses dados foram apresentados

através de gráficos identificando o percentual de empresários em cada uma das classificações

de cada questão.

Page 61: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

60

Por fim, são apresentados os diferenciais competitivos encontrados nos

estabelecimentos que foram pesquisados. Através de uma tabela é apresentado esse resultado,

identificando o percentual de empresas que possui cada um dos diferenciais citados. Se

realizada a soma dos pontos percentuais de cada um dos diferenciais citados pelos

empresários, tem-se um número maior do que 100, devido ao fato de que algumas empresas

apresentaram mais do que 1 diferencial competitivo em sua organização.

3.5 Limitações da Pesquisa

A pesquisa realizada, pela forma como foi proposta encontrou algumas limitações. Ela

foi realizada apenas com os estabelecimentos de pequeno porte do gênero alimentício no

centro de Balneário Camboriú, que são clientes da empresa Fiorelo Pegoraro Com e Repres

LTDA. Dessa maneira seus resultados não podem ser generalizados em um âmbito municipal

ou até mesmo regional. Por essa razão ela buscou entender os resultados que são inerentes a

amostra selecionada.

Dessa maneira, pela particularidade e objetivos propostos a essa pesquisa, apenas essa

amostra foi selecionada, sendo que há um universo maior que pode ser pesquisado através de

outras pesquisas na cidade d Balneário Camboriú, ou até mesmo no estado de Santa Catarina.

Page 62: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

61

4 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa que foi realizada nos

clientes da empresa Fiorelo Pegoraro Com e Repres LTDA no Centro da Cidade de Balneário

Camboriú englobando mercearias, mini-mercados, panificadoras, lojas de conveniência e

açougues. As pesquisas foram realizadas entre os dias 13 de Abril e 7 de Junho de 2010.

4.1 Competências Empreendedoras e Perfil dos Empreendedores

Através da aplicação dessa pesquisa foi possível analisar os empreendedores que

possuem as competências empreendedoras e os que não possuem.

As 10 competências empreendedoras analisadas, atribuindo as mesmas siglas usadas

por Lenzi (2008, 85), são:

• BOI – Busca de Oportunidade e Iniciativa

• CRC – Correr Riscos Calculados

• EQE – Exigência de Qualidade e Eficiência

• PER – Persistência

• COM – Comprometimento

• BDI – Busca de Informações

• EDM – Estabelecimento de Metas

• PMS – Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

• PRC – Persuasão e Rede de Contatos

• IAC – Independência e Auto-Confiança

Page 63: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

62

De acordo com o que foi constatado na pesquisa, o Gráfico 1 apresenta o percentual de

empreendedores divididos de acordo com a sua idade.

0

19,721,3

27,9 27,9

3,3

0

5

10

15

20

25

30

Até 22

anos

23 a 30

anos

31 a 40

anos

41 a 50

anos

51 a 60

anos

61 anos ou

mais

%

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 1 – Empreendedores de acordo com a idade

Por meio do Gráfico 1, é possível observar que mais de 50% dos empreendedores

analisados possuem entre 41 e 60 anos. Sendo que 27,9% possui de 41 a 50 e outros 27,9% de

51 a 60. Entre 23 e 30 anos encontram-se 19,7% dos entrevistados, outros 21,3% entre 31 e

40 e, por fim, apenas 3,3% com 61 anos ou mais. No relatório executivo do GEM 2009, os os

jovens de 18 a 24 anos representam 20,8% dos empreendedores no Brasil. Já as pessoas de de

25 a 34 anos aparecem com 31,7% do total. O Brasil apresenta um perfil empreendedor

diferente do que foi encontrado na pesquisa em Balneário Camboriú. Percebe-se que na

cidade em análise, pouco mais de 50% dos entrevistados possuem entre 41 e 60 anos. Porém,

no Brasil, pouco mais de 50% possui entre 18 e 34 anos.

Page 64: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

63

61

39

0

10

20

30

40

50

60

70

Masculino Feminino

%

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 2 – Empreendedores de acordo com o gênero

O Gráfico 2 mostra que a maioria dos empreendedores pesquisados é do gênero

masculino, representando 61% do total. As mulheres representam 39% do total dos

empreendedores pesquisados. Na pesquisa GEM 2009, os resultados apresentam que as

mulheres representam 53% dos empreendedores brasileiros, sendo que os homens 47%, tendo

uma divisão bem equilibrada. Porém em Balneário Camboriú a maioria dos empreendedores

são do gênero masculino.

83,6

9,8

03,3 3,3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Casado Solteiro Viúvo União Livre Divorciado

%

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 3 – Empreendedores de acordo com o estado civil

Page 65: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

64

O Gráfico 3 evidencia que a grande maioria dos empreendedores que foram

pesquisados são casados. O grupo dos casados representa 83,6% do total dos entrevistados.

Apenas 9,8% encontram-se solteiros, 3,3% classificados como União Livre e outros 3,3% são

divorciados.

13,1

42,6

26,2

0

18

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 Não possui

%

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 4 – Empreendedores de acordo com o número de filhos

De acordo com o Gráfico 3, 83,6% dos entrevistados são casados, o que justifica que

82% deles possui pelo menos 1 filho. O Gráfico 4 aponta que 42,6% dos empresários

avaliados possui 2 filhos, 26,2% possui 3, 13,1% possui apenas 1 filho. Porém, existem 18%

que não possuem filhos.

Page 66: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

65

6,6

47,544,2

1,60

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1º Grau 2º Grau Superior Espec. Mest./ Dout.

%

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 5 – Empreendedores de acordo grau de escolaridade

De acordo com o Gráfico 5, mais de 90% dos empresários avaliados possui o 2º Grau

completo ou um Curso Superior. Com 2º grau completo, encontram-se 47,5% deles, e com

Curso Superior 44,2%. Com apenas o 1º completo, há 6,6% dos empreendedores, e apenas

1,6% possui Alguma especialização.

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 6 – Empreendedores de acordo a razão de abertura do negócio

85

15

0102030405060708090

Oportunidade Necessidade

%

Page 67: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

66

O Gráfico 6 aponta a razão que levou os empreendedores a abrir o seu próprio

negócio. A resposta foi que 85% deles iniciaram suas atividades porque identificaram uma

oportunidade de negócio no mercado, e apenas 15% iniciaram suas operações por motivo de

necessidade. Esse gráfico responde a um dos objetivos específicos desta pesquisa que visava

identificar a motivação de abertura do empreendimento com relação a oportunidade ou

necessidade. De acordo com o relatório executivo do GEM 2008 um empreendimento aberto

por oportunidade reflete o “lado positivo” do empreendedorismo. Por outro lado os que são

abertos por necessidade, são vistos como uma “ferramenta para o desenvolvimento”.

Através da análise do Gráfico 6, foi possível observar que 85% dos empreendedores

abriram o seu negócio porque identificaram uma oportunidade no mercado, e outros 15% por

que tinham uma necessidade. Porém, a Tabela 2 aponta um Perfil Empreendedor, tendo com

principais competências a Persistência, o Comprometimento e a Independência e Auto-

Confiança. E as competências que mais precisam ser desenvolvidas são a Busca de

Oportunidade e Iniciativa, Correr Riscos Calculados e Persuasão e Rede de Contatos.

Através dessas informações coletadas e analisadas, é possível concluir que os

empreendedores, em sua grande maioria, apesar de terem aberto seus negócios por uma

oportunidade identificada, mais da metade deles não possui a competência empreendedora

Busca de Oportunidade e Iniciativa. Ou seja, não a desenvolvem todos os dias, como

deveriam. Por outro lado, são Comprometidos, Persistentes e Independentes em suas

empresas.

A Tabela 1 apresenta o enquadramento dos 61 empreendedores pesquisados de acordo

com cada uma das 10 competências analisadas.

Page 68: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

67

Tabela 1 – Enquadramento do número de empreendedores por competência analisada

COMPETÊNCIAS/ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PONTUAÇÃO BOI CRC EQE PER COM BDI EDM PMS PRC IAC

15 7 3 8 27 17 9 11 13 10 17

14 7 9 5 9 19 12 8 12 5 11

13 6 12 14 12 8 9 7 7 9 5

12 7 7 12 3 6 9 15 7 10 10 SUB-TOTAL 1 27 31 39 51 50 39 41 39 34 43

11 8 9 5 4 5 3 5 2 9 5

10 8 3 5 2 0 7 4 7 3 6

9 6 6 3 1 2 6 3 4 9 1

8 6 3 1 0 0 4 2 0 2 2

7 1 5 5 1 1 0 2 3 2 2

6 4 1 2 1 2 0 3 2 2 1

5 0 2 1 0 1 1 0 2 0 0

4 0 1 0 1 0 1 1 2 0 0

3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 SUB-TOTAL 2 34 30 22 10 11 22 20 22 27 18

TOTAL 61 61 61 61 61 61 61 61 61 61 Fonte: Pesquisa de Campo

De acordo com o que foi explícito na Tabela 1, é possível observar que ocorre uma

maior concentração de empreendedores entre as pontuações de 12 e 15 pontos. Os

empreendedores enquadrados nessa pontuação possuem a competência empreendedora

analisada.

Por outro lado, uma concentração menor pode ser observada na pontuação abaixo de

12 pontos, o que significa que empreendedores com essa pontuação não são possuidores da

competência empreendedora analisada.

O gráfico 1 apresenta a distribuição numérica de empreendedores por competência,

destacando-se 2 grupos de empresários. O Grupo 1 possui a competência e o Grupo 2 não

possui.

Page 69: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

68

27

31

39

51 50

3941

39

34

43

34

30

22

10 11

2220

22

27

18

0

10

20

30

40

50

60

1 - BOI 2 - CRC 3 - EQE 4 - PER 5 - COM 6 - BDI 7 - EDM 8 - PMS 9 - PRC 10 - IAC

Grupo 1 (12 a 15 pontos) Grupo 2 (menos de 12 pontos)

Fonte: Pesquisa de Campo

Gráfico 7 – Enquadramento do número de empreendedores por competência

analisada

Como visto no Gráfico 7, os empreendedores foram divididos em dois grupos: os que

possuem a competência empreendedora (12 a 15 pontos) e os que não possuem a competência

(menos de 12 pontos).

De acordo com os dados observados através desse gráfico, é possível verificar que os

Perfil Empreendedor dos empresários pesquisados, possui três características mais presentes:

a) Persistência, b) Comprometimento, e c) Independência e Auto-Confiança. Porém, as

competências menos presentes, que precisam ser desenvolvidas, são: a) Busca de

Oportunidade e Iniciativa, b) Correr riscos calculados, e c) Persuasão e Rede de Contatos.

Esses resultados demonstram que os empresários analisados, possuem persistência,

mesmo em meio as dificuldades enfrentadas, principalmente nos meses de baixa temporada

em Balneário Camboriú, onde ocorre uma baixa sazonalidade. São também comprometidos

com o seu negócio, estando presentes para auxiliar a equipe, sempre que necessário.

Por outro lado observa-se que os entrevistados precisam desenvolver a competência

busca de oportunidade e iniciativa, fatores que fazem a diferença em um negócio. Também

precisam levantar dados e analisar o mercado, para correr riscos calculados através de suas

ações. Eles também precisam aprimorar seu poder de persuasão e rede de contatos.

A Tabela 2 mostra uma classificação percentual dos empreendedores que possuem

cada uma das competências empreendedoras.

Page 70: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

69

Tabela 2 – Percentual de Empreendedores que possui cada uma das Competências

Empreendedoras

COMPETÊNCIA NÚMERO DE EMPREENDEDORES % DO TOTAL

1 – BOI 27 44,26

2 – CRC 31 50,82

3 – EQE 39 63,93

4 – PER 51 83,61

5 – COM 50 81,97

6 – BDI 39 63,93

7 – EDM 41 67,21

8 – PMS 39 63,93

9 – PRC 34 55,74

10 – IAC 43 70,49

Fonte: Pesquisa de Campo

Através do Gráfico 8 e da Tabela 2 é possível observar quantos empreendedores

possuem cada uma das Competências Empreendedoras. E com a análise da Tabela 2 pode-se

perceber qual o percentual de empresários analisados que possui cada uma delas.

As Competências em destaque são: a) Persistência, apresentando um percentual de

83,61% do total dos empreendedores com ela; b) Comprometimento, com 81,97% do total

dos entrevistados; e, c) Independência e Auto-Confiança, também em destaque com 70,49%

do total. Porém, as competências menos presentes, que precisam ser desenvolvidas, são: a)

Busca de Oportunidade e Iniciativa, presente em 44,26% dos entrevistados; b) Correr riscos

calculados, presente em 50,82% deles; e c) Persuasão e Rede de Contatos, encontrado em

55,74% dos empresários analisados.

DIFERENCIAL COMPETITIVO

A pesquisa realizada também identificou, qual o principal ou os principais diferenciais

competitivos de cada empresa, que mais traz resultado para esse tipo de negócio, de acordo

com a concepção dos empreendedores sobre o que significa um diferencial competitivo. A

Dos empreendedores analisados, o diferencial competitivo que apareceu com maior

freqüência foi o Bom Atendimento, presente em 47,5% dos negócios. Em segundo lugar, o

diferencial mais freqüente foi a Qualidade dos produtos, identificado em 34,4% dos

estabelecimentos. Em terceiro lugar, a praticidade foi encontrada, presente em 16,4% dos

negócios.

Page 71: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

70

Outros diferenciais que também podem ser destacados são o Cartão fidelidade, os

Serviços Diversos e a Localização, sendo que cada um deles aparece 8,2% dos

estabelecimentos.

Dessa maneira, como um dos objetivos da pesquisa era identificar o diferencial

competitivo que mais traz resultado para esse tipo de negócio, pode-se dizer que é o Bom

Atendimento, apontado por 47,5% dos empreendedores pesquisados.

Page 72: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

71

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como tema principal de estudo, o Empreendedorismo, buscando

analisar o perfil empreendedor dos proprietários de pequenos varejos alimentícios localizados

no centro da cidade de Balneário Camboriú. Para que se pudesse confrontar a teoria com a

prática foi realizado um estudo teórico, posteriormente identificado através da aplicação das

pesquisas.

De acordo com o que foi proposto para essa pesquisa, o objetivo geral foi identificar o

perfil empreendedor dos proprietários de estabelecimentos do pequeno varejo do gênero

alimentício, localizados no Centro de Balneário Camboriú.

Esse objetivo foi atingido, pois foi identificado através da pesquisa que o perfil

empreendedor desses empresários apresenta como as principais características: a)

Persistência; b) Comprometimento; e, c) Independência e Auto-Confiança.

Por outro lado, as características que precisam ser desenvolvidas com mais

assiduidade são: a) Busca de Oportunidade e Iniciativa; b) Correr Riscos Calculados; e, c)

Persuasão e Rede de Contatos.

Com relação aos objetivos específicos, as seguintes conclusões foram consideradas:

Como foi citado acima, as competências mais presentes são: Persistência, Comprometimento

e Independência e Auto-Confiança;

A pesquisa constatou que 85% dos empreendedores iniciaram suas atividades porque

identificaram uma oportunidade no mercado. Porém, apenas 15% abriram seu negócio por

necessidade.

85% dos empreendedores abriram o seu negócio porque identificaram uma

oportunidade no mercado, e outros 15% por que tinham uma necessidade. Por outro lado, a

Tabela 2 aponta um Perfil Empreendedor, tendo com principais competências a Persistência,

o Comprometimento e a Independência e Auto-Confiança. E as competências que mais

precisam ser desenvolvidas são a Busca de Oportunidade e Iniciativa, Correr Riscos

Calculados e Persuasão e Rede de Contatos. Através dessas informações coletadas e

analisadas, é possível concluir que os empreendedores, em sua grande maioria, apesar de

terem aberto seus negócios por uma oportunidade identificada, mais da metade deles não

possui a competência empreendedora Busca de Oportunidade e Iniciativa. Ou seja, não a

desenvolvem todos os dias, como deveriam. Por outro lado, são Comprometidos, Persistentes

e Independentes em suas empresas. Conclui-se, dessa maneira que os empresários analisados

Page 73: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

72

deveriam se ater mais as oportunidades que o mercado oferece todos os dias, buscando ter

iniciativas inovadoras que vão trazer melhores resultados para o seu empreendimento.

Dos empreendedores analisados, o diferencial competitivo que apareceu com maior

freqüência foi o Bom Atendimento, presente em 47,5% dos negócios. Em segundo lugar, o

diferencial mais freqüente foi a Qualidade dos produtos, identificada em 34,4% dos

estabelecimentos. Em terceiro lugar, a praticidade foi encontrada, presente em 16,4% dos

negócios.

Por fim, a sugestão para a empresa Fiorelo Pegoraro Com e Repres LTDA, é que a

mesma promova ações em prol de seus clientes de menor expressão para que esses

empreendedores possam adquirir um maior conhecimento a respeito do mercado em que

atuam, também buscando desenvolver o seu potencial empreendedor. Dessa forma, cria-se um

elo entre ambas as empresas, trazendo crescimento e benefícios para as duas partes

envolvidas.

Para os estabelecimentos de pequeno porte, sugere-se que formem uma união entre si,

caracterizando uma espécie de cooperativa para que possam ter mais força junto aos seus

fornecedores, obtendo um maior poder de barganha. Dessa maneira poderão fazer suas

compras centralizadas, com um preço mais baixo e melhores condições de negociações,

desenvolvendo assim o seu negócio, conquistando seus clientes através de mais benefícios

que outrora eram oferecidos apenas pelas grandes redes de supermercados e outros tipos de

estabelecimentos de grande porte.

Page 74: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

73

6 REFERÊNCIAS AAKER, David A.; KUMAR, V; DAY, George S. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos, estratégias e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2003. BIRLEY, Sue; MUZYKA, Daniel F. Dominando os desafios do empreendedor. 1. Ed. São Paulo: Makron Books, 2001. BOM ANGELO, EDUARDO. Empreendedor corporativo: a nova postura de quem faz a diferença. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uirá. Metodologia Científica: teoria e prática. Rio de Janeiro: Axcel, 2003. DEGEN, Ronald Jean. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1989. DENCKER. Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 1998. DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. 1.ed. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. DRUCKER, Peter. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. 2.ed. São Paulo: Pioneira, 1987. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. Global Entrepreneurship Monitor. Executive Report. 2008. Global Entrepreneurship Monitor. Executive Report. 2009. HASHIMOTO, Marcos. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competividade através do intra-empreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2006.

Page 75: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

74

HISRICH, Robert D; PETERS, Michael P. Empreendedorismo 5.ed. São Paulo: Bookman, 2004. KING, Bob; SCHLICKSUPP, Helmut. Criatividade: uma vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 3. Ed. rev. e ampl. – São Paulo: Atlas, 1991. LENZI, Fernando César. Os empreendedores corporativos nas empresas de grande porte dos setores mecânico, metalúrgico e de material elétrico/ comunicação em Santa Catarina: um estudo da associação entre tipos psicológicos e competências empreendedoras reconhecidas. 2008. 126 f. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Econômica, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. LENZI, Fernando César; KIESEL, Marcio Daniel; organizadores. O empreendedor de visão. São Paulo: Atlas, 2009. LENZI, Fernando César. A nova geração de empreendedores: guia para elaboração de um plano de negócios. São Paulo: Atlas, 2009. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing: metodologia, planejamento. São Paulo: Altas, 2005. MINER, John B. Os quatro caminhos para o sucesso empresarial: como acertar o alvo no mundo dos negócios. São Paulo: Futura, 1998. MUNROE, Myles. Os princípios e o poder da visão: chaves para alcançar o destino pessoal e corporativo. Belo Horizonte: Motivar, 2006. MURDOCK, Mike. Segredos do homem mais rico que já existiu. 2. Ed. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008. PARRA FILHO, Domingos; SAN TOS, João Almeida. Metodologia científica. São Paulo: Futura, 1998. PREVIDELLI, José J.; MEURER, Vilma. Gestão da micro, pequena e média empresa no Brasil: uma abordagem multidimensional. São Paulo: Unicorpore, 2005. REA, Louis M.; PARKER, Richard A. Metodologia de pesquisa: do planejamento à execução. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. RESNIK, Paul. A bíblia da pequena empresa: como iniciar com segurança sua pequena empresa e ser muito bem-sucedido. São Paulo: McGraw-Hill, MAKRIN Books: 1990. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 76: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

75

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. São Paulo: Atlas, 1999. SEBRAE. Fatores condicionantes e taxas de sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil: 2003–2005. www.sebrae.com.br, acesso em 10/09/09. SERTEK, Paulo. Empreendedorismo. 3. ed. Curitiba: Ibpex, 2006. VENTURI, James Luiz; LENZI, Fernando César. Desenvolvimento gerencial: da teoria acadêmica para a prática empresarial. Rio do Sul: Nova Era, 2003.

Page 77: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

76

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO DE COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS

Empresa: ___________________________________________ Data: ____/____/____

Profissional:____________________________________________________________

Este questionário se constitui de 30 afirmações breves. Leia cuidadosamente cada

afirmação e atribua uma classificação numérica que melhor identifique a forma de

atuação do seu colega de trabalho (considere-o como ele é hoje, e não como você gostaria

que ele fosse).

1. Selecione o número que corresponde à afirmação que o descreve:

1 = nunca

2 = raras vezes

3 = algumas vezes

4 = quase sempre

5 = sempre

2. Anote com um ‘X’ o número na coluna correspondente. Favor designar uma classificação

numérica para cada uma das 30 afirmações.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Lidera ou executa novos projetos, idéias e estratégias que visam conceber, reinventar, produzir ou comercializar novos produtos ou serviços.

Toma iniciativas pioneiras de inovação gerando novos métodos de trabalho, negócios, produtos ou mercados para empresa.

Produz resultado para empresa decorrente da comercialização de produtos e serviços gerados da oportunidade de negócio que identificou e captou no mercado.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Avalia o risco de suas ações na empresa ou no mercado por meio de informações coletadas.

Age para reduzir os riscos das ações propostas.

Está disposto a correr riscos, pois eles representam um desafio pessoal e poderão de fato trazer bom retorno para a empresa.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Suas ações são muito inovadoras, trazendo qualidade e eficácia nos processos.

É reconhecido por satisfazer seus clientes internos e externos por meio de suas ações e resultados.

Estabelece prazos e os cumpre com padrão de qualidade reconhecido por todos.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Page 78: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

77

Age para driblar ou transpor obstáculos quando eles se apresentam.

Não desiste em situações desfavoráveis e encontra formas de atingir os objetivos.

Admite ser responsável por seus atos e resultados, assumindo a frente para alcançar o que é proposto.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Conclui uma tarefa dentro das condições estabelecidas, honrando os patrocinadores e parceiros internos.

Quando necessário, “coloca a mão na massa” para ajudar a equipe a concluir um trabalho.

Está disposto a manter os clientes (internos e externos) satisfeitos e de fato consegue.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Vai pessoalmente atrás de informações confiáveis para realizar um projeto.

Investiga pessoalmente novos processos para seus projetos ou idéias inovadoras.

Quando necessário, consulta pessoalmente especialistas para lhe ajudar em suas ações.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Define suas próprias metas, independente do que é imposto pela empresa.

Suas metas são claras e específicas, e entendidas por todos os envolvidos.

Suas metas são mensuráveis e perfeitamente acompanhadas por todos da equipe.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Elabora planos com tarefas e prazos bem definidos e claros.

Revisa constantemente seus planejamentos, adequando-os quando necessário.

É ousado na tomada de decisões, mas se baseia em informações e registros para projetar resultados.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Consegue influenciar outras pessoas para que sejam parceiros em seus projetos viabilizando recursos necessários para alcançar os resultados propostos.

Consegue utilizar pessoas-chave para atingir os resultados que se propõe ou conseguir os recursos necessários.

Desenvolve e fortalece sua rede de relacionamento interna e externa à empresa.

PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

Está disposto a quebrar regras, suplantar barreiras e superar obstáculos já enraizados na empresa.

Confia em seu ponto de vista e o mantém mesmo diante de oposições.

É confiante nos seus atos e enfrenta desafios sem medo.

Page 79: O PERFIL DOS EMPREENDEDORES DE PEQUENOS VAREJOS DO …siaibib01.univali.br/pdf/Daniel Cesar Baldo.pdf · Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão Empreendedora

78

Sobre o Empreendedor Avaliado

1. Idade ( ) Até 22 anos ( ) 23 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos ( ) 61 anos ou mais 2. Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Estado Civil ( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Viúvo ( ) União Livre ( ) Divorciado 4. Tem Filhos e/ou dependentes ( ) Sim – Quantos: __________ ( ) Não 5. Nível de Escolaridade ( ) 1º Grau ( ) 2º Grau ( ) Superior ( ) Especialização ( ) Mestrado/ Doutorado 6. Qual a razão de abertura do seu Negócio ( ) Identificação de uma oportunidade no Mercado ( ) Por necessidade ( ) Outra: ____________________________ 7. Qual o principal diferencial competitivo do seu negócio, que mais traz resultados para

a sua empresa ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________