O Sesimbrense - Edição 1156 - Novembro 2011

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Página 12 Página 10 Política Local Desporto Página 5 Página 13 ANO LXXXV • N.º 1156 de 24 de Novembro de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC) Página 5 Educação Página 4 Desporto Pescaria extraordinária Secretário de Estado do Desporto visita GDS e condecora David Sequerra Voluntariado Voluntariado em Debate Página 13 Sesimbra parece destinada a viver das memórias da abundância de peixe em eras passadas, quando as “lufadas”, ou mesmo os “negros” de sardinha, escureciam grandes extenções do mar. Mas, de tempos a tempos, ocorre uma “caçada” extraordinária, como aconteceu com as mais de 30 toneladas de corvinas,capturadas recentemente pela traineira Beatriz Paulo, com alguns exemplares a chegar aos 33 quilos. A captura também incluíu cavala, entretanto acondicionada nas dornas. José Soares de Barros: um cientista nas praias de Sesimbra Um “balanço” da vida atirou José Joaquim Soares de Bar- ros e Vasconcelos para um exílio voluntário em Sesimbra, em finais do século XVIII. O notável cientista - as- trónomo, matemático, econo- mista - e diplomata, aproveitou a estadia na vila piscatória para observar as maravilhas da natureza e as algas que o mar atirava à praia. Mais tarde, fruto destas observações, apresentaria à Academia de Ciências de Lisboa uma “Memória”, onde preconizava a utilização de algas na alimentação: pre- cisamente o que já hoje se faz na Galiza. Página 8 Doença das Palmeiras A doença conhecida como “escaravelho das palmeiras”, já chegou a Sesimbra, como se pode ver por estes exem- plares, junto à estrada nacio- nal entre a Corredoura e as Covas da Raposa. Alexandre Mestre, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, visitou o Grupo Desportivo de Sesimbra para co- nhecer as actividades e problemas daquele clube. Na ocasião, o governante agraciou David Sequerra como a Medalha de Bons Serviços Desportivos. Aprovadas as taxas da Derrama e do IMI para 2012 A Assembleia Municipal aprovou as propostas da Câmara para as taxas a vigorar em 2012, relativamente à Derrama e ao Imposto Municipal sobre Imóveis. As taxas gerais não sofrem alterações, mas, no caso do IMI, existem penalizações para edifícios em mau estado, e incentivos para quem realize obras. Assembleia Municipal obtém Certificado de Qualidade A Assembleia Municipal de Sesimbra obteve o Certificado de Qualidade para os seus serviços administrativos, seguindo as pisadas da Câmara, que já obtivera a mesma distinção em 2009. No entanto, a Assembleia sesimbrense é a primeira em todo o País a obter esta certificação. Página 10 Página 15 Centro Paroquial do Castelo Desporto Economia Agência Santiago Página 4 Professora agredida Fados de São Martinho Fotografia de Miguel Lourenço No mercado desde 2006, esta empresa conta com a ex- periência de Júlio Panão e Pe- dro Serafim, de longos anos na conhecida Agência Panão. No dia 25 de Outubro, uma professora na Escola Básica nº. 3 da Quinta do Conde, foi agredida na sala de aula pe- los pais de dois alunos. Sendo uma Instituição Particular de Solidariedade Social, o Centro Paroquial dá prioridade a crianças órfãs e socialmente necessitadas, bem como a crianças cujos pais trabalhem de forma a dar resposta às necessidades sentidas por estes. Recentemente estas instalações foram alargadas devido a várias necessidades sentidas. O Sesimbrense falou com a direcção do Centro Paroquial que nos caracterizou o sobre o papel que o Centro tem vindo a adquirir na sociedade local. Realizou-se na Sociedade Musical Sesimbrense, no passado dia 11, uma Grande Noite do Fado, com a sala es- gotada, e grande adesão dos presentes ao leque de fadistas que animaram a noite. Teve lugar no passado dia 4, no Auditório Conde Ferreira, o Workshop “Voluntariado… discutir o presente, lançar no futuro!”

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O Sesimbrense - Edição 1156 - Novembro 2011

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Página 12

Página 10

Política Local

Desporto

Página 5

Página 13

ANO LXXXV • N.º 1156 de 24 de Novembro de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)

Página 5

Educação

Página 4

Desporto

Pescaria extraordinária

Secretário de Estado do Desporto visita GDS e condecora David Sequerra

Voluntariado

Voluntariado em Debate

Página 13

Sesimbra parece destinada a viver das memórias da abundância de peixe em eras passadas, quando as “lufadas”, ou mesmo os “negros” de sardinha, escureciam grandes extenções do mar. Mas, de tempos a tempos, ocorre uma “caçada” extraordinária, como aconteceu com as mais de 30 toneladas de corvinas,capturadas recentemente pela traineira Beatriz Paulo, com alguns exemplares a chegar aos 33 quilos. A captura também incluíu cavala, entretanto acondicionada nas dornas.

José Soares de Barros:um cientista nas praias de Sesimbra

Um “balanço” da vida atirou José Joaquim Soares de Bar-ros e Vasconcelos para um exílio voluntário em Sesimbra, em finais do século XVIII.

O notável cientista - as-trónomo, matemático, econo-mista - e diplomata, aproveitou a estadia na vila piscatória para observar as maravilhas da natureza e as algas que o mar atirava à praia.

Mais tarde, fruto destas observações, apresentaria à Academia de Ciências de Lisboa uma “Memória”, onde preconizava a utilização de algas na alimentação: pre-cisamente o que já hoje se faz na Galiza.

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Doença das PalmeirasA doença conhecida como “escaravelho das palmeiras”, já chegou a Sesimbra, como se pode ver por estes exem-plares, junto à estrada nacio-nal entre a Corredoura e as Covas da Raposa.

Alexandre Mestre, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, visitou o Grupo Desportivo de Sesimbra para co-nhecer as actividades e problemas daquele clube. Na ocasião, o governante agraciou David Sequerra como a Medalha de Bons Serviços Desportivos.

Aprovadas as taxas daDerrama e do IMI para 2012A Assembleia Municipal aprovou as propostas da Câmara para as taxas a vigorar em 2012, relativamente à Derrama e ao Imposto Municipal sobre Imóveis. As taxas gerais não sofrem alterações, mas, no caso do IMI, existem penalizações para edifícios em mau estado, e incentivos para quem realize obras.

Assembleia Municipal obtém Certificado de Qualidade

A Assembleia Municipal de Sesimbra obteve o Certificado de Qualidade para os seus serviços administrativos, seguindo as pisadas da Câmara, que já obtivera a mesma distinção em 2009. No entanto, a Assembleia sesimbrense é a primeira em todo o País a obter esta certificação.

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Centro Paroquial do Castelo

DesportoEconomia

Agência Santiago

Página 4

Professora agredida

Fados de São Martinho

Fotografia de Miguel Lourenço

No mercado desde 2006, esta empresa conta com a ex-periência de Júlio Panão e Pe-dro Serafim, de longos anos na conhecida Agência Panão.

No dia 25 de Outubro, uma professora na Escola Básica nº. 3 da Quinta do Conde, foi agredida na sala de aula pe-los pais de dois alunos.

Sendo uma Inst i tuição Particular de Solidariedade Social, o Centro Paroquial dá prioridade a crianças órfãs e socialmente necessitadas, bem como a crianças cujos pais

trabalhem de forma a dar resposta às necessidades sentidas por estes. Recentemente estas instalações foram alargadas devido a várias necessidades sentidas. O Sesimbrense falou

com a direcção do Centro Paroquial que nos caracterizou o sobre o papel que o Centro tem vindo a adquirir na sociedade local.

Realizou-se na Sociedade Musical Sesimbrense, no passado dia 11, uma Grande Noite do Fado, com a sala es-gotada, e grande adesão dos presentes ao leque de fadistas que animaram a noite.

Teve lugar no passado dia 4, no Auditório Conde Ferreira, o Workshop “Voluntariado… discutir o presente, lançar no futuro!”

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2O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

Editorial

Pescas - Outubro

A empresa pública dos Portos de Setúbal e Sesimbra apresenta resulta-dos positivos no confronto com as res-tantes entidades do Sector Empresarial do Estado. Segundo o Anuário do SEE relativo ao ano de 2010, a APSS, SA integra os rankings das 20 empresas da carteira principal da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças com melhores Resultados Operacionais (posição 14ª), melhores Resultados Financeiros (posição 20ª), e melhores Resultados Líquidos (posição 12ª). Os Resulta-dos Líquidos da APSS em 2010 – 3,3 milhões de euros – representaram um acréscimo de 38% face ao ano de 2009.

Quer em termos de Resultados Op-eracionais, quer de Resultados Líqui-dos, a APSS situa-se em terceiro lugar no conjunto das empresas portuárias portuguesas, sendo as posições cimei-ras ocupadas pelos portos de Leixões e de Sines.

APSS em destaque no Sector Empresarial do Estado

O Anuário do SEE revela ainda que entre 2009 e 2010, o número de trab-alhadores da APSS diminuiu de 181 para 175.

APSS - Resultados líquidos (milhares de euros)

2007................................ 3.0152008................................ 2.6322009................................ 2.4052010................................ 3.329

No dia 18 de Outubro, o Secretário de Estado do Mar, Professor Doutor Manuel Pinto de Abreu, visitou as instalações do Porto de Sesimbra.

O Presidente do Conselho de Admi-nistração da APSS - Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, SA, Eng.º Carlos Gouveia Lopes, recebeu o Secre-tário de Estado do Mar e os elementos do seu gabinete que acompanharam nesta visita, para uma reunião de trabalho.

No fim do encontro, a comitiva visitou

as infra-estruturas que servem as várias actividades nele desenvolvidas, espe-cialmente as actividades destinadas à pesca.

A nova ponte cais 3, construída no âmbito dos projectos previstos no Plano de Ordenamento do Porto de Sesimbra, foi um dos pontos mais importantes da visita, uma vez que veio proporcionar melhores condições de operação e de funcionalidade à actividade.

Andreia Coutinho

Secretário de Estado do Mar visita Porto de Sesimbra

Participei há dias num debate sobre as Ciências Económicas e a Pesca, onde intervieram dois professores universi-tários de Economia, e um representante da ADAPI - Associação de Armadores da Pesca Industrial.

Das intervenções dos académicos, não me apercebi de uma única ideia positiva sobre o que a Economia tem feito, ou o que pode ainda fazer, para ajudar o sector da Pesca: era esse o tema do debate. No entanto, o Fundo Europeu das Pescas, em vigor desde 2007 e a vigorar até 2013, referia expressamente a necessidade dos investigadores das diversas áreas cientí-ficas cooperarem entre si para ajudarem a tornar mais sustentável este importante sector económico. Aparentemente, não aconteceu nem vai acontecer nenhuma iniciativa que envolva os especialistas da Economia.

A intervenção do representante da ADAPI - associação que agrega a pesca de arrasto - foi bastante lúcida a escla-recer quais eram as oportunidadades e as ameaças deste sector. Com alguma franquesa, admitiu que é um sector onde se está a ganhar dinheiro. E aproveitou para criticar o sector científico, sobretudo pela lentidão em alterar os limites às quotas de pesca nos casos em que é evidente que os stocks de certas espécies estão a aumentar. Deu como exemplo a pescada, cuja pesca tem vindo a ser limitada de forma crescente, apesar de, nos últimos tempos, ter aumentado muito o stock desta espécie.

Outro dos assuntos abordados neste

debate foi o da representação dos pes-cadores portugueses nos Conselhos Consultivos Regionais, que vários dos participantes consideraram como insufici-ente. Este é um dos aspectos que deveria merecer mais atenção dos portugueses. As políticas da União Europeia são bastante influenciadas por este tipo de grupos consultivos, que também podem funcionar como grupos de pressão. Ao criar os CCR, os burocratas da UE pas-sam a considerar que a expressão dos pontos de vista do sector surgirão nas reuniões, e nas actas, destes órgãos. Mas dificilmente toda a complexidade e diversidade de interesses que existem no sector da pesca encontram expressão nestes Conselhos, e isso pode ser muito prejudicial aos pescadores portugueses.

Outro domínio de que o sector pesqueiro nacional - ou, pelo menos, uma parte deste sector - parece alheado é o do debate sobre o quadro comunitário que sucederá ao QREN 2007-2013. Actualmente já se discutem as normas e regras que deverão configurar a política comunitária entre 2014 e 2020. Quando se preparava o actual QREN, a Câmara de Sesimbra teve oportunidade de apre-sentar ao Governo algumas sujestões para o sector da pesca, trabalho em que tive a oportunidade de participar, embora com a percepção de que não havia, da parte do sector pesqueiro de Sesimbra, uma grande consciência sobre a im-portância desse debate, Será que essa realidade evoluiu entretanto?

João Augusto Aldeia

As Pescas em Debate

Pequenas alterações para menos. Nos totais gerais menos 300.000 quilos pescados mas só com diminuição de 130.000 euros na lota em relação a Setembro anterior. O cerco chamou a si a quase totalidade da menor produção deste mês.

Por toda a parte se fala na crise e muito pouco ou nada se fala sobre a pesca, pescadores e comércio do peixe.

Uma prestante actividade que de há muito vem sofrendo os maus efeitos de uma regulamentação errada que tem contribuído para o seu decréscimo e consequente reflexão na economia nacional e da qual os portos de pesca, como Sesimbra, se ressentem dessa grave situação.

Mais parece que não somos des-cendentes de bravos e destemidos navegadores que desbravaram mares nunca antes atravessados, descobrindo novos mundos. Tudo se perdeu na voragem destes malfadados políticos que se arrogam de Democratas!?... Numa liberdade que, para si criaram, e agora quase perdemos a nossa na-cionalidade!

A pesca é um factor a não perder de vista e temos de voltar ao mar, este mar com que a natureza nos privilegiou e que está a ser votado ao ostracismo.

O mar precisa dos homens que venceram marés e ventos para obterem o produto do seu duro trabalho e com ELE, tudo o que girava à sua volta de emprego, comércio e exploração de peixe.

Para quem, como nós, andou 55 anos ligado às pescas, pescadores e vendagem de pescado, sente imenso, este quase abandono em que se en-contram as pescas!

SENSACIONAL PESCARIA!Tínhamos acabado de escrever este

pequeno apontamento, que mensal-mente aqui fazemos, quando tivemos conhecimento de que a traineira ses-imbrense, Beatriz Paulo, na noite de S. Martinho (11-11-11) tinha pescado o seu maior lance de sempre, carregando 3 barcos plenos de CORVINAS, algu-mas delas com mais de 30 quilos cada!

Deste inacreditável feito, noutra secção deste jornal, se dá a devida referência e destaque.

Ora esta bela e magnífica pescaria vem ao encontro daquilo que, de há anos, neste jornal temos defendido e que inocentemente (ou deliberada-mente!) os governantes têm ignorado. A crise é geral e os próprios peixes quiseram mostrar o seu inconform-ismo e, “em grande manifestação de indignação” … saíram em força do seu natural “habitat”, no rio Tejo, chamando “liberdade” na direcção do mar, deste oásis marinho que é a nossa Piscosa Sesimbra, contribuindo para ajudar os pescadores e a economia local.

Antigamente, quando havia as ar-mações à valenciana e o rio Sado não estava poluído, as corvinas, saiam para o mar no fim do Verão ou princípio de Outono, enchendo as redes das arma-ções de leste (Greta, Restauradora, Cozinhadouro, Cova e Agulha) que estavam mais próximas da barra do Sado, fazendo o gáudio dos pescado-res e alegria em toda a vila.

Hoje as corvinas trocaram de posição, procriam-se debaixo da Ponte Vasco da Gama, próximo de Alcochete, por o Tejo estar menos poluído e Sesimbra e a nossa baía são os escolhidos quando se emancipam e saem para o mar.

Pedro Filipe

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 20113

ONDULAÇÕESEduardo Pereira Nestes dias da crise, de longa dura-

ção, e o período natalício, que estamos vivendo, ocorre-nos perguntar – como vivem hoje as pessoas com idades superiores a sessenta e cinco anos?

Na comunidade portuguesa são cerca de dois milhões e na comunidade sesimbrense (concelho) – quantos são? – proporcionalmente rondarão os mil e muitos (vemo-los no terreno).

Ora qualquer cidadão constata, na sociedade actual, que os velhos, são: flores murchas, folhas amarelecidas, fruta caída e abandonada, que não serão revitalizados como diz a canção popular:

“ A primavera tem bonitas floresTodas bonitas, mas não são iguais;A primavera vai e volta sempre - A mocidade vai e não volta mais,”

E como o renascimento psicossomático e a reciclagem das pessoas idosas ainda é um sonho, fomos em busca da CONSTITUIÇÃO para aferir os direitos que o legislador lhes concede e conferir se o executivo lhos dá.

Vejamos então o artigo 72º que diz:l as pessoas idosas têm direito à

segurança económica l as pessoas idosas têm direito a

condições de habitaçãol as pessoas idosas têm direito a

convívio familiarl as pessoas idosas têm direito a

convívio comunitárioE o artigo continua (2):“A política de terceira idade engloba

medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de real-ização pessoal, através de uma partici-pação activa na vida da comunidade.”

Perante o conteúdo deste artigo

O Natal, os Velhos e a Criseimpõe-se a pergunta aos nossos rep-resentantes (parlamentares e Tribunal constitucional) fazedores e guarda-dores das leis – qual a coerência entre o que dizem e o que fazem? exigem o cumprimento da lei, ignoram-na ou pervertem-na?

É certo, que através do nosso voto lhes damos o poder de legislar, de executar e de julgar. Temos por isso o direito de lhes exigir que trabalhem de modo a que nos proporcionem uma vida melhor a todos e não apenas a alguns.

E como estamos no Natal e porque sabemos que muitos dos nossos rep-resentantes governativos se dizem humanistas e cristãos (nas mais diver-sas formas de celebrar o nascimento

de Jesus Cristo) é oportuno pedir-lhes que actuem com mais amor e mais diligência no sector dos velhos – um quinto dos portugueses! – Realmente os velhos estão a mais para o governo, mas o seu voto vale tanto como o dos jovens.

Comparem, Senhores Governantes, o que têm na lei e o que têm no terreno.

Felizmente as instituições religiosas ainda os vão protegendo, fazendo cari-dade - acção de dar algo que é nosso aos outros.

Que pena os governantes não faz-erem JUSTIÇA - acção de dar aquilo a que cada um tem direito humana e socialmente de ter.

Que na comunidade sesimbrense haja justiça.

Que na comunidade sesimbrense haja caridade.

M. NabaisSesimbra, 15/11/11

À volta do dia 15 de cada mês, numa dessas noites, no sossego do meu serão, abro o meu computador e disponho-me a escrever o meu artigo mensal para “O Sesimbrense”. Dou-me, então conta que ainda não tinha escol-hido um acontecimento – político, social, financeiro ou económico – de entre os que mais me tivessem impressionado, depois da saída do número anterior, que me agradasse referenciá-lo e de-senvolvê-lo no artigo que iria escrever. Para este número tinha escolhido dois temas que nos últimos meses ocuparam as primeiras páginas dos nossos jornais.

Como estamos em vésperas do Euro-2012, decidi-me apreciar a nossa selecção de futebol, à luz das dificul-dades que, normalmente, se colocam para a sua formação e que, raramente, é analisada com a frieza, com a inde-pendência e com a objectividade re-queridas. Poucas são as portuguesas e os portugueses que, ao pensarem na composição da sua selecção, não são levadas a incluir nela o maior número possível de jogadores dos clubes da sua simpatia. Dá se o caso que esta “se-lecção de todos nós” foi convocada para participar nos vários jogos do playoff e, se os resultados desses jogos nos forem favoráveis, no Euro-2012. Razão para que os “fazedores de convocatórias” pró e anti-Paulo Bento se empenhassem numa disputa que devia ter sido evitada. Analisemos os factos.

É indesmentível que com o actual seleccionador, as selecções escolhidas têm vindo a obter bons resultados, bas-tante melhores que os conseguidos por selecções imediatamente anteriores. No entanto, ao lermos as notas de imprensa de vários dos comentadores e, ouvindo os apaixonados da bola, somos levados a concluir que alguns dos seleccionados por Paulo Bento não são considerados, neste momento, os melhores do lote das escolhas. Enquanto outros joga-dores, efectivos e com provas dadas em grandes clubes estrangeiros, foram liminarmente excluídos, não tendo sido sequer convocados para a fase de preparação. Sobre as boas razões para as decisões tomadas, deixa-se perceber que a principal reside no facto de ser da exclusiva competência e responsabilidade do seleccionador a formação e a preparação do plantel, o que nos leva a supor que os defensores de tal tese consideram que a Federação não deverá, nem poderá intervir nessas escolhas. Será realmente esta a opinião da Federação? Tenho fundados receios que esta tese origine variados e sérios “atropelos” na cadeia hierárquica do futebol nacional, com a Federação a

manter-se silenciosa. Tenho para mim que os actos do seleccionador que é, ele mesmo, “escolhido pela presidência da Federação” o devem responsabilizar perante quem o escolheu. Por isso, não vejo razão válida para esta não lhe exigir toda a informação, antes que as suas escolhas sejam tornadas públicas, para poderem ser corrigidas se forem consideradas lesivas de inter-esses desportivos nacionais que cabe à Federação acautelar. Penso mesmo que deve ser a Federação a assinar o comunicado que dê conhecimento aos portugueses da escolha dos nossos rep-resentantes. Penso, ainda, que deviam ser estabelecidas regras que regulas-sem e separassem o âmbito das decla-rações desportivas ou disciplinares dos vários “agentes” da Federação, de modo que as tomadas de posições destes se não confundam com as tomadas de posições do presidente da Federação.

Talvez por ter sido vice-presidente do maior clube de futebol português e de ter conhecido bem o mundo do futebol por dentro, nunca me permiti pôr em dúvida a lei e a ética nos comporta-mentos pessoais ou associativos. Aos princípios que aqui hoje apresento podia juntar muitos outros que deviam ser, igualmente, respeitados por jogadores, por agentes desportivos e por dirigentes desportivos, a fim de impedir que uma “selva desportiva”se instale.

O segundo dos temas que me pro-punha analisar neste momento era de ordem política. À falta de espaço, só o irei publicar nas próximas Ondulações, o que quis evitar, por se tratar de uma tomada de posição pessoal sobre a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2012 e não de uma análise ao que vai ser decidido. Será que me encontro preocupado por poder não haver uma maioria de aprovação na Assembleia da República? Não. Será que me encontro preocupado com a sua não-aceitação pela troika? Não. Será que me encon-tro preocupado com o sentido de voto do PSD? Não, porque já foi afirmado pelo seu Secretário-geral que o Partido Socialista se irá abster.

A minha preocupação prende-se muito mais com o “equilíbrio” que este orçamento devia apresentar. Face às enormes dificuldades que poderão vir a ser criadas a uma grande maioria das famílias portuguesas, se o Orçamento apresentar desequilíbrios, que não garantam uma distribuição equitativa dos sacrifícios por ser certo que não há meios para se poder subir a parada, todo o cuidado na elaboração do Orçamento será pouca.

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Em Portugal, segundo dados do Gabinete Coorde-nador do Programa Escola Segura, no ano lectivo de 2009/2010 foram registados 72 casos de professores agredidos por familiares de alunos. Sendo que são os pais, na maioria dos ca-sos, os agressores. Porém, nos tribunais portugueses, são raras as condenações deste tipo de agressões a professores, apesar de ser uma profissão especial-mente protegida pela lei.

De acordo com o Código Penal, os professores inte-gram um conjunto de profis-sões e cargos, a quem uma agressão é susceptível de “revelar especial censura-bilidade ou perversidade”. E os seus agressores podem ser punidos com pena de dois anos e oito meses a 13 anos e três meses de pri-são, o que tal não acontece. Em declarações ao jornal DN, o juiz Ramos Soares admite que tem conheci-mento de casos de ofensas físicas contra professores que chegam às salas de tri-bunal, mas que “dificilmente acabam em condenações”, sublinhando que “até é raro qualquer tipo de agressão física acabar em pena de prisão efectiva”, explica o magistrado.

Espanha dá o exemplo

Há cerca de um mês, na vizinha Espanha, uma mãe que insultou e bateu na professora da filha, foi condenada a três anos de prisão - dois por atentado à autoridade e um ano e três meses pelas agressões - e ao pagamento de uma in-demnização de mais de cin-co mil euros à professora.

4O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

No dia 25 de Outubro, Luísa Conchinhas, uma professora da Escola Básica n.º 3 da Quinta do Conde, em Sesim-bra, foi agredida dentro da sala de aula pelos pais de dois alunos de etnia cigana. O director do agrupamento escolar da Quinta do Conde, Eduardo Cruz, explicou “os pais de dois alunos, um rapaz e uma rapariga, dirigiram-se à sala e agrediram fisicamente a professora com estalos na cara em frente a toda a turma. Foi apresentada, de imediato, queixa à Guarda e a situação está a seguir os trâmites le-gais.

Em declarações à agência Lusa, o director do agrupa-mento referiu que esta é uma situação que se arrasta há dois anos e que já tem moti-vado reuniões com os pais em causa, com a Escola Segura (da PSP), com o coordenador da área educativa e com o gabinete de segurança do Ministério da Educação.

Contudo, esta é a primeira vez que estes pais agridem fisicamente um funcionário da escola. Conta ainda que “qualquer brincadeira que envolvesse algum contacto físico com o filho motivava a ida do casal à escola para tirar dividendos da situação, mas das outras vezes insultavam as pessoas”.

Quinta do Conde

Ministério Público abre inquérito

O Ministério Público vai abrir um inquérito para apurar responsabilidades criminais relativas à agressão à profes-sora que recebeu tratamento hospitalar.

A secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, e o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, des-locaram-se à escola, onde tiveram oportunidade de tomar conhecimento da gravidade das agressões aos docentes.

Para pôr fim a este tipo de violência escolar, o Ministério da Educação e Ciência quer “reforçar o Programa Escola Segura em zonas urbanas de maior risco, criando incentivos ao voluntariado da comunida-de educativa, tal como, apostar numa maior responsabilização de alunos e pais e no reforço da autoridade dos professo-res”.

Escola reforça vigilância à porta

Depois do sucedido a vigi-lância à Escola Básica nº3 da Quinta do Conde, foi reforçada e com ela o controlo de entra-das também. O Ministério da Educação garante que a segu-

Lei severa não pune a maioria das agressões de pais a professores

Professora agredida dentro de sala de aula

rança na escola foi reforçada com um vigilante permanente.

Andreia Coutinho

Na década de 60 do século passado, o Espadarte colocou Sesimbra no roteiro turísti-co da Europa, à época esta espécie abundava na nossa costa, o desaparecimento das espécies que lhe serviam de alimento levou ao seu desapa-recimento nos mares ao largo de Sesimbra.

Hoje, os pescadores desta vila piscatória ainda o captu-ram, mas para isso tem que zarpar para águas longe da

Na Rota do Espadartesua casa e da sua família, nomeadamente a sul das Ca-nárias e por mares Açorianos.

São homens corajosos e com espírito de descoberta, homens que ao longo da his-tória foram referidos amiúde na Literatura Portuguesa.

Estas foram algumas das ra-zões que me levaram a pensar em documentar fotografica-mente a pesca do Espadarte. Do pensar ao realizar foi um pequeno passo, este projecto

foi discutido em família, onde senti logo o apoio da minha esposa, é uma viagem que implica alguma preparação, principalmente psicológica. Estar no mar alto, e longe daqueles que ama-mos não é fácil, este sentimento era para mim desconhecido e de facto foi este aspecto o mais difícil de superar nos 22 dias que durar esta aventura.

Foi assim que embarquei no “PARMA” embarcação

propriedade da empresa Açor-zimbra sediada em Sesimbra, a rota levou-nos para lá das Canárias, quase Cabo Verde, foram 5 dias de viagem até a zona de pesca, tempo que serviu para me ambientar e conhecer os 11 homens que me iriam acompanhar durante esta jornada

É no mar que estes homens

vivem, onde recebem as boas e as más notícias vindas de terra, foram estes homens que se tornaram meus amigos, homens pelos quais nutro o maior respeito e admiração, quer pela sua coragem, quer pela sua abnegação ao longo da vida.

Rui João Rodrigues

No dia 4 de Novembro, teve lugar no Auditório Con-de Ferreira, em Sesimbra, o Workshop “Voluntariado… discutir o presente, lançar no futuro!”

Depois de ter iniciado o seu percurso em Setúbal, inte-grada na iniciativa “Volta do Voluntariado”, inscrita no Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, a exposição passou pelo concelho de Se-simbra entre os dias 2 a 5 de Novembro neste mesmo Au-ditório, e logo a seguir tomava o concelho de Palmela como próximo destino.

Reconhecer o trabalho vo-luntário e sensibilizar as pesso-as para o valor e a importância do voluntariado, mostrando experiências e práticas de um conjunto de entidades que o promovem foram os principais objectivos, desta mostra.

O workshop reuniu técnicos e voluntários do distrito de Setúbal que formaram, mais tarde, três grupos para debater temas como: o papel do volun-

“Voluntariado... discutir o presente, lançar o futuro”

Workshop

tário nas instituições; como pode funcionar uma bolsa de voluntariado; quais são as ne-cessidades sentidas pelos vo-luntários no exercício das suas funções; que novas ideias para

voluntariado advêm das necessidades actuais; entre outras.

As instituições, grupos e projectos representa-dos revelaram a diver-

sidade que existe no volunta-riado, desde a população que recrutam até às várias áreas de actividade, passando pelos territórios de intervenção.

Andreia Coutinho

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 20115

A traineira “Beatriz Paulo” obteve um lance extraordinário no passado dia 11 de Novem-bro, tendo capturado mais de 30 toneladas de corvinas. Eram exemplares de grandes dimensões, variando entre os 14kg e os 33kg - na sua maioria eram peixes de 23kg em média.

Dada a enorme quantidade de peixe, foi chamada a trai-neira “Pombinho”, para além da enviada “Palinhos”, para ajudar no transporte.

Porém, como se levantou temporal, e como a enviada, devido à enorme carga, estava a meter água, as embarcações optaram por rumar a Lisboa, uma vez que era um terço da distância, comparativamente com a vinda para Sesimbra.

Em Lisboa o peixe foi co-locado em quatro camiões, com gelo, e as viaturas foram seladas até à 2ª-feira seguinte, para ser vendidos em lota. Os barcos também ficaram todo o fim-de-semana em Alcântara, na doca do Espanhol, impos-sibilitados de regressarem a Sesimbra devido ao mau tempo.

A traineira é propriedade da família Palinhos, sendo o seu

lance extraordinário de corvinas“Beatriz Paulo”:

As três embarcações em Lisboa, após o transporte das corvinas

mestre o irmão mais novo, Jorge Paulo.

Já no mês de Setembro,

uma traineira de Peniche tinha pescado 18 toneladas de corvina.

Os pescadores julgam que este peixe tenha origem na costa africana, e que, com a

despoluição do rio Tejo, venha desovar ao rio, à imagem do percurso de vida do salmão.

Quando começou a traba-lhar nesta área?

Comecei já há 20 anos atrás com a funerária Panão que era do meu pai. Entretanto ele faleceu, e eu decidi juntamente com o meu sobrinho Pedro, o meu sócio, abrir outra agência.

Porque decidiram abrir ou-tra agência e não continuar com a “Agência Panão”?

Porque estar a trabalhar para outras pessoas que vieram pos-teriormente devido à herança, não valia a pena… Decidimos então sair e abrimos nova agên-cia no ano de 2006.

Como foi erguer outro es-tabelecimento depois do su-cesso da agência de seu pai?

Tivemos que começar do zero

completamente. Saímos com uma mão à frente outra atrás. Desde a compra dos carros ao material… curiosamente tivemos que começar também um pouco à pressa devido ao falecimento do avô de uma pes-soa nossa amiga. O falecimento aconteceu em Abril e a família fazia questão que fossemos nós a tratar do seu funeral.

Como surgiu o nome “Agência Santiago”?

O nome Santiago foi escolhi-do por ser o nome do santo da terra, tal como o nosso logóti-po: o castelo e a fortaleza de Sesimbra.

Como é trabalhar neste tipo de negócio?

Como vem de família estou

habituado. Comecei com os meus 6/7 anos a ver o meu pai trabalhar. No ini-cio foi complicado, havia aquele receio do toque num corpo morto e o ter que ves-tir… não é fácil. Nem todos conseguem mas com o hábito começa a fazer parte do nosso dia a dia. Os primeiros tem-pos marcaram-me, cheguei até a sonhar à noite com os cor-pos… havia corpos mais difíceis que ou-tros, dependendo da origem da morte de cada um.

Como se lida com o sofrimento dos familiares?

Desde Dezembro de 2010 que é obrigatório por lei as agên-cias terem técnicos responsá-veis, que consiste na frequência dos trabalhadores num curso denominado de “psicologia do luto”, para sabermos lidar com as pessoas e com o sofrimento de quem nos pede auxilio para tratar do falecido. Nós por estar-mos na área há muitos anos já estamos um pouco habilitados a lidar com este tipo de situações e emoções mas não é demais esta obrigatoriedade nestes momentos tão difíceis.

Como é que é sentida a cri-se neste tipo de negócio uma vez que se trata de um serviço necessário?

Muito complicado, há familia-

res que a primeira coisa que nos dizem quando vamos lá a casa recolher os dados é que não têm dinheiro para nos pagar… Nós não vamos deixar as pessoas por enterrar… é um serviço que é prestado e que temos que pa-gar tudo “à cabeça”, o caixão, as capelas, entre outros…

A nível de funerais é notória a diferença de classes?

Nem por isso, porque por vezes quem tem mais não quer gastar muito até porque muitas pessoas dizem que o que se devia ter feito era em vida não depois de morto, por outro lado, por vezes quem tem me-nos quer fazer um funeral “em grande”, digamos assim, e que se importam mais com o que os outros pensam…

Quanto à cremação como funciona?

Há uma única urna de crema-ção por isso mesmo há um valor fixo. É um funeral que à partida é um pouco mais caro mas que a longo prazo se pode tornar mais barato pois não tem mais custos ao longo dos anos com as cam-pas, as flores, a manutenção, o levantamento do corpo ao fim de 5 anos, a compra do ossário ao fim deste período, etc. Em relação às ossadas já muitas pessoas aderem à cremação das ossadas.

E vocês também prestam este serviço da cremação de ossadas?

Sim, e cada vez mais somos procurados para este serviço.

Há uns anos atrás a crema-ção do corpo não era aceite pela grande parte da socieda-

de, principalmente pela popu-lação religiosa, tradicional e mais idosa. E agora?

As pessoas agora aderem mais à cremação, já não lhes faz confusão o facto de o corpo ser queimado. Acaba por ser mais higiénico este método e a pessoa faz o que quiser às cinzas…

Em termos legais/proces-suais, é mais fácil celebrar um funeral nos dias de hoje comparativamente com épo-cas anteriores?

É muito mais fácil agora, sem dúvida. Antigamente de-morávamos um dia inteiro para podermos trazer um corpo do hospital até a Sesimbra. Depois para complicar, se passasse 48 horas, o corpo já tinha que vir fechado em zinco, lacrado e a polícia tinha que nos acom-panhar até ao sítio onde se realizaria o funeral. Agora em média demoramos 1:30 hora para trazer o corpo do Hospital para Sesimbra. Podemos tam-bém fazer o registo em qualquer registo civil do país, o que facilita bastante.

O que vos distingue de outras agências funerárias?

Talvez o respeito que temos com a pessoa em questão… depende de nós conferir-lhe um funeral digno. Já aconteceu o padre não acompanhar o caixão ao cemitério, onde é aberto pela ultima vez e é dita uma pequena oração, e ser eu a fazer essa oração para a família que está ali a sofrer e a despedir-se pela última vez…

Andreia Coutinho

Panão, nome conhecido pelas gentes de Sesimbra, ligado ao ramo de agências funerárias. Primeiro o pai, depois o filho. Júlio Panão, proprietário juntamente com o seu sobrinho Pedro Serafim, da “Agência Funerária Santiago”, está no mercado com este nome desde 2006, depois de anos de experiência.

Agência Funerária Santiago

A cuidar da morte depois da vida!

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6O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

Os trabalhos quanto à requalificação da Estrada dos Murtinhais, na Lagoa de Albufeira, já iniciaram. Durante a execução dos trabalhos, a circulação viária vai estar garantida através de percursos alternativos.O orçamento da empreitada ronda o valor

Lagoa de AlbufeiraRequalificação da Estrada dos Murtinhais

de um milhão de euros, e decorre numa extensão de cerca de 1500 metros, entre o entroncamento com a EN377 e a Rotunda da Reconversão, e engloba a instalação das redes de água, saneamento, eletrici-dade, telecomunicações, passeios e pavimentação. Esta intervenção beneficiará não só os moradores como também todos os visitantes que por ali passam, visto tratar-se de uma via estruturante na ligação entre a EN377 e a margem sul da Lagoa. A conclusão da obra está prevista para o último trimestre do ano de 2012. A Estrada doa Murtinhais é uma das poucas obras novas incluídas no orçamento municipal de 2011, o qual, por causa da crise financeira, só inclui obras comparticipadas por fundos comunitários ou que resultam de outros compromissos assumidos pela Câmara. Moradores da Lagoa de Albufeira já tinham entregue comparticipações financeiras para a Estrada dos Murtinhais.

Andreia Coutinho

O navio de cruzeiros “Wind Spirit” aportou em Setúbal no passado dia 12 de Novembro, para a re-alização do Ciclotur Setúbal – Arrábida – Lisboa, uma prova destinada exclusivamente aos passageiros do cruzeiro. A quase totalidade dos 144 passageiros, na maioria de nacionalidade norte americana, fizeram o circuito ciclista desde o porto de Setúbal, através da Serra da Arrábida, passando por Azeitão e a caminho de Lisboa. É a segunda vez que se realiza este evento na nossa região, iniciado em 2010, resultado da cooperação empresarial entre a Windstar Cruises e a agência Afonso H. O’Neill & Ca., Lda.

Cruzeiro cicloturista

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 20117

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8O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

José Joaquim Soares de Barros nasceu em Setúbal, em 1721. Ao longo da sua vida teve uma brilhante carreira de cientista e diplomata, tendo pertencido às Academias de Ciências de Lisboa, de Paris e de Berlim.

Com 27 anos, foi enviado, pelo Marquês de Pombal, para Londres e Paris, para estudar Astronomia, com o objectivo expresso de vir a aplicar esses conhecimentos em apoio à política nacional, nomeadamente na determina-ção das latitudes e longitudes, com aplicação ao domínio geográfico dos territórios do império português. Em Paris, Soares de Barros foi discípulo do reputado astrónomo e geó-grafo Joseph Nicolas Deslile. Escreveu numerosos artigos para as Academias Científicas a que pertenceu; na de Lisboa destacam-se o seu estudo sobre o sal de Setúbal, e a determinação da população portuguesa a partir do rol dos besteiros do conto.

Um dia, porém, um “balanço da vida”, atirou-o para Sesim-bra, onde dedicou o tempo a

José Joaquim Soares de Barrosum cientista na praia de Sesimbraestudar a vida marinha que era arrojada às praias.

Peripécias diplomáticasComo é que um homem

com tais qualificações vem morar para Sesimbra? Trata-se de uma história algo ro-cambolesca. Aproveitando os conhecimentos de Soares de Barros em Paris, o Marquês de Pombal encarrega-o de uma missão naquela cidade. É verdade que Portugal tinha um embaixador em Paris, mas era frequente serem escolhidas terceiras pessoas para missões diplomáticas específicas, as quais teriam de se entender com os diplomatas de carreira.

O problema de Soares de Barros foi precisamente esse: não se entendeu, ou melhor, desentendeu-se de tal forma com o embaixador Português que, a certa altura, julgando que a sua vida estaria em ris-co, abandonou a capital fran-cesa, e meteu-se a caminho da Pátria: ou seja, saiu pela “esquerda baixa”.

Desta forma, livrou-se do Embaixador, mas arranjou outro problema: como iria explicar a Sebastião José de Carvalho Melo o facto de não ter cumprido a missão de que este o incumbira?

A “solução” de Soares de Barros foi, uma vez mais, uma pequena fuga: veio morar para Sesimbra, terra suficiente-mente modesta, longe dos olhares dos “importantes” da época, para, dessa forma, ten-tar passar despercebido. E foi assim, sem muito para fazer, que se entreteve a estudar, nas praias da vila piscatória, o que acontecia às grandes algas castanhas que o mar ar-rojava à praia em quantidades diversas, conforme as diferen-tes épocas do ano.

O mistério do golfo

Estamos em 2011, pouco mais de duzentos anos após os esforços científicos dos Académicos portugueses. Os diferentes ramos da Ciência, entretanto, evoluíram muitís-simo face aos conhecimentos da era de setecentos. No entanto, nos nossos dias, um dos mistérios da biologia marinha é o precisamente do desaparecimento do “golfo”: as grandes algas laminárias castanhas que crescem junto à costa.

Sesimbra é disso um e-xemplo: desapareceram as grandes concentrações de golfo que se encontravam nas rochas, junto aos morros do

Macorrilho e Alcatraz, ou no Caneiro, e também por toda a costa sesimbrense, desde o Risco à Lagoa.

Mas não se trata de um problema apenas local, nem apenas Português: a laminária castanha está a desaparecer por todo o mundo. Por exem-plo: no sudoeste da Califórnia americana, desapareceram 80% das florestas de golfo, desde os anos 1960.

Soares de Barros começa as suas observações referindo que “Em Dezembro e Janeiro não aparecia nas praia de Cezimbra quase nada da Alga da grande espécie, a que vulgarmente chamam Golfo”, apesar das fortes ondas que, naquela época, a poderiam arrastar. Acrescenta também que em Janeiro quase não viu a alga a que chama Chicória (Ulva Linza, ou alface-do-

mar), e que, pelas suas folhas e “bela verdura, é em tudo parecida à [alface] da terra, e de qu há uma prodigiosa abundância, no seu tempo próprio, quase ao longo da mesma praia”.

Em Maio, porém, aparecem já muitos Golfos, mas ainda com raízes de pequeno vol-ume, e “aparecem também algumas Alforrecas, e Estrelas, ainda que pequenas”. Nos meses seguintes, os Golfos

aumentam em quantidade e tamanho, e aparecem também a pulga do mar, escolopendas e “milipedes” (provavelmente, minhocas).

Foi em Outubro que Soares de Barros viu os maiores golfos, com caules de “duas varas de comprimento” (2,2 metros). O interior das bases do golfo, “serve de morada a milhares de Insectos, e de assento, apoio e ponto fixo a vários Litófitos, e à maior parte de Coralinas”. Soares de Barros anotou ainda que “Es-tes Golfos, assim chamados pelo vulgo, são notavelmente fosfóricos, e algumas vezes durante o tempo da noite pareciam brilhar como o lume mais ardente”.

Algas sacarinas

Soares de Barros chama

também a atenção para uma alga que poderia ser usada para fazer açúcar, e que ééra vulgar na nossa Costa, “es-pecialmente a de Cezimbra”. Esta planta, escreve Soares de Barros: “é a que produz uma certa porção do melhor açúcar, o mais doce e puro de todos os que tenho visto, e ainda mais branco e mais cristalizado que aquele a que os Franceses chamam à la Royale.

Explica-nos: “Este açúcar

História

forma-se sobre a superfície da folha do mencionado Vegetal, como uma espécie de eflo-rescência, depois que está por certo tempo ao Sol; e para se tirar não é preciso mais nada que sacudi-lo, ou passar-lhe a barba de uma pena”.

O uso de algas na alimen-tação tem mais tradições no Japão, mas essa tradição tem vindo a conquistar o Ocidente, e o certo é que na Galiza, aqui bem perto, já se colhem algas para fins alimentares, nomeadamente a alga saca-rina referida pelo cientista setubalense.

Mas Soares de Barros aponta que também a alface-do-mar pode ter aplicação culinária: “no tempo da esteri-lidade pode servir de sustento; eu a provei e o seu sabor não é amargoso nem picante, nem tem absolutamente nada de ingrato; e creio que, preparada em salada, lisongeará mais o gosto e terá mais votos a seu favor.”

Soares de Barros termina a sua comunicação à Academia, inspirado nas observações na praia de Sesimbra, com a análise dos pequenos animais que se fixam aos cascos dos navios e que os danificam – um problema ainda hoje importante, e que justifica, por exemplo, o uso de tintas anti-vegetativas, cuja composição é actualmente objecto de investigação.

Biografia:Barros, José Joaquim

Soares (1789) Considerações sobre os grandes benefícios do sal, in Memórias Económi-cas da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo I, 1789 - p. 30-31

Barros, José Joaquim Soares (1789) Memória so-bre as causas da diferente população de Portugal em di-versos tempos da Monarquia, in Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo I, 1789 - p. 123-151

Barros, José Joaquim Soares (1812) Pensamentos e observações sobre mui cu-riosos e importantes objectos que se apresentam nas Costas de Portugal e no fundo dos nossos Mares, in Memórias de Matemática e Física da Academia das Ciências de Lis-boa, Tomo III, Parte L, Lisboa, 1912 - p. 73-84

Cortesão, Jaime (1953) Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, Rio de Janeiro: Ministério das Rela-ções Exteriores – Instituto Rio Branco, 1953, p. 313-315.

Este texto sobre o Golfo e outras espécies marinhas, não é a única referência que Soares de Barros faz a Sesimbra. Nas “Considerações so-bre os benefícios do sal comum”, por exemplo, afirma que, quando as redes não são fabricadas com a necessária flexibi-lidade, e não ficando, por isso, convenientemente bambas, o peixe não se embaraça tão facilmente: “esta é a razão porque os pescadores de Sesimbra pescam poucas pesca-das, quando os ericeiros,

que sabem trabalhar melhor as suas redes, sabem pescar mais”. Esta crítica talvez tenha alguma razão de ser, pois os pescadores de Sesimbra dominam melhor as artes do anzol do que das redes, e a pescada, em Sesimbra, era essencialmente capturada com linha de anzol.

Mas Soares de Barros, numa outra análise, faz um grande elogio aos pescadores de Setúbal, Alcácer, Sines e Sesimbra: “é para pasmar que tais homens mostrassem em semelhante comércio o mais fino discernimento, e a mais esquisita política: aquela

mesma que alguns séculos depois soube formar o Pa-ládio de Inglaterra, no fa-moso Acto de Navegação, concebido por Cromwell, e vigorizado por Carlos II. Assim consta por docu-mentos que mostra que os moradores de Cezim-bra não consentiam que os navios estrangeiros viessem ali carregar de pescaria, sem que fossem fretados por sua conta, e que a equipagem fosse composta de uma parte dos mareantes da mesma vila.”

Soares de Barros e Sesimbra “Golfo” é o nome genérico que em Sesimbra se dá a uma alga castanha de grandes proporções, que existia em grande quantidade na nossa costa, pelo me-nos até meados do século XX. Crescendo em grandes concentrações, forma uma espécie de “floresta” subma-rina. Espalhadas por todo o mundo, as florestas de golfo (ou “kelp”, como é designada internacional-mente) constituem habitats de grande interesse para várias espécies marinhas. O fenómeno do desapareci-mento do golfo, também por todo o mundo, constitui um dos grandes mistérios da biologia marinha.

«Um balanço da minha vida atirou comigo a Cezimbra, sem eu saber para que ia ali; mas o tempo me foi mostrando o que eu tinha que admirar na solidão duma larga praia, cercada de altos rochedos, e das soberbas ondas do Mar. Os três Reinos da Natureza, dentro da terra e das águas, se acham ali em mui pequenos espaços com vistas muito notáveis; largas massas de Minerais penetram escabrosas montanhas e oferecem ao trabalho dos homens objectos de mui variadas utilidades; por outra parte, no Domínio do Oceano, espalhados pelo seu fundo, se estendem abundantes pastos que dão sustento a infinitos viventes nas suas sombrias moradas. Por cima destes lugares, nos espaços de outro Elemento, voa o povo miúdo das Aves, umas que nunca saem desses distritos, e outras que de distantes Países vêm buscar naquelas partes o seu alimento e regalo, nos dias da última Primavera.

Enfim, para nenhum lado os olhos se movem, que não tenham em que ocupar-se, e que não dêem muito exercício à reflexão com o prazer da novidade.»

Cezimbra: a solidão duma larga praia

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 20119

Fotógrafos de Sesimbra (VIII)

Leonore Mau

Eliot Elisofon

Helga Glassner

Eliot Elisofon foi �� in� ��foi �� in���ente fotojornalista americano, natural de Nova Iorque, con�hecido pelo seu trabalho para a revista LIFE, para a qual começou a trabalhar em 1942, prolongando essa colabora�ção até 1964. Granjeou repu�tação como técnico e desen�hador de luz, particularmente devido às suas inovações na fotografia a cores. Para além da carreira de fotógrafo, concluiu uma formação su�perior na DeWitt Clinton High School., e to�no��se n�� �in�to�no��se n�� �in�tor de recohecida capacidade e um académico activo, bem como um coleccionador de arte tribal africana e asiática. Tinha também a paixão pela gastronomia e vinhos, e foi o primeiro fotógrafo a escrever um livro de cozinha. Alguns dos se�s t�abalhos �ais co�nhecidos foram reportagens a cores realizadas em África e no Pacífico S�l.

Eliot não se caracterizava pela modéstia, e costumava a��esenta��se co�o “o �aio� fotógrafo da LIFE” (referência à revista, mas também um t�acadilho co� o significadao da �alav�a “life” : vida. U� dia o edito� da �evista disse�lhe:

“não �e�cebo co�o é q�e você consegue estar sempre a classifica��se a si ��ó��io como o maior fotógrafo da nossa revista”; Eliot pensou �� �o�co, e �es�onde�: “Te� razão. É melhor serem vocês a dizer isso.”

A fotografia que aqui re�produzimos fez parte de uma reportagem feita em Portugal e divulgada naquela na revista LIFE e� Sete�b�o de 1948. O tít�lo da foto e�a “Velho �esca�dor usando um barrete de lã”, e mostra um velho marítimo sentado no ���o f�ente à So�ciedade M�sical Sesi�b�ense.

A fotógrafa alemã Leonore Mau, juntamente com o ma�rido, o escritor Hubert Fichte, constituíram um dupla criativa que produziu, em conjunto, obras emblemáticas. Foi o que acontece� e� 1968, q�ando se desloca�a� a Sesi�b�a e aq�i �ealiza�a� o fil�e de 9 �in�tos, “A lota e o �eixe” (“Der Fischmarkt und die Fis-che”), mostrando o quotidiano e a vida na aldeia piscatória de Sesi�b�a. A a��esentação do filme era acompanhada da exposição de fotografias de Leonore, onde era dado destaque aos padrões geomé�tricos, por exemplo, dos peixes espalhados na areia, para a respectiva venda por leilão.

Q�e� o fil�e de Fichte q�e� as fotografias de Leonore continuam, ainda hoje, a ser

apresentadas ao público, como ainda recentemente aconteceu em Inglaerra, no Goethe-Institut de Londres.Leonore Mau, nascida em 1916, iniciou a sua carreira de fotógrafa em Hamburgo, após a II Grande Guerra. Trabalhan�do em conjunto com Hubert Fi�chte, publicou os livros de texto e imagens, Petersilie (Salsa) e Xango, documentando as �eligiões Af�o�A�e�icanas. U� te�cei�o vol��e, Psyche, a deb��ça�se sob�e a �siq�iat�ia Africana.

A fotógrafa alemã Helga Glassner publicou, em 1942, o liv�o de fotog�afias co� o tít�lo “Po�t�gal”, �et�atando dive�sas zonas do País, nomeadamente as zonas rurais e piscatórias, com representação de muitas �essoas do �ovo. E� Sesi��b�a o se� olha� fixo��se no castelo medieval, fotografado pouco tempo depois do seu �esta��o �elos “Mon��entos

Nacionais”, o que é visível pela dife�ente co� dos “�e�endos” de pedra que lhe foram acres�centados – e que hoje não se distinguem das cantarias centenárias.

O liv�o “Po�t�gal” a��esenta uma estranha capa verde com a esfera armilar portuguesa, a fazer lembrar os documentos oficiais do Estado Novo, �as a própria fotógrafa foi objec�to de vigilância pela PIDE, encont�ando�se info��ações a seu respeito no arquivo de Salaza�.

Hubert Fichte nasceu em 1935 e falece� e� 1986, �o��co antes de completar 51 anos.Viajo� �o� dive�sos �aíses, começando pela França, Por�t�gal e S�écia e do�ino� q�a�se todos os idiomas ocidentais. Inte�esso��se �elo est�do das �eligiões af�o�a�e�icanas, de plantas medicinais, de etno�medicina e pelo tratamento de doenças mentais. Reve�lo� à etnog�afia a q�eb�a de consciência pelo uso de ervas em rituais iniciáticos de cultos af�o�a�e�icanos

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10O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

A Assembleia Municipal de Sesimbra obteve a Certificação da Qualidade dos seus serviços administrativos, sendo o primeiro daqueles órgãos autárquicos a obter este galardão, no nosso País.

Odete Graça, presidente da AM, discursando na cerimónia em que a Associação Portuguesa de Certificação formalizou a entrega do Certificado, no passado dia 11 de Novembro, destacou que esta iniciativa se integra “numa visão centrada no cidadão em geral e no munícipe em particular, é o nosso verdadeiro compromisso e reforça as nossas escolhas permitindo continuar a trabalhar ativamente na MELHORIA CONTÍNUA - MAIS QUALIDADE - MEL-HOR SERVIÇO PÚBLICO”, e consid-erou a ocasião como “fruto dum projeto que coloca este órgão deliberativo em lugar cimeiro na vanguarda do Poder Local a nível nacional”.

O processo de certificação da As-sembleia foi apresentado na candidatura ao IX Prémio da Qualidade promovido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal, em Junho de 2011, cujos vencedores serão divulgados no próximo mês de dezembro. Odete Graça considerou que “o simples facto de nos encontramos na lista finalista é já uma vitória sentida e valorizada, pois esta candidatura também representou um novo desafio, trilhado pela primeira vez, e reforça certamente o espírito de coop-eração e compromisso com a Câmara, os munícipes e as entidades com quem nos relacionamos

O vereador José Polido, em repre-sentação da Câmara (Augusto Pólvora não pode estar presente, em virtude da convocação inesperada para uma reunião com o secretário de estado do Turismo) destacou “a importância de ala-vancar a melhoria contínua, na aposta da formação e experiência das pessoas, nas metodologias de monitorização e avaliação e na dinâmica do sistema de gestão participada, com enfoque nos resultados, centrados no munícipe”, e acrescentou que “na Câmara, os políticos e os funcionários, estão interes-sados em modernizar continuamente o trabalho no desenvolvimento dos me-canismos de gestão de todos os seus órgãos”.

Câmara Municipal de MoraSeguiu-se a intervenção de José

Pinto, vereador da Câmara Municipal de Mora, que foi a primeira Câmara Munici-pal a ser Certificada neste âmbito, tendo

Assembleia Municipal obtém Certificação de QualidadeSistema da gestão da qualidade da MAS - norma ISO 90001/2008

uma certificação alargada nos domínios da Qualidade, Ambiente e Segurança, de acordo, respectivamente, com as Normas 9001, 14001 e 18001.

José Pinto referiu, em tom irónico, que “a Administração Pública está hoje confrontada com graves problemas estruturais e endémicos, o que deriva das más opções políticas, da gestão ruinosa do Estado e dos seus protegidos que “milagrosamente”, se tornam bons gestores apenas quando transitam para o sector privado. Daí que não possamos aceitar que os trabalhadores sejam sistematicamente o bode expiatório das políticas postas em prática pelos nossos governantes.” E acrescentou: “Exceptuando um ou outro mal inten-cionado “fazedor de opinião”, todos re-conhecem que os dinheiros públicos na Administração Local são bem aplicados e resultam sempre em mais-valia para as populações”

A certificação dum sistema que integra a Qualidade, o Ambiente e a Segurança permite à Câmara de Mora, segundo José Pinto, “permite dar garantias aos munícipes e a toldos os cidadãos de resposta às suas necessidades e expec-tativas, e de que existe um compromisso permanente de melhoria contínua”.

Presidente da APCERO Comandante Caldeira dos Santos,

presidente da APCER, destacou na sua intervenção, que “Sendo o poder autárquico uma das maiores conquistas do 15 de Abril e, quiçá uma das institu-ições democráticas mais expostas aos seus eleitores, nada mais importante para quem exerce o seu direito de voto do que a transparência, a integridade, a idoneidade, a confiança e a lealdade dos seus eleitos --- e que a certificação de um sistema de gestão melhora o de-sempenho geral de uma organização e demonstra aos seus utentes, aos seus clientes, fornecedores, colaboradores e outros stakeholders, que as orga-nizações utilizam boas práticas na sua gestão.

Caldeira dos Santos felicitou o Mu-nicípio de Sesimbra, na pessoa da senhora presidente da Assembleia Mu-nicipal, pela obtenção deste Certificado da Qualidade, “enquadrando assim este Município no universo das entidades que apostam no seu futuro e do nosso País”.

Quer Odete Graça, quer José Polido, quer ainda o presidente da APCER, destacaram o papel de Carlos Filipe de Oliveira, então vereador da Câmara Municipal, no lançamento do processo da Certificação da Qualidade.

Na reunião da Assembleia Municipal do dia 28 de Outubro, no período prévio à Ordem do Dia, foram aprovadas quatro moções: uma de crítica ao Orça-mento de Estado para 2012, outra saudando o 26 º aniversário da Freguesia da Quinta do Conde, outra exigindo a construção da Escola Secundária da Quinta do Conde, e ainda outra pela “Dignificação e Autonomia do Poder Lo-cal”; foi também aprovada uma recomendação a propósito da reunião pedida pela Câmara ao Ministro da Educação.

A moção sobre o OE, titulada “Ataque voraz à classe dos servidores públicos e aos aposentados”, critica essencialmente “a prevista redução dos subsídios de férias e natal dos servidores públicos e aposentados, que poderá, para rendimentos superiores a 1000 euros representar a completa retirada desses 2 subsídios”, e foi aprovada com 19 votos a favor, 2 votos contra do PSD, e uma abstenção, do CDS.

A moção sobre o Poder Local vai no sentido da rejeição, “na generalidade, todas as propostas e princípios inerentes do Documento Verde da Reforma Administrativa Local”, bem como da rejeição de “qualquer ingerência na auto-nomia do poder local, nomeadamente ao nível das suas actuais competências e atribuições”, e exigindo que a reorganização administrativa venha ao encontro das “necessidades e motivações das respectivas populações, e ouvindo os respectivos autarcas”; esta moção foi aprovada apenas com os 13 votos da CDU, tendo votado contra todos os restantes.

As restantes moções, bem como a recomendação, foram aprovadas por unanimidade.

DERRAMAA Assembleia Municipal aprovou a proposta de Derrama para 2012, um

imposto no valor de 1,5 % sobre os lucros das empresas. Votaram a favor a CDU, o PSD, o CDS e o BE, tendo-se abstido o PS e o deputado independente.

IMI – Imposto Municipal sobre ImóveisA Assembleia Municipal deliberou, sob proposta da Câmara Municipal, apr-

ovar as seguintes taxas para o IMI:a) Prédios Rústicos: 0,8% b) Prédios Urbanos: 0,7% c) Prédios Urbanos avaliados nos termos do CIMI: 0,4%

Esta proposta foi aprovada por uma maioria de 16 votos (CDU, PSD e CDS/PP) e 6 abstenções (PS, BE e AMCS).

Ainda quanto a este imposto, com os mesmos votos e mais o BE, foi delib-

erado aprovar o agravamento do IMI (entre 10 a 30% mais) dos prédios em mau estado de conservação.

Por unanimidade, foi deliberado reduzir em 10% as taxas para os prédios ur-banos arrendados para habitação em todo o território do Município, respeitante ao IMI de 2011, a vigorar no ano de 2012 (devendo os senhorios proprietários efectuar prova bastante para o efeito, junto da Câmara).

Finalmente, e como medida de “combate à desertificação” e promoção da “reabilitação urbana”, foi deliberado que no Núcleo Antigo da Vila de Sesimbra os valores do IMI sejam reduzidos (entre 10 a 30%), para os prédios em que se tenham realizados obras nos últimos 6 anos. Esta proposta contou com apenas uma abstenção.

Outras deliberaçõesA Assembleia aprovou ainda as cláusulas contratuais do empréstimo de um

milhão de euros, destinado às obras da Ribeira do Marchante e Estrada dos Murtinhais, a rectificação dos limites territoriais entre Sesimbra e Seixal, na zona urbana da Quinta do Conde, e a abertura de concurso, pela Câmara, para o fornecimento de refeições aos jardins-de-infância e escolas básicas do Concelho.

Assembleia Municipal

A Certificação da Qualidade dos Serviços Públicos é um processo que visa a melhoria contínua daqueles serviços, através do estabelecimentos de objectivos anuais e de uma série de documentos e normas, que permitem destacar situações de funcionamento deficiente, ou de oportunidades de melhoria, passando a estabelecer prazos para a correcção das deficiências, ou para a implementação das melhorias.

Através da exigência de documentação adequada – actas de reuniões, normas de funcionamento interno, etc. – este processo possibilita uma maior transparência dos objectivos que cada serviço público, ou cada funcionário, deve procurar atingir em cada ano, e avaliar a respectiva realização.

Impondo a formulação de um conjunto de documentação adicional, tal como de reuniões específicas e auditorias, este processo “complica” um pouco mais o trabalho da administração pública, mas, em contrapartida, permite uma transparência, uma clara definição de objectivos e uma mentalidade orientada para a melhoria, que pode ter resultados muito significativos na qualificação dos serviços prestados às populações e no aumento da produtividade dos respectivos recursos.

O Sistema de Gestão da Qualidade apoia-se numa rede Gestores da Qualidade - funcionários dos próprios organismos que recebem formação para esse efeito, e que passam a ter responsabilidades na implementação do processo de Qualidade e de auditoria do funcionamento dos serviços. Estes Auditores da Qualidade fazem auditorias internas ao funcionamento dos serviços municipais, mas a atribuição do Certificado de Qualidade é sempre concedido por uma entidade externa e independente, neste caso a Associação Portuguesa de Certificação, que periodicamente avalia a situação.

Em Sesimbra, foi a Câmara Municipal a primeira instituição a lançar este processo, tendo obtido a respectiva Certificação em 2009 – uma das primeiras a nível nacional. Curiosamente, a sua rede interna de Auditores é constituída por quadros intermédios da Câmara, bastante jovens, e, na sua maioria, do sexo feminino, constituindo uma estrutura de controlo distinta, salvo algumas excepções, dos quadros dirigentes (direc-tores de departamento e chefes de divisão). O processo tem sido conduzido, do ponto de vista técnico, por Ângelo Tavares, um especialista nesta área.

A Assembleia Municipal de Sesimbra, tal como foi reconhecido pela sua Presidente, contou com a experiência e o apoio desta estrutura municipal da qualidade para, por sua vez, implementar o sistema de certificação da qualidade na Assembleia.

Qualidade Certificada

“É importante dignificar a Assembleia Municipal e reforçar as suas responsabilidades e competências. Os eleitos devem continuar a assumir de forma positiva e inequívoca a importância do Poder Local, em prol das populações que os elegeram. Odete Graça

“A Câmara aposta na melho-

ria contínua, na formação e experiência das pessoas, nas metodologias de monitorização e avaliação e na dinâmica do sistema de gestão participada, com enfoque nos resultados, centrados no munícipe

José Polido

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011 11

Júlio Martinho Pinto

Comissão: Moçambique 1971 a 1973Batalhão:3842 Regimento InfantariaEspecialidade:CorneteiroIdade: 61 anos

Fernando Oliveira

Comissão: Angola 1961 a 1963Especialidade:InfantariaIdade: 72 anos

Guerra Colonial: 50 Anos

Negativo

Positivo

Negativo

Positivo

Fernando Oliveira, canteiro de profissão, “na altura a cantaria*1 era o forte na zona do Zambujal”, fez recruta na Amadora em Infantaria, depois houve um treino, que segundo o ex-combatente, foi um treino à pressa onde começaram a ser chamados de caçadores especiais que depois viria a ser a especialidade de Comandos. “Acabámos a instrução de tiro já em Angola, mais precisa-mente em Malange. Antes de ser mobilizado para Angola tinha apenas os três meses de recruta, devido à situação que se passara na prisão. O desti-no de Fernando para a Guerra Colonial não era previsto ser Angola. Estava previsto um levantamento das populações e o seu destino era a Guiné. Eu até tinha vindo de licença para casa, depois do juramento de bandeira no Sábado, precisa-mente o dia que rebentou a

confusão no local para onde fui combater em Luanda. Recebi um telegrama da Unidade para me apresentar na segunda-feira e parti de imediato.

Companhia isolada. Quando assaltaram a esquadra de policia e a prisão de presos políticos, em Luanda. Do as-salto resultaram mortos. Isto aconteceu no fim de semana e logo na terça-feira a seguir eu já estava lá. Fomos de avião, foi a noite toda a voar e mais algumas horas, ao todo foram 18 horas de voo. A nos-sa missão era as chamadas operações de limpeza aos bairros da periferia. Capturar elementos das chamadas For-ças de Libertação, chamados na altura por nós de terroristas. Os prisioneiros da prisão em questão, não tiveram tempo de fugir, uma vez que a guarda local atacou de imediato, tendo havido ainda duas baixas da parte deles e com a nossa chegada, a chegada da tro-pa as coisas acalmaram e a situação ficou dominada. Aí estivemos durante uma se-mana, e de seguida partimos para Malange onde também se previa levantamentos, que felizmente acabaram por não acontecer. Estivemos perto de um mês até que rebentou a valer na região dos Dembos, a Norte de Luanda. Nesta zona foram atacadas fazendas, foram mortos adultos e crian-ças indiscriminadamente e foi para aí que rumei até ao fim da minha comissão.

Aqui a missão principal era a defesa das populações, atacar campos de instrução dos ele-mentos ligados às Forças de Libertação. Depois fazíamos o chamado sistema de quadricu-la, termo utilizado no Exército que designavam elementos estacionados num raio em que os elementos das forças

locais não pudessem avançar. Aí fomos bastante castiga-dos. Fomos muito atacados. Eram milhares… A sorte de não ficarmos lá todos, foi um avião, mais precisamente um bombardeiro da Força Aérea Portuguesa que ia a caminho de Carmona e que por ter in-terceptado os nossos apelos pela nossa rádio.

Estive também em Nambu-angongo, considerado o centro das operações das forças inimigas. Aqui foi parte mais difícil e emociona-se… foi a parte que me revoltou em rela-ção às forças de libertação… o massacre que lá fizeram à po-pulação branca e negra, desde a crianças degoladas, mulhe-res grávidas esventradas, … um cenário para esquecer… mas que dificilmente um ser humano consegue esquecer mesmo depois de décadas. Conheci um senhor que tinha uma pequena fazenda na zona e a sua história chocou-me: a mulher desaparecera, nunca mais foi vista, os filhos foram mortos por degolamento, pelo que os enterrámos antes que este senhor, o pai, os visse, a cunhada estava esventra-da à beira do rio, o cunhado também foi encontrado aos pedaços

Curiosamente nunca vi em livro nenhum e na altura nin-guém acreditava que neste ano as forças portuguesas tinha estado nesta zona tão perigosa.

Entretanto a situação pa-cificou-se e nós andávamos à vontade e ajudávamos as populações das aldeias.

O cenário de massacre que encontrei em Nambuangongo, as crianças mortas sem dó

nem piedade. Aquelas pes-soas todas desmembradas…

*1 A cantaria é a pedra talhada de forma a constituir sólidos geo-métricos, normalmente paralelepípedos, para utilização na constru-ção de edifícios ou de muros. Os profissionais que talham a pedra denominam-se canteiros.

O conhecimento que ganhei de outras maneiras de viver, muitos amigos que fiz na tropa que ainda hoje os encontro.

Júlio Martinho assentou praça a 21 de Julho de 1970 em Elvas e tirou a sua espe-cialidade de corneteiro, na Amadora. A 21 de Abril de 1971, embarcou no navio Nia-ssa e desembarcou a 13 de Maio em Moçambique.

Uma vez que na guerra

não havia corneteiros, já em Chimaio, perto da Barragem de Cabora Baça e a cerca de 90 km da província de Tete, o soldado desempenhou o seu serviço numa arrecadação, onde se encontrava arma-zenado todo o material de guerra, que seria distribuído pelos soldados em missão. Foi nesse local que passou toda a sua comissão.

Como pertencia ao sector do arame (expressão utilizada pelos soldados quando per-maneciam no quartel e não saiam em missão) não sentiu dificuldades nem restrições no que diz respeito à alimentação, a cuidados de higiene ou se-gurança.

“Felizmente não me acon-teceu nenhuma peripécia, no entanto houve colegas meus que foram abatidos em com-bate…”, Júlio Martinho recorda e salienta “O mais doloroso era quando tinha conhecimento de que os meus colegas, aos quais tinha entregado as armas, tinham morrido em combate, sem poder ou dever de informar, os que se prepara-vam para reforçar o batalhão.”

O ex-combatente aponta, também, como um dos mo-mentos mais difíceis na sua jornada de guerra, a notícia do falecimento do seu pai, a 18 de Fevereiro de 1973, através de

colegas telegrafistas.Os últimos nove meses na

guerra, foram passados em Inhambane, quando a com-panhia se deslocou para sul.

A guerra em si, foi o fac-tor mais negativo. Contudo, os efeitos da guerra foram muito marcantes. A morte de muitos colegas, relembro o falecimento de um colega que apareceu morto com dois tiros na cabeça, enquanto fazia reconhecimento a carros civis na fronteira com a Zambézia e da morte do meu capitão, que pertencia à família dos Pachecos, de Setúbal, morreu numa mina.

Arranjei muitos amigos que permanecem até hoje. Anualmente, a companhia reencontra-se num almoço de confraternização. Hoje, a nossa família de soldados do Ultramar e muito grande, porque além dos soldados, reencontramos pais, filhos, genros, noras e netos de todos os nossos colegas de guerra. Depois, tenho aquele grupo de amigos mais chegados,

que fazemos questão de nos encontrarmos várias vezes durante o ano.

Júlio Martinho dos Santos

Pinto, regressou a Sesimbra, da Guerra Colonial, a 17 de Agosto de 1973.

Jovita Lopes

Andreia Coutinho

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12O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

A doença conhecida como “escaravelho das palmeiras” já chegou a Sesimbra há algum tempo, calculando-se que seja já elevado o número de árvores infectadas – em-bora nem todas apresentem ainda os sinais evidentes desse problema.

Conforme o estado de pro-gressão da doença, as pal-meiras poderão em alguns ca-sos ser tratadas, mas noutros já não será possível. As pal-meiras existentes no interior da Fortaleza, por exemplo, já não deverão ter “salvação”.

A Câmara Municipal tem conhecimento do problema e tem um plano para o com-bate à doença; estando neste momento a consultar empre-sas da especialidade para selecção daquela a quem há-de adjudicar o tratamento, que pode ser de três tipos: preventivo (no caso de pal-meiras ainda não atacadas), curativo (nos casos em que tal ainda é viável) e abate (nos casos já sem possibilidade de recuperação).

A título experimental, a Câmara já tratou uma das pal-meiras atacadas, próximo do Hotel do Mar, a qual apresenta já sinais de recuperação, com novos rebentos a despontar.

No caso das palmeiras de menor porte, os serviços municipais poderão aplicar directamente os tratamentos necessários. Mas terão de ser empresas da especialidade a ocupar-se, quer do trata-mento, quer do abate, das

Palmeiras de Sesimbra ameaçadas peladoença do escaravelho

palmeiras de maior porte. Mas há um problema, que não é de pequena dimensão: tratam-se de intervenções dispendiosas, mesmo quando feitas directa-mente pela Câmara, pois os medicamentos são caros e podem prolongar-se por um período de 3 anos, por cada árvore.

Assim, e numa primeira fase, a intervenção da Câ-mara Municipal será feita numa selecção das palmei-ras consideradas de maior importância, nomeadamente pelo seu papel na definição da paisagem.

Muitas palmeiras em ter-renos privados

A acção directa da Câmara, no entanto, deverá restringir-se às palmeiras que se encon-tram no espaço público. Mas existem numerosas palmeiras em terrenos particulares, cabendo aos respectivos pro-prietários as acções de pre-venção, tratamento ou abate.

Para este fim vai ser real-izada em breve, e em con-junto com a Direcção-Geral de Agricultura, uma acção de sensibilização para as me-didas a tomar por parte dos particulares.

É àquela Direcção-Geral que esses particulares se devem dirigir, apresentando a situação das suas árvores, e solicitando o respectivo di-agnóstico ou intervenção, no caso de se justificar.

Na freguesia do Castelo, em Santana, existem duas pal-meiras que estão classificadas como de Interesse Público: localizam-se ambas na Casa das Palmeiras. Trata-se da espécie conhecida como palmeira-das Canárias, tendo a maior 10 metros de altura, 8,7 metros de diâmetro de copa, e estimando-se em 100 anos de idade (medições efectuadas em 2004).

Com mais frequência, o es-caravelho infecta as palmeiras mais jovens, com menos de doze anos. Embora o escara-velho adulto possa provocar alguns danos ao alimentar-se da árvore, é essencialmente a larva, ao escavar túneis no tronco da palmeira, a grande responsável pela doença e morte da planta. A fêmea adulta põe cerca de 200 ovos nas zonas de crescimento da coroa da palmeira. Do ovo sai uma larva branca que se alimenta de fibras tenras e de rebentos de folhas, escavando túneis pelos tecidos internos da árvore durante cerca de um mês. As larvas podem ocasionalmente crescer entre 4 a 6 centímetros. No ciclo seguinte da metamorfose, a larva forma um casulo feito com fibras secas de folhas de palma na base da palmeira. O ciclo de vida completa-se entre 7 a 10 semanas.

Sintomas de infestaçãoOs sinais de infestação pelo

escaravelho vermelho são os seguintes• Orifícios e galerias

na base das folhas (eventual-mente com larvas ou casulos);• Folículos das folhas

novas cortadas em ângulo ou com pontas truncadas a direito• Amálgama de fibras

cortadas e húmidas com mau cheiro• Folhas desprendidas

e pendentes da coroa;• Coroa desguarnecida

no topo ou achatada;Os primeiros sinais de in-

festação são os orifícios no tronco e as folhas cortadas. Os sons das larvas a escavarem o tronco e a alimentarem-se pode-se ouvir quando se

aproxima o ouvido do tronco da palmeira. Existem também equipamentos electrónicos de amplificação sonora que são utilizados para inspeccionar as árvores.

Numa fase seguinte, a coroa da palmeira perde o vigor, com as folhas mais novas a pender e a secar, ficando com forma achatada e cor castanha. Seguem-se as folhas da parte de baixo da coroa. Quando estes sintomas começam a ser visíveis, a palmeira já está infestada há algumas semanas e os seus tecidos vasculares internos já estão danificados, sendo já muito difícil recuperar a palmeira que, provavelmente, morrerá. Podem observar-se ainda infecções secundárias por bac-térias e fungos oportunistas que, aproveitando as feridas causadas pelo escaravelho, aceleram o declínio. Uma Palmeira pode estar infectada também sem que quaisquer vestígios aparentes sejam visiveis, só com uma grande inspecção pormenorizada se pode eventualmente detectar a infestação.

ControloO principal método de con-

trolo da praga é a aplicação sistemática de insecticidas em túneis escavados cerca de 5 cm acima das zonas infesta-das do tronco. A praga pode ser monitorizada pela utilização de armadilhas com feromonas. As formas de controlo alternativo incluem a descontaminação de zona e utilização massiva de armadilhas de feromonas e outros compostos químicos. Estão em desenvolvimento novas tecnologias, incluindo

Problema nacionalA praga do escaravelho

encontra-se já espalhada por todo o País, sendo várias as Autarquias que se encontram a braços com graves pro-blemas de doença das suas palmeiras, problemas espe-cialmente grave quando se tratam de árvores com grande importância para a definição

das paisagens. Tal é o caso de Setúbal,

cuja Câmara já foi obrigada a abater árvores emblemáti-cas na Avenida Luísa Todi. A Câmara de Faro divulgou que pelo menos 100 das 400 palmeiras existentes no con-celho teriam que ser removi-das devido a esta praga, cujo tratamento aquela autarquia

estimou entre 100 a 250 eu-ros por cada árvore.Também em Lisboa a Câmara calcula que existem milhares de pal-meiras em risco, embora o número exacto seja «quase impossível de contabilizar», segundo os responsáveis autárquicos, por estarem tão disseminadas, entre jardins privados e espaços públicos.

Casa das Palmeiras O que fazer?

bio-inseticidas, para controlar esta forte praga das palmeiras.

Em Portugal, no caso de ser detectado algum sinal de infes-tação, deve ser imediatamente contactada a Direcção Geral de Agricultura e Pescas

PrevençãoComo em qualquer outra

doença, a prevenção é sempre preferível à intervenção do que quando a árvore já se encontra atacada. Normalmente, quan-do se detecta visualmente que uma palmeira se encontra do-ente, pela característica copa abatida, já é tarde demais para salvar a arvora.

Uma vez que o escaravelho prefere pôr ovos nos tecidos mais tenros da palmeira, evitar a existência de cortes e feridas no tronco pode ajudar a reduzir a infestação, pelo que se de-vem cobrir as feridas ou cortes com produtos apropriados para cicatrização e protecção. Também se deve evitar o transporte e movimentação de folhas ou restos de palmeiras infectadas, que devem ser eliminadas no local. O esca-ravelho entra também pelos orifícios das palmas cortadas desde o chão até ao cume, o que só e apenas as injecções localizadas não surtem o efeito desejado.

(Adaptado da Wikipedia)

Na Estrada entre a Corredoura e as Covas da Rapousa já se detectam palmeiras doentes

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 201113

Desde quando existe o Centro Paroquial?

O Centro Paroquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra, tem vindo a desen-volver atividades desde 1973. É uma instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) ligada à Paróquia do Castelo, que depende diretamente da Diocese de Setúbal e indireta-mente do Centro Regional de Segurança Social e Ministério da Educação.

Quantas pessoas empre-gam?

O Centro Paroquial empre-ga atualmente cerca de 50 pessoas.

Quais as principais valên-cias?

A Instituição tem as valên-cias de Creche, Pré-Escolar e Centro de Atividades de Tem-pos Livres (CATL). Atualmente também é a promotora das Atividades de Enriquecimento Curricular para os alunos das escolas Básicas de Santana e Maçã. Para além destas valências, de acordo com os estatutos da Instituição, existe um grupo de voluntários que em parceria com a Paróquia e outras Instituições atuam nos seguintes âmbitos: Apoio a Carenciados - em parceria com outros particulares e ins-tituições, distribuindo diversos tipos de bens, incluindo ali-mentícios, àqueles que deles necessitam; Pastoral da Saúde - Visita e acompanhamento a doentes, emprestando alguns equipamentos que lhes propor-cionem maior conforto e qua-lidade de vida; Ajuda de Mãe

Extende as instalações

Escola do CentroParoquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra

O Centro Paroquial de Bem Estar Social do Castelo de Sesimbra, tem vindo a desenvolver actividades desde 1973. Sendo esta instituição uma Instituição Particular de Solidariedade Social, dá prioridade a crianças órfãs e socialmente necessitadas, também a crianças cujos pais trabalhem de forma a dar resposta às necessidades sentidas por estes. Recentemente estas instalações foram alargadas devido a várias necessidades sentidas. O Sesimbrense falou com a direcção do Centro Paroquial que nos falou sobre o papel que o Centro tem vindo a adquirir na sociedade local.

– Acom-p a n h a -mento e encami-nhamen-to social de mães em di f i -culdade, cedência de ber -ços, cadeiras, carrinhos, rou-pas, etc.

Quantas crianças abran-ge? De que escalões etá-rios?

O Centro Paroquial do Cas-telo tem acordo para 50 crian-ças em Creche (dos 4 meses até aos 3 anos), 100 no Pré-Escolar (dos 3 aos 6 anos) e 50 em CATL (dos 6 aos 10 anos). Após as obras que estão a decorrer no âmbito do Programa PARES (Programa de alargamento da Rede de Equipamentos Sociais), a lotação da creche passará a ser de 76 utentes.

Qual a área de recrutamen-to abrangida?

As áreas geográficas de intervenção são a freguesia do Castelo (esmagadora maioria dos utentes) e de Santiago.

Abriram recentemente a creche. Porquê? Como tem sido a procura?

A valência de creche já existia na instituição. Como a procura em Creche tem vindo a acentuar-se cada vez mais nos últimos anos, o Programa PARES proporcionou que a Instituição conseguisse a curto-prazo reforçar esta res-posta especifica, responde a

um maior número de famílias que nos confiam a educação dos seus filhos.

Quais os principais problemas que enfren-tam?

Os principais proble-mas que enfrentamos são regra geral comuns a todas as IPSS, e que se reflete na oscilação constante da compar-ticipação familiar dos seus utentes. Acentua-se uma maior dificuldade

das famílias no cumprimento do pagamento das mensali-dades e, devido ao decrés-cimo dos seus vencimentos e aumento do desemprego, leva a que possam contribuir cada vez menos ou com maior dificuldade. Por seu lado, a comparticipação da Seguran-ça Social não reflete estes de-créscimos da comparticipação familiar, colocando as IPSS em situação de risco.

Como é a participação dos pais na vida do Centro?

A participação dos pais/famílias na vida da Instituição é muito positiva. Notamos cada vez mais presenças nas atividades propostas dentro da Instituição, mas também, na vida Paroquial através da participação nas Eucaristias e na frequência das crianças na catequese ou nos escuteiros.

Quais as principais fontes de financiamento?

As fontes de financiamento da Instituição são a Compar-ticipação familiar dos utentes mediante apresentação dos seus rendimentos, alguns donativos de empresas ou par-ticulares e a comparticipação da Segurança Social.

Andreia Coutinho

Realizou-se na So-ciedade Musical Se-simbrense, no passa-do dia 11, uma Gran-de Noite do Fado, com a sala esgotada, e grande adesão dos presentes ao leque de fadistas que anima-ram a noite.

Os artistas que gra-ciosamente apoiaram a Liga nesta iniciativa foram os fadistas Júlio Silva, Manuel José Pinto, Pedro André, e as fadis-tas Mariana Vitória e Carmo Santos. A série de interpreta-ções atingiu grande intensidade dramática, mas também não faltaram momentos mais ligei-ros, a condizer com o convívio que se desenrolava nas mesas, em torno duma ementa de São Martinho, que era, de resto, o tema da noite de Fados.

Também tivemos o gosto de ouvir alguns poemas de Domin-gos Manuel Lopes (Chochinha), ditos pelo próprio.

Esta Noite de Fados só foi possível devido à colaboração graciosa de todos estes artistas, a quem a Liga dos Amigos de Sesimbra e o jornal O Sesim-brense agradecem penhora-damente.

A parte instrumental esteve a cargo do competente guitarrista Jorge Costa, acompanhado à viola pelo seu filho, que muito contribuiu para o brilho da noite, tendo ele próprio cantado al-guns fados e animado o ambi-ente com algumas anedotas.

Também não podemos de-ixar de destacar as ajudas recebidas de diversos patroci-

Grande noite de Fados de São Martinho

nadores, que contribuíram de diversas formas para o convívio, sobretudo com o fornecimento de géneros: Restaurante O Gol-finho, Padaria do Gá, Padaria A Camponesa, O Caseiro, Mini-Mercado S. Jorge, Garrafeira de Sesimbra, Maxiloja Av. da Liber-dade e Maxiloja Rua da Paz.

Queremos também destacar a cedência da sala por parte da Sociedade Musical Sesim-brense, bem como a ajuda de alguns dos seus funcionários e colaboradores, nomeadamente Jonas Farinha e Artur Pereira, um sinal maior da disponibi-lidade para cooperação entre instituições sesimbrenses, que calou fundo no nosso coração.

Para que a acustica da sala estivesse ao mais alto nível, a LAS contou também com o apoio imprescindível de Fer-nando Almeida.

Por último destacamos o trabalhos das colaboradoras da Liga dos Amigos de Sesimbra, que organizaram toda a logística e divulgação deste evento: Ana Luisa Bento, Jovita Lopes e Andreia Coutinho, cabendo a esta última, também, a tarefa da apresentação do espectáculo.

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14O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

Neste mês de Novembro que está quase a acabar, a mais típica manifestação popular deste nosso burgo, à beira mar plantado (que o diga Sesimbra!) é, sem dúvida, o São Martinho, das castanhas e da água-pé, em 11 de Novembro, sob o ró-tulo ancestral de São Martinho.

Por cá não se fugiu a tal regra tradicional e louva-se a feliz iniciativa da L.A.S., com a comemoração fraternal da data santificada, na “velha” e tão

prestigiada Sociedade Musical. Boa ideia e muito bom convívio justificando-se a curiosidade da questão: quem foi, afinal, São Martinho?

Foi figura grada da 2ª metade do século IV vivendo entre 316 e 397, ascendendo à condição de Bispo de Turone , em 371. Nasceu na Hungria e, muito cedo, optou pela carreira militar, notabilizando-se como discípulo de Santo Hilário, prestigiado Bispo de Poitiers (315-367). Ainda jovem, Martinho trocou as actividades militares pelas acções religiosas. Pug-nado pelo apoio à pobreza e à indigência.

Em plena maturidade, já bem assinalado pela Santa Igreja, fundou o primeiro mosteiro francês, em Ligugé e explanou os seus desígnios religiosos até muito perto do final do muito denso século IV.

A sua memória tem sido perpetuada pelas festivi-dades cumpridas em 11 de Novembro, sempre com um cunho popular, de intensa simpatia, que o rolar dos anos não atenuou.

Ao longo de 60 anos, de militar aprumado a santo muito considerado, São Martinho perfilhou-se como uma das mais queridas e populares figuras da igreja.

Quem festejou a recente data de 11 de Novembro, em euforia gastronómica e vinícola (que boa estava a água-pé na “musical”!) ficará a saber um pouco mais sobre São Martinho, a data festejada do bom vinho (para rimar) e das castanhas quentes e boas, da velha praxe.

David Sequerra

Quem foi S. Martinho?

Marítimo brioso, de plena con-vicção profissional, orgulhoso de ser “pexito”, antigo jogador do des-portivo, sportinguista de total afeição, Manuel Rosa deixou-nos aos 79 anos de idade quando parecia recuperar das suas mazelas físicas.

Para nós era um amigo de longa data, das futebo-ladas de marés baixas na Praínha, dos fugazes mas sempre afectuos reencontros em Sesimbra, que ele tanto amava. Sóbrio, às vezes por demais sisudo mas sempre cultivador de amizades, Manuel Rosa ficou perto da barreira dos 80 anos de que falámos quando do nosso último diálogo, na sede da Casa do Sporting, bem no coração da “piscosa”.

Fica, assim, para mais tarde o nosso próximo ab-raço. Que descanses em paz, “Manel”.

David Sequerra

FaleceuManuel Rosa

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O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 201115

O Grupo Desportivo de Sesimbra recebeu a visitita do Secretário de Estado da Juventude e do Despor-tos, Alexandre Mestre, na sequência dum convite feito pelo GDS pouco depois da tomada de posse daquele governante.

Acompanharam a visita o presi-dente da Câmara de Sesimbra, a presidente da Assembleia Munici-pal, e os presidentes das Juntas de Freguesia de Santigo e do Castelo.

A visita estendeu-se a todas as instalações do GDS na vila: pavilhão e complexo desportivo, após o que teve lugar uma cerimónia oficial de boas vindas.

Entre as questões colocadas pelo clube desportivo ao governante, destacam-se o problema do IVA dos bilhetes para espectáculos desporti-vos – que em 2012 deverão passar da taxa reduzida para a taxa máxima – e do envio tardio, aos clubes, das verbas dos jogos sociais. Outra questão colocada pelo presidente do GDS, Sebastião Patrício, foi a do reforço da comparticipação duma obra que o clube pretende fazer, de colocação de painéis térmicos, para poder baixar a factura de elec-

tricidade, particularmente no caso dos consumos para aquecimento da piscina.

O presidente da Câmara, Augusto Pólvora, destacou os investimen-tos realizados em infraestruturas desportivas no Concelho, e a sua importância para o alargamento da prática desportiva às populações, salientando a necessidade de apoiar os clubes como forma de assegurar o cabal aproveitamento dessas infraestruturas, ideia que foi secun-dada por Odete Graça, presidente da Assembleia Municipal.

O Secretário de Estado mostrou-se sensibilizado perante o trabalho feito e prometeu analisar os prob-lemas colocados, sem ter feito, no entanto, qualquer promessa con-creta.

Em jeito de balanço da visita, Sebastião Patrício considerou que a visita foi muito agradável, e que apesar de não ter sido prometido nada, considerou que foi atingido o objectivo do convite: dar a conhecer ao governante de toda a actividade do clube, considerando que foi visível alguma receptividade aos problrmas que lhe foram colocados.

Grupo Desportivo de SesimbraRecebe Secretário de Estado da Juventude e Desportos

David Sequerra homenageado

Liga dos Amigos da Lagoa de Albufeira

Jantar convívio

Jantar de convivio, no dia 29 de Outubro, nas instalações da Liga dos Amigos da Lagoa de Albufeira, com a presença do Presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora e exposição dos trabalhos manuais dos alunos da Liga. A LIALA promove várias actividades, desde o ateleier de artes gráficas e ofícios, ao atelier de pintura, à ginástica, passando pela logoterapia, danças de salão, ... A asso-ciação conta já com 78 inscritos no projecto “Sempre a Mexer”.

A grande surpresa da visita do Secretário de Estado ao Grupo De-sportivo de Sesimbra foi a atribuição da Medalha de Bons Serviços Des-portivos a David Sequerra, devido à sua carreira jornalística associada ao Desporto. O galardoado foi apan-hado de surpresa quando Alexandre Mestre começou a ler um despacho da sua autoria, que configurava o referido galardão.

David Sequerra começou a sua carreira desportiva no jornal Mundo Desportivo, onde esteve até o encer-ramento do jornal, transitando depois para a Gazeta dos Desportos.

Foi em grande medida devido a esta carreiraque veio depois a desempenhar as funções de selec-cionador nacional de juniores, tendo conquistado o primeiro título interna-cional de uma equipa portuguesa, no campeonato europeu.

David Sequerra dedicou-se mais, enquanto jornalista, ao futebol, mas em 1960 teve a oportunidade de

participar nos Jogos Olímpicos de Roma, na qualidade de enviado especial, o que lhe proporcionou conhecimentos diversificados em diversas modalidades deportivas, e foi determinante para vir, mais tarde, a desempenhar as funções de Secretário-geral do Comité Olímpico Nacional .

Mas a sua participação da vida jornalística teve início ainda mais cedo, quando começou a colaborar n’O Cezimbrense, no tempo em que o jornal ainda era “feito” por João da Luz.

Essa colaboração nunca mais deixou de se verificar, e teve como ponto culminante os anos em que David Sequerra desempenhou as funções de Director deste jornal. E, felizmente, continuams a poder con-tar com a sua valiosa colaboração.

A Liga dos Amigos de Sesimbra e o jornal O Sesimbrense apresentam a David Sequerra as felicitações por mais este merecido galardão.

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16O SESIMBRENSE | 24 DE NOVEMBRO DE 2011

O SESIMBRENSE

Crise das armações de pescaEm 1934 agravou-se a situação fi-

nanceira das empresas de pesca das armações, que fizeram uma exposição ao Governo solicitando apoios. O as-sunto levantou uma polémica que se traduziu em diversos artigos nas páginas d’O Sesim-brense, donde reproduzimos algumas citações

4 de Novembro de 1934 «Tenho defendido e defen-

derei sempre, podem ficar certos, o princípio de que Sesimbra só tem vida própria, enquanto a pesca for exercida por armações. Quando elas desaparecerem, em minha opinião firme e inabalável, o Concelho de Sesimbra tem os seus dias contados.»

Manuel José Pereira

18 de Novembro de 1934«O peixe não é nenhum re-

banho de perus que se possa, com um pau, conduzir para dentro das armações»

João Manuel Morais, anterior presidente da

Associação Marítima, em resposta a

Manuel José Pereira

18 de Novembro de 1934«Pedir dinheiro ao Estado, seja a

que título for, para uma indústria da qual fazem gala em demonstrar a sua falência, é irrisório. Ao Estado, moral-mente, só poderiam pedir, quando muito, uma Lei de protecção para a referida indústria, da qual resultassem ser beneficiadas nas diversas taxas ou impostos que a oneram, ou melhor ainda, o rigoroso cumprimento das Leis da Pesca, principalmente na parte que limita as zonas em que as diversas artes podem pescar. Os interessados é que têm a obrigação e o dever de

Efeméridestentar acabar com esta crise ruinosa, não, procurando plataformas cómodas, como seria o auxílio do Estado, mas tra-balhando de facto. Porque não tentam, visto disporem de instalações, barcos

e pessoal, a pesca por meio de outras artes, nos meses que dizem ruinosos para as armações?»

Abel Gomes Pólvora, sobre o pedido de apoio feito ao

Estado, de 7.000$00 por cada armação de pesca.

Banda de Música10 de Novembro de 1935

«Já por mais de uma vez O Ses-imbrense tem chamado a atenção do público para o precário estado finan-ceiro do cofre da Banda – que não é só a Banda da S.M.S. mas também a Banda de Sesimbra - estado esse

que se tem vindo a agravar de forma tal que hoje, sem receio de passarmos por terroristas, podemos classificar de desesperado. (…) Aufere a Musical aproximadamente 600$00 de receita

mensal; a despesa com que deve con-tar para manutenção, da Banda e da Sociedade, anda à roda de 1.300$00 mensais. Além disso, o seu livro de Credores acusa um activo de 8.000$00 a favor de diversos indivíduos que insistem pela liquidação dos seus crédi-tos, no que têm razão, se atendermos a que a crise atingiu todos os ramos da actividade industrial e comercial, não se podendo dar créditos a longo prazo.»

Ramada Crespo

MUD de Sesimbra - 1934 Os republicanos democratas de

Sesimbra pediram autorização ao sr.

Governador Civil para realizar uma sessão pública no dia 14 de Novembro de 1934, no Salão Recreio Popular, a “fim de apreciarem o momento político” – na realidade, tratava-se de apoiar

Norton de Matos, candidato da oposição, através da estrutura do Movimento de Unidade Democrática.

Faziam parte do MUD de Sesimbra:

Comissão Concelhia:- Manuel José Pereira, industrial- João da Luz, redactor,- João Pereira Ramada Crespo, industrial tipógrafo- Jorge António de Campos, estudante de medicina- Alfredo Batista, industrial de barbearia

Comissão Freguesia Santiago- António Batista, industrial de barbearia- Isolino Ramos Borges, industrial- José de Oliveira, empregado de escritório- Júlio José Cristo da Luz, empregado no comércio

- Augusto Francisco Martelo, marítimo

Comissão Freguesia Castelo- Câncio Marques Júnior, proprietário- Manuel José da Costa Júnior, médico- Alberto Augusto Leite, médico- Mário de Mesquita Lopes, farmacêutico- Alfredo Batista, industrial de barbearia- Manuel Chagas Ferreira, industrial