O Sesimbrense - Edição 1162 - Maio 2012

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ANO LXXXVI • N.º 1162 de 31 de Maio de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC) Edifícios com História Lugares pagos crescem 8 vezes, com isenções para residentes e trabalhadores na vila © Miguel Lourenço En Centro Comunitário da Quinta do Conde Novas regras de estacionamento Homenagem aos Pescadores falecidos no Mar Finisterra Film Festival Bairro Antunes Página 16 Página 8 Página 4 Numa entrevista exclusi- va ao nosso jornal, Manuel Pinto de Abreu revelou a sua opinião de que Sesimbra é um daqueles casos em que os pescadores abordaram melhor as dificuldades que Aquilo que nós temos que fazer é seguir o exemplo de SesimbraDisse o Secretário de Estado do Mar em entrevista ao Sesimbrense tinham: “Eles tornaram as pescas eficientes, e é desta forma que e nós temos que tornar em Portugal. O exem- plo daquilo que foi feito em Sesimbra, tem que ser se- guido pelos outros.” A Câmara de Sesimbra pretende aumentar o núme- ro de lugares tarifados na vila, que passarão dos actu- ais 107 para 855. Simultaneamente, prevê- se a criação de isenções de pagamento para residentes e pessoas que exerçam a sua atividade profissional na vila, neste último caso para estacionamento gra- tuito em zonas previamente definidas, passando a existir cartões de Residente e de Actividade Profissional. Adicionalmente, serão cri- ados 17 lugares de estacio- namento pago, em Santa- na, na rua Dr. Alberto Leite. Tratam-se de propostas que a Câmara tem em dis- cussão pública até final de Maio, prevendo-se também a alteração de alguns sen- tidos de trânsito, mas que não mudarão significativa- mente o actual esquema de circulação. Página 12 No passado dia 20 de Maio, 24 barcos de pesca de Sesimbra rumaram até junto do Pedra Alta, onde prestaram homenagem aos pescadores falecidos no mar - uma homenagem or- ganizada por Eduardo Xixa, que pretende dar continui- dade a esta romagem nos próximos anos. Página 13 Associativismo Política Assembleia Municipal de Jovens No ano em que comemo- ra os 25 anos da sua exis- tência, o Centro Comunitá- rio da Quinta do Conde foi agraciado com a Medalha de Mérito Muncipal. O Centro Comunitário traduz bem o dinamismo quinta-condense, e um exemplo de como a nossa sociedade enfrenta os de- safios do presente. Alfarim acolheu, no pas- sado dia 19 de Maio, mais uma edição da Assembleia Municipal de Jovens, uma iniciativa que visa sensibi- lizar os jovens para uma participação política activa e construtiva. O tema do corrente ano foi: “O papel dos jovens na comunidade. Que dinâmi- ca? Que Futuro?Está a decorrer desde o dia 23 de Maio o Finisterra Film Festival, com iniciati- vas que se prolongam por Sesimbra, Setúbal, Palmela e Lisboa. Esta 1ª edição conta com a participação de 96 filmes, abrangendo 18 países, 4 ci- dades e 15 salas de projec- ção, e inclui ainda 11 expo- sições, 5 mini-conferências Página 10 Página 9 e 1 conferência internacio- nal. O Finisterra tem como objectivo divulgar as po- tencialidades da região da Arrábida para a realização cinematográfica, contribuin- do igualmente para a pro- moção turística deste mag- nífico território.

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O Sesimbrense - Edição 1162 - Maio 2012

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ANO LXXXVI • N.º 1162 de 31 de Maio de 2012 • 1,00 € • Taxa Paga • Bonfim • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00752012GSCLS/SNC)

Edifícios com História

Lugares pagos crescem 8 vezes,com isenções para residentese trabalhadores na vila

© Miguel Lourenço

Ensino

Centro Comunitário da Quinta do Conde

Novas regras de estacionamento

Homenagem aos Pescadores falecidos no Mar

Finisterra Film Festival

Bairro Antunes

Página 16

Página 8

Página 4

Numa entrevista exclusi-va ao nosso jornal, Manuel Pinto de Abreu revelou a sua opinião de que Sesimbra é um daqueles casos em que os pescadores abordaram melhor as dificuldades que

“Aquilo que nós temos que fazer é seguir o exemplo de Sesimbra”Disse o Secretário de Estado do Mar em entrevista ao Sesimbrense

tinham: “Eles tornaram as pescas eficientes, e é desta forma que e nós temos que tornar em Portugal. O exem-plo daquilo que foi feito em Sesimbra, tem que ser se-guido pelos outros.”

A Câmara de Sesimbra pretende aumentar o núme-ro de lugares tarifados na vila, que passarão dos actu-ais 107 para 855.

Simultaneamente, prevê-se a criação de isenções de pagamento para residentes e pessoas que exerçam a sua atividade profissional

na vila, neste último caso para estacionamento gra-tuito em zonas previamente definidas, passando a existir cartões de Residente e de Actividade Profissional.

Adicionalmente, serão cri-ados 17 lugares de estacio-namento pago, em Santa-na, na rua Dr. Alberto Leite.

Tratam-se de propostas que a Câmara tem em dis-cussão pública até final de Maio, prevendo-se também a alteração de alguns sen-tidos de trânsito, mas que não mudarão significativa-mente o actual esquema de circulação.

Página 12

No passado dia 20 de Maio, 24 barcos de pesca de Sesimbra rumaram até junto do Pedra Alta, onde

prestaram homenagem aos pescadores falecidos no mar - uma homenagem or-ganizada por Eduardo Xixa,

que pretende dar continui-dade a esta romagem nos próximos anos.

Página 13

Associativismo Política

AssembleiaMunicipal de Jovens

No ano em que comemo-ra os 25 anos da sua exis-tência, o Centro Comunitá-rio da Quinta do Conde foi agraciado com a Medalha de Mérito Muncipal.

O Centro Comunitário traduz bem o dinamismo quinta-condense, e um exemplo de como a nossa sociedade enfrenta os de-safios do presente.

Alfarim acolheu, no pas-sado dia 19 de Maio, mais uma edição da Assembleia Municipal de Jovens, uma iniciativa que visa sensibi-lizar os jovens para uma participação política activa e construtiva.

O tema do corrente ano foi: “O papel dos jovens na comunidade. Que dinâmi-ca? Que Futuro?”

Está a decorrer desde o dia 23 de Maio o Finisterra Film Festival, com iniciati-vas que se prolongam por Sesimbra, Setúbal, Palmela e Lisboa.

Esta 1ª edição conta com a participação de 96 filmes, abrangendo 18 países, 4 ci-dades e 15 salas de projec-ção, e inclui ainda 11 expo-sições, 5 mini-conferências

Página 10

Página 9

e 1 conferência internacio-nal.

O Finisterra tem como objectivo divulgar as po-tencialidades da região da Arrábida para a realização cinematográfica, contribuin-do igualmente para a pro-moção turística deste mag-nífico território.

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2O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

Editorial

Pescas - Abril

Farmácias de Serviço

nBombeiros Voluntários de SesimbraPiquete de Sesimbra: 21 228 84 50Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74nGNRSesimbra: 21 228 95 10Alfarim: 21 268 88 10Quinta do Conde: 21 210 07 18nPolícia Marítima 21 228 07 78nProtecção Civil (CMS)21 228 05 21nCentros de SaúdeSesimbra: 21 228 96 00Santana: 21 268 92 80Quinta do Conde: 21 211 09 40nHospital Garcia d’Orta - Almada21 294 02 94nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra21 268 73 45nPiquete de Águas (CMS)21 223 23 21 / 93 998 06 24nEDP (avarias)800 50 65 06nSegurança Social (VIA)808 266 266

nServiço de Finanças de Sesimbra212 289 300nNúmero Europeu de Emergência112 (Grátis)nLinha Nacional de Emergência Social144 (Grátis)nSaúde 24 808 24 24 24nIntoxicações - INEM 808 250 143nAssembleia Municipal21 228 85 51nCâmara Municipal de Sesimbra21 228 85 00 (geral)800 22 88 50 (reclamações)nJunta de Freguesia do Castelo21 268 92 10nJunta de Freguesia de Santiago21 228 84 10nJunta de Freguesia da Quinta do Conde21 210 83 70nCTTSesimbra: 21 223 21 69Santana: 21 268 45 74

Contactos uteisnAnulação de cartões

SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços)808 201 251217 813 080Caixa Geral de Depósitos21 842 24 24707 24 24 24Santander Totta707 21 24 24 21 780 73 64Millennium BCP707 50 24 2491 827 24 24BPI21 720 77 0022 607 22 66Montepio Geral808 20 26 26Banif808 200 200BES707 24 73 65Crédito Agrícola808 20 60 60Banco Popular808 20 16 16Barclays707 30 30 30

Farmácia Bio-Latina 212 109 113 Rua D. Sebastião, Lote 2050 A, Quinta do CondeFarmácia da Cotovia 212 681 685Avenida João Paulo II, 52-C, CotoviaFarmácia de Santana 212 688 370Estrada Nacional 378, Santana Farmácia Leão 212 288 078Avenida da Liberdade, 13, SesimbraFarmácia Liz 212 688 547Estrada Nacional 377, Lote 3, AlfarimFarmácia Lopes 212 233 028 Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

Com o apoio:

Nota: ao iniciarmos este aponta-mento mensal, apresentamos as nos-sas desculpas pelo erro de redacção incluso no jornal anterior, onde se diz que o Cerco pescou 27.692,87 quilos, quando efectivamente foram: 277.692,87. Um facto que pode ter sido observado pelos nossos leitores, mas aqui fica a rectificação.

Este mês foi mais fraco que o mês de Março. A irregularidade continua a ser dominante nas pescas o que a incon-stância das temperaturas tombarem contribui para menos produção.

Houve sensíveis diferenças na Arte-sanal e no Cerco que neste mês foram menos produtivos.

Aguardamos que neste Maio e com a esperança e fé da saída do nosso padroeiro Senhor Jesus das Chagas até próximo do mar, o peixe se apro-

xime da nossa Costa, trazendo euforia e melhoria de vida dos nossos pesca-dores e consequente valorização do comércio local.

Com a crise implementada em quase todos os meios de produção nacional, as Pescas, continuam sem o aproveita-mento que o nosso imenso litoral pisca-tório ditaria e quase toda gente fala (só fala!...) em desenvolvimento e olvida-se um manancial de riqueza de que dis-pomos e que foi inaproveitado contribui decisivamente para o desemprego e empobrecimento a nível nacional.

Até quando um novo Messias nas Pescas e porque não um novo Pai dos pescadores, de saudosa memória, que noutros tempos tanto porfiou pela assistência e direitos sociais da classe que, infelizmente, hoje estão muito esquecidos…

Pedro Filipe

Como já é habitual todos os anos, a Câ-mara Municipal de Sesimbra homenageia a comunidade piscatória, no dia do Pesca-

Câmara homenageia Pescadores

Pesca do Cerco - Embarcação “Princesa de Sesimbra”Pesca Peixe-espada Preto - Embarcação “Varamar”Pesca Longínqua - Embarcação “Emiliano Pai”Pesca Polivalente Costeira - Embarcação “António Sérgio”Pesca Polivalente Local com Convés - Embarcação “Filipa e Flávia” Pesca Polivalente Local com Convés - Embarcação “Fina Flor”Pesca Toneira e Palangre até 4 metros (Aiolas) - Embarcação “Liberdade”Pescador mais antigo em atividade – Sr. Manuel Pereira Vidal

dor, 31 de Maio. Numa cerimónia marcada para a Sociedade Musical Sesimbrense, foram entregues as seguintes distinções:

O Gabinete de Apoio ao Empresário de Sesimbra foi transferido, no início do mês de Maio, para novas instalações, no edifício onde funcionava a Universidade

Gabinete de Apoio ao Empresário em novas instalações

Sénior, na Avenida João Paulo II, n.º 33, na Cotovia. Para contacto com aquele Ga-binete pode ser utilizado o telefone 21 228 85 00 ou e-mail [email protected].

A Câmara Municipal de Sesimbra deliberou a redução de 10 por cento no valor do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) devido pelos proprietários de prédios ou casas arrendadas para fim exclusivo de habitação no concelho de Sesimbra.

Os interessados devem efectuar

o pedido através de carta dirigida ao presidente da Câmara Municipal até 30 de Junho, pelo correio ou entregue no balcão da Divisão de Gestão Financeira e Controlo Orçamental/Secção de Con-tabilidade da Câmara Municipal, na Rua Manuel de Arriaga, n.º 23-A, 2970-751, em Sesimbra

Redução de 10% do IMI

Concluindo-se no presente ano o grande programa de qualificação das ruas e avenidas da zona antiga e tradi-cional de Sesimbra, é evidente a neces-sidade e oportunidade da alteração e qualificação das suas normas de circula-ção e estacionamento automóvel, como a Câmara acaba de fazer.

A circulação e o estacionamento cons-tituem um dos magnos problemas da vila, com impacto, quer na vida dos resi-dentes, quer no desenvolvimento de um turismo qualificado. A situação existente, algo anárquica, com numerosos e fre-quentes exemplos de desrespeito pelas normas em vigor, deteriora o ambiente urbano em várias dimensões.

As novas regas de circulação e es-tacionamento, implicando um grande aumento de lugares de estacionamento pago, poderá ajudar a resolver um dos principais bloqueamentos ao desenvolvi-mento desse turismo de maior qualidade:

Novas regras de estacionamentoa falta de lugares de estacionamento para quem procura os nossos restaurantes. De facto, a restauração constitui uma das mais-valias do turismo sesimbrense, e a carência de estacionamento, no centro na vila, dificulta o seu desenvolvimento.

No entanto, a possibilidade dos resi-dentes, munidos de um cartão, poderem estacionar gratuitamente nesses mesmos lugares, poderá anular, em boa medida, o efeito pretendido. Além disso, dos 855 lugares de estacionamento pago a criar, alguns terão menor procura do que outros, sobretudo nos períodos em que a vila é menos visitada: os lugares menos procurados por visitantes tenderão também a ser ocupados, gratuitamente, por residentes. Fica a dúvida sobre se será compensatório, financeiramente, um investimento desta dimensão – seja ele assumido pela Autarquia, seja por qualquer empresa particular.

João Augusto Aldeia

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 20123

ONDULAÇÕES 116Eduardo Pereira

A Praia do Meco foi seleccionada como uma das vinte e uma praias can-didatas às 7 Maravilhas de Portugal.

Das duas praias do Concelho a concurso (praia do Ribeiro de Cavalo e praia do Meco) apenas uma está agora na fase final – Praia do Meco.

O processo de selecção das sete praias cabe agora ao público, que é feita através de votação. Como já foi referido na nossa edição de Março, a votação pode ser feita através do site oficial do concurso, no facebook e por chamada telefónica. Cabe agora ao público votar até dia 7 de Setembro.

Teresa Carvalho da Silva

Praia do Meco nas 7 Maravilhas de Portugal

Foi no largo 5 de Outubro que se assinalou, pela 1ª vez em Sesimbra, o dia Municipal do Bombeiro, celebrado no passado dia 13 de Maio.

Por volta das dez da manhã de Do-mingo reunia-se a comitiva da CMS, órgãos representantes da Associação dos Bombeiros Voluntários de Se-simbra e alguns sesimbrenses que se juntaram à comemoração.

Esta cerimónia começou com a en-trada, em desfile, dos bombeiros, que depois se perfilaram em formatura.

Um ponto alto deste dia foi o discurso do Presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora que salientou que “o

apoio da CMS aos Bombeiros está intocável”, reforçando a ideia de que esta associação, embora viva tempos de dificuldade, nunca falhou com o seu trabalho e no seu apoio aos se-simbrenses.

A figura do bombeiro foi home-nageada principalmente pelo trabalho, esforço e dedicação, em regime de voluntariado, ao longo dos anos.

Esta cerimónia encerrou com a retirada do corpo de bombeiros em direcção ao quartel e com um Moscatel de Honra.

Teresa Carvalho da Silva

Dia Municipal do Bombeiro

Eu e milhões de outros europeus dos 27 países da Comunidade Europeia, e não só, interrogamo-nos preocupados com os últimos desenvolvimentos da crise que se instalou na Grécia e que constitui uma séria ameaça à Comu-nidade Europeia.

Como todos tivemos ocasião de ir acompanhando, no mês passado realizaram-se eleições nacionais na Grécia, tendo entrado nas urnas lis-tas de vários partidos. Conhecidos os resultados eleitorais e decorridos os prazos legais para se formar Governo, veio a constatar-se que nenhum dos partidos convidados aceitara formar governo ou coligar-se com outro ou outros, para esse efeito. Face a essa situação, foram marcadas novas eleições, a realizar no próximo mês de Junho. Sucede que, entretanto, a situa-ção da Grécia levou o Banco Central Europeu a cortar, na passada semana, o crédito à Grécia, desconhecendo-se até quando se manterá esse corte. Para além do mais, tudo leva a crer que, conhecidos os novos resultados eleitorais, os partidos gregos contin-uem a sentir as maiores dificuldades para a formação de um novo governo. Este cenário, a verificar-se, contribuirá para que se mantenham as razões para o crescimento da crise grega e a Grécia se veja obrigada a abandonar a Comunidade, a sair do Euro e a voltar à moeda nacional, seguramente muito desvalorizada. Neste cenário podem vir a desenvolver-se acções de con-tágio que contaminem outros países, entre os quais Portugal, a Espanha e a Itália.

Neste fim de semana, vários jornais nacionais apresentaram hipóteses que eu me permito afirmar de super-

catastrofistas, na medida em que avan-çam duvidosos cenários de salvação da Grécia que acabariam por poder vir a constituir, no curto prazo, uma subida do nível de insegurança e de instabilidade na Europa e no mundo, com a constituíção de alianças de índole militar e/ou financeiras que a Grécia pudesse “utilizar” para “pagar as suas dívidas” se abandonasse a Comunidade Europeia. Fala-se em possíveis “alianças” com a Turquia e ou com os Estados Unidos, ou com a União Soviética, ou com a Turquia.

Não posso avaliar a confiança que merecem as fontes das notícias publi-cadas em alguns jornais deste fim de semana.

Parece-me mais prudente pensar que, tendo o povo grego, quando das últimas eleições, dado “indicações”que sustentam que oitenta por cento dos votantes desejariam que a Grécia se mantivesse na zona do euro, se deve esperar que essa indicação faça caminho e que os gregos “privilegiem”, com o seu voto, os partidos que mais os defendam. Assim sendo, concluir que os gregos irão votar nos partidos que mantenham a Grécia integrada na Comunidade Europeia, numa Europa política e social, com políticas externa e de defesa comum e uma política de segurança interna e de justiça e igualdade também comuns, de paz e de liberdade. Uma Europa democrática onde os direitos humanos são respeita-dos e o Estado de direito prevalece.

A Europa vai estar, por mais algum tempo, nas mãos dos gregos como se habituou ao longo de vários séculos. Os sinais de fumo também apontam para isso. A Comunidade Europeia está em boas mãos.

Realizou-se no passado dia 3 de Maio uma feira de artesanato dedicada ao “dia da Mãe” na Escola Secundária de Sampaio. Contou com a participação de dez artesãos e foi organizada por Armanda Rodrigues (encarregada de educação) e Dulce Carvalho (directora de turma do 8ºC).

Nesta feira, os alunos podiam encontrar lembranças entre um e dez euros. Os materiais predominantes eram as massas de moldar, papel vegetal, telhas e bijuterias.

Feira de ArtesanatoDia da Mãe

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4O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

As alunas Diana Santenico, Soraia Gregório e Vanessa Clemente do curso técnico-profissional de gestão da Es-cola Secundária de Sampaio foram as vencedoras do con-curso IPS Júnior Chellenge que decorreu no Instituto Poli-técnico de Setúbal.

Como é que souberam deste concurso?

Foi através da professora de contabilidade, Célia Baptista e do professor de Direito Joa-quim Teodoro. Depois, vieram à escola fazer uma palestra sobre o concurso.

Em que consistia o con-curso?

Em ter uma ideia original, ter uma ideia inovadora que pudesse ser aplicada à nossa região.

Como se organizaram e geriram o tempo?

Nós no princípio, não es-távamos a conseguir gerir muito bem o tempo, porque temos um horário muito sub-carregado. Então nas férias da Páscoa, pedimos ajuda ao professor Joaquim Teodoro, e ele disponibilizou-se a vir à escola para nos ajudar.

Como tem sido a reacção dos colegas e da família ao serem premiadas?

Os nossos colegas têm-nos felicitado, tem sido muito carin-hosos connosco e a família ficou orgulhosa, é um motivo de orgulho.

Qual foi o vosso projecto?O nome do nosso projecto é

Comporganic em que o lema é “nada se perde tudo trans-forma”.

E em que consiste o pro-jecto?

Decidimos “criar” uma em-presa de combustagem em que fazíamos a recolha dos resíduos pela população. Nós apresentamos o projecto e o jurí disse-nos o que é que tín-hamos que melhorar. Porque nós íamos fazer a recolha de resíduos implementando con-tentores fazendo um acordo

com a Câmara Municipal de Sesimbra e também íamos recolher das IPSS da zona, ou seja tivemos muito trabalho de campo e isso foi bené-fico para que nós tivéssemos ganho. Também íamos alugar “Big bags”, para por exemplo fazer a limpeza dos jardins, e aí depois podíamos fazer a recolher dos resíduos. Na apresentação tinha uma repre-sentante da Amarsul, que nos disse que o projecto não era possível porque a recolha de resíduos já se efectuava mas como nós fizemos a pesquisa de campo e fomos falar com a engenheira do ambiente da CMS, tínhamos um argumento, porque as empresas são re-sponsáveis pelos seus próprios resíduos, ou seja, nós iriamos ter sempre as empresas para ir buscar os nossos resíduos. Não havia espaço para falhas, nós fizemos a pesquisa para ver se era possível ou não, e a representante disse real-mente que as empresas não tratavam dos resíduos das outras empresas. Disse que ia explorar essa hipótese e até nos convidou a ir fazer uma

visita nesse âmbito. É um projecto que pode

ser posto em prática na re-alidade?

Por enquanto ainda não, mas no futuro poderia ser posto em

“Para nós ter ganho este prémio, que foi um trabalho desenvolvido ao longo de seis meses, foi um grande reconhe-cimento, é uma maneira de sabermos que se trabalharmos consegui-mos ir mais além.

Vencedoras IPS Júnior Challenge

A jovem bióloga marinha Inês Correia de Sousa ven-ceu a 4.ª edição do Prémio Científico Sesimbra, com o trabalho de investigação so-bre a Conservação e Gestão da Biodiversidade no Parque Marinho Professor Luiz Sal-danha: Estudo do Efeito Re-serva nas Comunidades Ma-rinhas de Substratos Móveis. Esta 4ª série do Prémio contou com um número excepcional de concorrentes: 10 trabalhos a concurso, dos quais 8 foram considerados para a avaliação final. O representante do júri, Emanuel Gonçalves, revelou-se a satisfação do júri pelo nível qualitativo dos trabalhos apresentados, destacando a dificuldade na selecção do trabalho premiado.

Prémio Científico Sesimbra

Também o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, manifestou a sua satisfação com os resultados, bem como a sua confiança no contributo que o Prémio possa trazer a Sesimbra.

Dois outros trabalhos re-ceberam menções honrosas: “Estudo de Diagnóstico de Caraterização da População Imigrante e Identificação dos seus Problemas e dos seus Contributos para as Dinâmi-cas de Desenvolvimento do Município de Sesimbra”, de Maria Manuela Mendes, Pedro Candeias e Pedro Silva Brígi-do, e “Conhecer para Proteger – A Fase Larvar dos Peixes no Parque Marinho Professor Luiz Saldanha”, de a Ana Faria e Rita Borges.

Numa homenagem organi-zada pelo pescador Eduardo “Xixa”, na tarde do passado dia 20 de Maio, 24 barcos do porto de Sesimbra fizeram uma romagem por mar, desde o por-to até à Pedra Alta, onde foram lançadas flores ao mar, numa homenagem aos pescadores falecidos no mar.

Ao mesmo tempo, na praia, diversos elementos da popula-ção associavam-se à referida homenagem, estando presente Augusto Pólvora em represen-tação do Município.

No seu pequeno barco de pesca, de nome “Bela”, Edu-ardo transportava uma imagem de Nossa Senhora. Tinha sido prevista a presença do pároco de Santiago, o que não se concretizou apenas por impos-

sibilidade de agenda; o Padre Manuel Silva, no entanto, deu a sua anuência à iniciativa, e prometeu estar presente no próximo ano, já que Edu-ardo “Xixa” pretende passar a realizar esta homenagem anualmente.

Eduardo “Xixa” já anterior-mente tinha feito esta home-nagem, aproveitando a Festa das Chagas, e lançando ao mar uma coroa de flores no momento em que a procissão para no largo da Marinha para a oração de Graças e bênção dos barcos. O dia 20 de Maio foi escolhido por Eduardo Xixa para autonomizar esta inicia-tiva, por se tratar da data em que ele próprio se viu em risco de perecer no mar, atribuindo a sua salvação à Virgem Maria.

Homenagem aos Pescadores falecidos no Mar

prática, não seria mau de todo. Este trabalho influenciou

de alguma maneira o que pretendem seguir no futuro?

Diana: eu quero seguir gestão, mas ainda não tenho a certeza do que quero exacta-mente. Acho que influenciou no âmbito de ter que saber o que é necessário para realizar um trabalho. No entanto acho que é um projecto que não se apli-caria à área que quero seguir.

Soraia: Não, este trabalho não influência de maneira alguma o meu futuro, pois eu pretendo seguir contabilidade ou formação bancária, ainda estou indecisa. Mas a nossa ideia, seria na minha opinião e pelo que temos oscultado, uma boa ideia de negócio, tendo em conta a solução de um problema diário visivel aos olhos de todos.

Vanessa: o que eu quero seguir não influencia, quero contabilidade e fiscalidade. Mas no futuro, se tiver uma hipótese, que venha a criar um projecto, porque não este?

Qual a importância de uma atitude ambientalista?

De acordo com o projecto, iria ser benéfico para as pes-soas, não iriamos ver (como muitas vezes ainda vemos) os caixotes cheios com resíduos que podiam ser aproveitados.

Esperavam ganhar este prémio?

Nós estávamos muito con-fiantes de que íamos ganhar, mas quando começaram a surgir outros projectos, achá-mos que já não tínhamos hipóteses. No entanto, depois do jurí deliberar, ouvimos o nosso nome, o jurí disse que tínhamos ganho e foi uma alegria! Foi o reconhecimento de todo o nosso trabalho real-izado. Soubemos através de dois membros do jurí, que tín-hamos ganho o primeiro lugar porque tínhamos defendido muito bem o trabalho como também investimos muito em trabalho de campo.

Teresa Carvalho da Silva

Inês Correia de Sousa

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 20125

Continuam em curso numerosas obras em Sesimbra, não apenas no espaço público e promovidas pela Câmara, mas também em vários edifícios da vila, pro-movidas por particulares.

As obras em arruamentos, numa primeira fase, decorreram com bastante rapidez, a tempo de estarem prontas para a passagem da procissão do Senhor das Chagas: tal foi o caso da rua D. Dinis e Largo Infante D. Henrique, rua Joaquim Brandão, rua Elias Garcia e parte do largo do Município. Também já antes iniciada, mantém-se em obras o largo José An-tónio Baptista (Grémio) e iniciaram-se ob-ras no troço central da rua da República. Esta obra tem sido a mais complicada, por causa da substituição das grandes condu-tas no subsolo, obrigando a constantes e variáveis condicionamentos da passagem dos peões. A obra da marginal poente, também de alguma complexidade, tem estado a decorrer ao ritmo previsto, de-vendo a 1ª fase estar pronta aquando do início da época balnear.

Embora estes contratempos sejam comuns a qualquer obra, não podemos deixar de chamar a atenção para as in-suficientes condições de segurança e de sinalização. As passagens improvisadas, junto a valas profundas, apresentam por vezes inaceitáveis perigos, mesmo para pessoas em excelentes condições físicas – no entanto, as regras de segurança deveriam estar pensadas para toda a

Obras complicadas

Maria de Fatima Donoso Gomez é de Almendralejo, uma vila espanhola de 30 mil habitantes, a 30 km de Mérida. Formou-se como Fisioterapeuta na Universidade de Badajoz. Entretanto, durante uma visita a Portugal, apaixo-nou-se por Lisboa e “meteu na cabeça” a ideia de vir trabalhar para aqui.

Arranjou uma primeira colocação em Moura, no Alentejo, mas nunca aban-donou a ideia de vir para mais perto da capital. Essa oportunidade surgiu-lhe no Verão de 2011, quando respondeu a um anúncio da Santa Casa da Mi-sericórdia de Sesimbra, terra em que encontrou ainda outra paixão: o mar. A verdade é que a sua terra natal ficava muito distante do oceano, ou mesmo de algum rio: o mais próximo era o Guadiana, em Badajoz: “Sempre tive esse desejo de viver num sítio com o mar, e realizei esse sonho ao vir para Sesimbra. Lembro-me, no primeiro dia em que vim à entrevista, quando vi o mar ao fundo, fiquei tão feliz, e pensei: oxalá que possa ficar aqui a trabalhar!”

E assim aconteceu. Inicialmente apenas arranjou casa na Cotovia, mas desde Setembro de 2011 que reside na vila, e com vista para o mar, ao mesmo tempo que desenvolve a sua actividade profissional na Misericórdia de Sesimbra.

E está prestes a lançar o seu segundo livro de poesia: já tinha publicado uma

gente, incluindo os mais idosos.Uma obra que está agora a decorrer a

“passo de caracol” é a do edifício munici-pal da rua Aníbal Esmeriz, onde estiveram antigamente as Finanças. O empreiteiro, que também está a construir a escola de Sampaio, está a revelar alguma dificul-dade para manter o ritmo desejável de qualquer destas duas obras, situação especialmente preocupante para o caso da escola, que é o equipamento mais necessário – embora o facto do edifício da vila estar agora destelhado, seja igual-mente um motivo de forte preocupação.

Entretanto, a obra da rua Elias Garcia, que deveria estar no seu início, foi adiada para depois da época estival, por sug-estão dos comerciantes daquela artéria, preocupados com o impacto negativo que os trabalhos poderiam ter durante as próximas semanas.

O troço da marginal poente, entre o res-taurante Ribamar e o restaurante Frango à Guia, passa a ter circulação apenas no sentido poente. Esta alteração é para se manter, mesmo depois de concluídas as obras nesta marginal. A Câmara acon-selha os que pretendam dirigir-se do Porto de Abrigo para o centro da vila, a virar à esquerda, para a Rua de Palames, junto ao restaurante Frango à Guia e, de seguida, virar à direita, para a Rua 4 de Maio, junto ao quartel da GNR, seguindo depois em direção à Rua Conselheiro Ramada Curto ou à EN 378.

Literaturaprimeira obra, no período em que viveu em Moura, em 2010.

“Asas”, o seu segundo livro, tal como o primeiro, será bilingue: os poemas estarão lado a lado, em Espanhol e em Português. Curiosamente, foram escritos em Português, e só depois traduzidos para a sua língua natal. Mais de metade dos poemas deste livro já “nasceram” em Sesimbra.

Segundo a autora, os poemas deste livro reflectem muito o seu lado espiri-tual: “Sou uma pessoa que tenho cres-cido muito nesse sentido; o livro fala em sentimentos, fala muito na alma, na essência, nas asas, em sentimentos como o amor, ou a dor…”

Fatima Gomez considera que o Português é mais rico em termos de vocabulário, mas é mais rígido a nível da construção de frases, do que o Castelhano: “Em Espanhol, posso dizer uma coisa de mil maneiras, mas em Português é mais complicado. No Castelhano temos mais liberdade na estrutura das frases.”

Reflectindo na sua relação com os idosos utentes da Misericórdia, Fatima admite que tem de lidar com problemas complicados: “Como sou uma pessoa sensível, ao início custa-me um pouco distanciar-me dos seus problemas. Quando alguma pessoa morre, fico muito chocada. Gosto muito deles e eles gostam de mim, há uma relação de afecto, e isso também é muito importante para a sua recuperação, que tem muito a ver com o seu estado emocional.”

* * *O lançamento do livro “Asas”, de

Fatima Gomez, terá lugar no próximo dia 9 de Junho, pelas 15 horas, na sala polivalente da Biblioteca de Sesimbra, com apresentação por uma grande amiga da autora, Maria José Lampreia, e também do seu editor, João Carlos Brito.

Asas, de Fatima Gomez

No passado dia 5 Maio, teve lugar na Biblioteca de Sesimbra o lançamento do livro “Lisboa Trágica – Três Contos Trágicos”, de Tomé Silva. Embora apa-rentemente distintas, as três histórias acabam por se revelar interligadas entre si, o que constitui uma das sin-gularidades desta obra de Tomé Silva, autor que nasceu em Setúbal, mas que sempre viveu no concelho de Palmela, residindo actualmente no Pinhal Novo. De entre as várias obras já escritas, “Lisboa Trágica” é o seu primeiro título disponível ao grande público, publicado pela Chiado Editora.

Lisboa Trágica

A associação Campismo do Cabedal comemorou o seu 29º aniversário no dia 19 de Maio. O dia foi assinalado com um almoço de convívio composto

29º Aniversáriodo Campismo do Cabedal

pela direcção e os sócios. Contou ainda com a presença do presidente da CMS, Augusto Pólvora, Vera Viera, em rep-resentação da Junta de Freguesia do Castelo, os Bombeiros Voluntários de Sesimbra, e alguns amigos e clientes.

Situado na Aiana, o Campismo do Cabedal, é hoje, um parque privado que contém, três hectares e meio, cento e oitenta e um lotes, e já são à volta das trinta, as famílias que ali residem.

Inicialmente era um parque de cam-pismo destinado a todo o público, e a todo o tipo de campismo. Agora, todas as parcelas pertencem aos sócios, que construíram cada um a sua casa.

Localizado numa zona sossegada, os fins-de-semana e as férias são as alturas de topo em que os sócios se juntam, confraternizam e passam bons tempos juntos.

Embora cada um tenha o seu espaço e a sua privacidade, no Campismo do Cabedal existem ao longo do ano iniciativas tais como eventos, almoços, passatempos, para que todos possam usufruir do tempo não só em família mas também em comunidade.

Teresa Carvalho da Silva

No passado dia 19 de Maio, os nossos colegas da Rádio Sesimbra FM orga-nizaram, no Clube Sesimbrense, o SESIMBRA ROCK’S, um concerto rock de grande qualidade, com participação das bandas Booster, RedLizzard e Rysco.

SESIMBRA ROCK’S

A Quinzena Gastronómica do Peixe-Espada Preto vai voltar a ser promovida pelos restaurantes de Sesimbra, por iniciativa da Câmara Municipal.

A 7.ª edição desta iniciativa, des-tinada a promover um dos mais em-blemáticos peixes da gastronomia

sesimbrense, decorre entre 26 de Maio e 10 de Junho.

No dia 7 de Junho os restaurantes aderentes devem ter disponível um dos pratos participantes da Quinzena, pelo valor de 7€. A participação, obviamente, é facultativa.

Quinzena Gastronómica do Peixe-Espada Preto

Presidente da Direcção do Campismo do Cabedal Carlos Costa

Foto Carlos Sargedas

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6O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

No ciclo comemorativo da Festa das Chagas – 2012, tomou vulto a magnifica ac-tuação da Banda do “Musi-cal”, na noite de 3 de Maio.

Um conjunto de 40 elemen-tos, com louvável predomínio de gente nova, encantou o público que encheu o Teatro João Mota e muito aplaudiu a actuação, sob batuta do Maestro Santos, de invulgar comunicabilidade e alegria de condução da banda.

Desde o veterano Artur (carinhosamente citado como “Avô Cantigas”) até ao muito jovem baterista Miguel, de mui-ta aplaudida actuação, todos estão de parabéns, sendo de assinalar, com muito apreço, a

elevada percentagem de exe-cutantes do sexo feminino, es-sencialmente jovens, de bem notório entusiasmo musical.

Sendo a base de Sesim-bra, logicamente, é interes-sante evocar a fácil integração de bons vizinhos, oriundos de Paio Pires e de Azeitão.

Superando alguns mo-mentos de maiores dificul-dades, a Banda do “Musical” aí está, bastante renovada, a dar muito boa conta de si.

A exibição de 3 de Maio comprovou-o, magnificamente.

Para os dirigentes de tão antiga sociedade, para o Maestro e componente da Banda, as nossas felicitações.

David Sequerra

Parabéns à “Musical”

Está a decorrer no Espaço Jovem em Sesimbra uma exposição de pintura: “Sev-enteen Skulls” do artista se-simbrense Gemeniano Cruz.

Nesta exposição, o autor quis quebrar algumas regras e em vez de apresentar a sua arte em telas e quadros optou por utilizar a parede.

A pintura tem um tema som-brio, mas que no entanto é disfarçado por um ambiente vintage, com uma passagem contemporânea. A execução desta obra prolongou-se por quatro dias, que foi equivalente a oito horas diárias (em média).

No passado dia 18 de Maio, foi inaugurado o Restaurante Pedra-Mua. É um novo es-paço em Sesimbra, situa-se no edifício do Clube Naval de Sesimbra e é um espaço to-talmente renovado e abrigado dos ventos que por ali passam.

O objectivo da nova gerência é trazer algo novo e diferente,

Perda da Mua era o nome que antigamente se dava ao Santuário da Nossa Senhora do Cabo Espichel. Conta a lenda, que o local ficou muito popular, depois de um homem ter tido a visão de uma luz sobre o Cabo. Atraído ao local, viu Nossa Senhora a subir no dorso de uma mula (mua, em Português arcaico) pela rocha. E assim nasceu a lenda da Nossa Sen-hora da Pedra da Mua.

Restaurante Pedra-Muaseja em qualidade de produto, no espaço físico, que é novo, embora com uma gastronomia tradicional, e apostar essen-cialmente num bom ambiente.

Este estabelecimento está aberto desde as oito horas da manhã, até à meia-noite, numa fase inicial, que se pode estender até mais tarde. Aqui o

público pode fazer as refeições desde o pequeno-almoço até ao jantar, optar por um pe-tisco, ou apenas tomar uma bebida. São “ambientes trans-versais” mas que combinam.

Cláudia, responsável por este novo projecto, quer trazer ao público um lugar em que as pessoas se sintam em “casa”.

Já frequenta Sesimbra há uns anos, e viu neste espaço um potencial “maior do que o que tinha”. Em relação ao nome do restaurante, Cláudia contou-nos que teve a ver com uma visita em tempos de faculdade ao Cabo Espi-chel, que em conversa com amigos, surgiu essa ideia, e que de facto “foi uma visita que marcou” e assim ficou.

Teresa Carvalho da Silva

“Seventeen Skulls”uma pintura na parede

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 20127

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8O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

O Centro Comunitário da Quinta do Conde foi fundado a 17 de Novembro de 1987, mas a sua pré-história é mais antiga, pois remonta a 1981, ano em que se constituiu uma Comissão Dinamizadora, com o objectivo de vir a construir um equipamento de apoio à terceira-idade.

O início foi bastante humilde, apenas com um pré-fabricado, instalado em 1988, onde pas-sou a funcionar a sede; a valência de centro de dia teve início em 1991, com instalação de uma pequena cozinha, e estabelecimento de um acordo com a Segurança Social. En-tretanto, o número de adesões foi de tal ordem, que se impôs

Centro Comunitário da Quinta do Conde:Sonhar, Realizar, Crescer

a necessidade da construção de instalações adequadas. Mesmo assim, demorou até se arranjar financiamento do Es-tado, e só em Junho de 1995 é que foi lançada a primeira pedra, tendo a inauguração do edifício ocorrido em 4 de Janeiro de 1997.

Segundo Vítor Antunes, Presidente da Direcção, o Centro Comunitária tem vindo a aumentar constantemente as suas valências, mas sem-pre balizado por uma gestão cuidadosa, em grande parte apoiada em trabalho volun-tário, tendo neste momento uma solução financeira equili-brada, apesar da variedade de serviços que presta e do

elevado número de pessoas que apoia.

Vítor Antunes destaca que o Centro se encontra aberto a todos, constituindo um “porto de abrigo a carenciados, um espaço de solidariedade en-tre os que podem e os que necessitam”, e também uma “marca de prestígio, assente na dedicação e rigor que tem sido implementada”, com base no lema e regra de conduta da instituição:“Sonhar, Realizar, Crescer.”

O sonho do Centro de Dia

O grande desafio da actu-alidade é o da construção de um Lar de Idosos, para o qual já existe terreno, doado pela Câmara, faltando apenas o financiamento, que a Adminis-tração Central ainda não con-seguiu disponibilizar.

No seu discurso, aquando da outorga da Medalha de Mérito Municipal, Vitor An-tunes referiu que o Parla-mento Europeu proclamou 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, mas que o Centro Comunitário já estava à frente desse objec-

tivo há muito tempo.Na mesma cerimónia, Vi-

tor Antunes destacou que, “sem segundas intenções nem para-quedismos serôdios, os Quinta-Condenses se iden-tificam com o seu Concelho, Sesimbra” mas que, simulta-neamente, a Quinta do Conde se está a constituir como “uma comunidade com identidade.”

Variedade de Valências

Cesaltina Basílio, coorde-nadora executiva do Centro Comunitário, onde exerce funções desde há 13 anos, proporcionou-nos uma visita às instalações, onde é visível um ambiente con-fortável e espaçoso, por onde os utentes podem circular, numa atmosfera de grande normalidade e cordialidade.

As valências activas são:

- Jardim de Infância, com uma creche para 43 crianças, a funcionar no edifício do Centro;

- Creche Familiar, para crianças até aos 5 anos, com amas que acolhem no seu domicilio, 4 crian-ças cada, num total de 48 crianças;

- Pré-escolar para crian-ças entre os 3 e os 5 anos, com 75 utentes;

- ATL com 100 crianças, em 2 turnos (manhã e tarde) até ao 4º ano;

- Centro de Dia para 50 idosos;

- Apoio Domiciliário, de que beneficiam 45 idosos;

- Centro de Convívio, com um acordo com a Segurança Social para 100 pessoas;

- Comunidade de Inserção, dirigida a senhoras, com o ob-jectivo de ajudar à reinserção de pessoas que por qualquer motivo perderam uma ad-equada ligação à comunidade, actualmente com 5 utentes;

Apesar da sensação de desafogo, Cesaltina Basílio

refere a existência de dificul-dades de espaço, principal-mente nos arrumos. Certas zonas, por outro lado, têm de ter utilização partilhada, como a sala de multi-funções, que em alguns dias serve para a informática sénior, noutros para os ensaios do grupo Re-nascer, etc.

O Centro desenvolve ain-da o projecto das “Ajudas Técni-cas”, com cedência de equi-pamentos, tais como camas articuladas, cadeiras de rodas, etc, para apoio a pessoas de-pendentes, projecto auxiliado pela Fundação Gulbenkian.

O mais recente desafio são as Cantinas Sociais, uma ne-cessidade imposta pela difícil

conjuntura actual do País. Se-gundo a Coordenadora, “Não é ainda o que queríamos, mas já é algum apoio, e perante este novo desafio instituição abriu as portas, em parceria com a Autarquia.”

João Augusto Aldeia

A Câmara deliberou adquirir a barca “Nossa Senhora da Aparecida”, uma antiga embarcação de pesca local que, por iniciativa de Alexandre de Souza e Holstein, repetiu as rotas dos Descobri-mentos, e ligou Sesimbra ao Brasil. A

Câmara Municipal adquire barca

“Nossa Senhora da Aparecida”

viagem teve início no dia 18 de Dezem-bro de 2005 e, após um problema que a obrigou a aportar a Setúbal por alguns dias, fez a viagem sem incidentes, concluindo-a em 1 de Março de 2006. A tripulação foi constituída, para além

de Alexandre de Souza e Holstein, por Nuno Pinheiro de Mello, Ricardo Ribeiro Couto e João Bustorff Burnay.

A antiga barquinha de pesca foi depois adaptada para actividades marí-timo-turísticas, que tem desenvolvido

desde então. A Câmara faz a sua aquisição, que conta com a compartici-pação de fundos comunitários, com o objectivo de a integrar em actividades culturais e turísticas, devendo vir a inte-grar o acervo do futuro Museu do Mar.

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 20129

A Pesca, em Portugal é nor-malmente apontada como um sector em dificuldades, sobretudo desde a adesão à UE. Mas em Sesimbra, apesar de ter diminuído o número de pescadores – sobretudo desde há 40 anos – a quantidade de peixe pescado aumentou, o que parece uma contradição. Na sua opinião, como está o sector da Pesca: está bem, ou está mal?

Para já, deixe-me felicitá-lo pela sua avaliação da evolução do sector da pesca, porque penso que é a primeira pessoa faz realmente uma análise do que se passou na realidade. Como é evidente, a pesca em Portugal não se mantém como tinha sido até meados dos anos 80, mas isso não se deve apenas à adesão à Comuni-dade Europeia. É também por um conjunto de outras circun-stâncias, nomeadamente a en-trada em vigor da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e aquilo que se passou imediatamente antes ,com a declaração das Zonas Económicas Exclusivas pelos países. Quando se deu esse facto, nós perdemos o acesso a um conjunto de áreas onde pescávamos tradicionalmente.

Com a alteração dessas condições, com a regulação do acesso por outros países, nós limitámo-nos às nossas águas, e as nossas águas têm a capacidade de pescar que têm, e não há que a alterar, tem um conjunto de espécie, das quais nós só aproveita-mos algumas;dessas que aproveitamos, algumas ainda estão sujeitas a quotas, por-tanto começámos a ter aqui um conjunto muito grande de limitações.

Sesimbra é um daqueles casos em que os pescadores abordaram melhor as dificul-dades que tinham. Por aquilo que indicou, e são os dados reais, eles tornaram as pescas eficientes, e é desta forma que e nós temos que fazer em Portugal.

Em termos de limitações ao exercício da atividade da pesca, há um facto de que nós temos que ter bem a consciência: as quotas que são impostas às pescarias nacionais, representam cerca de 20% do total. Desses 20%, nós tipicamente aproveitamos 60%.

Quer dizer que a quantidade de pescarias que está limitada no quadro global é muito pou-co, e é menor do que a vari-abilidade anual que é imposta pelos diferentes condicionalis-mos: meteorologia, sistemas de reprodução, etc.

As quotas, em si, não im-põem uma limitação. Aquilo que impõe uma limitação é nós não estarmos a abordar as pescas com uma visão de futuro. Se nós não abordarmos isto dentro de um plano de querermos tirar das pescas todo o valor que a pesca tem. O que vemos é que a quan-tidade pescado se mantém constante, ao longo do tempo, o número de pescadores vai diminuindo. Mas se formos a ver os últimos 10 a 12 anos, a variação não é assim tão

“Aquilo que nós temos que fazer é seguir o exemplo de Sesimbra”

grande, flutua em volta dos 17 mil pescadores. A variação da quantidade pescada tem mais a ver com as condições naturais. No entanto, a valori-zação do pescado tem subido muito ligeiramente, não acom-panha ainda aquilo que tem sido o aumento dos custos dos fatores de produção, como sejam os combustíveis, mas ultimamente tem-se verificado uma valorização. Para já, o sector das pescas não está em crise, mas também não melhorou.

Mas, concretamente, o que é que pode ser feito?

Aquilo que temos de fazer, não pode ser feito num dia nem em dois. Há uma série de áreas de ação que temos de ter bem presentes. Primeiro, temos que saber exatamente aquilo que temos, em termos de possibilidades de pesca: que espécies existem, que quantidade existe, e para isso não temos ainda dados que nos descrevam completa-mente a situação. Temos que os arranjar, temos que reforçar este sector da capacidade de recolher dados.

Depois, temos que olhar para a forma como a pesca é feita, como é que os profissio-nais da pesca tomam os seus objectivos, a forma como exe-cutam a pesca. E isto é uma matéria que não pode ser só a administração central, tem que ser a administração cen-tral com os pescadores, com os investigadores, tudo em conjunto.

E depois temos uma outra parte, que é a valorização da-quilo que é o resultado da pes-ca. É conseguirmos ter uma cadeia de valor que vai desde o pescador ao consumidor, que tenha uma distribuição justa deste valor.

Isto são três áreas da ac-tividade a que temos estado a olhar, e que vamos ter que trabalhar

Mas não vai ser difícil obter verbas para a investigação? O Biomares, por exemplo, terminou…

Bom, esses programas vão terminando, também não podemos estar a olhar para essas coisas como uma fa-talidade. Temos é que ser pro-activos, e nós, quanto ao Mar, não podemos fazer planeamentos de acordo com os ciclos dos programas de investigação, que são de três anos. Para o mar temos de fazer planeamento de longo prazo.

Há não muitos anos tivemos 3 navios de investigação das pescas, hoje temos um, que é o Noruega, e com dificuldades. Nós perdemos muita capa-cidade. Hoje temos grande capacidade na Marinha, rela-tivamente a navios de inves-tigação oceanográfica, mas que não são navios orienta-dos para as pescas, para a investigação dos recursos haliêuticos. Portanto, temos que investir.

Neste momento, temos um programa de financiamento no quadro da EU, o Fundo de Financiamento Europeu, que tem um pacote próximo de 56

milhões de euros, dos quais 20 milhões estão destinados à investigação no Mar.

Ao mesmo tempo há uma revolução que se está a pro-cessar silenciosamente, que é a constituição, já aprovada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que vai ser um parceiro fundamental desta área da actividade.

Há um aspecto que seria importante para Sesimbra, o da valorização do peixe capturado. Sesimbra pesca peixe com grande qualidade, ms nem sempre eo mercado valoriza essa diferença. O que poderia ser feito a este respeito?

Esse é um aspecto impor-tante, as marcas e as de-nominações de origem: é um aspecto fundamental. A Docapesca está a desenvolver neste momento uma iniciativa, que são “conversas” que vai estabelecendo em diferentes pontos, tentando sensibilizar para aspectos como os que referiu, e ao mesmo tempo obter o contributo das popula-ções e dos profissionais, sobre como vêem a possibilidade da valorização do pescado. Passa também por termos um porto limpo, com boa apresentação, por termos uma lota capaz, com todos os procedimentos, passa por atrairmos a popu-lação.

Também temos que criar uma valorização adequada das espécies. Como, por ex-emplo, no caso da cavala, que é uma espécie que descon-sideramos, mas que é uma das melhores para o consumo humano.

Mas essa cr iação de marcas, conhecimento, isso exige investimentos grandes, nomeadamente na promoção. Haverá dinheiro para isso?

No Programa Operacional PROMAR existe uma linha de financiamento dedicada à promoção e valorização. E nós já temos parceiros inter-essados em acções. Mas há uma regra básica que temos neste Governo: é a de não tomar medidas apressadas, mas sim tomar as medidas pensadas. Era fácil termos já 3 ou 4 iniciativas a valorizar algumas espécies, mas daqui a 2 ou 3 anos, qual seria o resultado? Podíamos andar muito entretidos com algum folclore, mas sem resultados. Temos de criar antes um plano global de valorização

Há alguns anos desta-caram-se as dificuldades da Docapesca, falou-se na

necessidade de a desmem-brar e privatizar. Continuam a verificar-se esses prob-lemas, ou estão ultrapas-sados?

A Docapesca, neste mo-mento, é uma empresa viável, é uma empresa que tem lu-cros. Não vive com grande margem para cometer erros, mas tem um futuro que pode ser brilhante.

E mais: está a ser reequa-cionada para voltar áquilo que era o modelo inicial: a Docapesca foi criada para abranger “portos e lotas”, mas ela nunca chegou a ser “por-tos”, restringiu-se às “lotas”. A nossa visão, face à análise que já fizemos, é que esta empresa seja realmente de “portos e lotas”. A Docapesca é uma aposta que queremos fazer, porque é um instrumento fundamental na valorização do pescado.

Gostaríamos de abordar o sector empresarial. Em Sesimbra temos um caso de sucesso, a ArtesanalPesca, que pesca, transforma o peixe e vende directamente ás grandes superfícies, e que investe, mesmo em período de crise.

Conheço o caso da Arte-sanalPesca e, como sabe, o aumento da capacidade que pretende fazer, foi já aprovada por este Governo: era um pro-jecto que estava em “banho maria” por diversas razões, neste momento está resolvido, e esperemos que rapidamente seja concretizado. Neste mo-mento as arestas a limar são poucas.

É um caso de sucesso, como referiu, porque foi fei-ta uma aposta programada, aposta que eles sabem que conduzindo a actividade da forma que está programada, eles vão ter sucesso, e vão ter sucesso rápido. Estão a criar as condições, mas também a dar resposta a uma necessi-dade, e por isso não há dúvida que o investimento há-de ter retorno.

É um caso de sucesso, como há outros: felizmente temos aí um conjunto de pro-jectos, alguns já aprovados, outros em análise, no conjunto das reprogramações dos fun-dos comunitários, mas que mostram que há iniciativa e que há vontade. Isto mostra que não é um sector morto, porque o conjunto de inves-timentos e reflexões que têm sido feitas, mostram que existe a vontade, temos é de criar as conclusões.

A Artesanalpesca é um mod-elo de sucesso, que temos que alargar e que poderá servir a

exemplo para outros.

Já há novidades quanto ao próximo QREN?

Não se manterão todas a linhas de financiamento, os montantes também estão a ser negociados, os critérios de atribuição desses financia-mentos também estão a ser negociados, neste momento o que sabemos é que o “bolo” global é superior ao anterior, mas também estamos num quadro de financiamento de mais países, temos que ver o que é que isto representa para Portugal.

Mas a orientação de que não haverá reforço de capa-cidade de capturas, é para manter?

E será que é necessário aumentar essa capacidade? Vejamos: começou-me por falar no exemplo de Sesimbra, e o que é que se passou? Ses-imbra aumentou a capacidade de pesca? Não aumentou! A capacidade, tal como ela é definida no quadro da União Europeia, não aumentou. Se-simbra, o que fez, foi tornar mais eficiente a sua pesca.

Evidentemente que, em termos de potência das em-barcações, há uma limitação, é verdade, mas também estão lá as outras medidas, que há necessidade de ser mais eficiente e mais eficaz na ac-tividade, e eu acho que é por aqui que nos devemos centrar.

Parque Marinho Luíz Sal-danha continua à espera de uma reavaliação prometida há muito. Terá lugar em breve?

Posso-lhe dizer que, rela-tivamente a Sesimbra e ao Parque Luiz Saldanha, aquilo que está pensado é fazer-se uma campanha de obser-varmos o que é que lá está. Mas observarmos com meios capazes.

Estava previsto a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental ir lá fazer um trabalho, com alguns submarinos, com câmaras, sonares laterais, um levanta-mento total da área, para nós termos um ponto de situação do que realmente existe e não existe, e depois equacionar-mos de que forma, se houver necessidade de alteração, vermos se há necessidade de reforçar, se há necessidade de flexibilizar, o que é que tem de ser feito.

Em devido tempo será levado a cabo esse trabalho: não está esquecido!

João Augusto AldeiaJoaquim Diogo

Numa entrevista exclusiva ao nosso jornal, Manuel Pinto de Abreu, Secretário de Estado do Mar, revelou a sua opinião de que Sesimbra é um daqueles casos em que os pescadores abor-daram melhor as dificuldades que lhes surgiram: “Eles tornaram as pescas eficientes, e é desta forma que nós temos que fazer em Portugal. O exemplo daquilo que foi feito em Sesimbra, tem que ser seguido pelos outros.”

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10O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2011

Opinião

Decorreu no passado dia 9 de Maio em Florença, Itália, a análise do Estado da União por parte da Comissão Europeia. Deste evento, destaca-se o balanço do desempenho da Comissão face à crise económico-financeira que a Europa atravessa, no qual o Presidente Barroso assumiu responsabilidades num con-junto de decisões erradas e hesitações que levaram ao agravar da atual crise económico-financeira da Europa, mas destaca-se também o debate sobre o fu-turo da Europa e o seu papel num mundo cada vez mais globalizado.

Apesar de não nutrir qualquer simpatia pelas orientações políticas de Durão Barroso, considero que a abordagem de assumir os erros do passado e a tentativa de traçar um novo rumo para o futuro da Europa, é saudável e demonstra cora-gem, devendo servir de exemplo a todos os decisores políticos, a nível europeu, nacional ou mesmo local.

Veja-se o exemplo de Sesimbra. Tam-bém já vai sendo tempo de fazer uma pro-funda reflexão sobre o percurso recente do nosso Concelho e de traçar um rumo para o futuro, fundamentado pelas reais necessidades e aspirações da população e evitando as derivas populistas e eleito-ralistas que por vezes vêm à tona. Apesar da estima pessoal que tenho por alguns dirigentes da nossa Câmara Municipal e de lhes reconhecer qualidades bastante acima da média, não posso deixar de fazer alguns reparos e salientar os aspe-tos que penso merecerem ser corrigidos.

Vive-se hoje na Câmara uma autêntica agonia financeira, com níveis de endi-vidamento crescentes e que não têm correspondência com melhorias na nossa qualidade de vida. Para esta situação con-tribuiu um modelo de gestão da autarquia em que se considera que o que é público não é de ninguém, em oposição à perspe-tiva, do meu ponto de vista acertada, de que o que é público é de todos e deve ser preservado. Um exemplo prático desse tipo de gestão foi o modelo de agenda cultural importado de alguns concelhos vizinhos, com base no qual assistimos a iniciativas que se propagavam em roda livre, acabando por competir entre si pelo menor número de cadeiras vazias.

Relacionado ainda com esta dicotomia de modelos de gestão da coisa pública, lia há umas semanas atrás num jornal regional, as declarações de um político da oposição que acusava alguns secto-

“É preciso traçar um novo rumo”res do respetivo Governo Regional de estarem sempre preocupados com as contas e de gerir as suas Secretarias e Direções Regionais como se fossem empresas. Não sei se esse político se terá apercebido, mas acabou por fazer um elogio a esses decisores políticos, pois é esse posicionamento responsável que se espera de quem recebe um mandato para gerir aquilo que é de todos. Afinal, todos somos acionistas dessa grande empresa que é o Estado e confiamos o dinheiro dos nossos impostos aos seus dirigentes com o objetivo de que este seja investido da melhor forma, aumentado o bem-estar social e apoiando os menos protegidos.

Voltando à nossa Sesimbra, enquanto acionistas da Câmara, o que temos as-sistido é a sucessivos reforços de capital, encapuzados através de aumentos de taxas e impostos municipais, na tentativa inglória de recuperar o equilíbrio finan-ceiro. Hoje, na autarquia vive-se um dia de cada vez, sem saber se haverá dinheiro para o dia seguinte e sem avaliar as con-sequências futuras deste desgoverno. Qual será, por exemplo, o impacto de não se contratar os trabalhadores sazonais que habitualmente garantiam a limpeza das praias e das ruas da vila? Vão-se deixar cair mais bandeiras azuis como aconteceu no ano passado? E porquê, em condições tão difíceis, arrancar agora com um conjunto tão alargado de obras em plena vila, que têm atrapalhado a vida de todos os sesimbrenses e daqueles que nos visitam? Afinal, o turismo de qualidade não deveria ser um desígnio do Concelho? Será que depois de se confrontarem com esta triste realidade, os nossos turistas vão regressar nos anos seguintes ou aconselhar quaisquer amigos a fazê-lo?

Volto a afirmar que é preciso fazer uma reflexão profunda sobre o rumo que tomámos e aprender com os erros para que estes não se repliquem no futuro. Não é possível viver apenas o presente como se não houvesse amanhã, é preciso estabelecer uma visão estratégica para Sesimbra, traçar um novo rumo, definir para onde queremos ir, e que modelo de sociedade queremos deixar aos seus filhos, que património. Mas ninguém fique à espera que uma resposta milagrosa nos surja casa adentro, será preciso que cada um de nós dê o seu contributo, vivendo a sua cidadania em pleno e não deixando que sejam os outros a decidir por nós.

Sérgio Faias No passado dia 19 de Maio, por volta das 15 horas, teve início a 9ª Assembleia Municipal de Jovens, no pavilhão des-portivo de Alfarim.

Vários jovens das escolas básicas e secundárias do Concelho reuniram-se mais uma vez para debater ideias, pro-jectos e opiniões sobre o que pode vir a ser modificado no município de Sesimbra.

Com a sessão de abertura presidida por Miguel Coelho, presidente da As-

sembleia Municipal de Jovens, e aluno da Escola Básica 2,3 Navegador Rodrigues Soromenho – Sesimbra, deu-se início à ordem de trabalhos, que começou com algumas questões, colocadas pelos alu-nos, ao Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora.

De seguida, foram apresentadas as propostas de trabalho para este ano, subordinadas ao tema – “O papel dos jovens na comunidade. Que dinâmica? Que Futuro?”

A Assembleia Municipal de Jovens contou com a participação de seis escolas, entre elas, a EB 2,3 Navegador Rodrigues Soromenho – Sesimbra, a EBI da Quinta do Conde, a EBI da Boa-Água, a Escola Secundária de Sampaio, a EB do Castelo e a EB 2,3/Secundária Michel Giacometti.

9ª Assembleia Municipal de Jovens

As propostas para debate, apresenta-das pelas escolas, foram as seguintes:• Apostar na “Cultura, Desporto,

Solidariedade e Desenvolvimento do Es-paço Escolar” – EB do Castelo.• “Mobilizar sonhos e talentos

para construir o futuro” – EB 2,3 Navega-dor Rodrigues Soromenho.• “Criação/alargamento de espa-

ços para benefício dos jovens, envolvi-mento dos jovens em diferentes projectos/

causas/acções; Melhorar o papel da Escola/Educação” – EBI Quinta do Conde.• “Trabalho de voluntariado que

poderá ajudar os mais necessitados. Implementação de: hortas comunitárias; limpeza das matas e terrenos; acompa-nhamento de idosos; cursos de línguas gratuitos nas Juntas de Freguesia” – EBI Boa-Água.• “Papel mais interventivo na vida

da comunidade” – Escola Secundária de Sampaio.• “Criação na Quinta do Conde

de um espaço dinâmico para jovens – Espaço Gosto Disto” – EB 2,3/Secundária Michel Giacometti.

Após terem sido apresentadas e debati-das, as propostas foram todas aprovadas.

Teresa Carvalho da Silva

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012 11

Paulo Cruz e Sérgio Pereira, dois sesimbrenses genuí-nos, e amigos de infância, uniram-se para abrir um negócio que resultou num estabelecimento bar-restaurante, no Lar-go António Batista, que se chama Elleven Drinks’n foods.

De onde surgiu a ideia de se juntarem e criarem este estabelecimento?

Sérgio: eu já trabalhei em vários sítios, e o Paulo tinha um bar não estava a correr assim tão bem, e este espaço é uma casa da minha avó, e sempre andei a fugir de vir para aqui. Mas cheguei a uma altura, o mercado está mesmo mau, e então achei por bem falar com ele, é um amigo meu de longa data, sempre tive confiança com ele, sei que é uma pessoa que para trabalhar é séria.

Paulo: Eu também já tinha pensado nisso, já tín-hamos falado há muito tempo, ainda estava aqui isto alugado, já tínhamos conversado sobre isso, é uma ideia que não é de agora, já é de há muito tempo e agora surgiu esta oportunidade, decidimos avançar.

No Elleven o que se pode encontrar?Sérgio: Aqui pode-se encontrar tudo, há de tudo. A nossa

ideia é fazer um restaurante-bar, com petiscos para as pes-soas, por exemplo nesta altura que está muito calor as pes-soas saem da praia e acabam por vir comer uns caracóis, acontece naturalmente, as pessoas vão ficando. Ontem (15 maio) tivemos duas/três mesas com clientes que dis-seram que vinham beber uma “imperial” e acabaram por ficar e jantar. Acabam por ficar pela noite fora. Não está-vamos à espera que acontecesse tão rápido como está acontecer, ter tanto cliente que o stock acabou por acabar.

Qual a especialidade da casa?Paulo: Os caracóis, que são feitos pela minha avó, são

uma receita caseira. Temos também uma tosta especial

Elleven - O “céu e o inferno”juntos num espaço novo

O antigo Largo da Fortaleza, onde se localizaram importantes estabelecimentos como a pensão “chique”, o restaurante Ribamar, e onde permanece o Blackcoffe, volta agora a ter “vida”. Com a abertura do Elleven, o projecto do Arco-da-Velha, e a restruturação da Fortaleza, espera-se que se reaviva este largo e haja uma maior movimentação e aderência a estes novos espaços.

feita pela minha mãe, e os brigadeiros da minha irmã. De onde surgiu o nome Elleven?Sérgio: A ideia do nome tem uma história. A casa chama-

va-se Atlântico, e nós achávamos que tínhamos que pagar para mudar o nome à casa, e ficava Atlântico, o nome nem era feio, só que no último dia de registo, a Delmina (da as-sociação de comerciantes) disse que podíamos mudar o nome da casa gratuitamente. Mas foi um grande problema, eram sete da tarde e tínhamos que dar o nome da casa até ao final do dia, então o pessoal amigo que ajudou a montar e a decorar a casa, juntamo-nos, para decidir o nome. Tivemos “mil e uma” ideias e chegamos à conclusão que a casa é o número onze, e que Elleven é uma palavra gira, só que ao mesmo tempo, se separares ell even, sei que não fica bem escrito, mas faz um contraste engrançado entre o céu e o inferno. Ficou este nome por estes dois motivos.

Como querem dinamizar o Elleven para se desta-car?

Paulo: o que eu acho é que faltava um sítio onde as pessoas poderiam fazer uma refeição e con-tinuar pela noite fora, basicamente é essa a ideia.

Sérgio: A esplanada é uma coisa que ajuda muito, es-sencialmente em Sesimbra. A simplicidade da casa é o que chama mais as pessoas, porque quanto mais se quer decorar as casas e pôr demasiados pormenores acaba por ficar um pouco excessivo. A nossa casa está toda decorada mas não tem nada a encher, tem pinturas, claro que tivemos sorte no nosso grupo de amigos, por exemplo o Paulo per-cebe de canalização, eu sou o único que fiz tudo e não per-cebo nada. Temos um pintor, um artista, um decorador, um designer, um electricista, um técnico de som, um barman, que nos deu dicas de como atender ao público, porque as pessoas tem que sentir empatia. Basicamente é isso.

É uma mais-valia na Vila ter um bar-restaurante, visto que o que se pode encontrar ou é apenas bar ou só restaurante?

Sérgio: Eu acho muito sinceramente que isto é (não gosto muito da palavra) um snack-bar, e um restaurante-bar é uma coisa mais gira, mais fashion. Mas a ideia é essa, um sítio onde as pessoas podem fazer uma refeição e aproveitar a noite. Acho que este largo não está muito bem aproveitado e agora nós estamos a valorizá-lo, a Fortaleza também está em remodelações, o Caneca também está a fazer o Arco-da-Velha, quando tiver tudo acabado acho que vai ser uma zona gira de Sesimbra.

Como tem reagido o público?Paulo: Não estávamos à espera. Tem sido um feedback

positivo, dão-nos os parabéns pela casa, está bem con-seguida, conseguimos melhorar o espaço para parecer que está maior. É um espaço moderno, clean, é o que se quer. E as pessoas têm gostado, e tem elogiado.

Teresa Carvalho da Silva

Medalhas de Mérito Municipal

Conforme noticiámos na nossa anterior edição, no dia 4 de Maio, feriado municipal foram entregues as medalhas de Mérito Municipal, aos galardoados que indicamos a seguir.

A cerimónia, que contou cm a presença do Executivo municipal, teve um ponto excepcionalmente no momento da intervenção da mãe de Helena Laureano, que não pôde estar presente devido a um grave problema de saúde que determinara o seu internamento num hospital da Madeira – problema que, felizmente, já se encontra ultrapassado.

Quer devido à sua apreensão pelo estado de saúde da filha, quer pela emoção provocada pela homenagem que Sesimbra, através da Câmara, prestava à sua filha, Maria Helena Laureano comoveu-se e emocionou igualmente a sala, que lhe proporcionou uma sentida salva de palmas.

Destacamos também a distinção atribuída pela Autar-quia a David Sequerra, por uma longa carreira dedicada ao desporto e ao jornalismo, abrangendo a sua longa relação com O Sesimbrense, como colaborador, desde a sua juventude, e como seu Director em anos mais recentes, o que constitui um motivo de orgulho para todos os que trabalham neste jornal.

Distinções atribuídas: David Sequerra – grau Ouro; João Pedroso – grau Prata; Sandro Mestre – grau Prata; Beatriz Matos – grau Prata; Helena Laureano – grau Bronze; Maria da Visitação Encarnação – grau Bronze; Centro Comunitário da Q. do Conde – grau Bronze;Foram também galardoados os seguintes funcionários municipais, todos com grau Bronze: Ana Sancho Anabela Gonçalves Horácio Polido Maria da Conceição Joaquim Rosa CatarinoPosteriormente a esta data a Câmara deliberou as seguintes distinções: Clube Escola de Ténis de Sesimbra, Campeão Re-gional de Interclubes, escalão +45 – Medalhão da Vila de SesimbraGrupo Desportivo União da Azoia e atleta Fernando Henrique – campeão nacional de orientação em BTTescalão H35 e campeão nacional de clubes de orientação em BTT escalão de veteranos I – Medalhas de Mérito Grau Prata

Na lista das Medalhas de Mérito Municipal do corrente ano, destacava-se o insólito de haver um galardão de Prata para o jovem mágico João Pedroso, que inventou “um truque mentalista, com uma tecnologia desenvolvida pela NASA, que consiste em dobrar uma moeda com a mente”, ao mes-mo tempo que para Helena Laureano, actriz detentora de uma longa e sólida carreira no Teatro, Televisão e Cinema, se reservou “apenas” um galardão de Bronze.

Procurámos entender qual a racionalidade por detrás desta aparente contradição. A revista Sesimbra Município de Março/Abril de 2012 dá-nos uma primeira pista para compreendermos esta classificação: considera a publicação que o mágico foi reconhecido pela Sociedade Internacional de Mágicos, que “o distinguiu com o prestigiado Merlin Award 2012, considerado o óscar do ilusionismo.“

A seguir, a consulta do Regulamento de Atribuição de Distinções e Condecorações Municipais, permitiu compre-ender que existem dois importantes critérios para a atribuição das medalhas: o tempo de desempenho de determinadas funções, e/ou a obtenção de um título de “campeão nacional” (o que dá medalha de Prata) ou de “título internacional” (o que dá medalha de Ouro).

Estranhamente, as únicas categorias profissionais que têm, expressamente, direito a esta distinção municipal são as seguintes: trabalhadores municipais, bombeiros voluntários, músicos amadores, professores, desportistas e dirigentes associativos; além destes, apenas Associações e Colectividades. E, na maior parte dos casos, basta que a respectiva actividade tenha um certo número de anos, para “merecer” a medalha.

Trata-se de um regulamento discutível: porque é que certas profissões têm direito a medalhas, e as restantes não? Porque é que os anos de actividade bastam para justificar a medalha? Antigamente dizia-se: “a antiguidade é um posto”. Será por isso?

Percebe-se que os Executivos municipais tenham, ao longo do tempo, interpretado o regulamento, atribuindo distinções em profissões em que ele é omisso. Por exemplo: os empresários, ou as empresas, não estão previstos, e no entanto já houve medalhas de mérito municipal atribuídas nestes casos. Ora, não seria melhor corrigir o regulamento? É que quando se “interpreta”, corre-se o risco de cair em alguma contradição.

Percebe-se, também, que no caso do mágico João Pedroso, a Câmara tenha recorrido à analogia com os desportistas: um mágico premiado, tal como um desportista premiado, merece uma medalha. Helena Laureano, por outro lado, não tinha qualquer distinção nacional ou interna-cional, a não ser as de “miss simpatia”, “miss fotogenia” e “1ª dama de honor”, de quando concorreu a Miss Portugal.

Mas a distinção de “melhor mágico inventor”, atribuída a João Pedroso pela Sociedade Internacional de Mágicos, levanta uma dúvida. Na Europa estamos habituados a que este tipo de distinções sejam atribuídas por organizações independentes e segundo regras transparente, conhecidas de todos, normalmente avaliadas por comissões de espe-cialistas: é o que acontece, por exemplo, com o Prémio Científico atribuído pela Câmara de Sesimbra, e ao qual fazemos referência nesta mesma edição.

Ora, a Sociedade Internacional de Mágicos (SIM) não revela quais os critérios de selecção nem de avaliação para o seu galardão “Merlin”. O jornal O Sesimbrense tentou obter, por correio-electrónico, junto da SIM, essa

informação: não nos respondeu. Tentámos também sabê-lo junto do laureado, João Pedroso, que faltou a uma primeira entrevista, desmarcando-a em cima da hora, propondo que lhe colocássemos as perguntas por correio-electrónico; foi o que fizemos, mas nem mesmo assim nos respondeu.

No entanto, pode ler-se na página da SIM, que há 3 maneiras de receber um “Merlin Award”: ou numa gala de magia internacional em que apenas mágicos convidados participam, competindo entre si; ou numa competição em diferentes países, organizada pela SIM (e em nenhuma destas modalidades João Pedroso, ao que sabemos, partici-pou); ou então, como se pode ler na página da organização: “nós viajamos até ao país do mágico e entregamos-lhe o Prémio Merlin no seu próprio país”! Claro que, neste caso, alguém tem de pagar as viagens e o alojamento do senhor que vem entregar o Award.

Calculamos que tenha sido nesta terceira modalidade que João Pedroso recebeu o prémio, pois sabemos que teria sido necessário entregar dois mil dólares à SIM para que o Merlin fosse entregue na Quinta do Conde. Afinal, acabou por lhe ser entregue noutro lado.

A Sociedade Internacional de Mágicos não se limita a outorgar prémios Merlin: possui uma Academia que atribui títulos como o de Mágico Profissional, Bacharel em Magia, Mestre em Magia, ou Doutor em Magia. Para obter estas certificações é necessário adquirir os cursos em DVD, ven-didos pela SIM, pagar as propinas e fazer um teste escrito: a SIM envia as perguntas, o mágico responde em casa e, imagine-se, reenvia por correio electrónico!…

A Sociedade Internacional de Mágicos alega que o seu Merlin é equivalente ao Oscar da cinematografia americana: mas não nos parece que ande sequer lá por perto. E nem mesmo o Oscar americano, com toda a sua envolvência comercial e lobbying, é exemplo de isenção e transparência: felizmente que, na Europa, atribuímos prémios de acordo com regras menos comerciais.

Do facto de a Câmara de Sesimbra considerar que João Pedroso “figura agora na prestigiada lista de nomes que inclui David Copperfield, Luís de Matos e Criss Angel”, não vem grande mal ao mundo – embora possamos duvidar que isso seja assim mesmo: a SIM reserva as suas parangonas e os seus mais propalados Merlins para os nomes sonantes da magia que convida para as suas galas, e são esses os nomes que destaca na sua página oficial. Os prémios que atribui, sem aparente competição, aos que lhe transmitem por mail, ou gravação vídeo, os méritos e conhecimentos, esses prémios não merecem destaque na sua página, como qualquer pessoa pode comprovar.

O que é pena é que um percurso artístico-profissional notável, como o de Helena Laureano, possa ser desva-lorizado, em termos relativos, pela medalha atribuída um mágico-inventor com pouco ainda para mostrar, em termos de carreira. É pena que um regulamento municipal de atri-buição de medalhas de mérito, permita a sobrevalorização de prémios entregues por terceiros, sem avaliação do mérito dessas distinções ou de quem as outorga.

A qualidade da carreira artística e profissional de Helena Laureano pode ser testemunhada, e tem-no sido, por milhões de portugueses. Não valerá isso muito mais do que qualquer distinção, mesmo que “internacional”, e cujas regras de atribuição desconhecemos?

João Augusto Aldeia

A Magia dos Prémios

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12O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

Ricardo Leandro, aluno do mestrado integrado em Engen-haria da Energia e do Ambi-ente, da faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, participou num concurso eu-ropeu, que soube através do coordenador da faculdade, e ganhou.

Como foi todo o processo desta competição?

Começou em Novembro a 1ª fase e prolongou-se até Março. Nesse prolongamento houve três fases em que a primeira fase iria ser para divulgar Plano de Negócio, ou seja tínhamos que responder a duas perguntas, o que era a nossa inovação e que valor é que ela acrescentava ao mer-cado. Depois esta avaliação foi feita pela Universidade de Engenharia de Coimbra, eles é que tinham os professores que avaliavam essas candidaturas, aceitaram e deram-me uma nota de zero a cinco, e passei à fase. Na fase seguinte já tinha que construir um plano de negócios, que era constituído por sete perguntas levando to-dos os aspectos desde o início da ideia, até a ideia entrar no mercado.

Passei, entre os melhores, passei com mais ou menos 4,6 em 5. Fui selecionado para ir à Academia de Em-preendedorismo em Coimbra. Aí, ia receber formação para fazer o projecto final que era para competir com os outros cinco países (Portugal, Ingla-terra, Bulgária, Eslovénia e Polónia). Veio uma senhora de fora, responsável de uma consultoria, estava em colabo-ração com o concurso, e veio nos dar formação. Antes de

Ricardo Leandro vence na Europa

participarmos no projecto final europeu, fui eleito o vencedor cá em Portugal.

E o que aconteceu depois?O vencedor tinha direito a

ir à Bélgica fazer o curso de empreendedorismo, e à Ale-manha apresentar o projecto na conferência final. Fui eleito pelos coordenadores de Co-imbra, o melhor projecto de negócio e tive direito a essas duas viagens.

Após ter submetido o Busi-ness Plan europeu vim a saber também que tinha ganho o Europeu, ou seja ganhei as duas competições. Quando ganhei o Europeu passei a ganhar cinco mil euros e di-reito à viagem à Bélgica e a Bruxelas, a diferença é que já tinha ganho anteriormente, então simplesmente fui à Bé-lgica fazer o Business Plan, que eram os dez melhores dos países, ou seja o vencedor deste ano e o do ano passado, como eu participei sozinho no concurso pude ir sozinho às duas viagens, como o ano passado eram dois, teve que ir um para cada sítio.

De que constou?Pudemos partilhar experiên-

cias, projectos, aprendemos com as pessoas da organiza-ção, que são pessoas conhe-cidas na área de empreend-edorismo, durante um dia inteiro, e melhoramos o nosso elevator spitch que é um dis-curso que é feito para uma empresa em que não demora mais de três minutos. Tens que dizer em três minutos o essencial do teu projecto e convencer a empresa de que o teu projecto é mesmo bom.

Na Alemanha foi um pouco mais profissional, que eram

conferências, pessoas vindas de vários pontos da Europa da área de empreendedorismo, e ai tive cinco minutos para apresentar o meu projecto, foi em powerpoint, na Bélgica foi falado sem qualquer suporte, foi uma situação completa-mente diferente, tinha que estar perante um conjunto de oradores que estavam interes-sados nessa conferência, e também iam estar possíveis investidores. No entanto, eu decidi, por recomendação do organizador de projecto não divulgar a minha ideia, visto ainda não ter o registo patente confirmado, e é uma ideia fácil de copiar, decidi encher a minha apresentação com “palha”, focar-me apenas numa apresentação para um público que estivesse lá ap-enas por curiosidade e não para comprar a ideia.

E foi assim, recebi depois o prémio final, no jantar de gala, e foi uma experiência única completamente.

Em que consistia o teu projecto?

A minha ideia era resolver um problema que existe nos

“Não podemos ter a ideia antes de ter o problema, revi o problema e decidi: o que vou fazer com o problema? Tentei arranjar soluções.

períodos de maior calor, em que a temperatura mais el-evada é a dos painéis fotovol-taicos. Eles têm uma eficiência padrão, que vem das suas car-acterísticas do módulo, em que diz que tem uma percentagem que conseguimos converter a radiação solar em electricid-ade, essa diminui conforme o aumento da temperatura do módulo. Quando a tempera-tura do módulo aumenta, ele passa a produzir menos elec-tricidade. O que fiz foi: colocar o colector solar térmico à fr-ente do fotovoltaico, em frente de onde absorve a radiação, normalmente é feito atrás de forma a retirar o calor. Mas eu queria colocar à frente, porque assim iria permitir logo retirar o problema ao início, ou seja o problema nunca chegava a atingir o painel fotovoltaico.

De que maneira este pro-jecto influencia o teu futuro?

Influencia muito. Para já só me falta fazer a tese de mestrado e eu tenho algu-ma dificuldade em encontrar temas de tese de mestrado. Eu podia simplificar esse as-pecto usando o meu projecto, mas não quero ir por ai porque este foi para o concurso e vai ser para eu próprio o ex-plorar. Decidi pesquisar alguns temas, já tenho, mas visto que é com empresas, e visto eu já ter experiência, tem uma visão diferente. Eu não tinha qualquer veia empreendedora, e com este projecto fiquei a conhecer as coisas de maneira diferente. Comecei a gostar muito de empreendedorismo, a criar ideias e ver o valor que as ideias têm, saber explorar bem os temas.

Gostavas de ver o teu pro-jecto realizado?

Sim gostava de o pôr em marcha, que não tenha ficado só pelo concurso. Lá fora, disseram-me para agarrar o projecto e seguir. Deram-me

muito na cabeça, porque eu achava que o projecto era só a nível académico e disseram-me que a minha ideia tinha muito valor para não ficar por aqui. Foi daí que vi que podia andar com isto para a frente.

Queres apostar no teu projecto em Portugal ou no Estrangeiro?

Para projectos novos em Portugal não existem dificul-dades, os investidores de risco, existem cá e lá fora, não é por ir lá para fora com o projecto que vou ser benefi-ciado, não. Eles se estiverem cá, andam na Europa toda e no mundo inteiro, se sabem que há um projecto em Por-tugal, “eles” vem cá. Agora, se Portugal é o sítio indicado para lançar a minha pos-sível empresa? É, visto que o meu mercado está todo em Portugal, claro que depois de colocar bem a minha empresa em Portugal, claro que vou ter de a transportá-la para a Europa, mas o investimento está cá, basta ter o projecto bem desenvolvido e ir ter com essas pessoas.

Em termos de desenvolvi-mento de projecto a nível de mercado, ficar cá ou ir para fora é igual, porque eu é que tenho o valor, e desenvolver o valor cá ou lá é a mesma coisa porque o investimento está nos dois lados. Só tenho que cativar o investimento, dizer ao investimento que tenho um bom projecto e que preciso do dinheiro para o por no mercado. E sei que vou por esse dinheiro quando chegar a altura. E é isso que eu vou fazer, parte de mim agarrar o que existe. Não posso esperar ele venha ter comigo porque isso é impossível. Mas que existe muito dinheiro para projectos novos e de inovação, existe, e é disso que eu tenho que ir há procura.

Teresa Carvalho da Silva

A Câmara de Sesimbra apresentou publicamente uma proposta para a Circulação e Estacionamento na Vila de Sesimbra, com alargamento do estacionamento pago a numerosas artérias. Simulta-neamente, prevê-se a criação de cartões para residentes e pessoas que exercem a sua atividade profissional na vila de Sesimbra, proporcionando isenção de pagamento de estacionamento. No total, dos 107 lugares actualmente tarifados na vila, passar-se-á para 855 lugares. Também em Santana serão criados 17 lugares de estacionamento pago, na rua Dr. Alberto Leite.

Entre as novas zonas para as quais se prevê a introdução de tarifas, estão o Largo Nuno Álvares Pereira (frente à Igreja Matriz), as ruas Cândido dos

Reis, de Palames, General Humberto Delgado, Major Joa-quim Preto Chagas, D. Sancho I (junto ao cemitério), Alfredo Baptista, João de Deus, 2 de Abril (rua e largo), João da Luz, Amélia Frade, Eusébio Leão (largo), Manuel de Arriaga, da Cruz, Heliodoro Salgado, Varandas do Mar e Navegador Rodrigues Soromenho. Serão também tarifados os lugares na zona poente da Avenida dos Náufragos

Nas ruas D. Dinis, da Fé, da Caridade, Antero de Quen-tal, Peixoto Correia e Largo Infante D. Henrique (Torrinha) prevê-se condicionar o trân-sito apenas a moradores e para operações de carga e descarga.

A rua General Humberto Delgado passará a ter sentido único (sentido ascendente),

tal como o Largo da Marinha e avenida dos Náufragos, onde se passará a circular apenas de nascente para poente.

Os residentes poderão es-tacionar livremente, devendo para isso obter um Cartão de Residente. Também se prevê que quem exerça a sua actividade profissional na vila, tenha acesso a um Cartão de Actividade Profissional, que dará o direito a estacionar sem pagar, mas apenas em zonas ou parques de estacionamento estipulados pela Câmara – e que serão, para já, os dois par-ques da avenida da Liberdade (170 lugares) e do Calvário (182 lugares).

Segundo a proposta de Re-gulamento de Estacionamen-to, haverá lugar à atribuição de um máximo de dois cartões por fogo, para o caso do Cartão de

Residente. Também se criarão lugares

de estacionamento apenas para residentes e, neste caso, não tarifados. Entre as ruas onde serão criados estes lu-gares, contam-se: Operários Marítimos, Peixoto Correia, D. Dinis, Infante D. Henrique (largo), da Fé, da Caridade, Antero de Quental, Xavier da Silva (tv.), Feliciano Castilho, da República, Leão de Olivei-ra, Jorge Nunes, Marquês de Pombal, Latino Coelho, Afonso de Albuquerque, do Bairro An-tunes, Calvário (largo)

Aponta-se também como objectivo o combate ao es-tacionamento abusivo, “com recurso a uma fiscalização mais actuante, e tarifas mais atractivas na utilização dos parques de estacionamento cobertos.”

A Câmara refere que os de-tentores do cartão de activida-de profissional poderão esta-cionar no parque actualmente explorado pela Misericórdia. A este propósito, contactámos o Provedor, Manuel Adelino Ber-nardino, que nos informou que esse parque não será abrangi-do. Adiantou-nos, no entanto, uma falha que encontrou na proposta da Câmara: não estão contemplados os veí-culos de função, associados a actividades empresariais ou institucionais desenvolvidas na vila. Considerou positivo o ordenamento proposto para o trânsito, mas manifestou apre-ensão sobre a possibilidade de surgir alguma empresa que arrisque a realizar o grande investimento em equipamen-tos e fiscalização, que esta proposta acarreta.

Estacionamento pago na Vila, passa de 107 para 855 lugares

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 201213

Edifícios com história (IV)

Bairro Antunes

O Bairro Antunes deve o seu nome a José Marques Antunes, proprietário duma generosa extensão de terreno, na colina a nascente do ribeiro de Entre

Hortas – ou seja, a nascente da actual rua Amélia Frade, que cobriu aquele ribeiro.

A propriedade denominava-se “Horta

Luís Pedro Baeta e o seu irmão Augusto, respectivamente de 81 e 86 anos, são os mais antigos moradores da rua do Bairro Antunes. Mudaram-se para ali com os pais, poucos dias depois do Ciclone de 1941: “Vim para esta rua há 71 anos, foi no ano do Ciclone. O Ciclone foi a 15 de Fevereiro e eu fiz os 10 anos a 22 de Fevereiro”, diz-nos Luís Pedro.

Augusto mantém-se na casa dos pais, enquanto Luís, depois de casar, se mudou para a casa em frente: precisamente uma das que foram construídas em 1916 por José Marques Antunes.

Durante muitos anos manteve-se como uma rua marginal à vila, e como era raro passar por ali alguém, puseram-lhe a alcunha da rua do “Lá Vem Um”, pois a passagem de qualquer pessoa era um acontecimento notável. Só quando se começaram a construir casas mais acima, é que deixou de ser a “rua do Lá Vem Um”.

“Acredite naquilo que lhe estou a dizer! – salienta Luís Pedro – não passava ninguém. A rua não era empedrada, nem alcatroada, era tudo barro.”

Entre as memórias de infância, recorda a da “tia” Sofia, já viúva de José Marques Antunes: “Quando ela lhe apetecia uma pinguinha de vinho, dava uma cafeteira a um dos rapazes que encontrava aí, e dizia: – «vai buscar à tia Sofia»; levavam então a cafeteirazinha, que era para dizerem que era café.”

do Calvário”. A designação de “Cál-vario”, por sua vez, era abrangia toda a colina que onde se situa o Cruzeiro do Calvário, ainda hoje existente, e

que foi erigido em 1857 para assinalar o enterramento das numerosas vítimas da epidemia de 1856.

No início de 1904, José Marques An-tunes alugou grande parte da sua “Horta do Calvário” à empresa conserveira francesa, “Ouisille & C.ª”, para cons-trução de uma fábrica de conservas. O arrendamento foi feito por 99 anos, e em representação da empresa, assinou a escritura o francês Ferdinand Carnoy. A construção da fábrica foi de tal modo rápida que em Julho desse ano o edifício já se encontrava concluído.

Este edifício ainda hoje existe, depois de ter sido utilizado sobretudo como lojas de companha de pesca, e muitos sesimbrenses ainda o conhecem como “fábrica francesa”.

Mas foi em Maio de 1916 que José Marques Antunes apresentou à Câmara o pedido para construção, na sua “Horta do Calvário”, de uma série de “casas de r/chão”, com “paredes de pedra, cal e areia, rebocadas e caiadas; os tectos são forrados e pintados, todos os pavimentos são assoalhados; os telhados são de telha tipo Marselha, de 1ª qualidade, e as madeiras a empregar são de pinho, excepto os vãos interiores e exteriores, que serão de madeira de casquinha, pintados a tinta de óleo.”

Seis das casas seriam contíguas, desniveladas, de modo a acompanhar o declive do terreno, e teriam. “cada uma, um pequeno logradouro ou quintal pelo lado norte”. Haveria ainda uma sétima casa, mas no lado oposto da rua que assim começava a nascer, e que tem hoje, precisamente, o nome de “Rua do Bairro Antunes”.

A construção das casas deve ter sido rápida, pois no ano seguinte o mesmo proprietário solicitou à Câmara licença para a construção de “um barracão destinado a fábrica de conservas de peixe no Bairro Antunes”. Tanto quanto se sabe, esta fábrica nunca chegou a ser construída.

Em 1961, o fotógrafo Artur Pastor captou esta sequência de casas, na foto-grafia que se pode ver à esquerda, ainda com um aspecto muito próximo do que teriam tido aquando da sua construção.

João Augusto Aldeia

Dinheiro em chamas

A família Marques Antunes – quer José Marques, quer o seu filho Joa-quim Marques – tinha fama de ava-reza, e de guardar muito dinheiro, em notas, em casa. Quando vendeu uma propriedade no campo, por exemplo, Joaquim Marques Antunes exigiu ser pago numerário, que trouxe numa alcofa para casa.

Em Dezembro de 1975, o Bairro Antunes presenciaria um facto in-sólito: as irmãs Maria Amélia e Eulália Amélia, senhoras idosas e solteiras, netas de Joaquim Marques Antunes, transportaram notas para o quintal da sua casa, onde as queimaram em grandes quantidades.

Alertada pela fumarada, a vizi-nhança chamou as autoridades, que encontraram na casa maços de notas e alguns quilos de moedas, somando tudo 2.960 contos (14.760 €) - para além das que tinham sido queimadas.

Luís Pedro Baeta, recorda: “Não tin-ham uma televisão, não tinham nada.”

A rua do “Lá Vem Um”

Rotary Club Sesimbra apoia escola das Fontainhas

O Rotary Club Sesimbra levou a cabo mais uma das suas iniciativas em prol da comunidade sesimbrense, desta vez através da recuperação de parte das in-stalações da escola EB 1 Casal do Sapo – Fontainhas.

Há já algum tempo que o telhado de um dos pavilhões da escola, que agregava duas salas, tinha caído, não havendo da parte dos pais confiança para que as crianças continuassem a ter aulas

naquele espaço. Os Rotários souberam do problema e abraçaram de imediato este projecto.

Fizeram a recuperação de duas salas, promoveram o arranjo do tecto, pinturas, restauro de alguns móveis, a fim de pro-porcionar as necessárias condições para as aulas. As salas recuperadas destinam-se ao ensino primário, sendo uma de ginástica e outra de inglês/informática.

Para além da recuperação do pavilhão,

foi também colocado um telheiro, pre-vendo-se ainda a oferta de um pequeno animal, uma “cabrita bebé”, para a quinta pedagógica da escola.

A Junta de Freguesia da Quinta do Conde também teve um papel de de-staque, apoiando algumas das repara-ções.

Com este gesto dos Rotários, há agora espaço e condições para que as crianças sintam vontade de estar na escola. O estabelecimento de ensino conta assim com quatro salas para a primária, uma sala para o pré-escolar, uma biblioteca, um ATL – a cargo dos encarregados de educação - e uma quinta e horta.

Teresa Carvalho da Silva

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14O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

No dia 5 de Maio, realizou-se o Reflex Skimboard Pro -1ª etapa do Circuito Nacional de Skimboard 2012, na praia de Sesimbra, com a organização do Surf Clube de Sesimbra e com a parceria da Federação Portuguesa de Surf.

A prova que estava agendada para o fim-de-sema-na, apenas se realizou no dia de Sábado devido à on-dulação que não se proporcionou para o dia seguinte.

Nesta 1ª etapa, participaram quarenta e quatro atletas, divididos por quatro categorias: open, sub-18, sub-16 e feminino. Os vencedores em destaque desta etapa são Hugo Santos (CS Norte) e Sofia Lopes (CRC Quinta dos Lombos).

Teresa Carvalho da Silva

1ª Etapa do Circuito Nacional de Skimboard 2012

GD Alfarim Campeão Futebol Júnior

A equipa de Júniores de futebol do Grupo Des-portivo de Alfarim, recebeu no passado Domingo, dia 27 de Maio, as faixas de campeões do Campeonato Distrital da 2ª divisão.

A equipa foi congratulada, no Centro Desportivo de Alfarim, no intervalo do “derby“ entre as equipas séniores do clube da casa e da ACRUTZ.

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O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 201215

Vai ser notícia!

Nos passados dias 28 e 29 de Abril e 1 de Maio real-izaram-se as regatas Wintermantel, XII Naval Sesimbra e regata Walter Brash.

Esta iniciativa foi organizada pelo Clube Naval de Sesimbra e contou com o apoio e parceria da Associação Naval de Lisboa.

Nos últimos dois anos o destino destas regatas ru-mavam a Tróia, no entanto com o posicionamento de Sesimbra e com o apoio constante do Clube Naval de Sesimbra foi possível realizá-las novamente em Sesim-bra, cujo já era uma tradição desde 1945.

No dia 28 o dia foi marcado pelas embarcações da regata Wintermantel que partiram de Lisboa a meio da manhã e rumaram até à baía de Sesimbra. Devido ao

Regatas escolhem Sesimbramau tempo que se fez sentir, houve algumas desistên-cias, no entanto este dia contou com a participação de vinte e duas embarcações que chegaram a Sesimbra pela tarde.

Já no dia 29 de Abril, foi a XII regata Naval de Sesim-bra que marcou o dia. Estiveram presentes vinte e seis embarcações de vela, nos três tipos de classes. Nesta destacam-se as embarcações MYA, SANTELMO e BAR-CO IRIS que foram as vencedoras nos respectivos níveis.

Nos dias 15, 16 e 17 de Junho, o Clube Naval de Ses-imbra organizará a II Regata Festival de Sesimbra, com a participação de 60 embarcações de vela de cruzeiro.

Teresa Carvalho da Silva

No passado dia 5 de Maio o Pavilhão Munici-pal quinta-condense foi palco do Torneio Interna-cional Quinta do Conde – Taça ALADS (Associa-ção de Lutas Amadoras do Distrito de Setúbal).

Na prova estiveram presentes cem atletas, repre-sentados por catorze equipas masculinas e femini-

Taça ALADS na Quinta do Conde

As atletas Liliana Santos e Vânia Guerreiro estiveram presentes em Helsínquia, na Fin-lândia, no dia 6 de Maio, para os apuramen-tos dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

A p e s a r d a p e r f o r m a n c e d e s e m p e n -hada, as atletas não conseguiram o apura-mento para esta competição a nível mundial.

Luta Feminina em Helsínquia

Na belíssima tarde de 16 de Maio de 1971, há 41 anos bem contados, o Desportivo de Sesimbra cometeu a proeza de eliminar a Académica de Coimbra, por 2-0, sendo então integrado na série de “Tomba-gigantes” da clássica Taça de Portugal.

Na Vila Amália, bem emoldurada de público, vibrou-se intensamente como há ainda muitos “pêxitos” a recordar.

Aos 11 minutos já o Sesimbra vencia por 2-0, com os golos a cargo de Eduardo “Ginja” e Julião, deixando os “capa-negras” estupefactos – e não era caso para menos…

Nos principais jornais desportivos da época, “A Bola” e o “Mundo Desportivo” o feito sesimbrense justificou retumbantes títulos que apetece relembrar.

“Só foi sensação para quem não assistiu” – referiu o Diário Popular.

“Foi mesmo limpinho” - em “A Bola”, pela pena de Cruz dos Santos.

“Sensação em Sesimbra – a Académica eliminada”, lia-se no “Mundo Desportivo”, com adicional apodo de “Tomba-gigantes”.

A turma sesimbrense actuou sob orientação técnica do “mister” Tavares Pereira e foi “capitaneada” pelo vol-

Quando o “Desportivo” foi “TOMBA-GIGANTES”

DESPORTO

14ª Edição Gimnopraia2 de JunhoPraia do Ouro, Sesimbra

I Sarau Desportivo do Concelho de Sesimbra7 Junho às 14h00Pavilhão Municipal de Sampaio

1ª Etapa do Circuito Vestal 2012 de Surf, Bodyboard e Skimboard9 e 10 de Junho

2º passeio btt “Rota do Samba”17 JunhoOrganização:GRES Batuque do Conde

Sesimbra Summer Cup21 a 24 de JunhoComplexo Desportivo Municipal da Maçã, Parque Desportivo ACRUTZ, Centro Desportivo de Alfarim

2ª Etapa do Circuito Vestal 2012 de Surf, Bodyboard e Skimboard23 e 24 de Junho

Sarau de Encerramento das Atividades de PavilhãoÉpoca 2011/201230 de Junho (Sábado) às 21h00 horas Grupo Desportivo de Alfarim

OUTROS EVENTOS

7ª Quinzena do peixe-espada preto26 de Maio a 10 de junho Restaurantes apresentam receitas à base deste peixe.

Feira Festa 2012 1 a 10 de JunhoQuinta do Conde

Teatro - A Festa Vai à PraçaGrupo De Vez em QuandoDias 06/22/29 e 30 de Junho Às 21h30Cineteatro João Mota

Rotary - Cerimónia de entrega da Carta Constitucional9 de Junho, às 20h00Restaurante Canhão IIMais informações: André Quaresma [email protected]

Desfile de Moda e fantasiaEloísa Santos9 de Junho, às 22hPraça da Califórnia

Santos Populares 12 de Junho a 1 de Julho

Marchas populares: 22 de Junho – Qta. Do Conde23 e 30 Junho – Sesimbra

nas e de nacionalidades portuguesa e espanhola. A mesa de honra foi composta pelo presidente da

Junta de Freguesia da Quinta do Conde, Vítor Antunes, os vereadores da CMS José Polido e Sérgio Marcelino e pela Federação Portuguesa de Lutas Amadoras através do presidente Noberto Rodrigues, e pelos vice-presidentes Paulo Dores e João Lopes. Estiveram também presentes, no evento, a Associação de Lutas Amadoras de Lisboa, a Associação de Lutas Amadoras do Distrito de Setúbal e o Clube de Lutas do Bastos.

As equipas vencedoras do Torneio foram a Se-lecção de Espanha, com 61 pontos, que ocupou o 1º lugar, a Selecção de Madrid, com 47 pontos que ficou em 2º lugar, e a K-luso que conquistou o 3º lugar.

Teresa Carvalho da Silva

untarioso Artur que nos proporcionou preciosas ajudas para esta evocação.

Eis a constituição da equipa: Artur (capitão), Fragata, Joaquim Alexandre e Floriano; Jorge Canário, Santana e Joaquim Manuel; Francisco Mário, Julião e Eduardo “Ginja”.

No 2º tempo também actuaram Áureo e Piedade, ajudando a suportar o maior domínio dos muito sur-preendidos estudantes de Coimbra que alinharam assim:

Cardoso; Feliz, Carlos Alhinho, Rui Rodrigues e Marques; Gervásio (capitão), Vítor Campos; Crispim, António Jorge, Manuel António e Serafim.

Após o intervalo actuaram, também, Vala e “Zé” Manuel (irmão mais novo do consagrado Artur Jorge).

O árbitro foi Ilídio Cacho, coadjuvado por Francisco Pinheiro e João Gaspar.

Dos 26 participantes, decorridas duas décadas, já há (infelizmente) quem não possa responder à chamada, quer no Sesimbra (2) quer na “Briosa” (4).

Foi uma tarde inesquecível e foi-nos agradável recordar essa vitória com a preciosa ajuda do Artur. Há 41 anos – tanto tempo!

David Sequerra

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Finisterra

16O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2012

O SESIMBRENSE

A jovem actriz, Patricia Candoso, que também é cantora, é o rosto do festival Finisterra. O seu papel neste festival é gravar o filme promocional que foi gravado na zona da Arrábida, Sesimbra e Setúbal, zona que Patricia já conhecia razoavelmente bem, com o intuito de promover esta zona que vai acolher o festival. Aproveitamos a sua presença junto ao Sana Park, no tempo livre das gravações da novela da TVI Louco Amor, para a entrevistar:

O que está a achar de estar inte-grada neste projecto?

É assim, como é lógico que sendo o primeiro não tinha qualquer ideia do propósito e do que é que seria o festival, como já conhecia o Carlos há muito tempo aceitei de imediato o projecto e tenho estado a perceber, e ele também

tem-me feito chegado o feedback dos outros países que vão participar, e acho que tem estado a correr bastante bem. Esta zona aqui da Arrábida e Sesim-bra já conhecia razoavelmente bem, e pronto à parte de ser um trabalho também tem o lado divertido e o lado mais descontraído do trabalho. Tenho estado a gostar imenso.

Conhecendo o fundador do pro-jecto, já se sentia mais integrada?

Claro que quando nós conhecemos as pessoas, primeiro sabemos com o que estamos a contar e quando conhecemos as pessoas é sempre mais fácil trabalhar e gerir os horários, porque a coisa que mais me preocupa-va era a falta de tempo para participar no projecto, mas o Carlos fez-me sentir que realmente queria muito que eu par-ticipasse, então todos os bocadinhos

que tenho arranjado neste último mês temos estado a trabalhar juntos.

Como têm estado a correr as gravações?

Já fomos a Tróia, Setúbal, e hoje (9 Maio) é sem dúvida o melhor dia porque está este sol fantástico, nos outros dias o tempo não ajudou muito, mas tem es-tado a correr bem, estamos a conseguir cumprir quase na totalidade os nossos objectivos de gravação, e acho que vai ficar um filme muito interessante.

Como estão a correr as grava-ções da nova novela da TVI “Louco Amor” em que participa?

Eu sou a Bia, uma rapariga muito jovem, muito enérgica, e trabalha num bar que é a Broadway. Ela tem uma história muito envolvente e tem um elenco de luxo, com actores fantásticos, e as gravações tem estado a correr

bem, tenho gravado bastante mas também é gratificante, porque neste trabalho para além de representar eu também canto e então estou a conciliar duas áreas de que gosto bastante. É um projecto muito divertido.

Na sua carreira tem dado para conciliar a representação e a música?

Sim, tem sempre dado para conciliar, e de facto nos últimos anos tenho feito bastantes trabalhos em que as duas áreas estão juntas e nesta novela ao início por acaso não sabia muito bem o desenrolar da personagem, mas de-pois quando soube que a personagem também ia ter esse lado de cantora fiquei muito contente, porque sinto que posso mostrar outras facetas artísticas e é sempre muito gratificante.

Teresa Carvalho da Silva

Patrícia Candoso em Sesimbra

A 1ª edição do Finisterra, Arrábida Film Festival, arrancou no passado dia 22 de Maio, com uma sessão solene no Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos em Lisboa. Na cerimónia estiveram presentes as embaixadas da China, Espanha, Itália, Indonésia, Macau e Marrocos, bem como os 3 Municípios apoiantes do Festival: Sesimbra, Setúbal e Palmela, e ainda o CIPA, alguns con-vidados bem como alguns amigos e curiosos.

A nota dominante dos vários discursos foi a da importância deste projecto para o “reconhecimento territorial da Arrábida” e zonas envolventes – um festival que inicialmente só estava previsto realizar-se entre Sesimbra e o Cabo Espichel, alargou os “horizontes” e estendeu-se à Península de Setúbal.

Segundo os organizadores, o grande objectivo do Finisterra é aliar a sétima

Foi proposto aos alunos de Design do IPA a criação do logotipo do Festi-val. Os autores do projecto vencedor justificaram a sua escolha: “Finisterra significa o fim da terra e tem todo um ciclo. É o fim da terra e o princípio do mar, assim, sugere-nos um ciclo. Por outro lado, o sentido da visão, do que nos rodeia e completa, utilizando assim o formato do olho. A relação entre os conceitos deu azos ao pro-jecto final, daí o resultado do logotipo”. Quanto às cores, os tons de castanho e verde significam a montanha, e os tons de azul, o mar.

Finisterra Film Festival

arte ao turismo e “mostrar ao mundo” a região, os produtos, a riqueza e a cul-tura, como também clarificar a imagem Nacional e Internacional, assim, trazendo “novos visitantes e novos investimentos”.

No dia 26 de Maio teve lugar a in-auguração oficial em Sesimbra, que decorreu no cine-teatro João Mota, com a presença de Augusto Pólvora e Carlos Sargedas.

O Finisterra pretende também comple-mentar a candidatura da Arrábida a Património Mundial da Unesco.

O recém-nascido Festival conta com a impressionante participação de 96 filmes, representando 18 países, es-tendendo-se a 4 cidades (Sesimbra, Setúbal, Palmela e Lisboa), 15 salas de projecção, contando com 11 exposições e 5 mini-conferências e 1 conferência internacional.

Teresa Carvalho da Silva

Criação do logotipo

Abertura da Exposição de fotografia “Cultos, Templos, Ou Mun” de Vítor Cordeiro no Sana Sesimbra Hotel, no passado dia 26 de Maio.

Foto Carlos Sargedas

Durante os dias 11 a 13 de Maio o Cineteatro Municipal João Mota aco-lheu a 8.ª edição da Mostra de Teatro Escolar, onde foram levadas à cena 13 peças preparadas por alunos da rede escolar de Sesimbra, quer pública, quer solidária e privada.

8.ª Mostra de Teatro Escolar

O quadro redactorial d’O Sesimbrense conta com uma nova jornalista, Teresa Carv-alho da Silva, que já colaborou intensivamente na presente edição.

Natural de Sesimbra e pertencendo a uma família sesimbrense – o seu avô paterno, o Filipe da “Luz”, era muito conhecido como pro-jecionista no cine-teatro João Mota – Teresa formou-se em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Lusófona e, em Sesimbra, já antes desempenhara funções na SesimbraTv.

Damos as boas vindas a esta jovem jor-nalista, e formulamos votos de sucesso na sua carreira.

Teresa Carvalho da Silva