O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE EDUCAÇÃ O FÍSICA E FISIOTERAPIA CURSO DE FISIOTERAPIA O uso da microg alvanopuntura no tratamento de estrias atróficas: análise comparativa do trauma mecânico e da microcorrente Kátia dos Santos Lima Lisiane Pressi Passo Fundo 2 005

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE EDUCAÇÃ O FÍSICA E FISIOTERAPIA

CURSO DE FISIOTERAPIA

O uso da microg alvanopuntura no tratamento de estrias atróficas:análise comparativa do trauma mecânico e da microcorrente

Kátia dos Santos Lima

Lisiane Pressi

Passo Fundo

2 005

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Kátia dos Santos Lima

Lisiane Pressi

O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estriasatróficas: análise comparativa do trauma mecâ nico e da

microcorrente

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia, daFaculdade de Educação Física e Fisioterapia daUniversidade de Passo Fundo, como requisitoparcial para a obtenção do grau de Fisioterapeuta,sob orientação do Ms. Rodrigo Schmidt.

Passo Fundo

2005

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela certeza de que nunca estivemos sós.

Ao nosso orientador, Prof. Ms. Rodrigo Schmidt, pela forma como nos orientou,

demonstrando sempre interesse, competência, seriedade e pela disponibilidade diante de

tantas as atividades.

Aos nossos queridos pais, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com

dignidade, e sempre acompanharam nossos passos, mesmo quando foi preciso correr para

andarmos juntos, não bastaria apenas um obrigado. Dedicamos este trabalho à vocês, pois

foram os verdadeiros professores em nossas vidas.

Aos nossos irmãos, pelo amor, compreensão e incentivo na realização deste trabalho.

Ao meu amor Eduardo, eu Kátia, agradeço pela compreensão, apoio e amor.

Às colaboradoras Janaíne Polese e Daiane Mazzola, pela disponibilidade, dedicação e

pelo aux ílio nas aplicações da té cnica.

Kátia e Lisiane.

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RESUMO

As estrias são atrofias lineares, algo sinuosas, a princípio avermelhadas, depois

esbranquiçadas e abrilhantadas. Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às

outras, e perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico

localizado, caracterizando, portanto, uma lesão da pele. A estria é um problema que não tem

solução, mas existem tratamentos alternativos que suavizam as linhas recentes e antigas que

deformam a pele. Este estudo teve como objetivo comparar a utilização da

microgalvanopuntura no tratamento das estrias e fazer uma análise comparativa do tratamento

com o trauma mecânico e a microcorrente e somente com o trauma mecânico, utilizando o

aparelho Striat®(Ibramed). Participaram do estudo dez voluntárias, portadoras de estrias albas

e recentes, que foram submetidas a dez aplicações com o Striat, sendo que foi aplicado ora

com ele ligado (associando microcorrente e trauma mecânico), e ora com o aparelho

desligado, onde foi aplicado somente o trauma mecânico na estria. O estudo baseou-se no tipo

“duplo-cego”. A avaliação dos resultados foi realizada através do grau de satisfação das

pacientes e de uma enquete. Foi utilizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação

entre o aspecto estético das estrias e a condição do aparelho. Os resultados obtidos no estudo

demonstraram que o grau de satisfação da maioria das pacientes foi muito satisfatório, o que

nos permite confirmar a eficácia do tratamento com o Striat. Os resultados obtidos da enquete

sugerem que o tratamento com o trauma mecânico, ou seja, com o aparelho desligado,

apresenta resultados mais satisfatórios esteticamente do que quando associado com a

microcorrente (aparelho ligado).

Palavras-chaves: Fisioterapia dermato-funcional, estrias, microgalvanopuntura.

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ABSTRACT

The striaes are linear atrophies, something widing, at first red colored, later white and

brilliant. Rare or numerous, the striaes are perpendicularly to the crack lines of the skin,

indicating a located elastic disequilibrium, characterizing, therefore, an injury of the skin.

The striaes are a problem that does not have solution, but there are alternative treatments that

alleviate the recent and old lines wich deforms the skin. This study had as objective to

evaluate the use of the microgalvanopuntura in the treatment of the striaes and to make a

comparative analysis of the treatment with the mechanical trauma and the microchain, using

the Striat®(Ibramed) equipment. Ten volunteers had participated of the study, all of them

striae skin carriers, they had been submitted to ten applications with the Striat, the equipment

was applied however with on it (associating microcurrent and trauma mechanical), and

however with the equipment off, where the mechanical trauma in the striae was only applied.

The study it was based on "the double-blind" type. The evaluation of the results was carried

through the degree of satisfaction of the patients and one questionnaire. The Qui Quadrado

test was used to verify the association between the aesthetic aspect of the striaes and the

condition of the equipment. The results gotten in the study had demonstrated that the degree

of satisfaction of the majority of the patients was very satisfactory, what in it allows to

confirm the effectiveness of the treatment with the Striat. The results gotten of the

questionnaire suggest that the treatment with the mechanical trauma, or either, with the

equipment off, presents results aesthetic more satisfactory of that when associated with the

microchain (equipment on).

Word-keys: Physical Therapy dermato-functionary, striaes, microgalvanopuntura.

Page 6: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Sujeito 1 pré-tratamento................................................................................30

Figura 2- Sujeito 1 pós tratamento................................................................................30

Figura 3- Sujeito 2 pré-tratamento................................................................................30

Figura 4- Sujeito 2 pós tratamento................................................................................30

Figura 5 -Sujeito 3 pré-tratamento................................................................................30

Figura 6- Sujeito 3 pós-tratamento................................................................................30

Figura 7- Sujeito 4 pré-tratamento................................................................................31

Figura 8- Sujeito 4 pós-tratamento................................................................................31

Figura 9- Sujeito 5 pré-tratamento................................................................................31

Figura 10- Sujeito 5 pós-tratamento..............................................................................31

Figura 11- Sujeito 6 pré-tratamento..............................................................................31

Figura 12- Sujeito 6 pós-tratamento..............................................................................31

Figura 13- Sujeito 7 pré-tratamento..............................................................................32

Figura 14- Sujeito 7 pós-tratamento..............................................................................32

Figura 15- Resultado da enquete no pré e pós-tratamento............................................32

Figura 16- Resultado da enquete com o aparelho ligado..............................................33

Figura 17- Resultado da enquete com o aparelho desligado.........................................34

Figura 18- Avaliação do grau de satisfação das pacientes............................................34

Page 7: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................08

1 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................09

1.1 A pele – estruturas e funções...............................................................................09

1.1.1 Epiderme................................................................................................10

1.1.2 Derme....................................................................................................12

1.1.3 Hipoderme.............................................................................................14

1.1.4 Anexos da pele......................................................................................14

1.1.5 Funções da pele.....................................................................................15

1.2 Reparo dos tecidos..............................................................................................15

1.2.1 Fatores que influenciam no reparo dos tecidos........................................17

1.3 A eletricidade......................................................................................................18

1.3.1 A corrente elétrica....................................................................................18

1.3.2 Resistência e lei de Ohm..........................................................................18

1.3.3 Eletroterapia.............................................................................................19

1.3.4 Corrente galvânica....................................................................................19

1.3.5 Efeitos da microcorrente à nível tissular..................................................21

1.4 Estrias..................................................................................................................21

1.4.1 Conceito....................................................................................................21

1.4.2 Incidência.................................................................................................22

1.4.3 Histologia.................................................................................................22

1.4.4 Etiologia...................................................................................................23

1.4.5 Características clínicas.............................................................................23

1.5 Striat....................................................................................................................24

2 MATERIAIS E MÉ TODOS......................................................................................25

Page 8: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................28

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................35

5 REFERÊNCIAS BIBLIOG RÁFICAS.......................................................................36

ANEX O I: TERMO DE CONSENTIMENTO.............................................................38

ANEX O II: FICHA DE AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO...................................39

ANEX O III: FICHA DE ANÁLISE DO G RAU DE SATISFAÇÃO DAS

PACIENTES.................................................................................................................40

ANEX O IV: ENQUETE ..............................................................................................41

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INTRODUÇÃO

As estrias são definidas como atrofias cutâneas lineares que se formam quando a

tensão do tecido provoca uma lesão do conectivo dérmico, ocasionando uma dilaceração das

malhas. A perda da elasticidade e da compactação ocasiona precisamente uma lesão. É muito

comum seu surgimento no sexo feminino, principalmente durante a puberdade, em

decorrência do crescimento acelerado e no início da fase adulta podendo ser devido à

obesidade ou por uma gravidez (MACEDO apud SANTOS e SIMÕES, 2004).

Segundo Guirro (2004), esses problemas além de serem desagradáveis aos olhos no

ponto de vista estético, acarretam alterações comportamentais e emocionais, além de levar a

uma baixa auto-estima, impedindo assim a completa harmonia entre corpo e mente.

A estria é um problema que não tem solução, mas existem tratamentos alternativos,

tanto médicos como fisioterapêuticos, que suavizam as linhas recentes, bem como as mais

antigas e esbranquiçadas que deformam a pele. A fisioterapia dermato-funcional vem

crescendo no mercado, e a cada dia proporcionando novas alternativas para tratar tais

distúrbios estéticos.

O Striat® é um aparelho utilizado para o tratamento das estrias, e pode-se alcançar até

40% de melhora no aspecto da estria. Este equipamento utiliza uma agulha, que é introduzida

à nível subepidérmico desencadeando um processo inflamatório local, que leva à cicatrização,

promovendo melhor aparência da pele.

A falta de estudos metodologicamente adequados estimulou a realização desse estudo

analisando não somente o resultado final, mas isolando os resultados do trauma mecânico e da

microcorrente comparando-os esteticamente aos resultados obtidos.

Nosso objetivo foi comparar o resultado estético das técnicas através de uma enquete e

avaliar o grau de satisfação das pacientes após o tratamento.

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1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 A Pele – Estruturas e funções

A pele ou cútis, é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, e que

isola os componentes orgânicos do meio exterior. Constitui-se em complexa estrutura de

tecidos de várias naturezas, dispostos e interrelacionados de modo a adequar-se, de maneira

harmô nica, ao desempenho de sus funções (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A pele representa 12% do peso seco total do corpo, com peso de aproximadamente 4,5

kg, e é de longe o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente (GUIRRO E GUIRRO,

2004).

Embriologicamente, a pele deriva dos folhetos ectodérmicos e mesodérmicos. As

estruturas epiteliais – epiderme, folículos pilossebáceos, glândulas apócrinas, glândulas

écrinas e unhas – derivam do ectoderma. Os nervos e os melanócitos originam-se no

neuroectoderma e as fibras colágenas e elásticas, vasos sangü íneos, músculos e tecido adiposo

originam-se no mesoderma (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

No primeiro mês de vida, a pele é representada por uma única camada de células

cubóides. Nos segundo mês aparecem às células da camada germinativa e no 4° já são muitas

as camadas celulares. O desenvolvimento dos cabelos tem início no 3° mês. O primeiro sinal

de desenvolvimento das glândulas sebáceas observa-se no 3° ou 4° mês da vida fetal,

constituído por um brotamento na camada externa da raiz do folículo piloso, em que as

células epiteliais multiplicando-se se estendem para baixo formando a glândula (BECHELLI,

1988).

Os primeiros rudimentos de glândulas surgem no 5° mês de vida fetal, consistindo

num brotamento de células epiteliais, que se aprofunda na derme, projetando-se em forma de

cone. No 6° mês esse cone se alonga e, gradualmente, se enrola formando um tubo espiralado

de extremidade inferior dilatada. No 7° mês se desenvolve o canal e no 9° mês a estrutura

Page 11: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

glandular está completa com um ducto excretor não ramificado, que atinge a epiderme num

óstio visível na superfície ( BECHELLI, 1988).

A pele compõe-se essencialmente de três camadas: a epiderme, a derme e a

hipoderme.

A epiderme é a camada externa e está diretamente ligada ao meio ambiente. Ela é

formada por um arranjo ordenado de células, denominada de ceratinócitos, cuja função básica

é sintetizar a ceratina, uma proteína filamentosa com função protetora.

A derme é a camada interna e seu principal componente é uma proteína estrutural

fibrilar denominada colágeno. Ela está localizada sobre o panículo, ou hipoderme, que é

composto, principalmente, de lóbulos de lipócitos ou células adiposas (ARNOLD Jr; ODOM;

JAMES, 1994).

1.1.1 Epiderme

De origem ectodérmica, a epiderme apresenta-se constituída de células epiteliais

dispostas em camadas, as quais de dentro para fora recebem, respectivamente, o nome de

germinativa ou basal, malpighiana ou corpo mucoso, granulosa ou córnea (BECHELLI,

1988).

A epiderme de uma pessoa adulta compõe-se de três tipos básicos de células: os

queratinócitos, os melanócitos e as células de Langerhans. A célula dendrítica indeterminada

e a célula de Merkel são dois tipos adicionais que podem ser encontrados ocasionalmente

dentro e na camada basal da epiderme e na mucosa oral, respectivamente (ARNOLD Jr;

ODOM; JAMES, 1994).

Os queratinócitos constituem a maior parte da epiderme. As células são formadas em

sua camada mais profunda a partir de células cilíndricas que sofrem contínua atividade

mitótica. Uma vez formadas, são empurradas sucessivamente para camadas mais superficiais,

pela produção de novas células. À medida que ganham camadas superiores, as células

sintetizam uma proteína (queratina), no seu citoplasma. É de aproximadamente um mês o

período que vai da formação celular até a maturação do queratinócito. O grau de

queratinização e a espessura da epiderme nas diferentes regiões do corpo são determinados

antes do nascimento e estão sob controle genético (CUCÉ; NETO, 1990).

Os melanócitos são as células produtoras de pigmento e se localizam

predominantemente ao nível da camada basal na proporção de dez queratinócitos basais para

um melanócito. É interessante observar que o número de melanócitos é aproximadamente o

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mesmo em todas as raças. O bronzeamento da epiderme pelo sol se deve a uma excitação da

tirosinase levando a formação de melanossomos maiores e em maior número (GAMONAL,

2002).

As células de Langerhans são células dendríticas. De origem e função discutidas, são

hoje consideradas células monocitárias macrofágicas de localização epidérmica, com função

imunológica, atuando no processamento primário de antígenos exógenos que atingem a pele.

Além de sua localização epidérmica, as células de Langerhans são encontradas na derme, nos

linfáticos da derme, linfonodos e timo (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

Segundo Guirro (2004), a epiderme é em geral descrita como constituída de quatro ou

cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúcida estar ou não incluída, só sendo

observada em determinadas amostras de pele espessa.

A camada germinativa ou basal compõe-se de dois tipos de células: basais e

melanócitos. As primeiras são cilíndricas de eixo maior perpendicular à superfície cutânea,

justapostas, constituindo fileira única. Possuem núcleo alongado ou oval, disposto, também,

perpendicularmente à superfície da pele. Algumas apresentam formas de mitose, em número

relativamente reduzido, quando se considera que a renovação das células basais parece rápida

(BECHELLI, 1988).

Abaixo da camada germinativa ou basal, existe uma fina estrutura constituída por

mucopolissacarídeos neutros, a membrana basal, que tem importante participação em várias

condições patológicas da pele e cuja análise anátomo-patológica, imunopatológica e, mesmo,

ultra estrutural é, por vezes, muito importante no diagnóstico e interpretação da patogenia de

certas dermatoses. Algumas funções da membrana basal: aderência dermo-epidérmica,

suporte mecânico e função barreira (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A camada malpighiana ou camada de células espinhosas está situada acima da camada

basal, e tem a espessura de vários estratos celulares. Nesta camada, os queratinócitos são mais

achatados e poliédricos, com seus longos eixos paralelos à superfície. A superfície das células

é coberta por curtas expansões semelhantes às células adjacentes. Em cortes fixados pelo

formol, estas expansões se acentuam, dando a impressão de “espinhos”, fato que definiu a

denominação de camadas de células espinhosas (CUCÉ; NETO, 1990).

A camada granulosa é formada por células granulosas, assim denominadas por

caracterizarem-se pela presença de grande quantidade de grânulos. Estes grânulos são de

tamanho e forma irregulares e compõem-se de queratohialina. São compostos de profilagrina,

proteína que origina a filagrina e por citoqueratinas. Na camada granulosa, já são detectados

outros elementos, componentes do envelope das células corneificadas: involucrina,

Page 13: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

queratolinina, pancornulinas e loricrina. Em áreas de queratinização imperfeita, a camada

granulosa pode estar ausente (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

Antes da transformação da camada granulosa em córnea aparece a camada lúcida, que

é mais abundante nas regiões palmo-plantares e constituída de células achatadas anucleadas

(GAMONAL, 2002).

A camada córnea é formada de células mortas, anucleadas, desidratadas, com aspecto

de finas lâminas superpostas. As mais superficiais acabam por se eliminar. Esta camada atinge

maior espessura meio milímetro e mais na região plantar. As células córneas compõem-se de

uma substância albuminóide especial, a ceratina, resultante de modificação das proteínas das

células epiteliais (ceratinização). A elas se devem a resistência e relativa impermeabilidade da

pele (BECHELLI, 1988).

As funções da epiderme são: proteção contra traumas físicos e químicos,

principalmente em função da camada córnea; resistência às forças de tensão a epiderme;

prevenção da desidratação e perda de eletrólitos, além da proteção contra o encharcamento do

corpo quando em contato com a água, graças à impermeabilidade da queratina; restrição da

passagem de corrente elétrica, devido a alta impedância que a caracteriza; proteção contra

entrada de substâncias tóxicas; proteção dos efeitos nocivos do UV, através da melanina

( CUCÉ; NETO, 1990).

1.1.2 Derme

É uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme,

comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos

subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situam-se

algumas fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e ela é suprida por

vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e

órgãos do sentido. A derme apresenta uma variação considerável de espessura nas diferentes

partes do corpo sendo que a sua espessura média é de aproximadamente dois milímetros. Sua

superfície externa é extremamente irregular, observando-se as papilas dérmicas (GUIRRO E

GUIRRO, 2004).

O principal componente da derme é o colágeno, uma proteína fibrosa que atua como a

principal proteína estrutural de todo o corpo. Ele é encontrado nos tendões, ligamentos e no

revestimento dos ossos, da mesma forma que na derme, e representa 70% do peso seco da

pele (ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994).

Page 14: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

Segundo Sampaio (2001), a derme pode ser dividida em três partes distintas:

- Derme papilar é constituída de uma camada pouco espessa de fibras colágenas finas,

fibras elásticas, numerosos fibroblastos e abundante substância fundamental, formando as

papilas dérmicas, que se amoldam aos cones epiteliais da epiderme.

- Derme perianexial: é estruturalmente idêntica à derme papilar, dispondo-se, porém,

em torno dos anexos. Compõe, juntamente com a derme papilar, a unidade anatômica

denominada derme adventicial.

- Derme reticular: compreende o restante da derme. É sua porção mais espessa que se

estende até o subcutâneo. É composta por feixes colágenos mais espessos, dispostos, em sua

maior parte, paralelamente à epiderme. Há proporcionalmente menor quantidade de

fibroblastos e de substância fundamental em relação à derme adventicial.

A vascularidade dérmica consiste principalmente de três importantes plexos

intercomunicantes: o plexo subpapilar percorre dentro da parte papilar da derme, paralela à

epiderme, e fornece um rico suprimento de capilares, arteríolas terminais e vênulas das

papilas dérmicas. Os plexos profundos, ao redor dos folículos pilosos e das glândulas écrinas,

são compostos de vasos sangüíneos maiores que os do plexo superficial. A vascularidade da

derme é particularmente bem desenvolvida nas áreas das estruturas anexiais. Os linfáticos

dérmicos estão associados ao plexo vascular ( ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994).

Os nervos cutâneos provém do sistema nervoso vegetativo e do sistema cérebro-

espinhal. Acompanhando os vasos sangüìneos alcançam a hipoderme, derme e principalmente

as papilas (BECHELLI, 1988).

Em algumas regiões do corpo, os nervos formam órgãos terminais específicos como:

Corpúsculos de Vater-Pacini, Corpúsculos de Meissner, Corpúsculos de Krause e meniscos de

Merkel-Ranvier ( GAMONAL, 2002).

As funções da derme são: promover flexibilidade à pele; determinar proteção contra

traumas mecânicos; manter a homeostase, armazenar sangue para eventuais necessidades

primárias do organismo; determinar a cor da pele, por ação da melanina, hemoglobina e dos

carotenos; ruborização, quando de respostas emocionais e é a segunda linha de proteção

contra invasões por microoranismos, por ação dos leucócitos e macrófagos aí existentes

(CUCÉ; NETO, 1990).

Page 15: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.1.3 Hipoderme

A hipoderme ou panículo adiposo, é a camada mais profunda da pele, de espessura

variável, composta exclusivamente por tecido adiposo, isto é, células repletas de gordura

formando lóbulos subdivididos por traves conjuntivo-vasculares. Relaciona-se, em sua porção

superior, com a derme profunda, constituindo-se a junção dermo-hipodérmica, em geral, sede

das porções secretoras das glândulas apócrinas ou écrinas e de pêlos, vasos e nervos.

Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no isolamento

térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos e facilita a

motilidade da pele em relação às estruturas subjacentes (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A tela subcutânea compõe-se em geral de duas camadas das quais a mais superficial é

chamada de areolar, que é composta por adipócitos globulares e volumosos, em disposição

vertical, onde os vasos sangüíneos são numerosos e delicados (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Abaixo da camada areolar existe uma lâmina fibrosa, de desenvolvimento variável

conforme a região, que é a fáscia superficialis ou subcutânea. Esta fáscia separa a camada

areolar da camada mais profunda, a camada lamelar, sendo que nesta ocorre aumento de

espessura no ganho de peso, com aumento de volume dos adipócitos, que chegam a invadir a

fáscia superficialis. Na camada lamelar ocorre a maior mobilização de gorduras quando o

indivíduo obeso inicia um programa de redução ponderal (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

1.1.4 Anexos da pele

Os pêlos estão contidos nos folículos pilosos, que resultam da invaginação da

epiderme. Compõem-se de três camadas concêntricas: medula, córtex e epidermícula

( BECHELLI, 1988).

As unhas são lâminas queratinizadas que recobrem a última falange dos dedos. Uma

unha tem quatro partes: a posterior ou raiz, que está em uma dobra da pele; a lâmina, que está

aderente ao leito ungueal na sua porção inferior e as dobras laterais e a borda livre

(SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

As glândulas sebáceas são glândulas acinosas, ramificadas, produtora de lipídios,

originando-a na região posterior do folículo piloso, distribuem-se por todo o corpo com

exceção das regiões palmo-plantares. A grande maioria descarrega seu conteúdo na luz dos

folículos, por meio de um único ducto. As restantes abrem-se diretamente na superfície da

pele ( CUCÉ; NETO, 1990).

Page 16: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.1.5 Funções da pele

Graças à arquitetura e às propriedades físicas químicas e biológicas de suas várias

estruturas, a pele, como membrana envolvente e isolante, é um órgão capacitado à execução

de múltiplas funções:

- Proteção: constitui a barreira de proteção para as estruturas internas do organismo à

ação de agentes externos de qualquer natureza e, ao mesmo tempo, impede perdas de água,

eletrólitos e outras substâncias do meio interno.

- Proteção imunológica: a pele, graças aos seus componentes dérmicos participantes

do S.R.E, é um órgão de grande atividade imunológica, onde atuam intensamente aos

componentes de imunidade humoral e celular, motivo pelo qual, hoje, grande quantidade de

testes imunológicos, bem como práticas imunoterápicas, são estudados na pele.

- Termorregulação: graças a sudorese, constrição e dilatação da rede vascular cutânea,

a pele processa o controle homeostático da temperatura orgânica.

- Percepção: através da complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é o

órgão receptor do calor, frio, dor e tato.

- Secreção: A secreção sebácea é importante para a manutenção eutrófica da própria

pele, particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. Além disso, o seb um tem

propriedades antimicrobianas e contém substâncias precursoras da vitamina D. Quanto as

glândulas sudoríparas, a eliminação de restos metabólicos não têm valor como função

excretora (SAMPAIO, RIVITTI, 2001).

1.2 Reparo dos tecidos

A regeneração é um processo complexo porém essencial sem o qual o corpo seria

incapaz de sobreviver. Envolve ações integradas das células, matriz e mensageiros químicos e

visa restaurar a integridade do tecido o mais rápido possível. A regeneração é um mecanismo

homeostático para restaurar o equilíbrio fisiológico e pode ser iniciada como resultado da

perda de comunicação entre células adjacentes, entre células e seu suporte ou por morte

celular. A regeneração pode ser descrita em termos de quimiocinesia, multiplicação e

diferenciação celular. Ocorre uma série de eventos complexos, envolvendo a migração das

células originárias do tecido vascular e conjuntivo para o local da lesão. Esse processo é

governado por substâncias quimiotáticas liberadas no local (KITCHEN, 2003).

Page 17: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

O processo de regeneração, que é comum a todos os tecidos corporais, é dividido em

três fases, que serão vistas a seguir:

- Fase inflamatória: é produzida imediatamente quando ocorre uma lesão tecidual e

terá a duração de 24 a 48 horas, tendo como característica o calor, rubor, edema e dor,

podendo haver perda de função; e se persistir a irritação local, poderá prolongar-se por mais

de 12 horas. Nesta fase ocorre a limpeza e/ou defesa da área lesada. Na lesão tecidual com

rompimento de vasos ocorre uma vasoconstrição por influência da norepinefrina com duração

de poucos minutos, levando a uma aderência das paredes dos vasos e por influência da

serotonina, ADP, cálcio e trombina, ocorrendo uma vasoconstrição secundária.

Posteriormente, ocorre uma vasodilatação também secundária, aumentando a permeabilidade

de vênulas e decorre por influência da histamina, prostaglandina e peróxido de hidrogênio. A

bradicinina atua sobre os vasos normais aumentando sua permeabilidade, liberando proteínas

plasmáticas, auxiliando a geração de coágulo extracelular. A produção de prostaglandinas

ocorre após uma lesão, e sua produção acontece praticamente em todas as células lesadas, em

decorrência da alteração do conteúdo de fosfolipídeo das paredes celulares. Certos tipos de

prostaglandinas têm ações pró-inflamatórias, aumentando a permeabilidade vascular. Atraem

leucócitos ao local da lesão, sendo também sensibilizadoras da dor (nociceptores). Após a

lesão, os primeiros a chegarem no local são os leucócitos polimorfos nucleares negativos.

Esses neutrófilos(são eletricamente negativos) atravessam as paredes dos vasos por ação

amebóide, e atuam na fagocitose dos corpos estranhos e débris, células mortas, limpando a

área de lesão. A opsolina, que é uma molécula de globulina, une-se a corpos estranhos

permitindo ao fagócito aderir a sua superfície e promover a fagocitose, seguidos pelos

macrófagos, produzindo fatores da lesão que direcionam a formação de tecido de granulação.

Esta fase dura um período de 2 a 3 dias, iniciando, depois a fase proliferativa (MACHADO,

s/a).

- Fase proliferativa: inicia-se com a ação dos macrófagos fagocitando débris, bactérias

e também neutrófilos, além de orientar os tecidos de granulação. A duração dessa fase é de 3

dias a 3 semanas e nela inicia-se o preenchimento da lesão ou ferida pelos macrófagos,

fibroblastos, novos vasos(angiogênese), matriz do tipo I e III (tecido de granulação) e células

epiteliais. Ocorre a contração centrípeta da ferida, reduzindo seu diâmetro e facilitando sua

cicatrização. Neste período, o tecido colágeno tem pouca resistência tênsil(colágeno imaturo).

As fibras reorientam-se ao longo das linhas de tensão, resultando em maior resistência tênsil.

Com a deposição de mais colágeno, a resistência das fibras à ruptura aumenta gradativamente,

atingindo 20% do normal, após 21 dias e algumas substâncias como o cobre, ferro, vitamina

Page 18: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

C, B6, magnésio, zinco têm função importante na produção de colágeno de qualidade e de boa

resistência tênsil ou mecânica (MACHADO, s/a).

- Fase de remodelamento: a fase de remodelamento/maturação da cura é um processo a

longo prazo. Esta fase caracteriza-se por um realinhamento ou remodelamento das fibras de

colágeno que compõem o tecido cicatricial de acordo com as forças de tensão, às quais a

cicatriz é submetida. Com a ocorrência da queda e da síntese de colágeno, há um constante

aumento da resistência à tração na matriz cicatricial. Estando a tensão e a tração aumentadas,

as fibras de colágeno serão realinhadas em uma posição de eficiência máxima, paralelamente

às linhas de tensão. O tecido assume gradualmente aparência e função normal, embora a

cicatriz seja poucas vezes tão forte quanto o tecido normal lesado. Em geral, ao final de

aproximadamente três semanas, aparece uma cicatriz firme, forte, resistente e não

vascularizada. A fase de maturação regenerativa pode exigir vários anos para ser totalmente

completada (PRENTICE, 2004).

1.2.1 Fatores que exercem influência na reparação dos tecidos:

- Idade: a idade avançada parece ser um fator de atraso à fibroplasia e à colagenização.

- Nutrição: a desnutrição protéica apresenta um efeito deletério sobre a reparação, uma

vez que a própria síntese de colágeno se inibe.

- Corticosteróides: inibem o processo reparador ao suprimirem o processo

inflamatório, ou através da estabilização das membranas lisossomais, bloqueando a liberação

de enzimas proteolíticas, ou através de fatores de permeabilidade necessários para a resposta

inflamatória.

- Diabéticos: a insulina parece interferir no desenvolvimento da resposta inflamatória

pela sua capacidade de diminuir a imunidade celular. Estes indivíduos são mais vulneráveis à

invasão bacteriana e a retardos da cicatrização.

- Hormônio de crescimento: favorece a resposta inflamatória, sobretudo a atividade

fibroblástica e a formação e deposição de colágeno (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Page 19: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.3 A eletricidade

1.3.1 Corrente elétrica

Segundo Kitchen (2003), corrente elétrica é o fluxo de carga elétrica (geralmente

alguns elétrons). Em alguns materiais (p.ex. metais), nos quais os átomos são ligados

formando uma estrutura tipo treliça, a carga é transportada por elétrons. Em materiais nos

quais os átomos são livres para se moverem, a carga é transportada por íons. Um líquido no

qual os íons são os transportadores de carga é chamado de eletrólito. Um isolante é um

material que não tem condutores de carga livres e desse modo é incapaz de conduzir corrente

elétrica. A corrente é medida usando um amperímetro e a unidade em que é dada é o ampére.

Um ampére representa 1 coulomb de carga fluindo através de um ponto em 1 segundo.

Há dois tipos de corrente elétrica. A corrente direta (CD) é aquela na qual o fluxo de

elétrons está em uma direção apenas e a corrente alternada (CA) é aquela na qual a corrente

flui primeiro por um caminho e depois por outro. Ao considerar os circuitos elétricos, é mais

fácil pensar primeiro nas correntes diretas. Uma sequência subsequente salienta as diferenças

entre circuitos com CA e CD (KITCHEN, 2003).

1.3.2 Resistência e lei de Ohm

A resistência é a maior ou menor dificuldade ou oposição à passagem dos elétrons no

interior de um condutor ou ainda, a dificuldade com que um fluxo eletrônico percorre um

circuito. A resistência é medida em unidades chamadas Ohms, sendo representada pela letra

R. A resistência na matéria viva se apresenta bastante variável, dependendo de sua

composição e do tipo de corrente que circula neste tecido. Se a substância que compõe a

matéria é rica em líquidos e dissoluções salinas, será boa condutora.

A Lei de Ohm estabelece as relações existentes entre os distintos parâmetros elétricos

mediante uma equação em que duas variáveis conduzem a uma incógnita. Como incógnita

podemos ter a resistência de um condutor ou de um circuito, a voltagem de entrada ou de

saída no circuito, a intensidade de corrente consumida, a potência, o trabalho, o tempo

necessário para conseguir um trabalho (AGNE, 2004).

Agne (2004) afirma ainda que o fluxo de carga elétrica através de um condutor é

análogo ao fluxo de água através dos canos. Se a água é bombeada pelo sistema, canos

estreitos irão impor mais resistência ao fluxo do que canos largos. Os condutores elétricos

Page 20: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

também oferecem uma resistência ao fluxo de carga. À medida que partículas com carga se

movem através de um condutor, elas colidem com outros condutores de carga e com os

átomos residentes; os constituintes do condutor desse modo impedem o fluxo de corrente.

Georg Ohm foi capaz de demonstrar que a corrente fluindo em um circuito é

proporcional à diferença de potencial através dele. Sua lei (Lei de Ohm), enunciada

formalmente, é: A corrente fluindo através de um condutor metálico é proporcional à

diferença de potencial que existe através dele, desde que todas as condições físicas

permaneçam constantes.

1.3.3 Eletroterapia

A aplicação da corrente elétrica com fins terapêuticos em geral e especialmente para

combater a dor, vem sendo utilizada desde os tempos antigos.

Plínio, Aristóteles e Platão já sabiam que enguias elétricas, raios e o peixe elétrico

podiam produzir choque. Porém, somente no século XVIII, que ocorreu uma acelerada busca

pelas explicações dos fenômenos elétricos observados nos animais. A partir desses, os

cientistas deduziram a hipótese de que os tecidos humanos são dotados de uma eletricidade

intrínseca, e que estão envolvidos em processos fisiológicos fundamentais como a condução

nervosa e a contração muscular (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

1.3.4 Corrente Galvânica

Em 1780, Alexandro Volta descobriu a pilha elétrica, surgindo a corrente galvânica ou

contínua.

No final do século XIX, a medicina física começou a utilizar a corrente galvânica ou

contínua para a introdução de medicamentos, tratando processos inflamatórios e reumáticos,

como soluções de sulfato de magnésio nas bursites; histamina nas afecções reumáticas

crônicas e outros (SILVA, 1997).

A corrente galvânica é uma corrente com fluxo constante de elétrons em uma só

direção. O fluxo da corrente não sofre interrupção nem varia sua intensidade na unidade de

tempo. Chamada também de corrente contínua, corrente direta, unidirecional ou corrente

constante. É uma corrente dita polar porque mantém definida a polaridade durante o tempo da

aplicação, com ação a nível mais superficial. Por definição, o estimulador de corrente direta

contínua não tem pulsos e consequentemente, não tem formas de onda ou parâmetros de pulso

Page 21: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

por esse motivo, parece um erro classificar essa corrente como sendo de baixa freqüência

(AGNE, 2004).

Na estética, no início da terceira década do século XX, começou-se a utilizar a

ionoforese ou iontoforese para mobilização de íons de ação cosmética, chamada ionização

cosmeto-dinâmica (SILVA, 1997).

A terapia com as correntes de baixa freqüência tem sido um fator importante para a

recuperação de pacientes acometidos pelas mais diversas enfermidades. Dentro da

eletroterapia, muitas são as ações terapêuticas e que, se aplicadas corretamente, produzirão

resultados altamente satisfatórios. É importante sabermos que cada paciente ou até mesmo

diferentes áreas corporais de um mesmo paciente, e ainda diferentes fases da enfermidade,

possuem diferentes sensibilidades ante um mesmo estímulo, o que nos leva a afirmar que a

dosagem deverá ser específica e individualizada em cada segmento. Importante também é a

sensação referida pelo paciente, pois a partir dela é que poderemos conseguir uma dosagem

ideal e um resultado terapêutico altamente satisfatório (MACHADO, s/d).

Soriano apud Muliterno e Gonçalves (2005) afirma que:

a corrente microgalvânica é uma corrente na qual aintensidade utilizada em estética se reduz a décima parte����������� ���������

. Não trabalha-se com miliampères e simcom microampères, emprega-se esta corrente quandoutiliza-se um eletrodo do tamanho pequeno, ondenecessitamos de intensidades menores. Essa forma deaplicação utiliza-se normalmente em locais pequenos comoestrias, cicatrizes e rugas. Quanto menor for o eletrodo,menor será a intensidade máxima tolerável, e vice-versa.

Alvarez e colegas (1983) estudaram os efeitos da corrente contínua de baixa

amperagem nas feridas induzidas em porcos e encontraram taxas aumentadas de síntese de

colágeno. Cheng e colegas estudaram o efeito da corrente contínua de baixa amperagem nas

preparações de cortes da pele e demonstraram absorção de aminoácidos aumentada, ressíntese

de ATP e síntese de proteína. Dunn e colaboradores examinaram o efeito da corrente contínua

na matriz de colágeno implantada dentro das feridas dérmicas de espessura total em um

porquinho- da- índia. Eles descobriram que a corrente contínua de baixa amperagem (cátodo

sobre a ferida) aumentou a migração de fibroblasto e o alinhamento de colágeno, enquanto

que o ânodo colocado sobre a ferida atraiu as células inflamatórias (ROBINSON e

MACKLER, 2001).

Page 22: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.3.5 Efeitos da microcorrente a nível tissular

A relutância na aceitação de tratamentos eficazes de estrias está baseada

principalmente no fato de que a fibra muscular não se regenera. Estudos preliminares

mostraram que ocorre um acentuado aumento no número de fibroblastos jovens, uma

neovascularização e o retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões de estimulação

elétrica, e como conseqüência uma grande melhora no aspecto da pele, que fica muito

próxima do normal (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Guirro e Guirro, 2004 relatam ainda que com base na sua capacidade regenerativa, as

células do organismo são classificadas em células lábeis, estáveis e permanentes. Os

fibroblastos, células derivadas do mesênquima, possuem uma capacidade de tos retêm a

capacidade de se dividirem; assim como o tecido epiteliareplicação baixa que pode ser

modificada em resposta a estímulos controlados. Os fibroblasto, o tecido conjuntivo também é

capaz de se regenerar. Na estria essa célula está quiescente, sendo que o estímulo elétrico de

baixa intensidade, mostra-se eficiente para aumentar a sua replicação bem como a das fibras e

substâncias produzidas pela mesma.

Após a lesão aparece um quadro de hiperemia e edema que são motivados por

substâncias locais liberadas pela lesão responsáveis pela vasodilatação e aumento da

permeabilidade dos vasos (GUYTON, 1997).

No tocante à neovascularização, os efeitos da inflamação aguda e da corrente

galvânica se somam, promovendo um edema brando com uma hiperemia bastante

pronunciada. A regeneração propicia o retorno de todas as funções inerentes à pele, inclusive

a sensitiva, que se encontrava grandemente diminuída (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

1.4 Estrias

1.4.1 Conceito

A estria é uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias

de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e

abrilhantadas (nacaradas). Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às outras e

perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,

caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam caráter de bilateralidade, isto é,

Page 23: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

existe uma tendência da estria distribuir-se simetricamente e em ambos os lados (GUIRRO E

GUIRRO, 2004).

1.4.2 Incidência das estrias

As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no

feminino, principalmente a partir da adolescência. A maior incidência de estrias em meninas

ocorre entre doze e quatorze, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto, as estrias são

notadas em todos os grupos etários. Na mulher adulta saudável, a incidência de estrias é 2,5

vezes mais freqüênte que no homem nas mesmas condições (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Quanto à localização das estrias, pode-se observar uma incidência maior nas regiões

que apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdômem, coxas, região lombosacral

(comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns, como fossa

poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (GUIRRO E GUIRRO,

2004).

1.4.3. Histologia

Em estudo realizado por Guirro et al. Foi constatado o rompimento das fibras da

derme, bem como o desarranjo das fibras colágenas de estrias atróficas, quando examinadas

no microscópio de polarização. Como as fibras colágenas são birrefringentes, no seu arranjo

normal essas se apresentam brilhantes, contra um fundo preto. O mesmo não ocorre nas

estrias, uma vez que elas se apresentam desorganizadas e consequentemente não refletem luz

(GUIRRO e GUIRRO, 2004).

A estria é relatada na maior parte da literatura como sendo uma lesãoirreversível. Essa irreversibilidade está embasada em exameshistológicos, que mostram redução no número e volume doselementos da pele, rompimento de fibras elásticas, pele delgada eredução da espessura da derme, com fibras colágenas separadasentre si. No centro da lesão há poucas fibras elásticas, enquanto quena periferia estas, encontram-se onduladas e agrupadas(CHERNOSKY e KNOX apud AZEVEDO, PITA e SCHÜTZ,1964).

Page 24: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.4.4 Etiologia

A etiologia da estria é bastante controversa, existindo, portanto três teorias que tentam

justificá-la:

- Teoria mecânica: acredita-se que a excessiva deposição de gordura no tecido

adiposo, com subseqüente dano as fibras elásticas e colágenas da pele seja o principal

mecanismo do aparecimento das estrias. As estrias também são consideradas como seqüelas

de períodos de rápido crescimento, onde ocorre a ruptura ou perda das fibras elásticas

dérmicas, como por exemplo na gestante, no estirão do crescimento e em obesos.

- Teoria endócrina: a etiologia da estria parece estar relacionada fortemente com as

alterações hormonais, especificamente com os hormônios corticóides. Pode-se explicar então

que o aparecimento das estrias em algumas patologias não tem como efeito causal a afecção

em si, mas sim as drogas utilizadas na sua terapêutica.

- Teoria infecciosa: Wiener sugere que processos infecciosos provocam danos às fibras

elásticas, provocando estrias. O autor notou em adolescentes a presença de estrias púrpuras

após febre tifóide, tifo, febre reumática, hanseníase e outras infecções (GUIRRO e GUIRRO,

2004).

1.4.5 Características clínicas

As estrias atróficas apresentam-se, de início, como vergões lineares vermelho-

purpúricos, que, eventualmente, nivelam-se, deixando listras rugosas, atróficas e

hipopigmentadas, sem as marcas normais da pele.

São afetados com mais freqüência as nádegas, coxas, mamas e abdômem. Também

pode haver o envolvimento das virilhas e cotovelos, especialmente em atletas. No estágio

inicial, muitas vezes há um componente inflamatório, mas logo depois surge a fase atrófica.

As estrias atróficas são irreversíveis. Podem causar ou exacerbar esta condição os exercícios

vigorosos de levantamento de peso e as rápidas e drásticas modificações do peso corporal.

Geralmente as estrias atróficas são assintomáticas, embora alguns pacientes

apresentem um leve prurido no estágio inflamatório (BONDI, JEGASOTHY e LAZARUS,

1993).

Page 25: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

1.5 O Striat

O equipamento que será empregado consiste de um gerador de corrente contínua

filtrada constante, conhecido comercialmente como STRIAT®, o qual apresenta dois

eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo espacial, que consiste de uma fina agulha

sustentada por uma caneta.

O método é invasivo, porém superficial, e o processo de regeneração da estria está

baseado na compilação dos efeitos intrínsecos da corrente contínua, e dos processos

envolvidos na inflamação aguda.

O estímulo físico da agulha desencadeia um processo de reparação muito complexo,

cujo objetivo é restabelecer de forma satisfatória a integridade dos tecidos. A estimulação

com a corrente associada desencadeia uma inflamação aguda localizada, não apresentando

qualquer efeito sistêmico.

Poucos minutos após a lesão aparecem a hiperemia e o edema, que não ocorrem

imediatamente após a aplicação, e são motivadas por substâncias locais liberadas pela lesão,

responsáveis pela vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos. Toda a zona é

preenchida por um exsudato inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas

plasmáticas e fáscias de fibrina. O processo de epitelização inicia-se simultaneamente,

obrigando as células epidérmicas a penetrar pelo interior das fendas formadas pela agulha, e

estimuladas pela formação de fibrina originada pela hemorragia da microlesão.

A resposta à agressão, no caso específico da perfuração pela agulha, pode finalizar

com a recuperação da estria, restituindo a sua arquitetura original. O edema promovido no

tratamento não deverá sofrer ação de nenhum agente antiinflamatório. As estimulações

subseqüentes só poderão ser realizadas quando o processo inflamatório cessar por completo,

evitando assim, o risco de desenvolver uma inflamação crônica desencadeada pela

persistência do estímulo inflamatório agudo.

Contra-indicações da técnica: cardíacos portadores de marcapasso ou cardiopatias

congênitas, portadores de neoplasia, patologias circulatórias como flebite, trombose, pacientes

renais crônicos, com dermatites ou dermatoses na região a ser aplicada, gestantes, processos

inflamatórios e pacientes com epilepsia ou patologias neurológicas que contra indiquem a

aplicação de corrente elétrica.

Page 26: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

2 MATERIAIS E MÉ TODOS

2.1 Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa caracteriza-se por um estudo experimental do tipo “duplo-cego”, onde a

paciente e a aplicadora não tinham conhecimento da condição do aparelho.

2.2 Treinamento das aplicadoras

Antes de serem iniciadas as aplicações, as aplicadoras foram devidamente treinadas,

no que se refere à assepsia da pele, introdução da agulha e tempo de aplicação.

2.3 Local do desenvolvimento da pesquisa

Este estudo foi realizado a domicílio, onde foi montada uma estrutura para serem

realizados os atendimentos.

2.4 Amostra

Foram avaliadas dez (10) pacientes voluntárias, do sexo feminino, com idades entre 20

e 40 anos, de diferentes raças, portadoras de pele estriada, localizadas em diferentes regiões

do corpo, que tiveram seu início na adolescência ou após gestações. Porém, três (3) pacientes

não realizaram o tratamento até o final.

Page 27: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

2.5 Assinatura do termo de consentimento informado

Os indivíduos selecionados para compor a amostra foram convidados a assinar um

termo de consentimento informado (anexo A), no qual consta a finalidade da pesquisa e os

procedimentos a serem realizados. O documento também traz explícita a concordância quanto

à divulgação dos dados e fotos e assegura o sigilo quanto à identidade do indivíduo.

2.6 Avaliação pré-tratamento

Cada indivíduo da amostra foi submetido a uma avaliação prévia (anexo B), onde

foram questionados entre outros, patologias associadas e início do surgimento das estrias.

Além disso, foi avaliado o local e o aspecto das estrias. A seguir, as pacientes, com identidade

devidamente preservada, foram submetidas à coleta de imagens, que foi feita com uma

câmera digital, da marca SONY (5.1 mega pixels) onde foi adaptada uma régua de 10

centímetros, com a finalidade de ter um padrão de distância da pele e câmera. A coleta de

imagens foi realizada sempre no mesmo local, seguindo distância e luz padrão para todas as

fotos, com a musculatura do local relaxada e com a presença de um adesivo de referência

correspondente a um centímetro, que foi posicionado no canto superior direito de cada estria

fotografada.

2.7 Tratamento

Para a realização do tratamento foi utilizado o aparelho Striat® e a técnica da

microgalvanopuntura. O equipamento empregado consiste de um gerador de corrente contínua

filtrada constante, que apresenta dois eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo especial

em forma de caneta que sustenta uma fina agulha. O método é invasivo, porém superficial. Os

parâmetros utilizados foram 100 microámperes.

Antes de iniciar as aplicações, foi feita a assepsia do local com algodão embebido em

álcool 70%. O procedimento consistiu na introdução da agulha de forma subepidérmica em

toda a extensão da estria, realizada em 45° de inclinação, por dois segundos. O eletrodo

passivo (úmido) ficou acoplado próximo da região a ser tratada. Cada paciente possuía uma

agulha, e no final de cada aplicação, essa agulha era esterilizada com Germ Kill.

Foram selecionadas duas estrias atróficas em cada paciente. Essas estrias foram

identificadas com um adesivo localizado no canto superior direito de cada estria, sendo que

Page 28: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

cada estria possuía um número para se identificar qual foi a estria tratada com o aparelho

ligado e qual foi tratada com o aparelho desligado. A escolha das estrias que foram tratadas

com o aparelho ligado e com o aparelho desligado aconteceu por um sorteio, de modo que dez

estrias foram tratadas com o aparelho ligado e dez com ele desligado. O estudo se baseou no

tipo “duplo-cego”, onde as aplicadoras (colaboradoras do trabalho) e as pacientes não tinham

conhecimento da condição do aparelho, isto é, não sabiam se ele estava ligado ou desligado.

As aplicações foram feitas duas vezes por semana, respeitando-se o tempo de resposta

inflamatória, com tempo de aplicação de aproximadamente 15 minutos para cada paciente,

totalizando dez sessões.

No período do tratamento os pacientes foram orientados a não se exporem ao sol,

evitando as manchas da pele; como também não utilizarem medicações a fim de resolver o

processo inflamatório, pois para o resultado ser benéfico é necessário manter a resposta

inflamatória após a estimulação.

2.8 Avaliação pós-tratamento

Uma semana após o término das sessões, foi realizada uma nova coleta de imagens,

respeitando-se os mesmos critérios das fotos da pré-avaliação. Essas imagens, previamente

autorizadas pelas pacientes, foram organizadas em forma de uma enquete aleatoriamente, sem

a identificação do antes e depois e das que foram tratadas com a microcorrente ou somente

com o trauma mecânico. Duzentas mulheres (universitárias da UPF) responderam a enquete

apontando a estria esteticamente mais bonita. Após a coleta dos dados os códigos foram

revelados e avaliados em relação aos efeitos da microcorrente no aspecto estético das estrias,

comparando aquelas tratadas com aparelho ligado com as tratadas com o aparelho desligado.

2.9 Análise estatística

Foi utilizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação entre o aspecto estético

das estrias e a condição do aparelho (ligado ou desligado).

Page 29: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para a obtenção dos resultados que serão apresentados a seguir, utilizou-se as

informações coletadas através das fichas de avaliação dos sujeitos, que participaram da

amostra, com análise das fotos pré e pós tratamento através de uma enquete e do grau de

satisfação das pacientes.

Primeiramente apresentaremos a análise da avaliação das pacientes, realizada no pré-

tratamento. Os dados coletados na avaliação foram: idade, ano da menarca, cor da pele,

número de gestações, uso de medicamentos, presença de disfunção hormonal, diabetes,

hemofilia, transtornos circulatórios ou de cicatrização. Foram questionadas também a respeito

de propensão à quelóides, patologias dérmicas, alergias e tratamentos anteriores e

caracterização do quadro das estrias, como período de aparecimento das estrias, coloração

inicial e atual e localização.

Dez sujeitos participaram da avaliação pré-tratamento, porém três pacientes não

completaram as dez sessões, um por propensão à quelóides, outro por intolerância à dor e o

terceiro, por motivos pessoais.

A média de idade apresentada foi de 22,2 anos, e de idade da menarca 12,2 anos.

Nove dos sujeitos avaliados apresentavam pele branca e um pele negra e nenhum

sujeito apresentava alguma patologia dérmica, alergia ou diabetes. Um sujeito, de pele

branca, apresentou propensão à quelóides, critério que determinou a exclusão da paciente da

amostra. Segundo Guirro e Guirro (2004), o questionamento quanto à propensão à quelóides e

a cor da pele é necessário, por tratar-se de um método invasivo os indivíduos com propensão à

quelóides podem desenvolvê-lo a partir de uma lesão. A cor da pele é um fator importante,

pois há tendência maior de surgirem quelóides nos indivíduos de pele negra.

Três pacientes tiveram gestações e três pacientes fazem uso de pílula

anticoncepcional.

Page 30: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

(SILVA apud GUIRRO e GUIRRO, 2004) citam que:

Em relação à caracterização das estrias, sete sujeitosrelataram período de aparecimento das estrias naadolescência e três na gravidez. Em estudo realizado porSilva et al das 102 pacientes avaliadas tratadas pelasautoras, a maior incidência de aparecimento das estrias foina adolescência (45,5%), seguido pela obesidade (30,5%),gravidez (19,5%) e medicamentos (4,5%).

A coloração inicial vermelha foi apresentada em 6 sujeitos, dois sujeitos apresentaram

coloração inicial violácea e dois coloração branca. A coloração atual encontrada em

pacientes foi branca, uma em violácea e outra de coloração vermelha, e o aspecto

macroscópico encontrado foi de depressão em todos os sujeitos da amostra com pele estriada.

Para Bondy, Jegasothy e Lazarus (1993) as estrias atróficas apresentam-se, de início, como

vergões lineares vermelho-purpúricos que, eventualmente, nivelam-se, deixando listras

rugosas, atróficas e hipopigmentadas, sem as marcas normais da pele.

As estrias localizavam-se nos glúteos em cinco sujeitos, seios em 6 sujeitos, abdômem

em quatro sujeitos, coxas em três e um sujeito apresentou estrias nas costas. Esses achados

vão de encontro com o que Bittencurt-Sampaio apud Santos e Simões (2004) descreveram:

Essas disfunções localizam-se preferencialmente na mama,abdômem, região lombossacra, quadril, sobre os trocânterese na face externa da coxa. Mais raramente, no pescoço,axilas, cotovelos, antebraços e pernas.

Durante o tratamento, principalmente após a quarta sessão, todos os sujeitos relataram

aumento da sensibilidade no local tratado, relatando desde dor fraca até angustiante. Segundo

Ventura (2003), no início do tratamento, o paciente não sente dor mas, com o passar de

algumas sessões, passa a ser suportável, até ser intensa. Neste momento, é importante realizar

uma reavaliação, onde se indica dar uma pausa maior entre as sessões.

A reação inflamatória instalava-se minutos após o término da aplicação, e durava em média

três dias, exceto em um sujeito, que apresentava reação inflamatória mais duradoura, cerca de

seis dias. Segundo Santos (2003), o estímulo físico da agulha somado à alcalose ocasionada

no pólo negativo da corrente contínua, desencadeia uma inflamação aguda seguida do

processo de reparação, cujo objetivo é restabelecer de forma satisfatória a integridade da pele.

Santos (2003) relata que o principal momento da inflamação é a vasodilatação,

responsável pela hiperemia e calor, aumentando com isso o fluxo sangüíneo que é

fundamental nas alterações hemodinâmicas da inflamação aguda.

Page 31: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

Após coletadas as imagens do pós tratamento, estas foram analisadas, e comparadas

com as imagens do pré tratamento. Compararam-se também as estrias que foram submetidas

ao tratamento com o aparelho ligado e desligado.

Figura 01- Pré tratamento. Figura 02- Pós-tratamento. Estrias 01 e 02

tratadas com o aparelho ligado.

Figura 03- Pré-tratamento. Figura 04- Pós-tratamento. Estria 05 tratada

com aparelho ligado e 06 com aparelho

desligado.

Figura 05- Pré-tratamento. Figura 06- Pós-tratamento. Estria 07 tratada com

aparelho desligado e 08 com aparelho ligado.

Page 32: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

Figura 07- Pré-tratamento. Figura 08- Pós tratamento. Estria 09 tratada

com aparelho ligado e 10 com desligado.

Figura 09- Pré-tratamento. Figura 10- Pós-tratamento. Estria 13 e 14

tratadas com aparelho desligado.

Figura 11- Pré-tratamento. Figura 12- Pós-tratamento. Estria 17 tratada

com aparelho ligado.

Page 33: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

Figura 13- Pré-tratamento. Figura 14- Pós-tratamento. Estria 18 tratada com

aparelho ligado e 19 com aparelho desligado.

Através da comparação visual das fotos, observou-se que as imagens do pós

tratamento apresentaram uma melhora no aspecto estético. Houve diminuição da depressão e

diminuição na espessura das estrias. A coloração da pele estriada aproximou-se do normal.

Para obter-se dados realmente significativos, optou-se por realizar uma enquete.

Foram entrevistadas acadêmicas do curso de Fisioterapia da UPF, que após

compararem as fotos, responderam qual era a estria esteticamente mais bonita, sem terem o

conhecimento prévio de quais eram as fotos do pré e pós-tratamento e quais estrias foram

tratadas com o aparelho ligado e com o aparelho desligado. Para cada uma das 13 estrias,

obteve-se 15 opiniões, totalizando 195 entrevistados.

1. Resultado da enq uete sobre o melhor aspecto estético das estrias e a condiçã o

do aparelho (ligado ou desligado).

Figura 15

46

5 3

6

2 3

61

6

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

Pré Pós Sem dif.Liga do

Des liga do

Page 34: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

Conforme a figura 15 pode-se observar que 69 pessoas acharam a imagem do pré-

tratamento esteticamente melhor e 104 pessoas optaram pelo pós-tratamento, e 12 dos

entrevistados não encontraram diferenças entre as imagens. Das 104 pessoas que acharam o

pós-tratamento melhor, 61 responderam que as imagens do pós-tratamento com o aparelho

desligado estavam melhores e 53 pessoas responderam que o pós-tratamento com o aparelho

ligado estava esteticamente melhor.

2. Resultado da enquete com estrias tratadas com o aparelho ligado, associando

trauma mecânico com microcorrente.

Figura 16

De acordo com o gráfico 02, pode-se observar que, com o aparelho ligado, 50% dos

entrevistados acharam esteticamente mais bonita as imagens das estrias do pós-tratamento. Já

para 44% dos entrevistados as imagens esteticamente mais bonitas foram as do pré-

tratamento. E para 6% as imagens não apresentaram diferenças.

Em estudo realizado por Santos e Simões (2004), os sujeitos tratados com a

microgalvanopuntura apresentaram bons resultados, pois o método, segundo as autoras,

estimula uma inflamação provocada pela inserção da agulha e pela corrente galvânica,

fazendo com que as estrias se suavizem pela regeneração celular.

44%

50 %

6%

PRÉ

PÓS

SD

Page 35: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

3. Resultado da enquete do tratamento das estrias com aparelho desligado onde foi

aplicado somente o trauma mecânico.

Figura 17

Como pode-se observar no gráfico acima 67% dos entrevistados responderam que as

imagens do pós-tratamento com o aparelho desligado ficaram esteticamente mais bonitas,

enquanto que 26% acharam o pré-tratamento melhor. E os outros 7% responderam que as

imagens das estrias não apresentaram diferença.

Guirro e Guirro (2004) relatam que a escarificação consiste em um procedimento de

lesão da pele, onde a resposta é desencadeada por estímulos fisicos. O procedimento pode ser

executado com qualquer tipo de instrumento perfurante que seja devidamente esterilizado e

manuseado habilmente, para que não se produzam lesões profundas.

4. Após o tratamento, avaliou-se o grau de satisfação das pacientes:

Figura 18

Conforme o gráfico acima, observou-se que o tratamento em geral foi bem aceito pelas

pacientes.

26%

67%

7%

PRÉ

PÓS

SD

Grau d e satisfação

0

34

0

2

4

6

S/result Satisfat. M uito

Satisfat.

Pacientes

Page 36: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados da enquete, para verificar a associação entre o aspecto estético

das estrias e a condição do aparelho (ligado ou desligado), pode-se concluir que o tratamento

com o trauma mecânico, ou seja, com o aparelho desligado, apresenta resultados mais

satisfatórios esteticamente do que quando associado com a microcorrente (aparelho ligado).

Quanto à satisfação das pacientes no pós-tratamento, todas declararam-se como

satisfeitas ou muito satisfeitas.

Assim sendo, no tratamento de estrias atróficas poderia-se usar um material perfurante,

o qual produz uma lesão na pele estriada, estimulando a reação inflamatória, que é

fundamental para a reparação do tecido.

Entretanto, necessita-se de novos estudos científicos sobre este assunto,

principalmente no que se refere a variáveis histológicas.

Page 37: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Andrews: Dermatologia Clínica. 8.ed. São Paulo: Manole, 1994.

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KITCHEN, Sheila. Eletroterapia: prática baseada em evidências.11.ed. Barueri: Manole,2003.

MACHADO, Clauton M. Eletrotermoterapia prática. 3.ed. São Paulo: Pancast, [s/d].

MANUAL de operação do STRIAT. São Paulo: [s/n], 2003.

MULITERNO, Joseane K; GONÇALVES, Vanessa S. Estudo comparativo entre a

escarificação e a corrente microgalvânica no tratamento de estrias na fase alba. 2005.Monografia (graduação em Fisioterapia) – Faculdade de Educação Física e Fisioterapia,Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2005.

PRENTICE, William E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 2. ed. Porto Alegre:Artmed, 2004.

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ROBINSON, Andrew J; MACKLER, Lynn Snyder. Eletrofisiologia Clínica: Eletroterapia eteste eletrofisiológico. 2 ed. Porto Alegre: Ártemis, 2001.

SAMPAIO, Sebastião; RIVITTI, Evandro. Dermatologia. 2.ed.São Paulo: Artes Médicas,2001.

SANTOS, Crispaula Medeiros dos; SIMÕES, Naudimar di Pietro. Tratamento estético daestria através da microgalvanopuntura. FisioBrasil, São Paulo, n° 62 , p. 15-17, nov/dez.2003.

SILVA, Marizilda T. Eletroterapia em estética corporal. 1.ed.São Paulo: Robe, 1997.

VENTURA, Danielle B. da Silva; SIMÕES, Naudimar di Pietro. O uso da corrente galvânicafiltrada em estrias atróficas. FisioBrasil, São Paulo, n° 62 , p.7-9, nov/dez. 2003.

Page 39: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Fui informado (a) de forma clara e detalhada sobre o objetivo geral da pesquisa, que

é: Avaliar o efeito da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas, também sei

quais os procedimentos que serei submetido, tendo preservado o livre arbítrio e sem coação .

Tenho conhecimento que receberei respostas a qualquer dúvida dos procedimentos, podendo

entrar em contato com as pesquisadoras Kátia dos Santos Lima(54) 9962 4839, e Lisiane

Pressi (51) 9949 6878 e com orientador da pesquisa (54)9905 0538, sendo que o

procedimento corresponde a terapêutica com o aparelho Striat®, que compreenderá de

avaliação com questionário seguido de fotos, as quais não terão a identidade reveladas . Em

um segundo momento, será realizado o procedimento que consiste na introdução da agulha na

extensão da estria enquanto o eletrodo passivo é colocado em uma região próxima da área a

ser tratada. Será realizada a assepsia da pele e as agulhas serão de uso descartável. Esta

pesquisa poderá ser interrompida se eu (o paciente) me sentir prejudicado, se não receber as

informações que necessito, e se não me sentir a vontade para participar da mesma . Estou

ciente que essa pesquisa será feita à domicílio , por no mínimo dois meses. Entendo que não

serei identificado em nenhuma hipótese, as informações sobre os dados obtidos nesta pesquisa

serão utilizadas para publicação de um artigo científico em revista especializada. Também sei

que terei total liberdade para retirar meu consentimento, e deixar de participar do estudo a

qualquer momento sem que isso me traga prejuízo ou qualquer implicação no tratamento

médico ou fisioterapêutico.

Passo Fundo, de de .

Assinatura do participante: _____________________________________

Assinatura do (s) aluno (s) responsáveis: __________________________

Assinatura do orientador: ______________________________________

Page 40: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

ANEXO B

FICHA DE AVALIAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO

Nome:__________________________Idade:_____Profissão:__________________________

Endereço:__________________________________Fone:____________________________

Cidade:________________________________UF:____________CEP:__________________

FICHA CLÍNICA

Cor da pele: ( ) branca ( ) parda ( ) negra ( ) amarela

Ano da menarca:______________________ Número de gestações:_____________________

Mudanças observadas:_________________________________________________________

Faz uso de medicamentos: à base de corticóides( ) anti-histamínico( ) esteróides( )

antiinflamatórios( ) outros( ) ____________________________________________________

Apresenta algum tipo de disfunção hormonal:______________________________________

Diabetes: ( ) sim ( ) não Hemofilia: ( ) sim ( ) não

Transtornos circulatórios e/ou de cicatrização:______________________________________

Propensão a quelóides: ( ) sim ( ) não

Patologias dérmicas: __________________________________________________________

Alergia a: ( ) corrente elétrica ( ) produtos _________________________________________

Tratamentos anteriores: tipo_____________________________________________________

Resultados dos tratamentos: ____________________________________________________

Tipo de alimentação: ( ) normal ( ) vegetariana

CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO

Período do aparecimento das estrias:( )adolescência ( ) gravidez ( ) obesidade ( ) medicamento

Coloração inicial: ( ) vermelha ( ) violácea ( ) branca

Coloração atual: ( ) vermelha ( ) violácea ( ) branca

Aspecto macroscópico: ( ) depressão

Localização: ( ) abdome ( ) glúteos ( ) seios ( ) coxas

Page 41: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

ANEXO C

O USO DA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DEESTRIAS ATRÓFICAS: ANÁLISE COMPARATIVA DO TRAUMA

MECÂNICO E DA MICROCORRENTE

Avaliação do grau de satisfação das pacientes

Com relação ao tratamento das estrias atróficas, os resultados foram paravocê:

( ) sem resultado

( ) resultado satisfatório

( )resultado excelente

Page 42: O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas

ANEXO D

Enquete realizada como parte do trabalho de conclusão de curso: O USODA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DE ESTRIASATRÓFICAS: ANÁLISE COMPARATIVA DO TRAUMA MECÂNICO EDA MICROCORRENTE, executado pelas acadêmicas do X nível deFisioterapia da UPF, Kátia dos Santos Lima e Lisiane Pressi, sob orientação doProf. MS. Rodrigo Schmidt.

Assinale qual é a estria esteticamente mais bonita:

( ) A B ( )