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#196 EDIÇÃO SMITHSONIAN INSTITUTE AS MAIS BELAS FOTOS PREMIADAS OÁSIS POR QUE ERRAMOS Somos programados para falhar COMO NASCEU O PRÊMIO NOBEL Uma história de armas e de arrependimentos ÍNDICE DE PROGRESSO SOCIAL Brasil lidera entre os emergentes

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#196

Edição

SMITHSONIAN INSTITUTEAs mAis bElAs fotos prEmiAdAs

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ERRAMOS somos programados

para falhar

COMO NASCEU O PRÊMIO NOBEL

Uma história de armas e de arrependimentos

ÍNDICE DE PROGRESSO

SOCIAL brasil lidera entre

os emergentes

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por

Editor

PEllEgriniLuis

N ossa matéria de capa, esta semana, é inteiramente visual. apresentamos aos leitores uma galeria de esplêndidas foto-grafias do mundo natural, todas elas premiadas no concurso

de fotos do Smithsonian institute, dos Estados Unidos, certamente uma das mais prestigiosas organizações do mundo para o estudo e a divulgação das ciências naturais.

a gota d’água que nos fez optar por esta matéria é a própria foto que usamos na capa, a de uma esplêndido pássaro empoleirado no galho de uma árvore, porém com as duas asas abertas, como se estivesse no ato de alguma dança. as imagens são um verdadeiro colírio para os olhos e merecem o destaque.

Mas a matéria que traz a melhor contribuição para a cabeça é a que traz a conferência do economista britânico Michael green, proferida no tEd, e onde o estudioso propõe o iPS – Índice de Progresso So-cial como novo padrão de valores para se medir o progresso real das

O ecOnOmista britânicO michael Green prOpõe O ips – Índice de prOGressO sOcial cOmO nOvO padrãO de valOres para se medir O prOGressO

real das nações na atualidade

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nações na atualidade.

green contrapõe o índice do PiB – Produto interno Bruto, padrão atu-almente em uso em todo o mundo para a aferição do grau de riqueza de um país, ao Índice de Progresso Social. E mostra, numa fala brilhante, como e por que este último é uma ferramenta muito mais eficaz para satisfazer as necessidades do século 21.

Michael green define um novo modelo para a mudança social construída a partir de parcerias entre o mundo dos altos negócios sadios, os gover-nos e as organizações comunitárias. lança também a ideia de um “Índice de Competitividade Social”, baseado na premissa de que, algum dia, as nações irão competir umas contra as outras para se tornarem as mais avançadas socialmente, da mesma maneira como hoje competimos para sermos os mais ricos.

Uma curiosidade que nos interessa: o Brasil está muito bem na classifica-ção dos países melhor posicionados do mundo em termos de Índice de Progresso Social. Confira.

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As mais belas fotos premiadas

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enas da vida animal, paisagens não contaminadas, pessoas no trabalho ou em oração: são muitos os temas das 60 fotos escolhidas como finalistas da última edição do Smithsonian Photo Contest, um dos mais prestigiosos concur-sos de fotografia naturalística do

mundo.

Todas as imagens que chegaram ao final – escolhidas entre mais de 50 mil imagens en-viadas por fotógrafos de 132 nacionalidades diversas – estão visíveis e podem ser vota-

Cursos esfomeados, rãs à espreita, devotos em oração, enormes glaciares e bailados de pássaros. as fotos finalistas do smithsonian photo contest não param de nos surpreender e encantar

Por:equiPe oásis

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das no site da revista do Smithsonian. Elas estão divididas em seis categorias: mundo natural, viagens, pessoas, fotos americanas, imagens alteradas e fotos feitas com tele-fone celular. Os vencedores serão anuncia-dos a 15 de maio do ano próximo. Mas você pode ter uma visão do alto nível de quali-dade do concurso a partir de algumas fotos premiadas pelo Smithsonian, que reprodu-zimos na galeria abaixo.

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1 Na categoria Mundo Natural, a foto de um “encontro romântico” entre dois caracóis, na Argentina. Foto por: José de Rocco

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2 Um urso cinzento sai à caça de salmões em rio do Silver Salmon Creek, no Parque Nacional do Lago Clark, Alasca. Foto: Daniel D’Auria

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3 Uma gaivota fotografado logo após lançar voo sobre um Mar de Bering insolitamente tranquilo. Foto: John Matzick.

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4 Dois filhotes de guepardo sulafricanos disputam os restos de uma caçada bem sucedida: a de um springbock, um pequeno antílope do qual sobrou apenas um pedaço do couro. Foto: Seyms Brugger.

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5 Qual é o melhor momento para se fotografar uma vespa pousada sobre um fio de grama recoberto de gotas do or-valho? Segundo o autor desta foto, um fotógrafo indonesiano, as seis da manhã, quando o inseto acabou de acordar e tem sede. Foto: Eko Adyianton

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6 Uma maravilhosa arara canindé, figura bem brasileira, tenta coçar a cabeça usando o próprio pé. Foto: Richard Masters

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7 Seis horas de espera foram necessárias para que o fotógrafo pudesse obter essa foto perfeita de uma coruja norte--americana (Megascops asio), uma ave de rapina noturna. Quase não se consegue distingui-la do fundo, a tal ponto ela está bem mimetizada. Foto: Graham McGeorge.

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8 Um momento dramático a migração anual dos gnus do Parque Serengetti, na África. Ne foto, esses incansáveis viajantes são obrigados a enfrentar a forte correnteza de um rio que têm de atravessar. Foto: Karen Lunney.

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9 Uma tartaruga marina flutua nas águas do Havaí, enquanto o sol despenca no horizonte. Foto: Christopher Doherty.

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10 Na categoria Viagem, uma visão tira-fôlego do Marble Canyon, do rio Colorado, no Arizona. Foto: Mathew Zheng.

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11 Pescador com um das tradicionais redes de pesca do Lago Inle, Myanmar. Foto: Aung Pyae Soe.

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12 Sempre em Myanmar, um jovem monge pratica suas orações na localidade de Inwwa. Foto: Pyiet Oo Aung

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13 Farol na Ilha Skye, no arquipélago das Hébridas internas, Grã-Bretanha. Foto: Stefano Coltelli.

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14 Três camponesas vietnamitas, com roupas típicas, cabelos e redes ao vento. Foto finalista na categoria Retratos de Pessoas. Foto: Nguyen Beos Sen

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15 Um devoto fotografado na cidade de Lahore, durante o Mela Chiraghan, Festival das Luzes que todos os anos acontece no Paquistão. Foto: Yasir Nisar.

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16 Para uma criança sadia se divertir não é preciso muita coisa. Basta uma bola artesanal e bons amigos. Foto tirada nas montanhas de Quthing, Lesotho, África. Foto: David Lazar.

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17 O glaciar de Fjallsárlón, na Islândia, é o grande protagonista desta foto, e também o filho da fotógrafa que, nesse momento, se entrega à contemplação desse imenso monumento natural. Foto: Candy Feng

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18 Na categoria “Americana”, temos aqui um grande clássico da fotografia: um automóvel velho abandonado no deserto do Colorado. Foto: Troi Anderson.

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19 O rodeio acabou mal (ou bem, depende do ponto de vista) no Estado de Montana, EUA. Foto: Carol Lynne Fowler

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20 Na categoria “Imagens Retocadas” temos aqui uma rã da Costa Rica, com seus olhos vermelhos que apenas afloram na superfície da água. Foto: Nicolas Reusens.

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21 Dois corvos volteiam entre carvalhos. Mas o efeito da foto dá a impressão de que eles tombam. Foto: Pistolwish.

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22 Uma igreja presbiteriana abandonada, em Detroit, Michigan, EUA. Foto: Michael Frank.

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23 Inspirada nas pinturas de Pieter Brueghel, essa foto retocada mostra uma “montanha impossível”: o casario de uma das aldeias da região das Cinque Terre, na Ligúria, Itália. Foto: Dina Bove.

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24 O Smithsonian criou uma categoria especial para as fotos feitas com telefone celular. Esta, de um céu carregado de nuvens de chuva, foi feita na Ilha de Saint Catherine, Geórgia, EUA. Foto: Darlene Jensen.

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25 O sol se põe atrás desse rochedo recoberto com petroglifos – inscrições rupestres feitas pelos índios norte-americanos. Foto feita na região das Eastern Sierras, na Califórnia. Foto: Willie Huang.

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POR QUE ERRAMOS Somos programados para falhar

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raticamente todas as pessoas conhe-cem a expressão “errar é humano”. Essa é uma verdade que independe de latitude, nacionalidade, etnia ou gru-po socioeconômico. Erros humanos respondem, por exemplo, pela maioria

dos acidentes de trabalho (90%), de automó-vel (90%) e de avião (70%). Os índices chegam

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como explicar os erros estúpidos que cometemos, como trocar o nome de uma pessoa conhecida ou bater o carro naquela mureta que sempre esteve lá? O livro Why we make mistakes, do jornalista americano Joseph hallinan, dá a pista: nossos meios de ver, lembrar e perceber o mundo são distorcidos e isso favorece as falhas

Por eduardo araia

a essas alturas basicamente porque, segun-do o jornalista norte-americano Joseph T. Hallinan, somos pré-programados para fazer lambanças – não é propriamente uma ques-tão de personalidade ou inteligência. A forma pela qual pensamos, vemos e lem-bramos nos configura para errar, explica o jornalista. Somos inconscientemente distor-cidos, rápidos para julgar por aparências e excessivamente confiantes quanto a nossas habilidades.

Hallinan, vencedor do prêmio Pulitzer, lan-çou em 2009 um livro sobre o tema, Why we make mistakes (Por que cometemos erros) – um autêntico “guia do erro humano”, na sua definição. Alguns dos erros mais comuns listados pelo jornalista são abordados a se-guir – e, naturalmente, formas de evitá-los:

1) Trocamos palavras que estão “na ponta da língua”. Quem nunca esqueceu o nome de uma pessoa conhecida – ou, pior ainda, chamou-a pelo nome errado? A maioria de nós vive essa situação pelo menos uma vez por semana, e nem as altas autoridades es-capam do constrangimento. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, refe-riu-se a seu colega norte-americano, Barack Obama, como “Obrama”, e antes disso havia chamado o ex-governador mineiro e atual candidato à presidência da República, Aécio Neves, de Aécio Nunes. Um antecessor de

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Obama, Ronald Reagan, propôs em Brasília, em 1983, um brinde ao “povo da Bolívia” em homenagem ao país que o recebia. Em 1997, o presidente francês Jacques Chirac atribuiu ao colega Fernando Henrique Cardoso a presi-dência do México. Dois anos depois, FHC chamou os bo-livianos de peruanos.

As pesquisas mostram que a maioria desses erros, cha-mados em inglês de TOTs (abreviatura de tips-of-the-ton-gue, ou “na ponta da língua”) envolve nomes próprios. Um substantivo comum pode ser expresso de forma diferente – por exemplo, “geladeira” também é refrige-rador ou máquina de resfriar. Mas é complicado trocar um substantivo próprio. Hallinan cita um estudo no qual um participante tentava identificar uma foto da atriz e

cantora Liza Minnelli. A pessoa não teve êxito, mas sem dúvida chegou perto: Monetti, Mona, Magetti, Spaghetti, Bogette...

Outra dica para a charada dos TOTs é que a lembrança do nome correto em geral é bloqueada por um nome er-rado. Mas não é qualquer nome errado: seu significado sempre está próximo do nome certo.

2) Usamos óculos com lentes cor-de-rosa. Para Hallinan, todos nós tendemos a lembrar nossas palavras e atos de maneira mais positiva e autoelogiosa do que uma avalia

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ção externa faria. Ele cita um estudo no qual alunos da Ohio Wesleyan University foram solicitados a lembrar as notas que haviam tirado no ensino médio. Os pesqui-sadores compararam as informações fornecidas pelos estudantes com as notas verdadeiras. Conclusão: 29% das respostas estavam erradas, em geral por elevação das notas – 79% dos estudantes as inflaram.

A tendência ao autoincensamento é tão forte que, de acordo com pesquisadores das universidades de Chica-go e da Virgínia (EUA), consideramos nosso rosto mais atraente do que outras pessoas pensariam.

3) Quando fazemos várias coisas ao mesmo tempo, fica-mos estúpidos. O cérebro reduz sua velocidade quando tem de conduzir várias atividades simultâneas. Hallinan cita uma experiência na qual adultos entre 18 e 32 anos deveriam identificar duas imagens: cruzes coloridas e formas geométricas, tais como triângulos. O que parecia muito fácil complicou-se quando os participantes viram cruzes coloridas e formas geométricas simultaneamente: eles precisaram de quase um segundo inteiro de tempo de reação para pressionar um botão. E o tempo adicional não impediu os erros. Já se os participantes tinham de identificar as imagens uma de cada vez – cruzes primei

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já foi esquecido. De acordo com estudos em locais de trabalho, são necessários até 15 minutos para a mente voltar à concentra-ção plena depois de uma inter-rupção.

Outro exemplo de problemas à frente é o uso de celular enquan-to se dirige. Diferentes estudos mostram que motoristas que falam ao celular apresentam um risco quatro vezes maior de so-frer um acidente.

4) Nós vemos, mas não vemos. Algumas vezes, uma pessoa pode olhar diretamente para algo e ainda assim deixar de vê--lo. Em experiências feitas nos anos 1990, pesquisadores desco-briram que um número espan-

toso de participantes não se lembrava de certos objetos apresentados a eles em testes visuais. A tendência per-sistiu tanto com objetos pequenos quanto com grandes e óbvios. O frequente entalamento de caminhões sob as pontes das Marginais de São Paulo, por excesso de altura da carroceria, é um exemplo dessa característica.

5) Percebemos o mínimo necessário. “Uma das coisas mais surpreendentes que aprendi foi como nossa visão é ruim e quantas peças nossos olhos pregam em nós”, co-menta Hallinan. Ele cita um experimento da Univer

ro, depois formas –, o processo ia duas vezes mais rápido.

“Ficar pulando de tarefa para tarefa cria outros proble-mas”, diz Hallinan. “Podemos esquecer o que estávamos fazendo ou havíamos planejado fazer.” Nossa memória de trabalho – a lista de tarefas contida no cérebro – mo-nitora todas as tarefas de curto prazo que precisamos lembrar, mas sua duração é brevíssima: depois de apenas dois segundos, as coisas começam a desaparecer. Com 15 segundos de avaliação de um novo problema, o anterior

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vezes comprometedoras, em especial para quem cuida dos meios de informação. A agência noticiosa Canadian Press divulgou há cinco anos que a plataforma de gelo Wilkins – localizada na Antártida – era originariamen-te parte da (tropical) Jamaica. A informação correta era que a plataforma tinha originariamente o tamanho da Jamaica. Uma nota divulgada na mesma época pela agên-cia France Presse a respeito da erupção de um vulcão nas Ilhas Galápagos dizia que a lava poderia afetar “iguanas, lobos e outros exemplares da fauna”. Como se sabe, não

sidade Cornell (EUA) no qual os participantes deviam pedir orien-tação de ruas para um estranho. Enquanto as instruções eram da-das, dois atores carregando uma porta passavam entre os partici-pantes e a pessoa que transmitia as orientações. Esta última, con-forme a porta passava, dava lugar a outro indivíduo – e, dos 15 par-ticipantes, apenas 7 disseram ter notado a mudança.

Essa tendência de errarmos, lem-bra o jornalista, acabou por criar uma profissão no cinema e na TV, que produzem obras cujas cenas são gravadas fora de ordem: a de continuísta. Mesmo com esses profissionais a postos, os equí-vocos não param – há sites es-pecíficos sobre isso, como www.moviemistakes.com e www.falhanossa.com. A cena da corrida de bigas do épico Ben-Hur, que dura 11 minutos na tela, mas levou três meses para ser filmada, é um clás-sico nesse sentido. Dos nove carros que largam, seis são destruídos durante a prova – mas quatro cruzam a linha de chegada. Ainda na corrida, a biga do ex-amigo de Ben--Hur, Messala, danifica a do rival, mas, no fim da disputa, a biga de Ben-Hur aparece intacta.

6) Relanceamos os textos quando não deveríamos. A lei-tura pode reservar surpresas por vezes hilariantes, por

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há lobos no arquipélago. Provavelmente, o redator verteu mal o termo em espanhol “lobo marino”, cuja tradução é leão-marinho. Nem mesmo o sisudo Wall Street Journal escapa dos escorregões: há algum tempo, ele publicou que palhaços disputavam uma prova na Grã-Bretanha montados em unicórnios (unicorns), em vez de monoci-clos (unicycles).

Por que os jornalistas não percebem erros desse tipo? Se-gundo Hallinan, quando lemos um artigo, não lemos, na realidade, todas as letras de todas as palavras de todas as sentenças. Passamos os olhos por letras, palavras e sen-tenças até reconhecer padrões, que adotamos em segui-da como a informação verdadeira. Por exemplo, quem lê “Pernam...” tende a completar a palavra com “buco”; na

frase “Para ler as letras miúdas, precisou colocar os...”, provavelmente vai encaixar “óculos” na sequência.

“A percepção humana é, acima de tudo, econômica; no-tamos algumas coisas e não outras”, observa Hallinan. “E quanto melhores somos em alguma coisa, mais tendemos a passar os olhos.” Os erros proliferam nesse desprezo pelos detalhes.

7) Pensamos que somos melhores do que na verdade so-mos. Numa pesquisa da Universidade Princeton (EUA), os participantes deviam responder como eles e a “pessoa média” eram suscetíveis a distorções de julgamento. A maioria respondeu que era menos tendenciosa do que o restante – o que resultava numa impossibilidade estatís-tica. “A maioria de nós detesta pensar em si mesmo como na média ou abaixo da média”, analisa Hallinan. “Então, andamos com esse conceito particular de que estamos acima da média, e é aí que se encontram as sementes de muitos de nossos erros.”

Quase todas as pessoas são excessivamente confiantes – as exceções são os deprimidos, que tendem a ser realis-tas, observa Stefano Della Vigna, professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Curiosamen-te, quanto mais difícil é a tarefa, mais superconfiante ten-de a ficar o encarregado dela. Segundo Hallinan, 99% dos executivos de grandes corporações submetidos a uma co-nhecida série de testes sobre o que sabiam a respeito de suas próprias indústrias se mostraram superconfiantes.

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pacidade de perceber novas situações. “Depois de algum tempo, vemos apenas o que esperamos ver”, diz Halli-nan.

4) Baixe o ritmo. Fazer muitas coisas ao mesmo tempo divide nossa atenção e pode elevar nosso índice de erros. Reduza a velocidade e faça uma coisa de cada vez.5) Durma mais. As pessoas sonolentas fazem erros, e há um número espantoso delas andando por aí, observa Hallinan.

6) Veja com cautela os testemunhos. Ao decidir, em geral damos a certas informações vívidas (tais como testemu-nhos breves) mais credibilidade do que elas merecem. É melhor recorrer a médias estatísticas do que apostar to-das as fichas num testemunho isolado.

7) Adie decisões até seu humor melhorar. Bons senti-mentos aumentam a tendência de combinar material em novas maneiras e ver a conexão entre as coisas. As pesso-as felizes tendem a ser mais criativas e a errar menos.

8) Use fatores limitadores. Apoios mentais simples nos mantêm no rumo certo. O vermelho funciona bem no trânsito porque seu forte impacto significa “pare”. A me-lodia de uma canção pode ser um limitador antiesqueci-mento – “eis por que os jingles ficam em nossa memória bem mais do que os comerciais de que fazem parte”, diz Hallinan.

O QUE HÁ PARA LER: Joseph T. Hallinan, Why We Make Mistakes (Broadway Books)

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VACINAS ANTIERROS

1) Pense pequeno. Pequenas coisas significam muito, de fato.

2) Examine as possibilidades negativas. Quando há uma grande decisão a tomar, pergunte-se: “O que poderia dar errado?” Embora possa influenciar o resultado de um evento, o pensamento positivo também torna as armadi-lhas invisíveis. Portanto, passe um pente fino no cenário em busca de uma falha.

3) Pense diferentemente. Os hábitos nos permitem pou-par tempo e esforço mental, mas podem anular nossa ca-

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COMO NASCEU O PRÊMIO NOBELUma história de armas e de arrependimentos

Cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, em estocolmo, em 2012, com a presença do rei Carlos Gustavo e da rainha silvia

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lista dos Nobel é como uma síntese da história recente. De Marie Curie a Rita Levi Montalcini, de Boris Pasternak a Ernest Hemingway, de Aung San Suu Kyi a Barack Obama, cada prêmio representa uma fase cultural, uma descoberta revolu-cionária, uma reviravolta histórica.

Mas qual é a história do Prêmio Nobel? O que esconde o nome do seu inventor?

A

como nasceu o prêmio nobel? a história real é digna da pena do melhor dramaturgo. alfred nobel, inventor da dinamite e mercador de armas, teve uma iluminação quando leu o seu próprio necrológio. e, no dia 27 de novembro de 1895, decidiu criar o prêmio que leva seu nome

Por: equiPe oásis

Poucos sabem que Alfred Nobel, rico em-preendedor sueco nascido em 1833, fez uma imensa fortuna com a invenção da dinamite, a produção e o comércio internacional de armas. Olov Amelin, curador do Museu No-bel, de Estocolmo, revelou à jornalista Molly Oldfield (autora do bestseller The Secret Mu-seum) a razão que levou Nobel a instituir o prêmio dos prêmios nos últimos anos de sua vida.

A história parece um roteiro de cinema: em 1888, logo após a morte do seu irmão Lu-dwig, um jornal francês trocou a identidade dos Nobel e publicou um artigo pouco lison-jeiro dedicado ao empreendedor. O título do artigo era “O mercador da morte morreu”. Alfred, que naquele momento se encontrava em Paris, teve a rara oportunidade de ler o seu próprio necrológio e ficou muito pertur-bado com o conteúdo dele.

Sentimento de culpa

Alguns anos depois Nobel decidiu mudar o seu destino. Sem aviso prévio, em 27 de no-vembro de 1895, ele se dirigiu ao Clube Sue-co-Norueguês de Paris para redigir um longo testamento, no qual listava os bens que dei-xaria para sua família (ele não tinha filhos) e encarregava um colaborador fiel para dar

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prosseguimento à sua vontade: investir todo o resto de seu patrimônio e doar os lucros na forma de prêmios a “aqueles que, no ano precedente, mais tivessem contribu-ído para o bem-estar da humanidade”.

Foi o próprio Nobel quem dividiu os fundos em cinco prêmios correspondentes a cinco áreas diversas do co-nhecimento: física, química, medicina, literatura e paz. Este último seria dado “à pessoa que tivesse desenvolvido o melhor trabalho para a manutenção e a promoção da paz”. Conta-se que o testamento foi escrito de modo tão espontâneo e direto que o empreendedor pediu a qua-tro senhores do Clube nunca vistos antes de assiná-lo na qualidade de testemunhas.

O Nobel da Paz

Estabeleceu também que os primeiros quatro prêmios fossem conferidos por institutos suecos, mas que o da paz fosse conferido por um comitê eleito pelo parlamento norueguês. Não se conhece a razão dessa escolha. Desde o ano 18145 Suécia e Noruega estavam unidas sob uma mesma coroa, mas naquele momento os noruegueses pressionavam por uma separação. Assim sendo, pensa--se que ao agir desse modo Nobel quisesse favorecer uma solução pacífica do problema.

Todos os anos, em outubro, são revelados os nomes dos vencedores. A entrega dos prêmios, em Estocolmo e Oslo, acontece a 10 de dezembro, aniversário da morte de

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Medalha de ouro do Prêmio Nobel, frente e verso

Trecho final do Testamento de alfred Nobel, com as assinaturas das testemunhas

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Alfred Nobel. O primeiro prêmio foi conferido em 1901. Em 1968 o Banco da Suécia criou mais um prêmio, cha-mado “em memória de Nobel” para as ciências econômi-cas e entregue junto aos demais.

O testamento do magnata está hoje conservado na Fun-dação Nobel em Estocolmo e nunca foi exposto ao públi-co. Alfred Nobel morreu em 1896 em Sanremo, na Itália. Deixou como herança, não obstante os duvidosos cami-nhos que percorreu durante sua vida, o mais importante reconhecimento ao valor humano. A sua história pessoal nos ensina que nunca é tarde demais para mudar de con-duta.

Fatos que talvez você não saiba sobre a premiação reali-zada para contemplar cientistas, pesquisadores, escrito-res e filantropos de todo o mundo que contribuem para o bem da humanidade:

Locais de cerimônias de entrega

O Prêmio Nobel da Paz é entregue em Oslo e apresentado pelo presidente do Comitê Norueguês do Nobel, enquan-to os outros prêmios (Química, Física, Literatura e Me-dicina) são entregues em Estocolmo e apresentados pelo rei da Suécia. Nobel planejou tudo isso em seu testamen-to, no qual deixou escrito:

Os prêmios para a Física e Química serão concedidos pela Academia Sueca de Ciências. Para trabalhos fisioló-gicos ou médicos, pelo Instituto Caroline em Estocolmo. Para literatura, o prêmio será concedido pela Academia em Estocolmo, enquanto para os campeões da paz os

alfred Nobel, o milionário sueco criador do prêmio que leva seu nome

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prêmio, como foi o caso dos pesquisadores do Bóson de Higgs, o dinheiro é dividido igualmente. Se três pessoas ganharem, a comissão de concessão escolhe como dividir o prêmio.

Surpresas - Os vencedores do prêmio não sabem que são indicados até eles ganharem. É sempre realmente uma surpresa!

Prêmios póstumos somente sob uma condição - Não são feitas indicações póstumas. Sobre isso, Gandhi esteve muito perto de ganhar o prêmio, quando foi indicado três dias antes de seu assassinato em 1948. O fato foi

prêmios serão entregues por um comitê de cinco pessoas a serem eleitas pelo parlamento norueguês.

Prêmios - Os ganhadores do Prêmio Nobel levam para casa um certificado, uma medalha de ouro e muito di-nheiro! Os vencedores do ano passado foram premiados com cerca de 1,1 milhão de dólares. Mas, para cada pre-miado, um Nobel tem um valor inestimável.

Prêmios compartilhados - Em alguns casos, o prêmio é compartilhado, mas nunca por mais de três pessoas. Para as equipes com mais de três integrantes, o comitê escolhe quem fica de fora. Se duas pessoas ganharem o mesmo

o dalai Lama, ao receber o Prêmio Nobel da Paz

da esquerda, Tawakkul Karman, Leymah Gbowee, e ellen Johnson sirleaf, ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz em 2011

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revelado depois pelo comitê. Em 2002, Geir Lundestad, diretor do Comitê Nobel da Noruega, cha-mou a ausência de Gandhi como “a maior omissão na nossa histó-ria de 106 anos”. O prêmio póstu-mo só é concedido se a pessoa é anunciada como vencedora, mas morre antes da cerimônia do dia 10 de dezembro.

Cerimônia e festa - Os vencedores dos Prêmios Nobel têm o dever de proferir uma palestra pública num prazo de seis meses após a aceitação de sua concessão. A maioria deles a realiza durante a “Nobel Week”, em Estocolmo. Então, no final desta semana es-pecial, é feita uma festa com ban-quete, dança e um rígido código para os trajes.

Os homens devem vestir um fraque preto com paramen-tos de seda, camisa branca, gravata borboleta branca e colete branco. Tudo bem formal e com outros detalhes impostos. Para as mulheres, a requisição é apenas que seja um vestido fino de noite. Luvas longas e um xale são opcionais.

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Banquete na entrega do Prêmio Nobel, estocolmo, em 2011

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ÍNDICE DE PROGRESSO SOCIAL Brasil lidera entre os emergentes

RU

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termo Produto Interno Bruto (PIB) normalmente é tratado como se tivesse sido “enviado por Deus em tábuas de pedra”. Mas esse conceito foi inventado

por um economista na década de 1920. Nós precisamos de uma ferramenta de medida

O

O economista michael Green propõe o ips - Índice de progresso social como novo padrão de valores para se medir o progresso real das nações nos dias de hoje. ao analisar a atual conjuntura mundial, ele coloca em destaque o papel do brasil como o líder do ips entre os países emergentes

Vídeo: Ted – ideas WorTh sPreadiNGTradução: GusTaVo roChareVisão: roMaNe Ferreira

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mais eficaz para satisfazer as necessida-des do século 21, diz o economista Michael Green: o Índice de Progresso Social. Com simpatia e humor, ele mostra como essa ferramenta mede sociedades através das três dimensões que realmente importam. E revela a dramática reordenação das nações que surge quando ela é usada.

Michael Green, economista especialista em progresso social, criou o Social Progress Index, um padrão de medida para classifi-car sociedades baseadas na preocupação de ir ao encontro das necessidades dos seus cidadãos.

Em seu livro Philanthrocapitalism (escrito em coautoria com o jornalista de negócios Matthew Bishop), Michael Green define um novo modelo para a mudança social construída a partir de parcerias entre o mundo dos altos negócios sadios, os gover-nos e as organizações comunitárias. Logo após a publicação por sinal muito bem su-cedida da obra, Bishop lançou a ideia de um “Índice de Competitividade Social”, baseado na premissa de que, algum dia, as nações irão competir umas contra as ou-tras para se tornarem as mais avançadas socialmente, da mesma maneira como hoje competimos para sermos os mais ricos. Green adorou a proposta e decidiu conver-te-la em realidade.

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Tradução integral da palestra de Michael Green

Em 4 de janeiro de 1934, um jovem entregou um relatório ao Congres-so dos Estados Unidos que depois de 80 anos, ainda define as vidas de todos neste auditório, que ainda define as vidas de todos neste planeta.Esse jovem não era um político, Não era um empresário, um ativista de direitos humanos ou um líder religioso. Ele era o herói mais impro-vável, um economista. Seu nome era Simon Kuznets E o relatório que ele entregou se chamava “Renda Nacional, 1929-1932”.

Talvez vocês estejam pensando que esse relatório é seco e tedioso. E estão absolutamente certos. É completamente seco. Mas esse relatório é o alicerce de como avaliamos o sucesso dos países hoje: mais conhe-cido como Produto Interno Bruto, PIB.

O PIB definiu e moldou nossas vidas nos últimos 80 anos. E hoje eu gostaria de falar sobre um jeito diferente de medir o sucesso dos países, um jeito diferente de definir e moldar nossas vidas pelos próximos 80 anos.Mas primeiro, nós temos que entender como o PIB chegou a dominar nossas vidas. O relatório de Kuznets foi entregue num momento de cri-se. A economia dos EUA estava despencando na Grande Depressão e os legisladores tinham dificuldades para responder. Dificuldades por-que eles não sabiam o que estava acontecendo. Eles não tinham dados e estatísticas. O que o relatório de Kuznets ofereceu foram dados confi-áveis sobre o que a economia americana estava produzindo, atualizado a cada ano. Munidos dessa informação, os legisladores conseguiram, enfim, encontrar uma solução para sair da crise. E porque a invenção de Kuznets revelou-se tão útil, ela se espalhou pelo mundo. Hoje em dia, todos os países produzem estatísticas de PIB.

Mas, no primeiro relatório, o próprio Kutznets incluiu uma advertên-cia. Está no capítulo introdutório. Na página sete ele diz: “O bem-estar de uma nação pode, portanto, ser deduzido grosso modo a partir da medida da renda nacional como definido acima”. Não é a melhor frase

de efeito do mundo, e está envolta na linguagem cautelosa do economista. Mas sua mensagem era clara: o PIB é uma ferra-menta para nos ajudar a medir o desempenho econômico. Não é uma medida do nosso bem-estar. E não deveria ser referência para todas as decisões.

Mas nós ignoramos a advertência de Kuznets. Vivemos num mundo onde o PIB é a referência para o sucesso numa eco-nomia global. Nossos políticos vibram quando o PIB sobe. Os mercados movimentam-se e trilhões de dólares de recursos movimentam-se ao redor do mundo baseados em quais países estão subindo e quais países estão descendo, tudo medido com o PIB. Nossas sociedades se tornaram mecanismos para gerar mais PIB.

Mas nós sabemos que o PIB é falho. Ele ignora o ambiente.

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Michael Green

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Tradução integral da palestra de Michael Green

Considera bombas e prisões como progresso. Não consegue levar em conta a felicidade ou a comunidade. E não fala nada sobre equidade ou justiça. Será que é uma surpresa que nosso mundo, marchando à batida do PIB, está balançando à beira do desastre ambiental e cheio de ódio e conflitos?

Nós precisamos de um jeito melhor para medir nossas sociedades, uma medida baseada no que realmente importa às pessoas reais. Tenho o suficiente para comer? Sei ler e escrever? Estou seguro?Tenho direitos? Vivo numa sociedade onde não sou discriminado? Meu futuro e o futu-ro de meus filhos estão imunes à destruição ambiental? Essas são ques-tões que o PIB não responde e não pode responder.

No passado houve, é claro, esforços, para deixarmos o PIB para trás. Mas acredito que estamos vivendo um momento em que estamos pron-tos para uma revolução das métricas. Estamos prontos porque já vimos

na crise financeira de 2008, como nossa obsessão por cresci-mento econômico levou-nos pelo caminho errado. Nós vimos, na Primavera Árabe, como países como a Tunísia, teoricamente exemplos econômicos, eram sociedades fervilhando com des-contentamento. Estamos prontos, porque hoje temos tecnologia para reunir a analisar os dados de maneiras inimagináveis a Kuznets.

Hoje eu gostaria de apresentar-lhes o Índice de Progresso So-cial. É uma medida do bem-estar da sociedade, completamen-te separado do PIB. É uma maneira totalmente nova de ver o mundo. O Índice de Progresso Social começa definindo o que significa ser uma boa sociedade baseado em três dimensões. A primeira, todos têm as necessidades básicas para a sobrevi-vência: comida, água, abrigo, segurança? Segundo, todos têm acesso às coisas básicas para melhorar suas vidas: educação, informação, saúde e um meio ambiente sustentável? E terceiro, todos os indivíduos têm acesso a uma chance de buscar seus ob-jetivos, sonhos e ambições livres de obstáculos? Eles têm direi-tos, liberdade de escolha, liberdade da discriminação e acesso ao conhecimento mais avançado do mundo? Em conjunto, esses 12 componentes formam a estrutura do Progresso Social. E para cada um desses 12 componentes, temos indicadores para medir o desempenho dos países. Não indicadores de esforço ou de intenção, mas de conquistas reais. Nós não medimos quanto um país gasta em saúde, nós medimos a duração e a qualidade das vidas das pessoas. Não medimos se os governos aprovam leis contra a discriminação, nós medimos se as pessoas sofrem discriminação.

Mas o que vocês querem saber é quem está no topo, não é? (Ri-sos) Eu sabia, sabia, sabia. Certo, já vou mostrar-lhes. Vou mos-trar-lhes neste gráfico. Aqui estamos. Aqui eu coloquei o

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Tabela iPs

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progresso social no eixo vertical. Quanto mais alto, melhor. E só para comparação, só por diversão, no eixo horizontal está o PIB per capita. Quanto mais à direita, maior. E o país no mundo com o maior pro-gresso social, o país número um em progresso social é a Nova Zelân-dia. (Aplausos) Muito bem! Nunca fui; preciso ir. (Risos) O país com o menor progresso social, sinto muito dizer, é o Chade. Nunca fui; talvez ano que vem. (Risos) Ou talvez no próximo.

Sei o que estão pensando. Estão pensando: “Ah, mas a Nova Zelândia tem um PIB maior que o do Chade!” Bom argumento, muito bem. Mas deixem-me mostrar-lhes outros dois países. Aqui está os Estados Unidos; consideravelmente mais rico que a Nova Zelândia, mas com um nível mais baixo de progresso social. E aqui está o Senegal; tem um nível mais alto de progresso social que o Chade, mas o mesmo nível de PIB. O que está acontecendo? Bem, olhem. Deixem-me trazer o resto dos países do mundo, os 132 que conseguimos medir, cada um deles representado por um ponto. Aqui vamos. Muitos pontos. Obviamente não posso mostrar todos, então aí vão alguns destaques: O país do G7 com a melhor classificação é o Canadá. Meu país, o Reino Unido, está mediano, meio sem graça, mas quem se importa, pelo menos ganha-mos dos franceses. (Risos) E olhando para as economias emergentes, o primeiro dos BRICS, anuncio com prazer, é o Brasil. (Aplausos) Va-mos lá, mais forte! Vai, Brasil! À frente da África do Sul, depois Rússia, depois China e então a Índia. Escondido no lado direito, vocês veem o ponto de um país com muito PIB mas sem muito progresso social: é o Kuwait. Logo acima do Brasil está uma superpotência do progres-so social: é a Costa Rica. Tem um nível de progresso social igual ao de alguns países do leste europeu, mas com um PIB muito menor.

Bem, meu slide está ficando um pouco tumultuado e eu gostaria de recuar um pouco. Vou remover esses países, e inserir a linha de regres-são. E isso mostra a relação média entre o PIB e o progresso social. A primeira coisa que se nota, é que há muito ruído por volta da linha de

tendência. E o que isso mostra, o que isso demonstra empiri-camente, é que o PIB não é destino. Em cada nível de PIB per capita, há oportunidades para maior progresso social, e riscos para menos. A segunda coisa que se nota é que, para países po-bres, a curva é bem inclinada. O que isso nos mostra é que se os países pobres conseguirem um pouquinho mais de PIB, e se reinvestirem em médicos, enfermeiras, fornecimento de água, saneamento, etc., há bastante potencial de progresso social para o seu acréscimo de PIB. E isso são notícias boas, e é isso que vi-mos nos últimos 20, 30 anos, com muita gente sendo tirada da pobreza pelo crescimento econômico e boas políticas nos países mais pobres.

Mas se subirmos um pouco mais na curva, E vemos que ela vai se nivelando. Cada dólar extra de PIB vale cada vez menos pro

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Posição de alguns países, Brasil inclusive, na classificação do índice de Progresso social

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gresso social. Com uma parte cada vez maior da população mundial vivendo nessa parte da curva, quer dizer que o PIB está ficando cada vez menos útil como uma referência para o nosso desenvolvimento. Vou mostra-lhes um exemplo do Brasil.

Aqui está o Brasil: progresso social de cerca de 70 de um total de 100, PIB per capita de cerca de 14 mil dólares por ano. E olhem, o Brasil está acima da linha. O Brasil está fazendo um trabalho razoavelmente bom de conversão de PIB em progresso social. Mas para onde vai o Brasil depois? Digamos que o Brasil adote um plano econômico ousado de do-brar o PIB na próxima década. Mas essa é só metade do plano. É menos da metade do plano, Porque onde o Brasil quer chegar em progresso social? Brasil, é possível aumentar o crescimento, aumentar o PIB, e ao mesmo tempo estagnar ou recuar em progresso social. Não queremos

que o Brasil se transforme na Rússia. Vocês realmente querem é que o Brasil se torne sempre mais eficiente em criar progresso social a partir de seu PIB, para que se pareça mais com a Nova Zelândia. E isso significa que o Brasil tem que priorizar o pro-gresso social em seu plano de desenvolvimento e perceber que não se trata somente de crescimento, mas sim de crescimento com progresso social. E é isso que o Índice de Progresso Social faz: ele reformula a discussão sobre desenvolvimento, não so-mente sobre PIB, mas inclusive, crescimento sustentável que traga progresso real às vidas das pessoas. E não se trata somente de países.

No início deste ano, com amigos do Imazon, uma entidade brasileira sem fins lucrativos, nós lançamos o primeiro Índice de Progresso Social subnacional. Nós fizemos isso na região da Amazônia. Uma área do tamanho da Europa, 24 milhões de pessoas, uma das partes mais desfavorecidas do país. E aqui es-tão os resultados, e ele está detalhado em quase 800 municípios. E com essa informação detalhada sobre a verdadeira qualidade de vida nessa parte do país, o Imazon e outros parceiros gover-namentais, empresariais ou da sociedade civil podem cooperar para construir um plano de desenvolvimento que vá realmente ajudar a melhorar as vidas das pessoas, enquanto protegem o patrimônio global que é a Floresta Amazônica. E esse é só o co-meço, Podemos criar um Índice de Progresso Social para qual-quer estado, região, cidade ou município Todos conhecemos e amamos o TEDx; este é o Progresso Social-x. É uma ferramenta para todos usarem.

Diferente de como às vezes falamos dele, o PIB não foi enviado por Deus em tábuas de Pedra. (Risos) É uma ferramenta de me-dida inventada no século 20 para abordar os desafios do século 20. No século 21, nós enfrentamos novos desafios: enve

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a Nova Zelândia é o primeiro colocado na lista do iPs. Na foto, alunos do Kaikorai College, em auckland

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lhecimento, obesidade, mudança climática, e assim por diante. Para encarar esses problemas, precisamos de novas ferramentas de medida, novas maneiras de valorizar o progresso.

Imaginem se pudéssemos medir o que as organizações sem fins lucra-tivos, caridades, voluntários, organizações da sociedade civil realmente contribuem para a sociedade. Imaginem se as empresas competissem não somente com base na sua contribuição econômica, mas em sua contribuição para o progresso social. Imaginem se pudéssemos res-ponsabilizar os políticos por realmente melhorar as vidas das pesso-as. Imaginem se pudéssemos trabalhar juntos, governos, empresas, a sociedade civil, eu, vocês, e fazer deste século o século do progresso social! Obrigado. (Aplausos)

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o Tchad é o último colocado na lista do iPs. Na foto, uma sala de aula repleta de alunos nesse país africano