Obituário do Ruy Mesquita no Estadão: Página A3

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2013 Notas e Informações A3 Opinião Diretor de Opinião: Ruy Mesquita Editor Responsável: Antonio Carlos Pereira VOCÊ NO ESTADÃO.COM.BR Central de atendimento ao assinante Capital e Regiões Metropolitanas: 4003-5323 Demais localidades: 0800-014-77-20 www.assinante.estadao.com.br/faleconosco- Central de atendimento ao leitor: Fale com a redação: 3856-2122 [email protected] Classificados por telefone: 3855-2001 Vendas de assinaturas: Capital: 3950-9000 Demais localidades: 0800-014-9000 Vendas Corporativas: 3856-2917 Central de atendimentos às agências de publicidade: 3856-2531 – [email protected] Preços venda avulsa: SP: R$ 3,00 (segunda a sábado) e R$ 5,00 (domingo). RJ, MG, PR, SC e DF: R$ 3,50 (segunda a sábado) e R$ 6,00 (domingo). ES, RS, GO, MT e MS: R$ 5,50 (segunda a sábado) e R$ 7,50 (domingo). BA, SE, PE, TO e AL: R$ 6,50 (segunda a sábado) e R$ 8,50 (domingo). 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Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefo- ne) será desconsiderada. Diretor de Mercado Leitor e Operações: Christiano Nygaard Diretor de Mercado Anunciante: Rogério Gabriel Comprido Diretor de Produtos e Projetos: Ilan Kow Diretor Financeiro: Jorge Casmerides Diretor de Recursos Humanos: Fábio de Biazzi Diretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio Notas & Informações O governo federal acaba de inven- tar mais um tru- que para man- ter a gastança e continuar fe- chando suas contas, no fim do ano, como se houvesse cumpri- do a meta fiscal ou, pelo me- nos, manejado com alguma prudência as finanças públi- cas. Para isso, a presidente Dil- ma Rousseff decidiu antecipar, em nova manobra contábil, o recebimento de recursos devi- dos à União pela Itaipu Bina- cional – cerca de R$ 15 bilhões até 1.º de maio. O prazo previsto para a liqui- dação dos compromissos de Itaipu terminará em 2023. Com isso, cria-se mais uma hi- poteca sobre a arrecadação dos próximos dois mandatos presidenciais e do começo do terceiro. Eis aí mais um instru- tivo exemplo de irresponsabili- dade fiscal. O Tesouro já havia recorrido à antecipação de dividendos de estatais para tapar buracos. Es- se foi um dos artifícios empre- gados em 2012 para maquiar a execução do orçamento. Na prática, o Tesouro terá de se endividar, por meio da emis- são de papéis, para conseguir neste ano aquele dinheiro. O en- dividamento, autorizado pela Medida Provisória (MP) n.º 615, de 17 de maio, será “em favor da Conta de Desenvolvimento Energético”. Os valores recebi- dos depois, quando a Itaipu li- quidar efetivamente seus com- promissos, “serão destinados exclusivamente ao pagamento da dívida pública federal”. Para autorizar essa manobra, a nova MP alterou a Lei n.º 12.783, de 11 de janeiro deste ano, relativa às concessões de serviços de geração, transmis- são e distribuição de energia elétrica e à redução das tarifas de eletricidade. Com a antecipação do dinhei- ro devido até 2023 pela Itaipu Binacional, o governo terá re- cursos adicionais para enfren- tar os custos da redução das contas de energia. Incluída na receita, essa ver- ba será contada no cálculo do superávit primário, isto é, da economia feita anualmente pa- ra o pagamento de juros devi- dos pelo Tesouro. Facilitará, portanto, o cumprimento da meta fiscal, ampliando o espa- ço para a manutenção das des- pesas federais. Será mais fácil cumprir a meta sem comprimir os gastos ou sem aumentar a re- ceita efetiva, em parte prejudi- cada pela concessão de estímu- los tributários. Apesar da emissão de títulos, a dívida líquida poderá ficar inalterada, porque os papéis te- rão como contrapartida os cré- ditos a receber da Itaipu. Mas a dívida bruta aumentará e o cus- to de sua rolagem poderá subir, se as condições do mercado fi- nanceiro se alterarem. Isso dependerá tanto da polí- tica oficial de juros como do hu- mor dos financiadores. Embo- ra os ministros e outros funcio- nários insistam em falar quase exclusivamente sobre a dívida líquida, o mercado leva em con- ta, em suas avaliações, também a dívida bruta. É assim em todo o mundo e nenhum operador do sistema financeiro tem um bom motivo para agir de forma diferente em relação ao gover- no brasileiro. A MP autoriza a emissão de papéis até o limite do valor de- vido pela Itaipu Binacional em 1.º de maio. O objetivo imedia- to é cobrir os gastos previstos para a Conta de Desenvolvi- mento Energético, criada para várias finalidades, como a uni- versalização do serviço de ener- gia elétrica, a indenização a em- presas no caso da reversão das concessões, a redução dos pre- ços para os consumidores e a competitividade da energia pro- duzida com base no carvão e em outras fontes. O governo re- correu a essa conta para evitar o repasse aos consumidores dos custos adicionais da ener- gia térmica produzida durante a seca. O secretário do Tesouro, Ar- no Augustin, já havia anuncia- do a adoção de uma política “contracíclica” – economia nos anos bons para despesas maio- res nas fases ruins. Na prática, só a segunda parte da cartilha, a dos gastos maiores, vem sen- do seguida há muitos anos. O compromisso com o regime de metas fiscais tem sido mantido principalmente de maneira for- mal, com o uso cada vez mais amplo de maquiagem contábil. Ao recorrer à antecipação dos recursos devidos pela Itaipu Bi- nacional, o governo dá mais um salto no caminho da irresponsa- bilidade, ampliando o gasto por conta de créditos futuros. C omo era previsí- vel, os filhos de Chávez, na ausên- cia do Coman- dante, estão se devorando. Uma gravação divulgada pela oposi- ção da Venezuela mostra que o esfarelamento da “revolução bolivariana” não se limita à in- capacidade administrativa do presidente Nicolás Maduro e à corrupção galopante. Trata-se apenas de uma fração de infor- mação, mas a partir dela já é possível ter uma ideia clara das forças em confronto e do que elas são capazes. Segundo a oposição, a grava- ção é de uma conversa entre o apresentador de TV Mario Sil- va, que é um dos principais por- ta-vozes do chavismo, e um dos chefes do G2, o serviço de inteligência cubana, identifica- do como Aramis Palacios – te- nente-coronel que estaria na Venezuela a serviço do ditador de Cuba, Raúl Castro, para orientar o governo de Maduro. No diálogo, Silva diz que está com um “temor visceral” de que o presidente da Assem- bleia Nacional, Diosdado Ca- bello, esteja preparando um golpe de Estado. A disputa de poder entre Ma- duro e Cabello não é um fato novo. Os dois passaram todo o período da agonia de Hugo Chávez jurando lealdade ao caudilho e unidade absoluta nas fileiras chavistas. Esse dis- curso, ao que parece, não so- breviveu a Chávez. Escolhido pelo Comandante como seu su- cessor, Maduro é o “homem de Havana”, colocado na cadeira presidencial para preservar a relação que tem garantido o precioso financiamento vene- zuelano ao regime cubano. Ca- bello, por sua vez, é visto como um empecilho pelos irmãos Castro. Militar que participou da fracassada tentativa de gol- pe liderada por Chávez em 1992, Cabello seria seu suces- sor natural na presidência – era, afinal, o que previa a Cons- tituição venezuelana –, mas acabou preterido porque Cuba o teria vetado. Cabello controla o Partido Socialista Unificado da Vene- zuela (PSUV), onde é conheci- do como “novo Stalin”, e tem influência sobre uma parte sig- nificativa do aparato de segu- rança do regime, razão pela qual é visto há tempos como uma ameaça de desestabiliza- ção graças a sua sede de poder e de dinheiro. Empresário, Ca- bello tornou-se um dos ho- mens mais ricos da Venezuela e seu nome é frequentemente relacionado a casos de corrup- ção e ao narcotráfico. Na gravação revelada pela oposição, Mario Silva diz ao emissário cubano que “a única forma de deter Cabello é mos- trar que ele é um corrupto e que existe uma prova confiável de que o Comandante sabia disso”. Segundo o apresenta- dor, Maduro tem de ser alerta- do para o perigo de perder o controle das Forças Armadas para Cabello, “o que poderia le- var a um golpe de Estado”. E chama a atenção para o risco de divisões dentro do Exército. A gravação surge num mo- mento de especial fragilidade de Maduro, em que a Venezue- la enfrenta uma grave crise de desabastecimento, que começa a corroer o patrimônio carismá- tico que Chávez legou. Por con- ta disso, a reação de Maduro à divulgação do áudio foi apare- cer em diversos eventos ao la- do de militares, para tentar mostrar quem é que manda. Enquanto isso, Cabello reafir- mou sua “fidelidade absoluta” ao governo, mas o PSUV ficou em silêncio e alguns governis- tas timidamente se limitaram a questionar a autenticidade da gravação. Já o apresentador Ma- rio Silva, que não é conhecido pela moderação, preferiu ape- lar às teorias da conspiração, ao dizer que o diálogo foi uma “boa montagem” feita pelos “sionistas”. Em seguida, anun- ciou que está deixando seu pro- grama por “motivos de saúde”. Dadas as circunstâncias, a oposição pode ter sido usada como mero veículo para a ex- posição pública das entranhas do chavismo e das manobras de Cabello, pois trata-se de al- go que serve a Maduro e ao consórcio que tenta sustentá- lo no poder. Na gravação, Ma- rio Silva chega a dizer que Ca- bello está se aproveitando da crise econômica, por meio de empresas de fachada e evasão de divisas, para enriquecer ain- da mais. “Estamos metidos em um mar de m..., compa- dre”, disse o apresentador a seu amigo cubano, resumindo, com rara franqueza, a situação venezuelana. 3.156 TOTAL DE COMENTÁRIOS NO PORTAL: estadão.com.br TEMA DO DIA POR DECISÃO JUDICIAL, O ESTADO ESTÁ SOB CENSURA. ENTENDA O CASO: WWW.ESTADAO.COM.BR /CENSURA 1.391 DIAS “Não se fazem mais homens como antigamente... Só nos resta preservar seu legado” FRANCISCO JOSÉ SIDOTI / SÃO PAULO, SOBRE RUY MESQUITA [email protected] “Descanse em paz, dr. Ruy. Obrigado por tudo o que o senhor proporcionou a nós, na linha de frente do ‘Estadão’. Como leitores, continuaremos apoiando sua obra” NELSON PEREIRA BIZERRA / SÃO PAULO, IDEM [email protected] Sentimentos Em meu nome e de toda comuni- dade judaica latino-americana, externamos nossos mais profun- dos sentimentos pela perda do dr. Ruy, personagem de alto rele- vo que ao longo de sua jornada soube conduzir com maestria um jornal de tanta expressão e que faz jus ao seu nome tanto no que diz ao nosso cotidiano co- mo ao contexto mundial. JACK TERPINS, presidente do Con- gresso Judaico Latino-Americano www.congresojudio.org.ar São Paulo Lamento Em nome do Instituto Cultural Arte Brasil, lamento a morte do jornalista Ruy Mesquita, perso- nagem fundamental para enten- der o jornalismo brasileiro das úl- timas décadas e as mudanças por que tem passado. ALDO MORAES, presidente [email protected] Londrina (PR) Condolências A toda a família Mesquita, e em especial à dona Laura e ao meu amigo de escola João, registro as minhas condolências pelo passamento do Ruyzão, colega de meu pai na São Francisco. Desde criança ouvi a família Mesquita ser citada por meu avô e por meu pai. Tive o prazer e a honra de tê-lo conhecido pes- soalmente e tenho vívida em mi- nha memória a ocasião do nos- so último encontro, numa festa, poucos anos atrás, em que o dr. Ruy Mesquita me concedeu a honra de meia hora de boa pro- sa. O Brasil perde mais um de seus mais dignos filhos. Que o seu exemplo de vida permaneça como chama de esperança para os dias de hoje. GUILHERME COSTA NEGRAES JR. [email protected] São Paulo Gastando por conta do futuro As entranhas do chavismo “Países de Primeiro Mundo legalizaram a maconha. Assim, acabou o tráfico. Gente, deixa cada um viver como queira.” GABRIEL GONZAGA “Comprar carro roubado também não deveria ser crime. O crime seria só roubar o carro, assim como seria só traficar.” THOMAS EASTWOOD “E se eles pedissem para dar melhores condições na saúde, educação e infraestrutura? As prioridades estão todas erradas.” HELEN MORAIS

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2013 Notas e Informações A3

OpiniãoDiretor de Opinião: Ruy MesquitaEditor Responsável: Antonio Carlos Pereira

VOCÊ NO ESTADÃO.COM.BR

Central de atendimento ao assinanteCapital e Regiões Metropolitanas: 4003-5323Demais localidades: 0800-014-77-20www.assinante.estadao.com.br/faleconosco-Central de atendimento ao leitor:Fale com a redação: [email protected] por telefone:3855-2001Vendas de assinaturas:Capital: 3950-9000Demais localidades: 0800-014-9000Vendas Corporativas:3856-2917Central de atendimentosàs agências de publicidade:3856-2531 – [email protected]ços venda avulsa: SP: R$ 3,00 (segundaa sábado) e R$ 5,00 (domingo). RJ, MG, PR,SC e DF: R$ 3,50 (segunda a sábado) e R$6,00 (domingo). ES, RS, GO, MT e MS: R$5,50 (segunda a sábado) e R$ 7,50 (domingo).BA, SE, PE, TO e AL: R$ 6,50 (segunda asábado) e R$ 8,50 (domingo). AM, RR, CE,MA, PI, RN, PA, PB, AC e RO: R$ 7,00 (se-gunda a sábado) e R$ 9,00 (domingo)Preços assinaturas: De segunda a domingo– SP e Grande São Paulo – R$ 74,90/mês.Demais localidades e condições sob consulta.

Diretor de Conteúdo: Ricardo GandourEditora-Chefe Responsável: Maria Aparecida DamascoEditora-Chefe de Plataformas Digitais: Claudia BelfortDiretor de Desenvolvimento Editorial: Roberto Gazzi

‘Usar maconha no Paísnão deve ser crime’Cientistas e ex-ministros pedemque uso recreativo de drogasno Brasil seja descriminalizado

Diretor Presidente: Francisco Mesquita Neto

A versão na Internet deO Estado de S. Paulo

Conselho de AdministraçãoMembrosWalter Fontana Filho, Fernão Lara Mesquita,Francisco Mesquita Neto, Getulio Luiz de Alencar,Júlio César Mesquita e Roberto C. Mesquita

Avenida Engenheiro Caetano Álvares, 55 -6º andar, CEP 02598-900Fax: (11) 3856-2920E-mail: [email protected]

O Estado reserva-se o direito de selecionare resumir as cartas. Correspondência semidentificação (nome, RG, endereço e telefo-ne) será desconsiderada.

Diretor de Mercado Leitor e Operações: Christiano NygaardDiretor de Mercado Anunciante: Rogério Gabriel CompridoDiretor de Produtos e Projetos: Ilan KowDiretor Financeiro: Jorge CasmeridesDiretor de Recursos Humanos: Fábio de BiazziDiretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio

Notas & Informações

O governo federalacaba de inven-tar mais um tru-que para man-ter a gastança econtinuar fe-

chando suas contas, no fim doano, como se houvesse cumpri-do a meta fiscal ou, pelo me-nos, manejado com algumaprudência as finanças públi-cas. Para isso, a presidente Dil-ma Rousseff decidiu antecipar,em nova manobra contábil, orecebimento de recursos devi-dos à União pela Itaipu Bina-cional – cerca de R$ 15 bilhõesaté 1.º de maio.

O prazo previsto para a liqui-dação dos compromissos deItaipu terminará em 2023.Com isso, cria-se mais uma hi-poteca sobre a arrecadaçãodos próximos dois mandatospresidenciais e do começo doterceiro. Eis aí mais um instru-tivo exemplo de irresponsabili-dade fiscal.

O Tesouro já havia recorridoà antecipação de dividendos deestatais para tapar buracos. Es-se foi um dos artifícios empre-gados em 2012 para maquiar aexecução do orçamento.

Na prática, o Tesouro terá dese endividar, por meio da emis-são de papéis, para conseguirneste ano aquele dinheiro. O en-dividamento, autorizado pelaMedida Provisória (MP) n.º 615,de 17 de maio, será “em favor daConta de DesenvolvimentoEnergético”. Os valores recebi-dos depois, quando a Itaipu li-quidar efetivamente seus com-promissos, “serão destinadosexclusivamente ao pagamento

da dívida pública federal”.Para autorizar essa manobra,

a nova MP alterou a Lei n.º12.783, de 11 de janeiro desteano, relativa às concessões deserviços de geração, transmis-são e distribuição de energiaelétrica e à redução das tarifasde eletricidade.

Com a antecipação do dinhei-ro devido até 2023 pela ItaipuBinacional, o governo terá re-cursos adicionais para enfren-tar os custos da redução dascontas de energia.

Incluída na receita, essa ver-ba será contada no cálculo dosuperávit primário, isto é, daeconomia feita anualmente pa-ra o pagamento de juros devi-dos pelo Tesouro. Facilitará,portanto, o cumprimento dameta fiscal, ampliando o espa-ço para a manutenção das des-pesas federais. Será mais fácilcumprir a meta sem comprimiros gastos ou sem aumentar a re-ceita efetiva, em parte prejudi-cada pela concessão de estímu-los tributários.

Apesar da emissão de títulos,a dívida líquida poderá ficarinalterada, porque os papéis te-rão como contrapartida os cré-ditos a receber da Itaipu. Mas adívida bruta aumentará e o cus-to de sua rolagem poderá subir,se as condições do mercado fi-nanceiro se alterarem.

Isso dependerá tanto da polí-tica oficial de juros como do hu-mor dos financiadores. Embo-ra os ministros e outros funcio-nários insistam em falar quaseexclusivamente sobre a dívidalíquida, o mercado leva em con-ta, em suas avaliações, também

a dívida bruta. É assim em todoo mundo e nenhum operadordo sistema financeiro tem umbom motivo para agir de formadiferente em relação ao gover-no brasileiro.

A MP autoriza a emissão depapéis até o limite do valor de-vido pela Itaipu Binacional em1.º de maio. O objetivo imedia-to é cobrir os gastos previstospara a Conta de Desenvolvi-mento Energético, criada paravárias finalidades, como a uni-versalização do serviço de ener-gia elétrica, a indenização a em-presas no caso da reversão dasconcessões, a redução dos pre-ços para os consumidores e acompetitividade da energia pro-duzida com base no carvão eem outras fontes. O governo re-correu a essa conta para evitaro repasse aos consumidoresdos custos adicionais da ener-gia térmica produzida durantea seca.

O secretário do Tesouro, Ar-no Augustin, já havia anuncia-do a adoção de uma política“contracíclica” – economia nosanos bons para despesas maio-res nas fases ruins. Na prática,só a segunda parte da cartilha,a dos gastos maiores, vem sen-do seguida há muitos anos. Ocompromisso com o regime demetas fiscais tem sido mantidoprincipalmente de maneira for-mal, com o uso cada vez maisamplo de maquiagem contábil.Ao recorrer à antecipação dosrecursos devidos pela Itaipu Bi-nacional, o governo dá mais umsalto no caminho da irresponsa-bilidade, ampliando o gasto porconta de créditos futuros.

Como era previsí-vel, os filhos deChávez, na ausên-cia do Coman-dante, estão sedevorando. Uma

gravação divulgada pela oposi-ção da Venezuela mostra que oesfarelamento da “revoluçãobolivariana” não se limita à in-capacidade administrativa dopresidente Nicolás Maduro e àcorrupção galopante. Trata-seapenas de uma fração de infor-mação, mas a partir dela já épossível ter uma ideia clara dasforças em confronto e do queelas são capazes.

Segundo a oposição, a grava-ção é de uma conversa entre oapresentador de TV Mario Sil-va, que é um dos principais por-ta-vozes do chavismo, e umdos chefes do G2, o serviço deinteligência cubana, identifica-do como Aramis Palacios – te-nente-coronel que estaria naVenezuela a serviço do ditadorde Cuba, Raúl Castro, paraorientar o governo de Maduro.No diálogo, Silva diz que estácom um “temor visceral” deque o presidente da Assem-bleia Nacional, Diosdado Ca-bello, esteja preparando umgolpe de Estado.

A disputa de poder entre Ma-duro e Cabello não é um fatonovo. Os dois passaram todo operíodo da agonia de HugoChávez jurando lealdade aocaudilho e unidade absolutanas fileiras chavistas. Esse dis-curso, ao que parece, não so-breviveu a Chávez. Escolhidopelo Comandante como seu su-cessor, Maduro é o “homem de

Havana”, colocado na cadeirapresidencial para preservar arelação que tem garantido oprecioso financiamento vene-zuelano ao regime cubano. Ca-bello, por sua vez, é visto comoum empecilho pelos irmãosCastro. Militar que participouda fracassada tentativa de gol-pe liderada por Chávez em1992, Cabello seria seu suces-sor natural na presidência –era, afinal, o que previa a Cons-tituição venezuelana –, masacabou preterido porque Cubao teria vetado.

Cabello controla o PartidoSocialista Unificado da Vene-zuela (PSUV), onde é conheci-do como “novo Stalin”, e teminfluência sobre uma parte sig-nificativa do aparato de segu-rança do regime, razão pelaqual é visto há tempos comouma ameaça de desestabiliza-ção graças a sua sede de podere de dinheiro. Empresário, Ca-bello tornou-se um dos ho-mens mais ricos da Venezuelae seu nome é frequentementerelacionado a casos de corrup-ção e ao narcotráfico.

Na gravação revelada pelaoposição, Mario Silva diz aoemissário cubano que “a únicaforma de deter Cabello é mos-trar que ele é um corrupto eque existe uma prova confiávelde que o Comandante sabiadisso”. Segundo o apresenta-dor, Maduro tem de ser alerta-do para o perigo de perder ocontrole das Forças Armadaspara Cabello, “o que poderia le-var a um golpe de Estado”. Echama a atenção para o riscode divisões dentro do Exército.

A gravação surge num mo-mento de especial fragilidadede Maduro, em que a Venezue-la enfrenta uma grave crise dedesabastecimento, que começaa corroer o patrimônio carismá-tico que Chávez legou. Por con-ta disso, a reação de Maduro àdivulgação do áudio foi apare-cer em diversos eventos ao la-do de militares, para tentarmostrar quem é que manda.Enquanto isso, Cabello reafir-mou sua “fidelidade absoluta”ao governo, mas o PSUV ficouem silêncio e alguns governis-tas timidamente se limitaram aquestionar a autenticidade dagravação. Já o apresentador Ma-rio Silva, que não é conhecidopela moderação, preferiu ape-lar às teorias da conspiração,ao dizer que o diálogo foi uma“boa montagem” feita pelos“sionistas”. Em seguida, anun-ciou que está deixando seu pro-grama por “motivos de saúde”.

Dadas as circunstâncias, aoposição pode ter sido usadacomo mero veículo para a ex-posição pública das entranhasdo chavismo e das manobrasde Cabello, pois trata-se de al-go que serve a Maduro e aoconsórcio que tenta sustentá-lo no poder. Na gravação, Ma-rio Silva chega a dizer que Ca-bello está se aproveitando dacrise econômica, por meio deempresas de fachada e evasãode divisas, para enriquecer ain-da mais. “Estamos metidosem um mar de m..., compa-dre”, disse o apresentador aseu amigo cubano, resumindo,com rara franqueza, a situaçãovenezuelana.

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TEMA DO DIA

POR DECISÃOJUDICIAL, O ESTADOESTÁ SOB CENSURA.ENTENDA O CASO:WWW.ESTADAO.COM.BR/CENSURA

HÁ1.391DIAS

“Não se fazem mais homenscomo antigamente... Só nosresta preservar seu legado”

FRANCISCO JOSÉ SIDOTI / SÃOPAULO, SOBRE RUY [email protected]

“Descanse em paz, dr. Ruy.Obrigado por tudo oque o senhor proporcionoua nós, na linha de frentedo ‘Estadão’. Comoleitores, continuaremosapoiando sua obra”

NELSON PEREIRA BIZERRA / SÃOPAULO, [email protected]

Sentimentos

Em meu nome e de toda comuni-dade judaica latino-americana,externamos nossos mais profun-dos sentimentos pela perda dodr. Ruy, personagem de alto rele-vo que ao longo de sua jornadasoube conduzir com maestriaum jornal de tanta expressão eque faz jus ao seu nome tanto noque diz ao nosso cotidiano co-mo ao contexto mundial.JACK TERPINS, presidente do Con-gresso Judaico Latino-Americanowww.congresojudio.org.arSão Paulo

Lamento

Em nome do Instituto CulturalArte Brasil, lamento a morte dojornalista Ruy Mesquita, perso-nagem fundamental para enten-der o jornalismo brasileiro das úl-timas décadas e as mudançaspor que tem passado.ALDO MORAES, presidente

[email protected] (PR)

Condolências

A toda a família Mesquita, e emespecial à dona Laura e ao meuamigo de escola João, registroas minhas condolências pelopassamento do Ruyzão, colegade meu pai na São Francisco.Desde criança ouvi a famíliaMesquita ser citada por meuavô e por meu pai. Tive o prazere a honra de tê-lo conhecido pes-soalmente e tenho vívida em mi-nha memória a ocasião do nos-so último encontro, numa festa,poucos anos atrás, em que o dr.Ruy Mesquita me concedeu ahonra de meia hora de boa pro-sa. O Brasil perde mais um deseus mais dignos filhos. Que oseu exemplo de vida permaneçacomo chama de esperança paraos dias de hoje.GUILHERME COSTA NEGRAES [email protected]ão Paulo

Gastando por conta do futuroAs entranhas do chavismo

● “Países de Primeiro Mundo legalizaram a maconha. Assim,acabou o tráfico. Gente, deixa cada um viver como queira.”GABRIEL GONZAGA

● “Comprar carro roubado também não deveria ser crime. Ocrime seria só roubar o carro, assim como seria só traficar.”THOMAS EASTWOOD

● “E se eles pedissem para dar melhores condições na saúde,educação e infraestrutura? As prioridades estão todas erradas.”HELEN MORAIS