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áGUA As realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais # 153 ano XXXVIII março/abril 2011

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texto, foto

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águaAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais

# 153 ano XXXVIII março/abril 2011

“O mais importante patrimônio do ser humano é seu espírito,

pois é este que lhe confere caráter e vontade de servir, bem como forças para criar,

inovar e produzir em benefício de seus semelhantes”

TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]

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Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 120 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro

reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez

cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa

cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti

tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom

redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]

Próxima edição:Desenvolvimento

de Pessoas

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Edição online Acervo online Novidades Videorreportagem Blog

> ETH desenvolve programa para usar menos água na moagem de cana-de-açúcar

> Porto Maravilha, um projeto que vai revolucionar a zona portuária do Rio de Janeiro

> Nos estados do Rio e de São Paulo, obras em calhas e canais envolvem desafio de logística

> Siga Odebrecht Informa pelo twitter e saiba das novidades imediatamente @odbinforma

> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação

> Leia no blog de Odebrecht

Informa os posts escritos

pelos repórteres e pelos

editores da revista. Textos

de Cláudio Lovato Filho,

Fabiana Cabral,

José Enrique Barreiro,

Karolina Gutiez, Leonardo

Maia, Renata Meyer,

Rodrigo Vilar, Thereza

Martins, Zaccaria Júnior e

colaboradores.

> Veja o que está sendo feito para a preserva-ção da qualidade da água do rio Madeira

> Angola: os projetos que estão ajudando o país a superar o desafio do abastecimento de água

> Saiba como foi desenvolvido o novo projeto editorial e gráfico de Odebrecht Informa

ETENO VERDEGuilherme Guaragna fala da realização de um projeto que se tornou referência mundial

> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista

> Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002

> Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev

> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF

www.odebrechtonline.com.br

informa 67ÁGUAAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais

# 152 ano XXXVIII março/abril 2011

Também disponível para tablets e smartphones

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#153

ÁGUAEm Maceió, no entorno das lagoas, lições de

relacionamento positivo com o ambiente

Com obras em vários pontos do país, Angola

investe no abastecimento de água

Uma empresa presente (e sempre bem-vinda)

no dia a dia de 4,5 milhões de pessoas

No Peru, obra de transposição de água

transforma o deserto em terras férteis

Projeto de irrigação dos anos 1980 e 1990 leva

prosperidade ao sertão da Bahia

Como a tecnologia e a criatividade estão

garantindo a preservação do Rio Madeira

Sabor, o último rio selvagem da Europa:

conheça sua história e sua contribuição

Gabriel Azevedo fala do assunto que o fascina desde

a infância e do qual tornou-se especialista: a água

Aquapolo: o avanço nas técnicas de reúso

de recursos hídricos na indústria

Cetrel e o Polo Industrial de Camaçari:

uma relação essencial para a sustentabilidade

John Briscoe, Professor da Universidade de Harvard,

nos Estados Unidos, e sua advertência otimista

&pessoasnotícias 52 Organização

56 Perfil

58 Fundação Odebrecht

60 TEO

62 Engenharia submarina

64 Gente

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48foto de capa: Vicente Sampaio

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O permanente espírito de renovação

A água é o assunto escolhido para marcar a estreia de uma

nova fase de Odebrecht Informa. Nesta edição, de

número 153, a revista apresenta aos leitores seu novo

projeto editorial e gráfico.

O objetivo principal da mudança é revelar de que

forma assuntos de especial relevância para a Organização, o Brasil e o

mundo são tratados pelas pessoas da Odebrecht, onde quer que este-

jam. Esse tratamento, sempre com base nos princípios e conceitos da

Tecnologia Empresarial Odebrecht, configura um modo de agir próprio,

coerente e articulado, que consolida uma cultura empresarial de mais de

65 anos. Ao fim das contas, é essa cultura que queremos revelar e ajudar

a manter.

Entre as principais características do novo formato, está um tratamen-

to ainda mais generoso dedicado às fotografias, que ficam maiores e mais

sintéticas. Sem abrir mão de seu DNA jornalístico, que a faz se manter no

caminho da busca permanente de informação relevante, segura e qua-

lificada, Odebrecht Informa passa agora a vestir seus textos com uma

roupagem mais analítica, transformando-os em convites à reflexão.

A renovação é o caminho natural de tudo o que é feito por e para pes-

soas que entendem que a evolução se faz no dia a dia, com um espíri-

to inquieto e construtivo. O mesmo espírito que está levando o mundo a

discutir sua relação vital com a água – cujo dia mundial é comemorado

em 22 de março –, em um cenário de “copo meio cheio”, como definiu o

Professor John Briscoe, autor do artigo desta edição, em uma advertên-

cia otimista.

Pessoas em busca de soluções, para as quais o copo nunca está meio

vazio, é o que você encontrará a seguir nas páginas de Odebrecht Informa

– uma publicação que se renova, mas cujo grande tema será, sempre, o

ser humano e sua infinita capacidade de sonhar e realizar.

Pessoas em busca de soluções, para as quais o copo nunca está meio vazio, é o que você encontrará a seguir nas páginas de Odebrecht Informa – uma publicação que se renova, mas cujo grande tema será, sempre, o ser humano e sua infinita capacidade de sonhar e realizar.

EDITORIAL

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6 informa

6

lagoasH

á muita vida pulsando em torno do

complexo lacustre Mundaú-Manguaba,

em Alagoas, onde se concentram as

ações do Projeto Lagoa Viva, patroci-

nado pela Braskem. Quando foi criado,

em 2001, o projeto se resumia ao trabalho de educação

ambiental na Escola de Ensino Fundamental Silvestre

Péricles e abrangia a comunidade do bairro do Pontal

da Barra, às margens da Lagoa Mundaú e próxima à

Unidade Cloro-Soda da empresa. Uma década de-

pois, além da conscientização ecológica, o Lagoa Viva

desenvolve projetos para geração de trabalho e renda

em 37 municípios, envolvendo 481 escolas de educação

básica da região, 230.715 alunos e 9.502 educadores

ambientais.

A preservação do Complexo Estuarino Lagunar Mun-

daú-Manguaba, um dos mais importantes do país, po-

rém, continua sendo o foco principal do Instituto Lagoa

Viva, uma organização não governamental criada para

gerir os projetos ambientais da região. As duas lagoas,

apesar do trabalho de conscientização ali desenvolvido,

ainda sofrem com a degradação ambiental provoca-

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Em Alagoas, 37 municípios são beneficiados por uma iniciativa que,

muito mais que trabalho e renda, gera uma relação de complementaridade

entre o ser humano e o meio ambiente

A VIDA QUE EMANA DASlagoastexto Rubeny GoulaRt fotos Élvio luiz

da pelo assoreamento acelerado, o despejo de dejetos

industriais e esgotos oriundos de Maceió e cidades cir-

cunvizinhas. A ação desses sedimentos afeta direta e

indiretamente os cerca de 260 mil habitantes que vivem

no entorno das lagoas, dos quais 5 mil são pescadores.

As parcerias firmadas com as secretarias de Educa-

ção de Alagoas e dos municípios próximos ao complexo

Mundaú-Manguaba permitiram uma ação mais abran-

gente e integrada do Lagoa Viva, cuja atuação alcança

áreas de preservação e conservação do bioma Mata

Atlântica e seus ecossistemas, formados por restingas,

caatingas, manguezais, recifes de corais e parte do Rio

São Francisco. Hoje, além de contribuir para a Forma-

ção Continuada de Professores em Educação Ambien-

tal da Rede Pública de Ensino, o Lagoa Viva atua na

capacitação profissional da comunidade.

Média de 224 eventos por anoMantido pela Braskem desde 2001, o Lagoa Viva é

executado por meio de convênios com escolas, univer-

sidades e prefeituras. Anualmente, o instituto realiza,

em média, 224 eventos, entre palestras e seminários

Encontro das águas da Lagoa Mundaú com o mar: beleza que impressiona e inspira mudanças

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voltados para a educação ambiental, além de cursos e

oficinas diversas, como de apicultura, hidroponia, re-

ciclagem de materiais, artesanato e inglês. “O objetivo

do programa é despertar nas pessoas a consciência

das questões ambientais e mobilizá-las para ações

pontuais”, explica Milton Pimentel Pradines Filho, Res-

ponsável por Relações Institucionais da Braskem em

Alagoas.

Os mais de 417 projetos do Lagoa Viva em anda-

mento, na forma de palestras, oficinas e trabalhos de

campo, levam em conta as potencialidades e a voca-

ção de cada município. Assim, se nas áreas ribeiri-

nhas do bairro do Pontal incentiva-se a piscicultura de

subsistência e a produção de rendas ou “filés”, como

é denominado o artesanato local, em pelo menos sete

comunidades rurais do município de Teotônio Vilela es-

tão sendo desenvolvidos projetos de meliponicultura, a

cultura do mel de abelha-sem-ferrão, nativa do Brasil.

Já em Santana do Mundaú, um dos municípios mais

prejudicados pelas enchentes que atingem a região,

prevalece o cultivo de laranja-lima enxertada.

A abundância de água em Maceió, uma região cer-

cada pelo mar e por lagoas, é a inspiração maior para

boa parte dos projetos do Lagoa Viva. Tudo, de alguma

forma, remete às lagoas, que, dada à beleza do lugar,

são utilizadas para passeios turísticos e a prática de

esportes náuticos. A conscientização sobre o meio am-

biente, em especial a preservação dos 27 km2 da Lagoa

Mandaú e dos 42 km2 da Lagoa Manguaba, está direta-

mente ligada à subsistência econômica das comunida-

des locais, que vivem da pesca e da comercialização de

peixes, crustáceos e moluscos típicos da região, como

sururu, lambreta e maçunin.

O Complexo Mundaú-Manguaba também é cenário

do Ecovela/Braskem, evento que tem como atrações

principais uma gincana para retirada de lixo das lagoas

por jangadeiros e uma competição de canoas à vela.

A adesão de municípios ao evento, que está na sétima

edição, aumenta a cada ano. Em sua última versão,

em 2010, contou com a participação de moradores de

Maceió, Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Pilar, Santa

Luzia do Norte, Barra de São Miguel, Roteiro, Penedo,

Piaçabuçu e até das comunidades sergipanas de Brejo

Grande e Neópolis. Em três dias, foram retirados das

lagoas mais de 15 t de lixo.

Técnicas de cultivoMesmo fora das lagoas, a água também é o com-

bustível vital para o projeto de produção de verduras

e legumes hidropônicos, que está sendo implemen-

tado pelo Lagoa Viva em escolas, áreas comunitárias

e assentamentos rurais da região sob a coordenação

do técnico agrícola Robson Araújo, 27 anos. Robson

participa do programa desde 2003 e, além de formar

professores e alunos no desenvolvimento de técnicas

de cultivo de hortas hidropônicas e orgânicas, frutas,

hortaliças, leguminosas e ervas medicinais, realiza ex-

periências com espécies vegetais nativas em extinção,

como a sucupira-branca e o murici. “O Lagoa Viva foi

uma bênção para a natureza e uma grande oportuni-

Pescador com a rede e (na outra página) criança brincando na água: vidas do entorno das lagoas

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dade profissional para muitos”, diz Robson.

É visível, no Lagoa Viva, a associação entre a cons-

cientização ecológica e o seu viés profissionalizante,

uma vez que, por definição, todas as ações de capa-

citação resultam em intervenção no ambiente natural.

Por essa razão, todos que participam de quaisquer dos

projetos do Lagoa Viva precisam cumprir o currículo

mínimo de 20 horas-aula dos cursos e palestras do

programa. “É importante transmitir a todos essa ideia

de que a atividade econômica depende do ambiente e

vice-versa”, explica a professora Lenice Santos de Mo-

raes, Presidente do Instituto Lagoa Viva. Além disso,

há um permanente esforço de integração entre a aca-

demia e o projeto. Por intermédio de convênio entre a

Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Braskem e o

Instituto Lagoa Viva, cerca de 150 professores de esco-

las públicas municipais já fizeram cursos de Gestão e

Especialização em Meio Ambiente.

A síntese da capacitação profissional com a consci-

ência ecológica pode ser percebida na atitude de Jami-

le Talita, 25 anos, integrante do Lagoa Viva desde 2003,

ano em que fez a oficina de “filé”. “Nossa vida, cultura e

sobrevivência estão intimamente ligadas ao ambiente”,

diz ela. Ao aprimorar a técnica que, na tradição local,

é passada de mãe para filha, ela ajudou a aumentar a

produção familiar vendida nas lojas de artesanato lo-

cais, hoje em torno de 50 peças/mês. “Uma renda extra

sempre ajuda e permite que a gente dê passos maio-

res”, diz Jamile, que também é aluna do curso de in-

glês, promovido pelo Instituto Lagoa Vida e ministrado

pela Casa de Cultura Britânica da Faculdade de Letras

e da Pró-Reitoria de Extensão da Ufal.

Até o fim dos anos 1990, a capacitação profissional

não fazia parte do projeto ambiental da Unidade Cloro-

Soda, então controlada pela Trikem, empresa da Orga-

nização Odebrecht. O Projeto Lagoa, como era chama-

do, estava voltado apenas para a comunidade do bairro

do Pontal, onde vivem cerca de 4 mil pessoas. “Tínha-

mos que ampliar o espectro da educação ambiental

para outras ações que envolvem a comunidade”, diz o

Diretor Industrial Álvaro Cezar de Almeida, que partici-

pou, à época, das gestões para implantar a nova orien-

tação do programa, já denominado Lagoa Viva.

Em 2003, nascia o Instituto Lagoa Viva, com a ges-

tão da professora Lenice, que era diretora de uma es-

cola local, e seu irmão Jorge Mário, já falecido. Os novos

gestores, muito ligados à militância ambiental, trouxe-

ram uma série de sugestões que ampliou o espectro do

programa, como a produção de eventos e as oficinas de

capacitação profissional, voltados não apenas para pro-

fessores e alunos das escolas, mas para toda comuni-

dade. Em 2007, motivado por debates entre os educa-

dores ambientais do Lagoa Viva, foi criado o Projeto de

Intervenção e Integração Escola/Comunidade, para sis-

tematizar a prática dos conceitos de educação ambiental

nas escolas municipais. Uma das principais medidas foi

a constituição de uma Comissão de Meio Ambiente nas

escolas para integrar educadores, alunos e a comuni-

dade em ações socioambientais. Como, a cada ano, no-

vos municípios ligados ao Complexo Estuarino Lagunar

Mundaú-Manguaba vão se incorporando ao Lagoa Viva,

cresce a demanda por novos projetos.

O objetivo é que, no futuro, cada município do es-

tado esteja incorporado ao projeto, que os estudantes

tenham uma sólida formação ambiental - contribuindo

para a formação de cidadãos mais conscientes em re-

lação ao meio ambiente – e que mais empresas parti-

cipem da manutenção do Lagoa Viva.

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texto luiz CaRlos Ramos fotos GuilheRme afonso

Fontanários, estações de tratamento e sistemas de distribuição são exemplos de projetos que estão solucionando o desafio do abastecimento de água em Angola10

A FONTE DESTE

ngola, com 35 anos de independência

e apenas nove anos em situação de

verdadeira paz, está conseguindo ex-

pressivo avanço na qualidade de vida

de seus habitantes, hoje em torno de

17 milhões. O país chega a um novo ciclo de desen-

volvimento, marcado pela realização de projetos hidre-

létricos, rodoviários, de saneamento e habitacionais.

O Governo e os moradores das duas maiores regiões

metropolitanas – Luanda, com 6 milhões de habitantes,

e Benguela, de 2 milhões – e as demais províncias se

unem nesse propósito.

Paralelamente ao aspecto físico das conquistas eco-

nômicas acentuadas pelo esforço de todo o país e pelos

recursos oriundos da exportação de petróleo, existe ou-

tro fator, quase invisível, mas empolgante, na imagem

da nova Angola, contribuindo de modo decisivo para me-

lhorar a qualidade de vida da população: a água. O petró-

leo gera esperança. E a água já se multiplica, trazendo

um novo ânimo: é levada dos rios para as casas, passan-

do por estações de tratamento e centros de distribuição.

A Odebrecht participa dos programas de águas para as

regiões de Luanda e Benguela, ambos em fase de ex-

pansão, e prossegue dando sua contribuição em deze-

nas de obras desde sua chegada a Angola, há 26 anos,

para construir a Hidrelétrica de Capanda.

A cada mês, novas residências são beneficiadas: a

água tratada chega às torneiras e aos chuveiros. Em

bairros mais precários, ainda sem rede de distribuição,

os moradores levam recipientes a inúmeros fontanários

públicos e retiram a água saudável – algo que não se

compara com os tempos em que precisavam abrir po-

ços ou caminhar enormes distâncias, por uma água fre-

quentemente contaminada, levada por caminhões-pipa.

O técnico José Carlos Carvalho, angolano de 40

anos, está duplamente orgulhoso: por trabalhar há 11

anos na Odebrecht e por morar numa casa confortável

do bairro Zango II, no município de Viana, região me-

tropolitana de Luanda, onde a chegada da água tratada

melhorou sua vida, a de sua esposa, Guilhermina, e a

dos seus seis filhos. “Ficou tudo mais fácil”, diz José

Carlos, enquanto toma água no café da manhã com

Guilhermina e os filhos mais novos – Adalberto, de 3

anos; Aliony, de 6, e José Lamy, de 9 – antes de sair

para o trabalho. “Aqui, toda a vizinhança ficou feliz”, re-

lata. Ele participa das obras de Zango III e Zango IV,

dois outros bairros de moradias populares, cujas ca-

sas, erguidas pela Odebrecht, são concluídas já com

água e energia elétrica.

A 510 km dessa cena, Maria do Rosário vive o alí-

vio da conquista. Ela mora em Catumbela, na região

de Benguela e Lobito, e vai diariamente a um fon-

tanário público para retirar água, como fazem ou-

tras donas de casa. Com o filho Camir, de 8 meses,

acomodado às suas costas, Maria sorri ao ajeitar

o balde de água sobre a cabeça e se despede das

amigas. “Vou fazer o almoço para meus outros cin-

co filhos. A água agora é boa.”

A

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11informa

sorrisoA FONTE DESTE

Maria do Rosário e seu filho, Camir: “A água agora é boa”

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12 informa

A resposta a um desafioLuanda cresceu muito nos últimos 35 anos, como ex-

plica o engenheiro Pedro Pinheiro, 15 anos de Odebrecht,

nove em Angola, Diretor de Contrato do Projeto Águas de

Luanda: “O crescimento da cidade foi desordenado. Em

tempos de tensão política, muitas pessoas vieram de

outras regiões do país em busca de segurança. Luanda

tinha uma infraestrutura capaz de atender a menos de

500 mil habitantes. Hoje, a população chega a 6 milhões.

Esse crescimento foi muito acelerado e tornou o desafio

de levar água a toda a população ainda maior”.

O Governo de Angola encontrou a resposta: investi-

mentos. O Ministério de Energia e Águas prioriza verbas

para não interromper as obras nas grandes cidades. Na

capital, é executado o Projeto Águas de Luanda. Nele,

a Odebrecht desenvolve os trabalhos com base em sua

experiência em grandes obras. O programa está ligado

à Empresa Pública de Águas de Luanda (Epal). “Fazer

uma obra desse tipo em São Paulo ou no Rio de Janeiro

seria importante. Mas, num país como Angola, é primor-

dial. É um cenário desafiador para a Odebrecht e esta-

mos conseguindo avançar”, analisa Pedro Pinheiro.

A Estação de Tratamento Luanda Sudeste, inaugura-

da em 2000, recebe a água do Rio Kwanza por meio de

canais, dutos e bombeamento. Essa água passa por cui-

dadoso sistema de purificação e chega a vários centros

de distribuição. Agora, a Odebrecht constrói o Centro de

Distribuição do Benfica e outros reservatórios, que fa-

zem parte da ampliação dos serviços de água. Pedro Pi-

nheiro conta que o projeto engloba a construção de mais

duas futuras estações de tratamento: “O sistema Bita,

por exemplo, vai garantir 9 m3/s de água, já que o rio tem

caudal disponível. É uma necessidade social. Tudo vai

depender dos investimentos públicos”.

Investimentos não faltarão, garante Luís Filipe da Sil-

va, titular da Secretaria de Estado de Águas de Angola,

ligada ao Ministério de Energia e Águas. Ele destaca:

“Vamos continuar ampliando as obras para buscar, tra-

tar e distribuir a água a um número maior de pessoas,

tanto nas regiões de Luanda e Benguela quanto em ou-

tras províncias do país, do litoral e do interior. Este é um

processo que não pode parar.” O Secretário Luís Filipe

ratifica a confiança do Governo angolano na sua capaci-

dade de executar essas obras e acena com planos ambi-

ciosos, mas realizáveis: “Já avançamos bastante. Nossa

meta, agora, é fazer que, no futuro, nenhum angolano

fique sem água”.

“Meu trabalho ficou muito mais tranquilo e saudável”, conta Márcia Manoel antonio, que vive de cozinhar e vender funge, prato típico angolano

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13informa

Casas com água encanadaLuanda tem um centro movimentado, com linda pai-

sagem da baía e do porto. Em algumas áreas da capi-

tal, há setores urbanizados, com belas residências. Por

causa do crescimento desordenado, ocasionado pelo

período de conflitos armados, do déficit habitacional e da

necessidade de readequação do centro da cidade, surgiu

a demanda pela construção de casas populares.

O Programa Habitacional do Zango foi concebido

para abrigar a população que vivia em situação de ex-

trema precariedade, sem a garantia de mínimas condi-

ções de habitabilidade e expostas a situações de risco,

como os constantes desmoronamentos provocados pe-

las chuvas torrenciais em Luanda. O programa também

tem a finalidade de permitir a reconstrução das infra-

estruturas básicas dessas zonas centrais da cidade e,

consequentemente, proporcionoar condições para sua

requalificação.

O engenheiro Maurizio Bastianelli, com 21 anos

de Odebrecht e há quase quatro anos trabalhando em

Angola, é Diretor de Contrato do Programa de Realoja-

mento das Populações. Ele explica: “O desafio é enorme.

Para as etapas III e IV do Zango, em fase de conclusão,

foram contempladas 4 mil unidades habitacionais. Com

a ampliação do contrato, aprovada em 2010 pelo Governo

de Angola, teremos a expansão do Zango, com a cons-

trução de mais 3 mil casas e das infraestruturas neces-

sárias à habitabilidade de 20 mil casas. Sem dúvida, as

casas do Zango, com água encanada e energia elétrica,

representam um grande impacto social e uma melhoria

significativa na qualidade de vida dos angolanos”.

Após oito anos de projeto, período que incluiu as eta-

pas I e II, a realidade na comunidade do Zango vem se

transformando. Eram mudanças almejadas por grande

parte da população carente, que ainda enfrenta dificul-

dades no que se refere à moradia e ao abastecimento de

água e de energia. O prosseguimento dos trabalhos de

realocação das populações é hoje uma das prioridades

do Governo angolano, em razão da grande quantidade

de famílias que ainda carecem de melhores condições

de moradia, higiene e segurança.

Já na região de Benguela, o engenheiro Marcus Felipe

de Aragão Fernandes é Diretor de Contrato do programa

de águas para Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Far-

ta. Após ter trabalhado em Portugal, Bolívia, Equador e

Peru, ele enfrenta, com sua equipe, um grande desafio

Moradoras de Viana no fontanário do município: um cotidiano mais fácil

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14 informa

em Angola: “Nesta região, a Odebrecht participa, desde

2003, de obras de reurbanização, saneamento, constru-

ção e recuperação de estradas e do novo terminal do ae-

roporto, além de estarmos na terceira etapa do Projeto

Águas de Benguela. A água é um vetor de qualidade de

vida, a partir do momento em que ajuda a evitar males

oriundos da falta de abastecimento. A saúde da popula-

ção melhorou”.

Os números oficiais comprovam a informação de

Marcus Felipe. O Departamento Provincial de Saúde de

Benguela registrou, nos dois últimos anos, apenas 226

casos de cólera em Benguela e 132 em Lobito, uma que-

da expressiva. Em 2006, foram 3.850 casos em Benguela

e 1.452 em Lobito. O Governador de Benguela, General

Armando da Cruz Neto, informa que, até 2012, 95% da

população da região metropolitana terão acesso à água

tratada: “O Projeto Águas de Benguela beneficia cerca

1,5 milhão de moradores dessa área, e a terceira eta-

pa do projeto ampliará ainda mais o sistema, de modo a

aumentar substancialmente o número de beneficiários”.

Em reunião com Marcus Felipe, o Governador elogiou o

trabalho da Odebrecht e destacou: “Nesta terceira fase

do programa, serão construídos novos fontanários e

executadas mais ligações domiciliares, o que possibilita-

rá estender o benefício a bairros mais distantes”, disse.

Um dos bairros distantes é Alto Niva, de onde a ango-

lana Alexandrina Agosto Simão sai, todos os dias, para

trabalhar no setor administrativo do canteiro de obras da

Odebrecht. Mãe de seis filhos, Aracy, de quase um ano,

Rosi, Inês, Balbino, Jóia e Pedro, ela festeja, ao lado das

crianças e do marido, o professor Lourenço Maria An-

tônio, a chegada da água encanada à sua casa e a toda

a vizinhança. “Agora, os meninos ficam entusiasmados

na hora do banho e têm mais possibilidades de saúde

com essa água”, conta Alexandrina, diante do sorriso de

aprovação do marido. Fã do futebol de Ronaldo Fenôme-

no, Lourenço gosta de usar, com orgulho, uma camisa

da seleção brasileira de futebol.

A alta qualidade da água de Benguela é expli-

cada pelo engenheiro Marcus Felipe: “Aqui, temos

o que existe de mais moderno para as estações

de tratamento”. Essa estação conta com tanques

enormes, em que a água vinda do Rio Catumbe-

la fica decantada para a eliminação de impurezas,

como o lodo. O sistema é ecológico, pois tem um

setor em que parte da água eliminada entra em

um canal para ser aproveitada por meio de uma

etapa que a deixa pura. O lodo, uma vez separado,

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15informa

a estação de tratamento Luanda sudeste, inaugurada em 2000, recebe a água do Rio Kwanza por meio de canais, dutos e bombeamento. essa água passa por cuidadoso sistema de purificação e chega a vários centros de distribuição

poderá, no futuro, ser reaproveitado, por exemplo,

na fabricação de tijolos.

Controle da qualidade da águaO engenheiro eletrônico Ricardo Dattelkremer relata

que a Estação de Tratamento de Benguela foi idealiza-

da de acordo com os padrões desenvolvidos em outros

projetos da Odebrecht e que seu laboratório de controle

da qualidade da água representa o que existe de mais

moderno: “Esse laboratório tem uma função importan-

te, pois é necessário checar frequentemente o resultado

do tratamento tido pela água do rio na estação e apontar

providências”.

Assim como ocorre em Benguela, as equipes de tra-

balho da Odebrecht em Luanda são compostas quase

só de angolanos, que, integrados aos brasileiros, contri-

buem diretamente para o sucesso dos empreendimen-

tos. Esse é o caso de Domingos Álvares Fonseca Pereira

Bravo, conhecido como Bravo nos canteiros de obras de

Luanda. Com 14 anos de Odebrecht Angola, Bravo é téc-

nico de segurança no trabalho e comenta que, graças

aos cuidados tomados pela empresa, não tem havido

acidentes na ampliação da rede. Ele atua também como

um entusiasmado defensor da necessidade de o bene-

fício da água chegar a um número maior de pessoas.

“Durante muito tempo, eu, minha esposa e meus seis

filhos não tínhamos água encanada em casa. Sei como é

esse drama. Hoje, temos água e os moradores de Luan-

da têm mais esperança”, diz Bravo.

Exemplo dessa esperança é Denise Correia, que não

havia nascido quando Angola tornou-se nação indepen-

dente, em 1975, e conviveu com dificuldades em sua in-

fância. Denise, de 22 anos, mora no bairro Palanca com

as irmãs Isabel e Lucineide, trabalha como técnica so-

cial da equipe de Projetos Águas de Luanda e Zona Eco-

nômica Especial, atuando num ônibus especialmente

preparado para percorrer a região e explicar a adultos e

crianças a importância do aprimorado serviço de águas

da capital angolana.

“Em minha casa, ainda não temos água encanada,

mas há um fontanário perto e, com isso, busco água

para guardar num tanque e usar quando necessário.”

Com vocação para a comunicação, Denise explica às

pessoas das comunidades todas as obras e recomen-

da a elas o maior cuidado para não desperdiçar a água.

“Esta é uma conquista maravilhosa, que logo vai chegar

a toda a população de Luanda. Temos de valorizá-la”,

diz. À noite, após o trabalho no ônibus, Denise vai para

a Universidade Agostinho Neto, onde cursa o primeiro

ano de Direito.

O entusiasmo pelas recentes conquistas está presen-

te na vida de outros moradores de Luanda. “A água que

agora recebemos é de ótima qualidade, em comparação

com nossa situação de outros tempos”, diz Edna Sebas-

tiana João. “Depois que passamos a ter água no Zango,

ganhamos mais saúde e alegria”, comemora Antonio

Domingos, de 82 anos, líder comunitário. “Meu trabalho

ficou muito mais tranquilo e saudável”, conta Márcia Ma-

noel Antonio, que vive de cozinhar e vender funge, prato

típico angolano.

Ao presenciar esse tipo de repercussão, o engenheiro

Pedro Pinheiro sorri e diz: “Fazer parte de um projeto

como esse, com papel social, nos anima a cada dia, pois

vemos o quanto as pessoas ficam felizes com a água”.

Por sua vez, o engenheiro Maurizio Bastianelli ressalta:

“Água e moradia são conquistas cada dia mais acessí-

veis para quem precisou lutar e esperar”. O engenheiro

Marcus Felipe, defensor da educação e da saúde como

direitos básicos dos cidadãos, conclui: “Água significa

saúde, e a educação ajuda as pessoas a poupar essa

água. O que fazemos aqui não é uma obra. É a obra”.

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16 informa

pessoal

16

rElAçãO

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Page 19: OI 153 pt

informa 17informa

pessoalEmpresa de abastecimento de água e saneamento, a Foz do Brasil beneficia diretamente 4,5 milhões de pessoas

texto milton GeRson

fotos luCiano andRade

s visões alarmistas de um mundo sem água, o

modismo ambiental ou ainda a simples oportu-

nidade de entrar em um setor de grande poten-

cial não foram os fatores que levaram a Organi-

zação Odebrecht a criar, em 2007, uma empresa

dirigida a investir em ativos e serviços ambientais.

A Foz do Brasil nasceu da convicção de que as enormes ne-

cessidades de investimento e eficiência da operação em siste-

mas de água possibilitam contribuir para a preservação da água

e do meio ambiente, servindo aos clientes com infraestruturas

modernas e adequadas e atendendo às populações com serviços

de qualidade, gerando retorno aos seus acionistas.

Essa visão, associada à possibilidade de a Foz do Brasil cres-

cer explorando a base geopolítica da Organização Odebrecht e as

sinergias operacionais com Cetrel, Braskem, Quattor e empre-

sas de Engenharia & Construção da Organização, pautou o Plano

de Ação da empresa e seu crescimento nos três primeiros anos

de operação.

Em 2009, os planos de expansão da Foz do Brasil viabilizaram-

se com a associação com o FI-FGTS (Fundo de Investimento em

Infraestrutura), que detém 26,53 % do capital da empresa, e bus-

ca, com esse tipo de investimento, melhorar o rendimento dos

recursos do trabalhador brasileiro depositados no Fundo de Ga-

rantia por Tempo de Serviço. A associação Odebrecht e FI-FGTS,

portanto, converge na visão do investimento de longo prazo.

No mundo, há várias regiões em desequilíbrio hídrico, com

grande densidade populacional e pouca fonte de água disponível,

enquanto outras apresentam muita oferta de água e baixa den-

sidade demográfica. O desafio é tratar, transportar e otimizar a

água dentro de um contexto de equilíbrio. “Não temos uma pers-

pectiva catastrófica, de caos, de falta de água no mundo, mas de

que esse é um recurso que de fato precisa ser mais bem cuidado.

E a Foz do Brasil a cada dia está se aprimorando para esse desa-

fio”, salienta o Líder Empresarial da Foz, Fernando Santos-Reis.

A participação de empresas privadas no setor ainda é peque-

na diante dos desafios do país, que necessita, segundo o próprio

Governo, de mais de R$ 200 bilhões para levar a cada lar brasi-

leiro os serviços de água e de coleta e tratamento de esgoto. No

entanto, a maior contribuição que a Foz do Brasil pode oferecer,

como uma das líderes desse setor, é investir e operar sistemas

com eficiência, influenciando o setor e o país pelo exemplo.

Em 2011, a empresa produzirá 195 milhões de litros de água

potável por dia; tratará e reutilizará 963 milhões de l/dia de água

industrial; coletará e tratará 345 milhões de l/dia de esgotos do-

mésticos e industriais. Só na atividade de coleta e tratamento de

esgotos, a Foz do Brasil faz com que 110 t/dia de matéria orgâni-

ca deixem de ser lançadas em rios, lagoas e praias.

AIntegrante da Foz do Brasil nas instalações da empresa em Limeira: elevados índices de aprovação dos serviços

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18 informa

Unidade móvel da Foz: informação para a comunidade

Conhecimento e sinergiaAs regiões do Hemisfério Sul que são carentes de

investimentos de água, ainda com infraestrutura a ser

desenvolvida, são lugares onde a Odebrecht está pre-

sente: América Latina e África.

Hoje, a Foz atua em todas as etapas do ciclo da

água. A empresa tem ativos e negócios que tratam de

captação; reserva; distribuição; cobrança; tratamento

da água servida; utilização de água de reúso, a partir

dos esgotos tratados, para fins industriais, e a conse-

quente disposição final e correta do recurso em bacias

hidrográficas, rios e oceanos.

No setor industrial, também prevalece o princípio

da preservação da água. Em todas as etapas, como na

reutilização de águas para o resfriamento de máquinas

e outras finalidades, a Foz tem experiência para atuar.

“Com diferentes modalidades contratuais e caracte-

rísticas de negócios e, inclusive, tecnologias distintas,

queremos estar na vanguarda de tudo que signifique o

manejo do recurso água”, afirma Santos-Reis.

InvestimentosA Foz já direcionou, desde que foi criada, mais de

R$ 4 bilhões de investimentos no seu portfólio. No pla-

nejamento para o triênio 2011-2013, a empresa deve-

rá dedicar outros R$ 8 bilhões. De acordo com Ticiana

Marianetti, Responsável por Finanças, o investimento

previsto para 2011 é de R$ 800 milhões. “São investi-

mentos de longo prazo e o payback (retorno para os

investimentos) médio é de 15 anos”, explica.

A Foz do Brasil tem uma carteira de contratos com

prazo médio de 24 anos. Em 2010, a receita líquida da

empresa chegou a R$ 804 milhões, mais que o do-

bro do ano anterior. Segundo Ticiana, a expectativa

números da Foz do Brasil• 4,5 milhões de pessoas atendidas

• 1.746 integrantes diretos

• 19 cidades atendidas em 6 estados

• Principais clientes privados: Petrobras,

Braskem, Thyssen, Transpetro, Dow,

Dupont, Rhodia, BattreBahia, Shell e

Klabin.

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Page 21: OI 153 pt

19informa

é obter, em 2011, um faturamento de R$ 1,3 bilhão.

Desse total, cerca de 60% estão baseados em ope-

rações no segmento de Água, 30% na atuação com

as Plantas Industriais (terceirização de Centrais de

Utilidades para indústrias) e 10% nas operações de

Serviços Ambientais.

De acordo com Fernando Reis, o principal desafio

da empresa não está na busca de recursos, uma vez

que existe grande disponibilidade deles no mercado

financeiro. “O desafio está na nossa capacidade de

formar e integrar novos empresários parceiros que

possam servir e atender às comunidades a partir dos

princípios da TEO (Tecnologia Empresarial Odebre-

cht)”, diz. Em 2008, no início das atividades da em-

presa, eram oito empresários parceiros. Em 2010,

já eram 30. “Tivemos que, ao longo do ano passado,

lançar, formar e integrar 10 empresários sobre uma

base de 20. Este ano temos o desafio de integrar e

formar outros 10”, acrescenta.

SustentabilidadeEnquanto a sociedade e o mundo corporativo discu-

tem exaustivamente o tema sustentabilidade, a Foz do

Brasil, por ser uma empresa cujo negócio é o manejo

dos recursos hídricos, vê o tema de uma posição mais

favorável que as companhias cujas atividades impac-

tam negativamente no meio ambiente. Esse diferencial

permite à Foz ousar na concepção de sua de Política

de Sustentabilidade, que está baseada em três pilares:

universalização, eficiência e valorização.

“No momento em que estamos atendendo a 100%

de uma população com água potável e esgoto tratado,

cumprimos o compromisso com a universalização de

serviços que têm relação direta com a saúde e quali-

dade de vida da população”, diz Renato Medeiros, Res-

ponsável por Engenharia.

A eficiência, ele explica, é um ponto sensível nas

operações de água e esgoto do país. O consumo médio

para uma casa de três a quatro pessoas hoje, no Bra-

sil, é de 500 litros/dia. Na realidade brasileira, para que

essa quantidade de água chegue até o ponto de abaste-

cimento é preciso captar 1.000 litros no rio, ou seja, há

uma perda de 50% dessa água, desde o momento em

que ela é captada até o ponto de consumo final.

“Quando alcançamos nosso padrão de eficiência,

esses mesmos 500 litros chegam à residência do cida-

dão, com a captação de apenas 600 litros. Assim, são

economizados 400 litros todos os dias para cada resi-

dência, recurso que deixa de ser retirado da natureza

e fica disponível para servir a mais pessoas”, salienta

Medeiros.

O elemento que completa o tripé da sustentabili-

dade, a valorização, tem significado amplo, segundo

Renato Medeiros. Refere-se tanto ao valor agregado à

sociedade pela preservação da água (para consumo da

população e para a atividade produtiva) quanto à valo-

rização da empresa perante seus acionistas, de modo

que se possa permanentemente reinvestir seus resul-

tados em novos projetos.

Medeiros aponta também para importância de con-

jugar os benefícios da sustentabilidade à satisfação e

à excelência no atendimento aos clientes, sejam eles o

Poder Concedente ou a população. “O atendimento de

qualidade em nossas concessionárias, por meio do ser-

viço 0800 e dos locais de atendimento ao público, com-

pletam nossos indicadores de eficiência operacional.”

Segundo Fernando Reis, a Foz do Brasil se insere

no contexto de otimização e de aumento do ciclo de um

recurso finito. “O que é hoje um debate pertinente da

sociedade faz parte do dia a dia das nossas ações e dos

nossos negócios.”

Inovações tecnológicasO avanço do conhecimento das equipes da Foz tem

possibilitado à empresa capacitar-se para o domínio de

inovações tecnológicas como produção de água para

fins industriais a partir do reúso do esgoto domésti-

co e dessalinização da água do mar. Segundo Renato

Medeiros, a dessalinização ainda é custosa e pouco

utilizada por sua alta exigência de investimento e com-

plexidade operacional, mas pode ser a saída, no futuro,

para a potabilidade em regiões onde não existam ma-

nanciais de água doce disponíveis.

De acordo com Fernando Reis, em um país como

o Brasil, com mais de 5.500 municípios, o setor pri-

vado tem muito a complementar o setor público. E o

processo natural de superação dentro da Organização

Odebrecht está efetivamente demandado pelas neces-

sidades do segmento em que a Foz atua.

Ӄ por esse motivo que estaremos sempre empe-

nhados em buscar novas tecnologias, sendo criativos

nas soluções inovadoras para trazer melhores resulta-

dos para as populações que a gente serve e para aque-

las que viremos a servir”, complementa.

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Page 22: OI 153 pt

20 informa

Uma obra de transposição de água vai tornar realidade o sonho – para muitos peruanos, o milagre – de transformar solo desértico em terras férteis

texto Renata MeyeR

fotos DaRio De FReitas

20

DOS ANDES PArA O

Represa que faz parte do projeto: armazenamento de água para uso nos períodos de maior seca

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Page 23: OI 153 pt

informa

desertolmos talvez seja o espaço mais com-

petitivo do Peru para levar a cabo uma

agricultura de excelência. Pode pare-

cer exagerado, mas é um dos poucos

lugares no planeta onde, literalmente,

pode-se cultivar de tudo”. A afirmação é do agrônomo

Fernando Cillóniz. Naquele pedaço de terra, situado

nas proximidades da Cordilheira dos Andes, mais

precisamente na região de Lambayeque, a 900 km de

Lima, o solo é fértil, há incidência solar ao longo de

todo o ano e a baixa umidade relativa ajuda a manter

a ameaça de pragas distante.

Há um consenso entre comunidades campesinas

locais, empresários do agronegócio e autoridades

peruanas de que em Olmos a produção de alimen-

tos tem todos os recursos para se tornar o principal

motor do desenvolvimento de uma das regiões mais

necessitadas do Peru. Na verdade, quase todos. Falta

a água. Apesar das condições favoráveis para a agri-

cultura, o Vale do Olmos está situado em uma região

desértica, onde não chove mais que 215 mm por ano,

em média. O rio mais próximo, o Huancabamba, es-

barra na geografia dos Andes, limitando seu curso

à vertente Atlântica da cadeia de montanhas, exata-

mente no lado oposto.

Diante de tamanha ironia natural, através dos anos

Olmos ficou restrita a uma produção de subsistência.

Até que um ousado projeto de transposição de águas,

idealizado na década de 1920, durante o governo do

Presidente Augusto Bernardino Leguía, trouxe uma

nova perspectiva para a região. O sonho antigo do

Governo peruano começou a ser colocado em prática

ainda naquela década, mas, por diversas vezes, foi in-

terrompido em razão da escassez de recursos finan-

ceiros e limitações técnicas.

Não é para menos. O desafio da irrigação em Lam-

bayeque passa pela construção de um túnel de 20 km

de extensão e 5,3m de diâmetro, através da instável

geologia dos Andes, por onde se pretende transpor-

tar, de uma vertente à outra, mais de 400 milhões de

m3 de água por ano.

Além da transposição do Rio Huancabamba, o Pro-

jeto Olmos, como ficou conhecido, prevê a irrigação

de uma área de 43,5 mil ha e a construção de duas

centrais hidrelétricas destinadas à geração de energia

para abastecimento das terras irrigadas.

A partir de 2004, o Governo Regional de Lam-

bayeque realizou licitações, em regime de PPPs

(parcerias público-privadas), para a execução das

obras e operação dos sistemas de transposição e

produção energética. A Odebrecht Peru saiu ven-

cedora do primeiro componente e será responsável

por todo o investimento necessário à realização dos

projetos.

O módulo de transposição demandará investi-

mentos superiores a US$ 300 milhões e abrange,

principalmente, a construção do Túnel Transandino

e da Barragem Limón – esta já concluída – com ca-

pacidade para armazenar até 44 milhões de m3 de

água a serem aproveitadas nos períodos de maior

seca. À frente dessa etapa está a Concessionária

Trasvase Olmos, filial da Odebrecht, que ficará res-

ponsável pelos serviços de operação e manutenção

das obras por um período de 20 anos.

DOS ANDES PARA O

O

21informa

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Page 24: OI 153 pt

22 informa

Uma das obras mais complexas do mundoA construção do túnel é uma das mais complexas

obras de engenharia em execução no mundo, dadas a

sua profundidade, que chega a 2 mil m abaixo da su-

perfície da montanha, e as características geológicas

da Cordilheira dos Andes. “Trata-se de uma estrutura

geologicamente jovem, ainda em movimentação cau-

sada por choques tectônicos, o que gera uma forte

instabilidade da rocha”, explica o Gerente de Enge-

nharia Paulo Affonso Tassi.

A obra é um desafio e tanto para os cerca de 200

trabalhadores que se revezam na difícil tarefa da esca-

vação. Desde o início da construção do túnel, já foram

registrados mais de 12 mil estalidos no interior da cor-

dilheira, resultantes da liberação de energia da rocha

em perfuração. “Nosso desafio está em compreender

a dinâmica da rocha e trabalhar em um processo con-

tínuo de aperfeiçoamento e inovação tecnológica para

superar os obstáculos e garantir a segurança dos nos-

sos integrantes”, destaca Tassi. Dos 20 km do túnel,

restam ser concluídos 2,3 km, o que, segundo o enge-

nheiro, deverá ocorrer até o início de 2012.

A etapa de transposição do Rio Huancabamba é

a base para o projeto de irrigação, que promete ala-

vancar a economia de Olmos. Por meio de uma con-

cessão privada firmada com o Governo Regional de

Lambayeque, a H2Olmos, empresa concessionária da

Odebrecht Participações e Investimentos, ficará res-

ponsável pelo desenho, o financiamento, a constru-

ção, a operação e a manutenção da infraestrutura que

distribuirá a água transposta.

“O Projeto de Irrigação Olmos é o resultado da

nossa busca pela viabilização de negócios por meio

de soluções inovadoras, como a conversão de terras

desérticas em fontes de produção de alimentos”, afir-

ma o Diretor de Contrato Giovanni Palacios. Em 2008,

a concessionária havia apresentado ao Governo Re-

gional de Lambayeque uma proposta de irrigação da

área, aprovada em 2010 após um processo de ajustes

e adequações.

Além da implantação de 50 km de tubos para o

fornecimento de água pressurizada, as obras inclui-

rão a construção de canais, reservatórios, túnel, de-

sarenadores, vias de acesso e linhas de transmissão

elétrica. O prazo de concessão é de 20 anos, incluindo

Estruturas do Projeto Olmos (nesta e na outra página): instrumentos para a criação de um polo agroindustrial

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23informa

o período de construção das obras, e o valor total do

investimento será de US$ 250 milhões.

Dos 43,5 mil ha a serem irrigados, 38 mil serão

vendidos por meio de leilão público. Esses terrenos, de

propriedade do Governo Regional de Lambayeque, ba-

tizados de Terras Novas, serão fracionados em 51 lotes,

com extensões que variam de 250 ha a 1.000 ha. O valor

mínimo estipulado por hectare é de US$ 4.250, preço

que inclui o título de propriedade e o direito à água. A

expectativa é de que essas áreas venham acolher em-

presas agrícolas dedicadas à produção de uma gama

de cultivos de alta qualidade, com elevados rendimen-

tos e forte competitividade no mercado internacional.

Os 5,5 mil ha restantes pertencem às comunidades

campesinas do Valle Viejo. Com a irrigação, os cerca

de 2 mil habitantes da localidade terão na agricultu-

ra uma importante fonte de trabalho e renda. “Este

projeto permitirá um salto na qualidade de vida dos

moradores do Valle Viejo. Sem água, ficamos prati-

camente impossibilitados de produzir”, afirma o líder

comunitário Gregorio Morales. Em ambos os casos,

será cobrada pela empresa concessionária uma tarifa

de US$ 0,07 por m3 de água utilizada.

Polo agroindustrialPara o Diretor de Investimentos das concessioná-

rias Trasvase Olmos e H2Olmos, Juan Andrés Marsa-

no, a tendência é de que, a médio e longo prazo, Lam-

bayeque se transforme em um polo agroindustrial,

com a atração de novas empresas e geração de um

fluxo migratório massivo, particularmente na direção

de Olmos.

“Em uma previsão modesta, o projeto de irrigação

será responsável pela criação de 40 mil oportunida-

des de trabalho, mas há espaço para muito mais. Há

quem questione se haverá profissionais em número

suficiente na região para atender a um projeto dessa

envergadura”, afirma. Segundo Marsano, o bom mo-

mento vivido pela economia peruana, com plena aber-

tura comercial, e a localização estratégica do país,

que permite o fácil acesso aos mercados da Ásia e da

costa oeste norte-americana, são fatores favoráveis

ao sucesso do projeto.

Além disso, de acordo com Juan Marsano, o Pro-

jeto Olmos surge como resposta a um tema que

tem preocupado governos e instituições ao redor do

mundo: o abastecimento de alimentos. “Existe um

conjunto de boas razões pelas quais acreditamos

que Olmos terá à sua frente um grande momento. A

ausência de investimentos dos estados no setor de

alimentos ao longo de décadas, o aumento sucessi-

vo dos preços, as mudanças climáticas e a escassez

de água ao redor do mundo são apenas alguns de-

les”, argumenta.

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Page 26: OI 153 pt

24 informa

Executado nos anos 1980 e 1990, Projeto de Irrigação Formoso levou prosperidade à região de Bom Jesus da Lapa, na Bahia

texto Júlio CÉsaR soaRes fotos beG fiGueiRedo

24

LEMBRANçAS DO futuroMeMóRia

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Page 27: OI 153 pt

25informa

Localizada às margens do Rio São Francisco, no

oeste da Bahia, Bom Jesus da Lapa é famosa por

ser o destino de mais de 1 milhão de romeiros ca-

tólicos que todos os anos vão à Igreja de Bom Jesus

da Lapa, construída dentro da gruta do Bom Jesus.

Aos poucos, a cidade vai ficando conhecida também por sua che-

gada a uma condição que até alguns anos parecia impossível: a

de polo produtor de banana. Bom Jesus da Lapa está conseguin-

do isso graças ao Projeto de Irrigação Formoso, executado pela

Odebrecht entre 1988 e 1999.

Denivaldo Antonio de Brito é um dos que participam dessa

história desde o início, em 1988. Além de produtor e funcionário

do Distrito de Irrigação Formoso (DIF) – associação de produto-

res da região –, Denivaldo era operador de trator nas obras de

Formoso.

“Eu trabalhava em uma fazenda e, em 1988, vim traba-

lhar para a Odebrecht”, ele relembra. “Assim que a obra foi

concluída, recebi o convite da empresa para atuar em Angola.

Mas a Codevasf me ofereceu um lote de 4 ha e a oportunidade

de trabalho no distrito. Acabei aceitando”, conta. Denivaldo é

um dos 910 pequenos produtores do projeto, que conta ainda

com 225 produtores com lotes maiores, conhecidos como pro-

dutores empresariais.

DO futuroDenivaldo e a esposa,

Ildenice: ele trabalhou nas obras de Formoso, como

operador de trator, e, depois, tornou-se produtor

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26 informa

Formoso inseriu

na região de Bom

Jesus da Lapa

técnicas de

agricultura e

de negócio até então

desconhecidas

Sligni nobit alique nist, expediore modicim agnitatistii nobit aliquia

Mais de 1.100 lotes irrigadosFormado por dois setores, Formoso A e Formo-

so H, o projeto foi inteiramente concluído em 1999.

Ao todo, conta com 1.165 lotes irrigados em uma

área de 12 mil ha. Para que a água tenha força para

chegar às plantações, são utilizadas duas estações

de bombeamento e 29 estações de pressurização.

A água é levada aos lotes por meio de 82,5 km de

canais de irrigação e 207 km de redes de aspersão.

André Rabello, Diretor-Superintendente da Ode-

brecht no Panamá e ex-Diretor do Contrato, afirma

que o projeto inseriu na região de Bom Jesus da

Lapa técnicas de agricultura e de negócio até então

desconhecidas. “Formoso trouxe vigor para a econo-

mia local e regional, com técnicas e cultura empre-

sarial na cadeia produtiva agrícola”. André também

destaca o desenvolvimento da região com a geração

de oportunidades de trabalho após a entrega do con-

trato. Formoso gera hoje 7 mil oportunidades diretas

e 14 mil indiretas, e exporta 250 t/dia.

O objetivo: autossustentabilidadeA contratante da obra foi a Companhia de Desen-

volvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

Rita de Cássia: “Formoso foi a chance que eu tive de viver daquilo que gosto”. Ao lado, agricultores trabalham em um dos lotes do projeto: implantação de novas culturas

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Page 29: OI 153 pt

informa

(Codevasf), empresa pública vinculada ao Ministério

da Integração Nacional. “Nosso papel atualmente é

apoiar o DIF na operação e manutenção da infraes-

trutura de uso comum do perímetro”, explica Anto-

nio Carlos Monteiro de Andrade, Gerente Regional de

Empreendimentos de Irrigação da Codevasf. “O ideal

é que o projeto se torne autossustentável, e estamos

caminhando nessa direção.”

Para que isso ocorra, o DIF entra em ação. Além

de cuidar do fornecimento de água e de atuar como

canal de comunicação entre o produtor e a Codevasf,

apoia as associações de produtores que investem

na tecnologia para aumentar o número de culturas

plantadas em Formoso.

“Trabalhamos agora para implantar uma nova

cultura em alguns lotes. Recentemente, concluímos

um viveiro para iniciar experimentos no plantio de

limão e estamos caminhando bem”, relata Antonio

Marcio Rodrigues, Presidente do Conselho Adminis-

trativo do DIF. A iniciativa chamou atenção da Em-

presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-

pa), que, para auxiliar os produtores, há pouco tempo

visitou o projeto.

A princípio, Formoso seria um polo exportador de

grãos. Após a metade da década de 1990, porém, a

banana tornou-se a principal cultura da região, segui-

da de longe pelo mamão, cacau e melancia. Mas não

é só do plantio que vivem os beneficiados pelo projeto.

Rita de Cássia Fontes Teixeira deixou para trás o

emprego como zootécnica para se tornar a Presiden-

te da Associação das Mulheres Fortes, que desenvol-

ve artesanato a partir da fibra da banana. “Sempre

fui apaixonada pelo artesanato, mas o trabalho nas

fazendas consumia todo meu tempo. Formoso foi a

chance que eu tive de viver daquilo que gosto”, diz.

A associação conta com o apoio do Serviço Brasilei-

ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

da Bahia e com o Projeto Amanhã, desenvolvido pela

Codevasf para fixar o colono em Formoso.

A maior parte da produção da associação atende

ao mercado local. “Participamos de feiras, normal-

mente indicadas pela Codevasf, e temos parceria

com uma loja de móveis de Bom Jesus da Lapa”,

explica Rita. Ela planeja voos mais altos. O compu-

tador, comprado com o dinheiro recebido por meio

da venda de artesanato, espera pela conexão com

a internet para divulgar o projeto pelo mundo. Per-

guntada se sente saudade da vida de zootécnica, Rita

sorri. “Não. Hoje em dia sou mais feliz e vivo com

melhor qualidade.”

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28 informa

28no madeira

TODA A VIDAQUE CORRE

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Page 31: OI 153 pt

29informa

Conheça o conjunto de ações voltadas para a preservação do Rio Madeira durante a construção da Usina Santo Antônio

texto Cláudio lovato filho

fotos RiCaRdo de saGebin

no madeirapersonagem principal desta história é um rio.

Seu nome, Madeira. Afluente do Amazonas,

ele carrega em suas águas a expectativa do

surgimento de um novo e poderoso vetor de

desenvolvimento para Rondônia e o país: a

Hidrelétrica Santo Antônio, que deverá começar a produzir

energia em dezembro de 2011.

Esse rio, margeado por igarapés e cujos formadores nas-

cem nos Andes e na chapada dos Parecis, em Mato Grosso,

também é o cenário de ações ambientais inéditas voltadas

para sua preservação. Trabalhando em plena Amazônia, as

equipes do Consórcio Construtor Santo Antônio, formado

pelo Consórcio Santo Antônio Civil (CSAC) – do qual fazem

parte a Odebrecht e a Andrade Gutierrez – e pela Odebrecht

(responsável pela montagem eletromecânica), têm a missão

de construir uma usina de proporções gigantescas, dotada de

44 turbinas, e assegurar a manutenção da qualidade da água

do rio. A superação desse desafio de preservação, vivenciada

O

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30 informa

no dia a dia da execução do projeto, está transformando

Santo Antônio em referência para futuros projetos hidre-

létricos no Brasil e no mundo.

Iniciada em setembro de 2008, a construção da usina

foi objeto de um dos mais completos e avançados es-

tudos de impacto ambiental (EIA) já realizados para a

execução de um empreendimento hidrelétrico, o que o

transformou em marco e modelo no Brasil. Participa-

ram da elaboração desses estudos especialistas e per-

quisadores da região Amazônica, que se dedicaram de

forma exclusiva ao projeto.

Os resultados alcançados propiciaram um grande

avanço do conhecimento sobre o meio ambiente da ba-

cia do Rio Madeira e orientações para sua preservação.

O uso de turbinas Bulbo é um exemplo disso. Esse tipo

de turbina, por trabalhar com altas vazões e pequenas

quedas, possibilita a construção de barragens baixas e,

como consequência, a redução da área inundada (em

Santo Antônio, ela será praticamente inexistente), re-

sultando nos menores impactos ambientais possíveis

decorrentes da implantação do empreendimento. As

características naturais do Madeira, um rio com grande

volume de água na maior parte do ano, permitiram a uti-

lização dessas turbinas.

Uma obra como Santo Antônio, com seu porte, im-

portância e localização, exige de seus construtores

aquela insatisfação permanente que leva à busca e à

identificação constante de novas e melhores soluções.

Tratando-se de meio ambiente, no caso da Hidrelétrica

Santo Antônio, a inquietação – por melhores que sejam

os resultados alcançados até então – é uma marca re-

gistrada.

“Antes de a obra começar, ainda durante a etapa de

planejamento, identificamos todos os processos que se-

riam executados ao longo da construção da usina e seus

respectivos impactos ambientais”, relata Nelson da Costa

Alves, Gestor do Negócio Meio Ambiente do CSAC, que

há 11 anos é integrante da Odebrecht. “Em relação à

água, realizamos aqui um controle integrado. Apoiamos e

acompanhamos todas as frentes de serviço e a sua rela-

ção com os recursos hídricos, nas duas margens do rio.”

Monitoramento da qualidade da águaUm dos destaques entre as ações para preservação

do Rio Madeira é o monitoramento da qualidade da água

em tempo real, realizado de forma contínua em três es-

tações, uma a montante (rio acima) e as outras duas a

jusante (rio abaixo) do local onde está sendo construída a

barragem, conhecido como cachoeira de Santo Antônio.

Implantado em parceria com a empresa Ecology Bra-

sil, o sistema de monitoramento é composto de sondas

que fornecem, via satélite, informações sobre os seguin-

tes parâmetros: temperatura da água, condutividade

elétrica, oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, pH

(potencial hidrogeniônico), ORP (potencial de redução de

oxidação), sólidos dissolvidos e turbidez. Além do moni-

toramento em tempo real, trimestralmente são coleta-

das amostras para análise laboratorial de 121 variáveis

físicas, físico-químicas, químicas e biológicas.

Esses dados são enviados a um laboratório móvel

flutuante, que acompanha a realização de cada servi-

ço nas margens direita e esquerda que possa afetar a

qualidade da água. Essa foi uma das iniciativas de pre-

servação ambiental que pesaram de maneira decisiva

na obtenção, pela obra, da Certificação ISO 14000, em

setembro de 2010.

“A Hidrelétrica Santo Antônio está sendo construída

sem que haja alteração na qualidade da água do Rio

Madeira”, afirma José Bonifácio Pinto Júnior, Diretor-

Superintendente da Odebrecht Energia. Ele participa do

projeto desde 2001, quando foram realizados os primei-

ros estudos de viabilidade para o aproveitamento ener-

gético do Rio Madeira. “Sempre tivemos a certeza de que

seria assim”, complementa.

As palavras de Bonifácio encontram reforço na ar-

gumentação de Paulo Varella, Diretor da Agência Na-

O monitoramento da qualidade da água é feito em tempo real, de forma contínua, em três estações

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31informa

cional de Águas (ANA). “No segundo semestre de 2010,

acompanhei o então Secretário Executivo do Ministério

do Meio Ambiente, José Machado, em visita ao canteiro

de obras de Santo Antônio. A impressão que tive foi de

que visitava uma obra executada em ritmo acelerado,

que, por um lado, usa o que há de mais moderno em

tecnologia e, por outro, exercita na prática o conceito de

sustentabilidade”. Varella complementa: “A Amazônia

tem um enorme potencial hidrelétrico, mas é um ecos-

sistema de importância vital que precisa ser explorado

de forma racional e sustentada. Creio que Santo Antô-

nio é um dos exemplos mundiais que mostram que é

possível preservar e desenvolver com responsabilidade

socioambiental”.

Reagente orgânicoTrabalham hoje na construção de Santo Antônio cer-

ca de 14 mil pessoas. É a população de uma cidade. No

canteiro de obras, 100% do esgoto sanitário é tratado em

duas estações de tratamento de esgoto (ETEs), estrutu-

ras modulares instaladas nas duas margens.

O tratamento da água para uso humano e industrial

é feito em cinco estações de tratamento de água (ETAs)

– três para água potável e duas para água destinada a

processos industriais. Dez municípios de Rondônia, entre

eles Porto Velho, estão adotando o modelo de tratamento

de água e esgotos aplicado no canteiro de Santo Antônio.

“Isso é muito gratificante”, diz Nelson Alves. “É quando as

ações da empresa ‘saem’ do perímetro da obra e geram

uma interface muito positiva com a comunidade.”

O processo de concepção, implantação e operação

das ETAs no canteiro de Santo Antônio foi descrito no

projeto “ETA Ecológica de Ciclo Fechado: tratamento

com reagentes orgânicos e reaproveitamento da água

do lodo gerado”, vencedor do Prêmio Destaque de 2010

da Organização Odebrecht na categoria Meio Ambiente.

De autoria de Anelisa Cantieri, integrante da equipe

de Nelson Alves, o trabalho apresenta uma solução ino-

vadora: o uso de um polieletrólito catiônico de baixo peso

molecular produzido a partir do tanino extraído da cas-

ca da acácia negra em vez do sulfato de alumínio. Seu

nome comercial é Veta Orgânica.

Utilizado na maioria das estruturas de tratamento de

água no Brasil, o sulfato de alumínio é um reagente quí-

mico que, descartado no meio ambiente, é de difícil de-

gradabilidade, por ser um metal pesado, representando

risco para a fauna e a flora.

A decisão de realizar um tratamento sem descarte

de resíduos que poderiam prejudicar o meio ambiente e

de reaproveitar o efluente levou ao uso do reagente or-

gânico à base de tanino. O efluente (lodo) gerado na la-

vagem dos decantadores e filtros recircula nos tanques

de armazenamento de água industrial já tratada, depois

de passar por um sistema formado por geoformas e

bolsões porosos, que retêm o lodo e libera água limpa.

Isso faz com que diminua a necessidade de captação de

recursos naturais, sobretudo a água. O lodo, por sua vez,

por causa do uso de reagente orgânico, é transformado

Nesta página, o laboratório flutuante e uma das estações de monitoramento da qualidade da água. Na página seguinte, integrante da Ecology Brasil com uma das sondas instaladas nas estações

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32 informa

em adubo, empregado no reflorestamento de áreas do

canteiro de obras.

As cinco ETAs do canteiro de Santo Antônio possuem

esse sistema. A capacidade de tratamento é de 560 m3/h

de água, sendo 400 m3/h de água industrial e 160 m3/h

de água potável. “Temos aqui uma cidade independente

da cidade”, diz Nelson Alves, referindo-se ao canteiro e a

Porto Velho, distante 7 km da obra.

Na Central de Concreto, instalada na margem es-

querda, o reúso de água também é palavra de ordem.

Parte da água tratada nas ETAs é destinada à fabricação

de concreto, e a água utilizada na lavagem dos cami-

nhões-betoneiras é tratada em cinco piscinas de decan-

tação e usada novamente na lavagem dos caminhões.

“Tentamos fazer com que nossa gestão ambiental

seja simples, flexível e leve, de maneira a facilitar sua

compreensão e prática por cada um dos trabalhadores

do canteiro de obras. Só assim conseguiríamos os re-

sultados esperados de conscientização em uma obra

na qual 80% do efetivo jamais havia trabalhado em um

projeto de engenharia e construção”, salienta Nelson

Alves. “Temos obtido respostas excelentes, e as comu-

nidades vizinhas, onde vive a maioria dos trabalhado-

res de Santo Antônio, vêm se beneficiando disso, por-

que as pessoas levam para lá o que aprendem aqui”. A

equipe do Programa de Meio Ambiente da Usina Santo

Antônio, liderada por Nelson Alves, é composta de 75

pessoas, entre elas o corpo técnico-operacional. Des-

ses profissionais, 70 são de Rondônia.

“As medidas para preservação ambiental colocadas

em prática como parte da construção da Hidrelétrica

Santo Antônio são muito positivas e exemplificam as

melhores práticas em âmbito mundial”, afirma John

Redwood, consultor de Meio Ambiente e Desenvol-

vimento Sustentável, ex-Diretor de Desenvolvimen-

to Sustentável Ambiental e Social do Banco Mundial.

“Esse conjunto de ações deve, sem dúvida, ser consi-

derado como referência e merece estudo cuidadoso

e detalhado, além de ampla disseminação”. Redwood

acrescenta: “A Odebrecht tem acumulado conheci-

mento ao longo de muitos anos de experiência em pro-

jetos relacionados à água e vem colocando em prática

o melhor do que aprendeu.”

Modelo reduzidoVárias outras ações têm papel relevante na preser-

vação do meio ambiente da área da obra e, em especial,

do Rio Madeira. A explicação sobre o nome do rio, aliás,

remete a um dos grandes desafios do projeto: uma das

características do rio é a grande concentração de sóli-

dos em suas águas, principalmente madeira (troncos e

galhos) e sedimentos, fenômeno associado à sua origem

nos flancos erosíveis dos Andes.

O manejo desses sólidos mereceu um dos maiores

estudos realizados em Santo Antônio. A decisão foi im-

plantar boias em forma de tubulação que irão direcionar

a passagem de troncos e galhos por um canal do rio em

uma área lateral da barragem.

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33informa

Esse e outros recursos – como o Sistema de Trans-

posição de Peixes (STP), que possibilitará a passagem

de espécies da área de jusante para a de montante e ga-

rantirá as condições ideais para sua reprodução – foram

testados com a utilização do recurso de modelo reduzi-

do, em Rondônia e no Rio de Janeiro.

O STP foi testado em um modelo reduzido construído

na cachoeira de Teotônio, 20 km a montante do local de

execução da Hidrelétrica Santo Antônio. Um outro modelo

reduzido, executado na escala 1:80 (um por oitenta), a um

custo de R$ 10 milhões, mostrando a usina completa, foi

construído na Subestação São José de Furnas, em Belford

Roxo, no Rio de Janeiro. É uma maquete gigantesca que

ocupa uma área de 4 mil m2 e permite a realização dos

ensaios das atividades necessárias ao desenvolvimento

da obra, a verificação da funcionalidade das estruturas de

concreto e a avaliação do comportamento dos sedimen-

tos. O desvio do Rio Madeira, planejado para julho de 2011,

está sendo simulado no modelo reduzido, que foi projeta-

do pela empresa PCE Engenharia.

“Aqui conseguimos antecipar situações que se-

rão enfrentadas na obra e oferecer alternativas para

sua solução”, explica o engenheiro Edgar Fernando

Trierweiler Neto, de Furnas (empresa que lidera,

com a Odebrecht, a empresa Santo Antônio Ener-

gia, encarregada da operação da usina por 30 anos).

Edgar compartilha a responsabilidade pelo modelo

reduzido com o engenheiro Pedro Ernesto Albuquer-

que Souza, da empresa Engevix.

Integração de atividadesInvestimentos como esse fazem parte de um cenário

bastante complexo em que se destaca não apenas a ex-

pectativa de uma futura geração de energia de 3.150 MW,

fundamental para o país, mas também uma preocupação

genuína com a proteção de um ecossistema rico e crucial

para o Brasil e para o mundo.

Henrique Chaves, Professor da Faculdade de Engenha-

ria Florestal da Universidade de Brasília (UNB) e consultor,

é autor de um trabalho acadêmico que mostra a integra-

ção das diversas atividades em Santo Antônio relaciona-

das à água. “A Odebrecht tem buscado, de forma racional

e integrada, a redução dos impactos ambientais sobre os

mananciais, o que contribui de maneira efetiva para a pre-

servação da quantidade e da qualidade da água na área de

influência de suas obras.”

Em Santo Antônio, chamaram sua atenção, em especial,

o uso racional da água para abastecimento do canteiro, o

tratamento de esgotos, a reciclagem dos resíduos sólidos

e a proteção dos mananciais por meio da revegetação dos

taludes do canteiro e dos bota-foras (áreas de descarte de

materiais não aproveitados na obra). “Essas atividades con-

tribuem para a preservação da qualidade da água do Rio Ma-

deira, do solo e da vegetação na área de influência da obra.”

O trabalho de preservação ambiental realizado em San-

to Antônio, segundo Henrique Chaves, transformou a obra

em referência para futuros projetos hidrelétricos no Brasil.

“São iniciativas inovadoras e de grande impacto, inéditas

em obras de grande porte no país.”

Trânsito rápido no Madeira: ribeirinhos se deslocam no rio usando pequena embarcação chamada de “voadeira”

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34 informa

34o último rio

Para preservar as águas do Rio Sabor, em Portugal, ações de minimização e compensação ambiental são desenvolvidas por meio de 12 programas

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35informa

o último rioselvagemtexto fabiana CabRal fotos holanda CavalCanti

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36 informa

Entre as montanhas à margem do Rio

Sabor, António Augusto Salvador, 62

anos, assobia para indicar o cami-

nho dos pastos ao seu rebanho. Com

a ajuda de um mastro de bambu para

apoiar-se, ele percorre, diariamente a região, acom-

panhado de 110 ovelhas e dois cachorros. “Sou pastor

de ovelhas e nasci para isso. Só sei fazer isso”, conta

sorridente.

A poucos quilômetros dali, Paula Cristina Lopes

Sendas Costa, proprietária do Café Tic Tac, anda de

lá para cá com agilidade para atender todos os seus

clientes. “Pela manhã, muitas pessoas vêm para fazer

o pequeno almoço [tomar o café da manhã] e à noite

reúnem-se para conversar e jogar cartas. Virou ponto

de encontro”, ela comenta sobre seu primeiro negócio.

Antônio e Paula são moradores do município de

Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, na região

norte de Portugal. Originária do século 13, a cidade

montanhosa, de cerca de 10 mil habitantes, fica perto

da fronteira com a Espanha e da confluência dos rios

Sabor e Douro, que nascem em território espanhol.

No trecho do Rio Sabor em Torre de Moncorvo, o

Agrupamento Complementar de Empresas (ACE),

formado pela Odebrecht-Bento Pedroso Construções

(BPC) e Lena Construções, realiza, desde 2008, as

obras civis do Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) do

Baixo Sabor para a EDP – Gestão da Produção de Ener-

gia S.A.

O projeto integra o Programa Nacional de Barra-

gens com Elevado Potencial Hidrelétrico (PNBEPH),

criado pelo Governo português em 2007. “A instalação

desta e de outras barragens e os reforços de potência

das já existentes garantem a autonomia de Portugal

na geração de energia, cuja capacidade subirá de 60%

para 76% até 2020”, explica Gilberto Costa, Diretor de

Contrato. “Além de minimizarem a dependência ener-

gética do exterior, os escalões irão reforçar o sistema

de abastecimento elétrico. As barragens reversíveis,

como as do Baixo Sabor, podem armazenar água para

os períodos de maior consumo, aproveitando a energia

excedente das eólicas”, acrescenta Carvalho Bastos,

Representante da EDP.

O AHE do Baixo Sabor será constituído de duas bar-

ragens, a montante e a jusante (rio acima e rio abaixo)

do Sabor, equipadas por sistemas reversíveis – de tur-

binagem e de bombeamento – para equilibrar o consu-

mo e o desperdício de energia e armazenar água. Seus

reservatórios, que ficarão dispostos entre as cidades

de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e

Macedo de Cavaleiros, darão origem à mais significativa

reserva de água na bacia hidrográfica do Rio Douro, em

território português. “Isso irá duplicar a contenção de

água no Douro”, diz Gilberto Costa. Carvalho Bastos re-

força: “O Baixo Sabor também aumentará a capacidade

das outras barragens já instaladas ao longo do Douro”.

Os escalões contribuirão ainda para reduzir as

emissões de gases que contribuem para o efeito estu-

fa, regular a distribuição de água na região, sobretudo

em épocas de seca, controlar as cheias e rentabilizar

a energia excedente proveniente dos parques eólicos.

Os sistemas de turbinagem e de bombeamento irão

recuperar o desperdício das eólicas funcionando dos

“dois lados”. Em determinados períodos, em vez de

turbinar a água para gerar energia, utiliza-se a das eó-

licas para bombeá-la e armazená-la nos reservatórios,

à espera dos ciclos de maior consumo. “A principal ati-

vidade de jusante será a contenção da água, enquan-

to a de montante, a principal, a produção de energia

elétrica. O bombeamento será feito do Rio Douro para

o Rio Sabor, e a turbinagem ocorrerá do Sabor em di-

reção ao Douro”, explica Carlos Matos, Responsável

pelas obras na jusante.

O pastor António Augusto Salvador: “Nasci para isso”

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37informa

Um rio selvagemAo contrário do Douro, que possui seis barragens

no lado português e sete no território espanhol, o Rio

Sabor é conhecido como o “último rio selvagem da Eu-

ropa”, por não possuir influências humanas, com exce-

ção das atividades de pequenos agricultores.

Para preservar as águas do “rio selvagem” e a vida

animal e vegetal do seu entorno, o ACE Baixo Sabor de-

senvolve várias ações de minimização e compensação

ambiental, com o apoio da EDP e de instituições par-

ceiras. São 12 programas ligados à fauna e à flora, aos

ecossistemas aquáticos, à qualidade do ar e da água e

à conservação do patrimônio histórico e cultural da re-

gião, com 140 técnicos ambientais envolvidos no Plano

de Gestão Ambiental da Obra (PGAO).

De acordo com Augusta Fernandes, Coordenadora

do Sistema de Gestão Integrado – QAS (Qualidade, Meio

Ambiente e Segurança) do ACE, o principal objetivo é

evitar a contaminação da água do rio. “Com o Progra-

ma de Monitoramento da Qualidade da Água, realiza-

mos análises mensais em 23 pontos distintos ao longo

dos 80 km do rio. Temos 27 parâmetros de avaliação

como acidez, carga orgânica e contaminação biológica,

e também avaliamos a vida animal em todo o percurso.

A documentação é analisada pela Comissão Ambiental

da União Europeia.”

A implantação de medidas de controle de erosão

e transporte de sedimentos – colocação de barreiras,

proteção de taludes e manutenção da galeria ripícola

(vegetação típica das margens de rios e lagos) –, e a

instalação de estações de tratamento da água e do es-

goto provenientes dos canteiros também fazem parte

do programa. “Em três anos de obras, não identifica-

mos nenhuma alteração na qualidade da água”, pontua

Augusta.

O AHE do Baixo Sabor começará a gerar energia

elétrica a partir do segundo semestre de 2014. Porém,

a EDP dará continuidade a todos os programas am-

bientais por mais 75 anos, como previsto em contrato.

Desenvolvimento localO controle das cheias e o equilíbrio entre a produ-

ção e o consumo de energia não serão os únicos be-

nefícios que o AHE do Baixo Sabor proporcionará aos

moradores da região. “Com a grande massa de água

formada pelos reservatórios, serão criadas zonas de

irrigação de terras e áreas para a prática de esportes

aquáticos, incentivando o turismo e o desenvolvimen-

to econômico do interior do norte do país”, assegura

António Monteiro, Gerente Administrativo-Financeiro

do ACE.

Mesmo observando as obras de longe, o pastor de

ovelhas António e a pequena empresária Paula já per-

cebem mudanças. “As coisas estão melhores, porque

há mais trabalho”, comenta António. “Eu espero mais

movimento e mais turismo”, revela Paula.

Integrantes do ACE Baixo Sabor monitoram a qualidade da água: rigor em defesa do rio

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38 informa

PENSAMENTO

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informa 39informa

O escritório em Brasília é apenas um

ponto de referência para esse baiano

de Salvador, de 46 anos, que há três

trabalha na Organização Odebrecht,

mais precisamente na Odebrecht

Energia. Luiz Gabriel Todt de Azevedo não para.

Além da capital federal, onde vive com a esposa,

Ivana, e dois filhos, Bernardo, de 12 anos, e Victor,

de 15, o engenheiro civil divide seu tempo entre

Rio de Janeiro, São Paulo, onde esta entrevista foi

realizada, e cidades nas quais a empresa mantém

projetos de energia. Eventualmente, ministra aulas

e palestras em universidades como Harvard, nos

Estados Unidos. E está presente, com frequência,

em discussões ao redor do mundo sobre temas re-

lacionados à sustentabilidade, em especial aquele

que o fascina e com o qual soube que iria trabalhar

desde a infância: a água.

fluidoPENSAMENTO

texto KaRolina Gutiez

foto bRuno veiGa

entRevista

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40 informa

A rotina sempre foi assim. Antes da Odebrecht,

Gabriel, mestre em hidrologia e ph.D em recursos

hídricos pela Colorado State University, instituição

norte-americana de excelência nesse assunto, tra-

balhou durante 14 anos no Banco Mundial, dedican-

do-se a projetos envolvem o principal recurso natu-

ral em mais de 20 países da América Latina, África

e Europa Central. Ocupou, ainda, o cargo de Vice-

Presidente da WWF (World Wildlife Fund), a maior

rede internacional de conservação da natureza. No

Banco Mundial, financiou projetos da Odebrecht,

vários hídricos, e, por isso, já conhecia muitos dos

seus futuros colegas de trabalho.

Seu interesse pessoal pelos temas ligados ao

desenvolvimento de países e comunidades expli-

ca o longo período de

atuação profissional em

uma agência multilate-

ral. “Hoje, no entanto,

sinto que contribuo mais

para o desenvolvimento

estando na Odebrecht do

que no Banco Mundial.

A Organização implan-

ta projetos icônicos em

âmbito mundial e isso é

bastante motivador.”

odebrecht informa –

Quais papéis a ode-

brecht exerce quando o assunto é água?

GABRIEL AzEVEDO – A Organização desempenha qua-

tro papéis essenciais. Somos, primeiramente, grandes

usuários de água. Mas estamos buscando cada dia

mais excelência e eficiência no uso. Com a Foz do Bra-

sil, somos prestadores de serviços de abastecimento

de água, coleta e tratamento de resíduos domésticos

e industriais. Construímos, ainda, equipamentos de in-

fraestrutura relacionados à água, como hidrelétricas,

barragens, projetos de irrigação, emissários, adutoras

etc. Por fim, atuamos como investidores em grandes

empreendimentos hídricos, como a Usina Hidrelétrica

Santo Antônio, em Rondônia, e o Projeto de Irrigação

Olmos, no Peru.

oi – se você tivesse que traçar um cenário

sobre esse recurso natural, no Brasil e em

âmbito global, qual seria?

GABRIEL – A situação ainda não é alarmante, mas

é muito complexa. E o que vai acontecer nos pró-

ximos 20 anos depende de nós. Nós governos, nós

empresas, nós sociedade. A demanda global de

água atualmente é de 4,5 trilhões de m³/ano. Des-

ses, 70% são destinados à agricultura, e a neces-

sidade por alimentos só tende a crescer. A capaci-

dade que o planeta tem de renovar esse recurso é

de 4,3 trilhões de m³/ano. Ou seja, já consumimos

um pouco acima do potencial renovável, ainda que

1 bilhão de pessoas no mundo não tenham acesso

à água e 2 bilhões sejam privados de saneamen-

to básico. Se nada mudar na tendência atual, até

2030 a demanda vai aumentar 40%, passando para

6,9 trilhões de m³/ano. O

cenário impõe desafios

ao planeta, mas ofere-

ce oportunidades fan-

tásticas, sobretudo na

nossa área de atuação.

A Odebrecht tem uma

enorme contribuição a

dar na construção de pa-

noramas alternativos, no

Brasil e no exterior.

oi – Que gols a or-

ganização já marcou

nessa disputa?

GABRIEL – Destaco projetos realizados pela Odebre-

cht quando eu ainda não trabalhava na Organização,

mas com os quais tive contato, tanto como consul-

tor, no início de minha carreira, como durante minha

atuação no Banco Mundial. A construção da barra-

gem de Seven Oaks, na Califórnia, Estados Unidos,

na década de 1990, para o controle de inundações,

foi criticada naquela época, mas reabriu o debate

sobre grandes barragens no oeste americano e des-

mistificou o julgamento sobre o assunto (o projeto

rendeu prêmios à Odebrecht posteriormente, entre

eles o de Construtora do Ano de 1999 nos Estados

Unidos). O Canal da Integração (hoje chamado de Ei-

xão das Águas e em fase de conclusão dos trechos

4 e 5, no qual a Odebrecht, em consórcio, ficou res-

ponsável pelo trecho 3), complexo de estações de

bombeamento, canais, sifões, adutoras e túneis que

a situação ainda não é alarmante, mas é muito complexa. e o que vai acontecer nos próximos 20 anos depende de nós. nós governos, nós empresas, nós sociedade.

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Page 43: OI 153 pt

41informa

É preciso contabilizar a água que é consumida em produtos industrializados e agrícolas. a soja e a car-ne brasileiras, exportadas em grandes volumes, têm embutida a água utilizada no seu cultivo. É o conceito de água vitual.

irão transpor as águas do Açude do Castanhão para

reforçar o abastecimento para 4 milhões de habitan-

tes de 13 municípios – incluindo a Região Metropo-

litana de Fortaleza –, é o maior empreendimento de

infraestrutura do Ceará. Essa obra tem visibilidade

internacional, pois conseguiu integrar um projeto de

infraestrutura de grande envergadura com neces-

sidades hídricas da população. Outro exemplo é a

barragem de Ponto Novo, construída no semiárido

baiano para perenizar o rio Itapicuru-açu, possibi-

litando a instalação de três sistemas integrados de

fornecimento de água, que, juntos, beneficiaram 70

mil pessoas. O empreendimento foi financiado pelo

Banco Mundial, que o utilizou como referência, ape-

sar do pequeno porte.

oi – o que a Usina

Hidrelétrica santo an-

tônio tem a ensinar

para o mundo, no que

diz respeito à água?

GABRIEL – Já trabalhei

em muitas hidrelétricas

e nunca vi uma usina tão

bem planejada do ponto

de vista da sustentabili-

dade, em todas as suas

vertentes: aspectos do

meio físico, do meio so-

cial, da biodiversidade

etc. Embora estejamos

mexendo com o rio,

quando olho para a obra tenho a impressão de que

o Madeira e a usina têm uma relação harmoniosa.

oi – o que uma organização deve fazer para estar

na vanguarda desse tema? e o que não deve?

GABRIEL – Não se deve menosprezar ou ignorar

a importância do assunto. Afinal, não há nenhuma

atividade econômica que dispense o uso ou a dis-

ponibilidade da água. Deve, além de implantar boas

práticas internamente, influenciar a formulação

de políticas que tenham como objetivo promover

seu uso eficiente e sustentável. Um exemplo: in-

cluirmos no Programa de Qualificação Continuada

Acreditar módulos sobre água. Precisamos dar o

exemplo e influenciar.

oi – Quais são as tendências mundiais para o

tratamento da questão?

GABRIEL – Começamos a ver uma discussão em

torno da água virtual. É preciso contabilizar a

água que é consumida em produtos industria-

lizados e agrícolas. A soja e a carne brasileiras,

exportadas em grande escala, têm embutida a

água utilizada no seu cultivo. Da mesma forma,

as resinas que a Braskem exporta para cinco

continentes. Com isso, o Brasil é um dos maio-

res exportadores mundiais de água. As atenções

têm se voltado para o debate sobre mudanças

climáticas. Trata-se, realmente, de uma questão

complexa, com impactos em escala global e que

precisa ser discutida. Mas a água também tem

essa dimensão e não

vem sendo analisada na

mesma proporção.

oi – como você trata

a água na sua vida

pessoal?

GABRIEL – Meu pai era

engenheiro e sempre

trabalhou em obras hí-

dricas. Por isso, soube

desde pequeno que meu

destino era trabalhar

com água. Ela faz parte

da vida de qualquer ser

humano, mas, no meu

caso, desperta meu in-

teresse desde a infância. Além do meu trabalho,

meus hobbies estão relacionados à água. O favorito

é a pesca. E da mesma forma como fui influencia-

do, procuro compartilhar minha vida profissional

com meus filhos. Eles sempre visitaram projetos

nos quais trabalhei, desde favelas na África até a

Usina Santo Antônio, para onde pretendo levá-los

esse ano. É uma maneira de explicar que a ausên-

cia que o meu trabalho lhes impõe se justifica pelo

fato de eu estar fazendo algo de bom para outras

pessoas e para o meio ambiente. E eles se preo-

cupam, questionam. Hoje eles têm muito mais in-

formação e consciência do que os jovens da minha

geração. Mas o desafio deles, certamente, será

muito maior.

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Page 44: OI 153 pt

42 informa

42

Dependências do Aquapolo no ABC

paulista: novo paradigma de

qualidade para água de reúso no país

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43informa

A LóGICA DO

reúsoUm marco na utilização de água industrial no Brasil, Projeto Aquapolo foi concebido para atender às empresas do Polo Petroquímico de Capuava, no ABC paulista

texto eliana simonetti

fotos bRuna RomaRo

stá em execução avançada, na região do ABC pau-

lista, o Projeto Aquapolo, de produção de água de

reúso para o Polo Petroquímico de Capuava. É a so-

lução para alguns problemas sérios. As principais

dificuldades para o desenvolvimento do polo são a

poluição crescente do rio Tamanduateí, a falta de água na estia-

gem e a necessidade de utilizar água potável para fins industriais.

O Aquapolo garantirá a água de uso industrial de que a petroquí-

mica paulista necessita.

As indústrias do Polo Petroquímico de Capuava, também no

ABC paulista, têm importante peso na economia paulista: reco-

lhem 27% do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias

e Serviços) arrecadado pelo estado; empregam cerca de 25 mil

pessoas direta e indiretamente; e produzem materiais para con-

sumo interno e para exportação – como etileno, polipropileno,

polietileno, matérias-primas para a fabricação de resinas, borra-

chas, tintas e plásticos. Entretanto, para não danificar suas má-

quinas, essas indústrias dependem fortemente de fornecimento

confiável de água e carecem de sustentabilidade desse ponto de

vista.

O polo retira a maior parte da água de que precisa do córrego

dos Meninos, afluente do rio Tamanduateí. Esse recurso está no

limite, e já não se pode confiar que seja capaz de suprir as ne-

cessidades atuais – menos ainda as futuras, pois as empresas do

polo pretendem expandir seus negócios.

Tecnologia de pontaA Aquapolo Ambiental, Sociedade de Propósito Específico

(SPE) criada pela Foz do Brasil (empresa de engenharia ambien-

tal da Organização Odebrecht) e pela Sabesp (Companhia de Sa-

neamento Básico do Estado de São Paulo), contratou a Odebrecht

E

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Page 46: OI 153 pt

44 informa

Infraestrutura para construir uma Estação de Água Indus-

trial (Epai) com tecnologia de ponta para fornecer água para

uso industrial, dentro da área de sua Estação de Tratamento

de Esgotos na divisa entre São Paulo e São Caetano do Sul

(ETE ABC).

Atualmente, o esgoto tratado na ETE ABC é retornado à

natureza. Quando a nova Epai estiver funcionando, após o

tratamento costumeiro, o esgoto será conduzido a um tan-

que com bactérias que se alimentam de detritos orgânicos

(quando eles forem insuficientes, a ETH, empresa de bioe-

nergia da Organização, providenciará material para manter

a colônia de bactérias viva e ativa).

Depois, o material passará por um vale de oxidação em

forma de labirinto, cuja concepção foi premiada na Europa,

o TMBR (Tertiary Membrane Bio-Reactor), com membranas

de ultrafiltração, e seguirá para um equipamento de mem-

branas de osmose reversa que, por pressão, extrai do líquido

a alta condutividade e os padrões sólidos, amônia e outros

elementos que tornam o efluente impróprio para uso indus-

trial. “O Projeto Aquapolo estabelece um novo paradigma de

qualidade para a água de reúso no país”, diz Ivanildo Hespa-

nhol, especialista no tema, Professor da Escola Politécnica

da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

A água de reúso passará por duas estações elevatórias

e partirá rumo ao polo por uma adutora, com tubos de 900

mm de diâmetro recobertos com tripla camada de polietile-

no (para maior durabilidade), com o selo da Braskem. Como

a camada de polietileno é espessa, tocar nos tubos é mais

ou menos como passar a mão em um pneu de carro. Só que

cada tubulão de 12,30 m pesa 17.721 kg.

No polo, a água de reúso produzirá vapor e resfriará cal-

deiras. Quatro grandes reservatórios que não são aprovei-

tados pela ETE ABC estão sendo cobertos para garantir o

fornecimento ininterrupto de água aos clientes, mesmo em

período de seca.

Obra e vida nas cidadesNa operacionalização desse projeto existe um desafio

adicional. A região do ABC paulista é densamente ocupada

por residências e empresas e seu solo contém muita areia e

pedregulho. Implantar os tubos nesse ambiente não é tarefa

fácil. Hoje, passear por algumas ruas de São Caetano pode

exigir uma certa dose de paciência. De 100 em 100 metros,

há enormes buracos, largos e fundos, onde descem traba-

lhadores trajados com equipamentos de segurança para

cavar túneis horizontais, sustentados por peças de concreto

antes de receberem os tubos de aço.

No entorno, a vida segue: passam pessoas com sacolas

de supermercado, há caminhões fazendo manobras em pá-

tios de empresas, grupos de crianças saindo das escolas.

“Os trabalhos da Odebrecht foram planejados para não in-

terferir na vida das cidades e de seus moradores”, explica

Emyr Costa, Diretor de Contrato do Projeto Aquapolo.

Assim, onde existe muita área construída, muito movi-

mento, o método utilizado é este: os tubos são instalados

em pequenas partes, que depois são soldadas. Quando o

solo permite, a perfuração é feita com máquinas que pare-

cem miniaturas dos tatuzões (shields) usados em obras de

metrô. E em outras áreas, como às margens do rio Taman-

duateí, os tubos são acomodados em valas abertas.

Conforme dados da Sabesp, a Região Metropolitana de

São Paulo é uma das mais carentes de disponibilidade hí-

drica do país, com índices semelhantes às das áreas mais

secas do Nordeste, de 201 m³ por habitante ao ano – muito

abaixo do recomendado pela ONU, que é de cerca de 2.500

m³. Mesmo que de forma indireta, a Aquapolo propiciará o

aumento da oferta de água tratada e a melhoria das condi-

ções de saúde da população. “Não resta dúvida de que este

é um empreendimento de fundamental importância para a

sustentabilidade do Grande ABC e do Polo Petroquímico de

Capuava”, afirma Guilherme Paschoal, Diretor de Opera-

ções da Aquapolo Ambiental.

Sustentabilidade e economiaA planta da Aquapolo é a maior desse tipo no Hemisfério

Sul e a quinta maior do mundo. Seu cliente mais importante

é a Quattor, controlada pela Braskem, que consumirá mais

de 60% do que será produzido pelo projeto, mas empresas

como Cabot, Oxiteno, White Martins e Oxicap, todas locali-

zadas no polo, também serão beneficiadas. Além de ganhar

em sustentabilidade, essas empresas farão economia, já

que a água de reúso custa 30% menos que a que passa por

tratamento convencional. “Este é um projeto pioneiro que

representa um marco na utilização de água industrial no

Brasil”, afirma Celso Luiz Tavares Ferreira, Vice-Presidente

de Químicos Básicos da Quattor, empresa que, em 2010, re-

gistrou expansão de 40% em sua produção.

Há mais. Apesar do objetivo do projeto ser voltado ao Polo

Petroquímico, a planta terá capacidade maior que a neces-

sária. Abre-se, assim, a perspectiva de utilização da água de

reúso por outras empresas e municípios localizados no en-

torno da adutora. Com o Aquapolo, ganham as empresas, os

governos, a população (com a manutenção e possivelmente

o aumento de oferta de empregos na região) e o meio am-

biente, pois o efluente descartado após o uso industrial terá

melhor qualidade que o atual.

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45informa

O Projeto Aquapolo em números

• Contrato de gestão de fornecimento de água ao Polo

de Capuava com duração de 34 anos, até 2043.

• Estação de Água Industrial com capacidade para

produzir até 1.000 litros/s de água de reúso.

• Adutora com tubos de 900 mm e 17 km de exten-

são em três municípios (São Paulo, Santo André e

São Caetano do Sul).

• Até 1,6 bilhão de litros/mês de água potável deixará

de ser consumido pelas indústrias do polo.

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Page 48: OI 153 pt

46 informa

Cetrel garante a sustentabilidade ambiental do Polo Industrial de Camaçari

DE SUSTENTAçãO

46

elemento

A Cetrel, em Camaçari: empresa interliga e centraliza o tratamento de efluentes de todas as 90 indústrias do polo

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Page 49: OI 153 pt

47informa

onstruído sobre um dos maiores aquíferos do

país, o de São Sebastião, o Polo de Camaçari

– o maior complexo industrial do Brasil – não

seria um empreendimento ambientalmen-

te sustentável se não existisse a Cetrel. Nos

estudos para a criação do polo, na década de 1970, decidiu-

se, de forma pioneira no país, que, em vez de cada empresa

ter seu próprio sistema de proteção ambiental, uma única

companhia estatal seria responsável pela operação de um

sistema global de gestão do meio ambiente, o que acarretaria

menos custo e maior eficiência.

Essa companhia foi, então, criada e recebeu o nome de

Central de Efluentes Líquidos do Polo de Camaçari (Cetrel),

hoje Cetrel S.A. e controlada pela Braskem. Situada a 45 km

de Salvador, interliga e centraliza o tratamento de efluentes

de todas as 90 indústrias existentes no Polo de Camaçari.

Em produção plena, o polo consome 12 mil m3/h de água

e verte aproximadamente 1,2 a 1,5 m3/s de efluentes líquidos

tratados através de seu emissário submarino. É a metade da

sua capacidade nominal de vazão.

A Cetrel, que atua em Camaçari em parceria com a Foz do

Brasil, recebe dois tipos de efluentes: as águas não contami-

nadas, pluviais em sua maioria, e os efluentes contaminados

por compostos orgânicos de todo tipo e compostos inorgâni-

cos, como sulfatos, nitratos, amônia e outros produtos nocivos

ao ambiente, se não tratados devidamente.

“Isso nada mais é do que água poluída. Nosso trabalho é

tratar rigorosamente esses efluentes, para minimizar os ris-

cos quando os devolvermos ao meio ambiente”, explica Sérgio

Tomich, líder dos Negócios de Desenvolvimento de Materiais

e Gestão de Resíduos Especiais da Cetrel.

Emissário submarinoCom a ampliação do polo, nos primeiros anos da década

de 1990, a construção de um emissário submarino para a

disposição oceânica dos efluentes tornou-se necessária para

a boa gestão ambiental. A obra foi realizada pela Odebrecht.

Antes de serem lançados ao mar, a 4,8 km da costa, são re-

movidos mais de 97% da carga biodegradável dos efluentes,

um índice acima do que preconiza a legislação ambiental.

“Fizemos uma campanha de monitoramento para afe-

rir como era o meio ambiente antes do emissário entrar em

operação e após o início dos lançamentos. Firmamos um

convênio com a Universidade Federal da Bahia e realizamos

duas campanhas anuais de monitoramento com a expedição

de relatórios em que se avalia a qualidade ambiental nesse

ecossistema marinho”, salienta Eduardo Fontoura, Respon-

sável por Laboratório e Monitoramento. Ele observa que “em

17 anos de funcionamento do emissário, a Cetrel nunca teve

problemas com a comunidade nem com os vigilantes pesca-

dores de Arembepe”. Os indicadores ambientais no ecossiste-

ma marinho são os mais positivos.

Hoje, a Cetrel é responsável pelo gerenciamento dos

recursos hídricos de toda a região do polo, tanto das águas

subterrâneas (lençóis freáticos e aquíferos) quanto das águas

superficiais. A empresa faz o controle com georreferencia-

mento (monitoramento e produção) de mais de mil poços –

imprescindível para uma região onde atuam várias empresas

de extração de água mineral para consumo humano.

Sérgio Tomich explica que desde que a Braskem assu-

miu o controle da empresa, a Cetrel deixou de ser apenas

uma “gestora de fim de tubo” e passou a prospectar novos

negócios no ramo em que tem expertise reconhecida. Além

do tratamento de efluentes líquidos contaminados e do mo-

nitoramento oceanográfico e dos rios, a Cetrel também atua

em programas piloto de tratamento de água para reúso in-

dustrial, os quais a empresa vem desenvolvendo em parceria

com a Braskem.

Durante a Conferência COP 16, realizada em dezembro de

2010, no México, que discutiu o tema Conservação da Biodiversi-

dade no Mundo, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimen-

to Sustentável selecionou os cases com as melhores práticas de

sustentabilidade ambiental. “A Conservação da Biodiversidade

no Ecossistema Marinho na Área de Influência do Emissário

Submarino da Cetrel” foi um dos cases escolhidos do Brasil.

Em janeiro de 2011, foi assinada uma carta de intenções

entre o Governo da Bahia, a Petrobras e algumas indústrias

de fora do polo, para acabar com as emissões na baía de

Todos os Santos. ”Além dessas emissões industriais e das

emissões da Refinaria Landulfo Alves, quase 90% dos esgotos

domésticos de Camaçari e Dias d’Ávila serão interligados ao

emissário da Cetrel”, comemora Sérgio Tomich. As águas da

maior baía do Atlântico Sul agradecem antecipadamente.

elementotexto válbeR CaRvalho

fotos aRtuR iKishima

C

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Page 50: OI 153 pt

48 informa

aRGUMento

Diante da escassez de água, o copo pode parecer meio vazio. Mas uma aproximação maior entre líderes empresariais e formuladores de políticas públicas, com vistas a desenvolver melhores práticas e aplicar novas tecnologias, pode fazer toda a diferença em favor do mundo em que vivemos

tradução: maRia das GRaças s. salGado

a Segurançahídrica e

o setor privado

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Page 51: OI 153 pt

49informa

insegurança hídrica surge como

um dos grandes desafios do sécu-

lo 21. Desafio que políticos e líde-

res empresariais devem enfrentar

juntos. Formuladores de políticas

geralmente reconhecem que o setor privado tem

que exercer um papel importante na construção

da infraestrutura para o futuro e que as novas tec-

nologias desenvolvidas por empresas de ponta são

instrumentos cruciais para o gerenciamento da es-

cassez de água. Mas os líderes empresariais tam-

bém devem se empenhar mais para conscientizar

a sociedade de que são as boas políticas públicas

que tornam possíveis investimentos e inovações por

parte do setor privado.

Líderes do setor público e ONGs têm, há muito,

dominado o debate em torno das políticas hídricas.

Recentemente, contudo, empresas progressistas

começaram a se preocupar com um melhor geren-

ciamento da água. Essas empresas passaram en-

tão a prestar mais atenção ao ambiente hídrico em

que atuam.

Algumas empresas descobriram que a escassez

crescente de água constitui uma “ameaça à sua li-

cença social para operar”. Como resposta, algumas

têm feito generosas doações a grupos de ativistas.

Outras têm solicitado o estabelecimento de padrões

de desempenho que elas possam, então, atender.

As mais avançadas, entretanto, reconhecem que,

ao mesmo tempo em que precisam administrar

mais eficientemente a água dentro de seus em-

preendimentos, a sociedade também necessita de

um ambiente regulatório justo, eficiente e previsível

para governar todos os usos da água. Essas empre-

sas acreditam que têm contribuições úteis e legíti-

mas para o processo de elaboração de políticas e

que boas práticas de negócios podem guiar avanços

efetivos no setor público.

Um segundo grupo de empresas está desen-

volvendo tecnologias que podem possibilitar à so-

ciedade obter mais produtos por gota de água. Por

exemplo, o desenvolvimento de sementes altamente

produtivas e tecnologias agrícolas. Como a agricul-

tura é responsável por mais de 80% da água usada

no mundo em desenvolvimento, essas inovações

são vitais para um melhor gerenciamento da água.

Outras empresas estão desenvolvendo novas tecno-

logias para tratamento de água e esgoto. O custo

da dessalinização cairá em breve para um nível em

que a maioria das cidades e empresas em áreas li-

torâneas poderá usá-la como uma parte importan-

te de suas fontes de suprimento. Existem também

empresas que fornecem aos usuários informações

pontuais, justas e precisas, como a probabilidade

de chuva e a umidade do solo, aumentando, dessa

maneira, a eficiência no uso da água.

Executivos dessas empresas sabem que o pro-

gresso depende do avanço interligado de tecno-

logias e políticas. Eles têm visto casos em que

deficiências em políticas significam que tecnologias

que fazem uso mais eficiente da água não estão

sendo empregadas como deveriam. Isso provocou

um compromisso entre executivos e líderes polí-

ticos no sentido de assegurar que políticas-chave

fossem colocadas em marcha. Líderes empresa-

riais enfatizam exemplos como o da bacia dos rios

Murray-Darling, na Austrália, onde um ambiente

político facilitador permitiu que uma redução de

70% na disponibilidade de água provocasse impacto

quase zero no valor da produção agrícola.

Pensando bem, o copo certamente está meio

cheio, não apenas porque líderes empresariais pro-

gressistas entendem que a escassez de água é um

problema que afetará suas indústrias e suas comu-

nidades, mas também porque eles estão compro-

metidos com políticas que ajudarão a encontrar as

soluções. Por sua vez, lideranças políticas come-

çaram a entender como o setor privado pode con-

tribuir para a implantação de políticas mais efeti-

vas. Mais líderes empresariais e políticos precisam

seguir o caminho de seus colegas progressistas.

Só assim poderemos garantir o contínuo avanço

de novas tecnologias, assegurar a formulação de

uma nova geração de políticas de gerenciamento da

água e alcançar, finalmente, a segurança hídrica do

planeta.

John Briscoeé o Professor Gordon McKay de Prática de Engenharia Ambiental na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos

A

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50 informa

“o gerenciamento dos recursos

hídricos está entre os maiores

desafios mundiais”

John Briscoe

Vald

ir c

ru

z

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52

56

58

60

62

64

Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da organização odebrecht no Brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas

reunião geral da odebrecht: o passado, o presente e o futuro em convergência

o técnico em edificações e escritor Krishnamurti dos anjos vai publicar seu quinto livro

no Baixo Sul da Bahia, jovens constroem (literalmente) sua cidadania

Três jovens norte-americanos falam de sua experiência com a prática da Teo

oog diversifica seus negócios e passa a atuar no segmento de engenharia submarina

o cotidiano de gabriela rocha, Juliana monteiro e nadja fontes: gente da odebrecht

&pessoasnotícias

Denise Batista, moradora do Baixo

Sul da Bahia

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Page 54: OI 153 pt

informa52

Agradeço às gerações que

nos antecederam, aos que

vieram antes de nós e nos

ofereceram as condições para fa-

zer o que estamos fazendo. Foram

eles que consolidaram a TEO, que

é o nosso legado maior, com o qual

estamos construindo o presente e

construiremos o futuro”.

Com essas palavras, Marcelo

Odebrecht, Diretor-Presidente da

Odebrecht S.A., encerrou sua apre-

sentação na Reunião Anual Geral da

Odebrecht, realizada em 21 de de-

zembro de 2010, no edifício-sede da

Organização, em Salvador.

Durante uma hora, ele expôs

os principais resultados alcança-

dos pelo conjunto de empresas da

Odebrecht em 2010 e apresentou

um panorama geral do estágio de

reflexões sobre uma caminhada

na Reunião anual Geral da organização, Marcelo odebrecht destaca a importância da teo como o legado maior das gerações pioneiras

oRGanização

texto JosÉ enRique baRReiRo

fotos beG fiGueiRedo e ÉlCio CaRRiço

018_OI153_OK_RJ2.indd 52 3/11/11 6:41 PM

Page 55: OI 153 pt

informa 53

crescimento da Organização.

Destacou, entre outros aspectos,

o aumento do número de integran-

tes – hoje a Odebrecht tem cerca de

120 mil pessoas, de mais de 60 na-

cionalidades, atuando no mundo –,

observando o crescimento de 71%,

em 2010, no número de integrantes

no Brasil (de 45 mil para 78 mil).

Marcelo também mostrou dados

sobre a atuação cada vez mais inter-

nacional e diversificada da Organi-

zação, tendo ressaltado a presença

recente da Braskem no México, da

Odebrecht América Latina e Angola

em Cuba, da Odebrecht Internatio-

nal na Guiné e da Odebrecht óleo e

Gás na Coreia do Sul.

“Nessa atuação cada vez mais

internacional e diversificada, nosso

principal desafio é prosseguir prati-

cando a mesma cultura empresarial”,

disse ele. “Nessa cultura, confiança é

a palavra essencial, pois é ela que per-

mite a delegação, a descentralização,

a parceria e todas as nossas outras

práticas empresariais.”

Marcelo Odebrecht destacou

também os diversos projetos que

estão sendo desenvolvidos nas

empresas no campo do Desenvol-

vimento Sustentável, que propicia-

ram, em 2010, benefícios a 450 mil

pessoas de 550 comunidades.

Para dar continuidade ao cres-

cimento da Organização, no rumo

da Visão 2020, ele conclamou os lí-

deres presentes a prosseguir “so-

nhando o sonho de nossos clien-

tes, entregando-lhes soluções

integradas e inovadoras e sendo a

escolha de cada um deles”.

Na foto maior, Emílio, Norberto e Marcelo Odebrecht; e nesta foto, plenária da Reunião Anual

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Page 56: OI 153 pt

informa54

Práticas de sustentabilidadeA Reunião Anual Geral da Ode-

brecht contou com a participação

de acionistas, membros do Conse-

lho de Administração da Odebrecht

S.A., conselheiros consultivos e dos

principais líderes da Organização.

Os resultados de cada empresa

foram apresentados por Maurí-

cio Medeiros, da Fundação Ode-

brecht; José Carlos Grubisich, da

ETH; Paul Altit, da OR; Fernando

Reis, da Foz do Brasil; Roberto Ra-

mos, da OOG; Carlos Fadigas, da

Braskem; Henrique Valladares, da

Odebrecht Energia; Márcio Faria,

da Odebrecht Engenharia Indus-

trial; Benedicto Junior, da Odebre-

cht Infraestrutura; Luiz Mameri, da

Odebrecht América Latina e Ango-

la. Euzenando Azevedo, da Ode-

brecht Venezuela; e Luiz Rocha, da

Odebrecht International.

O Presidente de Honra da Ode-

brecht S.A., Norberto Odebrecht,

leu sua mensagem anual, na qual

estimulou os líderes a entende-

rem e praticarem, sempre mais

e melhor a Tecnologia Empresa-

rial Odebrecht: “Só assim vocês

poderão levar nossa Organização

a patamares cada vez mais eleva-

dos de desenvolvimento”, disse o

fundador da Odebrecht.

1

7Emílio Odebrecht, Presidente

do Conselho de Administração da

Odebrecht S.A., encerrou o encon-

tro com a leitura de sua mensagem

anual, na qual, entre outros pontos,

estimulou os líderes a darem cada

vez mais destaque ao Balanço So-

cial de suas empresas: “Precisa-

mos, mais do que nunca, incorporar

práticas de sustentabilidade, ge-

rando valor para a sociedade e as

comunidades às quais servimos”.

Engajamento familiarAs empresas da Organização

realizaram suas próprias reuniões

anuais. Na reunião das empresas

de Engenharia e Construção, um

dos destaques foi o Encontro de

Acompanhantes, que reuniu, em

Costa do Sauípe, em 18 de dezem-

bro, cerca de 300 cônjuges de inte-

grantes.

O tema do encontro foi “Cônju-

ges, Carreira e Família”. Marcelo

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Page 57: OI 153 pt

informa 55

Odebrecht, convidado especial do

evento, fez uma palestra e respon-

deu a perguntas dos acompanhan-

tes. “Família é o que há de mais

importante”, destacou Marcelo, que

ressaltou a importância do engaja-

mento familiar na busca do equilí-

brio entre a realização profissional

e pessoal do integrante.

Sany Gomes, Yvana Couri e An-

drea Rabello, esposas de integran-

tes, falaram sobre as experiências e

trabalhos com acompanhantes em

seus países de residência, Emirados

Árabes, Argentina e Panamá, res-

pectivamente.

Também fizeram apresentações

no evento Carla Barreto, Responsá-

vel por Pessoas & Organização na

Odebrecht S.A., que apresentou a

Visão 2020 da Organização; o profes-

sor e filósofo Mário Sérgio Cortella,

que propôs uma reflexão sobre a

vida em casal como um processo si-

milar à construção de uma obra; e a

psicóloga intercultural Andrea Fuks,

que encerrou o encontro.

Diversos momentos da Reunião Anual: 1. participantes do Encontro de Acompanhantes 2. Mário Sérgio Cortella 3. Ticiana Marianetti, Marcos Rabelo e Fernando Reis 4. Sany Gomes 5. Euzenando Azevedo e Henrique Valladares 6. José Carlos Grubisich, Roberto Ramos, Daniel Villar e Paul Altit 7. Valéria Ventura

2 3

4 5

6

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informa56

minhas experiências e você

Krishnamurti, técnico em edificações, usa o talento de escritor para compartilhar seus aprendizados

peRFiL: Krishnamurti Góes dos anjos

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Page 59: OI 153 pt

57

Krishnamurti Góes dos

Anjos pode se orgulhar

por ser talentoso tanto

com os números quanto com as

letras. Ele é o responsável por

Planejamento do Sistema BA-

093, na área metropolitana de

Salvador, um complexo viário

com 257 km de estradas, sob

concessão privada, que liga o

Polo Petroquímico de Camaçari e

seu entorno ao Porto de Aratu e a

Salvador. Mesmo trabalhando in-

tensamente, Krishnamurti sem-

pre arranja tempo para escrever.

No início de fevereiro, lançou seu

quinto livro de ficção, 12 Contos e

Meio Poema, dando continuidade

à sua carreira literária. A paixão

pela escrita está no sangue. “Meu

avô, Severo dos Anjos, era editor

da revista literária A luva e foi o

primeiro a publicar um poema de

Jorge Amado”, diz.

Técnico em Edificações, Krish-

namurti ingressou na Odebrecht

em 1986. Saiu cinco anos de-

pois, passando a colaborar com

a Organização como profissional

autônomo. Foi quando começou

a escrever. Mais tarde, foi re-

contratado pela Odebrecht. O Via-

jante, conto autobiográfico que

abre o novo livro, descreve sua

presença em diferentes locais

do mundo a serviço da empresa,

como Angola e Panamá.

leitor voraz desde a ado-

lescência, ele enxerga a litera-

tura como uma missão. “As ex-

periências que vivemos devem

ser repassadas às pessoas, de

uma maneira que se torne útil

para que o mundo seja, um dia,

algo melhor”, argumenta. Krish-

namurti já está fazendo pesqui-

sas para sua próxima obra: um

romance histórico ambientado na

Bahia, no ano de 1798, em plena

revolta dos Alfaiates.

Das lembranças especiais

de Krishnamurti, uma das que

se destacam foi seu encontro

com Norberto Odebrecht. Krish-

namurti era um jovem técnico

recém-formado. “Mudei total-

mente a ideia que eu tinha do

que era um líder”, ele confessa.

Esse encontro com o funda-

dor da Organização Odebrecht e

outros episódios significativos de

sua trajetória profissional são a

inspiração da literatura de Krish-

namurti. Da literatura e da vida.

“As experiências que vivemos devem ser repassadas às pessoas, de uma maneira que se torne útil para que o mundo seja, um dia, algo melhor”

Deligni nobit alique nist, expediore modicim agnita-tistii nobit aiem hil

texto VálbeR CaRValho

foto MáRCio liMa

informa

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Page 60: OI 153 pt

informa58

o cimenTo da cidadaniao ambiente de canteiro de obras transforma a vida de jovens do Baixo sul

Em meio a blocos de concreto,

cimento e areia, o brilho do

batom e os cabelos soltos de

Denise Batista chamam atenção. Aos

26 anos, a pedreirinha, como é cari-

nhosamente chamada pelos colegas,

não se considera vaidosa, mas gosta

de expor seu lado feminino. “Quando

estou de farda, pareço um homem.

Quero que as pessoas percebam que

sou uma mulher.” Moradora de Igra-

piúna (BA), ela ingressou na turma

piloto do Construir Melhor – projeto

ligado ao Programa de Desenvolvi-

mento Integrado e Sustentável do

Mosaico de Áreas de Proteção Am-

biental do Baixo Sul da Bahia (PDIS),

instituído pela Fundação Odebrecht.

O projeto capacita agentes multipli-

cadores da construção civil na região.

Uma das poucas mulheres entre

os 43 aprendizes das duas primeiras

turmas, Denise sempre mostrou

curiosidade pela profissão exercida

por seu pai e irmão. “Sou apaixonada

pelo que faço. O trabalho é pesado,

mas, quando você gosta, se torna

fácil. É o que escolhi”, garante com

firmeza. De acordo com Christophe

Houel, Líder Educador, durante a

seleção dos participantes, o talento

de Denise já a destacava. “Hoje está

comprovado”, ele afirma.

Denise e os colegas estão apren-

dendo não apenas a levantar pare-

des, mas a desenvolver sua cidada-

nia. “Nosso desafio é a formação de

pessoas”, salienta Houel. O curso é o

único de longa duração oferecido no

Brasil, ministrado em 18 meses, em

regime de alternância. Mensalmente,

os educandos passam uma semana

na sala de aula aprendendo conceitos

teóricos sobre informática, português,

matemática, comunicação, elabora-

ção de projetos, orçamentos e plano

de vida e carreira. Nas outras três

semanas, é oferecido o acesso a

conhecimentos práticos no canteiro

de obras, com acompanhamento de

monitores, encarregados e enge-

nheiros.

Apoiado pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e So-

cial (BNDES), o Construir Melhor tem

sua sede em fase de implantação no

município de Valença (BA), em terre-

no doado pela Prefeitura. Até maio de

2011, a obra deverá estar concluída.

Os aprendizes estão trabalhando na

execução das instalações, que abriga-

rão laboratórios de marcenaria e in-

formática, fábrica de blocos, salas de

A “pedreirinha” Denise Batista: “Sou apaixonada pelo que faço”

FUndação odeBRecHt

texto GabRiela vasConCellos

foto máRCio lima

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Page 61: OI 153 pt

informa 59

aula e alojamentos. Essa é apenas

mais uma das experiências práti-

cas vividas pelos educandos, que

já atuaram na construção de habi-

tações com 65 m² no Loteamento

Nova Igrapiúna, de uma fábrica, no

município de Laje (BA), e da sede da

Escola de Instrução Militar, que está

sendo edificada anexa ao Colégio Es-

tadual Casa Jovem, em Igrapiúna, –

esta última, uma instituição também

ligada ao PDIS.

Denise já participou de diversas

obras. Da semana intensa, só recla-

ma da massa nas unhas, uma das

poucas vaidades que tem. “O cur-

so mudou a minha vida. Não tinha

nenhuma expectativa, agora tenho

planos e visão de futuro”, diz a “pe-

dreirinha”.

OportunidadeLigada ao Construir Melhor, nas-

ceu a Cooperativa da Construção Civil

(Coonstruir), formada pelos aprendi-

zes, cuja remuneração é definida de

acordo com a produtividade, geran-

do trabalho e renda. O presidente

da Coonstruir é ex-aluno do Colégio

Estadual Casa Jovem. Pedro Rogério

da Silva, 25 anos, nascido em Ituberá

(BA), conheceu o ofício com seu pai,

Raimundo da Silva. “Ele é mestre de

obras há 30 anos. Nasci na constru-

ção civil.”

Pedro ingressou na primeira tur-

ma do Construir Melhor. Apesar de

ser quase profissional, desejava apri-

morar sua formação. Mesmo sem o

apoio de seu pai, que não aprovava a

decisão de deixar temporariamente

os serviços para estudar, uma vez que

passaria a ganhar menos, resolveu

continuar. Hoje, no fim do curso, rece-

be mais de R$ 1.500 e é encarregado

da construção da sede da Escola de

Instrução Militar. “Meu pai me vê com

orgulho dirigindo uma obra sozinho.

Agora quer trabalhar comigo, mas

digo para ele que está na hora de se

aposentar e descansar. É a minha vez

de tocar o barco”, diz, sorrindo.

Luan Araújo, 20 anos, compartilha

do sonho de Pedro Rogério. “Espe-

ro ser um pedreiro qualificado, au-

mentar a renda da minha família e

oferecer uma casa melhor a eles”,

conta com empolgação o morador de

Valença (BA) e aprendiz da segunda

turma do projeto.

De acordo com Christophe Houel,

a união do Construir Melhor com a

Coonstruir está contribuindo para

melhorar a qualidade de vida da po-

pulação do Baixo Sul. “Queremos

oferecer infraestrutura para a região.

Aliado a isso, temos a capacitação de

agentes multiplicadores da constru-

ção civil. Estamos ajudando a retirar

muitas pessoas de uma situação de

vulnerabilidade”.

Casa dos SonhosA primeira turma do Construir

Melhor começou suas atividades em

junho de 2009 e concluiu o curso em

janeiro de 2011. Desafiados a apre-

sentar um projeto em que sintetizas-

sem todo o conhecimento adquirido,

os aprendizes elaboraram a Casa dos

Sonhos. A ideia é beneficiar uma fa-

mília do Baixo Sul com uma moradia

digna. “Elaboramos desde o desenho

das plantas ao levantamento dos ma-

teriais necessários. Dividimo-nos em

equipes e fomos a campo entrevistar

as pessoas. Outra parte da turma foi

em busca de patrocínio. A mão de

obra será nossa e o material doado

por parceiros da região”, conta Denise

Batista, uma das autoras da iniciativa.

A família escolhida reside há 20

anos em uma casa de taipa. Os no-

vos pedreiros aguardam apenas a

liberação de alvará da Prefeitura de

Igrapiúna para dar a notícia. “Sem-

pre disse a eles que seriam os cons-

trutores dos sonhos alheios. A reali-

zação desse projeto comprova isso.

É o resultado de uma formação para

a vida cidadã”, destaca Laís Freire,

Coordenadora Pedagógica do Cons-

truir Melhor.

A capacitação de uma nova turma

terá início em maio de 2011. Para

fazer parte do Construir Melhor, é

preciso ter entre 18 e 26 anos. “Não

queremos pessoas já qualificadas,

porque nosso desafio é dar oportu-

nidades a todos”, enfatiza Christophe

Houel.

Quem apoia o projeto construir Melhor• Fundação Odebrecht

• BNDES

• Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)

• Sesi (Serviço Social da Indústria)

• Michelin

• Prefeitura de Igrapiúna

• Prefeitura de Valença

• Cooperativa da Construção Civil

• Banco do Nordeste do Brasil

• Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia

• Caixa Econômica Federal

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informa60

teo tecnologia empresarial odebrecht

É a nossa filosofiaJeff, chris e Hal, jovens engenheiros norte-americanos, levaram a teo para dentro de suas vidas

texto Renata PinheiRo

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informa 61

A experiência de viver a Tecno-

logia Empresarial Odebrecht

(TEO) depende de seu enten-

dimento, sua aceitação e sua prática

cotidiana. Dos Estados Unidos, vem

o exemplo de três jovens que estão

fazendo da TEO a filosofia de traba-

lho e de vida.

Jeff Willis, 24 anos, é integrante

da equipe que executa as estações

de bombeamento que fazem parte do

sistema de diques que protege Nova

Orleans das enchentes. Ele ingres-

sou na Odebrecht há quase três anos.

Seu primeiro contato com a TEO o

deixou um pouco desconfia-

do. Ao ouvir que teria de as-

sumir total responsabilidade

pelo seu programa, pensou

que se tratava apenas de

uma maneira de atraí-lo

para a empresa, pois esta-

va acabando de se formar

engenheiro mecânico pela

Universidade de Tulane, em

Nova Orleans. Rapidamente,

sua ideia sobre delegação

planejada e responsabilidade

mudou. Logo no seu primei-

ro dia, recebeu um conjunto

de plantas de projeto, a informação

de que teria apoio constante e que

seria responsável por tudo o que dizia

respeito à área mecânica da obra.

Na primeira reunião de coorde-

nação, Jeff sentiu o peso da dele-

gação, quando teve de responder às

perguntas sobre o assunto e debater

algumas questões. Ele conta que

hoje entende a importância da dele-

gação para sua formação. “Quando

as coisas são feitas corretamente,

a confiança se constrói, e mais res-

ponsabilidades nos são dadas.” Ele

relembra que, ao se sentir responsá-

vel por uma tarefa, teve de se esfor-

çar ao máximo para aprender, per-

guntar e desempenhar. Jeff acredita

que, para crescer, é preciso assumir

total responsabilidade pelo trabalho.

Com história similar a de Jeff,

Christopher Conerly, 26 anos, en-

genheiro com graduação em ge-

renciamento de construção, acre-

dita que a confiança nas pessoas é

fator decisivo para o crescimento

profissional. Quando entrou na

empresa, também recém-formado

(pela Universidade do Estado da

Louisiana), integrava a equipe de

qualidade da obra de construção e

ampliação dos diques do lago Ca-

taouache, em Nova Orleans. Rapi-

damente foi percebendo que seus

líderes confiavam nele para exe-

cutar o trabalho. Chris conta que

sentiu isso na pele quando soube

que uma das suas responsabilida-

des era a comunicação direta com

o cliente, o Army Corps of Engine-

ers, com quem estaria em contato

frequente para tratar de assuntos

relacionados à qualidade da obra.

Ficou surpreso. Chris conta que

essa foi, para ele, uma das primei-

ras provas de que a Odebrecht era

diferente e que realmente o que

ele havia lido nos livros da TEO era

uma prática no dia a dia.

“A comunicação com o cliente é

algo extremamente importante, e

terem confiado em mim para essa

tarefa me ajudou a perceber que a

confiança era a base do meu relacio-

namento com os meus líderes.”

Para Greg Newman, 26 anos, mais

conhecido por seus colegas como

Hal, o conceito da Educação pelo

Trabalho, sobre o qual ele ouviu falar

quando ainda estava na Universidade

do Estado da Louisiana, fez surgir, de

imediato, seu interesse pela Odebre-

cht. Hal conta que sua primeira obra,

o dique do lago Chalmette (hoje par-

ticipa da construção de uma

parede de contenção de 5,4

km de extensão), foi um

enorme aprendizado. Seu

envolvimento direto com

os programas financeiro e

de gerenciamento de uma

obra real lhe trouxe conhe-

cimentos a partir dos quais

passou a estar em condi-

ções de enfrentar e superar

desafios crescentes.

“Meu líder gastava ho-

ras explicando o porquê das

coisas, como deveríamos

gerenciar os custos, as estratégias.

Esse tipo de interação não tem pre-

ço.” Segundo Hal, engenheiro gra-

duado em gerenciamento de cons-

trução, um dos aspectos cruciais

para o seu crescimento tem sido o

aprendizado contínuo, e não há me-

lhor local para se preparar do que em

um canteiro. “A obra foi uma escola

pra mim, me educou, e me ajudou

a aprender sobre os vários aspectos

de um contrato.” Hal acredita que o

desenvolvimento das pessoas é um

investimento de longo prazo. “O que

todo mundo quer é responsabilidade

para crescer. Eu estou dando o meu

melhor.”

“Meu líder gastava horas explicando o porquê das coisas, como deveríamos gerenciar os custos, as estratégias. esse tipo de interação não tem preço.”

Hal newman

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Page 64: OI 153 pt

62 informa

A Odebrecht óleo e Gás (OOG)

está diversificando seus ne-

gócios. Em 30 de novembro

de 2010, constituiu um consórcio

com a Acergy, empresa que acaba de

se fundir com a Subsea 7 (passando

a adotar o nome Subsea 7), para a

construção e instalação, para a Pe-

trobras, de um gasoduto submarino

de 150 km no Espírito Santo.

O consórcio será responsável pelo

gerenciamento do projeto, pela enge-

nharia, compra, fabricação e logística.

O valor do contrato (corresponden-

te aos serviços do consórcio) é de

US$ 90 milhões. Os serviços de mer-

gulho de pessoas e equipamentos,

a instalação do gasoduto e as ativi-

dades de pré-comissionamento do

sistema serão de responsabilidade

exclusiva da Subsea 7.

Os tubos serão fornecidos pela

Petrobras e transportados pelo

consórcio para o Porto de São Se-

bastião, em São Paulo. Do porto,

serão levados por balsas até o lo-

cal da instalação. O início dos lan-

çamentos está previsto para o fim

de 2011. “Nossa atuação, neste

projeto, é de gerenciamento. Serão

cerca de 60 profissionais em ação”,

destaca Eduardo Lavigne, Gerente

de Projetos da OOG. Até o término

dos 18 meses de contrato, serão

geradas cerca de 450 oportunida-

des diretas de trabalho, para brasi-

leiros e estrangeiros, em virtude do

número de fornecedores de equi-

pamentos.

enGenHaRia sUBMaRina

Hora do mergulhoodebrecht óleo e Gás diversifica seus negócios e passa a atuar no segmento subseatexto edilson lima

018_OI153_OK_RJ2.indd 62 3/11/11 6:43 PM

Page 65: OI 153 pt

63informa

Pré-sal faz crescer demandaCom a descoberta da camada

de pré-sal no Brasil, a demanda

por serviços de engenharia sub-

marina tenderá a crescer a cada

ano. Segundo estudos da UBS

(empresa de atuação global com

sede na Suíça e que realiza pes-

quisas e presta serviços na área

financeira), o pré-sal exigirá in-

vestimentos de aproximadamen-

te US$ 600 bilhões. Desse total,

estima-se que 30% serão para

o segmento subsea. Entende-se

como subsea tudo o que engloba

os serviços e equipamentos das

estruturas submarinas responsá-

veis pela exploração e produção

de óleo e gás situadas entre o leito

marinho e a superfície.

Segundo o plano de investi-

mentos da Petrobras, a empre-

sa investirá US$ 108 bilhões até

2014 na exploração e produção de

petróleo. Aproximadamente US$

40 bilhões serão destinados ao

segmento subsea.

A entrada da OOG nesse novo

negócio é fruto do sonho de par-

ticipar de um mercado muito qua-

lificado e até hoje dominado por

empresas estrangeiras. Partin-

do da experiência de mais de 30

anos da Odebrecht em operações

offshore, foram feitas análises de-

talhadas do mercado desde o fim

de 2009, para que, então, fosse

montada uma estratégia de ação,

o que incluiu a busca de um par-

ceiro tecnológico que valorizasse

os esforços da OOG.

“A Subsea 7 é uma empresa

com grande experiência no mer-

cado da engenharia submarina.

Não temos dúvida de que essa

caminhada conjunta nos trará um

grande aprendizado”, diz Ricardo

Viana, Diretor de Contrato da OOG.

A OOG torna-se, assim, a pri-

meira empresa brasileira a in-

vestir efetivamente no mercado

subsea, competindo com os big

players mundiais desse segmento.

“Ser pioneiro tem vantagens, por

um lado, e novos desafios, por ou-

tro lado. Pretendemos conquistar

nosso espaço, sem nos descuidar-

mos da segurança empresarial”,

salienta Ricardo Viana. Ele acres-

centa: “O mercado da engenharia

submarina representa uma enor-

me oportunidade para servirmos

aos nossos clientes e contribuir-

mos para o desenvolvimento dos

trabalhadores brasileiros”.

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Page 66: OI 153 pt

informa64

Tempo de (se) transformar

os 25 anos,

formada em

Psicologia pela

Boston College, nos

Estados Unidos, a brasileira Gabriela Rocha compõe a

equipe de Responsabilidade Socioempresarial da Odebre-

cht no Peru desde janeiro de 2008. No princípio, coorde-

nou projetos de desenvolvimento sustentável no entorno

da rodovia Interoceânica Sul. Morou nos Andes, quase 4

mil metros acima do nível do mar, convivendo com co-

munidades indígenas. Apaixonou-se pela cultura ances-

tral forte e preservada, pelas cores e pelos contrastes do

Peru. Atualmente apoia as obras nas áreas de Programas

Sociais e Mudanças Climáticas. “Nesses três últimos

anos, eu mudei muito”, diz Gabriela. “Hoje acredito plena-

mente no poder das empresas de transformar o cenário

socioeconômico de uma região para beneficiar os mais

necessitados.”

Gabriela ajuda a melhorar a vida de comunidades peruanas

J uliana Monteiro, 31 anos, nasceu em Cachoeiro do

Itapemirim (ES), mas cresceu em Vitória, onde con-

cluiu o Ensino Médio. Depois mudou-se para o Rio de Ja-

neiro, para estudar engenharia civil. Formou-se em 2002

e se transferiu para São Paulo, onde vive até hoje. Juliana

vai quase diariamente à academia de ginástica e adora

sair com o marido, Sandro Gamba, e amigos. Viajar é ou-

tro hobby. Sempre que pode, vai a Vitória para matar a

saudade dos pais e da tradicional moqueca capixaba. A

engenheira ingressou na Odebrecht Realizações Imobi-

liárias (OR) em 2006, como Responsável pelo projeto Al-

pha Square. Entre 2009 e 2010, esteve à frente de outros

dois empreendimentos: Alpha Park e The One. Por seu

desempenho, foi promovida, em janeiro, a Diretora de

Contrato, tornando-se a primeira mulher a assumir essa

função na empresa: “As mulheres estão enfrentando e

superando novos desafios na sociedade”, ela diz.

Juliana é a primeira diretora de contrato da oR

O pioneirismo de uma capixaba

No último dia 2 de fevereiro, dia de festa no mar,

a soteropolitana Nadja Silva Fontes completou

13 anos de trabalho na Braskem. Engenheira com

especialização na área de Automação e Controle de

Processo, ela está concluindo um MBA em Gestão

Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Nadja ingressou na empresa como trainee em 1998.

Atualmente é a responsável pela equipe da Engenha-

ria de Processo de Olefinas, na Unidade de Insumos

Básicos I, em Camaçari (BA). “No trabalho, o que mais

me satisfaz é contribuir para a melhoria contínua das

plantas, para um melhor ambiente de trabalho e para

o crescimento profissional das pessoas”, diz. E fora

do horário de trabalho? Aí Nadja relaxa e também fica

satisfeita: adora pegar uma praia com a família e se

aventurar em trilhas com amigos.

Gente

Da planta industrial às praias e trilhas

nadja equilibra dedicação ao trabalho e desfrute do lazer

A

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Page 67: OI 153 pt

Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 120 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro

reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez

cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa

cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti

tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom

redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]

Próxima edição:Desenvolvimento

de Pessoas

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águaAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais

# 153 ano XXXVIII março/abril 2011

“O mais importante patrimônio do ser humano é seu espírito,

pois é este que lhe confere caráter e vontade de servir, bem como forças para criar,

inovar e produzir em benefício de seus semelhantes”

TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]

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