ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPB CENTRO DE TECNOLOGIA CT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: um estudo aplicativo na Construção do Centro de Convenções de João Pessoa PB Acadêmico: André Luis Lins Alves Orientadora: Prof.ª Dr. ª Ana Cristina Taigy JOÃO PESSOA - PB 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: um estudo aplicativo na

Construção do Centro de Convenções de João Pessoa – PB

Acadêmico: André Luis Lins Alves

Orientadora: Prof.ª Dr. ª Ana Cristina Taigy

JOÃO PESSOA - PB

2012

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ANDRÉ LUIS LINS ALVES

ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: um estudo aplicativo na

Construção do Centro de Convenções de João Pessoa – PB

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à

banca examinadora do Departamento de

Engenharia Civil e Ambiental, do Centro de

Tecnologia da Universidade Federal da

Paraíba, como requisito obrigatório à obtenção

do título de Engenheiro Civil.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Taigy

JOÃO PESSOA - PB

2012

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FOLHA DE APROVAÇÃO

ANDRÉ LUIS LINS ALVES

ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: um estudo aplicativo na

Construção do Centro de Convenções de João Pessoa – PB

Trabalho de Conclusão de Curso em 05/11/2012 perante a seguinte Comissão Julgadora:

_________________________________________________________ ______________

Profª. Ana Cristina Taigy, DSc.

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do CT/UFPB

________________________________________________________ ______________

Prof. Paulo Germano Toscano,

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do CT/UFPB

________________________________________________________ ______________

Prof. Laudelino de Araújo Pedrosa Filho, DSc.

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do CT/UFPB

_________________________________________________

Prof. Leonardo Vieira Soares, DSc.

Coordenador do Curso de Graduação em Engenharia Civil

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Dedico este trabalho à minha mãe, uma pessoa

que sempre lutou e me aconselhou durante

meu curso e nos momentos difíceis da

caminhada. Aos meus amigos que viveram

comigo os momentos alegres e tristes ao longo

desses anos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu saúde e luz, para que eu pudesse concluir

mais uma etapa na minha vida;

À minha mãe, Ednalva Lins Alves, por todo o apoio e aconselhamentos dados desde a

minha infância até hoje na vida profissional;

Ao meu pai, Luis Alves de Araújo, pelas palavras de incentivo e companheirismo.

Aos meus amigos dos tempos de CEFET, que mesmo seguindo caminhos diferentes

sempre se dispuseram a manter a amizade.

Ao professor Laudelino Pedrosa Filho, pelas oportunidades dadas a mim e a alguns

dos meus colegas em desenvolver projetos reais, enriquecendo nossa experiência profissional.

À Professora Ana Cristina Taigy, pelas orientações assumidas deste TCC de uma

forma simples, prática e de grande valor crítico.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Refeitório para os trabalhadores…………………………………………… 31

Figura 2: Alojamentos……………………………………………………………..… 32

Figura 3: Cozinha……………………………………………………………………. 33

Figura 4: Carpintaria…………………………………………………………………. 34

Figura 5: Equipamentos de corte de aço…………………………………...………… 35

Figura 6: Vergalhões verticais com proteção………………………………..………. 35

Figura 7: Serviço de alvenaria com andaimes………………………………..……… 36

Figura 8: Andaimes fachadeiros……………………………………………...……… 36

Figura 9: Guindastes para fixação de estruturas metálicas…………………...……… 37

Figura 10: Instalações Elétricas……………………………………………………… 37

Figura 11: Instalação elétrica no mirante…………………………………………….. 38

Figura 12: Equipamentos contra incêndio…………………………………………… 38

Figura 13: Ponte sobre galeria……………………………………………………….. 39

Figura 14: Escavação de galerias…………………………………………………….. 40

Figura 15: Descarte de aço…………………………………………………………... 41

Figura 16: Sobras de aço à espera do transporte…………………………………...… 41

Figura 17: Recipientes para a coleta seletiva do lixo……………………………...…. 42

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Organização do canteiro de obras……………………………………….. 27

Quadro 2 – Riscos detectados por elemento de canteiro…………………………….. 30

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RESUMO

Este trabalho visa estudar a elaboração dos canteiros de obras e as normas regulamentadoras

vigentes, procurando identificar quais são os principais elementos de canteiro de obras, quais

suas relações com as normas de segurança do trabalho e como a organização do canteiro

influencia na produtividade e na diminuição dos riscos de acidentes. A metodologia

empregada se caracteriza como descritiva e pesquisa de campo em que se optou por um

estudo de caso, cujos instrumentos de coleta de dados foram as entrevistas e observações do

trabalho no canteiro de obras. Como resultado do estudo, constatou-se que a obra pesquisada

abriga os três tipos de canteiros de obras: Restritos; Amplos; Longos e estreitos; e que a

redução de serviços realizados no mesmo espaço e ao mesmo tempo, contribuem

significativamente para o aumento da produção e a redução dos riscos de acidentes de

trabalho. Por outro lado, verificou-se que os arranjos físicos encontrados no canteiro não

resultaram de uma ação planejada antecipadamente, à medida que as obras evoluíam, os

engenheiros de produção, contando com a experiência e a vivência em obra, é quem definiam

as posições dos elementos, de forma que, no ponto de vista deles, trouxessem mais

dinamismo e produtividade.

Palavras - chaves: Canteiro de obras. Segurança do Trabalho. Arranjo Físico do Canteiro.

Produtividade no Canteiro.

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ABSTRACT

This work aims to study the preparation of construction sites and regulatory standards in

force, trying to identify what are the main elements of the construction site, which its relations

with the standards of safety and how the organization influences the jobsite productivity and

decrease risk of accidents. The methodology is characterized as descriptive and field research

which opted for a case study, whose instruments of data collection were interviews and

observations of the work at the construction site. As a result of study, it was found that the

work searched houses the three types of construction sites: Restricted; Large, long and

narrow, and that the reduction of services, in the same space and at the same time, contribute

significantly to the increase in production and reducing the risk of accidents. Moreover, it was

found that the physical arrangements found in the bed did not result from an action planned in

advance, as the work progressed, manufacturing engineers, with expertise and experience in

the work, who is defining the positions of the elements so that, in their view, bring more

dynamism and productivity.

Key-words: Construction site. Workplace Safety. Physical Arrangement of Construction. The

Construction Productivity.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO.............................................................................. 11

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA.................................................................................... 11

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................. 12

1.3 OBJETIVOS........................................................................................................ 12

1.3.1 Objetivo Geral................................................................................................ 12

1.3.2 Objetivos Específicos..................................................................................... 13

1.4 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 13

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................

14

2.1 CANTEIROS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES............................................... 14

2.2 ELEMENTOS DO CANTEIRO......................................................................... 16

2.3 SEGURANÇA DO CANTEIRO DE OBRAS................................................... 20

2.4 PRODUTIVIDADE DO CANTEIRO DE OBRAS........................................... 21

CAPÍTULO III – METODOLOGIA........................................................................

24

3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 24

3.2 AMBIENTE DE PESQUISA: CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

PESQUISADA....................................................................................................

24

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA..................................................................... 25

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.................................................... 25

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS.......................................................................... 26

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................

27

4.1 A ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS ESTUDADO.................... 27

4.2 CONDIÇÕES DE HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO.................... 29

4.2.1 Descrição dos Riscos Detectados................................................................... 30

4.2.2 Prejuízos à comunidade próxima à obra...................................................... 40

4.3 A INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO COM A HST E

PRODUTIVIDADE DO TRABALHO...............................................................

42

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................

44

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10

REFERÊNCIAS.........................................................................................................

45

APÊNDICE “A”.........................................................................................................

47

APÊNDICE “B”.........................................................................................................

48

APÊNDICE “C”.........................................................................................................

ANEXO “A”................................................................................................................

ANEXO “B”................................................................................................................

ANEXO “C”................................................................................................................

ANEXO “D”...............................................................................................................

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA

A indústria da Construção Civil é responsável por boa parte da economia do Brasil.

Em 2007, representou cerca de 7,32 % do PIB e foi um dos setores que mais cresceu no ano

de 2008. Atualmente a demanda por mão de obra para este setor está ainda maior, no entanto,

a falta de profissionais qualificados dificulta o seu desenvolvimento.

Este tipo de indústria se torna diferente das demais por vários aspectos, são eles: o seu

caráter nômade (é a indústria que sai do local de trabalho, o produto final fica); não há uma

produção seriada, cada unidade fabril possui um produto único; mudanças neste setor são

difíceis de serem implantadas pelo seu grande conservadorismo e apego às técnicas já

utilizadas nos canteiros de obras, se tornando mais complicada a evolução do setor e a

otimização da produção.

Além dessas peculiaridades que o setor carrega, há também dificuldades extras como a

baixa qualificação dos trabalhadores, sua produção depende muito das condições

meteorológicas e o seu grau de precisão quanto a medidas, prazos, resistências são bem

inferiores ao compararmos com outros seguimentos de indústrias.

Como a maioria dos canteiros de obras é do tipo restrito, ou seja, ocupa uma alta

percentagem do terreno de construção, há a necessidade de se preocupar ainda mais na

elaboração dos arranjos físicos dos canteiros para que estes fiquem com uma organização

adequada para o desenvolvimento dos trabalhos, tanto no que diz respeito à saúde e segurança

do trabalhador como na produtividade dentro do canteiro.

Felizmente, estas dificuldades, com a evolução da tecnologia e a disseminação do

conhecimento, vêm sendo amenizadas. As empresas construtoras estavam acostumadas com

uma economia onde o preço do produto final era a soma dos custos de produção e de um lucro

previamente arbitrado, sem se importar com redução de custos, pois a concorrência neste setor

é relativamente menor do que em outros ramos da economia, como o de comércio e serviços

por exemplo.

A organização dos canteiros de obras ainda não são exemplos de organização e

limpeza, isso mostra o quanto as empresas estão despreocupadas com a segurança de seus

trabalhadores, como também de materiais desperdiçados. Entretanto, as tendências de novos

modelos de gestão vindas de outras partes do mundo irão influenciar cada vez mais nas leis e

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normas do Brasil, os empresários do setor também terão que se adaptar a essas novas

exigências do mercado fazendo com que a indústria da construção civil evolua nos seus

processos produtivos. Por essa razão, esta monografia se insere na temática de Planejamento

de Obras e Qualidade na Construção Civil, etapa de planejamento e segurança no canteiro de

obras.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Em se tratando de acidentes de trabalho, a construção civil é um setor que apresenta

graves problemas. Segundo pesquisas relacionadas ao tema, nos últimos 30 anos aconteceram

mais de 30 milhões de acidentes de trabalho com mais de 100 mil mortes e 25% desses

acidentes acontecem na área da construção civil.

Além disso, este setor da economia também é caracterizado pelo alto índice de

desperdícios de materiais; pela falta de um controle capaz de garantir a qualidade dos

serviços; retrabalhos constantes; além de, na maioria dos casos, causarem transtornos às

comunidades próximas à obra tanto pelos ruídos como também pela grande quantidade de

resíduos gerados por essa indústria.

Nesse contexto de medidas preventivas a serem estabelecidas para a realização dos

trabalhos na Indústria da Construção, o problema analisado nessa pesquisa será a relação dos

principais elementos que compõem uma organização de canteiro de obras com os aspectos

construtivos, de ferramentas e equipamentos, ganho e perda de produtividade e segurança do

trabalho, ilustrando com estudo de caso em uma obra.

Apresenta como Problema de Pesquisa: Quais os principais elementos de canteiro

de obras, quais suas relações com as normas de segurança do trabalho e como a

organização do canteiro influencia na produtividade e na diminuição dos riscos de

acidentes?

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar os principais elementos que compõem uma organização de canteiro de

obras, enfocando aspectos construtivos, de ferramentas e equipamentos e segurança do

trabalho, ilustrando com estudo de caso em uma obra de construção civil.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Apresentar um diagnóstico sobre condições de higiene e segurança do trabalho na obra

estudada;

Conhecer as normas técnicas e legais aplicadas a organização de canteiro de obras;

Identificar algumas relações entre produtividade do trabalho e diminuição dos riscos

de acidentes com a organização no canteiro de obras.

1.4 JUSTIFICATIVA

O processo de produção na construção civil é complexo e com muitas interferências,

tais como questões ambientais, legais, logísticas e de segurança e higiene do trabalho. Por

isso, a organização do canteiro de obra é fundamental para melhorar o processo produtivo

otimizando a ocupação dos espaços, evitando desperdícios de materiais e de tempo, e falta de

qualidade final dos serviços realizados. Mas, apesar de existência da NR (Norma

Regulamentadora) 18, elaborada em conjunto por construtoras, trabalhadores e governo,

estabelecer diretrizes e exigências diversas, fornecendo subsídios para o planejamento do

canteiro, essas regras ainda são pouco adotadas.

Por essa razão esse estudo se justifica, pois além de rastrear o acervo bibliográfico

disponível acerca de elementos de projeto de canteiro de obras, apresentará os resultados de

estudo de caso em uma obra de construção civil identificando in loco a aplicabilidade desses

conceitos e normas regulamentadoras.

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CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CANTEIROS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Inicialmente, seguem-se algumas definições a respeito do canteiro, seus tipos e

elementos que o compõe. A maioria desses elementos do canteiro de obras está definida por

norma, bem como suas subdivisões. As exigências das normas e suas definições são a maior

fonte para a fundamentação teórica deste trabalho, pois são com elas que se verifica na

pesquisa de campo quais são os pontos positivos e negativos do canteiro pesquisado.

Segundo a norma NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção, define-se canteiro de obras como: Área de trabalho fixa e temporária onde se

desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra. A NB -1367 – Áreas de Vivências

em Canteiros de Obras define o canteiro como: Áreas destinadas à execução e apoio dos

trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência.

Frankenfeld (1990 apud SAURIN, 1998) define o Layout do canteiro como a

disposição física de homens, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem. O

objetivo do planejamento do layout do canteiro é obter a melhor utilização do espaço

disponível para a obra, locando materiais, equipamentos e a mão de obra de forma que sejam

criadas condições propícias para a realização das tarefas com eficiência, através de mudanças

no seqüenciamento de atividades, da redução de distâncias e tempo de deslocamentos e da

melhor preparação dos postos de trabalho.

Tommelein (1992 apud SAURIN, 1998) dividiu os variados objetivos de um bom

planejamento de canteiro em duas categorias principais:

Objetivo de alto nível: Dentre estes objetivos estão a promoção de atividades

eficientes e seguras além de manter alta a motivação dos trabalhadores. Portanto, os

objetivos de alto nível estão diretamente relacionados com a qualidade e com a boa

impressão perante os clientes;

Objetivo de baixo nível: Trata-se de metas de otimização da produção como

minimização de tempos de pessoal e materiais, além de evitar obstruções ou quaisquer

empecilhos ao desenvolvimento das atividades.

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As atividades da Engenharia possuem uma variedade imensa de atividades

construtivas, por isso, o canteiro de obras pode apresentar características distintas conforme o

tipo da obra que esteja sendo executada. Segundo Illingworth (1993) o canteiro de obra pode

ser dividido em três tipos:

Restritos: A construção ocupa o terreno completo ou uma grande porcentagem dele.

Seus acessos não proporcionam uma boa locomoção. Este tipo de canteiro é muito

comum em áreas centrais das cidades, em ampliações ou reformas, cujos terrenos e

áreas adjacentes à obra oferecem poucas condições para a disposição de materiais;

Amplos: A obra ocupa apenas uma parcela pequena do terreno disponível. Neste caso,

as possibilidades para uma boa elaboração do canteiro são bem maiores do que do tipo

restrito. Este tipo de canteiro é verificado geralmente em obras de médio e grande

porte, em áreas mais afastadas da zona urbana, como, por exemplo, usinas, indústrias,

barragens, etc.;

Longos e Estreitos: São restritos em apenas uma das dimensões com acessos possíveis

em poucos pontos do canteiro. São exemplos deste tipo de canteiro as obras de

ferrovias e rodovias, obras de saneamento, etc.

A maioria dos canteiros na área urbana é do tipo “restrito”. Para atender as

necessidades, sobretudo, deste tipo de canteiro, como também aos demais tipos, é preciso que

eles atendam a alguns fatores que irão condicionar uma boa implantação. Estes princípios

estão baseados na economia de movimentos, diminuindo o transporte de materiais, máquinas

e operários; no direcionamento do fluxo de produção no sentido do produto acabado; na

flexibilidade do layout para alterações futuras, visto que, durante a construção, há uma

variação nos tipos de máquinas, materiais utilizados e demanda por mão de obra, conforme as

fases da obra.

Também devem observar a integração entre as células produtivas para que mantenham

a coesão e se tornem parte de um único organismo, além disso, atender a satisfação dos

trabalhadores e a segurança no trabalho é fundamental para um bom layout de canteiro.

Para atender aos propósitos exemplificados acima, o construtor precisa ter

informações suficientes para que isto se torne realidade. Estas informações vêm dos projetos

completos e revisados; do cronograma físico, contendo informações sobre volumes e

quantidades produzidas, estocadas e transportadas. Além disso, é preciso:

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Ter as especificações técnicas da obra, tanto em relação ao processo construtivo, como

o que será produzido e quais os materiais produzidos e adquiridos para a obra;

Conhecer a CLT-Consolidação das Leis Trabalhistas e a NR-18 – Fornecendo

subsídios para o dimensionamento das áreas de vivência;

Ter dados sobre a produtividade dos operários para o dimensionamento da mão de

obra;

Conhecer o cronograma de execução dos serviços, a área do terreno e da obra a ser

construída.

2.2 ELEMENTOS DO CANTEIRO

Cada parte que compõe um canteiro é denominada “elemento” do canteiro. Alguns

podem não ser obrigatórios, dependendo do tipo de obra, outros podem ser acrescentados em

situações particulares. Existe uma classificação para estes elementos de acordo com sua

finalidade, são elas:

Áreas operacionais que são locais ligados diretamente com a produção, como um pátio

de armação ou uma central de formas;

Áreas de apoio à produção, que podem ser o almoxarifado ou qualquer ambiente

destinado a armazenar materiais;

Sistemas de Transportes, que são equipamentos para a locomoção de materiais e mão

de obra pelo canteiro;

Área de apoio técnico/administrativo pode ser o escritório do engenheiro ou técnico, é

um local para se fazer estudos sobre as atividades do canteiro e gerenciamento de uma

forma geral.

Outro grupo de elementos do canteiro é a área de vivência, existe uma norma

regulamentadora da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) designada para este

grupo de elementos que é a NB 12284/1991. As áreas de vivência são de grande importância,

pois são locais onde geralmente há uma concentração razoável de pessoas e possuem uma

variedade maior de elementos. Apresentam-se, a seguir, alguns itens da NR-18 com suas

exigências e recomendações:

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PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção: Pela NR-18, o PCMAT é documento obrigatório para estabelecimentos

com vinte trabalhadores ou mais, é elaborado por profissional legalmente habilitado na

área de Segurança do Trabalho. Neste documento devem ser inclusos os projetos e

especificações das proteções coletivas e um memorial a respeito das condições e meio

ambiente de trabalho relacionando os serviços com os seus respectivos riscos e

doenças do trabalho como também suas medidas preventivas;

Áreas de vivência: São destinadas a atender as necessidades básicas humanas como

alimentação, higiene, descanso, lazer e convivência. Nelas devem existir: instalações

sanitárias; vestiário; alojamento; local de refeições; cozinha; lavanderia; área de lazer

e ambulatório.

Instalações Sanitárias: precisa ter 1 lavatório, 1 vaso, 1 mictório, para cada 20

operários ou fração. Um chuveiro para cada 10 operários, local do vaso com,

no mínimo, 1m² e área do chuveiro com, no mínimo, 0,8 m²;

Vestiário: armários individuais com cadeado e bancos com largura mínima de

30 cm. Além de espaço físico com suas dimensões mínimas descritas na

norma;

Alojamento: é proibido o uso de 3 camas ou mais na mesma vertical, a altura

mínima entre a última cama e o teto é de 1,20 m. As menores dimensões das

camas devem ser de 0,80m por 1,90m;

Local de Refeições: Independentemente da quantidade de trabalhadores é

obrigatório um espaço reservado para o aquecimento e realização das refeições

com condições mínimas de infraestrutura conforme definido na norma;

Cozinha: As pessoas envolvidas no preparo dos alimentos devem usar aventais

e gorros, também há a necessidade de equipamentos de refrigeração para a

conservação dos alimentos;

Lavanderia: Deve ter tanques individuais e coletivos em número adequado;

Área de lazer: Pode ser utilizado o local de refeições para fins de recreação.

Serviços de Engenharia:

Treinamento: Todo trabalhador deve receber treinamento admissional de, no mínimo,

6 horas, ministrado dentro do horário de trabalho;

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18

Demolição: Antes de fazer qualquer demolição, devem ser desligadas todas as

instalações elétricas, de gás, hidráulicas, respeitando as normas em vigor. As

construções vizinhas devem ser analisadas a fim de preservar a estabilidade e a

integridade física. Todos os materiais frágeis que porventura estiverem na região

devem ser retirados;

Escavações, fundações e desmonte de rochas: Muros e construções vizinhas que

possam ser afetadas pelas escavações devem ser escorados. É obrigatória no desmonte

de rochas com detonação de explosivos a utilização de sinal sonoro;

Carpintaria: dotado com mesas estáveis, carcaça de motor aterrada e lâmpadas de

iluminação protegidas contra impactos provenientes da projeção de partículas. Deve

ter piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura capaz de proteger os

trabalhadores;

Armações de aço: A dobragem deve ser feita sobre bancadas ou plataformas estáveis,

a área de trabalho onde se situa a bancada deve ser coberta para proteção dos

trabalhadores contra queda de materiais e intempéries. Nas fôrmas, é obrigatória a

colocação de pranchas de madeira firmemente apoiadas sobre as armações;

Estruturas de concreto: Os suportes e escoras para as fôrmas devem ser vistoriados

antes e durante a concretagem. As fôrmas devem ser projetadas para resistir às cargas

máximas de serviço. No local da concretagem, deve permanecer apenas o pessoal

indispensável na execução do serviço;

Estruturas metálicas: As peças estruturais pré-fabricadas devem ter pesos e dimensões

compatíveis com os equipamentos de transportar. A colocação de pilares e vigas deve

ser feita de maneira que, ainda suspensos, se executem a prumagem, marcação e

fixação de peças;

Operações de soldagem e corte a quente: O dispositivo utilizado para manusear

eletrodos deve ter isolamento adequado à corrente usada. É proibida a presença de

material inflamável próximo às garrafas de oxigênio. Os equipamentos de soldagem

elétrica devem ser aterrados;

Escadas, rampas e passarelas: Escadas com no mínimo de 0,80m de largura, patamares

a cada 2,90m de altura. Rampas provisórias não devem ter inclinação maior que 30°.

As escadas de mão são proibidas nas proximidades de portas ou áreas de circulação

como também quando houver riscos de queda de objetos. Este tipo de escada deve

Page 20: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

19

superar 1m do piso superior e ser apoiada em piso resistente sem riscos de

escorregamentos;

Medidas de proteção contra Queda de altura: Em todo o perímetro da construção de

edifícios com mais de 4 pavimentos ou equivalente, é obrigatória a instalação de uma

plataforma principal na altura da primeira laje logo depois da concretagem. Esta

plataforma deve ter no mínimo 2,50m de projeção horizontal, acima dela, devem ser

instaladas plataformas secundárias em balanço a cada 3 lajes;

Movimentação e Transporte de materiais e pessoas: As torres de elevadores devem ser

dimensionadas em função das cargas a que estarão sujeitas. As rampas de acesso

devem ter guarda-corpo e rodapé. É proibida a utilização de gruas para transporte de

pessoas. Os operários que trabalham com as máquinas e equipamentos de transporte

devem ter ensino fundamental completo, caso não possua experiência registrada na

CTPS anterior a maio de 2011, e devem passar por treinamento e atualizações

anualmente;

Cabos de aço e Cabos de fibra sintética: devem ser dimensionados e utilizados na

construção conforme a norma técnica vigente (NBR 6327 - 2006);

Telhados e Coberturas: Nos locais de trabalho é obrigatória a existência de sinalização

de advertência e de isolamento da área que possa evitar acidentes;

Instalações Elétricas: A execução e manutenção das instalações elétricas devem ser

feitas por profissional qualificado. Os transformadores e estações abaixadoras devem

ser instalados em local isolado, com acesso apenas do profissional habilitado e

qualificado;

Máquinas, equipamentos e Ferramentas diversas: Devem ser protegidas todas as partes

móveis dos motores e partes perigosas da máquina ao alcance dos trabalhadores. É

proibido o uso de ferramentas manuais em bolso ou locais inadequados;

Armazenamento e Estocagem de Materiais: O Armazenamento não deve prejudicar o

trânsito de pessoas, de materiais e o acesso aos equipamentos de combate a incêndio;

Ordem e Limpeza: Os entulhos produzidos devem ser regularmente coletados e

removidos. Sendo proibida a queima ou estocagem desses materiais em locais

inadequados do canteiro;

Tapumes e galerias: É obrigatório o fechamento do canteiro com tapumes ou barreiras

de modo que se possa evitar a entrada de pessoas estranhas à obra.

Page 21: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

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Todos os itens mencionados acima, além dos que não foram citados, estão

detalhadamente descritos na norma, como por exemplo, as dimensões que cada ambiente deve

ter, o pé-direito, o piso e condições de ventilação e higiene. Alguns elementos mais

específicos como cabos de aço ou instalações elétricas possuem normas regulamentadoras

específicas para o seu manuseio.

Um determinado serviço deve ser executado obedecendo tanto a sua respectiva norma

como a NR-18 ou qualquer outra norma de segurança que cite o mesmo, pois elas são

elaboradas para serem aplicadas em conjunto e não se contradizem de maneira que uma ação

fique com duas interpretações.

2.3 SEGURANÇA NO CANTEIRO DE OBRAS

A Segurança do Trabalho consiste em tarefas interligadas uma à outra com o objetivo

de proporcionar aos funcionários de uma empresa condições seguras de trabalho. A Higiene

do Trabalho tem como principal característica identificar e controlar as condições de trabalho

que possam prejudicar a saúde do trabalhador.

Por sua vez, Vieira (1994) define como segurança do trabalho uma série de medidas

técnicas, médicas e psicológicas, destinadas a prevenir acidentes profissionais, educando os

trabalhadores nos meios de evitá-los, como também procedimentos capazes de eliminar as

condições inseguras do ambiente de trabalho.

Acidente do trabalho, por definição legal (Art 19 da Lei 8.213, de 24/julho de 1991) é

aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão

corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, perda ou redução (permanente

ou temporária) da capacidade para o trabalho.

Dados da Delegacia Regional do Trabalho da Paraíba (DRT-PB), publicados no Jornal

O Norte do dia 20 de janeiro de 2011, revela que a construção civil foi o setor com maior

índice de acidentes de trabalho com vítimas fatais, responsável por 48 % dos casos e com 6

mortes em 2010.

Andrade (2003 apud DINIZ et al., 2010) classificou as principais causas dos acidentes

de trabalho em condições inseguras (falta de planejamento) e atos inseguros (fator pessoal)

cometidos pelo trabalhador de forma consciente ou não.

Vários fatores contribuem para os atos inseguros e condições inseguras como, por

exemplo: o trabalhador não estar adaptado à máquina que ela está utilizando para trabalhar,

desconhecimento do trabalhador aos riscos que ele está exposto ao realizar uma determinada

Page 22: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

21

atividade, o trabalhador realizar uma atividade sem nenhum ou quase nenhum tipo de

proteção. Isto decorrente possivelmente de uma falta de treinamento dos operários.

Com o objetivo de prevenir acidentes de trabalho, o Canteiro de Obras deve implantar

medidas preventivas, tais como:

Proteção contra Incêndios: Deve haver um sistema de alarme capaz de dar sinais

perceptíveis em todo o local de trabalho. É proibida a execução de serviços de

soldagem em locais com materiais inflamáveis e explosivos;

Sinalização de segurança: A sinalização deve indicar os locais de apoio que compõe o

canteiro de obras, as saídas, e advertir de perigo de contato ou risco de queda, além de

outros alertas;

Acidente Fatal: Torna-se obrigatória a comunicação do acidente à autoridade policial

competente e ao órgão regional do Ministério do Trabalho;

Equipamentos de Proteção Individual (EPI): A empresa é obrigada a fornecer aos

trabalhadores os EPI’s adequados ao risco e em perfeita condição de uso, segundo a

norma NR 6 – Equipamento de Proteção Individual;

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA: A empresa que possuir um ou

mais canteiros de obras com mais de 70 trabalhadores em cada uma delas deve

organizar CIPA por estabelecimento, fora isso, deve organizar a CIPA centralizada.

2.4 PRODUTIVIDADE NO CANTEIRO DE OBRAS

Além de proporcionar a saúde e a segurança do trabalhador, a boa organização do

canteiro de obras é importante para melhorar a produtividade dos operários. De acordo com

Souza (1998) produtividade é a eficiência em transformar entradas em saídas num processo

produtivo. O indicador utilizado por este mesmo autor é a RUP (Razão Unitária de Produção)

que consiste na razão entre entradas/saídas do processo. Mas para que este indicador possa

fornecer informações seguras, é preciso uma padronização nas medições tanto dos itens de

entrada como nos de saída.

Ao mensurar os itens de entrada, podem-se fazer várias considerações a respeito do

tempo trabalhado e da mão de obra efetiva que fará parte deste item, sendo assim, seus

números podem variar bastante e sem uma padronização destes elementos fica mais difícil a

comparação de resultados.

Page 23: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

22

Da mesma forma na mensuração dos itens de saída, como por exemplo, em uma

execução de alvenaria, na qual pode ser considerada a área bruta produzida, ou então um

acréscimo no seu valor para englobar determinadas situações neste serviço, como áreas para

esquadrias, curvas, dobras etc.

De acordo com Vieira Netto (1993) o ganho de produtividade nos canteiros está

intimamente ligado a redução dos desperdícios. Segundo o autor, no Brasil há um índice de

desperdício de material na ordem de 25% para erros cometidos dentro do canteiro e de

projetos mal elaborados, de 50% advindos de vários fatores de improdutividade, e de 85% no

uso inadequado de equipamentos.

E é nesta redução de desperdícios onde entra a boa organização do canteiro. A

justificativa e alguns exemplos de benefícios da elaboração do layout já foram exemplificados

pelos autores Frankenfeld (1990) e Tommelein (1992), mas além do que já foi comentado,

Cardoso (2009) sugere que a melhor opção técnica para auxílio no projeto do Canteiro é o

Programa 5S.

Este programa se consolidou no Japão a partir da década de 50, significando Seiri

(senso de utilização); seiton (senso de ordenação); seisou (senso de limpeza), seiketsu (senso

de saúde); e shitsuke (senso de autodisciplina).

Senso de utilização: visa utilizar os recursos disponíveis de acordo com a necessidade

e adequação, evitando excessos e desperdícios. Ele promove a liberação dos espaços, o

reaproveitamento de recursos e a diminuição dos custos;

Senso de ordenação: tem o objetivo de dispor os materiais de forma sistemática e que

proporcione uma boa comunicação visual para rápido acesso. Promove economia de

tempo e redução do cansaço físico por movimentação desnecessária;

Senso de limpeza: propõe a eliminação total da sujeira. Resulta no bem-estar das

pessoas a manutenção dos equipamentos, a prevenção de acidentes e causa uma boa

impressão aos clientes;

Senso de saúde: Visa manter boas condições físicas e mentais de trabalho, favoráveis à

saúde. Proporciona um local de trabalho agradável; a ausência de acidentes; a

economia no combate à doenças (prevenção); e empregados saudáveis e bem

dispostos;

Page 24: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

23

Senso de autodisciplina: Objetiva ter os empregados comprometidos com os padrões

morais, éticos e técnicos. Com este senso, é possível prever os resultados, melhora a

auto-inspeção e o autocontrole.

Page 25: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

24

CAPÍTULO III - METODOLOGIA

A pesquisa metodológica é um processo científico para obter conhecimento da

realidade empírica quer seja para estudá-lo ou para explicá-lo. Isso significa que a pesquisa

metodológica é um estudo de tudo que existe e pode ser conhecido pela experiência sendo um

processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico.

A metodologia é um conjunto de processos, abordagens e técnicas utilizados pela

ciência para formular e resolver problemas com o objetivo do conhecimento, de uma maneira

sistemática.

3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA

Quanto aos objetivos, essa pesquisa pode ser classificada como descritiva, utilizando-

se também de uma pesquisa de campo, pois fatos foram observados, registrados e analisados.

A pesquisa de campo, bem definida como: “A investigação empírica realizada no local onde

ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir

entrevista, aplicação de questionários, testes e observações”. (VERGARA, 2003, p.47- 48)

Para essa pesquisa, optou-se por um estudo de caso, tendo sua abordagem de análise

caracterizada como qualitativa, pois as observações da pesquisa foram interpretadas conforme

a teoria e experiência profissional do pesquisador. Quanto aos procedimentos, a pesquisa é

bibliográfica uma vez que consistiu no exame da literatura científica e das normas técnicas e

legais que tratam do tema estudado.

3.2 AMBIENTE DA PESQUISA: CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA PESQUISADA

A empresa escolhida para o trabalho é a Via Engenharia S/A, uma empresa de grande

porte com mais de 32 anos de atuação acostumada a realizar grandes obras pelo país, sua sede

se encontra em Brasília DF e é considerada a maior empresa de construção do Centro-Oeste,

possuindo filiais em todas as partes do Brasil. Em João Pessoa - PB, ela possui um escritório

central no centro da cidade, no entanto são nas obras que a maioria das atividades tanto de

ordem técnica como administrativa acontecem.

Page 26: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

25

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

A obra estudada no trabalho é a Construção do Centro de Convenções de João Pessoa-

PB, localizada na PB 008 em Jacarapé. Após a sua conclusão, o empreendimento será

destinado a eventos, congressos, exposições e demais atividades que desenvolvam o turismo

no estado.

Com uma área de 34,52 hectares de terreno e 48.676 m² de área construída, o Centro

terá quatro edificações: um mirante, com visão panorâmica de todo o Centro e do mar; um

espaço para feira de exposições e eventos com 19 mil metros quadrados; um centro de

congressos com mais de 13 mil metros e um teatro com capacidade para mais de 3000

pessoas.

A organização do ponto de vista técnico deste empreendimento se dá da seguinte

forma: um engenheiro superintendente responsável pela administração geral; 3 engenheiros

responsáveis pelo planejamento e custos de insumos; 1 engenheira de Segurança do Trabalho,

trabalhando conjuntamente com mais 3 técnicos de segurança; 4 engenheiros de campo, na

tarefa de administrar a produção, auxiliados por mais 2 técnicos e 3 estagiários.

Atualmente, o objetivo da empresa e do Governo do Estado, cliente desta obra, é a

conclusão da feira de exposições, do mirante e da área externa para julho deste ano de 2012.

Para isso, existem 2 engenheiros de campo para gerenciar a feira e o mirante e um apenas para

a área externa, o outro engenheiro ficou com a responsabilidade pelo congresso e pelo teatro

que só serão entregues numa segunda etapa da obra.

Com mais de 500 pessoas trabalhando nesta obra, os trabalhos de conscientização,

treinamento e reuniões da CIPA são de extrema importância para o desenvolvimento da

segurança e de ações preventivas para os trabalhadores.

3.4 INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

Para realizar o estudo, foi necessária a elaboração de um check-list (Ver Apêndice

“C”) com os itens da NR-18, descrevendo a situação do elemento do canteiro encontrado no

local da pesquisa e comparando com os requisitos que a norma estabelece.

Elaborou-se um questionário (Ver Apêndice “A”) a cerca dos problemas envolvidos

com a segurança do canteiro e de sua organização de um modo geral, desenvolvido para

entrevistar o superintendente da obra, que, de certa forma, responde pela direção da empresa,

e por fim, foi aplicado outro questionário (Ver Apêndice “B)” de mesmo conteúdo aplicado

Page 27: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

26

com um técnico de edificações trabalhando no campo e um relatório fotográfico constatando a

situação de todo os elementos do canteiro. Alguns destes elementos possuem vários exemplos

espalhados na obra, mas, no geral, apresentam a mesma situação constatada em um só registro

fotográfico.

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Uma vez coletadas as informações necessárias à pesquisa, tais dados foram descritos e

agrupados, conforme os objetivos que respondem, para uma primeira análise do conteúdo das

variáveis, individualmente.

Posteriormente, fez-se uma análise sistêmica das variáveis, procurando cruzar as

informações, que no caso, são as variações no layout do canteiro como meio de se perceber as

relações entre elas e a redução de acidentes e aumento da produtividade. Os resultados

conclusivos da pesquisa foram apresentados na forma de figuras e quadros possibilitando uma

rápida visualização dos problemas e recomendações apresentadas.

Page 28: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

27

CAPÍTULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 A ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS ESTUDADO

O quadro a seguir divide o complexo do Centro de Convenções nas 4 obras em que lá

se apresentam, exibindo as suas respectivas etapas construtivas na data de 01 de junho de

2012, ferramentas e equipamentos utilizados e os serviços em desenvolvidos em cada

subdivisão.

Quadro 1: Ferramentas e equipamentos utilizados nas execuções de serviços

Subdivisão Etapa

Construtiva Ferramentas e equipamentos Serviços em execução

FEIRA Acabamento

Guindastes e parafusadeiras Estruturas metálicas

Guindastes e parafusadeiras Telhados e Cobertas

Alicates, chave de fenda Instalações Elétricas

Betoneira, andaimes, etc Alv. Revest e acabamentos

MIRANTE Acabamento e

superestrutura

Fôrmas, betoneira Estruturas de concreto

Furadeiras, betoneira, andaime Alv. Revest e acabamentos

Andaime, escadas Telhados e Cobertas

Alicates, chave de fenda Instalações Elétricas

CONGRESSO Superestrutura

Cimbramento, formas, bomba de

concretagem Estruturas de concreto

Serras, martelos Serviços de carpintaria

Policorte, alicates, serras Armações de aço

TEATRO Superestrutura

Cimbramento, formas, bomba de

concretagem Estruturas de concreto

Serras, martelos Serviços de carpintaria

Policorte, alicates, serra Armações de aço

ÁREA EXTERNA Acabamento

Retroescavadeira Escavações, fundações

Betoneira, carro de mão Estruturas de concreto

postes, quadros de distribuição Instalações Elétricas

carro de mão, máquinas de transporte Alv. Revest.e acabamentos

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Toda ferramenta e equipamento utilizado para cada divisão é recebido no

almoxarifado central e, no momento em que ele se torna necessário, o material é deslocado

para o campo de trabalho.

Page 29: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

28

É interessante destacar que todo o complexo abriga os três tipos de canteiros de obras

discriminados por Illingworth (1993): Restritos; Amplos; Longos e estreitos. Restrito na

edificação do mirante. Amplo no complexo em geral, pelo espaço disponível para estocagem

de material e pelos serviços da área externa. Além do canteiro longo e estreito, pois há obras

de esgotamento sanitário, drenagem e pavimentação.

A feira de exposições já está bastante adiantada e deve ser entregue dentro do prazo

previsto, toda a estrutura metálica foi concluída dentro do mês de junho de 2012, restando os

serviços de acabamento como cerâmica, louças sanitárias, pinturas etc.

As obras do mirante, além de estarem na fase de acabamento no restaurante e nos

ambientes de pavimentos inferiores, estão em execução estruturas de concreto e apoios

metálicos na cobertura da edificação. A prioridade para ele é que se conclua, na primeira fase

da obra, o restaurante e as salas de administração e apoio.

A construção do mirante dispõe de duas betoneiras para confeccionar argamassa para

reboco, uma no térreo e a outra no pavimento do restaurante, cada uma produzindo argamassa

para seu respectivo pavimento, o concreto utilizado é advindo de caminhão betoneira com

auxílio de bomba e a argamassa usada é comprada pronta para o consumo somente

necessitando adicionar água. Portanto, não há estocagem de muitos materiais no mirante, o

que facilita o deslocamento e melhora o aspecto de limpeza da obra.

Os serviços da área externa têm vantagens e desvantagens com o tamanho de seu

canteiro: a vantagem é possuir uma área grande para trabalhar, sem haver empecilhos no

deslocamento de máquinas pesadas e na estocagem de materiais. A desvantagem é manter

todos os serviços sob controle para que não saia do planejamento. Há a presença de máquinas

e equipamentos em lugares estratégicos para evitar movimentação desnecessária.

As obras do congresso e do teatro estão exclusivamente em fase de superestrutura, as

prioridades estabelecidas para os dois é de concluir a estrutura e terem seus prédios

concluídos em uma segunda fase do empreendimento, portanto seus canteiros são formados

basicamente por carpintaria e pátio de armações de aço.

Os engenheiros responsáveis acreditam que, com o canteiro organizado desta maneira,

estas duas obras terão durante a fase de superestrutura um trabalho mais mecanizado e mais

fácil de ser controlado, dificultando a ocorrência de imprevistos e erros que geram

retrabalhos. Com isso, a obra ganha em produtividade, pois a mão de obra utilizada de

carpinteiros e armadores permanece, o que faz com que aumente o entrosamento da equipe.

A área de vivências da obra é totalmente separada da área de trabalho, há uma divisão

física com tapumes separando estes dois ambientes. Dormitórios, refeitórios e alojamentos

Page 30: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

29

não mantêm contato com máquinas, equipamentos de trabalho, o que ajuda bastante na

redução das condições inseguras de trabalho, causadoras de acidentes.

4.2 CONDIÇÕES DE HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Para o Superintendente, a principal causa dos acidentes de trabalho é a falta de

prevenção, tanto no que diz respeito ao não uso dos EPI’s como também ao não cumprimento

dos procedimentos acordados em reuniões realizadas frequentemente. E é isto a maior

dificuldade encontrada para a implantação de medidas de SST: a falta de conscientização dos

trabalhadores para o cumprimento dos procedimentos, levando a situações que só vão

prejudicar a eles mesmos.

Ele também respondeu que a questão da SST está incluída nas estratégias de

desenvolvimento desde a elaboração do cronograma e planejamento de pessoal. A

responsabilidade pelas decisões relacionadas com a SST é de todos, pois toda pessoa

contratada pela empresa precisa fazer a integração com o ambiente de trabalho junto com o

setor de segurança, onde são passadas informações acordadas nas CIPA, treinamentos

específicos, etc.

Na mesma entrevista feita com o superintendente, constatou-se que a empresa possui

uma série de documentos formais (Anexo “C”) sobre os procedimentos operacionais, sistemas

de gestão que inclusive possui tabelas chamadas de APR – Análise Prévia de Perigos e Riscos

a SSO (Anexo “B”), onde se podem ver as atividades correntes de uma obra com seus

respectivos riscos, suas consequências, seu grau de urgência e o controle operacional

correspondente.

Há também um documento referente ao Plano de Gerenciamento de Resíduos

elaborado por uma empresa terceirizada para satisfazer as exigências da legislação do

CONAMA e da Prefeitura Municipal (Anexo “D”). Este plano possui informações sobre os

tipos e classificação dos resíduos, os procedimentos para a separação e acondicionamentos

destes resíduos e também para a destinação final.

O único local informado para o recebimento específico de Resíduos da Construção

Civil foi a USIBEN, no entanto, este local só está apto a receber RCC do tipo A que inclui

material cerâmico. Os outros tipos de RCC e resíduos comuns, segundo o Plano, têm como

seu destino final o aterro sanitário com um pequeno tratamento no RCC do tipo D. Na

entrevista feita com uma técnica de edificações, ela confirmou a existência das reuniões da

CIPA, do PCMAT na obra e de todos os procedimentos implantados na obra.

Page 31: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

30

4.2.1 Descrição dos Riscos Detectados

No quadro a seguir está descrito resumidamente os riscos encontrados nas obras do

Centro de Convenções por elemento de canteiro. Há nos espaços de trabalho vários

informativos alertando sobre esses riscos característicos de cada elemento.

A seguir estão exibidas fotografias dos locais de trabalho, elencando seus pontos

positivos e negativos. Vale lembrar que as fotos tiradas dos locais de armações de aço,

instalações elétricas e serviços em andaimes retratam situações semelhantes em outras partes

da obra, adotando padrões de confecção que facilitam na percepção de cada um.

Quadro 2: Riscos detectados por elemento de canteiro

Subdivisão Etapa

Construtiva Elemento do canteiro Risco detectado

FEIRA Acabamento

pátio de armação de estruturas

metálicas quedas

local para confecção de argamassa

com betoneira choque elétrico

MIRANTE Acabamento e

superestrutura

local para confecção de argamassa

com betoneira choque elétrico

armações em aço cortes e perfurações

fôrmas cortes com serra

CONGRESSO Superestrutura

pátio de armação cortes com máquinas e quedas

central de fôrmas cortes com serra e ruído excessivo

montagem de cimbramento quedas de peças no içamento

TEATRO Superestrutura

pátio de armação cortes com máquinas e quedas

central de fôrmas cortes com serra e ruído excessivo

montagem de cimbramento quedas de peças no içamento

ÁREA

EXTERNA Acabamento

Local para confecção de concreto

com betoneira

choque elétrico, danos às mãos na

manipulação

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Page 32: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

31

Figura 1: Refeitório para os trabalhadores

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

O refeitório utilizado é bastante satisfatório para atender a todos os trabalhadores,

além de amplo espaço, a empresa promove rodízios de horário para as refeições a fim de não

haver congestionamentos em fila. A Figura 1 retrata uma situação do cotidiano no horário de

almoço, nela se pode ver que todas as condições da NR-18 estão atendidas como:

Lugares suficientes para todos os trabalhadores;

Ventilação natural cruzada e ventiladores;

Pé direito adequado:

Piso cimentado;

Lavatórios Próximos ao refeitório;

Telhado satisfatório

As mesas possuem tampos lisos e laváveis;

Todos os resíduos das refeições são levados a cozinha onde se encontram tambores de

lixo.

Page 33: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

32

Figura 2: Alojamentos

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Os alojamentos possuem medidas mínimas pedidas na norma, compostos por beliches

e camas simples com 4 pessoas cada um.

Possui piso cimentado;

Paredes de madeira;

Localiza-se próximo aos banheiros e ao refeitório e não está em subsolos ou porão;

Suas instalações elétricas são bem protegidas;

É respeitada a distância mínima de 1,20m entre uma cama e outra e entre a última

cama e o teto;

Possui janela para ventilação natural e ventiladores.

Cobertura de telha de fibrocimento;

Como se percebe na foto, não há armários individuais para os trabalhadores alojados,

apenas para os que não são.

Page 34: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

33

Figura 3: Cozinha

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Cozinha ampla, responsável pelo refeitório dos trabalhadores e da cantina onde os

engenheiros, técnicos e profissionais graduados fazem suas refeições.

A cozinha possui boa construção, além do espaço amplo, existe a ventilação e a

iluminação adequada para o ambiente, suas paredes são feitas de madeira, telhado de

fibrocimento e piso cimentado, assim como todas as instalações da área de vivência;

Possui vários eletrodomésticos para o resfriamento e conservação de alimentos;

Todos os trabalhadores da cozinha utilizam gorros e aventais durante o preparo dos

alimentos;

Em seu ambiente não há pessoas tomando suas refeições, seu espaço é totalmente

separado do refeitório e da cantina;

Page 35: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

34

Figura 4: Carpintaria Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

A carpintaria também foi um dos elementos do canteiro que cumpriu todas as

obrigações de norma, além desta, que está exibida na Figura 4, as demais centrais de fôrmas

espalhadas pelo canteiro seguem os mesmos critérios.

Todas as atividades com máquinas e equipamentos são feitas por carpinteiros

recebendo treinamento admissional;

Carcaça do motor da serra aterrada;

Serra provida de coifa protetora;

Os operários trabalham com os EPI’s necessários à função.

Page 36: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

35

Figura 5 – Equipamentos de corte de aço

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Como se pode ver na Figura 5, todo o corte e dobra de vergalhões de aço é feito sobre

estas bancadas de madeira, em paralelo à circulação dos trabalhadores. As pontas de

vergalhões verticais são protegidas conforme Figura 6.

Figura 6 – Vergalhões Verticais com proteção

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Page 37: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

36

Figura 7 - Serviço de alvenaria com andaimes

Fonte: Pesquisa de campo, 2012

Na figura 7, pode-se ver que os trabalhadores estão corretamente trabalhando com

cintos de segurança e capacetes, atendendo aos itens 18.13, 18.15 e 18.17 da NR-18:

Andaimes metálicos fornecido por empresa especializada com plataformas de madeira,

os andaimes fachadeiros possuem plataformas metálicas;

A plataforma é disposta de forma que sustente, com segurança, trabalhadores e

materiais;

Figura 8 – Andaimes fachadeiros

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Page 38: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

37

Figura 9 – Guindastes para fixação de estruturas metálicas

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

A Fabricação e montagem de estruturas metálicas, em especial a de cobertura da Feira

de Exposições, é realizada por empresa especializada e com grande atuação no mercado.

Figura 10 – Instalações Elétricas

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Page 39: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

38

Há profissionais especialistas em materiais e instalações elétricas trabalhando no

canteiro, eles são responsáveis também em promover o abastecimento de energia para os

serviços, instalar refletores quando forem necessários e advertir sobre os perigos de choque,

como está mostrado neste quadro da Figura 10.

Figura 11 – Instalação elétrica no mirante

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

No caso da Figura 11, a instalação está em uma posição em que podem ocorrer

tropeços de trabalhadores nos fios, aumentando o risco de choque elétrico.

Figura 12 – Equipamentos contra Incêndio

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

Page 40: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

39

Como se pode comprovar na Figura 12, não havia na área de vivência, nas

proximidades dos escritórios, equipamentos contra incêndio. A sinalização está presente, mas

os extintores não existiam, portanto, não há cumprimento do item 18.26 da NR-18.

Ao perguntar o porquê desta ausência, uma das funcionárias respondeu que os

cilindros de combate a incêndio tinham saído de lá para fazer revisão e que no outro dia já

estariam de volta. Isto foi confirmado.

Figura 13 – Ponte sobre galeria

Fonte: Pesquisa de campo, 2012.

As escavações por onde vão passar as águas pluviais possuem, em alguns pontos,

redes de proteção que também servem de alerta para trabalhadores que trafegam por perto.

Como se pode ver na Figura 13, há pontes de madeira para facilitar o tráfego nas áreas onde

se tem obras de drenagem urbana. A Figura 14 mostra a execução de umas dessas escavações

com a utilização de máquina retroescavadeira.

Page 41: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

40

Figura 14 – Escavação de galerias

Fonte: Pesquisa de campo, 2012

4.2.2 Prejuízos Causados á Comunidade Próxima á Obra

Como a área da construção se localiza relativamente longe das aglomerações urbanas,

os prejuízos que a obra possa oferecer são, na sua maioria, em relação ao meio ambiente,

sobretudo na degradação de uma reserva de mata atlântica e do rio Jacarapé que corre

próximo ao canteiro. Este mesmo rio servirá de despejo final das águas pluviais provenientes

do Centro.

A comunidade mais próxima fica aproximadamente 1 km de distância, sendo assim,

não há problemas quanto a ruídos de máquinas e de concretagens. Isso colabora muito para a

liberdade no canteiro de haver concretagens e demais serviços até um pouco mais tarde do

horário normal de expediente.

No entanto, os resíduos gerados neste empreendimento são extremamente volumosos,

em proporções bem maiores do que nas obras comuns de construção de edifícios. Na

entrevista feita com o superintendente, ele afirmou que, em um mês, foram retiradas do

canteiro como sucata aproximadamente 11 toneladas de aço. Tudo isso advindos de sobras de

cortes.

Page 42: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

41

A figura 15 mostra uma pequena parte do que é descartado de aço todos os dias. Este

material é colocado em um só amontoado para depois ser transportado para o seu destino,

como mostra a figura 16. O motorista do caminhão transportador leva para alguém que possa

fazer um reaproveitamento.

Figura 15 – Descarte de aço

Fonte: Pesquisa de campo.

Figura 16 – Sobras de aço à espera do transporte

Fonte: Pesquisa de campo.

Page 43: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

42

A obra também possui vários recipientes para a realização da coleta seletiva do lixo,

mas a ação termina neles, pois, no recolhimento destes resíduos, tudo é misturado e colocado

em um depósito para seu transporte. São mostrados na figura 16 vários compartimentos para

esta coleta seletiva, estocados e sem uso.

Figura 17 – Recipientes para a coleta seletiva do lixo

Fonte: Pesquisa de campo.

4.3 INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO COM A HST E A

PRODUTIVIDADE DO TRABALHO

Ao observar o layout do canteiro desenvolvido para a obra (ver Anexo “A”.), pode-se

observar que há a preocupação de manter os elementos de canteiro, em especial as áreas

operacionais como centrais de fôrmas e de armações de aço, o mais perto possível da

produção. Apesar de ser uma disposição bastante lúcida, não foi uma ação planejada

antecipadamente.

À medida que as obras evoluem, os engenheiros de produção, contando com a

experiência e a vivência em obra, é quem define as posições dos elementos, de forma que, no

ponto de vista deles, tragam mais dinamismo e produtividade.

Os engenheiros estão indo de acordo com o que já foi mencionado na fundamentação

teórica deste trabalho, em que o princípio da economia de movimentos é primordial para o

Page 44: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

43

ganho de produtividade segundo Vieira Netto (1993) além disso, a diminuição dos

deslocamentos facilita a redução das condições inseguras de trabalho, que é uma das causas

dos acidentes na construção civil conforme Andrade (2003).

Como se pode observar no layout do canteiro, a empresa soube explorar muito bem o

canteiro do tipo “amplo” para a obra, dividindo totalmente a área de vivência das atividades

de produção. Isto representa um ganho significativo para a higiene e segurança dos

trabalhadores em seus momentos de descanso e lazer. Ainda se referindo a HST do canteiro,

sua área ampla faz com que não haja concentração de pessoas e materiais em um único

espaço, tornando o ambiente mais seguro.

Além da disposição dos elementos de canteiro, a quantidade de serviços executados

também influi na produtividade. É o caso da construção do Teatro e do Congresso, onde está

sendo dedicada apenas a fase de superestrutura.

Com menos serviços sendo feitos ao mesmo tempo nestas obras, segundo os

engenheiros de produção, há menos congestionamento de materiais e maior cuidado na

fiscalização da execução destas superestruturas que, no caso destas duas construções, são

bastante volumosas. A fiscalização da Segurança do Trabalho também ganha com isso, pois

os itens de segurança a serem observados permanecem os mesmos, facilitando o trabalho.

Em alusão a esta idéia, um dos engenheiros lembra que alguns serviços da Feira de

Exposições foram prejudicados por não priorizar a execução da estrutura metálica da coberta,

comprometendo assim, a execução das instalações hidrossanitárias principais e o piso de

concreto nivelado a laser.

Page 45: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

44

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim deste trabalho é possível se concluir que, a Empresa Via Engenharia S/A,

consegue suprir de forma satisfatória as necessidades da organização do canteiro e possui

todos os documentos formais necessários para o prosseguimento dos serviços. Até porque não

seria possível manter uma obra pública destas proporções sem os seus requisitos legais a nível

municipal, estadual e federal.

Alguns fatos isolados podem ser reparados no canteiro, como materiais espalhados

pela obra, algumas valas abertas sem a devida proteção ou então equipamentos elétricos mal

instalados, tudo isso serve para corroborar com a idéia de que não há obra 100 % segura, por

mais que se tenha o cuidado de seguir rigorosamente as normas, o PCMAT e trabalhar a

conscientização sobre a Segurança do Trabalho, é impossível ter um canteiro sem riscos.

No entanto, a empresa se mostra bastante responsável e atuante nas questões de

segurança, ficando bem a frente de várias empresas do ramo da Construção Civil na cidade de

João Pessoa, como há várias delas que sequer fornecem os EPI’s adequadamente a seus

trabalhadores.

Como a obra ainda apresenta muitos serviços de superestrutura a serem feitos, seus

principais elementos de canteiro são centrais de fôrma e pátios de armação. Os demais

elementos são mais temporários e são removidos e relocados com mais freqüência.

Vale lembrar que tais elementos se relacionam com as normas de Segurança do

Trabalho através dos riscos que cada ferramenta e equipamento pode proporcionar. Tendo

como base a pesquisa de campo e as entrevistas, é possível notar que os técnicos de segurança

que atuam no canteiro estão mais concentrados nas atividades relacionadas com concreto.

Outros serviços como alvenaria com andaimes é passível apenas de conferência de uso de

EPI’s pelos trabalhadores.

Também se pode concluir que a redução de tarefas, trocando um canteiro com várias

atividades sendo executadas ao mesmo tempo em um mesmo espaço por outro com menos

elementos de canteiro e que tenham atividades mais específicas ajuda no controle da

produção, pois a rotina de trabalho fica bastante nítida, evitando movimentos desnecessários e

retrabalhos, confirmando assim as idéias dos autores estudados.

Além disso, a Segurança do Trabalho encontrará menos dificuldades para realizar seus

trabalhos, o que só confirma que, uma boa organização do canteiro, aliado com priorização de

determinadas atividades reduz as os riscos de acidentes.

Page 46: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

45

REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NB-1367. Áreas de Vivência em

Canteiros de Obra. 1991. Disponível em: <wlmcne.blogspot.com/2007/12/administraoda-

produo.htm>. Acesso em: 10 de outubro de 2012.

BRASIL. Ministério do Trabalho. NR-18 Condições na indústria da construção. Brasília,

1995. 43p.

CARDOSO, Roberto Sales. Orçamento de obras em foco: um novo olhar sobre a

engenharia de custos. São Paulo: Pini, 2009.

ILLINGWORTH, J.R. Construction: methods and planning. In: SAURIN, Tarcísio Abreu &

FORMOSO, Carlos Torres. Planejamento de Canteiros de Obras e Gestão de Projetos

(Recomendações Técnicas HABITARE). Vol III, Porto Alegre: ANTAC, 2006.

FRANKENFELD, N. Produtividade. In: SAURIN, Tarcísio Abreu & FORMOSO, Carlos

Torres. Planejamento de Canteiros de Obras e Gestão de Projetos (Recomendações Técnicas

HABITARE). Vol III, Porto Alegre: ANTAC, 2006.

TOMMELEIN, I.D. Construction site layout using blackboard reasoningwith layered

knowledge. In: SAURIN, Tarcísio Abreu & FORMOSO, Carlos Torres. Planejamento de

Canteiros de Obras e Gestão de Projetos (Recomendações Técnicas HABITARE). Vol III,

Porto Alegre: ANTAC, 2006.

LIMMER, C. V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de

Janeiro: LTC, 1997.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. São Paulo: PINI: SindusCon-SP, 1998.

SOUZA, U.E.L. Perdas de materiais nos canteiros de obras: a queda do mito. Qualidade na

Construção. São Paulo, n. 13, p. 10-15, dez. 1998.

MESEGUER, A. G. Controle e garantia da qualidade na construção. São Paulo:

Sinduscon-SP: Projeto: PW, 1991

OLIVEIRA, S. T. Ferramentas para o aprimoramento da qualidade. São Paulo: Pioneira,

1995. (Série Qualidade Brasil).

OLIVERIA, Rafael. Acidentes de trabalho mataram 12. Jornal o Norte. João Pessoa, 20 de

janeiro de 2011. Primeiro Caderno: Dia-a-dia. Disponível em:

http://www.jornalonorte.com.br/2011/01/20/diaadia7_0.php

SOUZA, U.E.L. Produtividade e custos dos sistemas de vedação vertical. Tecnologia e

gestão na produção de edifícios: vedações verticais. In: SOUZA, U.E.L. Como medir a

produtividade da mão de obra na construção civil. São Paulo: USP, 1998.

VIEIRA, Sebastião Ivone. Medicina Básica do Trabalho. 1ª Ed. Vol II, Curitiba: Gênesis,

1994.

Page 47: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

46

APÊNDICE

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47

APÊNDICE “A”

Entrevista feita com o engenheiro de segurança na sede da empresa

1) Na sua opinião, qual a principal causa da ocorrência de acidentes de trabalho ?

2) Quais as dificuldades para a implementação de medidas de SST nos canteiros de obras:

técnicas ou humanas ?

3) Nesta empresa se inclui a questão de SST nas estratégias de desenvolvimento ? Quando do

planejamento do empreendimento é feito planejamento para um processo seguro?

4 ) Quem se responsabiliza pelas decisões relacionadas com SST ? Em que bases são tomadas

essas decisões?

5 )As pessoas são preparadas ou treinadas para realizar as atividades visando a segurança?

6 ) Acidentes e incidentes são discutidos para evitar novas ocorrências ?

7 ) A empresa possui uma declaração formal, da sua política de segurança?

8 ) Caso negativo, porque ?

9 ) Qual a orientação sobre gestão da SST praticada na empresa ?

Page 49: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

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APÊNDICE “B”

Entrevista feita com o mestre de obras ou técnico de edificações

1) Como acontece a gestão da SST neste canteiro de obras?

2) A empresa tem algum programa ou guia de procedimentos que devam ser seguidos?

3) Existe treinamento inicial para o operário realizar a tarefa com segurança?

4) A implementação da NR 18 acontece naturalmente ou existem dificuldades?

5) Foi elaborado o PCMAT para esta obra? Está sendo implementado?

6) São feitas reuniões rotineiras? E as da CIPA?

Page 50: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

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APÊNDICE “C”

CHECK-LIST COM BASE NA NR 18

ITEM OBSERVADO SUB ITEM OBSERVADO SITUAÇÃO ENCONTRADA

PCMAT -

A OBRA POSSUI PCMAT E O MESMO SE

ENCONTRA NO SETOR DE SEGURANÇA

NA OBRA

ÁREAS DE VIVÊNCIA

Instalações Sanitárias POSSUI CONDIÇÕES BÁSICAS DE USO

COM HIGIENE E COMODIDADE

Vestiário A OBRA POSSUI VESTIÁRIO TAMBÉM

COM BOAS CONDIÇÕES DE USO

Alojamento

CADA COMPARTIMENTO DO

ALOJAMENTO POSSUI VAGA PARA 4

PESSOAS

Local de Refeições

AMPLO ESPAÇO PARA REFEIÇÕES

ALÉM DE RODÍZIO DE HORÁRIOS PARA

ALMOÇO

Cozinha BOAS CONDIÇÕES DE USO

Área de Lazer AMPLO ESPAÇO COM SOMBRAS E

MESAS E CADEIRAS PARA DESCANSO

Ambulatório

POSSUI UMA ENFERMARIA COM

PROFISSIONAL HABILITADO

TRABALHANDO DIARIAMENTE

Page 51: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

50

ESCAVAÇÕES, FUNDAÇÕES

E DESMONTE DE ROCHAS -

ALGUNS PONTOS DEIXA A DESEJAR A

SINALIZAÇÃO

CARPINTARIA - NÃO HÁ PROBLEMAS

ARMAÇÕES DE AÇO - NÃO HÁ PROBLEMAS

ESTRUTURAS DE

CONCRETO -

ALGUMAS ÁREAS FALTAM

ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO CONTRA

QUEDA

ESTRUTURAS METÁLICAS -

ALGUMAS ÁREAS FALTAM

ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO CONTRA

QUEDA

ESCADAS, RAMPAS E

PASSARELAS -

EXISTEM ESCADAS COM DEGRAUS E

PATAMARES MAL FEITOS QUE

DIFICULTAM A CIRCULAÇÃO

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

CONTRA QUEDA DE

ALTURA

- ALGUNS PONTOS DEIXA A DESEJAR

MOVIMENTAÇÃO E

TRANSPORTE DE

MATERIAIS E PESSOAS

-

HÁ CONFRONTOS NO TRANSPORTES

DE MATERIAIS E PESSOAS NO MESMO

AMBIENTE

ANDAIMES E

PLATAFORMAS DE

TRABALHO

- NÃO HÁ PROBLEMAS

Page 52: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

51

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS -

ALGUNS PONTOS OFERECEM RISCOS

DE CHOQUES ELÉTRICOS OU DE

IMPEDIR A CIRCULAÇÃO

MÁQUINAS,

EQUIPAMENTOS E

FERRAMENTAS DIVERSAS

- HÁ MUITAS FERRAMENTAS

ESPALHADAS PELO CANTEIRO

EQUIPAMENTO DE

PROTEÇÃO INDUVIDUAL -

TODOS UTILIZAM ADEQUADAMENTE

COM RELAÇÃO AO SEU SERVIÇO

ARMAZENAGEM E

ESTOCAGEM DE MATERIAIS - NÃO HÁ PROBLEMAS

PROTEÇÃO CONTRA

INCÊNDIO - FALTA EXTINTORES

SINALIZAÇÃO DE

SEGURANÇA -

ALGUNS PONTOS DE ESCAVAÇÃO NÃO

HÁ SINALIZAÇÃO

ORDEM E LIMPEZA - ALGUMAS ÁREAS POSSUEM ORDEM,

OUTRAS NÃO

TAPUMES E GALERIAS - NÃO HÁ PROBLEMAS

Page 53: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

52

ANEXOS

Page 54: ORGANIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

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ANEXO “A”

Layout do canteiro de obras

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ANEXO “B”

APR – Análise Prévia de Perigos e Riscos a SSO (Saúde e Segurança Ocupacional)

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ANEXO “C”

PO – Procedimentos Operacionais

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ANEXO “D”

Plano de Gerenciamento de Resíduos (amostra)