Os Ambientes no Contexto do ZEE do Acre, fase II

download Os Ambientes no Contexto do ZEE do Acre, fase II

of 16

description

Capítulo aborda metodologias utilizadas nos estudos de recursos naturais do Acre

Transcript of Os Ambientes no Contexto do ZEE do Acre, fase II

Livro Temtico IA Filosofia e Metodologia de Construo do ZEE/AC, Fase II

CaptuloOs Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

2

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento EcolgicoEconmico do Estado do Acre, Fase IIb Texto: Eufran FTrrTira dt Amaral1, Jtt Luiz Lani2, Luciana MTndTs CavalcanxT3, Jts Anxtnit ScarcTllt4, Edstn AlvTs dT Arajt5, Carlts ErnTsxt SchaTfTr6, HTnriquT dT OlivTira7, Nilstn GtmTs BardalTs8 , Anxtnit Willian FltrTs dT MTlt9 , EmanuTl FTrrTira dt Amaral10, JubTrxt Babilnia dT Stuza11, Valria dT Fxima12, Marcts SilvTira13, Armandt Calturt14

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

32LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

O

1. IntrOduOmo tempo, teve-se uma sntese das informaes sobre as unidades de paisagens. Os inventrios, essencialmente temticos, foram realizados por diversas instituies e consultorias independentes. O trabalho de campo e os procedimentos de mapeamento e cartografia aplicados durante os levantamentos foram especficos para cada tema e de acordo com metodologias preconizadas. Adotou-se a base cartogrfica na escala de 1:100.000 validada pelo IBGE que consistia dentre outras informaes: limites polticos, sedes municipais, rede viria e rede hidrogrfica. Neste caso, os levantamentos executados por outras instituies foram ajustados a esta base cartogrfica e

eixo recursos naturais do Zoneamento Ecolgico-Econmico consistiu na anlise dos ambientes com vista a englobar os aspectos fsicos e biticos e avaliar o uso atual desses recursos naturais nas suas mais diferentes formas. Teve por base os trabalhos de campo relacionados a cada um desses segmentos e os estudos temticos realizados por outras instituies (BRASIL, 1976, 1977, 1998; CAPOBIANCO, 2001; DIAS FILHO & CARVALHO, 2000; OLIVEIRA, 2001) que foram compilados, organizados e constitui-se em uma base de dados ampla e confivel que possibilitou uma anlise temtica, integradora, e ao mes-

1DoutoremSoloseNutriodePlantas|SEMA|EMBRAPA/AC 2DoutoremSoloseNutriodePlantas|UFV 3MestreemGeologiaeGeoqumica|PETROBRS 4DoutoremGeocincias(Geoqumica)|IBGE 5DoutoremSoloseNutriodePlantas|SEAP/SEMA 6InMemorian|EMBRAPA-Pantanal 7DoutoremSoloseNutriodePlantas|ConsultorZEE 8MestreemEcologiadeAgroecossistemas|UFAC 9Agrnomo|ConsultorZEE 10MestreemSoloseNutriodePlantas|IFMT 11ConsultoraZEE 12DoutoremEcologia|UFAC 13DoutoremEcologiaeRecursosNaturais|UFAC

Com a elaborao dos mapas temticos devidamente ajustados a base cartogrfica e compatibilizados entre si, foi realizado o primeiro nvel de sntese temtica para solos (pedologia) e vegetao (tipologias florestais). Com o uso dos conhecimentos pedo-

Quadro 1. Dados sobre Meio Ambiente Fsico e Bitico do Estado do Acre no mbito do Zoneamento Ecolgico-Econmico fase II

TmaGeologia

ObjTxivtEstudos sobre o material de origem com nfase nas bacias hidrogrficas

ObsTrvaTsAdotou-se a base de dados do Sistema de Vigilncia da Amaznia - SIVAM com adaptaes no que se refere legenda e as falhas geolgicas. Consistiu na compilao da base do SIVAM com adaptaes na legenda e o uso de informaes associadas do SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Consistiu em integrao da base de dados existem com descrio de novos perfis. Compilaram-se os dados de inventrios florestais e adotou-se legenda adaptadas do IBGE e do Projeto RADAMBRASIL. Utilizou-se a base de dados do ZEE fase I, incorporando os limites dos novos municpios. Sistematizou-se e georreferenciou-se todos os estudos faunsticos realizados no Estado do Acre. Sistematizou-se e georreferenciou-se todos os estudos relativos a flora realizados no Estado do Acre. Foi realizado um recorte da base de dados da Agncia Nacional de guas (ANA). Utilizaram-se imagens de satlite LANDSAT de 2004 e foi feita a digitalizao em tela em escala de 1:100.000.

Geomorfologia

Detalhar as formas do relevo

Solos

Estudar a distribuio das classes de solos na paisagem A espacializao das diferentes tipologias vegetais. Quantificao e distribuio das chuvas e da temperatura Ampliou-se o banco de dados de fauna da fase I Ampliar o banco de dados de flora da fase I Detalhar a distribuio das sub-bacias Avaliar a distribuio da cobertura do solo por municpio detalhando a ao antrpica de forma a melhor compreender o uso dos recursos naturais

Tipologias Florestais

33LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

Clima

Fauna

Flora

Recursos Hdricos

Cobertura do Solo

lgicos elaboraram-se os mapas de Aptido Agroflorestal e risco de morte de Brachiaria brizantha cv.Marandu e com os conhecimentos de vegetao elaborou-se os mapas de potencial madeireiro e no madeireiro.

2. 1. Pedologiaa) Aptido agroflorestal As prticas agroflorestais podem ser uma alternativa de uso da terra mais sus-

tentveis que o sistema tradicional de agricultura praticado na regio Amaznica. Devido maior diversidade de espcies no sistema, h uma melhor utilizao dos recursos disponveis (nutrientes, gua e luz), alm disso, o componente arbreo dos sistemas agroflorestais geralmente contribui para melhoria do solo e manuteno do processo de ciclagem direta de nutrientes entre a vegetao e o solo. Os sistemas agroflorestais, se bem planejados, podem:

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

aqueles estudos realizados no mbito do ZEE tiveram como mapa base a cartografia oficial (ACRE, 2005). Desta forma a estrutura metodolgica foi direcionada para obter informaes relevantes de cada tema especfico e permitir estudos sntese, que foram realizados a partir de anlises integradas conforme Quadro 1.

2. SntESEtEMtICA

a Aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida dos pequenos produtores (agricultura familiar); a Aumentar a eficincia de uso e a produtividade das reas desmatadas; a Estimular a permanncia do homem no meio rural (menos xodo rural e at reverter o fluxo campo cidade); a Contribuir para o desenvolvimento econmico regional; a Garantir a conservao e preservao do meio ambiente. Para definir a aptido agroflorestal das terras do Acre foram considerados cinco fatores limitantes conforme Ramalho Filho & Beek (1995): a Deficincia de fertilidade; a Deficincia de gua;

a Excesso de gua ou deficincia de oxignio; a Susceptibilidade eroso e; a Impedimentos mecanizao. Na avaliao de cada um destes fatores foram admitidos os seguintes graus de limitao: Nulo, Ligeiro, Moderado, Forte e Muito Forte. Tendo em vista as prticas agroflorestais ao alcance da maioria dos agricultores, foram considerados trs nveis de manejo, de forma a diagnosticar o comportamento das terras em diferentes nveis tecnolgicos. Sua indicao foi feita atravs das letras A, B e C, as quais podem aparecer na simbologia da classificao, escritas de diferentes formas, segundo as classes de aptido que apresentam as terras, em cada um dos nveis adotados (Quadro 2).

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

Quadro 2. Caractersticas dos diferentes nveis de manejo

NvTis dT manTjt

CaracxTrsxicasNeste nvel de manejo as prticas agroflorestais dependem de mtodos que refletem um baixo nvel de conhecimento tcnico. Praticamente no h emprego de capital para a manuteno das condies das terras e dos cultivos. Os cultivos dependem principalmente do trabalho braal. Alguma trao animal usada, com emprego de implementos agrcolas simples. As prticas neste nvel de manejo esto condicionadas a um nvel razovel de conhecimento tcnico. H alguma aplicao modesta de capital e de resultados de pesquisa agroflorestal para a manuteno e melhoramento das condies das terras e dos cultivos. Os cultivos esto condicionados principalmente ao trabalho braal e animal. As prticas agroflorestais neste nvel de manejo esto condicionadas a um alto nvel de conhecimento tecnolgico. H emprego de capital suficiente para a manuteno e melhoramento das condies das terras e dos cultivos. As prticas de manejo so conduzidas com auxlio de maquinaria agrcola e um conhecimento tcnico operacional capaz de elevar a capacidade produtiva e manter um sistema agroflorestal empresarial. As prticas de manejo incluem trabalhos intensivos de drenagem, medidas de controle eroso, tratos fitossanitrios, rotao de culturas, com plantio de sementes e mudas melhoradas, calagem e fertilizante em nvel econmico indicado atravs das pesquisas e mecanizao adequada.

34ALIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

B

C

As terras foram agrupadas em 6 grupos de aptido agroflorestal, que identificam o tipo de utilizao mais intensivo permitido, sendo este uso cumulativo, ou seja, uma rea indicada para produo intensiva de gros pode ser utilizada para a implantao de um sistema silvipastoril, porm, o produtor estaria subutilizando o potencial de suas terras. Em contrapartida, se a aptido fosse para sistemas silvipastoril, o produtor

no poderia cultivar gros, uma vez que estaria superutilizando a terra, tendo grandes possibilidades de impactos negativos como: baixa produtividade, eroso acelerada, compactao, etc. Diante disso foram estabelecidos os seis grupos de Aptido agroflorestal (Quadro 3). O mapa de aptido agroflorestal, enquanto instrumento de planejamento de

Quadro 3. Caractersticas dos diferentes grupos de aptido de agroflorestal.

1

Representam as terras de melhor potencial, podendo ser utilizado mecanizao sem maiores restries, sendo indicadas para produo intensiva de gros. Identificam terras cujo tipo de utilizao mais intensivo as culturas perenes em monocultivo ou arranjadas em sistemas agroflorestiais, respectivamente. Identificam terras cujo tipo de utilizao mais intensivo as culturas perenes em monocultivo ou arranjadas em sistemas agroflorestiais, respectivamente. constituda de terras em que a possibilidade de uso indicado seria a pastagem com arranjo em sistemas agrosilvipastoris. Engloba subgrupos que identificam terras nas quais o uso mais intensivo seria manejo florestal, com restrio para as atividades de transporte, desde que apresentem vocao florestal para tal uso. Refere-se a terras inaptas para qualquer um dos tipos de utilizao mencionados, a no ser em casos especiais, para manejo florestal de baixo impacto, preferencialmente o no madeireiro, desde que apresente potencial na tipologia florestal de ocorrncia.

2

3

4

5

6

ocupao e uso do solo, permite uma viso municipal do potencial pedolgico. b) Risco de sndrome de morte de Brachiaria brizantha cv. Marandu A partir de 1994, a sndrome de morte de pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu vem ocorrendo nos Estados do Acre, Par, Mato Grosso e Rondnia. Em razo desse fenmeno foi proposta a hiptese de que a morte dessas pastagens ocorre em solos de drenagem restrita, ou seja, que apresentam saturao com gua (falta de oxignio) durante o perodo chuvoso. Nestas condies ambientais, o capim Marandu torna-se susceptvel a microrganismos do solo, os quais se tornam patognicos e causam a sua morte. Baseado nesta hiptese, e com a concluso do levantamento pedolgico do ZEE Fase II e da elaborao da base de dados georreferenciada, foi possvel mapear as diferentes zonas de risco de morte de pastagem do Marandu, utilizando um conjunto de caractersticas do solo. Para definir o ndice para cada varivel, foram encontrados os valores mximos e mnimos encontrados no banco de dados. A partir do mximo e mnimo a escala foi normalizada para uma curva de ajuste

PVi PIM = PVi

Onde: PIM = Peso no ndice de morte PVi = Peso da varivel i considerada PVi = Somatrio do peso de todas as variveis Para realizar a integrao de todas as variveis estas foram somadas na seguinte equao: IMB = (IPM * 0.153846) + (-1.1066 * IPA + 10.902) * 0.076923 + (-1.1066 * IPT + 10.902) * 0.092308 + (IS * 0.107692) + (IATAA * 0.092308) + (-1.1066 * ICA + 10.902) * 0.076923 + (IFEA * 0.092308) + (ID * 0.123077) + (IFEB * 0.076923) + (IATAB * 0.107692)

LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

onde o mximo correspondia a 1 e o mnimo a 0, de forma a permitir uma comparao direta entre as variveis. Foram gerados 10 ndices, sob a mesma base de consulta (Tabela 1). Baseado nas informaes dos especialistas consultados foi calculado o peso de cada varivel (Tabela 1) na composio do ndice de morte de pastagem de acordo com a frmula:

35

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

Grupt dT apxidt

CaracxTrsxicas principais

tabela 1. Variveis selecionadas no banco de dados georeferenciados (n = 82 perfis), peso no valor final, para pastagens de B. brizantha cv. Marandu

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

VarivTisndice de plintita ndice de drenagem Profundidade do horizonte A Profundidade do solum (horizonte A+B) Teor de silte no horizonte A Atividade da frao argila no horizonte A Teor de carbono orgnico no horizonte A Teor de xidos de ferro (Fe2O3) no horizonte A Teor de xidos de ferro (Fe2O3) no horizonte B Atividade da frao argila no horizonte B Total

PTst nt ndicT dT mtrxT (PIM)0,153 0,123 0,077 0,092 0,108 0,092 0,077 0,092 0,077 0,108 1,0

%15,3 12,3 7,7 9,2 10,8 9,2 7,7 9,2 7,7 10,8 100

Onde: IMB = ndice de morte de B. brizantha cv. Marandu. IPM = ndice de plintita e mosqueados. IPA = ndice de profundidade do horizonte. IPT = ndice de profundidade do solo (A+B). IS = ndice de silte. IATAA = ndice de atividade de argila no horizonte. ICA = ndice de carbono no horizonte. IFEA = ndice de ferro no horizonte A/ID= ndice de drenagem. IFEB = ndice de ferro no horizonte B. IATAB = ndice de atividade da frao argila no horizonte B. Na equao, cada ndice foi multiplicado pelo seu peso relativo (PIM) e naquelas variveis em que os maiores valores no condicionavam a pior situao (como por exemplo, profundidade do horizonte A), foi utilizada uma equao de ajuste (ndice ajustado = -1,1066 * ndice + 10,902). O ndice final foi corrigido para valores de 0-1, onde 0, indicava risco muito baixo e 1, risco extremamente forte. Com os ndices definidos para cada unidade de mapeamento, foram reclassificadas as unidades e gerou-se o mapa de ndices de morte de pastagens de B. brizantha cv. Marandu. Este mapa foi reclassificado em

36LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

tabela 2. Categorias de risco de morte de B. brizantha cv. Marandu, classes de ndices de morte

CaxTgtrias dT risctRisco muito baixo Risco baixo Risco moderado Risco forte Risco muito forte Risco extremamente forte

ndicT dT mtrxT dT B. brizanxha (IMB)0 - 0,40 0,41 - 0,46 0,47 - 0,55 0,56 - 0,66 0,67 - 0,87 > 0,87

2. 2. tipologias Florestaisa) Potencial madeireiro A explorao madeireira quando realizada corretamente capaz de conciliar conservao e desenvolvimento. Porm, atualmente ela tem sido realizada de forma predatria, causando impactos severos estrutura e a composio da floresta. As projees do IMAZON indicam que o setor madeireiro tende a crescer em torno de 5% ao ano at 2010. Sem controle e um planejamento eficiente, o setor madeireiro pode comprometer a integridade biolgica da Amaznia e, em particular, do Estado do Acre. A adoo do manejo florestal como a alternativa eficiente do uso da floresta associado definio das zonas com aptido madeireira pode assegurar o uso sustentvel dos recursos florestais.

37LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

tabela 3. Valores para os diferentes tipos florestais

CaxTgtriaBaixo Mdio Alto

ValtrTs U$ ha-1< 110 > 110 e < 200 > 200

b) Potencial no madeireiro Para definio do potencial no madeireiro foram priorizadas cinco espcies com potencial para produo de polpa, alimentao, leos e resinas e mais 12 espcies florestais cujo produto sementes (reflorestamento e artesanato). As espcies prioritrias para o Estado do Acre encontram-se na pgina seguinte, Quadro 4 . O procedimento metodolgico para a etapa de diagnstico foi subsidiado por estudos de Rocha (2006 a, b), Maia (2006), Wadt (2006) e Pereira e Bersch (2006),

que utilizaram dados extrados de levantamentos de campo, relatrios governamentais e de organizaes no governamentais, trabalhos tcnicos e cientficos, depoimentos de pesquisadores e comunitrios que trabalharam e trabalham com espcies florestais no-madeireiras no Estado do Acre. Os dados para a elaborao do mapa das espcies no madeireiras prioritrias e estratgicas para o Estado do Acre foram obtidos atravs da consolidao de estudos que permitiam o georreferenciamento e obteno da densidade da espcie em estudo simultaneamente.

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

categorias de risco sndrome de morte de B. brizantha cv Marandu (Tabela 2), permitindo melhor visualizao das isolinhas.

O Zoneamento essencial para separar as reas de uso madeireiro daquelas que deveriam ter outro uso devido principalmente ao seu alto valor biolgico (biodiversidade) e/ou seu baixo potencial madeireiro. As zonas madeireiras so definidas a partir de informaes sobre a localizao dos recursos florestais, situao fundiria, condies de acesso (rodovirio e fluvial), presso antrpica e diversidade biolgica. Foram utilizadas informaes de inventrio florestal, preo das espcies de uso madeireiro em tora e serradas e mapa de vegetao para identificar, valorar e classificar o recurso madeireiro do Acre. As tipologias de florestas identificadas no mapa de vegetao foram associadas aos inventrios florestais. Em cada tipologia florestal foram identificadas as espcies madeireiras com seus respectivos volumes de madeira. Dados sobre o preo de cada espcie de madeira em tora foram utilizados para estimar o valor em cada tipo florestal por hectare. Dessa maneira, os tipos florestais foram classificados em trs categorias de valor (Tabela 3).

Quadro 4. Espcies potenciais no madeireiros para o Estado do Acre.

NtmT

VulgarSeringueira Castanha do Brasil Andiroba Copaba Murmuru Aa Amarelo Blsamo Cedro Vermelho Cerejeira Cumaru Ferro Jarina Jatob Maaranduba

CiTnxfictHevea brasiliensis Bertholletia excelsa Carapa guianensis Copaifera sp. Astrocaryum murumuru Euterpe precatria Aspidosperma vargasii Myroxylon balsamu Cedrela odorata Torresia acreana Dipteryx alata Phytelephas macrocarpa Hymenaea courbaril Manilkara salzmannii Swietenia macrophylla Tabebuia serratifolia Ceiba pentandra Couratari guianensis

PtxTncialLtex e madeira Castanha leo leo leo Polpa

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

Artesanato e reflorestamento

38LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

Mogno Pau Darco Amarelo Sumama Tauari

As anlises estatsticas foram realizadas para cada municpio e para cada uma das tipologias florestais, gerando o ndice de potencialidade. De pose dos pontos georreferenciados com as respectivas densidades foi realizada a interpolao destes pontos construindo uma grade de variao contnua que permitiu a delimitao de classes homogneas. Neste trabalho foram definidas duas classes, representando o ndice alto potencial e baixo potencial.

3. AnLISES IntEgrAdASCom as anlises temticas realizadas foi possvel estruturar as anlises integradas que permitiram ter uma viso detalhada por unidade territorial dos recursos naturais. As anlises de vulnerabilidade englobaram os seguintes temas: geologia, geomorfologia, pedologia, tipologia florestal e clima, tendo o

solo como o elemento bsico de estratificao de ambientes (RESENDE, et al., 2007). A definio das unidades de paisagem biofsicas foi realizada com os temas de tipologias florestais, pedologia, geomorfologia e geologia, sendo uma anlise mais qualitativa do ambiente natural, enquanto que a vulnerabilidade se constitui numa anlise mais quantitativa. A sntese da biodiversidade envolveu estudos existentes para a Amaznia e a insero dos pontos de estudos de flora e fauna, sendo possvel realizarem avaliaes para definio de lacunas no conhecimento. Utilizando a delimitao das bacias e a cobertura do solo por municpio constituiu-se a base para anlise do territrio, com as unidades territoriais bsicas. O fluxo metodolgico completo est demonstrado na figura 1 onde possvel observar os estudos temticos, as snteses temticas e as anlises integradas.

39LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

Figura 1. Fluxo metodolgico do eixo recursos naturais do zoneamento ecolgico econmico do Acre, fase II.

3. 1. Vulnerabilidade naturalA metodologia adotada para definir a vulnerabilidade a processos erosivos acelerados no Estado do Acre foi realizada conforme citado em Laget (1995) para o Zoneamento Ecolgico-econmico dos Estados da Amaznia legal. A caracterizao morfodinmica das unidades de paisagem natural foi realizada

segundo os critrios desenvolvidos a partir dos princpios da Ecodinmica de Tricart (1977) que estabelece as categorias morfodinmicas expressas na Tabela 4. A partir desta base preliminar, cada tema foi estratificado em escala de vulnerabilidade que varia de 1 a 3. Desenvolveu-se, ento o modelo definido no Tabela 5, que estabelece 21 classes de vulnerabilidade eroso, distribudas entre situaes onde h o pre-

tabela 4. Avaliao da estabilidade das categorias morfodinmicas

CaxTgtria mtrftdinmicaEstvel Intermediria Instvel

RTlat pTdtgnTsT/mtrftgnTsTPrevalece a pedognese Equilbrio pedognese/morfognese Prevalece a morfognese

Valtr1,0 2,0 3,0

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

tabela 5. Escala de vulnerabilidade adotada para cada tema e como fator de interpretao da integrao dos temas

U10

VULNERABILIDADE

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

UnidadTU1

Mdia dT VulnTrabilidadT3,0

ClassTs dT vulnTrabilidadT

U2

2,9 Vulnervel

U3

2,8

U4

2,7

U5

2,6

U6

2,5 Moderadamente vulnervel

U7

2,4

U8

2,3

40LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

U9

2,2

2,1

ESTABILIDADE

U11

2,0

Medianamente estvel/vulnervel

U12

1,9

U13

1,8

U14

1,7

U15

1,6 Moderadamente estvel

U16

1,5

U17

1,4

U18

1,3

U19

1,2 Estvel

U20

1,1

U21

1,0

Vu =

(G+R+S+V+C) 5

Quadro 5. Temas e aspectos considerados na obteno da vulnerabilidade.

TmaGeologia

AspTcxts ctnsidTradts na tbxTnt da vulnTrabilidadTResistncia da rocha eroso consequncia da sua natureza litolgica, da sua estrutura, e da histria da evoluo do ambiente geolgico em que se encontra. A influncia do relevo no processo de eroso consequncia da sua morfologia que se subdivide em morfografia (aspectos descritivos do terreno como a sua forma e a aparncia) e em morfometria (aspectos quantitativos do relevo como altitude, amplitude altimtrica, declividade e intensidade de dissecao pela drenagem). A resistncia do solo ao processo de eroso consequncia do tipo de solo e de suas caractersticas fsicas, tais como, textura (teores de areia, silte e argila), estrutura, porosidade, permeabilidade, profundidade, pedregosidade e fertilidade. A densidade da cobertura vegetal em cada unidade homognea um fator de proteo contra os processos morfogenticos que se traduzem em eroso. A causa fundamental da eroso hdrica a ao da chuva sobre o solo. A eroso resultante do poder da chuva de causar eroso (erosividade) e da capacidade do solo em resistir eroso.

Geomorfologia

41LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

Pedologia

Vegetao

Clima

Onde: Vu = Vulnerabilidade da unidade de paisagem homognea G = Vulnerabilidade para o tema geologia R = Vulnerabilidade para o tema geomorfologia S = Vulnerabilidade para o tema solos V = Vulnerabilidade para o tema vegetao C = Vulnerabilidade para o tema clima Em razo dos resultados obtidos para a vulnerabilidade mdia de cada unidade de paisagem foi realizada estratificao considerando os valores mximos e mnimos obtidos, de forma a definir 5 classes de vulnerabilidade natural perda de solo.

3. 2. unidade de Paisagem Biofsica (uPB)O tema foi construdo com o Sistema de Informaes Geogrficas ARC GIS 9.0 (ESRI Copyright, 2007), onde foram sobrepostos os mapas produzidos para o ZEE Fase II em escala de 1:250.000 e com banco de dados geogrfico associado. Na primeira etapa foram selecionados e hierarquizados os temas para a anlise que seriam em ordem de abrangncia: geologia, geomorfologia, solos e tipologias florestais. No quadro 6 encontra-se um sumrio das unidades de mapeamento de cada tema. Cada tema foi submetido a uma filtragem do banco de dados de forma a usar apenas

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

domnio de processos de pedognese (s quais se atribuem valores prximos de 1), passando por situaes intermedirias (s quais se atribuem valores prximos de 2,0) e situaes de predomnio dos processos de morfognese (as quais se atribuem valores prximos de 3,0). A escala de vulnerabilidade permitiu a obteno de at 21 classes de vulnerabilidade eroso, conforme Tabela 5. O modelo foi compartimentalizado para os temas geologia, geomorfologia, solos, ve-

getao e clima, que compem cada unidade de mapeamento Quadro 5. Estas unidades consolidam a unidade de paisagem homognea que recebe um valor final, resultante da mdia aritmtica dos valores individuais, que busca representar uma estimativa da posio desta unidade dentro da escala de vulnerabilidade natural:

Quadro 6. Descrio do nmero de classes para geologia, geomorfologia, pedologia e tipologias florestais, para a composio das unidades de paisagem do Estado do Acre.

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

UnidadTs gTtlgicas1. Aluvies Holocnicos

UnidadTs gTtmtrftlgicas1. Depresso do EndimariAbun 2. Depresso do Iaco-Acre

UnidadTs pTdtlgicas1. Predomnio de Argissolo Amarelo 2. Predomnio de Argissolo Vermelho 3. Predomnio de Argissolo Vermelho 4. Predomnio de Argissolo Vermelho Amarelo

CtbTrxura FltrTsxal1. reas antropizadas

2. Arenito 3. Cobertura DetritoLatertica Neopleistocnica

2. Campinaranas 3. Floresta Aberta com Bambu - Aluvial 4. Floresta Aberta com Bambu + Floresta Aberta com Palmeira 5. Floresta Aberta com Bambu + Floresta Aberta com Palmeira + Floresta Densa 6. Floresta Aberta com Bambu + Floresta Densa 7. Floresta Aberta com Bambu Dominante 8. Floresta Aberta com Palmeira 9. Floresta Aberta com Palmeira - Aluvial 10. Floresta Aberta com Palmeira + Floresta Aberta com Bambu 11. Floresta Aberta com Palmeira + Floresta Aberta com Bambu + Floresta Densa 12. Floresta Aberta com Palmeira + Floresta Densa 13. Floresta Aberta com Palmeiras + Floresta Aberta com Bambu

3. Depresso do Juru-Iaco

4. Coluvies Holocnicos

4. Depresso do Purus-Juru

5. Complexo Jamari

5. Depresso do Rio Branco

5. Predomnio de Argissolo Vermelho Amarelo

6. Formao Cruzeiro do Sul

6. Depresso do TarauacItaqua 7. Depresso Marginal Serra do Divisor 8. Planaltos Residuais da Serra do Divisor

6. Predomnio de Argissolo Vermelho Amarelo eutrfico 7. Predomnio de Argissolo Vermelho eutrfico 8. Predomnio de Cambissolo Hplico 9. Predomnio de Cambissolo Hplico eutrfico 10. Predomnio de Gleissolo Melnico

42LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

7. Formao Divisor

8. Formao Formosa

9. Formao Moa

9. Plancie Amaznica

10. Formao Rio Azul

10. Superfcie Tabular de Cruzeiro do Sul

11. Formao Solimes

11. Predomnio de Gleissolo Melnico eutrfico

12. Sienito Repblica

12. Predomnio de Gleissolo Melnico eutrfico e distrfico 13. Predomnio de Latossolo Amarelo

13. Terraos Holocnicos

14. Terraos Pleistocnicos

14. Predomnio de Latossolo Vermelho 15. Predomnio de Latossolo Vermelho Amarelo 16. Predomnio de Luvissolo Crmico

14. Floresta Densa

15. Floresta Densa Submontana 16 .Floresta Densa + Floresta Aberta com Palmeira

Quadro 6. Descrio do nmero de classes para geologia, geomorfologia, pedologia e tipologias florestais, para a composio das unidades de paisagem do Estado do Acre.

UnidadTs gTtlgicas

UnidadTs gTtmtrftlgicas

UnidadTs pTdtlgicas17. Predomnio de Luvissolo Hipocrmico 18. Predomnio de Neossolo Flvico 19. Predomnio de Neossolo Quartzarnico 20. Predomnio de Plintossolo Argilvico 21. Predomnio de Plintossolo Hplico 22. Predomnio de Plintossolo Hplico eutrfico 23. Predomnio de Vertissolo Cromado

CtbTrxura FltrTsxal

os campos necessrios para construo das UPBs. Aps a seleo dos campos os mapas foram cruzados, utilizando a ferramenta unio, onde foram unidos os campos e seus respectivos bancos de dados temticos. Este produto intermedirio foi submetido a uma filtragem para se eliminar os polgonos muito pequenos e se gerar o mapa de unidade de paisagens biofsicas do Estado do Acre. O primeiro nvel de estratificao foi o arcabouo geolgico da rea de estudo. Apesar de ocorrerem no Estado vrias formaes geolgicas, em razo de estar inserido numa grande bacia sedimentar, tem-se uma estratificao bsica com a geologia. No segundo nvel foi utilizado o arcabouo geomorfolgico. O Estado do Acre mostra-se dividido em nove unidades geomorfolgicas: a Plancie Amaznica, a Depresso do Endimari-Abun, a Depresso do Iaco-Acre, a Depresso de Rio Branco, a Depresso do Juru-Iaco, a Depresso do Tarauac-Itaqua, a Depresso marginal a Serra do Divisor, a Superfcie Tabular de Cruzeiro do Sul e os Planaltos residuais da Serra do Divisor. No terceiro nvel foi utilizado o arcabouo pedolgico. O Estado do Acre tem uma grande diversidade pedolgica, em razo do processo de gnese da bacia do Amazonas e

de sua posio de cabeceira desta bacia. Desta forma, pode-se at mesmo falar em endemismo de solos, uma vez que, muitos deles so de ocorrncia local e no esto condizentes com o clima atual, constituindo-se em marcos para a reconstruo dos ambientes passados. Como forma de agrupar as unidades pedolgicas, foi utilizado o primeiro componente como unidade de maior ocorrncia e elemento de diferenciao. No quarto nvel foi utilizado o arcabouo fito ecolgico que permite fazer uma integrao dos temas, onde a vegetao est sob o solo que formado a partir das condies de relevo e do material de origem. Para se ter uma avaliao das UPBs no contexto do Estado do Acre, as mesmas foram quantificadas e avaliadas em nvel estadual, de regional e municipal. Em cada unidade territorial foi realizada uma quantificao para avaliar qual a unidade de paisagem que ocorre na maioria da rea, qual aquela que ocorre em minoria. Um outro indicador utilizado foi o de diversidade que corresponde ao nmero de unidades de paisagem que ocorre naquela unidade territorial. Como um indicador sntese foi estruturado o ndice de Diversidade de Paisagem (IDP):

43LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

IDP =

Diversidade * 1000 rea

Em que: IDP = ndice de Diversidade de Paisagem Diversidade = Nmero de unidades de paisagem no territrio rea = rea do territrio (km2)

3. 3. BiodiversidadeA metodologia utilizada foi a mesma da Fase I do ZEE. Foi realizado levantamento bibliogrfico sobre os estudos florsticos e faunsticos efetuados no Acre, sendo consideradas tanto as informaes da bibliografia formalmente publicada (proveniente de livros e peridicos cientficos) como a de fontes consideradas no-publicadas (relatrios, resumos de congressos, monografias, dissertaes, teses, etc.). Todos os dados foram sistematizados em planilha eletrnica de forma que possam ser mais facilmente acessados, convertidos e integrados em um sistema de informaes geogrficas. Em muitos trabalhos as coordenadas geogrficas dos pontos de coleta no estavam disponveis. Em alguns desses casos foi feita uma aproximao do ponto de coleta baseado nas informaes geogrficas contidas no trabalho. No caso de informaes excessivamente vagas (Ex: coletas na regio do Rio Juru), o estudo no aparece nos mapas, mas somente no banco de dados. Foram escolhidos cinco grupos faunsticos para esse trabalho: mamferos, aves, peixes, anfbios e rpteis. O status de conservao das espcies foi baseado na Lista das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas de Extino (Anexo Instruo Normativa n. 3 de 27 de maio de 2003 do Ministrio do Meio Ambiente - www.ibama.org), Apndices da CITES (Convention on International Trade in Edangered Species of Wild Fauna and Flora - www.cites. org) e a classificao da International Union of Conservation of Nature - IUCN - 2004 (www. redlist.org).

44LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

As espcies consideradas ameaadas foram aquelas que se encaixaram em pelo menos uma das seguintes classificaes: a) constar da Lista do IBAMA; b) estar classificada pela IUCN como Vulnervel ou Em Perigo; c) constar do Apndice I da CITES, o mais restritivo em termos de normas de comercializao de espcies. Para avaliar a evoluo do conhecimento sobre a flora regional entre a primeira e a segunda fase do ZEE, o ndice de Densidade de Coletas (IDC=nmero de coletas registradas no banco de dados a cada 100 km2) foi calculado para o Estado, para as bacias hidrogrficas e para os municpios. A comparao da evoluo do IDC ajuda a definir e a melhorar a capacidade de predio do tempo necessrio para que a flora regional torne-se relativamente bem conhecida. Com o aumento no nmero de coletas na regio nos ltimos anos, novas ocorrncias, assim como espcies novas para a cincia, foram documentadas. Essas informaes foram espacializadas no sentido de localizar a rea de ocorrncia e verificar o grau de proteo das espcies novas e dos novos registros. Assim, tendo como base os relatrios que subsidiaram a elaborao de peas de criao de unidades de conservao (SILVEIRA, 2001), relatrios de expedies botnicas (DALy, dados no publicados) produzidas na esfera do convnio UFAC-NyBG (New york Botanical Garden), e publicaes cientficas (SILVEIRA, 2005; SILVEIRA, et al., 2002; DALy, 2005), foram destacados aspectos fundamentais sobre a flora e a vegetao, especialmente das Campinas e Campinaranas do sudoeste da Amaznia, dos sales e das florestas abertas com bambu e a importncia desses dados para a conservao dos ecossistemas regionais.

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

3. 4. unidade territorialNesta anlise integrada o objetivo era analisar a distribuio das bacias no Estado do Acre e o grau de alterao antrpica nestas bacias. Foi utilizado o mtodo de delimitao e codificao de bacias hi-

Quadro 7. Classes adotadas de cobertura do solo no Estado do Acre.

ClassTsreas Urbanas

CaracxTrsxicaConcentraes populacionais, cidades e sedes de municpios reas j convertidas e abandonadas para regenerao natural, em diferentes estgios de sucesso. reas destinadas pecuria, normalmente extensas reas contnuas em formatos geomtricos regulares. reas recm ocupadas com agricultura, geralmente com os vestgios do processo de queima. rea florestal de formao primitiva com diferentes composies Individualizadas, quando suficientemente visveis, de forma a se ter uma estimativa da rea potencial para o cultivo de vrzea Quantificados os audes e a superfcie visvel dos grandes rios

Capoeira

Pastagens

Agricultura Floresta Praias Espelhos dgua

LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

drogrficas de Pfafstetter (1989). Buscou-se desta forma seguir um procedimento estabelecido no mbito federal atravs da Resoluo do Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH 030/02, de forma atender a estratgia de padronizao da codificao de bacias e com isso facilitar o compartilhamento e o relacionamento de informaes de sistemas de informaes ambientais para o recorte de bacias. Nesta diviso de bacias hidrogrficas para o Estado do Acre, realizada no mbito do ZEE Fase II, quanto a hierarquizao adotada da metodologia preconizada buscou-se atender a escala de trabalho, 1:100.000, utilizada no ZEE - Fase II. Desta forma adotou-se as bacias de hierarquia de nvel 4 que se encontram nas Bacias Hidrogrficas de nvel 3 que contm o Estado do Acre. As informaes referentes cobertura do solo no Estado do Acre foram obtidas atravs da interpretao de imagens digitais em composies coloridas 5R4G3B do sensor Thematic Mapper do satlite Landsat 5 obtidas em 2004. As imagens foram georreferenciadas utilizando o aplicativo para processamento digital de imagens ENVI e tendo como referncia as imagens do mosaico de cobertura da Terra (geocover) disponibili-

zado pela NASA, que j se encontrava georreferenciada e do plano de informao (layer) de drenagem. Aps o registro das imagens procedeu-se a classificao das imagens que o processo de extrao de informaes de imagens para reconhecer padres e objetos homogneos com o objetivo de mapear as reas da superfcie terrestre. Foram identificadas sete classes de cobertura do solo (Quadro 7). A digitalizao em tela das feies foi realizada atravs do modo de edio do ArcMap, mdulo do aplicativo de geoprocessamento ArcGIS 9.0 (ESRI Copyright, 2007 ). Para se ter uma estimativa do processo de evoluo das diferentes tipologias de uso, a quantificao obtida pelo presente trabalho foi comparada quela obtida pelas informaes do Programa Monitoramento da Cobertura Florestal do Estado do Acre 1989 (FUNTAC, 1993), que foi o ltimo trabalho a avaliar a cobertura de toda a extenso do Acre. Como forma de se ter um indicativo sntese que melhor expressasse um gradiente entre os municpios, foi construdo um indicador que relacionou a rea desmatada por pessoa (populao/rea desmatada) e a rea de floresta/municpio. Cada indicador foi normalizado para um intervalo de 0 a 1 e adicionado constituindo-se no indicador sntese.

45

Os Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase II

ISDes = Dp + FMOs Ambientes no Contexto do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado do Acre, Fase IIOnde: ISDes = Indicador Sntese do desmatamento municipal Dp = Indicador de desmatamento/pessoa FM = Indicador da rea de floresta por municpio

4. SntESE dO AMBIEntE nAturALA sntese do ambiente natural foi realizada de forma que em cada unidade de paisagem definida se pudesse obter o grau

de vulnerabilidade e a biodiversidade, mas tambm se pudessem observar os temas primrios como a geologia e pedologia. Os indicadores biofsicos levantados permitiram definir indicadores genricos de sustentabilidade a partir da avaliao dos efeitos da fragmentao da paisagem na biodiversidade e no funcionamento da unidade de paisagem. Desta forma o tema sntese de recursos naturais base para a composio do mapa de gesto e permite uma viso precisa (na escala considerada) dos ambientes do Estado do Acre.

46LIVrO tEMtICO I A FILOSOFIA E METODOLOGIA DE CONSTRUO DO ZEE-ACRE ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000