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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A RESSIGNIFICAÇÃO DO FUTEBOL NA ESCOLA PÚBLICA

BRASILEIRA: um estudo de caso

Luiz Carlos Estolaski1

Deoclecio Rocco Gruppi2

Resumo: O que representa o futebol para os alunos do primeiro ano do ensino médio e de que

forma podemos ressignificá-lo como atividade pedagógica? Essa questão norteou o presente trabalho que abordou o contexto sociocultural que permeia a prática do futebol no Brasil. A partir da análise histórica e sociológica pretendeu-se investigar sobre o papel social do futebol pela teoria figuracional de Norbert Elias. Na escola, a abordagem do futebol deu-se por meio da Pedagogia Histórico-Crítica de Dermeval Saviani, na perspectiva de João Luiz Gasparin presente em seu livro “Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica”. Sob essa ótica procurou-se discutir de forma crítica o papel social do futebol; analisou-se o futebol no contexto brasileiro enquanto atividade da escola; refletiu-se sobre futebol e a compreensão que os alunos têm sobre este esporte. Esse trabalho foi realizado, inicialmente, através de uma pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo que seguiu a abordagem da pesquisa-ação. Essa pesquisa deu origem a um Material Didático com diversas atividades teóricas e práticas. Durante a implementação do material os alunos pesquisaram sobre o futebol jogado em sua comunidade, estudaram sobre a origem do futebol e sua chegada ao Brasil como parte importante no processo de formação das cidades. Experimentaram jogos populares do futebol de rua que fizeram parte da infância de gerações passadas e que atualmente raramente são vistos. Durante o período de implementação tivemos o GTR, e ao tratar do tema futebol, foram feitas considerações muito importantes pelos participantes.

Palavras-chave: Futebol. História do Futebol. Sociedade; Escola.

1. INTRODUÇÃO

No conjunto dos trabalhos realizados, os quais podemos citar o Projeto de

Pesquisa, elaboração da Unidade Didática e Implementação desse material na

Escola, buscou-se compreender o papel social do futebol pela teoria figuracional de

Norbert Elias e abordar o futebol no contexto escolar a partir de suas possibilidades

pedagógicas.

Pensando nesse trabalho, fez-se necessário o estudo da história do futebol no

Brasil e seu papel no processo civilizador a partir da Primeira República. Segundo

Lucena (2000), houve uma grande influência inglesa e francesa na modernização da

cidade do Rio de Janeiro, então Capital Nacional (até a fundação de Brasília em abril

1 Professor da SEED-PR. Especialista em Lazer, Recreação e Animação Sócio-cultural – UEL.

Especialista em Pedagogia Escolar-FACINTER. E mail: [email protected] 2 Professor Adjunto – DEDUF/UNICENTRO: Doutor em Educação Física- área: Educação Física e

Sociedade – UNICAMP. E-mail: [email protected]

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de 1960), entendendo ser este o início que levaria à modernização das demais

cidades do país; o autor destaca a questão de “individualização” e

“interdependência”, essenciais neste processo de mudanças sociais. Esses

conceitos estão presentes na obra de Norbert Elias.

Como fontes importantes na compreensão do futebol no Brasil e da própria

sociedade brasileira, fizeram parte desse trabalho os textos dos autores que

escreveram sobre o tema, como Jocimar Daolio (1997), Mauro Betti (1997), Ricardo

de Figueiredo Lucena (2000), entre outros. Tornando possível buscar respostas a

algumas indagações como: De onde vem essa paixão e identificação do brasileiro

pelo futebol? Seria mesmo o futebol um instrumento de distração e compensação

dos problemas sociais? Porque se tornou o esporte nacional? É possível associar a

prática do futebol na escola à questão histórica?

Ao escolher o futebol como conteúdo a ser pesquisado e trabalhado na

escola, foi observado o interesse e envolvimento dos nossos estudantes pelo

futebol, tanto na escola como nas práticas esportivas comunitárias. Em um ambiente

privilegiado a escola de implementação do projeto conta com uma área de dez

hectares; tendo neste espaço uma capela, posto de saúde, ginásio de esporte,

campo de futebol, um bosque e, uma pequena reserva florestal permanente. Esses

espaços são de uso comum entre escola e comunidade.

A escola está localizada na comunidade de Santa Inês. Essa comunidade é

resultado de um projeto de reassentamento de famílias atingidas pela barragem de

Itá (MAB)3, com ela surgiu também a necessidade da construção da Escola Estadual

do Campo Santa Inês. A escola atende outras quinze comunidades do interior de

Chopinzinho, entre elas as comunidades indígenas Guarani e Kaigang e, também a

comunidade de Nova Conquista (MST)4.

A relação de trabalho destas famílias tem predominância na agricultura,

algumas trabalham de agregados (empregados), outros são trabalhadores semi-

assalariados, que complementam sua renda familiar nos trabalhos eventuais5.

Temos também trabalhadores assalariados que moram no Campo e deslocam-se de

suas propriedades para atuarem nas indústrias locais e dos municípios vizinhos.

Através dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos estudantes, constatou-se

3 Movimento dos Atingidos por Barragens.

4 Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

5 Trabalhos prestados na colheita de feijão, concerto de cercas, roçadas em pastagens, etc.

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que algumas dessas comunidades, ainda preservam os espaços para a prática do

futebol, porém são poucas as que mantêm equipes completas. O êxodo rural das

últimas décadas, resultado da modernização do setor, ocasionou a diminuição da

população rural influenciando também no lazer das comunidades. Diante desta nova

configuração social do campo, a prática do futebol, em sua maioria, foi substituída

pelo Futebol Sete e Futsal.

A vivência dos estudantes no futebol possibilita que tragam consigo um

repertório motor muito significativo. O gosto por esse esporte e sua influência,

despertou nosso interesse no desenvolvimento desse trabalho de investigação sobre

como essa relação efetivamente acontece.

Durante a implementação do Material Didático pretendeu-se estabelecer

relações existentes do futebol com a prática escolar tendo em vista a recriação desta

prática corporal conforme propõem (PARANÁ, 2008). Ao final dos trabalhos de

implementação da Unidade Didática, e através das discussões geradas no GTR que

tratou desse tema, foi possível perceber alguns avanços em relação à compreensão

sobre o futebol e seu papel social.

Em relação aos estudantes, isso ficou visível durante os debates, feedbacks e

ao compararmos os testes de conhecimentos realizados antes e após a

implementação.

2. O FUTEBOL E SUAS CONFIGURAÇÕES

2.1. Futebol da escola

Figura 1: Estudantes do Colégio Estadual do Campo Santa Inês

Fonte: Foto – Luiz Carlos Estolaski

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Na escola, o trabalho do conteúdo estruturante esporte, deve ser tratado num

contexto histórico-social, tendo em vista a possibilidade de recriação como prática

corporal. Entendido como um fenômeno social, nas suas diferentes manifestações e

abordagens, podendo ser um instrumento de aprendizado para o lazer, saúde e

interação social (PARANÁ, 2008).

Na perspectiva da Cultura Corporal do Movimento, o “Coletivo de Autores”

aponta para uma abordagem pedagógica de esporte “da” escola, onde esse

conteúdo pode adquirir um novo significado ou ressignificado, para além da

reprodução mecânica da prática pela prática, buscando atingir a compreensão

crítica.

O esporte como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura

corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos,

sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser

analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser

abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como esporte

“na” escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Ao abordar o esporte da escola, escolhemos como objeto de ensino, o

conteúdo específico futebol. Abordamos as possibilidades do jogo no espaço

escolar, modificando regras e outras adaptações, do mesmo modo foi realizado um

estudo sobre seu papel social; com o objetivo de torná-lo significativo para o

estudante, enquanto prática social.

Dessa forma, o futebol, foi tratado nos diferentes contextos históricos; desde a

sua gênese na Inglaterra; sua chegada ao Brasil; sua popularização, ganhando as

ruas, várzeas, praças, etc., como prática semiprofissional e suas implicações, ou

ainda, quando já profissionalizado como esporte de alto rendimento e sua

identificação nacional.

Portanto, foi nessa perspectiva de esporte da escola, que se realizou a

implementação da Unidade Didática e, como parte desse trabalho, foi realizado um

diagnóstico a respeito do significado do Futebol para o estudante. O que ele sabe

sobre o Futebol? Qual a vivência que ele tem do esporte? E como a relação com o

futebol se estabelece em sua comunidade?

Para coleta de dados do diagnóstico, foram utilizados questionário e produção

de material de multimídias.

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2.2. Resultado do questionário pré-teste

Como parte dos trabalhos, na etapa inicial da implementação do Material

Didático, os estudantes responderam a um questionário diagnóstico que serviu de

pré-teste. Esse teste foi repetido no final da implementação como pós-teste, com

exceção as questões 8, 9, 10 e 11 que representam referencias importantes, porém

foram tratadas separadamente.

O pré-teste aconteceu no dia 26/02/2014 as 10h e 50min na turma do 1º ano

do Ensino Médio onde estavam presentes 35 estudantes, e o resultado pode ser

visto no gráfico que segue:

2.3. A prática do futebol nas comunidades atendidas pelo Colégio Estadual do

Campo Santa Inês

Na continuação dos trabalhos realizados, com a finalidade de conhecer um

pouco mais sobre os estudantes e como é sua relação com o futebol, foi realizado

um trabalho de produção de vídeos curtas metragens usando apenas roteiro e a

câmera do aparelho celular. A ideia deste trabalho foi fazer um documentário sobre

a prática do futebol nas comunidades pertencentes à abrangência da escola e,

identificar seu papel social enquanto atividade de lazer. Objetivou-se também,

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

2

4

6

8

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20

Avaliação Diagnóstico Sobre o Tema Futebol

Pré-Teste

Questões

de a

ce

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s

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valorizar o uso das novas mídias que os alunos dispõem e que pode ser utilizadas

como ferramenta no processo de ensino e de aprendizagem na escola.

Esta etapa inicial do trabalho constitui o que Gasparin (2005, p.35) chama de

problematização, momento do processo ensino-aprendizagem que visa “detectar

que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em

consequência, que conhecimento é necessário dominar”.

Durante a realização dos vídeos houve demonstração de muito interesse

pelos estudantes, a atividade contou com um momento de socialização desse

material na sala de aula, possibilitando a análise e discussão sobre seu conteúdo,

concluindo assim a problematização sobre o tema.

Essa atividade adquiriu um aspecto bastante importante, por que foi possível

refletir sobre as diferentes formas com que o futebol é jogado nas comunidades.

Fizeram parte desse trabalho depoimentos e apontamentos de pessoas mais velhas

que vivenciaram o futebol no passado e hoje percebem as mudanças que ocorreram

na comunidade em relação à prática do esporte.

Através dessa reflexão constatou-se que a relação das pessoas com o futebol

mudou porque também mudou a própria sociedade. Os estudantes perceberam que

o esvaziamento das comunidades do interior, consequência da modernização do

setor agropecuário teve influência direta, como não poderia deixar de ser, na prática

e organização do lazer esportivo.

2.4. Aulas práticas de futebol da escola

Através das experiências do jogo de futebol nas comunidades, relatadas

pelos estudantes nos trabalhos de curtas metragens, foram realizadas aulas práticas

no campo da comunidade Santa Inês, localizado ao lado da escola.

Com essa atividade iniciou-se a etapa caracterizada por Gasparin (2005, p.

51) como “instrumentalização”, ou seja, momento do processo de ensino-

aprendizagem em que as ações do professor e do aluno vão se orientar para a

elaboração e apropriação do conhecimento.

Foram observadas poucas variações nas formas de jogar futebol nas

comunidades, entre elas, a flexibilização das regras relacionadas às dimensões do

campo, a quantidade de jogadores, a formação das equipes (podendo ser mistas), a

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utilização de uniforme, a bola, as formas de reposição da bola em jogo, a duração do

jogo por gols marcados, etc.

Essas variações foram vivenciadas pelos estudantes durante aulas práticas e

ao final de cada jogo discutiu-se, numa roda de conversa sobre as vantagens e

desvantagens de se jogar assim.

Os aspectos técnicos e táticos do futebol foram trabalhados através de jogos

mais simples que fazem parte da cultura popular relacionada ao futebol, sendo eles:

“bobinho”, “gol de cabeça”, “rebatida”, “controlinho”, “futebol de tampinhas”, etc.

Com o propósito de avançar na compreensão do futebol e seus

desdobramentos nas formas de outros jogos, e discutir sobre a expressão “Jogar

Bola”, foi realizado um estudo, em sala de aula, do texto “Por que a expressão jogar

bola?”. A síntese deste texto, assim como as demais que apresentaremos nesse

artigo, fizeram parte do Material Didático utilizado durante a implementação da

Unidade Didática.

2.5 Por que a expressão “jogar bola”?

Muitos esportes são praticados com bola, voleibol, basquetebol, handebol,

etc., no entanto, no Brasil o fenômeno futebol está tão enraizado em nossa cultura

que praticar o futebol passou a ser sinônimo de jogar bola.

Durante as aulas se vivenciou o futebol nas formas em que é jogado nas

comunidades que pertencem à abrangência da escola. Porém, se observou algumas

variações na forma de jogar.

Sabe-se que essas variações não alteram a essência do futebol; entretanto,

com o passar do tempo, no Brasil e no mundo surgiram algumas formas diferentes

de se jogar futebol, dando origem a outros esportes e jogos como o futsal, futebol

sete, futevôlei, etc. Essas variações estão tão intimamente ligadas ao futebol que é

comum, ao sair de casa para uma partida de futsal ou futebol sete, dizer que se vai

jogar bola. Mesmo diante de uma grande variação de esporte com bola, essa

expressão só se vê nesses exemplos que acabamos de citar.

Algumas dessas variações do futebol foram institucionalizadas e viraram

esportes; como podemos observar o caso do futsal.

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Por fim, cabe ressaltar que no decorrer do século XX, o futebol assume diferentes formatos, dando origem a outros jogos e esportes como, por exemplo, o futebol de salão que surgiu na década de 1930, tendo sua “pa-ternidade” disputada entre brasileiros e uruguaios, sendo que em 1989 a Federação Internacional de Futebol (FIFA), com a concordância da Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), cria uma nova modalidade que passa a ser denominada de futsal, tendo como base o futebol de salão da FIFUSA e o futebol de cinco que foi criado pela FIFA com o intuito de fazer frente ao mesmo futebol de salão (SANTANA, 2010, apud RODRIGUES, et al., 2011, p. 24).

O intenso processo de urbanização e a diminuição de espaços para o lazer

contribuíram para o surgimento de novas formas de se jogar futebol nas cidades. O

mesmo fenômeno social que causou o “inchaço” das cidades, o êxodo rural;

provocou o esvaziamento das comunidades do interior. Essa nova configuração

urbana e rural tem reflexos na organização do lazer esportivo. Ou seja, se num

ambiente falta espaço no outro faltou pessoas para continuar praticando futebol.

Portanto, é comum que em determinadas comunidades não se jogue mais

futebol, mas mesmo assim, ainda se jogue bola. Da mesma forma, sugeriu-se aos

professores que participaram do GTR sobre o Tema Futebol, caso fossem aplicar o

Material Didático em suas escolas, poderiam fazê-lo com algumas adaptações para

a quadra.

Quando da implementação do Material Didático após conhecer sobre as

formas em se apresenta a prática do futebol nas comunidades e experimentar esses

jogos na escola, os estudantes assistiram a um vídeo sobre a história do futebol.

Esse vídeo, intitulado, “A história do futebol-primeiros anos”, deu início à

compreensão da importância do futebol no processo de modernização da sociedade

e gerou uma importante discussão em sala de aula.

Outro instrumento que ganhou destaque nesse estudo sobre o futebol e seu

papel social, foram as sínteses de dois textos que relatam a história do futebol no

Brasil e a formação das cidades no processo de civilização, são eles: “O futebol no

Brasil: história e sociedade e “O futebol no Brasil e seu papel civilizador”.

2.6 O futebol no Brasil: história e sociedade

Neste texto procurou-se relatar a chegada do futebol no Brasil e o papel de

Charles Miller na divulgação do novo esporte. Embora haja outras versões sobre a

chegada do futebol no Brasil, até mesmo, há quem diga que jogos similares ao

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futebol eram jogados nas escolas jesuíticas, ou ainda que tivessem ocorrido partidas

de futebol entre marinheiros ingleses nos portos brasileiros, é a Miller que

oficialmente se atribuiu a organização das primeiras partidas e o fomento do futebol

no Brasil.

Segundo Coutinho (1985), finalmente acontece em solo brasileiro, mais

especificamente, na cidade de São Paulo, várzea do Carmo, no dia 15 de abril de

1895 a primeira partida de football, organizada, com súmula, juiz, etc. Os times ou

teams, já vinham sendo treinados há meses por Charles Miller, aquele hábil

sportmen.

O football que no início era jogado pelos jovens bem nascidos da cidade de

São Paulo, influencia outros grupos de cidades importantes para a época, incluindo

jovens da capital. Já nas primeiras décadas do século XX alguns jornais da capital

observam com crescente interesse o novo esporte.

No ano de 1906, o jornal “A Gazeta de Notícias”, contava assim o nascimento

do futebol no Rio de Janeiro:

Em 1901, o sr. Oscar Cox organizou um team, para jogar em São Paulo contra os jogadores daquella cidade. Na ocasião deste senhor escolher os jogadores deixou de parte o Mr. Machentock, então capitain do Rio Crickt e Atletic Club Associon, resultando uma rivalidade entre aquelles dous jogadores. Mr. Machentock aproveitando a estadia daquelle team em São Paulo, procurou os srs. H Paim, J. Pereira, R. Lima e A Cerqueira para, com o appoio destes poder organizar uma sessão e fundar um club de foot-ball. A sessão foi effectuada no extinto club de Natação e Regatas, organizando-se então o primeiro club deste gênero no Rio de Janeiro, que teve o nome de - 'Rio Foot-ball Club. ' Quando o 'team do Rio' voltou e foi conhecedor da fondação daquelle club tratou immediatamente da fondação do Fluminense Football Club que, com muitas dificuldades no princípio, conseguiu rompe-las e collocar-se na vanguarda desse sport tão salutar. (apud LUCENA, 2000, p. 10-11).

Assim o futebol ganha as ruas, as praças as várzeas e não demora adquirir

popularidade e a identificação com o esporte foi tão intensa que a partir de meados

da década de 1920 atinge, de uma forma ou de outra, toda a população brasileira.

(DAOLIO, 1997).

Segundo Negreiros (1998, p.108) “até os anos 20 o futebol no Brasil ainda era

amador, alguns jogadores já recebiam para jogar, porém seu vínculo com os clubes

era por acordos, que na sua maioria não eram cumpridos, pois não havia nenhuma

legislação esportiva”.

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A crescente paixão do torcedor por seus times, as cobranças de melhores

resultados nos jogos e a necessidade de manter seus bons jogadores nos elencos

das equipes, fizeram com que o futebol semiprofissional dos anos de 1920 atingisse

o profissionalismo que teve sua efetivação por completo em 1933.

Nesta data, 1930, o futebol já era esporte nacional, o Brasil havia participado

da Copa do Mundo de 1930 no Uruguai, e a paixão por este esporte tomava conta

da população; com o passar dos anos nossa Seleção colecionou decepções e

alegrias nas copas do mundo que participou; sendo campeã mundial só em 1958.

Uma de suas maiores decepções, em 1950, mesmo jogando em casa e tendo como

palco o Maracanã, recém-inaugurado; amargou uma derrota de 2x1 para o Uruguai,

silenciando uma nação inteira.

Figura 2: Copa do Mundo de 1950 – Uruguai Campeão

Fonte: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=792&evento=5

Atualmente sabe-se que a derrota para o Uruguai, naquela ocasião, nem de

longe se compara ao péssimo resultado da Seleção Brasileira na Copa do Mundo

deste ano, 2014; frente à Seleção da Alemanha, nossa Seleção jogando novamente

em casa, saiu derrotada pelo placar de 7x1. No entanto, o nosso interesse não está

na história das copas do mundo de futebol, ou como foram as participações de

nossa seleção, mas sim tentar buscar explicação a essa paixão que move multidões

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para os estádios e faz parar o país em dia de jogo da Seleção Brasileira. Ou seja,

tentar responder o porquê o brasileiro é tão apaixonado e identifica-se tanto com o

futebol?

Segundo Daolio (1997) esta é uma discussão que não se encerra facilmente,

mas parece haver uma relação das exigências do futebol com as características

socioculturais do povo brasileiro; diz o autor que isso pode ser explicado através de

quatro pontos, a saber:

O primeiro é a igualdade de condições na prática do futebol; ou seja, muito

difícil uma equipe entrar em campo sem esperanças da vitória; Segundo ponto, o

futebol é jogado com os pés e por questões culturais o brasileiro tem facilidade com

atividades as quais faz uso dos pés; usa os pés na capoeira, tem samba no pé, etc.;

Terceiro, a malandragem do brasileiro, sua ginga, seu jeito esperto de ser, são

exigências que a vida lhe confere e passa por uma questão de sobrevivência, numa

sociedade tão desigual. O quarto ponto, é que o futebol mesmo sendo um esporte

coletivo, valoriza a jogada individual e o brasileiro tem essa facilidade, sobretudo o

espírito de superação.

Daolio (1997) admite ainda, que existam outros pontos que podem ser

considerados, na tentativa de explicar a paixão do brasileiro pelo futebol; mas

conclui que o futebol não é um simples esporte com suas regras técnicas e táticas,

ele é expressão cultural do povo brasileiro.

2.7. O futebol no Brasil e seu papel civilizador

Parece relevante fazer algumas considerações sobre o contexto histórico e

social, que possibilitou ao futebol, um esporte nascido na Inglaterra, ter chegado ao

Brasil e adquirido tão rápida aceitação, tornando-se esporte nacional.

O Brasil passava por uma nova fase no seu desenvolvimento social, político e

econômico: marcado pela abolição da escravatura, chegada dos primeiros

imigrantes europeus e Proclamação da República. Estes fatos levam a uma

mudança na figuração da cidade da corte que marca a segunda metade do século

XIX. A vida mais sofisticada tinha novas exigências; segundo Lucena (2000) o

acesso aos bens de consumo, meios de transporte, casas mais bem construídas e

passatempos mais comedidos eram componentes dessa nova forma de viver.

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Figura 3: Rio antigo - exposição nacional (1908)

Fonte: http://bndigital.bn.br/

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=872&evento=4

As mudanças impulsionam a modernização nas cidades e os novos hábitos

marcam a vida do cidadão da corte provocando transformações sociais. No

passatempo os esportes modernos, tidos como práticas civilizadas significam formas

menos violentas de ocupação do tempo livre, contrapondo aos jogos tradicionais.

Ao analisar o texto de Lucena (2000) pode-se observar a importância que se

dava aos esportes no processo de transformação da vida nas cidades brasileiras. No

esporte, considerado como um produto para a elite, só poderia galgar seu espaço

nestas atividades aqueles que fossem educados dentro de certos preceitos aceitos

pela classe dominante da época como podemos constatar nas palavras do autor

(...) esporte se caracteriza como uma ação "nova" e própria de uma sociedade em transformação. É considerado, pelas elites, como uma prática "civilizada", por isso educada e educativa, em contraposição aos jogos tradicionais vistos como parte de uma sociedade colonial e arcaica, fonte de emergência de atitudes rudes e primitivas. (LUCENA, 2000, p. 13).

Nota-se que não bastava enaltecer as qualidades da prática esportiva como

sendo moderna e civilizada, adequada como os novos hábitos da vida moderna num

contexto social em transformação; também se fazia necessário desconsiderar

valores que pudessem ter relação com a sociedade colonial. Assim a elite

considerava os jogos tradicionais como sendo arcaicos, rudes, primitivos, enquanto

o esporte era considerado civilizado.

No Brasil o futebol começa sendo praticado em clubes fechados, pelos moços

bem nascidos da aristocracia rural e da burguesia, do mesmo modo que ocorrera na

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Inglaterra nas Public Schools. (DUNNING, 2001). Mas não demora ganha o gosto da

população, seguindo o que ocorreu com as regatas, passa a mobilizar multidões

para assistir e reivindicar seu direito de praticar.

Segundo Lucena (2000) como uma febre, o futebol, invade a cidade e adquire

o poder de unir os diferentes e extrair destes as mais variadas emoções, que até

então só se viria em recintos fechados, entre familiares ou grupos de amigos. Isso

se dá pelo resultado da materialização de ações como “educação e autocontrole”, o

cidadão civilizado deve saber se comportar conforme novas exigências que a vida

moderna lhe confere.

Desta forma, é na vivência no futebol, seja como espectador ou como

praticante, que a nova concepção de homem moderno vai se constituindo e, na

medida em que as exigências do novo esporte vão regular sua participação através

de um novo padrão de comportamento desejado, as mudanças pessoais irão

provocar transformação da sociedade uma vez que a sociedade se configura através

da inter-relação desses mesmos sujeitos.

Assim, os membros da classe social brasileira mais pobre, sendo

principalmente, os ex-escravos e os imigrantes recém-chegados da Europa,

buscaram se estabelecer enquanto cidadãos reivindicando seu direito de

participação no futebol. No entanto, se a aceitação do imigrante Europeu foi mais

tranquila, a aceitação do jogador negro nos clubes de brancos não aconteceu sem

resistência ou sem explicitar o preconceito racial presente na sociedade brasileira.

Após a leitura dos textos, foi proposto que os estudantes respondessem a

algumas questões:

Segundo os textos, quais fatos históricos marcam as mudanças na figuração das cidades

brasileiras na segunda metade do século XIX?

Que importância teve os esportes modernos na formação das cidades e quais as principais

mudanças que ocorreu nas vidas das pessoas?

Como foi a chegada do futebol ao Brasil?

Quem foram os primeiros brasileiros a praticar o futebol no Brasil?

Como foi a popularização do Futebol no Brasil?

Estas questões tiveram o propósito de orientar a reflexão e discussão sobre

os temas que são tratados nestes dois textos.

Outro ponto importante na discussão do futebol no Brasil é o racismo que se

revelou presente neste esporte, com muita frequência nos primeiros anos de sua

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prática no país, diminuindo com o passar do tempo, porém, mesmo na atualidade,

não totalmente resolvido.

Podemos concluir que a luta do negro em conquistar seu espaço no futebol, é

também sua luta pelas demais conquistas por seu espaço na sociedade. No dizer de

Daolio (1997, p. 112). “Através do futebol é possível ver, analisar e, talvez,

compreender melhor a sociedade brasileira”.

Assim como os negros tiveram dificuldades para serem aceitos no futebol, por

conta da discriminação racial, do mesmo modo as mulheres tiveram e, ainda

encontram dificuldades para serem aceitas no futebol pelo machismo que se revela

através deste esporte.

2.7. A mulher e o futebol no Brasil

Durante os primeiros anos da prática do futebol no Brasil as mulheres tiveram

notória presença e trânsito livre nos locais de competição que eram ambientes de

respeito. Também podiam participar de jogos. Segundo Lucena (2000) isso se deve

ao resultado da materialização de ações como “educação e autocontrole”, que

exigiam do cidadão civilizado um comportamento adequado à vida moderna.

Logo o futebol ganha popularidade, a mulher é afastada dos locais de sua

prática, sob alegação de que sua natureza frágil e recatada não eram condizentes

com o novo ambiente que se configurava. Com relação à presença da mulher em

campo, da mesma forma e sob a mesma alegação os médicos higienistas do início

do século XX trataram de contraindicar a prática esportiva para as mulheres.

No decorrer dos anos que seguem a história do futebol no Brasil, sob o

pretexto de prejudicar a integridade física da mulher; desta vez a partir da

concepção do pensamento eugênista, o que era contraindicação passa a ser

proibição na forma de lei, tendo em vista a ideia de que a participação da mulher nos

esportes poderia causar danos irreparáveis ao aparelho reprodutor feminino.

Como podemos observar na publicação de uma matéria do jornal “O

imparcial” do dia 10 de maio de 1940,

Ninguém no Rio de Janeiro – será mesmo somente aqui? – ignora o surto notável que teve o foot-ball feminino de alguns dias para cá. Clubs, ás pressas, eram organizados e jogados aos campos para enfrentar adversárias já treinadas com entrada paga! Porém, há males que vêem para bem. Um moralista – se não nos enganamos Sr. Fuzeira - resolveu por

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cobro á questão. Endereçou, há dias passados, uma carta-aberta ao Chefe da nação onde relatava os inconvenientes que existiam para o sexo fragil, desde que viessem praticar o foot-ball em constância. E, agora, o primeiro magistrado da Nação acaba de enviar o protesto ao ministro da Educação, sr. Gustavo Capanema para tomar as medidas que achar conveniente. Entretanto, apesar dos maiores esforços desenvolvidos, ainda não se conseguiu saber qual será a altitude que irá tomar o sr. Capanema. Parece, todavia, que extinguirá o foot-ball feminino. Isto acontecendo, terá dado S. Ex. provas cathegoricas que zela pelo reerguimento da raça, impedindo a pratica de sports prohibidos, em todo o universo, pelas maiores sumidades médicas (apud LESSA, 2003, p. 41).

Segundo Moura (2003) no ano seguinte, 1941 o Presidente Getúlio Vargas

(Presidente do Brasil por dois períodos, o primeiro de 1930 a 1945; o segundo

período de 1951 a 1954) cria uma legislação esportiva baixando normas para

“‘desenvolvimento’ e ‘enquadramento saudável’ das práticas físico-esportivas

vivenciadas pelas mulheres. Com isso, de maneira legal, veio às proibições de

algumas práticas ‘não condizentes’ para o corpo feminino. Dentre essas, estava a

prática do futebol”.

Essa proibição constava no artigo 54 do Decreto Lei de nº 3.199, que foi

regulamentado pela deliberação nº 7/65 e que ficou em vigor segundo Lessa até o

ano de 1979.

Atualmente o futebol feminino no Brasil tem conseguido bons resultados em

competições internacionais como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos

Olímpicos. Porém ainda enfrenta muitas dificuldades, seja na falta de incentivo, seja

na questão do preconceito.

Podemos observar que a história do futebol feminino, com sua prática tardia,

confunde-se com a demora em que as meninas iniciam-se no futebol. Mesmo que já

se perceba meninas em escolinhas de futebol ou projetos esportivos nas escolas,

elas começam mais tarde e são em número muito reduzido em relação a

participação dos meninos.

Diante deste texto foram propostas algumas atividades para abordar a

questão de gênero no futebol. E, além do texto os estudantes assistiram ao vídeo, “A

história do futebol feminino até 1992”.

Esse vídeo mostra o futebol desde as primeiras equipes femininas do Norte

da Inglaterra, assim como de outras equipes da Europa, e que mais tarde, a

exemplo do que aconteceu no Brasil, também sofreram a proibição da prática do

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futebol. O vídeo mostra o Primeiro Mundial de Seleções em 1991 na China, e segue

com as conquistas da mulher por seu espaço no futebol (ou através dele).

As reflexões geradas pelo texto e o vídeo foram orientadas pelas seguintes

questões:

As dificuldades enfrentadas pelas mulheres, que pudemos observar no vídeo e no texto, que

dizem respeito à prática esportiva, eram e são apenas dificuldades relacionadas à

discriminação nos esportes?

Em quais outros seguimentos sociais a mulher sofreu e ainda sofre discriminação?

E na escola, como são tratadas as meninas? Tanto em relação à prática esportiva como em

outras atividades da escola?

Outra atividade realizada, que abordou a questão de gênero foi uma

entrevista com as mulheres que trabalham na escola.

Questões para entrevista:

Você acha que futebol é coisa de homem?

Você já se sentiu discriminada, em algum momento, por ser mulher? Comentar.

Você já deixou de fazer alguma coisa que quisesse muito, só por que se costuma dizer que

isto não é coisa de mulher?

Seu esposo (companheiro), assim como você também trabalha fora? Quando estão em casa

quem faz o trabalho doméstico? Comentar.

Você acha que o espaço da mulher no mercado de trabalho foi uma conquista importante?

Você acredita que houve mudanças sociais, em relação à valorização da mulher se comparar

a época de nossos avôs com a atualidade?

O resultado das entrevistas gerou discussão com a turma em sala. O que se

observou foi que o nível de estudo das mulheres interferem no tratamento dado a

elas. Da mesma forma, observou-se que nos relatos das mulheres mais jovens, as

responsabilidades domésticas são compartilhadas com seus parceiros.

No decorrer dos trabalhos, a fim de continuar oferecendo subsídios aos

estudantes para uma ampliação do conhecimento sobre o futebol e possibilitar uma

melhor compreensão sobre a importância do esporte na sociedade brasileira; tornou-

se necessário abordar o futebol a partir da sociologia crítica dos esportes.

2.9. Algumas reflexões sociológicas sobre o futebol

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A partir da crítica de orientação Frankfurteana6, Bracht (1997) revela que o

esporte tem a função de desviar a atenção e atenuar as tensões sociais, permitindo

assim, compensação para as condições de vida, diante das frustrações do trabalho

alienado e das condições de moradia; canalizando para agir com agressividade, não

contra as causas dessas frustrações, mas no contexto das práticas esportivas.

O esporte teria ainda o conteúdo ideológico que postularia a igualdade de

chances, que corresponderia às presumíveis chances na sociedade, sendo que o

intensivo engajamento no esporte provocaria o desinteresse político.

Um dos pontos fundamentais do trabalho de Bracht (1997), ao formular a

crítica da sociologia do esporte, é trazer à discussão, nas palavras de Marilena

Chauí, o conceito de hegemonia Gramsciana conceito este que inclui o papel da

cultura como processo social e o conceito de ideologia em seus sistemas de

representação.

Através desse conceito de hegemonia pode-se entender o esporte sob dois

aspectos, enquanto elemento de dominação e como elemento de resistência cultural

e política. Em meio a essa estrutura dinâmica de inter-relação surge outro conceito

Gramsciano, o da contra hegemonia.

Para entender como esse processo hegemônico acontece no Brasil é

necessário observar a dinâmica de produção e consumo de cultura, considerando o

processo que acontece a partir de dois movimentos que se opõem (OLIVEN, 1983

apud BRACHT, 1997), sendo o primeiro quando a classe dominante se apropria

reelabora e transforma em símbolos nacionais as culturas originalmente populares e

que em determinado período foi reprimida (Ex. Samba, música sertaneja, capoeira,

etc.).

Já no segundo movimento acontece o contrário, as classes populares se

apropriam, reelaboram e transformam em símbolos nacionais conferindo-lhe uma

marca de distinção. O Futebol é um exemplo clássico desse movimento de

ressignificação e apropriação pelas classes populares da cultura da classe

dominante, transformando-se num símbolo nacional.

Segundo Damatta (1982, apud DAOLIO, 1997) essa compreensão sobre o

papel do futebol teve uma maior repercussão nos anos setenta, diante do contexto

6 Teóricos da chamada Escola de Frankfurt: Herbert Marcuse, Theodor Adorno, Max Horkheimer e

Jungen Habermas.

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político em que a repressão militar figurava no Brasil, onde uma facção política de

esquerda acusava o governo militar de fazer uso do resultado positivo obtido pela

Seleção brasileira de futebol na Copa de 70, com o objetivo de enganar e distrair a

população.

Figura 4: Presidente Médici e a Seleção Brasileira Campeã em 1970.

Fonte: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=872&evento=4

Esses grupos de esquerda não estavam completamente enganados, pode ter

existido essa intenção política, como podemos observar em outros períodos da

nossa história. Porém, nota-se um duplo equívoco, por parte de quem tentou fazer

uso utilitarista do futebol e, por parte de quem acusou essa tentativa. Pois, não é

possível compreender esporte e sociedade como se o primeiro fosse prejudicial ao

segundo. Nem tampouco reduzir a concepção de futebol à atividade menos séria em

comparação com outras atividades; como a economia, a guerra, etc.

Na sua coluna (Jornal do Brasil, 4-07-81), João Saldanha (1981, apud

GONÇALVES, 1985, p. 27), escreveu:

A tese ou teoria de que os espetáculos de futebol atenuam as crises políticas ou econômicas é falsa. É errada. Fosse assim e o Império Romano, com seu circo, estaria de pé. Dava grandes espetáculos. Mussolini, que ganhou duas Copas (34 e 38), não teria o fim que teve. O senhor Heleno Nunes fortaleceu a ARENA com os seus clubes e o resultado das eleições de 74 foi uma clamorosa derrota.

Exemplos mais recentes; em 1998 na Copa do Mundo da França, a frustração

do povo brasileiro diante da derrota, na final contra os “donos da casa” não fez com

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que o então presidente, Fernando Henrique Cardoso7, tivesse dificuldades para se

reeleger. Quatro anos mais tarde, diante da euforia da conquista do penta

campeonato mundial na Coréia, com recepção e homenagem aos jogadores e

comissão técnica em Brasília, o mesmo presidente FHC não conseguiu fazer seu

sucessor.

Outro fato importante que recebeu destaque em todos os meios de

comunicação foi que em plena Copa das Confederações de 2013 que aconteceu no

Brasil, no dia 06 de junho um grupo de manifestantes reuniu-se na Avenida Paulista

para protestar contra o aumento de tarifa do transporte coletivo. A repressão policial

agiu ostensivamente como no pior da “repressão do regime militar”; porém o

movimento tomou força e o crescente engajamento da população levou milhares de

pessoas às ruas.

O movimento se estendeu para as principais cidades do país, transformando-

se num ato de protesto pacífico e apartidário, chamando a atenção para vários

problemas na área da saúde, da educação, segurança, combate a corrupção, etc.,

pois o que não falta no Brasil é motivo para protestar. O protesto iniciado em São

Paulo, contra o aumento da tarifa do transporte público foi apenas o estopim do

movimento.

No dia 19 de junho do mesmo ano, dia do jogo da Seleção Brasileira contra a

Seleção Mexicana, os torcedores estenderam para o interior do estádio suas

reivindicações na forma de cartazes. Logo após o jogo, o Governador de São Paulo

Geraldo Alckmin e o Prefeito da capital paulista Fernando Haddad, em entrevista

coletiva anunciaram a diminuição das tarifas do transporte coletivo.

No Rio de Janeiro o Prefeito Eduardo Paes anunciou simultaneamente a

revogação das tarifas da capital carioca. No dia seguinte, os meios de comunicação

divulgaram que havia cerca de 350 mil pessoas na Avenida Paulista para

comemorarem a conquista. Nesse dia estima-se que as manifestações reuniram

cerca de um milhão de pessoas em mais de cem cidades do país. No dia 21 de

junho, a presidenta Dilma Rousseff8 convocou seu ministério para discutir os

episódios. A classe política brasileira ficou perplexa. A imprensa mundial demorou

7 Fernando Henrique Cardoso: presidente do Brasil por dois mandatos, o primeiro no período de 1995

a 1998 e, reeleito para o segundo mandato de 1999 a 2002. 8 Dilma Vana Rousseff: Presidenta do Brasil, mandato 2011 a 2014.

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entender. E a respeito ao que se pensava sobre o futebol, como instrumento de

manipulação e desvio da atenção popular, tudo indica ser falsa; pois estávamos em

meio a um importante evento mundial de futebol e o povo não teria nenhum “motivo

para protestos”, nossa Seleção ainda não havia perdido.

Isso nos mostra que não é possível querer entender o futebol de forma

reduzida. Para compreender esse esporte, principalmente, no que representa para o

povo brasileiro, é necessário uma análise mais profunda. Faz parte dessa análise,

entender as razões que levam os chefes de estado a investir tanto nos esportes e

estar sempre querendo aparecer ao lado dos esportistas de sucesso.

O que leva a aproximação dos políticos ao esporte de alto rendimento é o

papel que este representa no reforço do comportamento nacionalista, principalmente

o futebol para os brasileiros. Justificando, além dessa aproximação nos momentos

de comemoração esportiva, também os investimentos do estado, sobretudo, na

forma de incentivos fiscais nos esportes.

De forma simples, podemos ressaltar que os países em desenvolvimento,

absorveram dos países centrais, tanto capitalistas como socialistas duas ideias que

direcionam as ações governamentais sobre o esporte: a primeira é o esporte como

instrumento de afirmação política internacional; a outra, como prática esportiva, pela

grande massa da população, como fator importante para o bem estar social

(promoção da saúde) (BRACHT, 1997).

As práticas esportivas para o bem estar social e promoção da saúde

compreendem os esportes informais, que acontecem em clubes, praças, academias,

etc.

Aquelas práticas, que correspondem ao esporte alto rendimento e, configuram

como afirmação política internacional, além do incentivo na estrutura esportiva

profissional, o estado intervém na construção e manutenção de um sistema

integrado baseado na ideia de pirâmide esportiva. Aqui podemos citar as escolinhas

esportivas, mantidas na grande maioria pelas prefeituras municipais, através de

convênios com clubes profissionais ou com programas ligados ao ministério dos

esportes, esse último também mantém programas esportivos nas unidades

escolares. Lembrando que os programas de incentivo a prática esportiva mantida

pelo poder público, tem como principal objetivo a inclusão social.

Podemos citar como componente dessa pirâmide esportiva o tratamento dado

ao esporte nas aulas de Educação Física; muito embora, o esporte na escola, há

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décadas vem sendo discutido e novas propostas pedagógicas já podem ser

observadas. Como podemos notar neste trabalho que aqui se propõem.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante toda a implementação, foi possível perceber nos estudantes,

momentos de maior e de menor apropriação do conhecimento relativo ao conteúdo

trabalhado. Entre as atividades que fizeram parte da proposta desse trabalho, como

já se esperava, as atividades práticas despertaram maior interesse nos estudantes.

A utilização do pré-teste e o trabalho que resultou nos vídeos curtas

metragens foram importantes para diagnosticar o nível de conhecimento em que a

turma se encontrava e, conhecer um pouco da realidade e experiências dos

estudantes no futebol.

Em meio à implementação, tivemos o GTR, no qual houve uma discussão,

com um pequeno grupo de professores da rede estadual de educação do Paraná.

Nos fóruns de discussão, vários participantes admitiram que o material didático era

de fácil aplicação, porém, foram quase unânimes em afirmar a necessidade de

adaptações as suas realidades escolares, o que é perfeitamente aceitável.

No entanto, no GTR, teve quem dissesse que os textos contidos na Unidade

Didática, tinham um nível muito elevado para o ensino médio. E foi exatamente isso

que percebi nas atividades em que os textos foram referências para as discussões.

Penso que, conhecendo meus alunos, se tivesse aplicado o mesmo material à

terceira série do ensino médio, teria obtido melhor resultado. Porém, o resultado não

foi inteiramente insatisfatório, foi possível perceber em várias questões um avanço

na compreensão do futebol e seu papel social.

Essa compreensão foi auxiliada pelos vídeos que fizeram parte das atividades

durante várias etapas da implementação. Sabe-se que os recursos audiovisuais são

ferramentas muito importantes para a aprendizagem, qualquer que seja o conteúdo

estudado.

Quando tratamos das questões técnicas e táticas do futebol, os jogos

populares tiveram um papel relevante nesse trabalho. Os estudantes gostaram de

relembrar alguns jogos como rebatida, bobinho, etc. e gostaram de conhecer outros

como gol de cabeça, controlinho, futebol de tampinhas, etc.

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Uma das atividades que fez parte da fase conclusiva da implementação, foi o

pós-teste. Realizado no dia 26 de junho às 10:15h, estavam presentes apenas 28

dos 35 estudantes que compõem a turma. Mesmo que esse fato pudesse influenciar

no resultado, foi possível observar que em várias questões obteve-se um maior

número de acertos e o resultado pode-se observar no gráfico a seguir.

Gráfico comparativo – Fase inicial e conclusiva da implementação do Material Didático.

Pode-se notar que apenas nas questões 5, 7 e 14 o número de acertos do

pós-teste foi inferior ao obtido no pré-teste, porém se analisado em percentuais, na

questão 14, 60% dos estudantes responderam corretamente em comparação aos

54% do teste anterior. Na questão 12 manteve-se o mesmo número de alunos que

acertaram a questão, e em todas as demais, observou-se que melhorou

consideravelmente o resultado do teste.

De modo geral, pode-se afirmar que houve um aprendizado significativo do

conteúdo trabalhado na Unidade Didática.

Finalmente, para concluir o trabalho de implementação, analisamos o

resultado do pós-teste e discutimos com a turma sobre as dificuldades encontradas

e os resultados alcançados.

4. REFERÊNCIAS

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290 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

5

10

15

20

25

30

Pré-Teste

Pós-Teste

Questões

de

ac

ert

os

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