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OS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Claudio Murilo Macedo1

Alderenik Antonio de Oliveira2

Resumo. O presente estudo tem como objetivo investigar o desenvolvimento de uma prática de ensino que proporcione a vivência e o aprendizado das habilidades específicas na modalidade do Basquetebol por meio dos jogos pré-desportivos, além de diagnosticar a relevância do tema, suas possíveis dificuldades, implicações, e aceitação dos alunos no desenvolvimento desta prática durante as aulas, e assim buscar respostas acerca do processo ensino aprendizagem do esporte. Classifica-se como uma pesquisa descritiva quanto aos seus objetivos e caracteriza-se quanto ao tipo de delineamento como pesquisa-ação. Desenvolveu-se com os alunos do 6º ano, utilizando de um material didático, que elencou diversas atividades envolvendo os jogos pré-desportivos como instrumento pedagógico. A coleta de dados ocorreu por meio da observação participante, devidamente registrado em um diário de bordo, para posterior análise qualitativa. As experiências vivenciadas pelos alunos demonstraram o envolvimento e a motivação dos mesmos durante as práticas, contribuindo para a vivência das habilidades específicas e estimulando os alunos a resolver situações decorrentes das ações do jogo, resultando em uma evolução de seu aprendizado. Palavras-chave: Basquetebol. Jogos pré-desportivos. Habilidades específicas.

1 INTRODUÇÃOA educação física escolar em seu propósito de desenvolver o aprendizado de

diversas manifestações esportivas busca métodos que viabilizem uma prática que

traga efeitos positivos no processo de aprendizagem. No entanto o que podemos

observar é que dificuldades são encontradas no sentido de proporcionar ao aluno o

real entendimento do conteúdo esporte, mais especificamente, referindo-se aos

fundamentos específicos de cada modalidade, concretizando assim, a fase do

aprendizado das habilidades específicas.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE),

prevêem que os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, conheçam os esportes

desde sua origem até vivenciar seus movimentos básicos por meio de atividades

pré-desportivas, que promovam o aprendizado dos fundamentos básicos e possíveis

adaptações nas regras, atendendo as expectativas curriculares da disciplina de

Educação Física, na qual a modalidade do basquetebol está inserida como conteúdo

específico.

1Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Pós Graduado em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício pelo Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV.

2Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO. Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.

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Porém observamos que nesse período de iniciação desportiva, em específico

na modalidade do basquetebol, que em geral acontece no 6º ano do ensino

fundamental II, em virtude da não vivência nos anos anteriores, os alunos

apresentam entusiasmo por parte de alguns e resistência por outros, seja pela nova

experiência a que serão expostos ou por insegurança em desenvolver tal

modalidade, havendo a necessidade de uma proposta pedagógica eficiente para

despertar o interesse pela modalidade e a motivação da prática do desporto.

Portanto os jogos pré-desportivos poderão contribuir nesse processo, sendo

um instrumento facilitador da aprendizagem e das habilidades específicas na

modalidade do basquetebol, já que essa atividade é dotada de caráter lúdico,

podendo despertar no aluno a motivação e o prazer em realizar a atividade, porém

sem esquecer o desenvolvimento e aprendizado das habilidades específicas que

proporcionam ao aluno o entendimento do como fazer determinada ação particular

de cada modalidade, mas sem o compromisso da automatização do movimento.

Entretanto alguns questionamentos são oportunos, pois envolvem situações

curiosas que merecem ser investigados e discutidos perante a classe de

profissionais, já que por meio de muitos estudos tem se verificado vários aspectos

positivos com relação aos jogos, e mais especificamente os jogos pré-desportivos no

ambiente escolar.

Tais questionamentos nos remetem a elaboração de algumas perguntas,

como: Por que os jogos pré-desportivos não são utilizados no processo ensino

aprendizagem durante as aulas de Educação Física para alunos do 6º anos? Qual a

relevância dos jogos pré-desportivos para o aprendizado das habilidades específicas

do desporto basquetebol de alunos do 6º ano?

Desse modo esta investigação objetiva-se verificar o aprendizado das

habilidades específicas na modalidade do basquetebol por meio de um programa de

intervenção dentro do ambiente escolar que se utilize dos jogos pré-desportivos

como instrumento pedagógico, assim como identificar a aceitação dos alunos

perante essa atividade, fomentar a discussão sobre a relevância do tema, assim

como diagnosticar possíveis dificuldades encontradas para realização dessa

atividade.

Os objetivos propostos nos leva para a discussão e reflexão acompanhada

com uma análise das referidas questões. As mesmas poderão ajudar a identificar

possíveis dificuldades encontradas pelos professores no trabalho do dia a dia, assim

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como buscar soluções a fim de superá-las, proporcionando ao aluno uma evolução

em seu aprendizado, tornando a prática da Educação Física eficiente e prazerosa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICAO esporte enquanto conteúdo estruturante da disciplina de Educação Física

está entre as atividades que historicamente são desenvolvidas durante as aulas.

Entretanto é necessário discutir e rever as formas de abordagem do esporte na

escola a fim de promover o aprendizado eficiente, prazeroso e motivante.

Em específico na modalidade do basquetebol vê-se a necessidade de uma

abordagem metodológica que propicie o conhecimento e entendimento do esporte.

Tal modalidade requer de seus praticantes múltiplas competências tais como

o domínio de estratégia de jogo, as habilidades motoras básicas e específicas, a

combinação de capacidades físicas, e tomadas de decisão, sendo uma modalidade

complexa e dinâmica que exige de seus praticantes o domínio de sua lógica técnico-

tática (FERREIRA, 2009 apud GALATTI et al, 2013).

Dessa forma faz-se necessário uma abordagem que permita ao aluno o

aprendizado do esporte levando em consideração essas características,

promovendo um aprendizado completo e que insira o aluno no contexto do jogo.

2.1 ABORDAGENS METODOLÓGICASA busca por novos métodos que promovam o aprendizado do esporte

melhorando a qualidade do ensino são investigadas e discutidas, a fim de propor

uma aprendizagem eficiente e menos excludente.

Entretanto o ensino tradicional permaneceu durante alguns anos como uma

metodologia dominante dentro do ambiente escolar, sendo que de acordo com

Mesquita (2006) apud Mesquita; Pereira; Graça (2009) está representada pelo

ensino das habilidades técnicas descontextualizadas, como também do ensino do

jogo formal.

Esta prática embora muito difundida entre os profissionais de educação física,

mas que segundo Paes (2001) apud Reverdito; Scaglia (2009) são práticas

esportivizadas que não contribuem para a aquisição de um novo conhecimento, pois

estão pautadas no ensino do gesto técnico de determinada modalidade de forma

limitadora e estereotipada. Rovegno (1995) apud Mesquita; Pereira; Graça; (2009)

destacam ainda que o ensino das habilidades técnicas era descontextualizado do

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jogo, exercidas dentro de uma perspectiva mecanicista e desprovido de

intencionalidade.

Dessa forma observa-se que esta prática contribuía muito pouco para com o

aprendizado dos alunos, limitando os mesmo e provocando insatisfação em realizar

tal atividade.

Scaglia (2014) destaca não ser um problema a utilização do método

tradicional, porém não deve ocorrer sem o entendimento das bases teóricas que

desencadeia as ações e intenções. Desse modo o ensino do esporte de forma

fragmentada e descontextualizado do jogo além de desencadear a desmotivação

dos alunos principalmente dos menos habilidosos, limitam seu aprendizado ficando

os mesmos reféns de um movimento pré-estabelecido, sem estimular no aluno a

capacidade de resolver situações problema.

Scaglia (2014) ressalta ainda que o ensino por meio desse método, os alunos

identificam os gestos técnicos, porém tem dificuldade em desenvolver a leitura tática

do jogo, ficando dependentes do professor ou treinador para indicar suas tomadas

de decisões.

Dessa forma outros métodos de ensino são discutidos na literatura de

maneira que possa compensar a ineficiência do método tradicional tornando o

ensino mais completo. Para Tavares (2013) o ensino da compreensão do jogo

ganha cada vez mais adeptos em virtude de privilegiar o domínio da tática e de sua

interação com a técnica promovendo o conhecimento, a compreensão, tomada de

decisão e a capacidade de ação em situação de jogo. Dessa forma o ensino dos

esportes coletivos segundo Graça (2002) apud Tavares (2013) apontam para

perspectivas de ensino construtivistas e cognitivistas.

Nesse contexto Mesquita; Pereira; Graça, (2009), destacam o Teaching

Games for Undestanding (BUNKER; THORPE, 1982) O Tactical Games (MITCHELL

et al 2006), e o Play Practice (LAUNDER, 2001) nesses métodos Griffin et al (2003);

Hopper (2002); Light (2005;2008) Mesquita et al (2005); Nevett et al (2001) apud

Mesquita; Pereira; Graça, (2009), enfatizam as tomadas de decisões e a capacidade

de intervenção em situações decorrentes de problemas impostos pelo jogo, sendo

que o desenvolvimento da técnica é inserido no ensino da tática que dá sentido e

significado na aplicação das habilidades técnicas.

Portanto, o aprendizado das habilidades específicas de determinada

modalidade está condicionada ao desenvolvimento de situações decorrentes das

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ações do jogo, dando condições de o aluno perceber a eficiência de um gesto

esportivo ou a melhor ação a ser desenvolvida em decorrência do desenvolvimento

do jogo.“O Modelo de Ensino do Jogo para a Compreensão ao ser pioneiro na mudança de paradigma conceptual, faz transitar a relevância do domínio das habilidades técnicas na capacidade para jogar, para o enfoque na compreensão e tomada de decisão. Importa destacar que o modelo não nega a necessidade do ensino da técnica, apenas reclama que o seu desenvolvimento seja posterior à compreensão das situações correntes do jogo pelo reforço da comportamento intencional, reconhecendo o caráter situado das habilidades e do seu uso estratégico” (GRAÇA; MESQUITA, 2009 apud MESQUITA; PEREIRA; GRAÇA, 2009 p945).

Sendo assim o ensino da técnica não deixa de ser parte integrante e de

grande relevância dentro do processo de aprendizagem do esporte, porém a forma

na qual é conduzida esse processo de ensino aprendizagem é que pode determinar

o sucesso da aprendizagem e atingir os objetivos da educação física no ambiente

escolar, facilitando o aprendizado e inserindo o aluno dentro do contexto do jogo, de

forma que o mesmo tenha condições de desenvolver de forma satisfatória os

objetivos do jogo.

De acordo com Rezer (2013 p139) “Nessa direção, este período escolar deve

possibilitar condições objetivas para jogar bem e sentir-se bem, tanto como sujeito,

como parte integrante de um coletivo que joga.”

Tavares (2013) ressalta a relevância desses modelos de ensino,

principalmente na utilização e aplicação na fase de iniciação esportiva, devido à

reflexão da prática, a relação do que se está aprendendo com o conhecido, e assim

promovendo a autonomia do jogador diante da avaliação de determinado meio

empregado a fim de atingir o objetivo em cada situação da prática.

Destaca-se também o método situacional-cognitivo que segundo Greco

(1998), Greco; Chaves (1992) apud Corrêa, Silva, Paroli (2004), caracteriza-se por

uma situação de jogo semi estruturada, onde determinadas jogadas básicas são

extraídas de um jogo, envolvidas por ações coletivas e individuais. Para Greco

(1998) apud Corrêa, Silva, Paroli (2004), por meio destas estruturas funcionais

possibilitam a vivência de situações próximas do jogo, representadas pelo 1x1, 2x1,

2x2, 3x3 entre outras variações.

Diante dos modelos citandos anteriormente, suas características e elementos

que justificam práticas pedagógicas inovadoras, percebemos a inserção de

atividades que correspondam às necessidades expostas, portanto o jogo pode

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contribuir para tornar facilitada a aprendizagem na modalidade do basquetebol, e

consequentemente atendendo aos objetivos da disciplina de Educação Física.

2.2 OS JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDOSDesde o início da humanidade, o jogo parece estar inserido numa cultura

como prática competitiva ou lúdica, apresentando-se nas mais variadas formas de

manifestação cultural. Huizinga (1971) destaca que o jogo ultrapassa o limite físico

ou biológico, excedendo as necessidades da vida que dão sentido ao jogo.

Podemos observar em um grupo de crianças onde a prática lúdica é

desenvolvida, o seu entusiasmo durante a participação de um jogo, despreocupados

com questões físicas ou biológicas, mas inseridas em uma atividade que privilegia o

prazer, a brincadeira, a satisfação, exercendo ações que não se resumem a

movimentos perfeitos, mas que motivados por um objetivo, carregam por meio de

suas experiências, frustrações, medos e expectativas no sentido de superar as

dificuldades, mas, sobretudo o puro e simples prazer do brincar, consequência do

envolvimento em uma atividade que proporcione a sua interação em igualdade de

condições e satisfação, por isso torna-se algo fascinante e capaz de envolver o ser

humano.

Dentro de uma dimensão cultural podemos observar que alguns jogos,

brincadeiras ou brinquedos fazem parte de determinadas manifestações culturais,

em que o jogo poderá sofrer adaptações de acordo com seus costumes ou modo de

vida, sendo modificados constantemente ao longo de sua evolução. Huizinga (1971)

destaca que o jogo não se transforma em cultura, mas que em algumas fases dessa

cultura possui um caráter lúdico, e que com isso se desenvolve de acordo com o

formato e o ambiente do jogo.

Um exemplo é a história de alguns dos esportes mais conhecidos e difundidos

nos dias de hoje, que nasceram de algumas necessidades, onde os mesmos foram

criados para atender uma necessidade dentro de um ambiente cultural, e evoluindo

ao longo dos anos, sendo o Basquetebol um exemplo disto.

Sendo assim o jogo possui características particulares, pois é marcado por

várias alternâncias de situações em que alguns elementos são atribuídos, aos quais

Huizinga; Caillois (1958) apud Kishimoto (1999 p24) referem-se: “a liberdade de

ação do jogador, a separação do jogo em limites de espaço e tempo, a incerteza que

predomina o caráter improdutivo de não criar nem bens nem riqueza e suas regras.”

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Diante dessas peculiaridades observadas no jogo, juntamente com suas

regras que impõe seus limites, destacam-se as diversificadas situações em que o

jogo poderá se desenvolver, assumindo uma característica particular, e assim

promovendo ações e reações pertinentes ao desenvolvimento, sendo capazes de

entusiasmar por meio de um desafio proposto ou de desmotivar de acordo com a

dinâmica em que se desenvolveu.

Essas características podem apresentar reflexos mais acentuados quando se

trata do jogo infantil, sendo que para Fromberg (1987), apud Kishimoto (1999), o

jogo infantil possui características relacionadas com as atitudes e realidade,

expressar experiências e fazer relação, incorporar motivos e interesses, subordinado

a regras implícitas ou explicitas e com objetivos desenvolvidos de forma espontânea.

Por isso o papel do professor como mediador da atividade é de grande

importância para o sucesso do que foi proposto, pois a intervenção desse

profissional em determinados momentos, criando situações que conduzam o

desenvolvimento do jogo de forma a coibir situações indesejadas, estimular as

tentativas e o reconhecimento espontâneo pela criança de qual atitude trará efeitos

mais promissores, gerando soluções pertinentes a tal problema.

Segundo Elkonin, (1998) atitudes que requerem ações humanas que não

demandam um trabalho árduo, mas que proporcionam prazer e diversão tem como

conceito o jogo. Portanto nessa perspectiva do brincar e da diversão, é onde se

confirma o aspecto lúdico, não podendo dissociar o jogo dessa característica lúdica,

dotado de um descompromisso com o desempenho ou das ações que levam ao

extremismo da perfeição, causando desconforto e desmotivação, mas sim

privilegiado as ações que tenham conotação com o prazer e a satisfação.

Entre as muitas possibilidades que o jogo proporciona a relação com as

atividades educativas parecem inevitáveis, pois com diversas características

inerentes ao jogo tornam o mesmo, com diversos pontos positivos que são

favoráveis para a aquisição de conhecimento utilizando-se dos jogos, Kishimoto

(1999), aborda algumas concepções que fazem relação com o jogo infantil e a

educação, destaca-se: a recreação; a utilização do jogo no sentido de favorecer o

ensino de conteúdos escolares, o diagnóstico da personalidade infantil e o recurso

para o ajuste do ensino às necessidades infantis.

Dessa maneira observa-se que o jogo ganha cada vez mais espaço em se

tratando de um instrumento capaz de transformar e auxiliar um processo de ensino,

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pois são capazes de juntar suas características peculiares citadas anteriormente às

necessidades referentes ao desenvolvimento infantil.

Desse modo Kishimoto (1999), relata que o desenvolvimento infantil, assim

como a aprendizagem através do jogo, está condicionado às múltiplas inteligências

da criança, que serão contempladas pelos exercícios das ações intencionais

representadas pela afetividade, pelas construções de representações mentais

referentes à cognição, a manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório

motoras, categorizadas no desenvolvimento físico e as trocas nas interações sociais.

Portanto o jogo é considerado uma brincadeira que exerce uma conduta

espontânea e livre da criança, formando assim uma junção entre as demais

características observadas, até atingir uma identificação com a atividade educativa,

ou seja, a partir de uma intencionalidade de um adulto, no caso o professor, com

base em determinados tipos de aprendizagem, no que se refere aos objetivos,

ocorre à transformação de uma situação lúdica numa dimensão educativa.

Porém segundo Ide (1999), o jogo não pode ser visto apenas como atividade

de divertimento ou brincadeira para desgaste de energia, pois favorece o

desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral, Para Piaget (1967) apud

Ide (1999) o jogo é responsável pela construção de conhecimento principalmente

nos períodos sensório-motor e pré-operatório.

Por isso que os jogos nas mais variadas possibilidades existentes assim

como o esporte, contribuem efetivamente no processo de construção do

conhecimento e desenvolvimento, seja no âmbito físico, cognitivo ou social e em

diferentes períodos da vida. Sendo assim o esporte também é considerado um

elemento facilitador no processo ensino aprendizagem e historicamente

desenvolvido e abordado durante as aulas de Educação Física.

2.3 DO JOGO AO JOGO PRÉ-DESPORTIVODiante das características que compõe o jogo associadas às inúmeras

situações na qual o jogo é constituído, permite-se que tal prática contribua

diretamente para o desenvolvimento e aprimoramento do esporte. Scaglia (1999 a-b;

2003) apud Reverdito (2009) refere-se ao jogo como facilitador, estimulador,

desafiador, fantasioso e reflexivo do ponto de vista do jogador.

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Porém o que ainda observamos é o ensino dessas habilidades em um

formato mais tradicional, onde ocorre o ensino da técnica fora do contexto do jogo

de forma antecipada, como pré-requisito para desenvolver o jogo.

Uma proposta pedagógica não deverá estar limitada aos aspectos

metodológicos ou somente ao conhecimento técnico-tático, devendo os mesmos

estar estabelecidos de forma equilibrada proporcionando uma ação educativa para

os alunos sem diminuir a importância desses conhecimentos. (PAES, 2002 apud

REVERDITO; SCAGLIA, 2009)

Portanto parece oportuno mencionar que os jogos proporcionam ao aluno um

entendimento e aprendizado dessas habilidades motoras sem, contudo fomentar

uma prática que priorize o desempenho no movimento, com conhecimento mínimo

para realização da atividade, sendo capaz de tornar o próprio aluno satisfeito com

sua atuação.

Nesse pensamento, os jogos pré-desportivos podem ser uma proposta

pedagógica que atenda a esses atributos, pois Paes (2001; 2002) apud Reverdito;

Scaglia (2009) defende o jogo possível, os jogos pré-desportivos, pequenos jogos e

ou brincadeiras, como ferramenta nesse processo, por apresentarem características

técnico-táticas e estrutura funcional comparável aos esportes coletivos.

Ferreira; De Rose (2010), Ferreira; Paes; Galatti (2005), Greco (1998), Paes;

Montagner; Ferreira (2009) apud Galatti et al (2013), destaca que os jogos pré-

desportivos caracterizam-se por apresentarem lógica técnico-tática dos jogos

esportivos, divisão em equipes, objetos que deverão ser manipulados em direção ao

alvo, espaço delimitado e regras pré-definidas.

Esses elementos próprios dos jogos pré-desportivos favorecem um ambiente

facilitador da aprendizagem, pois reúnem características próximas do desporto

permitindo a vivência de situações parecidas com a modalidade em especial,

contribuindo para o entendimento do esporte.

Freire (2003) apud Reverdito; Scaglia (2009) aponta o ensino das habilidades

integrado ao jogo, conforme as situações apresentadas no ambiente, sendo

necessária a adaptação de cada habilidade as características específicas do

esporte. Por isso essa adaptação dará condições do aluno perceber e entender, por

exemplo, a característica do passe ou do arremesso no Basquetebol que, por

exemplo, são diferentes do handebol, e executá-las de forma mais eficiente e

objetiva.

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Portanto a utilização dos jogos pré-desportivos nas aulas de Educação Física

pode ser um instrumento importante no processo do aprendizado de diversas

modalidades esportivas, podendo despertar no aluno a motivação e o prazer em

realizar a atividade, porém sem esquecer o desenvolvimento e aprendizado das

habilidades específicas que proporcionam ao aluno, o entendimento do como fazer

determinada ação particular de cada modalidade, mas sem o compromisso da

automatização do movimento.

Percebemos que os jogos pré-desportivos tornam-se uma proposta

metodológica com características que favorecem o desenvolvimento das habilidades

específicas do Basquetebol, para Ferreira; De Rose Jr (2003), o jogo pré-desportivo

permite a aquisição lenta e natural pelos alunos, das habilidades para a prática do

Basquetebol.

Ferreira; De Rose Jr (2003) destacam ainda que os jogos pré-desportivos

proporcionam entre outros aspectos o desenvolvimento da qualidade física, das

capacidades de adaptação social, além de promover o rendimento individual por

meio do rendimento coletivo.

Desse modo as exigências técnicas e táticas impostas pelo jogo pré-

desportivo, possibilitam ao aluno a vivência do gesto esportivo característico da

modalidade, e a construção de seu conhecimento por meio das situações que se

apresentam no desenvolvimento do jogo, buscando o aprimoramento e a resolução

de problemas de acordo com a necessidade percebida pelo aluno, resultando na

aprendizagem da modalidade.

Ferreira; De Rose Jr (2003) apontam ainda que jogos pré-desportivos

possibilitam ao professor de Educação Física atrelar os objetivos da disciplina ao

aprendizado da modalidade, destacando a: participação de um grande número de

alunos simultaneamente; a pouca exigência de material; possibilitar a participação

dos alunos sem a preocupação com seu nível técnico; motivação intrínseca;

possibilita o conhecimento das regras básicas; e promove o conhecimento da

mecânica do jogo. Coutinho (2001) ainda destaca que os jogos pré-desportivos são

excelentes para a prática dos fundamentos em fase de aprendizagem.

Essas características citadas são essenciais para um aprendizado consistente

que privilegia o entendimento do esporte procurando envolver o maior número de

alunos, em condições de igualdade, principalmente quando o foco desta atividade

concentra-se na iniciação esportiva.

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Outros aspectos devem ser levados em consideração, pois algumas

experiências estarão associadas às diversidades encontradas na escola, e em uma

sala de aula, onde existem alunos com diversas experiências, vindos de diferentes

regiões como a zona rural, a periferia entre outras, segundo Reverdito; Scaglia

(2009) na iniciação desportiva deve-se levar em consideração a historicidade

motora, social e cultural, partindo das experiências vivenciadas em seu meio

sociocultural.

Por isso os alunos oriundos de regiões diferentes, assim como os alunos que

são repetentes e conseqüentemente com idades diferentes, possuem experiências

diferenciadas que serão refletidas durante as aulas, ocasionando situações que

poderão gerar desconforto e até insegurança por parte de alguns alunos. Para Freire

(2003) apud Reverdito; Scaglia (2009), ensinar o esporte deverá ser orientado tanto

para os alunos que já jogam, proporcionando o aprimoramento da aprendizagem,

assim como para o aluno que não sabe jogar, estimulando o seu aprendizado

mínimo necessário para a prática do esporte.

Os jogos devem ser organizados partindo de regras simples tornando-se mais

complexas gradativamente assim como, podendo variar de um ou mais

fundamentos, ou após as aulas sobre um determinado fundamento, atuando como

agente motivador e também procurando colocar os fundamentos em situação

próxima ao jogo real. (FERREIRA; DE ROSE JR, 2003)

Esses elementos reunidos podem contribuir para a evolução no aprendizado

dos alunos, e em se tratando especificamente da modalidade do Basquetebol, em

que as intenções do ensino estejam voltadas para o ensino das habilidades de

arremessar, passar ou driblar a bola, os jogos pré-desportivos deverão ser mediados

pelo professor no sentido de indicar possíveis dificuldades, ou orientar sobre as

ações mais eficientes para determinadas circunstâncias, porém deixando o aluno à

vontade para descobrir, e vivenciar as situações expostas, formando seu próprio

conceito.

O papel do professor deverá garantir que esse processo se desenvolva,

atuando como um mediador da atividade, interagindo de acordo com as situações

apresentadas durante as atividades, pois para Scaglia (1999b) apud Reverdito;

Scaglia (2009), o professor é considerado o agente estimulador, propondo atividades

que estejam adequados ao nível de habilidade dos alunos, além de propor outras

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atividades que sejam desafiadoras provocando os alunos no sentido de que eles

próprios construírem de forma gradativa o seu conhecimento.

Apesar de os jogos pré-desportivos possuírem um caráter lúdico o mesmo

não dever ter a recreação como único objetivo, mas fomentar o desenvolvimento

físico, técnico e as demais atitudes positivas decorrentes das diversas situações que

ocorrem durante o jogo (FERREIRA; DE ROSE JR 2003).

Segundo Ide (1999), o jogo não pode ser visto apenas como atividade de

divertimento ou brincadeira para desgaste de energia, pois favorece o

desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. Daiuto (1971) também

destaca que os jogos pré-desportivos não devem ser desenvolvidos apenas com o

sentido de recreação, mas aproveitar o interesse por esses jogos para desenvolver e

aperfeiçoar as habilidades na execução dos fundamentos do basquete, por essa

razão os jogos pré-desportivos devem ter um objetivo definido.

Diante dos conceitos enumerados os jogos pré-desportivos se concretizam

como uma atividade facilitadora no processo de aquisição de conhecimento,

podendo contribuir positivamente para o aprendizado das habilidades específicas na

modalidade do Basquetebol.

3 METODOLOGIAA investigação em questão consiste em buscar possíveis respostas

relacionadas com o processo ensino aprendizagem dos esportes, mais

especificamente no basquetebol, envolvendo os jogos pré-desportivos como um

instrumento pedagógico. Classifica-se como uma pesquisa descritiva quanto aos

seus objetivos e caracteriza-se quanto ao tipo de delineamento como pesquisa-

ação, que segundo Gil (2009), promove o envolvimento ativo tanto do pesquisador

quanto da ação das pessoas ou grupos que estão envolvidos no problema.

A intervenção do projeto na escola envolveu os alunos do 6º ano de três

turmas no período vespertino, do Colégio Estadual São Mateus, na cidade de São

Mateus do Sul. A escolha do público alvo, é em virtude de que a criança ao

ingressar o 6º ano, tem os primeiros contatos com as modalidades esportivas

apresentadas como conteúdos estruturantes da educação física.

Houve a elaboração de um material didático, onde diversas atividades

práticas relacionadas aos jogos pré-desportivos foram elencadas, a fim de tornar-se

um instrumento de intervenção pedagógica na escola.

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Para coletar os dados, utilizou-se o diário de bordo com a finalidade de fazer

os devidos registros a cada aula, proveniente da utilização da técnica da observação

participante, fornecendo dados para posterior análise qualitativa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A intervenção na escola teve início com as atividades que estavam elencadas

no material didático produzido, primeiramente tendo como objetivo o

desenvolvimento do manejo da bola, a empunhadura, e a adaptação com o tamanho

e o peso da bola, para promover um primeiro contato dos alunos com a modalidade.

Posterior a essas atividades iniciou-se o desenvolvimento da fase de

aprendizado e vivência das habilidades específicas da modalidade do basquetebol,

representada pelos fundamentos do passe, drible e arremesso, por meio dos jogos

pré-desportivos elencados no material didático, sendo que a cada aula foi

desenvolvido um jogo pré-desportivo, inicialmente com o fundamento do passe,

seguido do drible e do arremesso, e assim sucessivamente por um período de 12

aulas em cada turma.

Após esse período os jogos pré-desportivos realizados a cada aula, reuniam a

combinação de mais de um fundamento da modalidade de basquetebol no mesmo

jogo, com isso o grau de complexidade aumenta e aproxima-se da realidade da

modalidade.

Observou-se nesse período, por parte dos alunos a boa aceitação pelas

atividades, demonstrando bom envolvimento, sendo que em algumas atividades foi

solicitado que fosse desenvolvida novamente, algo que comprova o interesse da

mesma.

Verificou-se que no fundamento do passe e recepção da bola no início alguns

alunos apresentaram dificuldade de envolvimento principalmente entre as meninas,

talvez por timidez ou insegurança, já que era uma modalidade desconhecida, porém

no decorrer da atividade houve evolução na participação da maioria dos alunos,

utilizando de variadas formas de passar a bola de acordo com as situações táticas

que o jogo apresentava. Scaglia (2014) destaca que se o aluno percebe a lógica do

movimento do passe, isto facilita a construção de suas ações motoras, onde o

motivo de realizar tal gesto está condicionado à maneira da execução.

De modo geral os alunos não apresentaram dificuldade em realizar a

execução dos movimentos do passe. Segundo Reverdito; Scaglia (2009) tanto o

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passe quanto a recepção fazem parte da mesma ação, porém estão condicionados

a capacidade de manipulação, manejo e domínio da bola, resultante da capacidade

do aluno coordenar as ações de agarrar e segurar a bola com as mãos.

No fundamento do drible foram observadas as maiores dificuldades, pois o

ato de quicar a bola a maioria dos alunos conseguiram realizar, salvo quando a

atividade se desenvolvia com a mão não dominante, porém em algumas atividades

observam-se a necessidade de muitas bolas para o bom desenvolvimento da aula,

necessitando assim diversas adaptações nas atividades. Como resultado disso, os

alunos que possuíam maior dificuldade na execução do movimento, tiveram pouca

vivência com a atividade, impedindo de evoluírem significativamente, constatando

assim a necessidade de mais aulas para proporcionar uma evolução no

aprendizado.

Para Freire; Scaglia (2003) apud Reverdito; Scaglia (2009) a aprendizagem

não se concretiza de uma única vez em resposta a um estímulo ou determinada

situação, Freire (2003) apud Reverdito; Scaglia (2009) destaca ainda que em um

processo de aprendizagem não exista a necessidade de ter pressa, deve-se levar

em consideração a individualidade de cada aluno, pois alguns possuem facilidade na

compreensão do conteúdo e outros apresentam dificuldades, representando

diferenças no ritmo de aprendizado.

No fundamento do arremesso os alunos tiveram maior dificuldade no início,

evoluindo nas aulas seguintes, pois inicialmente tiveram a oportunidade de

desenvolver o movimento da forma que quisessem, com as intervenções do

professor, os alunos puderam vivenciar a correta execução do movimento, e assim

perceber a eficiência de seu movimento, para atingir o objetivo que era a cesta, e

consequentemente gerar um efeito motivacional.

Greco (1998) apud Reverdito; Scaglia (2009) relata que o aprendizado da

técnica se desenvolve a partir do momento em que o aluno é capaz de perceber sua

ação ou movimento.

Nos jogos pré-desportivos que envolviam a combinação de fundamentos

observou-se um bom desenvolvimento do jogo, onde os alunos conseguiram realizar

os fundamentos dentro de uma organização tática do jogo, entretanto algumas

dificuldades foram observadas, como a transição da defesa para o ataque, de se

deslocar dentro dos limites do espaço de jogo, de buscar espaços, respeitar as

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regras do jogo de basquete que foram sendo inseridas aos poucos, porém essas

dificuldades foram diminuindo no decorrer do desenvolvimento do jogo.

Desse modo, dentre as dificuldades relevantes encontradas durante a

intervenção, destacamos o pouco material disponível em alguns momentos e o

pouco tempo para realizar as atividades, pois em muitas situações os alunos

entendiam a dinâmica e regras do jogo, formavam uma estratégia para desenvolver

a atividade e a aula terminava, desse modo, as atividades devem ser aplicadas

sempre em duas ou mais oportunidades para melhor aproveitamento.

Durante o desenvolvimento do jogo propriamente dito percebe-se que além

da evolução no desenvolvimento dos fundamentos do jogo os alunos conseguiram

se movimentar de forma satisfatória e apresentar um bom desenvolvimento na

transição da defesa para o ataque, dificuldade muito comum quando se inicia com o

jogo propriamente dito, pois os mesmos já haviam vivenciado essa transição nos

jogos com a combinação de fundamentos, portanto observou-se um bom

desenvolvimento do jogo. Os alunos demonstraram também conhecimento das

regras, algo que foi construído e vivenciado aos poucos durante o desenvolvimento

dos jogos pré-desportivos.

Durante o período de intervenção na escola ocorreu simultaneamente o curso

GTR (Grupo de Trabalho em Rede), que permitiu aos professores da rede pública de

ensino do estado do Paraná, discutir e socializar suas vivências de sala de aula, a

fim de buscar soluções que contribuíssem para uma prática de ensino.

Os resultados comprovam as discussões fomentadas no curso do GTR, onde

os professores ressaltaram de forma unânime a relevância da utilização dos jogos

pré-desportivos nas aulas, como descrito na literatura, porém destacaram algumas

dificuldades encontradas, que também foram observadas durante a intervenção,

como a escassez de material, ou as limitações de espaço físico, entretanto

apresentaram sugestões que contornassem essas situações, percebendo assim a

importância das adaptações para atender aos objetivos da aula.

Entretanto os professores destacaram as situações em que o espaço físico

para o desenvolvimento do jogo do basquete fosse prejudicado em função de

possuir apenas uma tabela, o jogo pré-desportivo torna-se um instrumento que

poderia ser utilizado para minimizar essa dificuldade.

Muitos professores relataram utilizar os jogos pré-desportivos em suas aulas,

porém como atividade de introdução ao esporte, e não como uma atividade que

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norteia todo o processo de ensino aprendizagem de determinado esporte, como

prevê o objetivo da pesquisa. Desse modo vê-se a importância de abranger a

utilização dos jogos pré-desportivos para todo o período que envolve as fases de

aprendizado.

5 CONSIDERAÇÕES FINAISPercebe-se que durante a intervenção na escola, os jogos pré-desportivos

contribuíram significativamente para que os alunos do 6º ano pudessem vivenciar e

aprender as habilidades específicas da modalidade do basquete. Os mesmos foram

capazes de desenvolver o jogo satisfatoriamente, para o nível escolar em que se

encontram.

Dessa forma, verificamos que a utilização dos jogos pré-desportivos é uma

metodologia viável de ensino, pois permite que os alunos conheçam a modalidade,

assim como seus movimentos básicos que se desenvolvem espontaneamente no

decorrer do jogo, por meio de atividades que tem como características a ludicidade,

e consequentemente despertam o interesse pelo jogo, facilitando a aprendizagem.

Quanto às dificuldades observadas são de fácil resolução, por meio de

adaptações que sempre serão necessárias durante a aplicação dos jogos.

Entretanto é necessário que o processo de ensino aprendizagem dentro

dessa proposta seja continuado nos anos posteriores a fim de propor ao aluno o

aprimoramento de seu conhecimento, aumentando o grau de complexidade e assim

concretizar a fase de aprendizagem do esporte.

No entanto faz-se necessário, novas pesquisas que apontem para resultados

quantitativos, para que traga outras respostas em relação a eficiência do

aprendizado por meio desta proposta, isto contribuirá para desenvolver uma

metodologia que atenda as novas tendências pedagógicas, a fim de superar o

ensino tradicional e efetivar a utilização dos jogos pré-desportivos como instrumento

de ensino do esporte na escola.

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