OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · uma compreensão crítica do gênero literário...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO- SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA PDE - 2013

TÍTULO: OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR: UM DIÁLOGO

ENTRE LITERATURA E CINEMA

Autora:

Elizete de Fátima Santos

Disciplina/Área

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto

Escola Estadual Rui Barbosa – Ensino Fundamental

Município da Escola

Mamborê, Paraná

Núcleo Regional de Educação

Campo Mourão

Professora Orientadora

Profª Me. Wilma dos Santos Coqueiro.

Instituição de Ensino Superior

UNESPAR- Campus de Campo Mourão

Relação Interdisciplinar

O trabalho com os contos de fadas aborda a intrínseca relação entre literatura e história, como também o diálogo intertextual entre literatura e cinema. .

Resumo

Esta Unidade Didática consta do desenvolvimento de um trabalho com a leitura de contos de fadas, por meio do método recepcional, o qual é baseado na estética da recepção. O Material Didático tem como objetivo contribuir para uma compreensão crítica do gênero literário conto de fadas e sua evolução social, por meio do estímulo à leitura e recepção do gênero em sala de aula, do estabelecimento de comparações em relação aos valores ideológicos e estéticos do conto de fadas clássico (conto dos Irmãos Grimm) e o contemporâneo (filme de Rupert Sanders), identificação da evolução dos valores sociais, ideológicos e morais na representação da figura feminina no conto clássico “Branca de Neve” (século XIX) e no filme Branca de Neve e o Caçador (século XXI), leitura crítica de contos de fadas, de modo a extrapolar o plano estético e considerar a dimensão social em que a obra e o leitor estão inseridos e produção de textos orais e escritos, por meio de atividades de releitura e reescrita. Esperamos que este Material Didático possa contribuir para a promoção de uma prática de leitura prazerosa em sala de aula, que propicie a ampliação de conhecimentos e a formação de alunos críticos e ativos no processo de leitura, capazes de dialogar com o texto, fazerem inferências e comparações, pautando-se na integração da linguagem verbal com a visual.

Palavras-chave

Leitura; Contos de Fadas; Representação feminina; Diálogo com o cinema; Método Recepcional

Formato do Material Didático

Unidade Didática

Público Alvo

Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental

Programa de Desenvolvimento Educacional de Estado do Paraná – PDE

Elizete de Fátima Santos

OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR: UM DIÁLOGO ENTRE LITERATURA E CINEMA

CAMPO MOURÃO 2013

Programa de Desenvolvimento Educacional de Estado do Paraná – PDE

Elizete de Fátima Santos

OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR: UM DIÁLOGO ENTRE LITERATURA E CINEMA

Unidade Didática apresentada à UNESPAR – Campus de Campo Mourão e à Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED) para o Programa de Formação Continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sob a orientação da Profª Me. Wilma dos Santos Coqueiro.

CAMPO MOURÃO 2013

O trabalho da professora Elizete de Fátima Santos, intitulado “Os contos

de fadas na formação do leitor: Um diálogo entre literatura e cinema”, que

integra a linha de pesquisa “Ensino e Aprendizagem de leitura”, atesta o

crescimento de publicações e trabalhos voltados à literatura infantil no Brasil, a

qual atualmente se coloca em um patamar no qual não mais é considerada

como “literatura menor”.

Ao buscar promover uma reflexão fecunda sobre a história social da

mulher, por meio do trabalho de leitura e interpretação de contos de fada

clássicos e contemporâneos, o trabalho com a literatura cumpre seu papel de

humanização e formação social e humana dos educandos, contemplando a

relação dialética entre literatura e sociedade, postulada pelo crítico literário

Antonio Candido.

A escolha do 6º ano para a implementação pedagógica é fundamental

para o desenvolvimento da proposta, uma vez que busca iniciar o percurso do

método recepcional, com textos, permeados pela fantasia, pelo mistério e pela

curiosidade, que propõem desafios ao leitor, contribuindo no seu processo de

formação de leitor crítico.

Ao concordarmos com Regina Zilberman de que a escola contém uma

utopia libertadora, que pode ser concretizada por meio da literatura, quando

deixamos obras e leitores falarem, podemos afirmar que não há outro caminho

a não ser investir na leitura de mundo, por meio de obras que exijam um leitor

capaz de criar pontes entre o real e o imaginário, ao identificar-se com

personagens e situações, ampliando, assim, sua visão de mundo.

As temáticas universais, presentes nos contos dos irmãos Grimm e no

filme de Rupert Sanders, são capazes de sedimentar os conhecimentos sobre

as relações essencialmente humanas, marcadas por conflitos existenciais e

sociais, vivenciadas pela criança em seu cotidiano.

Por isso, acredito que esse trabalho com a leitura literária de contos de

fada seja extremamente relevante por provocar alunos e professor à busca de

sentidos novos por meio do diálogo entre a literatura e o cinema. Por serem

formas artísticas diferentes, ambas tem grande poder de encantamento e

representação da realidade social e humana e são capazes de suprir a

necessidade primordial de ficção e fantasia que é inerente a todo ser humano.

Wilma dos Santos Coqueiro

Professora assistente (UNESPAR/Campus de Campo Mourão)

Doutoranda em Estudos Literários (UEM)

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31308

A presente Unidade Didática surgiu a partir da constatação em nossa

prática pedagógica de que os educandos apresentam dificuldades e não

demonstram interesse na prática de leitura, deixando transparecer que ler,

interpretar, analisar e refletir são tarefas difíceis e sem significado. Com isso,

os professores encontram muitos entraves para o trabalho pedagógico com a

leitura.

Essas constatações levaram-nos a optar por uma proposta que possa vir

ao encontro de uma possível solução da efetiva proficiência nas práticas de

leitura na escola. Consideramos que, através da utilização do método

recepcional, o qual é baseado na Estética da Recepção, podemos efetivar a

promoção de uma prática de leitura significativa em sala de aula, ampliando

conhecimentos e formando alunos críticos, ativos no processo de leitura,

capazes de dialogar com o texto, fazer inferências e comparações, pautando-

se na integração da linguagem verbal com a visual.

Portanto, este Material Didático tem como objetivo desenvolver uma

prática pedagógica, por meio do método recepcional, visando contribuir para

uma compreensão crítica do gênero literário conto de fadas e sua evolução

social.

Os contos de fadas, gênero textual da esfera literária, por conduzirem a

um mundo mágico e apresentar sempre um problema pessoal e/ ou social, por

serem significativos e dramáticos, podem abrir possibilidades de um trabalho

dinâmico que possa traduzir-se em uma melhoria na qualidade de leitura dos

alunos.

Os contos de fadas, com os quais trabalharemos, são textos capazes de

surpreender e provocar o leitor, permitindo sempre novas leituras, atendendo

ao horizonte de expectativas e conduzindo a uma ampliação dos

conhecimentos intelectuais e a uma melhor compreensão de si mesmo e do

mundo.

No que concerne ao filme Branca de Neve e o Caçador, que também

utilizaremos no desenvolvimento da proposta, justificamos que, com isso,

podemos perceber a evolução dos valores ideológicos e sociais, ao

confrontarmos a mesma história escrita em um conto clássico do século XIX e

relida pelo cinema contemporâneo. Por meio do diálogo entre os textos,

pretendemos que os alunos reflitam e analisem sobre o percurso da mulher na

sociedade, considerando, para isto, a representação da personagem Branca de

Neve no conto dos Irmãos Grimm (1812-1822) e no filme de Rupert Sanders

(2012).

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23511

Consideramos que o trabalho com a leitura de contos de fadas, por meio

da Estética da Recepção como metodologia de ensino, pode contribuir para

uma leitura crítica dos alunos, pois “o método recepcional de ensino “enfatiza a

compreensão entre o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e

espaço.” (BORDINI E AGUIAR, 1993, p. 86). A leitura, no bojo desta

concepção, parte do horizonte de expectativa do aluno em relação aos seus

interesses literários e leva-o a questionar e refletir sobre este horizonte e,

dessa forma, ampliá-lo ou mudá-lo. É isso o que enfatiza Zappone quando

afirma que:

A perspectiva teórica que iremos utilizar no processo da prática de

leitura de contos de fadas está ancorada nas teorias do círculo de Bakhtin e em

Jauss, pois ambos concebem a língua como discurso em uma relação

dialógica. Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008), toda

enunciação envolve a presença de pelo menos duas vozes, a voz do eu e do

outro, sendo que para o pesquisador não existe discurso individual, no sentido

de que todo discurso se constrói no processo de interação e em função de

outro. E é no espaço discursivo criado na relação entre o eu e o outro que os

sujeitos se constituem socialmente (BAKHTIN, 1988, apud PARANÁ, 2008, p.

29).

Bakhtin e Jauss trouxeram contribuições significativas para o estudo da

língua e da literatura, uma vez que ambos desenvolveram em seus estudos o

processo de dialogização. Bakhtin enfatiza o diálogo com a tradição e Jauss,

com o leitor. Na perspectiva da Estética da Recepção, “a obra é um

As teorias orientadas para o aspecto recepcional valorizam a figura do leitor, fazendo da leitura ou dos mecanismos ou atividades que ela pressupõe uma forma de desvendamento do texto literário e de compreensão da literatura e de sua história. (2009, p.155)

cruzamento de apreensões que se fizeram e se fazem dela nos vários

contextos históricos em que ela ocorreu e no que agora é estudada” (BORDINI

& AGUIAR, 1993, p.84).

Com base nessa perspectiva teórica, a Secretaria de Educação do

Estado do Paraná (SEED) lançou em 2008 as DCEs que trazem em seus

pressupostos a valorização da escola como espaço social, responsável pela

apropriação crítica e histórica do conhecimento, compreendendo as relações

sociais e transformando a realidade.

Nesse documento, aponta-se o trabalho centrado nos gêneros textuais,

os quais concebem a língua como discurso, realizado nas diferentes práticas

sociais. Nesse contexto teórico, a língua é tida como forma de ação social e

histórica, traduzindo a realidade. Além disso, os gêneros nos proporcionam

uma visão da língua em uso e não desfocada da sua real função. Eles são de

número infinito e circulam em esferas sociais específicas.

O gênero textual conto de fadas, com narrativas fantásticas envolve o

leitor em seu enredo e instiga a mente, como também provoca, inquieta e

questiona, pois o leitor sabe que não se trata de uma situação real, porém os

conflitos humanos estão presentes e podem conduzi-lo a se inserir na história

e a se identificar com algum personagem, vivenciando, por meio da

imaginação, as mesmas situações, resolvendo conflitos e apresentando

soluções para os problemas.

A atitude receptiva se inicia com uma aproximação entre texto e leitor, em que toda

a historicidade de ambos vem à tona. As possibilidades de diálogo com a obra

dependem, então, do grau de identificação ou de distanciamento do leitor em

relação a ela, no que tange às convenções sociais e culturais a que está vinculado

e à consciência que delas possui (BORDINI & AGUIAR, 1993, p. 84).

A riqueza e a variedade do gênero do discurso são infinitas, pois a variedade virtual

da atividade humana é inesgotável, e a cada esfera dessa atividade comporta um

repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando e ampliando à medida que

a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa (BAKHTIN, 2006, p.262).

Coelho (1987, p.13) descreve o conto de fadas como:

Podemos perceber nos contos de fadas valores que faziam parte

do contexto em que foram criados, porém as narrativas também tratam de

questões consideradas universais como os conflitos familiares, as relações de

poder, os valores morais e éticos, misturam realidade e fantasia, também

apresentam personagens que demonstram bondade ou maldade, e possibilitam

a reflexão e o despertar do senso crítico. Nesse sentido, Bettelheim ressalta a

importância desse gênero textual ao afirmar que:

Assim como ocorre com muita obra da literatura clássica, os contos de

fadas também recebem muitas versões e releituras, sendo produzidas das

formas mais diversas, isto é, recontando as histórias de forma a manter o

mesmo enredo ou mudando-o. No entanto, de uma forma ou de outra, há

sempre um diálogo entre os textos. Dessa forma, nas novas produções escritas

ou cinematográficas, temos a presença de intertextos, a fim de estabelecer

relações com outros textos anteriores.

Para Carvalhal, o texto absorve significados dos outros textos com os

quais dialoga, podendo ocorrer em três linguagens: a do escritor, a do

O conto de fadas com ou sem a presença de fadas (mas sempre com o

maravilhoso), seus argumentos desenvolvem-se dentro da magia feérica (reis,

rainhas, príncipes, princesas, fadas, gênios, bruxas, gigantes, anões, objetos

mágicos, metamorfoses, tempo e espaço fora da realidade conhecida etc.) e têm

como eixo gerador uma problemática existencial. Ou melhor, têm como núcleo

problemático à realização essencial do herói ou da heroína, realização que, via de

regra, está visceralmente ligado à união homem/mulher.

O prazer que experimentamos quando nos permitimos ser suscetíveis a um conto

de fadas, o encantamento que sentimos não vêm do significado psicológico de um

conto (embora isto contribua para tal), mas das suas qualidades literárias – o

próprio conto como uma obra de arte. O conto de fadas não poderia ter seu impacto

psicológico sobre a criança se não fosse primeiro e antes de tudo uma obra de

arte.” (BETTELHEIM, 2002, p. 12).

destinatário e a do contexto cultural. Segundo a autora, a noção de

intertextualidade ocupa, na atualidade dos estudos sobre literatura, uma

posição central, passando “a significar um procedimento indispensável à

investigação das relações entre os diversos textos. Tornou-se a chave para a

leitura e um modo de problematizá-la” (CARVALHAL, 2003, p. 74).

Nessa perspectiva teórico-metodológica, muitos clássicos da Literatura

Infantil foram transpostos para a linguagem cinematográfica. Em alguns deles,

as versões tradicionais foram mudadas, misturando personagens de várias

histórias, retomando histórias para contar outras, desorganizando o enredo ou

desconstruindo personagens. Já em outras, foram conservados o mesmo

enredo, contudo atualizando-o com uma linguagem mais condizente com a

atualidade e mantendo o diálogo com o conto clássico.

De acordo com Bakhtin,

O diálogo entre as narrativas estabelece uma intertextualidade que

podemos observar nas novas versões que são apresentadas, as quais visam

atender as condições de recepção do leitor ou do expectador atual, pois

remetem a questões sócio-culturais nas quais este leitor/expectador está

inserido.

É evidente que o diálogo constitui um caso particularmente evidente e ostensivo de

contextos diversamente orientados. Pode-se, no entanto, dizer que toda

enunciação efetiva seja qual for a sua forma, contém sempre, com maior ou menor

nitidez, a indicação de um acordo ou de um desacordo com alguma coisa. Os

contextos são e estão simplesmente justapostos, como se fossem indiferentes uns

aos outros; encontram-se numa situação de interação e de conflito tenso e

ininterrupto. (2010, p.107).

Nos contos populares tradicionais, as fadas representavam a força que o mundo

patriarcal negava ás mulheres, uma vez que apontavam para uma possibilidade de

reverter a situação de desequilíbrio e conquistar a felicidade. Poder recusado e

desejos recalcados limitavam a mulher ao mundo privado do lar e da família. De

que maneira a literatura infantil pós-moderna dialoga com essas representações

sociais, já que a sociedade vem exigindo novas funções para a mulher, que está

ingressando cada vez mais no mercado de trabalho? Estaria o mundo

contemporâneo exigindo um novo perfil de mulher? (PONDÉ, 2000, p.33).

Neste novo olhar para os contos de fadas, podemos observar o

levantamento de questões relacionadas às personagens femininas, pois

enquanto nos contos clássicos elas aparecem inferiorizadas e submissas,

tendo no casamento a única oportunidade de serem felizes (para sempre), em

muitas novas versões, revelam-se como mulheres ativas, que lutam por seus

direitos, e procuram resolver seus problemas, enfim um perfil diferente das

fadas e donzelas tradicionais.

Com base nesses estudos, os quais nos mostram a dinâmica do

processo educativo com a leitura e que exige constantes atualizações,

questionamentos e ajustes, entre outras considerações, buscamos atender as

orientações dos documentos oficiais de educação voltados para o

desenvolvimento de uma prática pedagógica ligada às concepções de mundo,

de homem e de conhecimento, considerando a função social, educacional e

crítica da Língua no processo educacional.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1

Primeiro Momento

Determinação do horizonte de expectativas

Questionamentos aos alunos sobre os contos de fadas e suas versões (pede-

se aos alunos que falem sobre as histórias que conhecem, tanto na literatura

como no cinema).

1) Quais os contos de fadas que você conhece?

2) Qual é o assuntos dos contos que você leu?

3) Quais elementos estão presentes em todos eles? Fadas? Princesas?

Príncipes? Sapos? Bruxas?

4) Onde as histórias se passam?

5) É possível determinar o tempo em que se passam as histórias? Por quê?

6) Sempre há heróis/heroínas e vilões/vilãs?

7) Como as histórias acabam? Há finais iguais? Semelhantes?

8) Nos contos que você conhece, há a presença de objetos mágicos? Quais

poderes eles tem?

Professor(a): As atividades propostas nesta Unidade Didática são

apenas sugestões que poderão ser realizadas oralmente ou por

escrito.

9) Represente em forma de desenho um conto de fadas que você leu ou ouviu

e gostou muito.

Colocam-se várias gravuras de personagens como: Branca de Neve,

Rapunzel, Cinderela, entre outros. Pergunta-se aos alunos se eles

conhecem. Em seguida, pede-se para um ou dois alunos falarem sobre

algumas histórias para a classe.

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23274

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23274

Segundo Momento

Atendimento do horizonte de

expectativas

Visando o atendimento do horizonte de expectativas, apresentaremos os

contos “Cinderela” e “Branca de Neve”, dos Irmãos Grimm (2002), os quais se

caracterizam, apesar da linguagem clássica, por serem textos próximos ao

conhecimento de mundo e das experiências de leitura dos alunos.

Proporcionaremos discussão do conteúdo e percepção do enredo, conflito,

análise das personagens femininas, enfatizando suas características físicas e

psicológicas, além de questões relacionadas à interpretação do gênero textual,

como o contexto de produção e circulação do gênero, como também de

reflexão linguística.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18162

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

A esposa de um homem rico ficou muito doente e quando sentiu que seu

fim estava próximo, chamou sua única filha ao pé de seu leito e disse “Sê

sempre uma boa moça e eu olharei dos céus e velarei por ti.” Pouco depois ela

fechou os olhos e morreu, sendo enterrada no jardim. A garotinha ia todos os

dias até seu túmulo e chorava, e sempre foi boa e gentil com todos que a

cercavam.

A neve espalhou um lindo manto branco sobre o túmulo; mas quando o

sol a derreteu novamente seu pai já havia se casado com outra mulher. Esta

nova esposa tinha duas filhas que trouxe para viver consigo: elas tinham

feições bonitas; mas o coração cruel, e a vida da pobre moça ficou muito triste.

“O que é que essa imprestável está fazendo no salão?” diziam elas, “ quem

quiser comer pão, primeiro terá que ganhá-lo; já para a cozinha, criada!” Então

elas lhe tomaram suas belas roupas e deram-lhe um avental para vestir, e riam

dela e mandavam-na para cozinha.

Ali era obrigada a trabalhar duro; levantar antes do dia clarear, trazer

água, acender o fogo, cozinhar e lavar. Além disso, as irmãs a importunavam

de todos os jeitos e riam dela. À noite, quando estava cansada, não tinha cama

onde se deitar, tendo que dormir ao lado do forno, entre as cinzas; então, como

estava sempre empoeirada e suja de cinzas, elas a chamavam Cinderela.

Certa vez em que o pai ia à feira, ele perguntou às filhas de sua mulher

o que desejariam que ele trouxesse. “Roupas finas”, disse a primeira. “Pérolas

e diamantes”, gritou a segunda. “E agora, criança”, disse ele para sua própria

filha, “ o que vais querer?” “O primeiro ramo, querido pai, que roçar em teu

chapéu quando estiveres voltando para casa”, disse ela.

Então ele comprou para as duas primeiras roupas finas, pérolas e

diamantes que elas haviam pedido; e a caminho de casa, quando cavalgava

por um matagal verdejante, um ramo de aveleira roçou nele e quase lhe

arrancou o chapéu: ele, então, quebrou o ramo e o trouxe, e chegando em

casa, deu-o a filha. Ela pegou o ramo, levou-o ao túmulo de sua mãe e ali o

plantou. E foi tamanho seu pranto que o regou com suas lágrimas. Ali o ramo

cresceu e se transformou numa linda árvore. Três vezes ao dia ela ia até ali e

chorava; e logo veio um passarinho construir seu ninho sobre a árvore. Ele

conversava com ela, zelava por ela e trazia-lhe tudo que ela desejava.

Aconteceu, então, que o rei daquela terra decidiu realizar uma grande

festa que devia durar três dias, quando seu filho escolheria uma noiva entre as

moças que comparecessem: e as duas irmãs de Cinderela foram convidadas.

Elas então a chamaram, dizendo, “Penteia nosso cabelo, escova nossos

sapatos e amarra os laços dos nossos vestidos, que vamos dançar na festa do

rei”. Ela fez como mandaram, mas quando terminou tudo, não conseguiu se

impedir de chorar pensando no quanto gostaria de ir dançar também; até que

finalmente ela implorou muito à sua madrasta que a deixasse ir. “ Tu,

Cinderela?!”, disse ela, “ que não tens nada para vestir, nenhuma roupa, e nem

sabes dançar – tu queres ir ao baile?” E como continuasse implorando, para se

livrar da moça, ela finalmente disse, “Vou atirar esta baciada de ervilhas no

monte de cinzas, e se tiveres catado todas em duas horas, poderás ir à festa

também”. E atirou as ervilhas nas cinzas, mas a pequena donzela correu para

o jardim pela porta dos fundos e exclamou,

“Vinde, vinde, ó céu cruzai,

Pombas, tentilhões, voai!

Melros, tordos vinde agora

Vinde, vinde, sem demora

Um, mais um, mais um chegai

Vinde já, catai, catai!”

Primeiro vieram duas pombas brancas voando pela janela da cozinha; e

em seguida, duas rolas; e depois delas todos os passarinhos que existem no

céu chegaram chilreando e adejando, e voaram até as cinzas. As pombinhas

mergulharam suas cabeças e puseram-se a trabalhar, catar, catar, catar; e

depois os outros começaram a catar, catar, catar; e cataram todos os grãos e

os colocaram na tigela e saíram das cinzas. Ao fim de uma hora, o trabalho

estava feito, e todos saíram voando pelas janelas. Ela levou então a tigela até

sua madrasta, exultando com o pensamento de que agora poderia ir ao

noivado. Mas a madrasta disse, “Não, não! Sua relaxada! Não tens roupas e

não sabes dançar. Não irás”. E como Cinderela implorasse muito para ir, ela

disse, “Se em uma hora conseguires catar duas dessas tigelas de ervilhas das

cinzas, tu irás”, achando que assim poderia finalmente se livrar dela. Despejou

então duas tigelas de ervilhas nas cinzas, mas a pequena donzela saiu para o

jardim nos fundos da casa e gritou como antes,

“Vinde, vinde, ó céu cruzai,

Pombas, tentilhões, voai!

Melros, tordos vinde agora

Vinde, vinde, sem demora

Um, mais um, mais um chegai

Vinde já, catai, catai!”

Então, primeiro entraram duas pombas brancas pela janela da cozinha;

e em seguida as rolas; e depois delas todos os passarinhos do céu entraram

chilreando e saltitando, e desceram voando até as cinzas. E as pombinhas

baixaram suas cabeças e puseram-se a trabalhar, catar, catar, catar; e os

outros começaram a catar, catar, catar; e eles colocaram todos os grãos na

tigela e saíram das cinzas. Antes de meia hora estava tudo terminado e eles se

foram voando. Cinderela levou então, as tigelas até sua madrasta, exultando

por achar que agora poderia ir ao baile. Mas a madrasta disse, “Nem adianta,

tu não podes ir; não tens roupas, não sabes dançar e nos cobriria de

vergonha”, e lá se foi ela com as duas filhas para a festa.

Agora que todos haviam saído e não ficara ninguém em casa, Cinderela

foi sentar-se profundamente entristecida sob a aveleira, lamentando-se,

“Sacode, aveleira, assim,

Sacode ouro e prata em mim!”

Então, seu amigo pássaro saiu voando da árvore e trouxe um vestido

bordado de ouro e prata para ela, e sapatinhos de seda enfeitados de

lantejoulas; e ela os vestiu e seguiu as irmãs para a festa. Mas elas não a

reconheceram pensando que fosse alguma princesa estrangeira, tão elegante

e bela ela estava em suas roupas luxuosas, e nem pensaram em Cinderela,

achando que ela certamente estaria em casa no meio da sujeira.

O filho do rei logo depois aproximou-se de Cinderela, pegou-a pela mão

e dançou com ela e com ninguém mais, sem nunca largar sua mão. E quando

chegava alguém e a convidava para dançar, ele dizia. “Esta dama está

dançando comigo”. Assim dançaram os dois até tarde da noite; e quando ela

quis ir para casa, o filho do rei disse, “Eu a levarei e a protegerei até sua casa”,

pois queria saber onde a linda donzela morava. Mas ela escapou dele

inesperadamente e correu para casa. O príncipe a seguiu, mas ela saltou para

dentro do pombal e trancou a porta. Ele esperou então até o pai dela voltar

para casa e contou-lhe que a donzela desconhecida que estivera na festa

estava escondida no pombal. Mas quando eles quebraram a porta, não havia

ninguém lá dentro; e quando voltaram para dentro da casa, Cinderela estava

deitada, como sempre, em meio às cinzas, com seu vestidinho cinzento.

No dia seguinte, quando a festa foi novamente realizada e seu pai, sua

madrasta e suas irmãs haviam partido, Cinderela foi até a aveleira e disse,

“Sacode, aveleira, assim,

Sacode ouro e prata em mim!”

E o pássaro trouxe um vestido ainda mais belo que o do dia anterior. E

quando ela chegou ao baile, todos se admiraram de sua beleza; o filho do rei,

que estava à sua espera, pegou-a pela mão e dançou com ela. Quando alguém

queria tirá-la para dançar, ele dizia como antes. “Esta dama está dançando

comigo”.

Quando a noite chegou, Cinderela quis voltar para casa, e o príncipe a

seguiu como antes para ver onde ela ia, mas ela escapou inesperadamente

pelo jardim atrás da casa de seu pai. Neste jardim havia uma enorme pereira

carregada de frutos maduros; e Cinderela sem saber onde se esconder, saltou

para dentro dela sem ser vista. O filho do rei não conseguiu descobrir para

onde ela havia ido, mas esperou até seu pai voltar para casa e lhe disse, “A

dama desconhecida que dançou comigo fugiu de mim e creio que ela deve ter

saltado para dentro da pereira”. O pai pensou consigo mesmo, “Será

Cinderela?” Ele pediu então que trouxessem um machado e eles derrubaram a

árvore, mas não encontraram ninguém sobre ela. E quando voltaram à cozinha,

ali estava Cinderela deitada nas cinzas como era habitual; pois ela havia

escorregado da árvore pelo outro lado, levara suas belas roupas para o

pássaro na aveleira e depois vestira seu vestidinho cinzento.

No terceiro dia, depois que o pai, a mãe e as irmãs haviam saído, ela foi

novamente até o jardim e disse,

“Sacode, aveleira, assim,

Sacode ouro e prata em mim!”

Então seu gentil amigo o pássaro trouxe-lhe um vestido ainda mais lindo

do que o anterior, e sapatinhos de puro ouro, de modo que quando ela chegou

na festa, ninguém soube o que dizer de tão admirados que estavam com sua

beleza; o filho do rei dançou somente com ela, e quando alguém a queria tirar

para dançar, ele dizia, “Esta dama é meu par”.

Quando a noite chegou, ela desejou voltar para casa e o filho do rei quis

acompanhá-la pensando, ”Não a perderei esta vez”. Ela, porém, deu um jeito

de escapar, mas fugiu com tanta pressa que deixou cair o sapatinho dourado

esquerdo na escadaria. O príncipe apanhou o sapato e no dia seguinte foi até o

rei, seu pai dizendo: “Tomarei por esposa a dama em quem este sapatinho

dourado servir”.

As duas irmãs ficaram exultantes ao saber disto, pois seus pés eram

bonitos e não tinham dúvida de que poderiam calçar o sapatinho dourado. A

mais velha foi primeiro até o quarto onde estava o sapatinho e quis

experimentá-lo, com sua mãe ao lado. Mas o dedão de seu pé não conseguiu

entrar e o sapato era mesmo pequeno demais para ela. Então a mãe deu-lhe

uma faca e disse, “Não importa, corta-o fora; quando fores rainha pouco te

importarás com dedões do pé; não vais querer andar a pé.” Então, a estúpida

moça cortou fora o dedão, espremeu o sapato no pé e foi até o filho do rei. Este

a tomou por sua noiva, acomodou-a na garupa de seu cavalo e saiu

cavalgando.

Mas a caminho de casa, eles tiveram que passar pela aveleira que

Cinderela havia plantado, e ali estava pousada num galho uma pombinha

cantando,

“Volta, Volta! Repara bem no calçado

Ele não foi feito para ti, está muito apertado

Príncipe!Príncipe! Procura melhor a parceira

Pois a que tens ao teu lado não é a verdadeira.”

O príncipe desmontou então e olhou para o pé da moça e viu, pelo

sangue que escorria, que ela o havia enganado. Ele fez a volta com seu cavalo

e levou a falsa noiva de volta para casa, dizendo, “Esta não é a noiva certa;

que a outra irmã prove o sapatinho”. Esta entrou no quarto e enfiou o pé no

sapato, que entrou todo, menos o calcanhar, que era grande demais. Mas a

mãe o espremeu até sangrar e levou-a até o filho do rei; e ele a fez sua noiva,

colocou-a a seu lado no cavalo e saiu cavalgando.

Mas quando chegaram à aveleira, a pombinha que ali estava, pousada

num galho, cantou,

“Volta, Volta! Repara bem no calçado

Ele não foi feito para ti, está muito apertado

Príncipe! Príncipe! Procura melhor a parceira

Pois a que tens ao teu lado não é a verdadeira.”

Ele olhou para baixo e percebeu que corria tanto sangue do sapato que

as meias brancas estavam totalmente vermelhas. Virou, então, o cavalo e

levou-a de volta para casa. “Esta não é a verdadeira noiva”, disse ele ao pai;

“não tens outras filhas?” “Não”, disse ele, ”há apenas a pequena e suja

Cinderela aqui, filha de minha primeira mulher; mas estou certo de que não

pode ser a noiva”. O príncipe, porém, ordenou que ela fosse trazida à sua

presença. Mas a madrasta disse, “Não, não, ela está suja demais e não ousa

se mostrar”. O príncipe, porém, fez questão que ela viesse. E ela primeiro lavou

o rosto e as mãos, e depois entrou, fez-lhe uma reverência, e ele estendeu-lhe

o sapatinho dourado. Ela o pegou, tirou de seu pé esquerdo o sapato disforme

que usava e calçou o sapatinho dourado que entrou em seu pé como se

tivesse sido feito sob medida para ele. E quando o príncipe se aproximou e

olhou em seu rosto, ele a reconheceu e disse, “Esta é a noiva certa”.

A mãe e as duas irmãs ficaram assustadas e pálidas de ódio quando ele

tomou Cinderela em seu cavalo e saiu cavalgando com ela. E quando

chegaram à aveleira, a pomba branca cantou,

“Pra casa! Pra casa! Repara no pé da donzela!

O sapatinho que usa, por certo foi feito p´ra ela!

Ó jovem príncipe, leva esta noiva para o lar,

Pois esta que tens ao teu lado é teu verdadeiro par!”

E quando a pomba terminou sua canção, veio voando pousar sobre o

ombro direito da moça, seguindo com ela para casa.

(GRIMM, 2002, p.159-164)

Consultando o conto “Cinderela”, responda as questões abaixo.

1) Qual personagem você consideraria como vilã e quais definiria como herói e

heroína?

a. Vilã

b. Herói

c. Heroína 2) Na história, a Cinderela passa por um problema. Qual era o problema?

3) De que maneira o problema foi resolvido?

4) Nos contos de fadas, é comum existir um personagem secundário que

auxilia na resolução de problemas. Nessa história, quem ajudou Cinderela?

5) Cinderela tinha que chegar em sua casa antes das irmãs? Por quê?

6) As maldades das irmãs e da madrasta em relação a Cinderela eram visíveis.

Por que seu pai não reagia diante de tanta crueldade? Justifique.

7) O caráter exemplar da narrativa acontece de forma que o bem vence o mal,

ou seja, quem faz o bem é recompensado e quem faz o mal é castigado. Na

vida real é assim? Justifique.

8) Nesse conto o pássaro está fazendo o papel de uma personagem bastante

recorrente nos contos de fadas tradicionais. Quem é essa personagem?

Comente.

9) Vamos reler um trecho da história:

“A neve espalhou um lindo manto branco sobre o túmulo; mas quando o sol a

derreteu novamente, seu pai já havia se casado com outra mulher.”

a) O que esse trecho indica em relação à época em que a história ocorreu?

Assinale a opção que você acha correta.

( ) A história ocorreu em uma época impossível de se saber exatamente

quando.

( ) A história ocorreu em uma época possível de se saber exatamente quando

foi.

( ) Pode-se saber apenas a estação do ano em que a história se inicia.

b) Na frase, “A neve se espalhou como um lindo manto branco sobre o

túmulo...”, há uma relação de:

( ) comparação entre os elementos neve e manto

( ) contrariedade entre os elementos neve e manto

( ) continuidade entre os elementos neve e manto

10) Toda narrativa há um lugar onde se passa a história.É possível dar uma

indicação precisa de onde passou a história lida? Explique.

11) No conto, a princesa espera pelo príncipe que virá salvá-la para viverem

felizes para sempre. Como a princesa foi salva? Descreva o príncipe

mencionado nesse conto.

12) Um conto de fadas é considerado um texto narrativo. Leia as opções

abaixo e em seguida reescreva a que indica uma das características desse tipo

de texto.

a. Informa sobre um assunto

b. Conta fatos, acontecimentos.

13) Os contos de fadas também representam acontecimentos aterradores,

violentos e cruéis. Que tipo de violência nos foi revelada no texto “Cinderela”?

( ) Urbana ( ) de trânsito ( ) doméstica ( ) escolar

14) Explique o significado das expressões:

a) “... tinham feições bonitas, mas o coração cruel...”

b) “... ficaram pálidas de ódio...”

15) No texto lido, qual é o sinal que marca a introdução à fala das

personagens?

16) No segundo parágrafo, há a conjunção “ mas” qual sentido essa palavra dá

ao período seguinte?

17) No primeiro parágrafo, os verbos ( fechou, morreu, chorava) indicam:

( ) ações

( ) uma ordem

( ) uma condição ou uma coisa incerta

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

No meio do inverno, quando a neve caía em grandes flocos, uma certa

rainha sentava-se trabalhando ao lado de uma janela com um lindo caixilho de

ébano negro, e distraída que estava admirando a neve, espetou o dedo e

deixou cair três gotas de sangue. Ela olhou, então, pensativamente para as

gotas vermelhas que salpicavam a alvura da neve e disse, “Gostaria que minha

filhinha fosse branca como a neve, vermelha como o sangue e negra como a

moldura de ébano da janela!.” E assim a garotinha nasceu: sua pele era branca

como a neve, suas faces rosadas como o sangue e seu cabelo negro como o

ébano; e ela foi chamada Branca de Neve.

Mas essa rainha morreu e o rei logo se casou com outra mulher que era

muito formosa, mas tão orgulhosa que não podia suportar a ideia de que

alguém pudesse superá-la em beleza. Ela possuía um espelho mágico onde

se mirava, dizendo:

“Espelho, espelho meu!

Haverá no mundo

Alguém mais bela do que eu?”

E o espelho respondia,

“Tu, ó rainha, és a mais bela do mundo.”

Mas, Branca de Neve foi crescendo e ficando cada vez mais formosa.

Aos sete anos, era radiante como o dia e mais bela do que a própria rainha.

Então, certo dia, o espelho respondeu à rainha quando esta foi fazer sua

consulta habitual:

“Podes ser, ó rainha, a mais linda e mais bela,

Mas Branca de Neve em encanto a supera!”

Ao ouvir isto, a rainha ficou pálida de raiva e inveja, chamou um de seus

criados e disse,” Leva Branca de Neve para a grande floresta para que eu

nunca mais a veja”. O servo assim o fez, mas seu coração se enterneceu

quando ela lhe implorou pela vida, e ele disse,” Não te machucarei,linda

criança”. E deixou-a à própria sorte achando, porém, que as feras selvagens

provavelmente a fariam em pedaços. Ao decidir não matá-la e deixá-la

entregue a seu destino, sentiu como se um grande peso fosse tirado de seu

coração.

A pobre Branca de Neve entrou, então, pele floresta tomada de pavor.

Feras selvagens rugiam ao seu redor, mas nenhuma a atacou. Ao anoitecer,

chegou a uma casinha e ali entrou para repousar, pois seus pezinhos já não

podiam mais carregá-la. Dentro da casa estava tudo muito limpo e arrumado: a

mesa estava posta com uma toalha branca e sete pratinhos com sete

pedacinhos de pão e sete copinhos cheios de vinho; e as facas e garfos

estavam arrumados ordeiramente; e havia também, encostadas na parede

sete, caminhas. Como estivesse muito faminta, ela tirou um pedacinho de cada

pão, bebeu um pouquinho de cada copo de vinho e depois resolveu deitar-se

um pouco para descansar. Experimentou, então, todas as caminhas: uma era

comprida demais, outra curta demais, até que finalmente a sétima lhe serviu;e

ali ela se deitou e adormeceu.

Finalmente, chegaram os donos da casa, sete anões que viviam de

escavar as montanhas à procura de ouro. Eles acenderam suas sete lanternas

e imediatamente perceberam que nem tudo estava em ordem. Disse o

primeiro,” Quem sentou em meu banquinho?” O segundo,” Quem andou

comendo em meu prato?” O terceiro, “Quem andou beliscando meu pão?” O

quarto,” Quem andou mexendo em minha colher?” O quinto,Quem andou

pegando o meu garfo?”O sexto,” Quem andou cortando com minha faca?O

sétimo, “Quem andou bebendo meu vinho?”

Então, o primeiro olhou ao redor e disse, “Quem andou deitando em

minha cama”?”“ E o resto veio correndo até ele e todos gritaram que alguém

havia deitado em sua cama. Mas o sétimo avistou Branca de Neve e chamou

todos os irmãos para vê-la. Todos gritaram de admiração e espanto e

trouxeram suas lanternas para examiná-la, dizendo, “Céus! Que menina mais

formosa!”Ficaram encantados ao vê-la, e tomaram todo cuidado para não

despertá-la. O sétimo anão dormiu uma hora com cada um de seus irmãos até

a noite passar.

Pela manhã, Branca de Neve contou-lhes a sua história e eles

apiedaram-se dela dizendo que se pudesse arrumar a casa, cozinhar e lavar,

costurar e fiar para eles, poderia ficar ali, que cuidariam muito bem dela.Eles

saíram, então, para trabalhar durante o dia todo, procurando ouro e prata nas

montanhas e Branca de Neve ficou em casa, mas eles a preveniram antes de

sair, dizendo, “ A rainha logo descobrirá onde estás, por isso toma cuidado e

não deixa ninguém entrar”.

Mas a rainha, achando que Branca de Neve estivesse morta, acreditava

que ela própria certamente era a mulher mais bela da terra. Foi estão ao

espelho e disse,

“Espelho, espelho meu!

Haverá no mundo

Alguém mais bela do que eu?”

E o espelho respondeu:

“ Do mundo, ó rainha, és a mais bela;

Mas no alto das colina, à sombra da ramada

Onde os sete anões fizeram a sua morada,

Ali Branca de Neve se esconde, e ela

Em encantos, ó rainha, te supera.”

A rainha ficou muito alarmada, pois sabia que o espelho falava sempre a

verdade, e teve a certeza de que o servo a havia traído. Não podendo suportar

a ideia de existir alguém mais bela do que ela própria, disfarçou-se de velha

mendiga e subiu as colinas até o lugar onde os anões viviam. Lá chegando,

bateu à porta e gritou, “Quem quer comprar lindos artigos?” Branca de Neve

olhou pela janela e disse, “Bom dia, boa senhora; o que tens para vender?”

“Bons artigos, artigos finos”, disse ela, “cordões e carretéis de linhas de todas

as cores.” “Vou deixar a velhinha a entrar; ela parece ser uma boa pessoa”,

pensou Branca de Neve, e correu destrancar a porta. “Por Deus!”, disse a

velha. “Como estão mal arrumados os cordões de teu corpete! Deixa-me

amarrá-los com um de meus lindos cordões novos.” Branca de Neve sequer

sonhou com alguma maldade e ficou em pé diante da velha, mas esta pôs-se a

trabalhar com tanta agilidade e apertou os cordões com tanta força que Branca

de Neve perdeu o fôlego e caiu como morta. “Acabou-se toda sua beleza”,

disse a rainha desdenhosamente, e foi embora para casa.

Ao anoitecer, os sete anões voltaram e nem é preciso dizer o quanto se

entristeceram ao ver sua fiel Branca de Neve estendida imóvel no chão, como

se estivesse morta. Entretanto, eles a ergueram e, quando perceberam do que

se tratava, cortaram o cordão que a apertava. Não demorou muito para ela

começar a respirar e logo recuperar os sentidos. Eles, então, lhe disseram, “A

velha era a própria rainha. Toma cuidado da próxima vez e não deixa ninguém

entrar quando estivermos fora”.

Quando a rainha chegou em casa, foi direto para o espelho,falando com

ele como sempre; mas, para sua grande surpresa, ele ainda lhe respondeu:

“Do mundo, ó rainha, és a mais bela;

Mas no alto das colinas, à sombra da ramada

Onde os sete anões fizeram a sua morada,

Ali Branca de Neve se esconde, e ela

Em encantos, ó rainha, te supera.”

Seu coração gelou de despeito e maldade ao ver que Branca de Neve

ainda vivia. Vestiu-se novamente com um disfarce muito diferente do anterior,

levando consigo um pente envenenado. Chegando à casinha dos anões, ela

bateu à porta e gritou, “Quem quer comprar lindos artigos?” Mas Branca de

Neve disse, “não ouso deixar ninguém entrar”. Disse, então, a rainha, “Apenas

olha meus lindos pentes”, e estendeu-lhe o envenenado. E ele parecia tão

bonito que Branca de Neve o pegou e passou no cabelo para experimentar,

mas no momento em que o pente encostou em sua cabeça, o veneno era tão

potente que ela caiu sem sentidos. “Aí vais ficar”, disse a rainha, e foi embora.

Por sorte, porém, os anões voltaram bem cedo naquela noite e, ao

verem Branca de Neve estendida no chão, procuraram saber o que poderia ter

acontecido e logo descobriram o pente envenenado. Quando o tiraram, ela se

recuperou e contou-lhes o que se passara, e eles novamente a preveniram

para não abrir a porta para ninguém.

Enquanto isso, a rainha foi para casa consultar seu espelho e tremeu de

raiva ao receber exatamente a mesma resposta de antes. E ela disse então,

“Branca de Neve terá de morrer nem que isto me custe a vida”. Entrou

secretamente num quarto e preparou uma maçã envenenada: por fora ela

parecia muito vermelha e tentadora, mas quem a provasse, com certeza

morreria. Vestiu- se como camponesa e foi novamente bater à porta da casinha

dos anões, mas Branca de Neve colocou a cabeça para fora da janela e disse,

“Não ouso deixar ninguém entrar, pois os anões me disseram para fazer isso”.

“Faz como achar melhor”, disse a velha “mas de qualquer forma aceita esta

linda maçã: é um presente.” “Não”, disse Branca de Neve, “não ouso aceitá-la.”

“Menina tola!”, respondeu a outra. “De que tens medo? Achas que está

envenenada? Olhe! Tu comes uma parte e eu como a outra.” Ora, a maçã foi

preparada de modo que um lado estava bom e o outro estava envenenada.

Branca de Neve Ficou muito tentada a provar porque a maçã tinha uma

aparência especialmente apetitosa. Quando viu a velha comer, não conseguiu

resistir. Mal havia colocado o pedaço na boca, porém, caiu morta no chão.”

Desta vez nada poderá salvá-la”, disse; a rainha; e foi para casa consultar seu

espelho, que enfim lhe disse:

“Tu, ó rainha, és a mais bela de todas.”

Só então seu coração invejoso ficou tão satisfeito e contente quanto um

coração pode estar.

Ao cair da noite, os anões voltaram para casa e encontraram Branca de

Neve caída no chão: nenhum sopro passava por seus lábios e eles temeram

que estivesse morta. Eles a ergueram, pentearam seu cabelo e lavaram seu

rosto com água e vinho, mas foi tudo em vão, pois a mocinha realmente morta.

Então, eles a colocaram num ataúde e todos os sete a guardaram e

prantearam durante três dias inteiros, e só então decidiram-se a enterrá-la: mas

as maçãs de seu rosto continuavam rosadas e sua face parecia igual a quando

ele estava viva, por isso eles disseram. “Jamais a enterraremos na terra fria”.

Fizeram então, um ataúde de vidro para poderem vê-la, e sobre ele

gravaram seu nome e a sua origem real em letras douradas. O ataúde foi

colocado no alto da colina e um dos anões ficava sempre ao seu lado vigiando.

E os pássaros do ar se aproximaram e pranteavam também Branca de Neve:

primeiro veio uma coruja, depois um corvo e, por último, uma pomba.

E assim ficou Branca de Neve por muito, muito tempo, parecendo estar

apenas dormindo, pois continuava branca como a neve, vermelha como o

sangue e negra como o ébano. Finalmente, apareceu um príncipe que bateu à

casa dos anões; e ele viu Branca de Neve e leu o que estava escrito em letras

douradas. Ele ofereceu dinheiro aos anões e sinceramente implorou-lhes para

que o deixassem levá-la consigo, mas eles disseram, “Não nos separaremos

dela nem por todo ouro do mundo”. Mas acabaram apiedando-se e deram-lhe o

ataúde. No momento em que ele o levantava para carregar para casa, um

pedaço de maçã caiu dos lábios de Branca de Neve que despertou e disse,

“Onde estou?” E o príncipe respondeu, “Estás a salvo comigo”. E contou-lhe

tudo que havia acontecido e disse, “Amo-te mais do que qualquer coisa do

mundo: vem comigo ao palácio de meu pai e serás minha esposa.”

Branca de Neve consentiu e foi para a casa com o príncipe onde tudo foi

preparado com grande pompa e esplendor para suas núpcias.

Para a festa foi convidada, entre outros, a velha inimiga da Branca de

Neve, a rainha. E quando ela estava se vestindo com roupas suntuosas, olhou-

se no espelho e disse:

“Espelho, espelho meu!

Haverá no mundo

Alguém mais bela do que eu?”

E o espelho respondeu:

“És a mais bela, aqui, senhora minha,

Mas ainda mais bela é a nova rainha.”

Ouvindo isto ela ficou furiosa, mas sua inveja e curiosidade eram tão

grandes que não pôde evitar ir ver a noiva. E quando chegou e viu que esta

não era outra senão Branca de Neve, que acreditava estar morta havia muito

tempo, ela se sufocou de raiva, caiu doente e morreu. Mas Branca de Neve e o

príncipe viveram e reinaram alegremente sobre aquela terra durante muitos e

muitos anos.

(GRIMM, 2002, p. 89-94)

Com base no conto “Branca de Neve”, responda ao que se pede.

1) No primeiro parágrafo do texto, o narrador faz a caracterização da

personagem principal do texto.

a) Quem é esta personagem?

b) Como ela é caracterizada?

2) É possível determinar com exatidão quando aconteceu a história? Comente.

3) Após a leitura da narrativa, identifique onde ocorreu o fato?

4) Toda história tem o momento de maior tensão. Qual é o momento de maior

tensão deste conto, o ponto máximo?

5) A rainha tinha um objetivo. Qual era?

6) Que objeto a rainha usava para dialogar? Por quê?

7) A crueldade e a inveja são vistas como defeitos, nos contos. Que figura

feminina representa o mal?

8) A bondade, a generosidade e a honestidade estão relacionadas a virtudes

humanas. No conto lido qual é a figura feminina que representa o bem?

9) Qual o erro de Branca de Neve que provoca a sua morte?

10) Existe um elemento auxiliar mágico presente neste conto que ajuda a

solucionar o drama de Branca de Neve. Qual é este elemento?

.

11) Releia um trecho do conto e responda: Nesse conto o narrador é um

personagem que participa da história ou um narrador que observa e conta

fatos acontecidos a outros?

12) A rainha não suportava a ideia de que alguém pudesse ser mais bonita que

ela. Para você beleza é importante? Justifique

13) Que tipo de beleza você considera fundamental? Por quê?

14) No conto lido, há vários diálogos. Qual é o papel do diálogo: tornar a

história lenta ou torná-la mais dinâmica e viva?

15) Onde podemos encontrar os contos “Cinderela” e “Branca de Neve”?

16) Quem são os leitores dessas narrativas?

17) Leia o fragmento e observe a palavra em destaque “ Pela manhã, Branca

de Neve contou-lhe a sua história e eles apiedaram- se dela...”

Dela refere-se a

18) Qual o sinal usado para marcar as falas das personagens neste texto?

19) Leia o trecho abaixo e observe as palavras destacadas.

As palavras destacadas indicam uma ação que aconteceu ou que vai

acontecer? Por quê?

20. Explique o significado das frases abaixo:

a. “Aos sete anos era radiante como o dia...”.

b. “Seu coração gelou...”

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=26197

Finalmente, chegaram os donos da casa, sete anões que viviam de escavar as

montanhas à procura do ouro. Eles acenderam suas sete lanterninhas e

imediatamente perceberam que nem tudo estava em ordem.

Estrutura e Elementos do Conto

Estrutura do conto Conto m.s. (sXIII) 1 LIT narrativa breve concisa, contendo um só

conflito, uma única ação (com espaço geralmente limitado a um

ambiente, unidade de tempo, e número restrito de personagens.

Contos são narrativas, textos nos quais se contam um ou mais

fatos, envolvendo certas personagens. A narrativa pode se

manifestar em diferentes gêneros: notícia de jornal, conto de fada,

romance, novela, crônica, lendas etc.

• Elementos da narrativa:

- Enredo: conjunto dos fatos narrados. O autor organiza as

informações de modo a criar algum suspense ou a intensificar a

emoção de seu leitor. O enredo desencadeia-se com base em um

conflito. É o conflito que possibilita, quase sempre, a divisão do

enredo em partes: introdução, desenvolvimento, clímax e desfecho.

-Tempo e espaço: são duas categorias importantes, pois revelam

quando e onde ocorrem os fatos narrados.

- Personagens: se movimentam, agem, conversam, provocando

nos leitores as mais diversas emoções. A personagem principal é o

protagonista, a quem quase sempre se opõe um antagonista. Em

torno deles, atuam as personagens secundárias.

-Foco narrativo: pode ser entendido como o ponto de vista a partir

do qual o texto nos é apresentado: pelo narrador ou por uma das

personagens, em primeira pessoa, ou por um narrador em

terceira pessoa, que não participa da história.

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=81

65

Após a leitura e interpretação dos contos, é de fundamental relevância

abordar brevemente a estrutura do conto, seus elementos essenciais

(personagens, tempo e espaço) e fazer uma síntese sobre a vida dos

autores dos contos trabalhados.

Irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm Grimm, nascidos em 4 de Janeiro de

1785 e 24 de Fevereiro de 1786, respectivamente, e responsáveis pela

coleta da maioria dos contos de fadas que conhecemos.

Eles eram alemães e saíram por várias aldeias, recolhendo e anotando

as histórias do jeito que os mais velhos contavam.

Às vezes, era preciso que o informante repetisse muitas vezes a

mesma história, pois eles queriam fazer o registro dos contos da forma

mais fiel possível.

Sem dúvida, os contos deles são os mais conhecidos no mundo todo,

mesmo que eles não tenham sido os autores e sim os compiladores.

Eles foram traduzidos em 160 línguas.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=30003

Explorando os elementos da narrativa dos contos “Cinderela” e “Branca

de Neve”.

Análise das características físicas e psicológicas das personagens principais

dos contos:

Dividir os alunos em grupos: Grupo A: responsável por analisar as

personagens no conto “Cinderela; Grupo B: responsável por analisar as

personagens de “Branca de Neve.”

Após análise, os grupos apresentarão os resultados para toda a classe.

Na sequência, os alunos responderão, por escrito, em grupos, as seguintes

questões;

1) Há alguma semelhança entre as características físicas das princesas

apresentadas nos contos “Branca de Neve” e “Cinderela”?

2) As características físicas e comportamentais que se deseja das princesas

dos contos de fadas são condizentes com o que se espera das condutas

femininas ensinadas socialmente e culturalmente?

3) Tanto no conto “Cinderela” como “Branca de Neve”, a “neve” aparece como

um elemento importante que marca a passagem de tempo. Leia os fragmentos

abaixo, extraídos dos contos e explique o porquê da recorrência a esse

elemento em contos de fada clássicos.

“A neve espalhou como um lindo manto sobre o túmulo; mas quando o sol a

derreteu novamente seu pai já havia se casado com outra mulher” (Cinderela).

“No meio do inverno, quando a neve caía em grandes flocos, uma certa rainha

sentava-se trabalhando ao lado de uma janela com um lindo caixilho de ébano

negro”. (Branca de Neve).

4) Qual a semelhança entre as protagonistas e as vilãs dos contos estudados?

A que classe social elas pertencem?

5) Nos contos de fadas é muito comum a presença de objetos mágicos e/ou

personagens com poderes excepcionais que resolvem os conflitos narrativos.

Como isso pode ser observado nos dois contos estudados?

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23511

Terceiro Momento

Ruptura do horizonte de expectativas

Esta etapa é a de ruptura do horizonte de expectativas que ocorrerá por

meio da apresentação do filme Branca de Neve e o Caçador. Este filme recria a

história de um conto de fadas, com uma abordagem inovadora, pois nesta fase

são necessárias atividades que “abalem as certezas e costumes dos alunos.”

(BORDINI e AGUIAR, 1993, p. 89). O filme assemelha-se aos contos de fadas

tradicionais no aspecto de estrutura, mas a história foge à regra, pois a

princesa luta contra a rainha que matou seu pai e deixou o reino na miséria.

Para promover uma ruptura no horizonte de expectativas dos alunos,

buscando uma reflexão sobre a evolução do papel social da figura feminina na

história, apresenta-se o filme contemporâneo Branca de Neve e o Caçador, sob

direção de Rupert Sanders.

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

Ficha Técnica do Filme

Título: Branca de Neve e o Caçador

Elenco: Kristen Stewart (Branca de Neve), Charlize Theron (Rainha Ravenna),

Chris Hemsworth (Caçador Eric), Sam Claflin (Príncipe William)

Diretor: Rupert Sanders

Distribuidora: Paramount Pictures

Ano de lançamento: 2012

Gênero: Aventura, Ação

Tipo de mídia: DVD

País de origem: E.U.A

Duração: 127 minutos

Sinopse

No filme Branca de Neve e o Caçador, Branca de Neve (Kristen Stewart) é

a mais bela de todas, inclusive da Rainha má (Charlize Theron), que está

determinada a destruí - lá. Mas o que a Rainha não pressentiu é que a

bela jovem estava treinando a arte da guerra com o Caçador (Chris

Hemswort) que foi enviado pela rainha para trazê-la de volta, mas que

acaba se apaixonando pela princesa perseguida e ajudando-a na difícil

travessia pela floresta. O filme desconstrói alguns estereótipos

relacionados ao feminino como a fragilidade, a passividade e a

dependência feminina, ao alçar como protagonista uma jovem capaz de

enfrentar desafios e direcionar as ações.

Após assistir ao filme, passaremos para discussão oral.

1) O filme Branca de Neve e o Caçador inicia-se com a rainha andando pela

neve. Na caminhada, a rainha encontra uma rosa desafiando o frio. Por que a

rosa estava desafiando o frio? O que ela representa no filme?

2) A mãe de Branca de Neve disse à filha que era para preservar a beleza que

tinha por dentro.

a) O que a mãe quis dizer à filha?

b) Branca de Neve obedeceu sua mãe? Comente.

c) Você acha importante obedecer aos pais? Por quê?

3) O filme relata que Branca de Neve era admirada por todos. Por quê?

4) Você considera importante ter as qualidades que Branca de Neve

tinha?Justifique.

5) Após o assassinato do pai, Branca de Neve sofreu muito. O que aconteceu

com ela?

6) Quem era a inimiga de Branca de Neve? Descreva-a

7) O desejo da rainha má era manter- se jovem e bela.O que ela fazia para

manter a beleza e a juventude?

8) A rainha má disse ao rei que o mundo seria das mulheres se elas

permanecessem jovens e belas.

a) Você concorda com esta afirmação? Comente.

b) Para ser alguém na vida precisa ser jovem e bela? Justifique.

9) Branca de Neve tinha um amigo de infância. Quem era ele? Como ele era?

10) A rainha poderia ter acabado com Branca de Neve logo após a morte de

seu pai. Por que a rainha, ao invés de matar Branca de Neve, a prende na

torre?

11) O reinado de Ravenna não foi bom. O que aconteceu com a natureza e o

povo que ali viviam?

12) Branca de Neve permaneceu presa por muitos anos. Como ela conseguiu

escapar?

13) Para onde Branca de Neve foi após fugir do castelo?Como era esse lugar?

14) Qual a estratégia usada pelas mulheres do reino para escapar da rainha

enquanto seus esposos estavam na guerra?

15) Branca de Neve entrou em uma floresta com muitas feras selvagens que

rugiam ao seu redor, mas nenhum animal atacou-a. Por quê?

16) A rainha fez uma promessa ao caçador. Que promessa foi essa?

17) O que o caçador descobre após encontrar Branca de Neve?

18) Quantos são os anões e o que fazem?

19) Um dos anões disse que estava vendo o fim da escuridão e que Branca

de Neve estava predestinada. O que ele quis dizer?

20) Quando Branca de Neve reencontra seu amigo de infância? O que

acontece com eles?

21) Como a rainha se disfarçou para enganar Branca de Neve?

22) Existem pessoas que fazem mal como a rainha? Comente

.

23) O príncipe Willian desafiou seu pai e foi atrás da princesa. Você faria a

mesma coisa?

24) Como e por quem Branca de Neve é despertada de seu sono mortal?

25) O que faz Branca de Neve ao acordar?

26) No filme, Branca de Neve veste uma armadura e torna-se uma guerreira

destemida. Você acha que isso era comum nos séculos passados? Você

conhece alguma figura histórica ou literária com essas características?

Fonte: Thiago Michell Alves

Quarto Momento

Questionamento do horizonte de

expectativas

O próximo passo do trabalho é avaliar as atividades anteriores. Propõe-

se aos alunos uma análise do material trabalhado: conto “Branca de Neve” e o

filme Branca de Neve e o Caçador.

Com base no conto e no filme responda.

1) No conto dos Irmãos Grimm, temos uma personagem frágil e delicada, que

necessita dos anões e do príncipe para defendê-la. Baseando-se nisso,

responda:

a) Por que há essa caracterização da personagem no conto?

b) Como ela é caracterizada no filme?Por que você acha que ocorre a

caracterização do filme.

2) Que valores, Branca de Neve (conto) e Branca de Neve e o Caçador (filme)

passam em relação a mulher?

3) Geralmente nos contos de fadas clássicos, o príncipe é o protagonista que

direciona as ações e salva a princesa.

a) Qual era o papel do príncipe no conto “Branca de Neve”, dos Irmãos Grimm?

b) Qual é o papel do príncipe no filme “Branca de Neve e o Caçador”?

4) Qual personagem que não faz parte do conto de fadas tradicional assume

uma posição fundamental no filme Branca de Neve e o Caçador?

5) Nos contos clássicos, a princesa morta ou adormecida geralmente é salva

pelo beijo do príncipe. Por que isso não acontece no filme Branca de Neve e o

Caçador?

6) Em relação ao filme, que comportamentos, na atualidade, podemos

comparar com as atitudes da rainha para permanecer jovem e bonita?

7) Segundo o conteúdo do Filme, as idéias de Branca de Neve se identificam

com o pensamento feminino da atualidade? Por quê?

8) Quais as diferenças no comportamento da rainha e de Branca de Neve,

comparando-se a história escrita pelos irmãos Grimm e o filme de Rupert

Sanders?

9) A personagem Branca de Neve dos Irmãos Grimm, apresenta o estereótipo

da mulher doce, meiga e perfeita, que cuida do lar e do esposo. A rainha

apresenta o estereótipo da mulher sedutora, dominadora, má e que busca os

seus ideais. Qual a relação que podemos fazer com a mulher atual?

10) No filme e no conto, a madrasta é uma mulher bela, mas se transforma

quando realiza atos de maldade. Isso remete a ideia de que o belo é bom e o

feio é mal.

a) Você concorda que o belo é bom e o feio é mal? Justifique.

b) Na atualidade, esses conceitos ainda existem? Comente.

Quadro de análise comparativa

Diferenças e semelhanças Branca de Neve

(Conto)

Branca de Neve e o

Caçador (filme)

O que acontece?

Como você caracteriza a

rainha?

E Branca de Neve, como é

caracterizada?

Qual é a função dos anões?

Qual é o papel do Caçador?

Onde se passa a história?

Qual final da história?

Que final você daria?

Quinto Momento

Ampliação do horizonte de expectativa

Para a ampliação do horizonte de expectativas, realizar-se-ão leituras

das narrativas clássicas: “As Doze Princesas Bailarinas” e “Jorinda e Jorindel”.

Após a leitura, faremos discussão oral e atividade escrita.

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

Era uma vez um rei que tinha doze lindas filhas. Elas dormiam em doze

leitos de um mesmo quarto e, quando iam para a cama, as portas eram

fechadas e trancadas. Mas todas as manhãs encontravam seus sapatos

completamente gastos como se houvessem dançado à noite toda. Entretanto,

ninguém conseguia descobrir como isto acontecia, ou onde elas haviam

estado.

O rei fez, então, saber em todo o reino que se alguém conseguisse

descobrir o segredo e onde as princesas dançavam durante a noite, esta

pessoa seria coroada rei depois de sua morte; mas quem tentasse e não

obtivesse êxito, depois de três dias e três noites, seria condenado à morte.

Logo apareceu o filho de um rei. Ele foi bem recebido e ao anoitecer foi

levado ao aposento ao lado do quarto onde as princesas se deitavam em seus

doze leitos. Ali, ele deveria ficar sentado vigiando para descobrir onde elas iam

dançar; e, para que não pudesse acontecer nada sem ele ouvir, a porta de seu

aposento era deixada aberta. Mas o filho do rei logo caiu no sono e, ao

despertar, pela manhã, descobriu que as princesas todas haviam estado

dançando, pois as solas de seus sapatos estavam totalmente gastas. O mesmo

aconteceu na segunda e terceira noites, e o rei ordenou que ele fosse

decapitado. Depois dele, muitos outros vieram, mas todos tiveram sorte e

perderam a vida da mesma maneira.

Aconteceu então, de passar pelo país onde reinava este soberano um

velho soldado que havia sido ferido em batalha e já não podia lutar. Ao

atravessar um bosque, ele encontrou uma velha que lhe perguntou aonde ele

ia. “Mal sei para onde estou indo ou o que deveria fazer”, disse o soldado,”

mas acho que gostaria muito de descobrir onde as princesas dançam e então,

com o tempo, poderia ser rei.” “ Bem”, disse a velha, “ esta não é uma tarefa

difícil: cuide apenas de não beber do vinho que uma das princesas vai lhe

trazer à noite. E quando ela sair, finja cair rapidamente no sono.”

Ela entregou-lhe então um manto e disse, “Assim que vestir isto, ficará

invisível e poderá seguir as princesas onde elas forem.” Ouvindo este bom

conselho, o soldado resolveu tentar a sorte e, indo até o rei, disse-lhe que

desejava empreender a tarefa.

Ele foi tão bem recebido quanto os outros e o rei ordenou que lhe

dessem lindas vestes reais. Quando anoitecer, foi conduzido ao aposento

externo. E justo quando ia se deitar, a princesa mais velha trouxe- lhe uma taça

de vinho, mas o velho soldado derramou-o às escondidas tomando o cuidado

de não beber uma gota sequer. Depois, ele deitou-se em seu leito e dentro em

pouco começou a ressonar bem alto como se tivesse caído rapidamente no

sono. Quando as doze princesas ouviram isto, riram gostosamente, e a mais

velha falou, “Este sujeito devia ter feito uma coisa mais sábia do que perder a

vida desta maneira!”. Então, elas se levantaram, abriram suas gavetas e baús,

tiraram todas suas roupas finas, vestiram-se saltitantes diante do espelho como

se estivessem ansiosas para começar a dançar. A mais jovem disse, porém,

“Não sei por que enquanto vocês estão tão felizes eu me sinto tão inquieta;

estou certa de que algum infortúnio vai se abater sobre nós”. “Bobalhona”,

disse a mais velha, “ você está sempre com medo; já esqueceu quantos filhos

de reis nos espionaram em vão? E quanto a este soldado, mesmo que não

tivesse bebido o sonífero, ainda assim teria dormido profundamente.”

Quando todas se haviam aprontado, foram observar o soldado, mas este

roncava e não mexia nem as mãos nem os pés, e assim elas se julgaram

perfeitamente a salvo. A mais velha foi, então, até seu próprio leito e bateu

palmas: o leito afundou no chão e abriu-se um alçapão. O soldado viu-as

descer em fila pelo alçapão com a mais velha na frente, e pensando que não

tinha tempo a perder, levantando-se de um salto, vestiu o manto que a velha

lhe dera e as seguiu. Mas no meio da escada, ele pisou no vestido da princesa

mais novas que gritou para suas irmãs,” Tem alguma coisa errada; alguém

agarrou meu vestido.” “ Sua tolinha!”, disse a mais velha.” Não é nada; apenas

um prego na parede.” Então, todas continuaram descendo e no fim da escada

encontraram-se no mais delicioso bosque cujas folhas eram todas prateadas,

cintilando e faiscando maravilhosamente. O soldado quis tirar uma prova

daquele lugar e quebrou um galhinho de árvore, produzindo um ruído muito

forte. A filha mais nova repetiu, “Estou certa de que há alguma coisa errada;

não ouviram um ruído? Isto nunca aconteceu antes”. A mais velha disse,

porém, “São apenas nossos príncipes gritando de alegria com a nossa

chegada”.

Elas chegaram, então, a um outro bosque onde todas as folhas eram de

ouro; e depois, a um terceiro onde as folhas eram todas esplêndidos

diamantes. E o soldado quebrou um galho de cada; e toda vez isto provocava

um ruído que fazia a irmã mais nova estremecer de medo. Mas a mais velha

continuava dizendo que eram apenas os príncipes gritando de alegria. Assim

foram elas até chegarem a um grande lago; e à beira do lago havia doze

barquinhos com doze lindos príncipes que pareciam estar esperando ali pelas

princesas.

Cada princesa foi para um barco e o soldado entrou no mesmo que a

mais nova. Enquanto iam remando pelo lago, o príncipe que estava no barco

com a princesa mais nova e o soldado disse,” Não sei por que, mas apesar de

estar remando com todas as minhas forças, não vamos tão depressa como

sempre, e estou muito cansado: o barco parece muito pesado hoje”. “ É apenas

o calor do tempo”, disse a princesa, “eu também estou muito acalorada.”

Do outro lado do lago havia um lindo castelo iluminado de onde surgia

uma música alegre de trompas e clarins. E ali, todos desembarcaram e foram

para o castelo. Cada príncipe dançou com sua princesa; e o soldado, que

estava invisível o tempo todo, dançou com elas também. Quando alguma

princesa recebia uma taça de vinho, ele o bebia todo, de modo que, quando

uma princesa levava a taça aos lábios, ela estava vazia. Também isto deixou a

princesa mais nova terrivelmente assustada, mas a mais velha silenciou-a. Elas

dançaram até às três horas da manhã e seus sapatos estavam inteiramente

gastos, por isso foram obrigadas a partir. Os príncipes remaram atravessando-

as para o outro lado do lago (mas desta vez o soldado acomodou-se no barco

com a princesa mais velha) e na margem oposta eles se despediram. As

princesas prometeram voltar noite seguinte.

Quando chegaram à escada, o soldado correu na frente das princesas e

deitou-se em seu quarto. E enquanto as doze irmãs subiam lentamente, por

estarem muito cansadas, ouviram-no roncar em seu leito e pensaram, “Agora

tudo está seguro”. Então elas se trocaram, guardaram as roupas finas, tiraram

os sapatos e foram dormir. Na manhã seguinte, o soldado não disse nada

sobre o que havia acontecido, mas decidiu ver mais daquela estranha

aventura, e foi novamente na segunda e terceira noites. Tudo aconteceu

exatamente da mesma maneira. Todas às vezes, as princesas dançavam até

seus sapatos ficarem em pedaços e depois voltavam para casa. Na terceira

noite, porém, o soldado trouxe consigo uma das taças douradas como prova de

onde havia estado.

Quando chegou o momento de declarar o segredo, foi levado diante do

rei com os três galhos e a taça dourada, e as doze princesas ficaram atrás da

porta para escutar o que ele iria dizer. E quando o rei lhe perguntou, “ Onde

minhas doze filhas dançam à noite?”, ele respondeu, “ Com doze príncipe num

castelo subterrâneo”. E contou ao rei tudo que havia acontecido mostrando-lhe

os três galhos e a taça de ouro que trouxera. O rei mandou chamar as

princesas e perguntou-lhes se o soldado contara era verdade. Quando elas

perceberam que haviam sido descobertas e que não valia a pena negar,

confessaram tudo. O rei perguntou, então, ao soldado qual delas ele escolheria

para sua esposa. E ele respondeu, “Já não sou muito novo, por isso ficarei com

a mais velha”. E eles se casaram naquele mesmo dia, e o soldado foi escolhido

para herdeiro do rei.

(GRIMM, 2002, p. 39-42)

Após a leitura do texto, “As Doze Princesas Bailarinas” responda.

1) O conto é um texto curto que pertence ao grupo dos gêneros narrativos.

Caracteriza por apresentar poucas personagens, uma única ação e tempo e

espaço reduzidos. Em relação ao conto “As Doze Princesas Bailarinas”,

responda:

a) Quais os personagens envolvidos nessa história?

b) Onde aconteceram os fatos?

c) Como muitos outros contos clássicos, o conto começa com “Era uma vez”. O

que isso indica em relação à época em que passa a história?

d) Qual é o tempo de duração dos fatos relatados no conto?

2) Quem é o herói do conto? Como ele é caracterizado? A que classe social ele

pertence?

3) Há um elemento mágico na narrativa? Que elemento é este? Como esse

objeto auxilia no desenvolvimento da história?

4) Qual era o segredo das princesas?

5) Nos gêneros narrativos, a sequência de fatos que mantêm entre si leva a

uma relação de causa e efeito que constitui o enredo. Um dos mais importante

elementos que compõe o enredo é o conflito.

a) Em qual momento do conto, desencadeia-se o conflito?

b) O que leva ao desencadeamento do conflito?

6) Identifique nesse conto o clímax, isto é, o momento de maior tensão?

7) Qual foi a recompensa recebida pelo herói no final da história?

8) Na passagem “Elas chegaram, então a um outro bosque onde todas as

folhas eram de ouro; e depois a um terceiro onde as folhas eram todas

esplêndidos diamantes.”

a) Em que tempo verbal estão os verbos?

( ) passado

( ) presente

( ) futuro

b) Explique por que esse tempo verbal é bastante usado em textos narrativos.

9) No conto, o desejo das princesas em escolherem seus príncipes é frustrado

ao final quando são descobertas pelo rei. O que você acha do fato de o rei

escolher com quem as filhas se casarem?

10) Para você, o que simboliza esse castelo subterrâneo e mágico, com

bosques repletos de folhas de prata, ouro e diamantes? Você já viu algum lugar

parecido em algum livro ou filme? Comente.

11) Você gostou do final da história? Comente.

12) Que outro final você daria à história?

Fonte: Kelli de Cássia Krauze

Existia um antigo castelo que ficava no meio de uma floresta cerrada

onde vivia uma velha fada. Durante todo o dia, ela voava por ali na forma de

uma coruja, ou andava pela região como um gato; mas à noite ela sempre se

transformava novamente em velha. Quando algum jovem se aproximava a

menos de cem passos do castelo, ele ficava paralisado e não conseguia dar

um passo até ela chegar e libertá-lo; mas quando alguma linda donzela

aparecia àquela distância, era transformada num pássaro e a fada o trancava

numa gaiola que era pendurada num quarto do castelo. Havia setecentas

daquelas gaiolas penduradas no castelo, todas com lindos pássaros em seu

interior.

Havia uma donzela de nome Jorinda: ela era mais bela do que todas as

moças belas que jamais foram vistas. Um pastor de nome Jorindel era muito

afeiçoado a ela e eles deviam se casar em breve. Certo dia em que os dois

foram passear no bosque para poderem ficar sós, Jorindel disse, ”Precisamos

tomar cuidado para não chegarmos muito perto do castelo”. Era um lindo

entardecer; os últimos raios do sol poente brilhavam através dos longos ramos

das árvores sobre o mato rasteiro e as pombas-rolas cantavam

melancolicamente do alto das bétulas.

Jorinda sentou-se para admirar o sol; Jorindel sentou-se ao seu lado e

ambos sentiam-se tristes, sem saber por quê; parecia que teriam que se

separar para sempre. Eles haviam caminhado até muito longe e, quando

procuraram o caminho de volta para suas casas, descobriram que estavam

perdidos, sem saber que caminho tomar.

O sol estava se pondo rapidamente e metade de sua coroa já se

escondera por trás da colina. Jorindel olhou subitamente para trás e quando viu

através dos arbustos que, sem o saber, eles tinham se sentado bem perto das

velhas muralhas do castelo, encolheu de medo, ficou pálido e estremeceu.

Jorinda cantava,

“Cantava a pomba-trocaz do salgueiro,

Ai de mim! Ai de mim!

Pranteava o paradeiro

Do amado companheiro,

Ai de mim!”

A canção cessou bruscamente. Jorindel virou-se para saber o motivo e

viu sua Jorinda transformada num rouxinol, de forma que sua canção terminava

num lamentoso iag, iag. Uma coruja de olhos ardentes voou três vezes ao

redor deles e três vezes gritou Tiu-hu! Tiu-hu!Tiu-hu! Jorindel não conseguia se

mover: estava paralisado, rígido como uma pedra, e também não podia chorar,

nem falar, nem mexer mão ou pé. O sol se pôs completamente e a noite

sinistra desceu. A coruja voou para um arbusto e um instante depois apareceu

a velha fada, muito pálida e magra, com olhos esgazeados e um nariz que

quase encostava no queixo.

Ela murmurou alguma coisa consigo mesma, pegou o rouxinol e saiu

com ele na mão. O pobre Jorindel viu o rouxinol ser levado - mas o que poderia

fazer? Não podia se mover do lugar onde estava. A fada finalmente retornou e

cantou com voz rouca,

“Até a prisioneira ser guardada

E sua sorte estar selada

Fica aí! Demora!

Quando o encantamento a cercar

E o feitiço a encarcerar

Dê o fora! Fora!”

De repente Jorindel sentiu que estava livre. Ele caiu, então, de joelhos

diante da fada e implorou-lhe que restituísse a amada Jorinda, mas ela lhe

disse que jamais a veria de novo, e partiu.

Ele rezou, chorou, se lamentou, mas tudo em vão. “Ai de mim!”, disse.

“O que será de mim?”

Jorindel não poderia voltar para seu próprio lar, por isso foi para uma

outra aldeia onde se empregou para pastorear ovelhas. Muitas vezes, ele ia

caminhando até o mais perto que ousava chegar do odiado castelo. Certa

noite, sonhou que encontrava uma linda flor púrpura e no meio desta havia

uma preciosa pérola. E sonhou que arrancava a flor e entrava no castelo com

ela na mão; cada coisa que ele tocava com a flor era desencantada e ali ele

encontrava novamente sua amada Jorinda.

Ao acordar, pela manhã, pôs-se a procurar pela linda flor morro acima e

morro abaixo. E durante oito longos dias ele procurou em vão, mas no nono

dia, bem de manhãzinha, encontrou a bela flor púrpura; e no meio dela estava

uma grande gota de orvalho, grande como uma preciosa pérola.

Ele arrancou a flor, então, e partiu, viajando dia e noite até chegar

novamente ao castelo. Aproximou-se a menos de cem passos dele, mas não

ficou paralisado como antes, descobrindo assim que poderia chegar até bem

perto da porta.

Jorindel muito se alegrou com isto: tocou a porta com a flor e esta se

abriu. Assim, ele entrou no castelo passando por um pátio, sempre atento para

ouvir os muitos pássaros cantando. E finalmente chegou ao quarto onde a fada

ficava sentada com os setecentos pássaros cantando em setecentas gaiolas.E

quando ela viu Jorindel, ficou muito zangada e gritou enfurecida; mas não

conseguia chegar a menos de dois passos dele pois flor que ele segurava o

protegia. Ele correu o olhar pelos pássaros mas, pobre dele, havia muitos e

muitos rouxinóis. Como poderia encontrar a sua Jorinda? Enquanto pensava no

que fazer, observou que a fada havia apanhado uma das gaiolas e estava

tentando escapar pela porta. Ele disparou atrás dela, tocou a gaiola com a flor-

e sua Jorinda apareceu diante dele. Ela rodeou-lhe o pescoço com seus braços

e parecia tão bela como sempre, tão bela como quando eles caminhavam

juntos pelo bosque.

Então, Jorindel tocou todos os outros pássaros com a flor para eles

retornarem suas antigas formas e levou sua amada Jorinda para casa, onde

viveram felizes por muitos anos.

(GRIMM, 2002, p. 57-59)

Questões a serem respondidas pelos alunos em grupos, após a leitura do

texto.

1) O texto Jorinda e Jorindel é uma narrativa curta e apresenta poucos

personagens. Quem são os personagens protagonistas desse conto?

2) Quem é o (a) antagonista da história?

3) Em qual local (espaço) acontece à história?

4) Qual personagem, muito comum nos contos de fadas, aparece nesse texto?

Qual era o seu poder?

5) Geralmente, os contos de fadas apresentam um esquema parecido (que

está abaixo). Tente identificar cada uma dessas partes no texto lido.

a) O herói está no seu mundo comum:

b) Acontece um problema, um desafio:

c) O herói decide agir:

d) Surgem os aliados e os inimigos:

e) O herói passa por uma provação:

f) Vem o desfecho (final da história):

6) É muito comum nos contos de fadas a presença de objetos mágicos. Há

nesse texto a presença de algum deles? Qual sua função?

7) Qual o comportamento de Jorinda em “Jorinda e Jorindel” que faz a

personagem feminina ser transformada em pássaro pela fada/bruxa?

8) Em que difere o comportamento da personagem feminina principal em

“Jorinda e Jorindel” de “Cinderela” e “Branca de Neve”?

9) Um acontecimento desencadeia o conflito/ a complicação da história. Qual é

este conflito?

10) Como o conflito foi resolvido?

11) Onomatopeia é a palavra ou conjuntos de palavras utilizadas para

representar ou imitar um som, um ruído: Quais as onomatopeias presentes no

texto?

Produzindo texto

Após o percurso de estudo do gênero e de leitura dos contos de fadas e

suas relações intertextuais, propõe-se aos alunos que produzam uma narrativa

com características dos contos de fadas.

Antes de começarem a produzir a história, eles devem fazer um

planejamento de como ela será. Para isso, colocam-se cartazes com algumas

orientações de como escrever uma narrativa – contos de fadas. Dizer aos

alunos que eles deverão fazer uso das informações listadas no cartaz

apresentado.

Fazer com os alunos uma leitura dos cartazes, ressaltando os pontos

nele registrado.

Cartazes

PLANEJAMENTO PARA PRODUZIR A SITUAÇÃO INICIAL

Pense no tema de sua história, ou seja, sobre o que vai escrever;

Crie os personagens que farão parte da sua história (heróis, heroínas;

vilãs e vilões);

Pense nas qualidades e defeitos de cada personagem;

Invente os nomes de seus personagens;

Imagine em que lugar a história ocorrerá.

PLANEJAMENTO PARA PRODUZIR O DESENVOLVIMENTO

Pense no problema ou na dificuldade que o herói ou a heroína terá

que enfrentar;

Invente o elemento mágico ou um personagem que auxiliará na

resolução do problema ou da dificuldade.

PLANEJAMENTO PARA PRODUZIR O DESFECHO

Pense na maneira como os personagens conseguirão solucionar o

problema ou vencer as dificuldades;

Reflita como terminará a história.

NÃO SE ESQUEÇAM:

Os contos de fadas geralmente apresentam final feliz.

REVISANDO O TEXTO PRODUZIDO

Reler o texto produzido e verificar se:

A história apresenta situação inicial, desenvolvimento e desfecho;

Há a indicação do lugar em que os fatos aconteceram;

Há a presença de personagens próprios dos contos de fadas;

Há um problema;

O problema foi solucionado;

Há um objeto mágico ou um personagem que auxiliou na resolução

do problema;

O título está apropriado à história;

A pontuação está adequada.

Depois de feita a revisão do texto, os alunos deverão passar a limpo e

fazer a ilustração.

Esta Unidade didática será aplicada tendo em vista uma avaliação

contínua, diagnóstica e processual, na qual os alunos precisam de tempo para

aprender. Consideramos que a aprendizagem não acontece de um dia para o

outro, há um caminho a percorrer. Enquanto os conhecimentos novos tornam-

se definitivos, surgem novos desafios e o processo continua, possibilitando

novas aquisições, novos conceitos, novos conhecimentos, novas práticas.

A prática pedagógica será caracterizada como um ambiente de um

constante ensinar e aprender, de modo que todos façam parte do mesmo

processo ensino/aprendizagem. Através de aulas de leitura, conversação,

compreensão de textos, construção de novos textos, exercícios diversos, troca

de atividades entre alunos, será possível avaliar o aluno e contribuir para o seu

crescimento intelectual.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

______. Marxismo e filosofia da linguagem. (Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi

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BORDINI, Maria da Glória, AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: A formação do leitor:

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BRANCA de Neve e o Caçador (Filme). Direção: Rupert Sanders. Produção: Joe Roth.

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CARVALHAL, Tânia Franco. Intertextualidade: A migração de um conceito. In: O

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COELHO, Nelly Novaes, O Conto de Fadas, São Paulo: Ática, 1987.

FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. UECE –

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ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo:

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