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V.
O U R I N H O S
W
/ U L H OS A L V E 9 D
por .
Constcmtinó A. Molina
O que houve no Brasil
I PANORAMA RETROSPECTIVO
Nunca nos tempo,s historicos, a democracia conquistou tanta evolução expansiva como na actualidade. No decorrer dos séculos, ruiram-se impérios e abalaram-se thrônos, solidamente implantados, seguindo-se o regime republicano desde a memorável revolução fran- ceza que proclamou altamente os «Direitos do homem». Esses princípios irrefutáveis que os eminentes philosophos encyclopedistas Rous- seau, Woltaire e Didenoit ensinaram a grande potência europea, foram acatados pelos ardorosos demagogos e libertadores, norte-am ericanos, argentinos, bolivianos, chilenos e outros que se declararam independentes do sceptro britannico-hespanhol. O poderoso império alle- mão que ambicionava a conquista do mundo inteiro, confiante nas suas arm as de guerra e na technica e argúcia de seus genios, serviu de exemplo para o,s magnatas de outras nações, demonstrando a eficiencia do povo e a fragilidade da vara do poder que não repousa nos hombros robustos desta massa trabalhadora.
Quem observa a psychologia das m ultidões através dos grandes acontecimentos so- ciaes, verifica que os maiorys factores das discórdias e rivalidades existentes entre as nações e os partidos, são o exaggero no abuso do poder dos depositários da autoridade e as grandes injustiças humanas que estes praticam com os seus subordinados. Devem os mesmos lembrar-se, de que todos estamos baseados nos princípios da egualdade e nascemos como parte integrante da grande organização que cham amos Humanidade. As conseqüências lógicas deste despotismo e assenhoreada arrogancia, deu origem como já falei, á causa da Revolução franceza com a tomada da Bastilha; a grande guerra que avassalou o mundo na ne- vrose de sangue e de pavor, á oppressão e a fome que deram causa ao oommunismo.
Os dirigentes das nações devem lembrar- se que o povo é o docil cordeiro que obedece a tudo, quando se lhe am para os direitos da-se-lhe pão no trabalho e garante-se-lhe a lei; mas este manso animal, torna-se terrivel felino, armado de poderosas garras, quando não se lhe faz justiça, ou a lei não protege sua família, sua propriedade e a sua posição, equiparada a de um estadista ou de um m agistrado. O povo moderno não é aquelle da antiguidade ou feudal, afastado das regalias e privilégios da burguezia, reduzido á simples condição de animal racional, privado do que
temos de mais sagrado: a iliberdade; Não. Hoje, o boi que resignadamente, sem levantar a cabeça, puxava a carroça amedrontado pelo aguilhão da tyrannia, ergueu-se magestosamente e concentrando as forças da sua m usculatura rija, metamorphoseu-se, passando da escravidão á soberania.
O povo, reconhecendo suas capacidades intellectuaes e moraes e o papel preponderante que exerce na humanidade, pensou na sua intelligencia que aberradam ente ,estivera até aqui mergulhado nos labyrinthos obscuros do ostracismo e da letalidade, deixando-se m anipular como pedra prim a nas mãos dos seus artífices. Mas agora que o raio da civilização moderna invadiu nas penumbras da caverna em que jazia, confundido com a terra, seus olhos abriram-se e m aravilhado da riqueza que incorporava, do brilho seductor que irradiava seus prismas e da dureza diam antina de suas arestas, sacudiu indomito o jugo que o ty- rannizava; e segregando-se do minério pesado e amorphe que o, circumdava, declarou-se independente escalando-se na cathegoria das pedras preciosas, symboJizadas com as differen- tes classes sociaes.
Reintegrado na sua posição^ tra tou de aquilatar o seu valor, com a producção do seu trabalho. Afoito e tenaz, rasgou essas terras uberrim as dos nossos sertões e florestas deixando em breve a sua superfície alfombrada de polychrom as mêsses que constituem a fonte principal de renda do nosso paiz, e por conseguinte base da nossa evolução financeira e oommercial.
II UMA MIRAGEM
Lançado um olhár retrospectivo no sce- nario mundial, destacando o nobre relevo da democracia nos acontecimentos actuaes, vamos agora descortinar aos nossos leitores, um pouco ao longe, a miragem deste ultimo trien- nio tão convulsionado na nossa historia nacional.
Fenecia a carreira presidencial da Republica, o Dr. W ashington Luiz em 1929. O povo brasileiro levava ás urnas as candidaturas Julio Prestes e Getulio Vargas. Os tra balhos das eleições decorriam na m aior animosidade, nos municípios c cidades, quando na apuração final, o presidente paulista levava grande vantagem sobre o seu rival Getulio Vargas. Esta derrota eleitoral, atribuída a in-
, famia dos usurpadores do poder, não foi bem
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julgada pelos pnoceres liberaes de Minas, Rio Grande do Sul e Parahyba. Vendo em jogo a causa constitucional, os tres Estados irm anados nos mesmos ideaes libertadores e visando o mesmo fim, a restauração do Brasil, uniram as suas forças e levantando-se em armas, viram-se alastrando denodadamente pelo território nacional em conquista dos seus planos. Através penosas jornadas e renhidos combates com os legalistas, conseguiram entrar victorio- sos na Capital de São Paulo em 24 de Outubro. Todos nesse memorável dia eram revolucionários. Indiscutivelmente, o paulista como o carioca, o gaúcho como o mineiro, ostentavam no pescoço o lenço vermelhoi emblema da Revolução. Todos ansiavam a mudança de governo. O Exercioo e a Marinha que tão altamente oomprehendiam a situação precaria em que o paiz estava immerso, não offerece- ram resistência alguma para o completo vxito da campanha liberal e para a prom pta vinda ao Cattete, do Chefe Supremo da Revolução. Estava pois term inada a gloriosa etapa, a grande jornada do memorável dia 3 de Outubro, data em que irrom peu a Revolução Redemptora que o povo tanto almejava. O idolo popular, Getulio Vargas, assumia o governo da Republica no dia 3 de Novembro do mesmo anno, em meio de um delirio frenético, na Capital Federal, emquanto o Presidente depostoi pagava seus actos com o exodo para Europa. Cercado no palacio de homens eminentes consagrados pelas armas e pelos relevantes serviços prestados á Nação, iniciou o novo Presidente a obra reconstructora do Brasil.
Novo ambiente parecia assenhorear-se na atmosphera tempestuoisa. Os cirrus plúmbeos, prenhes de raios prestes a desencadear-se sobre nós, dissiparam-se, deixando transparecer no horizonte nebuloso, os luores de uma nova aurora, rutilante de luz e promissora de esperanças. Este era o soberbo painel que se delineava na intelligencia colorida daquelles, que esposaram os anseios e ideaes novos da Alliança Liberal.
III DYNAMISMO e INÉRCIA
Galgando o Presidente o maximo degrau da hierarchia politica e detentor do poder publico e das forças armadas, tinha elle por indeclinável dever garantir a segurança do povo. e tom ar para isso providencias energicas. Parece que o lemma de nosso pavilhão «Ordem e progresso» estava gravado na mente do Dr. Getulio Vargas. O novo Presidente, sciente dos serios compromissos que pesavam nos seus hombnos, traça nova etapa nos fastos
gloriosos da nossa historia. A paz no Brasil parecia estar assegurada, si elle seguisse a risco, todos os itens da magnífica plataform a que ideou no tempo da sua candidatura. O principal escôpo que era a reconstrucção do paiz de accordo com os moldes revolucionários, seria o maximo expoente da sua brilhante carreira presidencial. Mas infelizmente o plano revolucionário, foi perdendo lentamente suas directrizes, rumando para o. abysmo. O povo que corajosamente auxiliou ao trium pho da resolução, esperando m elhores dias, foi illu- dido com vãos galanteios e acariciado com reiteradas promessas. A oppressão esmagadora em que estavamos, tornou-se mais estreita e esmagadora com o regime dos novos lycurgos. A corrente dynamica que parecia reavivar as veias exangues da nação, foi decrescendo e extinguindo-se até as raias da mais absoluta inércia. A terri^el crise soffrida com o abalo do café, seguiu-se a crise politica e financeira. O considerável augmento nos impostos e as elevadas tarifas aduaneiras, constituíram uma m uralha refractaria á nossa evolução commer- cial, tornando a vida do cidadão em precaris- sinuo estado. Peiorou ainda a situação politica, nomeando o Chefe do Governo Provisorio para Interventores dos Estados, a invicta phalange dos coripheus revolucionários que junto com elle enfrentaram destemidamente os perigos da campanha liberal; entrando o> povo brasileiro sob o dominio absoluto do militarismo. Estes por sua vez, homens guerreiros, distinctos o-ffi- ciaes, de bravura inexcedivel no m anejo das armas, porem, desconhecendo o ambiente e os princípios políticos dos grandes estadistas e heterogeneos ao caracter e hábitos do povo da sua jurisdição, tornaram-se déspotas governando e administrando como militares e não como estadistas.
Consequentemente, antipathias, rivalidades, rixas e desavenças reinavam entre esta- doanos e Interventores, os quaes abafavam qualquer rebellião com a força. Era o re-
. gime da tyrannia e da oppressão em todas as classes sociaes. Represálias de um lado, rompimentos de outro, m antinham os Estados em convulsões intestinas. Temendo- os dirigentes de um momento para outro, o rompimento das hostilidades, fundaram no Rio o famoso «Club 3 de Outubro» appellidado dos «Tenentes» ao qual pertenciam como socios ois prin- cipaes elementos da Revolução trium phante. Nas reuniões que elles organizavam, debatiam em palestras, conferências e discursos, pontos collectivos de interesse revolucionário, sem preoccupar-se das directrizes prim ordiaes da Nação taes como a protecção da agricultura, industria, commercio, viação, e obras publicas, que estavam no m aior abandono. Elles oon-
Toai 6o% o 43 5 5centrados na oratoria e cultivadores da bella arte da rhetorica, lá estavam n’aquelle ambiente philosophico, fortalecendo o espirito revolucionário que parecia perder seus traços indeleveis e a força e prestigio moral que de cabia por terra. Para este fim organizaram o «Club 3 de Outubro». Para prestigiar as autoridades revolucionárias, civis como militares; para interpretar fielmente o programma elaborado pelos Chefes da revolução e para orientar de acoordo com o programma revolucionário, todas as classes e camadas sociaes. Paulatinamente o militarismo foi ganhando adeptos de todos os recantos do territorio nacional. Os «tenentes» desde o Norte até ao Sul, eram os portavozes das vontades supremas.
No entretanto a obra reconstructora nacional não transpirava os seus effeitos. As massas encephalicas e glandulosas segregavam trabalho e esforço, mas os canaes e orifícios estavam obstruídos pelo partidarism o e egoísmo fatal que enfraquece qualquer entidade por mais solida que seja. Esta força apparente- mente dynamica, atrophiou-se gerando a mais completa inércia.
IV O «CASO PAULISTA» E AS «FRENTES UNICAS»
A indesditosa nomeação do Cel. João Alberto para a Interventoria do Estado de São Paulo, deu origem ao celebre «caso paulista». Filho dos pampas sulares, totalmente antagônica ao caracter do pujante Estado e incongruente ao genío bandeirante, julgava adm inistrar efficazmente sob a pressãoi do militarismo. Logo no começo surgiram ao encontro, serias difíiculdades da parte dos democráticos e dos pnoprios legionarios. O povo paulista descontente da sua actuação, appellou immediatamente ao poder central pedindo a exoneração do cargo que exercia. Elles queriam um homem civil, genuinamente paulista, de real destaque na politica neutra, e escolhido pelo povo. O Chefe do Governo Provisorio, vacilou um momento antes de attender ao brado geral que partia das terras de Pirati- ninga; mas o fulminante rompimento do Partido Democrático com o Interventor, accelerou o seu prompto afastamento, nomeando* como seu successor ao integro magistrado Dr. Laudo de Camargo. Esta nomeação irritou aos socios do «Club 3 de Outubro» os quaes ameaçavam desligar-se dos seus postos, caso o Presidente não mudasse de resolução. Depositário dos dictames dos seus conselheiros, hostil e re- fractario para o povo, fazia e desfazia de acoordo com suas vontades sem considerar as
tristes conseqüências dos seus actos, que mais tarde affluiriam directa ou indirectamente na queda da presidência. Emquanto o tenentismo apoiava a obra do Presidente, o povo paulista por outro lado unia-se analysando sua administração e censurando muitos dos seus actos. Sem distincção de credos políticos, os partidos republicano e democrático, respeitando sua autonomia, fundiram-se num só bloco, coheso e homogeneo, form ando a «Frente Única» que faria frente aos partidários do «Club 3 de Outubro q no raio da justiça e do direito.
A campanha liberal trium phou, graças as forças arm adas e ao povo; era justo que Getulio Vargas, desse ouvidos aos problemas palpitantes pelos quaes elles se bateram em lutas fralricidas, e não a um grupo seleccio- nado de partidários. A «frente unica» paulista, precedéu em idênticas condições as frentes mineiras e riograndenses, terminando por um contracto assignado pelo triumviro Francisco Mo rato, A rthur Bernardes e Raul Püla. Dois grandes partidos sulcaram o Brasil in te iro :Getulio Vargas com os elementos revolucionários de um lado, e as «Frentes Unicas» com o povo, de outro. O prim eiro reivindica pelos compromissos revolucionários e o segundo pela Constituinte. Inicia-se uma reacção de parte a parte, na etapa apologetica dos manifestos.Cada partido esboça em relatorios vibrantes de patriotismo e tribunas de eloquencia, o estado actual da nação julgada pelos differentes prismas eoonomico-financeiros. Desses manifestos, seguiu-se uma certa hostilidade entre ambos partidos. Tornava-se necessário para tranqüilizar o Paiz, elaborar uma Constituição baseada na Constituição do 24 de Fevereiro de 1891, liberal na egualdade dos direitos sociaes, e convocar immediatamente as eleições. Quanto ao primeiro passo já foi dado nomeando uma Commissão de homens illustres e destacados vultos políticos que a estudaram e redigiram da forma mais conveniente. O segundo passo, porém1, parecia estar indeciso. Esta indecisão e perplexidade na convocação da constituinte, devia resolver-se , com a maior brevidade, por ser o escopo visual de toda revolução bem organizada. Urgia que em problema tão palpitante, o Chefe do Governo Provisorio, se definisse, elevando-se acima dos interesses mesquinhos, aos grandes e magnanimos de uma nação. O momento não era para hesitar nem para illudir com • nebulosas enredadoras e sophisticas; era tempo de decidir-se, antes que outra rajada revolucionaria, abalasse o paiz. O Presidente, receiando que o povo se levantasse em armas, abaixou antes de lançar o seu manifesto á Nação, o decreto da convocação da Constituinte para o dia 3 de Maio de 1933. Mais
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tarde, em nova reunião ministerial, adiou o dia para 9 de Julho. Esse praz-o, os liberaes o julgaram indefinido e muito longo. Um movimento frenetico estabeleceu-se nos Estados da Alliança Liberal. Em signal de protesto, exoneraram-se diversos elementos do Ministério, do Exercito e da Marinha, deixando ao dictador em critico estado. Os pro- prios chefes liberaes das «Frentes Unicas» rom peram uma tras outra com1 o Governo Federal. T rataram ao mesmo tempo de organizar um ministério de concentração nacional, que houvesse de ser a expressão dos novos rumos políticos capazes de tranquillizar a nação e de servir de garantia definitiva para o seu prom pto e seguro regresso ao regime constitucional. Era esta a aspiração de todos os brasileiros de bôa vontade. As «Frentes Unicas» cuja orientação contava com o sufrágio da immensa maioria da opinião publica, em todos os Estados da Federação e que defendiam os nobres interesses das gloriosas forças armadas do paiz, alegraram-se de ter enviado todos os seus esforços no sentido de ser restituida a confiança da nação no Governo Provisorio. Naufragados os seus patrióticos empenhos, retiraram -se com serenidade de animo para as posições primitivas que occupavam antes das tentativas de recomposição com. o Governo Provisorio, esperando orumo a seguir.
Sob o impulso de dignos patriotas, o rganizou-se nesta retirada silencioisa a Cruzada Pro-Constituinte, tratando por todos os meios adiantar a constituinte, unica esperança da Nação que restituiria a paz nas famílias. Oseu programma bem traçado-, consistia em conferências vibrantes, festas civicas e comícios
O que h o uv e
A REVOLUÇÃO
I
Julho! 22 de Julho! 4 de Julho! 9 de Julho! Datas evocadoras que surgem fulgentes na imaginação paulista! Esta linha ecli- ptica representada pelo signal zodiaco de Câncer torna-se ephemeride celebre na historia aurea de São Paulo. Tempos atraz, cahiam no Rio, fulminados por uma saraivada de balas os 18 fortes de «Copacabana» m artyres da nova phase republicana. O sangue vertido por esses heroes já consagrados pelo povo, fertilizou por influencia o solo bandeirante,
m onstros que eram levados enlhusiasticamcnte nas capitaes da Federação, principalmente em São Paulo, Bello Horizonte e Porto Alegre. Caravanas de oradores percorriam o interior dos Estados empolgando as populações com a sua labia suggestiva e captivante. Por toda a parte as ideas liberaes calavam nas consciências, gozando antecipadamente da doce ambrosia que traria a Constituinte para o paiz.
V MOLAS DA REVOLUÇÃO
A prensa brasileira, vinha diariamente m ostrando as lacunas do programma revolucionário,, ao que o dictador mostrava-se pu- sillanime e imperioso,. O povo cada vez mais agitado, demonstrava franca antipathia para o Governo Provisorio. Muitos dos seus actos feriam directamente a democracia brasileira.
O apoio e força moral que emprestava ao «Club 3 de Outubro», então já transformado em partido político, que governava mais do que o proprio dictador; o pouco caso que fazia ás manifestações espontâneas das «Frentes Unicas»; as arbitrariedades commettidas, como sejam o barbaro attentado de diversos jornaes, particularm ente do «Diario Carioca»; o rompimento do Partido Democrático com o Interventor João Alberto; o paroxismo para o feliz desfecho do «caso paulista» que interessava não somente a São Paulo como a todo o Brasil; as prisões injustas de diversos officiaes, particularm ente a do bravo Cel. Theo- pompo de Vasconcellos, accusado como chefe responsável do levante de Quitaúna; a lenta convocação da constituinte, eis ahi em syn- these as molas que movimentaram a nova revolução paulista do dia 9 de Julho de 1932.
em S ã o Paulo
germinando na actualidade, não uma phalange de dezoito fortes, mas sim uma legião de homens intrépidos que pugnando pelas mesmas aspirações liberaes, levantam-se corajosamente em armas para salvar o Brasil cercado^ de polvos insaciáveis. São Paulo a terra abençoada de Piratininga sempre deu exemplo perenne do seu heroísmo, á nação, desde os mais remotos tempos coloniaes, até hoje. São Paulo, berço de estadistas e homens illustres, sempre representou um papel saliente nos destinos do Brasil. E’ o Estadoi que synthetiza todos os demais Estados da Federa çãoi, no qual se re- flectem todos os ramos da actividade humana.
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nJ - T o / W . <91355Coração deste gigante Cyclope que é o Brasil, suas fortes pulsações repercutem nos recantos mais afastados e sua larga artéria que é o porto de Santos, manda a sua riqueza e dynamismo, alem dos mares, para o exlran- geiro.
Falar de São Paulo é falar do Brasil. O caso que São Paulo reivindica, devem to-
Dr. Pedro d e T oledo , em cujo g overn o irrom peu o m ovim ento revolu cion ário em S ão Paulo.
dos os brasileiros reivindicar, entre£ando-se totalmente as aspirações piratininganas, confiantes em que os guiará pelos caminhos roseos da victoria e do exito. Si a missão que São Paulo exerceu nos levantes do 24 e do 30, foi magestoso e patriotico, a missão que desempenha na revolução actual, dirigida pelos caudilhos Isidoro Lopes e Bertholdo Klinger, é mirifica, super-excelsa e idealogica, pois agora não defende um partido; defende ao Brasil, defende a nação.
II
Encerravam-se os trabalhos do 8.o Congresso do Partido Democrático, as 11 horas da noite, do. memorável dia 9 de Julho, quando a uma hora da madrugada, irrom peu na Capital Paulista o movimento revolucionário constitucional, assumindo as supremas responsabilidades das forças empenhadas na luta pela immediata constitueionalização do paiz, o General Isidoro Dias Lopes, secundado no dia seguinte, pelo General Bertholdo Klinger. Gom- mandante da Circumscripção de Matto Grosso, e o Coronel Euclydes de Figueiredo que assumia, de accordo com os rebellados o comman- do da 2.a Região Militar. Logo que irrompeu o movimento, o povo em massa, fremente de enthusiasmo, invadiu as casas de armas e os
quartéis, pedindo munições para lu tar contra os dictatoriaes. As tropas regulares já estavam prevenidas para o ataque e levante immediata. Por isso, sem difficuldade nenhuma, foram adherindo ao movimento redemptor, as tropas do 4.o Batalhão B. C. aquarteladas em Santa Anna e a guarnição de Quitauna. Os Chefes do movimento ao dar o signal do levante, já tinham tudo combinado para o ataque. Ordens immediatas foram expedidas ao Com- mandante da Força Publica Cel. Julio Marcondes Salgado, para que fornecesse as metralhadoras necessárias para guarnecer a Estação do Norte, Correios, Telegraphos e as sociedades da Radio Educadora, a Paulista e outros logares; emquanto outras concentrações de civis armados guarneciam diversos pontos da cidade como a Praça Buenos Aires, Avenida Paulista, Largo das Perdizes, Praça da Sé e Cambucy, concentrando-se mais tarde no Largo São Francisco. Este Largo, era tal a massa do povo que se avolumava que estava quasi interrompido. Nessas mesmas horas da m adrugada, officiaes da Força Publica e do Exercito, com alguns estudantes, prendiam o Coronel Mendonça Lima, Chefe do Estado Maior da Região Militar, Capitão Eduardo Campello e tenente Pagé Carvalho, ambos officiaes de ordens do Cel. Manoel Rabello. Despontavam os prim eiros raios do sol, beijando as siluetas dos aranha-céos, quando o movimento, já era intenso em todas as ruas da Capital. Caminhões cheios de soldados do Exercito, dirigiram-se ao Quartel General, entrando imniedi itamente na
O id o lo d o p ovo , Gai. Isidoro D ias Lopes, q u e assum iu as re sp o n sa b ilid a d es d as
forças em p en h a d a s na luta.
Chacara do Carvalho pelo portão principal, emquanto outros da Prefeitura, carregados de e munições, atravessavam a toda velocidade o Viaducto do. Chá, em demanda ao Largo São Francisco. O formidável movimento das primeiras horas, attingiu agora a organização definitiva. São Paulo, todo unido e coheso, age no sentido de ser estabelecida a mais completa harm onia estratégica, levantando em pou
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cos instantes cem mil homens em pé de guerra, victoria que a guerra europea não registrou.
A mocidade paulista já estava de posse de todos os recursos e de todas as instruc- ções necessárias, aguardava apenas ordens, ü numero de reservistas e de voluntários cresceu num rythm o que empolga e que afirma o animo forte que se a posou da nossa mocidade. Foi deveras impressionante o alistamento verificado nas differentes circumsçripções militares. De momento a momento surgiam rapazes e mais rapazes de physionomia alegre e risonha, demonstrando no seu semblante a a real intenção de combater-se até o fim, pela autonomia de São Paulo e pela constituciona- lização. Elles correm presurosos alistar-se dando os nomes e residências e recebendo o respectivo armamento. Depois de um fulminante e curto dialogo, eram informados do local e da hora onde deveriam comparecer para -as immediatas instrucções. Em todos os sectores de alistamento reinava o mesmo enthusiasmo.
O b ravo Gai. B ertholdo Klinger, q u e com a sua icircunscripçâo d e M afto G rosso,
com m um garam d a s id éa s lib ertad oras paulistas.
Por Ioda a parte homens de 18, 30 e 50 an- nos. Nunca se viu na historia tanta resolução e tanta attitude desprendida e abnegada por um ideal. São Pauto em peso levantou-se em armas, collaborando para a victoria e para a prompta integralização do paiz ao regime constitucional. Todas as classes sociaes, sem dis- tineção de raças e de partidos, arregimentaram- se constituindo batalhões e companhias. Não ha um paulista, que neste momento fique inerte ou sceptioo, ante o gladio tra idor que vem ferir-lhe seu caracter, seus brios e suas glorio sas tradicções passadas. São militares, operários, trabalhadores, alumnos de Escolas de Commercio e de Direito, professores, médicos, engenheiros, advogados, funccionarios públicos, todos querem concorrer com as suas capacidades para ó exito de alevantada causa. Moças, senhoras e senhoritas da sociedade paulistana, possuídas do mais sincero patriotismo oolla-
boram de diversas form as; seja confeccionando fardas para os soldados voluntários; seja angariando donativos ou organizando assistências para a «Cruz Vermelha», intervindo mais tarde nos soccorros de hospitaes de emergen- cia que foram installados nos differentes sectores, onde se bateriam as forças constituciona- listas. São Pauto offereceu-nos nesta hora histórica o espactaculo soberbo de uma nação forte e admiravelmente organizada, que se prepara para uma longa e dura guerra. Esta col- meia gigantesca que se poz em acção, que se movimenta febrilmente, que pensa, que vive, que se agita nos seus multiplicados esforços, pela constituição, pela terra bandeirante e peto Brasil, não esmorece, não desfallece na sua campanha. Nesse movimento que innunda as artérias da cidade é essencialmente espontâneo e voluntário. Não houve recrutamento forçado como na Revolução anterior, porque desta vez todos os piratininganos comprehenderam sem hesitação, que lutar por São Pauto neste transe é mais do que um dever, uma honra insuperável. São Pauto soergueu-se para desagravar-se das iniquidades que soffreu, para reatar as suas tradições de valentia e pugna- cidade e mais do que tudo para restituir aos brasileiros o seu direito de cidadania, outorgando-lhes a Constituição que almejam. «A espada desembainhada num lampejo fulgurante faz continência a lei e esse gladio que assim lampeja e rebrilha, esse gladio invencível é o gladio de São Paulo. São Pauto é hoje um soldado só, de pé e em armas, m archando para frente, não pleiteando uma cousa mas sim defendendo uma cousa como falou o Dr. Ibra- him Nobre.
III
Dominada de prompto a situação m ilitar da Região, na noite memorável de 9 de Julho, não foram necessárias muitas horas para que começassem a seguir para as raias do Estado os primeiros contingentes da valiosa força paulista, enviadas contra a Dictadura. Caminhões cruzavam incessantemente as ruas, pejados de voluntários em direcção aos quartéis, emquanto outros batalhões impeccavelmente equipados desfilavam pela cidade a caminho das estações de embarque e dos campos de batalha. A todo momento nas Estações da Sorocabana, Central e Paulista chegavam e saiam comboios conduzindo tropas do Exercito e da Força Publica. A multidão enthu- siasmada, postada a estação, sequiosa, accom- panhava todo o movimento que se desenvolvia para a grande luta que se frisava, applaudindo longamente as tropas libertadoras. O primeiro contingente que rompeu a m archa foi o 7 .o
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B. C. da Força Publica com direcção a Campinas, sob o commando do Tenente Coronel João Dias de Campos. Magnífica era a moral de toda a tropa partindo entoando hymnos patrióticos confundidos com fârtos vivas a São Paulo, a Força Publica e ao Embaixador Pedro de Toledo. Chegam depois na mesma noite na Estação da Luz, o grupo de m etralhadoras Pesadas aquartcladas em Itú, em barcando na mesma noite para Cruzeiro, onde tomaram posição ao lado das forças ali acampadas. O mesmo movimento reinava nas demais estações ferroviárias. Batalhões armados divergiam para todas as fronteiras do Estado. Na Central do Brasil, seguia para Cruzeiro o Regimento de Cavallaria do 2. o R. D. de Pi- rassununga, commandado pelo Cap. Oswaldo Pereira, revolucionário de 1924, precedido pelos l . o e 2.o Batalhões da Força Publica que embarcaram horas antes para o campo de operações. Na São Paulo Railway seguiram com direcção a Santos o 6.o Batalhão da Força Publica, risonhos e alegres. Em poucos dias as regiões de Cruzeiro, Rezende, Cunha, Tun- nel, Itararé, Ribeira e Ourinhos, já possuía mais de 100.000 homens paulistas.
IV
0 movimento da revolução constitucional é essencialmente paulista. São Paulo sozinho ou acompanhado irá na lula com a arm a na mão e a alma no peito. Si os irmãos o abandonarem, seguirá sozinho até ao fim. Que importa? Maior é a gloria quanto mais rude é o Calvario. Tudo pode falhar, mas São Paulo nunca irá contra as suas tradições. Os chefes e dirigentes da Campanha, mantem-se nos seus postos de commando firmes e resolutos. O Quartel General da 2.» Região, entra agora num período de relativa calma, depois de tomadas todas as providencias que se impunham logo após a installação do commando. Confraternizadas as tropas do Exercito e da Força Publica do Estado, mostram mais uma vez a evidencia de seu elevado patriotismo, disciplina e sentimentos das respqnsabilidades que pesam nos hombros dos que se propuzeram a construir uma Patria mais feliz. A presteza maxima com que foram executadas as ordens emanadas através os diversos orgãos do Estado Maior são devidas ao apreciavel concurso do Commandante Coronel Julio Salgado e Coronel Euclydes de Figueiredo.
Por esse tempo corria insistentemente a noticia de que o General Bertholdo Klinger, Commandante da guarnição de Matto Grosso, adherira ao movimento revolucionário. Essa noticia vehiculada confirmou-se logo com a conferência radiotelegraphica que houve entre
o Commandante da 2. ' Região e o General Bertholdo Klinger, tendo sido o mesmo inteirado minuciosamente da situação de São Paulo e das deliberações de ordem m ilitar já tomadas Por esta occasiâo o General Bertholdo Klinger communicou ao Coronel Euclydes de Figueiredo que chegaria a São Paulo nesse mesmo dia alliar-se á Cruzada Paulista. Partindo de Matto Grosso, tratou de mover todas as tropas da sua Região. A sua recepção com suas hostes em São Paulo, uo dia 12 de Julho, constituiu uma apotheose. Entrando logo cm contacto com a nova missão a desempenhar, lançou um vehemente appello aos seus camaradas. Outras mensagens foram lançadas a Minas Geraes, Rio Grande e Paraná.
V
Alem das numerosas irradiações lançadas por homens eminentes e conhecidos escripto- res, lançaram-se vibrantes manifestos por todas as corporações paulistas, mas destes pretendo inserir apenas os manifestos dos Chefes do movimento revolucionário constitucional, como documentos perpétuos que passam aos ar chi vos da fulgurante historia paulista. Im- mediatamente que irrom peu o movimento, lançou-se ao publico a seguinte mensagem;
AO POVO PAULISTA
Neste momento, assumimos as supremas responsabilidades do commando das forças revolucionárias empenhadas na luta pela immediata constitucionalização do paiz. Para que nos seja dado desempenhar, com cfficiencia a delicada missão de que nos investiu o illustre governo paulista, lançamos um vehemente appello ao povo de São Paulo, para que nos secunde na acção primacial de m anter a mais perfeita ordem e disciplina em todo o Estado, abstendo-se e im pedindo a pratica de qualquer acto atentatório dos direitos dos cidadãos, seja qual fôr o credo poli tico que professem. No decurso dos acontecimentos que se seguirão não encontrará a população m elhor maneira de collaborar para a grande causa que nos congrega, do que dando na delicada hora que o paiz atravessa, mais um exemplo de ordem, serenidade e disciplina, característicos funda- mentaes, da nobre gente de São Paulo.
General Isidoro Dias Lopes.Coronel Euclydes de Figueiredo.
MENSAGEM DA FRENTE UNICA AO POVO BRASILEIRO
Pelo m icrophone da P. R. A. R. o Dr. Fran- I cisco Morato, lançou em nom e da Frente Vni-
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ca, lançou a seguinte mensagem ao povo brasileiro.
«Senhores; Perm itti que eu vos fale em nome da Frente Unica Paulista, acerca dos successos que prendem nesta hora a attenção geral, de nossos compatriotas. E’ um dos mais bellos episodios que se registam nos factos e esplendores da historia politica de São Paulo, o movimento que irrom peu hontem a noite e avassalou em breves instantes todos os espíritos, ainda mesmo os do que, por tendencia ou educação, flucluam continuamente entre tímidos e ir resoluto s. Bello pelo acolhimento unanime com que foi recebido c patrocinado não só da população civil sinão lambem das classes armadas, federaes e estadoaes, onde não houve uma só resistência, uma só hesitação, uma só voz que quebrasse a harm onia com que a alma de Piratininga revive gloriosa nas festas da civilisação. Bello pelo motivo que o dictou e pelo desencadeamento de potências qué és- tuavam incohersiveis no animo de nossos patrícios, a espera de apportunidade para testem unhar, perante Deus e perante os homens, que não pode viver contente e prosperado, fora da orbita, das garantias constitucionaes, um povo que foi educado nas doçuras da liberdade e edificou a sua grandeza nas vigas mestras da democracia. E’ lamentavel que a dicta- dura por sua politica de recuos, de vae-vens e de repudio aos princípios liberaes da campanha que a gerou, tenha forçado o passo extremo que entra rutilante para a data de 10 de Julho, do anno da graça de 1932. E’ debalde que se pretende m arcar e deprim ir o formoso gesto com a accusação de que se trata de um golpe separatista. A campanha de São Paulo é profundamente nacionalista e civili- zadora, nella não ha de parar siquer vislumbre ou pensamentos indirectos de regionalismoi. O sihiples facto da nossa entrada nessa pugna alliados com o Rio Grande do Sul, com Matto Grosso, com Minas Gera es, com as correntes constitucionalistas de varias unidades da federação e com as forças arm adas de todo o paiz, repelle de si só, incondicionalmente esta balela e invencionice de separatismo. Moveu-nos de começo a reconquista de nossa autonomia e a organização de um governo, seguindo os nossos desejos. Mas, isso foi apenas o prologo do drama palpitante que se desenrola no scenario nacional. São Paulo volve hoje suas forças para o problema da reconstitucionalização, da autonomia dos demais Estados e do bem estar geral dos brasileiros. Satisfeito em parte, não lhe é licito eximir-se ao dever de collaborar com seus patrícios, na mais intima e fraternal das solidariedades, na mais sincera e dedicadas das affeições, na mais consciente e desejada das comm unicações de vista neste lance civico
de defender a cultura de nossà nacionalidade e união abençoada dos filhos de Santa Cruz e a integridade elhnica e geographica do, territorio nacional, base da hegemonia do Brasil, no equilíbrio continental da America do Sul, monumento atteslatorio da clarividência e braço forte com que a distenderam, e consolidaram os nossos antepassados. Excusado é em vão todo o esforço para nos confundir e intrigar. São Paulo ergue-se redimido e impávido das es- curidões e lateamentos da dictadura, onde pretenderam acorrental-o; ergue-se com seus alliados, nas luminosidades de sacratissimo apos- tolado, para salvar o patrimonio de nossas grandezas moraes, políticas e economicas. A luta não é pela separação; a luta é para que o Brasil retome o fio de sua m archa ascen- cional á sombra bemfajeza da Constituição e pela voz de seus legítimos representantes.»
A’ NAÇÃO
«O movimento que se desencadeou na noite de 9 para 10 deste mez e dominou in- eontinenti o Estado de São Paulo, na mais perfeita harm onia e solidariedade de civis e militares, sem lutas nem vozes discrepantes, não tem outros intuitos senão reintegrar o paiz na ordem legal e restituir aos brasileiros o gozo dos direitos e franquias que são o apa- nagio de nossa civilização. Como a Dictadura se tenha incompatibilizado com esses ideaes, quebrando os compromissos da alliança liberal e exercitando uma politicaj indigna de um povo culto que se desenvolve e prospera sob a cupola da democracia constitucional representativa, cumpre reduzil-a e removel-a do posto em que pretende perpetuar-se é sobré- pôr seus proprios commodos ás aspirações da Nação. Pelo que, o povo, a guarnição federal e a Força Publica de São Paulo, fraternizados com os civis e militares de Matto Grosso e em estreita cooperação com as correntes políticas e milicias do Rio Grande do Sul, Minas Geraes e outros Estados, pedem se tranqüilizem seus compatriotas e annuncia-lhes que o movimento ha de generalizar-se a proseguir vi- ctorioso com o duplo e fundamental intento de entregar o Governo Federal a uma Junta que, dentro do prazo estrictamente indispensável para o prepano e funccionamento da assemblea constituinte, leve o paiz ao regime constitucio- e de pôr em vigor immediatamente a Constituição de 24 de fevereiro de 1891, salvo nos topioos atinentes ao poder legislativo e em outros inconciliáveis com as necessárias pro- rogativas do poder-supremo, na situação efe- mera em que nos achamos. A Junta Governativa Nacional compor-se-ha de cinco membros; um do Rio Grande do Sul, um de São
f J t x o WfyO • & ' iJ b S *
Paulo, um de Minas Geraes, um do Districto Federal e um do Norte, e elegerá dentre eF les um para o seu presidente.
Tudo pela união, felicidade e grandeza do Brasil.
Assignado.Pedro de Toledo.
Geri. Isidoro Dias Lopes. Gen. Klinger.
Francisco Morato. A. de Padua Sales.
UM APPELLO DO GENERAL KLINGER
Camaradas, Civis e Militares.A gloriosa insurreição paulista contra a
dictadura, foi uma realização irresiistivel, im- mediatamente consumada, sem um tiro,, pela manifesta solidariedade das guarnições federal, esta doai, organizações militares de civis e toda a população,. O longinquo Matto Grosso, sabedor do acontecido, na madrugada de domingo, immediatamenle essa nobre attitude e m plena paz e ordem, estabeleceu novo governo e se declarou unanime prompto para o chamamento ás armas. Só a falta de informações sobre a verdade, falta a imagem dos velhos methodos supprimidas pela mentira, é que nos Estados ainda não redemptos, civis e militares, ainda não pronunciaram sua adhesão, a essa causa da mais genuina brasilidade, a esse surto irreprimível da mais acrisolada dignidade nacional. Agora, porém, que a verdade nos chega, que esperaes? Quanto antes, mais patriotioo! Fazei cada qual em seu recanto, em convergência com todos os corações, todos os pensamentos, todos os braços e todos os brasileiros, em cada Estado, o ([ue no seu torrão fizeram os paulistas, nunca jamais tão brasileiros! Cariocas que esperaes? Estamos em m archa, em vosso auxilio, mas muito mais formoso para vós e para nós, será que não espereis! Não ha necessidades de complicadas organizações previas, entendimentos meticulosos; tudo está feito, no
O que ho uv e
Dia 10
AS PRIMEIRAS NOTICIAS — EMBARQUE DO DESTACAMENTO LOCAL
As primeiras lufadas do movimento revolucionário que irrompeu em São Paulo na noite do sabbado sacudiram a população local, nas primeiras horas da m adrugada do domin- |
consenso fundamental das ide as da liberdade, unidade, paz e trabalho. O povo, sem armas, pronuncie sua vontade. Seus irm ãos armados, que não são mercenários, pois que as forças armadas brasileiras, são nacionaes, não laven- tarão suas armas contra a vontade do povo. Camaradas do Exercito! Quem vos fala pela logica de uma oonducta, jamais descontinuada através de sua vida feita só no Exercito, a serviço do Brasil, é o porta-bandeira do pro- prio Exercito, unido, disciplinado e honesto, digno de uma nação digna.
Fitae esta bandeira! Juntae-vos a ella!(a) General Klinger.
A’ NAÇÃO
Emquanto não se organiza e empossa a Junta Governativa Nacional de que deu noticia a nossa proclamação anterior, entregamos a direcção executiva superior do movimento revolucionário nacional aos generaes Isidiro Dias Lopes e Klinger.
São Paulo, 12-VII-32.Pedro de Toledo.Francisco Morato. \A. de Padua Sales.
Em consequencia, solicitamos e alcançamos a collaboração dos Srs. Francisco Morato e A. de Padua Sales, na direcção executiva superior do movimento revolucionário nacional.
São Paulo, 12-VI1-32.Gen. Isidoro Dias Lopes.Gen. Klinger.
Investimos da suprema direcção m ilitar da revolução e commando da II.a Região Militar o General Bertholdo Klinger.
São Paulo, 12-VI1-32.Gen. Isidoro Dias Ijopes.Francisco Morato.A. de Padua Sales.
em Our i nhos
go, pelos telegrammas do Commandante da Força Publica dirigidos ao delegado local, Dr. Ribeiro Cruz e Prefeito Municipal, Dr. Theo- dureto Ferreira Gomes. Ordem urgente, re- e cebeu a prim eira autoridade para que o destacamento local, seguisse para as linhas do «front» no primeiro comboio, que partisse. Por toda parte viam-se nesse dia grupos que
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commentavam a noticia do levante. A revolução era o assumpto de conversa na praça, esquinas, bares e logradouros públicos. O m ovimento intensificou-se lá para as 10 horas do dia, hora da chegada do trem de São Paulo. Ao primeiro apito na pedreira, massas de curiosos corriam em direcção a estação, saciar sua tendencia na leitura dos jornaes «Diário da Noite , «Folha da N oite> e «Gazeta». Os vendedores das folhas, viam-se bem embaraçados para a sua distribuição. Foi preciso que ura cordão de fortes cercassem elles isolando lhes dos assaltos por parte dos mais fanaticos. Mesmo aproveitando-se desta opportunidade para vender os jornaes a preços excepcionaes, a população comprimia-se em roda delles, disputando-se o impresso. Na mesma plataforma muitos liam o jornal duas, tres, quatro vezes, tirando conclusões e deduzindo factos que serviram de assumpto para o resto do dia. Aquel- les que ainda não conseguiram decifrar os caracteres do alphabeto por falta de mestres, lamentavam a sua sorte, apressando-se ávidos como o atheniense Cleanthes em roda de um Zenon para que lhes orientasse pela geogra- phia a m archa do movimento.
Antes das 4 horas, a população em massa, se comprimia no vasto hall da estação. As autoridades lá estavam presentes. Echoavam momentos depois as notas acordes da Banda Municipal que em côro, sahia do jardim acompanhando o destacamento local, entre hymnos marciaes e patrióticos. E ra o embarque do nosso valoroso destacamento que ao appello dos seus irmãos da Capital, iam unir-se a elles para a conquista dos mesmos ideaes, deixando aqui grande numero de amigos, adm iradores e particularm ente o que mais amavam: suas esposas. Lá estavam ellas, impavidas, chorosas e afflictas, m a s . . . altaneiras e orgulhosas como a heróica mãe dos Grachos. Entre as despedidas, abraços e beijos, o sargento Affonso de Paula e Silva, emocionado, saudou com fe
ridos lances á população de Ourinhos, salientando os progressos do pequeno município em cuja curta estadia, conquistou amizades im- m orredouras. Respondeu ao discurso do sargento o Sr. Amazonas Sampaio, director do Grupo Escolar, em termos incentivados de patriotismo. Entre applausos e vivas, o comboio partiu.
Dia 11 e 12
VOLUNTÁRIOS — DONATIVOS — COLO- NIA SYRIA
De acoordo com as instrucções recebidas em circular expedida a todas as Prefeituras, o Dr. Theodureto F. Gomes, entrou em entendimento com o Delegado Dr. Ribeiro Cruz e mais alguns destacados elementos para a arregimentação de um corpo de voluntários. Immediatamente na Praça João Pessôa, arvoravam-se no portão da antiga «Agencia Ford», as bandeiras nacional e do Estado, estabelecendo-se lá até nova ordem o quartel do «Batalhão Cel. Theopompo de Vasooncellos» formado pelos voluntários da mocidade local. No frontispicio estava o placa, em caracteres
rubros sobre fundo alvo: «Batalhão Cel. Theopompo Vasconcellos». E na mesma em caracteres menores: «Defender São Paulo é dever de seus filhos». Não foi necessário dar muitos passos aos organizadores. Espontaneamente e com toda a liberdade, inscreveram-se 130 jovens frementes de patriotismo e de en- thusiasmo. Subordinados a um novo, regime de disciplina, lá estavam elles, no pateo da Delegacia, physionomia alegre e vontade resoluta, sob a direcção do instruetor Eduardo Sandano, escrivão da Policia, amestrando-se na ins-
trucção militar. Por estes dias organizaram- se diversas commissões de senhoras e senho- ritas da nossa elite social com o fim de angariar donativos para os soldados constitu- cionalistas. As tres commissões estavam da seguinte forma representadas :
P residente: Rdo. Pe. Victor Moreno.Secretario: Prof. Joaquim Pedroso F.oThesoureiro: Raphael Papa.
1.a CoiTiimissão :Sra. Annita Amazonas.
» Maria Gomes Leão.» Zizi Coccapieller.» M ariquinha Pedroso.
Sta. Cecilia Pinto Ferraz.» Mariinha Mano F.o» Maria Alonso.» Annita Mori.
V ista p anoram ica d e O urinhos.
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2.a Coirãnissâo :Sra. Nenê Sassi.» Valentina Queiroz.» Adelia Koury.
Sta. Bugelli.» Tocalino.» La ura e Idalina Campos.» Diva e Ziza Milani.» Laurita Ivoury.
3.a Commissão:Sra. Izabel Ferraz Barbosa.
Adelaide Pedroso.» Benedicta Azevedo.
Sta. Matachana.» Oslavia Braz.» Maria Cury.» Lurdes Pinto Ferraz.
Seus esforçoiS e abnegação, foram laureadas de exito, pois conseguiram receber cm donativos 3:500$000. Sendo como é um acto philanthropico, nobre e civico, merece que mencionemos a lista dos que concorreram paraa sua formação. São elles:
Dr. H a m ilto n ................................................. 150S000Dr. Ribeiro Cruz . . . . . . . 100$000Pe. Victor Moreno . . . . . . 100$000Miguel C u r y ..............................................100$000Henrique T o c a l in o .................................100$ 000Herminio S o s s i ...........................................100S000Alvaro Ferreira de Moraes . . . 100$000Oswaldo Pare t o ....................................... 50$ 000Dona to S a s s i ....................................... 50$000Amazonas S a m p a io .................................50$000Alvaro R o lim ..............................................50$000Dr. Armando Moraes e Mello . . . 50$000Graciano Raccaneli .......................... 50$000Silas Ferreira e S á .................................50$000M. S e r r a ......................................................... 50$000Nicolau de M a r c o .................................50$000Arietta & Cia. . . . . . . . 50$000Ricardo Zanotto & Cia..............................50$000Andrés C a s ti lh o ....................................... 50$000Celestino Antonacci . . . . . 50$ 000A. M a c h a d o .................................................. 50$000Carlos A m a r a l ....................................... 50$000Olavo Ferreira de S á .......................... 50$000Julio M o r i ..............................................50$ 000Antonio P e n t e a d o .................................50$ 000Hercilio C. de A v i l a .......................... 20$000Joaquim P e d r o s o .................................50$000K. O l e a r o ...................................................50$000XVallace A. Morton . . . . . . 50S000G. L. S m i t h .......................................50$000Raphael P a p a ................................ . 50$ 000Anonymo ..............................................50$ 000H. Beltrami ................................30$000Rodopia no L e o n i s .................................50$ 000Serafim Rodrigues de Souza . . . 50$000
Hermenegildo Z a n o t to ..........30$000Adolpho A l o n s o .................................30$ 000Alberto G r i l l o ...............................20$ 000José Ferreira Leite . . . . . . 20$000J. Gomes Guerra . . . . . . . 20$000José de A n d r a d e ................ 20$000F. Silva .................................20$ 000João Baptista F id r i t lo ..........20$000Joaquim Luiz da Costa . . . . 20$ 000Narciso M i g l i a r i .................................20$ 000José de Freitas . . . . . . . 20$000Ada Lehmann . . . . . . . 20$000Jasi T e ix e ira * . . 10$000Vasco Fernandes Grillo . . . . 10$000Humberto de Tonni . . . . . . 10$000João de la T o r r e .................10$000Antonio Nicomedes Peixe . . . . 10$000F. B o r g h i ............................. 10$ 000Manoel G o m e s ...............................10$ 000Constantino A. Molina . . . . . 10$000Adelino de O l i v e i r a ................................10$000Hercilia B u g e ll i .......................10$000Julio Campos R o c h a ..........10$000Antonio J. Ferreira . . . . . . 10$000Antonio A. G o n ç a lv e s ......................... 10$000Boris M e i c h r f ...............................10$ 000Plinio F r a n c o .......................10$000Marcos T r e n c h ......................................10$000Um1 B o tu c a tu e n s e .................................10$ 000A rthur Germani . \ . . 10$000João Lopes M a rtin s ................ 10$000Carlos R o d r i g u e s ................ 10$000Manoel Mano ....................................... 5$000Francisco L. S o u z a .................5$000Antonio T o n d i n i ........................................ 3$000Octavio R ib e i r o ...................................... $500
Em generos :
Casas Pernambucanas, 8 m. de loiia; Bazar Nacional, 1 m ala; Casa Meia Lua, 1 mala; Casa Nortista, 10 sabonetes; Casa Salgueiro, 3 pacotes de phosphorçis; Francisco Fragão, 7 maços de cigarros; Pedro Celestini, 2 maços de cigarros; Francisco Pechi, 1 par de botinas; Casa Toni & Cia., 1 maço de phosphoros; Antonio Serralvo, 1 maço. de phosphoros; Manoel Blanco, 1 lata de bolachas; Hermenegildo Zanotto, 1 sacco de feijão; Antonio x M. Peixe, 1 par de botinas; Bar Commercial, 1 lata de bolachas; Ectore Qua- glio, 1 maço de phosphoros e 2 sabonetes; Arquipo Matachana, 1 valiza; João Alves de Oliveira, 5 maços de velas; Antonio Romeiro, 8 maços de cigarros; Manoel Teixeira, 1/2 arroba de café mo ido ; Anonymo, 2 maços de cigarros; Suyama, 1 caixa de cigarro, s; Antonio N. Peixe, 1/2 hora de serviço para concertos; João Rocha, 3 barbas e 3 cabellos por dia; Rufino A. Manoel, serviço de 1 hora
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de barbearia ; Sebastião Moreira, serviço de 1 hora de barbearia; Alfredo Moraes, serviços de sapateiro ; A rthur P. de Mello, serviço de Barbearia; José F. González, 2 horas de alfaiate ; Luiz Forte, 1/2 hora de serviço de tin turaria; Antonia Maria de Souza, 1/2 hora de serviço de costura; Raphael Fio- rillo, serviço para os soldados de barbearia, das 8 horas em diante.
O utra commissão de abnegadas Senhoras e Senhoritas confeccionaram camisas e ceroulas para todos os soldados aqui aquartelados.
Dentre os grandes bcmfeitores, merece salientar a colonia syria, pelo altruísmo manifestado em favor da causa cons- titucionalista. Deixando de um lado o bairrism o e o partidarism o, os syrios não ficaram impassíveis e immoveis ante as lamentáveis e dolorosas conseqüências do movimento armado. Unidos e estreitados pelos vinculos inquebrantaveis de nacionalidade e parentesco, conseguiram form ar em poucas horas um fundo disponível de Rs. 1 :267$000, assim especificado:Abuassali A b u j a m r a .......................... 2001000Salim A b u ja m ra ........................................... 100S000W adih C h a d d a d .......................................100$000Dr. Nagib K o u r y ......................................100S000Chehadi J o r g e ............................................. 100$000Ayub A b u j a m r a ..................................... 1001000Miguel C u r y .................................................. 100S000José A b u ja m ra ...................................... 50$000Assad A b u ja m ra ............................................ 50S000Jorge A b s i .............................................. 5S000Fufih Miguel Abujamra . . . . õOSOOOJamil A b u j a m r a ................................ 50$000Theophilo A b u ja m ra .................................. 10$ 000Salim N. A b u ja m r a 50$ 000Antonio Tuffy Kaki ..................................50$000Abílio S a lo m ã o .............................................. 50$000Mansur Abumasser & Irmão . . 50$000Abrahim D a b u s ......................................50$000Miguel T a c l a ........................................ 2$000
Magnífico exemplo de generosidade e nobreza para as outras oolonias radicadas no Brasil! Isto não exclue absolutamente a presteza dos extrangeiros de outras nacionalidades que arregimentados sob o mesmo pen,dão concorreram com seus serviços e donativos espontâneos para o exito das forças constitucio- nalistas, irm anados com o povo paulista.
Dia 13.
CHEGADA DA FORÇA PUBLICA — CAMPO DE AVIAÇÃO
A cidade de Ourinhos recebeu neste dia com o mais vivo jubilo, os bravos soldados
do 9 .o B . C. da Força Publica commandados pelo capitão Ferreira e tenente m ilitar Gusmão. Já de madrugada, noticias corriam de que a tropa estava para chegar. O considerável atrazo do trem de passageiros, a justificou. Ao meio
dia, sob um sol causticante, grande era o numero de populares que ansiosos esperavam a chegada do Batalhão-. Finalmente a 1 hora 'da tarde, o comboio m ilitar deu entrada na gare entre vivas e acclamações. Ao desembarque foi a officialidade cumprimentada pelas autoridades civis e militares que lá estiveram presentes. Immediatamente em forma foram aquartelar-se na séde provisoria do «Batalhão Tneo- pompo». Logo iniciaram os serviços de ins- pecção na Ponte do Paranapanema, abrindo trincheiras e collocando as m etralhadoras nos pontos mais estratégicos. As occupações aiarias do 9 .o B. C ., tornou-se desde a sua chegada notoriamente efficiente, guarnecendo dia e noite o percurso do rio comprehendido entre Irapê e Salto Grande, fechando as communicaç3es com o Paraná definitivamente, no clia em que a Cia. Ferroviária S. P. P. suspendeu o trafego com o vizinho Estada embarcando todo o m aterial rodante para Ourinhos.
Emquanto o-s militares occupavam-se as operações bellicas, uma turm a de 40 a 50 operários decididos embarcavam em caminhões, dirigindo-se a um ponto determinado nas m argens do Paranapanema, municiados de enxadas, machados, foices e pás. O conjuncto assemelhava-se a um grupo de barbaras da Eda- de Media; com a differença de que estes guerreiros são civilizados e as manobras selváticas não visavam uma tribu inimiga mas sim um campo amigo. Tratava-se de transform ar um vasto capinzal de 500 metros de lado, num magnífico aerodromo. Logo depois de consumada a revolução do 30, foi idea do governo estadoal, doar a Ourinhos um campo de aviação, pela sua posição estratégica com o
Uma Cia. d e cozin heiros do 9 .° B. C. da Força Publica.
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Paraná. Aquella concepção que declinou mais tarde no esquecimento, veiu agora ser uma realidade. A posição topographica da margem direita do Rio Paranapanema, para campo de aterro, é admiravel. Diversos seriam os pontos j que nessa bacia poderiam escolher-se para tal fim. Acredito que dos 44 campos, que nesta emergencia foram levantados, no territorio paulista, o de Ourinhos, traçado de accordo com as indicações de engenheiros technicois, destaca-se dos outros pela sua posição, area e elevação. Dista apenas da Ponte Metallica, um kilometro e acha-se sobre um planalto elevado de cujo ponto de mira, avistam-se as estradas de rodagem e ferroviária da São Paulo— Paraná, que serpenteiam as beiras do rio.
Dia 15.
EMBARQUE DE VOLUNTÁRIOS
Proseguia com a m aior animação nos exercicios militares, o batalhão de voluntários, quando uma ordem emanada do delegado local, veiu incentivar as suas faces. Era a ordem marcial de seguir para as linhas do «front». Radiantes de alegria e cheios de enthusiasmo, por ter chegado a hora de dar a Patria um dia de gloria, foram cada qual em suas casas aprom plar as suas malas, até a hora do embarque. A’ partida dos bravos rapazes de Ourinhos, a m aior parte da população, achava- se na estação, lançando acclamações frenéticas ao Brasil, a São Paulo e as forças cons- titucionalistas. Felicitou a caravana pioneira, o Sr. Amazonas Sampaio, elogiando ao povo bandeirante que neste momento se batia pelos mais alevantados ideaes, quaes são,, a sua autonomia e conslitucionalização. Em nome do batalhão, respondeu da sacada do trem, num eloqüente imprevisto, o jovem acadêmico paranaense Trigueirinho Lins o qual com voz argentina e energica, repudiou a infame di- ctadura que comparou a um vulcão em acti- vidade cujas lavas eruptivas se alastram pelo territorio incendiando as paragens ferteis e luxurientas reduzindo tudo a um montão iner- me de detritos pyricos. Pois bem, accresccntou elle para finalizar. «Nós iremos até as entranhas desse monstro, até ao Cattete si é preciso para interceptar essa corrente sismica, an
tes que abale o Brasil inteiro». — Exprimia- se o jovem orador com tanta vivacidade, que extorquia applausos espontâneos dos que ali estavam presentes.
Desta enthusiastica manifestação prestada ao primeiro contingente de voluntários, de- duz-se de quanto o povo culto de Ourinhos, está integrado na causa que São Paulo iniciou em pról da volta immediata do paiz ao regime legal. Este arranque civico de seus filhos, foi exemplo de outros arranques idênticos nas cidades do norte do Paraná, particularm ente em Cambará e Jacarezinho.
Dia 16.COMÍCIO MONSTRO
Na m anhã orvalnada deste dia, os postes tele-graphicois e telephonicos da cidade, amanheceram cobertos por uma faixa de papel impressa, no qual se lia o seguinte appello do nosso zeloso vigário Pe.Victor M oreno:
Ourinhenses!A* postos — E' a religião que vos charrta!
No Evangelho da missa do proximo domingo, temos occasião de ver a Jesus clamando sobre Jerusalem. Si como Deus profetiza a destruição da cidade dicida, como homem tin ha a sua patria, que era a judaica. Eis o inn»- tivo de suas lagrimas, o seu patriotismo. Nós tambem temos a nossa patria. A Egreja defensora e executora das doutrinas de Christo, vos chama para defendel-a. Não pede a nossas lagrimas por inecessarias, pois a nossa victoria é certa. Não esqueçaes entretanto que abriga essa certeza confiada no* patriotism o activo de seus filhos. Si ha algum retardatario, si existe alguem que ainda não se compenetrou da causa que defendemos, venha, hoje, sabba- do, ao grande comicio que as 9 horas realizar- se-ha no Largo desta cidade, onde terão occasião de ouvir varios oradores que com palavras repassadas de patriotismo, vos demonstrarão que defendemos a causa da lei e da justiça. Vó^ tambem cujo patriotismo e cnthu- siasmo é de todos conhecido, vinde para avi- val-os m ais e mais. Entre os oradores, terão occasião de ouvir a palavra eloqüente do I). D. Vigário de Ipaussú, Pe. Gasparrino Dantas, que hontem conseguiu inflam ar o patriotismo dos Santacruzenses. Todos, pois ao comicio. Não é só o cidadão Pe. Victor Moreno, é a Autoridade Diocesana, é a Egreja que vos chama e convida, servindo-se do seu indigno
Vigário: Pe. Victor Moreno.
Turma d e d ir igen tes e trab a lh ad ores q u e tom aram p arte no cam p o d e A v iação .
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Este appello serviu de convite para a população enthusiasta de Ourinhos que nessas horas delirava de patriotismo. Pouco antes das 9 horas, compacta multidão se comprimia no Largo João Pessôa, em roda do coreto, lo~ gar onde devia realizar-se o comicio monstro de exaltação á causa da constitucionalização do paiz. O comicio esteve animadíssimo e a m ultidão tomada de grande jubilo, applaudiu delirantemente a caravana de oradores, quando se dirigiram para o coreto acompanhados pelo Pe. Victor Moreno, e outras autoridades. A’s 19 horas perante a volumosa massa popula r e entre acclamações successivas, falou p rimeiramente o Vigário. da localidade, concitan- do aos extrangeiros a coadjuvar no movimento liberal, dizendo que si a Patria é o logar onde nascemos, nossa segunda Patria é aquel- la dos noissos filhos, a cujas leis e autoridades devemos obedecer. Sendo este movimento paulista a vibração nacional, baseado nos princípios de um povo livre e civilizado, é nosso dever como extrangeiro, pelejar por este ideal com o mesmo ardor que o defenderíamos em praias de alem-mar». Foi muito, applaudido. Secundou-lhe na palavra o Pe. Faia, Vigário de Ghavantes, empolgando a assistência sobre os objectivos que justificam o movimento revolucionário.. As acclamações echoaram ainda no Largo, quando, rompe os espaços a voz vibrante, solida e cheia do Pe. Gasparino Dantas. Em bello estylo oratorio, o vigário de Ipaussú inicia sua oração com phrases embebidas de enthusiasmo, enoomiando o movimento paulista em relação, ao seu profundo espirito nacionalista. O Estado de São Paulo, declarou elle, não. quer separatismo nem coin- munismo; quer a sua autonomia e prom pta
constitucionalização. Appellando para o ardor e virilidade da mocidade, concluiu o seu significativo eloquio com estas palavras: «Ou m orreremos ou iremos ao Cattete». Palmas e vivas prolongados abafaram seus últimos termos. Seguiu-lhe na tribuna, o Dr. Ribeiro Cruz, provecto delegado local, em cujas phrases pungentes, cortadas e inflammantes, esboçou a obra infame da dictadura, salientando o heroísmo dos organizadores do movimento redemptor. Suas palavras foram um florilegio de brados energicos de um soldado em linhas de combate. Outros oradores como o Dr. Odilon Bueno advogado de Santa Cruz,Francisco Caccapieller, Gerente do Banco Com- mercial desta cidade, Amazonas Sampaio,, di- rector do Grupo Escolar, Julio Bernardes, re- dactor da «A Voz do Povo», foram todos muito ovacionados.
Terminou o, comicio, com a execução magistral do hymno nacional e com o desfile pelo jardim do valoroso Batalhão 9.o B. C. da Força Publica, entre uma chuvarada de applausosda multidão.
Dia 17.
INSTALLAÇÃO DA «CRUZ VERMELHA». «BATALHÃO CEL. THEOPOMPO».
Por iniciativa de uma commissão bem representada, fundou-se no. prédio do «Gremio Recreativo» gentilmente cedido pela directoria, o hospital de emergencia «Cruz Vermelha».Em reunião foram nomeados os seguintes membros de d irecção: Pe. Victor Moreno, Sr. Francisco Coccapieller, Dr. Armando de Moraes Mello e Prof. Joaquim Pedroso F.o. Os mé
dicos todos da localidade, prestaram seus serviços além dos que vieram com o batalhão de Presidente Prudente, entre os quaes constam os Drs. Lauro, Cleto, Domingos Ceravulo Araiijo, Antenor Barbosa e Areias. Foram tambem diversas as enfermeiras que prestaram seus auxilios aos soldados que se achavam no hospital com leves enfermidades e outros que recebiam curativos cirúrgicos diários. Faziam parte do corpo de enfermeiras as S tas.: La ura Jamal, Adalgisa Tocalino, Maria Alonso, Alice Pedroso, Cecilia Ferraz, Marinha Mano, Ida Zacchi, Zizi Coc-M edicos e en ferm eiras q u e trab alh aram na "Cruz V erm elha
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Uma C ia. d o B atalh ão Ibrahim N o b re .
T ° z n e > o : 0 1 3 5 5capieller, Olinda Zanotto, Euridice Ma- dureira, Maria Braz, Ercilia Bugeli e Dna. Annita Amazonas, que depois de muito ter concorrido a «Cruz Vermelha», deixou seu cargo de enfermeira chefe, afim de seguir para São Paulo. Mais tarde vieram incorporar-se os médicos Drs. Eugênio Salermo e Alvaro Sá; acadêmicos João Lopes Cassali e José Gomes da Silva e o enfermeiro Odim Arruda, exclusivamente nomeados pela Directo ria Geral do Serviço Sanitario, para trabalhar na organização medico cirúrgica de Campanha.
Pelas mesmas Stas. e outras mais, foi offerecido neste dia aos soldados aqui estacionados um «lunch» e distribuídos com profusão cigarros e phosphoros na sede da «Cruz Vermelha» e 11a Ponte do Paranapanema, onde outros defensores da Constituição já se achavam em postos. Por outro lado concorreram efficazmente as pharm acias enviando medicamentos a «Cruz Vermelha». O Dr. Nagib Koury, e Sr. José Phelippe Amaral, tambem prestaram seus valiosos serviços, cd9&d rienSisíss aos nossos soldados aqui aquartelados.
Esta benemerila associação, recebeu alguns dias de installada, a visita da «Cruz Vermelha» da vizinha cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, representada por uma commissão de senhoras e senhoritas, na qual tomaram parte D. Maria Lidia Vieira, directora e senhora do tenente coronel Leonidas Vieira. Trouxeram para os nossos praças 2.100 cigarros, 204 ata- duras, 10 maços de phosphoros, meias, cobertores, lenços, papel, enveloppes, etc.
Ao declinar o sol no oecaso, do mesmo dia, distribuiu-se ao publico um vibrante appello á mocidade local, assigqado por um grupo de jovens, convidando-a, a comparecer no Quartel as 7 l / 2 para iniciar o alistamento de voluntários. Perante nossas autoridades lo- caes e a presença do Cap. Ferreira e Tenente
Gusmão, cum priram este honroso dever, mais de 30 moços da nossa m elhor sociedade e do commercio em geral. Este numero foi engrossando paulatinamente até constituir um brilhante e luzido batalhão composto de 90 homens, com o nome de «Cel. Theopompo de Vaso^ncelLos». A partir desse dia, todas as noites desfilavam pelo Largo, sob o commando de oíficiaes da. Fovça Publica aprendendo a instrucção militar. O povo enthusiasmado ac- oompanhava de perto os exercicios de marcha.
Logo que as tropas regulares e constitu- cionalistas deslocaram-se para o Paraná' e cidades do ramal da Soro cabana, o nucleo «Cel. Theopompo» tomava apparencia e aspecto de um batalhão perfeitamente organizado. Na maior harm onia e espirito disciplinar, proce- deu-se a creação de uma officialidade entre aquelles que mostravam m aior competência e aptidão para assum ir o commando. Esta officialidade estava assim constituída: Capitão de Commando., sr. Francisco Coccapieller, e Dr. Ribeiro Cruz; Sargentos: Bene-dicto Camargo, Carlos Amaral, Telesphoro Tu- pina, João Petronilho Ribeiro, José Leme, H ermenegildo Simonassi, Oswaldo Pareto e Eduardo Sandano.
Faltava apenas para completar o regimento, a farda que os uniformizasse e o respectivo armamento. Estas lacunas prehenche- ram-se totalmente no. dia 31 de Julho, recebendo cáda recruta o equipamento completo
e incorporando-se 110 quartel, que lhes foi designado a Rua Minas Geraes, obedecendo a um Regulamento de campanha. Sem esquivar-se dos exercicios bellicos de m archa e de tiro ao alvo, offereceram seus serviços ás forças regulares aquarteladas na praça. Na falta dellas, eram os neophitos da co- lumna «Cel. Theopompo que guarneciam a Ponte do Paranapanem aO lu zido " B ata lh ão CeJ. T h eop om po" na m issa cam p al no acto d e ser
e n treg u e a b an d eira d o b a ta lh ã o .
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noite e dia soff rendo os mesmos rigores e privações do que os veteranos mais afoitos nas armas. Estas manobras de prevenção, bem como o policiamento da cidade e o levantamento das trincheiras da Revolução do 30, e outras tornaram-se exercicios familiares que os bravos rapazes desempenharam com a m aior ef f iciencia.
Dia 23.«BATALHÃO IBRAHIM NOBRE».
O Dr. Ibrahim Nobre, reputadoi Prom otor Publico de São Paulo, e mola organica deste movimento revolucionário, possuído do maior civismo, organizou nas sociedades de elite, da indomita paulicéa, dois valorosos batalhões, chegando o prim eiro nesta cidade a 1 hora da tarde. Garboso conjuncto de mocidade em flor, formado exclusivamente entre amigos e admiradores doi caudilho Ibrahim Nobre. Uma característica especial, distingue este batalhão dos outros congeneres. Não existe official nenhum ; todos elles são soldados rasos; anesar de esconder em baixo da farda, títulos de professores, médicos, pharmaceuticos, engenheiros, acadêmicos. No dia seguinte de sua chegada, começaram os serviços na guarnição do Rio Paranapanem a. Em certos dias de descanço, offereceram á população brilhantes festas civicas e recreativas, tudo num ambiente de enthusiasmo e distincção.Nas noites dos dias 24 e 27, tivemos opportunidade de ouvir no Casino, a palavra commovente desse eloqüente orador que São Paulo applaudia na chegada do Gal. Bertholdo Klinger, do nobre Ibrahim Nobre.
Outros trabalhos não menos importantes apreciamos, da alegre rapaziada, na execução de diversas peças cômicas e dram aticas que interpretaram com a m aior perfeição. De uma bonhomia encantadora, offereceram á Sociedade Ou- rinhense, attrahente e variado festival no Hotel Internacional, cujo programma /óbe- deceu ao seguinte. /
FESTIVAL DE EMERGENCIA.Ménu de Champagne.
Hors d’cevres.I - Ouverture — pela orquestra do Batalhão
Presidente Prudente.II - Discurso — pelo Totó Salles.
— ENTRÉE —III - Poesia de Fabio — (Corrêa Junior).
IV - Baby Lou — syncopated pelo Reggic.V - Solo de gaita — pelo «Mumiá ».
— POISSON D’AUJOURD’HUI —
VI -Rapsódia Revolucionaria — pelo Dr. Sargento Leonidas (El terrible).
— ROTI —VII - Salada poética — pelo Dr. Cabo Carva
lho (El victima).VIII - Salomé, pelo arquiteto «El Caréca».
IX - Córos Ukranianos — pelo grupo de ba-traquios.
X - (cortado pela cencura).
— BESSERT. —
XI - Miscelanea.Cigares toscains «Sabratti», cigaretes «Cha- telanis», «Trocadêre» e «Nine Panche>.
A seguir, sarau dansante no salão«oouleur de rose». *
Ordens do dia; O festival gosará da radiosa presença de S.Excia. o Snr. Barão de Itararé.E’ proibido aplaudir com batatas, ovos e
outros legumes.
ó.o F. S. P. C. - Da d ireita para a e s q u e r d a : C aetan o B ozzani, João S ou za , Joaquim A. Rosário e M ario Eloy.
Incorporados a uma secção das forças regulares, vieram de São Paulo, especialmente nomeados para este sector com séde em Ourinhos os membros da 6.a Formação Saniía- ria de Prophylaxia de Campanha que se aquar- telaram no 2.o Andar do Sobrado a Rua São
I Paulo.
Dia 24.
6.a FORMAÇÃO SANITARIA DE PROPHYLAXIA DE CAMPANHA.
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Estas formações sanitarias foram criadas no intuito de acautelar as tro pas concentradas no.s diversos seclò- res belligerantes contra a possibilidade de qualquer surto epidemico, estando apparelhadas para cercear o mal no caso de sua irrupção. Cebe-lhes promover para esse fim todas as medidas prophylatic, s aconsel mveis, laes como o isolamento, vigilancia. imme- nização, desinfecção., etc.
A 6.a Formação vinha chefiada pelo Dr. Moura Albuquerque, secundado pelos Drs. Luiz de Araújo Cintra e Gentil Marcondes de Moura. Auxiliam o serviço quatro desinfectadores. to Sr. Caetano Bozzani, Mario Eloy,Joaquim do Rosário e João de Souza.
Devido ao grande movimento de tropas, a 6.a Formação tem estado em constante tra balho de desinfecção e expurgo de alojamentos, e de vaceinação preventiva. Percorreram prestando estes serviços, alguns sectores como a balsa, a ponte metallica do Rio Paranapáne- ma, Cambará, Jacarezinho, Santo Antonio de Platina e outros.
Outras medidas não foram ainda postas em praclica dado o excellente estado sanitario das tropas aquarteladas 11a cidade. A 6.a Formação foi ha pouco elogiada em ordem do dia, do Commando Geral do Sector. pela utilidade e presteza dos seus serviços.
Dia 55.
CHEGADA DO BATALHÃO PRUDENTINO
«CAFE’ SOLDADO».
Ourinhos aos poucos toma feição de uma praça de guerra. Aos trezentos combatentes áquartelados, formados pelas forças regulares,
granadeiros, de Ibrahim Nobre e «Cel. Theo- pompoi», vieram engrossar o effcctivo. o batalhão «Prudentino de Presidente Prudente, commandados pelo tenente coronel Miguel Bri- solla de Oliveira. Com razão esta progressista cidade da Alta Sorocabana, deveria cognomi- nar-se «Esparta Paulista pelo elevado numero de mancebos guerreiros enviados para as linhas do « fro n t. O numero parece oscillar entre 700 a 800, dentre os quaes a metade foram nossos hospedes, durante os primeiros preparativos de campanha. Bem municiados e equipados, 0 valoroso destacamento, estava perfeitamente organizado: O commando com sua brilhante officialidade; um corpo escolhido de médicos e enfermeiros para a Cruz Vermelha ; um carro ambulancia completamente equipado, doado pela colonia italiana por interme- medio do Agente Consular sr. Cario Cómbi; um grupo de espertos escoteiros, emissários da officialidade e uma banda de musica que enthusiasmou a população com seu variado repertório.
Amestrados, a uma rigorosa disciplina, iniciaram irhmediatamente seus serviços collocando-se á disposição do Commando Geral, auxiliando á Força Publica.
Emquanto a milieia entregava-se ás diversas manobras bellicas e as commissões da «Cruz Vermelha» em tra tar dos doentes, outra iniciativa ideal, tomava corpo junto aos nossos soldados. Tratava-se de organizar um postoB atalhão constitucionalista d e P resid en te Prudente.
G rupo d e Srtas. o rg a n iz a d o r a s d o " C afé S o ld a d o " - Da d ireita para a esq u erd a D ona A lzira N ico losi, Emilia T ocalnio, Em ilieta Sossi,
C hiquinha M ano e A lzira S antos Pereira
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C om boio d e trop as paulistas a n te s d e segu ir para o Paraná
de Café emergencia que fornecesse a bebida estimulante durante todo o dia; e o serviço feito gratuitamente. Esta suggestão lançada por um grupo de distinctas senhoras, mereceu especiaes sympathias do Tte. Cel. Miguel Brisso- la que elogiou a sua abnegação e caridade christã.
Unicamente m ulheres fortes e de envergadura civica, poderiam levar avante essa obra de misericórdia corporal.A commissão organizadora do «Café Soldado», installada com todas as commodidades num dos quintaes do Sr. Henrique Tocalino, foi composta das seguintes damas: Sras. Emilia Tocalino, Alzira Santos Pereira, e Chiquinha Mano. Gom uma paciência e resignação admiraveis, lá èstavam no seu posto desde as 5 horas da m adrugada até as 10 horas da noite distribuindo café numa media de 400 litros diários.
Dia 31.
MOVIMENTO DE TROPAS — INVASÃO NO PARANA’
Domingo! A vida m ilitar rompe a sua monotonia. Annunciam-se im portantes acontecimentos para este dia. Chegam as 3 da madrugada num especial, novo contingente de 120 voluntários de Presidente Prudente que vem incorporar-se aos seus collegas. Com- mandava esta Companhia o Major Tenente Fe- licio Tabarai. Ao raiar da aurora, correm boatos confirmados de que uma columna dicta- torial do Estado norte do Paraná, parece avançar. Uma ordem fulminante expedida pelo Commandante Geral Pedro Dias de Campos, desloca algumas tropas, pondo-as de prompti- dão. Para neutralizar a acção offensiva inimiga e cercal-a no sector Ourinhos-Itararé, resolve penetrar 110 territorio do Paraná. Sua palavra é cathegorica e decisiva. Alenta es|4 resolução o comparecimento na sua prekeqça dos Chefes Políticos de Cambará, escoltados por um piquete de quatro praças da Força Publica. As 10 horas sahem com destino a Léoflora e Cambará o l.o batalhão de Granadeiros commandados pelo tenente Silveira. Apenas sahe da plataform a o primeiro comboio entre urrhas e vivas, forma-se immedia- tamente um trem composto de 9 carros, dentre os quaes 2, para as munições, 3 destina
dos para as tropas, 1 para o corpo medico e 3 gondolas para 0 transporte de caminhões. Procede-se logo ao embarque do material bel- lico e de 5 caminhões, chegados de São Paulo, emquanto uma Companhia do «Batalhão Prudentino» commandada pelo tenente coronel Miguel Brisolla tomava assento nos carros reservados. Incorporaram-se tambem, o corpo medico do mesmo batalhão, rumando na mesma direcção dos Granadeiros que lhes precederam. Na mesma hora, pela estrada de rodagem, seguiam em caminhões para o Paraná os rapazes do Batalhão Ibrahim Nobre. Sem resistência alguma, Cambará estava em poder das forças constitucionalistas.
Abrindo o trafego da Cia. Ferroviária São Paulo-Paraná, começaram desde esse dia a circular os trens passageiros Ourinhos-Cam- bará, porém obedecendo a um novo horário.
A falta de luz na cidade d ’aquella noite tempestuosa, não se ligava em nada ás operações militares; foi unicamente á queima de um fuzil na inslallação da Fazenda «Marcon- dinha» situada nas immediações de Fortuna.
Dia 2.
MOVIMENTO DE VEHICULOS — UM
ALARME
As requisições foram esta vez muito bem planejadas. O Major Edgar M. Warnek, delegado technico, antes de requisitar automóveis ou caminhões de aluguel ou particulares, nomeou uma commissão technica, composta dos Srs. Graciano Raccanelli e João Duarte de Medeiros auxiliados peto Sr. Randolph Hey- ness, para avaliar o movei no seu justo valor.
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antes da reqnisiçã-o. Um edital abaixado pelo mesmo delegado, neste dia, prohibe o uso de quaesquer m achinas sem previa autorização e suspende a venda de gazolina. Foi a revolução dos caminhões. Dos 50 caminhões que foram requisitados ern São Manoel do Paraizo, chegaram' 9 de m anhã cedo. De tarde, um trem de carga, transportava outros x9 procedentes de Agudos e Lençóes. Emquanto> operava-se ao desembarque delles, appareciam pela estrada de rodagem de Chavantes, nova caravana de «Fords» e «Chevrolets» enfileira- dos, com as chapas de Santa Cruz, Pederneiras e Gallia.
Para as linhas do «front» seguiram uma Companhia da Força Publica e outra do batalhão «Presidente Prudente». Incorporou-se a uma dellas, o Snr. João Fernandes Nobrega, agente da Cia. «Força & Luz» para ligar a linha telefônica que neste dia estava interrompida com Jacarezinho.
A uma hora da madrugada o Commando Geral recebia um telegramma urgente, solicitando forças para Porto Leite, perto de Fartura. Por um equivoco ou um mal entendido, certas famílias do centro da cidade, alarmaram-se ante o movimento frenetico das tropas e do.s estratos dos motores dos caminhões que partiam do Largo a toda velocidade, pejados de soldados. Equipados e m uniciados seguiram incontinenti para o local, um destacamento da Força Publica e do Ibrahim Nobre, commandados pelo tenente Gusmão. O pânico estabelecido attribue-se a uma deficiente comprehensão do telegramma ou a uma interpretação ridícula. Alguns ouvindo referencias de Leite pensaram que fosse da fazenda do Sr. Antonio Leite em Lageadinho; outros interpretaram Fartura por Fortuna, am
Banda d e M usica d o B. C. P. P.
bos logares situados nas immediações de Ourinhos. Mais tarde soubemos que ficaram em Pirajú, voltando no dia seguinte para Ourinhos.
Dia 4.
OS COMBATES NO RIO JACARÉ’ — AVIÃO INIMIGO
Como se desenrolaram, de facto, os encontros entre as Forças Constitucionalistas e a tropa do General João Francisco, em Jacare
zinho, no norte do Paraná.Em virtude das varias noticias, todas
divergentes, fornecidas por vários entrevistados, resolvemos ouvir, por nosso intermedk>, aos officiaes do Batalhão Constitucionalista de Presidente Prudente, e da Força Publica de São Paulo, acantonados em Ourinhos. E eis o que de facto e verdadeiro se passou: —
«O Batalhão Constitucionalista de Presidente Prudente, que é oommandado pelo bravo Tenente Coronel Miguel Brisolla de Oliveira, teve ordem para occupar varias localidades do Norte do Paraná, excepto Ribeirão Claro que deveria ser occupado, corno de facto foi, por parte do 9.o Batalhão da Força Publica de S. Paulo, sob o commando do Tenente Naul de Azevedo.
Cambará foi occupada pelo pelotão volante do Batalhão Constitucionaliista, sob o Commando do Capitão José Cândido Teixeira. Depois de feita essa occupação, seguiu para Cambará a Companhia de Granadeiros Marechal Floriano, recebendo a cidade das mãos do Capitão José Cândido, o qual regressou só a Ourinhos, reunindo-se ao Commando do seu Batalhão.
No dia seguinte, 31 de Julho, o Tte. Cel. Miguel Brisolla, commandando pessoalmente 80 homens do< Batalhão Constituciona- Ustas dirigiu a occupação, de Jacarezi- n% , o que se deu na mais perfeita or- deili, ás prim eiras horas da noite. Im- mediatas providencias foram tomadas sendo a cidade toda guarnecida, bem como as sahidas das estradas de rodagem; partiu em seguida a prim eira força, para occupação da ponte da estrada de ferro sobre o Rio Jacaré, commandada pelo Capitão One-
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P onte m eta liica sobre o Rio P aran ap an em a .
sio Gosta e outra força para a ponte da estrada de rodagem, sob o commando do Tenente Dorival Franco, de Godoy, pontes essas distantes 8 kilometros da cidade de Jacare- zinho. Foi logo iniciado o entrincheiramenlo rias referidas pontes.
Na m adrugada de primeiro de Agosto seguiram para reforço, das posições occupadas o pelotão do Capitão José Cândido e 2 contingentes do 9.o Batalhão da Força Publica, sob o commando dos Tenentes Gusmão e Ribeiro, reforçando o primeiro a ponte da estrada de ferro e o. segundo a da estrada de rodagem. Na ponte da Estrada de Ferro, sob um morro visinho, foi collocada uma M. P. destinada a proteger as tropas vocupantes da vanguarda. O pelotão volante do Capitão José Cândido teve a sua actuação entre as duas forças das pontes e no prim eiro reconhecimento, entrou em fogo com os inimigos, tendo sido ferido o voluntário Pedro Alves de Oliveira.
Installaram-se a seguir os telephones, ficando estabelecida ligação, directa co/n o P. C., serviço esse feito, pelo Tenente João Alberto de Oliveira. Ás 15 horas desse mesmo, dia o Tte. Cel. Brisolla fez um reconhecimento até proximo á estação de Guimarães Carneiro, onde verificou o movimento da cavallaria inimiga, regressando ás trincheiras afim de dar ordens. Mal havia posto o pé em nossas trin cheiras, seriam precisamente 17 horas, quando o adversaria iniciou o fogo. Depois de vio
lento tiroteio, que durou cerca de quatro horas, verificámos satisfeitos não haver feridos de nosso lado.
Pequenas escaramuças foram travadasno decorrer do dia seguinte, nas duas pontes.
Pelo Tte. Cel. Brisclla foi determinadoum reconhecimento, o qual foi feito pelo 2.o 1 enente João Alberto de Oliveira, que precisou a posição das forças inimigas, acampadas na fralda do morro das Araras e na Estação de Guimarães Carneiro.. Esse reconhecimento de perto, de 20 kilometros nos certificou da posição das forças inimigas e as medidas necessárias foram tomadas, pois nos trouxe a certeza de que sério combate seria travado. ^ «•
As duas pontes, a da estrada de ferro e a da estrada de rodagem, iam ser disputadas pelas armas. Esta vamos de promptidão, aguardando a ordem de fogo. Pelas 17 horas o Tenente Naul de Azevedo veiu de Ribeirão Claro conduzindo uma M. P. e tomou posição em um m orro proximo á ponte da estrada de rodagem, protegendo as forças sob o Commando do Capitão Onesio Costa, Tenente Ribeiro da Força Publica e pelotão volante do Capitão José Cândido Teixeira. Seriam 18 horas quando o inimigo iniciou o ataque e continuamos aguardando de fuzil na ição a sua aproximação. Distanciados agora do inimigo apenas 200 metros, á ordem de fogo iniciamos um tiroteio cerrado, o qual durou toda a noite. Verificou-se então que o inimigo, com força numérica muito superior, pois ia além de mil homens, procurava cortar a nossa retaguarda. Durante a noite chegou de Ourinhos um contingente do 9 .o Batalhão da Força Publica sob o Commando do Capitão Benedicto Ferreira e o dstacamento Ibrahim Nobre, sob o Commando do Tenente Octa- viano.
As 5 horas da m anhã do dia 4, o Tenente Naul Azevedo, retirando a M. P. do m orro onde se achava localisada, collocou-a sobre um caminhão com fardos de alfafa, onde depois de dar a prim eira descarga, tendo a mesma se dcsarranjado, partiu para Jacaresinho e dahi para Ribeirão. Claro. Ás seis e meia da manhã, de Jacaresinho, partiu então um contingente do 9 .o Batalhão da Força Publica sob o Commando do Capitão Benedicto Ferreira e o destacamento Ibrahim No-
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Aj p O v) ô w bre sob o Commando do Tenente Octaviano.Serviu de guia até a encruzilhada das duas pontes o 2 .o Tenente João Alberto de Oliveira a quem então foi entregue o commando de um grupo mixto da Força Publica e voluntários do Batalhão Constitucionalista, que seguiu rumo á ponte da estrada de ferro. Partiu em seguida sob o Commando d" Tenente Ferraz o 2.o grupo, composto de praças do 9 .o B. C . P. e voluntários do destacamento Ibrahim Nobre, que m archaram pela estrada do Monjolinho. Na rectaguarda ficou o restante da força Ibrahim , commandada pelo Tenente Octaviano. Renhido combate foi travado por nossos grupos contra as forças dicta- toriaes, conseguindo depois de duas horas de fogo ininterrupto rom per o cerco que dentro em pouco envolveria as nossas vanguardas. O grupo commandado pelo Tenente João Alberto de Oliveira divisou um soldado oons- titucionalista que, de gatinhas, entre o fogo cruzado, procurava estabelecer uma ligação, pois o telephoíle havia sido cortado. Imme- diatamente seguiu em sua direcção o. Tenente João Alberto de Oliveira, sendo informado de que a tropa da ponte estava sem munição para continuar o combate e precisava obtel-a com urgência, o qual partiu para Jacarezinho, com o soldado José Coelho, em busca de munição, tendo feito perto de um kilometro deitádos para fugir ao fogo inimigo. Chegados a Jacarezinho e havendo falta absoluta de. munições, o Tte. Cél. Brisolla, de accôrdo com o Capitão Benedicto Ferreira resolveram retirar.
Por habil estrategia do nosso commando evacuamos as posições occupadas, evitando, assim, um fracasso depois de tão brilhante feito. Foi uma retirada disciplinada e gloriosa para nós. Desse fogo sustentado durante 16 horas não tivemos uma só baixae apenas cinco feridos, sendo um gravemente que aqui chegaram no carro ambulancia para serem tratados.
A ordem de re tirar levada ao conhecimento do Capitão Onesio Gosta e Tenentes Gusmão e Ribeiro, foi levada pelo bravo l . o
Sargento João Lourenço de Campos Netto e Capitão José Cândido Teixeira. Fecharam a retirada o Capitão Onesio Costa e Ttes. Gusmão e Ribeiro, os últimos a chegar em Ourinhos.
A retirada foi feita com tal ordem, que pessoas chegadas horas depois a Ourinhos e que vinham se jun tar * aos nossos, inform aram que durante 4 longas horas, apoz termos abandonado completamente a cidade de Jacarezinho, o fogo continuava entre os pro- prios diclariaes, certos de que atiravam contra nossas fo rças!
Por pessoas foragidas de Guimarães Carneiro soubemos que as baixas entre os dicla- toriaes se elevaram a 142 m ortos e 83 feridos.
Não seria justo deixar de destacar o valor inconteste do Capitão Onesio Costa, José Cândido Teixeira, Tenente Gusmão, e Tenente Ribeiro, bem como a abnegação do soldado Co- riolano Gomes Palm eira que auxiliando o Tte. José Lemois de Miranda no fornecimento ás
trincheiras, se expoz sempre ás balas inimigas para fazer chegar aos seus companheiros os recursos necessários.
Os officiaes do Corpo Medico Major Dr. Domingos Ceravolo e Capitão Dr. José Foz, iam ás trincheiras debaixo de todo o tiroteio, para cuidar e . transportar os feridos, juntamente co: i o Capitão Luiz Roncali que muito traf ilhou não só no Serviço de ambulancia como no de installação de de telephones.
Não podemos deixar finalmente de externar o nosso grande reconhecimento á maneira brilhante e competente com que fomos conduzidos pelos nossos valorosos commandantes Tenente Coronel Brisolla de OliveiraRio Jacaré d istan te d e 8 Km. d e Jacarezin h o - Logar o n d e se travou
o terrível com b ate nos d ia s 2 , 3 e 4 d e A gosto .
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O p assaro d e a ço q u e evoluiu sob re n ossas c a b eç a s na tard e dogdia 4 .
e Capitão Benedicto Ferreira.Seriam 3 da tarde quando re
gressaram os ultimo-s combatentes do campo da batalha. Vinham os caminhões enlamados até o parabri- sa e os invictos soldados ennegre- cidos pela polvora. Grupos dispersos perambulavam aqui e acolá relatando e ouvindo episodios epicosdo combate que tinha-se travado, quando lá no horizonte, sob um ceu límpido., avistava-se a grande altura um avião que parecia seguir o leito da Linha Sorocabana. Nossa prim eira impressão foi de que se tratava de um apparelho oons- tituçionalista. Todas as m iradas confiantes, convergiam na mais temivel arma de guerra. Depois de diversas evoluções pela cidade, deixou cah irno espaço ura pequeno embrulho rumando cm direcção ao campo deaviação. La alguns populares e militares, acenavam bandeiras brancas. O grande passaro de aço desceu um pouco parecendo que desejava aterrisar. Mas a resposta que deu aos signaes de paz, foi arrem essar tres bombas no campo, uma das quaes na Ponte do Paranapanema. Felizmente não houve victiina nem prejuizo a lamentar. O avião era da dictadura, que as tropas de Itararé nos tinham enviado. No entanto o embrulho foi encontrado mais tarde no meio de um cafezal. Era uma simples caixinha de alumínio, her- meticamente fechada e coberta por üm panno bem am arrado dentro da qual estava tres- dobrado um papel escripto a lapis com os seguintes dizeres:
«Exmo. Snr. Commandante Pedro Dias de Campos. Rio Grande do Sul, segue para Itapetininga. Vocês estão illudidos.»
Mas como nós sabemos pybfeitamente que a arm a dictatorial é o ludiPrio e o engano, ninguém ligou importancià ao facto.
Dia 10.
ESCOTEIROS
Da esplanada do Hotel Internacional, vimos desembarcar pelo passageiro das 10 ho
ras uma turma de jovens que pareciam militantes pelo seu aspecto. Approximamo-nos e pelo equipamento notamos que se tratava de uma phalange de escoteiros. Os rapazes, de physionomia alegre, conversavam animadamente na plataform a até a chegada do commandante Sr. Affonso Freitas. A um signal dado, todos se am otinaram em roda delle, como doceis cordeiros em roda do pastor, para ouvir de perto seus conselhos e indicações uteis, rumando enseguida para o Commando Geral. São 12 escoteiros especializados de Campanha que foram nomeados pela «Cruzada de Escoteiros» de São Paulo, para este sector. Deste grupo, oito foram destacados para P irajú e Bernardino de Campos, ficando os restantes nesta cidade a disposição do Comte. Geral Pedro Dias de Campos. São elles os Srs. Affonso Freitas, Wilson Fernandes, Altamiro B. Mello e Ovidio Bastos. O primeiro, commandante do batalhão, já prestou seus serviços nos sectores de fogo, Cunha, Piquette e Tun- nel; voltando a chamado de uma ordem da «Cruzada», para São Paulo. Lá confiaram-lhe este destacamento que prestou inúmeros e as- signalados serviços ás forças consíitucion alistas; entre os quaes podemos destacar a ligação das linhas telephonicas installadas nas trincheiras, a construcção de pontes pelos sapadores, a administração do Centro Telephonico, na cilr- ta ausência da telephonista e mais outros tra-
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M -T O /V 7B O , c M 3 6 5balhos n,o Correio Militar e Delegacias Techni- cas, como correspondentes e mensageiros.
Dia 10.S
MISSÃO DO SR. EMÍLIO LEÃO
Antes de finalizar nossa humilde v jjra, não podemos por menos de salientar a empolgante figura do Sr. Emilio Leão, e a acção dos democráticos em geral, que desde o p rimeiro dia que irrom peu o movimento revolucionário, aggremiaram-se sob as ordens do seu chefe, para labutar no campo de aviação e no entrincheiram ento da ponte, cujo perímetro comprehendido entre os portos Gi, abaixo de Chavantes, e Santa Emilia, abaixo de Salto Grande, foi elogiado unanimemente pelos Commandantes do sector que o visitaram, levando todos uma impressão optima da techni- ca patenteada do engenheiro Major Fernando
Eduardo Lée, bem como dos serviços realisa- dos pela turm a incançavel de sapadores do Sr. Emilio.
O Sr. Emilio Leãoi, tem sido neste movimento redemptor, mais do que um soldado, um bravo, um heroe que tem exposto a sua vida por diversas vezes no campo inimigo, até entrar em contacto immediato com os chefes rebeldes. Incumbido pelo Commando Geral desta missão espinhosa e cheia de perigos, desempenhou-a com a m aior diplomacia e sensatez, enfrentando corajosamente o gladio pérfido e trahidor, e sahindo illeso de qualquer alevosia ou attentado.
No proximo numero offereceremos aos nossos leitores, interessantes detalhes da importante missão, do Sr. Emilio e Rodopiano Leonis, missão aliás, que actualmentc não podemos revelar.
Finalizando é minha obrigação externar meus agradecimentos a todas as pessoas que se interessaram pela presente, particularmente dos D. D. COMMANDANTES: PEDRO DIAS DE CAMPOS e MIGUEL BRISOLA DE OLIVEIRA, que com toda presteza me attendiam no commando, como tambem do amigo Sr. JOÃO NEVES que espontaneamente collaborou em parte com o seu pecúlio.
O AUTOR.
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