Ôxe! - Fevereiro de 2014

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Neste mês, no Ôxe!: o Teatro em Carne & Osso entrevista equipe da Casa-abrigo Girassol; as históricas lutas e falta de oportunidades do homem negro no texto do Sidney Santos; as novas oportunidades de estudo do “fio do pobri” na poesia de Joyce Milena, a poética luta de Messias Silva contra o machismo; a poesia de Régis Andrade esperando uma oportunidade; a luta contra os rolezinhos na charge de Betto Souza; a oportunidade de conferir e se inscrever no 4º Concurso de Poesias Profº Aparecido Roberto Tonellotti, o Registro de algumas lutas; a oportunidade de conferir quatro dicas NaFaixa; fortaleça-se nas “Oficinas de Produção e Elaboração de Projetos”; oportunidade de se inscrever nos “Editais de Seleção para Contratação de Apresentações” do Oxandolá [In]Festa 2014 e mais texto sobre as oportunidades para fortalecer sua luta, para fortalecer outras lutas e para se envolver nas lutas por mais oportunidades de lutas e oportunidades. Entendeu? Não? Então confere aí!

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Realização:

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

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#oportunidadee luta

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em:WikimediaCommons

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Fevereiro / 20141

ProgramasUbuntu 12.04 (ubuntu.com)LibreOffice 3.5.7.2 (pt-br.libreoffice.org)GIMP 2.6.12 (gimp.org)Scribus 1.4.1.svn (scribus.net)Inkscape 0.48.3.1 r9886 (inkscape.org)Mozilla Firefox 22.0 (br.mozdev.org)Audacious 3.4 (audacious-media-player.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)

Joyce Milena([email protected])Messias Silva([email protected])Régis Andrade([email protected])Sidnei Santos([email protected])

O informativo Ôxe! é uma iniciativa daÔxe! Produtora Comunitária que visapropiciar à população de Francisco Mo-rato e região, um veículo de jornalismocidadão e produção, difusão e divulga-ção de ideias e informações na área cul-tural. Todas as informações, ilustraçõese imagens são de responsabilidade deseus respectivos autores e obedecem alicença Creative Commons 3.0 BrasilAtribuição-Uso Não-Comercial-Com-partilhamento pela mesma Licença(acesse o blog para maiores detalhes),salvo indicações do(a) autor(a) em con-trário. Para ver uma cópia desta licença,visite http://creativecommons.org/li-censes/by-nc-sa/3.0/br/ ou envie umacarta para Creative Commons, 171 Se-cond Street, Suite 300, San Francisco,California 94105, USA.

Nesse mês de fevereiro, a seção Diga, Ôxe! foi encampada pelopessoal do Teatro em Carne & Osso, grupo de teatro que atual-mente tem sede artística em Francisco Morato e que está desenvol-vendo um trabalho de pesquisa sobre a infância, em parceria com oProjeto Girassol, Casa-abrigo que acolhe 20 crianças moratenses.

Teatro em Carne & Osso: Quando e como surge a Casa AbrigoGirassol?Projeto Girassol: A Casa-abrigo Girassol é um dos projetos da

Associação das Mulheres do Bairro Jardim Levorim, a associaçãosurgiu em 2003, e o abrigo em 2012. O serviço de acolhimento jáexistia em nossa cidade há algum tempo, e a associação está nestemomento prestando este serviço para a prefeitura de FranciscoMorato. Além deste projeto, a associação também mantém o VivaLeite, que atende mais de 50 famílias cadastradas.

TCO: O que caracteriza uma Casa Abrigo e qual sua função?Girassol: A Casa Abrigo é um espaço para acolher crianças

que foram abandonadas ou retiradas de suas famílias, por váriosmotivos: maus tratos, violência psicológica, física ou sexual. Oabrigo é uma casa temporária, que acolhe as crianças e garanteseus direitos até que suas vidas sejam restabelecidas, voltando pa-ra suas famílias ou sendo encaminhadas para famílias substitutaspor meio da adoção.

TCO: Como o abrigo é mantido?Girassol: Com recurso público, o subsídio vem da prefeitura.

TCO: Como geralmente são divididas as crianças nos abrigos,por idade, sexo, parentensco?Girassol: Aqui em Morato nós não temos divisões, os abrigos

atendem crianças de 0 a 18 anos. Existem outros municípios ondeisso é diferente, em Mairiporã, por exemplo, são dois abrigos, umpara cada sexo. Em outros lugares existem também as casas deadolescentes, que recebem jovens de 12 a 18 anos, mas aqui não,acolhemos todos juntos.

TCO: Todas as crianças que estão no abrigo estão aguardan-do adoção?Girassol: Normalmente não, aqui, por exemplo, no momento,

das 19 crianças acolhidas, apenas 2 estão aguardando adoção..

TCO: Quais são as atividades que as crianças fazem em seudia-a-dia?Girassol: Eles vão para a escola, fazem cursos no PEP, na Casa

de Cultura, fazem passeios... A gente tenta fazer com que eles se sin-tam em casa, fazer daqui um espaço mais parecido com a casa deles,eles colaboram com a organização, com a higiene deles e da casa.

TCO: O que acontece com as crianças que já estão abrigadas ecompletam idade de 18 anos? Para onde elas vão?Girassol: Nós temos que trabalhar a autonomia deles pensando

nisso, inserindo-os em cursos para que eles possam sair daqui enca-minhados para o mercado de trabalho. Quando fazem 18 anos, pre-cisam estar prontos para seguirem suas vidas sozinhos. A nossagrande dificuldade é que no município nós não temos muitos pro-gramas sociais para dar continuidade no nosso trabalho, nem mesmoum programa anti-álcool e antidrogas eficiente, então fica um poucodifícil. Agora é que vai se abrir aqui na cidade uma casa de passa-gem, onde as pessoas poderão dormir e comer lá, mas com quanti-dade de noites permitidas, não é um local para morarem, mas parapassarem por lá, por um pequeno período enquanto se adaptam.Mas este também não será um programa específico para os ex-abri-gados, como as repúblicas, que seriam a forma ideal para abrigá-los.

TCO: Por que as crianças permanecem tanto tempo nos abrigos?Girassol: Teoricamente as crianças deveriam ficar num abrigo

no máximo por dois anos, infelizmente não é bem isso o que acon-tece. Muitas vezes a criança chega recém-nascida e o juiz não desti-tui da família, ou porque os pais estão presos, ou porque a famíliarecorre, e a família tem o direito de recorrer quantas vezes quiser.O problema maior é que nesse processo a criança vai ficando noabrigo, sem poder ir para sua ou para outra casa, o tempo vai pas-sando, e quando a criança completa 11 anos, fica praticamente im-possível conseguir uma família substituta. No cadastro nacional nãoexistem muitas pessoas dispostas a adotar crianças com este perfil.

TCO: Se alguém quiser adotar uma criança como deve proceder?Girassol: O interessado deve procurar o fórum e lá será orienta-

do de todo o procedimento. Tem que apresentar documentos, pas-sar por entrevista e depois de apto, passa a compor o cadastronacional. Hoje em dia não é mais possível escolher a criança que sequer adotar, no momento em que se faz o cadastro, coloca-se operfil desejado, por exemplo, criança negra, de 0 a 12 anos. Casotenha uma criança dentro do perfil, o fórum liga para ver se aindahá o interesse, se houver, a pessoa deve se deslocar até onde a cri-ança estiver, mesmo ela sendo de outro estado, passar pelo períodode adaptação com a criança, e se a criança tiver mais de 11 anos,ela já pode escolher se quer ser adotada por esta família ou não.

TCO: Na nossa região tem muita procura para adoção?Girassol: Sim, mas apenas de bebês, o que não é o nosso perfil.

A maioria dos candidatos dão preferência para o que nós chama-mos de “crianças perfeitas”. Nós tínhamos aqui uma criança comsíndrome de down, e não achamos uma família para ela aqui naregião, conseguimos uma família em outra cidade.

TCO: A escolha da família é feita por região?Girassol: Há o cadastro de possíveis adotantes, o estadual, o na-

cional e o internacional. Primeiramente buscamos interessados naregião, se não encontramos vamos abrindo para pessoas de outrosestados, e depois, até de outros países.

TCO: Soubemos que uma família que adota uma criança, podedevolvê-la caso não haja “adaptação”. Ficamos bastante choca-dos com essa informação já que quando temos um filho bioló-gico, nem se pensa nessa hipótese de devolução. Existe algumapunição para quem adota e devolve o filho?Girassol: Pois é, esse é um assunto bastante delicado. Quem de-

volve uma criança, não faz ideia dos prejuízos emocionais que estácausando a ela. Mas não, não há nenhum tipo de punição.

TCO: Como funciona a questão do apadrinhamento e volunta-riado?Girassol: Existia aqui no município um projeto de apadrinha-

mento afetivo, mas ele está suspenso no município. O projeto pre-cisou ser repensado pois muitas vezes o padrinho, que levava acriança nos finais de semana para passear, já se achava no direitode passar na frente na fila da adoção daquela criança; outras vezesa criança se apegava demais àquela família e ficava difícil pra elaentender que só podiam ficar com ela no fim de semana, ou aindano fim de semana em que não pudessem vir vê-lo, isso refletia ne-gativamente, a criança ficava triste, então cortou-se. Agora está sepensando num novo modelo de apadrinhamento, em que se podeapadrinhar o abrigo, não mais uma criança, beneficiando assim to-das as crianças. Uma outra coisa que acontece muito é pessoas vi-rem visitar as crianças do abrigo uma vez por ano, apenas no natal,na páscoa, trazendo presentes, sem parar para conversar com aque-la criança, sem entender o contexto, sem criar um laço, isso tam-bém é muito prejudicial.

TCO: É possível colaborar com doações?Girassol: Sim. A verba que recebemos de subsídio, infelizmente,

não pode ser utilizada para compra de bens duráveis. Nesse mo-mento, estamos precisando muito de colchões novos. Quando re-cebemos a verba de adaptação da casa, compramos colchões, maseles já estão finos e pequenos, pois as crianças cresceram e engor-daram, e o colchão já não suporta mais. Outros tipos de doaçõesque são muito bem vindas são: alimentos, nós gastamos muito comcomida, roupas para crianças e cortinas. Para doar, entre emcontato pelo telefone 4488-6434 .::

::. Diga, Ôxe! Casa-abrigo Girassol

AEquipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli,Gilberto Araújo, Mari Moura e RogerNeves ([email protected])

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

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Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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Parte da equipe da Casa-abrigo Girassol, um dos projetos da Associação das Mu-lheres do Bairro Jardim Levorim, que acolhe hoje 20 crianças em Francisco Morato

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em:MariM

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2Fevereiro / 2014

:: Sarau ConPoeMaVocê que procura um espaço para se expressar, da for-

ma como quiser, não pode deixar de frequentar o SarauConPoeMa. Desde 2012, o Sarau ConPoeMa acontecemensalmente e nesse ano de 2014, acontecerá sempreno segundo sábado de cada mês. O próximo já tem da-ta, local e horário definidos. Será no dia 8 de março(dia internacional da mulher), a partir das 19h, no Espa-ço Girandolá, que fica na Av. São Paulo, 965, Vila suí-ça, Francisco Morato, SP. A ENTRADA ÉGRATUITA. Venha celebrar e compartilhar suas ideias.O Sarau ConPoeMa é uma realização da AssociaçãoCultural ConPoeMa.

Mais informações: 4488-8524

:: Programação Espaço EcosNesse mês de fevereiro o Espaço Ecos completa seu

1º ano e, como não poderia deixar de ser, a comemora-ção vai ser cheia de muita arte. Então, já sabe, se vocêgosta de encontrar pessoas interessantes, de bater umbom papo e de ouvir um bom som, fique de olho naprogramação e já marque na agenda as atrações que vaiquerer curtir esse mês.

Todas as quartas, a partir das 20h –David Rangel(Pop rock Nacional) –ENTRADA LIVRETodas as quintas, a partir das 20h – Balaio Livre (es-paço aberto para apresentações artísticas: teatro, dança,música, poesia e etc) –ENTRADA LIVRETodas as sextas, a partir das 20h – Banda Cartel Inc

(Rock nacional) – Entrada R$ 3,00Todos os sábados, às 14h30 - Oficina Realejo (Brinca-deiras com crianças), sob a coordenação de EduardoBartolomeu – R$ 15,00 por oficinaTodos os domingos, a partir das 19h –Niko e Banda –ENTRADA LIVREDia 15/02 (sábado), às 21h, bandaContagem Zero(Clássicos do rock) - Entrada R$ 3,00Dia 16/02 (domingo), às 14h, Oficina de Dança Afro,sob coordenação de Inajá – R$ 20,00 e às 18h, contaçãode histórias para crianças – R$ 5,00Dia 22/02 (sábado), comemoração da Semana de ArteModerna e do primeiro aniversário do Espaço Ecos –Entrada R$ 3,00Informações: 4881- 6057

:: Programação musical no CEU PerusDuas bandas incríveis colorem a programação musical

do CEU Perus desse mês. A Banda Estralo, que temum trabalho lindo, voltado para a criançada e a irreve-rente banda Língua de Trapo, na estrada há mais de 30anos e que tem o bom humor como marca registrada. Eo melhor de tudo é que as duas atrações são GRATUI-TAS E LIVRES para todas as idades. Então vamos lá...programe-se! ! !

Dia 18/02 às 14h – Banda Estralo

Dia 21/02 às 20h – Língua de Trapo

O CEU Perus fica na Rua Bernardo José de Oliveira,s/n°, Perus-SP, bem pertinho da estação Perus de trens da

CPTM. Informações: 3918-8753

:: Girandolá Recebe...Por Volta De Logo DepoisE no primeiro fim de semana de março o projeto Giran-

dolá Recebe. . . traz para Francisco Morato 2 espetáculos te-atrais do grupo Por Volta de Logo Depois de Piracicaba.

O espetáculo “Maria, sou eu”, monólogo que conta ahistória de uma mulher que tenta recuperar seu nome esua história, apagados pela ditadura militar brasileira, seráapresentado no sábado, dia 01/03, ás 20h. O espetáculo éresultado de uma pesquisa corporal e vocal baseada noTeatro Físico, buscando uma linguagem cênica que expri-ma todas as sensações vividas e experimentadas, forman-do uma dramaturgia corpóreo expressiva .

No dia seguinte, 02/03, também às 20h, o grupo apre-sentará seu mais novo espetáculo “Quarta-feira, Sem Fal-ta, Lá Em Casa”, uma livre adaptação do textohomônimo de Mário Brasini, que conta a história de du-as senhoras que se encontram todas as quartas-feiras paratomar chá. Numa dessas tardes, são revelados segredos,angústias, amores, e desamores... Este trabalho visa con-tribuir ao debate sobre as dificuldades físicas, sociais epsicológicas da velhice, e também sobre tabus e conven-ções sociais como o aborto, o sexo e a sexualidade, a fa-mília e o casamento num período de transformaçõesdesses entendimentos.

As apresentações serão no Espaço Girandolá (Av. SãoPaulo, 965 – Vila Suíça- Francisco Morato/SP), com en-trada a R$5,00 cada. Garanta seu ingresso, são poucos lu-gares. Mais informações: 4488-8524. .::

"As oportunidadessão como o nascerdo sol: se você

esperar demais, vaiperdê-las."

Will iam ArthurWard

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

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Fevereiro / 20143

OPORTUNIDADE E LUTAAinda que muito longe do ideal, desde de 2004, a situa-

ção dos fazedores de cultura em nosso país tem melhoradoum pouco, pelo menos no que se refere aos recursos para aárea. É inegável. Capitaneados principalmente por progra-mas como o Cultura Viva, do governo federal, e o PROAC,do governo do estado, esses recursos foram responsáveispor inúmeras ações culturais por todo o estado e país, recu-perando, pelo menos em parte, o absoluto deserto instituci-onal que anos de descaso haviam deixado os produtores eartistas nacionais. Mas como disse, estamos longe do ideal.Ainda há muito o que se avançar, principalmente que o Es-tado entenda o direto à cultura e informação como direitosde fato, que necessitam de políticas públicas efetivas e con-tinuadas, não como pinduricalhos afetivos. De qualquermodo, já é um começo.

Talvez o melhor exemplo de como esses investimentossão importantes e necessários seja o programa Cultura Vi-va, através de sua faceta mais conhecida, os pontos de Cul-tura. Criado para fortalecer o protagonismo cultural nasociedade brasileira, valorizando as iniciativas culturais degrupos e comunidades; esse programa foi (e ainda é) res-ponsável pela subsistência e fortalecimento de diversas ini-ciativas culturais (não só artísticas) em especial no interiordo país. Na outra mão (e um pouquinho depois, em 2006),surge no estado de São Paulo o Programa de Ação Cultural– ou ProAC, para os íntimos – que seguindo levemente oexemplo federal da lei Rouanet, tem o objetivo de apoiar epatrocinar a produção artística e cultural no estado; permi-tindo aos produtores culturais o apoio por meio da seleçãopública de projetos bancados pelo orçamento do estadoe/ou apoio por meio de patrocínio das empresas que desti-nariam parte do ICMS devido diretamente a estes projetos.

Mas nenhum dos dois programas (assim como a esma-gadora maioria das leis de incentivos e programas de fo-mentos surgidos depois destes) foram fruto da simples boavontade de nossos políticos. Eles foram fruto da luta, mo-bilização e articulação dos fazedores culturais em todo opaís e em nosso estado. O ProAC, por exemplo, surgiu co-mo resposta à mobilização de artistas do estado de SãoPaulo que na época já reivindicavam a criação de um fundoestadual de cultura que direcionasse recursos diretamenteaos artistas e produtores culturais. A isso, o governo do es-tado respondeu com o ProAC Editais, que bem a grossomodo funciona mais ou menos como um fundo funciona-ria, injetando dinheiro diretamente nas mãos do próprio fa-zedor de cultura. Mas engana-se quem pensa que essa lutajá acabou. Agora menos inocentes e com um conhecimentomais profundo dos mecanismos burocráticos pelos quais oestado funciona, artistas, produtores, militantes e fazedoresde cultura em geral continuam lutando por maiores e me-lhores mecanismos de financiamentos para a cultura denosso país e estado.

Já vai longe (se é que algum dia existiu) aquele tempoem que artista era um cara que podia se ocupar exclusiva-mente de sua arte, desconectado do resto do mundo, volta-do exclusivamente (preso?) ao seu mundinho particular ede sua obra. Hoje, mais do que nunca, o artista que não seconecta ao seu tempo, ao seu lugar e a realidade em que es-tá inserido, corre o risco de, no mínimo, ficar à deriva e –em última instância – naufragar com seu projeto/plano/in-tenção de criação artística. É preciso se envolver, tomarparte e fazer, muitas vezes, mais que apenas criar obras ar-tísticas. Mas mais que apenas mais um fardo a se carregaresse envolvimento, além dos avanços e melhorias que po-dem trazer para seu fazer artístico, contribuem com ele, oalimentam e muitas vezes mudam sua direção, trazem ou-

tra perspectiva ao que (arrogância?) se tomava por certo.Aqui, como tudo mais na vida, é preciso humildade, empe-nho e dedicação para poder colher os frutos, materiais ounão.

E, convenhamos, hoje já é um pouco mais fácil. Os fru-tos conquistados pela luta de gerações de outros artistas emilitantes da cultura já vão aparecendo aí e podem ser usu-fruído por todos. Nós aqui da Associação ConPoeMa so-mos um pouco a prova disso. Muitos dos projetos quetocamos em nossa cidade só são ou foram possíveis graçasa alguns desses programas. Com recursos estaduais ou fe-derais pudemos criar espetáculos teatrais, lançar livros, rea-lizar festivais de artes integradas, levar nossos espetáculos àoutras cidades do estado, participar de congressos e mesmoesse Informativo Ôxe! que você tem em mãos, durante umtempo, teve apoio do governo federal. E esses apoios foramobviamente fundamentais para alavancar nosso trabalho enos permitir avançar. Certamente temos muito a agradecera todos que lutaram para que as políticas públicas para aCultura avançassem e, cientes de nossa dívida, também en-tramos em campo para lutar por melhores condições paraque artistas continuem desenvolvendo sua arte em nossa ci-dade e em outros lugares também.

Assim, estamos nos ocupando e procurando contribuircom nossa parte para que a situação melhore para todos osfazedores de cultura. Desse modo, desde o ano passado,trabalhamos junto a Secretaria Municipal de Cultura para aimplantação do Sistema Municipal de Cultura (algo queacreditamos será um divisor de águas em nossa cidade) etambém passamos a integrar o FLIGSP – Fórum do Lito-ral, Interior e Grande São Paulo - um movimento estadualde artistas e produtores de todo o estado que lutam paraque se amplie o apoio às produções artísticas de fora da ca-pital paulista. E tem sido maravilhoso, podemos dizer, comcerteza! Não só pelas conquistas que já vamos alcançando,mas principalmente por encontrar outros fazedores de cul-tura como nós, com realidades e pensamentos muito próxi-mos aos nossos. E isso vai nos abastecendo mais paracontinuarmos contribuindo mais com essa luta que já semostra altamente frutífera.

Esse ano, em Ribeirão Preto, pudemos participar da 6ªe-dição do encontro presencial do Fórum do Litoral, Interiore Grande São Paulo e foram dois dias de muitos debates,pensamentos e conversas sobre a produção artística no es-tado todo e a realidade enfrentada pelos artistas e produto-res das dezenas de cidades presentes ao encontro. Emparticular, dois assuntos dominaram a pauta do encontro emostram um pouco das conquistas que ele já alcançou: acriação de corredores de circulação cultural e, principal-

mente, o aumento dos recursos para o ProAC Editais, ex-clusivamente para iniciativas fora da capital paulista.

Desde a edição do ano passado do FLIGSP, este tem es-tabelecido constantes conversas com a Secretaria de Estadoda Cultura, com deputados estaduais, tem mobilizado pes-soas, pensado e discutido a ampliação de recursos paraaquele que acreditamos ser hoje o programa de incentivodo estado mais eficiente: o ProAC editais. Assim, para esseano, esse movimento organizado de artistas e produtoresdo estado já conseguiu o aumento dos recursos para esteprograma, assim como a criação de editais específicos emaiores cotas para as iniciativas de fora da capital paulista.Na prática, isso quer dizer que este ano haverá mais chan-ces das iniciativas, grupos e artistas de cidades de todo oestado (com exceção da capital que dispõe de maiores re-cursos) aprovarem seus projetos e poderem contar com di-nheiro do orçamento estadual para realizarem suas peças,gravarem CDs, lançarem livros, realizarem saraus dentreoutras tantas possibilidades.

Já localmente, em nossa cidade, além dos esforços paraimplantarmos o Sistema Municipal de Cultura, em paraleloao Sistema Nacional de Cultura, também iniciamos agoraatividades de formação dos fazedores de cultura daqui. Nãosó por conta da evidente necessidade deste tipo de forma-ção, mas também por entendermos que o momento repre-senta uma grande oportunidade para que estes grupos eartistas consigam recursos e apoio do estado para desen-volver suas atividades. A questão é bem simples: esses re-cursos estarão disponíveis para todo o estado, se nós aquide Francisco Morato e região não utilizarmos eles, outros ofarão, talvez de lugares menos carentes e menos necessita-dos do que nós. Então, por que não? Para isso, é precisoque as pessoas saibam como fazer.

Por isso, neste mês, faremos duas oficinas gratuitas deprodução e elaboração de projetos culturais, como formade incentivar os artistas locais a escreverem projetos tantopara o nosso festival que acontece em maio – o Oxandolá[In]Festa -, mas também, abrir um espaço onde possamoscompartilhar nossa experiência e inspirar esses artistas atambém apresentarem seus projetos em outros editais, bus-cando recursos e outras oportunidades em mecanismos deincentivo que já estão aí e que podem estimular e alavancaras produções locais. Serão duas oficinas, uma em FranciscoMorato (23/02) e outra em Franco da Rocha (16/02), comduração de 8h cada. Para se inscrever ou saber mais, bastaligar 4488-8524 ou mandar um e-mail para [email protected].

Numa época como a nossa, em que a informação cami-nha muitas vezes rápido demais; em que as pessoas vão to-mando mais consciência de seus direitos, se organizandoem torno de importantes causas como a educação, o trans-porte, o meio ambiente e a vida em sociedade; mas umaépoca também em que a tecnologia e suas facilidades estãobastante disponível a quase todas as pessoas; é preciso queos artistas e fazedores de cultura abandonem essa visão ro-manceada, ilusória e absolutamente distante da realidadeque infelizmente se instalou em nosso inconsciente coleti-vo. É preciso que Artistas e fazedores de cultura tomemparte na política, na transformação social, na luta pelos di-reitos humanos e nos demais aspectos que envolvem a vidana nossa sociedade e em nosso tempo. Por outro lado, épreciso também que façam uso dos direitos conquistados,que acessem as oportunidades e o apoio do estado, o que –em última instância – não é apenas uma oportunidade, masantes disso, um direito conquistado. Assim, em massa,quem sabe ainda chegamos um dia à situação ideal. .::

Por: Roger Neves

A 6ª edição do FLIGSP - Fórum do Litoral, Interior e Grande SãoPaulo - se reuniu este ano na cidade de Ribeirão Preto no interior doestado e ao todo tivemos mais 60 coletivos representados no encontro

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em:RogerNeves

Page 5: Ôxe! - Fevereiro de 2014

4Fevereiro / 2014

Por: Sidney Santos

Após a abolição da escravidão, entra um regime que de fatopoderia dar um novo horizonte ao país pelo mecanismoeconômico “CAPITALISMO”. Desde que fosse implantadolevando em consideração as pessoas “ESCRAVOS” que aquitrabalhavam.

Levando em conta que o Homem Negro, pelo processo deembranquecimento do Brasil, foi jogado de escanteio econsideram as migrações europeias e asiáticas mais vantajosasdo que simplesmente melhorar as condições de subsistênciadaqueles que ajudaram e contribuíram na construção do Brasil.

É importante ressaltar que a marginalização do Homem Negrovem à tona pelo princípio de que, não ocorreu no ato daabolição um projeto de Reforma Agrária para que essas pessoasconsideradas “LIVRES” pudessem viver e criar suas famílias deacordo com as condições que a terra oferece. Sendo assim,teríamos o Brasil um pouco mais justo com relação às pessoasmenos favorecidas.

Se o Capital tem como base a lei (SÓ COMEQUEM TRABALHA), porque não oferece empregosde qualidade com rendas que possa suprir asnecessidades materiais, imateriais, econômicas esociais dos cidadãos Brasileiros?

O grande problema é que existemuns seres “IRRACIONAIS” quelucram com a desgraça de muitos.

Cêtámaluco .::

Marginalização doHomem Negro

REGULAMENTO1. Dos Objetivos

A Ôxe! Produtora Comunitária institui o IV Con-curso de Poesias “Professor Aparecido Roberto To-nellotti” com o objetivo de incentivar e divulgarnovos talentos na arte da poesia, bem como mape-ar a produção poética em Francisco Morato e Re-gião.

2. Das ParticipaçõesPoderão concorrer autores brasileiros natos ou

naturalizados, com obras obrigatoriamente inéditas(sem publicação), com temáticas e gênero livres,escritas em Língua Portuguesa, sob pseudônimo,desde que observem as particularidades de cada ca-tegoria.

Fica vetada a participação de membros das Co-missões Organizadora e Julgadora.

3. Das CategoriasInfantil (até 12 anos de idade);Juvenil (de 13 a 18 anos de idade);Adulta (a partir de 19 anos).

4. Das Inscrições e Apresentação das ObrasAs inscrições encontram-se abertas no período

de 01 de Fevereiro a 31 de Março de 2014 (va-lendo a data da postagem ou entrega).

Poderá ser inscrito apenas 01 (um) poema porautor.

A obra deverá ser apresentada em 05 vias, digi-tadas ou datilografadas em uma só face do papelA4.

As cinco vias da obra deverão ser inseridas emenvelope grande, acompanhadas da ficha de inscri-ção, informando externamente o nome do concur-so, a categoria pretendida e o pseudônimo do autor.

O regulamento e ficha de inscrição serão dispo-nibilizados no sítio: www.blogduoxe.blogs-pot.com.

Endereçar para: IV CONCURSO DE POESIAS“PROFESSOR APARECIDO ROBERTO TONEL-LOTTI/2013” – Ôxe Produtora Comunitária – Av.São Paulo nº 965 – Vila Suíça – Francisco Morato– SP –CEP 07904-000.

Também poderá ser entregue na Ôxe ProdutoraComunitária – Av. São Paulo nº 965 – Vila Suíça –Francisco Morato – SP – CEP 07904-000, até adata limite das inscrições.

5. Do julgamento e da Premiação:

Os trabalhos serão apreciados por uma ComissãoJulgadora composta por três profissionais ligados àLíngua Portuguesa e Literatura, e esta, terá plenaautonomia de julgamento, não cabendo recurso àssuas decisões.

Será oferecida uma premiação com troféus ecertificados de participação aos 3 (três) primeiroscolocados de cada categoria.

As escolas que tiverem algum aluno entre osclassificados também receberão certificados departicipação.

6. Das Comissões e Disposições GeraisA Comissão Julgadora poderá conceder Menção

Honrosa para um ou mais trabalhos, se assim julgarnecessário, que receberão certificados.

Todos os participantes que desejarem, poderão soli-citar via e-mail seu certificado digital de participação noconcurso.

Fica também a critério da Comissão Julgadorauma seleção de trabalhos que, juntamente dos pre-miados, serão publicados no Informativo Ôxe!.

As premiações acontecerão no Sarau ConPoe-Ma, que integrará a programação do Oxandolá [In]Festa 2014, no mês de Maio deste ano (em local,data e horário a serem posteriormente divulgados).

Os resultados serão divulgados através do sítio:www.blogduoxe.blogspot.com, bem como, atravésdo Informativo Ôxe! em sua publicação impressa.

Os trabalhos vencedores poderão ser declamadosou encenados, no todo ou em parte, na noite depremiação, por artista ou grupo teatral previamentecontratado pela Ôxe! Produtora Comunitária.

Os trabalhos inscritos não serão devolvidos, sendoincinerados 30 dias após a data da divulgação dosresultados.

A inscrição implica automaticamente a aceitaçãodas condições desse regulamento, bem como a au-torização para a publicação das obras inscritas emquaisquer mídias que a comissão organizadora jul-gar conveniente, portanto o autor assume total res-ponsabilidade pela autoria, podendo responder porplágio, cópia indevida e demais crimes previstos emlei.

O não cumprimento de qualquer item do regula-mento implicará na desclassificação automática daobra inscrita.

Os casos omissos serão resolvidos pela ComissãoOrganizadora. .::

"O homem deve

criar as

oportunidades e

não somente

encontrá-las."

Francis Bacon

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Page 6: Ôxe! - Fevereiro de 2014

Fevereiro / 20145

EU NUNCA FUI HOMEM...

Eu nunca fui homem de:deixar a parceira na

saudadesem antes lhe realizaras vontades;

Eu nunca fui homem de:antes, dela, me saciarme satisfazersem, antes, muito a

acariciar;

Eu nunca fui homem de:recusar um amoroso

convitede recuarsem me deliciar com

apetite;

Eu nunca fui homem de:deixar uma mulher

magoadapor ausênciaimpotente sem fazer nada;

Eu nunca fui homem de:aos meus amores

desprezarde não dividir o meu serpro desaconchego pesar;

Eu nunca fui homem de:viver em nefelibatacomo o poeta sonhadorque a realidade mata;

Eu nunca fui homem de:pensar somente em camadar à mulher um poemapara penetrar numa alma

em chamas;

Eu nunca fui homem de:ver a namorada implorara esposa suplicar meu

afetoà uma virgem deflorar;

Eu nunca fui homem de:na mulher ver culpasno ato que muitas praticamver nos motivos as

desculpas;

Eu sempre fui homem de:revirar as devassidões

tantasdali extrair esperançasa lapidar as “santas”... .::

PPoorr:: Joyce MilenaNaquele passado,que muitos sofriam,não tinha roupa,a menina sofria.

Não ia pra escola,fazia uma birra,a menina, ô coitada!Todos riam.

Mas isso passô,tudo isso acabô,quem não estudô,meu fío se ferrô.

Todos tem roupa,graças ao bolsa famía,

pode ter certeza,de muitos é safadeza,

dizer que não tem dinhêro.

Usá esse dinhêro,pra pagar os droguêro,

viver na pobreza,vamos pagar as Dispezas,o Fío do pobre,agora pode estudá !Cêtámaluco

PPoorr:: MMeessssiiaass SSiillvvaaO FÍO DO POBRE AGORA

PODE ESTUDÁ

Poema Dedicado ao Sidney Santos e ao Danilo Góes ! "Os problemas sãoapenas oportunidades

com roupas detrabalho."

Henry John Kaiser

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Page 7: Ôxe! - Fevereiro de 2014

6Fevereiro / 2014

Só o que me resta é esperar,Enquanto isso a angústia me consome,Não sei o que eu faço, e se faço,É uma tortura, tento sorrir mas não dá,Fico pensativo, . . .Hoje acordei inspirado,Olhei para o horizonte, que dia lindo,Ouvi o gorjear dos pássaros e uma brisa soprar,Vejo o balé das árvores, ai fiquei fascinado.Notei um bando de papagaios comendo sementes de uma aroeira.Aí eu pairei, bateu aquela saudade.As horas passam, vejo o caminhar das pessoas,Atento eu fico na esperança de poder sorrir,Firmo meu olhar num vazio e realmente vazio está.Nada me alegra,Mente arredia, tenta horas esquecer, suspiro. . .Sim esquecer o passado presente que nela está.Meus olhos rasos d'aguá não conseguem se esconderdo olhar tosco de algumas pessoas,Algumas pessoas perguntam se algo aconteceu, e eu digo, sim. .Estou tentando me achar mas não me encontro,Só me resta esperar. .::

::.BettoSouza

SSÓÓ MMEE RREESSTTAA EESSPPEERRAARR

PPoorr:: RRééggiiss AAnnddrraaddee

"Um idiota nunca

aproveita a

oportunidade. Na

verdade muitas vezes o

idiota é oportunidade

que os outros

aproveitam"

Millôr Fernandes

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