Pacote-tecnológico-para-produção-de-juvenis-de-Acará-Bandeira-Pterophylum-scalare
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Resumo.Resumo.Resumo.Resumo.
A aquariofilia é uma atividade que vem crescendo mundialmente. Originário da
Bacia Amazônica, o acará-bandeira (Pterophyllum scalare), pode ser uma espécie
em potencial a ser criada na região Sul do país. A espécie possui características
favoráveis ao desenvolvimento de pequenas propriedades rurais, proporcionando
a possibilidade ao produtor rural de sua fixação no campo. Experimento I: Foram
utilizados cinco tanques escavados de 25 m2, com uma renovação diária de 20%.
Os peixes foram distribuídos conforme se descreve a seguir: viveiro A= 6 peixes,
viveiro B= 4 peixes, viveiro C= 4 peixes, D= 6 peixes, viveiro E= 6 peixes.
Experimento II: Foram utilizadas três caixas de polietileno com um volume de
água aproximada de 800 L cada, em sistema aberto, com uma renovação de
água diária de 78%. Localizados dentro de uma estufa coberta com lona plástica
transparente. Em cada aquário foram introduzidos 7 peixes. Para ambos os
experimentos, após sete dias de adaptação, diariamente durante o período da
alimentação os viveiros e aquários foram observados para detectar a presença de
1 Aluna do curso de medicina veterinária, 4ª fase.
predadores, e verificar a presença de nuvens de alevinos. A reprodução e o
cultivo do Pterophyllum scalare nas condições ambientais da região de Araquari é
viável. Observou-se a reprodução nos viveiros quando a temperatura média
estava em 28,9°C, e nos aquários 25,4°C. Entretanto temperaturas abaixo dos
19°C são críticas para a sobrevivência da espécie.
PalavrasPalavrasPalavrasPalavras----chavechavechavechave:::: Pterophyllum scalare. Reprodução. Qualidade da água.
1.1.1.1. IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução::::
A aquariofilia é uma atividade que vem crescendo mundialmente nas últimas
décadas, e seu crescimento acelerado vem impulsionando o desenvolvimento de
um segmento da aquicultura voltado para a produção de peixes de pequeno porte
e coloridos (Oliveira, 2009). Segundo Moreau e Coomes (2007) os peixes estão
entre os mais populares animais de estimação do mundo, e a indústria do
aquarismo representa um importante setor do mercado nacional e internacional
de peixes. Os peixes nativos do Brasil, como o acará-bandeira (Pterophyllum
scalare), acará-disco (Simphysodon sp.), apaiari (Astronotus ocellatus) e o
cardinal (Paracheirodon axelrodi), estão entre as principais espécies importadas
pelos americanos (Chapman et al. 1997, apud Vasquez 2008). Embora o
comércio mundial de peixes ornamentais e acessórios seja bastante expressivo, a
participação do Brasil neste segmento ainda é pouco representativa (Oliveira,
2009). Devido a grande variedade de espécies e características biológicas
distintas, faltam conhecimentos sobre os protocolos de cultivo e produção em
cativeiro de diversas espécies de peixes ornamentais, o que tem levado a
pesquisa desse grupo de peixes. O Brasil possui características de um potencial
produtor aquícola, devido a sua grande extensão territorial e recursos hídricos
abundantes, possuindo um número significativo de espécies ornamentais. Mesmo
o Brasil sendo um grande exportador de peixes ornamentais, a maioria dos peixes
comercializados se origina da pesca extrativa. Animais capturados apresentam
custos mais baixos, o que desestimula o aquicultor a produzir essas espécies.
Atualmente esta atividade extrativista, mais evidente na Amazônia, se embasa
nas populações ribeirinhas de países como Brasil, Colômbia e Peru, gerando
pequena renda para as famílias (Chao et al. 2001, apud Vasquez 2008). A criação
comercial de espécies nativas reduz o impacto causado pela pesca, bem como
facilita o desenvolvimento de variedades de maior valor comercial. Variedades
estas, que alcançam preço até dez vezes superior ao de um exemplar selvagem
são desenvolvidas por criadores de países da Europa, Ásia e Estados Unidos
(Ribeiro, 2007). A coloração do Pterophyllum scalare pode variar do albino ao
completamente negro. Comercialmente o acará-bandeira é vendido por tamanho.
Ribeiro (2007) classifica o tamanho dos peixes como pequeno (3,5 a 4,5 cm),
médio (3,5 a 6,5 cm), médio grande (6,5 a 8,0 cm), e matriz (acima de 8,0 cm de
comprimento padrão). O Pterophyllum scalare faz parte da família dos ciclídeos
que tem como característica fenotípica principal a linha lateral interrompida, com
corpo comprimido lateralmente, na forma triangular, contrastando com as listras
verticais pretas e nadadeira ventrais modificadas, finas e longas (Lima, 2003). É
uma espécie ornamental nativa de água doce com uma grande demanda no
mercado por seu temperamento sociável, beleza, facilidade de manejo,
rusticidade e grande diversidade de variedades (Chapman et al., 1997). Está apto
para reprodução aos sete, oito meses de vida, podendo a partir daí ocorrer o
acasalamento. Os machos são territoriais e disputam as fêmeas para o
acasalamento (Gould e Gould, 1989). Sua dieta é onívora, exceto nos primeiros
dias de vida, em que os alevinos se alimentam exclusivamente de presas vivas
(Swann, 2006). Dos parâmetros físico-químicos da água, a temperatura é de
suma importância, pois determina as respostas fisiológicas dos organismos
aquáticos, limita a velocidade das reações bioquímicas, influencia a distribuição
dos animais no meio e a reprodução (Ebersole et al., 2001). O presente trabalho
tem como objetivo obter informações dos parâmetros físico-químicos da água
para estabelecer um protocolo de cultivo para o Pterophyllum scalare.
2. 2. 2. 2. Material e MétodosMaterial e MétodosMaterial e MétodosMaterial e Métodos::::
Os experimentos foram realizados na Unidade de Ensino e Aprendizado de
aquicultura (UEA) do Instituto Federal Catarinense, campus Araquari – SC
(latitude 26º 23' 06´´ S; Longitude 48º 44' 45´´ W), no período de setembro de
2010 a junho de 2011. Foram utilizados 50 acarás-bandeira das variedades
marmorato e véu. Os peixes selecionados para esse experimento foram
transportados do laboratório de aquicultura do IFC- Araquari para os viveiros e
aquários em baldes de 5 L. Antes da introdução dos peixes foi feita uma
aclimatação de 10 minutos, e distribuídos de forma aleatória. Os parâmetros
físico-químicos de qualidade da água: temperatura, concentração de oxigênio, pH,
concentração de amônia total e nitrito foram medidos semanalmente (Tabela 2).
Para medição dos níveis de pH, amônia total e nitrito, utilizou-se o kit
LabconTest®, para medição dos níveis de oxigênio utilizou-se o oxímetro YSI-
550. Os peixes foram alimentados diariamente ad libitum, sempre às 7:00 e às 13
horas, com uma ração comercial (Nicoluzzi, ração pó, 40% PB). A temperatura foi
medida diariamente às 7:00, 13:00 e às 16:00 horas, utilizando-se um termômetro
de mercúrio. Para pesagem dos peixes utilizou-se uma balança eletrônica digital
marca GEHAKA, modelo BG 200, sensibilidade 0,001g.
Experimento I: Foram utilizados cinco tanques escavados de 25 m2 com uma
profundidade média de 0,5 m, revestidos com uma lona plástica e protegidos com
uma rede antipássaro, contendo aproximadamente 10 000 L de água, com uma
renovação diária de 20%. Os peixes foram distribuídos conforme se descreve a
seguir: viveiro A= 6 peixes com peso médio de 8,14 ± 4,32 g (variedade
marmorato), viveiro B= 4 peixes com peso médio de 44,03 ± 3,84 g (variedade
marmorato), viveiro C= 4 peixes com peso médio de 30,24 ± 8,83 g (variedade
marmorato), D= 6 peixes com peso médio de 14,98 ± 1,37 g (variedade
marmorato), viveiro E= 6 peixes com peso médio de 11,08 ± 1,85 g (variedade
véu). Experimento II: Para este experimento foram utilizados três caixas de
polietileno com um volume de água aproximada de 800 L cada, em sistema
aberto, com uma renovação diária de 78%. Localizados dentro de uma estufa
coberta com lona plástica transparente. No interior de cada aquário foram
colocados três pedaços de cano de PVC com 100 mm de diâmetro por 20 cm de
comprimento, e plantas aquáticas (elódia sp), para servir como local de proteção
dos peixes. Em cada aquário foram introduzidos 7 peixes, com peso médio
conforme se descreve a seguir: Aquário F= 27,5 ± 6,10 g (variedade marmorato);
Aquário G= 14,18 ± 1,15 g (variedade véu), Aquário H= 31,31 ± 7,80 g (variedade
marmorato). Após sete dias de adaptação, diariamente durante o período da
alimentação os viveiros e aquários foram observados para detectar a presença de
nuvens de alevinos.
3333. . . . Resultados e Discussão:Resultados e Discussão:Resultados e Discussão:Resultados e Discussão:
No experimento I, observou-se a presença de alevinos aos 40 dias após a
transferência dos reprodutores para os viveiros. Durante o processo de
reprodução, observou-se o aumento da agressividade nos casais, chegando a
atacar o termômetro. Cacho et al. 1999, cita o cuidado biparental, quando os
machos estão mais presentes e envolvidos com a prole. No experimento II,
observou-se a presença de alevinos 20 dias após o início do experimento.
Tabela 1 - Relação da temperatura da água com a ocorrência de reprodução,
experimentos I e II.
Meses
Temperatura (°C) Observação de
alevinos Experimento Horário de leitura
Média 07:00 13:00 16:00
Novembro 24,1 23,5 25,5 24,4 Não observado
I Dezembro 26,3 26,6 28,7 27,2 Não observado
Janeiro 29,1 28,0 29,6 28,9 Observado
Fevereiro 25,7 28,0 28,9 27,5 Observado
II
Março 24,6 26,8 27,3 26,2 Observado
Abril 23,3 26,5 26,6 25,5 Observado
Maio 21,3 23,2 22,9 22,5 Observado
Junho 19,1 21,0 19,7 19,9 Mortalidade
A temperatura tem um efeito direto sobre o crescimento, taxa de alimentação e
metabolismo. As temperaturas médias observadas durante o período de
reprodução variaram entre 22,5°C e 28,9°C (Tabela 1). Entretanto, Santos (1981)
apud Oliveira (2009) observou a ocorrência de reprodução em ambiente natural
quando a temperatura estava entre 26° e 28°C. Os níveis de oxigênio dissolvido,
em ambos os experimentos, são apresentados na Tabela 2. Lemos et al. (2006)
recolheram espécimes adultos de Pterophyllum scalare em um tributário do Rio
Negro, próximo aos município de Barcelos/AM. Neste ambiente, o pH da água
oscilava entre 5,5 e 6,7, a temperatura entre 27,0 e 29,1°C e o oxigênio dissolvido
entre 1,21 e 2,96 mg/L. Embora estas medidas tenham sido obtidas no final do
período chuvoso, quando as concentrações de oxigênio dissolvido são menores,
pressupõe-se que esta espécie esteja adaptada a ambiente com baixos níveis de
oxigênio e pH ácido.
Tabela 2 – Relação dos parâmetros de qualidade da água. Experimento I e II.
4. 4. 4. 4. ConclusConclusConclusConclusãoãoãoão::::
A reprodução e o cultivo do Pterophyllum scalare nas condições ambientais da
região de Araquari é viável, considerando a capacidade de adaptação da espécie
a uma ampla variação de pH e oxigênio. Entretanto temperaturas abaixo dos 19°C
são críticas para sua sobrevivência. Considerando a dificuldade de identificação
de machos e fêmeas no período que antecede a reprodução, recomenda-se
utilizar um número maior de peixes por viveiro e aquário, do que o utilizado neste
estudo, maximizando a formação de casais.
5. 5. 5. 5. Agradecimentos:Agradecimentos:Agradecimentos:Agradecimentos:
A todos que contribuíram direta ou indiretamente com a realização deste trabalho,
em especial ao Sr. Moreira (Técnico do setor de aquicultura) e aos estudantes
Everton Stock, Everton Saggin, e Elizabeth Baggio.
6. 6. 6. 6. ReferênciasReferênciasReferênciasReferências::::
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Parâmetros de qualidade da
água Experimento I Experimento II
Oxigênio (mg/L) 6,4 7,6
pH 6,72 6,71
Amônia total (ppm) 0,04 0,14
Nitrito (ppm) 0,13 0,10
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