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EDIÇÃO DE 2017 ISSN 2529-5411 Os consumidores em casa no mercado único Painel de Avaliação de Consumo das Condições Justiça e Consumidores

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EDIÇÃO DE 2017

ISSN 2529-5411

Os consumidores em casa no mercado único

Painel de Avaliação

de Consumodas Condições

Justiçae Consumidores

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PDF ISBN 978-92-79-69610-7 ISSN 2529-5411 doi:10.2838/228589 DS-AF-17-001-PT-N

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1

Índice

1. RESUMO .................................................................................................................... 3

2. MEDIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO .................................................... 11

3. AS CONDIÇÕES DE CONSUMO A NÍVEL NACIONAL .................................... 15

3.1. Conhecimento e confiança .............................................................................. 15

3.1.1. Conhecimento dos direitos dos consumidores e da legislação em

matéria de consumidores ................................................................... 16

3.1.2. Confiança nas organizações .............................................................. 23

3.1.3. Confiança nos mecanismos de reparação .......................................... 26

3.1.4. Confiança na segurança dos produtos ............................................... 28

3.1.5. Confiança nas alegações ambientais ................................................. 31

3.2. Cumprimento e aplicação ................................................................................ 34

3.2.1. Práticas comerciais desleais .............................................................. 36

3.2.2. Outras práticas comerciais ilícitas ..................................................... 40

3.2.3. Cumprimento da legislação em matéria de consumidores ................ 42

3.2.4. Aplicação da legislação em matéria de direitos do consumidor e de

segurança dos produtos ..................................................................... 44

3.3. Queixas e resolução de litígios ........................................................................ 50

3.3.1. Apresentação de queixas em caso de problemas ............................... 52

3.3.2. Satisfação com o tratamento dado às queixas ................................... 57

3.3.3. Indicador «Problemas e Queixas» ..................................................... 59

3.3.4. Tipos de queixas ................................................................................ 61

3.3.5. Conhecimento, utilização e promoção de mecanismos de

resolução alternativa de litígios (RAL) ............................................. 65

3.3.6. Duração dos processos judiciais ........................................................ 68

3.4. O Índice das Condições de Consumo em toda a Europa ................................. 70

3.4.1. Índice das Condições de Consumo .................................................... 70

3.4.2. O Índice de Condições de Consumo em relação a outros

indicadores ......................................................................................... 74

4. FATORES DETERMINANTES DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO .................. 83

5. OS CONSUMIDORES NO MERCADO ÚNICO DIGITAL ................................... 90

5.1. O comércio eletrónico na UE do ponto de vista do consumidor ..................... 90

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2

5.1.1. Confiança nas compras em linha a nível nacional e transfronteiriço 90

5.1.2. Compras em linha dos consumidores ................................................ 93

5.1.3. Problemas com as entregas experimentados pelos compradores em

linha ................................................................................................. 103

5.1.4. Obstáculos às compras transfronteiriças ......................................... 107

5.2. Comércio eletrónico do lado da oferta .......................................................... 112

5.2.1. Vendas em linha .............................................................................. 112

5.2.2. Confiança nas vendas em linha a nível nacional e transfronteiriço 117

5.2.3. Barreiras enfrentadas pelos retalhistas nas vendas em linha

transfronteiriças ............................................................................... 120

6. ANEXO ................................................................................................................... 124

6.1. ESTATÍSTICAS SOBRE CONSUMIDORES POR PAÍS .......................... 124

6.2. ÍNDICE DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO ............................................. 168

6.3. ANÁLISE MULTIVARIADA SOBRE VULNERABILIDADE

AUTOAVALIADA ....................................................................................... 172

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1. RESUMO

O Painel de Avaliação das Condições de Consumo, publicado de dois em dois anos, constitui

o principal instrumento de acompanhamento do ambiente de consumo em toda a Europa.

Analisa três dimensões principais: conhecimento e confiança; cumprimento e aplicação;

queixas e resolução de litígios. Em conjunto, estes documentos formam o Índice composto

das Condições de Consumo. O Painel de Avaliação analisa igualmente o progresso na

integração do mercado a retalho da UE com base no nível das transações transfronteiriças

entre empresas e consumidores e no desenvolvimento do comércio eletrónico.

As conclusões do Painel de Avaliação são do interesse dos consumidores e das empresas, das

partes interessadas e decisores políticos, tanto a nível da UE como a nível nacional. Os dados

do Painel são singulares na medida em que podem ser utilizados para comparar as condições

de consumo entre os países e ao longo do tempo. Informam um leque alargado de políticas da

UE e nacionais, com relevância imediata para os consumidores e as políticas do mercado

único (nomeadamente, Mercado Único Digital). Além disso, os indicadores do Painel estão

correlacionados com os principais indicadores sociais, económicos e de governação

controlados por organizações internacionais. Esta correlação sublinha a importância da

perspetiva do consumidor em todos os domínios políticos.

As principais fontes de dados estatísticos para efeitos do Painel de Avaliação são inquéritos

específicos representativos dos consumidores e retalhistas em todos os países da UE, na

Islândia e na Noruega.

O Painel de Avaliação das Condições de Consumo está estruturado do seguinte modo:

Capítulo 1 Destaca as principais conclusões do Painel de Avaliação

Capítulo 2 Apresenta o quadro conceptual e a abordagem metodológica da avaliação

das condições de consumo.

Capítulo 3 Acompanha a qualidade das condições de consumo a nível nacional e da

UE, em torno de três componentes: conhecimento e confiança;

cumprimento e aplicação; queixas e resolução de litígios. Analisa

igualmente as correlações do Índice das Condições de Consumo com

outros indicadores consagrados no plano social, económico e de

governação.

Capítulo 4 Analisa em que medida as características sociodemográficas dos

inquiridos e a vulnerabilidade autoavaliada do consumidor têm impacto

sobre os indicadores das condições de consumo.

Capítulo 5 Versa sobre o Mercado Único Digital (MUD), com especial incidência no

comércio eletrónico.

Anexo Inclui 30 fichas por país com indicadores circunstanciados por país

(Estados-Membros da UE, Islândia e Noruega); a composição em

pormenor do Índice das Condições de Consumo; e os resultados de uma

análise multivariada sobre a forma como as diferentes características

sociodemográficas dos inquiridos têm impacto sobre a perceção da sua

vulnerabilidade enquanto consumidores.

***

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Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017

1. As condições de consumo registam melhorias em toda a UE, embora persistam

diferenças significativas entre os países

2. As condições dos consumidores vulneráveis (por exemplo, aqueles que enfrentam

graves problemas financeiros) podem ser exigentes

3. A confiança dos consumidores nas compras em linha aumenta, mas os obstáculos

que impedem o desenvolvimento do comércio eletrónico em todo o seu potencial

mantêm-se (por exemplo, restrições territoriais aplicadas pelos vendedores em

linha)

As condições de consumo melhoraram em geral desde 2014 na UE, impulsionadas

principalmente por um aumento da confiança, mas o índice de satisfação continua a ser

menor nos países orientais e meridionais da UE.

No seu conjunto, os três componentes do Índice das Condições de Consumo (ICC) revelam

melhorias ao nível da UE em 2016, comparativamente a 2014. A melhoria mais assinalável

prende-se com o Conhecimento e Confiança, com uma pontuação de 4,2 pontos percentuais

acima da obtida dois anos antes. Esta ficou a dever-se principalmente a um aumento

considerável da confiança (+6) que vem no seguimento da tendência positiva observada nos

Painéis de Avaliação anteriores. Regista-se também uma melhoria nos dois outros

componentes do ICC, a saber, Cumprimento e Aplicação (+3,1) e Queixas e Resolução de

Litígios (+1,4).

Regra geral, as condições de consumo são melhores na Europa Setentrional e Ocidental

comparativamente aos países meridionais e orientais1 da UE, um padrão semelhante ao dos

anos anteriores.

Os consumidores conhecem melhor os seus direitos

Em 2016, os consumidores obtiveram melhores resultados, comparativamente às edições

anteriores, quando inquiridos sobre o conhecimento que tinham dos três direitos fundamentais

que assistem ao consumidor2. A percentagem de respostas corretas aumentou 5,8 pontos

percentuais, atingindo 49 %, sendo que um número mais elevado de consumidores foi capaz

de responder corretamente às três perguntas relacionadas com o conhecimento (12,6 %, um

aumento de 3,6 pontos percentuais desde 2014). Os consumidores estão especialmente cientes

do seu direito à devolução de um produto adquirido à distância (67,4 %), tendo igualmente

um conhecimento adequado do seu direito à reparação e/ou substituição de produtos

comprados que se revelem defeituosos (45,8 % de respostas corretas).

1 Ver Capítulo 2 para a definição dos grupos de países.

2 O inquérito avaliou o conhecimento dos consumidores do direito de devolução de um produto comprado à

distância durante um «período de reflexão», dos direitos em caso de receção de um produto não solicitado e,

por fim, dos direitos decorrentes da garantia legal para um produto comprado com defeito.

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Por sua vez, os retalhistas registaram resultados ligeiramente inferiores aos de dois anos atrás

no que toca ao conhecimento destas matérias (-0,8), com uma média de 53,5 % de respostas

corretas ao nível da UE3. Os retalhistas que vendem bens de consumo estão geralmente mais

bem informados do que os que prestam serviços4. O conhecimento dos retalhistas sobre as

práticas comerciais desleais (três em cada quatro práticas comerciais são corretamente

identificados por uma maioria) é superior ao seu conhecimento sobre garantias relativas a

produtos com defeito.

Os consumidores têm maior confiança na proteção dos seus direitos

Sete dos 10 inquiridos, em média, confiam em que as empresas respeitam os seus direitos e as

autoridades públicas e organizações não governamentais de consumidores («ONG de

consumidores») protegem os seus direitos sempre que necessário. Este valor representa uma

subida de 8,2 pontos comparativamente a 2014. Esta subida considerável segue a tendência

largamente positiva observada nos anteriores Painéis de Avaliação, sendo um dos resultados

mais encorajadores registados em 2016. Com efeito, a confiança é um elemento central do

funcionamento dos mercados. Existe maior probabilidade de os consumidores que confiam no

respeito e proteção dos seus direitos participarem ativamente no mercado. De notar que em

2016 se observa um forte aumento da confiança nas autoridades públicas (+8,8 pontos) e nas

ONG de consumidores (+10 pontos) comparativamente à depositada nas empresas (+5,7

pontos).

Na mesma ordem de ideias, a confiança na segurança dos produtos não alimentares e a

confiança nos mecanismos de reparação também registaram melhorias. O mesmo é válido

para a confiança nas alegações ambientais (ligadas aos produtos «verdes»).

Regra geral, observam-se níveis mais elevados de confiança por parte dos consumidores na

UE-15 comparativamente à UE-135.

O cumprimento por parte dos retalhistas das regras de proteção dos consumidores regista

melhorias

Em 2016, a probabilidade de os consumidores (decréscimo de 6,9 pontos) e retalhistas (-3,6)

se depararem com práticas comerciais desleais era inferior à observada em 2014. Essa

melhoria regista-se em relação a todas as práticas monitorizadas. Porém, é de notar que os

consumidores vulneráveis e pequenas empresas parecem estar mais expostos do que os outros

3 O indicador global sobre os conhecimentos dos retalhistas é calculado através da média do número de respostas

corretas a cinco perguntas, das quais quatro (referentes a práticas comerciais específicas lícitas ou ilícitas)

são calculadas com base na totalidade dos retalhistas objeto de amostragem e uma (sobre a garantia de um

produto defeituoso) calculada para os retalhistas que vendem, entre outros, produtos não alimentares. Para

mais informações, ver a figura 7.

4 Esta comparação tem por base a incidência média de respostas corretas às quatro perguntas sobre práticas

comerciais (exceto a relativa à garantia de um produto defeituoso).

5 Ver Capítulo 2 para a definição de UE-13 e UE-15.

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grupos a tais práticas. Da mesma forma, registaram-se com menor frequência outras práticas

comerciais ilícitas (como cláusulas contratuais abusivas ou encargos imprevistos).

Os retalhistas consideram os custos de cumprimento razoáveis no seu país...

A maioria dos retalhistas indica que, no seu setor, é fácil cumprir as regras nacionais de

proteção do consumidor (71,2 %, um ligeiro declínio de 1,6 pontos em relação a 2014) e que

os custos conexos são razoáveis (66,2 %, semelhante a 2014). Estes resultados corroboram

amplamente as conclusões de um inquérito às empresas realizado à luz do recente balanço de

qualidade regulamentar do direito da UE em matéria de consumo6. Os retalhistas têm uma

opinião positiva sobre o cumprimento da legislação em matéria de consumidores por parte dos

seus concorrentes (67,1 % concordam, um aumento de 2,4 pontos percentuais face a 2014).

…todavia, quando estão em causa os direitos dos consumidores noutros países da UE,

deparam-se com dificuldades ao nível do cumprimento e dos custos conexos

No entanto, quando se trata de situações transfronteiriças, a avaliação do cumprimento dos

retalhistas é menos positiva, sendo que apenas cerca de metade considera que é fácil cumprir

as regras de proteção do consumidor noutros países da União Europeia (55 %), declarando

que os concorrentes de outros países da UE cumprem a legislação em matéria de

consumidores (49,3 %) ou que os custos de cumprimento são razoáveis noutros países da UE

(47,6 %). Os resultados de todos estes indicadores sobre a facilidade de fazer negócios

noutros países da UE são ligeiramente inferiores aos registados em 2014.

A aplicação das regras em matéria de segurança e proteção do consumidor por parte das

autoridades públicas é avaliada positivamente pelos retalhistas...

A avaliação da aplicação por parte dos retalhistas em 2016 regista uma ligeira melhoria

comparativamente a 2014, travando o declínio observado no anterior Painel de Avaliação. A

maioria dos retalhistas concorda com a afirmação de que as autoridades públicas monitorizam

ativamente e garantem o cumprimento da legislação em matéria de proteção do consumidor

(66,7 %) e das regras aplicáveis no domínio da segurança dos produtos (74,7 %). No entanto,

as empresas de menor dimensão tendem a avaliar a aplicação de forma menos positiva do que

as de média e grande dimensão. É também mais provável que estas refiram ter-se deparado

com práticas comerciais abusivas por parte de concorrentes.

…e de facto parece fazer a diferença

As opiniões dos retalhistas sobre a aplicação têm uma forte correlação positiva com a sua

avaliação do cumprimento (0,64) e uma correlação negativa moderada com a perceção da

prevalência de práticas comerciais desleais (-0,53). Além disso, existe uma forte correlação

entre a avaliação por parte dos retalhistas do papel das autoridades públicas e das ONG de

consumidores no controlo do cumprimento e a confiança dos consumidores nestas

organizações tendo em vista a proteção dos seus direitos (0,74 e 0,63, respetivamente).

Ambos os elementos sugerem que os esforços de controlo e aplicação desenvolvidos pelas

6 http://ec.europa.eu/newsroom/just/item-detail.cfm?item_id=59332

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autoridades públicas e ONG de consumidores se traduzem efetivamente em melhores

resultados para o consumidor.

São em menor número os consumidores que referem ter-se deparado com um problema

que justifique apresentar uma queixa e, entre os que o fizeram, um número mais elevado

ficou satisfeito com o tratamento dado à sua queixa

Em 2016, um quinto dos consumidores referiu ter tido um problema nos últimos doze meses,

que, na sua opinião, justificaria a apresentação de uma queixa (-2,6 pontos em comparação

com 2014). Os que reclamaram, fizeram-no, em primeiro lugar, junto do retalhista ou

prestador de serviços (50 %, uma descida significativa de 12,5 pontos em relação a 2014).

Poucos apresentarem queixa junto de uma autoridade pública (6,5 %) ou de um organismo de

resolução alternativa de litígios (3,7 %) e menos ainda junto de um tribunal (1,2 %). De

acordo com os retalhistas, os consumidores queixaram-se principalmente do produto em si, de

questões relacionadas com a entrega (entrega tardia ou não entrega) e encargos suplementares.

Estes casos ocorreram independentemente de terem efetuado a compra no mercado nacional

ou noutro país da UE. Os consumidores que se queixaram ficaram, em geral, (em média,

63,4%) satisfeitos com o tratamento dado à sua queixa nos diferentes canais disponíveis, um

número superior ao registado em 2014 (+3,5 pontos).

Ainda assim, em 2016, quase um terço dos consumidores optou por não atuar face ao seu

problema (apesar de considerarem que teria sido legítimo), uma percentagem mais elevada do

que em 2014 (+6,1). As principais razões para não apresentar queixa prenderam-se com o

facto de os montantes envolvidos serem demasiado pequenos (34,6 %) e com a morosidade do

processo (32,6 %). Como evolução positiva em 2016, entre os que não apresentaram queixa,

foram menos os consumidores que se manifestaram incrédulos perante a possibilidade de uma

queixa produzir uma solução satisfatória (decréscimo para 19,6 %, ou seja, cerca de metade

da percentagem em 2014). Caso se confirme esta postura ao longo do tempo, esta tendência

a par de uma maior satisfação com o tratamento dado às queixas poderá ser indicativa

dos constantes esforços desenvolvidos a nível da UE e a nível nacional para promover os

direitos dos consumidores e facilitar o processo de apresentação de queixas.

A vulnerabilidade, quer associada a características individuais do inquirido, quer a

fatores de mercado, influencia significativamente as condições de consumo

A vulnerabilidade do consumidor pode estar associada a características individuais, como

idade, saúde e educação, a circunstâncias pessoais, como a situação financeira ou o estatuto de

emprego, ou a fatores de mercado, como a complexidade das ofertas ou a complexidade dos

termos e condições do contrato.

Os consumidores que se veem como vulneráveis têm menos confiança nas organizações, na

segurança dos produtos e nas alegações ambientais. A probabilidade de referirem que

estiveram expostos a práticas comerciais desleais e de apresentarem resultados menos

positivos no indicador «problemas e queixas» é superior (o que significa que são confrontados

com mais problemas e/ou estão menos satisfeitos com o tratamento dado à queixa). Além

disso, quando a vulnerabilidade está associada a características sociodemográficas, o

conhecimento dos direitos do consumidor e as competências numéricas são menores

comparativamente a outros grupos.

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Do mesmo modo, graves problemas financeiros7 estão associados a níveis mais baixos de

confiança nas organizações, a menos confiança nas compras em linha e na segurança dos

produtos e a competências numéricas inferiores. Além disso, estes consumidores apresentam

maior probabilidade de terem sido expostos a práticas comerciais desleais e a problemas

relacionados com as compras e menor probabilidade de apresentarem uma queixa sobre esses

problemas8.

A confiança dos consumidores nas compras em linha aumenta consideravelmente,

porém os obstáculos que impedem o desenvolvimento do comércio eletrónico em todo o

seu potencial mantêm-se (por exemplo, restrições territoriais aplicadas pelos vendedores

em linha)

O Painel de Avaliação apresenta um quadro que diferencia claramente o lado da procura do

lado da oferta do mercado em linha, em que os consumidores se revelam consideravelmente

mais bem preparados para o Mercado Único Digital (mais aptos para o MUD) do que os

retalhistas.

O número de consumidores que efetua compras em linha, incluindo noutros países da UE,

é superior

Um número crescente de consumidores efetua compras em linha: a percentagem de

compradores em linha quase duplicou na última década, passando de cerca de 30 % para

55 %. A maior parte opta por comprar a comerciantes no seu país (49,1 %), enquanto 17,5 %

efetuam compras pela internet noutros países da UE. O fosso poderá estar a diminuir,

atendendo a que a percentagem dos compradores transfronteiriços quase triplicou em termos

relativos, ao passo que a dos compradores nacionais mal duplicou (aumentado num fator de

1,8) durante este período.

Os retalhistas respondem mais lentamente ao crescente interesse do consumidor no

comércio eletrónico

A aceitação do comércio eletrónico por parte das empresas tem vindo a avançar a um ritmo

comparativamente mais lento: entre 2009 e 2015, a percentagem de empresas que vendem em

linha aumentou 5,5 pontos percentuais, atingindo apenas 20 %. Entre os retalhistas (os que

vendem diretamente ao consumidor), a incorporação das vendas em linha é mais elevada,

embora também em estagnação: não se regista qualquer aumento estatisticamente

significativo entre 2014 e 2016, ao passo que a intenção referida pelos comerciantes que ainda

não vendem em linha de participar no comércio eletrónico nos próximos 12 meses está em

declínio (-4,1 pontos a partir de 2014).

7 Aqueles que declararam que a sua situação financeira é muito difícil

8 A percentagem de pessoas que não se queixaram (base: os consumidores da UE-28 que tiveram um problema,

mas que não tomaram nenhuma medida para o resolver, excluindo situações em que os montantes em

causa foram considerados muito reduzidos) foi de 24,5 %, entre as pessoas com uma situação financeira

muito difícil contra uma incidência global de 20,1 %.

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A confiança dos consumidores nas compras em linha aumenta, em especial nas compras

transfronteiriças...

O Painel de Avaliação apresenta um aumento muito significativo da confiança dos

consumidores nas compras em linha, com níveis de confiança que registam uma subida de

12,4 pontos percentuais no caso das compras a retalhistas localizados no mesmo país e,

espantosamente, de 21,1 pontos percentuais relativamente às compras noutros países da UE.

Já foi possível observar estes primeiros sinais de aumento dos níveis confiança no inquérito

de 2014. O que é impressionante nos resultados de 2016 é que, pela primeira vez, os

consumidores manifestaram um forte aumento da confiança na compra de bens e serviços

noutros países da UE. Este ponto é importante uma vez que a falta de confiança no comércio

eletrónico transfronteiriço tem sido, desde há anos, a principal barreira do lado da procura ao

aproveitamento de todo o potencial do Mercado Único Digital.

…contudo, os retalhistas continuem reticentes

Do lado da oferta, no entanto, a situação é muito diferente: apesar de 58 % dos retalhistas da

UE terem declarado estar confiantes nas vendas em linha (uma ligeira descida de 0,8 pontos

percentuais desde 2014), apenas metade deles (27,2 %, ou seja menos 1,7 pontos

comparativamente a 2014) parecem estar dispostos a vender tanto a nível nacional como para

outros países da UE e apenas 30 % se mostraram confiantes em vender no seu próprio país.

Quando questionados a classificar a importância dos obstáculos que enfrentam nas vendas em

linha aos consumidores noutros países da UE, os retalhistas mostram principalmente

preocupação com o maior risco de fraude e as diferenças nas regulamentações fiscais. Outros

aspetos identificados pelos retalhistas como grandes obstáculos são as diferenças no direito

nacional dos contratos, as diferenças entre as regras nacionais de proteção dos consumidores e

os custos potencialmente mais elevados na resolução de queixas e litígios transfronteiriços.

Os elementos acima referidos parecem indicar que os consumidores podem estar

consideravelmente mais bem preparados do que os retalhistas para o mercado único digital,

tanto em termos de confiança no comércio eletrónico (em particular, transfronteiriço) como

em termos do comportamento real (compra por parte dos consumidores contra a venda pelos

retalhistas de longa data), uma vez que a habitual barreira do lado da procura representada

pela falta de confiança dos consumidores nas compras transfronteiriças em linha parece estar,

finalmente, a diminuir.

Os problemas de entrega continuam a ser frequentes no comércio eletrónico, contudo a

situação regista melhorias

Um pouco mais de um terço (34,5 %) dos compradores em linha referem ter tido problemas

com a entrega das suas compras. Este problema continua a ser de monta, apesar de se registar

uma melhoria significativa desde 2014 (descida de 15,6 pontos). Os problemas relacionados

com a entrega vão desde a entrega tardia (25,6 %), o problema mais frequentemente referido,

à entrega de produtos errados ou danificados (12,1 %) e à não entrega do produto (6,6 %).

Porém, é de notar uma descida significativa em 2016, comparativamente a 2014, na

percentagem de compradores em linha que referem um destes problemas (-12,5 pontos para a

entrega tardia, -8,9 pontos para a entrega de produtos errados/danificados,

-4,0 pontos para a não entrega).

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Do lado da oferta, os consumidores continuam a confrontar-se com obstáculos ao comércio

eletrónico transfronteiriço

Os consumidores que efetuam compras em linha transfronteiriças referem ter-se deparado

com uma série de obstáculos que limitam o seu acesso ao MUD. Quase um quarto (24,2 %)

referiu ter-se deparado com algum problema em 2016, um aumento de 6,7 pontos percentuais

a partir de 2014, eventualmente associado a uma maior utilização do comércio eletrónico

transfronteiriço por parte dos consumidores. O problema mais frequentemente referido neste

contexto prende-se com a recusa do vendedor em aceitar o pagamento a partir do país do

consumidor (12,8 %, um aumento de 7,9 pontos em relação a 2014) A este segue-se a recusa

em entregar no país do consumidor (10,1 %, sem alteração significativa) e o

reencaminhamento para outros sítios Web com preços diferentes (6,2 %, menos 2 pontos

desde 2014). Os colegisladores europeus procedem atualmente à revisão da regulamentação,

proposta pela Comissão em maio de 2016, que permite fazer face ao bloqueio geográfico e a

outras formas de discriminação no Mercado Único Digital.

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2. MEDIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO

O que são as condições de consumo?

As condições de consumo abrangem os aspetos do processo de consumo que facilitam ou

dificultam a transformação da escolha dos consumidores no bem-estar destes. As condições

de consumo situam-se entre as condições estruturais de mercado (necessidades dos

consumidores, orçamentos e oferta de produtos disponíveis no mercado) e o bem-estar dos

consumidores, ou seja, o grau de satisfação dos consumidores com os resultados das suas

escolhas.

Figura 1: Posicionamento das condições de consumo no processo de consumo

Quadro conceptual do Painel de Avaliação das Condições de Consumo

O quadro conceptual utilizado no Painel de Avaliação para medir as condições de consumo

assenta nos três elementos seguintes:

O conhecimento dos direitos dos consumidores por parte dos consumidores e

empresas, a sua confiança nos intervenientes institucionais, na segurança dos

produtos e nas alegações ambientais; e a sua confiança no comércio em linha

As questões de conformidade com a legislação em matéria de consumo e com a

sua aplicação por diferentes intervenientes institucionais e no mercado

As queixas dos consumidores e a resolução de litígios entre consumidores e

comerciantes

O Painel de Avaliação baseia-se principalmente em dois inquéritos regulares realizados junto

dos consumidores e retalhistas. Combina, sempre que relevante, as duas perspetivas, uma vez

que são suscetíveis de validação cruzada e de se complementarem, o que contribui para

aumentar a fiabilidade das medições. Tal como nos anteriores Painéis de Avaliação, os

resultados dos inquéritos são complementados por dados provenientes de outras fontes, como

por exemplo, os resultados das verificações de conformidade coordenadas pela Comissão ou

das queixas recebidas pelos Centros Europeus do Consumidor.

Por último, o Painel de Avaliação das Condições de Consumo acompanha igualmente a

integração do Mercado Único do ponto de vista dos consumidores: são avaliadas as diferenças

nas atitudes e experiências dos intervenientes no mercado aquando da realização de

transações transfronteiriças na UE em comparação com transações nacionais, a fim de analisar

ao longo do tempo a integração do mercado único.

Page 14: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

12

Figura 2: Quadro para a medição das condições de consumo

O Índice das Condições de Consumo

Uma seleção de indicadores essenciais recolhidos através de inquéritos encontra-se incluída

no Índice das Condições de Consumo (ICC). O índice incide sobre as transações realizadas

no mercado nacional e assenta em três elementos:

Conhecimento e Confiança

Cumprimento e Aplicação

Queixas e Resolução de Litígios.

O ICC tem um intervalo teórico de 0 a 100, uma vez que os indicadores9 de base nele

incluídos são expressos em percentagem. É dada uma ponderação igual (33,3 %) a cada um

dos três componentes, estando o primeiro subdividido em dois subcomponentes.

Metodologia melhorada e otimizada

A metodologia subjacente ao Painel de Avaliação das Condições de Consumo foi

exaustivamente revista em 2015. Esta revisão foi efetuada com o apoio especializado do

Centro Comum de Investigação da Comissão e em consulta com as partes interessadas No

âmbito da mesma, procedeu-se ao reforço do quadro conceptual, à introdução de novos

9 O Anexo 6.2 fornece a lista de indicadores contidos no ICC.

Conhecimento Confiança

ConformidadeAplicação

QueixasResolução de litígios

Retalhistas

Vendas nacionais Vendas transfronteiriças

Consumidores

Compras nacionais Compras

transfronteiriças

Page 15: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

13

indicadores e à otimização dos existentes, na sequência de uma auditoria estatística

abrangente10.

A comparabilidade com os anteriores Painéis de Avaliação foi, tanto quanto possível,

mantida. Quando apresentadas em gráficos e quadros, as alterações baseiam-se sempre em

dados comparáveis. No entanto, em razão das inovações metodológicas introduzidas, não foi

possível estimar dados relativos aos anos de 2012 e anteriores.

Apresentação dos resultados

Os resultados constantes do Painel de Avaliação são apresentados por países ou agregadas a

nível da UE-28 e nos diferentes grupos de países, tais como os agrupamentos regionais

listados no Quadro 1, UE-15 e UE-13 (em que UE-15 se refere à UE na sua composição

anterior a 2004, e a UE-13 aos países da UE que aderiram em 2004 ou depois).

Quadro 1: panorâmica dos agrupamentos regionais

Países

setentrionais da

UE/Norte

Dinamarca, Finlândia, Suécia

Países

meridionais da

UE/Sul

Chipre, Grécia, Espanha, Itália, Malta, Portugal

Países

ocidentais da

UE/Oeste

Áustria, Bélgica, Alemanha, França, Irlanda,

Luxemburgo, Países Baixos, Reino Unido

Países Orientais

da EU/Leste

Bulgária, República Checa, Estónia, Hungria, Croácia,

Lituânia, Letónia, Polónia, Roménia, Eslovénia,

Eslováquia

Os resultados da Islândia e da Noruega também são assinalados, quando particularmente

relevantes, em todo o Painel de Avaliação.

As alterações estatisticamente significativas são indicadas nos respetivos quadros com um

asterisco (*). A significância estatística é calculada com um nível de confiança de 95 %, o

que significa que a hipótese nula de ausência de diferença foi rejeitada a um nível de

probabilidade de 5 %.

Relativamente aos principais indicadores, são assinaladas as diferenças sociodemográficas ou

as diferenças nas características da empresa. No que se refere aos resultados em termos de

10 O Painel de Avaliação das Condições de Consumo — Os consumidores em casa no mercado único (edição de

2015) contém uma descrição mais pormenorizada das melhorias metodológicas efetuadas. Está disponível

em:

http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/consumer_scoreboards/index_en.htm.

Page 16: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

14

consumo, as diferenças assinaladas têm por base os resultados de uma análise de regressão

multivariada, de acordo com os resultados apresentados no Capítulo Error! Reference

source not found.. Quanto aos resultados sobre as características da empresa, as diferenças

assinaladas têm por base os resultados das tabulações cruzadas.

Quadro 2: Panorâmica das características sociodemográficas e das empresas

Consumidores Retalhistas

Nacionalidade

País de residência, região, localidade

Idade e sexo

Habilitações académicas

Profissão atual

Frequência de utilização da Internet

Telefone fixo/móvel

Literacia digital

Língua(s) falada(s)

Situação financeira do agregado familiar

Vulnerabilidade dos consumidores com base nas

características pessoais

Vulnerabilidade dos consumidores devido à

complexidade das ofertas

Experiência com compras transfronteiriças na UE

Experiência com compras em linha

Número de trabalhadores

Cargo dos inquiridos na empresa

Volume de negócios da empresa

Língua(s) utilizada(s) na atividade comercial

Canais de venda a retalho utilizados

Experiência com vendas transfronteiriças

Experiência com vendas em linha

Tipos de produtos vendidos

Setor

Ano de constituição

Base de dados de divulgação

A maior parte dos dados que estão na base do Painel de Avaliação das Condições de

Consumo é acessível através de uma plataforma de divulgação em linha11.

11

http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/consumer_scoreboards/dissemination_database/index_en

.htm.

Page 17: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

15

3. AS CONDIÇÕES DE CONSUMO A NÍVEL NACIONAL

O presente capítulo do Painel de Avaliação compara as condições de consumo nos 28

Estados-Membros da UE, bem como na Islândia e na Noruega. Os resultados começam por

ser apresentados pelo componente do Painel de Avaliação, seguidos de uma apresentação

mais circunstanciada de resultados por indicadores-chave no âmbito de cada componente.

Quando relevante, os resultados são apresentados por país e assinaladas as diferenças por

grupos regionais de países12.

3.1. Conhecimento e confiança

O componente «Conhecimento e Confiança» do Painel de Avaliação avalia em que medida os

consumidores e os retalhistas estão cientes dos (principais) direitos dos consumidores, além

de também avaliar as suas perceções sobre segurança e alegações ambientais de produtos

colocados no mercado. Além disso, mede a confiança dos consumidores nas organizações que

têm um papel a desempenhar no sentido de garantir o respeito e/ou a aplicação dos direitos do

consumidor, incluindo a confiança nos mecanismos de reparação disponíveis.

O conhecimento dos direitos dos consumidores e a confiança têm vindo a aumentar

O componente «conhecimento e confiança» a nível da UE-28 atingiu um valor de 59,3 em

2016, o que representa um aumento de 4,2 pontos em relação a 2014. A nível nacional, França

(66,7), Alemanha (66,6), Áustria (65,9), Irlanda (63,7) e Reino Unido (63,6) lideram a

classificação. Em contrapartida, as pontuações mais baixas registam-se na Grécia (44,0),

Bulgária (44,5), Croácia (45), Chipre (46,5) e Lituânia (46,9).

França é o país que apresenta uma melhoria mais acentuada em relação aos resultados de

2014 (+10,8), seguindo-se a Alemanha (+8,1), Reino Unido (+7,9), Áustria (+7,8) e

Luxemburgo (+5,9). O Conhecimento e Confiança diminuiu em apenas seis

Estados-Membros: Malta (-3,3), Espanha (-1,4), Grécia (-1,2), Finlândia (-1,1), Países Baixos

(-0,8), e Dinamarca (-0,5). Fora da UE, o mesmo indicador registou uma descida também na

Noruega (-1,2).

12 Ver Capítulo 2 para a definição dos grupos regionais de países.

Page 18: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

16

Figura 3: Componente «Conhecimento e Confiança», resultados por país, 2016 (escala 0-100)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores

3.1.1. Conhecimento dos direitos dos consumidores e da legislação em matéria de

consumidores

Maior conhecimento dos direitos dos consumidores

As edições anteriores do Painel de Avaliação chamaram a atenção para o facto de existir uma

percentagem elevada de consumidores que não está ciente dos direitos fundamentais

garantidos pela legislação da UE. Os resultados do inquérito de 2016 revelam, no entanto, que

o conhecimento dos direitos dos consumidores aumentou consideravelmente em comparação

a 2014. Em média, os inquiridos deram 49 % de respostas corretas às três perguntas sobre o

61.9

57.5

44.0

44.5

45.0

46.5

46.9

51.7

52.3

53.1

53.3

53.3

54.3

54.4

54.6

54.7

56.0

56.2

57.0

57.5

58.5

59.3

59.3

60.0

62.6

63.3

63.6

63.7

65.9

66.6

66.7

- 1.2

+ 0.6

- 1.2

+ 1.8

+ 3.5

+ 2.8

+ 1.0

+ 1.5

+ 0.3

+ 3.6

+ 0.7

- 3.3

- 1.4

+ 0.9

+ 1.7

+ 3.3

+ 2.8

+ 3.1

+ 1.4

- 0.8

+ 0.9

+ 4.2

+ 0.5

- 1.1

- 0.5

+ 5.9

+ 7.9

+ 5.7

+ 7.8

+ 8.1

+ 10.8

NO

IS

EL

BG

HR

CY

LT

RO

PT

SI

IT

MT

ES

SK

EE

LV

HU

PL

CZ

NL

SE

UE-28

BE

FI

DK

LU

UK

IE

AT

DE

FR

Dif 2016 - 2014

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17

nível de conhecimento dos direitos dos consumidores (relativamente a produtos não

solicitados, garantias de produtos defeituosos e prazos de reflexão nas vendas à distância).

Isto representa um aumento de 5,8 pontos percentuais e pode ser indicativo dos esforços

desenvolvidos a nível nacional e da UE para sensibilizar os cidadão para os direitos dos

consumidores13. Na mesma ordem de ideias, foi possível observar, em relação a 2014, um

aumento de 3,6 pontos percentuais de inquiridos que responderam corretamente às três

perguntas sobre os direitos dos consumidores. Sensibilizar para os direitos dos consumidores

continua, no entanto, a ser uma prioridade, já que a percentagem de pessoas que deram as três

respostas corretas ainda é baixa (12,6 %).

O direito a um período de reflexão nas compras à distância continua a ser o mais

conhecido direito dos consumidores

O conhecimento dos diferentes direitos do consumidor é variável. Mais de um terço dos

consumidores europeus (34,5 %) sabem que não são obrigados a pagar os produtos não

solicitados, nem a devolvê-los. O conhecimento deste chamado fornecimento de produtos não

solicitados14 aumentou ligeiramente comparativamente aos resultados obtidos em 2014

(+0,9). A percentagem de respostas corretas é mais elevada no Ocidente (42,6 %) e no Norte

(40,8 %), porém mais baixa nos países meridionais da UE (18,7 %).

O nível de conhecimento das garantias legais é mais elevado, com 45,8 % dos inquiridos a

afirmar corretamente que têm direito à substituição ou reparação gratuitas se um produto

eletrónico novo se avariar, sem que tal seja imputável a falhas da sua parte, no prazo de 18

meses após a compra15. Trata-se de um aumento significativo de 5,5 pontos percentuais desde

2014, embora se tenha registado uma diminuição no número de respostas corretas a esta

pergunta no Norte (-2,9) e no Sul (-2,0).

13 A Comissão tem tomado várias iniciativas com vista à sensibilização dos consumidores, nomeadamente,

campanhas de informação em que as autoridades nacionais e outros intervenientes no ambiente de consumo

são incentivados a participar (por exemplo, a campanha de informação sobre os direitos dos consumidores

em 2014-2015 em 14 países da UE ou a campanha sobre os direitos dos consumidores no quadro dos

contratos de crédito aos consumidores, em 2015). A Comissão também lançou a «Sala de Aula do

Consumidor», um sítio interativo destinado a professores que visa promover a qualidade da educação dos

consumidores nas escolas secundárias. Para mais informação, consulte:

http://ec.europa.eu/justice/newsroom/consumer-marketing/events/140317_en.htm

14 O fornecimento de produtos não solicitados é proibido nos termos da Diretiva relativa às práticas comerciais

desleais (2005/29/CE), enquanto a Diretiva relativa aos direitos dos consumidores (2011/83/CE) isenta o

consumidor da obrigação de pagar qualquer contrapartida nos casos de fornecimento não solicitado; a falta

de resposta do consumidor não vale como consentimento.

15 Nos termos da Diretiva relativa a certos aspetos da venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas

(1999/44/CE), os consumidores têm direito à substituição ou reparação gratuitas de bens defeituosos, desde

que tal defeito se manifeste sem que esse facto lhes possa ser imputável e ocorra no prazo de, pelo menos, 2

anos a contar da data de entrega. Se a reparação ou substituição não for possível ou razoável, os

consumidores podem solicitar um reembolso. Se o artigo adquirido se avariar no prazo de 6 meses ou se, no

mesmo período, o desempenho do artigo adquirido não corresponder ao desempenho que o consumidor

podia razoavelmente esperar, presume-se que, aquando da aquisição, tal falta de conformidade já existia. Se

o defeito se manifestar entre 6 e 24 meses após a data de compra, cabe ao consumidor provar que o defeito

ou avaria já existia à data de aquisição do artigo em causa.

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18

Entre os direitos cujo conhecimento dos consumidores foi testado, o direito de devolução

durante um período de reflexão nas compras efetuadas à distância é o mais bem conhecido por

parte dos consumidores. O nível de conhecimento deste direito foi também o que registou o

aumento mais acentuado desde 2014 (+11,0), pois 67,4% dos inquiridos em 2016

responderam corretamente, afirmando que têm o direito de devolver um novo produto

eletrónico encomendado por correio, telefone ou internet quatro dias após a entrega e obter

um reembolso total sem ter de apresentar qualquer explicação para o efeito16. O nível de

conhecimento deste direito registou um aumento nas regiões Ocidental (+18,0) e Oriental

(+7,2) e em menor medida , no Sul (+2,1). Manteve-se o mesmo nível no Norte.

Figura 4: Conhecimento dos consumidores da legislação pertinente, UE-28, 2016 (% de

consumidores que responderam corretamente)17 18

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores,

base: todos os inquiridos (n = 26 599)

16 A diretiva relativa aos direitos dos consumidores (2011/83/CE) estabelece o direito dos consumidores de

retratação dos contratos à distância e contratos celebrados fora do estabelecimento comercial, no prazo de

14 dias, sem necessidade de indicar qualquer motivo, ou seja, o direito de devolver produtos comprados à

distância.

17 As perguntas do inquérito sobre a garantia de um produto defeituoso e período de reflexão aplicável às

compras à distância foram formuladas de forma diferente a partir de 2014. Não é possível comparar estas

com resultados em anteriores Painéis de Avaliação.

18 Diferenças estatisticamente significativas são assinaladas por um asterisco. A significância estatística é

calculada com um nível de confiança de 95 %, o que significa que a hipótese nula de ausência de diferença

foi rejeitada a um nível de probabilidade de 5 %.

Page 21: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

19

Considerando a percentagem média de respostas corretas para as três perguntas por país, os

níveis mais elevados de conhecimento registam-se na Eslováquia (59,7 %), na República

Checa (59,2 %) e na Alemanha (55,9 %), enquanto os níveis mais baixos se verificam na

Grécia ( 26,9 %), Croácia (35,4 %) e Roménia (36,0 %). O nível de conhecimento regista

maiores progressos no Luxemburgo (+18,5), em França (+17,7) e no Reino Unido (+17,6)

comparativamente a 2014, sendo que em Itália se assiste ao maior retrocesso (-2,9).

O conhecimento do período de reflexão para compras efetuadas à distância e das garantias

aplicáveis a produtos defeituosos varia muito entre os países objeto do inquérito. O nível de

conhecimento do período de reflexão é particularmente baixo na Grécia (35,3 %), Portugal

(36,0 %) e Finlândia (40,0 %), bem como na Islândia (38,3 %), ao passo que na Áustria

(79,3 %), Reino Unido (78,3 %) e França (77,8 %) é elevado. O conhecimento da garantia

legal em caso de produtos defeituosos é particularmente reduzido na Finlândia (21,6 %), na

Hungria (29,1 %) e na Lituânia (29,8 %), porém, vasto na República Checa (70,6 %), na

Eslováquia (67,3 %) e em Portugal 65,4 %).

O conhecimento dos diferentes direitos dos consumidores pode variar significativamente

dentro de um país, dependendo do assunto em questão. Por exemplo, a Finlândia apresenta a

percentagem mais elevada de consumidores que respondem corretamente à pergunta sobre

produtos não solicitados, embora registe a percentagem mais baixa de consumidores que

respondem corretamente às outras duas perguntas relacionadas com o nível de conhecimento.

Da mesma maneira, em Portugal, regista-se uma percentagem elevada de respostas corretas

no que se prende com as garantias de produtos defeituosos, mas muito inferior no caso das

outras duas perguntas.

Figura 5: Conhecimento dos consumidores da legislação pertinente, resultados por país, 2016 (%

de consumidores que responderam corretamente)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores,

base: todos os inquiridos (n = 26 599).

Produtos

não

solicitados

Garantia de

produtos

defeituosos

Período de

reflexão

associado às

compras à

distância

% média de

respostas corretas

às 3 perguntas

sobre o nível de

conhecimento

UE-28 34 46 67 49 + 6 *

BE 43 40 56 46 + 4 *

BG 32 50 51 44 + 5 *

CZ 34 71 73 59 + 2

DK 43 61 61 55 + 1

DE 46 45 77 56 + 4 *

EE 46 43 51 47 + 2

IE 40 41 74 52 + 10 *

EL 14 31 35 27 + 2

ES 16 57 62 45 - 2

FR 42 41 78 54 + 18 *

HR 19 31 57 35 + 4 *

IT 20 59 58 46 - 3 *

CY 30 43 42 39 - 0

LV 42 52 52 49 + 7 *

LT 24 30 55 37 + 7 *

LU 42 43 74 53 + 19 *

HU 37 29 71 46 + 11 *

MT 44 52 46 47 + 0

NL 30 32 67 43 + 1

AT 44 42 79 55 + 11 *

PL 43 30 71 48 + 5 *

PT 26 65 36 43 + 2

RO 14 46 48 36 + 0

SI 44 31 53 43 + 0

SK 36 67 76 60 + 3 *

FI 54 22 40 39 + 0

SE 32 33 60 42 - 2

UK 42 45 78 55 + 18 *

IS 53 53 38 48 + 4 *

NO 47 49 60 52 - 1

Dif 2016-

2014

Legenda Desempenho elevado(entre os 25 % melhores

resultados)Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio afraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente

(entre os 25 % piores resultados)

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20

As competências linguísticas, o género e uso da internet parecem influenciar o conhecimento

dos consumidores sobre os seus direitos. A consciência dos direitos do consumidor é maior

entre os consumidores que têm a língua oficial nacional ou regional como língua materna e

entre os inquiridos do sexo masculino. A ligação com os padrões de utilização da Internet é

menos evidente, uma vez que tanto os utilizadores diários da Internet como os que nunca

utilizam a Internet parecem ter menos conhecimento dos direitos dos consumidores19.

Ligeira descida no nível de conhecimento dos retalhistas em matéria de direitos dos

consumidores

No geral, os retalhistas inquiridos obtiveram uma média de 53,5 % de respostas corretas, o

que é ligeiramente inferior ao registado em 2014 (-0,8). Os retalhistas que vendem produtos

conhecem melhor os direitos dos consumidores do que os prestadores de serviços (em média,

55,1 % das respostas corretas, em comparação com 51,9 %, respetivamente)20.

O conhecimento dos retalhistas sobre os direitos dos consumidores ao abrigo da garantia legal

para qualquer falta de conformidade de um produto poderia ser melhor: menos de um terço

dos retalhistas (29,4 %) sabem que os consumidores têm direito à reparação ou substituição

gratuitas de bens duradouros novos que se avariem, sem terem de apresentar qualquer

justificação para o efeito, no prazo de 18 meses após a compra21. Quase seis em cada dez

retalhistas (58,6 %) dão respostas incorretas: 38,3 % responderam que isso se aplica em

função do produto (-5,2 desde 2014), enquanto 20,3 % dos inquiridos declararam que os

consumidores não têm direito à reparação ou substituição gratuita num cenário desse tipo

(+2,6 do que em 2014). Mais de um em cada dez retalhistas (12,0 %, um aumento de 5,9

pontos percentuais desde 2014) não sabem responder a esta questão.

Os retalhistas têm um melhor conhecimento das práticas comerciais desleais, tendo a maioria

deles identificado corretamente três de quatro práticas comerciais como leais ou desleais,

embora apenas 13,7 % dos retalhistas da UE tenham sido capazes de identificar corretamente

todas as práticas comerciais que lhes foram apresentadas (quatro respostas corretas).

Os retalhistas apresentam maior probabilidade de saber que a promoção de produtos para

crianças através de publicidade dirigida diretamente aos pais não é proibida (75,0 %), e cerca

de dois terços (64,5 %) tinham conhecimento de que é proibido anunciar um produto como

sendo gratuito se o mesmo só for disponibilizado aos consumidores que efetuarem uma

chamada telefónica de valor acrescentado. Mais de metade dos retalhistas sabe que é proibido

incluir no material promocional uma fatura ou documento equiparado a solicitar o pagamento

(56,0 %). No entanto, apenas uma minoria de retalhistas está ciente de que é proibido lançar

uma campanha promocional indicando «Oferecemos um desconto de 60 %» quando as

existências dos produtos são insuficientes (38,9 %).

19 Os resultados relativos às variáveis sociodemográficas assentam numa análise de regressão multivariada.

20 Os resultados relativos às características da empresa têm por base tabulações cruzadas.

21 Ver nota de rodapé 15.

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21

Figura 6: Conhecimento dos retalhistas da legislação em matéria de consumidores, UE-28, 2016

(% de retalhistas que responderam corretamente)22

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores, base:

Todos os inquiridos (n=10 437) dados relativos a 2009-2012 referem-se à UE27.

Os retalhistas nos Estados-Membros da UE-15 têm, em média, um nível de conhecimento

mais elevado em comparação com os dos Estados-Membros da UE-13 (54,7 % contra 48 %).

O conhecimento é superior entre os retalhistas das regiões Ocidental e Setentrional quando

comparado com o dos retalhistas das regiões Meridional e Oriental. Por exemplo, os

retalhistas na Alemanha (62,3 %), Suécia (61,5 %) e Bélgica (59,8 %) têm um nível médio de

conhecimento dos direitos dos consumidores mais elevado, ao passo que os da Croácia

(36,2 %), Lituânia (39,5 %) e Grécia (40,1 %) apresentam o nível mais baixo. Além disso, os

retalhistas que vendem bens de consumo estão geralmente mais bem informados das práticas

comerciais desleais dos que os que prestam serviços23.

Tal como no caso dos consumidores, o conhecimento dos retalhistas é comparável entre os

países ao nível do indicador composto. As diferenças podem, no entanto, ser significativas se

os resultados forem comparados ao nível de direitos específicos, em especial no que se refere

22 Não estão indicadas comparações com os resultados de anteriores painéis quando estes estão relacionados, ou

com perguntas que foram significativamente modificadas (pergunta sobre a publicidade de produtos com

desconto quando as existências dos mesmos são insuficientes), ou com novas perguntas introduzidas em

2014 (perguntas relativas à promoção de produtos para crianças através de publicidade dirigida diretamente

aos pais e relativas à garantia de um produto defeituoso)

23 Esta comparação tem por base a incidência média de respostas corretas para os quatro indicadores relativos a

práticas comerciais (exceto o relativo às garantias de um produto defeituoso).

Page 24: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

22

a produtos defeituosos, à inclusão no material promocional de uma fatura ou documento

equiparado a solicitar o pagamento e à promoção de produtos para crianças. Os retalhistas na

Finlândia registam a percentagem mais elevada de respostas corretas quanto à inclusão no

material promocional de uma fatura ou documento equiparado a solicitar o pagamento e à

promoção de produtos para crianças, porém, a mais a percentagem mais baixa de respostas

corretas quanto às garantias de produtos defeituosos. Em contrapartida, os retalhistas em

Malta e Chipre situam-se entre os piores face às perguntas sobre a inclusão no material

promocional de uma fatura e a promoção de produtos para crianças, mas registam o nível

mais elevado face à pergunta sobre as garantias dos produtos defeituosos.

Figura 7: Conhecimento dos retalhistas da legislação em matéria de consumidores, resultados

por país, 2016 (% de retalhistas que responderam corretamente)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores, base:

todos os inquiridos (n = 10 437). A pergunta sobre a garantia de um produto defeituoso (P5) exclui os retalhistas que

vendem produtos não alimentares.

O funcionamento das garantias legais e comerciais para os consumidores na UE

A Comissão procedeu a um estudo aprofundado24 sobre o funcionamento das garantias legais

e comerciais para os consumidores na UE. O estudo examinou, entre outros aspetos, em que

medida os vendedores têm conhecimento e respeitam os requisitos da legislação da UE e

nacional. Verificou que, na UE-28, metade dos consumidores consideram que os vendedores

no seu país lhes facultam informação sobre o período de garantia legal dos produtos. Entre os

clientes mistério que «compram» nas lojas (que pediram informações sobre um produto antes

de o comprar),25 42 % encontraram a informação junto do produto e/ou foram informados

24 O estudo foi publicado em dezembro de 2015 e está disponível em:

http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/guarantees/index_en.htm

25 A ferramenta «clientes mistério» é utilizada pelas empresas de estudos de mercado, as autoridades

responsáveis pela aplicação da lei ou outras empresas, a fim de recolher informações específicas através de

«compradores/assessores secretos». O recurso aos «clientes mistério» no estudo de garantias legais e

comerciais visa reproduzir experiências reais dos consumidores quando se trata de pedir e comparar

informações sobre garantias legais e comerciais e executar os seus direitos.

Descrever o produto como

«gratuito» quando implica

chamadas para números

de valor acrescentado

Incluir uma

fatura com

materiais

promocionais

Anunciar produtos

a preços baixos

quando as

existências dos

mesmos são

insuficientes

Promover produtos para

crianças através de

publicidade dirigida

diretamente aos pais

Garantia de

produtos

defeituosos

% média das

respostas corretas

às 5 perguntas

sobre o nível

conhecimento

UE-28 65 56 39 75 33 54 - 1 *

BE 72 62 47 81 36 60 + 2 *

BG 52 28 27 65 29 40 - 3 *

CZ 47 36 31 73 55 48 - 1

DK 70 61 27 61 64 57 - 4 *

DE 74 64 50 81 42 62 - 1

EE 62 43 37 79 53 55 + 6

IE 58 53 41 56 19 45 - 1

EL 42 39 42 42 35 40 - 10 *

ES 55 46 35 82 35 51 - 4 *

FR 78 68 40 84 19 58 - 1

HR 44 24 38 53 22 36 + 0

IT 61 53 33 82 34 52 - 4 *

CY 49 31 64 35 57 47 + 14

LV 60 41 33 78 46 52 + 5

LT 47 32 33 59 28 39 - 7 *

LU 69 57 35 64 31 51 - 3

HU 68 61 47 56 18 50 - 5 *

MT 43 32 40 53 64 46 - 11 *

NL 67 69 23 84 35 56 + 0

AT 65 68 43 78 32 57 + 2

PL 61 51 26 77 33 49 - 1

PT 70 58 39 54 50 54 + 1

RO 56 64 37 77 40 55 - 1

SI 61 46 44 64 21 47 - 4 *

SK 50 30 33 64 48 45 - 3 *

FI 67 72 38 89 13 56 - 1

SE 77 66 38 84 42 62 - 2

UK 56 48 35 62 17 44 + 2

IS 82 54 40 61 51 58 - 2

NO 68 53 34 65 50 54 - 3 *

Dif 2016-2014

Legenda:

Desempenho elevado (entre os 25 % melhores

resultados )Desempenho médio a elevado

(50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco (25-50 % dos resultados)

Desempenho insuficiente (entre os 25 % piores resultados)

Page 25: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

23

espontaneamente por um vendedor de que a garantia legal é gratuita e válida por um período

de dois anos.

Os consumidores tinham, em geral, uma boa compreensão das situações abrangidas pela

garantia legal, mas apenas 35 % conheciam a duração da garantia legal no seu país. O estudo

também considerou que as regras do ónus da prova durante o período da garantia legal não

são bem compreendidas 26 pelos consumidores e comerciantes e não são aplicadas

corretamente.

O presente estudo serviu de orientação para o balanço de qualidade recentemente concluído

da legislação relativa aos consumidores e à comercialização27.

3.1.2. Confiança nas organizações

A confiança dos consumidores no respeito e na proteção dos seus direitos é maior

Existe maior probabilidade de os consumidores que se sentem confiantes relativamente ao

respeito e proteção dos seus direitos participarem ativamente nos mercados. Ao respeitar os

direitos dos consumidores, as empresas podem contribuir para assegurar a confiança dos

consumidores. As autoridades públicas e ONG de consumidores podem fazer o mesmo,

tomando medidas quando necessário.

Na UE-28, regra geral, os consumidores confiam nas organizações (72,2 %). O aumento em

2016 de 8,2 pontos percentuais em relação a 2014 confirma a tendência ascendente referida

em edições anteriores do Painel de Avaliação. A confiança é maior entre os consumidores dos

países da UE-15 (74,6 %) em comparação com a UE-13 (62,8 %).

As autoridades públicas e ONG de consumidores ganham cada vez mais a confiança dos

consumidores

A maioria dos consumidores confia nos retalhistas e prestadores de serviços, já que 75,7 %

dos consumidores declaram estar confiantes de que os vendedores respeitam os seus direitos

enquanto consumidores. Trata-se de uma subida de 5,7 pontos desde 2014. No entanto, é em

relação às autoridades públicas que se registam os aumentos mais acentuados dos níveis de

confiança (mais 8,8 pontos, chegando a 69,1 % dos consumidores) e às ONG de

consumidores (mais 10 pontos percentuais, chegando a 71,7 % dos consumidores.

26 A Diretiva relativa a certos aspetos da venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas (1999/44/CE)

estipula que, até prova em contrário, se presume que as faltas de conformidade que se manifestem num

prazo de seis meses a contar da data de entrega do bem já existiam nessa data. Esta prática coloca

efetivamente o ónus da prova no vendedor durante os primeiros 6 meses do período de garantia legal. 27 http://ec.europa.eu/newsroom/just/item-detail.cfm?item_id=59332

Page 26: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

24

Figura 8: Confiança dos consumidores nas organizações, UE-28, 2016 (% de consumidores que

concordam totalmente ou apenas concordam)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores: Em que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações. (NO SEU

PAÍS)... Base: todos os inquiridos (n=26 599) dados relativos a 2008-2012 referem-se à UE27.

O nível médio de confiança nas três organizações varia entre no topo da escala 85,3 %

no Reino Unido, 84,5 % no Luxemburgo e 84 % na Áustria, e menos de 50 % na Grécia

(46,4 %), Chipre (47,6 %) e Bulgária (49 %). Os níveis de confiança variam mais

relativamente às autoridades públicas e ONG de consumidores. O nível de confiança dos

consumidores nas autoridades públicas é particularmente baixo na Croácia (33,8 %), o que

corresponde a menos 7,6 pontos percentuais comparativamente à Lituânia (41,4 %), o

segundo nível mais baixo. O nível de confiança nas ONG de consumidores é muito baixo na

Grécia (34,5 %) e na Bulgária (36,3 %), enquanto no Reino Unido se regista o mais elevado

(85,9 %).

Page 27: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

25

Figura 9: Confiança dos consumidores nas organizações, resultados por país, 2016 (% de

consumidores que concordam totalmente ou apenas concordam)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores: Em que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações. (NO SEU

PAÍS)... Base: todos os inquiridos (n = 26 599).

Embora os níveis de confiança variem mais por regiões, a vulnerabilidade percecionada

também influencia a confiança dos consumidores no respeito e na proteção dos seus direitos.

Aqueles que se sentem mais vulneráveis tendem a mostrar níveis de confiança inferiores,

assim como as pessoas com mais competências linguísticas, o que – para o último grupo

confirma as observações de 2014. Os utilizadores regulares da Internet (utilizadores diários e

semanais) apresentam níveis mais elevados de confiança. Por último, a confiança diminui

com a idade.

A confiança promove uma participação ativa dos consumidores nos mercados. A forte

correlação do componente «confiança» com alguns dos indicadores de governação do Banco

Mundial28, mais especificamente com os indicadores relativos ao «Estado de direito»,

«controlo da corrupção», «qualidade da regulamentação», eficácia governamental», mostra a

importância do papel que os Governos podem desempenhar neste contexto. Na mesma ordem

de ideias, existe uma forte (0,79) correlação entre os componentes «confiança» e

«cumprimento e aplicação» do Painel de Avaliação das Condições de Consumo.

O financiamento das ONG de consumidores é semelhante ao dos anos anteriores

Os dados disponíveis indicam que o financiamento público das ONG de consumidores

permaneceu, em média, estável ao longo dos anos, ainda que se possam observar diferenças

claras entre os Estados-Membros. O financiamento continua a ser elevado no Luxemburgo, no

Reino Unido e Alemanha, assim como na Noruega. Na Bulgária, na Eslováquia, na Letónia e

28 http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.aspx#home

Confia nas

autoridades públicas

para a proteção dos

seus direitos

enquanto

consumidor

Confia nas organizações

de consumidores não

governamentais para a

proteção dos seus direitos

enquanto consumidor

Em geral, os

retalhistas e

prestadores de

serviços respeitam os

seus direitos

enquanto consumidor

Confiança média

dos

consumidores

nas organizações

UE-28 69 72 76 72 + 8 *

BE 71 73 80 75 - 1

BG 49 36 62 49 + 5 *

CZ 51 44 75 57 + 2

DK 81 67 83 77 + 2

DE 83 82 85 83 + 19 *

EE 69 57 79 69 + 1

IE 82 84 85 84 + 14 *

EL 46 35 59 46 + 1

ES 52 64 67 61 + 2

FR 84 84 83 84 + 17 *

HR 34 56 65 52 + 3

IT 54 66 60 60 + 4 *

CY 48 51 44 48 + 4

LV 54 43 77 58 - 0

LT 41 47 64 51 - 3 *

LU 87 83 84 85 + 4 *

HU 84 83 82 83 + 7 *

MT 69 66 58 64 + 0

NL 74 68 77 73 - 4 *

AT 84 83 85 84 + 8 *

PL 59 67 74 66 + 6 *

PT 60 68 59 62 + 1

RO 55 58 70 61 + 7 *

SI 43 59 72 58 + 9 *

SK 51 48 74 57 + 1

FI 79 71 82 77 - 3 *

SE 75 50 72 66 - 1

UK 84 86 86 85 + 9 *

IS 45 66 63 58 + 1

NO 81 59 79 73 - 4 *

Dif 2016-2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhoresresultados)

Desempenho médio a elevado

(50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)

Desempenho insuficiente(entre os 25 % piores resultados)

Page 28: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

26

na Croácia, o financiamento é inferior a 10 euros por 1000 habitantes, e na Grécia, Países

Baixos e Eslovénia é inexistente.

Figura 10: Financiamento público nacional de organizações de consumidores (em EUR por cada

1 000 habitantes), 2010-2015

Fonte: dados recolhidos junto de membros da Rede para a Política dos Consumidores (países assinalados a azul = não há

dados disponíveis)

3.1.3. Confiança nos mecanismos de reparação

A confiança dos consumidores nos mecanismos de reparação continua moderada, embora

registe um aumento

Tal como nos anteriores Painéis de Avaliação, os consumidores têm a perceção de que os

organismos extrajudiciais são mais eficazes do que os tribunais. Mais de metade dos

consumidores (52 %) concordou com a afirmação de que é fácil sanar litígios com retalhistas

e prestadores de serviços através de organismos extrajudiciais, enquanto 41,5 % afirmou o

mesmo no que se refere aos tribunais. A confiança dos consumidores nos mecanismos de

reparação - em média 46,8% - permanece moderada, contudo regista uma melhoria

comparativamente a 2014, aumentando 6,7 e 6,2 pontos percentuais para os organismos

extrajudiciais e tribunais, respetivamente.

Na UE29, desde 2016, aplica-se um novo quadro regulamentar30 para a resolução alternativa

de litígios. Garante que os consumidores e os retalhistas têm acesso a entidades de Resolução

29 O novo quadro regulamentar será aplicado no EEE no decurso de 2017

30 Diretiva 2013/11/UE relativa à resolução alternativa de litígios de consumo e Regulamento (UE) n.º 524/2013

sobre a resolução de litígios de consumo em linha (JO L 165 de 18.6.2013)

2015 2014 2013 2012 2011 2010

UE-28 : :

BE 45 114 : 166 157 157

BG 3 4 4 0 0 3

CZ 48 40 48 57 58 56

DK 429 432 431 423 407 410

DE 1020 1014 1061 1086 125 1269

EE 34 42 42 38 38 38

IE : : 10 10 13 14

EL 0 0 0 0 12 20

ES 50 48 : : 79 :

FR 51 55 62 : 68 74

HR 5 5 : : : :

IT 74 74 30 : 74 58

CY 53 50 40 83 186 176

LV 5 23 24 1 1 :

LT 13 22 6 6 5 9

LU 1771 1805 1847 2016 2048 2112

HU 22 25 26 28 102 107

MT : : : : 23 9

NL 0 0 : 8 49 26

AT 371 278 300 280 211 212

PL 16 10 11 11 11 11

PT 55 58 44 6 21 2

RO : : 3 3 3 3

SI 0 0 : 125 222 183

SK 4 4 13 12 13 23

FI 160 123 : 121 306 130

SE 111 133 141 148 961 83

UK 1253 1157 1661 790 315 93

IS : : : : : :

NO 2526 2340 2552 3194 2520 :

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhoresresultados)Desempenho médio a elevado

(50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente

(entre os priores 25 % resultados)Não existem dados

disponíveis

Page 29: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

27

Alternativa de Litígios (RAL) para resolver os seus litígios contratuais em praticamente

todos31 os setores económicos na totalidade dos Estados-Membros, e garante igualmente que

estas entidades cumprem determinados critérios de qualidade.

Desde meados de fevereiro de 2016 a nova plataforma de resolução de litígios em linha

(RLL)32 oferece um fácil acesso em linha a estas entidades de RAL para dirimir litígios

decorrentes de transações em linha. Até finais de 2016, registaram-se na plataforma mais de

250 entidades de 24 Estados-Membros, número que continua a aumentar à medida que mais

entidades são notificadas. No seu primeiro ano de funcionamento, foram apresentadas na

plataforma mais de 24 000 queixas de consumidores. Mais de um terço das queixas em causa

diziam respeito a compras transfronteiriças na UE.

Figura 11: Confiança dos consumidores na eficácia dos mecanismos de reparação, UE-28, 2016

(% de consumidores que concordam totalmente ou apenas concordam)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Em

que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações. (NO SEU PAÍS)... Base: Todos os inquiridos

(n=26 599) dados relativos a 2008-2012 referem-se à UE27.

Os mais elevados níveis médios de confiança nos organismos extrajudiciais registam-se no

Reino Unido (67,2 %), em França (66,1 %) e na Alemanha (65,7 %). A mudança mais notável

operou-se na Alemanha, em que os níveis de confiança registaram uma melhoria de 26,6

31 Os litígios nos domínios da saúde e do ensino complementar ou superior estão excluídos.

32 https://webgate.ec.europa.eu/odr/main/index.cfm?event=main.home.chooseLanguage

Page 30: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

28

pontos comparativamente a 2014, ainda que tivessem descido 6,6 pontos percentuais entre

2012 e 2014. Os níveis mais baixos de confiança nestes organismos de resolução de litígios

registaram-se na Lituânia (25,3 %) e Hungria (28,6 %); níveis de confiança igualmente baixos

foram observados na Islândia (29,8 %). A mudança negativa mais acentuada é referida na

Eslováquia, em que os níveis de confiança, entre 2012 e 2014, registaram um aumento de 9,5

pontos percentuais, tendo posteriormente descido 18,4 pontos percentuais em 2016.

A confiança nos tribunais é elevada em França (57,3 %), Reino Unido (56 %) e Alemanha

(54,8 %) em comparação com outros países, enquanto os níveis mais baixos se registaram na

Hungria (18,8 %), na Letónia (18,9 %) e na Suécia (19,2 %). Os níveis de confiança nos

tribunais aumentaram de forma mais acentuada na Eslovénia (+37,3) e diminuíram mais

extraordinariamente na Bélgica (-15,0).

Figura 12: Confiança dos consumidores na eficácia dos mecanismos de reparação, resultados

por país, 2016 (% de consumidores que concordam totalmente ou apenas concordam)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Em

que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações. (NO SEU PAÍS)... Base: todos os inquiridos (n =

26 599).

A confiança nos mecanismos de reparação varia sobretudo por regiões e, curiosamente, nos

países ocidentais da UE, tende a diminuir com um nível acrescido de competências numéricas

e linguísticas.

3.1.4. Confiança na segurança dos produtos

A confiança na segurança dos produtos aumenta de novo

A segurança dos produtos pode ser vista como um dos principais fatores de promoção da

confiança do consumidor. A legislação europeia garante um alto nível de proteção constante

em relação à saúde e à segurança dos consumidores por intermédio de estritas regras e normas

comuns de segurança dos produtos que circulam no mercado interno.

É fácil sanar litígios com retalhistas e

prestadores de serviços através do

recurso a organismos extrajudiciais (isto

é, organismos de arbitragem, mediação

ou conciliação)

É fácil sanar litígios com

retalhistas e prestadores de

serviços através do recurso

a tribunais

Confiança média

dos consumidores

nos mecanismos

de reparação 2016

UE-28 52 41 47 + 6 *

BE 38 28 33 - 13 *

BG 31 26 28 + 0

CZ 39 29 34 + 2

DK 46 44 45 + 2

DE 66 55 60 + 23 *

EE 38 19 29 + 3

IE 64 54 59 + 7 *

EL 44 31 38 - 5 *

ES 41 31 36 - 1

FR 66 57 62 + 16 *

HR 39 21 30 - 0

IT 39 29 34 - 3 *

CY 34 27 31 - 4

LV 35 19 27 - 6 *

LT 25 24 24 - 3

LU 62 51 56 - 0

HU 29 19 24 - 14 *

MT 50 27 38 - 0

NL 44 36 40 - 8 *

AT 62 54 58 + 13 *

PL 41 27 34 - 1

PT 41 29 35 + 4 *

RO 60 51 55 + 8 *

SI 34 51 43 + 21 *

SK 33 21 27 - 13 *

FI 58 31 44 - 8 *

SE 37 19 28 - 1

UK 67 56 62 + 13 *

IS 30 36 33 - 5 *

NO 47 39 43 - 8 *

Dif 2016-

2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente (entre os 25 % piores

resultados)

Page 31: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

29

Em geral, 78 % dos consumidores e 76,4 % dos retalhistas33 da UE-28 consideram que os

produtos não alimentares colocados no mercado são seguros. Os níveis de confiança na

segurança dos produtos são mais elevados na UE-15 do que nos países da UE-13. O nível de

confiança na segurança dos produtos tem sido, na generalidade, bastante estável ao longo dos

últimos anos e significativamente mais elevado entre os retalhistas. Todavia, o ano de 2016

marca uma inversão com um aumento de 9,4 pontos percentuais dos níveis de confiança dos

consumidores na UE-28, superando inclusive os níveis de confiança dos retalhistas. A elevada

correlação entre a perceção de segurança dos produtos não alimentares e os indicadores de

governação do Banco Mundial relativos à «qualidade da regulamentação» (0,71) e ao «Estado

de direito» (de 0,7) aponta para o importante papel que os governos desempenham na

promoção da confiança na segurança dos produtos.

Figura 13: Perceções dos consumidores e retalhistas sobre a segurança dos produtos não

alimentares, UE-28, 2016 (% de consumidores e % de retalhistas que vendem produtos não

alimentares que «concordam totalmente ou apenas concordam»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores Considerando todos os produtos não alimentares atualmente disponíveis no mercado (NO SEU PAÍS), pensa

que...? base: todos os inquiridos e retalhistas que vendem produtos não alimentares (n=26 599 e 4 526, respetivamente)

os dados correspondentes a 2008-2012 referem-se à UE-27.

Os níveis de confiança variam fortemente entre os Estados-Membros. Os níveis mais elevados

de confiança dos consumidores na segurança dos produtos podem ser observados no Reino

33 Esta pergunta foi feita exclusivamente aos retalhistas que vendem produtos não alimentares

Page 32: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

30

Unido (94,4 %), Irlanda (93,7 %) e França (93,5 %), enquanto os níveis mais baixos se

registam na Bulgária (53,3 %), Grécia (53,7 %) e Chipre (54,9 %). Relativamente aos

retalhistas, 92 % dos retalhistas finlandeses consideram que a maior parte dos produtos não

alimentares são seguros, seguidos dos malteses (89,9 %) e suecos (87,9 %). A confiança dos

retalhistas nos produtos seguros é mais baixa na Roménia (51,7 %), na Bulgária (58,2 %) e

Chipre (59,5 %).

Figura 14: Confiança dos consumidores e retalhistas na segurança dos produtos não

alimentares, resultados por país, 2016 (% de consumidores e % de retalhistas que vendem

produtos não alimentares que «concordam totalmente ou apenas concordam»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores Considerando todos os produtos não alimentares atualmente disponíveis no mercado (NO SEU PAÍS), pensa

que...? base: todos os inquiridos e retalhistas que vendem produtos não alimentares (n=26 599 e 4 526, respetivamente)

Existe uma correlação moderada (0,53) entre a avaliação dos retalhistas e dos consumidores

nos vários países inquiridos, uma correlação que baixou em relação a 2014. A maior diferença

entre a confiança dos consumidores e dos retalhistas regista-se em Malta, onde os retalhistas

apresentam o segundo nível de confiança mais elevado na UE, ao mesmo tempo que o nível

de confiança dos consumidores é o oitavo mais baixo.

Os níveis de confiança na segurança dos produtos variam sobretudo entre países, mas existem

outras fatores sociodemográficos que têm igualmente influência nesta situação. Os

consumidores com melhores competências linguísticas apresentam níveis de confiança mais

baixos, o mesmo acontecendo com os consumidores que se veem como vulneráveis em razão

do seu estatuto sociodemográfico ou os que se encontram numa situação financeira mais

precária. Este último resultado confirma os resultados de 2014. Por último, a confiança na

segurança dos produtos tende a diminuir com a idade.

consumidores que

considera que a maioria

dos produtos não

alimentares são seguros

retalhistas que

considera que a maioria

dos produtos não

alimentares são

seguros

Percentagem média dos

que consideram que os

produtos não

alimentares são

seguros

UE-28 78 76 77 + 6 *

BE 75 76 75 - 4 *

BG 53 58 56 - 2

CZ 80 87 83 + 5 *

DK 76 73 75 + 1

DE 93 77 85 + 10 *

EE 71 80 76 - 3

IE 94 82 88 + 6 *

EL 54 66 60 + 3

ES 59 70 65 - 2

FR 93 74 84 + 15 *

HR 62 73 67 + 4

IT 59 71 65 + 5 *

CY 55 60 57 - 9

LV 64 76 70 + 1

LT 64 84 74 + 3

LU 89 73 81 + 0

HU 77 83 80 + 4

MT 61 90 75 + 2

NL 79 85 82 - 1

AT 93 79 86 + 2

PL 79 75 77 + 7 *

PT 61 67 64 - 1

RO 56 52 54 + 3

SI 60 74 67 - 1

SK 67 78 73 + 8 *

FI 81 92 86 - 5 *

SE 68 88 78 + 5 *

UK 94 85 89 + 6 *

IS 70 70 70 - 3 *

NO 84 84 84 + 3

Dif 2016-2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)

Desempenho médio a elevado

(50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente

(entre os 25 % pioresresultados)

Page 33: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

31

3.1.5. Confiança nas alegações ambientais

Os consumidores estão menos sensíveis às alegações sobre o impacto ambiental dos

produtos nas suas decisões de compra

Na UE-28, apenas metade (49,8 %) dos consumidores indica que algumas alegações acerca do

impacto ambiental dos bens e serviços influenciaram as suas decisões de compra. Esta

percentagem é consideravelmente mais baixa na UE-15 (47,4 %, um decréscimo de 8,6

pontos percentuais em relação a 2014) do que na UE-13 (59,1 %, um aumento de 3,7 pontos

desde 2014). Note-se que esta diferença no comportamento dos consumidores entre a UE-15 e

a UE-13 é recente. Até 2014, as percentagens relativas a este indicador eram aproximadas na

UE-15 e UE-13, tendo vindo a aumentar em sincronia desde 2011. O resultado de 2016

continua a ser uma tendência constante no sentido de uma maior consciência ambiental entre

os consumidores da UE-13, sendo que a monitorização deste indicador teve início em 2010.

Uma percentagem de 15,2 % dos consumidores afirma que o impacto ambiental em 2016

influenciou a maior parte das suas compras na semana anterior, enquanto 21,8 % indicaram

que esta afirmação vale apenas para parte das suas compras e 12,8 % afirmaram que o

impacto ambiental só influenciou uma ou duas compras efetuadas na semana anterior.

Comparativamente a 2014, a percentagem global desceu 6 pontos percentuais.

Figura 15: Influência do impacto ambiental na escolha de bens/serviços, UE-28, 2016 (% de

consumidores)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Considerando tudo o que comprou durante as duas últimas semanas, o impacto ambiental de algum bem ou serviço também

influenciou a sua escolha? base: todos os inquiridos (n = 26 599).

Embora as opções de compra dos consumidores sejam menos influenciadas por alegações

ambientais do que no passado, a confiança dos consumidores nestas alegações aumentou de

12,2 pontos percentuais para 65,8 %. O nível de confiança é mais elevado nos países da UE-

Page 34: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

32

15 do que na UE-13. Este nível está refletido na avaliação das alegações ambientais pelos

retalhistas: quase sete em cada dez retalhistas (68,8 %) concordam em que a maior parte

destas alegações são fiáveis, o que representa uma ligeira descida em relação a 2014 (-1,5).

As orientações da Comissão de 2016 sobre a aplicação da Diretiva relativa às práticas

comerciais desleais34 definem especificamente princípios orientadores destinados a ajudar os

profissionais a formularem alegações ambientais que não sejam suscetíveis de induzir em

erro, aumentando assim a confiança do consumidor nessas mesmas alegações.

Figura 16: Confiança dos consumidores e dos retalhistas nas alegações ambientais, UE-28, 2016

(% de consumidores e % de retalhistas que «concordam totalmente ou apenas concordam»)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diga,

por favor, se concorda totalmente, concorda, discorda ou discorda totalmente com a seguinte afirmação: a maioria das

alegações ambientais sobre bens ou serviços no seu setor (NO SEU PAÍS) é fiável, base: todos os inquiridos (n=10 457); e

inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Em que

medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações? (NO SEU PAÍS), a maioria das alegações

ambientais sobre bens ou serviços é fiável, base: todos os inquiridos (n = 26 599).

O nível mais elevado de confiança dos consumidores nas alegações ambientais regista-se na

Áustria (82,5 %), seguido imediatamente do Reino Unido (80,7 %) e França (79,7 %). No

outro extremo da escala, a Croácia (36,1 %) e Chipre (41,6 %) apresentam os níveis mais

baixos de confiança. Os níveis de confiança nas alegações ambientais aumentaram de forma

mais acentuada na Alemanha (+37,7) e diminuíram extraordinariamente na Bélgica (-8,8).

Entre os retalhistas, o nível de confiança nas alegações ambientais é mais elevado na

Finlândia (86,1 %), na Irlanda (81,8 %) e na Noruega (81,2 %). Em contrapartida, os níveis

34 SWD(2016)163 final, http://ec.europa.eu/justice/consumer-marketing/files/ucp_guidance_pt.pdf

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33

mais baixos de confiança registam-se na Bulgária (53,7 %), Lituânia (54,5 %) e Grécia

(58,8 %).

É interessante analisar estes desenvolvimentos no contexto do escândalo «Dieselgate», que

teve início no final de 2015 e foi amplamente divulgado nos meios de comunicação social35

no momento em que tiveram lugar os inquéritos para o Painel de Avaliação. Num

desenvolvimento bastante contra intuitivo, a confiança dos consumidores nas alegações

ambientais aumentou de forma bastante significativa, registando um forte aumento na

Alemanha, que obtivera resultados particularmente baixos neste indicador em 2014 (antes das

revelações sobre as emissões de veículos a gasóleo). Este facto sugere que a exposição

pública de alegações ambientais falsas poderá tranquilizar os consumidores quanto à

credibilidade das ofertas «verdes».

Paralelamente, os consumidores parecem ser menos influenciados pelas alegações ambientais

nas suas compras normais, o que sugere uma relativa descida na quota de mercado dos

«produtos verdes» no setor do comércio a retalho.

Figura 17: Confiança dos consumidores e dos retalhistas nas alegações ambientais, resultados

por país, 2016 (% de consumidores e % de retalhistas que «concordam totalmente ou apenas

concordam»)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Em

que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações? (NO SEU PAÍS), a maioria das alegações

ambientais sobre bens ou serviços é fiável, base: todos os inquiridos (n = 26 599). e inquérito sobre as atitudes dos

retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diga, por favor, se concorda totalmente,

concorda, discorda ou discorda totalmente com a seguinte afirmação: a maioria das alegações ambientais sobre bens ou

serviços no seu setor (NO SEU PAÍS) é fiável, base: todos os inquiridos (n = 10 437).

35 A título de exemplo: https://euobserver.com/dieselgate.

Confiança dos

consumidores nas

alegações ambientais

Confiança dos

retalhistas nas

alegações

ambientais

Confiança média nas

alegações ambientais

UE-28 66 69 67 + 9 *

BE 52 77 64 - 4 *

BG 47 54 50 + 3

CZ 50 60 55 + 12

DK 75 68 72 + 1

DE 79 63 71 + 25 *

EE 62 65 63 + 8

IE 79 82 81 + 5 *

EL 47 59 53 + 4

ES 53 71 62 + 0

FR 80 73 76 + 13 *

HR 36 68 52 + 5

IT 50 63 57 + 4

CY 42 65 53 - 4

LV 66 78 72 + 5 *

LT 52 55 53 + 13

LU 78 74 76 + 1

HU 78 76 77 + 6

MT 50 68 59 + 9

NL 48 60 54 + 9 *

AT 82 71 77 + 16 *

PL 65 75 70 + 3

PT 60 66 63 + 1

RO 58 77 67 - 11

SI 48 72 60 + 4

SK 53 62 57 + 10

FI 57 86 72 + 2

SE 51 80 65 + 6

UK 81 77 79 + 9 *

IS 45 75 60 + 5

NO 63 81 72 + 4 *

Dif 2016-2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 %) melhores resultadosDesempenho médio a elevado

(50-75% dos resultados)Desempenho médio a baixo(25-50% dos resultados)Desempenho insuficiente

(entre os 25 % piores resultados)

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34

Mais uma vez, o nível de confiança nas alegações ambientais varia sobretudo por país,

embora, ao que parece, existam outros fatores que têm igualmente influência. É observado o

seguinte padrão a nível da UE, sendo particularmente visível na região ocidental: Os

consumidores que falam mais línguas são menos propensos a confiar nas alegações

ambientais36, ao passo que aqueles que não se veem como vulneráveis registam níveis mais

elevados de confiança nestas alegações, o que está em sintonia com os resultados de outros

indicadores de confiança.

3.2. Cumprimento e aplicação

O segundo componente do Painel de Avaliação permite analisar o cumprimento e a aplicação

da perspetiva dos consumidores e dos retalhistas.

Avalia o grau de cumprimento da legislação em matéria de consumidores e sua aplicação

com base nas experiências dos consumidores e/ou retalhistas no que respeita a práticas

comerciais ilícitas , na facilidade percecionada e nos custos do cumprimento da legislação

em matéria de consumidores e no papel das diferentes organizações no acompanhamento do

cumprimento.

O cumprimento e a aplicação da legislação em matéria de consumidores registam

melhorias

A nível da UE-28, a classificação geral do componente relativo ao cumprimento e à aplicação

atinge 75,0 em 2016, um aumento de 3,1 pontos em relação a 2014. Em relação aos resultados

por país, os valores mais elevados observam-se no Luxemburgo (84,4), Reino Unido (84,1),

França (83,0), Irlanda (82,8) e Bélgica (78,2). Os países que apresentam os valores mais

baixos são a Polónia (60,6), a Bulgária (61,1), a Croácia (63,1), a Eslováquia (63,7) e a Grécia

(65,1).

França revela o maior aumento (+7,9), seguida da Irlanda (+6,4), Portugal (+4,2), Reino

Unido (+3,8) e Hungria (+3,6). Apenas cinco dos Estados-Membros apresentam um

desempenho menos positivo do que em 2014: Finlândia (-1,4), Letónia (-1,3), Eslovénia (-

0,5), Dinamarca (-0,2) e Bélgica (-0,1). Fora do espaço da UE, os valores da Noruega (-0,9)

registaram igualmente um decréscimo.

36 Ainda que considerando apenas os inquiridos cuja língua materna é a língua nacional ou regional na região em

que vivem, este efeito negativo do número de línguas faladas nos níveis de confiança ainda se mantém.

Page 37: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

35

Figura 18: Componente «cumprimento e aplicação», resultados por país, 2016 (escala de 0 a 100)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores.

Page 38: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

36

3.2.1. Práticas comerciais desleais

São em menor número os consumidores que se deparam com práticas comerciais desleais,

sendo os consumidores vulneráveis mais suscetíveis

Para permitir avaliar a prevalência das práticas comerciais desleais, pergunta-se aos

consumidores e aos retalhistas se nos 12 meses anteriores se depararam com um conjunto de

práticas comerciais desleais proibidas pela Diretiva relativa às Práticas Comerciais Desleais37.

Figura 19: Experiências dos consumidores com práticas comerciais desleais a nível nacional e

transfronteiriço, UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Vou ler-lhe algumas afirmações sobre práticas comerciais desleais. Depois de cada uma delas, indique se enfrentou essa

situação nos últimos 12 meses ...? Base: todos os inquiridos (N = 26 599).

Entre 2014 e 2016, a exposição dos consumidores a práticas comerciais desleais por parte de

retalhistas ao nível nacional caiu 6,9 pontos percentuais na UE-28, cifrando-se em 16,8 %.

Esta queda foi observada nas cinco práticas comerciais abrangidas no inquérito. O nível de

exposição é inferior nos países da UE-15 (14,1 %), mas muito mais significativo na UE-13

(27,2 %).

Tal como em 2014, os consumidores apresentam maior probabilidade de se sentiram

pressionados por mensagens ou telefonemas de vendas persistentes que os instaram a comprar

algo ou a assinar um contrato (33,2 %). Um em cada cinco (20,4 %) afirmam que se

depararam com anúncios publicitários que alegavam que um produto estava disponível

37 Diretiva 2005/29/CE; JO L 149, de 11.6.2005

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37

durante um período limitado, mas, posteriormente, aperceberam-se de que

tal não era o caso, sendo que 18,2 % afirmam ter-se deparado com «ofertas gratuitas falsas»

em que lhes foram oferecidos produtos como sendo gratuitos mas que, na realidade,

implicavam encargos. São 16,1 % os consumidores que afirmam ter sido informados de que

ganharam uma lotaria sobre a qual nada sabiam, sendo-lhes solicitado que desembolsassem

certo montante a fim de receber o prémio e são 15,2 % os que afirmam terem-se deparado

com «outras práticas comerciais desleais». Estas práticas são experimentadas sobretudo com

retalhistas nacionais.

Embora a prevalência dessas práticas comerciais pareça estar a diminuir, são principalmente

os consumidores que se consideram vulneráveis em razão do seu estatuto sociodemográfico e

da complexidade das ofertas que referem ter-se deparado com práticas comerciais desleais.

Ao mesmo tempo, os consumidores com mais competências linguísticas e os que são

utilizadores regulares da Internet revelam-se igualmente mais propensos a comunicar ter-se

deparado com práticas comerciais desleais, embora este facto possa refletir maior

conhecimento devido a compras mais frequentes.

Por país, a Croácia (40,9 %), Espanha (34,5 %) e a Grécia (33,7 %) registaram a maior

exposição a práticas comerciais desleais por parte de retalhistas nacionais (33,7 %), sendo

poucos os consumidores com experiência dessas práticas na Áustria (3,4 %), Irlanda (3,7 %) e

Luxemburgo (3,8 %).

Figura 20: Experiências dos consumidores com práticas comerciais desleais a nível nacional,

resultados por país, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Vou ler-lhe

algumas afirmações sobre práticas comerciais desleais. Depois de cada uma delas, indique se enfrentou essa situação nos últimos 12 meses

...? todos os inquiridos (N = 26 599).

Foi informado de

que ganhou uma

lotaria sobre a

qual nada sabia,

mas pediram-lhe

que

desembolsasse

algum dinheiro a

fim de

receber o prémio.

Sentiu-se

pressionado por

mensagens ou

telefonemas

persistentes

de vendas que o

instavam a

comprar algo ou

a assinar um

contrato

Foi-lhe

oferecido um

produto

publicitado

como gratuito

que, na

realidade,

implicou

encargos

Deparou-se com

anúncios

publicitários que

afirmavam que o

produto só estava

disponível durante

um período muito

limitado

mas, posteriormente,

descobriu que não

era o caso

Já observou

outras

práticas

comerciais

desleais

% média de

consumidores

que refere

práticas

comerciais

desleais

UE-28 10 29 15 17 13 17 - 7 *

BE 10 34 18 19 14 19 + 2 *

BG 9 37 25 41 23 27 + 0

CZ 14 37 23 24 20 24 - 4 *

DK 10 36 22 22 13 21 + 0

DE 5 9 3 5 2 5 - 9 *

EE 10 58 15 27 19 25 + 5 *

IE 3 5 2 5 2 4 - 12 *

EL 26 56 29 41 17 34 + 2

ES 15 55 39 37 27 35 - 0

FR 4 7 4 4 4 5 - 19 *

HR 18 58 53 48 28 41 + 3 *

IT 9 62 19 13 15 23 - 2 *

CY 8 26 15 33 7 18 - 4 *

LV 19 52 19 40 10 28 + 2

LT 11 39 16 24 17 21 - 2

LU 3 6 2 4 3 4 - 4 *

HU 4 32 21 23 23 20 - 9 *

MT 15 33 18 25 11 20 + 5 *

NL 14 23 15 14 13 16 - 1

AT 3 6 2 4 2 3 - 9 *

PL 24 53 21 37 27 32 - 4 *

PT 6 44 19 19 19 21 + 1

RO 13 21 17 32 19 21 - 5 *

SI 12 43 11 40 12 23 + 4 *

SK 21 41 34 33 19 30 - 2

FI 15 37 44 28 23 30 + 4 *

SE 11 37 28 33 23 26 + 1

UK 4 6 2 5 3 4 - 16 *

IS 1 17 11 21 15 13 + 1

NO 9 23 30 24 16 20 + 1

Dif 2016-

2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhoresresultados)desempenho médio a elevado(50-7 5% dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente(entre os 25 % piores

resultados)

Page 40: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

38

Os retalhistas também se depararam com menos práticas comerciais desleais

Em geral, as experiências das empresas tendem a refletir as dos consumidores, mas as

percentagens tendem a ser mais elevadas.

De todas as práticas comerciais desleais constantes do inquérito, os retalhistas tendem a

referir ter-se deparado com situações no seu país em que os concorrentes pressionavam os

consumidores com mensagens ou telefonemas comerciais persistentes (43,3 %). Um terço

referiu que os seus concorrentes escrevem comentários falsos que são anúncios ou ataques

ocultos contra concorrentes (34,5 %). Uma percentagem semelhante (33,6 %) refere ter-se

deparado com concorrentes do próprio país que publicitam falsamente um produto como

estando disponível apenas durante um período limitado. Ligeiramente mais de um quarto dos

retalhistas (27,2 %) indica que os concorrentes do próprio país oferecem produtos como sendo

gratuitos quando, de facto, implicam encargos significativos. Praticamente um em cada cinco

retalhistas (18,1 %) afirma ter-se deparado com concorrentes que enviaram produtos não

solicitados aos consumidores no ano anterior e, posteriormente, solicitaram aos consumidores

o seu pagamento. Um pouco menos de um quarto (24,0 %) referem ter conhecimento de

outras práticas comerciais desleais por parte dos concorrentes. Em geral, os resultados são

melhores do que os registados em 2014 (30,1 %, uma redução de 3,6 pontos, em média)38.

38 Este é um indicador composto que mede a média das respostas dadas a uma lista de seis elementos, a saber,

cinco práticas comerciais desleais especificadas e uma categoria adicional, «outras práticas comerciais

desleais».

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39

Figura 21: Experiências dos retalhistas com práticas comerciais desleais a nível nacional e

transfronteiriço, UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Por

favor, indique se se deparou com alguma destas práticas comerciais desleais nos últimos 12 meses ...?

Os retalhistas estabelecidos nos países da UE-15 têm menos probabilidade de encontrar

práticas comerciais desleais por parte de concorrentes nacionais do que os dos países da UE-

13. É referida uma incidência maior por parte dos retalhistas dos países das regiões oriental

(42,2 %) e meridional (31,1 %).

A incidência mais elevada de práticas comerciais desleais por concorrentes nacionais é

referida por retalhistas na Polónia (57,1 %), Bulgária (48,4 %) e Eslováquia (47,4 %). Os

retalhistas na Dinamarca (13,5 %), Luxemburgo (19,9 %) e Estónia (20,2 %) parecem

encontrar um número muito mais baixo de práticas comerciais desleais entre os concorrentes

do respetivo setor.

As empresas que vendem apenas no seu país têm menor tendência a deparar-se com essas

práticas, à semelhança das pequenas empresas (10 a 49 trabalhadores).

Page 42: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

40

Figura 22: Experiências dos retalhistas com práticas comerciais desleais a nível nacional,

resultados por país, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Por

favor, indique se se deparou com alguma destas práticas comerciais desleais pelos seus concorrentes nos últimos 12 meses

...? Base: todos os retalhistas (N = 10 437).

3.2.2. Outras práticas comerciais ilícitas

Os consumidores vulneráveis e os dos países da UE-13 têm maior probabilidade de se

deparar com práticas ilícitas

Os consumidores foram igualmente questionados sobre as suas experiências com outras

práticas comerciais ilícitas proibidas pela legislação da UE, como cláusulas contratuais

abusivas que permitem que os fornecedores alterem os termos contratuais unilateralmente sem

uma razão válida especificada no contrato ou imponham sanções excessivas em caso de

violação do contrato.

Em geral, 9,8 % dos consumidores relatam ter-se deparado com condições contratuais

abusivas nos 12 meses anteriores, uma melhoria relativamente a 2014. No entanto, deve

notar-se que a percentagem é duas vezes mais elevada nos países da UE-13 (16,0 %) do que

nos países da UE-15 (8,1 %).

De igual modo, o pagamento de taxas adicionais das quais não foram informados com

antecedência foi solicitado a um número menos elevado de consumidores nos 12 meses

anteriores (uma queda de 3,8 pontos percentuais para 8,8 % dos consumidores). Uma vez

mais, a percentagem é mais elevada nos países da UE-13 (12,7 %) do que nos países da UE-

15 (7,7 %).

Oferecer

produtos

publicitados

como gratuitos

quando

pressupõem

encargos

substanciais

Pressionar os

consumidores

através de

mensagens

ou

telefonemas

comerciais

persistentes

Publicitar

falsamente

que um

produto está

disponível

apenas

durante um

período de

tempo

Escrever

comentários

falsos que são

anúncios ou

ataques ocultos

contra os

concorrentes

Enviar

produtos não

solicitados a

clientes,

exigindo-lhes

o pagamento

desses

produtos

Outras

práticas

comerciais

desleais

% média de

retalhistas que

referem

práticas

comerciais

desleais

UE-28 27 43 34 35 18 24 30 - 4 *

BE 19 33 28 23 17 20 23 - 1

BG 48 60 51 56 30 47 48 - 3

CZ 32 53 43 48 29 33 40 - 6 *

DK 11 17 18 14 7 15 14 - 5 *

DE 27 38 32 31 20 22 28 - 5 *

EE 12 37 22 28 11 12 20 - 5 *

IE 20 33 39 33 12 27 27 - 1

EL 40 51 55 42 19 36 40 - 6 *

ES 35 50 38 30 17 25 32 - 8 *

FR 24 47 33 38 16 18 29 - 2

HR 30 42 35 37 18 25 31 - 12 *

IT 23 51 28 35 13 21 29 - 4 *

CY 32 54 47 44 15 29 37 + 5

LV 16 35 31 26 8 32 25 - 4 *

LT 24 52 34 34 13 34 32 + 1

LU 13 25 22 28 10 21 20 - 3

HU 30 48 34 33 27 32 34 - 13 *

MT 22 48 30 44 12 25 30 - 5 *

NL 27 37 26 35 15 24 27 - 5 *

AT 25 42 37 35 19 23 30 + 1

PL 51 78 64 58 47 44 57 + 0

PT 21 42 28 26 14 29 27 + 6 *

RO 36 46 45 44 19 36 38 - 4 *

SI 24 48 37 36 17 28 32 + 6 *

SK 49 60 50 44 36 46 47 - 2

FI 30 41 35 32 18 37 32 + 1

SE 24 38 38 24 12 23 26 - 3 *

UK 20 36 23 34 11 15 23 + 0

IS 21 30 26 32 19 15 24 - 6

NO 24 32 28 17 16 30 24 - 5 *

Dif 2016-

2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)Desempenho médio a elevado

(50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco (25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente

(entre os 25 % piores resultados)

Page 43: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

41

Figura 23: Experiências dos consumidores com cláusulas contratuais abusivas e encargos não

previstos a nível nacional e transfronteiriço, UE-28 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Vou ler-lhe algumas afirmações sobre os problemas que os consumidores podem mais genericamente enfrentar ao fazer

compras. Depois de cada uma delas, indique se enfrentou essa situação nos últimos 12 meses ...? base: como indicado no

gráfico.

A comparação dos resultados entre países revela que a exposição dos consumidores a outras

práticas comerciais ilícitas é maior na Croácia (23,9 %), na Bulgária (21,9 %) e em Malta

(18,6 %) e menor no Reino Unido (2,0 %), na Áustria (2,4 %) e no Luxemburgo (2,2 %). Em

comparação com 2014, o maior aumento na incidência relatada de práticas desleais regista-se

em Malta (+6,2), tendo a situação melhorado na Irlanda (-13,8).

Page 44: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

42

Figura 24: Experiências dos consumidores com cláusulas contratuais abusivas e encargos não

previstos a nível nacional em diferentes países, resultados por país, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Vou ler-lhe algumas afirmações sobre os problemas que os consumidores podem mais genericamente encontrar ao fazer

compras. Depois de cada uma delas, indique se enfrentou essa situação nos últimos 12 meses ...? base: todos os inquiridos

(N = 10 437).

À semelhança do que acontece no caso das práticas comerciais desleais, os consumidores que

se percecionam como vulneráveis devido ao seu estatuto sociodemográfico ou à

complexidade das ofertas são mais propensos a encontrar as práticas comerciais desleais

incluídas no inquérito. O mesmo se aplica aos consumidores com mais competências

linguísticas e aos que referem possuir dificuldades financeiras.

3.2.3. Cumprimento da legislação em matéria de consumidores

Os retalhistas têm mais dificuldade em cumprir a legislação em matéria de consumidores

países da UE.

O cumprimento da referida legislação é influenciado por diversos fatores, incluindo o

cumprimento percecionado dos concorrentes. O inquérito realizado para o Painel de

Avaliação questiona os retalhistas sobre a facilidade e os custos de cumprimento, bem como

sobre o grau de cumprimento da legislação pertinente por parte dos concorrentes.

Os retalhistas tendem a concordar ser fácil cumprir a legislação em matéria de consumidores

no seu setor no seu próprio país (71,2 %), embora essa percentagem tenha vindo a decrescer

ligeiramente desde 2014 (-1,6). Além disso, dois terços dos retalhistas (66,2 %, sem diferença

estatisticamente significativa em relação a 2014) afirmam que os custos de cumprimento com

a referida legislação no seu setor são razoáveis. Por último, mais de dois terços (67,1 %)

consideram que os concorrentes no seu país cumprem a legislação em matéria de

consumidores, uma melhoria face a 2014 (+2,4).

Deparou-se com condições e

cláusulas abusivas num contrato

(por exemplo, que permitem que o

prestador altere as cláusulas

contratuais unilateralmente ou

impõem sanções demasiado severas

em caso de violação do contrato) no

(SEU PAÍS)

Teve de pagar

encargos adicionais

não previstos no (SEU

PAÍS)

% média dos

consumidores que

referem ter-se deparado

com cláusulas

contratuais abusivas e

encargos adicionais

UE-28 9 8 8 - 5 *

BE 8 13 10 - 0

BG 26 18 22 - 3 *

CZ 10 5 8 - 2

DK 6 11 8 + 2

DE 3 5 4 - 3 *

EE 11 9 10 + 2

IE 2 4 3 - 14 *

EL 12 13 13 - 7 *

ES 21 10 15 - 3 *

FR 2 3 3 - 8 *

HR 27 21 24 + 1

IT 13 9 11 - 4 *

CY 5 7 6 - 4 *

LV 17 16 16 - 1

LT 10 8 9 - 3 *

LU 2 3 2 - 3 *

HU 16 13 14 - 5 *

MT 19 18 19 + 6 *

NL 6 8 7 - 0

AT 2 3 2 - 5 *

PL 13 12 13 - 3 *

PT 10 8 9 - 2

RO 18 14 16 - 5 *

SI 10 9 10 + 0

SK 18 9 13 - 4 *

FI 10 6 8 + 2 *

SE 10 12 11 + 3 *

UK 1 3 2 - 11 *

IS 9 20 14 + 3

NO 6 11 9 - 1

Dif 2016-

2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente(entre os 25 % piores

resultados)

Page 45: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

43

A percentagem de avaliações positivas é significativamente mais baixa no que se refere ao

cumprimento da legislação em matéria de consumidores noutros países da UE (55 %), aos

custos conexos (49,3%) e ao cumprimento por parte dos concorrentes (47,6 %). Cumpre

registar que um pouco menos de um em cada cinco retalhistas com atividade noutros países da

UE não conseguiu responder a qualquer pergunta.

Figura 25: Perceções dos retalhistas sobre o cumprimento da legislação em matéria de

consumidores a nível nacional e transfronteiriço, UE-28, 2016 (% de retalhistas que «concorda

totalmente» ou «apenas concorda»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Vou

ler-lhe três afirmações sobre o cumprimento da legislação em matéria de consumidores [no seu país/noutros países da UE].

Diga, por favor, se concorda totalmente, apenas concorda, discorda ou discorda totalmente com cada uma delas... Base

nacional: todos os retalhistas (N = 10 988). Base transfronteiriça: retalhistas que vendem noutros países da UE (N=3 287).

Tendo em conta os resultados por país, existe uma grande variação entre a avaliação geral do

cumprimento (medido como a taxa média de concordância com as três afirmações) nos países

com melhor desempenho Estónia (76,9 %), Reino Unido (76,3 %) e Luxemburgo (76,1 %)

e os países com percentagens mais baixas: a República Checa (52,9 %), Eslováquia (57,4

%), Bulgária e Hungria (57,6 %).

Apesar dessas diferenças entre os países, a maioria dos retalhistas, em todos os países,

concorda que o cumprimento da legislação nacional em matéria de direitos do consumidor é

fácil e que os custos de cumprimento são razoáveis. O mesmo se aplica ao cumprimento por

parte dos concorrentes, com exceção da Bulgária e da Polónia, onde menos da metade dos

retalhistas considera que os seus concorrentes nacionais cumprem a legislação aplicável (44,5

% e 48,4 %, respetivamente).

Page 46: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

44

Figura 26: Perceções dos retalhistas sobre o cumprimento da legislação em matéria de

consumidores a nível nacional, resultados por país, 2016 (% de retalhistas que «concorda

totalmente» ou «apenas concorda»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Vou

ler-lhe três afirmações sobre o cumprimento da legislação em matéria de consumidores [no seu país/noutros países da UE].

Diga, por favor, se concorda totalmente, apenas concorda, discorda ou discorda totalmente com cada uma delas... base:

todos os retalhistas (N = 10 988).

3.2.4. Aplicação da legislação em matéria de direitos do consumidor e de segurança dos

produtos

Os retalhistas valorizam as atividades relacionadas com a aplicação, mas mostram-se

menos satisfeitos do que no passado

A legislação europeia visa assegurar um nível consistente e elevado de proteção da saúde e da

segurança dos consumidores, bem como dos seus direitos. A aplicação desta legislação

assegura que os consumidores gozem dos seus direitos legais e que as empresas operem em

condições equitativas. O Painel de Avaliação mede a aplicação da legislação em matéria de

consumidores e segurança dos produtos não alimentares com base nas avaliações que os

retalhistas fazem do trabalho de supervisão realizado por diversas organizações do respetivo

setor (por exemplo, autoridades públicas e ONG de consumidores).

A maioria dos retalhistas da UE avalia positivamente a aplicação por parte das autoridades

públicas, concordando que as autoridades supervisionam de forma ativa o cumprimento da

legislação em matéria de segurança dos produtos (74,7 %) e a legislação em matéria de

consumidores (66,7 %) no respetivo setor. Seis em cada dez empresas (60,1 %) concordam

que os organismos de autorregulação supervisionam de forma ativa o respeito dos códigos de

conduta ou dos códigos de boa prática no seu setor; seguidas de perto por 58,2 % que

consideram que as ONG de consumidores supervisionam de forma ativa o cumprimento da

legislação em matéria de consumidores. Por último, metade dos retalhistas (50,2 %) concorda

É fácil

cumprir a

legislação

em matéria

de

consumidore

s no seu

setor

Os seus

concorrentes

cumprem a

legislação em

matéria de

consumidores

Os custos de

cumprimento da

legislação em

matéria

de consumidores no

seu setor são

razoáveis

% média de

retalhistas que

concorda com

as três

afirmações em

matéria de

aplicação

UE-28 71 67 66 68 - 0

BE 68 73 72 71 - 2

BG 67 45 61 58 + 2

CZ 51 54 54 53 - 6

DK 65 64 72 67 + 0

DE 72 71 62 68 - 5

EE 86 68 77 77 + 5

IE 73 83 62 73 + 3

EL 69 54 66 63 + 1

ES 71 58 59 62 + 3

FR 70 77 72 73 + 6

HR 69 58 67 65 + 9 *

IT 72 55 63 63 + 2

CY 70 51 65 62 + 1

LV 71 57 71 66 - 6

LT 72 54 76 67 + 3

LU 72 76 81 76 - 1

HU 56 59 58 58 - 5

MT 74 57 71 67 + 1

NL 77 73 71 74 - 1

AT 69 70 65 68 - 1

PL 72 48 65 62 + 5

PT 63 51 67 60 + 6

RO 76 64 74 71 + 0

SI 56 57 62 58 + 3

SK 57 51 64 57 - 3

FI 75 75 78 76 - 2

SE 68 73 74 72 + 1

UK 76 79 74 76 - 4

IS 80 66 77 74 + 0

NO 83 65 68 72 - 1

Dif 2016-

2014Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)

Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente (entre os 25 % piores resultados)

Page 47: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

45

que os meios de comunicação social denunciam regularmente empresas que não respeitam a

legislação em matéria de consumidores no seu setor.

Figura 27: Aplicação da legislação em matéria de consumidores e segurança dos produtos, UE-

28, 2016, (% de retalhistas que «apenas concorda» ou «concorda totalmente»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diga,

por favor, se concorda totalmente, apenas concorda, discorda ou discorda totalmente com cada uma das seguintes

afirmações... – os dados relativos a 2009-2012 referem-se à UE-27. Base: todos os retalhistas (N=10 988), com exceção, no

caso «As autoridades públicas supervisionam de forma ativa o cumprimento da legislação em matéria de segurança dos

produtos no seu setor», para os retalhistas que vendem produtos não alimentares (n=4 459)

A avaliação que os retalhistas fazem da aplicação (definida como a taxa média de

concordância com as cinco afirmações sobre a aplicação) em 2016 é semelhante à de 2014, o

que revela uma interrupção da tendência descendente observada naquele inquérito.

As reações dos retalhistas a respeito da aplicação são mais positivas nas zonas setentrionais e

ocidentais da UE do que nas orientais e meridionais. Analisando os resultados por país, a taxa

média de concordância com as cinco afirmações é mais elevada em França (78,7 %), na

Irlanda (75,8 %) e na Finlândia (74,8 %) e mais baixa na Polónia (43,2 %), na Bulgária (45,3

%) e na Croácia (46,4 %). Em comparação com 2014, o maior aumento num país da UE foi

registado em Malta (+15,1) e a maior queda na Roménia (-4,3). A Noruega conheceu um

declínio ainda mais acentuado (-8,7).

Page 48: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

46

A dimensão da empresa é relevante os retalhistas de menor dimensão (10 a 49

trabalhadores) tendem a avaliar a aplicação de forma menos favorável do que as empresas de

médio e grande dimensão.

Figura 28: Aplicação da legislação em matéria de consumidores e segurança dos produtos,

resultados por país, 2016, (% de retalhistas que «apenas concorda» ou «concorda totalmente»)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diga,

por favor, se concorda totalmente, apenas concorda, discorda ou discorda totalmente com cada uma das seguintes

afirmações... base: todos os retalhistas (N=10 988), com exceção, no caso «As autoridades públicas supervisionam de forma

ativa o cumprimento da legislação em matéria de segurança dos produtos no seu setor», para os retalhistas que vendem

produtos não alimentares (n=4 745)

Tal como em 2014, as opiniões dos retalhistas sobre a aplicação têm uma forte correlação

positiva com a avaliação que fazem do cumprimento (0,64) e uma correlação negativa

moderada com a prevalência percecionada de práticas comerciais desleais (-0,53), o que

indica que os esforços de supervisão e controlo do cumprimento se traduzem efetivamente em

melhores resultados para os consumidores.

A elevada correlação observada entre a avaliação dos retalhistas quanto ao papel das

autoridades públicas e das ONG de consumidores na supervisão do cumprimento e a

confiança dos consumidores nessas organizações no que respeita à proteção dos direitos dos

consumidores (0,74 e 0,63, respetivamente) sustentam igualmente a conclusão de que o

controlo pró-ativo do cumprimento faz a diferença.

Além disso, o indicador composto sobre a aplicação revela uma correlação positiva moderada

com os indicadores do Banco Mundial relativos à governação39.

39 Os coeficientes de correlação são iguais a cerca de 0,5 para todos os indicadores de governação, à exceção dos

relativos à «estabilidade política» e à «ausência de terrorismo» (que não são estatisticamente significativos).

As autoridades

públicas

supervisionam de

forma ativa o

cumprimento da

legislação em

matéria de

segurança dos

produtos no seu

setor

As autoridades

públicas

supervisionam de

forma ativa o

cumprimento da

legislação em

matéria de

consumidores no

seu setor

Os organismos de

autorregulação

supervisionam de

forma ativa o

respeito dos

códigos de conduta

ou dos códigos de

prática no seu setor

As ONG de

consumidores

supervisionam

de forma ativa o

cumprimento da

legislação em

matéria de

consumidores

no seu setor

Os meios de

comunicação

social denunciam

regularmente

empresas que não

respeitam a

legislação em

matéria de

consumidores no

seu setor

% média dos

retalhistas que

concordam com

as 5 afirmações

em matéria de

aplicação, 2016

Dif 2016-

2014

UE-28 75 67 60 58 50 62 + 0

BE 84 78 72 71 57 72 + 2

BG 61 49 45 41 31 45 - 2

CZ 72 60 34 42 36 49 + 2

DK 71 65 58 50 52 59 - 4

DE 71 61 50 51 51 57 - 2

EE 69 72 44 41 35 52 - 2

IE 83 82 81 73 61 76 + 2

EL 51 51 46 43 55 49 - 1

ES 65 54 56 54 35 52 + 3

FR 89 84 76 79 67 79 + 5

HR 62 47 47 42 35 46 + 2

IT 72 66 61 65 52 63 + 5

CY 59 55 53 56 43 53 - 2

LV 67 66 41 46 35 51 - 4

LT 66 63 57 67 53 61 + 7 *

LU 86 83 73 76 43 72 + 6

HU 84 77 59 61 51 66 - 4

MT 80 83 71 74 51 72 + 15 *

NL 79 69 71 60 54 67 - 0

AT 69 68 55 54 44 58 - 1

PL 51 44 45 48 29 43 + 4

PT 75 69 65 65 48 64 + 8 *

RO 71 72 69 51 69 66 - 4

SI 72 61 52 54 34 54 + 4

SK 65 56 42 51 42 51 + 1

FI 89 84 80 79 42 75 + 1

SE 78 71 64 57 60 66 + 7 *

UK 88 79 77 67 55 73 - 4

IS 72 63 41 55 56 57 + 10

NO 79 75 75 54 64 69 -9 *

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente(entre os 25 % piores

resultados)

Page 49: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

47

As classificações relativas à aplicação da legislação em matéria de segurança dos produtos

permanecem estáveis

Perguntou-se igualmente aos retalhistas do setor não alimentar se teriam sido registados

quaisquer avisos relativos a produtos ou retiradas de produtos nos respetivos setores nos

últimos 24 meses. Uma percentagem ligeiramente superior a um terço dos retalhistas (36,1 %)

refere terem ocorrido retiradas de produtos por parte das autoridades públicas e praticamente a

mesma percentagem (34,2 %) afirma terem sido emitidos avisos públicos sobre a segurança

dos produtos pelas autoridades públicas no seu setor, nos últimos 24 meses. Estes valores são

comparáveis com os resultados de 201440.

Figura 29: Avisos em matéria de segurança dos produtos e recolhas/retiradas de produtos, UE-

28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: No

que diz respeito à segurança dos produtos, indique se alguma das seguintes situações ocorreu no seu setor nos últimos 24

meses… base: retalhistas que vendem produtos não alimentares (N=4 745).

Os retalhistas na Irlanda (49,7 %), França (48,7 %) e Chipre (44,6 %) mostram maior

propensão para afirmar que as autoridades públicas procederam à retirada de produtos,

verificando-se o oposto com os da Estónia (12,4 %), Lituânia (12,8 %) e Malta (16,6 %).

Os avisos públicos sobre a segurança dos produtos são mais frequentemente referidos pelos

retalhistas na Áustria (43,3 %), Portugal (43,1 %) e na Irlanda (41,9 %) e menos

frequentemente pelos da Estónia (8,4 %), Lituânia (16,4 %) e Bulgária (19,2 %).

40 As variações entre 2014 e 2016 não são estatisticamente significativas.

Page 50: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

48

Figura 30: Avisos em matéria de segurança dos produtos e recolhas/retiradas de produtos,

resultados por país, 2016 (%)41

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: No

que diz respeito à segurança dos produtos, indique se alguma das seguintes situações ocorreu no seu setor nos últimos 24

meses… base: retalhistas que vendem produtos não alimentares (N=4 745)

Operações anuais de controlo de conformidade pelas entidades competentes nacionais

Todos os anos, as autoridades responsáveis pela aplicação da lei nos países da UE, Noruega e

Islândia procedem a uma análise dos sítios Web de retalhistas com vista a verificar o

cumprimento da legislação relevante em matéria de consumidores. Essas «ações conjuntas de

monitorização»42 (sweeps) são coordenadas, desde 2008, pela Comissão Europeia no quadro

da Rede de Cooperação no Domínio da Defesa do Consumidor43.

41 No que se refere ao indicador «as autoridades públicas emitiram avisos sobre a segurança de produtos», os

valores respeitantes à Áustria e Portugal são 43,3 e 43,1 respetivamente.

42 http://ec.europa.eu/consumers/enforcement/sweeps/index_en.htm

43 A rede é composta por autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação em matéria de

consumidores nos termos do Regulamento n.º 2006/2004 relativo à cooperação no domínio da defesa do

consumidor.

As

autoridades

públicas

emitiram

avisos

públicos

sobre a

segurança

dos produtos

As

autoridades

públicas

solicitaram

a retirada

ou recolha

dos

produtos

Incidência

média das

recolha/retir

adas dos

produtos e

avisos de

segurança

Dif 2016-

2014

UE-28 34 36 35 + 1

BE 28 32 30 - 0

BG 19 20 19 - 12 *

CZ 34 33 33 + 7

DK 39 36 37 + 13 *

DE 39 43 41 - 2

EE 8 12 10 - 4

IE 42 50 46 + 1

EL 23 23 23 - 5

ES 32 30 31 + 1

FR 39 49 44 + 5

HR 20 20 20 - 6

IT 36 38 37 + 4

CY 37 45 41 + 15

LV 20 25 23 + 2

LT 16 13 15 + 2

LU 25 29 27 + 0

HU 22 22 22 - 3

MT 20 17 19 - 22 *

NL 23 28 25 - 10 *

AT 43 39 41 + 5

PL 24 28 26 - 2

PT 43 33 38 + 12 *

RO 32 25 29 - 4

SI 31 33 32 + 7

SK 22 24 23 - 8

FI 39 42 41 + 3

SE 29 24 27 - 3

UK 35 33 34 + 5

IS 19 31 25 + 6

NO 25 37 31 - 1

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados)Desempenho médio a elevado (50-75 % dos resultados)Desempenho médio a fraco

(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente (entre os 25 % piores resultados)

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49

Na segunda fase dessas ações conjuntas de monitorização, as autoridades responsáveis pela

aplicação da lei tomam medidas, por exemplo, contactando as empresas a fim de garantir a

correção de todas as irregularidades.

A última dessas ações centrou-se na informação disponível aos consumidores nos sítios Web

antes de fazerem a sua compra. Este aspeto, designado como «informação pré-contratual», é

regulado pela Diretiva relativa aos direitos dos consumidores44. No total, as autoridades

analisaram 743 sítios Web, abrangendo todo o espetro de comerciantes, desde os pequenos

operadores de mercado até às principais plataformas de comércio eletrónico. Uma análise em

profundidade por parte das autoridades responsáveis nacionais confirmou as irregularidades

detetadas durante a primeira verificação efetuada em 436 sítios Web. Foram corrigidos 81 %

dos sítios até outubro de 2016, estando em curso os procedimentos relativos os restantes.

Os principais problemas identificados durante as ações conjuntas de monitorização foram:

Informações inexistentes, pouco claras ou incompreensíveis sobre o direito de

desistência de uma transação (63 % dos sítios Web). Alguns sítios Web, por exemplo,

não previam um formulário de desistência, embora isso constitua uma obrigação legal,

ou não informavam os consumidores sobre o número de dias de que dispunham para

desistirem da compra (14 dias nos termos da legislação da UE);

Informações incompletas ou pouco claras sobre o comerciante, como o endereço ou o

nome completo do retalhista (34 % dos sítios Web);

Falta de informação clara e visível sobre o preço ou as condições contratuais antes da

confirmação da encomenda (21 % dos sítios Web);

Informações pouco claras sobre as características dos produtos ou serviços (18 % dos

sítios Web).

Este padrão de irregularidades foi observado em todos os sítios analisados,

independentemente do setor, tipo de retalhista (multiuso ou especializado) ou de artigo

comprado (bem, serviço ou conteúdo digital).

44 Diretiva 2011/83/UE relativa aos direitos dos consumidores; JO L 304, de 22.11.2011

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50

3.3. Queixas e resolução de litígios

As condições de consumo são também influenciadas pela existência de meios que permitam

aos consumidores a apresentação de queixas e a obtenção de reparação caso tenham

problemas com uma compra. A acessibilidade desses meios e a satisfação com o tratamento

das queixas desempenham também um papel considerável. Por último, obter reparação pode

reduzir ou mesmo compensar o prejuízo sofrido pelo consumidor e ajudar a reforçar a

confiança do mesmo no ambiente comercial.

O facto de os consumidores comunicarem problemas e procurarem soluções também permite

às empresas obter reações valiosas para a construção de relações de longo prazo com os

clientes, o que, por sua vez, afeta favoravelmente o funcionamento dos mercados.

Este componente do Índice de Condições de Consumo analisa a propensão dos consumidores

para se queixarem de problemas e o nível de satisfação com o tratamento das suas queixas.

Analisa igualmente o grau de conhecimento, utilização e promoção dos mecanismos de

Resolução Alternativa de Litígios (RAL) em cada país.

A duração dos processos judiciais é também avaliada (embora não faça parte do indicador

composto relativo às queixas e à resolução de litígios).

As queixas e a resolução de litígios evoluem de forma positiva

O componente das queixas e resolução de litígios ao nível da UE-28 registou um aumento de

1,4 pontos em comparação com 2014, atingindo um valor de 60,3 em 2016.

A classificação é liderada pela Suécia (78,6), seguida de Malta (74,1), Portugal (70,3),

Eslovénia (70,1) e Hungria (68,6), tendo as pontuações menos elevadas sido observadas na

Lituânia (50,3), Chipre (52,4), Roménia (52,5) e Letónia (52,8). Em comparação com 2014,

Portugal registou o maior aumento (+9,5), seguido de perto pela Eslovénia (+8,5) e pelo

Reino Unido (+5,5), a Irlanda (+4,9) e a Hungria (+3). O indicador registou um decréscimo

em 13 Estados-Membros. Os países que assistiram a uma diminuição mais acentuada são:

Estónia (-4,5), Roménia (-3,2), Áustria e Bélgica (-2,8) e Eslováquia (-2,3). Observou-se

também um decréscimo na Islândia (-4,6) e na Noruega (-3,5).

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51

Figura 31: Componente das queixas e resolução de litígios, resultados por país, 2016 (escala de 0

a 100)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

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52

3.3.1. Apresentação de queixas em caso de problemas

O número de consumidores que comunicou problemas com compras foi mais baixo, assim

como o número de queixas apresentadas

Um quinto dos consumidores indica ter tido um problema ao comprar ou utilizar bens ou

serviços nos últimos 12 meses, o qual, na sua opinião, constituía motivo legítimo para a

apresentação de queixa. No entanto, quase um terço (30,8 %) não tomou qualquer medida. Os

consumidores que vivem nos países da UE-13 comunicaram mais problemas, e um número

mais significativo desses consumidores tomou medidas quando comparado com os que vivem

em países da UE-15.

Em comparação com 2014, foram menos os consumidores a referir ter-se deparado com um

problema nos últimos doze meses (-2,6), mas também são menos os que parecem tomar

medidas quando isso acontece (+6,1 pontos é o valor dos que referem não ter tomado

qualquer medida).

A educação pode desempenhar um papel neste contexto. Os consumidores com um maior

nível de educação apresentam uma maior tendência para comunicar problemas. De igual

modo, os funcionários administrativos têm maior tendência para comunicar ter tido problemas

do que os trabalhadores manuais.

Os inquiridos com maior conhecimento dos direitos dos consumidores comunicam uma maior

incidência de problemas e são mais propensos a tomar medidas do que os que têm

conhecimentos limitados sobre a matéria. O género e a idade constituem também fatores

relevantes, pois os consumidores e as pessoas com menos de 55 anos têm maior tendência

para comunicar ter-se deparado com um problema. Por último, os inquiridos que se

consideram vulneráveis devido ao seu estatuto sociodemográfico revelam também maior

probabilidade de referir problemas.

Entre os consumidores que afirmam ter-se deparado com um problema, a maioria (50,0 %,

uma diminuição significativa de 12,5 pontos em comparação com 2014) apresentou queixa

diretamente ao retalhista ou prestador de serviços e alguns junto do fabricante (16,5 %). Face

a 2014, registou-se um aumento do número de consumidores (+2,8) que se queixaram junto

do fabricante. Os consumidores revelam menor tendência para apresentar o seu problema

junto de uma autoridade pública (6,5 %) ou de um órgão extrajudicial de resolução de litígios

(3,7 %), sendo que apenas 1,2 % instauraram processos judiciais. Esta distribuição reflete o

padrão de comportamento esperado quando ocorrem problemas com uma compra, ou seja, os

consumidores começam por entrar em contacto com o retalhista ou fornecedor e apenas levam

a queixa mais longe se não receberem uma resposta satisfatória.

Não é de surpreender que os consumidores que estejam insatisfeitos com o tratamento da sua

queixa por parte do retalhista/prestador de serviços estejam mais propensos a queixar-se junto

de uma autoridade pública, de um órgão extrajudicial de resolução de litígios ou de um

tribunal. No entanto, em comparação com 2014, os consumidores parecem menos inclinados a

apresentar queixa junto de um tribunal ou de um órgão extrajudicial de resolução de litígios

(respetivamente -1 e -1,7, diminuições estatisticamente significativas).

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53

Figura 32: Medidas tomadas em caso de problemas, UE-28, 2016 (%)45

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Qual foi a atitude por si tomada? (é possível indicar várias respostas) base: inquiridos que se depararam com problemas

(n= 5 339).

Olhando para as respostas dos retalhistas, mais de um terço dos retalhistas (37,6 %) dizem ter

recebido queixas de consumidores no seu próprio país nos últimos 12 meses. A probabilidade

de receber queixas depende, em certa medida, da dimensão da empresa, sendo que as de

maior dimensão têm maior propensão para receber queixas.

Espelhando os padrões observados no inquérito do consumidor (embora com algumas

diferenças), os retalhistas tendem a receber mais queixas através dos seus serviços internos de

apoio ao cliente (71,2 %) e em muito menor grau através de organizações não governamentais

de consumidores (9,1 %), autoridades públicas (8,3 %), tribunais (8,1 %) ou órgãos de

resolução alternativa de litígios (7,5 %). Quase um em cada quatro retalhistas menciona

queixas recebidas através de outros canais não especificados, que não os listados acima (24

%).

Em comparação com as conclusões de 2014, existem menos retalhistas (-2,3) a referir terem

recebido queixas de consumidores que vivem no mesmo país (independentemente do método

de apresentação da queixa). Ao analisar o grupo de retalhistas que receberam queixas,

verifica-se que são recebidas menos queixas através de serviços internos de atendimento ao

cliente ou de autoridades públicas (-3,9 e -2,2, respetivamente). Não se observa qualquer

alteração significativa no caso dos outros canais de apresentação de queixas.

Os retalhistas recebem queixas de consumidores que residem noutros países sobretudo através

de serviços internos de apoio ao cliente (72,1 %). Outros canais (como organizações não

governamentais de consumidores, autoridades públicas, tribunais ou órgãos extrajudiciais de

45 As medidas possíveis (com exclusão da inação) não são mutuamente exclusivas. Consequentemente, as

percentagens não têm, necessariamente, de totalizar 100 %.

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54

resolução de litígios) raramente são mencionados. O mesmo se aplica aos canais criados para

facilitar o tratamento das queixas dos consumidores noutros países, como os Centros

Europeus do Consumidor46 ou o Processo Europeu para Ações de Pequeno Montante.

Figura 33: Queixas recebidas dos consumidores nacionais através de diferentes canais, UE-28,

2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Durante os últimos 12 meses, a sua empresa recebeu queixas de consumidores residentes (NO SEU PAÍS)? (é possível

indicar várias respostas) base: inquiridos que receberam queixas de consumidores nacionais (n=4 116)

46 Os Centros Europeus do Consumidor promovem o conhecimento dos direitos dos consumidores da UE e

ajudam a resolver queixas sobre compras feitas noutro país da rede em situação de viagem ou de compras

em linha.

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55

Figura 34: Queixas recebidas dos consumidores transfronteiriços através de diferentes canais,

UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Durante os últimos 12 meses, a sua empresa recebeu queixas de consumidores residentes noutros países da UE?

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56

(é possível indicar várias respostas) base: inquiridos que receberam queixas de consumidores transfronteiriços (n= 435)

Quando inquiridos sobre as razões por que não tomaram medidas embora considerando ter um

motivo legítimo para o fazer, cerca de um terço dos consumidores indicam que o montante em

causa era demasiado baixo (34,6 %) e uma percentagem semelhante afirma que seria

demasiado moroso (32,5 %). Entre as outras razões para não apresentar queixa incluem-se:

O facto de ter apresentado queixa em vão no passado e não querer tentar novamente

(16,3 %);

A incerteza sobre a quem dirigir a queixa (15,1 %);

A incerteza quanto aos direitos dos consumidores (15,5 %);

A convicção de que uma solução satisfatória seria improvável (19,6 %);

O receio do confronto (13,3 %), o que pode indiciar falta de assertividade.

Aspeto positivo em 2016, em comparação com 2014, é o facto de um número inferior de

consumidores parecer entender ser improvável que uma queixa conduza a uma solução

satisfatória (decréscimo para 19,6 %, ou seja, cerca de metade da percentagem registada em

2014). Caso se confirme esta tendência ao longo do tempo, isso poderá ser a consequência dos

esforços contínuos a nível da UE e dos Estados-Membros de promoção dos direitos dos

consumidores e de desenvolvimento de procedimentos mais fáceis para a apresentação de

queixas pelos consumidores. No entanto, a morosidade do processo de apresentação de

queixas continua a ser um dos principais obstáculos.

Em geral, os consumidores que se consideram vulneráveis são os mais propensos a apresentar

razões para não se queixar47. Os consumidores muito vulneráveis tendem mais a referir ter

tentado apresentar queixa sem êxito no passado.

47 O mesmo se aplica a todas as razões para a não apresentação de queixas constantes do inquérito, exceto para

«os montantes envolvidos eram demasiado pequenos».

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57

Figura 35: Motivos dos consumidores para não tomar medidas ao encontrar um problema, UE-

28,

2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Quais foram os seus principais motivos para não tomar medidas? (é possível indicar várias respostas) base: inquiridos que

se depararam com problemas mas não tomaram qualquer medida (n=1 474).

3.3.2. Satisfação com o tratamento dado às queixas

Aumento da satisfação com o tratamento dado às queixas

A satisfação média dos consumidores com o tratamento dado às queixas foi calculada para os

diferentes canais utilizados. Em média, 63,4 % dos consumidores afirmam estar satisfeitos

com a forma como a queixa foi tratada, um aumento de 3,5 pontos percentuais em relação a

2014. Os consumidores nos países da UE-15 (64,4 %) mostram uma satisfação ligeiramente

maior com o tratamento das queixas do que os que vivem em países da UE-13 (60,7 %). Os

consumidores tendem a estar mais satisfeitos com a resolução extrajudicial de litígios (68,7

%) e com as empresas que procedem ao tratamento das queixas (62,9 % no caso dos

vendedores e 68,1% no dos fabricantes) do que com o tratamento das queixas pelas

autoridades públicas (58,1 %) ou os tribunais (apenas 31,2 % de satisfação).

Em geral, os níveis de satisfação com o tratamento das queixas pelas diferentes entidades são

comparáveis com os resultados de 2014, exceto no que respeita ao tratamento de queixas tanto

por retalhistas como por prestadores de serviços e por fabricantes, que aumentaram 3 e 8,7

pontos percentuais, respetivamente.

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58

Figura 36: Satisfação dos consumidores com o tratamento dado às queixas, UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Em geral, qual o seu grau de satisfação ou insatisfação com o tratamento dado à(s) sua(s) queixa(s) pelos ... base:

consumidores que se depararam com problemas e tomaram medidas (retalhista ou prestador de serviços n = 2 945,

fabricante n = 601, autoridade pública n = 296, organismo extrajudicial de resolução de litígios n = 179, tribunal n = 47) –

os dados relativos a 2012 referem-se a países da UE-27.

Para além da questão relativa à satisfação com o tratamento das queixas, aqueles que

apresentaram queixa de um retalhista ou prestador de serviços foram inquiridos sobre ao seu

grau de satisfação com o tempo necessário para resolver os seus problemas. Manifestaram-se

satisfeitos com o tempo despendido 60,3%, sendo que 25,2% não. Outros 11,4 % afirmam que

os problemas ainda não estavam resolvidos e 2,8 % que não foi possível uma solução. Os

consumidores nos países da UE-15 revelam um pouco mais de satisfação com o tempo

necessário para resolver os problemas (61,0 %) em comparação com os países da UE-13 (58,7

%).

Satisfeito / Muito satisfeito

2016-2014 +3,0* +8,7* - 2,2 + 0,1 - 10,3

2014-2012 -4,9* - 0,6 +11,5* +10,6* - 5,7

1,3 1,7 1,8 3,0

30,919,3

11,5 15,5 13,3

16,6

16,5

18,8

24,514,9

21,439,856,1

48,7

44,3

26,6

23,112,0 9,4

24,4

4,6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Retalhista ou prestadorde serviços

Fabricante Autoridade pública Organismo extrajudicialde resolução de litígios

(RAL)

Tribunal

Não sabe Não satisfeito Não muito satisfeito Razoavelmente satisfeito Muito satisfeito

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59

Figura 37: Satisfação do consumidor com o tempo necessário para resolver o problema, UE-28,

2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Em geral, qual o seu grau de satisfação com o tempo necessário para que os problemas fossem solucionados pelo retalhista

ou prestador de serviços? base: consumidores que se queixaram ao retalhista ou prestador de serviços (n = 2 945).

3.3.3. Indicador «Problemas e Queixas»

Um indicador composto «Problemas e Queixas»48 foi desenvolvido para o Painel de

Avaliação a fim de abordar questões relacionadas com a dimensão limitada das amostra ao

nível dos países no que se refere a determinados indicadores.

O indicador composto tem por base as compras feitas por consumidores a empresas sedeadas

no mesmo país («compras nacionais»). Combina as respostas às questões sobre a ocorrência

de um problema, o tipo de medida tomada, o nível de satisfação com o tratamento da queixa

e, se for caso disso, o motivo para não tomar medidas.

Com base nisso, foram desenvolvidos 11 cenários e classificações (indicando as pontuações

mais elevadas um melhor desempenho neste indicador) com o apoio científico do Centro

Comum de Investigação da Comissão e em consulta com especialistas dos Estados-Membros.

Uma das vantagens de combinar as respostas às diferentes questões em cenários específicos

reside no facto de uma taxa mais elevada de queixas não ser vista automaticamente como um

indicador de melhores condições de consumo (a menos que combinado com uma resposta

48 Para informações circunstanciadas sobre a composição do indicador composto, ver o capítulo 2.2.1 de Van

Roy, V., Rossetti, F., Piculescu, V. (2015). Consumer conditions in the EU: revised framework and

empirical investigation, JRC science and policy report, (Condições de consumo na UE: quadro revisto e

investigação empírica, relatório do CCI sobre os

aspetos científicos e estratégicos) JRC93404,

http://publications.jrc.ec.europa.eu/repository/handle/JRC93404

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60

satisfatória) e na não existência de penalizações pela não apresentação de queixas devido aos

baixos montantes em causa.

Os países setentrionais e orientais da UE registam resultados mais elevados no indicador

«Problemas e Queixas» do que os países orientais e meridionais da UE

No caso dos países da UE-28, o indicador composto «Problemas e Queixas» regista 88,9 %. O

valor para os países da UE-15 é ligeiramente superior, 89,4%. No caso dos países da UE-13, é

ligeiramente inferior, 87,1%. As regiões setentrionais (90,5 %) e ocidentais (90,0 %)

apresentam resultados mais positivos do que as regiões orientais (87,1 %) e meridionais (88,0

%).

Em comparação com 2014, o indicador melhorou no que se refere à UE-28 em 1,1 pontos

percentuais e em valores idênticos nos países da UE-15 e da UE-13 (+1,1 em ambos os

casos). Esta situação aponta para que os consumidores estejam a deparar-se com menos

problemas nas suas transações com as empresas e para a existência de um nível de satisfação

mais elevado com o tratamento das queixas em geral.

A Eslovénia (93,0 %), a Dinamarca (92,1 %) e a Bélgica (91,7 %) registaram o valor mais

elevado neste indicador, enquanto a Roménia (83,7 %), a Croácia (85,7 %) e Malta (85,9 %)

registaram o menos elevado. Em comparação com 2014, o indicador «Problemas e Queixas»

registou as melhorias mais significativas na Grécia (+6,1) e os priores resultados em Chipre (-

3,8) e Malta (-3,7).

As principais diferenças entre os países registam-se na percentagem de consumidores que não

tomaram qualquer medida perante um problema. Mais especificamente, os consumidores na

Finlândia, na Suécia e na Dinamarca mostram maior propensão para apresentar queixas, uma

vez que apenas 5,5 %, 6,8 % e 9,3 %, respetivamente, não o fizeram. A situação oposta

regista-se na Grécia, onde 47,3 % dos consumidores não tomaram medidas quando

confrontados com problemas, seguida pela Bulgária (44,4 %) e Chipre (40,8 %). As principais

alterações são observadas nalguns países, caso da Áustria, que tinha registado a maior

percentagem de consumidores com queixas apresentadas em 2014, mas apresenta o maior

aumento, em 2016 (+20,4) da percentagem de consumidores que preferem não tomar

medidas. Em geral, no entanto, quer ao nível do indicador, quer no que respeita aos

consumidores que se depararam com problemas, as diferenças entre os países são pouco

significativas.

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61

Figura 38: Problemas e queixas dos consumidores, resultados por país, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Base: «Percentagem dos que se depararam com um problema» - todos os inquiridos (n = 26 599); «Percentagem dos que se

depararam com um problema mas não apresentaram queixa» - pessoas que sofreram um problema não negligenciável (isto

é, que NÃO indicaram que as somas envolvidas eram demasiado pequenas) (n = 5 164).

Se se analisarem as características sociodemográficas, os consumidores que se consideram

vulneráveis apresentam resultados inferiores no indicador «Problemas e Queixas», o que

aponta para que este grupo de consumidores enfrente mais problemas e/ou esteja menos

satisfeito com o tratamento dado às queixas.

3.3.4. Tipos de queixas

Os tipos de queixas dos consumidores nacionais e transfronteiriços são semelhantes

Os retalhistas que receberam queixas de consumidores no seu país nos últimos 12 meses têm

maior tendência para comunicar queixas sobre o próprio produto (69,9 %), atrasos na entrega

ou não entrega (23,4 %), encargos adicionais não esperados (16,2 %), soluções oferecidas

pela empresa (13,7 %), condições contratuais (11,5 %) e segurança do produto (9,0 %).

Embora o leque e a percentagem relativa das questões sobre quais os retalhistas recebem

queixas dos consumidores sejam em geral similares aos resultados observados em 2014,

registam-se diminuições estatisticamente significativas a nível da UE nas queixas sobre

atrasos na entrega ou não entrega (-3,4) e sobre as condições contratuais (-3,0).

Percentage

m de

consumidor

es que se

depararam

com

problemas

Percentagem

de

consumidores

que se

depararam com

problemas mas

que não

apresentaram

qualquer

queixa

Problemas

& Queixas

(indicador

composto)

2016

UE-28 20 20 89 + 1

BE 14 16 92 - 0

BG 17 44 87 + 3

CZ 21 12 89 - 0

DK 16 9 92 - 0

DE 19 23 90 - 1

EE 21 22 88 - 2

IE 17 32 89 + 2

EL 11 47 91 + 6

ES 17 11 89 + 3

FR 16 27 90 - 0

HR 26 18 86 + 5

IT 26 20 86 + 4

CY 17 41 88 - 4

LV 18 17 89 + 3

LT 17 27 88 + 1

LU 19 22 90 - 3

HU 25 15 87 + 1

MT 23 20 86 - 4

NL 23 10 90 + 1

AT 17 24 90 - 2

PL 28 11 88 + 2

PT 20 14 88 - 3

RO 25 29 84 + 0

SI 14 12 93 + 1

SK 22 11 88 - 0

FI 27 5 90 + 1

SE 21 7 90 - 1

UK 18 28 90 + 2

IS 21 12 89 - 1

NO 20 12 90 - 1

Dif 2016-

2014

Legenda:

Desempenho elevado

(entre os 25 % melhores resultados

Desempenho médio a elevado(50-75 % dos resultados)

Desempenho médio a fraco(25-50 % dos resultados)Desempenho insuficiente(entre os 25 % piores

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62

Figura 39: Tipo de queixas dos consumidores recebidas de consumidores no próprio país do

retalhista,

UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Que

tipo de queixas recebeu a sua empresa provenientes de consumidores localizados no [seu país] nos últimos 12 meses?

Tratou-se de queixas sobre ... (é possível indicar várias respostas) base: retalhistas que receberam queixas de consumidores

no seu próprio país (N = 3 923).

As queixas apresentadas por consumidores situados num país diferente do retalhista mostram

um padrão semelhante. Os retalhistas tendem a receber mais queixas sobre o próprio produto

(62,4 %), seguidas das relativas a atrasos na entrega ou não entrega (27,2 %), encargos

adicionais (21,6 %), condições contratuais (16,9 %), soluções oferecidas (16,0 %) e segurança

dos produtos (12,0 %).

No entanto, desde 2014, a percentagem de empresas que recebem queixas de consumidores

que residem num país diferente no que se refere à segurança dos produtos aumentou 5,4

pontos percentuais.

Page 65: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

63

Figura 40: Tipo de queixas dos consumidores recebidas de consumidores de outros países da UE,

UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Que

tipo de queixas recebeu a sua empresa provenientes de consumidores localizados noutros países da UE nos últimos

12 meses? Tratou-se de queixas sobre ... (é possível indicar várias respostas) base: retalhistas que receberam queixas de

consumidores de outros países da UE (N = 560).

As queixas relativas a compras transfronteiriças recebidas pelos Centros Europeus do

Consumidor dizem respeito sobretudo ao comércio eletrónico

Os dados sobre as queixas dos consumidores recolhidos nos Centros Europeus do

Consumidor (CEC)49 mostram que três quartos das queixas recebidas pelos CEC em 2016

diziam respeito a compras em linha. Esta percentagem tem vindo a aumentar continuamente

desde que a rede foi criada (situava-se em 56 % em 2009), refletindo o crescimento constante

do comércio eletrónico transfronteiriço entre empresas e consumidores.

49 Os Centros Europeus do Consumidor (CEC) foram criados em 2009 para informar os consumidores sobre os

seus direitos quando fazem compras noutros Estados-Membros na UE, bem como na Islândia e na Noruega,

e para os ajudar na apresentação de queixas. OS CEC visam resolver os litígios com os comerciantes de

forma amigável, mas também informar e orientar os consumidores para outros canais, nomeadamente, se for

caso disso, os procedimentos de resolução alternativa de litígios. As queixas recebidas nos CEC

proporcionam informações importantes sobre os principais problemas experimentados pelos consumidores

ao comprar noutro país da UE, na Islândia e na Noruega.

Page 66: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

64

Figura 41: Queixas sobre compras transfronteiriças recebidas nos CEC, por método de venda,

(UE-28, mais Islândia e Noruega), 2009-2016

Fonte: Rede de CEC

Medição dos prejuízos causados aos consumidores uma nova metodologia

Em maio de 2017, a Comissão Europeia publicou um estudo intitulado «Measuring consumer

detriment in the European Union» (Medição dos prejuízos causados aos consumidores na

União Europeia)50, que estabelece uma metodologia sólida de avaliação dos prejuízos

causados aos consumidores como parte dos estudos de mercado aprofundados da Comissão.

Foram consideradas diferentes dimensões dos prejuízos causados ao consumidor, como os

prejuízos financeiros, a perda de tempo e os danos psicológicos.

A metodologia está concebida para medir separadamente os prejuízos financeiros antes e

depois da reparação. Essa possibilidade é útil do ponto de vista estratégico e pressupõe a

recolha de informações circunstanciadas adicionais dos consumidores sobre a reparação

obtida.

A metodologia:

• Baseia-se nas experiências de metodologias e avaliações anteriores;

• Foi amplamente testada, reajustada e validada;

• Pode ser aplicada de forma consistente numa variedade de mercados e adaptada a

mercados específicos;

• Mede e quantifica a incidência e a magnitude dos prejuízos, tendo em consideração os

prejuízos financeiros e não financeiros, como a perda de tempo e os danos

psicológicos, tanto antes como a depois da reparação; e

50 http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/consumer-detriment/index_en.htm

Page 67: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

65

• Inclui abordagens sólidas e testadas pelos resultados de investigação em processo de

triangulação com outras fontes de dados e extrapolando estimativas de prejuízo ao

nível da UE-28.

Com base no trabalho realizado no âmbito deste estudo, foi elaborado um documento de

orientação operacional circunstanciado e passo a passo, a fim de proporcionar orientações

para a avaliação dos prejuízos causados ao consumidor individual nos mercados de consumo

de toda a UE51.

3.3.5. Conhecimento, utilização e promoção de mecanismos de resolução alternativa de

litígios (RAL)

A adoção pelo retalhista da resolução alternativa de litígios continua moderada

Os órgãos extrajudiciais podem ajudar os consumidores e os comerciantes a resolver os seus

litígios relacionados com as compras efetuadas em linha ou fora de linha. Esses mecanismos

ou procedimentos de resolução alternativa de litígios e os organismos que os oferecem variam

entre os países, contudo, geralmente, oferecem um meio de resolução de litígios fácil,

relativamente célere e a um custo razoável.

No Painel de Avaliação, os retalhistas são questionados sobre o conhecimento que têm dos

organismos de resolução alternativa de litígios e se optam por essa via para dirimir litígios

com consumidores no seu próprio país.

Os resultados de 2016 mostram que mais de metade de todos os retalhistas (55,2 %) estão

cientes da existência de RAL. No entanto, apenas um terço declara estar disposto a resolver

litígios através desses procedimentos (31,8 %) e 15,0 % afirmam não existir qualquer

mecanismo de RAL no seu setor. Por último, 8,4 % declaram explicitamente não estar

dispostos a utilizar a RAL.

Em geral, o conhecimento sobre a RAL é comparável ao registado em 2014, e a participação

nos procedimentos de RAL aumentou apenas modestamente, em 1,6 pontos percentuais,

apesar da implementação de um novo quadro regulamentar52 sobre a resolução alternativa de

litígios na UE. Ainda existe uma margem substancial para aumentar a adoção da resolução

alternativa de litígios entre os retalhistas.

51

http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/docs/consumer_detriment_study_final_re

port_part_2_guidance_en.pdf

52 Diretiva 2013/11/UE sobre a resolução alternativa de litígios de consumo, JO L 165. 18.6.2013

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66

Figura 42: Conhecimento e utilização pelos retalhistas dos mecanismos de RAL, UE-28, 2016 (e

diferença face a 2014)53

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Tem

conhecimento de algum organismo de resolução alternativa de litígios para tratar litígios com consumidores (NO SEU

PAÍS)? Base: todos os inquiridos (n=10 437). Os valores nos quadrados indicam a diferença face à edição anterior dos

inquéritos

O conhecimento dos mecanismos de RAL varia entre os países. Os retalhistas nos países da

UE-13 tendem a ter maiores conhecimentos sobre a resolução alternativa de litígios (57,4 %)

em comparação com os retalhistas nos países da UE-15 (54,8 %). Em toda a UE, as empresas

baseadas na região setentrional tendem a ser as que, simultaneamente, têm mais conhecimento

dos mecanismos extrajudiciais para a resolução dos litígios com consumidores e se mostram

mais dispostas a utilizá-los. Na região oriental existe maior conhecimento mas menos

disposição para recorrer a estes mecanismos.

Em 22 dos países abrangidos pelo inquérito, uma clara maioria dos retalhistas indica ter

conhecimento de mecanismos alternativos de resolução de litígios, situando-se as maiores

percentagens de retalhistas em Malta (71,5 %), Países Baixos (69,1 %) e Hungria (69 %). No

extremo oposto da escala, apenas cerca de um terço dos retalhistas em Chipre (30,6 %), Itália

(37,5 %), bem como na Islândia, que não pertencente à UE (28,7 %), têm conhecimento de

organismos extrajudiciais.

O conhecimento comunicado aumentou mais entre os retalhistas em Portugal (+15,9). Os

retalhistas em Portugal referem igualmente o aumento mais acentuado na disposição para

recorrer a estes mecanismos (+21,6).

Curiosamente, nem sempre existe uma correlação positiva entre o conhecimento referido e a

vontade de recorrer a organismos de RAL. Por exemplo, na Suécia (onde os valores para

ambos os aspetos é de 67,2 %), em Malta (71,5 % e 62,3 %), em Portugal (62,8 % e 52,2 %) e

53 As diferenças em relação a 2014 são mostradas nas caixas.

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67

na Noruega (51,1 % e 40,1 %), existe elevado conhecimento e vontade de recorrer a RAL.

Porém, na Letónia, 61,7 % dos retalhistas referem conhecer os RAL, mas poucos (16,2 %)

mostram interesse em resolver os litígios com consumidores dessa forma. Pode ser observado

um padrão semelhante na República Checa, Polónia, Croácia, Eslováquia e Estónia.

Figura 43: Conhecimento e disponibilidade dos retalhistas para recorrer a mecanismos de RAL,

2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Tem

conhecimento de algum organismo de resolução alternativa de litígios para tratar litígios com consumidores (NO SEU

PAÍS)? base: todos os inquiridos (n=10 437).

O Painel de Avaliação da Justiça na UE de 201754, publicado pela Comissão, contém dados

sobre as atividades do setor público dos Estados-Membros destinadas a promover e incentivar

o recurso a procedimentos de RAL, como informações fornecidas através de sítios Web ou

campanhas de sensibilização. O indicador agregado do Painel de Avaliação da Justiça

apresentado na figura 44 tem por base 12 sub-indicadores55.

54 http://ec.europa.eu/justice/effective-justice/scoreboard/index_en.htm

55 Dados agregados fornecidos com base em vários indicadores: 1) Sítios Web que fornecem informações sobre a

RAL; 2) Campanhas de publicidade nos meios de comunicação social; 3) Brochuras destinadas ao público

em geral; 4) Sessões de informação específicas sobre RAL disponibilizadas a pedido pelos tribunais; 5)

Coordenação de mediação/RAL nos tribunais; 6) Publicação de avaliações sobre o recurso à RAL; 7)

Publicação de estatísticas sobre o recurso à RAL; 8) O apoio judiciário cobre (parcial ou totalmente) os

custos da RAL; 9) Reembolso total ou parcial das custas judiciais, incluindo o imposto de selo, se a RAL

tiver êxito; 10) Não é necessário advogado nos procedimentos de RAL; 11) O juiz pode atuar como

mediador; 12) Outros. Por cada instrumento de incentivo é atribuído um ponto.

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68

Figura 44: Promoção do recurso à RAL e incentivos à sua utilização nos litígios de consumo,

2016 (número de medidas)

Fonte: Com base nos dados apresentados no Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2017.

3.3.6. Duração dos processos judiciais

Os tribunais desempenham igualmente um papel na aplicação do direito do consumidor, pois

asseguram que as empresas não obtenham vantagens injustas por não respeitarem a legislação

e que o consumidor possa exercer os seus direitos. Em função do sistema de justiça nacional

vigente e das tradições jurídicas, os tribunais intervêm em diferentes momentos, por exemplo,

nas decisões sobre as queixas que lhes são diretamente apresentadas ou sobre os recursos

relativos a decisões tomadas pelas autoridades nacionais com vista a fazer cumprir o direito

do consumidor. A duração desses processos judiciais pode ser um indicador da eficiência do

sistema.

Error! Reference source not found. apresenta a duração dos processos (expressa em dias) n

ecessária para a resolução de um caso num tribunal de primeira instância para processos

contenciosos em matéria civil e comercial56. Os dados relativos à primeira instância são

utilizados para uma comparação mais fácil, uma vez que a diferença nos procedimentos de

recurso pode ter um impacto importante na duração do processo.

Error! Reference source not found. apresenta dados sobre o prazo necessário para resolver o

s recursos relacionados com decisões das autoridades de proteção dos consumidores57.

A duração dos processos constitui um indicador normalizado definido pela Comissão para a Eficácia da Justiça

na Europa (CEPEJ) do Conselho da Europa

http://www.coe.int/t/dghl/cooperation/cepej/evaluation/default_en.asp

57 Na Bélgica, Áustria, Finlândia, Suécia e Reino Unido, certas autoridades administrativas de defesa do

consumidor não estão habilitadas a adotar decisões declarativas de infrações das normas de consumo

relevantes, não sendo o cenário apresentado na figura 46 considerado aplicável.

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69

Figura 45: Prazo necessário para resolver processos contenciosos em matéria civil e comercial,

primeira instância/em dias, 2010-201558

Fonte: Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2017

Figura 46: Prazo necessário para resolver recursos de decisões das autoridades de proteção dos

consumidores (em dias)

Fonte: Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2017

58 Os processos contenciosos em matéria civil (e comercial) dizem respeito a litígios entre partes, relativos, por

exemplo, a

contratos, de acordo com a metodologia da CEPEJ. Em contrapartida, os processos não contenciosos em

matéria civil (e

comercial) dizem respeito a processos sem contraditório, como, por exemplo, ordens de pagamento não

contestadas. Os processos comerciais são dirimidos por tribunais comerciais especiais, em alguns países, e

por tribunais comuns (cíveis), noutros.

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70

3.4. O Índice das Condições de Consumo em toda a Europa

Após a análise detalhada dos diferentes indicadores que contribuem para a avaliação, no

quadro do Painel de Avaliação, das condições de consumo em toda a Europa, esta secção

apresenta uma panorâmica geral da situação com base no indicador composto que engloba

esses aspetos, o Índice das Condição de Consumo (ICC)59. Analisa igualmente a relação entre

as condições de consumo e outros indicadores a nível nacional.

3.4.1. Índice das Condições de Consumo

Em 2016, o ICC médio relativo à UE-28 situou-se em 64,9, com uma diferença de 17,4

pontos entre os países com melhor e pior desempenho. A diferença mais pequena verifica-se

no indicador «Problemas e Queixas» (9.3). As diferenças maiores referem-se à participação

dos retalhistas nos mecanismos de RAL (55,0).

59 Para mais informações sobre os diferentes indicadores nos quais o ICC se baseia, ver Anexo 6.2. O intervalo

teórico do ICC é de 0 a 100.

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71

Quadro 3: Índice das Condições de Consumo (ICC), UE-28 (2016): em geral e desagregado por

pilar e indicador

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

Em comparação com os resultados de 2014, pode observar-se uma clara melhoria (+2,9) no

ICC a nível da UE, impulsionada pelos aumentos mais significativos registados em França

(+6,6 pontos), Reino Unido (+5,7), Irlanda (+5,7), Portugal (+4,7) e Eslovénia (+3,9) que

compensam claramente um agravamento relativo das condições de consumo na Estónia (-0,9),

Bélgica (-0,8), Dinamarca (-0,7), Finlândia (-0,5), Países Baixos (-0,3) e Eslováquia (-0,1). O

ICC diminuiu também na Islândia e na Noruega (-0,5 e -1,8, respetivamente).

Entre os países com condições de consumo favoráveis contam-se a Suécia (70,7), a Irlanda

(70,2), o Reino Unido (70,1), a Áustria (69,4) e o Luxemburgo (69,1), sendo a situação menos

positiva para os consumidores na Bulgária (53,3), Croácia (54,4), Grécia (55,1), Chipre (56,6)

e Lituânia (56,8), todos abaixo da média da UE-28.

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72

Curiosamente, o ICC médio por país apresenta uma correlação negativa com a sua dispersão60

(-0,71), indicando que, nos países onde as condições de consumo estão acima da média, essas

condições se aplicam de forma mais uniforme a todos os consumidores.

Figura 47: Indicador geral do Índice das Condições de Consumo , 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores, Índice de Condições de Consumo.

Uma análise mais circunstanciada da distribuição das variáveis abrangidas pelo ICC fornece

uma visão mais aprofundada sobre:

A variabilidade dentro de cada país dos indicadores em que o ICC se baseia

As diferenças entre ambientes de consumo nos diferentes países

60 A dispersão é calculada como o desvio padrão do ICC relativamente a todos os consumidores inquiridos no

país.

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73

Essa situação é ilustrada num diagrama de caixa61 (Figura 48). No diagrama de caixa, os

diferentes indicadores são expressos como um rácio do indicador ao nível da UE-2862. Pode

observar-se o seguinte:

Na Alemanha, Irlanda, França, Luxemburgo, Áustria e Reino Unido, pelo menos três

quartos dos indicadores utilizados para calcular o ICC apresentam valores acima da

média da UE.

Com poucas exceções (por exemplo, os Países Baixos), os países que revelam uma

situação acima da média da UE tendem a ter menos variações entre os indicadores.

O contrário é válido para a Bulgária, República Checa, Grécia, Espanha, Croácia,

Chipre, Lituânia, Polónia, Eslovénia e Eslováquia, onde pelo menos três quartos dos

indicadores do ICC estão abaixo da média da UE.

Embora a mediana dos indicadores do ICC por país tenda a ter uma correlação

negativa com a amplitude interquartis, o que significa que os países com um melhor

desempenho global também tendem a mostrar menor variabilidade em todos os

indicadores, existem casos em que as duas medidas parecem ser independentes. Por

exemplo, embora os Países Baixos e a Finlândia apresentem um valor médio

semelhante, a amplitude interquartis63 é quase três vezes maior no caso dos Países

Baixos do que no da Finlândia. Também não existem países em que todos os

indicadores estejam acima da média da UE.

As amplas variações de desempenho verificadas em diferentes indicadores no mesmo

país apontam para a existência de uma margem significativa de melhoria, caso se

incida nos domínios com baixo desempenho. O facto de a maioria dos países, mesmo

aqueles com pontuações médias mais baixas, ainda superar, em indicadores

selecionados, muitos outros países, sugere que existe uma margem significativa para a

aprendizagem mútua e o intercâmbio de melhores práticas.

61 No diagrama de caixa, a linha escura no meio da caixa representa a mediana. O fundo da caixa indica o

percentil 25 e o topo da caixa o percentil 75. As barras em T que se estendem a partir das caixas são

chamadas barreiras interiores ou bigodes. Estes estendem-se a 1,5 vezes a altura da caixa ou, se nenhum

caso/linha tiver um valor nesse intervalo, aos valores mínimos ou máximos. Os círculos são valores

exteriores, valores que não se inscrevem nas barreiras interiores. Os valores exteriores são valores extremos.

As estrelas são os valores exteriores extremos. Estes representam casos/linhas com valores superiores a três

vezes a altura das caixas. Na figura 48, alguns dos valores exteriores não são mostrados para evitar a

distorção da caixa.

62 Quando o rácio é superior a 1 (inferior a 1), significa que o valor desse indicador é maior (menor) no país do

que na UE.

63 A amplitude interquartis é a diferença entre o percentil 25 e 75.

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74

Figura 48: Diagrama de caixa sobre os (37) indicadores de base do ICC, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

3.4.2. O Índice de Condições de Consumo em relação a outros indicadores

Existem cada vez mais provas de que as condições de consumo influenciam o ambiente

económico e social, tal como salientado em Painéis de Avaliação anteriores.

Pode ser difícil de estabelecer um nexo de causalidade direta, mas existem elementos que

indiciam que a proteção dos consumidores por direitos consagrados e um ambiente em que

esses direitos são respeitados (inclusive através de uma aplicação efetiva) são igualmente

positivos para o ambiente económico. Nessas circunstâncias, os consumidores tendem a levar

as empresas a esforçar-se para melhorar a qualidade e a inovação, o que, por sua vez, pode ser

um motor do crescimento económico. As figuras abaixo mostram a correlação entre o ICC e

vários indicadores sociais, económicos e de governação por país.

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75

Figura 49: Índice das Condições de Consumo (2016) e rendimento bruto ajustado disponível per

capita em paridade de poder de compra (PPC) (2014)64, UE-28=100.

Fonte: Eurostat, para o rendimento bruto ajustado disponível em PPC (dados não disponíveis para o Luxemburgo e Malta).

O ICC está fortemente correlacionado com o Rendimento Bruto Ajustado Disponível per

capita (0,79), que constitui um indicador da capacidade de consumo nos diferentes Estados-

Membros.

Em contrapartida, como demonstrado na figura 50, pode observar-se uma forte correlação

negativa entre o ICC e a Taxa de Privação Material (-0,76), que mede a percentagem da

população que não é capaz de comprar alguns produtos básicos considerados pela maioria das

pessoas como desejáveis ou mesmo necessários para levar uma vida digna.

Tendo em conta estas correlações, parece provável que exista um efeito circular no nexo

causal, uma vez que, por um lado, um bom ambiente de consumo atua como motor para o

bem-estar económico, mas, por outro lado, a privação material afeta negativamente o poder

dos consumidores, ou seja, a sua capacidade de exercer os seus direitos enquanto

consumidores, bem como a sua atitude geral em relação ao consumo.

64 O indicador mede os rendimentos dos agregados familiares disponíveis para efeitos de poupança e despesa

ajustados em função dos serviços públicos gratuitos (como a saúde e a educação) e é expresso em paridade

de poder de compra (PPC) para ter em conta as diferenças no nível de preços entre os Estados-Membros.

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76

Figura 50: Índice das Condições de Consumo (2016) e Taxa de privação Material65 (2015)

Fonte: Eurostat, para a Taxa de privação Material.

O ICC também está correlacionado negativamente (-0.50) com o índice de Gini, que mede a

distribuição dos rendimentos dentro de um país. A correlação negativa aponta para que em

países com condições de consumo inferiores à média, o rendimento se encontre mais

concentrado. No entanto, cumpre notar que a correlação é menos notória do que a que pode

ser observada noutros indicadores económicos, como mostra a figura 5166.

65 O indicador mede a percentagem da população que não pode permitir-se, pelo menos, três dos seguintes

elementos: pagar o arrendamento, pagar a hipoteca ou serviços de utilidade pública; aquecer adequadamente

as suas casas, fazer face a despesas inesperadas; comer carne ou proteínas com regularidade; ir de férias; um

televisor; uma máquina de lavar; um veículo automóvel; um telefone.

66 Em muitos casos, países com níveis semelhantes de ICC apresentam diferenças marcantes no que respeita ao

índice de Gini.

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77

Figura 51: Índice das Condições de Consumo (2016) e Índice de Gini sobre o rendimento

disponível equivalente dos agregados familiares (2015)67

Fonte: Eurostat, para o índice de Gini.

Além disso, o ICC está altamente correlacionado (0,81) com o Índice de Competitividade

Global (ICG), o que corrobora a ideia de que a proteção dos consumidores é um motor da

competitividade e não um obstáculo à mesma Neste contexto, é interessante observar que dos

diferentes indicadores incluídos na «confiança» (0,8) e «cumprimento e aplicação» (0,73) do

ICC têm uma forte correlação com o ICG.

67 O Índice de Gini é definido como a relação entre as partes cumulativas da população, organizadas de acordo

com o nível de rendimento disponível equivalente, e a parte cumulativa do rendimento disponível total

equivalente por elas recebido. Um índice de Gini de zero expressa a igualdade perfeita, situação em que

todos os valores são iguais (por exemplo, quando todos têm o mesmo rendimento). Pelo contrário, um índice

de Gini de 100 expressa a máxima desigualdade entre valores (por exemplo, quando relativamente a um

elevado número de pessoas, uma pessoa é responsável por todos os rendimentos ou consumo, e as restantes

por nenhum, o coeficiente de Gini será quase um).

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78

Figura 52: Índice das Condições de Consumo (2016) e Índice de Competitividade Global68 (2016-

2017)

Fonte: Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial (https://www.weforum.org/reports/the-global-

competitiveness-report-2016-2017-1).

As condições de consumo também tendem a estar positivamente correlacionadas com a

capacidade de um país para inovar, como o mostra a elevada correlação (0,83) entre o ICC e o

Índice Europeu da Inovação (Figura 53).

68 O Índice de Competitividade Global é um indicador composto (baseado em 12 componentes) calculado com

base em 144 países.

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79

Figura 53: Índice das Condições de Consumo (2016) e Índice Europeu da Inovação 69 (2015)

Fonte: Painel de Avaliação Europeu da Inovação de 2016, para o Índice Europeu da Inovação

(http://ec.europa.eu/growth/industry/innovation/facts-figures/scoreboards_en).

Parece igualmente existir uma correlação positiva entre as condições de consumo e a

qualidade da governação. O ICC está altamente correlacionado com os Indicadores de

Governação do Banco Mundial, particularmente com os relacionados com a Voz e

Responsabilização (0,78) e o Estado de Direito (0,84), o que aponta fortemente para que a

qualidade da regulamentação e sua aplicação num país afetem as condições de consumo.

69 O Índice Europeu da Inovação é um indicador composto relativo ao desempenho médio dos Estados-Membros

da UE em matéria de inovação.

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80

Figura 54: Índice das Condições de Consumo (2016) e indicador «Voz e Responsabilização»

(2015)

Fonte: Indicadores de governação do Banco Mundial, Banco Mundial 2015, para o Indicador «Voz e Responsabilização»

(http://databank.worldbank.org/data/reports.aspx?source=worldwide-governance-indicators#).

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81

Figura 55: Índice das Condições de Consumo (2016) e indicador «Estado de Direito» (2015)

Fonte: Indicadores de governação do Banco Mundial, Banco Mundial 2015, para o Indicador «Estado de Direito»

(http://databank.worldbank.org/data/reports.aspx?source=worldwide-governance-indicators#).

Por último, está comprovado que os países com um ambiente de consumo favorável

apresentam igualmente resultados mais positivos no que respeita à integridade pública, como

o demonstra a elevada correlação entre o ICC e o Índice de Integridade Pública. Os

componentes do ICC que mais fortemente se correlacionam com este indicador de integridade

são a «confiança» e o «cumprimento e aplicação» (0,75 e 0,79, respetivamente)

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82

Figura 56: Índice das Condições de Consumo (2016) e Índice de Integridade Pública 70 (2016)

Fonte: European Research Centre for Anti-Corruption and State-Building for Public Integrity Index (Índice de Integridade

Pública do Centro Europeu de Luta contra a Corrupção e de Consolidação do Estado)

http://integrity-index.org/.

A correlação significativa entre o ICC e o Índice de Perceção da Corrupção71 (0,81) reforça

ainda mais a hipótese de que uma melhor governação conduz a melhores condições de

consumo.

70 O Índice de Integridade Pública avalia a capacidade de uma sociedade para controlar a corrupção e garantir

que os recursos públicos sejam gastos sem práticas de corrupção.

71 O índice perceção da corrupção é um indicador baseado na perceção que permite avaliar o nível de corrupção

em diferentes países. Fonte: Transparency International. http://www.transparency.org/cpi2015#downloads

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83

4. FATORES DETERMINANTES DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO

O Painel de Avaliação das Condições de Consumo analisa, desde 2013, a correlação entre os

indicadores observados nos inquéritos e um conjunto de fatores sociodemográficos. Esta

secção apresenta os resultados de uma análise multivariada72, que calcula o efeito de cada

característica sociodemográfica individual sendo as demais características constantes. O

quadro 4 resume os resultados desta análise73.

A correlação mais evidente é a existente entre a vulnerabilidade percecionada e as

condições de consumo

Ao comparar as médias estimadas das diferentes variáveis dependentes, podem extrair-se as

seguintes conclusões:

Apesar de algumas diferenças, a vulnerabilidade afeta mais claramente as

condições de consumo independentemente do motivo por que o consumidor se

sente vulnerável (isto é, devido ao seu estatuto sociodemográfico ou à

complexidade da oferta/cláusulas e condições contratuais). Os consumidores que

se veem como vulneráveis têm menos confiança nas organizações, na segurança dos

72 A análise foi realizada com base nos microdados do Inquérito de 2016 sobre as «atitudes dos consumidores

perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores». Abrange os 28 Estados-Membros da

UE. Utilizou-se um modelo de regressão de Poisson para as seguintes variáveis dependentes: conhecimento

dos direitos dos consumidores, confiança nas organizações, confiança nas compras em linha, perceção dos

mecanismos de reparação, (não ocorrência de) exposição a práticas comerciais desleais, (não ocorrência de)

experiências de outras práticas comerciais ilícitas e competências numéricas. Utilizou-se um modelo de

regressão Logit para as restantes variáveis dependentes: Confiança na segurança dos produtos, confiança nas

alegações ambientais. O indicador composto sobre problemas e queixas foi, por seu turno, modelado por

meio de regressão linear (assumindo que a variável é numérica). Foi incluída em todos os modelos uma

variável de controlo quanto à região de residência das pessoas entrevistadas (regiões setentrional,

meridional, oriental e ocidental da UE).

73 O quadro mostra as probabilidades/pontuações estimadas previstas do modelo para cada uma das variáveis

dependentes de acordo com os diferentes valores da variável independente (estas estimativas não coincidem

necessariamente com as tabulações cruzadas simples, que não têm em consideração a interação com as

demais variáveis independentes). As médias no quadro são significativamente diferentes do ponto de vista

estatístico (ao nível de 5 %) entre duas categorias apenas quando o par de categorias não possui qualquer

letra em comum (ver a coluna adjacente à direita); caso contrário (se duas categorias partilharem uma letra),

a diferença não é estatisticamente significativa. Quando uma categoria é associada a um espaço em branco,

isso significa que é significativamente diferente do ponto de vista estatístico de todas as outras categorias.

As letras utilizadas na tabela não têm significado, pois são usadas apenas para comparar categorias. Por

exemplo, as pontuações estimadas para o conhecimento dos direitos dos consumidores são iguais a 0,51 no

caso dos homens e a 0,48 no das mulheres. Essa diferença é estatisticamente significativa (ambas as

categorias estão associadas a um espaço em branco) Ao invés, as probabilidades estimadas previstas para a

confiança na segurança dos produtos são iguais a 0,77 no caso das pessoas com baixo nível de instrução e a

0,79 no das pessoas com elevado nível de instrução (mas a diferença não é estatisticamente significativa,

pois as duas categorias partilham a letra «A». De igual modo, as probabilidades estimadas previstas para a

confiança nas alegações ambientais são iguais a 0,68 no caso das pessoas que utilizam a Internet diariamente

e a 0,67 no das pessoas que utilizam a Internet semanalmente (mas a diferença não é estatisticamente

significativa, pois as duas categorias partilham a letra «C». Dado que as probabilidades/pontuações previstas

estimadas são normalizadas (com um intervalo de 0 a 1), podem ser comparadas entre as linhas e as colunas.

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produtos e nas alegações ambientais. Têm maior tendência para referir terem sido

confrontados com práticas comerciais desleais e problemas com compras em linha.

Além disso, quando a vulnerabilidade decorre de características sociodemográficas,

tanto o conhecimento dos direitos do consumidor como as competências numéricas

são menores em comparação com outros grupos. Da mesma forma, os consumidores

com problemas de vulnerabilidade relacionados com as suas condições

socioeconómicas apresentam pontuação mais baixa no que respeita ao indicador

«Problemas e Queixas».

Do mesmo modo, os problemas financeiros graves74 estão associados a níveis mais

baixos de confiança nas organizações, a uma menor confiança nas compras em

linha e na segurança dos produtos, bem como a competências numéricas inferiores.

Além disso, estes consumidores são um pouco mais suscetíveis de referir terem sido

confrontados com práticas comerciais desleais e problemas relacionados com

compras.

A utilização da Internet tem alguma influência nas condições de consumo, mesmo

que a correlação entre a frequência da utilização da Internet (diária, semanal,

mensalmente, etc.) e as diferentes variáveis analisadas nem sempre siga um padrão

linear claro. Como seria de esperar, existe uma correlação positiva muito estreita entre

a utilização da Internet e a confiança nas compras em linha. Os utilizadores da Internet

são ligeiramente mais propensos a referir a sua exposição a práticas comerciais

desleais e a problemas relacionados com compras, o que é um efeito plausível do

maior número de compras que efetuam (em linha).

Os consumidores com competências linguísticas mais desenvolvidas tendem a ser

mais circunspectos. Em geral, o conhecimento das línguas parece estar correlacionado

negativamente com a confiança (nas organizações, na segurança do produto e nas

alegações ambientais). Mesmo tendo em conta apenas os inquiridos cuja língua

materna é a língua nacional ou a língua regional falada na região onde vivem75, esse

efeito negativo do número de línguas faladas na confiança permanece válido. Além

disso, quanto maior o número de línguas faladas, maior é a probabilidade de os

consumidores denunciarem práticas comerciais desleais e problemas relacionados com

compras. Por outro lado, esses consumidores tendem a ter maiores competências

numéricas e um maior conhecimento dos seus direitos. Estão, possivelmente, mais

bem preparados e mais inclinados a defender os seus direitos como consumidores.

Os inquiridos cuja língua materna é diferente da(s) língua(s) oficia(is) na região

em que residem têm menos conhecimento dos direitos dos consumidores.

A influência das competências numéricas nas condições de consumo não é linear.

Contrariamente ao que seria de esperar, as pessoas com menos competências

74 Refere-se àqueles que declararam que a sua situação financeira é muito difícil.

75 Os inquiridos cuja língua materna não é a língua nacional ou regional oficial da região onde vivem são

excluídos.

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85

numéricas parecem ser mais conhecedoras dos seus direitos enquanto consumidores.

Em contrapartida, as competências numéricas elevadas estão associadas a uma maior

confiança nas compras em linha.

A confiança nas organizações e a confiança nas compras em linha aumentam com

o nível de instrução.. As pessoas com educação superior apresentam também maior

probabilidade de referir a exposição a práticas comerciais desleais.

A situação laboral tem alguma influência nas condições de consumo, mas em muito

menor grau do que pode ser observado relativamente a outros fatores

sociodemográficos. Os funcionários administrativos são mais conhecedores dos

direitos dos consumidores, enquanto os trabalhadores por conta própria têm mais

probabilidade de ter sido confrontados com práticas comerciais desleais e outros

problemas relacionados com compras. Os trabalhadores independentes também

mostram menos confiança nas organizações e na segurança dos produtos. Os

trabalhadores manuais e os reformados têm menos confiança nas compras em linha.

Os homens tendem a ter um melhor conhecimento dos seus direitos enquanto

consumidores e a ter mais confiança nas compras em linha, na segurança dos produtos

e nas alegações ambientais. Tendem igualmente a ter competências numéricas mais

elevadas. Por outro lado, as mulheres são menos propensas a comunicar problemas

relacionados com compras.

A área de residência (rural, pequena e grande cidade) tem um impacto limitado

nas condições de consumo, ainda que os consumidores que vivem em grandes cidades

refiram níveis de exposição um pouco maiores aos problemas relacionados com

compras. Os consumidores que vivem em zonas rurais tendem a ter menos confiança

na segurança dos produtos.

Por último, a confiança nas compras em linha diminui com a idade. Além disso,

as pessoas com mais de 55 anos apresentam níveis mais baixos de confiança nas

organizações e na segurança dos produtos, enquanto aquelas com idade

compreendidas entre os 18 e os 34 anos revelam maior tendência para confiar nas

alegações ambientais.

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Quadro 4: Probabilidades/pontuações estimadas previstas relacionadas com as condições de

consumo desagregadas por diferentes grupos sociodemográficos (2016)

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores (2016).

Nota: Os valores constantes do quadro representam as probabilidades/pontuações estimadas previstas dos modelos multivariados. As letras permitem a comparação das probabilidades/pontuações previstas dentro da mesma característica sociodemográfica. Os valores que

partilham uma letra não são significativamente diferentes ao nível de 5 %.

Idade

18-34 0,48 A 0,77 0,72 0,51 0,80 B 0,89 A 0,73 A 0,81 B 0,70 0,89 AB

35-54 0,50 B 0,74 0,68 0,49 B 0,78 A 0,90 AB 0,72 A 0,80 B 0,67 A 0,88 A

55-64 0,48 A 0,70 A 0,63 0,43 A 0,80 B 0,91 B 0,72 A 0,77 A 0,65 A 0,91 C

65+ 0,52 B 0,68 A 0,54 0,45 AB 0,80 AB 0,92 B 0,67 0,75 A 0,64 A 0,91 BC

Sexo

Feminino 0,48 0,73 A 0,65 0,46 0,80 A 0,92 0,70 0,78 0,66 0,90

Masculino 0,51 0,73 A 0,68 0,49 0,79 A 0,89 0,73 0,80 0,68 0,89

Nível de educação

Baixo (ISCED 0-2) 0,49 A 0,70 0,57 0,46 AB 0,81 A 0,91 AB 0,70 A 0,77 A 0,65 A 0,91 A

Médio (ISCED 3-4) 0,49 A 0,73 0,66 0,49 B 0,80 A 0,91 B 0,71 A 0,79 A 0,68 0,90 A

Elevado (ISCED 5-8) 0,50 A 0,75 0,70 0,46 A 0,78 0,89 A 0,72 A 0,79 A 0,66 A 0,88

Situação Laboral

Contra própria 0,48 B 0,69 A 0,67 B 0,47 B 0,74 0,88 A 0,76 B 0,75 A 0,65 AB 0,90 AB

Funcionário administrativo 0,51 0,73 B 0,68 B 0,51 C 0,80 A 0,90 B 0,70 A 0,81 C 0,70 C 0,89 A

Trabalhador manual 0,48 B 0,71 AB 0,61 A 0,47 B 0,80 A 0,90 AB 0,71 A 0,78 AB 0,63 AB 0,89 A

Estudante 0,44 A 0,78 C 0,70 B 0,47 ABC 0,82 A 0,92 BC 0,77 B 0,78 ABC 0,65 ABC 0,92 BC

Desempregado 0,48 AB 0,74 B 0,70 B 0,37 0,80 A 0,91 BC 0,73 AB 0,77 AB 0,64 AB 0,92 C

Candidato a emprego 0,47 AB 0,74 BC 0,67 B 0,43 AB 0,81 A 0,94 C 0,70 A 0,79 BC 0,61 A 0,93 C

Reformado 0,47 AB 0,74 BC 0,61 A 0,43 A 0,79 A 0,92 C 0,71 A 0,79 BC 0,66 BC 0,90 ABC

Utilização da Internet

Diária 0,47 A 0,74 C 0,71 0,48 B 0,78 A 0,90 A 0,73 C 0,79 B 0,68 C 0,90

Semanal 0,55 0,73 C 0,69 0,51 C 0,80 B 0,91 A 0,68 AB 0,80 B 0,67 BC 0,86 A

Mensal 0,63 B 0,61 A 0,51 A 0,47 BC 0,80 AB 0,89 A 0,72 BC 0,70 A 0,54 A 0,86 A

Quase nunca 0,59 B 0,67 AB 0,44 A 0,43 AB 0,82 B 0,92 A 0,68 ABC 0,75 AB 0,61 AB 0,86 A

Nunca 0,47 A 0,69 B 0,21 0,39 A 0,88 0,95 0,66 A 0,79 B 0,61 A 0,93

Zona de residência

Zona rural 0,49 A 0,74 B 0,66 A 0,49 A 0,80 A 0,91 A 0,71 A 0,77 0,67 A 0,91

Pequena cidade 0,50 A 0,72 A 0,66 A 0,48 A 0,79 A 0,91 A 0,71 A 0,79 A 0,66 A 0,88 A

Grande cidade 0,50 A 0,73 AB 0,67 A 0,46 0,79 A 0,89 0,72 A 0,80 A 0,68 A 0,90 A

Língua

Uma 0,49 A 0,74 0,67 A 0,49 0,82 0,91 B 0,69 0,80 0,70 0,89 AB

Duas 0,50 AB 0,72 A 0,67 A 0,47 A 0,77 0,91 B 0,74 0,78 A 0,65 0,90 B

Três 0,50 AB 0,70 A 0,64 0,44 A 0,74 0,88 A 0,76 A 0,77 A 0,59 A 0,89 AB

Quatro ou mais 0,52 B 0,66 0,67 A 0,37 0,70 0,87 A 0,78 A 0,74 0,56 A 0,87 A

Dificuldades_Financeiras

Muitas dificuldades 0,47 A 0,66 0,56 0,45 AB 0,78 A 0,87 0,66 0,76 A 0,63 A 0,87 A

Bastantes dificuldades 0,48 A 0,72 A 0,66 A 0,48 AB 0,78 A 0,90 A 0,71 A 0,78 A 0,67 AB 0,90 B

Razoáveis facil idades 0,50 B 0,74 0,68 B 0,48 B 0,80 B 0,91 B 0,71 A 0,80 B 0,68 B 0,91 B

Grandes facil idades 0,50 AB 0,71 A 0,67 AB 0,45 A 0,80 B 0,91 AB 0,76 0,81 B 0,64 A 0,85 A

Competências numéricas

Elevadas 0,49 A 0,73 A 0,68 0,43 0,79 A 0,91 A 0,79 A 0,65 0,89

Médias 0,48 A 0,75 0,65 A 0,54 A 0,80 A 0,90 A 0,78 A 0,69 A 0,91

Insuficientes 0,52 0,71 A 0,64 A 0,54 A 0,79 A 0,90 A 0,79 A 0,69 A 0,86

Vulnerabilidade sociodemo

Grande vulnerabilidade 0,48 A 0,66 0,60 A 0,48 A 0,71 0,83 0,67 0,76 A 0,63 A 0,85 A

Alguma vulnerabilidade 0,46 A 0,69 0,61 A 0,49 A 0,76 0,87 0,70 0,77 A 0,62 A 0,85 A

Nenhuma vulnerabilidade 0,50 0,75 0,69 0,47 A 0,81 0,93 0,72 0,81 0,69 0,92

Complexidade da vulnerabilidade

Grande vulnerabilidade 0,49 A 0,67 0,59 A 0,41 A 0,71 A 0,84 0,70 A 0,75 A 0,61 A 0,89 AB

Alguma vulnerabilidade 0,49 A 0,72 A 0,62 A 0,44 A 0,73 A 0,88 0,72 A 0,78 A 0,64 A 0,87 A

Nenhuma vulnerabilidade 0,49 A 0,74 A 0,68 0,48 0,81 0,92 0,71 A 0,80 0,68 0,90 B

Língua materna

Língua nacional ou regional 0,49 0,73 A 0,66 A 0,48 A 0,79 A 0,91 A 0,72 A 0,79 A 0,67 A 0,90 A

Outra l íngua 0,44 0,72 A 0,70 A 0,46 A 0,79 A 0,90 A 0,67 A 0,76 A 0,64 A 0,89 A

Competências

numéricas

Confiança na

segurança dos

produtos

Confiança nas

alegações

ambientais

Indicador

«Problemas e

Queixas»

Conhecimento

dos direitos do

consumidor

Confiança nas

organizações

Confiança nas

compras em linha

Confiança nos

mecanismos de

reparação

Sem exposição a

PCD

Sem experiência

de outras

práticas ilícitas

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Praticamente um terço dos consumidores da UE sentem-se vulneráveis, principalmente por

questões relacionadas com a respetiva situação financeira e laboral

Os consumidores sentem-se sobretudo vulneráveis por razões relacionadas com a sua situação

sociodemográfica (31,7 %), como a idade, a situação laboral ou problemas de saúde. Os

aspetos que determinam as condições económicas dos consumidores, como as circunstâncias

financeiras precárias (19,4 %) e a situação atual no emprego (14,5 %), são particularmente

relevantes nesse contexto. A complexidade das ofertas/termos e condições contratuais induz

igualmente uma perceção de vulnerabilidade (21,3 %).

Registou-se um padrão semelhante num estudo sobre a vulnerabilidade do consumidor76

encomendado pela Comissão com vista a analisar o âmbito e os fatores determinantes da

vulnerabilidade dos consumidores na UE. O estudo em grande escala centrou-se numa série

de mercados-chave e abrangeu os 28 Estados-Membros, a Noruega e a Islândia.

Figura 57: Inquiridos que se sentem vulneráveis na qualidade de consumidores por diversas

razões (% dos consumidores), UE-28, 201677

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

(2016).

76 http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/vulnerability/index_en.htm

77 «As seguintes afirmações prendem-se com as desvantagens que os consumidores podem ter na sua relação

com os retalhistas. Em que medida se aplicam a si pessoalmente? Sente-se vulnerável ou desfavorecido ao

escolher e comprar bens ou serviços ...» É possível indicar várias respostas.

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A percentagem da vulnerabilidade autoavaliada relacionada com características

sociodemográficas é maior na região oriental da UE, onde 55 % dos consumidores se

consideram vulneráveis. Trata-se de valores ligeiramente acima da percentagem verificada na

região meridional (49,5 %) e bem acima do que é referido na região setentrional (31,3 %) e na

região ocidental (12,7 %).

Figura 58: Pessoas que se sentem vulneráveis na qualidade de consumidores por um ou mais

fatores sociodemográficos, por área geográfica (% de consumidores), 2016

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

(2016).

Foram feitas análises suplementares a fim de perceber melhor a relação entre as condições de

consumo e a vulnerabilidade autoavaliada dos consumidores e de que forma essa relação

difere de uma região para a outra da UE. Concluíram que a correlação entre as condições de

consumo e a vulnerabilidade autoavaliada tende a ser mais acentuada em regiões onde a

vulnerabilidade é menos prevalente. Isto significa que, nos países ocidentais (especialmente) e

setentrionais da UE, os consumidores que se veem como vulneráveis têm maior tendência

para enfrentar condições de consumo inferiores (em comparação com a população em geral)

do que nos países meridionais e orientais da Europa. Os resultados da análise multivariada

realizada por área geográfica mostram que a diferença nos valores relativos às condições de

consumo entre as categorias de consumidores (auto declaradas) muito vulneráveis e não

vulneráveis nas regiões ocidental e setentrional da UE é, respetivamente, três vezes maior e

aproximadamente duas vezes maior do que as diferenças observadas entre as duas categorias

nas regiões oriental e meridional.

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Quadro 5: Efeito marginal estimado dos modelos multivariados (nenhuma vulnerabilidade -

grande vulnerabilidade), 201678.

Condições de consumo LESTE OESTE SUL NORTE

Conhecimento dos direitos dos consumidores 0,033 0,000 0,000 0,092

Confiança nas organizações 0,057 0,132 0,064 0,000

Confiança nas compras em linha 0,035 0,091 0,000 0,118

Confiança nos mecanismos de reparação 0,000 0,079 0,000 0,000

Sem exposição a práticas comerciais desleais 0,058 0,211 0,069 0,057

Sem experiência de outras práticas ilícitas 0,063 0,196 0,078 0,056

Competências numéricas 0,043 0,084 0,000 0,081

Confiança na segurança dos produtos 0,000 0,081 0,058 0,000

Confiança nas alegações ambientais 0,000 0,116 0,000 0,108

Indicador «problemas e queixas» 0,039 0,108 0,000 0,038

Média 0,033 0,114 0,027 0,059

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

(2016).

Uma outra forma de analisar os possíveis determinantes da vulnerabilidade do consumidor é

realizar uma análise multivariada entre a vulnerabilidade autoavaliada79 e as características

sociodemográficas das pessoas entrevistadas. Os resultados da regressão de logit80 tendem a

confirmar o que os consumidores declararam nos inquéritos:

o status financeiro dos consumidores é o fator que maior correlação apresenta com a

tendência para o sentimento de vulnerabilidade na qualidade de consumidores;

as pessoas com uma língua materna diferente das línguas oficiais faladas no

país/região de residência referem um maior nível de vulnerabilidade;

os funcionários administrativos (incluindo os gerentes) estão menos expostos à

vulnerabilidade do consumidor, enquanto os candidatos a emprego estão mais

expostos;

o género e o nível de educação apresentam uma correlação moderada com a

vulnerabilidade do consumidor: os homens tendem a se sentir menos vulneráveis do

que as mulheres, e aqueles com um elevado nível de educação são menos propensos a

sentir-se vulneráveis do que os com baixo nível de educação;

os consumidores das zonas rurais tendem a sentir-se mais vulneráveis, sendo que não

existe não um padrão claro relacionado com as faixas etárias.

78 O efeito marginal estimado foi considerado igual a 0 quando não é estatisticamente significativo ao nível de

5 %.

79 A variável dependente na regressão é uma variável binária que toma o valor de 1 se a pessoa declarou sentir-se

vulnerável na qualidade de consumidor devido a um ou mais fatores sociodemográficos (em grande parte ou

até certo ponto) e 0 se não for esse o caso.

80 Os resultados da regressão de logit encontram-se disponíveis no Anexo 6.3.

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90

5. OS CONSUMIDORES NO MERCADO ÚNICO DIGITAL

Esta secção do Painel de Avaliação proporciona informação sobre as experiências, perceções

e comportamentos dos consumidores e das empresas no Mercado Único Digital (MUD) da

Europa. A conclusões enunciadas em pormenor em seguida , apontam para uma

tendência divergente entre os lados procura e da oferta do MUD.

Por um lado, a adoção do comércio eletrónico pelos consumidores, nacionais e

transfronteiriços, continua a crescer rapidamente. A sua experiência também regista

progressos, sendo menos os consumidores que referem problemas de entrega nas compras que

efetuam em linha. Mais notório ainda, regista-se um aumento muito acentuado na confiança

do consumidor, o que constitui um bom augúrio para o desenvolvimento de um mercado

europeu integrado de comércio eletrónico.

Em contrapartida, o lado da oferta não parece seguir a mesma tendência. A adesão das

empresas ao comércio eletrónico permanece baixa (com a notável exceção de certos setores,

como os serviços de alojamento) e tem aumentado apenas marginalmente, diminuindo mesmo

em vários países. Os retalhistas expressam preocupações persistentes com as vendas em linha

e continuam relutantes em vender a consumidores de outros países da UE.

Quando a Comissão estabeleceu a sua estratégia para o MUD81, identificou uma série de

barreiras regulamentares e do lado da oferta que será necessário eliminar, mas também

obstáculos do lado da procura, como a falta de confiança dos consumidores nas compras em

linha a vendedores de outros países da UE. O presente Painel de Avaliação aponta para que a

situação esteja a mudar no que respeita aos consumidores, sendo que atualmente parecem

estar consideravelmente mais «bem preparados para o MUD» do que as empresas, tanto em

termos de confiança no comércio eletrónico (em particular transfronteiriço) como em termos

de comportamento em concreto.

5.1. O comércio eletrónico na UE do ponto de vista do consumidor

5.1.1. Confiança nas compras em linha a nível nacional e transfronteiriço

Aumento considerável da confiança do consumidor nas compras em linha

A confiança dos consumidores no comércio eletrónico é um dos principais fatores para o

desenvolvimento do MUD.

Embora o Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2014 já tivesse detetado sinais

de reforço da confiança nas compras em linha entre os consumidores da UE, os dados de 2016

revelam um considerável aumento. É especialmente impressionante, nos resultados, o

aumento da confiança dos consumidores nas compras em linha transfronteiriças. Pela primeira

vez, mais da metade dos consumidores (57,8 %) afirmam sentir confiança na compra de

produtos e serviços em linha a comerciantes estabelecidos num outro país da UE, um aumento

substancial de 21,1 pontos face a 2014. A confiança comunicada relativamente às compras em

81 https://ec.europa.eu/commission/priorities/digital-single-market_pt

Page 93: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

91

linha a nível nacional também aumenta significativamente (mais 12,4 pontos, atingindo 72,4

%).

Embora um número significativo de consumidores confie mais nas compras em linha a

retalhistas do seu próprio país do que de outros países da UE, a diferença está a diminuir

consideravelmente (sendo a primeira vez que isso acontece).

Figura 59: Confiança dos consumidores nas compras em linha: % de pessoas com confiança nas

compras em linha (no seu próprio país e noutros países da UE) UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Até que ponto concorda ou discorda com as seguintes afirmações? Sente confiança na compra de produtos ou serviços

através da Internet a retalhistas ou prestadores de serviços (no seu país/noutro país da UE).

Mesmo que esteja sobretudo relacionada com a perceção, a importância desta evolução não

pode ser descurada. Importa não esquecer que, durante anos, a falta de confiança dos

consumidores no comércio eletrónico transfronteiriço foi uma das barreiras importantes do

lado da procura ao aproveitamento de todo o potencial do MUD. Pela primeira vez, vemos

sinais claros de que essas barreiras estão a desaparecer.

É igualmente importante notar que a confiança nas compras em linha varia muito entre os

Estados-Membros. O grande aumento observado na UE-28 foi impulsionado sobretudo por

alguns Estados-Membros com níveis particularmente elevados de confiança e com um peso

significativo no comércio eletrónico europeu82.

82 A Alemanha registou os maiores aumentos na UE no que se refere à confiança nas transações nacionais e

transfronteiriças (mais 20,4 e 44,5 pontos percentuais, respetivamente).

Page 94: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

92

Na UE-28, os maiores níveis de confiança nas compras em linha nacionais registam-se no

Reino Unido (87,6 %), Irlanda (84,6 %), Alemanha (84,5 %) e Áustria (84,4 %). No extremo

oposto, os níveis de confiança são mais baixos em Portugal (40,8 %), Chipre (43,2 %),

Bulgária (44,9 %) e Lituânia (46,6 %), onde menos de metade dos consumidores confia nas

compras nacionais em linha.

Pode ser observado um padrão semelhante no que se refere à confiança nas compras em linha

a comerciantes estabelecidos noutro Estado-Membro da UE83. Mais uma vez, o Reino Unido,

onde 77 % dos consumidores expressam a sua confiança, lidera a classificação, seguido de

perto pela Irlanda (76,0 %), Áustria (75,6 %) e Luxemburgo (75,0 %). Ao invés, a

percentagem mais baixa de consumidores com confiança no comércio eletrónico

transfronteiriço observa-se na Lituânia (31,5 %), Portugal (33,6 %), Grécia (34,3 %) e Letónia

(34,9 %).

Figura 60: Confiança dos consumidores nas compras em linha: % de pessoas com confiança nas

compras em linha (de vendedores no seu país e noutros países da UE) resultados por país, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Até que ponto concorda ou discorda com as seguintes afirmações? Sente confiança na compra de produtos ou serviços

através da Internet a retalhistas ou prestadores de serviços (no seu país/noutro país da UE).

83 Os dois indicadores mostram um coeficiente de correlação (nas médias dos países) igual a 0,80.

Page 95: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

93

A confiança média nas compras em linha tende a estar fortemente correlacionada com a

utilização da Internet e, em menor grau, com a idade (negativamente), bem como com o nível

de educação (positivamente). Os consumidores vulneráveis mostram-se menos confiantes no

comércio eletrónico, e os homens parecem ter um pouco mais de confiança do que as

mulheres.

Além disso, parece existir uma correlação positiva entre a confiança e o comportamento real

na compra, tal como sugerido pela correlação positiva (medida ao nível do país) entre a

percentagem de pessoas com confiança e as que efetivamente compram em linha, tanto no

mercado interno como no transfronteiriço84.

5.1.2. Compras em linha dos consumidores

Em 10 anos, a percentagem de pessoas que compram em linha quase duplicou

Em 2016, mais de metade (55 %) da população da UE85 declarou ter feito compras em linha

nos 12 meses anteriores. A maioria dos compradores em linha (o que corresponde a 45,3 % da

população da UE) havia feito compras em linha nos 3 meses anteriores e outros 10 % nos 3 a

12 meses anteriores. Em comparação com 2007, a percentagem de compradores em linha

quase duplicou de 29,7 % para 55,1 %. O aumento regista-se principalmente entre os que

fizeram a sua última compra em linha nos últimos 3 meses (que representam os compradores

em linha mais ativos), cuja percentagem duplicou de 22,7 % para 45,3 %.

84 No que se refere a 2016, os índices de correlação são iguais respetivamente a 0,8 e 0,6 para o comércio

eletrónico nacional e transfronteiriço.

85 O inquérito comunitário sobre o uso das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos abrange a população

entre os 16 e os 74 anos.

Page 96: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

94

Figura 61: Compras em linha, UE-28 (% da população que encomendou bens ou serviços

através da Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) 2007-2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). Quando foi a última vez que comprou ou encomendou bens ou serviços através da Internet para utilização

privada?

A adoção do comércio eletrónico ainda varia muito entre os países da UE

A percentagem de pessoas que compram em linha varia consideravelmente entre os Estados-

Membros, como tem acontecido persistentemente ao longo dos anos. Alguns países da UE

possuem praticamente 80 % de compradores em linha, enquanto noutros, a percentagem

permanece abaixo dos 30 % (Figura 62). As percentagens mais elevadas de pessoas que

compram em linha registam-se no Reino Unido (82,6 %), na Dinamarca (81,5 %) e no

Luxemburgo (78,4 %) e as mais baixas na Roménia (11,9 %) e na Bulgária (16,8 %).

Em comparação com 2015, a percentagem média dos compradores em linha na UE aumentou

2,1 pontos percentuais. Os aumentos mais significativos podem ser observados na Irlanda

(+7,8), na Eslováquia (+6,7) e na Letónia (+6,3). Seis países registam uma diminuição da

percentagem dos consumidores em linha, sendo os maiores declínios observados na Estónia (-

2,5), Malta (-2,3) e Finlândia (-1,9).

Page 97: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

95

Figura 62: Compras em linha, por país (% da população que encomendou bens ou serviços

através da Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) 2007, 2015 e 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). Quando foi a última vez que comprou ou encomendou bens ou serviços através da Internet para utilização

privada?

A adoção do comércio eletrónico também varia fortemente entre a população, em função,

principalmente, da idade, educação, rendimento e situação laboral.

A percentagem de pessoas que compram em linha diminui com a idade: a percentagem

mais elevada observa-se entre as pessoas dos 25 aos 34 anos (72,3 %) e a mais baixa

entre os indivíduos com idade superior a 64 anos (27,2 %);

63.5

2.5

2.7

9.6

9.8

9.4

7.6

7.4

5.5

11.1

16.4

15.7

18.1

11.1

16.5

20.3

29.7

16.0

8.6

21.4

35.8

33.1

33.9

47.9

54.9

51.7

53.4

46.8

55.7

52.9

75.7

10.8

18.5

26.4

23.3

31.0

31.7

31.4

31.8

35.8

38.9

36.9

42.3

38.1

45.3

50.7

53.0

49.6

58.9

55.2

57.7

51.4

64.6

69.3

71.2

73.1

71.1

77.9

78.9

81.1

77.5

11.9

16.8

29.0

29.1

31.0

31.1

33.2

33.4

38.8

40.3

41.9

43.8

44.4

47.4

48.5

55.1

56.3

56.4

56.8

57.6

59.2

65.8

67.4

73.9

74.1

75.5

78.4

81.5

82.6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

NO

RO

BG

IT

CY

PT

EL

HR

LT

HU

SI

PL

ES

LV

CZ

MT

EU-28

SK

EE

BE

AT

IE

FR

FI

NL

DE

SE

LU

DK

UK

2016

2015

2007

Page 98: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

96

a probabilidade de comprar em linha aumenta com o nível de educação, sendo que a

percentagem de compradores em linha atinge 77,9 % entre os indivíduos com elevado

nível de educação e apenas 29,5 % entre os não escolarizados ou com baixo nível de

educação;

o rendimento do agregado familiar em que a pessoa vive parece também ser um fator

determinante, sendo 70,8 % os compradores em linha pertencentes ao quartil de

rendimentos mais elevado e 37,7 % os que se situam no quartil de rendimentos mais

baixo;

os reformados e outras pessoas inativas, bem como os desempregados, são menos

propensos a comprar em linha em comparação com a população total (32,1 % e 39,9

% contra 55,1 %, respetivamente): no extremo oposto da escala, podem ser observadas

elevadas percentagens de compradores em linha entre os funcionários administrativos

(74,3 %).

Page 99: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

97

Figura 63: Compras em linha (% da população que encomendou bens ou serviços através da

Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) por características sociodemográficas,

UE-28, 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). Quando foi a última vez que comprou ou encomendou bens ou serviços através da Internet para utilização

privada?

Os consumidores geralmente compram em linha a comerciantes localizados no seu país,

contudo, o comércio eletrónico transfronteiriço também regista progressos.

Embora as compras em linha estejam apenas a um clique de distância, a maioria das compras

são (ainda) feitas a nível nacional. Em 2016, quase metade dos consumidores da UE (49,1 %)

compraram em linha a retalhistas no seu país. Esse valor representa um aumento de 21,1

pontos percentuais em relação a 2008 (quase 1,8 vezes em termos relativos). Por outro lado,

no mesmo ano, 17,5 % compraram em linha a retalhistas de um país da UE diferente. Trata-se

de um aumento extraordinário de 11,3 pontos percentuais desde 2008 (ou seja, quase o triplo

em termos relativos). O número daqueles que compram a empresas fora da UE cresce

Page 100: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

98

igualmente em percentagem semelhante, embora continue comparativamente baixo, situando-

se em 11,3 % (era de 4 % em 2008).

Figura 64: Compras em linha (% da população que encomendou bens ou serviços através da

Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) por localização do retalhista,

UE-28, 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). A quem comprou ou encomendou bens ou serviços através da Internet para utilização privada nos últimos 12

meses?

Analisando os resultados por país, pode observar-se o seguinte (Figura 65):

os consumidores na maioria dos Estados-Membros têm maior probabilidade de

comprar em linha aos retalhistas do seu país, com exceção de Chipre, Luxemburgo,

Malta e Áustria;

a percentagem de compradores em linha que compram a comerciantes tanto no mesmo

como noutros países da UE situa-se acima da média nos países nórdicos, em França,

nos Países Baixos, na Eslováquia e no Reino Unido;

os consumidores na Alemanha mostram uma clara preferência pelos retalhistas

nacionais, tornando o país o único com uma percentagem acima da média de

compradores em linha a retalhistas nacionais e uma percentagem abaixo da média de

consumidores em linha que compram noutros países da UE;

os 11 países com percentagens de compradores em linha abaixo da média da UE (tanto

a nível nacional como transfronteiriço) situam-se nas regiões oriental e meridional da

UE.

Page 101: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

99

Figura 65: Compras em linha (% da população que encomendou bens ou serviços através da

Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) por localização do retalhista e por país do

consumidor, 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). A quem comprou ou encomendou bens ou serviços através da Internet para utilização privada nos últimos 12

meses?

Os consumidores recorrem a compras em linha principalmente para adquirir vestuário e

artigos desportivos

Em 2016, 33,9 % da população adquiriu em linha vestuário e artigos desportivos, seguidos

dos bens de uso doméstico (24,2 %) e alojamentos de férias (22,9 %). Em comparação com

2015, o aumento mais significativo nas percentagens registou-se entre os que compraram

alimentos e produtos de mercearia (+3,1).

Entre 2010 e 2016, os maiores aumentos podem ser observados no que respeita ao vestuário e

artigos desportivos (aumento de aproximadamente 15 pontos percentuais), seguidos dos bens

de uso doméstico (+10,2). Curiosamente, a incidência das pessoas que compram software e

Page 102: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

100

das pessoas que compram filmes/música em linha permaneceu estável ao longo do mesmo

período de 6 anos86.

Figura 66: Compras em linha (% da população que encomendou bens ou serviços através da

Internet para utilização privada nos últimos 12 meses) por tipo de bens/serviços, UE-28, 2010,

2015 e 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). Que tipo de bens ou serviços comprou ou encomendou através da Internet para utilização privada nos

últimos 12 meses?

Questionados separadamente sobre as suas compras em linha de serviços financeiros, nos

últimos 12 meses, 10,5 % dos inquiridos na UE-28 declararam ter comprado ou renovado, em

2016, uma apólice de seguro através da Internet, sendo que a compra de produtos de

investimento e a contração de empréstimos ou crédito têm menor incidência (3,6 % e 2,3 %,

respetivamente).

86 No entanto, isso não significa necessariamente uma estabilidade semelhante nos volumes de compras globais

(uma vez que o volume de compras per capita pode ter sofrido alterações substanciais).

Page 103: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

101

Figura 67: Utilização da internet para atividades financeiras (% da população), UE-28, 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). «Realizou alguma das seguintes atividades financeiras pela Internet (excluindo o correio eletrónico) para

fins privados nos últimos 12 meses?»87

A despesa média no comércio eletrónico por habitante aumentou

Em 2016, dos consumidores que compraram em linha nos últimos 3 meses (45,3 %), a

maioria afirmou ter gasto entre 100 e 499 euros (18,3 % da população) e apenas uma pequena

percentagem mais de 1000 euros (4,3 % da população).

87 Não se encontram disponíveis dados relativos à Dinamarca.

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102

Figura 68: Compras em linha (% da população que encomendou bens ou serviços através da

Internet para utilização privada nos últimos 3 meses) por intervalos de despesa, UE-28, 2016

Fonte: Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos cidadãos

(isoc_ec_ibuy). Quanto gastou, em estimativa, em compras ou encomendas de bens ou serviços pela Internet (excluindo

ações ou outros serviços financeiros) para utilização privada nos últimos 3 meses?

Em média, cada habitante da UE, com idades compreendidas entre os 16 e os 74 anos de

idade, gastou durante um período de 3 meses, um valor estimado em 162 euros em compras

em linha. Esse valor corresponde a um aumento de 10,4 % face a 2015 (147 euros). A maior

despesa per capita é observada no Reino Unido (432 euros), seguido da Dinamarca (304

euros) e da Suécia (289 euros). No outro extremo do espetro, a Roménia (12 euros), a Hungria

(14 euros) e a Bulgária (18 euros) registam as despesas em linha per capita mais baixos.

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103

Figura 69: Despesas de comércio eletrónico por habitante (em euros), UE-28, 2015 e 2016

Fonte: Estimativas próprias com base no Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e

pelos cidadãos e nas estatísticas sobre a população (Eurostat)88

5.1.3. Problemas com as entregas experimentados pelos compradores em linha

Diminuiu o número de consumidores que referem problemas com as entregas

Em 2016, 34,5 % dos consumidores da UE que compraram em linha enfrentaram problemas

com a entrega dos produtos. A incidência varia entre os níveis mais elevados, referidos em

Malta (73,8 %), Letónia (60,2 %) e Bélgica (55,5 %) e os mais baixos, registados em França

(21,1 %), Áustria (21,7 %) e Luxemburgo (23,9 %). Na UE, a percentagem de compradores

em linha que referem tais problemas diminuiu significativamente, em 15,6 pontos percentuais

entre 2014 e 2016, registando-se a melhoria mais significativa em França (-36,3) e a maior

deterioração na Estónia (+13,2).

88 O indicador é estimado da seguinte forma,

𝐸𝑥𝑝𝑗 = 𝑎𝑑𝑗 ∗∑𝑐𝑖𝑗 ∗

5

𝑖=1

𝑝𝑖𝑗

em que:

𝐸𝑥𝑝𝑗= despesa média per capita (população entre os 16 e os 74 anos) no país j

𝑐𝑖𝑗= valor estimado da despesa relacionada com o intervalo de despesas i

𝑝𝑖𝑗= percentagem de pessoas (base: amostra inteira) cuja despesa per capita se insere no intervalo de

despesas i

𝑎𝑑𝑗= fator de ajustamento para o país j, a fim de ter em consideração a incidência das não respostas à

pergunta sobre o volume de despesas.

Quanto à despesa estimada dentro dos intervalos disponíveis, presume-se que o volume de despesas reais

por inquirido que tenha indicado um intervalo é igual ao valor central do intervalo (ex: 25 euros para o

intervalo de 0 a 50 euros); para o intervalo mais elevado (1000 euros ou mais), é assumido um valor de 1

300 euros.

Não se encontra disponível o indicador relativo a Itália para 2016.

€ 0

€ 50

€ 100

€ 150

€ 200

€ 250

€ 300

€ 350

€ 400

€ 450

€ 500

UK

DK SE FI LU AT

NL

DE

BE

UE-

28 FR EE IE

MT ES SK CZ

PT

CY SI PL EL LT HR LV BG

HU

RO IT IS

NO

2015 Eurostat, Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC: Médiadas despesas em compras em linha nos últimos 3 meses por pessoas…

Page 106: Painel de Avaliação das Condições de Consumo · 2018. 10. 12. · 4 Principais conclusões do Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2017 1. As condições de consumo

104

Em média, na UE, 31,4 % dos compradores referiram problemas com as entregas em compras

a retalhistas nacionais89. As percentagens mais elevadas foram observadas na Roménia

(49,4 %), Polónia (48,9 %) e Países Baixos (45,4 %) e as mais baixas no Luxemburgo (18,1

%), Áustria (19,8 %) e França (21,4 %). Entre 2014 e 2016, a incidência dos problemas de

entrega nas compras nacionais diminuiu 15,6 pontos percentuais, sendo os maiores progressos

registados em França (-33,4) e os menores em Malta (+26,6).

Por último, em média, na UE, 21,9 % dos compradores referiram ter tido problemas com as

entregas90 de outro país da UE. A maior incidência foi registada em Malta (66,7 %), na

Letónia (43,3 %) e em Portugal (41,3 %) e a mais baixa em França (8,8 %), Reino Unido

(11,3 %) e Alemanha (12,1 %). Desde 2014, a percentagem de pessoas que referiram ter tido

problemas com as entregas transfronteiras caiu 5,8 pontos percentuais em média na UE,

registando-se a maior queda na Irlanda (-30,1) e o maior aumento em Portugal (+8,4).

A diminuição significativa da percentagem de compradores que tiveram problemas com as

entregas é bastante inesperada, em termos nominais, e ainda mais, se tivermos em conta que o

volume de transações em linha realizadas pelo comprador médio aumentou91.

Curiosamente, alguns dados estatísticos sugerem que a diminuição dos problemas com as

entregas pode ter contribuído para o aumento da confiança dos consumidores nas compras em

linha. A variação na percentagem (entre 2014 e 2016) dos consumidores que se mostram

confiantes está ligeiramente correlacionada com as alterações na percentagem de

consumidores que não experimentaram problemas com as entregas, tanto nas transações

nacionais como nas transfronteiriças92.

89 Dos que compraram em linha a nível nacional.

90 Dos que compraram em linha a retalhistas de outros países da UE

91 De um valor estimado de 344 euros, em 2015, para 358 euros, em 2016. Fonte: Estimativas próprias com base

em dados do Eurostat (Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelos agregados familiares e pelos

cidadãos) Ver também a nota de rodapé 89.

92 O coeficiente de correlação é de 0,5 para ambos os pares de variáveis.

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105

Quadro 6: Problemas enfrentados pelos consumidores com a entrega de compras em

linha (% de consumidores), por país, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Vou ler-lhe algumas afirmações sobre os problemas que os consumidores podem enfrentar ao fazer compras em linha.

Indique se enfrentou algum desses problemas nos últimos 12 meses93.

93 Base: consumidores que declararam ter efetuado compras em linha a nível nacional, transfronteiriço (entre

Estados-Membros da UE) e em geral.

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106

A entrega tardia é o problema mais comum referido pelos compradores em linha (25,6 % dos

consumidores, menos de 12,5 pontos percentuais face a 2014), seguido da entrega de produtos

danificados ou não encomendados (12,1 % dos compradores, um decréscimo de 8,9 pontos

percentuais face a 2014), sendo a ausência de entrega o problema referido com menor

frequência (6,6 % dos compradores, uma diminuição de 4,0 pontos percentuais face a 2014).

O facto de uma maior percentagem de compradores referir mais problemas com as entregas

nas compras nacionais do que nas compras noutros países da UE não deve ser interpretado

como uma menor fiabilidade das entregas nacionais face às transfronteiriças; explicação

muito mais provável será a maior frequência das transações nacionais de comércio eletrónico

em comparação com as transfronteiriças94.

Figura 70: Problemas enfrentados pelos consumidores com a entrega de compras em linha (%

de consumidores), por tipo de problema, UE-28, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Vou ler-lhe algumas afirmações sobre os problemas que os consumidores podem enfrentar ao fazer compras em linha.

Indique se enfrentou algum desses problemas nos últimos 12 meses.

94 Dados de um estudo de 2015 sobre os obstáculos ao Mercado Único Digital (disponível em:

http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/obstacles_dsm/index_en.htm), também

citado no Painel de Avaliação das Condições de Consumo de 2015, mostra que, ao comparar a origem do

último problema dos compradores em linha com a origem da última compra efetuada, as compras

transfronteiriças, tanto dentro como fora da UE, representam um número desproporcionadamente elevado de

problemas (12 % e 6 % das compras e 21 % e 13 % dos problemas, respetivamente, contra 70 % das

compras e 57 % dos problemas no caso do comércio eletrónico nacional).

Dif 2016-2014

Nacional

Transfrontei

riço (intra

UE)

Todos

-4.1*

-1.2*

-4.0*

-15.6*

-5.8*

-15.6*

-9.5*

0,3

-8.9*

-11.9*

-6.4*

-12.5*

31%

23%

10%

06%

22%

15%

08%

04%

34%

26%

12%

07%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Qualquer problemacom entregas

Entrega tardia Entrega de produtodanificado ou não

encomendado

Não entrega

Nacional

Transfronteiriço(intra UE)

Todos

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107

5.1.4. Obstáculos às compras transfronteiriças

Um em cada quatro consumidores enfrentou um problema que o impediu de concluir a sua

compra transfronteiriça em linha

Em 2016, 24,2 % dos que compram noutros países da UE enfrentaram obstáculos nas

compras em linha transfronteiras. Entre os Estados-Membros da UE, a maior incidência é

observada em Malta (63,4 %), Grécia (49,9 %), França (36,4 %) e Reino Unido (35,2 %) e a

mais baixa em Espanha (12,2 %), Itália (13,8 %), Hungria (14,9 %) e Polónia (15,7 %). Além

disso, o indicador cresceu 6,7 pontos percentuais em geral na UE, com variações entre +23,2

pontos percentuais na Alemanha e -23,3 pontos percentuais no Luxemburgo.

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108

Figura 71: Consumidores que enfrentam problemas nas compras em linha a retalhistas de

outros países da UE (% de consumidores), por país, 201695.

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores.

Nos últimos 12 meses, deparou-se com algum dos seguintes problemas ao efetuar compras de bens e serviços noutro país da

UE? Base: consumidores que compram em linha noutro país da UE.

95 Cumpre notar que os resultados relativos à Polónia e à Roménia têm por base dimensões de amostra muito

pequenas (92 e 48, respetivamente) e que, portanto, devem ser considerados como indicativos.

24.1

55.5

12.2

13.8

14.9

15.7

19.1

19.7

19.8

20.1

22.6

22.9

23.8

23.9

24.2

26.1

27.0

27.2

27.3

27.5

27.7

28.0

29.2

29.3

31.1

31.5

34.4

35.2

36.4

49.9

63.4

+1,0

+20,8*

-3,7

+2,5

-14,3*

-0,6

-1,0

-1,2

+7,1

-3,0

+9,8*

-0,3

-5,3

+7,5

+6,7*

+23,2*

-4,6

-9,6*

+0,5

+4,9

+3,3

+1,1

+7,0

+3,3

-20,1*

-1,4

-23,3*

+12,0*

+23,0*

+17,7*

+7,1

NO

IS

ES

IT

HU

PL

SK

LT

NL

FI

PT

CZ

LV

SE

EU-28

DE

BE

AT

HR

EE

DK

SI

BG

RO

IE

CY

LU

UK

FR

EL

MT

2016-2014

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109

O problema mais comum enfrentado pelos consumidores nas compras em linha

transfronteiriças é o facto de os retalhistas não aceitarem pagamentos do país dos

consumidores (12,8 % dos compradores em linha transfronteiriços, um acréscimo de 7,9

pontos percentuais em relação a 2014). Segue-se a recusa do retalhista em fazer entregas no

país do consumidor (referido por 10,1 % dos compradores transfronteiriços, semelhante a

2014), enquanto o reencaminhamento para outro sítio Web com preços diferentes foi referido

com relativamente menos frequência (6,2 % dos compradores, menos 2 pontos percentuais do

que em 2014).

Figura 72: Problemas enfrentados pelos consumidores nas compras em linha a retalhistas de

outros países da UE (% de consumidores), por tipo de problema, UE-28, 2016.

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Nos últimos 12 meses, deparou-se com algum dos seguintes problemas ao efetuar compras de bens e serviços noutro país da

UE? base: consumidores que compram em linha noutro país da UE.

Estes obstáculos enfrentados pelos consumidores no comércio eletrónico transfronteiriço

refletem as restrições territoriais aplicadas pelos vendedores em linha96. A persistência destas

restrições territoriais foi confirmada num estudo de grande escala realizado pela Comissão

com base na ferramenta do cliente mistério97, que revelou que quase dois terços dos sítios de

comércio eletrónico praticam alguma forma de bloqueio geográfico (ver os principais aspetos

das conclusões na caixa de texto abaixo).

Em maio de 2016, a Comissão propôs um regulamento a fim de abordar a questão do bloqueio

geográfico e outras formas de discriminação no Mercado Único Digital.98. O regulamento está

atualmente a ser analisado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu.

96 https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/geo-blocking-digital-single-market

97 http://ec.europa.eu/consumers/consumer_evidence/market_studies/geo-blocking/index_en.htm

98 http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/16742

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110

Estudo com base na ferramenta do cliente mistério sobre as práticas de bloqueio

geográfico no Mercado Único Digital

Em dezembro de 2015, a Comissão analisou 10 537 sítios de comércio eletrónico a fim de ter

uma imagem mais completa das práticas de bloqueio geográfico na UE. O estudo com base

na ferramenta do cliente mistério analisou 143 pares de países e 8 setores dos bens e serviços

mais comprados em linha na UE, como produtos eletrónicos e hardware de computador.

Foram estas as principais conclusões:

Foram identificadas práticas de bloqueio geográfico em 63 % da totalidade dos sítios

analisados.

Foi permitido aos utilizadores chegar à última etapa do processo de compra em linha

em apenas 37 % de todos os sítios Web avaliados, inserindo, com êxito, os dados do

seu cartão de pagamento.

Os consumidores são alvo de bloqueio geográfico em diferentes etapas das compras

em linha:

- Ao aceder ao sítio Web: os compradores são reencaminhados para outro sítio

Web, são alvo de bloqueio diretamente, ou são-lhes oferecidos produtos diferentes

em 5 % dos sítios Web em geral (mais frequentemente em reservas de voos (13

%) e aluguer de automóveis (11 %)),

- Ao registar-se no sítio Web para proceder à encomenda: 27 % dos casos;

- Ao selecionar as opções de entrega: 32 % dos casos;

- Ao escolher as opções de pagamento: 26 % dos casos.

Os retalhistas em linha da UE-13 (84 %) revelam-se mais propensos a bloquear os

compradores em linha transfronteiriços do que os retalhistas estabelecidos na UE-15

(66 %).

Os compradores em linha da UE-13 (74 %) têm maior probabilidade de ser alvo de

bloqueio geográfico do que os da UE-15 (64 %).

Quanto aos bens corpóreos, o bloqueio geográfico foi mais elevado no que se refere

aos eletrodomésticos, como fornos de micro-ondas (86 %), e menos significativo no

caso dos livros (60 %).

No caso dos serviços, o bloqueio geográfico foi maior nas reservas em linha no setor

do lazer fora de linha, como bilhetes para eventos desportivos (40 %) e menos

significativo nos serviços de viagens, como reservas de hotéis (33 %).

Os resultados do estudo informaram a proposta legislativa da Comissão sobre bloqueio

geográfico, adotada em maio de 2016.

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111

As companhias aéreas foram a principal fonte das queixas transfronteiriças de comércio

eletrónico recebidas em 2016 nos Centros Europeus do Consumidor (CEC)99, representando

19,2 % de todas as queixas. Os outros setores dominantes no que se refere às queixas, em

2016, foram o vestuário e o calçado (5,5 %), utilização periódica de bens (timeshare) (5,1 %),

mobiliário (4,7 %), alojamento de férias (4,4%) e bens eletrónicos (4,0%).

Figura 73: Queixas sobre o comércio eletrónico transfronteiriço recebidas por CEC por setor

económico, 2016 (% de todas as queixas)100

Fonte: Rede de CEC

99 Ver a nota de rodapé 49.

100 Incluem-se apenas as principais categorias

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112

5.2. Comércio eletrónico do lado da oferta

5.2.1. Vendas em linha

Atualmente, apenas uma em cada cinco empresas vende em linha.

No que diz respeito ao lado da oferta do comércio eletrónico, 20,4 % das empresas (com pelo

menos 10 trabalhadores) declararam ter vendido em linha em 2015. As percentagens mais

elevadas observadas na UE situam-se em cerca de 30 %, conforme referido na Irlanda (30,3

%), Dinamarca (29,0 %), Alemanha (28,5 %) e Suécia (28,2 %) enquanto as percentagens

mais baixas das empresas que vendem em linha se registam na Roménia (7,4 %), Bulgária

(8,6 %), Letónia (10,2 %) e Itália (11,0 %).

Tal como os consumidores, as empresas participam cada vez mais no comércio eletrónico,

mas a um ritmo consideravelmente mais lento, e a tendência não é uniforme: na UE, a

percentagem de empresas que vendem em linha aumentou apenas 1,0 ponto percentual entre

2014 e 2015 e 5,5 pontos percentuais entre 2009 e 2015. Durante o mesmo período de cinco

anos, o maior aumento registado na UE ocorreu na Irlanda (+9,3) e a maior queda na Croácia

(-5,8), sendo que a Noruega, não pertencente à UE, também regista um declínio acentuado (-

10,1).

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113

Figura 74: Vendas em linha por empresas, por país, 2009, 2014 e 2015 (% de empresas com mais

de 10 trabalhadores)

Fonte: O inquérito comunitário sobre o uso das TIC pelas empresas (isoc_ec_eseln2). Durante o ano de 2015, a sua

empresa recebeu encomendas de bens ou serviços oferecidos através de um sítio Web ou de «aplicações»? Durante o ano de

2015, a sua empresa recebeu encomendas de bens ou serviços oferecidos através de mensagens do tipo EDI?101102

101 O inquérito abrange todas as empresas da economia empresarial (excluindo o setor financeiro) que

empreguem pelo menos 10 trabalhadores. Para a definição de vendas em linha, devem considerar-se

incluídas: 1) tanto as transações de empresa para empresa, como de empresas para consumidores; 2) tanto as

vendas na Web como as vendas com base no intercâmbio de dados eletrónicos (EDI). Os dados das vendas

do comércio eletrónico para o ano de referência 2015 (2014, 2009) foram recolhidos na edição de 2016

(2015, 2010) do inquérito.

102 A Islândia não é incluída, uma vez que os dados de 2015 e 2014 não se encontram disponíveis em relação a

esse país.

37.8

6.5

3.8

7.0

5.0

9.2

8.7

7.4

14.8

9.0

7.9

10.8

24.4

19.4

17.8

21.9

12.4

14.9

13.0

14.2

17.1

18.9

17.3

23.6

29.2

20.6

25.1

23.9

29.3

21.0

28.8

8.0

8.7

10.0

10.0

7.2

11.8

11.0

10.3

13.7

15.5

15.1

20.2

19.7

17.9

19.0

21.9

19.4

17.9

21.3

22.9

19.5

19.1

24.9

26.0

24.9

28.4

27.2

27.4

32.2

27.7

7.4

8.6

10.2

11.0

12.2

12.4

13.4

14.8

15.1

15.3

18.3

18.6

18.8

19.4

19.6

20.3

20.4

20.6

21.0

21.5

21.8

22.8

25.3

25.6

26.6

28.2

28.5

29.0

30.3

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0

NO

RO

BG

LV

IT

EL

PL

CY

LU

HU

SK

EE

HR

PT

AT

LT

SI

EU-28

ES

FR

UK

FI

MT

NL

BE

CZ

SE

DE

DK

IE

2015

2014

2009

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114

Figura 75: Percentagem de empresas (com mais de 10 trabalhadores) que vendem em linha e

percentagem do volume de negócios em linha (todas as empresas), pela dimensão da empresa,

UE-28, 2015

Fonte: Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelas empresas. Indique o valor do volume de negócios resultante

das encomendas recebidas através de um sítio Web ou de «aplicações» (em termos monetários, sem IVA), em 2015. Indique

o valor do volume de negócios resultante das encomendas recebidas através de mensagens do tipo EDI (em termos

monetários, sem IVA), em 2015.

O setor do alojamento apresenta a percentagem mais elevada de vendedores em linha

A maior percentagem de empresas que vendem em linha observa-se no setor do alojamento

(68,1 % das empresas), seguido dos setores do «comércio retalhista» (27,9 %) e «serviços de

informação e comunicação» (25,2 %). Por outro lado, poucas empresas do setor da construção

civil (7,4 %) vendem os seus serviços em linha, precedidas dos setores dos «fornecedores de

serviços públicos essenciais» (11,9 %) e dos «serviços imobiliários» (12,2%).

A indústria do alojamento gera igualmente a maior percentagem do seu volume de negócios

nas vendas em linha (29,2 %), seguida do setor de transformação (22,3 %) e do setor dos

transporte e armazenamento (21,5 %), situando-se a construção e os serviços imobiliários na

parte inferior da classificação, gerando em linha, respetivamente, apenas 2,3 % e 2,4 % do seu

volume de negócios.

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115

Figura 76: Percentagem de empresas (com mais de 10 trabalhadores) que vendem em linha e

percentagem do volume de negócios em linha, por setor, UE-28, 2015

Fonte: Inquérito comunitário sobre a utilização das TIC pelas empresas.

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116

A adoção do comércio eletrónico estagnou entre os retalhistas

Numa amostra de empresas da UE-28 (que empregam pelo menos 10 trabalhadores e vendem

aos consumidores), a percentagem das que vendem em linha situa-se em 39,2 % em 2016

(sem alteração estatisticamente significativa em relação a 2014)103.

Entre os retalhistas que atualmente vendem em linha, 90,5 % preveem continuar a fazê-lo nos

próximos 12 meses, muitos dos quais apenas no seu próprio país (46,4 %). Uma percentagem

ligeiramente mais baixa tem como objetivo vender tanto no país como para outros países da

UE (43,2 %), sendo que muito poucos pretendem vender apenas para outros países da UE (0,9

%). Em comparação com 2014, não se observa qualquer variação estatisticamente

significativa nesses indicadores.

Figura 77: Retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) que preveem continuar a vender em linha

nos próximos 12 meses (% daqueles que atualmente vendem em linha), UE-28, 2016

Fonte: Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos

consumidores: A sua empresa prevê continuar a vender em linha nos próximos 12 meses?

Entre os retalhistas que não vendem em linha, 21,4 % declararam que estariam interessados

em iniciar vendas em linha nos próximos 12 meses (menos de 4,1 pontos em relação a 2014).

À semelhança dos que já vendem em linha, a maioria teria como público-alvo apenas os

consumidores no seu país (12,8 %), sendo menos os que preveem a venda no mercado interno

e aos consumidores de outros países da UE (8,1 %) ou apenas a consumidores noutros países

da UE (0,5 %).

103 Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

A população alvo do inquérito inclui empresas (com pelo menos 10 trabalhadores) que vendem a

consumidores finais e cuja principal atividade económica é uma das seguintes (NACE Rev.2): D3512,

D3514, D3523, G45, G47, H49, H50, H51, H52, H53, I55, I56, J5914, J61, J62, K64, K65, L68, N77, N79,

S95 e S96. A lista de atividades económicas inclui, entre outras: serviços de eletricidade e gás, vendas a

retalho, transportes, hotéis e restaurantes, agências de viagens, telecomunicações, seguros, agências

imobiliárias, reparação de bens pessoais.

2016-2014 -0.7 +0.4 -0.7 -0.4

90.5

46.4 43.2

0.9 0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Total de Sim Sim, apenas a nível nacional

Sim, a nível nacional e transfronteiriço (UE)

Sim, apenas a nível transfronteiriço (UE)

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117

Figura 78: Retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) interessados em vender em linha nos

próximos 12 meses (% daqueles que atualmente não vendem em linha), UE-28, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores:

Estará a sua empresa interessada em vender em linha nos próximos 12 meses?

5.2.2. Confiança nas vendas em linha a nível nacional e transfronteiriço

Na UE como um todo, 58 % dos retalhistas declararam sentir segurança em vender em linha.

No entanto, apenas uma minoria refere o mesmo a respeito da venda aos compradores em

linha de outros Estados-Membros da UE: 27,2 % dizem estar confiantes nas vendas tanto no

mercado nacional como transfronteiriço e 0,8 % apenas no transfronteiriço.

Os níveis de confiança variam entre os Estados-Membros. Em 21 deles, a maioria dos

retalhistas confia nas vendas em linha, especialmente, na Grécia (80,3 %), em França (73,8

%) e na Finlândia (73,5 %). Pelo contrário, os retalhistas na Hungria (32,3 %), Estónia (34,5

%) e República Checa (40,6 %) são menos propensos a expressar confiança nas vendas em

linha.

2016-2014 -4.1* -2.6* -1.6* +0.1

21.4

12.8

8.1

0.5 0

5

10

15

20

25

Total de Sim Sim, apenas a nível nacional

Sim, a nível nacional e tansfronteiriço (UE)

Sim, apenas a nível transfronteiriço (UE)

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118

Quadro 7: Retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) confiantes nas vendas em linha (%),

resultados por país, 2016104

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diria

que sua empresa tem confiança nas vendas em linha? O inquérito abrange empresas com pelo menos mais de 10

trabalhadores.

104 As diferenças estatisticamente significativas estão assinaladas por um asterisco. A significância estatística é

calculada com um nível de confiança de 95 %, o que significa que a hipótese nula de ausência de diferença

foi rejeitada a um nível de probabilidade de 5 %. Para os dados por categoria de resposta, os asteriscos

representam diferenças estatisticamente significativas entre um país e a média da UE-28. Para comparações

entre edições, os asteriscos representam as diferenças estatisticamente significativas entre duas edições.

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119

Em comparação com 2014, a confiança dos retalhistas, a nível da UE, nas vendas em linha

não sofreu alterações estatisticamente significativas, o mesmo acontecendo com o nível de

confiança nas vendas a consumidores exclusivamente no mesmo país. Ao invés, pode ser

observada uma diminuição de 1,7 pontos percentuais na percentagem de retalhistas que

declaram ter confiança nas vendas tanto no mercado nacional como no transfronteiriço.

Figura 79: Retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) confiantes nas vendas em linha (%),

UE-28, 2016 (%)

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Diria

que sua empresa tem confiança nas vendas em linha?

As conclusões acima revelam um contraste entre, por um lado, os consumidores em linha,

cada vez mais confiantes e ativos, e, por outro, os retalhistas, ainda relutantes. Apontam para

que, no momento, os consumidores possam estar consideravelmente mais «bem preparados

para o MUD» do que as empresas, tanto em termos de confiança no comércio eletrónico (em

particular transfronteiriço) como em termos de comportamento real (aceitação do comércio

eletrónico, ou seja, compra pelos consumidores contra a venda por retalhistas).

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120

5.2.3. Barreiras enfrentadas pelos retalhistas nas vendas em linha transfronteiriças

Os retalhistas revelam preocupação a respeito das diferenças na legislação fiscal, do risco

de fraude mais elevado e do não pagamento nas vendas em linha noutros países da UE

Os retalhistas em linha identificam uma série de barreiras ao comércio eletrónico

transfronteiriço, conforme mostrado na Figura 80. As mais frequentemente citadas são o risco

de fraude mais elevado e as diferenças nas legislações fiscais nacionais (39,7 % e 39,6 % dos

retalhistas em linha, respetivamente), seguidas de diferenças no direito nacional dos contratos

(38,1 %) e diferenças nas legislações nacionais de proteção dos consumidores (37,4 % ). São

referidos com menos frequência os custos adicionais decorrentes das diferenças de língua e as

restrições às vendas transfronteiriças impostas por fabricantes ou fornecedores (26,0 % e 29,2

%, respetivamente).

Importa registar que todas as barreiras referidas diminuem de relevância em relação a 2014 (e

todas as diminuições são estatisticamente significativas, com exceção das restrições às vendas

transfronteiriças impostas por fabricantes ou fornecedores). A maior diminuição é observada

nos custos de transporte devidos à distância geográfica (-5,5), seguida das diferenças nas

legislações nacionais de proteção dos consumidores (-4,9) e do risco de fraude mais elevado (-

4,8).

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Figura 80: Importância dos obstáculos ao comércio eletrónico transfronteiriço, conforme indicado pelos retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) que

vendem em linha (% de retalhistas), UE-28, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Qual a importância dos seguintes obstáculos para o aumento das vendas em linha

para outros países da UE por parte da sua empresa? base: retalhistas que vendem em linha (UE-28). A pergunta permite respostas múltiplas.

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Por último, cumpre notar que as atitudes mudam um pouco entre os retalhistas que vendem

em linha para outros países da UE em comparação com aqueles que não o fazem. As

preocupações com as diferenças nas legislações fiscais são relativamente menos importantes

neste caso em comparação com a fraude e o não pagamento e as diferenças nas legislações de

proteção dos consumidores. Por outro lado, os retalhistas que não vendem para outros

Estados-Membros revelam maior preocupação com os custos de transporte devidos à distância

geográfica do que os vendedores transfronteiriços.

Quadro 8: Importância dos obstáculos ao comércio eletrónico transfronteiriço, conforme

indicado pelos retalhistas (com mais de 10 trabalhadores) que vendem em linha (% de

retalhistas), UE-28, 2016 Desagregação por tipo de retalhista

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Qual

a importância dos seguintes obstáculos para o aumento das vendas em linha para outros países da UE por parte da sua

empresa?

Os retalhistas geralmente referem a natureza das suas atividades como motivo para não

vender em linha.

Entre os retalhistas que não vendem em linha, o motivo mais frequente para não participar no

comércio eletrónico é a natureza das suas atividades (51,6 %), seguido pelo risco de fraude e

não pagamento mais elevado (46,6 %). Mesmo sendo referidos por mais de um terço dos

retalhistas, os custos adicionais do serviço pós-venda (35,7 %) e os custos potencialmente

mais elevados ligados à resolução de queixas e litígios em linha (37,7 %) parecem ser menos

importantes.

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Figura 81: Importância dos obstáculos ao comércio eletrónico transfronteiriço, conforme indicado pelos retalhistas (com mais de 10 trabalhadores)

que não vendem em linha (% de retalhistas), UE-28, 2016

Fonte: Inquéritos sobre as atitudes dos retalhistas perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores: Qual a importância dos seguintes obstáculos para o aumento das vendas

em linha para outros países da UE por parte da sua empresa? A pergunta permite respostas múltiplas. Base: retalhistas que não vendem em linha.

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6. ANEXO

6.1. ESTATÍSTICAS SOBRE CONSUMIDORES POR PAÍS

As Estatísticas sobre Consumidores por País fornecem indicadores detalhados para cada

Estado-Membro, bem como para a Islândia e a Noruega. Os dados provêm principalmente dos

Inquéritos sobre as atitudes dos consumidores e retalhistas perante as vendas transfronteiriças

e a proteção dos consumidores. Além disso, foram incluídos os dados sobre a duração dos

processos judiciais e as informações fornecidas pelos Estados-Membros sobre o

financiamento público atribuído a organizações nacionais de consumidores.

Para cada país, um quadro apresenta os dados de 2016, a evolução ao longo dos anos

anteriores, bem como a diferença entre as pontuações nacionais e a pontuação média da UE-

28 (que se encontra assinalada a verde/vermelho se a pontuação do país for um quarto dos

melhores/piores valores da UE).

Os gráficos mostram o desempenho nacional em cada uma das três dimensões do Índice das

Condições de Consumo: 1) conhecimento e confiança; 2) cumprimento e aplicação; e 3)

queixas e resolução de litígios (cuja composição é descrita pormenorizadamente no anexo

6.2). As cores utilizadas nos gráficos indicam o quartil em que cada país se insere na

classificação dos 30 países (a cor verde-escura representa os melhores resultados, a cor

vermelha representa os piores resultados e as cores verde-clara e cor de laranja representam os

resultados intermédios)

Os comentários qualitativos centram-se na evolução nacional coerente ao longo do tempo.

Além disso, os países são mencionados se a sua pontuação se encontrar entre os três valores

mais altos/baixos relativamente a um determinado indicador105.

105 As tendências foram identificadas com base no coeficiente de declive da equação de regressão y = a + b*t,

sendo y o indicador e t os anos. Só foram considerados os coeficientes iguais ou superiores a 0,03 e

estatisticamente significativos a um nível de probabilidade de 90 %.

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6.2. ÍNDICE DAS CONDIÇÕES DE CONSUMO

O Índice das Condições de Consumo (ICC) é um indicador composto, calculado a nível nacional, para comparar os ambientes de consumo nacionais e

testar as ligações entre as condições de consumo e outros indicadores económicos, sociais e de governação. Baseia-se num conjunto de indicadores-

chave (relacionados com

as transações nacionais) decorrentes dos inquéritos realizados a nível da UE junto de consumidores e retalhistas. Os indicadores encontram-se

agrupados em três pilares principais, cada um deles com um peso igual (33,3 %) na pontuação total:

1) Conhecimento e confiança (com dois sub-pilares separados, com um peso igual de 16,7 %)

2) Cumprimento e aplicação

3) Queixas e resolução de litígios

É calculada uma pontuação para cada (sub-)pilar como uma média aritmética simples dos indicadores nele contidos.

O ICC foi objeto de uma auditoria estatística exaustiva106. Em particular, as análises ao principal componente e à correlação resultaram em pequenos

ajustes em relação à versão inicial do índice, que reforçaram a sua solidez global. As análises em relação à sensibilidade e à incerteza revelaram que a

normalização dos dados, as diferentes fórmulas de agregação ou a ponderação desigual dos pilares/indicadores não alterariam consideravelmente o

resultado global.

Inquérito aos consumidores Inquérito aos retalhistas

PILAR 1: CONHECIMENTO E CONFIANÇA – 33,3 %

Sub-pilar relativo ao conhecimento – 16,7 %

106 Para mais informações, consultar o capítulo 2.5. da obra de Van Roy, V., Rossetti, F., Piculescu, V. (2015), Consumer conditions in the EU: revised framework and empirical

investigation, JRC science and policy report, (Condições de consumo na UE: quadro revisto e investigação empírica, relatório do CCI sobre os

aspetos científicos e estratégicos) JRC93404, http://publications.jrc.ec.europa.eu/repository/handle/JRC93404

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Inquérito aos consumidores Inquérito aos retalhistas

Conhecimento dos direitos dos consumidores: Percentagem média de respostas corretas dos consumidores às 3 perguntas (período de reflexão associado às compras à distância, garantias de produtos, produtos não solicitados)

Conhecimento dos direitos dos consumidores: Percentagem média de respostas corretas dos retalhistas às 5 perguntas (garantias de produtos, incluir no material promocional um documento a solicitar o pagamento, quantidade insuficiente de produtos com desconto, promoção de produtos destinados a crianças, utilização de números de telefone de valor acrescentado).

Sub-pilar relativo à confiança – 16,7 %

Confiança nas organizações: Percentagem média de consumidores que concordam que, nos seus países, as autoridades públicas protegem os seus direitos enquanto consumidores; os retalhistas e prestadores de serviços respeitam os seus direitos enquanto consumidores; e as organizações não governamentais de consumidores protegem os seus direitos enquanto consumidores.

Confiança nos mecanismos de reparação: Percentagem média de consumidores que concordam que, no seu país, é fácil resolver litígios com retalhistas e prestadores de serviços através de um organismo extrajudicial de resolução de litígios e que é fácil resolver litígios por via judicial.

Confiança na segurança dos produtos: Percentagem de consumidores que pensam que, essencialmente, todos os produtos não alimentares no mercado no seu país são seguros ou um pequeno número de produtos não é seguro.

Confiança na segurança dos produtos: Percentagem de retalhistas que pensam que, essencialmente, todos os produtos não alimentares no mercado no seu país são seguros ou um pequeno número de produtos não é seguro

Confiança nas alegações ambientais: Percentagem de consumidores que concordam que a maioria das alegações ambientais sobre bens ou serviços no seu país são fiáveis.

Confiança nas alegações ambientais: Percentagem de retalhistas que pensam que a maioria das alegações ambientais sobre bens ou serviços no seu setor no seu país são fiáveis.

Confiança nas compras em linha: Percentagem de consumidores que se sentem confiantes para comprar bens ou serviços através da Internet a retalhistas ou prestadores de serviços sediados no seu país.

Confiança nas compras em linha: Percentagem de retalhistas que só se sentem confiantes para realizar vendas em linha aos consumidores nos seus próprios países ou que se sentem confiantes para realizar vendas nos seus próprios países e noutros países da UE.

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Inquérito aos consumidores Inquérito aos retalhistas

PILAR 2: CUMPRIMENTO E APLICAÇÃO – 33,3 %

Práticas comerciais desleais: Percentagem média de consumidores que afirmam ter-se deparado com as seguintes práticas comerciais desleais por parte de retalhistas ou prestadores de serviços no seu país nos últimos 12 meses (mensagens ou telefonemas persistentes de vendas, ofertas por tempo limitado falsas, ofertas gratuitas falsas, pedido de dinheiro a fim de receber um prémio falso, outras práticas comerciais desleais).

Práticas comerciais desleais: Percentagem média de retalhistas que afirmam ter-se deparado com práticas comerciais desleais por parte dos seus concorrentes no mercado nacional nos últimos 12 meses (mensagens ou telefonemas persistentes de vendas, ofertas por tempo limitado falsas, ofertas gratuitas falsas, pedido dinheiro a fim de receber produtos não solicitados, comentários falsos, outras práticas comerciais desleais).

Outras práticas ilícitas: Percentagem média de consumidores que afirmam ter-se deparado com cláusulas contratuais abusivas e encargos imprevistos por parte de retalhistas ou prestadores de serviços no seu país nos últimos 12 meses.

Cumprimento da legislação em matéria de consumidores: Percentagem média de retalhistas que concordam que, no seu país: os seus concorrentes cumprem a legislação em matéria de consumidores; é fácil cumprir a legislação em matéria de consumidores no respetivo setor; e os custos de cumprimento da legislação em matéria de consumidores no seu setor são razoáveis.

Aplicação da legislação em matéria de consumidores e segurança dos produtos: Percentagem média de retalhistas que concordam que, no seu país: as autoridades públicas supervisionam de forma ativa o cumprimento da legislação em matéria de consumidores; as ONG de consumidores supervisionam de forma ativa o cumprimento da legislação em matéria de consumidores; os organismos de autorregulação supervisionam de forma ativa a adesão a códigos pertinentes; os meios de comunicação social denunciam regularmente empresas que não respeitam a legislação em matéria de consumidores; e as autoridades públicas supervisionam de forma ativa o cumprimento da legislação em matéria de segurança dos produtos.

PILAR 3: QUEIXAS E RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS – 33,3 %

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Inquérito aos consumidores Inquérito aos retalhistas

Indicador «problemas e queixas»: Indicador composto com base nas perguntas sobre a ocorrência de problemas nos últimos 12 meses aquando da aquisição ou utilização de bens ou serviços no mercado nacional, acompanhamento das queixas apresentadas junto de diferentes organismos (retalhista/prestador de serviços, fabricante, autoridade pública, organismo de RAL, tribunal), razões para a não apresentação de queixas e satisfação com o tratamento dado às queixas.

Participação em mecanismos de RAL: Percentagem de retalhistas que estão dispostos ou são obrigados por lei a recorrer a procedimentos de RAL caso recebam queixas dos consumidores.

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6.3. ANÁLISE MULTIVARIADA SOBRE VULNERABILIDADE

AUTOAVALIADA

Foi realizada uma análise multivariada entre a vulnerabilidade autoavaliada e as

características sociodemográficas das pessoas entrevistadas. A variável dependente na

regressão é uma variável binária que toma o valor de 1 se a pessoa declarou sentir-se

vulnerável na qualidade de consumidor devido a um ou mais fatores sociodemográficos (em

grande parte ou até certo ponto) e 0 se não for esse o caso. A análise foi realizada com base

nos microdados do Inquérito de 2016 sobre as «atitudes dos consumidores perante as vendas

transfronteiriças e a proteção dos consumidores». Abrange a UE-28. Foi utilizado um modelo

de regressão logit para a variável dependente (vulnerabilidade autoavaliada). O quadro mostra

as probabilidades estimadas previstas do modelo para a variável dependente de acordo com os

diferentes valores da variável independente107.

107 Exemplo: a probabilidade estimada de ser vulnerável é igual a 30 % entre homens e 32 % entre mulheres. A

diferença é estatisticamente significativa.

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Quadro 9: Probabilidades estimadas previstas de se sentir vulnerável como consumidor

desagregadas por diferentes grupos sociodemográficos

Fonte: Inquérito sobre as atitudes dos consumidores perante as vendas transfronteiriças e a proteção dos consumidores

(2016).

Nota: Os valores constantes do quadro representam as probabilidades estimadas previstas dos modelos multivariados. As

letras permitem a comparação das probabilidades/pontuações previstas dentro da mesma característica sociodemográfica.

Os valores que partilham uma letra não são significativamente diferentes ao nível de 5 %.