Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA I Professor JORGE JUNIOR E.MAIL: [email protected] CUSTOS DE PRODUÇÃO CUSTOS DE PRODUÇÃO Até agora nos prendemos a questões tecnológicas, físicas, entre insumos e produtos. Discutiremos agora o lado dos custos de produção, que determinarão a chamada curva de oferta da firma individual, a qual será vista na próxima unidade. Custos de oportunidade X Custos contábeis Na unidade 01 fomos apresentados ao conceito dos custos de oportunidade, numa abordagem mais genérica os custos de oportunidade representam o sacrifício que se faz, em termos do que se deixa de produzir, ao optarmos por uma dada produção. (agora discutiremos esta diferença em um nível microeconômico) Custos contábeis envolvem dispêndio monetário. É o custo explícito, considerado na contabilidade privada. Custos de oportunidade são custos implícitos, que não envolvem desembolso. Os custos de oportunidade privados são os valores dos insumos que pertencem à empresa e são usados no processo produtivo, e que são estimados a partir do que poderia ser ganho. o Exemplos: Capital em caixa na empresa (custo de oportunidade deixar de aplicar no mercado financeiro)

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Economia da engenharia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA I Professor JORGE JUNIOR E.MAIL: [email protected]

CUSTOS DE PRODUÇÃO CUSTOS DE PRODUÇÃO

Até agora nos prendemos a questões tecnológicas, físicas, entre insumos e

produtos. Discutiremos agora o lado dos custos de produção, que determinarão

a chamada curva de oferta da firma individual, a qual será vista na próxima

unidade.

Custos de oportunidade X Custos contábeis

Na unidade 01 fomos apresentados ao conceito dos custos de oportunidade,

numa abordagem mais genérica os custos de oportunidade representam o

sacrifício que se faz, em termos do que se deixa de produzir, ao optarmos por

uma dada produção. (agora discutiremos esta diferença em um nível

microeconômico)

Custos contábeis – envolvem dispêndio monetário. É o custo explícito,

considerado na contabilidade privada.

Custos de oportunidade – são custos implícitos, que não envolvem

desembolso. Os custos de oportunidade privados são os valores dos

insumos que pertencem à empresa e são usados no processo produtivo,

e que são estimados a partir do que poderia ser ganho.

o Exemplos:

Capital em caixa na empresa (custo de oportunidade

deixar de aplicar no mercado financeiro)

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Empresa com edifício próprio (custo de oportunidade é

deixar de alugar)

Estudante (o custo de oportunidade de estar estudando é

representado pelo que está deixando de ganhar, se

trabalhasse).

O conceito do custo de oportunidade é utilizado nas empresas públicas para o

cálculo das tarifas e dos preços públicos. Algumas empresas privadas utilizam

o conceito apenas para o planejamento orçamentário.

Avaliação privada e social - o conceito de economias externas

Com uma extensão da diferença entre o enfoque contábil e o enfoque

econômico, há uma clara distinção entre a avaliação privada e a avaliação

social de projetos de investimento.

Avaliação privada: avaliação financeira, específica da empresa;

Avaliação social: custos (e benefícios) para toda a sociedade, derivados

da atividade produtiva.

Por exemplo, quando aumenta a produção automobilística, além dos custos

financeiros dessa indústria, devemos considerar também o aumento dos custos

sociais, derivados do aumento da poluição sonora e ambiental, além do

desgaste das ruas e estradas. Quando aumenta a produção da indústria

extrativa de madeira, há perdas ecológicas derivadas do desmatamento.

A diferença entre a ótica privada e a social também pode ser chamada de

externalidades ou economias externas.

Externalidades ou economias externas – são as alterações de custos e

benefícios para a sociedade, derivadas da produção das empresas, ou

então como as alterações de custos e receitas da empresa, devidas a

fatores externo à mesma.

o Externalidades positivas (empresas que se ajudam)

o Externalidades negativas (empresas que a produção de uma

prejudica a outra, química e pesqueira).

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Essa ótica é muito utilizada na avaliação de projetos de investimento,

principalmente no setor público. Construção de uma hidrelétrica.

CUSTOS A CURTO PRAZO

Como já vimos a CP alguns fatores de produção são fixos, normalmente

consideramos como fatores fixos a planta da empresa e os equipamentos de

capital.

Conceitos de custo total, custo variável total e custo fixo total

Custo variável total (CVT) – parcela do custo que varia, quando a

produção varia.

o Ex.: folha de pagamento, despesas com matérias-primas, etc.

o CVT = ∫ (q)

Custo fixo total (CFT) – parcela do custo que se mantém fixa, quando a

produção varia.

o Ex.: aluguéis, depreciação, etc.

Custo total (CT) – é a soma do custo variável total com o custo fixo total.

o CT = CVT + CFT

GRAFICAMENTE

Custos Totais ($) CT = CVT + CFT

CVT

CFT

q (quantidade

produzida)

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O custo total somente varia com o custo variável total, que depende da

quantidade produzida.

Notamos que, até certo ponto, as curvas CT e CTV crescem, mas a taxas

decrescentes, para depois crescer a taxas crescentes. Significa que, dada

certa instalação fixa, no início, o aumento de produção dá-se a custos

declinantes. Contudo, um aumento maior de produção começa a “saturar” o

equipamento de capital (suposto fixo no CP) e os custos crescem a taxas

crescentes. No fundo, é a lei dos rendimentos decrescentes do lado do custo

(aqui, mais apropriadamente chamada de lei dos custos crescentes).

Conceitos de custo total médio, custo variável médio e custo fixo médio

São conceitos de custo por unidade produzida:

Custo médio (CMe ou CTMe) = CT/q

Custo variável médio (CVMe) = CVT/q

Custo fixo médio (CFMe) = CFT/q

CTMe = CVMe + CFMe

GRAFICAMENTE

Custos Médios ($) CTMe

CVMe

CFMe

q (quantidade

produzida)

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como CFMe tende a zero, quando q , segue-se que o CVMe tende a

igualar-se ao CTMe, pois CTMe = CVMe + CFMe.

CFMe tende a zero, pois CFMe = CT/q, assim com q tendendo ao

infinito, CFMe tende a zero.

O formato em U das curvas de CTMe e CVMe a CP também se deve à lei dos

rendimentos decrescentes, ou a lei dos custos crescentes. Inicialmente, os

custos médios são declinantes, pois se tem pouca mão-de-obra para um

relativamente grande equipamento de capital. Até certo ponto, é vantajoso

absorver mais trabalhadores e aumentar a produção, pois o custo médio cai.

No entanto, chega-se a certo ponto em que satura a utilização de capital (que

está fixado) e a admissão de mais trabalhadores não trará aumentos

proporcionais de produção (ou seja, os custos médio ou unitário começam a

elevar-se).

Conceito de custo marginal

Diferentemente dos custos médios, os custos marginais referem-se às

variações de custo, quando se altera a produção. Como veremos mais adiante,

a maximização de uma firma depende mais dos custos e receitas marginais do

que dos custos e receitas médias.

Custo marginal (CMg) – é o custo de se produzir uma unidade extra do

produto.

o CMg1 = ∆CT/∆q

CMg ($)

CMg

q

1 Em termos matemáticos, é definido como a derivada primeira da curva de custo total (CMg = dCT/dq).

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Como ∆CFT = 0, segue que

o CMg = (∆CVT + ∆CFT)/ ∆q = ∆CVT/ ∆q

Ou seja, os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos, que são

invariáveis a curto prazo.

Relações gráficas entre o custo marginal e os custos médios total e

variável

Custos Médios e Marginais CMg ($) CTMe

CVMe

q

A curva CMg intercepta as curvas de CTMe e CVMe em seus

respectivos pontos de mínimo;

Intuitivamente, se o custo marginal (ou seja, o custo adicional) supera o médio,

é evidente que o custo médio crescerá; assim, quando o custo marginal supera

o custo médio (total ou variável), significa que o custo médio estará crescendo.

Analogamente, se o custo marginal for inferior ao médio, o médio somente

poderá cair. Portanto, quando o custo marginal for igual ao custo médio (total

ou variável), o marginal estará cortando o médio no ponto de mínimo do custo

médio.

CUSTOS À LONGO PRAZO

Como já vimos no longo prazo todos os custos são variáveis. O longo prazo é

visto como um horizonte de planejamento e não o que está sendo efetivamente

realizado. Na verdade, é uma sequência de situações prováveis de CP.

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Curvas de custo médio de longo prazo (CMeL)

Suponhamos três tamanhos de produção: 10,15 ou 20 máquinas e as

seguintes curvas de custo médio de curto prazo (CMeC):

Custos ($) CMeC2 (K = 15) CMeC1 (K = 10)

CMeC3 (K = 20)

q

q1 q2 q3 q4

A empresa defronta-se com as seguintes situações hipotéticas, em seu

planejamento de LP:

se a empresa – deseja produzir q1 (CMeC1) {escolherá a curva de

custos médios 1, pois os custos médios serão menores do que na

estrutura de custos dado pela curva 2}

se a empresa – deseja produzir q3 (CMeC2) {pois gastaria menos,

produzindo com a curva de custos 1 o custo seria maior}

se a empresa – deseja produzir q2 ou q4 (existem duas alternativas)

o q2 - CMeC 2

o q4 - CMeC 4

{entretanto, em virtude de um planejamento de LP, prevendo aumentos futuros

de demanda, o empresário deve escolher a planta de instalação maior}.

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Entretanto devemos trabalhar no LP, para isso utiliza-se a chamada curva

cheia que é a curva de custo médio de longo prazo, conhecida na literatura

econômica como curva envoltória.

curva envoltória – é a curva de planejamento de custos de longo prazo

(mostra o menor custo médio para produzir, a cada tamanho de planta

da empresa).

custos ($)

CMeL

A

q tamanho (escala) ótimo

Como podemos observar a curva de custo médio de LP também tem um

formato em U, como as curvas de custo médio de CP. Mas o formato da curva

a CP, como vimos, é devido à lei dos rendimentos decrescentes, resultante da

existência de insumos fixos a CP. Como no longo prazo, por definição, não

existem insumos fixos, o formato em U da curva de CMe de LP é determinado

pelas economias e deseconomias de escala.

formato em U da curva de CMeL – deve-se às economias e

deseconomias de escala.

No início, á medida que a produção se expande, a partir de níveis muito baixos,

os rendimentos crescentes (que são as economias de escala) de escala

causam o declínio da curva de CMeL. No entanto, à medida que a produção se

torna maior, as deseconomias de escala (rendimentos decrescentes) passam a

prevalecer, provocando o crescimento da curva.

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O ponto A – representa a escala ótima de produção

o CMeL é mínimo

Onde a empresa estaria minimizando seus custos, até o ponto A existe

economias de escala a partir do ponto A temos deseconomias de escala. Neste

ponto o custo médio também é cortado pelo custo marginal de LP ficando:

CMgC = CMeC = CMgL = CMgL.

o CMgC = CMeC = CMgL = CMgL

Diverso estudo econométricos tem mostrado que o formato mais frequente,

tanto em termos de empresas, como de setores de atividade, é o apresentado

na figura 6.7 (pág. 138).

ESTRUTURAS DE MERCADO

As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três

variáveis principais:

o Número de firmas produtoras no mercado;

o Diferenciação do produto;

o Existência de barreiras à entrada de novas empresas.

formas de mercado:

o concorrência perfeita

número infinito de firmas, produto homogêneo e não

existem barreiras à entrada de firmas;

o monopólio

uma única empresa, produto sem substitutos próximos,

com barreiras à entrada de novas firmas;

o concorrência monopolística (ou imperfeita)

inúmeras empresas, produto diferenciado, livre acesso de

firmas ao mercado;

o oligopólio

pequeno número de empresas que dominam o mercado,

os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados, com

barreiras à entrada de novas empresas.

Objetivo da firma

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maximizar lucros, maximizar participação no mercado, maximizar

margem de rentabilidade sobre os custos.

Nos cursos de microeconomia, discute-se fundamentalmente o chamado

modelo neoclássico ou marginalista, o qual apresentaremos a seguir:.

teoria neoclássica

o objetivo da firma é sempre maximizar o lucro total

RMg = CMg

Ou seja, a empresa aumenta sua produção até o ponto onde a receita marginal

obtida com a produção de uma unidade a mais do produto iguala o custo

marginal para a produção desta unidade adicional.

Nos anos 30, alguns estudos revelaram que a regra de formação de preços

seguida pela grande maioria das grandes empresas era a maximização do

mark-up, definido como margem sobre os custos diretos, em que o preço seria

determinado fundamentalmente a partir dos custos da empresa, dado a

dificuldade de prever as receitas. Contudo esta teoria somente é aplicada para

empresas de grande porte que possuem grande poder de mercado para,

assim, formar o seu preço.

MERCADO EM CONCORRÊNCIA PERFEITA

Hipóteses do modelo

atomicidade (mercado atomizado) – mercado com infinitos participantes

(compradores e vendedores), de forma a um agente isolado não ter

condições de afetar o preço de mercado. Assim as empresas neste

mercado são price-takers;

homogeneidade (produto homogêneo) – todas as firmas oferecem um

produto semelhante (não existe diferença de embalagem, qualidade);

mobilidade de firmas (livre entrada e saída de firmas e compradores no

mercado)

racionalidade – firmas sempre maximizam o lucro e os consumidores

maximizam sua satisfação;

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transparência de mercado – consumidores e firmas possuem acesso a

toda informação relevante (sem custos), isto é, conhecem preços,

qualidade, os custos, as receitas e os lucros dos concorrentes;

mobilidade de bens (não existem custos de transporte) – completa

mobilidade de produtos entre as regiões (não se considera a localização

espacial de firmas e consumidores);

inexistência de externalidades – não existem influências externas nos

custos das firmas, ou seja, nenhuma firma influi no custo das demais e

nenhum consumidor afeta o consumo dos demais;

divisibilidade – conceito matemático que objetiva facilitar a compreensão

do funcionamento do modelo;

mercado de fatores de produção também em concorrência perfeita –

todas as hipóteses anteriores também valem para o mercado de fatores

de produção.

Funcionamento do modelo de concorrência perfeita

Para determinarmos o ponto de produção ideal de uma firma em concorrência

perfeita, precisamos conhecer o comportamento da demanda desse mercado,

pois esta permitirá uma previsão das receitas da firma, e como se comportam

seus custos.

Curva de demanda de mercado e da firma individual (pág. 146)

P P

($) Si ($)

P0 DEMANDA INDIVIDUAL

Di

q

q

(Mercado Total) (firma isolada)

Page 12: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Dada à hipótese da atomicidade, uma firma isolada não consegue alterar o

preço de mercado. Caso a firma venda a um preço mais elevado não venderá

nada, pois os produtos são homogêneos, assim, os compradores comprarão de

outras firmas. A firma não venderá a um preço mais baixo, pois este fere o

princípio da racionalidade (o preço p0 vende quanto quer, por que vender mais

barato?).

Portanto a curva de demanda de mercado é negativamente inclinada, mas a

curva de demanda individual da firma é horizontal (infinitamente elástica).

Curvas de receita da firma

RT = preço unitário de venda x quantidade vendida

o RT = pq

Receita Média (RMe) – é a receita por unidade de produto vendida, ou

receita unitária

o RMe = RT/q = pq/q = p

o então RMe = p (portanto receita média é sempre igual ao preço

unitário de venda)

o como observarmos que o preço de mercado é a própria demanda

individual então a RMe é a própria curva de demanda da firma

individual

o em concorrência perfeita a RMe é fixa, pois o preço de mercado é

constante.

Receita Marginal (RMg) – receita adicional, quando se vende uma

unidade a mais.

o em concorrência perfeita a RMg = P, pois o que se ganha de

receita adicional é constante)

o matematicamente

RMg = dRT/dq = dpq/dp = dp/dp ∙ q + p ∙ dq/dq, como

dp/dq é igual a zero pois a quantidade não afeta devido o

preço ser constante e dq/dq é igual a 1, então:

RMg = p

CURVA DE DEMANDA DE UMA FIRMA EM CONCORRÊNCIA PERFEITA

Page 13: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

P

($)

P0 P0 = RMe = Rmg DEMANDA PARA A FIRMA INDIVIDUAL, EM CONCORRÊNCIA

PERFEITA

q

(firma isolada)

Curvas de custos

As curvas de custos são as mesmas já vistas anteriormente, na teoria dos

custos de produção.

CURVAS DE CUSTOS DE UMA FIRMA EM CONCORRÊNCIA PERFEITA

P CMg ($) CTMe

CVMe

q

A curva CMg intercepta as curvas de CTMe e CVMe em seus

respectivos pontos de mínimo;

Page 14: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Equilíbrio da firma em concorrência perfeita (a curto prazo)

A suposição básica dentro da teoria neoclássica é que o empresário está

sempre buscando maximizar o lucro. Como o preço é fixado pelo mercado, o

empresário decide a quantidade a ser produzida que irá maximizar o lucro.

regra para maximização do lucro:

o RMg = CMg, sendo CMg crescente

P CMg

($) CTMe

P0 X RMg = P0 = RMe

q0 q

o ponto X corresponde ao nível de produção (q0) que maximiza o lucro

o quando RMg > CMg, o empresário elevará a produção, pois o

lucro aumentará;

o quando RMg < CMg, o empresário reduzirá a produção, pois a

firma não está maximizando o lucro;

o equilíbrio: RMg = CMg;

o em concorrência perfeita: P = CMg (pois em concorrência perfeita

RMg é igual ao preço de mercado);

Como teoricamente a curva de CMg deve ter um formato em U, podem existir

dois pontos em que RMg = CMg (um ponto onde o CMg é decrescente e outro

ponto onde o CMg é crescente). No ponto onde o custo marginal é

decrescente, unidades adicionais de produto fazem com que o custo marginal

se reduza aumentando, assim, o lucro. No ponto onde CMg é igual à RMg a

quantidade produzida está maximizando o lucro, pois unidades adicionais do

produto reduziriam o lucro tendo em vista que o CMg será maior que a RMg.

Page 15: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Área de lucro total, receita total e custo total

P CMg ($) CTMe

RMe0 X RMg = P0 = RMe

CTMe0 A

0 q0 q

RT = RMe0 ∙ q0 = área 0 ∙ RMe0 ∙ X ∙ q0

CT = CTMe0 ∙ q0 = área 0 ∙ CTMe0 ∙ A ∙ q0

LT = RT – CT = (RMe0 – CTMe0) ∙ q0 = área CTMe0 RMe0 ∙ X ∙ A

Page 16: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Curvas de máximo lucro e máximo prejuízo de uma firma em concorrência

perfeita, em termos de curvas totais

$

CMe’

CMg

CMe

RMe0 RMg = P0 = RMe

CMe0

q’ q0 q

LT

RT

CT CT

($) RT

prejuízo

lucro

q’ q0 q

Page 17: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

A curva de receita total (RT) é uma reta que parte da origem, no modelo de

concorrência perfeita. Sua declividade é constante e é a própria receita

marginal (RMg), que é o próprio preço P0 .

Curva de oferta da firma em concorrência perfeita

A curva de oferta da firma em concorrência perfeita é o segmento

crescente da curva de custo marginal, a partir do ponto em que o custo

marginal é maior que o custo variável médio mínimo;

P ($) CMg

CTMe P0 = RMg

CVMe

q

Esta definição da curva de oferta da firma em concorrência perfeita nos leva a

duas questões:

Por que é a curva de CMg?

Por que apenas após o CVMe mínimo?

Por que é a curva de CMg?

Page 18: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

A resposta é que essa curva reflete a resposta das firmas quando o

preço de mercado varia, ou seja, reflete o aumento ou a redução de q

quando p varia;

P ($) CMg

P2 RMg2

P1 RMg1

P0 RMg0

q0 q1 q2 q

quando o preço é p0, a firma oferece q0 (que maximiza seu lucro a p0);

quando o preço é p1, a firma oferece q1 (que maximiza seu lucro a p1);

quando o preço é p2, a firma oferece q2 (que maximiza seu lucro a p2);

Como a firma maximiza lucros apenas no ramo crescente do CMg, então a

curva de oferta da firma em concorrência perfeita é o ramo crescente da curva

de CMg, dado que as reações da firma, em relação a variações de preços, dão-

se nesse trecho da curva.

Por que apenas após o CVMe mínimo?

Porque, se o empresário for racional, o preço mínimo para continuar

operando no mercado ocorre quando:

o P = CVMe mínimo

Page 19: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Em termos totais (multiplicando ambos os lados por q), temos: p ∙ q = CVMe ∙

q, ou seja, RT = CVT. Em situações abaixo deste ponto, o empresário, agindo

racionalmente, fecharia a firma.

Supondo quatro situações para demonstrar esta situação:

a) p > CTMe (RT > CT)

P ($) CMg

CTMe P0 = RMe0 CVMe

CTMe0 lucro P0

CVMe0

q0 q

situação normal, com lucros extraordinários (retângulo de lucros);

Page 20: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

b) p < CTMe, mas p > CVMe (RT < CT, mas RT > CVT)

P

($) CMg

CTMe

CTMe0 prejuízo P0 = RMe0 CVMe

P0

CVMe0

q0 q

nesta situação a firma opera com prejuízo, contudo continua produzindo,

pois mantendo a produção está cobrindo todos os custos variáveis e

parte dos custos fixos;

Page 21: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

c) p = CVMe mínimo (RT = CVT)

P ($) CMg CTMe

CTMe0 CVMe

prejuízo

CVMe0 P0 = RMe0 RMg

q0 q

neste caso, o prejuízo é o mesmo, fechando a empresa ou continuando

a operar. O empresário continuará a operar se acreditar que esta

situação seja transitória.

d) p < CVMe mínimo (RT < CVT)

P ($) CMg CTMe

CTMe0 CVMe

prejuízo

CVMe0

P0 = RMe0 RMg

q0 q

Page 22: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

nesta situação, se continuar operando, o prejuízo indica que a firma não

está conseguindo pagar nem os custos variáveis;

o empresário terá um prejuízo menor parando de produzir, pois arcará

apenas com os custos fixos;

Assim, uma firma em concorrência perfeita deve operar apenas quando o preço

de mercado supera pelo menos os custos variáveis. Então, a curva de oferta da

firma em concorrência perfeita é o ramo crescente da curva de CMg, acima do

CVMe mínimo.

Page 23: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

ELASTICIDADE

a) CONCEITO: Elasticidade se refere a um tipo de

sensibilidade, tem a ver com variações correlacionadas.

Por exemplo: Se eu digo que a demanda é elástica em

relação ao preço, estou afirmando que quando o Preço

Varia ocorrem Variações na Demanda.

b) MEDIDA DE ELASTICIDADE: Calcula a intensidade das

variações correlacionadas. Assim, as perguntas dentro dessa

temática são: Quando o preço varia qual vai ser a variação da

demanda (ou da oferta)? Quando a renda varia qual vai ser a

variação na demanda?

C) INTENSIDADE DAS VARIAÇÕES: Dizemos que uma

variável é muito elástica, quando pequenas variações na

variável Y, causam grandes variações (Reações) na variável

X. Exemplo: Quando o preço do queijo varia, ocorre grande

variação em sua demanda. Existe pouca elasticidade quando o

contrário é verdadeiro.

É a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, ceteris paribus.

O gráfico ao lado mostra que uma queda de R$ 4,00 no preço quilo do queijo, causa um aumento de 80 quilos na demanda por queijo. Calculando a Elasticidade:

E = Δ%D = 80% = 2 Δ%P 40%

Elasticidade preço da demanda por queijo

Page 24: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

OBS: Acima temos que, uma queda de 40% no preço gera um aumento de 2 Vezes esses 40% na quantidade demandada. Ou seja, 80%.

TIPOS DE ELASTICIDADE DENTRO DA

MICROECONOMIA

Elasticidade-preço da demanda: Variação percentual na

quantidade demandada, dada à variação percentual no

preço do bem, ceteris paribus.

No exemplo acima temos:

= 180-100/100 = 0,8 = 6-10/10 = (-) 0,4

Coeficiente de Elasticidade = 0,8/(-)0,4 = (-) 2

Obs.: A elasticidade preço da demanda é sempre negativa – variações em sentido contrário (OCORRE DEVIDO À LEI GERAL DA DEMANDA). Seu valor é sempre expresso em módulo = |Epd | - Desconsidera-se o sinal!

Page 25: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE Epd:

a) Bens que possuem o preço muito baixo possuem

pouca elasticidade. Ex.: Chiclete, Botão de roupa, etc.

b) Bens cujo consumo é ESSENCIAL, também possuem

pouca elasticidade. Ex.: Sal, Açúcar.

c) Bens que não possuem SUBSTITUTOS próximos

(ex.: Gasolina/Álcool) também possuem baixa

elasticidade.

Obs.: O Horizonte temporal (possibilidade de descobrir substitutos no

futuro) e o peso do bem no orçamento (Carne X Fósforo) também

influenciam na elasticidade.

PAUSA PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ELASTICIDADES

E > 1: Significa que a demanda é elástica. Ou seja, variações no

preço causam variações na demanda numa amplitude maior. E < 1: Significa que a demanda é Inelástica: a variação percentual na quantidade é menor que a variação percentual no preço. E = 1: Significa Elasticidade Preço Unitária: Ocorre quando a variação percentual na quantidade é igual à variação percentual no Preço.

NO GRÁFICO

Preço do

Bem (R$)

Quantidade demandada

a

b

c

|Epd|ponto b > 1 (elástica)

|Epd|ponto a = 1 (unitária)

|Epd|ponto c < 1 (inelástica)

Preço do

Bem (R$)

Quantidade demandada

a

b

c

|Epd|ponto b > 1 (elástica)

|Epd|ponto a = 1 (unitária)

|Epd|ponto c < 1 (inelástica)

O gráfico mostra que: Quanto mais elevado o preço, maior é a elasticidade. Quanto menor o preço, menor é a elasticidade.

Page 26: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

QUAL É A RELAÇÃO ENTRE ELASTICIDADE E RECEITA DE

VENDA?

R.: O produtor/vendedor deve levar em consideração a elasticidade

preço da demanda quando quer avaliar o quanto pode aumentar de

seu preço, tendo em vista, por exemplo, um aumento dos custos de

produção.

Se E > 1: ocorre queda na Receita Total quando aumenta o Preço

Se E < 1: ocorre aumento da Receita Total quando aumenta o

Preço

Se E = 1: Não há variação da Receita quando varia o preço.

CONCLUSÕES:

Quando a demanda é INELÁSTICA vale à pena aumentar o preço

até o ponto onde Epd = -1. Pois, embora a quantidade caia, o

aumento de preço compensa a queda na quantidade, e a RT

aumenta. Ex.: Bens Agrícolas.

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OUTRAS MEDIDAS DE ELASTICIDADE

ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA:

Variação percentual na quantidade demandada, dada à

variação percentual no preço de outro bem, ceteris paribus.

Ex.: Carro e Pneu!

a) Epd AB > 0 => Ocorre quando os bens A e B são

substitutos (o aumento do preço de y aumenta o consumo

de x).

b) Epd AB < 0 => Quando os bens A e B são

complementares (o aumento do preço de y diminui o

consumo de x).

c) Epd AB = 0 => Ocorre quando os bens são

Independentes (o aumento do preço de y não altera o

consumo de x).

ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA: Variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual na renda do consumidor, ceteris paribus.

OBS.: O sinal da ERd não é sempre o mesmo. Isso leva a situação abaixo.

Page 28: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

ERd > 1 => BEM SUPERIOR (ou bem de luxo): dada uma

variação da renda, o consumo varia mais que proporcionalmente.

ERd > 0 => BEM NORMAL: o consumo aumenta quando

a renda aumenta.

ERd < 0 => BEM INFERIOR: a demanda cai quando a

renda aumenta.

ERd = 0 => BEM DE CONSUMO SACIADO: variações na

renda não alteram o consumo do bem.

Obs.: Normalmente, a elasticidade-renda da demanda de

produtos manufaturados (carros, eletrônicos) é superior à

elasticidade-renda de produtos básicos, como alimentos.

ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA: Variação

percentual na quantidade OFERTADA, dada uma variação

percentual no preço do bem, ceteris paribus.

Epo > 1 => Bem de oferta elástica.

Epo < 1 => Bem de oferta inelástica.

Epo = 1 => elasticidade-preço de oferta

unitária.

Page 29: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

GRÁFICOS DA ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA

Menos elástico Mais elástico

Perfeitamente Inelástico

Perfeitamente Elástico

Page 30: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

ELASTICIDADE NO PONTO MÉDIO

Utilizando o exemplo anterior, vemos que não há uma reta, mas sim um arco entre os pontos. Assim, a forma correta de calcular a elasticidade é através do método do ponto Médio (Quantidade Média e Preço Médio)

Para o exemplo:

EXERCÍCIO

Solução:

Q.média =

P.Médio =

Page 31: Parte II - Fundamentos de Teoria Econômica e Microeconômica

Suponha que um aumento de 3% no preço de sucrilhos cause uma redução de 6% em sua quantidade demandada. Qual é a elasticidade da demanda de sucrilhos?

Por que as elasticidades de longo prazo da demanda são diferentes das elasticidades de curto prazo? Considere duas mercadorias: toalhas de papel e televisores. Qual das duas é um bem durável? Você esperaria que a elasticidade-preço da demanda de toalhas de papel fosse maior a curto ou a longo prazo? Por quê? Como deveria ser a elasticidade-preço da demanda de televisores?

Explique por que, no caso de muitas mercadorias, a elasticidade-preço de longo prazo da oferta é maior do que a elasticidade de curto prazo.

Suponha que o governo regulamente os preços da carne bovina e do frango, tornando-os mais baixos do que seus respectivos níveis de equilíbrio de mercado. Explique por que ocorreria escassez dessas mercadorias e quais os fatores que determinarão a magnitude dessa escassez. O que deverá ocorrer com o preço da carne de porco? Explique resumidamente.

Suponha que curva de demanda de um produto seja dada por Q=10-2P+Ps, onde P é o preço do produto e Ps é o preço de um bem substituto. O preço do bem substituto é $2,00.

(a) Suponha P=$1,00. Qual é a elasticidade-preço da demanda? Qual é a elasticidade cruzada da demanda?

(b) Suponha que o preço do bem, P, aumente para $2,00. Agora, qual seria a elasticidade-preço da demanda, e qual seria a elasticidade cruzada da demanda?

Suponha que, em vez da redução na demanda suposta no Exemplo 2.7, um aumento no custo da produção de cobre leve a curva de oferta a se deslocar para a esquerda em 40%. O que ocorrerá com o preço do cobre?

Suponha que a demanda por gás natural seja perfeitamente inelástica. Qual será o efeito, se houver algum, do controle de preços do gás natural?