Parte2[1]
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Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados à construção das estruturas e à necessidade
de utilização de explosivos.
TABELA 4.4.: Impactos ambientais – Preparo da base dos aterrosCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Construção das estruturas
Atuam na contenção detaludes e aterros a fim deevitar desmoronamentose/ou escorregamentosprovocados pela presençade água, ficando os taludescom os ângulos projetados eos aterros sem problemas deestabilização
Por serem obras gigantescasprejudicam o tráfego local ecausam riscos de acidentes àpopulação Presença novas paisagenscausando poluição visual
Utilização de explosivos
Aumento da poluiçãoatmosférica Aumento da poluiçãosonora Aumento do nível devibração
Fuga de espécies emdecorrência do barulho esituação de stress paraespécies incapazes de fugir
Chances de acidentes durante aexecução dos serviços
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à construção das estruturas
Para prevenir quanto ao risco de acidentes durante a construção dessas estruturas
devem ser instaladas placas indicativas de obra e de perigo. Quanto à modificação do tráfego
local, devem ser previstos desvios com colocação de placas indicativas de novos acessos.
- Quanto ao uso de explosivos
As medidas mitigadoras desta atividade são as citadas no item “cortes e aterros”
� Execução de cortes e aterros
Entende-se por cortes as operações de escavação de solo e desmonte de rochas
que têm por finalidade colocar o eixo da estrada com as alturas projetadas. No caso do
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desmonte de rochas pode haver necessidade de utilização de explosivos, com as atividades de
perfuração, carregamento, detonação e remoção.
Aterros são as deposições do material escavado tendo por finalidade a mesma dos
cortes, ou seja, colocar o eixo da estrada com as alturas projetadas para que a infra-estrutura
possa ser lançada. Para a construção dos aterros três etapas são necessárias: distribuição do
material, compactação e acabamento (SENÇO, 1980).
Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados à escavação, à movimentação de máquinas
e equipamentos, à movimentação de solo e rocha e às áreas aterradas.
TABELA 4.5.: Impactos ambientais – Execução de cortes e aterrosCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Escavação
Alteração da drenagemnatural com possibilidadede interferência em cursosd’água, interrompendo oudrenando-os Possibilidade de ocorrênciade processos erosivos As escavações subterrâneas,no caso de túneis,modificam as condiçõesnaturais de estabilidade dosterrenos podendo gerarprocessos de recalques edesabamentos e além dissogeram muita quantidade debota-fora
Diminuição do espaço vital
Se houver interferência emcursos d’água pode ocorrerredução ou secagem de poçosprivados e/ou deterioração daqualidade da água Possibilidade de ocorrência dedesestabilização em fundaçõesvizinhas devido aos alívioslaterais em áreas urbanas, compossibilidade de surgimento detrincas, problemas estruturais eobstrução de vias.
Aumento da declividade doterreno
Aumento da velocidade doescoamento da água eculminando com processoserosivos e assoreamentos Degradação do relevo
Podem ser causadas obstruçõesde vias Intrusão visual
Presença de máquinas eequipamentos
Aumento do nível de ruídoe vibração Incremento da poluiçãoatmosférica, devido à poeiralevantada pelas escavaçõese escapamento dos gases
Fuga e até mesmo morte deespécies animais
Risco de acidentes Alteração na circulação Prejuízo à saúde da população etrabalhadores com riscos deocorrência de doençaspulmonares e alérgicas e/ouintoxicação, resultando em quedada qualidade de vida Redução dos valores dosprodutos agrícolas pela presençade poeira
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TABELA 4.5 Continuação.: Impactos ambientais – Execução de cortes e aterrosCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Utilização de explosivos
Aumento da poluiçãoatmosférica Aumento da poluiçãosonora Aumento do nível devibração
Fuga de espécies emdecorrência do barulho esituação de stress paraespécies incapazes de fugir.
Chances de acidentes commaterial em estoque, com otransporte do material (o querepresenta grande perigo emáreas urbanas) e durante osserviços de perfuração ecarregamento das minas
Áreas aterradas
Essas áreas represam ofluxo das águasinterrompendo oescoamento natural
Caso ocorra alteração nofluxo das águas, podeocorrer desequilíbrio demicroorganismos aquáticos
Movimentação de solo erocha
Assoreamento de drenagense cursos d’água Alteração comportamentohídrico das nascentes ecursos d’água, causando adiminuição da velocidadeescoamento das águassuperficiais, elevação donível d’água e chances dealagamentos.
Caso ocorra alagamentosocorre evasão da fauna eperda de espécies da flora
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto às escavações
Antes de realizar as escavações, principalmente nas áreas urbanas, torna-se
imprescindível um levantamento das construções existentes ao redor das obras, bem como de
suas estruturas a fim de evitar qualquer tipo de desestabilização de fundações vizinhas.
Durante as escavações, principalmente as realizadas em vias públicas, devem ser colocadas
sinalizações de advertência, inclusive noturna, e barreira de isolamento em todo seu
perímetro. Os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos às áreas de escavação devem
ter sinalização de advertência permanente. Quanto à alteração da drenagem natural deve ser
previsto um novo sistema de drenagem a fim de substituir o existente anteriormente.
- Quanto ao aumento da declividade do terreno
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A fim de evitar os desmoronamentos e/ou escorregamentos causados pelo
aumento da declividade do terreno, devem ser feitas obras de contenção como muros de
arrimo, tirantes e cortinas atirantadas, obras de drenagem, obras de consolidação e proteção
com cobertura vegetal a fim de que a coesão seja aumentada e a velocidade do escoamento
das águas diminuída.
- Quanto às máquinas e equipamentos
As máquinas e equipamentos utilizados nas obras de corte e aterro devem ser
reguladas quanto à emissão de gases e ruídos, controladas as emissões particuladas e gasosas,
obedecendo os limites estabelecidos na legislação. Quanto a geração de poeira, podem ser
tomadas medidas a fim de minimizar essa situação, como por exemplo a aspersão de água. E
finalmente, quanto aos riscos de acidentes, devem ser colocadas placas indicativas de riscos e
de circulação.
- Quanto ao uso de explosivos
Durante o transporte de explosivos devem ser utilizados veículos adequados, com
a identificação apropriada, que somente podem ser manuseados por profissionais experientes.
Também deve ser evitado, sempre que possível, o percurso por áreas urbanas.
Os paióis devem ser localizados adequadamente (preferencialmente em áreas de
pouca movimentação), devem possuir vigilantes, equipamentos de segurança de acordo com
as normas a fim de evitar qualquer tipo de acidente.
Durante o carregamento das minas os explosivos não devem sofrer qualquer tipo
de impacto que possam ocasionar sua explosão. Durante a explosão a população deve ser
avisada sobre os serviços que serão executados a fim de evitar qualquer tipo de acidente.
Devem ser fornecidas medidas de segurança como por exemplo distâncias mínimas de
segurança, interrompimento de acessos, etc.
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A detonação deve ser feita com a utilização de equipamentos com retensores de
pó e compressores de ar com abafadores de ruído. Essas atividades não deverão ser feitas ao
amanhecer e ao anoitecer, pois, nesses horários existem animais em atividade. Após a
detonação deve ser feita vistoria a fim de detectar qualquer explosivo que não tenha sofrido
detonação, evitando acidentes com a população e com os próprios operários. Nas detonações é
obrigatória a existência de alarme sonoro prévio.
- Quanto à movimentação de solo e rocha
A movimentação de materiais durante as operações de corte e aterro devem ser
feitas de maneira que não ocorra queda de material no percurso utilizado. Desta forma, devem
ser tomadas medidas de proteção como colocação de lonas e outros.
� Jazidas, caixas de empréstimo e Bota-fora
As jazidas são locais destinados a fornecer material para aterros, quando o volume
escavado na operação de corte for insuficiente e de materiais de construções necessários à
obra. Precede esta atividade a marcação da área, limpeza do terreno ou desmatamento,
acessos e alocação de equipamentos. Em alguns casos ocorre também a necessidade de
drenagem.
Os bota-fora são locais destinados ao armazenamento do material retirado dos
cortes, que não seja destinado a aterro, seja por excesso ou por motivo tecnológico.
Geralmente fica depositado ao longo da faixa de domínio da ferrovia e pode ser composto de
solo e/ou rocha (SENÇO, 1980).
Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados à exploração dessas áreas, em especial às
pedreiras para obtenção de material para lastro e ao transporte do material.
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TABELA 4.6.: Impactos ambientais – Jazidas, caixas de empréstimo e bota-forasCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Exploração de jazidas eformação de bota-foras
Área com elevado potencialinstabilidade, resultando emprocessos erosivos eassoreamentos de cursosd’água/canais de drenagem Modificação na drenagemnatural
Caso ocorra assoreamentodos cursos d’água, ocomportamento hídrico dasnascentes será alterado,alterando o habitat natural egerando prejuízos à fauna eflora Diminuição do espaço vital
Descaracterização paisagemlocal A modificação da drenagemnatural pode causar alagamentosem terrenos cultivados comprejuízos à população A má localização de bota-foraspode resultar em fonte deproliferação de insetos causandodanos à saúde da população etrabalhadores
Transporte do material
Queda de material nopercurso utilizado podendocausar assoreamento noscursos d’água
Caso haja assoreamentoocorrerão alterações nocomportamento hídrico,alterando o habitat natural
Exploração de pedreiras paraobtenção de material paralastro
Descaracterização dapaisagem local Aumento do nível de ruídoe poluição atmosférica
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à exploração de jazidas e formação de bota-foras
Sempre que possível devem ser escolhidas para exploração de jazidas e caixas de
empréstimo áreas que já não apresentam vegetação e que não estejam localizadas próximas à
nascentes e cursos d’água. Quando esta medida não for possível, a área a ser desmatada não
pode ter espécies raras ou em extinção Para isso, a exploração deve ser feita seguindo-se o
código de mineração e com licenciamento de exploração junto ao órgão ambiental
competente. Após a utilização, devem ser recuperadas através da revegetação das superfícies
expostas e nos casos críticos deve ser previsto tratamento.
Quanto ao problema de modificação do sistema de drenagem, deve ser implantado
um novo sistema que substitua o sistema existente anteriormente. Geralmente são utilizadas
valetas laterais para evitar que a água da estrada não invada terrenos cultivados e acarretem
prejuízos.
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- Quanto ao transporte de materiais
Quanto ao problema de assoreamento das drenagens devido ao transporte de
materiais, sugere-se o recobrimento dos caminhões com lona e o excesso de carregamento,
diminuindo a queda de material e consequentemente o assoreamento das drenagens.
� Trabalhos complementares
A água tende a modificar os ângulos dos taludes, dando lugar a desmoronamentos
e escorregamentos. Para que esses problemas sejam evitados devem ser feitas obras de
construção de elementos de drenagem superficiais e/ou subterrâneos, obras de acabamento e
consolidação de taludes de corte e aterro e implantação da vegetação conforme descrito à
seguir (PEREIRA, 1959).
� Drenagem Superficial
A drenagem superficial é a atividade responsável pelo esgotamento da água que
atinge a estrada conduzindo-a à locais adequados através de elementos como valetas de
proteção e banquetas. As valetas de proteção são utilizadas nos cortes interceptando o fluxo
da água e conduzindo-a paralelamente ao eixo da estrada de ferro para pontos que não causem
prejuízos a estrada. As banquetas são utilizadas em cortes extensos fracionando a superfície
dos taludes conduzindo a água longitudinalmente para pontos adequados. (FIGURA 4.7).
� Drenagem subterrânea
Alguns aterros ou fundo de cortes, não sendo suficientemente permeáveis, retém
por muito tempo grande quantidade de água, reduzindo sua capacidade de resistência. Outras
vezes os cortes executados podem atingir os lençóis d’água ocorrendo o alagamento das
caixas de cortes e consequentemente a camada de solo abaixo da plataforma, necessitando
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rebaixá-lo. Nesses casos devem ser construídos bases de materiais granulares cuja drenagem
se fará por meio de drenos longitudinais ou transversais, constituindo galerias filtrantes.
� Acabamento e consolidação dos taludes de corte e aterro e implantação da
vegetação.
São obras destinadas a evitar os processos de escorregamentos nas áreas de cortes
e aterros através de plantio de gramíneas, leguminosas, etc. contribuindo para o aumento da
coesão pela presença de raízes e amortecendo a velocidade de escoamento das águas. Como
medida de proteção dos taludes de corte tem-se a impermeabilização da superfície através de
pichamento, revestimento de concreto, revestimento de pedra e muros.
4.3. 3. Execução de obras de arte
São as construções que servem de suporte ao leito da ferrovia destinadas a vencer
obstáculos naturais ou artificiais. Dentre as obras de arte especiais destacam-se as pontes,
viadutos e túneis que são utilizados quando se deseja encurtar um traçado, evitar cortes muito
altos, para aliviarem o tráfego de superfície em vias urbanas e nos cruzamentos de cursos
d’água em substituição a pontes muito extensas.
Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados às operações construtivas.
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TABELA 4.7.: Impactos ambientais – Obras de arteCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Operações construtivas
Desestabilização de solo esubsolo Rebaixamento do lençolfreático Interferência cursos d’águacom estrangulamento dedrenagens naturaiscausando turbidez nas águassuperficiais (caso daspontes)
Fuga de espécies Destruição mata galeria(caso das pontes)
Desconforto acústico e tensãopsicológica Deterioração da qualidade dapaisagem urbana Desvio de tráfego e bloqueio deruas Riscos de acidentes
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à construção das estruturas
Durante a construção dessas estruturas devem ser estabelecidos horários para
realização de determinadas atividades a fim de reduzir os danos causados à população e aos
animais em função do barulho e da poluição atmosférica. Por serem obras geralmente
grandes, interditam muitas ruas, por isso devem ser previstas rotas alternativas para o acesso
de veículos especiais em situações emergenciais, como carros do corpo de bombeiros, carros
policiais, ambulâncias, etc., bem como devem ser colocadas placas de sinalização, de
indicação de rotas, etc.
Quanto à construção de túneis, esta deve ser feita mediante análise preliminar do
maciço rochoso, identificando suas descontinuidades e fraturas e com acompanhamento de
medidas preventivas e de segurança. Posteriormente precisam ser revestidos por alvenaria de
pedra, de tijolo, de concreto, de concreto armado ou de revestimento metálico, bem como
instalados os equipamentos de ventilação e iluminação.
TABELA 4.7.: Impactos ambientais – Obras de arteCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Operações construtivas
Desestabilização de solo e
Fuga de espécies
Desconforto acústico e tensão
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subsolo Rebaixamento do lençolfreático Interferência cursos d’águacom estrangulamento dedrenagens naturaiscausando turbidez nas águassuperficiais (caso daspontes)
Destruição mata galeria(caso das pontes)
psicológica Deterioração da qualidade dapaisagem urbana Desvio de tráfego e bloqueio deruas Riscos de acidentes
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à construção das estruturas
Durante a construção dessas estruturas devem ser estabelecidos horários para
realização de determinadas atividades a fim de reduzir os danos causados à população e aos
animais em função do barulho e da poluição atmosférica. Por serem obras geralmente
grandes, interditam muitas ruas, por isso devem ser previstas rotas alternativas para o acesso
de veículos especiais em situações emergenciais, como carros do corpo de bombeiros, carros
policiais, ambulâncias, etc., bem como devem ser colocadas placas de sinalização, de
indicação de rotas, etc.
Quanto à construção de túneis, esta deve ser feita mediante análise preliminar do
maciço rochoso, identificando suas descontinuidades e fraturas e com acompanhamento de
medidas preventivas e de segurança. Posteriormente precisam ser revestidos por alvenaria de
pedra, de tijolo, de concreto, de concreto armado ou de revestimento metálico, bem como
instalados os equipamentos de ventilação e iluminação.
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4.4. ATIVIDADES REALIZADAS NA CONSTRUÇÃO DA SUPERES TRUTURA DE
FERROVIAS, IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORA S
ASSOCIADOS.
As atividades necessárias à implantação da superestrutura estão divididas
em quatro grupos. O primeiro grupo trata da implantação da via, o segundo da construção de
estações e terminais, o terceiro das instalações acessórias e o quarto e último trata da
instalação dos equipamentos.
4. 4.1. Implantação da via (construção da linha)
Sobre a plataforma construída na terraplanagem, assenta-se a superestrutura,
constituída de lastro, sublastro, dormentes, trilhos e elementos de fixação.
Inicialmente faz-se a locação e implantação dos marcos de alinhamento e
nivelamento, obtendo-se a locação do eixo da via, denominada locação para trilhos. Essa
locação do eixo é transferida para a margem da plataforma, através de pequenos pedaços de
trilhos, com a indicação dos trilhos, da altura do lastro e do dormente (SCHRAMM, 1977).
A seguir faz-se o assentamento da linha através do processo clássico ou do
processo moderno (BRINA, 1982). Esses processos são comentados a seguir:
� Processo clássico
No processo clássico os dormentes são espalhados ao longo da via e a seguir os
trilhos são fixados nos dormentes, manualmente ou por meio de guindastes. No caso de trilhos
longos soldados, são descarregados no centro da linha e posteriormente colocados sobre os
dormentes. A seguir ocorre o puxamento, que é o deslocamento da linha, formada pelos
trilhos e dormentes, por alavancas de modo a coloca-los na posição certa, indicada pelos
marcos. Sobre essa linha recém lançada avança o trem de lastro, descarregendo na linha o
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material formando pequenos montes entre os mesmos. O lastro é encaixado sob os dormentes,
levantando-se a grade da linha por meio de “macacos” e a seguir é socado, depois da linha
nivelada. Esta etapa é feita, atualmente, através de “socadoras pesadas” que levantam a grade
e compactam o lastro por vibração. Esta operação é denominada lastreamento e nivelamento.
Finalmente ocorre o puxamento final e acabamento que são na verdade uma
correção final do “alinhamento”, ocorrendo a conferência das distâncias dos “marcos” aos
trilhos mais próximos. A seguir enche-se de lastro os intervalos entre os dormentes.
� Processo moderno
Neste processo todo o material é transportado por carretas, ao longo da plataforma
da ferrovia. Ao invés de colocar o lastro depois de assentada a grade, pode-se espalhar o lastro
em uma pequena camada que permita o nivelamento da linha, fazendo uma compactação
primária. A seguir os dormentes e trilhos são assentados sobre a camada de lastro e
posteriormente após o início do tráfego da ferrovia, pode-se compactar o lastro, até alcançar a
altura especificada no projeto, e fazer o nivelamento, puxamento e acabamento final.
Cabe ressaltar que durante o assentamento da linha são utilizadas ferramentas
como bitola (barra de aço para verificar o afastamento entre os trilhos), bimbarra (alavanca
destinada à levantar a linha), broca para catraca (peça de aço para furacão de trilhos), régua
para entalhar dormentes, aparelho para curvar trilhos, pá, picareta, soquete, alavanca,
guindastes, socadoras, etc.
Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados às operações construtivas para
implantação da superestrutura.
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TABELA 4.8.: Impactos ambientais – Implantação da viaCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Implantação superestrutura
Aumento do nível de ruídodevido à utilização deferramentas e aparelhos noassentamento da linha A colocação de lastroretarda ou até mesmoelimina processos erosivoslocais
Fuga e morte de espécies
Segragação de propriedades eáreas rurais, dificultando acirculação e resultando emdivisão de áreas produtivas,impedindo a livre circulação detratores e máquinas que realizama colheita e também de áreasutilizadas para pastagens Modificação da paisagem pelapresença de novas estruturas
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à implantação da superestrutura
Para minimizar o impacto da divisão de áreas, podem ser negociadas a troca de
áreas e construção de passagens.
Quanto o aumento da poluição sonora, devem ser estabelecidos horários para
realização da implantação da superestrutura.
4.4.2. Construção de estações e terminais
Segundo BUSTAMANTE (1998), terminais são construções destinadas a:
carga/descarga de mercadorias ou seu transbordo a outros vagões ou mesmo a veículos de
diferente modal, cruzamento de trens, regularização do tráfego de toda uma linha, revisão e
manutenção de vagões e locomotivas, abastecimento de locomotivas diesel ou a carvão,
desinfeção e limpeza de vagões, troca de equipagens e reforço e/ou troca de tração. Já as
estações são destinadas a passagem de pessoas.
Um terminal compreende várias instalações, como postos de abastecimento e
revisão, controle de composições, oficinas de manutenção; áreas para armazenagem de carga
cobertas (armazéns, galpões e silos verticais/horizontais), ao ar livre (pátios pavimentados e
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áreas terraplenadas) e tancagens e instalações para administração, portarias, segurança,
comunicações, lanchonetes, lojas, etc.
Os impactos causados por esta atividade nos meios físico, biótico e antrópico são
apresentados no quadro a seguir e estão associados à presença das estruturas.
TABELA 4.9.: Impactos ambientais – Estações e terminaisCausa Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico
Implantação estrutura
Os impactos no meio físicoreferentes aos terminais sãoos já citados anteriormente,porém como os terminaisocupam áreas grandes, osimpactos ocorrem emmaiores quantidades.
Os impactos no meiobiótico referentes aosterminais são os já citadosanteriormente, porém comoos terminais são áreasimensas, os impactosocorrem em grandesquantidades.
Segragação de propriedades eáreas rurais, dificultando acirculação e resultando emdivisão de áreas produtivas,impedindo a livre circulação detratores e máquinas que realizama colheita e também de áreasutilizadas para pastagens Modificação da paisagem pelapresença de novas estruturas Devido ao aumento do tráfegonas vias próximas, geralmenteocorrem obras de alargamento ede pavimentação, representandomelhorias na acessibilidade
A fim de reduzir os impactos gerados por esta atividade foram elaboradas medidas
mitigadoras em função das fontes causadoras, conforme apresentado a seguir.
- Quanto à presença das estruturas
A fim de minimizar os danos causados pela divisão de áreas podem ser negociadas a troca de
terras e a construção de passagens.
4.4.3. Obras de instalações acessórias das vias
São assim chamadas as obras de passagens de via, os sinais e as instalações de
abastecimento d’água, etc. Consideram-se como passagens de via os cruzamentos com uma
estrada de rodagem ou com outra ferrovia, podendo ser de nível, inferior ou superior, dotados
de cercas e/ou cancelas. Sinalizações constituem os sinais colocados nas passagens de níveis,
os sinais colocados nos diversos trechos da estrada de ferro e nas entradas das estações. E
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finalmente as instalações de abastecimento de água são as instalações para o abastecimento de
edifícios, terminais e oficinas, podendo captar água de mananciais, rios e poços (BRINA,
1982).
De maneira geral as instalações acessórias não apresentam impactos negativos
significativos, atuando como medidas mitigadoras na fase de operação da ferrovia.
4.4.4. Instalação de equipamentos
São as instalações de iluminação, ventilação de túneis, etc (BRINA, 1982). De
maneira geral as instalações de equipamentos não apresentam impactos negativos
significativos, atuando como medidas mitigadoras na fase de operação da ferrovia.
4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme verificado no decorrer deste capítulo, são muitas as interferências com
o meio ambiente durante a implantação de uma ferrovia. O fato de terem sido reunidas de
acordo com a fase da obra facilita a elaboração de novos estudos.
Pode ser verificado que os maiores impactos são os decorrentes da atividade de
terraplanagem, pois, nesta fase ocorre uma grande interferência no meio físico, devido aos
desmatamentos necessários à implantação da via, e que se refletem para os meios biótico e
antrópico. Porém, se tratados corretamente, muitos impactos negativos podem ser
minimizados e até mesmo anulados, fazendo com que a legislação ambiental para
licenciamento de projetos faça sentido.
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CAPÍTULO 5
IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA
OPERAÇÃO DE FERROVIAS
5.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são tratados os impactos ambientais causados pela operação da
ferrovia de carga, levantados a partir de pesquisas em livros técnicos, em EIAs realizados para
projetos ferroviários e a partir de contatos com técnicos atuantes na área.
Para um melhor entendimento, foram divididos em impactos provenientes da
movimentação do veículo, da carga transportada (Transporte de Produtos Perigosos), dos
terminais, das atividades necessárias à operação da ferrovia e da implantação da infra-
estrutura ferroviária.
Da mesma forma que no capítulo de implantação, os impactos ambientais são
tratados conjuntamente com as medidas mitigadoras desses impactos.
5.2. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA MOVIMENTAÇ ÃO DO
VEÍCULO
Neste item são tratados os impactos causados pela circulação do veículo
ferroviário, estando divididos em poluição sonora, vibração, poluição atmosférica e acidentes
em passagens de via.
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5.2.1. Poluição sonora
A operação da ferrovia gera barulho considerável, principalmente quando trens de
alta velocidade estão em operação. Para se ter uma idéia, em uma medição feita à uma
distância de 200m, durante a passagem de uma locomotiva com oito vagões, à uma
velocidade de 152 km/h, obteve-se um nível de som de 71 dB (ROTHERNBERG, 1974).
Apesar dos altos níveis constatados, durante medições, o ruído proveniente da
ferrovia não causa na comunidade a mesma reação que os causados por aviões e automóveis.
Talvez isso ocorra devido ao fato da ferrovia não invadir áreas residenciais da mesma forma
que a rodovia, ou seja, as fontes geradoras de ruído não estão tão próximas das residências.
O som é uma perturbação que se propaga por um meio elástico (ar, água, solo,
etc.) a uma velocidade característica do meio, estando o ouvido humano capacitado a detectar
pressões sonoras variando entre 2 x 10-5 N/m2 (limite mínimo da audição) e 200 N/m2 (limite
da dor), onde a unidade N/m2 representa o Pascal (1 Pa = 1 N/m2).
Devido a esse grande alcance, utiliza-se para medida do nível de pressão do som o
decibel (dB), uma escala logarítmica, permitindo verificar se um ruído está acima do nível
de poluição e consequentemente se é prejudicial ou não. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) considera níveis maiores que 55 dB como prejudiciais (Souza, 1992). A seguir, pode-
se ter uma idéia dos decibéis gerados por algumas atividades.
- Motor de avião 125 dB- Martelada sobre chapa de aço 103 dB- Cabine de avião 100 dB- Metropolitano (New York) 97 dB- Estrondo de explosivo 96 dB- Caminhão 87 dB- Auto-falante 81 dB- Metropolitano (Londres) 80 dB- Comboio a vapor 60 dB- Interior de vagão salão 40 dB- Rua de subúrbio 30 dB
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Como pode ser observado nos dados acima, no dia a dia, as pessoas estão sempre
expostas a níveis sonoros além dos estabelecidos como os ideais (55dB).
Além dos decibéis, também são utilizadas como parâmetro de verificação de som,
as composições espectrais ou conteúdos de freqüência.
Entende-se por freqüência o número de ciclos executados em um segundo. Para o
homem o alcance de freqüência audível é da ordem de 20-20000 Hz (1Hz = 1 ciclo por
segundo).
Devido ao fato do ouvido humano não ser igualmente sensível ao ruído em todas
as freqüências, criou-se a “Escala A”, que é um sistema de ponderação de freqüências no qual
é dado menos ênfase em sons nas freqüências de 500 a 6000 Hz (JUNIOR, 1999).
Para realizar medidas de níveis de som em sistemas de transportes, como o
sistema ferroviário, utiliza-se o instrumento chamado “Analisador de Faixa de Oitava”, que
funciona separando o espectro de freqüência de ruído em freqüências contínuas de uma oitava
de largura a partir do qual é medido o nível de pressão do som para cada uma das faixas
separadas. Chama-se uma oitava o intervalo entre dois sons com razão de freqüência igual a
dois, conforme verificado na TABELA 5.1., onde estão indicadas as freqüências utilizadas
por medidores de oitavas mais recentes e a partir do qual é permitido a identificação do ruído
dominante.
TABELA 5.1.: Freqüências utilizadas em “Analisadores de Faixa de Oitava”
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OitavasFaixa Limite Inferior
da Faixa, HzCentro Hz Limite Superior
da Faixa, Hz12 11 16 22131415 22 31.5 44161718 44 63 88192021 88 125 177222324 177 250 355252627 355 500 710282930 710 1000 1420313233 1420 2000 2840343536 2840 4000 5680373839 5680 8000 11360404142 11360 16000 22720t43
Fonte: PEREIRA e WANG, 1979
Como exemplo da utilização deste aparelho, podem ser observados os espectros
obtidos a partir da passagem de um trem em três situações diferentes: na primeira situação, o
trem passa em um terrapleno; a segunda, indica a passagem em uma ponte de concreto com
lastro e a terceira e última, em uma ponte de aço sem lastro. Essas medições foram feitas na
linha Tokaido, Japão e estão reproduzidas a seguir na FIGURA 5.1..
83
84
Conforme pode ser observado nos espectros gerados, em alguns níveis de
freqüência, foram detectados níveis de som elevados (dB), necessitando identificar as fontes
geradoras a fim de que possam ser feitas melhorias, principalmente nos casos em que existem
equipamentos urbanos como escolas, hospitais, etc., onde existe um nível de ruído máximo a
ser respeitado (ver TABELA 5.2.).
TABELA 5.2..: Nível de ruído x ambienteLocal Nível de ruído suportávelEstúdios de rádios 6 a10 dBHospitais 8 a12 dBEstúdios musicais 10 a 15 dBHotéis 10 a20 dBAuditórios 12 a 25 dBEscritórios 20 a 30 dBBancos 25 a 40 dB
Fonte: CÂMARA DE COMÉRCIO AMERICANA
Entre as fontes causadoras de ruídos em sistemas ferroviários podem ser citadas
(WATKINS, 1972):
� O atrito entre a roda de aço e o trilho também de aço;
� As irregularidades da via;
� A utilização de dormentes de aço;
� O desgastes ondulatório do trilho, fazendo com que atinja ondulações de frações de mm,
causando deslizamentos que produzem o desgaste e fazendo com que o trilho fique
excessivamente ruidoso;
� O desgaste do trilho por ação química, causado por algumas mercadorias transportadas,
como por exemplo enxofre, sal e carvão;
� O movimento causado por irregularidades microscópicas no trilho e na roda, podendo
causar desgastes no trilho;
85
� O desgaste do trilho causado por atrito dos frisos da roda, principalmente nas curvas de
pequeno raio e nas linhas onde se realizam transportes pesados, como por exemplo
minérios;
� O impacto da roda nas articulações, que pode ser diminuído pela utilização de trilhos
longos soldados, possibilitando um movimento mais suave dos trens e consequentemente
mais conforto e maior velocidade;
� O próprio funcionamento da locomotiva: ruídos derivados do motor, cilindros,
engrenagem, pistão, etc.
Seja qual for a fonte, o aumento da poluição sonora pode causar problemas para
os meios biótico e antrópico. Quanto ao meio biótico, nas áreas rurais, haverá fuga de animais
provocada pelo barulho, mas, após a passagem do trem a situação se normalizará. Já o meio
antrópico é o maior prejudicado, devido às interferências diretas no ser humano, tornando-o
nervoso, irritado, etc. - principalmente os funcionários da ferrovia, que ficam expostos ao
ruído durante todo o período de trabalho - dependendo do nível de pressão gerado. Como
exemplos de desconfortos causados por níveis de som em excesso, a seguir são dados alguns
exemplos, para melhor entendimento (TABELA 5.3.).
TABELA 5.3..: Níveis de ruídos e suas conseqüênciasNível de ruído ConseqüênciasAté 50 dB Perturba, mas é adaptávelMaiores que 55 dB Estresse leve, desconfortoMaiores que 65 dB Desequilíbrio bioquímico, risco de enfarte e derrame cerebralMaiores que 80 dB Liberação de morfina biológicaMaiores que 100 dB Perda imediata da audição
Fonte: SOUZA, 1992
Se os ruídos ocorrerem no período noturno, tornam-se ainda mais perigosos, pois,
distúrbios no sono causam diminuição da capacidade das funções superiores do cérebro como
86
por exemplo a capacidade intelectual, da memória, do humor e da aprendizagem (SOUZA,
1992).
A fim de reduzir o nível de ruído gerado pela operação ferroviária, tem sido
adotadas algumas medidas como utilização de trilhos longos soldados, colocação de palmilha
de borracha entre trilho e placa de apoio, e introdução de alguns sistemas novos como as
barreiras de som de acrílico.
As barreiras de som já foram utilizadas em cidades da Europa e Japão. São
constituidas de placas de acrílico, normalmente de 2x3 m2, capazes de reduzir em até 30 dB
os ruídos provocados pelo tráfego. Segundo a empresa responsável as barreiras são
transparentes, resistentes aos impactos e acabam funcionando como vedação das áreas e
contendo parte da fumaça que é lançada sobre as residências (REVISTA FERROVIÁRIA,
1998).
Além das novas tecnologias que estão surgindo, os serviços de reconstituição e
melhoria da linha e a substituição de alguns elementos gastos, podem diminuir o nível de
som, por atacarem alguns elementos responsáveis pelo aumento do ruído, como visto
posteriormente.
Quanto aos funcionários envolvidos, devem ser submetidos à exames
periodicamente, e devem utilizar protetores auriculares, bem como devem ser respeitados os
limites de tolerância indicado a seguir, na TABELA.: 5.4..
87
TABELA 5.4..: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitenteNível de ruído (dB) Máx. exposição permitida
85 8 horas86 7 horas87 6 horas88 5 horas89 4 horas e 30 minutos90 4 horas91 3 horas e 30 minutos92 3 horas93 2 horas e 40 minutos94 2 horas e 15 minutos95 2 horas96 1 hora e 45 minutos98 1 hora e 15 minutos100 1 hora102 45 minutos104 35 minutos105 30 minutos106 25 minutos108 20 minutos110 15 minutos112 10 minutos114 8 minutos115 7 minutos
Fonte: NR-15: Atividades e Operações Insalubres
5.2.2. VIBRAÇÃO
Quando o som se propaga no sólido, geralmente é chamado de vibração ou
trepidação. No caso da ferrovia, este tipo de problema pode ser observado principalmente nos
trechos elevados e subterrâneos.
Da mesma forma que o som, durante as trepidações ou vibrações, há um limite
máximo, que se não for respeitado causa sensação desconfortável. Esse tipo de propagação é
medido através da unidade física PAL. Nos locais de habitação esse valor máximo admissível
e dado por No PALs = 20, onde o limite da sensação dolorosa é dado por No PALs = 70.
Como exemplo, um ônibus passando por uma rua mal pavimentada produz No PALs = 50 e
um carro de locomotiva de primeira classe produz No PALs = 25.
As vibrações provocadas podem com o tempo, influir negativamente nas
estruturas próximas à linha, desvalorizando-as. A fim de reduzir o nível de vibração estão
88
sendo utilizados novos sistemas como por exemplo o sistema massa-mola que está sendo
testado no metrô de São Paulo e pode ser entendido como uma massa com apoio elástico que,
em função do dimensionamento deste último e da massa da laje, permite o amortecimento das
vibrações. Desta forma, foram dimensionadas as massas da laje e o índice de rigidez da manta
elástica para o amortecimento dos ruídos e vibrações. A manta tem na face inferior cones de
borracha, dando uma distância de fundo à laje de cerca de 20mm. A laje do massa-mola, com
uma espessura de aproximadamente 35cm, é construída de concreto armado moldado in loco,
com a colocação de manta nas juntas dos panos (REVISTA FERROVIÁRIA, 1998).
5.2.3. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Entende-se por poluição atmosférica, a presença na atmosfera aberta de um ou
mais agentes contaminantes como poeira, fumaça, gás, névoa, odor ou vapor em quantidades,
de características ou duração, que seja prejudiciais aos seres humanos, plantas, vida animal ou
propriedades (móveis ou imóveis), ou que interfiram de forma relevante no aproveitamento
confortável da vida ou da propriedade (PEREIRA e WANG, 1979).
Entre os fatores que contribuem para o aumento da poluição atmosférica, podem
ser destacados a industrialização e o transporte, principalmente em áreas urbanas, onde o
veículo particular vem sendo utilizado no lugar do transporte coletivo, provocando
congestionamentos, diminuição da velocidade e consequentemente aumento das emissões
liberadas.
Quanto à poluição atmosférica, a ferrovia contribui de maneira positiva,
principalmente se levado em consideração o fato dos motores a gasolina emitirem 14
(quatorze) vezes mais poluentes que os motores a diesel, além de não conterem elementos
como aldeídos, ozônio e chumbo e que em no ano de 1997, foram constatadas no material
89
rodante em tráfego, 1416 locomotivas diesel e 70 locomotivas elétricas (ANUÁRIO
ESTATÍSTICO DAS FERROVIAS DO BRASIL, 1998).
Essa situação ainda pode ser melhorada se fossem utilizadas mais locomotivas
elétricas, transferindo passageiros de um modal onde a fonte de combustível utilizado seja o
petróleo, para outro onde a fonte de energia seja a elétrica.
Mesmo assim, a ferrovia ainda é apontada como uma das principais fontes de
poluição do ar, conforme pode ser observado na TABELA 5.5, a partir de levantamento feito
pela CETESB em 1994.
TABELA 5.5.: Principais fontes de poluição do ar e principais poluentesFontes Poluentes
Combustão Material Particulado, SO2, CO, Hidrocarbonetos eÓxidos de Nitrogênio
Processo Industrial Material Particulado (fumos, poeiras e névoas),Gases – SO2, SO3, HCL, Hidrocarbonetos,Mercaptanas, HF, H2S e Óxidos de Nitrogênio
Queima de Resíduo Sólido Material Particulado, Gases - SO2, SO3, HCL eÓxidos de Nitrogênio
Fontes Fixas(estacionárias)
Outros Hidrocarbonetos e Material Particulado
Fontes móveisVeículos a gasolina, diesel ouálcool (aviões, motocicletas,barcos, locomotivas, etc.)
Material Particulado, CO, SOx, Hidrocarbonetos,Aldeídos, Ácidos Orgânicos e Óxidos deNitrogênio
Fontes Naturais Material Particulado - Poeira, Gases - SO2, CO2,SO3, H2S, NO, NO2 e Hidrocarbonetos
Reações Químicos na Atmosfera Poluentes Secundários - O3, Aldeídos, ÁcidosOrgânicos, Nitratos Orgânicos, Aerosol,Fotoquímico, etc.
Fonte: CETESB, 1994
De acordo com os dados da TABELA 5.5, os principais poluentes liberados pela
locomotivas são: Material Particulado, Monóxido de Carbono, Óxido de Enxofre,
Hidrocarbonetos, Aldeídos, Ácidos Orgânicos e Óxidos de Nitrogênio, comentados a seguir,
conjuntamente com os danos que esses elementos podem causar nos meios físico, biótico e
antrópico.
� Material particulado (fumaça)
90
No meio biótico destrói a clorofila das plantas. Nos animais e no homem as
partículas ficam retidas no nariz e na garganta, irritando os olhos e as vias respiratórias.
� Monóxido de Carbono (CO)
Derivado da combustão dos compostos de Carbono, é um gás incolor e inodoro
com longevidade de 2 a 4 meses na atmosfera.
Pesquisas indicam que no meio biótico, não exerce nenhuma ação em plantas. Já
aos animais a exposição prolongada por 6 (seis) semanas a um nível de 50 ppm causa
mudanças estruturais no coração e no cérebro.
Quanto ao meio antrópico, a presença de Monóxido de Carbono, não causa
nenhuma ação em materiais. Mas, quanto ao ser humano, altas concentrações podem causar
mortes pela interferência fisiológica e patológica, privando os tecidos do oxigênio que
necessitam (>750 ppm), Exposição de 50 minutos a um nível de 50 ppm, pode causar
mudanças na capacidade respiratória e também na acuidade visual (CABRAL, 1997).
� Óxido de Enxofre (SOx)
É um gás não-inflamável, não explosivo e incolor. Acima de 3.0 ppm tem cheiro
pungente e irritante. No meio físico causa problemas de visibilidade. No biótico prejudica a
vegetação por acúmulo nas folhas, diminuindo o crescimento e causando a queda. Nos
animais causa problemas respiratórios. Por colaborar com a chuva ácida, contribui com a
mortandade de peixes e da vegetação aquática.
Quanto ao antrópico, prejudica a saúde humana gerando problemas de respiração.
Além disso sua presença faz com que haja corrosão em metais prejudicando os materiais de
edifício próximos.
91
� Hidrocarbonetos
No meio biótico este elemento causa a inibição do crescimento em plantas. Na
saúde humana, quando transportado para o interior dos pulmões, produz efeitos narcóticos,
provocando mal estar, dor de cabeça e sonolência.
� Óxido de Nitrogênio
Esse elemento causa diminuição da visibilidade. No meio biótico a uma
concentração de 0.5 ppm por 10 (dez) dias prejudica o crescimento das plantas e em animais
prejudica a respiração.
Quanto ao meio antrópico esse elemento causa corrosão, prejudica tinturas e
materiais artísticos. No homem causa prejuízos à respiração.
5.2.4. ACIDENTES EM PASSAGENS DE VIA
Segundo BRINA (1982) entende-se por passagens de via os cruzamentos da via
férrea com uma estrada de rodagem e mais raramente com outra estrada de ferro, podendo ser
de nível, inferior ou superior. Devido à possibilidade de ocorrência de acidentes com pessoas
ou automóveis nestes locais, principalmente no meio urbano, devem ser tratados como
impactos ambientais no meio antrópico. Da mesma forma que nas outras situações, também
devem ser elaboradas medidas mitigadoras a fim de reduzi-los. Neste caso as medidas
mitigadoras estão relacionadas às condições de visibilidade, à sinalização e à proteção desses
locais, conforme descritas a seguir de acordo com (BRINA, 1982).
Primeiramente, nas estradas modernas não se permite mais o cruzamento em
nível, devido ao perigo que esta situação oferece. Também devem ser dotados de
contratrilhos, a fim de proporcionar maior resistência transversal à via a ser atravessada pelos
veículos rodoviários, bem como, facilitar o apoio dos pneus.
92
� Quanto à visibilidade
O cruzamento das vias deve ser feito em ângulo reto, a fim de diminuir o
comprimento da passagem sobre os trilhos. Também devem ocorrer em nível, principalmente
nas estradas de rodagem, alguns metros antes e depois do cruzamento. Caso contrário, a
rampa prejudicaria a visibilidade e o arranque dos veículos. Exige-se também que se dê em
uma tangente da estrada de ferro, oferecendo visibilidade ao maquinista. Ainda a respeito da
visibilidade, é necessário que o motorista que avança pela rodovia, estando a distância ak = 8
m, tenha visibilidade até a distância kd = 5 V (m), medida na direção da ferrovia, sendo V a
velocidade máxima do trem em km/h (ver FIGURA 5.2.).
FIGURA 5.2.: Cálculo da Visibilidade em Estradas de Ferro (Brina)
� Quanto à sinalização
93
No caso das rodovias, deve ser feita por intermédio de colocação de sinais à uma
distância de aproximadamente de 500 m, indicando a aproximação da passagem. Dependendo
do tipo de passagem (protegida ou não por barreiras) determina-se o tipo de sinal, conforme
indicado na FIGURA 5.3..
No caso das ferrovias, também devem ser colocados sinais, dos dois lados,
também à aproximadamente 500 m, bem como devem ser colocadas placas de aviso, como
por exemplo APITE-PN. Em ambos os casos existem passagens com sinalização luminosa.
Sem proteção
Com proteção
FIGURA 5.3.: Sinalização de passagens de via (BRINA, 1982)
� Quanto à proteção
As passagens de níveis devem ser protegidas (principalmente nos casos urbanos)
por barreiras, que podem ser de três tipos: corrediças, giratórias ou oscilantes, que nos casos
modernos são automáticas, fechando-se com a aproximação dos trens (ver FIGURAS 5.4.,
5.5. e 5.6.).
94
FIGURA 5.4.: Passagem de nível corrediça (BRINA, 1982)
FIGURA 5.5.: Passagem de nível giratória (BRINA, 1982)
FIGURA 5.6.: Passagem de nível oscilatória (BRINA, 1982)
5.3. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA CARGA TRAN SPORTADA
(TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS)
95
Durante a operação das ferrovias o transporte de produtos perigosos pode causar
danos ao meio ambiente devido a possibilidade de ocorrência de acidentes. Essa degradação
ambiental ocorre em função das características explosivas, inflamáveis, tóxicas, oxidantes,
corrosivas e/ou radioativas dos produtos transportados, dentre as quais podem ser citados os
explosivos, combustíveis, asfalto, soda cáustica, carvão mineral, coque, etc., conforme
indicado na TABELA 5.6. a seguir.
TABELA 5.6.: Principais Produtos Perigosos Transportados - 1996-97Toneladas Úteis (milhares)Empresas / Discriminação1996 1997
Estrada de Ferro do Amapá 43 27Explosivos 40 25Óleo Diesel 3 2Estrada de Ferro Carajás 470 420Combustíveis 470 420Rede Ferroviária Federal S.A. 7.006 832Álcool Automotivo 1.125 206Asfalto 1 1Amianto 1 -Amônia 46 -Container com Produtos Perigosos 16 -Derivados Claros de Petróleo 4.927 625Diversos Produtos 45 -Enxofre 408 -Gases Combustíveis 98 -Produtos Químicos 1 0Soda Cáustica 340 -Ferrovia Centro Atlântica S.A. 1.008 2.344Álcool 92 124Amônia 12 46Derivados Claros de Petróleo - 1.405Gasolina 237 -Óleo Diesel 666 511Óleo Combustível - 257Soda Cáustica 1 1Estrada de Ferro Vitória a Minas 5.763 5.939Antracito 285 216Carvão Mineral 4.453 4.521Coque 595 799Gasolina 92 90Óleo Diesel 338 313MRS Logística S.A. 268 3.657Amônia 1 3Carvão / Coque 215 3.139Containers com Carga Perigosa - 23Enxofre 46 492GLP 6 210Óleo Diesel 4 11715Silicato de Sódio -2 24Soda Cáustica 0 -Ferrovia Paulista S.A. 7.230 5.589Adubo a Granel 333 217Álcool 2.641 1.893
96
Amônia 11 4Enxofre 331 387Gasolina 906 876Óleo Combustível 195 267Óleo Diesel 2.813 1.945Ferrovia Novoeste S.A. 99 428.505Ácido Clorídrico 25 -Carbureto de Cálcio 42 -Corantes Sulfurosos 1 -
TABELA 5.6. Continuação: Principais Produtos PerigososTransportados, período 1996-97Derivados Claros de Petróleo - 362.803Derivados Escuros de Petróleo - 65.702Inibidor de Corrosão 8 -Pesticida 3 -Tintas 20 -Ferrovia Sul Atlântico S.A. - 2.324Álcool - 514Derivados de Petróleo Claro - 1.551Derivados de Petróleo Escuros - 259
Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DAS FERROVIAS DO BRASIL, 1998
Pelas estatísticas de acidentes envolvendo produtos perigosos, TABELA 5.7.,
pode ser verificado que o meio ambiente está constantemente sendo ameaçado em função dos
danos que estes acidentes podem causar nos meio físico, biótico e antrópico.
Como exemplo de degradação do meio físico pode-se citar a contaminação do
solo e cursos d’água por derrame do produto transportado, o que pode acontecer em caso de
acidente sobre uma ponte. Caso haja incêndio - possibilidade de ocorrência em
descarrilamentos - ocorrerá também aumento da poluição atmosférica. Já o meio biótico pode
ser afetado por perda de espécies animais e vegetais existentes nestas áreas e o antrópico por
meio de diminuição de áreas cultivadas e fontes de abastecimento, isolamento de áreas, etc.
(RFFSA, 1991)
A medida a ser tomada para redução dos problemas gerados por este tipo de
transporte é a aplicação correta da legislação e das normas referentes ao assunto,
estabelecendo o conhecimento dos produtos transportados a fim de realizar tanto a prevenção
quanto o socorro apropriado nos casos de acidentes. Da legislação a ser cumprida destaca-se o
97
“Regulamento do Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos” de 1990, com suas normas e
instruções. Cabe ressaltar que a fiscalização do cumprimento deste regulamento é realizada
pelo Ministério dos Transportes com a cooperação de órgãos e entidades públicas ou privadas.
As medidas mais importantes a serem tomadas pelas empresas ferroviárias quanto
ao transporte desse tipo de produto são a identificação do produto, a elaboração de medidas
preventivas e o treinamento de equipe para atuarem em situações de emergências, conforme
comentadas a seguir.
TABELA 5.7.: Acidentes no Transporte de Produtos Perigosos - 1995-97QuantidadesEmpresas / Discriminação
1995 1996 1997
Ferrovia Centro Atlântica S.A. - 25 88Causas:Via Permanente - 12 62Material de Tração - 15Material Rebocado - 7Outras - 6 11ConseqüênciasDescarrilhamento - 25 88Ferrovia Novoeste S.A. - 17 -Causas:Via Permanente - 4 -Material Rebocado - 10 -Outras - 3 -ConseqüênciasDescarrilhamento 17 -MRS Logística S.A. - - 2Causas:Via Permanente - - 1Material Rebocado e Rebocado - - 1Outras - - -ConsequênciasDescarrilhamento - - 2Ferrovia Sul Atlântico S.A. - - 20Causas:Via Permanente - - 7Material Rebocado - - 6Outras - - 7Consequências:Descarrilhamento - - 19Colisão - - 1
Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DAS FERROVIAS DOBRASIL, 1998
5.3.1. Identificação do produto
98
A identificação do produto consiste em: classificação do produto, número ONU e
número de risco, nome apropriado para embarque, colocação de símbolos, elaboração de ficha
técnica e ficha de emergência (RTFPP, 1990), conforme descrito a seguir.
5.3.1.1. Classificação dos produtos perigosos
Os trens transportando produtos perigosos somente podem circular se forem
portadores de documentação referente à classificação do produto que está sendo transportado.
Essa classificação segue as “Recomendações das Nações Unidas para o Transporte de
Produtos Perigosos” classificando-os segundo suas classes de riscos, dividindo-os em nove
classes, onde cada classe possui características próprias. A classificação deve ser feita de
acordo com os dados abaixo:
� Classe 1: explosivos
- Subclasse 1.1: fazem parte desta subclasse as substâncias com risco de explosão em
massa.
- Subclasse 1.2: fazem parte desta subclasse as substâncias com risco de projeção, mas sem
risco de explosão em massa.
- Subclasse 1.3: fazem parte desta subclasse as substâncias com risco de fogo e pequeno
risco de explosão, de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa.
- Subclasse 1.4: fazem parte desta subclasse as substâncias com pequeno risco na
eventualidade de ignição ou iniciação durante o transporte. Os efeitos estão confinados à
embalagem e não se espera projeção de fragmentos de dimensões apreciáveis ou a grande
distância.
- Subclasse 1.5: fazem parte desta subclasse as substâncias muito insensíveis, com risco de
explosão em massa.
Obs.: Nesta classe a embalagem do produto tem um efeito significativo sobre o
seu grau de risco, pois, dependendo do tipo de embalagem ele poderá estar incluso em mais
99
de uma subclasse. Esse tipo de produto perigoso deve ser transportado em contêineres ou
vagões fechados ou enlonados.
� Classe 2: gases comprimidos, liqüefeitos, dissolvidos sob pressão ou altamente
refrigerados.
- Gases permanentes: são os que não podem ser liqüefeitos à temperatura ambiente
- Gases liqüefeitos: são os que podem tornar-se líquidos sob pressão, à temperatura
ambiente
- Gases dissolvidos: são os dissolvidos sob pressão em um solvente, que pode ser absorvido
em material poroso
- Gases permanentes altamente refrigerados: ar líquido, oxigênio, etc.
Obs.: Este tipo de produto ao ser transportado em vagões ou contêineres fechados,
devem ter dispositivos de ventilação.
� Classe 3: líquidos inflamáveis
Líquidos inflamáveis são líquidos, misturas de líquidos, ou líquidos contendo
sólidos em solução ou em suspensão que produzem vapores inflamáveis a temperatura de até
60,5ºC, em teste de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em teste de vaso aberto.
� Classe 4: sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão espontânea;
substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.
100
- Subclasse 4.1 : fazem parte desta subclasse os sólidos inflamáveis (são assim chamados os
sólidos exceto os classificados como explosivos que, em condições encontradas no
transporte, são facilmente combustíveis ou que, por atrito, podem causar ou contribuir
para o fogo).
- Subclasse 4.2: fazem parte desta subclasse as substâncias sujeitas à combustão espontânea
(são assim chamadas as substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo nas condições
normais de transporte, ou que se aquecem em contato com o ar, sendo, então capazes de se
inflamarem).
- Subclasse 4.3: fazem parte desta subclasse as substâncias que em contato com a água,
emitem gases inflamáveis (são assim chamadas as substâncias que, por interação com a
água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em
quantidades perigosas).
� Classe 5: substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos
- Subclasse 5.1: substâncias oxidantes - fazem parte desta subclasse as substâncias que,
embora não sendo elas próprias necessariamente combustíveis, podem, em geral por
liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isto.
- Subclasse 5.2: peróxidos orgânicos - fazem parte desta subclasse as substâncias que
podem apresentar uma ou mais das seguintes propriedades: sujeita a decomposição
explosiva, queimar rapidamente, ser sensíveis a choque ou atrito, reagir perigosamente
com outras substâncias e causar danos aos olhos. Os vagões que transportam produtos
desta subclasse devem apresentar dispositivos de ventilação, de maneira que os vapores
escapem livremente.
101
� Classe 6: substâncias tóxicas e substâncias infectantes
- Subclasse 6.1: substâncias tóxicas - fazem parte desta subclasse as substâncias capazes
de provocarem a morte ou injúrias sérias, ou danos à saúde humana se ingeridas, inaladas
ou por contato com a pele.
- Subclasse 6.2: substâncias infectantes - fazem parte desta subclasse as substâncias que
contém microorganismos viáveis ou suas toxinas, os quais provocam, ou há suspeita
de que possam provocar doenças em seres humanos ou animais.
- Os produtos desta classe devem ser isolados de gêneros alimentícios e outros produtos de
consumo.
� Classe 7: substâncias radioativas
Caso haja um acidente com produtos desta classe deve-se isolar urgentemente a
área e avisar a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que providenciará a
descontaminação.
� Classe 8: corrosivos
São substâncias que, por ação química, causam severos danos em contato com
tecidos vivos ou, em caso de vazamentos, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o
veículo. Estão divididas em três grupos: Grupo I (substâncias muito perigosas), Grupo II
(substâncias que apresentam riscos médios) e o Grupo III (substâncias de menor risco).
� Classe 9: substâncias perigosas diversas
São substâncias que apresentam um risco não coberto por nenhuma classe
anterior.
102
5.3.1.2. Número ONU e Número de Risco
Além da divisão em nove classes, a ONU estabelece que os produtos perigosos
devem receber o Número ONU e o Número de Risco. O Número ONU é um código de quatro
algarismos que identifica o produto perigoso na relação da ONU. Já o Número de Risco é uma
seqüência de três algarismos e em alguns casos a letra X onde os algarismos representam os
riscos secundários e a letra X refere-se ao fato do produto reagir perigosamente com água. Os
trens transportando produtos perigosos somente podem circular se possuírem documentação
referente ao Número ONU do produto perigosos transportado (RTFPP, 1990).
Exemplos:
- Número ONU 1017: representa o produto “Cloro” na relação da ONU. Sua classe de risco é
a 2 e seu Número de Risco é 266.
- Número ONU 1270: representa o produto “Petróleo” na relação da ONU. Sua classe de risco
é a 3 e não possui Número de Risco.
- Número ONU 1993: representa o produto “Líquidos Inflamáveis” na relação da ONU. Sua
classe de risco é a 3 e não possui Número de Risco.
5.3.1.3. Nome Apropriado Para Embarque
Todo produto perigoso transportado tem que possuir um nome apropriado para
embarque para garantir que o mesmo seja rapidamente identificado, fato de grande
importância nos casos de derramamentos e vazamentos. Para elaboração do nome apropriado
para embarque, devem ser utilizadas as palavras constantes na relação de produtos perigosos
da ONU de forma que melhor representem o produto. Por exemplo, na relação da ONU o
Número 2789 representa o produto “Ácido Acético, Glacial ou Solução de Ácido Acético”,
logo, o nome apropriado para embarque pode ser: ÁCIDO ACÉTICO, ÁCIDO GLACIAL ou
SOLUÇÃO ÁCIDO ACÉTIOCO. O nome apropriado para embarque deve sempre aparecer
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em letras maiúsculas. Um trem somente pode circular com produto perigoso se for portador
de documentação estabelecendo o nome apropriado para embarque (RTFPP, 1990).
5.3.1.4. Colocação de Símbolos
Atendendo ao Art. 8º “Os vagões e equipamentos utilizados no transporte de
produtos perigosos portarão rótulos de risco e painéis de segurança específicos, de acordo
com a Norma Brasileira NBR-7500, enquanto durarem as operações de carregamento, estiva,
transporte, descarregamento, baldeação, limpeza e descontaminação” são utilizados dois tipos
de símbolos: Rótulos de Risco e Painéis de Segurança. Os Rótulos de Riscos são os adesivos
de forma losangular contendo expressões de acordo com a classe do produto transportado. Já
os painéis de segurança são os retângulos alaranjados indicando os produtos perigosos
transportados de acordo com o Número de Risco e Número ONU. Estas informações são
muito importantes, pois, caracterizam o produto transportado garantindo que sejam tomadas
medidas corretas em casos de acidentes. O expedidor deve exigir da ferrovia a utilização
desses rótulos. Já quando a carga é fracionada ele deve entregar à ferrovia os produtos
rotulados, etiquetados e marcados. Alguns exemplos de símbolos utilizados podem ser
verificados a na TABELA 5.7. Os dois primeiros exemplos são utilizados para a classe 6
(Tóxicos Infecciosos), o segundo para classe 8 (Corrosivos) e o último para a classe 9
(Miscelânea).
5.3.1.5. Elaboração de Ficha Técnica e Ficha de Emergência
A Ficha Técnica é uma ficha contendo todas as informações necessárias sobre o
produto perigoso transportado. Nela constam informações sobre a proteção necessária à saúde
do indivíduo, primeiros socorros, dados sobre riscos e combates a incêndio e explosão,
procedimentos a serem tomados para controle de vazamento e derrame, propriedades físicas e
104
químicas, dados de reatividade e informações sobre armazenagem e transporte. Deve ser
elaborada segundo o modelo da ABNT.
Já a Ficha de Emergência é uma ficha contendo informações específicas sobre as
providências a serem tomadas em caso de acidentes. Para cada No ONU deve ser elaborada
uma Ficha de Emergência constando informações como No ONU representante do produto,
riscos que ele causa à saúde e ao meio ambiente e medidas devem ser tomadas de acordo com
o acidente ocorrido. A elaboração da Ficha de Emergência deve ser feita de acordo com as
NR-7503 e NR- 8285. O fabricante do produto perigoso deve fornecer ao expedidor as
informações necessárias sobre o produto perigoso que será transportado, para que ele em
conjunto com a ferrovia possam realizar o correto preenchimento da Ficha de Emergência.
No "APÊNDICE A" é dado um exemplo de Ficha de Emergência.
5.3.2. Quanto às medidas preventivas
A fim de prevenir os acidentes com produtos perigosos, a regulamentação
específica indica algumas medidas a serem seguidas no que diz respeito aos veículos e
equipamentos utilizados no transporte, à formação e circulação dos trens e quanto às
mercadorias (RTFPP, 1990).
Quanto aos veículos e equipamentos são feitos comentários sobre equipamentos
para atendimento à emergências, de proteção individual e de comunicação. Também são
tratados a limpeza e a descontaminação desses elementos.
Quanto à formação e circulação do trens são dadas informações quanto à
localização dos vagões contendo produtos perigosos em relação aos vagões com outros tipos
de cargas e até mesmo à vagões de passageiro. Também são dadas informações sobre a
qualidade da via permanente.
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E finalmente quanto às mercadorias são dadas informações quanto ao despacho,
acondicionamento, carregamento, estiva, descarregamento, manuseio e armazenagem. Os
principais itens do “Regulamento de Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos” com
relação às medidas preventivas podem ser verificados no "APÊNDICE B".
5.3.3. Quanto às situações de emergências
Para que nos casos de acidentes o socorro possa ser prestado de maneira
eficiente devem ser seguidas as medidas citadas na regulamentação, no que diz respeito ao
treinamento de equipes, contatos com órgãos e autoridades competentes, equipamentos
necessários em casos de acidentes, etc., conforme pode ser verificado no "APÊNDICE C".
5.4. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA OPERAÇÃO D OS
TERMINAIS
Terminais são pontos nos quais os passageiros ou cargas entram e saem de um
sistema de transporte. No caso do terminal ferroviário de carga, é composto por um sistema
dinâmico no qual a ferrovia pode realizar o tráfego de trens, o transbordo de mercadorias dos
vagões para os meios complementares de dispersão e concentração, a transferência direta do
vagão para o cliente e vice-versa e o armazenamento temporário de mercadorias (SINAY,
1997), conforme descrito a seguir.
Os terminais ferroviários de carga podem manusear três tipos de cargas: geral,
granel ou unitizada. A carga geral ou carga seca é formada por mercadorias embaladas, como
por exemplo as sacarias e os engradados.
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Os graneis são as mercadorias transportadas sem embalagem, onde o próprio
veículo faz a contenção. Este tipo de categoria é dividida em graneis sólidos, minerais ou
agrícolas; graneis líquidos, minerais ou vegetais e graneis gasosos.
Finalmente as cargas unitizadas são as mercadorias transportadas em unidades
próprias para manuseio, como containers, pallets e piggybacks.
Entre os setores existentes nos terminais, destacam-se o setor constituído por áreas
de recepção, formação, classificação, ordenação, expedição e estacionamento; o setor de
transbordo formado por infra-estrutura e instalações necessárias à carga, descarga e
armazenagem e o setor externo formado por infra-estrutura necessária aos meios
complementares que atuam nos terminais. (SINAY, 1997).
De acordo com a carga a ser transportada são utilizados vários tipos de vagões,
conjuntamente com os equipamentos adequados, dos quais podem ser citados os
transportadores contínuos, motorizados ou por meio de gravidade, como correias e roletes; os
equipamentos suspensos, como monotrilhos, guindastes e pontes rolantes e os veículos
industriais motorizados ou não, como empilhadeiras, paleteiras e tratores.
Para um melhor entendimento a respeito das operações realizadas na carga e
descarga das mercadorias, a seguir são descritos os diversos tipos de vagões existentes de
acordo com (BRINA, 1982).
- Vagão fechado: este tipo de vagão é utilizado no transporte de mercadorias que precisam
ser protegidas contra as intempéries ou roubo, como por exemplo cereais, cigarros,
bebidas e tecidos.
- Vagão gôndola: é um vagão aberto, formado por bordas laterais, para conter a mercadoria,
com parte móvel, tombante, facilitando a descarga. Existem também alguns vagões com
fundo móvel, permitindo a descarga da mercadoria pelo fundo, nos silos. Este tipo de
vagão também pode ser descarregado em dumpers, no qual os vagões são girados segundo
107
o eixo horizontal, sem serem desengatados. Como exemplo de produtos transportados
podem ser citados carvão, calcário e minério.
- Vagão-plataforma: este tipo de vagão é formado por um estrado e utilizado no transporte
de mercadorias pesadas, como por exemplo veículos, peças, máquinas e trilhos.
- Vagão-tanque: são vagões formados por tanques cilíndricos colocados sobre o estrado. Na
parte superior possuem uma boca para carregamento e na inferior válvula para descarga.
Como exemplo de produtos transportados nesses vagões podem ser citados gasolina,
álcool e melaço.
- Vagão-frigorífico: este tipo de vagão é destinado ao transporte de mercadorias que
precisam de baixa temperatura para sua conservação, como por exemplo carne, peixes e
frutas.
- Vagão tremonha (ou hopper): este tipo de vagão possui o fundo formado por planos
inclinados, com bocas na parte inferior da junção, responsáveis pela descarga dos
produtos nos silos. Como exemplo de produtos transportados neste tipo de vagão podem
ser citados minérios, grãos e cereais.
A seguir são citadas as operações de carga e descarga mais comuns, a partir de
estudo feito por (FILHO, 1983).
- Carvão
O carvão geralmente tem seu ciclo de transporte iniciado nos terminais marítimos,
onde são descarregados dos navios, formando grandes volumes. A transferência para a
ferrovia é feita por pórticos providos de “clamshells” que fazem o enchimento dos vagões.
Também podem ser utilizadas esteiras transportadoras, que transferem o material para silos de
grande capacidade, sob os quais circulam as composições vazias, e onde são carregadas em
função da velocidade de circulação.
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O transporte deste tipo de produto é feito em vagões com tremonhas (hoppers) ou
de descarga lateral, fazendo a descarga em plataformas elevadas pela abertura desses
dispositivos. Outra vez, pelas esteiras, o carvão é transportado para as pilhas.
- Minérios, calcário e produtos granulares não corrosivos
Após o desmonte, são transportados para os silos, geralmente sobre peras
ferroviárias, fazendo-se a operação de carga de forma contínua. No destino final, os vagões
são descarregados pelo fundo ou por portas laterais ou pela utilização de “dumpers”
(giradores) em silos, que podem estar localizados diretamente sobre navios.
- Soja, trigo e demais cereais
No caso destas mercadorias podem ser estabelecidas duas situações, dependendo,
se a mercadoria foi beneficiada ou não.
No caso do produto não ter sido beneficiado, ele é trazido por caminhão e
transportado para silos cobertos, onde é posteriormente transportado para os secadores,
peneiradores e classificadores. A seguir é estocado em silos e colocado nos vagões. No
destino final são descarregados por sucção ou gravidade.
No caso de já ter sido beneficiado, o produto é transferido para ”pulmões” e
destes por gravidade para os vagões.
- Petróleo e derivados
Dos terminais portuários são bombeados para as refinarias onde é feita a produção
dos diferentes subprodutos e a seguir são armazenados em reservatórios, dos quais são
transferidos para os vagões. No destino final são transferidos por bombeamento ou gravidade
para caminhões.
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- Frutas e carnes
Esses produtos geralmente chegam por caminhões e são transportados em esteiras
até o interior dos vagões. O mesmo acontece na hora do descarregamento. No caso do
transporte de carnes são transportadas em “monorails” até os varais de suspensão de onde são
retiradas nos pontos de destino.
- Produtos siderúrgicos
Para estes produtos são utilizados equipamentos especiais dependendo do produto
transportado (gusa, lingotes, trilhos, bobinas, etc.). Podem ser utilizados eletro ímãs,
instalados em pontes rolantes, ou pórticos que fazem a transferência para os vagões.
- Cimento, açúcar, trigo moído, farelo e outros produtos finamente pulverizados
A carga é feita geralmente por sucção e a descarga por gravidade, se possível
diretamente nos silos. Para alguns produtos deve ser evitada a presença de água e conseqüente
formação de grumos.
- Carga geral
Geralmente são transportadas de caminhões para vagões e vice-versa. Quando
são paletizadas as operações se fazem com empilhadeiras.
Os impactos ambientais decorrentes destas atividades geralmente são:
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- Aumento do nível de ruído, causado pelo funcionamento dos diversos
equipamentos presentes nas operações de carga e descarga prejudicando os empregados e a
população;
- No caso de graneis sólidos minerais, a difusão aérea e a possibilidade de
ocorrência de chuvas, causam prejuízos ao meio físico, como a poluição atmosférica, poluição
da água e do solo, com reflexos ao meio biótico. O meio antrópico também é afetado devido
aos prejuízos causados à saúde da população e dos trabalhadores;
Por isso devem ser implantados dispositivos de despoluição ambiental como
filtros, drenos retentores, aspersores contra difusão aérea (despoeiramento), especialmente
onde reinam ventos fortes e freqüentes, drenagem, coleta e tratamento de efluentes. No caso
especial do carvão, em países com temperaturas elevadas como o nosso, é necessária a
colocação de aspersores de água – “splinkers”- para evitar combustão espontânea
(BUSTAMANTE, 1996).
Com relação a patentes, a CVRD registrou um produto conhecido como dextrina,
em solução aquosa, para aspersão no minério de ferro, que é carregado pelo vento. Após a
aspersão a água se evapora, deixando uma película protetora que reduz a dispersão pelo vento.
Cabe ressaltar que o investimento feito para implementá-lo foi recuperado após o primeiro
ano de implementação (FREITAS, 1994).
- No caso de graneis sólidos agrícolas, podem ocorrer prejuízos ao meio físico
como obstruções nos sistemas de drenagem, causado pela queda de material, poluição do ar
pela operação das fornalhas movidas a óleo combustível para secagem dos grãos,
necessitando de medições freqüentes de emissões de poluentes. O meio antrópico também é
prejudicado devido ao fato desses locais serem fontes de alimentação para aves e outros
animais, o que pode resultar em transmissão de doenças para os trabalhadores e para a
população. Assim, os terminais devem estar sempre limpos e os grãos retirados a fim de não
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atrair estes tipos de animais. Os funcionários devem ser orientados sobre as doenças
transmitidas por estes animais e exames periódicos devem ser feitos nos trabalhadores. A
formação de gases em alguns produtos também pode causar explosão, como por exemplo na
soja;
- No caso dos graneis líquidos podem ocorrer rompimentos de tubulações e
possibilidades de incêndios resultando em prejuízos aos meios físico, biótico e antrópico.
Logo, as tubulações existentes devem atravessar a faixa de domínio dentro das estruturas de
drenagem, sendo o líquido encaminhado para fora da área do pátio. Também devem estar
previstas redes de segurança contra fogo. Além disso, devem ser seguidas as instruções do
item “Transporte de Produtos Perigosos”, acima comentadas.
- Outros possíveis impactos ocorrentes nestas instalações são acidentes com
funcionários. Para isso os mesmos devem sem portadores de equipamentos de proteção
individual;
- As instalações pessoais também podem contribuir com a poluição ambiental, por
isso os efluentes gerados devem ter destinação adequada;
- Finalmente a própria presença do terminal pode causar choques estéticos,
necessitando de elementos de paisagismo, como áreas verdes, centros de lazer, de forma a
integrar o terminal ao ambiente externo.
Já os terminais ferroviários de passageiros são compostos de um sistema que
permite a transferência à mesmo nível ou a níveis diferentes. Neste último caso são utilizadas
escadas, escadas rolantes e ou elevadores.
Um tipo de impacto ambiental que ocorre nestes terminais são os acidentes por
atropelamentos, em função da passagem dos usuários de uma plataforma à outra, sobre os
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trilhos da linha. Para reduzir esse tipo de problema deve ser providenciado a vedação dessas
estruturas, bem como a colocação de guardas para realizarem a fiscalização.
5.5. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DAS DEMAIS AT IVIDADES
NECESSÁRIAS À OPERAÇÃO DE UMA FERROVIA
Neste item são estudados os serviços necessários à operação do sistema
ferroviário, estando divididos em serviços de conservação da via permanente, serviços de
reconstituição da linha, serviços de manutenção do equipamento ferroviário e serviços de
recondicionamento, conforme descritos a seguir.
5.5.1. Serviços de conservação da via permanente
Os serviços de conservação da via permanente estão divididos em serviços de
limpeza e serviços de substituição de trilhos, dormentes, acessórios e fixações. Têm por
objetivo permitir um bom funcionamento da ferrovia., conforme descritos a seguir.
- Serviços de limpeza
Estão divididos em limpeza da faixa e limpeza de bueiros, valas e valetas. A
limpeza da faixa é a retirada de mato que cresce, no decorrer da operação da ferrovia, ao
longo da linha. Pode ser feita manualmente, com uso de enxada, ou por processo químico,
com uso de herbicidas, chamado neste caso de capina química. A utilização do segundo
método pode provocar danos ao meio ambiente pelo fato de que os herbicidas podem ser
extremamente tóxicos, dependendo do tipo utilizado. Neste caso, em contato com o solo,
podem polui-lo, bem como, podem causar a contaminação de lençol freático, prejudicando o
meio físico e biótico. O meio antrópico também pode ser prejudicado pelos danos que podem
causar aos funcionários que trabalham diretamente com o produto, pela aspiração do ar
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poluído pelos produtos, o qual é aspergido sobre a plataforma sob jatos finos que poluem o ar
pela formação de partículas, que ficam suspensas por longo período de tempo. Segundo
(LAROUSSE, 1998), com o crescente aumento da utilização desses produtos, aumentou-se
consideravelmente o número de casos registrados de intoxicação, resultando em neurite
periférica, hiperglicemia, pneumonite e fibrose pulmonar. A fim de reduzir esse quadro, os
funcionários devem utilizar equipamentos de proteção individual.
A limpeza dos bueiros, valas e valetas é realizada a fim de que sejam evitados
entupimento e destruição desses elementos, atuando como medida mitigadora.
- Serviços de substituição dos dormentes, trilhos, acessórios e fixações
Com o decorrer da operação da ferrovia os dormentes, trilhos, acessórios e
fixações, sofrem a ação de agentes externos que causam sua deterioração, ficando gastos ou
defeituosos, precisando de substituição ou de reforços para o bom funcionamento da via. Este
serviço é feito através de máquinas substituidoras de dormentes que puxam para fora da linha
os dormentes velhos, com as fixações soltas, empurrando para dentro das linhas os novos que
posteriormente são presos ao trilho pelas fixações. Também pode ocorrer em conjunto, a
substituição dos trilhos, acessórios e fixações. Neste caso, os trilhos são retirados por pórticos
especiais e substituídos por trilhos novos ou recondicionados (SCHRAMM, 1977).
Essa atividade tem grande importância, principalmente, no que diz respeito aos
possíveis acidentes que são evitados. Além disso, a substituição desses elementos faz com que
o nível de ruído diminua, como citado no item “Poluição Sonora”.
5.5.2. Serviços de reconstituição da linha
Estes serviços estão divididos em nivelamento longitudinal, nivelamento transversal e
alinhamento (ver FIGURAS 5.7., 5.8. e 5.9.). Têm por objetivo colocar a linha