Patofisiologia Da Morte Trab

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“Acreditamos ficar tristes pela morte de uma pessoa, quando na verdade é apenas a morte que nos impressiona.” - Gabriel Meilhan Trabalho realizado por: Pedro Saavedra José Pedro Leal Leonardo Silva Patofisiologia da Morte

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“Acreditamos ficar tristes pela morte de uma pessoa, quando na

verdade é apenas a morte que nos impressiona.” - Gabriel Meilhan

Trabalho realizado por: Pedro Saavedra

José Pedro Leal

Leonardo Silva

Patofisiologia da Morte

Índice Introdução ..................................................................................................................................... 3

Conceito de Morte ........................................................................................................................ 3

Fenómenos abióticos imediatos: .............................................................................................. 4

Fenómenos abióticos consecutivos: ......................................................................................... 5

Sinais físicos da aproximação da morte ........................................................................................ 5

Fisiologia da Morte ........................................................................................................................ 6

Aos 30 minutos:......................................................................................................................... 6

Às 4 horas: ................................................................................................................................. 7

Às 12 horas: ............................................................................................................................... 7

Às 24 horas: ............................................................................................................................... 7

Aos 3 dias: ................................................................................................................................. 7

Às 3 semanas: ............................................................................................................................ 7

Assistência ao corpo após morte .................................................................................................. 8

Em relação ao corpo:................................................................................................................. 8

Em relação aos objetos pessoais dos pacientes e a unidade .................................................... 8

Materiais ................................................................................................................................... 8

Técnica ...................................................................................................................................... 8

Recomendações ...................................................................................................................... 10

Livores cadavéricos ..................................................................................................................... 10

Rigidez cadavérica ....................................................................................................................... 11

Fenómenos transformativos destrutivos .................................................................................... 12

Autólise: .................................................................................................................................. 12

Putrefação: .............................................................................................................................. 12

Fase de coloração: ................................................................................................................... 13

Fase gasosa ou enfisematosa .................................................................................................. 14

Fase liquefação ou coliquativa ................................................................................................ 14

Fase esquelética ...................................................................................................................... 15

Fenómenos transformativos conservadores .............................................................................. 15

Saponificação .......................................................................................................................... 15

Mumificação ............................................................................................................................ 16

Conclusão .................................................................................................................................... 16

Introdução

Desde as primeiras civilizações que o nascimento e a morte despertam no ser humano

uma grande curiosidade e inquietação. A morte, assim como a doença e o sofrimento, são partes

integrantes da condição humana. Falar da morte é difícil porque, queiramos ou não reconhecê-

la, sabemos que nascemos com um corpo para viver e para morrer um dia. A morte faz parte da

constante renovação da vida e é inerente à condição humana, mas é algo que o homem sempre

teve dificuldade em aceitar. Confiando no seu poder, o homem moderno quer negar a morte e

esta, que em tempos ocupava um lugar primordial nas crenças, nos rituais e nas tradições das

várias civilizações, passou para a periferia da nossa vida, dos nossos hábitos, dos nossos

pensamentos, dando-lhe o lugar de esquecimento. Como dizia Pascal, “Os homens, como não

puderam substituir a morte, tiveram a audácia de não pensarem nela”.

As alterações pós-morte ou alterações cadavéricas são observadas num indivíduo onde

houve interrupção da vida. Estas alterações são geralmente estudadas quando se pretende

estimar a hora da morte de um indivíduo. Tudo isto é possível porque as alterações pós-morte

ocorrem sequencialmente desde a primeira hora da morte até à esqueletização do corpo. São

estas alterações que nos propomos pesquisar e estudar neste trabalho.

Conceito de Morte

A morte é a paragem dos fenómenos vitais, pela perda de funções cerebrais, respiratória

e circulatória. Estas funções não param todas ao mesmo tempo, daí uma certa dificuldade em

determinar o momento exato da morte. Para se constatar a certeza da morte é necessário a

observação de fenómenos cadavéricos.

Os fenómenos cadavéricos dividem-se em:

• Fenómenos abióticos Imediatos - devido à cessação das funções vitais.

• Fenómenos abióticos Consecutivos- devido à instalação de fenómenos cadavéricos.

• Fenómenos transformativos destrutivos e conservadores.

Fenómenos abióticos imediatos:

• Perda de consciência.

• Perdas da sensibilidade - com a morte estão abolidas as sensações táteis, térmicas e

dolorosas.

• Abolição da motilidade e do tono muscular - observação da máscara da morte e

imobilidade do cadáver.

• Abertura das pálpebras e boca (surge por causa do relaxamento dos músculos

mastigadores até ao aparecimento do rigor mortis).

• Relaxamento do esfíncter levando à perda de fezes.

• Contração das vesículas seminais que provoca a libertação de esperma.

• Paragem respiratória - a abolição da respiração pode ser evidenciada pela auscultação

pulmonar com ausência de murmúrios vesiculares.

• Paragem da circulação - a auscultação do coração, a radioscopia do coração e a

eletrocardiografia, a fonocardiografia e ecocardiografia são elementos suficientes no

diagnóstico da realidade da morte.

• Paragem da atividade cerebral - devido à aceitação da morte encefálica, o registo da

atividade do diencéfalo é um importante meio para diagnosticar a morte.

Fenómenos abióticos consecutivos:

• Desidratação cadavérica - o cadáver sofre evaporação tegumentar, variando de acordo

com a temperatura, ambiente e com a humidade.

• A desidratação cadavérica provoca:

- Decréscimo de peso - evaporação da água dos tecidos orgânicos após a morte.

- Pergaminhamento da pele - por efeito da evaporação tegumentar a pele desseca e endurece;

apresenta uma tonalidade pardacenta ou pardo-amarela e com estrias.

- Desidratação da mucosa dos lábios - a mucosa

dos lábios sofre desidratação, tornando uma

consistência dura e tonalidade pardacenta.

- Modificação dos globos oculares - origina a

formação de uma tela viscosa, perda de tensão do

globo ocular, enrugamento da córnea, mancha negra

na esclerótica e turvação da córnea transparente.

Sinais físicos da aproximação da morte

Há sinais físicos que indicam a aproximação da morte em pacientes terminais. Estes são:

• Pulsação rápida e irregular;

• Respiração rápida e por vezes ruídos;

• Movimentação incessante;

• Relaxamento dos músculos;

• Suor abundante;

• Sede intensa;

• Pele pálida e fria com manchas cianosadas principalmente nos membros inferiores;

Figura 1 - Modificação dos globos oculares

• Desaparecimento gradual dos reflexos;

• Olhos vidrados e semicerrados (perde a visão);

• Queda da mandíbula.

Fisiologia da Morte

A Fisiologia da morte é o conjunto de transformações pelas quais o corpo passa desde o

momento da morte até se decompor completamente. Assim, no instante da morte:

• O coração para.

• A pele fica rígida e adquire uma cor acinzentada.

• Todos os músculos se relaxam.

• A bexiga e intestinos esvaziam-se.

• A temperatura corporal cai normalmente 0,83ºC por hora a não ser que tenha fatores

externos que o impeça. O fígado é o órgão que se mantém quente durante mais

tempo, pelo qual se costuma medir sua temperatura para estabelecer o momento da

morte.

Aos 30 minutos:

• A pele fica meio púrpura e com aspeto ceroso.

• Os lábios, e as unhas dos dedos empalidecem pela ausência de sangue.

• O sangue estagna nas partes baixas do corpo, formando uma mancha de cor púrpura

escura que é chamada de lividez.

• As mãos e os pés ficam azulados.

• Os olhos começam a afundar para o interior do crânio.

Às 4 horas:

• Começa a aparecer o rigor mortis.

• O enrijecimento da pele e o estancamento do sangue contínuo.

• O rigor mortis começa a esticar os músculos durante umas 24 horas, depois das quais

o corpo recuperará seu estado relaxado.

Às 12 horas:

• O corpo está em estado de rigor mortis total.

Às 24 horas:

• Somente agora o corpo adquire a temperatura do ambiente que o rodeia.

• Nos homens, morrem os espermatozoides.

• A cabeça e o pescoço adquirem uma cor verde-azulada.

• Esta mesma cor começa a estender-se ao resto do corpo.

• Neste momento começa o forte cheiro de carne podre.

• O rosto da pessoa fica totalmente irreconhecível.

Aos 3 dias:

• Os gases dos tecidos corporais formam grandes bolhas debaixo da pele.

• A totalidade do corpo começa a inchar e crescer de forma grotesca. Este processo

pode acelerar se a vítima encontra-se num ambiente cálido ou na água.

• Os fluídos começam a gotejar por todos os orifícios corporais.

Às 3 semanas:

• A pele, cabelo e unhas estão tão soltas que podem ser retiradas com facilidade.

• A pele racha e rebenta em múltiplas zonas por causa da pressão dos gases internos.

• A decomposição continuará até que não fique nada exceto os ossos, a qual pode

demorar por volta de um mês em climas quentes e dois meses em climas frios.

• Os dentes são, com frequência, os únicos que permanecem intactos durante anos ou

séculos, já que o esmalte dental é a substância corporal mais dura que existe. A

mandíbula é a mais densa, pelo que geralmente também perdura.

Assistência ao corpo após morte

Em relação ao corpo:

Ocorre arrefecimento do corpo: rápido nas primeiras horas e lento nas próximas 24

horas até à temperatura corporal se equilibrar com a temperatura ambiente;

Rigidez cadavérica: fixação dos músculos;

Hipótese após morte: estagnação do sangue, provocando manchas cianosadas;

Sinais de putrefação: autólise que é intensificada pelas bactérias intestinais e bactérias

externas.

Em relação aos objetos pessoais dos pacientes e a unidade:

Os objetos deverão ser recolhidos e entregues aos familiares;

A unidade recebe limpeza terminal.

Materiais

Luvas de procedimento,

Biombo,

Hamper,

Seringa 10 ml,

Lâmina de bisturi,

Saco plástico,

Gaze e esparadrapo,

Sabonete, bacia com água morna,

Pinça anatômica, algodão,

Ataduras de 10 ou 20 cm,

Óculos de proteção, máscara e avental.

Técnica

Solicitar a presença de familiares para comunicação do óbito.

Certificar-se do registo da anotação de óbito pelo médico no prontuário.

Preparar o material necessário para o procedimento numa bandeja.

Realizar a higienização das mãos.

Levar o material para o quarto.

Promover a privacidade, colocando biombo e/ou fechando a porta do quarto.

Calçar as luvas de procedimento e vestir o avental.

Colocar o corpo em posição horizontal, retirando todos os travesseiros e/ou coxins.

Alinhar os membros.

Colocar a dentadura ou ponte móvel imediatamente após a morte, se houver.

Fechar os olhos fazendo compressão das pálpebras

Retirar a roupa do corpo, colocando-as no hamper.

Retirar todos os cateteres, sondas e drenos, se tiver, usando lâmina de bisturi para

retirar as fixações e seringa de 10 ml para desinsuflar os balões das sondas.

Fazer a higiene do corpo, se necessário.

Fazer os curativos necessários, comprimindo bem o local e cobrindo com gaze e

esparadrapo, para que não haja vazamentos de líquidos orgânicos.

Tamponar a orofaringe, introduzindo algodão o mais profundamente possível com o

auxílio de uma pinça;

Tamponar a região perineal, introduzindo algodão o mais profundamente possível.

Amarrar o queixo, os pés e as mãos, usando ataduras de crepe de 10 ou 20 cm.

Retirar todos os lençóis, envolvendo o corpo em um saco plástico apropriado ou lençol

descartável.

Identificar o corpo com uma das vias de aviso de óbito e outra identificação

prendendo-a com uma fita no punho do cadáver.

Colocar o corpo na maca e cobrir com lençol.

Transportar o corpo ao necrotério.

Encaminhar uma via de aviso de óbito à internação e a outra para a secretaria de

enfermagem.

Recolher todos os pertences do cadáver, identificando-os.

Retirar as luvas de procedimento.

Recolher o material do quarto, mantendo a unidade organizada.

Encaminhar o material permanente e o resíduo para o expurgo.

Lavar a bandeja com água e sabão, secar com papel toalha e passar álcool 70%.

Retirar as luvas de procedimento

Realizar a higienização das mãos.

Fazer anotações de enfermagem, descrevendo o ocorrido no momento do óbito, o

horário e nome do médico que constatou o óbito, assinar e colocar o número do

Coren.

Entregar os pertences aos familiares e encaminhá-los ao serviço de internação, para

receberem orientações sobre o funeral.

Solicitar para a equipe de higienização a limpeza terminal do quarto.

Recomendações

Os corpos que são disponibilizados para finalidades médicas ou para pesquisa

requerem autorização legal dos familiares mais próximos ou de autoridade legalmente

constituída.

Proceder aos cuidados de preparo pós-morte, imediatamente após a confirmação do

óbito pelo médico.

Caso o médico peça necropsia, o corpo não deve ser tamponado.

Para a necropsia é necessária a autorização da família, a não ser nos casos de

envenenamento e acidentes que vão diretamente ao IML.

Preencher aviso de óbito conforme procedimento administrativo

Livores cadavéricos

Também conhecidos como manchas de posição, os livores cadavéricos são fenómenos

constantes caracterizados pela cor púrpura de certa intensidade e surgem á superfície do corpo.

São encontrados na parte de declive do cadáver, variando com a posição do corpo e são

importantes para a estimativa do tempo de morte e da posição em que permaneceu o cadáver.

Aparecem por volta da 2ª a 3ª hora após a morte e podem mudar de posição nas primeiras 12

horas após a morte, depois disso permanecem inalterados.

Figura 2 - Livores cadavéricos

Rigidez cadavérica

É um fenómeno que resulta de muitos fatores, todos eles por supressão de oxigénio

celular, impedindo a formação de

ATP, formando actomiosina por

ação da glicose anaeróbia.

Manifesta-se em primeiro lugar na

face, na mandibula e pescoço indo

depois para os membros superiores

e tronco e por fim para os membros

inferiores. Começa entre a 1ª e 2ª

hora depois da morte e permite

também determinar o tempo aproximado da morte.

Fenómenos transformativos destrutivos

Autólise:

• Processo de destruição celular caracterizado por uma serie de fenómenos

fermentativos anaeróbicos;

• Ocorre em duas fases:

- Fase latente - as alterações ocorrem apenas no citoplasma;

- Fase necrótica - o núcleo das células desaparece;

• Variação do pH dos tecidos é um sinal evidente de morte;

• A pesquisa bioquímica post mortem centra-se no sangue, líquido cefalorraquidiano,

humor vítreo e humor aquoso;

• Verifica-se alterações no sódio, potássio, glicose, cloro, ureia e creatinina;

• Este estudo permite a determinação da causa de morte bem como a hora aproximada

de morte;

Putrefação:

• Acontece depois da autólise

Figura 3 - Rigidez cadavérica ("rigor mortis")

• Consiste na decomposição fermentativa da matéria orgânica por diversos germes

• É composta por quatro fases:

- Fase de coloração

- Fase gasosa

- Fase de liquefação ou coliquativa

- Fase de esqueletização

Fase de coloração:

• O primeiro sinal de putrefação é o aparecimento da mancha verde na fossa ilíaca do

lado direito;

• Estende-se a toda a parede

abdominal;

• O aparecimento desta

mancha surge entra as 20 e as

24 horas após a morte;

• A sua tonalidade deve-se á

combinação de sulfeto de

hidrogénio com a

hemoglobina originando sulfometahemoglobina;

Figura 4 - Fase de coloração

Fase gasosa ou enfisematosa

• Desenvolvimento de grandes quantidades de gases que invadem o tecido celular

subcutâneo, inchando e desfigurando o cadáver

• Tem a duração de vários dias ou até mesmo semanas

Fase de liquefação ou coliquativa

• A epiderme separa-se da derme;

• Formam-se bolhas cutâneas

cheias de líquido de cor escura;

• A epiderme desprende-se

facilmente pela simples pressão

dos dedos;

• Unhas e pelos desprendem-se;

• Os gases vão-se escapando

diminuindo o corpo de volume;

• As partes moles do cadáver desaparecem progressivamente

Figura 5 - Fase gasosa ou enfisematosa

Figura 6 - Fase de liquefação ou coliquativa

Fase esquelética

• A degradação do corpo faz com que o cadáver se apresente com os ossos quase livres;

• A cabeça se destaca do tronco;

• A mandibula destaca-se dos ossos da face;

• As costelas desarticulam-se do esterno e das vértebras;

Fenómenos transformativos conservadores

Saponificação

• Formação de uma

substância tipo cera

derivada do tecido adiposo;

• O cadáver ganha uma

tonalidade amarelo escuro;

• Surge depois de um estado

avançado de putrefação;

• Surge geralmente após a 6ª

semana depois da morte;

Figura 7 - Fase esquelética

Figura 8 - Santa Maria de Adelaide (saponificada)

• Este fenómeno é influenciado pela idade (mais frequente em crianças), sexo (mais

comum em mulheres), obesidade;

• A adipocera contem grande quantidade de ácido hexadecanoico, ácido esteárico e em

menor quantidade ácido oleico, resultante da combinação desses ácidos com bases (cal,

magnésio, amoníaco e soda) e tem um período de duração bastante longo

• Depende da humidade e do calor

Mumificação

• Processo natural ou artificial;

• Desidratação rápida;

• As características de um cadáver mumificado são:

- Pele enegrecida, dura e seca;

- Peso reduzido;

- Dentes e unhas bem conservadas;

Conclusão

Chegada ao termo do trabalho que nos propusemos elaborar, uma das principais

conclusões que retiramos do trabalho desenvolvido é que a temática sobre a morte e o morrer

jamais se poderá considerar terminada, pela enorme relevância que o tema apresenta. Devemos

referir que este trabalho nos permitiu desenvolver muitos conhecimentos acerca da morte.

Bibliografia Carmagnani, Maria Isabel Sampaio et al, Manual de Procedimentos Básicos de

Enfermagem.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer.

http://blogfamigerados.blogspot.pt/2012/01/cadaver-humano-da-morte-

decomposicao.html

http://www.canalcarreiraspoliciais.com.br/news/fenomenos-transformativos-

destrutivos/

http://jus.com.br/artigos/33919/sinais-abioticos