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Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde
PEDRO AUGUSTO VANZELLA CANESIN
PROTOCOLOS DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TESTES MOTORES
Londrina - Paraná 2016
PEDRO AUGUSTO VANZELLA CANESIN
PROTOCOLOS DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TESTES MOTORES
Trabalho de Conclusão Final de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Londrina - Paraná 2016
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Canesin, Pedro Augusto Vanzella
C225p Protocolos de aplicação e interpretação de testes motores /Pedro Augusto Vanzella
Canesin. Londrina: [s.n], 2016
129f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde).
Universidade Norte do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
1 - Exercício Físico - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Testes motores 3-
Aptidão física 4- Desempenho motor – 5- Promoção da saúde I- Guedes, Dartagnan
Pinto; orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 796.077
PROTOCOLOS DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TESTES MOTORES
PEDRO AUGUSTO VANZELLA CANESIN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido e aprovado pela Banca Examinadora:
____________________________________
Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes Universidade Norte do Paraná
____________________________________ Prof. Dr. Marcia Regina Aversani Lourenço
Universidade Norte do Paraná
____________________________________ Prof. Dr. Antônio Carlos Dourado
(Membro Externo)
____________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Coordenador do Curso
Londrina, 05 de Fevereiro de 2016.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pela graça de oportunizar momentos
de crescimento espiritual, pessoal e profissional.
A minha esposa Gracy Kelly e a meu filho Samuel que sempre estiveram presente
e souberam compreender os momentos de ausência para que a realização desta etapa
de estudos fosse concretizada. Amo vocês!
Aos meus pais Cláudio e Silvana e minha irmã Blandina, pelo apoio incondicional
em todos os momentos e necessidades.
Ao meu orientador Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes, por me aceitar como seu
orientando e oportunizar momentos de crescimento profissional e acadêmico.
Aos professores do curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na
Promoção de Saúde, por sua dedicação e disponibilidade em atender aos anseios e
dúvidas encontradas durante este processo.
Aos colegas de curso que partilharam comigo as dificuldades, alegrias e
conquistas. Em especial aos amigos João Vagner e Jurandir, por compartilharem
experiências pessoais enriquecedoras e sincera amizade.
Aos membros da Banca Examinadora pelas considerações e contribuições no
aprimoramento do Relatório Técnico.
Ao amigo Levi Aparecido Xavier, que se dispôs em participar e colaborar na
realização deste trabalho.
Aos jovens Arthur, Barbara, Caroline, Giovana, Rafael e Walace, pela participação
e dedicação nas gravações dos testes motores.
Ao profissional de filmagem Ailton e equipe, pela dedicação e grande colaboração
na execução do projeto.
À Secretária Municipal de Educação de Arapongas, Prof. Ms. Elizabete Humai de
Toledo, equipe pedagógica, aos colegas professores de educação física da rede
municipal e aos amigos professores da Escola Municipal Desembargador Clotário
Portugal, pelo carinho oferecido na realização deste sonho.
E a todos os amigos pelo constante apoio e incentivo à minha qualificação
profissional.
“Há algum tempo atrás, eu imaginava que sabia tudo. Agora sei que pouco sei. A educação é a descoberta progressiva da nossa ignorância. ”
(WILL DURANT)
CANESIN, Pedro Augusto Vanzella. Protocolos de Aplicação e Interpretação de Testes Motores. Trabalho de Conclusão Final de Curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2016.
RESUMO
Testes motores vêm sendo utilizados como ferramenta para coleta de dados
referente à avaliação da condição motora ao longo do tempo. Embora o avanço
tecnológico tenha possibilitado propor novos procedimentos ou ferramentas mais
precisas, os testes motores não perderam sua funcionalidade, seja pela simplicidade na
utilização de equipamentos, pela praticidade na aplicação, baixo custo financeiro, ou
ainda pela possibilidade de reaplicar em diversos locais, não necessariamente em
laboratórios. Protocolos existentes sistematizam o desenvolvimento e a aplicação dos
testes motores, cujas descrições se encontram em vasta literatura, de forma escrita e
algumas vezes com auxílio de ilustrações, gravuras ou fotos, o que limita o entendimento
mais detalhado de seus procedimentos. Nessa perspectiva a proposta de produção
técnica foi delinear e desenvolver produção de mídia, com recursos audiovisuais (vídeo),
para auxiliar a compreensão da descrição e das sistematizações na aplicação de
selecionados testes motores, bem como na análise e interpretação de seu resultado.
Desta forma, em um primeiro momento são tratadas informações quanto à definição de
testes motores e seu ordenamento conforme a classificação das capacidades físicas. Na
sequência, conceitos relacionados a testar, medir e avaliar, à reprodutibilidade e validade,
aos erros de medida e aos valores de referência. Depois, a padronização de selecionados
testes motores. No momento seguinte, diferentes procedimentos (norma e critério)
associados à análise e interpretação de resultados. Por fim, o delineamento dos
programas de avaliação do desempenho motor. Para tanto a metodologia atendeu quatro
etapas: (a) revisão de literatura específica; (b) gravação em vídeo dos testes motores
selecionados; (c) edição dos vídeos; (d) inserção dos vídeos em mídia interativa. Espera-
se com a proposição da mídia eletrônica facilitar o entendimento quanto ao uso de testes
motores na monitoração do desempenho motor e auxiliar profissionais da área na
seleção, aplicação e análise de resultados de testes motores direcionados ao campo da
saúde e do desempenho atlético.
Palavra-chave: Testes Motores, Aptidão Física, Desempenho Motor, Promoção da Saúde.
CANESIN, Pedro Augusto Vanzella. Application Protocols and Interpretation of Motor Tests. Completion of Coursework. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2016.
ABSTRACT
Motor test have been used as a tool for data collection on the evaluation of motor
performance over time. Although technological advances have made it possible to
propose new procedures or more precise tools, the motor tests not lost their functionality,
because of its simplicity in the use of equipment, convenience in application, low financial
cost, or possibility of reapplying in various places, not necessarily in laboratories.
Available protocols systematize the development and application of motor tests, whose
descriptions are found in the vast literature in written form and sometimes with the aid of
illustrations, pictures or photos, which limits more detailed understanding of their
procedures. In this perspective, the proposal of the technical production was to delineate
and develop media production, with audiovisual resources (video), to help the
understanding of the description and systematization in the application of selected motor
tests and the analysis and interpretation of its results. Thus, at first was treated information
regarding the definition of motor tests and its planning according to the classification of
the physical abilities. Following, concepts related to test, measure and evaluate, the
reproducibility and validity, the measurement errors and the reference values. After, the
standardization of selected motor tests. The next moment, different procedures (norm and
criterion) associated with the analysis and interpretation of results. Finally, the design of
the programs of evaluation of the motor performance. Therefore, the methodology has
met four steps: (a) specific literature review; (b) video recording of selected motor tests;
(c) editing of the videos; (d) inclusion of videos in interactive media. It is hoped that the
proposition of electronic media facilitate understanding on the use of motor tests in motor
performance monitoring and help professionals in the selection, application and analysis
of results of motor test directed to the field of health and athletic performance.
Keyword: Motor Tests, Physical Fitness, Motor Performance, Health Promotion.
SUMÁRIO
1. Apresentação .............................................................................................................. 1
2. Testes Motores ............................................................................................................ 2
3. Classificação das Capacidades Físicas ...................................................................... 4
4. Qualidade de Dados
4.1. Testar, medir e avaliar ........................................................................................... 6
4.2. Validade ................................................................................................................. 7
4.2.1. Validade Lógica ........................................................................................... 8
4.2.2. Validade Concorrente .................................................................................. 9
4.3.3. Validade Preditiva ...................................................................................... 10
4.3. Erros de Medida ................................................................................................. 10
4.4. Valores de Referência ......................................................................................... 13
5.. Protocolo de Testes Motores
5.1. Teste Caminha/Corrida de Longa Distância ...................................................... 16
5.2. Teste Caminha/Corrida de Longa Duração ....................................................... 19
5.3. Teste Caminha/Corrida de “Vai-e-Vem” ............................................................ 22
5.4. Teste Abdominal ............................................................................................... 27
5.5. Teste Abdominal “Modificado” ........................................................................... 30
5.6. Teste Puxada em Suspensão na Barra ............................................................ 34
5.7. Teste Suspensão na Barra ................................................................................ 37
5.8. Teste Puxada em Suspensão na Barra “Modificado” ........................................ 40
5.9. Teste Flexão/Extensão dos Braços sobre o Solo ............................................ 43
5.10. Teste “Sentar-e-Alcançar” .............................................................................. 46
5.11. Teste “Sentar-e-Alcançar” Alternado ................................................................ 49
5.12. Teste Mobilidade de Ombros ........................................................................... 53
5.13. Teste Elevação do Tronco ................................................................................ 56
5.14. Teste Corrida de 50 Metros .............................................................................. 59
5.15. Teste Corrida 10 X 5 Metros ............................................................................ 62
5.16. Teste Batimento em Placas .............................................................................. 65
5.17. Teste Salto em Distância “Parado” ................................................................... 68
5.18. Teste de Corrida “Ida-e-Volta” .......................................................................... 71
5.19. Teste Posição Flamingo ................................................................................... 74
6. Análise dos Resultados
6.1. Análise de Resultados em Padrões Referenciados por Norma ......................... 77
6.2. Análise de Resultados em Padrões Referenciados por Critérios ...................... 84
7. Delineamento dos Programas de Avaliação do Desempenho Motor ........................ 87
Referências ................................................................................................................... 91
Artigo Científico ............................................................................................................. 92
Apresentação Científica em Congresso ...................................................................... 112
1
1. APRESENTAÇÃO
Infância e adolescência são períodos críticos, extremamente importantes,
associados aos aspectos de conduta motora. Nessa fase do desenvolvimento humano,
além das implicações relacionadas ao crescimento físico e à maturação biológica, o
organismo jovem encontra-se especialmente sensível à influência do estilo de vida, que
pode interferir positiva ou negativamente no presente, enquanto jovem, e para toda a vida
[4].
Portanto, o acompanhamento dos índices de desempenho motor dos jovens e,
quando necessário, intervir no sentido de aprimorar seus componentes, poderá contribuir
de forma decisiva para promover a prática saudável da atividade física.
O material em vídeo foi preparado com o objetivo de atender duas necessidades
principais:
reunir informações sobre a aplicação de testes motores que possam servir
de embasamento necessário a melhor compreensão de tão importante
tema ligado ao campo da educação física;
apresentar situações práticas relacionadas à análise e à interpretação
adequadas de seus resultados;
O conteúdo está estruturado em diferentes itens, cada um dos quais abordando
um tema específico vinculado ao uso de testes motores para avaliação do desempenho
motor.
Durante o desenvolvimento deste recurso midiático procurou-se preparar o
material mais significativo e útil possível. A expectativa é de que seu conteúdo venha a
constituir-se como importante recurso de consulta imediata aos colegas profissionais que
atuam na área. No entanto, acreditamos que, por conta da quantidade de informações
com características acadêmicas nele contidas, também possa se apresentar como opção
de referência aos cursos universitários de formação profissional no campo da educação
física.
2
2. TESTES MOTORES
Principal propósito de acompanhar o desempenho motor é procurar obter dados
quantitativos que possam propiciar comparações inter e intra-sujeitos, com objetivo de
identificar comportamento relacionado aos aspectos de conduta motora. Dessa forma,
como procedimento para coleta desses dados, tem-se disponível uma única opção: a
aplicação de testes motores [7].
Os testes motores caracterizam-se pela realização de uma tarefa motora
conduzida em situação padronizada, que procure solicitar predominantemente uma
capacidade física específica. Desse modo, aspecto importante a considerar quando da
utilização dos testes motores refere-se à necessidade de estabelecer a variável
fisiológica que deverá melhor relacionar-se com os resultados a serem alcançados. No
entanto, essa relação não deverá ser considerada de causa e efeito, pois os resultados
dos testes motores envolvem uma multiplicidade de fatores que não podem ser
explicados apenas pelos aspectos fisiológicos [4].
Por sua vez, os testes motores, pelas suas características, não devem ser
empregados como instrumento que possa determinar componentes fisiológicos que
influenciam diretamente a capacidade física envolvida, mas apenas para servir como
indicador daquele fator fisiológico presumivelmente solicitado naquelas circunstâncias
previamente elaboradas.
Em vista disso, a seleção e a aplicação dos testes motores deverão ser restritas
àqueles que são mais sensíveis e podem responder às variações dos fatores fisiológicos
desejados. Esse procedimento exige, portanto, que estudos prévios sejam desenvolvidos
a fim de serem evidenciados quais fatores fisiológicos os testes motores possam solicitar
prioritariamente.
Se, por um lado, os testes motores apresentam maior facilidade quando de sua
aplicação e têm como principal vantagem o fato de não exigirem equipamentos
sofisticados e com eles ser possível obter informações com menor demanda de tempo,
seu ponto fraco reside no fato de que aspectos culturais, motivacionais e ambientais
podem facilmente contaminar seus resultados.
Dessa forma, os testes motores passam a apresentar maior aplicação prática
3
quando utilizados em avaliações comparativas de resultados de um mesmo jovem em
diferentes momentos, ou entre jovens que apresentam aspectos culturais e de motivação
similares. Devem, portanto, ser evitadas avaliações comparativas entre resultados de
testes motores aplicados em jovens pertencentes a diferentes realidades de prática de
atividade física [4].
Ademais, quando da aplicação de um teste motor admite-se que a capacidade
física supostamente envolvida com esse teste apresenta interferência decisiva em seu
resultado. Ao analisar seus resultados, porém, torna-se necessário ponderar que a tarefa
motora definida pode demandar habilidades específicas do jovem e exigir, portanto,
alguma experiência motora anterior. Consequentemente, a análise confiável da função
fisiológica que possa vir a interferir na capacidade física envolvida no teste pode ficar
prejudicada [4].
Por intermédio das tarefas motoras, por vezes, torna-se impossível isolar a
participação de determinadas capacidades físicas, o que torna os resultados de alguns
testes motores dependentes de mais de uma capacidade física. Em vista disso, testes
motores têm sido projetados de modo que, pela sua natureza, alguns deles podem
requerer maior quantidade de capacidades físicas que outros. No entanto, com relação à
abrangência do desempenho motor, esta situação não deve tornar esses testes motores
mais relevantes que os demais, tendo em vista a possibilidade da menor especificidade
de um teste motor comprometer um diagnóstico mais preciso dos níveis de desempenho
motor apresentados [7].
4
3. CLASSIFICAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS
Por meio das informações disponíveis na literatura, percebe-se a existência de
várias formas de classificação e ordenamento das capacidades físicas. Apesar das
diferentes propostas procurarem buscar fundamentação em princípios fisiológicos
similares e, portanto, não apresentarem divergências conceituais notáveis entre si,
considerando a inter-relação entre os atributos motores, a proposição de rotinas de
avaliação do desempenho motor depende fundamentalmente do modelo de classificação
das capacidades físico considerado [4].
Partindo da suposição de que o desempenho motor caracteriza-se por elevada
especificidade de cada uma das capacidades físicas isoladamente, e substituindo a
noção de desempenho motor geral pelo conceito de que cada jovem apresenta
desempenho motor específico em cada uma das capacidades físicas, mais recentemente
surgiu proposta de classificação das capacidades físicas baseando-se no paradigma da
aptidão física. Neste caso, o universo das capacidades físicas é classificado em
componentes da aptidão física relacionada à saúde e em componentes da aptidão física
relacionada ao desempenho atlético. Por essa abordagem, a aptidão física refere-se às
condições que permitem ao jovem ser submetido a situações que envolvem esforço
físico. Portanto, em relação às capacidades físicas podem ser identificados sete
componentes: resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular, flexibilidade,
velocidade, potência, agilidade e equilíbrio [2] (Figura 1).
Pela óptica da aptidão física, àqueles componentes que, em questões motoras,
podem ser creditados alguma proteção ao surgimento e ao desenvolvimento de
disfunções degenerativas induzidas pelo estilo de vida sedentário devem ser tratados
como componentes da aptidão física relacionada à saúde. A aptidão física relacionada
ao desempenho atlético envolve, além dos componentes associados à aptidão física
relacionada à saúde, àqueles componentes necessários à prática mais eficiente dos
esportes, levando em consideração que cada especialidade esportiva pode apresentar
exigências específicas. Nesse contexto, resistência cardiorrespiratória, força/resistência
muscular e flexibilidade são componentes específicos que caracterizam a aptidão física
relacionada à saúde. Por outro lado, em adição aos componentes relacionados à saúde
5
― que também são fundamentais na área do esporte ― os componentes
especificamente direcionados à aptidão física relacionada ao desempenho atlético
incluem velocidade, potência, agilidade e equilíbrio.
Quando da elaboração das rotinas de avaliação do desempenho motor, torna-se
extremamente importante diferenciar os componentes da aptidão física relacionada à
saúde e do desempenho atlético, considerando que a extensão de participação com que
cada um desses componentes se apresenta deverá influenciar na interpretação de seus
resultados. Desse modo, quando do envolvimento de jovens não-atletas,
independentemente da idade, torna-se aconselhável envolver itens do desempenho
motor que se relacionem com os três componentes da aptidão física relacionada à saúde
e apenas com alguns componentes de maior representatividade associados ao
desempenho atlético. No caso de jovens atletas, pelo contrário, os itens de desempenho
motor abordados deverão estar relacionados com todo o rol de componentes que se
identifica com o desempenho atlético [4].
Figura 1 – Classificação das Capacidades Físicas
6
4. QUALIDADE DE DADOS
4.1 Testar, Medir e Avaliar
Para que se possa compreender, em seu sentido mais amplo, a preocupação em
garantir qualidade aos resultados dos testes motores, torna-se conveniente dominar
alguns conceitos básicos: definição entre testar, medir e avaliar.
De maneira equivocada, por vezes, a expressão “avaliar” é empregada como
sinônimo de “medir”. Assim, passa-se a considerar indistintamente, por exemplo, as
expressões “medir desempenho motor” e “avaliar desempenho motor”. Contudo, ao
assumir abordagem que identifica avaliação como medida deixa transparecer importante
limitação: a totalidade dos resultados de testes motores não tem significado por si
mesmo, por isso exige interpretação de seus valores em relação aos referenciais
previamente estabelecidos. Por conta desse aspecto, admite-se que o conceito de
avaliação é um processo mais amplo e abrangente que o de medida. Na verdade, a
medida se caracteriza apenas como uma parte do processo da avaliação.
De maneira operacional, “medir” significa determinar a quantidade de determinado
atributo com base em um sistema convencional de unidades. Uma medida é expressa de
forma numérica, daí sua maior objetividade. Medida se refere sempre ao aspecto
quantitativo do resultado do teste motor. Por outro lado, avaliar é julgar ou fazer
apreciações do resultado obtido com a aplicação do teste motor, com base em uma
escala de referência. Dessa forma, avaliação consiste em registrar o resultado do teste
motor e interpretar seu valor com base em referenciais previamente definidos.
Comparativamente, pode-se admitir que, enquanto “medida” se define basicamente como
um processo descritivo, pois consiste em descrever quantitativamente o resultado do
teste motor, “avaliação” se define como um processo interpretativo, pois consiste em
julgar o valor equivalente ao resultado do teste motor, com base em referenciais
selecionados especificamente para esta finalidade [7].
Outro conceito importante é o que se refere a testar. Nesse contexto, “testar”
consiste em verificar o desempenho de alguém mediante situações previamente
organizadas e padronizadas, denominadas de testes. Assim, embora os respectivos
significados se justaponham, os termos “testar”, “medir” e “avaliar” não devem apresentar
7
conotações idênticas. Na verdade, os conceitos dos três termos se completam, porém
apresentam diferenças importantes no que se refere à amplitude de suas significações.
“Medir” caracteriza-se como uma ação mais ampla que “testar”, considerando que os
testes constituem uma das formas de medida. Já “avaliar” apresenta conceito mais
abrangente do que os outros dois, por incluir a utilização tanto de instrumentos
quantitativos como de dados qualitativos, aos quais se adiciona o julgamento desses
valores (Figura 2).
4.2 Validade
Em qualquer iniciativa de avaliação do desempenho motor, a validade é
considerada requisito básico. Somente quando esta característica está presente é
possível considerar as informações obtidas para fins de avaliação. Sem testes motores
que apresentem indicações de validade satisfatórias, não se podem obter resultados
merecedores de maior atenção nem é possível expressar julgamento confiável [7].
Conceitualmente, um resultado de teste motor é válido quando mede diretamente
o atributo que se pretende avaliar. Portanto, a validade de um teste motor é diretamente
proporcional ao grau e à extensão em que realmente testa a dimensão motora que
Figura 2 – Conceitos para Qualidade de Dados
8
constituem seu objeto [7].
Especificamente no caso de testes motores, é possível distinguir três tipos
fundamentais de validade: lógica, concorrente e preditiva (Figura 3).
4.2.1 Validade Lógica
A validade lógica não pode ser determinada objetivamente, mas sim mediante
julgamento dedutivo de natureza subjetiva realizada por especialistas da área. Estes, por
sua vez, procuram analisar a representatividade dos resultados do teste motor que se
pretende validar em relação à capacidade física em questão. Desse modo, a validade
lógica é estabelecida com base em suposições teóricas e definições conceituais, sem
auxílio de recursos experimentais. O problema central na validade lógica é, portanto, o
da subjetividade no julgamento da participação do resultado do teste motor na variação
da capacidade física objeto de avaliação [4]. Em vista disso, define-se a validade lógica
como um tipo de validade estabelecida empiricamente em oposição aos outros dois tipos
de validade, seja validade concorrente ou validade preditiva, que são estabelecidas
Figura 3 – Validade de Testes Motores
9
mediante recursos experimentais e, por consequência, quantitativamente [7].
Na área do desempenho motor, por vezes, a dificuldade em alcançar dados
quantitativos seguros e confiáveis sobre a capacidade física a ser avaliada impede o uso
de procedimentos estatísticos para validar o teste motor. Assim, sem outra opção, faz-se
necessário assumir a validade lógica. Nesses casos, torna-se impossível estabelecer o
grau com que o resultado do teste motor possa estar avaliando o que se pretende avaliar.
Dessa forma, mesmo admitindo que a utilização dos procedimentos direcionados à
validade lógica se torna essencial em alguns casos, muitas vezes, não são suficientes
para estabelecer a validade efetiva do teste motor em questão [4].
4.2.2 Validade Concorrente
Conceitualmente, validade concorrente é a relação estatística que possa existir
entre os resultados do teste motor em questão e indicadores da capacidade física que,
seguramente, oferece fortes indicações sobre a avaliação da mesma capacidade física
que se pretende avaliar [7].
Em linguagem estatística, a validade concorrente baseia-se nas estimativas dos
chamados coeficientes de correlação momento-produto entre os resultados do teste
motor em questão e as informações apresentadas por outro instrumento, admitindo-se
que esse apresenta relação direta com a capacidade física que se pretende avaliar.
Resultados alcançados com a aplicação do teste motor informam apenas sobre a
tarefa motora executada no teste. No entanto, algumas vezes é necessário saber algo
mais. Por exemplo, se existe relação entre os resultados de determinado teste motor e
valores de um indicador mais próximo da capacidade física que se pretende avaliar, isto
é, se o resultado do teste motor em questão apresenta validade concorrente diante da
capacidade física pretendida. Assim, se um jovem apresenta elevado resultado no teste
de caminhada/corrida de 1.600m, é de se esperar que demonstre altos níveis de
resistência cardiorrespiratória, considerando-se que o coeficiente de correlação
momento-produto entre a distância percorrida no teste e as estimativas do consumo
máximo de oxigênio é também elevado [4].
10
4.2.3 Validade Preditiva
Os delineamentos relacionados à validade preditiva deverão ser empregados
quando anteriormente já tenha sido possível comprovar, em alto grau, a existência de
validade concorrente entre os resultados do teste motor em questão e o indicador
selecionado para traduzir a capacidade física que se pretende avaliar. Assim, baseando-
se na estreita associação observada entre ambos os grupos de valores, comprovada
mediante elevados valores do coeficiente de correlação momento-produto, admite-se que
seja possível predizer, mediante modelos estatísticos envolvendo equações de
regressão, valores para o indicador de capacidade física com base nos resultados do
teste motor [7]. Portanto, informações obtidas com procedimentos da validade preditiva
deverão apontar o grau de probabilidade com que os resultados do teste motor podem
predizer estatisticamente valores para a capacidade física que se pretende avaliar.
Por exemplo, resultados de testes motores envolvendo caminhada/corrida longa
tem sido frequentemente empregados na proposição de equações de regressão que
possam predizer valores de consumo de oxigênio ― indicador de referência sobre a
resistência cardiorrespiratória. Os coeficientes de correlação entre resultados de testes
de caminhada/corrida longa e valores de consumo máximo de oxigênio, dependendo de
sexo e idade, variam entre 0,60 e 0,90, o que indica elevado grau de validade
concorrente. Considerando a estreita associação estatística, estabelecem-se equações
de regressão com as quais, de posse de resultados de testes de caminhada/corrida
longa, torna-se possível predizer, com margem de erro estimada e conhecida, valores de
consumo máximo de oxigênio [4].
4.3 Erros de Medida
Considerando que a base para avaliação do desempenho motor é a aplicação de
testes motores, um problema que pode levantar preocupação são os possíveis erros no
registro de seus resultados. A não ser que cuidadosa atenção seja dada aos
procedimentos de aplicação dos testes motores, os resultados obtidos poderão ser
totalmente inúteis para efeito de análise. Infelizmente, apesar dos esforços na tentativa
11
de obter resultados da melhor qualidade possível, erros de medida de certa magnitude,
suficientes para justificar o interesse em identificá-los, sempre deverão ocorrer com certa
regularidade em qualquer sequência de aplicação de testes motores.
Esses erros de medida são causados, fundamentalmente, pelas constantes
alterações que podem surgir com relação ao domínio dos seus procedimentos e à
experiência prévia apresentada por quem aplica os testes motores, à postura assumida
por quem esta executando o teste motor na tentativa de alcançar melhores resultados e
às características ou o grau de dificuldade dos testes motores selecionados. Por esse
motivo, o princípio básico na aplicação de qualquer teste motor é que cada um destes
três determinantes seja considerado com o intuito de reduzir os erros para um mínimo
tolerável [7].
Os erros de medida podem ser classificados em sistemáticos e aleatórios. Erros
sistemáticos são aqueles que ocorrem repetidamente e sempre da mesma forma.
Portanto, as réplicas de aplicação do teste motor deverão produzir diferenças entre seus
resultados de mesma magnitude. Como por exemplo, erros que ocorrem pelo fato de
quem aplica o teste motor, constantemente, não atender item específico de sua
padronização. Ou ainda, erros que surgem em consequência dos equipamentos
empregados na aplicação do teste motor não corresponderem às dimensões propostas,
ou não apresentarem calibração adequada [7].
Por outro lado, erros aleatórios são aqueles que ocorrem ao acaso, ou seja, com
diferentes variações em seus resultados a cada aplicação do teste motor. Portanto, torna-
se impossível identificar ou dimensionar sua magnitude. Como por exemplo, erros que
acontecem quando dois profissionais aplicam o mesmo teste motor, em um mesmo
jovem, sem que apresentem total domínio de seus procedimentos, ou experiência prévia
suficiente para sua aplicação. Logo, deverão surgir divergências entre os resultados em
razão da diferente forma de aplicação do teste motor [7].
Especialistas da área procuram descrever as várias fontes de erros de medida
mediante os conceitos de precisão ou reprodutibilidade e de exatidão ou viés. Neste caso,
“precisão” refere-se ao quanto quem aplica o teste motor está consistente com ele mesmo
na obtenção do resultado, o que se denomina de reprodutibilidade intra-avaliador, ou com
12
relação a outros aplicadores do teste motor, o que se denomina de reprodutibilidade
interavaliadores. Em contrapartida, “exatidão” refere-se ao quanto o resultado do teste
motor obtido está em conformidade com o verdadeiro resultado [4].
Para tratar o grau de exatidão de um teste motor, a grande dificuldade está em
determinar qual é o verdadeiro resultado para determinado teste motor naquele jovem e
naquele dado momento. Isto se deve as constantes variações tipicamente observadas
em sucessivas aplicações dos testes motores e, portanto, teoricamente, não deverá
produzir os mesmos resultados entre uma e outra aplicação, mesmo que seja em curto
espaço de tempo. Assim, o grande desafio em avaliações do desempenho motor é estar
certo, dentro dos limites de erro conhecidos, de que os resultados dos testes motores
obtidos realmente representam o verdadeiro resultado naquele momento [4].
À primeira vista, nunca se pode ter total convicção dos verdadeiros resultados dos
testes motores. No entanto, recursos muito utilizados nas estimativas dos índices de
exatidão são as comparações entre resultados encontrados por um avaliador bastante
experiente na aplicação de testes motores, pois se presume que, em razão de sua
experiência, obterá resultados mais próximos do verdadeiro resultado, e avaliadores
efetivamente envolvidos com a aplicação dos testes motores para avaliação.
Menor exatidão no resultado de um teste motor pode ser atribuído:
à falta de domínio da técnica de aplicação do teste motor;
a equipamentos inadequados;
ao ambiente desfavorável à aplicação do teste motor;
à falta de cooperação de quem realiza o teste motor;
Ao considerar sua influência na validade dos resultados, a precisão ou a
reprodutibilidade é a característica mais importante na aplicação dos testes motores.
Com baixa reprodutibilidade, nenhuma confiança pode ser depositada nos resultados
obtidos, em razão de sua provável menor exatidão. A reprodutibilidade poderá influenciar
diretamente a validade, pois teste motor que procura medir o que se propõe a medir
deverá, consistentemente, produzir os mesmos resultados em situações idênticas. Se um
avaliador conseguir produzir resultados altamente reprodutíveis, poderá utilizar o mesmo
13
teste motor várias vezes em situações similares e, em cada vez, obter os mesmos
resultados [4] (Figura 4).
4.4 Valores de Referência
Na prática do profissional de educação física, talvez a questão mais importante
relacionada à avaliação do desempenho motor seja tomar decisões sobre o fato dos
jovens submetidos aos testes motores apresentarem resultados considerados “normais”.
Nesse aspecto, a denominação do que é “normal”, dependendo da situação,
apresenta-se sob dois diferentes significados. O primeiro significado associa os
resultados dos testes motores obtidos pelos jovens com resultados traduzidos por pontos
de corte tidos como “desejados” ou “ideais”. Nesse caso, os resultados previamente
estabelecidos devem ser considerados como meta a ser alcançada e, portanto, o oposto
de “normal” é rotulado como “subnormal”. Este significado relaciona-se com o que se
denomina de avaliação referenciada por critério. Pelo segundo significado, o normal é
Figura 4 – Erros de Medida
14
equivalente ao que comumente ocorre ou ordinário. Desse modo, as referências
comparativas são simplesmente aquelas que mais comumente ocorrem, e, nessas
situações, o oposto de “normal” é considerado como “anormal”. Este significado
relaciona-se com que se denomina de avaliação referenciada por norma [7].
Na avaliação referenciada por norma os resultados dos testes motores são
interpretados mediante comparações com determinada norma, modelo recomendado
quando se deseja comparar os resultados obtidos pelo jovem com grupos normativos.
Por outro lado, na avaliação referenciada por critério os resultados dos testes motores
apresentados pelo jovem são interpretados comparativamente com níveis de corte
explicitamente definidos [4].
Portanto, avaliações com referência a normas são planejadas com intuito de
estimar a posição dos resultados dos testes motores apresentados pelo jovem em
relação aos resultados apresentados por outros jovens de idênticas características,
enquanto avaliações com referência a critérios são planejadas para verificar se os
resultados dos testes motores apresentados pelo jovem alcançam níveis específicos de
competência sem levar em consideração que outros jovens tenham atingido o mesmo
nível de proficiência.
Na avaliação com referência a normas o sistema de referência é proposto
mediante tabelas de distribuição de percentis construídas com base em resultados de
testes motores apresentados por jovens de amostras representativas de grupos
específicos da população. Nesta situação, níveis específicos de proficiência não são
considerados. Admite-se, porém, que a amostra selecionada se aproxima do estado
motor “ideal” ou “desejado” [7]. As normas podem ser mais ou menos abrangentes:
regionais, nacionais ou internacionais. Na literatura, são muitos os exemplos
encontrados. No enfoque da avaliação referenciada por critérios os resultados obtidos
com a aplicação de testes motores deverão ser confrontados com níveis específicos de
competência estabelecidos de antemão e definidos por características específicas. Logo,
fornece informações sobre a condição motora do próprio jovem, independentemente dos
resultados apresentados por outros jovens ou da classificação que ocupa no grupo a que
pertence.
15
Avaliações com referência a normas tornam-se extremamente úteis quando o
propósito é estabelecer comparações entre jovens mediante informações apresentadas
pelo grupo a que pertence, permitindo, portanto, visualização mais precisa sobre a
magnitude de diferenças entre um jovem e outro, ou entre um jovem e seu grupo.
Portanto, de maneira geral, empregadas quando do envolvimento de componentes
motores associados à aptidão física relacionada ao desempenho atlético. Por outro lado,
a avaliação referenciada por critério torna-se mais adequada quando da abordagem de
indicadores motores direcionados à saúde, na medida em que, neste caso, não importa
estabelecer comparações entre um jovem e seus pares, ou indicar o lugar que o jovem
ocupa diante de seu grupo, mas sim sua posição em relação a pontos de corte
previamente estabelecidos que possam assegurar melhores níveis de saúde [4].
16
5. PROTOCOLO DOS TESTES MOTORES
5.1 Teste Caminhada/Corrida de Longa Distância
Propósito: Componente motor associado à resistência cardiorrespiratória mediante
caminhada/corrida contínua em longas distâncias.
Equipamentos: Placas para identificação dos executantes, material para anotação das
voltas, cronômetro e na eventualidade de o teste não ser administrado em pista de
atletismo, cones para orientação e delimitação do percurso.
Espaço físico: Preferencialmente pista de atletismo. Existe a alternativa de administrar
o teste em quadra esportiva, sem nenhum tipo de obstáculo, em que seja possível
delinear o percurso em formato retangular. Contudo, aconselha-se cautela nas
comparações ou na utilização de indicadores referenciais idealizados com base em
resultados em pista de atletismo, considerando que, em razão das diferenças na
delimitação do percurso de uma e de outra opção, os executantes podem apresentar
diferentes resultados.
Procedimentos: Este teste permite a realização com vários executantes
simultaneamente. E, para facilitar o registro dos dados, cada executante poderá receber
uma placa de identificação a ser fixada de forma visível em sua vestimenta.
Os executantes devem estar enfileirados próximos à linha de partida, e ao sinal sonoro
do avaliador, devem iniciar a corrida (Imagem 1).
Imagem 1 – Preparação e início do teste
17
São necessários dois avaliadores (Imagem 2). Um deles deve se localizar no ponto de
partida, para registrar o número de voltas dos executantes, e o outro avaliador deve ficar
à metade da volta do percurso, com a função de anunciar aos executantes a distância
que resta para o término do teste e de orientar sobre o ritmo de realização da
caminhada/corrida.
É permitido caminhar durante o teste, entretanto os avaliadores deverão informar aos
executantes que evitem esse recurso e procurem imprimir ritmo constante e compatível
com suas condições (Imagem 3). O teste consiste em percorrer 800m, 1200m ou 1600m,
de acordo com o protocolo escolhido, no menor tempo possível.
Imagem 2 – Os avaliadores
Imagem 3 – Situações de teste
18
Caso o teste seja aplicado em espaço reduzido, necessita-se saber a distância de uma
volta completa para então ser possível o cálculo da distância preconizada.
Durante a realização deste teste, aconselha-se aos avaliadores a utilização de palavras
de motivação com a intenção de encorajar os executantes a apresentarem o melhor
rendimento possível.
É permitida uma única tentativa aos executantes.
O teste termina quando os executantes ultrapassam a linha de chegada após percorrem
a distância preconizada (Imagem 4).
Escore: Tempo, com definição em minutos e segundos, despendido por cada executante
ao realizar o percurso.
Precauções: A fim de possibilitar situação ideal de motivação entre os executantes e,
por outro lado, evitar congestionamento no percurso, aconselha-se a formação de grupos
de no máximo quinze sujeitos. Entretanto, se o teste for administrado em um espaço
físico reduzido ou em quadra esportiva, sugere-se a formação de grupos de 8 a 10
sujeitos.
Imagem 4 – Término do teste
19
5.2 Teste Caminhada/Corrida de Longa Duração
Propósito: Componente motor associado à resistência cardiorrespiratória mediante
caminhada/corrida contínua por longo período de tempo.
Equipamentos: Placas para identificação dos executantes, material para anotação das
voltas, cronômetro e na eventualidade de o teste não ser administrado em pista de
atletismo, cones para orientação e delimitação do percurso.
Espaço físico: Preferencialmente pista de atletismo, demarcada a cada 10m em sua
borda interna. Existe a alternativa de administrar o teste em quadra esportiva, sem
nenhum tipo de obstáculo, em que seja possível delinear o percurso em formato
retangular. Contudo, aconselha-se cautela nas comparações ou na utilização de
indicadores referenciais idealizados com base em resultados em pista de atletismo,
considerando que, em razão das diferenças na delimitação do percurso de uma e de
outra opção, os executantes podem apresentar diferentes resultados.
Procedimentos: Este teste permite a realização com vários executantes
simultaneamente. E, para facilitar o registro dos dados, cada executante poderá receber
uma placa de identificação a ser fixada de forma visível em sua vestimenta.
Os executantes devem estar enfileirados próximos à linha de partida, e ao sinal sonoro
do avaliador, devem iniciar a corrida (Imagem 5).
São necessários dois avaliadores (Imagem 6). Um deles deve se localizar no ponto de
partida, para registrar o número de voltas dos executantes, e o outro avaliador deve ficar
à metade da volta do percurso, com a função de anunciar aos executantes o tempo que
resta para o término do teste e de orientar sobre o ritmo de realização da
Imagem 5 – Preparação e início do teste
20
caminhada/corrida.
É permitido caminhar durante o teste, entretanto os avaliadores deverão informar aos
executantes que evitem esse recurso e procurem imprimir ritmo constante e compatível
com suas condições (Imagem 7). O teste consiste em percorrer a maior distância possível
no espaço de tempo de 9min ou 12min, de acordo com o protocolo escolhido.
Durante a realização deste teste, aconselha-se aos avaliadores a utilização de palavras
de motivação com a intenção de encorajar os executantes a apresentarem o melhor
rendimento possível.
É permitida uma única tentativa aos executantes.
Imagem 6 – Os avaliadores
Imagem 7 – Situações de teste
21
Ao findar o tempo preconizado, o avaliador emite um sinal sonoro, ao qual, os
executantes devem frear a corrida e iniciar uma caminhada perpendicularmente à borda
da pista, evitando assim a fadiga e a possibilidade de perder a medida do local onde
estavam no momento do término do teste (Imagem 8).
O avaliador anota o número de voltas completas e a distância percorrida na última volta
por cada executante.
Escore: A distância total percorrida por cada executante.
Considerando que uma volta completa na pista são 400m, portanto multiplica-se o
número de voltas por 400 e soma-se a distância percorrida na última volta.
Caso o teste seja aplicado em espaço reduzido, necessita-se saber a distância de cada
volta completa para então ser possível o cálculo da distância total percorrida.
Precauções: A fim de possibilitar situação ideal de motivação entre os executantes e,
por outro lado, evitar congestionamento no percurso, aconselha-se a formação de grupos
de no máximo quinze sujeitos. Entretanto, se o teste for administrado em um espaço
físico reduzido, sugere-se a formação de grupos de 8 a 10 sujeitos.
Imagem 8 – Término do teste
22
5.3 Teste Caminhada/Corrida de “Vai-e-Vem”
Propósito: Componente motor associado à resistência cardiorrespiratória em
caminhada/corrida com mudanças de direção em ritmo progressivamente mais elevado.
Equipamentos: Placas para identificação dos executantes, material para anotação das
voltas, cones, aparelho de som, áudio específico do teste para estabelecimento da
cadência de corrida. O áudio emite um sinal sonoro progressivamente mais rápido a cada
minuto, iniciando a um intervalo de 9s e encerrando a um intervalo de 3,892s (Tabela1).
Espaço físico: Área plana sem nenhum tipo de obstáculo com 24 metros de comprimento
e piso não-derrapante. A área do teste deverá ser demarcada com duas linhas paralelas
no solo, distantes 20m uma da outra, com comprimento de 1,5m, delimitando-se com
cones os espaços por onde cada executante poderá correr.
Procedimentos: Este teste permite a realização com vários executantes
simultaneamente. E para facilitar o registro dos dados, cada executante poderá receber
uma placa de identificação a ser fixada de forma visível em sua vestimenta.
Os executantes devem se posicionar próximos à linha de partida, entre os cones que
delimitam sua área, e a partir da emissão do primeiro sinal sonoro devem iniciar a corrida
(Imagem 9).
Imagem 9 – Preparação para o teste
23
O teste consiste em se deslocar de uma linha a outra, invertendo o sentido do percurso
e retornando à linha oposta, no ritmo estabelecido pelos sinais sonoros (Imagem 10).
O executante deverá ajustar seu ritmo de deslocamento de maneira a estar com um dos
pés sobre a linha no momento em que soar cada sinal. Na eventualidade de o executante
atingir a linha antes do sinal sonoro, deverá aguardar pelo sinal para então retornar em
sentido contrário.
No início do teste, o executante deverá se deslocar caminhando ou correndo a uma
velocidade aproximada de 8km/h. Depois, a cada minuto, há um aumento progressivo de
aproximadamente 0,5km/h. Até alcançar o estágio final com velocidade próxima de
18,5km/h. A proposta do teste é levar o executante a acompanhar o ritmo imposto pelo
maior tempo possível (Imagem 11).
Imagem 10 – Deslocamento no teste
24
Durante a realização do teste, aconselha-se ao avaliador a utilização de palavras de
motivação com a intenção de encorajar os executantes a apresentarem o melhor
rendimento possível.
Caso o executante se atrase por mais de 2 metros da linha no momento do sinal sonoro,
é assinalado um advertência a ele (Imagem 12).
Imagem 11 – Deslocamento acompanhando o ritmo de execução
Imagem 12 – Advertência ao executante
25
O teste é encerrado quando o executante interromper voluntariamente seu deslocamento
por exaustão, ou atrasar-se por mais de 2 metros pela segunda vez, não
necessariamente de forma consecutiva (Imagem 13).
É permitida uma única tentativa aos executantes.
Escore: Dependendo dos referenciais normativos a serem empregados na análise, os
resultados do teste podem ser registrados de duas formas: com o número de estágios
completados ou com a distância percorrida do último percurso completo até a sua
interrupção.
Considerando-se que cada percurso possui 20m, portanto multiplica-se o número de
voltas por 20 para se determinar a distância percorrida.
Precauções: A fim de possibilitar situação ideal de motivação entre os executantes e,
por outro lado, evitar congestionamento no espaço físico delimitado, aconselha-se a
formação de grupos de no máximo quinze sujeitos.
Na primeira vez que o executante não conseguir atingir a linha simultaneamente ao sinal
sonoro, deve-se procurar incentivá-lo a tentar recuperar o ritmo de deslocamento imposto
pelo protocolo do teste.
Imagem 13 – Término do teste
26
Os executantes deverão ser previamente alertados sobre a necessidade de aumento da
velocidade de deslocamento e também para que não iniciem os estágios iniciais
demasiadamente rápido.
Antes de iniciar o teste, os executantes deverão ouvir por alguns minutos o áudio do
teste, para que possam identificar exatamente o que deverá ser realizado, havendo ainda
a necessidade de realizar alguns deslocamentos como forma de familiarização.
Ao se encerrar o teste e com o objetivo de auxiliar na recuperação dos executantes, estes
devem continuar a caminhar fora da área de teste por mais algum tempo.
Estágios Velocidade (km/hora)
Tempo entre os sinais (segundos)
Quantidade de idas/voltas
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
8,0 8,5 9,0 9,5
10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0 13,5 14,0 14,5 15,0 15,5 16,0 16,5 17,0 17,5 18,0 18,5
9,000 8,470 8,000 7,579 7,200 6,858 6,545 6,261 6,000 5,760 5,538 5,333 5,143 4,966 4,800 4,645 4,500 4,364 4,235 4,114 4,000 3,892
7 7 8 8 8 9 9 10 10 10 11 11 12 12 13 13 13 14 14 15 15 15
Tabela 1 – Especificações da cadência do Teste Caminhada/Corrida de “Vai-e-Vem”.
27
5.4 Teste Abdominal
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos da região
abdominal em movimentos de flexão e de extensão do quadril.
Equipamentos: Cronômetro e colchonete.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar em decúbito dorsal sobre colchão sem provocar ondulações.
Procedimentos: Em decúbito dorsal, o executante deverá flexionar os joelhos mantendo
a planta dos pés em contato com o solo, a uma distância de 30 a 45cm entre os
calcanhares e a região glútea, com afastamento dos pés em distância idêntica à largura
dos quadris. Os braços cruzados sobre a face anterior do tórax com a palma das mãos
na altura dos ombros opostos e com o terceiro dedo em direção ao acrômio.
O avaliador deverá fixar os pés do executante, a fim de mantê-los em contato permanente
com o solo (Imagem 14).
Ao sinal emitido pelo avaliador, o executante deve elevar o tronco até a altura em que
ocorrer o contato da face anterior dos antebraços com as coxas, mantendo o queixo
encostado ao peito à altura do esterno (Imagem 15), e retornando logo em seguida à
Imagem 14 – Preparação do teste
28
posição inicial com o contato de pelo menos a metade anterior das escápulas no solo
(Imagem 16).
Esses movimentos deverão ser repetidos ao longo de um minuto, e poderá haver algum
descanso entre uma e outra repetição. Contudo, a finalidade do teste é procurar realizar
o maior número de execuções possível no tempo estipulado.
Imagem 15 – Execução do movimento
Imagem 16 – Execução do teste
29
É oferecida uma única tentativa de realização do teste, entretanto este só deverá ser
administrado quando o executante demonstrar total compreensão de sua execução.
Escore: O resultado do teste se refere ao número de repetições completas executadas
corretamente, no período de um minuto. Entende-se por repetição completa o executante
partir da posição inicial, elevar o tronco até que venha a ocorrer contato entre o antebraço
e a coxa, e voltar à posição inicial.
Precauções: As posições assumidas pelo executante deverão ser observadas
constantemente pelo avaliador antes de seu início e durante toda a execução do teste.
Não deverá ser considerado o movimento em que o executante afastar lateralmente os
joelhos, não tocar os antebraços nas coxas, ou ainda não tocar a metade inferior das
escápulas no solo. Nestes casos, o movimento não deverá ser considerado no resultado
final.
Qualquer repetição executada de maneira incorreta não deverá ser considerada no
resultado final.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares envolvidos à
tarefa motora a ser realizada, com a preocupação de que a aprendizagem do teste não
venha a interferir em seus resultados, em razão do desgaste muscular que
eventualmente possa ocorrer.
30
5.5 Teste Abdominal “Modificado”
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos da região
abdominal com movimento de elevação do tronco quando posicionado em decúbito
dorsal.
Equipamentos: Colchonete, escala de medida, aparelho de som e áudio específico do
teste para estabelecimento da cadência de execução dos movimentos. A escala de
medida deve ter dimensões de 75x7,6cm para os executantes de até 9 anos e de
75x11,4cm para os executantes de 10 a 17 anos de idade. O áudio do teste é
determinado por sinais sonoros emitidos a uma cadência de 20 repetições por minuto,
equivalente a 1 repetição a cada 3s.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar em decúbito dorsal sobre colchão sem provocar ondulações.
Procedimentos: Em decúbito dorsal, o executante deverá manter as pernas ligeiramente
afastadas e flexionar os joelhos aproximadamente 140º, a planta de ambos os pés em
contato com o solo, os braços estendidos e posicionados paralelamente ao tronco, a
palma das mãos voltadas e apoiadas sobre o colchonete com os dedos estendidos e a
região posterior da cabeça apoiada sobre as mãos de um dos avaliadores. A escala de
medida deverá ser fixada sobre o colchonete, por debaixo e paralelamente ao quadril do
executante, de forma que apenas a ponta dos dedos médios toque a borda mais próxima
da escala de medida. O segundo avaliador deverá se posicionar em pé e por acima do
executante, de forma a fixar a escala de medida com os pés para que não se mova ao
longo do teste (Imagem 17).
31
Durante a realização do teste, o executante deve manter os calcanhares em contato com
o solo, elevando o tronco, fazendo deslizar ambas as mãos pela escala de medida até
que a ponta dos dedos médios alcance sua extremidade mais distante (Imagem 18).
Imagem 17 – Preparação para o teste
Imagem 18 – Execução do movimento
32
Retornando à posição inicial e apoiando a cabeça nas mãos do avaliador (Imagem 19).
O movimento deverá ser realizado em velocidade controlada, de forma a acompanhar o
ritmo de execução pré-estabelecido para o teste. Devendo ser repetido o maior número
de vezes possível, sem limite de tempo, até o máximo de 75 repetições.
É oferecida uma única tentativa de realização do teste, entretanto este só deverá ser
administrado quando o executante demonstrar total compreensão de sua execução.
Escore: O resultado do teste se refere ao número de repetições completas executadas
corretamente, realizado de acordo com a cadência pré-estabelecida, sem limite de
tempo, até um número máximo de 75 repetições.
Entende-se por repetição completa o executante partir da posição inicial, tocar com a
ponta dos dedos médios na borda mais distante da escala de medida e retornar à posição
inicial.
Precauções: As posições assumidas pelo executante deverão ser observadas
constantemente pelos avaliadores antes de seu início e durante toda a execução do teste.
Não deverá ser considerado o movimento em que o executante tirar os pés do contato
com o solo, afastar lateralmente os joelhos, a ponta dos dedos médios não alcançar a
Imagem 19 – Execução do teste
33
extremidade mais distante da escala de medida, ou no retorno à posição inicial, a ponta
dos dedos médios não chegar à extremidade mais próxima da escala de medida, ou ainda
não apoiar a cabeça nas mãos do avaliador. Nestes casos, o movimento não deverá ser
considerado no resultado final.
Após o executante realizar dois movimentos incorretos o teste deverá ser interrompido.
De forma opcional, em substituição ao áudio do teste, o ritmo para execução das
repetições poderá ser estabelecido por um sinal sonoro emitido pelo avaliador ou por
qualquer outro recurso eletrônico, tais como o metrônomo.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares envolvidos à
tarefa motora a ser realizada, com a preocupação de que a aprendizagem do teste não
venha a interferir em seus resultados, em razão do desgaste muscular que
eventualmente possa ocorrer.
34
5.6 Teste Puxada em Suspensão na Barra
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros
superiores e da cintura escapular.
Equipamentos: Barra circular com aproximadamente 3cm de diâmetro, fixada
horizontalmente ao solo e à altura que permita ao executante se posicionar em
suspensão com extensão dos braços e pernas, sem contato dos pés com o solo.
Espaço físico: Área plana que possua ou permita a instalação de uma barra-fixa.
Procedimentos: Em suspensão vertical, com os braços e as pernas em extensão total
sem que haja contato dos pés como solo, com as mãos em empunhadura dorsal
correspondente à largura dos ombros (Imagem 20).
O executante deve tentar elevar seu corpo, em posição ereta, com flexão dos cotovelos,
até a altura em que seu queixo ultrapasse o nível da barra, e então retorne à posição
inicial. Neste momento, o avaliador deve apoiar seu braço à altura das pernas do
executante, evitando que ocorram movimentos de balanceio ou flexão das pernas
(Imagem 21).
Imagem 20 – Preparação para o teste
35
Os movimentos devem ser contínuos, e não é permitido repouso entre uma repetição e
outra (Imagem 22). O movimento deverá ser repetido até que o executante desista do
teste, sem limite de tempo.
Imagem 21 – Execução do movimento
Imagem 22 – Execução do teste
36
É oferecida uma única tentativa de realização do teste, entretanto este só deverá ser
administrado quando o executante demonstrar total compreensão de sua execução.
Escore: O resultado do teste se refere ao número de repetições completas executadas
corretamente.
Precauções: As posições assumidas pelo executante deverão ser observadas
constantemente pelo avaliador antes de seu início e durante toda a execução do teste.
Não deverá ser considerado o movimento em que o executante flexionar os joelhos, ou
o queixo não ultrapassar o nível da barra, ou ainda não ocorrer a extensão total dos
cotovelos. Nestes casos, o movimento não deverá ser considerado no resultado final.
Durante a execução do teste, aconselha-se ao avaliador utilizar palavras de incentivo
com o propósito de encorajar o executante a apresentar o melhor resultado possível.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares envolvidos à
tarefa motora a ser realizada, com a preocupação de que a aprendizagem do teste não
venha a interferir em seus resultados, em razão do desgaste muscular que
eventualmente possa ocorrer.
37
5.7 Teste Suspensão na Barra
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros
superiores e cintura escapular.
Equipamentos: Cronômetro e barra circular com aproximadamente 3cm de diâmetro,
fixada horizontalmente ao solo e à altura que permita ao executante se posicionar em
suspensão.
Espaço físico: Área plana que possua ou permita a instalação de uma barra-fixa.
Procedimentos: O executante deverá se posicionar em pé embaixo da barra, com os
braços estendidos acima, à largura dos ombros e com as palmas das mãos voltadas à
frente. O avaliador posicionado atrás do executante, apoiando seus quadris, deverá
auxiliá-lo a elevar-se até a altura em que seu queixo ultrapasse o nível da barra (Imagem
23).
A marcação do tempo se inicia tão logo o executante assuma posição segura de
suspensão na barra e o avaliador deixe de apoiar seus quadris.
Em empunhadura dorsal, o executante deve se manter suspenso o maior tempo possível,
com o queixo acima do nível da barra, os cotovelos flexionados próximo ao tronco e os
ombros junto à barra. O avaliador poderá apoiar seu braço à altura das pernas do
executante, procurando oferecer-lhe estabilidade e evitando que ocorram movimentos de
balanceio durante o período de suspensão (Imagem 24).
Imagem 23 – Preparação para o teste
38
A marcação do tempo deve terminar quando o executante deixar o queixo descer abaixo
do nível da barra (Imagem 25).
É oferecida uma única tentativa de realização do teste, entretanto este só deverá ser
administrado quando o executante demonstrar total compreensão de sua execução.
Imagem 24 – Execução do teste
Imagem 25 – Término do teste
39
Escore: O tempo, com definição em centésimo de segundo, em que o executante
conseguir se manter em posição de suspensão com o queixo acima do nível da barra.
Precauções: O executante deverá ser orientado a não apoiar o queixo na barra, a não
realizar movimento de extensão da coluna cervical e a não flexionar os joelhos.
Durante a execução do teste, aconselha-se aos avaliadores não informar os tempos
parciais. Devem, porém, utilizar palavras de incentivo com o propósito de encorajar o
executante a apresentar o melhor resultado possível.
40
5.8 Teste Puxada em Suspensão na Barra “Modificado”
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros
superiores e cintura escapular com movimento de elevação do corpo em suspensão por
intermédio da flexão dos cotovelos.
Equipamentos: Fita elástica, barra circular de 3cm de diâmetro e armação de madeira
especialmente construída para fixação da barra. A base da armação deve ter dimensões
de 120x50cm, laterais de 12x8x140cm, com orifícios de 5cm de diâmetro, distantes 5cm,
a parte superior com 12x1,5x120cm.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que a armação de madeira possa
ser posicionada no solo e não venha a se movimentar quando da execução do teste.
Procedimentos: Estando o executante em decúbito dorsal em com os braços estendidos
acima, a barra deverá ser encaixada nos orifícios laterais da armação aproximadamente
três centímetros acima da ponta dos dedos do executante. Uma fita de demarcação
deverá ser colocada dois espaços abaixo da barra (Imagem 26).
Inicialmente o executante se coloca pendurado sob a barra, em empunhadura dorsal
equivalente à largura dos ombros, com cotovelos em extensão, o corpo ereto e apenas
os calcanhares em contato com o solo (Imagem 27).
Imagem 26 – Preparação para o teste
41
O executante eleva seu corpo até que a região da garganta toque a fita de demarcação
e então retorne à posição inicial (Imagem 28).
Os movimentos devem ser contínuos, e não é permitido repouso entre uma repetição e
outra. O movimento deverá ser repetido até que o executante desista do teste, sem limite
Imagem 27 – Posição inicial do teste
Imagem 28 – Execução do movimento
42
de tempo. É oferecida uma única tentativa de realização do teste, entretanto este só
deverá ser administrado quando o executante demonstrar total compreensão de sua
execução.
Escore: O resultado do teste se refere ao número de repetições completas executadas
corretamente.
Precauções: As posições assumidas pelo executante deverão ser observadas
constantemente pelo avaliador antes de seu início e durante toda a execução do teste.
Não deverá ser considerado o movimento em que o executante não tocar a fita de
demarcação, não ocorrer extensão total dos cotovelos, qualquer parte do corpo tocar o
solo, exceto os calcanhares. Nestes casos, o movimento não deverá ser considerado no
resultado final.
Durante a execução do teste, aconselha-se ao avaliador utilizar palavras de incentivo
com o propósito de encorajar o executante a apresentar o melhor resultado possível.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares envolvidos à
tarefa motora a ser realizada, com a preocupação de que a aprendizagem do teste não
venha a interferir em seus resultados, em razão do desgaste muscular que
eventualmente possa ocorrer.
43
5.9 Teste Flexão/Extensão dos Braços sobre o Solo
Propósito: Componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros
superiores e da cintura escapular com movimento de flexão e extensão dos cotovelos
com o corpo posicionado em quatro apoios sobre o solo.
Equipamentos: Aparelho de som e áudio específico do teste para estabelecimento da
cadência de execução dos movimentos. O áudio é determinado por sinais sonoros
emitidos a uma cadência de 20 repetições por minuto, equivalente a uma repetição a
cada 3s.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar em quatro apoios sobre o solo.
Procedimentos: Em decúbito ventral, o executante deve se posicionar em quatro apoios,
com os membros superiores estendidos e perpendiculares ao solo, as mãos na linha dos
ombros com os dedos estendidos e direcionados à frente, os membros inferiores
estendidos na mesma linha do tronco e ligeiramente afastados, a ponta dos pés em
contato como o solo e a cabeça acompanhando a linha do tronco (Imagem 29).
Imagem 29 – Posição inicial do teste
44
Durante a realização do teste, o executante deve flexionar os membros superiores até
que os cotovelos formem um ângulo de noventa graus e os braços fiquem posicionados
paralelamente ao solo, alinhados com a cabeça, o tronco e os membros inferiores
(Imagem 30). Retornado à posição inicial através da extensão dos cotovelos (Imagem
31).
Imagem 30 – Execução do movimento
Imagem 31 – Execução do teste
45
O movimento deverá ser realizado em velocidade controlada, de forma a acompanhar o
ritmo de execução pré-estabelecido para o teste. Devendo ser repetido o maior número
de vezes possível, sem limite de tempo.
O teste deve ser dado por concluído quando o executante for incapaz de manter o ritmo
de execução dos movimentos, ou necessitar interromper a sequencia para recuperação
do desgaste muscular, ou ainda executar os movimentos de maneira sistematicamente
incorreta apesar de corrigido.
Escore: O resultado do teste se refere ao número de repetições completas executadas
corretamente, realizado de acordo com a cadência pré-estabelecida, sem limite de
tempo. Entende-se por repetição completa o executante partir da posição inicial, flexionar
os cotovelos a noventa graus e retornar à posição inicial.
Precauções: As posições assumidas pelo executante deverão ser observadas
constantemente pelos avaliadores antes de seu início e durante toda a execução do teste.
Não deverá ser considerado o movimento em que o executante tente de alguma forma
minimizar a sobrecarga dos membros superiores, ou venha a tocar o solo com qualquer
outra parte do corpo. Nestes casos, o movimento não deverá ser considerado no
resultado final.
De forma opcional, em substituição ao áudio do teste, o ritmo para execução das
repetições poderá ser estabelecido por um sinal sonoro emitido pelo avaliador ou por
qualquer outro recurso eletrônico, tais como o metrônomo.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares envolvidos à
tarefa motora a ser realizada, com a preocupação de que a aprendizagem do teste não
venha a interferir em seus resultados, em razão do desgaste muscular que
eventualmente possa ocorrer.
46
5.10 Teste “Sentar-e-Alcançar”
Propósito: Componente motor associado à flexibilidade com flexão à frente dos quadris
com ambas as pernas estendidas.
Equipamentos: Colchonete e caixa de madeira especialmente construída para esta
finalidade. A caixa de madeira deve ter dimensões de 30x30cm, a parte superior plana
com 56cm de comprimento, sobre a qual se fixa a escala de medida com amplitude de
até 50cm, de tal forma que o valor 23 coincida com alinha onde o executante deverá
acomodar os pés.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar sentado e que não venha a induzir movimentos na caixa.
Procedimentos: Descalço, o executante deve se sentar de frente para o aparelho, com
as pernas embaixo da caixa, os joelhos estendidos e a planta dos pés em contato com a
caixa (Imagem 32). O avaliador deverá apoiar os joelhos do executante para assegurar
que estes permaneçam estendidos durante o movimento de extensibilidade.
O executante deve estender os braços sobre a superfície da caixa, as mãos posicionadas
uma sobre a outra, coincidindo a ponta dos dedos médios. Com a palma das mãos
Imagem 32 – Preparação para o teste
47
voltada para baixo e em contato com a caixa, estende-se à frente ao longo da escala de
medida, procurando alcançar a maior distância possível em movimento lento e sem
solavancos (Imagem 33).
São oferecidas 3 tentativas ao executante e, em cada oportunidade, a distância
alcançada deverá ser mantida por aproximadamente 2s ou até que o avaliador faça a
leitura do resultado (Imagem 34).
Imagem 33 – Execução do movimento
Imagem 34 – Leitura do resultado
48
Escore: A distância alcançada a cada meio centímetro, registrada na escala de medida,
determinada pela ponta dos dedos médios coincidente de ambas as mãos.
Caso o executante ultrapasse a linha dos pés deverá obter valores acima de 23cm e, por
outro lado, caso não seja possível, são atribuídos valores inferiores a 23cm.
Para efeito de resultado final do teste, computa-se a maior distância alcançada na série
de três movimentos.
Precauções: Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante flexione os
joelhos durante o movimento de extensibilidade ou, se as mãos não estiverem uma sobre
outra e com as pontas dos dedos médios coincidindo, ou ainda se o executante realizar
movimentos balísticos. Nestes casos, o teste deverá ser administrado novamente.
Os quadris devem estar posicionados paralelamente à caixa, e não é permitido que o
executante desloque os quadris quando do movimento de flexão à frente.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares e as
articulações envolvidas à tarefa motora a ser realizada, sobretudo se os aspectos
climáticos não favorecerem a solicitação da capacidade motora “flexibilidade”.
Considerando que, dependendo das medidas da estatura e das proporções entre os
membros inferiores e o tronco do executante, as dimensões da caixa podem apresentar
alguma influência em seus resultados, aconselha-se que as dimensões do aparelho
sejam rigorosamente obedecidas a fim de minimizar eventuais interferências externas na
administração do teste.
49
5.11 Teste “Sentar-e-Alcançar “Alternado”
Propósito: Componente motor associado à flexibilidade com flexão à frente dos quadris
com uma das pernas flexionada.
Equipamentos: Colchonete e caixa de madeira especialmente construída para esta
finalidade. A caixa de madeira deve ter dimensões de 30x30cm, a parte superior plana
com 56cm de comprimento, sobre a qual se fixa a escala de medida com amplitude de
até 50cm, de tal forma que o valor 23 coincida com alinha onde o executante deverá
acomodar os pés.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar sentado e que não venha a induzir movimentos na caixa.
Procedimentos: Descalço, o executante deve se sentar de frente para o aparelho, com
uma das pernas embaixo da caixa, o joelho estendido e a planta do pé em contato com
a caixa. A outra perna com o joelho flexionado, a planta do pé em contato com o solo e
posicionada lateralmente ao joelho da perna estendida. O avaliador deverá apoiar o
joelho da perna estendida do executante a fim de assegurar que este permaneça
devidamente estendido durante o movimento de extensibilidade (Imagem 35).
Imagem 35 – Preparação para o teste
50
O executante deve estender os braços sobre a superfície da caixa, as mãos posicionadas
uma sobre a outra coincidindo a ponta dos dedos médios. Com a palma das mãos voltada
para baixo e em contato com a caixa, estende-se à frente ao longo da escala de medida
procurando alcançar a maior distância possível em movimento lento e sem solavancos.
Deve-se permitir que o joelho flexionado possa se deslocar lateralmente de modo a
facilitar a flexão do tronco à frente (Imagem 36).
São oferecidas 3 tentativas ao executante e, em cada oportunidade, a distância
alcançada deverá ser mantida por aproximadamente 2s ou até que o avaliador faça a
leitura do resultado. Após a realização da série de três tentativas, o executante deve
inverter a posição das pernas para se aplicar a segunda série do teste (Imagem 37).
Imagem 36 – Execução do movimento com a perna direita e leitura do resultado
51
Novamente, são oferecidas três tentativas ao executante.
Escore: A distância alcançada a cada meio centímetro, registrada na escala de medida,
determinada pela ponta dos dedos médios coincidente de ambas as mãos. Caso o
executante ultrapasse a linha dos pés deverá obter valores acima de 23cm e, por outro
lado, caso não seja possível, são atribuídos valores inferiores a 23cm.
Para efeito de resultado final do teste, computa-se a maior distância alcançada nas duas
séries de três movimentos.
Precauções: Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante flexionar o
joelho da perna estendida durante o movimento de extensibilidade, ou se as mãos não
estiverem uma sobre outra com as pontas dos dedos médios coincidindo, ou ainda se o
executante realizar movimentos balísticos. Nestes casos o teste deverá ser administrado
novamente.
Os quadris devem estar posicionados paralelamente à caixa, e não é permitido que o
executante desloque os quadris quando do movimento de flexão à frente.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares e as
Imagem 37 – Execução do movimento com a perna esquerda e leitura do resultado
52
articulações envolvidas à tarefa motora a ser realizada, sobretudo se os aspectos
climáticos não favorecerem a solicitação da capacidade motora “flexibilidade”.
Considerando que, dependendo das medidas da estatura e das proporções entre os
membros inferiores e o tronco do executante, as dimensões da caixa podem apresentar
alguma influência em seus resultados, aconselha-se que as dimensões do aparelho
sejam rigorosamente obedecidas a fim de minimizar eventuais interferências externas na
administração do teste.
53
5.12 Teste Mobilidade de Ombros
Propósito: Componente motor associado à flexibilidade com movimentos que exigem a
participação das estruturas articulares dos ombros e dos cotovelos.
Equipamentos: A administração do teste dispensa o envolvimento de qualquer tipo de
equipamento.
Espaço físico: Área que permita ao executante posicionar-se em pé.
Procedimentos: Em pé, o executante deve manter as pernas afastadas lateralmente na
linha dos ombros, com os braços ao longo do corpo (Imagem 38).
Flexionar o braço direito por cima do ombro, colocando a palma da mão em contato com
as costas, próximo ao ponto médio entre ambas as escápulas. A mão esquerda deverá
ser colocada por trás das costas com o dorso em contato próximo à coluna lombar.
Aproximar ambas as mãos, com a finalidade de realizar o toque entre a ponta dos dedos
médios (Imagem 39).
Imagem 38 – Preparação para o teste
54
Depois, retornar à posição inicial, inverter a posição dos braços realizar novamente o
mesmo movimento (Imagem 40).
São oferecidas no máximo três tentativas, realizadas consecutivamente, para cada um
dos lados.
Imagem 39 – Execução do movimento com o braço direito
Imagem 40 – Execução do movimento com o braço esquerdo
55
Para consignar o contato entre as pontas dos dedos médios, esta posição deverá ser
mantida por aproximadamente dois segundos.
Caso o contato entre as pontas dos dedos médios, em cada um dos lados, venha a
ocorrer antes da terceira tentativa, dispensam-se as tentativas restantes para aquele
lado.
Escore: O resultado final do teste é computado com os sinais “positivo” ou “negativo”,
respectivamente para o caso do executante conseguir ou não tocar as pontas dos dedos
médios. Sendo registrado para braço direito e esquerdo por cima do ombro.
Precauções: Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante movimentar
qualquer outra parte do corpo que não sejam os membros superiores, ou ainda, que
sejam realizados movimentos balísticos. Nestes casos, o teste deverá ser administrado
novamente.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios com o objetivo de melhor adaptar os grupos musculares e as
articulações envolvidas à tarefa motora a ser realizada, sobretudo se os aspectos
climáticos não favorecerem a solicitação da capacidade motora “flexibilidade”.
56
5.13 Teste Elevação do Tronco
Propósito: Componente motor associado à flexibilidade com movimento de elevação do
tronco quando posicionado em decúbito ventral.
Equipamentos: Colchonete e escala de medida. A escala de medida deve ter
aproximadamente 70cm de comprimento com um cursor acoplado para facilitar a leitura
do resultado.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que o executante possa se
posicionar em decúbito ventral sobre o colchão sem provocar ondulações.
Procedimentos: Em decúbito ventral sobre o colchonete, o executante deve manter os
membros inferiores estendidos, os pés em extensão e em contato com o solo, as mãos
debaixo das coxas e em contato com o solo. O queixo em contato com o colchão, de
forma a poder fixar o olhar em um ponto fixo na escala de medida que se encontra à sua
frente. O avaliador deverá posicionar a escala de medida sobre o colchonete, a uma
distância de 25cm do queixo do executante (Imagem 41).
O executante deverá elevar a cabeça e o tronco de maneira lenta e controlada,
procurando alcançar a elevação máxima. Neste momento, o executante não deverá
Imagem 41 – Preparação para o teste
57
deixar de dirigir seu olhar para a escala de medida e manter a cabeça orientada
paralelamente ao solo (Imagem 42).
A posição elevada deverá ser mantida por tempo suficiente para que o avaliador possa
registrar, com auxílio do cursor, a distância compreendida entre a região inferior do queixo
e o colchonete (Imagem 43).
Imagem 43 – Leitura do resultado
Imagem 42 – Execução do movimento
58
Após a leitura do resultado, o executante deverá retornar à posição inicial de maneira
lenta e controlada.
São oferecidas duas tentativas ao executante, com intervalo suficiente para sua total
recuperação.
Escore: A distância alcançada a cada centímetro, registrada por intermédio da escala de
medida fixada à frente da cabeça do executante e determinada pela distância entre o
colchonete e a região inferior do queixo.
Para efeito de resultado final do teste, computa-se a maior distância alcançada na série
de dois movimentos.
Precauções: Durante toda a realização do teste, o executante deverá manter seu olhar
fixo na escala de medida, pois dessa forma manterá sua cabeça em posição neutra.
Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante movimentar qualquer outra
parte do corpo que não seja a cabeça e o tronco, ou ainda, realizar movimentos balísticos.
Nestes casos, o teste deverá ser administrado novamente.
Previamente à realização do teste, sugere-se que o executante realize alguns
movimentos preparatórios a fim de melhor adaptar os grupos musculares e as
articulações envolvidos à tarefa motora a ser realizada, sobretudo se os aspectos
climáticos não favorecerem a solicitação da capacidade motora “flexibilidade”.
59
5.14 Teste Corrida de 50 Metros
Propósito: Componente motor associado à velocidade de deslocamento, com corrida
em única direção por percurso de cinquenta metros, iniciando-se na posição parada.
Equipamentos: Cronômetro e fita adesiva.
Espaço físico: Área plana de 70m de comprimento, sem nenhum tipo de obstáculo e
com piso não-derrapante. Sugere-se a utilização de uma pista de atletismo para a
aplicação do teste. Duas linhas paralelas deverão ser demarcadas distantes 50m.
Procedimentos: O executante deve se posicionar em afastamento ântero-posterior das
pernas, com o pé anterior próximo da linha de partida (Imagem 44).
Ao sinal sonoro emitido pelo avaliador, o executante deve percorrer a distância no menor
tempo possível, passando pela linha de chegada em velocidade máxima, para logo em
seguida iniciar o processo de desaceleração até a parada total (Imagem 45).
Imagem 44 – Preparação para o teste
60
Um segundo avaliador posicionado na linha de chegada é o responsável por acionar e
travar o cronometro quando o executante ultrapassar a linha de chegada (Imagem 46).
É oferecida uma única tentativa ao executante.
Imagem 45 – Início do teste
Imagem 46 – Término do teste
61
Escore: Tempo, com definição em centésimo de segundo, despendido pelo executante
ao percorrer a distância.
Precauções: Nos casos em que o executante diminua a velocidade antes de transpor a
linha de chegada, ou ocorrer qualquer tipo de anormalidade, o teste deverá ser
administrado novamente após 7 minutos para que o executante possa se recuperar
totalmente do esforço realizado na tentativa anulada.
Considerando que se trata de um teste de velocidade máxima, o avaliador deverá se
preocupar em expor claramente ao executante o objetivo do teste, procurando reforçar a
ideia de que os ciclos deverão ser completados no menor tempo possível. Para tanto,
torna-se fundamental que o executante demonstre estado de motivação adequado para
sua realização.
Deve-se evitar todo tipo de aglomeração de outras pessoas próximo ao retângulo que
demarca a área de teste a fim de não prejudicar a concentração do executante na
realização do teste.
62
5.15 Teste Corrida 10 X 5 Metros
Propósito: Componente motor associado à velocidade de deslocamento, mediante
corrida com mudanças de direção por percurso de 50m, iniciando-se na posição parada.
Equipamentos: Cronômetro e cones.
Espaço físico: Área plana de 15m de comprimento, sem nenhum tipo de obstáculo e
com piso não-derrapante. Duas linhas paralelas de 1,25m de comprimento, distantes 5m
deverão ser demarcadas no solo. Sendo os cones colocados nas extremidades para se
formar um retângulo.
Procedimentos: O executante deve se posicionar em afastamento ântero-posterior das
pernas, com o pé anterior próximo da linha de partida/chegada (Imagem 47).
Ao sinal sonoro emitido pelo avaliador, o executante deve correr o mais rápido possível,
transpondo a linha do outro lado e retornando ao ponto de partida, o que completa um
ciclo (Imagem 48).
Imagem 47 – Preparação para o teste
63
O teste consiste em realizar 5 ciclos completos no menor tempo possível. As linhas
deverão ser transpostas com ambos os pés.
O cronômetro deverá ser acionado ao sinal sonoro de partida e travado quando o
executante ultrapassar a linha de chegada completando o quinto ciclo (imagem 49).
Imagem 48 – Execução do teste
Imagem 49 – Término do teste
64
O avaliador deverá anunciar em voz alta cada ciclo completado.
É oferecida uma única tentativa ao executante.
Escore: Tempo, com definição em centésimo de segundo, despendido pelo executante
ao completar os cinco ciclos.
Precauções: Nos casos em que o executante diminua a velocidade antes de transpor a
linha de chegada, escorregue, ou não venha a transpor as linhas demarcatórias com
ambos os pés, o teste deverá ser interrompido imediatamente e readministrado após 2
minutos.
Considerando que se trata de um teste de velocidade máxima, o avaliador deverá se
preocupar em expor claramente ao executante o objetivo do teste, procurando reforçar a
ideia de que os ciclos deverão ser completados no menor tempo possível. Para tanto,
torna-se fundamental que o executante demonstre estado de motivação adequado para
sua realização.
Deve-se evitar todo tipo de aglomeração de outras pessoas próximo ao retângulo que
demarca a área de teste a fim de não prejudicar a concentração do executante na
realização do teste.
65
5.16 Teste Batimento em Placas
Propósito: Componente motor associado à velocidade de membros superiores com
movimentação de vai-e-vem das mãos.
Equipamentos: Cronômetro, mesa adaptada à altura do executante, dois círculos e um
retângulo autocolante. Os círculos devem ter 20cm de diâmetro e o retângulo 10x20cm.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que a mesa não venha a se
movimentar quando da execução do teste.
Procedimentos: Os círculos e o retângulo devem ser fixados sobre a mesa, sendo o
retângulo posicionado entre os círculos, distante quarenta centímetro entre seus pontos
centrais. A altura da mesa deverá ser ajustada a uma linha imaginária logo abaixo da
região pubiana do executante (Imagem 50).
O executante deve se posicionar em pé, de frente para a mesa, com as pernas em
afastamento lateral, com a mão não-dominante espalmada e apoiada sobre o retângulo,
e a mão dominante espalmada e apoiada no círculo do lado oposto (Imagem 51).
Imagem 50 – Preparação para o teste
66
Ao sinal sonoro emitido pelo avaliador, o executante deve mover a mão dominante o mais
rápido possível, batendo sobre o círculo do outro lado, retornando ao círculo de origem,
completando dessa forma um ciclo (Imagem 52).
Imagem 51 – Posição inicial do teste
Imagem 52 – Execução do movimento
67
O teste consiste em realizar 25 ciclos completos, ou 50 batidas, no menor tempo possível.
O cronômetro deverá ser acionado ao sinal sonoro do avaliador e travado assim que o
executante completar os 25 ciclos. O avaliador responsável pela contagem dos ciclos
deverá anunciar em voz alta cada ciclo completado.
São oferecidas duas tentativas ao executante.
Escore: O menor tempo, expresso em centésimo de segundo, despendido pelo
executante ao realizar a tarefa motora nas duas tentativas. Para efeito de resultado final
do teste, o valor do tempo deve ser expresso com os números seguidos, sem a separação
por ponto ou vírgula.
Precauções: A fim de facilitar a administração do teste, recomenda-se dispor de dois
avaliadores: um encarregado por cronometrar e estimular o executante, e outro
responsável pela contagem dos ciclos.
Não deverá ser considerado um ciclo completado, caso o executante não bata em um
dos círculos, devendo ser adicionadas tantas batidas extras quanto necessário a fim de
se completar os 25 ciclos.
Sugere-se que sejam realizados ensaios prévios para a familiarização do executante com
o teste, procurando-se optar entre a sua mão dominante e a não-dominante.
68
5.17 Teste Salto em Distância “Parado”
Propósito: Componente motor associado à potência muscular dos membros inferiores
com movimento de salto em distância à frente sem corrida de aproximação.
Equipamentos: Trena com aproximadamente 4m de comprimento e fita adesiva.
Espaço físico: Área plana com piso antiderrapante que possa oferecer atrito suficiente
para que o executante não deslize ao final do salto e possa desprender-se
adequadamente do solo no momento de partida para o salto.
Procedimentos: Com a trena estendida sobre o solo, delimita-se a linha de partida
perpendicular ao ponto zero, a qual o executante deve posicionar a ponta dos pés,
mantendo-os afastados à largura dos quadris (Imagem 53).
A movimentação dos braços e do tronco é totalmente livre e a critério do executante. Com
impulso simultâneo das pernas, o executante deve saltar à frente, de maneira que a
escala de medida fique posicionada entre os pés, procurando atingir o ponto mais distante
possível, preferencialmente com os pés paralelos (Imagem 54).
Imagem 53 – Posição inicial do teste
69
Permanecendo nesta posição até que o avaliador faça a leitura do resultado (Imagem
55).
São oferecidas três tentativas ao executante.
Imagem 54 – Execução do movimento
Imagem 55 – Leitura do resultado
70
Escore: A distância alcançada a cada meio centímetro, entre a linha de partida e a linha
do calcanhar que tocou solo mais próximo do ponto zero da escala de medida.
Para efeito do resultado final do teste, computa-se a maior distância alcançada na série
de três saltos.
Precauções: Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante tocar com
qualquer parte dos pés além da linha de partida previamente ao início do salto, ou deslizar
os pés ao final do salto, ou ainda se o executante se projetar para trás na busca de melhor
equilíbrio após tocar os pés no solo ao final do salto. Nestes casos, a tentativa deverá ser
administrada novamente.
No entanto, pode-se permitir que o executante, após o final do salto, apoie as mãos no
solo à sua frente com intuito de recuperar o equilíbrio.
Devido ao fato deste teste motor exigir do executante elevado nível de habilidade para
realização dos saltos, sugere-se um ensaio prévio para a obtenção de um melhor
resultado.
Não se aconselha administrar o teste em terreno gramado, e ainda deverá ser observado
que toda a escala de medida esteja fixada sem ondulações.
71
5.18 Teste de Corrida “Ida-e-Volta”
Propósito: Componente motor associado à agilidade com corrida que envolve mudanças
de direção com alterações da altura do centro de gravidade.
Equipamentos: Apito, cronômetro e dois blocos de madeira especialmente construídos
para esta finalidade. Os blocos de madeira devem ter dimensões de 5x5x10cm.
Espaço físico: Área plana de 12m de comprimento, sem nenhum tipo de obstáculo e
com piso não-derrapante. Duas linhas paralelas distantes 9,14m deverão ser
demarcadas no solo. Os blocos de madeira deverão ser colocados a 10cm da linha mais
afastada, distantes 30cm um do outro.
Procedimentos: O executante deve se colocar em afastamento ântero-posterior das
pernas e com o pé anterior o mais próximo da linha de partida.
Ao sinal sonoro emitido pelo avaliador, o executante deve correr o mais rápido possível
em direção à outra linha, apanhar um dos blocos, retornar ao ponto de partida e depositar
o bloco atrás da linha inicial (Imagem 57).
Imagem 56 – Posição inicial do teste
72
Em seguida, sai em busca do segundo bloco, realizando o mesmo procedimento. Ao
apanhar e depositar os blocos, o executante deverá transpor com um dos pés as linhas
que limitam o espaço demarcado. O cronômetro é acionado ao sinal sonoro de partida e
travado quando o executante colocar o segundo bloco no solo atrás da linha de chegada
(Imagem 58).
Imagem 57 – Execução do teste
Imagem 58 – Término do teste
73
São oferecidas duas tentativas ao executante, com intervalo de tempo não inferior a 2
minutos.
Escore: O menor tempo, expresso em centésimo de segundo, despendido pelo
executante ao realizar a tarefa motora nas duas tentativas.
Precauções: Não deverá ser considerada a tentativa em que o executante arremesse o
bloco de madeira, ou ainda um dos pés não ultrapasse a linha demarcatória. Nestes
casos a tentativa deverá ser administrada novamente.
Considerando que se trata de um teste com deslocamento em velocidade máxima, o
avaliador deverá se preocupar em expor claramente ao executante o objetivo do teste,
procurando reforçar a ideia de que a tarefa motora deverá ser realizada no menor tempo
possível. Para tanto, torna-se fundamental que o executante demonstre estado de
motivação adequado para sua realização.
Deve-se evitar todo tipo de aglomeração de pessoas próximo à área demarcada com o
objetivo de não prejudicar a concentração do executante na realização do teste.
74
5.19 Teste Posição Flamingo
Propósito: Componente motor associado ao equilíbrio com manutenção em um único pé
sobre uma trave com dimensões reduzidas.
Equipamentos: Cronômetro e trave de aço ou madeira especialmente construída para
esta finalidade. A trave deve ter dimensões de 50cm de comprimento, 3cm de largura e
4cm de altura, com suportes laterais de 15cm de comprimento.
Espaço físico: Área plana com piso adequado para que a trave possa ser posicionada e
que não venha a se movimentar quando da execução do teste.
Procedimentos: O executante deve se apoiar no antebraço do avaliador para se colocar
sobre um dos pés no eixo longitudinal da trave, o executante flexiona o joelho da perna
livre, mantendo o pé à altura dos glúteos com o auxílio da mão do mesmo lado,
procurando imitar a posição do flamingo (Imagem 59).
O teste se inicia quando o executante se sentir seguro nesta posição e não mais
necessitar do apoio no antebraço do avaliador. Ao abandonar esse apoio, aciona-se o
cronômetro de registro do tempo e o avaliado deve tentar permanecer nesta posição por
um minuto (Imagem 60).
Imagem 59 – Preparação para o teste
75
Entretanto, o cronômetro deverá ser paralisado quando o pé da perna livre do executante
se soltar de sua mão, ou quando qualquer parte de seu corpo entrar em contato com o
solo (Imagem 61). Nestes casos é assinalado uma penalidade ao executante.
Após cada interrupção, o executante deve se colocar na posição inicial, e o cronômetro
Imagem 60 – Execução do teste
Imagem 61 – Verificação de penalidade
76
é acionado novamente. O mesmo procedimento deve ser repetido até se completar o
tempo de um minuto.
É oferecida uma única tentativa de realização do teste.
Escore: Número de penalidades registradas que o executante cometeu ao tentar se
manter em equilíbrio sobre a trave por um minuto.
Na eventualidade do executante cometer 15 penalidades nos primeiros 30 segundos, o
teste deverá ser encerrado, considerando-se que este não apresenta condições para
realização o teste.
Precauções: Sugere-se que sejam realizados ensaios prévios para a familiarização do
executante com o teste, procurando-se experimentar ora com uma, ora com outra perna.
Aquela em que o executante sentir mais segurança, deverá ser adotada como apoio.
77
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS
6.1 Análise de Resultados em Padrões Referenciados por Norma
Resultados de testes motores aplicados com finalidade de desenvolver inferências
sobre o desempenho motor de jovens têm sido tradicionalmente analisados e
interpretados pela confrontação com dados normativos, envolvendo referenciais
idealizados com base em distribuição de percentis. Parece evidente que avaliações com
essas características tornam-se extremamente úteis quando a intenção é desenvolver
análises intra e interavaliados, o que permite a visualização precisa da magnitude de
eventuais diferenças que possam ocorrer [4].
Abordagens desse tipo acarretam inferências sobre localização dos resultados
alcançados nos testes motores diante de pontos específicos da distribuição de percentis
estabelecida com base em amostras representativas de grupos populacionais. Contudo,
em razão da significativa participação de aspectos relacionados à interação entre fatores
culturais, habilidade motora e hábitos de prática da atividade física nos resultados dos
testes motores, indubitavelmente a transferência de referências normativas de uma
realidade para outra se torna bastante temerosa [7].
Nesses casos, a situação indicada é dispor de referenciais estabelecidos com
base em levantamentos que procuram atender características específicas de cada grupo
populacional para que, fundamentalmente, os avaliados, ao terem seus resultados
confrontados com algum referencial, venham a apresentar características similares às da
amostra sobre a qual os referenciais normativos foram idealizados. Em vista disso,
diferentes opções relativas à proposição de referenciais normativos estão disponíveis na
literatura [1, 3, 6]. São apresentados referenciais baseados em estudos na população
brasileira (Tabela 2, 3).
78
Tabela 2 – Dados normativos do sexo feminino com base na população brasileira
79
Tabela 3 – Dados normativos do sexo masculino com base na população brasileira
80
Para estabelecer aproximações entre os resultados obtidos quando da
administração de testes motores e os pontos específicos na distribuição de percentis, o
primeiro passo é definir o grupo etário a que pertence o jovem (Tabela 4). Para tanto,
baseando-se na data de aplicação dos testes motores e na data de nascimento do jovem,
determina-se a idade cronológica na forma de anos e meses. Depois, para identificar o
grupo etário do jovem, a fração de meses da idade cronológica inferior é considerada em
6 meses, e para a fração da idade cronológica superior em 5 meses, centralizando-se a
idade cronológica intermediária em anos completos. Por exemplo: o grupo etário de 7
anos é formado tomando-se esta idade cronológica como porção intermediária e
agrupando-se as informações de 6 anos e 6 meses até os 7 anos e 5 meses de idade.
No caso do grupo etário de 8 anos, reúnem-se informações entre 7 anos e 6 meses e 8
anos e 5 meses, e assim sucessivamente.
Na sequência, identificam-se, na distribuição de percentis considerada como
referência, os pontos equivalentes aos valores imediatamente acima e abaixo do
resultado observado. Depois, mediante procedimento de interpolação, estabelece-se a
posição ocupada pelo resultado observado na distribuição de percentis equivalente ao
Tabela 4 – Grupo Etário
81
sexo e ao grupo etário do jovem.
Para exemplificar a sequência dos procedimentos a serem empregados na análise
do desempenho motor, supõe-se, hipoteticamente, uma moça com as características
(Tabela 5):
Para identificar o grupo etário a que pertence esta jovem, considerando que os
testes motores foram aplicados em 11 de abril de 2015 e sua data de nascimento é 27
de agosto de 2001, no momento de aplicação dos testes motores a jovem tem idade
equivalente a 13 anos e 7 meses. Portanto, neste caso, para efeito de localização de
seus resultados na tabela de distribuição de percentis, assume-se que a jovem em
questão pertence ao grupo etário de 14 anos.
Para identificar a posição percentilar ocupada por cada um dos resultados dos
testes motores, inicialmente localiza-se os pontos dos percentis imediatamente acima e
abaixo do resultado observado no teste motor que está sendo analisado. Para o caso
específico do teste de “sentar-e-alcançar”, considerando que o resultado apresentado
pela jovem foi de 33 centímetros, localizado acima do valor da tabela equivalente ao
percentil 50, e abaixo do valor equivalente ao percentil 75.
Depois, calcula-se a amplitude entre os valores da tabela equivalentes aos
Tabela 5 – Exemplo de resultados de testes motores
82
percentis superior e inferior. Neste caso, 34,5 centímetros menos 30,5 centímetros, o que
corresponde a 4 centímetros.
Na sequência, determina-se a quantidade de centis possíveis entre os percentis
superior e inferior. Neste caso, entre o percentil 75 e 50 são possíveis localizar 25 centis.
Como a amplitude entre os valores da tabela equivalentes aos percentis 75 e 50
corresponde a 4 centímetros, e a quantidade de centis possíveis entre ambos os
percentis é 25 centis, a proporção é de 0,16 centímetro por cada centil.
Continuando, considerando que o valor da tabela equivalente ao percentil superior
é 34,5 centímetros, ou seja, 1 centímetro e meio superior aos 33 centímetros apresentado
pela jovem como resultado do teste “sentar-e-alcançar”.
Assim, como a proporção é de 0,16 centímetro por cada centil, a diferença de 1
centímetro e meio entre o valor da tabela equivalente ao percentil superior e o resultado
do teste apresentado pela jovem corresponde a 9 centis.
Portanto, a posição percentilar ocupada pelo resultado do teste “sentar-e-alcançar”
da jovem corresponde ao percentil 66.
Utilizando-se do mesmo procedimento de interpolação, o resultado do teste de
salto em extensão “parado” de 140 centímetros, aponta uma posição percentilar ocupada
corresponde ao percentil 33.
No caso do teste de puxada em suspensão na barra “modificado”, considerando
que o resultado apresentado pela jovem foi de 6 repetições, o que coincide com o valor
da tabela equivalente ao percentil 50, não existe necessidade de recorrer ao
procedimento de interpolação, e assume-se a posição percentilar ocupada pelo resultado
do teste correspondente ao percentil 50.
Ao tratar o resultado do teste abdominal de 35 repetições, a posição percentilar
ocupada na tabela de distribuição de percentis utilizada corresponde ao percentil 82.
Assim como, a posição ocupada pelo resultado do teste de corrida de 50 metros
correspondente a 9,5 segundos apresentado pela jovem é equivalente ao percentil 12.
E o resultado de 2100 metros alcançado no teste de caminhada/corrida longa
83
ocupa uma posição equivalente ao percentil 83.
Os resultados dos testes motores que envolvem componentes motores
identificados com a aptidão física relacionada à saúde, traduzidos pelos testes “sentar-e-
alcançar”, abdominal, puxada em suspensão na barra “modificado” e caminhada/corrida
de 9 minutos, foram os que se localizaram em posições mais elevadas nas distribuições
de percentis consideradas. Enquanto o resultado do teste de corrida de 50 metros foi o
que apresentou o resultado proporcionalmente mais baixo, equivalente ao percentil 12,
seguido do resultado do teste de salto em extensão “parado”, equivalente ao percentil 33.
Apesar de ser possível reunir importantes informações com a análise dos
resultados dos testes motores mediante envolvimento de referenciais normativos
atualizados e adequados à realidade do jovem que esta sendo analisado, seus
procedimentos não conseguem oferecer subsídios que possam contribuir com finalidade
de esclarecer se os resultados dos testes motores efetivamente evidenciam níveis
satisfatórios em relação à aptidão física relacionada à saúde.
Em princípio, mesmo admitindo-se importante associação entre indicadores mais
elevados de aptidão física e condições satisfatórias de saúde em populações jovens,
análises equivalentes às posições mais elevadas na distribuição de percentis podem não
garantir necessariamente condições satisfatórias de saúde, na medida em que as
características da amostra da qual a distribuição de percentis foi derivada deverão afetar
de maneira significativa a capacidade de detecção das diferenças.
Assim, posições de resultados individuais de testes motores podem localizar-se
no extremo superior da distribuição de percentis desenvolvida para segmento específico
da população que possivelmente apresenta hábitos de prática de atividade física
inadequados para garantir condições satisfatórias de saúde, e, ao mesmo tempo e de
forma antagônica, idênticos resultados podem situar-se no extremo inferior quando
confrontados com distribuição de percentis derivada com base em segmento da
população que apresenta comportamentos favoráveis ao desenvolvimento de melhores
condições de saúde.
84
6.2 Análise de Resultados em Padrões Referenciados por Critérios
Com a introdução dos novos conceitos relacionados à aptidão física e à saúde,
admite-se que, quando diferenças entre os jovens deixam de ser importantes, as análises
referenciadas por critérios deverão apresentar vantagens em relação às confrontações
com dados normativos. Nestes casos, os critérios deverão representar pontos de corte
identificados com indicadores de aptidão física consistentes com condições satisfatórias
de saúde, independentemente da posição em que se encontram na distribuição de
percentis [4].
Dessa forma, ao recorrer às análises referenciadas por critérios é interessante
identificar se cada jovem, individualmente, se torna capaz de alcançar pontos de corte
previamente estabelecidos em relação aos indicadores de aptidão física que possam
assegurar algum grau de proteção diante do aparecimento e do desenvolvimento de
disfunções hipocinéticas.
A essência da teoria que procura justificar a proposição de pontos de corte para
indicadores de aptidão física relacionada à saúde baseia-se na premissa de que, para
ocorrer redução na incidência de disfunções orgânicas, torna-se necessário alcançar
níveis desejáveis de resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular e
flexibilidade que possam conter eventual processo degenerativo induzido por hábitos de
vida inadequados com relação à prática de atividade física [4].
Em oposição ao enfoque oferecido à análise referenciada por norma, em que o
objetivo é apresentar resultados equivalentes aos mais elevados valores de percentis, os
jovens que não alcançam pontos de corte previamente estabelecidos como indicadores
da aptidão física relacionada à saúde deverão apresentar maior predisposição aos
sintomas crônico-degenerativos, enquanto os que alcançam ou excedem os pontos de
corte estabelecidos demonstram menor risco neste sentido. Assim, o importante não é
comparar os resultados apresentados por um jovem com outros resultados mediante
valores normativos, mas sim verificar se seus resultados alcançam os pontos de corte
estabelecidos em relação à saúde.
Neste particular, com base em pesquisas experimentais e achados clínicos
observam-se algumas iniciativas direcionadas à proposição de pontos de corte
85
relacionados aos indicadores de desempenho motor associados à aptidão física
relacionada à saúde. Neste sentido, principal proposição de critérios para diagnóstico e
acompanhamento dos níveis de aptidão física relacionada à saúde em jovens refere-se
ao Fitnessgram [5] (Tabela 6).
Tabela 6 – Dados referenciados por critério
86
Para exemplificar a sequência dos procedimentos a serem empregados na análise
do desempenho motor voltado à aptidão física relacionada à saúde, supõe-se,
hipoteticamente, um rapaz com as características (Tabela 7):
Considerando que neste momento de aplicação dos testes motores o jovem tem
uma idade equivalente a 11 anos e 6 meses. Portanto, neste caso, para efeito de
localização de seus resultados na tabela de pontos de corte relacionados à saúde,
assume-se que o jovem em questão pertence ao grupo etário de 12 anos.
Assim, com relação aos resultados dos testes motores que solicitam o componente
de flexibilidade verifica-se que o jovem alcançou ou excedeu os níveis de competência
de acordo com os critérios propostos pelo Fitnessgram, demonstrando desse modo
menores riscos para saúde associados a este componente da aptidão física em
particular. Contudo, não foi o caso dos resultados dos testes motores que solicitam o
componente de força e resistência muscular, em que tanto no teste abdominal
“modificado” quanto no teste de puxada em suspensão na barra “modificado” os
resultados obtidos não alcançam níveis de competência suficiente, o mesmo ocorrendo
com o teste de caminhada/corrida de “vai-e-vem” que oferece indicações sobre a
resistência cardiorrespiratória, apontando desse modo possibilidades de maior
predisposição ao surgimento e ao desenvolvimento de determinados distúrbios orgânicos
já em idade jovem.
Tabela 7 – Exemplo de resultados de testes motores
87
7. DELINEAMENTO DOS PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MOTOR
Em analogia com outros indicadores tratados pelo profissional de educação física,
a avaliação do desempenho motor se caracteriza como processo mediante o qual se
torna possível reunir informações que venham a auxiliar na identificação do perfil motor
individual dos jovens e nas tomadas de decisões associadas aos componentes motores
[4]. Neste sentido, a realização de avaliações seguras e confiáveis baseia-se na
elaboração de delineamento que possa nortear as ações em cada uma das etapas do
processo (Figura 5).
Definir com que finalidade se realizará a avaliação constitui ponto de partida para
as tomadas de decisões nas demais etapas do delineamento [4]. No campo da educação
física, avaliação do desempenho motor pode ter como propósito:
oferecer informações voltadas à conduta motora;
reunir subsídios para acompanhamento do processo de desenvolvimento
motor;
Figura 5 – Delineamento dos programas de avaliação do desempenho motor
88
permitir a detecção, a seleção e a promoção de talentos para a prática de
esporte de alto rendimento;
contribuir na elaboração de diagnósticos direcionados ao acompanhamento do
estado de saúde;
alimentar bancos de dados com finalidade de desenvolver pesquisas de cunho
científico;
Após definição do propósito a ser alcançado com o programa de avaliação do
desempenho motor, próximo passo é selecionar os componentes da aptidão física que
deverão ser analisados mediante a aplicação dos testes motores. Nesse particular,
procede-se a seleção prévia dos componentes da aptidão física que apresentam relação
direta com os objetivos estabelecidos. Dentro do universo da aptidão física os
componentes merecedores de atenção quando do delineamento de programas de
avaliação do desempenho motor são resistência cardiorrespiratória, força/resistência
muscular, flexibilidade, velocidade, potência, agilidade e equilíbrio [7].
Uma fez formulados os objetivos da avaliação e definidos os componentes a
serem avaliados, faz-se necessário estabelecer o referencial de análise. Nesse sentido,
apresentam-se duas opções: avaliação referenciada por normas e avaliação referenciada
por critérios [4]. De acordo com os objetivos a serem alcançados com o programa de
avaliação do desempenho motor, a escolha deverá recair sobre um ou outro
procedimento.
O objetivo a ser alcançado com o programa de avaliação do desempenho motor,
a natureza dos componentes de aptidão física selecionados e o referencial de análise
pré-estabelecido precisam ser considerados para a tomada de decisão a respeito dos
testes motores a serem aplicados. A literatura especializada na área tem oferecido
grande quantidade de testes motores direcionados à coleta de dados voltados aos
componentes da aptidão física [4, 7]. Neste caso, dentre os testes motores disponíveis que
podem auxiliar na avaliação do desempenho motor, existem aqueles mais adequados
que outros para alcançar os objetivos propostos. Contudo, na escolha dos testes motores
a serem aplicados, além dos aspectos associados à validade, à precisão e à exatidão
dos seus resultados, deve-se levar em conta:
89
disponibilidade de equipamentos necessários em sua aplicação;
adequação das instalações físicas disponíveis e controle do ambiente em
condições favoráveis;
domínio da técnica e dos procedimentos de aplicação;
adaptabilidade dos jovens aos procedimentos de testagem;
segurança da integridade física dos jovens;
Considerando que os testes motores já foram selecionados, a etapa imediata é
sua aplicação. Dispensável salientar que a aplicação dos testes motores podem
ocasionar dificuldades derivadas da quantidade de jovens a serem avaliados, do tempo
disponível, das condições e da disposição dos equipamentos envolvidos e da perícia do
profissional em sua utilização. É difícil propor receituário único de instruções na tentativa
de minimizar essas dificuldades, tão diversas são as situações apresentadas e as
condições reais à disposição no momento da aplicação do teste. Bom senso e
experiência do profissional envolvido na aplicação dos testes motores são a melhor
garantia de êxito nesse aspecto. Neste caso, atenção especial deve ser oferecida às
instruções apresentadas aos jovens que estão sendo submetidos aos testes motores,
aos procedimentos de execução, ao aquecimento prévio, à ordem dos testes, ao tempo
de recuperação entre um teste e o seguinte, às condições climáticas e de temperatura
ambiente e à motivação na tentativa de estimular o jovem a alcançar o máximo de
rendimento [4].
A etapa seguinte diz respeito à interpretação dos resultados obtidos com a
aplicação dos testes motores. A responsabilidade na tomada de decisões não permite
que se emitam juízos ou se utilizem processos superficiais que possam deturpar os
resultados obtidos e, por sua vez, comprometer a avaliação do desempenho motor. Um
rol de resultados fornecido pelos jovens passa a ter menor significado quando não existe
a preocupação em interpretá-los, ou seja, deve-se procurar extrair dos resultados obtidos
conclusões legitimadas pelo conhecimento disponível na área e pelos recursos
interpretativos coerentes com os objetivos a serem alcançados na avaliação.
Nesse particular, embora se possa entender que avaliação e quantificação não
90
são processos análogos, o domínio de técnicas estatísticas e de recursos computacionais
pode contribuir extraordinariamente na avaliação do desempenho motor. Contudo, por
conta disso não se deve admitir que aqueles profissionais com suficiente conhecimento
em estatística e com acesso a softwares específicos sejam, por essa mera condição,
avaliadores por excelência. São necessários elevado grau de discernimento e amplo
domínio do conhecimento sobre conceitos associados ao desempenho motor [4].
No campo do desempenho motor, se é correto afirmar que “quem avalia, avalia
algum componente da aptidão física”, não é menos verdade admitir que “quem avalia,
avalia algum individuo”. Logo, os jovens submetidos aos testes motores devem receber
retorno da avaliação realizada o mais imediatamente possível. Nesse particular, os
recursos de informática podem desempenhar papel preponderante, mas chama-se
atenção para que as informações referentes às avaliações sejam transmitidas de maneira
clara e objetiva, com o uso de expressões e de conceitos que possam ser elucidativos e
de fácil compreensão a quem de interesse. Essa etapa do delineamento dos programas
de avaliação é crucial e justifica as demais etapas anteriores do delineamento do
programa de avaliação do desempenho motor [4].
91
REFERÊNCIAS
1. Committee for the Development of Sport. Handbook for the Eurofit tests of Physical Fitness. Roma: Council of Europe. 1988.
2. Corbin CB, Lindsey R. Concepts of physical fitness. 9ª Edition. Dubuque: Brown & Benchmark. 1997.
3. Guedes DP, Guedes JERP. Crescimento, composição corporal e desempenho motor em crianças e adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro. 2004.
4. Guedes DP. Guedes JERP. Manual prático para avaliação em educação física. São Paulo: Manole. 2006.
5. Meredith MD, Welk GJ. Fitnessgram & Activitygram Test Administration Manual-Updated. 4ª Edition. Dallas: The Cooper Institute for Aerobics Research. 2010.
6. Ross JG, Pate RR. The National Children and Youth Fitness Study – NCYFS: a summary of finding. Journal of Physical Education, Recreation and Dance. 58:51-6, 1987.
7. Tritschler K. Medida e avaliação em educação física e esporte. 5ª Edição. São Paulo: Manole. 2003.
92
ARTIGO CIENTÍFICO
93
Excesso de Peso Corporal e Aptidão Física Relacionada à
Saúde de Escolares
Resumo: Estudos que procuram identificar associações entre aptidão física e excesso
de peso corporal populações jovens têm apresentado resultados inconclusivos. O
objetivo do estudo foi identificar associações entre excesso de peso corporal e alcance
de critérios referenciados para saúde a partir de escores equivalentes aos componentes
de aptidão física relacionada à saúde em uma amostra representativa de escolares de
Montes Claros, Minas Gerais. A amostra foi constituída por 2849 sujeitos (1457 moças e
1392 rapazes), com idades entre 6 e 18 anos. Excesso de peso corporal (sobrepeso e
obesidade) foi definido mediante índice de massa corporal, adotando-se pontos-de-corte
para sexo e idade sugeridos pela International Obesity Task Force. Os componentes da
aptidão física foram avaliados mediante bateria de testes composta por cinco itens:
“sentar-e-alcançar” alternado, abdominal modificado, elevação do tronco, puxada em
suspensão na barra modificado e caminhada/corrida de “vai-e-vem”, adotando-se pontos-
de-corte para sexo e idade sugeridos pelo Fitnessgram. Proporções de escolares que
alcançaram as exigências motoras mínimas estabelecidas que possam satisfazer aos
critérios referenciados para a saúde foram analisadas por intermédio do cálculo de
regressão logística, utilizando-se odds ratios ajustadas para idade. Mediante os
resultados obtidos foi possível observar que a proporção de escolares eutróficos que
alcançou os critérios relacionados à saúde foi significativamente maior que seus pares
com sobrepeso e obesos, exceto nos testes “sentar-e-alcançar” alternado e elevação do
tronco, identificados como indicadores de flexibilidade. Escores dos resultados do teste
caminhada/corrida de “vai-e-vem” foram mais fortemente associados com excesso de
peso corporal. Concluindo, os dados mostram que sobrepeso e obesidade estão
associados com declínios em componentes de aptidão física relacionada à saúde e esta
tendência é mais nítida entre moças independentemente da idade.
Palavras chaves: Sobrepeso, obesidade, resistência cardiorrespiratória, força muscular,
flexibilidade, promoção da saúde.
94
Excess body weight and health-related physical fitness in
schoolchildren
Abstract: Studies examining the association between physical fitness and excess body
weight in youth have had mixed results. The purpose of the study was identify associations
between excess body weight and reach criterion-referenced standards for health-related
physical fitness in a schoolchildren representative sample from Montes Claros, Minas
Gerais, Brazil. The sample was composed by 2849 subjects (1457 girls and 1392 boys),
with ages ranged 6 and 18 years. Excess body weight (overweight and obesity) was
defined by the body mass index, following cutoff points for gender and age suggested by
the International Obesity Task Force. Physical fitness components were assessed by a
test battery of five items: back-saver sit-and-reach, curl-up, trunk-lift, pull-up, and
endurance run (PACER), following cut off-points for gender and age suggested by
Fitnessgram. The proportion of schoolchildren that reached the minimum motor
requirements was analyzed through logistic regression, with adjusted odds ratios for age.
With the obtained results it was possible to observe that the proportion of eutrophic
schoolchildren that reached the health-related criterion were significantly higher than
overweight and obese ones in all tests, except the back-saver sit-and-reach and the trunk-
lift, identified as flexibility indicators. Endurance run test presented the strongest
association with excess body weight. In conclusion, the data show that overweight and
obesity were associated with declines in health-related physical fitness components, and
this trend is sharper among girls than boys independently of age.
Key words: Overweight, obesity, cardiorespiratory endurance, muscular strength,
flexibility, health promotion.
95
Introdução
Nas últimas décadas a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e
adolescentes tem aumentado em ritmo acelerado em diferentes regiões do mundo [1,2].
Além das implicações biológicas para a saúde associadas às alterações metabólicas,
como é o caso de dislipidemias, intolerância à glicose e hipertensão, aos distúrbios
gastrointestinais e às complicações ortopédicas [3,4], as consequências do excesso de
peso corporal em idades jovens incluem mais elevada incidência de problemas
relacionados à auto-imagem, à auto-estima e ao auto-conceito, afetando, desse modo, o
relacionamento interpessoal com graves repercussões psicológicas [5,6]. Além disso,
sobrepeso e obesidade em qualquer período da vida podem apresentar importantes
consequências sociais e econômicas [7,8].
De fato, a elevada quantidade de jovens com sobrepeso ou obesos é motivo de
grande preocupação para estudiosos e profissionais da área, constituindo-se em um dos
desafios mais importante para o campo de saúde pública, em razão da acentuada
estabilidade longitudinal do excesso de peso corporal entre jovens e adultos [9] e pelo fato
do sobrepeso e da obesidade na infância e na adolescência caracterizar-se como forte
precursor de morbimortalidade na idade adulta, independentemente do peso corporal do
adulto [10].
Por outro lado, pressupostos teóricos que norteiam as análises dos componentes
da aptidão física relacionada à saúde referenciada por critério são baseados na tentativa
de se alcançar escores desejáveis equivalentes aos resultados de testes motores, os
quais possam assegurar algum grau de proteção diante do aparecimento e do
desenvolvimento de disfunções orgânicas associadas às doenças hipocinéticas e a
capacidade para desenvolver as tarefas do cotidiano [11]. Com esse procedimento, a
intenção é alterar o enfoque oferecido às análises referenciadas por normas, em que o
objetivo é tentar alcançar escores equivalentes aos resultados de testes motores que
correspondem aos valores mais elevados em distribuições específicas de percentis, pela
ideia de alcançar pontos-de-corte previamente estabelecidos.
A essência que procura justificar a proposição de pontos-de-corte para
componentes da aptidão física relacionada à saúde baseia-se na premissa de que, para
96
ocorrer redução na incidência de disfunções orgânicas, é necessário alcançar patamares
desejáveis de resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular e flexibilidade, os
quais possam conter eventual processo degenerativo induzido por debilidades nos
sistemas de mobilização energética e musculoarticular. Dessa forma, em oposição ao
enfoque oferecido às análises referenciadas por norma, os jovens que não alcançam os
pontos-de-corte previamente estabelecidos como indicadores desejáveis de aptidão
física relacionada à saúde apresentam maior predisposição aos sintomas crônico-
degenerativos, enquanto os que alcançam ou excedem os pontos-de-corte estabelecidos
demonstram menor risco neste sentido. Assim, o importante não é comparar os escores
equivalentes aos resultados dos testes motores apresentados por um jovem com outros
escores mediante tabelas de valores normativos, mas sim verificar se seus escores
alcançaram os pontos-de-corte estabelecidos em relação à saúde.
Especificamente em adolescentes, achados de estudos anteriores apontam que o
tempo despendido em atividade física de moderada-a-vigorosa intensidades no cotidiano
não explica mais que 8% da variação dos escores de resistência cardiorrespiratória.
Também, indicadores quanto à força/resistência muscular e à flexibilidade tendem a não
apresentar variações que possam ser explicadas estatisticamente pelos níveis de prática
habitual de atividade física [12]. Desse modo, assume-se pressuposto de que, mesmo
estando relacionados aos índices de morbidade, atividade física e aptidão física podem
demonstrar diferentes efeitos sobre o estado de saúde dos jovens. Neste caso, escores
de componentes da aptidão física relacionada à saúde têm demonstrado estarem mais
estreitamente relacionados com riscos cardiometabólicos que níveis de prática habitual
de atividade física [13,14].
Embora já se encontra disponíveis na literatura estudos que procuram identificar
associações entre excesso de peso corporal e indicadores de aptidão física em
populações jovens [15-23], os achados apresentados tornam-se inconclusivos em razão de
fragilidades nos delineamentos metodológicos utilizados. Via de regra, tem-se recorrido
a componentes funcionais-motores identificados com aptidão física relacionada ao
desempenho atlético [15-21], raros são os estudos que consideraram componentes
funcionais-motores identificados com aptidão física relacionada à saúde[22,23]. Ainda, por
vezes, as baterias de testes empregadas não atendem o rigor de validação e
97
padronização solicitado para identificar uma sequência de componentes funcionais-
motores [15,18,20,22]; além do que, escassos estudos consideraram os pressupostos
teóricos que norteiam as análises dos componentes da aptidão física relacionada à saúde
referenciada por critério [23].
Nessa perspectiva, o objetivo do estudo foi identificar associações entre excesso
de peso corporal e alcance de critérios referenciados para saúde a partir de escores
equivalentes aos componentes de aptidão física relacionada à saúde em crianças e
adolescentes.
Metodologia
Para elaboração do estudo foram utilizadas informações contidas em banco de
dados construído a partir de levantamento descritivo de corte transversal de base
populacional de escolares do município de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. A coleta
dos dados foi realizada de abril a novembro de 2012 e os protocolos de intervenção
utilizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual
de Montes Claros – UNIMONTES (processo no. 529/2007) e acompanharam normas da
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres
humanos.
Amostra e Seleção dos Sujeitos
A população de referência para o estudo incluiu escolares de ambos os sexos,
com idades entre 6 e 18 anos, matriculados nas escolas de ensino fundamental e médio
das redes de ensino público (estadual e municipal) e privado localizadas na região urbana
do município de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. De acordo com informações do
Setor de Estatística da Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais, no ano letivo
2012, esta população era estimada em aproximadamente 85 mil escolares. Uma amostra
representativa foi obtida mediante processo probabilístico por conglomerados, tendo
como referência a quantidade de escolares quanto à dependência administrativa (pública
e privada), ao sexo, ao ano de escolarização e ao turno em que estava matriculado em
cada escola.
98
O tamanho da amostra foi estabelecido assumindo intervalo de confiança de 95%,
erro amostral de 3 pontos percentuais e acréscimo de 10% para atender casos de perdas
na coleta dos dados. Considerando que o planejamento amostral envolveu
conglomerados, definiu-se efeito do delineamento da amostra (deff) equivalente a 1,5,
prevendo inicialmente amostra mínima de 2600 escolares. Porém, a amostra definitiva
utilizada no tratamento das informações foi composta por 2849 escolares (1457 moças e
1392 rapazes).
Os critérios adotados para exclusão de algum escolar sorteado para o estudo
foram: (a) recusa em participar do estudo; (b) não-autorização dos pais ou responsáveis;
(c) ausência às aulas no dia agendado para a coleta dos dados; (d) algum problema físico
que o impedisse, temporária ou definitivamente, de realizar as medidas antropométricas
ou os testes motores.
Coleta dos Dados
A equipe de avaliadores foi composta por quatro profissionais de educação física
e oito acadêmicos do último ano do curso de educação física, supervisionados pelos
próprios autores. Toda a coleta dos dados foi realizada nas dependências das
Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte, que apresentava as condições
necessárias para realização do estudo, considerando os equipamentos envolvidos na
determinação das medidas, a necessidade de padronização para a administração dos
testes motores e as limitações de espaço físico apresentadas por algumas escolas que
participaram do estudo.
A idade cronológica dos escolares foi determinada de forma centesimal, a partir
da confrontação entre a data de coleta dos dados e a data de nascimento. No entanto,
para feito de análise dos dados, optou-se pela constituição de três grupos etários. O
primeiro grupo etário reuniu escolares de 6 a 9 anos; o segundo grupo etário de 10 a 14
anos; e o terceiro grupo etário de 15 a 18 anos de idade.
O excesso de peso corporal foi definido a partir do cálculo do índice de massa
corporal (IMC), razão entre as medidas de massa corporal expressa em quilogramas e
da estatura expressa em metros ao quadrado (kg/m2), adotando-se pontos-de-corte para
identificar sobrepeso e obesidade de acordo com sexo e idade sugeridos no estudo
99
promovido pela International Obesity Task Force – IOTF [24]. Para determinar as medidas
equivalentes à massa corporal foi empregada balança antropométrica com definição de
10 gramas, aferida a cada dez pesagens, enquanto para realizar as medidas de estatura
utilizou-se estadiômetro de alumínio com escala de 1 mm, a partir dos procedimentos
apresentados pela Organização Mundial da Saúde [25].
Os componentes da aptidão física relacionada à saúde foram analisados mediante
escores equivalentes aos resultados observados por meio da aplicação de bateria de
testes motores composta por cinco itens, obedecendo à sequência: (a) “sentar-e-
alcançar” alternado (back-saver sit-and-reach); (b) abdominal modificado (curl-up); (c)
elevação do tronco (trunk-lift); (d) puxada em suspensão na barra modificado (pull-up); e
(e) caminhada/corrida de “vai-e-vem” (PACER). Quanto aos pontos de corte utilizados
para atender aos critérios de saúde, foi adotada proposta sugerida pelo Fitnessgram [26].
Tratamento Estatístico
Os dados foram tratados estatisticamente mediante pacote computadorizado
Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 21.0. Para identificar a
proporção de escolares que apresentaram sobrepeso/obesidade e que atenderam aos
critérios de saúde Fitnessgram, recorreu-se às frequências relativas e respectivos
intervalos de confiança de 95%, de acordo com os pontos-de-corte empregados. Para
verificação estatística quanto às eventuais diferenças entre sexo e idades utilizou-se do
teste de significância para comparações de múltiplas proporções mediante o
envolvimento da estatística de qui-quadrado (χ2).
Para análise das associações entre excesso de peso corporal e alcance de
critérios referenciados para saúde a partir de escores equivalentes aos componentes de
aptidão física relacionada à saúde recorreram-se aos cálculos dos valores de odds ratio
(OR), estabelecidos por intermédio da regressão logística binária separadamente por
sexo e mediante ajuste pela idade dos escolares.
100
Resultados
A tabela 1 mostra a proporção de escolares identificados com sobrepeso e
obesidade de acordo com sexo e idade. Ao levar em conta o conjunto das idades
consideradas, a proporção de sobrepeso foi equivalente a 19,7% (95%IC 17,9 – 21,8)
entre as moças e 14,7% (95%IC 13,1 – 16,5) entre os rapazes, dos quais, 4,8% (95%IC
4,2 – 5,5) e 2,8% (95%IC 2,4 – 3,3), respectivamente, demonstraram ser obesos. Com
relação às idades consideradas, em ambos os sexos, verificam-se aumentos
significativos nas proporções de sobrepeso e obesidade com a idade. Nos escolares ≤ 9
anos a proporção de sobrepeso iniciou com 13,7% (95% IC 12,2 – 15,3) nas moças e
8,7% (95%IC 8,2 – 9,2) nos rapazes, e alcançou proporções de 28,4% (95%IC 26,3 –
30,7) e 21,9% (95%IC 19,8 – 24,1), respectivamente, nos escolares ≥ 15 anos. De
maneira similar, porém em dimensões menores, a proporção de obesidade nos escolares
de ambos os sexos com idades ≥ 15 anos foi duas vezes maior (6,4% nas moças e 4,0%
nos rapazes) quando comparados com seus pares com idades ≤ 9 anos (3,2% e 1,9%,
respectivamente).
Tabela 1 – Proporção de escolares (95% IC) com sobrepeso e obesidade de acordo com sexo e idade.
Sobrepeso Obesidade
Idade Moças Rapazes Moças Rapazes
≤ 9 Anos
10–14 Anos
≥ 15 Anos
6–18 Anos
13,7 (12,2 – 15,3)
17,1 (15,4 – 18,9)
28,4 (26,3 – 30,7)
19,7 (17,9 – 21,8)
8,7 (8,2 – 9,2)
13,4 (11,7 – 15,2)
21,9 (19,8 – 24,1)
14,7 (13,1 – 16,5)
3,2 (2,8 – 3,6)
4,7 (4,2 – 5,3)
6,4 (5,7 – 7,2)
4,8 (4,2 – 5,5)
1,9 (1,7 – 2,2)
2,6 (2,1 – 3,1)
4,0 (3,3 – 4,8)
2,8 (2,4 – 3,3)
A tabela 2 descreve a proporção de escolares que alcançaram os pontos-de-corte
estabelecidos para os resultados de cada teste motor na proposta de avaliação
referenciada por critério sugerida pelo Fitnessgram. Neste sentido, ao considerar esses
pontos-de-corte como indicadores de saúde vinculados à aptidão física, verificou-se que
quantidade elevada de escolares analisados no estudo estava exposta a condição não-
saudável, levando-se em conta que, em determinadas idades, menos da metade de seus
101
integrantes conseguiu apresentar escores equivalentes aos resultados dos testes
motores que atendem os pontos-de-corte estabelecidos.
Tabela 2 - Proporção de escolares (95% IC) que alcançaram os critérios de saúde mediante escores equivalentes aos resultados dos testes motores sugeridos na proposta Fitnessgram.
Idade Sentar-e-Alcançar
Abdominal modificado
Elevação do Tronco
Puxada na Barra
Vai-e-Vem
Moças
≤ 9 Anos
10–14 Anos
≥ 15 Anos
6–18 Anos
77,2
62,4
56,7
63,4
31,9
20,5
18,1
23,8
67,6
48,6
41,3
53,2
41,6
34,8
15,3
30,7
-
45,1
19,3
32,3
Rapazes
≤ 9 Anos
10–14 Anos
≥ 15 Anos
6–18 Anos
80,4
71,6 b
60,2
72,3 b
36,1
33,9 b
23,5 a
31,2 b
81,9 b
75,1 b
69,9 b
75,6 b
57,1 b
48,3 b
39,5 b
48,7 b
-
55,5 b
32,4 b
44,1 b
χ2Sexo
χ2Grupo Etário
7,917 (p=0,005)
32,142 (p<0,001)
19,220 (p<0,001)
18,629 (p<0,001)
54,332 (p<0,001)
49,924 (p<0,001)
35,769 (p<0,001)
65,682 (p<0,001)
31,545 (p<0,001)
84,647 (p<0,001)
Letras sobrescritas indicam diferenças estatisticamente significantes entre ambos os sexos: a 0,01 < p < 0,05 b p < 0,01
Os valores percentuais demonstraram que a quantidade de escolares capazes de
alcançar os critérios de saúde foi significativamente mais elevado em idades mais
precoces. Também, entre os escolares ≤ 9 anos foram identificadas similaridades quanto
às proporções de moças e rapazes que alcançaram condição saudável de aptidão física.
Contudo, nas idades mais avançadas, observou-se nítida tendência de os rapazes
demonstrarem proporções mais elevadas, sobretudo a partir dos 15 anos de idade.
Quanto à análise dos resultados de cada teste motor individualmente, constatou-
se que os escolares conseguiram alcançar as mais elevadas proporções do critério de
saúde nos testes motores em que é exigida a participação da capacidade física
relacionada à flexibilidade. Neste caso, no teste “sentar-e-alcançar” alternado, 63,4% e
72,3% das moças e dos rapazes e, no teste de elevação do tronco, 53,2% e 75,6%,
respectivamente. As menores proporções de alcance dos critérios de saúde em ambos
102
os sexos foram observadas nos resultados do teste abdominal – 23,8% das moças e
31.2% dos rapazes.
Informações disponibilizadas na tabela 3 representam a proporção de escolares
que alcançaram os critérios de saúde mediante escores equivalentes aos resultados dos
testes motores e a exposição de risco (odds ratio) para insucessos no alcance dos
critérios de saúde com estratificação para presença de sobrepeso e obesidade. Os
valores de χ2 revelam que, em ambos os sexos, a magnitude da associação entre excesso
de peso corporal e proporções de alcance dos critérios de saúde variaram de acordo com
o teste motor considerado.
De imediato, constata-se que excesso de peso corporal identificado nas moças e
nos rapazes não se associou significativamente com proporções de alcance dos critérios
de saúde mediante escores equivalentes aos resultados dos testes “sentar-e-alcançar” e
“elevação do tronco”. Contudo, especificamente no teste “abdominal modificado”, os
valores de OR apontaram que rapazes obesos apresentam 40% menos chances de
alcançar os critérios de saúde que seus pares eutróficos (OR = 1,40; 95% IC 1,12 – 1,73).
No caso das moças, tanto a condição de sobrepeso como de obesidade não apresentou
destaque estatístico no alcance dos critérios de saúde mediante este teste específico.
Variações nas proporções de escolares que alcançaram os critérios de saúde
mediante escores equivalentes aos resultados dos testes “puxada na barra” e “vai-e-vem”
foram as que se associaram mais estreitamente com excesso de peso corporal,
sobretudo entre as moças. Aqueles escolares que apresentam dimensões características
de obesidade estão expostos a um risco de não alcançar os critérios de saúde mediante
escores equivalentes ao teste de “puxada na barra” próximo do dobro que seus pares
eutróficos (Moças – OR = 2,29; 95% IC 1,97 – 2,64; Rapazes – OR = 1,82; 95% IC 1,50
– 2,16). Ao considerar escolares com sobrepeso constata-se risco de menor magnitude;
contudo, ainda assim, significativo estatisticamente (Moças – OR = 1,75; 95% IC 1,49 –
2,03; Rapazes – OR = 1,47; 95% IC 1,23 – 1,75).
103
Tabela 3 – Proporção de alcance dos critérios de saúde mediante escores equivalentes aos resultados dos testes motores
sugeridos na proposta Fitnessgram e valores de odds ratio associados ao sobrepeso e à obesidade da população escolar
de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.
Moças Rapazes
Proporção (%) (95% IC)
Odds Ratio (95% IC)
p Proporção (%)
(95% IC) Odds Ratio (95% IC)
p
Sentar-e-Alcançar Eutrófico
Sobrepeso Obesidade
65,9 (62,9 – 69,7) 64,2 (61,1 – 68,1) 60,1 (57,3 – 56,4)
Referência
1,07 (0,87 – 1,29) 1,16 (0,95 – 1,39)
0,222 74,3 (71,2 – 78,2) 73,1 (70,1 – 76,9) 69,7 (66,8 – 66,0)
Referência
1,05 (0,85 – 1,27) 1,14 (0,93 – 1,37)
0,196
Abdominal Modificado Eutrófico
Sobrepeso Obesidade
26,8 (25,0 – 28,9) 23,4 (21,7 – 25,4) 21,2 (19,6 – 23,1)
Referência
1,11 (0,86 – 1,39) 1,26 (0,98 – 1,58)
0,064 34,4 (32,2 – 37,0) 31,7 (29,6 – 34,2) 26,5 (24,6 – 28,9)
Referência
1,09 (0,85 – 1.35) 1,40 (1,12 – 1,73)
0,032
Elevação do Tronco Eutrófico
Sobrepeso Obesidade
54,8 (52,0 – 58,4) 53,2 (50,5 – 56,7) 51,6 (48,8 – 55,3)
Referência
1,04 (0,80 – 1,30) 1,14 (0,88 – 1,42)
0,287 77,6 (74,4 – 81,6) 76,3 (73,2 – 72,4) 72,9 (69,0 – 76,7)
Referência
1,06 (0,83 – 1,30) 1,18 (0,94 – 1,44)
0,189
Puxada na Barra Eutrófico
Sobrepeso Obesidade
39,2 (37,1 – 41,7) 28,6 (26,8 – 30,7) 24,3 (22,6 – 26,2)
Referência
1,75 (1,49 – 2,03) 2,29 (1,97 – 2,61)
≤ 0,001 56,9 (54,0 – 60,6) 47,5 (44,9 – 50,6) 41,7 (39,2 – 38,8)
Referência
1,47 (1,23 – 1,75) 1,82 (1,50 – 2,16)
0,001
Vai-e-Vem Eutrófico
Sobrepeso Obesidade
53,4 (50,7 – 56,9) 27,6 (25,9 – 29,6) 15,9 (14,6 – 17,4)
Referência
2,53 (2,21 – 2,93) 3,08 (2,63 – 3,57)
≤ 0,001 57,9 (55,1 – 61,5) 45,6 (43,0 – 48,7) 30,8 (29,0 – 32,9)
Referência
1,76 (1,51 – 2,05) 1,98 (1,64 – 2,37)
≤ 0,001
Valores do modelo de regressão ajustados pelas idades dos escolares.
104
Tendo como referência escores equivalentes ao teste de “vai-e-vem” moças
identificadas com excesso de peso corporal demonstraram possuir risco de duas vezes
e meia a três vezes maior que moças eutróficas (Sobrepeso – OR = 2,53; 95% IC 2,21 –
2,93; Obesidade – OR = 3,08; 95% IC 2,63 – 3,57). Rapazes com sobrepeso e obeso
demonstraram, respectivamente, risco 76% e 98% maior que seus pares eutróficos
(Sobrepeso – OR = 1,76; 95% IC 1,51 – 2,05; Obesidade – OR = 1,98; 95% IC 1,64 –
2,37).
Discussão
No presente estudo são apresentados dados acerca de associações entre
excesso de peso corporal e alcance de critérios referenciados para saúde a partir de
escores equivalentes aos componentes de aptidão física relacionada à saúde em
integrantes da população escolar do município de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.
Com relação ao excesso de peso corporal na população escolar analisada, os
resultados encontrados revelaram que, utilizando-se dos pontos-de-corte específicos
para sexo e idade propostos pela IOTF, as proporções de ocorrência de casos de
sobrepeso e obesidade foram equivalentes a 17,2% e 3,8%, respectivamente. Neste
sentido, a ausência de unanimidade na definição de pontos-de-corte a serem
empregados em idades jovens para identificar sobrepeso e obesidade se apresenta como
o maior obstáculo quando da realização de análises comparativas entre diferentes
estudos disponibilizados na literatura. No entanto, quando da confrontação com dados
internacionais, que também empregaram os pontos-de-corte propostos pela IOFT, a
proporção de sobrepeso e obesidade observada no presente estudo foi inferior a descrita
na população jovem de países da América do Norte e europeus [27]; porém, superior as
prevalências identificadas recentemente na população jovem de países latino-
americanos [2].
Por outro lado, limitação importante frequentemente observada em estudos
nacionais e que dificulta comparações entre indicações de sobrepeso e obesidade de
jovens de diferentes regiões brasileiras, refere-se aos delineamentos metodológicos
utilizados, via de regra, selecionando amostras não representativas do segmento
105
populacional estudado. Por esse motivo, optou-se por estabelecer comparações
unicamente com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), coletados em
2008 - 2009, envolvendo amostras de jovens entre 10 e 19 anos de todo o território
brasileiro [28].
Na POF o sobrepeso foi definido mediante valores equivalentes ao IMC para sexo
e idade iguais ou superiores ao percentil 85 e foram considerados como obesos aqueles
jovens que apresentavam valores equivalentes ao IMC para sexo e idade iguais ou
superiores ao percentil 95. Na pesquisa foram utilizadas as referências normativas
construídas com base em estudos norte-americanos. Tanto com relação ao sobrepeso
como à obesidade, a proporção encontrada na população escolar aqui analisada foi
inferior à encontrada na POF (sobrepeso: 17,2% versus 20,6%; obesidade: 3,8% versus
5,0%). Chama-se atenção para o fato de estudos nacionais terem atestado que valores
equivalentes ao IMC da população jovem norte-americana correspondente aos percentis
85 e 95, utilizados como ponto-de-corte na POF, são mais elevados que os valores
equivalentes ao IMC nos mesmos percentis observados em estudos anteriores na
população brasileira [29], o que pode ter subestimado a real proporção de sobrepeso e
obesidade dos jovens brasileiros analisados pela POF. As diferenças quanto aos
agrupamentos etários considerados no presente estudo e no levantamento nacional é
mais um fator limitante que deverá ser levado em conta nas comparações realizadas.
Mediante análise dos achados reunidos no presente estudo equivalentes aos
componentes de aptidão física constatou-se que a proporção de escolares que
alcançaram os critérios de saúde foi significativamente maior nas idades mais precoces.
Além do que, entre escolares ≤ 9 anos foram identificadas similaridades entre ambos os
sexos nas proporções de alcance dos níveis saudáveis de aptidão física. Contudo, em
idades mais avançadas observou-se que as moças demonstraram proporções
significativamente inferiores em comparação com os rapazes, sobretudo a partir dos 15
anos de idade. Essa situação talvez possa vir a reforçar a hipótese de que as crianças
são naturalmente mais aptas fisicamente nas idades mais jovens, demonstrando, por
conseguinte, maior capacidade para atingir os pontos-de-corte previamente
estabelecidos. Depois, gradualmente com avanço da idade, principalmente entre as
106
moças, existe tendência em adquirir hábitos mais sedentários declinando, por sua vez,
os níveis de aptidão física [30].
Especificamente quanto às proporções de alcance dos pontos-de-corte sugeridos
para análise dos escores equivalentes aos resultados dos testes “sentar-e-alcançar
alternado” e “elevação do tronco”, os valores percentuais revelaram que significativa
quantidade de escolares reunidos no estudo apresentou condição saudável de aptidão
física no componente associado à flexibilidade. No caso do teste “sentar-e-alcançar
alternado”, 63,4% e 72,3% das moças e dos rapazes e, no caso do teste de “elevação do
tronco”, 63,2% e 75,6%, respectivamente.
Por outro lado, as proporções de escolares que alcançaram os pontos-de-corte
sugeridos para análise dos escores equivalentes aos resultados dos testes “abdominal
modificado” e “puxada em suspensão na barra modificada” diminuíram acentuadamente.
No que se refere ao teste “abdominal modificado”, 23,8% das moças e 31,2% dos rapazes
alcançaram os critérios de saúde, enquanto no teste de “puxada em suspensão na barra
modificada” as proporções de escolares que atenderam aos critérios de saúde
corresponderam a 21,7% e 38,7% das moças e dos rapazes, respectivamente.
Neste sentido, torna-se interessante destacar que nos dois testes motores em que
o componente da aptidão física envolvido é a flexibilidade, em nenhum grupo etário
considerado no estudo menos que 60,2% dos rapazes e 41,3% das moças deixaram de
alcançar os critérios de saúde. Porém, quanto aos testes motores em que o componente
da aptidão física envolvido é a força/resistência muscular, ocorreu o inverso, ou seja, não
mais que 57,1% dos rapazes e 41,6% das moças conseguiram alcançar os critérios de
saúde.
No que se refere às proporções de escolares que alcançaram os critérios de saúde
mediante escores equivalentes aos resultados do teste de caminhada/corrida “vai-e-
vem”, verificou-se que, entre os 10 e 14 anos, aproximadamente a metade dos escolares
amostrados no estudo alcançaram os pontos-de-corte propostos (45,1% das moças e
55,5% dos rapazes). No entanto, com o passar da idade, constatou-se importante
redução na proporção de alcance dos pontos-de-corte, sobretudo no sexo feminino, em
que, de cada cinco moças, apenas uma delas atendeu ao critério de saúde proposto para
107
o teste (19,3%). No caso dos rapazes, a proporção de alcance dos pontos-de-corte foi
significativamente mais elevada, contudo, ainda assim, bastante preocupante (32,4%).
Na literatura especializada são raros os estudos direcionados à aptidão física
relacionada à saúde de base populacional envolvendo jovens na idade escolar. Além
disso, as baterias de testes motores empregadas para análise de seus componentes não
apresentam consenso nos estudos já realizados. As distintas definições atribuídas aos
critérios de saúde envolvendo escores equivalentes aos resultados de testes motores
deve ser considerada outra limitação quando da realização de comparações entre
diferentes estudos. Diferenças quanto aos tipos de amostragens também representam
limitações para análises comparativas. Portanto, devem-se considerar estas situações
ao se estabelecer comparações entre os achados do presente estudo e os resultados
disponibilizados para consulta.
Corroborando com achados apresentados por outros estudos disponibilizados na
literatura [15-23], os resultados do presente estudo apontaram que o excesso de peso
corporal esteve estreitamente associado aos indicadores de aptidão física identificados
mediante testes motores que exigem deslocamento da massa corporal, no caso, testes
“abdominal modificado”, “puxada na barra” e caminhada/corrida de “vai-e-vem”. Aqueles
escolares com indicação de sobrepeso e obesidade demonstraram estar expostos a um
risco de não alcançar os critérios de saúde propostos pelo Fitnessgram mediante escores
equivalentes aos resultados desses testes de duas a três vezes maior que seus pares
eutróficos.
Proporções de alcance dos pontos-de-corte relacionados aos escores
equivalentes aos resultados dos testes motores em que o componente da aptidão física
envolvida é a flexibilidade (“sentar-e-alcançar alternado” e “elevação do tronco”) não
apresentaram associações significativas com o excesso de peso corporal. Evidências
disponibilizadas por outros estudos [16,18,19,20,23], mediante comparações entre escores
médios de resultados de teste motor semelhante (“sentar-e-alcançar” com ambas as
pernas estendidas) de adolescentes eutróficos e com sobrepeso, confirmam tendência
similar, o que sugere hipótese no sentido de que a flexibilidade é um componente da
aptidão física relacionada à saúde não influenciado pelo excesso de peso corporal.
108
Em ambos os sexos, proporções de alcance dos pontos-de-corte relacionados aos
escores equivalentes aos resultados de testes motores que mais fortemente se associou
com a presença de excesso de peso corporal foi o teste de caminhada/corrida de “vai-e-
vem”. Reforçando esses achados, em estudo anterior utilizando procedimentos de
laboratório foram encontradas correlações inversas e significativas entre valores
equivalentes ao índice de massa corporal e à capacidade de trabalho aeróbio de
adolescentes, mediante capacidade explicativa estatística por volta de 12% a 14% para
moças e rapazes, respectivamente [31].
Concluindo, embora proporções de alcance dos pontos-de-corte relacionados aos
escores equivalentes aos resultados dos testes motores que solicita participação da
flexibilidade (“sentar-e-alcançar alternado” e “elevação do tronco”) não apresentaram
associações significativas com o excesso de peso corporal, nos demais testes motores
(“abdominal modificado”, “puxada na barra” e caminhada/corrida de “vai-e-vem”) aqueles
escolares com sobrepeso ou obesos apresentaram menor eficiência para alcançar os
critérios de saúde relacionados à aptidão física. Essa tendência foi identificada
independente da idade e mais nitidamente entre as moças.
Neste sentido, com um delineamento transversal, como é o caso do presente
estudo, não é possível afirmar se o excesso de peso corporal é responsável ou
consequência dos menores níveis de aptidão física observados, salientando a possível
reversibilidade do fenômeno. Contudo, destaca-se que, tanto excesso de peso corporal
como níveis comprometidos de aptidão física relacionada à saúde, podem resultar em
um aumento na predisposição para o aparecimento e o desenvolvimento de morbidades
na idade jovem com grande repercussão na idade adulta.
109
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APRESENTAÇÃO
CIENTÍFICA EM
CONGRESSO
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Figura 1 – Banner apresentado em congresso científico
114
Figura 2 – Certificado de apresentação científica
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Imagem 1 – Apresentação científica