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DIRETORIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA E INFORMAÇÕES Superintendência de Informações do Agronegócio Maio de 2010 PERFIL DO SETOR DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL NO BRASIL Edição para a safra 2008-2009

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DIRETORIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA E INFORMAÇÕESSuperintendência de Informações do Agronegócio

Maio de 2010

PERFIL DO SETOR DO AÇÚCAR E

DO ÁLCOOL NO BRASIL

Edição para a safra 2008-2009

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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)Diretoria de Preços Mínimos e Informações (Dipai)Superintendência de Informações do Agronegócio (Suinf)

Equipe Técnica da Gerência de Levantamento e Avaliação de Safra (Geasa):Carlos Roberto Bestteti (Gerente)Ângelo Bressan FilhoClóvis Campos de OliveiraEledon Pereira de OliveiraJosé Cavalcante de NegreirosJuarez Batista de OliveiraMaria Beatriz Araújo de AlmeidaRoberto Alves de Andrade

Organizadores: Ângelo Bressan Filho e Roberto Alves de Andrade

Entrevistadores:AL - José Martins de Souza, Paulo Duarte de Oliveira, Wellington Silva TeixeiraAM - Daysilene Mello, Luciano GomesBA - Fausto Almeida, Jair Ilson dos Reis FerreiraCE - Aliardo Santos LopesES - Brício Alves dos Santos JúniorGO - Gerson Menezes de Magalhães, Fernando Wilson Ferrante, João Gomes da SilvaMA - Humberto Menezes Souza Filho, Luiz Gonzaga Costa FilhoMG - Márcio Carlos Magno, Nestor Amâncio Alves Júnior, Roberto Alves de Andrade, Túlio Marcos de Vasconcellos, Warlen Cézar Henriques MaldonadoMS - Adirson Moreno Peixoto, Antonio Benedito Dotta, Fernando Zeferino, Lucas Fernández de SouzaMT - Ivando Luiz Araújo, Sizenando Miralla Santos, Thomé Luiz Freire GuthPA - Alexandre Cidon, Rogério NevesPB - Ernandes Moreira FonsecaPR - Agnelo de Souza, Roberto Alves de AndradePI - Francisco Honorato de SouzaPE - Clóvis Afonso Ferreira Filho, Daniele de Almeida Santos, Rafael Silva de LimaRJ - Olavo GodoyRN - Fábio Vinicius de Souza MendonçaSP - Alfredo Coli, Antonio Carlos Costa Farias, Celmo José Monteiro, Cláudio Lobo de Ávila, José Cavalcante de Negreiros, Marizete Belloli, Thomé Luiz Freire GuthTO - Jorge Antonio de Freitas Carvalho

Editoração: Marília Malheiro YamashitaFotos: Clauduardo Abade

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SUMÁRIO

pág.APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 07

PARTE I – PERFIL DOS ASPECTOS LIGADOS À FASE INDUSTRIAL ..............................................................................11Capítulo 1 – Produção física de açúcar total recuperável –ATR, Açúcar e Álcool, por estado, na safra 2008-09 ....................................................................................................................................................................14Capítulo 2 – Indicadores da capacidade efetiva de moagem das unidades de produção ......................................19Capítulo 3 – Perfil das unidades de produção de acordo com o volume da cana moída na safra 2008-09 .....21Capítulo 4 – Perfil das unidades de produção de acordo com o tipo na safra 2008-09 ........................................26Capítulo 5 – Procedência da cana-de-açúcar, por estado e região ................................................................................28

PARTE II – PERFIL DOS ASPECTOS LIGADOS À FASE AGRÍCOLA .............................................................................. 29Capítulo 1 – Perfil da área colhida na safra 2008-09, por estado e região, de acordo com a idade do canavial .....................................................................................................................................................................32Capítulo 2 – Produtividade física do canavial, por estado e região, de acordo com a idade do corte ................36Capítulo 3 – Calendário de plantio por estado ................................................................................................................... 39Capítulo 4 – Calendário de colheita por estado ..................................................................................................................42Capítulo 5 – Área de colheita das unidades de produção e fornecedores por estado e região ........................... 45Capítulo 6 – Sistema de colheita utilizado por estado ..................................................................................................... 47Capítulo 7 – Área de cultivo de mudas por estado ............................................................................................................. 51Capítulo 8 – Área de expansão dos canaviais, por estado e região, programada para a safra 2008-09 ...........53Capítulo 9 – Estimativa da área total ocupada com cana-de-açúcar, por estado e região .................................. 56

PARTE III – INDICADORES DAS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SAFRA 2008-09 ................................................... 59Capítulo 1 – Rendimento médio por unidade de produto e de área, por estado e região .................................... 62Capítulo 2 – Capacidade nominal de moagem de cana e produção de açúcar e álcool das unidades de produção por estado ..................................................................................................................................... 66Capítulo 3 – Distância média dos canaviais até a unidade de produção, por estado e região ............................ 70Capítulo 4 – Idade média dos canaviais por estado e região ......................................................................................... 72Capítulo 5 – Capacidade de armazenamento de álcool por estado e região ............................................................ 73Capítulo Final – Dados com os principais municípios processadores de cana-de-açúcar e gráficos com a moagem dos principais estados e regiões ............................................................................... 74

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APRESENTAÇÃO

É com satisfação que, novamente, é trazido a público o estudo sobre o perfil do setor do açúcar e do álcool realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no âmbito do acordo de cooperação que esta empresa mantém com a Secretaria de Produção e Agroenergia(SPAE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O presente documento traz, na mesma linha de preocupações do estudo anterior, um grande conjunto de informações sobre a safra agrícola canavieira da temporada 2008-09.

Esse esforço conjunto, Conab/Mapa, tem o propósito fundamental de instrumentalizar o Governo Federal na tarefa de gerir as políticas públicas voltadas para o setor sucroalcooleiro e auxiliar todos os seg-mentos interessados na matéria para formar um quadro abrangente de como está organizado e funciona este importante setor do agronegócio brasileiro.

Este estudo, elaborado a partir dos dados coletados por técnicos da Conab, em visitas às unidades de produção para acompanhamento do comportamento da safra, é o segundo de uma série iniciada com a safra 2007-08, publicada em abril de 2008, e que a Companhia planeja fazer publicar sempre após o fecha-mento das safras.

A qualidade das informações devem-se, em grande parte, à boa recepção e deferência que a equipe de técnicos da Conab tem recebido por parte dos dirigentes das unidades de produção visitadas e da própria credibilidade que a Companhia conquistou na realização desse tipo de tarefa. Existe também, atualmente, uma clara consciência da importância estratégica, econômica e de liderança que o setor sucroalcooleiro tem para o Brasil e para o mundo e da necessidade de se manter uma parceria permanente entre o poder público e o setor privado na condução desse assunto.

Por isso, pode-se afirmar que o número de unidades recalcitrantes e que se recusaram a cooperar com o estudo foi insignificante e insuficiente para afetar a qualidade dos resultados finais encontrados. A equipe, para esta rodada de coleta de dados, foi composta de 46 entrevistadores qualificados profissional-mente que visitaram 367 unidades de produção em 20 estados.

O resultado desse esforço combinado aparece aqui, em um documento que consolida um farto conjunto de informações sobre este setor. Alguns resultados são conhecidos e podem ser encontrados em outras fontes; porém vários outros são inovadores. O grande mérito deste estudo é juntar essa grande quan-tidade de informações no mesmo documento e difundi-la para o público interessado, que poderá acessá-la em através do site www.conab.gov.br (publicações especializadas – outras publicações).

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Companhia Nacional de Abastecimento

É preciso mencionar também que esta publicação cumpre um papel subjacente muito impor-tante: revelar a todos os interessados, inclusive de outros países, que a liderança brasileira internacional na produção de cana-de-açúcar e na fabricação e comercialização de açúcar e de álcool etílico é decorrente da vocação natural do país nessa área, da imensa tradição acumulada em muitos anos da atividade e na capaci-dade de organização dos agentes econômicos; industriais, comerciantes, agricultores e trabalhadores.

Por fim, a Conab agrade a todos os que colaboraram para esta realização e coloca-se aberta a sugestões e críticas que ajudem a melhorar e ampliar o escopo dessa pesquisa. O compromisso com a con-fidencialidade dos dados e as informações fornecidas e o respeito com nossas fontes de informação serão rigorosamente mantidas.

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INTRODUÇÃO

1 – A NATUREZA DESTE ESTUDO

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab) firmaram em 2005 um ajuste de cooperação e um plano de trabalho para a promoção do acompanhamento sistemático do comportamento das safras agrícolas da cana-de-açúcar no Brasil.

O propósito desse ajuste foi iniciar um trabalho conjunto de recuperação da longa tradição que marca a história do setor do açúcar e do álcool de ser uma das atividades agroindustriais mais estruturadas do agronegócio brasileiro e colocar em disponibilidade grande acervo de informações sobre seu funciona-mento.

O rompimento dos fluxos de informações está vinculado à extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1990, e de todo o amplo processo de redução da intervenção do poder público na esfera pri-vada que se seguiu desde então. A tentativa de reatar esta tradição tem também um novo sentido. Desde o início dos anos 90, o Brasil tem aumentado sistematicamente suas exportações de açúcar e, de uma partici-pação pouco expressiva neste mercado, passou a representar uma parcela próxima de 40% desse comércio nos últimos anos e com tendência a ampliar este índice. Este surpreendente e contínuo crescimento está associado ao processo de redução das políticas públicas para o setor que se seguiu ao fim do IAA, e significou a completa liberação dos mercados da cana, do açúcar e do álcool e a transferência das decisões sobre a pro-dução e o comércio desses produtos para a iniciativa privada, e com o enorme potencial competitivo que este setor dispunha em estado latente e estava represado pelo modelo econômico. Este novo perfil transformou o Brasil no líder inconteste desse mercado, e delegou-lhe a tarefa de manter um comportamento comercial previsível de modo a prevenir crises de oferta, variações desordenadas no comportamento dos preços e uma eventual desorganização da produção. Este estudo, cujo escopo é organizar todos os dados estatísticos cole-tados sem nenhum esforço de interpretação ou crítica dos resultados, faz parte da postura brasileira de ser um parceiro confiável e responsável.

2 – METOLOGIA DE ELABORAÇÃO DO ESTUDO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

O presente estudo foi elaborado exclusivamente com informações recolhidas em entrevistas com funcionários escalados pela administração superior das unidades de produção. Não houve qualquer cruzamento de informações ou alteração dos dados coletados. O único cuidado foi fazer uma revisão geral

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Companhia Nacional de Abastecimento

nos números com o propósito de harmonizar os eventuais erros nas unidades de medida no preenchimento do questionário e também eliminar as raras informações que, por qualquer motivo, não se enquadravam nos padrões conhecidos. Isto significa dizer que os resultados são o produto direto da competência e bom senso do informante e da acuidade do funcionário da Conab no preenchimento do questionário.

Essa forma de coletar informações pode transmitir a impressão de que os resultados são muito frágeis e sujeitos a distorções estatísticas. Entretanto, se o trabalho é feito com seriedade e profissionalismo, esta preocupação não se sustenta. Nesse sentido, o principal argumento para aceitar os resultados divul-gados como bastante verossímeis está na sua consistência com o senso comum de quem atua nesse ramo de atividade e nas publicações de dados semelhantes em outras fontes. Há também outros fatores que per-mitem assegurar sua credibilidade. O primeiro ponto a ser mencionado está no grande número de unidades visitadas e no enorme conjunto de dados coletados. Estatisticamente, pequenos erros eventuais, desde que não sistemáticos, são diluídos na massa dos dados e não têm como alterar, de forma significativa, os resul-tados apurados. O segundo ponto a assegurar a qualidade das informações está no nível de organização desse setor, cuja regra geral é ter um alto padrão administrativo no funcionamento das unidades e controle efetivo dos parâmetros de seu funcionamento, e na designação de membros de seu quadro de gerentes e técnicos habilitados a responder com proficiência às nossas perguntas. Finalmente, é ressaltado o papel dos entrevistadores que, além do elevado padrão profissional, acumulam grande experiência em tarefas desta natureza. É necessário notar que a Conab formou uma larga tradição em pesquisa de levantamento de safras em um considerável conjunto de lavouras, nacionalmente.

No que se refere ao número de informantes, a pesquisa foi programada para incluir todo o uni-verso das unidades de produção de açúcar e álcool em atividade no país, tendo sido coletados dados de 367 unidades. O questionário de captação de dados foi desenhado para coletar o máximo de informações do cotidiano agrícola e industrial dessas empresas e permitir descrever um amplo perfil de funcionamento e das características operacionais das mesmas.

Na análise dos questionários, procurou-se identificar todas as peculiaridades locais e dispor os resultados por estado, grupados em duas grandes regiões geográficas: a região Norte-Nordeste e a região Centro-Sul (que inclui a região Centro-Oeste, a região Sudeste e a região Sul). Os dados estão apresentados de forma estatística, conforme foram coletados, e não foram objeto de qualquer tipo de tratamento analí-tico.

Na apresentação dos resultados o formato escolhido foi a separação de acordo com a natureza da atividade no interior da cadeia produtiva estadual e organizar as informações referentes em fase industrial (Parte I), fase agrícola (Parte II), e inclusão dos dados mais gerais do funcionamento das unidades (Parte III).

Na Parte I, estão concentrados os resultados referentes ao comportamento industrial, ao volume da cana processada, à capacidade média efetiva de processamento industrial e dados sobre o volume médio de moagem das unidades de produção, indicando o grau de concentração da produção nos estados e regiões. Na Parte II, estão dispostos os dados com o perfil da área de cultivo da cana-de-açúcar; a produtividade física medida em quilos por hectare; os calendários locais de plantio e colheita; a forma de realizar a colheita da cana, se através de trabalho manual ou mecanizado; as áreas destinadas à formação de mudas e as áreas pla-nejadas de expansão dos canaviais. Na Parte III, foram consolidadas todas as demais informações, com indi-cadores de como as indústrias operam em seu cotidiano. Nela, estão descritos os parâmetros de rendimento físico por tonelada de cana moída e por unidades de área; a capacidade nominal declarada de moagem e produção de açúcar e álcool etílico, a parcela da cana destinada a cada um dos produtos finais; a distância que separa a cana do ponto de moagem; a distribuição da área do canavial por idade de corte e a capacidade estática de armazenagem.

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Uma observação que se faz necessária é que apesar do exame do que ocorre no âmbito da pro-dução sucroalcooleira, em alguns momentos, é usada a palavra etanol, que tem sido popularizada como um novo combustível automotivo e está, aos poucos substituindo a antiga expressão ‘álcool combustível’. O que ocorre é que o tipo de álcool extraído da cana-de-açúcar é o álcool etílico1 e, do ponto de vista químico, álcool etílico (que é o nosso popular e tradicional álcool, quer seja de uso combustível ou outro uso, inclusive doméstico) e etanol são sinônimos.

3 – BREVE COMENTÁRIO SOBRE O SETOR SUCROALCOOLEIRO NO BRASIL

Ao observar a indústria açucareira da cana-de-açúcar no mundo, constata-se que essa indústria, no Brasil, tem características próprias que a diferenciam de suas congêneres em outros países, especial-mente nos três pontos adiante indicados.

O primeiro ponto relevante está em que a maior parte das indústrias produz uma proporção bastante alta da cana-de-açúcar que processa. Esse indicador está mostrado na Parte II, Capítulo 5, deste estudo ,cujos resultados indicam que tão somente um terço da matéria-prima processada é adquirida de terceiros. O padrão internacional, ao contrário, mantém a atividade agrícola da produção de cana separada da produção industrial. Esse modelo de organização está associado à enorme dimensão territorial do país, à grande disponibilidade de terras férteis e aptas para o cultivo da cana-de-açúcar e a tradição agrária do país. Todavia, este estudo não é o espaço adequado de discussão das vantagens e desvantagens desse modo de organizar a produção.

O segundo ponto relevante está na tradicional diversidade dos produtos comerciais que são fabri-cados a partir do caldo da cana-de-açúcar e dos resíduos sólidos e líquidos da moagem. Destacam-se nesta lista de produtos, além do açúcar e do álcool etílico, a cachaça e a rapadura, produtos extraídos do caldo e produzidos em pequenas fábricas especializadas nesta atividade e a cogeração de energia elétrica gerada com a queima do bagaço. No que diz respeito ao açúcar e ao álcool etílico, a maior parte de sua produção é oriunda de indústrias equipadas para a fabricação de ambos os produtos. Esta característica se estabeleceu a partir da década dos anos 70 como decorrência das políticas macroeconômicas da época, que possibili-taram a criação de programas inovadores e independentes de produção e uso mandatório de álcool etílico como combustível automotivo. Tais programas criaram um grande mercado interno para esse produto e permitiram que o Brasil desenvolvesse um modelo de indústria mista, capaz de destinar parte do caldo da cana-de-açúcar para a produção de açúcar e parte para a fabricação de álcool, sem similar em outros países produtores de cana-de-açúcar.

O desenvolvimento de novas tecnologias de motorização automobilística permitiu introduzir no mercado brasileiro, em 2003, um novo tipo de veículo (flex-fuel) capaz de utilizar como combustível a gaso-lina, o álcool etílico, ou a mistura de ambos em qualquer proporção. Como o álcool etílico combustível tem, no Brasil, preços mais atraentes que a gasolina, este novo veículo tornou-se um sucesso comercial e o ano de 2009 fechou com um total de vendas próximo de 10 milhões unidades, número que representa cerca de 40% do total da frota rodante de veículos leves no país e com tendência a tornar-se o modelo dominante no futuro próximo.

O terceiro ponto de destaque na organização desse setor está na distribuição espacial das uni-dades de produção dentro do território nacional. A posição geográfica brasileira no globo terrestre possibi-

1 Esta designação está associada à sua particular composição dos átomos de carbono e hidrogênio (dois carbonos e quatro hidro-gênios) em sua cadeia molecular. Outras combinações desses átomos produzem outros tipos de álcool, que não têm o uso generalizado como o etílico. Por exemplo, o álcool metílico (metanol), o álcool butílico (butanol) e o álcool propílico (propanol).

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lita a produção de cana-de-açúcar e seus derivados, em um amplo espaço geográfico. A disposição de uma grande porção territorial no sentido norte-sul, concede ao país uma grande diversidade de microclimas que possibilitam a produção, em escala econômica, da maior parte das lavouras comerciais em uso no mundo.

No caso da cana-de-açúcar, suas exigências agronômicas e climáticas facultam seu cultivo, com alto rendimento em sacarose, numa longa faixa geográfica e permitem o funcionamento de unidades de produção de açúcar e álcool que se estendem desde o paralelo 5, no estado do Rio Grande do Norte, até o paralelo 23 de latitude sul, no estado do Paraná, e representam uma distância, em linha reta, de quase 3.000 km. Essa possibilidade de produzir em muitas regiões do país, em diferentes períodos de tempo facilita a manutenção de uma logística de distribuição de álcool combustível com baixo custo de movimentação do produto, e provê, sem maiores dificuldades, o abastecimento de todos os centros populosos que concentram a maior parte da frota nacional de veículos leves.

Como consequência dessa distribuição das unidades produtivas e a combinação estadual dos períodos de colheita da cana, o país mantém, com diferentes intensidades, a produção de açúcar e álcool por, praticamente, todos os meses do ano (conforme descrito no capítulo 4, da Parte II).

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PARTE I

PERFIL DOS ASPECTOS LIGADOS À FASE INDUSTRIAL

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Nesta parte do estudo estão contempladas todas as informações catalogadas no questionário de captação de dados que tratam das características de funcionamento industrial das unidades de produção visitadas em todos os estados que desenvolvem esta atividade. Essas informações, subpartidas em quatro capítulos, incluem o volume da moagem da cana e fabricação dos dois principais produtos dessa atividade (açúcar e álcool etílico), e mostram a capacidade média de produção por estados e por região geográfica e a idade do canavial no momento do corte.

Estão inclusas também informações sobre a importância relativa das unidades de produção de acordo com seu tamanho e volume de cana-de-açúcar processada e, ainda, a proporção das unidades que são especializadas na fabricação de um único produto, açúcar ou álcool etílico, e aquelas que se dedicam à fabricação de ambos.

No tocante aos aspectos regionais, estão incluídas algumas informações sobre as regiões geográ-ficas convencionais (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e também as duas macrorregiões denomi-nadas como Centro-Sul e Norte-Nordeste.

O ponto importante a ser notado está em que existe uma grande quantidade de unidades de produção e grande dispersão de capacidade de moagem da cana e fabricação dos produtos finais em todos os estados. Mesmo as maiores unidades representam apenas uma minúscula fração do total da cana pro-cessada. Isto significa dizer que existe um limite físico natural que impede o gigantismo das unidades e o crescimento ilimitado de sua capacidade de produção. Este limite2 está associado à disponibilidade de cana na periferia da unidade, dentro de um raio onde a distância em quilômetros para o transporte da cana não onere em demasiado o custo dessa matéria-prima. Obviamente, em regiões onde existam unidades concor-rentes menos distantes, que têm como oferecer preços mais elevados para a cana, elas exercem uma inevi-tável atração sobre os produtores independentes das proximidades, dificultando ainda mais a obtenção do produto.

Por esse motivo, é quase impossível haver uma forte concentração industrial neste setor e o pre-domínio exagerado de grandes grupos econômicos.

2 Se for admitido um raio de 20 quilômetros, a partir da unidade de produção, como a distância máxima viável do canavial a ser cortado, e que todas as glebas pertencentes a este perímetro sejam férteis e disponíveis, o volume físico de cana possível de ser produzido nesta área estaria próximo de 10,0 milhões de toneladas. Isto significa dizer que as maiores unidades atualmente em atividade, que pro-cessam de 8 a 9 milhões de toneladas por safra, estão próximas de seu limite físico viável de produção.

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Capítulo 1

PRODUÇÃO FÍSICA DE AÇÚCAR TOTAL RECUPERÁVEL –ATR, AÇÚCAR E ÁLCOOL, POR ESTADO

Neste capítulo estão apresentados os dados que se referem diretamente ao total da cana moída e dos volumes de açúcar e álcool etílico fabricados.

No Quadro I - 1.1, estão consolidados os dados da moagem e produção industrial para todos os estados onde esta atividade está instalada, na safra 2008-09. Além desses dados constam também a pro-dução total e o rendimento industrial médio do caldo da cana medido em ATR (açúcar total recuperável). Esse índice é importante porque, além de variar enormemente entre estados e regiões, mostra quanto produto final, açúcar ou álcool, é possível conseguir com uma tonelada da cana.

O ATR, que representa a quantidade útil de sacarose no caldo da cana, é a matéria-prima básica do processo de fabricação dos produtos finais. Tecnicamente, existe uma relação constante entre a quan-tidade de ATR e do produto final. Atualmente, no Brasil, considerando o padrão tecnológico em uso para o tratamento e purificação do caldo e as perdas que ocorrem no processo industrial, as relações convencionais entre quantidade de ATR e uma unidade do produto final são as seguintes:

Com base nesses dados é possível calcular, nas duas regiões em destaque no estudo, a quanti-dade de cana necessária para produzir um quilo de açúcar ou um litro de álcool:

Obviamente, este rendimento industrial é um importante componente para o cálculo do custo de produção unitário dos produtos finais. Assim, uma vez que o rendimento em ATR está, basicamente, asso-ciado aos fatores climáticos, a maior ou menor vocação regional para a lavoura de cana está automatica-mente determinada e não pode ser modificada. Ou seja, regiões de clima temperado ou com excesso de

Produto Final Unidade de Produção Quantidade de ATRAçúcar 1 quilo 1,0495 quilosÁlcool etílico anidro 1 litro 1,7651 quilosÁlcool etílico hidratado 1 litro 1,6913 quilos

Produto Região Centro-Sul Região Norte-NordesteAçúcar- 1 kg 7,4 kg de cana 7,8 kg de canaÁlcool etílico anidro – 1 litro 12,5 kg de cana 13,0 kg de canaÁlcool etílico hidratado – 1 litro 12,0 kg de cana 12,5 kg de cana

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umidade não são preferenciais para esta lavoura, pois não permitem uma alta concentração de ATR no caldo da cana.

O quadro adiante consolida todas as informações mencionadas3:

No questionário de levantamento aplicado está incluído o item que se refere ao período de fun-cionamento da unidade no período ativo da moagem, e que se desdobra em duas diferentes informações: horas efetivas de funcionamento das moendas e os dias corridos desde o momento inicial das operações até o dia em que cessa o processamento da cana. Os resultados apurados, com as informações declaradas pelos entrevistados, por estado e por região, são os seguintes:

3 Os números da produção apresentados não são aqueles originalmente obtidos no levantamento. Como a visita dos técnicos às unidades de produção foi feita em princípios de dezembro de 2008 e, portanto, num período que antecedia o final do período de moagem, os dados levantados ainda eram uma projeção para a safra integral. Para evitar a duplicidade de informações com o fechamento da safra, foi feita uma pequena correção nos dados coletados de forma a fazê-los coincidir com os dados de fechamento da safra 2008-09, já dispo-níveis.

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Outra forma de apresentar os dados coletados está no volume da moagem da cana de acordo com o ciclo de produção, por estado e por região. Ou seja, a idade, em número de cortes, do canavial cortado. Os dados em toneladas e em participação percentual estão apresentados nos dois quadros adiante:

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Cabe referir, finalmente, que as informações do total da moagem da cana podem ser agrupadas por regiões geográficas que indicam também a participação regional no total da cana processada e a forte predominância da região Sudeste, devida principalmente pela importância do estado de São Paulo e pela inexpressiva parcela de produção da região Norte, onde as con-dições geográficas e de mercado não oferecem atrativos para o cultivo dessa gramínea e a pro-dução de açúcar e álcool etílico:

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Capítulo 2

INDICADORES DA CAPACIDADE EFETIVA DE MOAGEM DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

Neste capítulo é examinada a combinação dos totais produzidos na safra com o período de funcio-namento das unidades, o que permite calcular o volume efetivo de moagem por dia de atividade, por estado e por unidade. No mesmo quadro é mostrada também uma análise mais detalhada da dimensão das unidades de produção e da concentração industrial. Os principais pontos analisados podem ser observados no quadro seguinte, consolidados pelas duas regiões escolhidas:

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Neste ponto cabe fazer um pequeno esclarecimento quanto ao uso de dois diferentes índices na capacidade de moagem para o período de safra, a média aritmética e a mediana, e que têm significados estatísticos diferentes.

A média aritmética representa o ponto da distribuição que torna nula a soma dos desvios em relação à mesma. Em face dessa sua definição ela é influenciada por valores extremos (muito altos ou muito baixos) na amostra. A mediana, ao contrário, é um conceito bastante simples e representa a unidade que ocupa a posição central na lista de todas as unidades. A diferença entre elas indica o quanto a média arit-mética está sendo influenciada pelos valores extremos. Ou seja, quando a média é maior que a mediana, significa que naquele particular estado existe uma concentração maior de grandes indústrias (casos de São Paulo e Mato Grosso). Quando ocorre o inverso, o resultado indica que existe um contingente de pequenas unidades capaz de influenciar para baixo o comportamento da média aritmética (casos de Rio de Janeiro e Maranhão). O significado estatístico da situação em que os dois indicadores estão próximos é que existe uma certa uniformidade na distribuição das unidades e ausência de um conjunto expressivo de unidades muito grandes ou muito pequenas.

As informações apresentadas tornam possível fazer um cotejo de como estava a situação na safra anterior, referente à temporada 2007-08, já publicada pela Conab, e a situação observada na safra 2008-09. Os resultados confirmam o senso comum de que os investimentos realizados pela grande maioria das uni-dades estão aumentando, de forma generalizada, a capacidade média de moagem e fabricação dos produtos finais.

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Capítulo 3

PERFIL DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DE ACORDO

COM O VOLUME DA CANA MOÍDAOutro aspecto que o estudo levantou diz respeito à participação das classes de unidades de pro-

dução medidas pela moagem da cana nesta safra. Os gráficos abaixo, que separam a dimensão das unidades em classes de 500.000 a 1.000.000 de toneladas nas duas regiões escolhidas e no total do Brasil, mostram que existe uma grande dispersão entre a capacidade produtiva das mesmas.

O gráfico que apresenta a proporção da cana moída na safra 2008-09 por indústrias classificadas de acordo com a dimensão nos mostra uma grande dispersão de classes. Um volume de 40,6% é processado em unidades de pequeno e médio porte, com capacidade de até 2 milhões de toneladas por safra, enquanto que as unidades gigantes, com processamento acima de 4 milhões de toneladas, representam 20,5% do total nacional. Esse perfil da distribuição nacional é diretamente influenciado pela composição das unidades pau-listas, que representam 61,5% de toda a cana processada. Ao considerar todos os estados da região Centro-Sul, o gráfico tem um formato quase idêntico ao gráfico nacional:

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No entanto, quando se isola a região Norte-Nordeste, que representa 11,2% da safra nacional, fica evidenciado que a predominância das unidades de produção (39,3% do total da moagem) são as de pequeno porte, com até um milhão de toneladas por safra.

Os dados estatísticos que permitem visualizar a distribuição nacional das unidades de produção estão apresentados nos dois quadros adiante, que mostram os volumes físicos da moagem, por classe de uni-dade de produção e sua representação percentual no total da moagem.

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A partir desses dados de classe é possível construir um quadro com os dados acumulados e que permite observar melhor o nível da concentração industrial em cada estado e a dimensão predominante das unidades. Estes dados estão apresentados nos dois quadros adiante:

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Para fechar este capítulo, é apresentado a seguir o número de unidades correspondentes a cada classe de produção e sua participação percentual.

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Capítulo 4

PERFIL DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DE ACORDO COM O TIPO

O objetivo desta parte do trabalho é estabelecer um perfil das unidades de produção de açúcar e de álcool no Brasil e revelar a natureza dos produtos que fazem parte de suas atividades e a classificação das mesmas de acordo com o volume estimado da cana a ser esmagada na safra 2008-09.

Como já mencionado, um importante ponto a se notar está na predominância industrial das unidades mistas com produção de açúcar e de álcool anidro e hidratado. Essa possibilidade de destinar a mesma matéria-prima (o caldo da cana) para a fabricação de produtos alternativos traduz-se em evidentes benefícios empresariais na gestão desse negócio pois, torna viável dar preferência ao produto que tenha, no momento, a melhor relação custo/benefício. Assim, por exemplo, nas épocas chuvosas e de muita umidade, quando o rendimento em sacarose está com baixos níveis, é preferível atingir o limite máximo de produção de álcool etílico e reduzir ao mínimo necessário a produção de açúcar. Nos períodos secos, quanto o rendi-mento em sacarose está no auge, a decisão pode ser a inversa, privilegiando a produção de açúcar. Isto ocorre desde que esta vantagem técnica não seja contraposta por uma eventual relação de preços que favoreça o produto menos indicado.

Uma questão que é importante esclarecer a respeito dessa possibilidade técnica e econômica vincula-se ao limite da flexibilidade empresarial entre produzir mais ou menos açúcar e, mais ou menos álcool que está à disposição dessas unidades. Como as unidades de produção sempre têm um volume de cana determinado a ser moído no período viável de safra (em torno de seis a sete meses) e uma capacidade nominal diária limitada de fabricação de açúcar e de álcool, não é factível concentrar a produção em um único produto, sob pena de remanescer cana madura e pronta para o corte. Ou seja, as condições operacio-nais do processo produtivo obrigam essas unidades mistas a produzirem, simultaneamente, açúcar e álcool. A margem de substituição entre os dois produtos, quando existe o propósito de moagem de toda a cana disponível no período de safra é, em geral, estimado entre 5% a 10%.

Outra vantagem evidente das unidades mistas está na possibilidade de reaproveitamento do melaço residual, subproduto da fabricação de açúcar que, após passar por um processo de reidratação, pode ser destinado à fabricação de álcool. Esse uso adiciona valor ao melaço, normalmente destinado à alimentação animal, e cujo preço de comércio representa apenas uma fração do preço do produto principal, o açúcar.

Em termos quantitativos, o número de unidades existentes por região encontra-se nos quadros adiante.

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Quando são consideradas as duas principais regiões de produção da cana-de-açúcar, a região Centro-Sul e a região Norte-Nordeste, observa-se a forte predominância das unidades mistas em ambas as regiões. Da mesma forma, a dimensão média dessas unidades, medida pelo volume de cana processado na safra, é significativamente maior que nas unidades que se dedicam à fabricação de um produto singular. Este fato pode ser observado nos dados das tabelas que mostram que as unidades mistas representam 61,6% do total de unidades e, no entanto, são responsáveis pela moagem de 82,9% da estimativa da cana colhida na safra. No caso das destilarias, ao contrário, elas representam 33,5% do total das unidades em atividade e somente 14% do total da cana processada.

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Capítulo 5

PROCEDÊNCIA DA CANA COLHIDA POR ESTADO E REGIÃO

Neste capítulo estão apresentados os dados relacionados à procedência da cana, se de produção própria das unidades de produção ou adquirida de agricultores independentes. A cana originada nas próprias usinas está referida como “área de produção sob controle das unidades de produção”. Esta forma de abordar a questão é necessária porque os números da cana de produção própria incluem a cana cultivada em terras de propriedade das unidades e também a parcela da cana, cujo montante não é conhecido, que é cultivada por elas em terras arrendadas de terceiros. As indústrias se encarregam de todas as tarefas agrícolas neces-sárias para a produção, como se fosse em suas propriedades próprias, e pagam pelo uso da terra.

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PARTE II

PERFIL DOS ASPECTOS LIGADOS À FASE AGRÍCOLA

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Nesta parte do estudo estão apresentados os dados, catalogados no questionário, que dizem respeito aos aspectos da atividade agrícola na produção da matéria-prima processada nas unidades de pro-dução visitadas em todos os estados que desenvolvem esta atividade. Essas informações estão dispostas em oito diferentes capítulos tratando de diferentes ângulos desse elo da cadeia produtiva.

No Capítulo 1 é mostrado um perfil da área efetivamente colhida na safra 2008-09, por estado e por região. A área total está distribuída de acordo com a idade, em número de cortes, que os canaviais apre-sentavam nesta safra.

Esta questão da área de cultivo de cana-de-açúcar no Brasil necessita de alguns comentários para sua melhor qualificação. Essa gramínea, por sua característica de lavoura semiperene, permite seu aproveita-mento agronômico por vários ciclos consecutivos antes de sua erradicação e substituição por novas mudas. Todavia, seu primeiro ciclo, do plantio à fase de maturação, se prolonga por um período que varia de 12 meses a 18 meses, dependendo da variedade genética utilizada e seu grau de precocidade. Nos ciclos subsequentes o período de maturação é semelhante e próximo de doze meses, permitindo o corte anual. O número de cortes que é feito em sua vida produtiva depende da queda de rendimento físico ao longo dos ciclos suces-sivos e da vantagem econômica que a renovação do canavial oferece. Em condições normais, e se não houver uma perda muito acentuada no estande de plantas por causa de problemas de clima ou de manejo, este número está em torno de cinco, na maioria dos estados. A produtividade média dos canaviais por idade de corte e por estado é apresentada no capítulo 2.

Quando a renovação dos canaviais é feita com variedades de ciclo precoce, em torno de doze meses, não há interrupção na colheita na safra subsequente. Esse tipo de renovação sempre é feito no período normal de colheita (junho a novembro, na região Centro-Sul) para facultar que no ano seguinte, na mesma ocasião, a cana esteja madura e pronta para o novo corte. Entretanto, as variedades de ciclo curto são menos produtivas que aquelas de ciclo e ocupam sempre uma fração pequena do total da área de corte, conforme consta no Quadro II – x-1.

No entanto, a renovação com variedades de ciclos médio e longo requer que o canavial recém plantado permaneça uma temporada de safra sem ser cortado. O momento do plantio deste novo canavial em um determinado ano-safra deve ser programado de forma que a maturação da nova cana ocorra no período de colheita da cana da safra subsequente. Por isso, o período convencional de plantio dessas varie-dades, na região Centro-Sul, se concentra nos meses de janeiro a maio de um determinado ano, possibili-tando seu corte dentro do período de colheita da safra seguinte.

Em face dessa característica peculiar da cana-de-açúcar, a apresentação dos dados da área sempre está referida como área de corte que é diferente da área de cultivo. A área de cultivo correta precisa separar a área de corte da área dos canaviais que, por motivos variados, não foram cortados. E tal distinção não é usualmente feita nas estatísticas de área ocupada com essa gramínea. Uma estimativa dessas áreas consta do Quadro II – 1.9, do Capítulo 9.

Nesta parte do trabalho são apresentados também os dados referentes à produtividade física da cana de acordo com a idade de corte; o calendário de plantio das canas novas de renovação e de expansão dos canaviais; o calendário estadual de colheita e moagem; a participação das áreas de domínio das uni-dades de produção e de produtores independentes, denominados, na tradição brasileira, de fornecedores; o sistema de colheita utilizado, se de corte manual ou de corte mecanizado; a área destinada à formação de mudas e, finalmente, a área declarada de expansão e renovação dos canaviais, por estado, inclusive com a participação das lavouras erradicadas que cedem espaço para a nova cultura.

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Capítulo 1

PERFIL DA ÁREA COLHIDA NA SAFRA 2008-09, POR ESTADO E REGIÃO,

DE ACORDO COM A IDADE DO CANAVIAL

Neste capítulo estão apresentados os dados sobre a área declarada de corte da cana-de-açúcar na safra 2008-09. No Quadro II – 1.1 constam as áreas correspondentes às canas de 1º corte colhidas onde são separadas as variedades precoces das variedades médias e tardias nas áreas de renovação e nas áreas de expansão. Esta separação é, estatisticamente, interessante porque permitirá observar as características dos canaviais brasileiros e também a taxa de crescimento dessa lavoura nas unidades visitadas.

Os dados da colheita da cana de 1º corte são os seguintes:

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Se a apresentação desses dados for reorganizada, poderá se observar a proporção da cana de variedades precoces das demais variedades de ciclos mais longos, as quais têm a preferência dos planta-dores, especialmente na região Centro-Sul. Essa preferência está associada ao rendimento físico por unidade de área (como pode ser visto no próximo capítulo), dos benefícios econômicos projetados e do manejo do canavial, que precisa ter disponível cana madura e pronta para o corte por todo o longo período da colheita, conforme mostrado no Capitulo 4.

No quadro adiante estão apresentados os dados referentes às canas de todos os demais cortes, em volume e em participação percentual:

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A partir das informações acima é possível construir um quadro comparativo das idades de corte observadas na safra 2008-09 com a safra anterior, 2007-08, e também a idade média dos canaviais, medida em anos de corte. Neste quadro, observa-se que os dados dos dois anos-safra considerados são muito seme-lhantes:

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Capítulo 2

PRODUTIVIDADE FÍSICA DO CANAVIAL, POR ESTADO E REGIÃO,

DE ACORDO COM A IDADE DO CORTE

Neste capítulo são apresentados os dados sobre o comportamento da produtividade física dos canaviais, medida em toneladas por hectare.

No quadro disposto adiante, estão separados os números do primeiro corte da cana, que é maior do que os cortes posteriores da chamada “cana soca”. Eles se referem ao tempo de maturação das varie-dades utilizadas, onde fica evidenciado o ganho proporcionado pelo material genético de ciclo mais longo na região Centro-Sul. Na região Nordeste, o comportamento das variedades precoces e não-precoces não mostra variação significativa entre si.

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No quadro seguinte, são mostrados os dados do comportamento da produtividade média de acordo com a idade de corte, desde o primeiro corte até as canas com mais de 5 cortes e a perda paulatina de produtividade de acordo com o envelhecimento. Nesse quadro, observa-se também a produtividade média de todo o canavial, por estado produtor, evidenciando que as condições agronômicas locais se constituem em fator importante na determinação desse valor.

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Capítulo 3CALENDÁRIO DE PLANTIO POR ESTADO

Neste capítulo estão apresentados os resultados referentes ao calendário de plantio das uni-dades de produção. O questionário de captação de dados argui o entrevistado sobre o percentual da cana que é plantada a cada mês do ano-safra e também qual é o programa de plantio para as áreas de expansão de novos canaviais e renovação dos canaviais já existentes. A consolidação dos percentuais por mês para todos os estados produtores é apresentada adiante, para os dois semestres do ano civil:

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Com base nesses percentuais e na programação informada dos novos plantios no ano-safra, pode-se calcular o volume de canas novas que devem ser plantadas no decorrer do ano-safra, tanto nas áreas de expansão como de renovação. Esses números constam nos Quadros II – 2.3 e II – 3.3:

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Capítulo 4CALENDÁRIO DE COLHEITA POR ESTADO

Da mesma forma que no caso do plantio, o questionário traz a informação do percentual mensal da colheita para todos os estados produtores. Como também está disponível o volume total colhido na safra, pode-se calcular o montante mensal da cana que é colhida e processada pelas unidades de pro-dução. Inicialmente, são apresentados os percentuais da colheita mensal dos estados e regiões, conforme abaixo:

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Nos dois quadros adiante estão calculados os volumes físicos da colheita mensal, dos estados e das regiões:

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Capítulo 5

ÁREA DE COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR

DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO E DOS FORNECEDORES POR ESTADO E REGIÃO

Neste capítulo são mostrados os dados referentes à cana-de-açúcar originada de produção das próprias unidades de produção e daquela adquirida de agricultores independentes (fornecedores). A cana originada de produção das próprias usinas está referida como ‘cana própria’. É importante observar que não se deve confundir a cana de produção própria com a cana produzida em terras de propriedade das unidades. Uma parte importante da cana, cujo montante não é conhecido, é cultivada em terras arrendadas de ter-ceiros. As indústrias se encarregam de todas as tarefas agrícolas necessárias para a produção, como se fosse em suas propriedades próprias, e pagam pelo uso da terra. Os agricultores independentes se encarregam de cuidar, por seus próprios meios, da produção da cana que é vendida às unidades de produção. No entanto, em geral, a colheita e o transporte da cana madura são feitos pelas unidades de produção, de acordo com sua programação de moagem.

Os dados, por estado e região, que indicam a área dessas duas classes de agentes estão descritos no Quadro II – 1.5.

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A partir das informações sobre a área total de colheita das unidades de produção e agricultores independentes é possível calcular a área média da cana que é processada por cada unidade, nos estados pro-dutores, conforme mostrado no quadro adiante:

Um aspecto a ser notado neste caso é que, com exceção dos estados com pouca tradição nessa atividade, a área cultivada de cana das unidades, por estado, em média, está em padrões bastante próximos entre si e variam no intervalo entre 10 a 20 mil hectares de cultivo. Esse fato indica que existem padrões que otimizam os ganhos de escala de produção e apropriação das externalidades no dimensionamento agrícola e industrial das unidades.

Outra informação inclusa no quadro apresentado se refere às áreas de corte associadas às três maiores unidades de produção dos estados produtores e das regiões consideradas. Os números revelam que as maiores unidades que, conforme mencionado na apresentação da parte II, estão próximas de seu limite viável de crescimento estão muito acima dos padrões médios, especialmente nos maiores estados produ-tores da região Centro-Sul.

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Capítulo 6SISTEMA DE COLHEITA UTILIZADO POR ESTADO

Neste capítulo são apresentados os dados coletados sobre o sistema de colheita da cana, através do método tradicional de corte manual e carregamento da cana inteira dos caminhões com o uso de guin-chos mecânicos ou através de colhedeiras mecânicas e transporte da cana picada em pequenos toletes, em carretas apropriadas para esta tarefa. O ponto central da discussão sobre esse assunto está na necessi-dade da queima da palha previamente ao corte quando o sistema é manual, fato que provoca a emissão de gases. No caso da colheita mecânica essa queima não é necessária, apesar de que, se a cana for previamente queimada, o rendimento da máquina aumenta e facilita o processo. Nesse caso, ocorre a perda da palha da mesma forma que na colheita manual.

As questões ambientais associadas ao sistema de corte da cana, se manual ou mecanizado, são um assunto na agenda de discussão de vários estados. Isso decorre do fato de que na colheita manual a queima prévia da palha é essencial para facilitar a tarefa de corte e aumentar em quase três vezes a quan-tidade diária de cana que poderia ser cortada sem o uso da queimada, além de reduzir o esforço físico des-pendido no trabalho. No entanto, a fumaça, os gases e o material particulado que emanam dos incêndios controlados criam problemas ambientais que têm provocado ampla discussão sobre seus efeitos sobre a saúde humana da população circunvizinha e a forma de equacionar esse assunto.

Como o corte da cana crua, em face das dificuldades operacionais que apresenta e pela resis-tência dos cortadores em aceitar esse tipo de trabalho, não é uma opção viável, a alternativa que resta está na colheita mecânica com o uso de colhedeiras especialmente desenhadas para este fim. Os números cole-tados nas unidades de produção visitadas estão consolidados no quadro adiante:

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De acordo com as informações declaradas pelos interlocutores das unidades de produção, o pro-cesso de substituição do corte manual pelas máquinas está ocorrendo de forma bastante rápida e já repre-senta 42,8% do total da área de corte na safra 2008-09 na região Centro-Sul. Nos estados da região Nordeste, onde existe maior disponibilidade de mão-de-obra e as áreas de produção são acidentadas e com declives acentuados (especialmente no estado de Pernambuco), essa transformação está apenas em seu início.

Os números referentes à quantidade de colhedeiras em uso, conforme declarado nos questio-nários, e uma simulação de sua capacidade operacional são mostrados no Quadro II – 2.6, a seguir. Os dias efetivos de operação de cada máquina foram estimados como sendo 90% dos dias corridos de moagem, conforme apresentado no Capítulo 2, da Parte I:

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No que diz respeito ao corte manual, como não há dados sobre a quantidade de trabalhadores utilizados na safra, foi necessário que se assumissem alguns pressupostos que permitiram simular o número de cortadores em atividade nos estados produtores e a quantidade de indivíduos que são substituídos com a entrada em operação de uma nova máquina. Nesse sentido, admite-se que a semana de trabalho é de cinco dias úteis e que a quantidade média da cana cortada por dia de trabalho está entre 7 a 8 toneladas diárias, de acordo com o estado. Os resultados são apresentados no quadro seguinte:

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Dos resultados encontrados, apontam-se para dois pontos importantes: o primeiro diz respeito ao número de cortadores em atividade na safra 2008-09, estimados em 297.256 pessoas, que é muito seme-lhante ao cálculo feito para a safra 2007-08, estimado em 303.777 trabalhadores. A semelhança entre os números indica que o crescimento do total da área de cana colhida, praticamente, compensou o aumento do número de máquinas colhedoras em atividade. Em segundo, a quantidade estimada de cortadores que são substituídos por cada máquina adicionada no processo é de 95 indivíduos na região Centro-Sul e 76 na região Norte-Nordeste. Ou seja, a mudança provoca a perda de uma grande quantidade de postos de tra-balho para uma classe de trabalhadores com poucas opções de emprego. Esta é uma questão que necessita estar na agenda das autoridades públicas encarregadas da gestão dessa matéria e na busca de soluções que, ao mesmo tempo, protejam o meio ambiente e favoreçam a reciclagem dos trabalhadores desempregados, que necessitam garantir sua renda e amparar seus familiares.

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Capítulo 7 ÁREA DE CULTIVO DE MUDAS POR ESTADO

A renovação periódica e a expansão dos canaviais requerem a disponibilização de mudas de boa qualidade e do material genético adequado para o plantio. A consecução de um estande adequado de plantas está associada à quantidade de gemas viáveis que os colmos das mudas apresentam. Dessa forma, a quan-tidade de mudas necessária para o plantio de um hectare de cana-de-açúcar pode variar de 12 a 15 toneladas por hectare. Para facilitar a realização desse procedimento, todas as unidades de produção dispõem de áreas próprias de cultivo de mudas, de acordo com suas necessidades. Essas áreas, coletadas nos questionários, e a quantidade de cana disponível para plantio estão apresentadas no quadro abaixo.

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Observamos que como a cana oriunda dessas áreas não é destinada à moagem, com exceção das mudas descartadas, tais áreas, apesar de não fazerem parte das áreas de corte, devem ser incluídas nas esta-tísticas de área cultivada. Esse total que monta em 164.603 hectares em todo o país, representa 2,3% da área total de corte. Outro ponto a ser notado está na relativamente baixa produtividade média dessas áreas. Isto se deve a que as mudas utilizadas, em geral, são bastante jovens (em torno de 10 meses) e têm alto poder germinativo. O total informado da produção de mudas, em torno de 13 milhões de toneladas, é suficiente para o plantio aproximado de 1 milhão de hectares de novos canaviais.

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Capítulo 8

ÁREA DE EXPANSÃO DOS CANAVIAIS,POR ESTADO E REGIÃO,

PROGRAMADA PARA A SAFRA 2008-09

Neste capítulo são apresentados os dados referentes aos planos de crescimento da área de cana e plantio de novos canaviais, conforme já apresentado no Quadro II – 3.3.

Em condições normais, a cana-de-açúcar não tem, na tradição brasileira, o papel de lavoura pio-neira em áreas virgens da fronteira agrícola. Dessa forma, os planos de expansão para esta safra das uni-dades de produção visitadas seguem o padrão tradicional e se expandem, na quase totalidade, em áreas já ocupadas por outras atividades agropecuárias. Para conhecer um pouco melhor a natureza desse processo, foram incluídas no questionário algumas dessas atividades agropecuárias que pudessem indicar o papel das principais culturas que estão sendo substituídas, inclusive sua participação percentual. Estes números, por estado, constam nos Quadros II – 1.8 e II – 2.8.

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Para o plantio ocorrido em novas áreas este ano os dados foram apresentados pelos próprios res-ponsáveis e indicam o tipo de atividade que existia nas novas áreas ocupadas. O total declarado para a região Centro-Sul, de 414.605 mil hectares, representa 6,9% do total da área de cana nessa região (estimada em 7,06 milhões de hectares, conforme Quadro II – 1.5) e inferior ao declarado na safra anterior.

Como pode ser observado no Quadro II – 1.8, a atividade substituída predominante foi pastagem bovina com 328.540 hectares e 79,24% do total. Como a área estimada de pastagem no Brasil está próxima de 170 milhões de hectares, de acordo com o censo de 2006, do IBGE, a fração substituída significa 0,2% desse total. Em seguida, vêm a soja e o milho, com 9,1% e 2,8%, respectivamente. Esses dados confirmam o senso comum dos especialistas que acompanham a atividade sucroalcooleira e revelam que as áreas de produção de alimentos substituídas, particularmente soja e milho, com um total de 49.200 hectares, representam apenas uma fração ínfima da área brasileira dessas lavouras, estimada em 36 milhões de hectares na safra 2008-09. Esses números podem ser observados no gráfico abaixo que mostra a participação das lavouras substituídas para o total do país:

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Em resumo, os dados acima indicam que o processo de expansão do plantio de novos canaviais segue o mesmo padrão dos anos anteriores, podendo-se notar que a nova área a ser incorporada neste ano-safra é 31,4% menor do que a mesma área na safra passada.

Nessas condições, a taxa de crescimento das novas áreas de cana nos anos recentes ocupando, principalmente, áreas de pecuária não parece ser suficiente para modificar o panorama agrícola e pecuário do país. As questões que merecem ser examinadas com mais cautela referem-se às mudanças na paisagem local que a construção de novas unidades de produção e o crescimento dos canaviais provocam e cujos efeitos positivos e negativos devem ser objeto de discussão com as representações comunitárias e autori-dades locais envolvidas.

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Capítulo 9

ESTIMATIVA DA ÁREA TOTAL OCUPADA COM CANA-DE-AÇÚCAR,

POR ESTADO E REGIÃO

Neste capítulo, que encerra a apresentação dos dados sobre os aspectos agrícolas da cadeia sucroalcooleira, é feita, a partir dos dados coletados em nosso levantamento, uma estimativa da área total ocupada com cana de açúcar para todos os estados que desenvolvem esta atividade no país. Observa-se que os números dispostos adiante referem-se ao total da área da cana-de-açúcar destinada à atividade sucro-alcooleira. Portanto, tais resultados não incluem áreas dessa gramínea que tenham destinos alternativos como a produção de rapadura, cachaça e alimentação animal.

Como é mostrado nos quadros adiante, o total cultivado com essa matéria-prima, em decorrência de vários fatores, é maior do que a parcela que é cortada e processada a cada ano safra. Os números apre-sentados são inéditos, pois as demais fontes que divulgam dados da safra de cana-de-açúcar não fazem este tipo de decomposição.

O quadro seguinte apresenta um resumo de como estão distribuídas as áreas agrícolas ocupadas com cana em todos os estados produtores e que não foram destinadas ao corte e moagem. Os dados apre-sentados nas colunas 1, 3 e 4, referem-se aos volumes informados nos questionários e os resultados repro-duzem as informações declaradas pelas unidades de produção nas entrevistas. No que se refere ao disposto na coluna 2, área de renovação com variedades de ciclo médio e longo, os dados não estão disponíveis e foram estimados a partir dos volumes da cana colhida de 1º corte, conforme mostrado no Quadro II – 2.1:

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Uma vez calculada a área da cana-de-açúcar vinculada ao setor sucroalcooleiro que não foi cor-tada e processada na safra, é possível montar um quadro congregando as áreas de cana associadas ao setor sucroalcooleiro e dimensionar a área total de cana-de-açúcar ocupada na safra 2008-09:

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PARTE III

INDICADORES DAS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SAFRA 2008-09

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Esta parte do estudo levanta algumas informações sobre o cotidiano operacional das unidades de produção por estado que, em decorrência de suas características e importância no funcionamento do processo produtivo, foram separadas das fases industrial e agrícola.

Inicialmente, no Capítulo 1, foram calculados os rendimentos médios agrícola e industrial por tonelada de cana e por hectare. Esses cálculos revelam que a vocação dos estados para a produção de cana-de-açúcar, açúcar e álcool varia bastante e concede a alguns estados um rendimento físico muito superior às médias regionais.

No Capítulo 2, é feito um esforço para mensurar a capacidade nominal instalada das unidades de produção e a intensidade de utilização dos equipamentos disponíveis.

No Capítulo 3, são apresentados os dados sobre a viagem que a cana tem que fazer desde o ponto de coleta até as moendas das unidades.

No Capítulo 4, é calculada a idade média dos canaviais nos estados produtores e, no Capítulo 5 está mensurada a capacidade estática de armazenamento de álcool à disposição das destilarias.

No Capítulo Final, foram incluídas algumas informações que têm caráter ilustrativo e comple-mentar, como a lista dos trinta principais municípios que concentram a atividade de moagem e produção de açúcar e álcool; e os gráficos de barras com o total da moagem da cana por unidade na safra 2008-09, nas várias regiões de produção.

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Capítulo 1

RENDIMENTO MÉDIO POR UNIDADE DE PRODUTO E DE ÁREA, POR ESTADO E REGIÃO

Os números apresentados abaixo indicam como foi a destinação da cana na temporada 2008-09 para a fabricação de açúcar e álcool e qual a produção predominante nos estados. Como pode ser obser-vado no quadro, com exceção dos estados do Nordeste, que têm longa tradição na produção de açúcar como Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, todos os demais apresentam uma tendência de destinar mais matéria prima para a produção de álcool do que para a produção de açúcar. Essa tendência é mais acentuada nos estados da região Centro-Oeste e no estado de Minas Gerais, onde está se localizando boa parte das novas unidades de produção. No estado de São Paulo, maior produtor e líder do processo de expansão, essa tendência alcooleira não se manifesta com a mesma intensidade.

A capacidade que cada região tem de produzir uma determinada quantidade de açúcar ou álcool a partir de um hectare de lavoura de cana depende do rendimento agrícola e do rendimento industrial obtido. O rendimento agrícola é medido em toneladas por hectare de cana. Essa produtividade de campo depende não apenas do comportamento do clima, mas também da qualidade do solo, do material genético utilizado e dos tratos culturais aplicados. O rendimento industrial apurado é medido pela quantidade de ATR (açúcar total recuperável) que é obtido por tonelada de cana. Este índice está diretamente associado ao comporta-mento do clima que interfere no grau de concentração de sacarose que a planta consegue realizar.

A cana-de-açúcar, planta rústica da família das gramíneas e muito resistente às condições de clima, pode ser produzida em muitos ambientes. Os requerimentos climáticos que facilitam seu desenvol-vimento vegetativo incluem um nível de precipitação pluviométrica anual entre 1.100 a 1.500 milímetros e uma amplitude térmica entre 21 a 34 graus centígrados. Entretanto, o grau de concentração de sacarose depende de fatores climáticos como baixas temperaturas ou estresse hídrico quando a planta já atingiu sua maturidade. O efeito desses fatores provoca o repouso vegetativo da planta que passa a acumular sacarose em seu caldo. Esse processo é muito semelhante ao que ocorre com a uva, que precisa de clima propício para concentrar frutose e possibilitar a fermentação natural de seu caldo e a produção de vinho.

Ou seja, se produzir cana é fácil, produzir sacarose em abundância depende mais da natureza do que da ação do homem. Assim, o quadro a seguir, que calcula a quantidade de açúcar e de álcool que é produ-zido por estados, de acordo com os dados coletados, indica também onde estão as regiões mais vocacionadas para o cultivo produtivo da cana de açúcar.

Os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, que têm verões chu-

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vosos e invernos frios, são as regiões mais produtivas. A região Nordeste, com temperaturas mais quentes e com amplitude térmica menor ao longo do ano, e o estado do Amazonas, como região quente e muito úmida, têm rendimentos em açúcar e álcool muito menor que os outros estados mencionados. As produti-vidades físicas médias de campo e o rendimento em ATR, por estado, estão especificados nos Quadros II – 1.2 da Parte II e I – 1.1 da Parte I, respectivamente. Para as duas grandes regiões consideradas, os números são os seguintes:

Com condições ambientais e climáticas mais favoráveis, além de dispor de maior variedade e qualidade de material genético para suas lavouras, 92% das novas áreas de produção e a maior parte das novas unidades de produção estão atualmente instaladas nos estados da região Centro-Sul, especialmente São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, e sem previsão de que a direção deste movi-mento venha a se modificar num futuro previsível.

A partir desses dados de rendimento agrícola e industrial por estado é possível calcular a par-cela da cana-de-açúcar moída destinada à fabricação de açúcar ou álcool no processo de industrialização. A elaboração desses cálculos é feita a partir da mensuração do volume total de açúcar total recuperável (ATR) utilizado na fabricação do açúcar e do álcool e do volume de ATR necessário para a produção de um quilograma de açúcar (1,0495 kg), de um litro de álcool etílico anidro (1,7651 kg) e de álcool etílico hidratado (1,6913). A multiplicação do total do açúcar e do álcool (etílico e hidratado) produzido por esses indicadores das quantidades unitárias nos informa a quantidade total de ATR destinada à fabricação de cada um dos produtos finais. A divisão desses totais destinados a cada produto pelo volume médio de ATR obtido em cada estado indica o volume da cana processada e destinada a cada um daqueles produtos. Estes cálculos estão apresentados no quadro adiante:

Região Produtividade física (ton de

cana/ha)

Rendimento em ATR (kg/ton de

cana)

Quantidade total de ATR por hectare

(kg)Centro-Sul 84,3 141,7 11.945,3Norte-Nordeste 65,8 133,8 8.804,5Brasil 81,4 140,7 11.453,0

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Outro indicador relevante na análise de desempenho do setor está na quantidade de produto que é possível obter por tonelada de cana processada. Esse cálculo é feito através da divisão da quantidade de cana-de-açúcar destinada a cada um dos produtos finais pelo volume total da produção obtida de cada um deles. Os resultados encontrados, por estado, são os seguintes:

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Da mesma forma, se a produção por tonelada de cana-de-açúcar processada for multiplicada pelo volume dessa matéria-prima obtido em cada hectare de lavoura, encontra-se o volume total de cada produto que é obtido na mesma unidade de área. Esse indicador é bastante relevante porque indica o volume da receita total que é possível obter em cada hectare colhido dessa gramínea.

Esses dados são mostrados no Quadro III – 3.1 e revelam que a ação combinada da tecnologia agrícola e industrial em uso, do manejo da lavoura e dos fatores climáticos é decisiva para gerar os resultados econômicos dessa atividade.

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Capítulo 2

CAPACIDADE NOMINAL DE MOAGEM DE CANA E PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOLDAS UNIDADES DE PRODUÇÃO POR ESTADO

As unidades de produção de açúcar e/ou álcool constituem-se num complexo produtivo que pre-cisam associar sua capacidade de moagem e sua capacidade de processamento industrial do caldo obtido com a quantidade de cana disponível para ser colhida ao longo do período de safra, medido em dias de fun-cionamento. Esse período pode ser mais curto ou mais longo dependendo do volume da cana disponível para corte, das paradas das máquinas por motivos técnicos ou falta de matéria-prima por excesso de chuva ou falha de programação e da capacidade nominal dos equipamentos em uso.

Por esse motivo, a forma adequada de conhecer um limite máximo de produção está na men-suração de sua capacidade nominal diária, que permite calcular, ao final da safra, o nível efetivo de utili-zação de todos os equipamentos. Dessa forma, no questionário de coleta está previsto o levantamento das informações sobre a capacidade diária de processamento da cana e extração do caldo, bem como a fabri-cação dos produtos finais. A posse desses dados permitiu a construção dos quadros adiante, que apresentam essa capacidade para os estados em todo o período da safra, conforme os dias de atividade informados no Quadro I –1.2, da Parte I; a capacidade diária total do estado e também a capacidade média por unidade. Esses números são os seguintes:

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A disponibilidade dessas informações permite fazer um cotejo com a cana-de-açúcar efetiva-mente moída no período da safra e também com a quantidade de álcool etílico anidro e hidratado produzido. Os números encontrados medindo o percentual de utilização da capacidade instalada por estado constam no quadro adiante:

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Capítulo 3

DISTÂNCIA MÉDIA DOS CANAVIAIS ATÉ A UNIDADE DE PRODUÇÃO,

POR ESTADO E REGIÃO

O questionário de coleta de informações argui nosso interlocutor sobre a distância aproximada das áreas de corte da cana colhida até o ponto de recepção na unidade. O propósito de apuração desse indi-cador decorre do fato de que o transporte da cana, em face de seu peso e volume, não pode ultrapassar dis-tâncias que importem num gasto exagerado de frete no preço final do produto.

Por esse motivo, os canaviais, próprios ou de agricultores independentes, tendem a estar nas áreas circunvizinhas das unidades de produção, como pode ser visto no quadro adiante:

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Os dados coletados permitiram estimar que essa distância, em média, está próxima de 24,6 km na região Centro-Sul e 15,2 km na região Norte-Nordeste e que o montante da mesma, que está mais distante do ponto de recepção (acima de 40 km), é uma fração pequena do total. Nos estados da região Nordeste, onde as condições geográficas limitam as áreas aptas ao plantio da cana na região litorânea, essas distâncias são, naturalmente, mais curtas, como pode ser observado no quadro apresentado.

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Capítulo 4

IDADE MÉDIA DOS CANAVIAIS POR ESTADO E REGIÃO

As condições peculiares de exploração da atividade canavieira no Brasil permitem aos produtores uma sequência de cortes anuais da cana a partir do primeiro corte, quando a cana, depois de cumprir seu período de crescimento vegetativo, que varia de acordo com sua linhagem genética, está pronta para ser uti-lizada. Os dados sobre a proporção da cana por número de cortes são mostrados na Parte II, Quadros II – 2.1 e II – 3.1.

Como o questionário traz a informação sobre a fração da cana cortada por idade de corte, é pos-sível calcular a idade média dos canaviais, em meses, desde o plantio, ou em número de cortes já realizados. Os números são os seguintes:

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Capítulo 5

CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO DE ÁLCOOL POR ESTADO E REGIÃO

Outra informação coletada no levantamento refere-se à capacidade de armazenamento de álcool das unidades de produção. Os números mostram que a capacidade disponível de armazenamento atual, de 13,9 milhões de metros cúbicos, representa 50,3% do total da produção da safra. Esta informação informa que o país tem uma situação confortável para a estocagem de álcool etílico combustível no período de janeiro a abril de cada ano, quando a moagem da cana e a fabricação desse produto caem para níveis bastante baixos e são insuficientes para atender à demanda desse combustível. Os números coletados são os seguintes:

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Capítulo Final

PRINCIPAIS MUNICÍPIOS PROCESSADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR E COLEÇÃO DE GRÁFICOS

COM A MOAGEM DA CANA NOS PRINCIPAIS ESTADOS E REGIÕES

Finalmente, como ilustração final deste estudo, está apresentado adiante um panorama de pro-dução por município onde estão instaladas as unidades de produção e os gráficos mostrando o total da cana moída por cada unidade de produção na safra 2008-09, separadas nas áreas de mais expressão: 1) estado de São Paulo; 2) todos os estados da região Centro-Sul, exceto São Paulo; total da região Centro-Sul; total da região Norte-Nordeste e o total do Brasil.

Os 30 principais municípios brasileiros processadores de cana-de-açúcar, fabricantes de açúcar e de álcool são os seguintes:

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Nos gráficos apresentados adiante consta o volume da cana moída por unidade de produção, de acordo com o estado ou região.

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