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    FACULDADE SUMAR.2. SEMESTRE DE PEDAGOGIA.PSICOLOGIA DA EDUCAO.

    LIVRO: A CRIANA E O NMERO.CONSTANCE KAMII. CAMPINAS: EDITORA PAPIRUS, 1990.

    CAPITULO: APNDICE: A AUTONOMIA COMO FINALIDADE DAEDUCAO: IMPLICAES DA TEORIA DE PIAGET. (paginas 103 a 124).

    Em um dos livros de Piaget,O julgamento Moral da Criana,publicado em

    1932, discorreu sobre a importncia da moralidade autnoma. Autonomia significa ser

    governado por si prprio. o contrrio de heteronomia, que significa ser governado por

    outrem.

    Esse Apndice est dividido em trs partes:

    1) autonomia moral;2) aspecto intelectual da autonomia;

    3) autonomia como finalidade da educao.

    AUTONOMIA MORAL.

    Piaget deu exemplos comuns sobre a autonomia moral. Em suas pesquisas

    perguntava s crianas de 6 a 14 anos se era pior dizer mentira a um adulto a outra

    criana. As crianas pequenas sistematicamente afirmavam que era pior dizer mentira a

    um adulto.

    Quando perguntadas por que? explicavam que os adultos podem saber

    quando que uma afirmao no verdadeira. As crianas maiores, ao contrrio,

    tendiam a responder que, algumas vezes, se sentiam foradas a mentir para aos adultos,

    mas que era maldade faze-lo com outras crianas. Este um exemplo do aspecto moral

    da autnoma. Para as pessoas autnomas, as mentiras so ruins, independentemente do

    fato das pessoas serem descoberta ou no.

    Em condies ideais, a criana torna-se progressivamente mais autnoma

    medida em que cresce e, ao tornar-se mais autnoma, torna-se menos heternoma. Ou

    seja, medida em que a criana torna-se apta a governar-se, ela menos governada por

    outras pessoas.

    Na realidade, a maioria dos adultos no se desenvolve dessa foram ideal. A

    grande maioria interrompe seu desenvolvimento num nvel baixo como se v pela linha

    contnua no quadro. Piaget (1948) disse que so raros os adultos verdadeiramente

    morais. Esta observao pode ser facilmente confirmada em nossa vida diria. Os

    jornais relatam histrias sobre corrupo no governo e sobre roubos, assaltos e

    assassinatos.

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    Heteronomia Desenvolvimento Ideal

    Autonomia Desenvolvimento da maior parte dos

    adultos.

    Nascimento Idade Adulta.

    O que torna alguns adultos moralmente autnomos?

    A resposta de Piaget a esta pergunta era a de que os adultos reforam a

    heteronomia natural das crianas, quando usam recompensas e castigos e estimulam o

    desenvolvimento da autonomia quando intercambiam pontos de vista com as crianas.

    Quando uma criana diz uma mentira, por exemplo, o adulto pode priva-la dasobremesa ou faze-la escrever 50 vezes no mentirei. Mas ele tambm pode evitar

    punir a criana e, olhando-a diretamente nos olhos, com grande ceticismo e afeio

    dizer: - Realmente no posso acreditar no que voc est ame dizendo porque...

    Este um exemplo de uma troca de pontos de vista que contribui para o

    desenvolvimento da autonomia nas crianas. A criana percebe que o adulto no pode

    acreditar nela, pode ser motivada a pensar sobre o que deve fazer para ser acreditada. A

    criana educada com muitas oportunidades semelhantes a esta pode eventualmente,

    construir para si prpria a convico de que melhor para todos serem honestos com os

    outros.

    A punio acarreta trs tipos de conseqncias. A mais comum o clculo de

    riscos. A criana que for punida repetir o mesmo ato, mas da prxima vez, tentar

    evitar ser descoberta. Os prprios adultos dizem s vezes: - No me deixe apanhar

    voc fazendo isso outra vez!

    Em outras ocasies, a criana decide por antecipao, que mesmo que seja

    descoberta, o preo ser compensado pelo prazer que obter.

    A segunda conseqncia possvel da punio a conformidade cega. Algumas

    crianas sensveis tornaram-se conformistas porque a conformidade lhes garante

    segurana e respeitabilidade. Quando se tornam completamente conformistas, as

    crianas no preciso mais tomar decises, tudo o que devem fazer obedecer.

    A terceira conseqncia possvel a revolta. Algumas crianas comportam-se

    muito bem durante anos, mas decidem, num determinado momento, que esto cansadas

    de satisfazer a seus pais e professore todo o tempo e que chegou a hora de comear a

    viver por si prprios. Podem ento comear a envolver-se em vrios comportamentos

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    que caracterizam a delinqncia. Estes comportamentos podem parecer atos autnomos,

    mas existe uma vasta diferena entre autonomia e revolta. Numa revolta, a pessoa est

    contra o conformismo mas no torna necessariamente a pessoa moralmente autnoma.

    Assim a punio refora a heteronomia das crianas e impede que elas

    desenvolvam sua autonomia. Embora as recompensas sejam melhores do que as

    punies, elas tambm reforam a heteronomia das crianas. As crianas que ajudam ospais s para receberem dinheiro como premio, e aquelas que estudam s para receberem

    boas notas so governadas por outros, exatamente como as crianas que so

    boazinhas s para evitar punies.

    Os adultos exercem poder sobre as crianas usando recompensas e castigos, e

    so precisamente essas sanes que mantm as crianas obedientes e heternomas.

    Se queremos que as crianas desenvolvam a autonomia moral, devemos reduzir

    nosso poder de adulto, abstendo-nos de usar recompensas e castigos e encorajando-as aconstruir por si mesmas seus prprios valores morais. Por exemplo, a criana ter a

    possibilidade de pensar sobre a importncia da honestidade somente se, ao invs de ser

    punida por contar mentiras, ela for confrontada com o fato de que outras pessoas no

    podem acreditar ou confiar nelas.

    A essncia da autonomia que as crianas tornem-se aptas a tomar decises por

    si mesmas. Mas autonomia no a mesma coisa que a liberdade completa. A autonomia

    significa levar em considerao os fatos relevantes para decidir agir da melhor forma

    para todos. No pode haver moralidade quando se considera apenas o prprio ponto de

    vista. Quando uma pessoa leva em considerao os pontos de vistas das outras, no est

    mais livre para mentir, quebrar promessas e ser leviano.

    Piaget fez uma distino importante entre punio e sano por reciprocidade.

    Privar uma criana da sobremesa por dizer mentira um exemplo de punio, pois a

    relao entre mentira e sobremesa completamente arbitrria. Mas dizer-lhe que no

    podemos acreditar nela um exemplo de sano por reciprocidade.

    As sanes por reciprocidade esto diretamente relacionadas com o ato que se

    deseja sancionar e com o ponto de vista do adulto, tendo o efeito de motivar a criana a

    construir por si mesma, regras de conduta atravs da coordenao de pontos de vista.

    Piaget (1932) deu seis exemplos de sanes por reciprocidade. [...] O primeiro

    um excluso temporria ou permanente do grupo. Quando uma criana perturba os

    adultos mesa do jantar, os pais dizem frequentemente: - Voc poder ficar aqui sem

    nos aborrecer, ou ento ir para seu quarto e fazer barulho.

    Esta sano est relacionada com o ato sancionado e como os pontos de vista

    dos adultos, dando criana a possibilidade de construir por si mesma a regar de ter

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    considerao com outras pessoas. Esclarecemos que a escolha oferecida coercitiva e

    entre duas coisa que desagradam criana, mas o elemento importante a possibilidade

    de tomar uma deciso. O que est implcito que se e quando a criana decidir ficar

    quieta, ter a possibilidade de retornar ao grupo.

    Os professores usam frequentemente esta sano de excluso do grupo. Por

    exemplo, quando um grupo est ouvindo uma histria e uma criana o perturba oprofessor muitas vezes diz: - Voc pode ficar aqui sem nos aborrecer, ou terei que lhe

    pedir que v pra o canto dos livros ler sozinha.

    Sempre que possvel, deve-se dar criana a possibilidade de decidir quando ela

    poder comportar-se bastante bem para voltar ao grupo. Limites mecnicos de tempo

    servem apenas como punies e as crianas que cumpriram o tempo previsto muitas

    vezes sentem-se perfeitamente livres para cometer a mesma falta outra vez.

    O segundo tipo de sano por reciprocidade apelar para a conseqncia direta ematerial do ato. J dei um exemplo desse tipo de sano em relao s mentiras das

    crianas.

    O terceiro tipo de sano por reciprocidade o de privar a criana da coisa que

    ela usou mal. Por exemplo, estive durante trs dias consecutivos, numa sala de aula de

    crianas de cinco anos de idade. A sala era pequena para uma classe de 25 alunos, e

    mais ou mesmo um tero de sua rea estava ocupado com blocos de construo que ali

    ficaram o tempo todo.

    Fiquei surpresa de ver que as elaboradas construes mantiveram-se por 3 dias e

    que as crianas eram cuidados em no derrubar o trabalhos dos demais, quando iam

    rea dos blocos para modificar seus prprios trabalhos.

    Quando perguntei professor como ela conseguira que as crianas fossem to

    cuidadosas, explicou-me que tinha sido rigorosa, e no deixava que as crianas

    derrubavam alguma coisa fosse rea do s blocos. Mais tarde, ela negociou com cada

    criana o direito de ir quela rea, quando elas j sabiam que este diretor deveria ser

    conquistado.

    O quarto tipo de sano por reciprocidade a reparao. Por exemplo, se uma

    criana respinga tinta no cho, uma reao apropriada seria dizer: - Voc gostaria que

    eu a ajudasse a limpar? Mais tarde, durante o ano, ser suficiente dizer: - O que

    vamos fazer?

    Um dia, numa classe de crianas de quatro anos, uma delas chegou chorando

    para a professora porque seu projeto de arte tinha sido estragado. A professora dirigiu-se

    turma dizendo que queria que a pessoa que tinha quebrado o objeto ficasse com ela

    durante o recreio, para que pudesse ajuda-lo a conserta-lo.

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    A criana responsvel pelo estrago pde ver o ponto de vida da vitima e foi

    encorajada a construir por si mesma a regra da reparao. Enquanto ajudava a criana a

    consertar o objeto quebrado a professora props que ele a procurasse da prxima vez

    que algo parecido acontecesse, para que pudesse ajuda-la a consertar o objeto.

    Quando as crianas no tm medo de ser punidas, elas se manifestam

    espontaneamente e fazem a reparao.Piaget chamava a ateno para o fato de que todas as sanes precedentes

    poderiam facilmente degenerar em punies se no houvesse uma relao de afeto e

    respeito mtuos entre o adulto e a criana. O respeito mtuo , de fato, essencial pra o

    desenvolvimento da autonomia da criana. Ela se sente respeitada em sua maneira de

    pensar e sentir capaz de respeitar a maneira como os adultos pensam e sentem.

    CONSTRUTIVISMOA teoria de Piaget sobre como as crianas aprendem valores morais

    fundamentalmente diferente das outras teorias tradicionais e do senso comum.

    Na viso tradicional, acredita-se que a criana adquira os valores morais

    internalizando-os a partir do meio ambiente.

    De acordo com Piaget, as crianas adquirem valores morais no por internaliz-

    los ou absorv-los de fora, mas por constru-los interiormente, atravs da interao com

    o meio ambiente. Por exemplo, ningum ensina s crianas que pior dizer uma mentira

    a um adulto do que a uma outra crianas. No entanto, crianas mais novas constroem

    esta crena a partir do que lhes dizem.

    Certamente todos ns fomos punidos na infncia. Mas, na medida em que

    tambm tivemos a possibilidade de coordenar nossos pontos de vista com os dos outros

    tivemos a possibilidade de tornar-nos mais autnomos.

    AUTONOMIA INTELECTUAL

    No mbito intelectual, autonomia tambm significa autogoverno assim como

    heteronomia ser governado por outrem. Um exemplo extremo de autonomia

    intelectual o de Coprnico ao inventar a teoria heliocntrica quando todos os demais

    acreditavam que o Sol girava ao redor da Terra.

    Chegou a ser ridicularizado e afastado da cena acadmica, mas foi autnomo o

    bastante para continuar convencido de sua prpria ideia.

    Em contrapartida, uma pessoa heternoma acredita sem questionamentos em

    tudo o que lhe dizem, inclusive em concluses ilgicas, em slogans e propagandas.

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    De acordo com Piaget, a criana adquire o conhecimento ao constru-lo a partir

    de seu interior, ao invs de internaliz-lo diretamente de seu meio ambiente.

    As crianas podem internalizar o conhecimento ensinado por um momento, mas

    elas no so recipientes que meramente retm o que informado em suas mentes.

    Um modo mais preciso de discutir o construtivismo dizer que as crianas

    constroem o conhecimento criando e coordenando relaes.Infelizmente as crianas no so encorajadas na escola a pensar de maneira autnoma.

    Os professores tambm usam sanes no mbito intelectual para conseguir que

    as crianas dem as respostas certas que eles querem ouvir. Uma maneira desta

    prtica a maneira de corrigir as folhas de exerccios.

    Na aritmtica da primeira srie do primeiro grau, por exemplo, se uma criana

    escreve que 4+2=5, a maioria dos professores assinala isto como um erro. [...] O

    resultado deste tipo de correo que as crianas tornam-se convencidas de que averdade advm somente da cabea do professor.

    As crianas que so desencorajadas assim de pensar autonomamente construiro

    menos conhecimentos do que aquelas que so meramente ativas e autoconfiantes.

    Quando uma criana diz que 4+2=5, a melhor forma de reagir, ao invs de

    corrigi-la perguntar-lhe: - Como foi que voc conseguiu 5? As crianas corrigem-se

    frequentemente de modo autnomo, medida que tentam explicar seu raciocnio a uma

    outra pessoa. Pois a criana que tenta explicar seu raciocnio tem que descentrar para

    apresentar a seu interlocutor um argumento que tenha sentido. Assim, ao tentar

    coordenar seu ponto de vista com o do outro, frequentemente ela se d conta do seu

    prprio erro.

    Um modo ainda melhor de ensinar aritmtica na primeira srie o de eliminar

    totalmente a instruo e introduzir muitos jogos como a Batalha Dupla. Este jogo

    parecido com a Batalha, com a diferena de que a soma de duas cartas que

    comparada com a soma das cartas do adversrio.

    As crianas no necessitam ser ensinadas a somar porque podem calcular por si

    prprias o resultado de cada adio. Alm disso, num jogo, elas podem intercambiar

    seus pontos de vista quando um dos jogadores afirma, por exemplo, que 2+4=5. Esta

    maneira de aprender muito mais ativa e conducente ao desenvolvimento da autonomia

    do que as folhas de exerccios.

    De acordo com o construtivismo de Piaget, a coordenao de pontos de vista

    entre os colegas mais eficaz do que a correo feita pelo professor. Segundo a

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    concepo do construtivismo, as crianas aprendem modificando velhas idias, e no

    acumulando informaes novas e novos pedacinhos.

    Infelizmente, na escola, os estudantes so levados a recitar respostas certas, e

    raramente so perguntados sobre o que pensam sinceramente.

    Hoje em dia, os educadores da educao pr-primria frequentemente definem

    seus objetivos dizendo que as crianas devem aprender os chamados conceitos, taiscomo os de nmeros, letras, cores, formas geomtricas, em cima, em baixo, entre, da

    esquerda para a direita, mais comprido, o mais comprido, primeiro, segundo e terceiro,

    etc. Eu me oponho a esta maneira de definir objetivos porque conduz o professor a

    ensinar uma palavra desconexa depois da outra, em vez de encorajar as crianas a

    construrem o conhecimento em relao com o que j conhecem. Esta imposio de

    listas de palavras equivale tentativa de fazer com que uma rvore cresa colocando as

    folhas a partir do exterior. As folhas nascem de dentro da planta e cada planta ouanimal se desenvolve de dentro para fora, com sua prpria organizao.

    Outra preocupao contempornea com as chamadas competncias mnimas

    necessrias para que a criana passe para a srie seguinte. Eu penso que se voc solicita

    apenas competncias mnimas, voc obter apenas competncias mnimas. As crianas

    que so encorajadas a pensar ativa, crtica e autonomamente aprendem mais do que as

    que so levadas a obter apenas as competncias mnimas.

    AUTONOMIA COMO FINALIDADE DE EDUCAO.

    O quadro mostra a autonomia como finalidade de educao em relao com as

    metas educacionais definidas atualmente pela maioria dos educadores e do pblico. A

    parte sombreada do crculo da direita (rotulada as metas da maioria dos educadores e

    do pblico), no se sobrepe ao outro crculo, representa as coisas que memorizamos

    na escola somente para passar num exame aps outro.

    A u t o n o m i a - Meta dos Educadores e do pblico.

    Todos que tiveram xito na escola s conseguiram este sucesso porque memorizaram

    um nmero enorme de palavras sem as entender ou sem se importar com elas. Todos

    nos lembramos da alegria de estar livres para esquecer das coisas que memorizamos s

    para passar num exame. Fizemos estes esforos porque ramos, sobretudo, bons e

    obedientes conformistas.

    A capacidade de pensar logicamente ao nvel formal pertence ao crculo rotulado

    autonomia no quadro anterior. Mc Kinnon e Renner se perguntaram sobre que tipo de

    educao esses estudantes tinham recebido na escola secundria. A concluso deles foi,

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    evidentemente, que a escola secundria no ensina os alunos a refletir. Ao verem que os

    professores do secundrio no insistem sobre a reflexo de seus alunos, os autores se

    perguntaram sobre quem havia formado esses professores. Em sntese a resposta foi:

    Foram as universidade que formaram os professores do secundrio. Ou seja, a

    capacidade de refletir deixada de lado em todo o sistema de educao, do comeo ao

    fim. E isto muito grave, quando pensamos que um indivduo incapaz de refletirlogicamente no pode, evidentemente, refletir de maneira crtica e autnoma.

    Tambm no mbito moral, como declarei anteriormente, as escolas atuais

    reforam a heteronomia das crianas e sem se darem conta impedem que estas

    desenvolvam sua autonomia.

    Para fortalecer as regras e padres dos adultos, as escolas usam testes, notas,

    estrelas dourados, o canto do castigo, mritos de demritos e prmios. Assim, a parte do

    crculo denominada automonia e que no se sobrepe ao outro circulo relaciona-secom a autonomia moral e intelectual.

    Em concluso, a teoria de Piaget no implica apenas a inveno de um outro

    mtodo para atingir as mesmas metas tradicionais. A autonomia como finalidade da

    educao implica uma nova conceituao de objetivos. No tenho nada contra respostas

    corretas ou os 3R (reading (ler), writing (escrever) e arithmetic (calcular)). Em realidade

    eu os apoio. Mas h uma enorme diferena entre uma resposta correta produzida

    autonomamente com convico pessoal e uma produzida heteronomanente por

    obedincia.

    Da mesma forma h uma enorme diferena entre um bom comportamento

    escolhido autonomamente e um bom comportamento realizado por meio da

    conformidade cega.

    Ironicamente, muitos educadores gostariam de ver a autonomia moral e a

    autonomia intelectual em seus alunos. A tragdia est em que, por no saber a distino

    entre autonomia e heteronomia, e por ter idias ultrapassadas sobre o que que faz as

    crianas boas e educadas, continuam a depender de prmios e punies,

    convencidos de que estes so essenciais para a produo de futuros cidados adultos

    bons e inteligentes.

    A educao uma prtica que est em um nvel semelhante ao estgio pr-

    Copernicano na astronomia. Assim como os astrnomos, anteriores a Coprnico,

    fizeram muitas correes pequenas para predies especficas sobre a posio dos

    planetas e que no funcionaram, os educadores esto tentando resolver uma variedade

    de problemas como os baixos resultados em testes, a apatia, os problemas com o uso de

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    drogas e o vandalismo como se estes fossem problemas separados. A teoria da

    autonomia de Piaget sugere a necessidade de uma revoluo coperniana na educao.

    Ao mudar o foco do nosso pensamento daquilo que ns fazemos para como

    as crianas se desenvolvem, podemos comear a ver os temas acadmicos e a educao

    moral partindo do ponto de vista de como as crianas aprendem.

    O que a educao precisa hoje mais do que dinheiro, uma reconceituaofundamental dos objetivos. Ao enfocar a autonomia da criana, podemos bem animar o

    desenvolvimento das crianas com velhos valores, tais como o amor pelo estudo e

    autodisciplina. As crianas respeitam as regras que elas fazem para si prprias. Elas

    tambm trabalham com mais empenho para atingir as metas que elas colocam para elas

    mesmas.

    A autonomia como finalidade da educao , num certo sentido, uma nova ideia

    que revolucionar, a educao. Em outro sentido, contudo, pode ser vista como umretorno aos valores das relaes humanas.

    Referncias Bibliogrficas:

    KAMII, Constance. A criana e o nmero. Campinas: Papirus, 1990.

    PIAGET, J. Problemas de psicologia gentica. In: Os pensadores. So Paulo: AbrilCultural, 1975.

    PIAGET, J. Observaciones sobre la educacin matemtica. In: Developments inMathematical Education, Proceedings of Second Internacional Congresso onMathematical Education. Cambridge: Cambridge University Press, 1973.LOPES, Sergio Roberto. Metodologia do ensino da matemtica. Curitiba: Ibpex, 2007.WEISSBCK, Manuela; GUILHERMETI, Paulo. Crtica a educao escolar: umaanlise a partir da Teoria Crtica. No Prelo. Guarapuava, 2007.