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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO NA ALVENARIA ESTRUTURAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Felipe Augusto Clivatti Santa Maria, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO NA ALVENARIA ESTRUTURAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Felipe Augusto Clivatti

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO NA ALVENARIA ESTRUTURAL

Felipe Augusto Clivatti

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Civil, área de concentração Construção Civil, da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Drº Gihad Mohamad

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Graduação em Engenharia Civil

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO NA ALVENARIA ESTRUTURAL

Elaborado por Felipe Augusto Clivatti

Como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

Profº Drº Gihad Mohamad (Presidente/Orientador)

Profª Drª Larissa Degliuomini Kirchhof

Profº Drº Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, 18 de julho de 2014

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Dedico este trabalho a minha família pelo

apoio e amor incondicional.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Aldecir e Tânia pela demonstração de caráter,

dedicação e outras tantas qualidades nas quais sempre pude me espelhar.

Agradeço a todos os familiares, em especial a minha irmã Julia pela

compreensão nos momentos em que não pude estar presente.

Agradeço ao professor e orientador Gihad Mohamad pelo tempo dedicado,

conselhos e incentivo na realização deste trabalho.

Agradeço a minha namorada Emanuelly Casal Bortoluzzi por todo incentivo,

paciência e auxílio na formatação deste trabalho.

Agradeço aos amigos que estiveram sempre ao meu lado dando apoio e

tornando mais amena esta jornada.

Agradeço aos colegas da UFSM que sempre proporcionaram momentos de

descontração e incentivo nos momentos mais difíceis desta etapa.

Agradeço a construtora De Marco e Orso que me permitiu a realização deste

trabalho.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

RESUMO

CLIVATTI, F. A. Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural.

2014. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Centro de

Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

Este trabalho versa sobre influência do planejamento e controle de produção no que

diz respeito à produtividade da execução em alvenaria estrutural, a qual possui

técnicas construtivas e componentes diferentes em relação a alvenaria

convencional. Será realizada a coleta de dados para análise de produção, em uma

edificação que utiliza o método de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos. O

levantamento de dados foi realizado em dois pavimentos distintos da mesma obra,

sendo que no primeiro pavimento foram coletados dados de produtividade através

da forma de execução adotada pela empresa, enquanto no segundo pavimento,

foram implantadas filosofias e planejamentos baseados nos dados obtidos no

primeiro pavimento, para que através da modificação de alguns processos

construtivos como melhor distribuição de materiais na laje e melhor

dimensionamento nas equipes de assentamento de blocos, possibilitem a

maximização da produção. Estes dados serão utilizados como embasamento do

quanto um planejamento prévio, ao ser seguido rigorosamente e executado de

maneira correta quando aliado a um controle de produção durante a execução dos

serviços, podem afetar positivamente o desempenho final das equipes de trabalho

envolvidas. Como resultado do replanejamento aplicado no segundo pavimento,

houve uma diminuição no tempo de execução da alvenaria e o aumento na

produtividade dos profissionais envolvidos, demonstrando assim através do controle

de produção, o êxito do planejamento implantado.

Palavras-chave: Alvenaria Estrutural, Produtividade, Controle de produção.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Tipos mais utilizados de blocos estruturais cerâmicos ............................... 19

Figura 2: Tipos mais utilizados de blocos estruturais de concreto. ........................... 20

Figura 3: Argamassa de assentamento .................................................................... 21

Figura 4: Ferragens utilizadas na alvenaria estrutural ............................................... 23

Figura 5: Levantamento da primeira fiada ................................................................. 26

Figura 6: Elevação dos cantos da alvenaria em forma de escadinha ...................... 27

Figura 7: Grauteamento de uma célula vertical ........................................................ 28

Figura 8: Grauteamento de uma contra-verga. ......................................................... 28

Figura 9: Passagem das tubulações elétricas .......................................................... 29

Figura 10: Dimensão Horizontal do Processo de Planejamento .............................. 32

Figura 11: Torre de alvenaria, parte frontal .............................................................. 41

Figura 12: Abrangência do estudo da produtividade ................................................ 42

Figura 13: Projeto da alvenaria estrutural da obra em estudo .................................. 49

Figura 14: Layout da obra. ........................................................................................ 50

Figura 15: Caminhão com guindaste hidráulico para levantamento de material no

pavimento ................................................................................................................. 52

Figura 16: Canaleta, utilizada para fazer a execução da alvenaria do primeiro

pavimento ................................................................................................................. 53

Figura 17: Palheta, utilizada na execução do segundo pavimento ........................... 57

Figura 18: Comparação entre os índices de produtividade (Hh/m²) .......................... 62

Figura 19: Comparação entre os índices de produtividade (m²/pedreiro/dia) ............ 63

Figura 20: Comparação entre o tempo de execução dos dois pavimentos. .............. 64

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Ferramentas utilizadas para execução da alvenaria estrutural....... 30

Quadro 2: Planejamento semanal de tarefas................................................... 36

Quadro 3: Alternância na quantidade de pedreiros no primeiro pavimento..... 58

Quadro 4: Índices de produtividade do primeiro pavimento............................. 59

Quadro 5: Tabela de composição de preço para orçamento........................... 59

Quadro 6: Índices de produtividade do segundo pavimento............................ 60

Quadro 7: Fatores implementados para cada pavimento................................ 61

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

1.1. Contextualização inicial ................................................................................ 10

1.2. Objetivo geral ................................................................................................ 11

1.3. Objetivos específicos.................................................................................... 11

1.4. Justificativa.................................................................................................... 11

1.5. Pressuposto .................................................................................................. 12

1.6. Delimitações ................................................................................................. 12

1.7. Limitações ......................................................................................................12

1.8. Delineamento ................................................................................................ 13

2. MÉTODO CONSTRUTIVO DE ALVENARIA ESTRUTURAL .............................. 14

2.1. Conceito do método...................................................................................... 14

2.2. Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural ................................... 15

2.2.1. Vantagens do método............................................................................15

2.2.2. Desvantagens do método......................................................................17

2.3. Componentes da alvenaria estrutural.........................................................18

2.3.1. Unidades da alvenaria estrutural...........................................................18

2.3.2. Argamassa de assentamento............................................................... 20

2.3.3. Graute................................................................................................... 22

2.3.4. Armaduras ........................................................................................... 23

2.4 Processo de execução................................................................................. 24

2.4.1. Marcação da primeira fiada.................................................................. 24

2.4.2. Elevação da alvenaria ......................................................................... 26

2.4.3. Grauteamento ...................................................................................... 27

2.4.4. Instalações ........................................................................................... 28

2.5. Equipamentos e ferramentas..................................................................... 29

3. PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO............................................ 31

3.1. Definição...................................................................................................... 31

3.2. Dimensões do planejamento .................................................................... 31

3.2.1. Dimensão horizontal ............................................................................ 32

3.2.2. Dimensão vertical ............................................................................... 33

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

3.2.2.1. Planejamento de longo prazo ................................................ 34

3.2.2.2. Planejamento de médio prazo ............................................... 34

3.2.2.3. Planejamento de curto prazo ................................................. 35

3.3. Produtividade ............................................................................................... 36

3.4. O conceito da lean construction ................................................................ 38

4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ................................................................ 40

4.1. Descrição da obra ........................................................................................ 40

4.2. Ferramentas de controle de avaliação de produtividade ......................... 41

4.3. Planejamento de execução ......................................................................... 46

4.3.1. Execução da alvenaria do primeiro pavimento .................................... 47

4.3.1.1. Equipe de execução da alvenaria estrutural .......................... 47

4.3.1.2. Planejamento de ataque à alvenaria ...................................... 48

4.3.1.3. Abastecimento de materiais ................................................... 49

4.3.1.4. Execução do graute ............................................................... 52

4.3.1.5. Ferramentas utilizadas para execução da alvenaria .............. 53

4.3.2. Execução do segundo pavimento modificando o planejamento .......... 54

4.3.2.1. Dimensionando a equipe de execução da alvenaria .............. 54

4.3.2.2. Planejamento de ataque à alvenaria ....................................... 55

4.3.2.3. Abastecimento de materiais .................................................... 55

4.3.2.4. Execução do graute ................................................................. 56

4.3.2.5. Ferramentas utilizadas para execução da alvenaria ............... 56

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 58

5.1. Resultados obtidos no primeiro pavimento................................................ 58

5.2. Resultados obtidos no segundo pavimento .............................................. 60

5.3. Comparação dos resultados entre os dois pavimentos ........................... 61

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 66

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização inicial

A utilização de alvenaria estrutural na área da construção civil está se

tornando uma opção cada vez mais frequente. Trata-se de um processo construtivo

onde se pode observar algumas vantagens em relação à alvenaria convencional,

como menor tempo de execução, economia das equipes de aço e de fôrmas e

algumas desvantagens como a impossibilidade de alteração do projeto arquitetônico

após sua execução.

Os componentes utilizados para fazer o levantamento da alvenaria são os

blocos estruturais, armaduras, argamassa de assentamento e graute. Dentro das

etapas construtivas que englobam a marcação e levantamento da alvenaria, deve-se

destacar o grauteamento, que faz parte da etapa de elevação da alvenaria e

necessita de grande atenção devido a sua importância no aumento da resistência à

compressão da edificação. Estes processos executivos ligados a um planejamento

prévio demonstram inúmeras vantagens.

O planejamento é de grande impacto no desempenho da produção no que diz

respeito a construção civil, tendo em vista que são inúmeros os benefícios trazidos

devido a um plano inicial, como o menor desperdício de materiais, maior eficácia no

tempo de execução e um melhor gerenciamento em torno de toda obra.

A função de produção está tendo um papel cada vez mais estratégico na

determinação de competitividade entre as empresas construtoras, assim como em

todo o setor relacionado à construção. Portanto, o planejamento e controle de

produção tem papel de grande importância no desenvolvimento deste setor, visando

sempre o aumento da qualidade e produtividade (FORMOSO et al., 1999).

Almeida (1990) afirma que “está exaustivamente comprovado que, em

qualquer projeto, as etapas de concepção e planejamento, têm peso decisivo no

desenvolvimento de fases sequentes e no resultado final”.

Segundo Varalla (2003), planejar é um processo de previsão de decisões que

envolvem o estabelecimento de metas e a definição dos recursos necessários para

atingi-las, e controlar é acompanhar o que foi planejado, de forma a subsidiar a

tomada de decisões apropriadas. Sendo assim, é notório que planejamento e

controle são atividades essenciais em qualquer ramo de atividade econômica.

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A ausência de um planejamento prévio pode interferir diretamente na

produtividade do empreendimento, atrapalhando cronogramas e trazendo

dificuldades administrativas e financeiras para a empresa.

1.2. Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral o planejamento e controle de produção

de um empreendimento executado em alvenaria estrutural em Erechim-RS.

1.3 . Objetivos específicos

a) Realizar o levantamento de dados de produtividade e controle de produção

em relação a primeira laje da obra em estudo considerando tempo de ciclo;

b) Propor novos parâmetros para maximizar a produtividade da execução

de alvenaria estrutural para o próximo pavimento, utilizando os dados

levantados na primeira laje como parâmetros de estudo;

c) Realizar o levantamento de dados de produtividade e controle de produção

da segunda laje utilizando os mesmos parâmetros da primeira laje;

d) Comparar os resultados e observar se o planejamento obteve o resultado

esperado com a maximização da produtividade.

1.4. Justificativa

Tendo em vista o constante crescimento econômico na área de construção

civil do Brasil nos últimos anos, um número maior de empresas dispostas a entrar

nesse mercado aparecem constantemente. Portanto, é importante para as empresas

que já estão no mercado, conseguir aliar maior produtividade para a execução dos

serviços com maior qualidade final da obra, o que é um grande desafio,

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

considerando que os prazos são cada vez menores e a exigência de qualidade está

cada dia maior. Para atender aos itens citados anteriormente, existem algumas

ferramentas de estudo que se fazem necessárias nos dias atuais, as quais analisam

a produtividade dos serviços executados, e com isso encontram-se caminhos para

aumentar a eficiência da empresa. Um planejamento deve ser realizado

previamente, para que haja um plano a ser seguido no início da execução. Durante a

execução é importante que ocorra o controle de produção, por meio de um método

de acompanhamento de produtividade, para que, sejam diagnosticadas falhas no

planejamento, e com isso realizar o rearranjo do mesmo. Devido a isso, surge a

necessidade de estudos na área de produtividade, para que as empresas possam

ter sucesso nos seus empreendimentos, atendendo aos prazos e sem o desperdício

de materiais que levaria a prejuízos.

1.5. Pressuposto

O trabalho possui o pressuposto de que o empreendimento em estudo não

está apresentando os índices de produtividade esperados pela empresa.

1.6. Delimitações

O trabalho delimita-se ao estudo de uma obra residencial composto por uma

torre de quatro pavimentos, sendo executada em alvenaria estrutural utilizando

blocos cerâmicos.

1.7. Limitações

O trabalho limita-se:

a) ao estudo de produtividade na execução de paredes estruturais utilizando

blocos cerâmicos em uma obra residencial;

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

b) a restrição de fatores influenciadores de produtividade, restringindo-se as

condições climáticas, área de abertura produzida, falta de profissionais, falta

de materiais.

1.8. Delineamento

O delineamento do trabalho será realizados nas seguintes etapas:

a) pesquisa bibliográfica;

b) definição dos indicadores a serem utilizados para fazer a análise da

produtividade;

c) levantamento de dados;

d) análise, avaliação e comparação dos resultados;

e) conclusões.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

2. MÉTODO CONSTRUTIVO DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Neste capítulo será apresentada a alvenaria estrutural como método

construtivo, suas fases construtivas, suas vantagens e desvantagens, ferramentas

utilizadas e seus componentes. Com isso, pode-se ter um maior embasamento

teórico para ser aplicado no planejamento e controle da produção da alvenaria

estrutural.

2.1. Conceito do método

A alvenaria estrutural é um sistema com alto grau de racionalização que vem

se firmando no mercado devido aos vários benefícios obtidos na escolha deste

método construtivo. Este sistema unifica etapas da obra, resultando em uma

construção com maior rapidez, economia, menos desperdícios e com alto padrão de

qualidade (ROMAN et al., 1999). De acordo com Santos (1998), a racionalização

construtiva pode ser apontada como solução dos resultados insatisfatórios

encontrados pelas empresas na área de construção civil.

De acordo com Roman et. al. (1999), alvenaria estrutural é um sistema

construtivo em que as paredes e as lajes portantes de carga funcionam

estruturalmente, substituindo tanto pilares quanto as vigas utilizados nos processos

construtivos convencionais, sendo dimensionado segundo métodos de cálculos

racionais e de confiabilidade determinável. As paredes, ao mesmo tempo, funcionam

tanto na parte estrutural quanto na parte de vedação, o que proporciona maior

simplicidade construtiva.

Segundo Manzione (2007, p. 13) este sistema exige grande integração de

projetos, mantendo o foco na produção e sendo responsável por organizar todos os

outros subsistemas da edificação. Se utilizado em seu contexto pleno, este sistema

pode gerar grande economia e várias vantagens na execução da obra.

Tendo em vista os benefícios de tempo reduzido de construção e também em

relação ao custo final da obra, alguns cuidados devem ser tomados. O controle de

materiais, a resistência do bloco estrutural, assim como a qualidade na execução

são de suma importância para se obter a desejada resistência que suportará a carga

da edificação.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

De acordo com Ramalho e Corrêa (2003, p. 9-10) os benefícios são muitos,

principalmente no que diz respeito ao aspecto econômico em relação ao sistema

convencional, porém deve-se observar alguns detalhes da edificação a ser

executada, que se não forem levados em consideração, acarretará em um processo

de valor superior ao método convencional. Para os autores, os fatores que devem

ser levados em consideração são:

a) altura da edificação: tendo em vista os parâmetros brasileiros, pode-se

afirmar que esse método é viável a edificações com um número máximo de

15 ou 16 pavimentos. Acima deste limite, deve ser feito um processo de

grauteamento generalizado, pois os blocos encontrados no mercado não

possuem resistência à compressão necessária para a execução, tornando a

obra muito onerosa;

b) arranjo arquitetônico: para arranjos arquitetônicos que fogem dos padrões

usuais, a situação pode ser melhor, ou bem pior. É importante que seja

considerada a densidade de paredes estruturais por m² de pavimento. Um

bom indicativo seria 0,5 a 0,7 m? de paredes estruturais por m² de pavimento.

Se não extrapolar esses limites, a densidade pode ser considerada usual e

seu dimensionamento irá refletir tal condição;

c) tipo de uso: deve-se ressaltar que para edificações residenciais de alto

padrão ou comerciais, onde são necessários grandes vãos livres, este método

construtivo não é recomendado. A melhor aplicação deste sistema construtivo

se dá para edifícios de padrões médio ou baixo, onde não existam vãos

relativamente grandes.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

2.2. Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural

2.2.1. Vantagens do método

Algumas vantagens já foram identificadas anteriormente como a rapidez de

execução, a economia gerada em relação ao sistema de concreto armado, a

facilidade construtiva e também a racionalização entre os processos.

Ramalho e Corrêa (2003, p. 10-11) citam as principais vantagens da utilização

do método construtivo de alvenaria estrutural em relação ao sistema convencional

de concreto armado:

a) economia de fôrmas: quando existem, as fôrmas se limitam às que se

fazem necessárias para a concretagem das lajes. São, portanto, fôrmas lisas,

baratas e de grande reaproveitamento;

b) redução significativa nos revestimentos: por utilizar-se blocos de qualidade

controlada e pelo controle maior na execução, a redução dos revestimentos é

muito significativa. Usualmente o revestimento interno é feito com uma

camada de gesso aplicada diretamente sobra a superfície dos blocos. No

caso dos azulejos, eles também podem ser colados diretamente sobre os

blocos;

c) redução nos desperdícios de material e mão de obra: o fato das paredes

não admitirem intervenções posteriores significativas, como rasgos ou

aberturas para a colocação de instalações hidráulicas e elétricas, é uma

importante causa da eliminação de desperdícios. Assim, o que poderia ser

encarado como uma desvantagem, na verdade implica a virtual eliminação

da possibilidade de improvisações, que encarecem significativamente o preço

de uma construção;

d) redução do número de especialidades: deixam de ser necessários

profissionais como armadores e carpinteiros;

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

e) flexibilidade no ritmo de execução da obra: se as lajes forem pré-moldadas,

o ritmo da obra estará desvinculado do tempo de cura que deve ser

respeitado no caso das peças de concreto armado.

Dos itens apresentados, pode-se perceber que, em termos gerais, a principal

vantagem da utilização da alvenaria estrutural sustenta-se em uma maior

racionalidade no sistema de execução, reduzindo-se o consumo e disperdício de

materiais que usualmente se verificam em obras de concreto armado convencional.

Roman (1999, p.20) ainda lembra que “este sistema [...] permite

detalhamentos estéticos bastante atraentes, com variadas formas, texturas e cores,

oferecendo boas possibilidades arquitetônicas e estruturais. [...]”.

2.2.2. Desvantagens do método

Apesar de trazer vários benefícios, são identificados alguns pontos

considerados negativos em relação ao método convencional. Ramalho e Corrêa

(2003) apontam as principais desvantagens do método:

a) A dificuldade de se adaptar a arquitetura para um novo uso: tendo as

paredes funções estruturais na edificação, não é possível realizar rearranjos

arquitetônicos futuros, pois tecnicamente isso poderá afetar a segurança da

obra. É vista como desvantagem pois não pode atender a necessidades

futuras dos usuários.

b) Interferência entre projetos de arquitetura/estruturas/instalações: devido ao

fato de impossibilidade de fazer furos nas paredes sem um controle

minucioso, interfere de forma direta nos projetos de instalações elétricas e

hidráulicas. Uma saída encontrada para essa interferência é o uso de shaft,

que melhora a união entre os projetos sem a necessidade de furar os blocos.

c) A necessidade de uma mão de obra bem qualificada: levando em

consideração o alto grau exigido na execução de alvenaria estrutural, a

equipe responsável pelo levantamento da estrutura deve possuir qualificação

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

e treinamento, tanto para os processos de execução quanto no domínio das

ferramentas adequadas, podendo gerar custos e maior demanda de tempo

para a empresa. Caso a equipe não possua qualificação, as chances de

falhas que possam comprometer a estrutura aumentam substancialmente.

2.3. Componentes da alvenaria estrutural

Definidos pela NBR 10837/89, os componentes básicos empregados na alvenaria

estrutural são:

a) unidades (blocos estruturais);

b) argamassa de assentamento;

c) graute;

d) armadura.

Sendo assim, é denominado elemento quando existir a união de um ou mais

componentes utilizados na alvenaria estrutural (GROHMANN, 2006). Os

componentes serão descritos nos itens a seguir.

2.3.1. Unidades da alvenaria estrutural

Os blocos ou tijolos estruturais são considerados como componentes mais

importantes na execução de edificações utilizando alvenaria estrutural. São eles os

maiores responsáveis pela resistência à compressão da estrutura, além de

determinar a técnica da coordenação modular nos projetos. Segundo Ramalho e

Corrêa (2003), os blocos de alvenaria estrutural podem ser tanto vazados quanto

maciços, denominados blocos e tijolos, respectivamente. Podem ser compostos de

variados tipos de materiais, porém os mais usuais no Brasil são os blocos de

concreto, cerâmicos e sílico-calcário.

Muitos métodos de cálculo de alvenaria estrutural baseiam-se nos valores

das resistências dos componentes para estabelecer a verificação da

resistência das paredes, utilizando correlações de resistências entre blocos-

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

paredes ou blocos prismas para estabelecerem a capacidade última de

cálculo do elemento estrutural, como é o caso da Norma Britânica

(LOGULLO, 2006, p. 22).

As aplicações das unidades da alvenaria estrutural podem ser classificadas

como estrutural e de vedação. Alguns limites em relação a resistência característica

à compressão do bloco devem ser obedecidos para atender a necessidade da

estrutura da edificação. A NBR 6136:2006 demostra os seguintes limites para blocos

de concreto:

Bloco classe A > 6 MPa: utilizados em elementos acima ou abaixo do nível do solo;

Bloco classe B > 4 MPa: utilizado em elementos acima do nível do solo;

Bloco classe C > 3 MPa: utilizado em elementos acima do nível do solo;

Bloco classe D > 2 MPa: não possuem função estrutural.

Na prática, os blocos de concreto somente podem ser utilizados se

obedecerem à resistência característica mínima de 4,5 MPa. No que diz respeito aos

blocos cerâmicos a resistência característica é considerada a partir de 3,0 Mpa (NBR

15270-2, 2005). As imagens 1 e 2 demonstram os blocos estruturais cerâmicos e de

concreto mais utilizados, respectivamente.

Figura 1: Tipos mais utilizados de blocos estruturais cerâmicos

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

(Disponível em http://www.cicalcasas.com.br)

Figura 2: Tipos mais utilizados de blocos estruturais de concreto (PAVERTECH, 2014)

2.3.2. Argamassa de assentamento

É o componente que faz a ligação entre os blocos, a qual tem a função de

evitar pontos de concentrações de tensões, tendo em sua composição cimento,

água, cal e agregado miúdo, também podendo apresentar adições que melhoram o

desempenho de determinadas propriedades (figura 3).

A argamassa de assentamento possui as funções básicas de solidarizar as

unidades, transmitir e uniformizar as tensões entre as unidades de

alvenaria, absorver as pequenas deformações e prevenir a entrada de água

e vento nas edificações (RAMALHO E CORRÊA, 2003, p.7).

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Figura 3: Argamassa de assentamento (Disponível em:

http://www.selectablocos.com.br/alvenaria_estrutural_detalhes_construtivos_23.html)

Por ser o ligante que integra a alvenaria estrutural, deve obedecer alguns

aspectos para obter eficácia no método. A argamassa deve ser resistente, com

grande duração além de atender propriedades elásticas e também possuir

trabalhabilidade, que é de suma importância no que diz respeito à produção. Para se

atender aos requisitos de produtividade e a correta forma de execução de alvenaria,

a argamassa deve possuir algumas características e propriedades específicas:

a) a trabalhabilidade é necessária para garantir um bom assentamento da

argamassa no bloco estrutural, deve ter aderência nas superfícies verticais

quando espalhada e não ocorrer escorrimento quando as camadas

subsequentes forem levantadas (ROMAN et. al., 1999, p. 26);

b) retenção da água deve ser observada principalmente quando os blocos

estruturais forem muito porosos, com isso a água que deveria ter a função de

hidratar o cimento acaba sendo transmitida para o bloco, fazendo com que

ocorra o endurecimento da argamassa sendo prejudicial aos assentamentos

seguintes (ROMAN et. al., 1999, p. 26). Oliveira (1992, p. 29) afirma que “a

não retenção adequada de água pela argamassa, prejudicará a durabilidade e

estanqueidade da parede”;

c) tempo de endurecimento acontece em função da reação química entre o

cimento e a água. O endurecimento não pode ocorrer de forma muito rápida,

pois gera problemas na execução, como no próprio assentamento de blocos,

e também não pode se dar de forma muito lenta, pois prejudica a produção

gerando tempos em que os assentadores devem esperar até a argamassa ter

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

atingido o endurecimento necessário para a continuidade da execução. A

temperatura e o grau de homogeneidade da argamassa também podem

influenciar o tempo de endurecimento (ROMAN et. al., 1999, p.27);

d) aderência é a principal característica de uma boa argamassa segundo

Roman et. al., (1999, p.27), pois ela possui a capacidade de absorver os

esforços de cisalhamento e de tração sem seu rompimento;

e) resistência à compressão tem como principais funções distribuir as tensões

de maneira uniforme e ser resistente o suficiente para que possa suportar os

esforços submetidos pela estrutura. Porém, o acréscimo de cimento para

deixar o traço da argamassa mais forte não implica necessariamente em um

ganho de resistência na estrutura. Se a argamassa exceder a resistência dos

blocos, podem ocorrer fissuras (ROMAN et. al., 1999, p.27-28).

2.3.3. Graute

O graute pode ser definido como o elemento utilizado para o preenchimento

de algumas células dos blocos, vergas e contra-vergas, para fazer união da

alvenaria à armadura e também para a concretagem das canaletas. O

preenchimento dos vazios dos blocos tem a mesma função dos pilares na alvenaria

convencional, os quais são ausentes nesse tipo de edificações, aumentando assim a

capacidade portante da edificação (MANZIONE, 2007).

Para Manzione (2007), o graute é um microconcreto com alta plasticidade,

que possui como principal função o aumento da resistência à compressão da

parede, através do aumento da seção transversal do bloco. Se combinado com

armaduras, o graute também aumenta a resistência à tração da estrutura.

Para Roman et al. (1999) “o graute é usado para preencher os vazios dos

blocos quando se deseja aumentar a resistência à compressão da alvenaria sem

aumentar a resistência do bloco”. O graute tem em sua composição os seguintes

componentes: cimento, água, agregado miúdo e cal hidratada, ou outra adição que

possa ser utilizada para conferir trabalhabilidade e que retenha água para melhor

hidratação. Seu preparo deve sempre ser feito em betoneira.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Levando em consideração o tempo utilizado para fazer os grautes, do ponto

de vista econômico e de produtividade, é interessante ter uma equipe unicamente

para fazer essa etapa da execução, pois pode ocasionar uma quebra de produção

da alvenaria devido aos cuidados que devem ser tomados para fazer o

grauteamento, como limpeza e inspeção das células e o adensamento do graute.

2.3.4. Armaduras

Segundo Ramalho e Corrêa (2003, p.8), as barras de aço usadas na alvenaria

estrutural são as mesmas usadas nas estruturas de concreto armado, porém com a

diferença que nesse caso sempre estarem envolvidas por graute. Ainda na mesma

direção, Oliveira (1992) afirma que a armadura tem como funções o travamento da

estrutura, o combate à retração, auxiliar a alvenaria na compressão e de aumentar a

resistência em relação aos esforços de tração. Também podem ser utilizados os

grampos que são elementos de amarração das paredes, sendo colocadas nas juntas

das argamassas de assentamento, que auxilia na geração uniforme de tensões,

evitando assim futuras patologias. A figura 4 mostra as ferragens utilizadas na

alvenaria estrutural.

Figura 4: Ferragens utilizadas na alvenaria estrutural

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

2.4. Processo de execução

O processo de execução é dividido em várias etapas, onde cada etapa tem

sua importância e também seus cuidados necessários para chegar na qualidade de

execução desejada e sem falhas. De uma forma geral, a construção de alvenaria

estrutural apresenta um segmento de fases que sempre obedecem a mesma

sequência construtiva:

a) Marcação da primeira fiada;

b) Elevação de alvenaria;

c) Grauteamento;

d) Instalações.

2.4.1. Marcação da primeira fiada

A primeira fiada do assentamento de blocos tem grande importância na

execução da alvenaria estrutural (figura 5), pois ela tende a receber todos os

pavimentos seguintes. A marcação deve ocorrer de forma correta tendo como base

o projeto da edificação. A seguir serão descritas as principais etapas para a

marcação da primeira fiada:

a) limpeza e organização: é importante manter a laje sem poeira para a

melhor fixação da base e também retirar os materiais soltos para facilitar a

marcação e a conferência.

b) esquadro e nível: deve ser verificado o esquadro do pavimento através das

diferenças entre as diagonais de um retângulo. Em seguida, utiliza-se o nível

a laser para encontrar o ponto mais elevado da laje e então, nesse ponto,

deve-se assentar um bloco como referência de nível (MANZIONE, 2007);

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

c) marcação dos eixos: os eixos devem ser locados com a utilização de um fio

traçante como referência, a partir do projeto da primeira fiada (MANZIONE,

2007);

d) assentamento dos blocos estratégicos: depois de ter os blocos de

referência de nível e também os eixos de locação, podem ser assentados os

blocos considerados estratégicos na laje, após isso, fazer a conferência do

esquadro entre eles (MANZIONE, 2007);

e) umedecimento da superfície: os locais da laje onde serão assentados os

blocos da primeira fiada, deverão ser umedecidos para ter melhor aderência

no assentamento (MANZIONE, 2007);

f) espalhamento da argamassa: a argamassa deve ser espalhada na laje com

o auxílio de uma colher de pedreiro, em toda área dos blocos sobre a base

(MANZIONE, 2007);

g) assentamento dos blocos da primeira fiada: deve-se fixar os esticadores de

linhas na cabeça dos blocos para obter o alinhamento e nivelamento da

primeira fiada. Em seguida executa-se o assentamento com o auxílio de

régua prumo-técnica. Os blocos que receberão o graute devem estar com as

janelas de inspeção para limpeza e com o corte realizado previamente

(MANZIONE, 2007);

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Figura 5: Levantamento da primeira fiada

2.4.2. Elevação da alvenaria

Depois da marcação da primeira fiada, inicia-se o levantamento da alvenaria.

Nessa etapa deve-se sempre manter algumas características fundamentais como o

alinhamento, o nível e o prumo. As juntas verticais devem ser totalmente

preenchidas com argamassa para garantir a transferência de tensões de bloco para

bloco além de melhorar o desempenho acústico de uma peça para outra da

edificação.

Nos cantos das paredes estruturais, ocorrem os pontos de concentrações de

tensões e por isso deve ser dada muita atenção a esses pontos. A melhor forma de

amarração é em escadinha por gerar uma melhor distribuição de tensões. A forma

em castelinho deve ser evitada (MANZIONE 2007). A figura 6 demonstra a elevação

dos cantos em forma de escadinha.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Figura 6: Elevação dos cantos da alvenaria em forma de escadinha

2.4.3. Grauteamento

Segundo Manzione (2007 p. 102) é recomendado que o grauteamento seja

feito em duas etapas, a primeira na sétima fiada e a segunda na altura da última

fiada. Esse procedimento irá ajudar a diminuir os vazios que possam ficar no graute

vertical dos blocos.

Segundo os procedimentos utilizados pela empresa realizadora do

empreendimento, é necessária a limpeza interna do bloco onde será recebido o

graute Deve-se retirar pela janela de inspeção todo excesso de argamassa que

possa ter sido derrubada durante o assentamento dos blocos. Caso não seja

retirada poderá ocorrer à obstrução no ponto de graute. Em seguida, deve-se lançar

água para a finalização da limpeza, além de saciar a sucção da cerâmica, afim de

melhorar a aderência. A janela de inspeção deve ser fechada antes do

grauteamento. A figura 7 demonstra o grauteamento de uma célula vertical.

Da mesma forma, seguindo os procedimentos da empresa, à concretagem

das canaletas presentes nas vergas e contra-vergas de janelas e portas (figura 8),

deverá ser realizada, quando o levantamento chega na altura das mesmas. A

continuação do assentamento só poderá ser feita após o grauteamento dessas

canaletas para evitar desestabilização da fiada superior ao graute.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Figura 7: Grauteamento de uma célula vertical Figura 8: Grauteamento de uma contra-verga

2.4.4. Instalações

De acordo com Manzione (2007), as instalações nas edificações têm grande

impacto na produção da alvenaria, geram baixa produtividade, ociosidade da mão de

obra, além da possibilidade de causar patologias. O mesmo autor ainda afirma que:

Como as paredes em alvenaria estrutural não podem ser quebradas, o caminhamento de todas as tubulações deve ser previsto em projeto. A premissa principal de projeto deverá ser a ausência de vínculos físicos entre as instalações e a obra civil, por isso. Tanto os projetos de instalações elétrica quanto de hidráulica, devem prever shafts horizontais e verticais para o caminhamento das instalações, sem interferência com alvenaria.

Como ideia geral, a passagem das tubulações elétricas deverá ser feita na

direção vertical (figura 9), aproveitando os blocos vazados para passagem das

mangueiras e não permitindo que sejam feitos cortes horizontais para a ligação de

pontos. A passagem das tubulações deverá ser feita com os blocos já assentados,

sendo recomendado que seja feito por eletricistas para não retirar os pedreiros do

levantamento, pois isso criaria uma nova etapa de trabalho e com isso a produção

do assentamento diminuiria (MANZIONE, 2007).

Em relação à passagem das tubulações hidráulicas Manzione (2007), afirma

que é um processo mais difícil em relação às tubulações elétricas, pois não se

podem embutir tubulações com a passagem de fluidos em paredes com função

estrutural. O ideal é realizar a passagem dessas tubulações por meio de shafts e

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

forros falsos para facilidade de execução, além de resultar em economia de

prumadas, e com isso, economia de materiais e mão de obra. Uma grande

vantagem observada ao utilizar shafts é a possibilidade de trabalhar com kits

hidráulicos pré-fabricados, que ajudam a reduzir o custo da mão de obra, além de

facilitar tanto o controle de consumo dos materiais como a qualidade do serviço

(MANZIONE, 2007).

Figura 9: Passagem das tubulações elétricas

2.5. Equipamentos e ferramentas

A maioria das ferramentas utilizadas usualmente no levantamento

convencional, também são utilizadas na execução de alvenaria estrutural, porém

existem ferramentas adicionais apropriadas para este sistema que podem aumentar

a produtividade consideravelmente como a palheta, canaleta ou bisnaga, que são

utilizadas para distribuir os cordões de argamassa sobre os blocos (MONTEIRO e

SANTOS, 2010). A seguir o quadro 1 demonstra as ferramentas e equipamentos

utilizados em empreendimentos que utilizam o método construtivo de alvenaria

estrutural:

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Quadro 1: Ferramentas utilizadas para execução da alvenaria estrutural

Ferramentas e Equipamentos

Uso na execução de alvenaria

Serviços de Marcação

Serviços de Elevação

Colher de pedreiro x x

Palheta, canaleta ou bisnaga x

Esticador de linha x x

Fio traçador de linha x

Caixote para argamassa e suporte x x

Trena de 5m e 30m x x

Nível à laser x

Régua prumo/nível ≥ 1,2m x x

Esquadro (60x80x100) cm x

Escantilhão ou régua de marcação

x x

Carrinho especial - transporte de blocos

x x

Andaimes x

EPI´s x x

Fonte: ABCP, 2004

Dentre as ferramentas de assentamento dos blocos, pode-se destacar a

palheta e a bisnaga. De acordo com Manzione (2007) a palheta é um instrumento

utilizado para a aplicação da argamassa nas paredes longitudinais dos blocos

estruturais e apresenta elevados índices de produção, se utilizado de maneira

correta. Segundo o mesmo autor, a bisnaga é recomendada apenas para o

assentamento vertical dos blocos, esta tarefa pode representar um ganho em

relação à produção, pois esta tarefa pode ser feita pelo ajudante, enquanto o

pedreiro concentra-se apenas na elevação da parede.

Quanto ao caixote para argamassa e seu suporte, as paredes devem ser

perpendiculares entre si para que as ferramentas utilizadas para o assentamento

(canaleta ou palheta) possam ser empregadas de forma mais rápida e eficiente. O

material do caixote não deve ser poroso para não permitir a saída de água da

argamassa, pois isso levaria a perda de suas propriedades (ABCP, 2004).

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

3. PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO

3.1. Definição

O planejamento tem por definição a determinação das atividades que devem

ser realizadas, tendo a prescrição de como cada trabalho deve ser desempenhado

para tirar o máximo de produtividade da etapa que está sendo realizada, a

sequência de tempo de execução, além da quantidade de recursos necessários para

a finalização dos serviços. Deve ser realizado um estudo prévio no início da

construção, objetivando produzir diretrizes que irão governar os processos (LAUFER

e COHENCA, 1990).

O planejamento do processo construtivo é uma tarefa de alta complexidade e

envolve um grande número de atividades, estando submetido a restrições

conflitantes como tempo, custo, disponibilidade de recursos e espaço (FORMOSO et

al., 1999). Os mesmos autores ainda afirmam que devido ao aumento da

competitividade de mercado, os clientes estão gerando novas exigências e limitando

a disponibilidade financeira para a construção de empreendimentos. Antigamente,

desperdícios, perda de materiais, retrabalhos, baixa produção, atraso de prazos e

baixa qualidade já eram levados em consideração no momento de fazer o

planejamento do empreendimento, ao invés de procurar solução para estes

problemas. Nos últimos tempos, as indústrias estão sofrendo reestruturações

administrativas, e passando a dar importância ao fluxo de materiais, serviços e mão

de obra. Porém, a construção civil ainda está atrasada em relação a esse contexto

(VIEIRA, 2006).

3.2. Dimensões do planejamento

Para melhor compreender o processo de planejamento e controle de

produção, existem duas dimensões básicas para que o mesmos sejam

representados: horizontal e vertical. A dimensão horizontal diz respeito a etapas que

constituem o processo de planejamento e controle, e a vertical diz respeito a como

as etapas são ligadas aos diferentes níveis gerenciais da empresa (LAUFER;

TUCKER, 1987 apud COELHO, 2003).

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

3.2.1. Dimensão horizontal

O planejamento e Controle de Produção na dimensão horizontal é dividida em

cinco fases diferentes, conforme é representado pela figura 10 (LAUFER; TUCKER,

1987 apud COELHO, 2003).

Figura 10: Dimensão Horizontal do Processo de Planejamento (baseado em LAUFER e TUCKER,

1987 apud Coelho 2003).

Na primeira fase são definidos os detalhes em relação à obra, os

procedimentos que serão adotados, a frequência de replanejamento e o grau de

controle que será utilizado para a execução. Nesta fase também serão definidos os

responsáveis e os níveis hierárquicos utilizados (FORMOSO et al., 1999). Durante a

segunda fase será feita a coleta de informações necessárias para se colocar em

prática o planejamento, fazendo a análise de pranchas, as tecnologias que devem

ser utilizadas e as especificações técnicas (LAUFER e TUCKER, 1987 apud

COELHO 2003). A terceira fase deve ser a etapa de maior atenção pois é neste

momento em que os responsáveis pelo planejamento fazem a formulação dos

planos, sendo as decisões tomadas em relação aos dados obtidos na etapa anterior

(FORMOSO et al., 1999). Durante a quarta fase ocorre à difusão de informações,

esta deverá ser realizada de acordo com as necessidades e objetivos das pessoas

envolvidas tais como a equipe da obra, projetistas, empreiteiros, departamento da

empresa e fornecedores (LAUFER e TUCKER, 1987 apud Coelho 2003). Na quinta

fase são utilizados índices de desempenho para desenvolver um processo de

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

avaliação do planejamento, com a ideia de apontar possíveis falhas e encontrar a

soluções para fazer a correção destas falhas (BERNARDES, 2001).

Fazendo uma análise da figura 10, percebe-se que através da coleta de

informações do processo que está sendo controlado, existe um ciclo de

readequação para que se necessário, ocorram ações corretivas (BERNARDES,

2001).

3.2.2. Dimensão vertical

Para obter os resultados mais satisfatórios possíveis na gestão dos sistemas,

o planejamento e controle de produção devem ser divididos em níveis hierárquicos.

Em função disso, os planejadores necessitam executar planos com elevado grau de

detalhes, prevendo o conjunto de atividades que serão realizadas. Porém, esse

processo somente terá seus benefícios comprovados, se existir a mínima certeza de

que os planos levantados sejam colocados em prática. Com a utilização de níveis

hierárquicos, além de abrir a possibilidade de uma gerência de maior qualidade,

também aumenta a facilidade de coordenação dos sistemas (NEALE e NEALE, 1986

apud COELHO, 2003).

A dimensão vertical mostra três níveis hierárquicos em que o planejamento e

o controle de produção podem ser divididos (FORMOSO et al., 1999):

a) estratégico: nesse nível ocorre a definição dos objetivos e metas em

relação à obra relacionada e estratégias para alcançar esses objetivos, como

gestão de financiamentos, prazo de entrega do empreendimento e o

estabelecimento de parcerias;

b) tático: ocorre a escolha dos materiais, equipamentos e mão de obra a

serem utilizados no empreendimento, e através de planos de gerenciamento

desses recursos define-se quais as formas para que sejam cumpridas as

metas previamente estabelecidas;

c) operacional: tem relação com as decisões tomadas em um período de curto

prazo. Nesta fase também ocorre a descrição das atividades que serão

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

realizadas, assim como o tempo de execução das mesmas. Os recursos que

serão alocados também serão definidos neste nível.

Bernardes (2003) salienta que, de acordo com a característica do

empreendimento, o tempo determinado para a execução da obra, o método e o

horizonte de planejamento utilizado em cada nível, podem sofrer variações. O

mesmo autor ainda afirma que o grau de incerteza e a influência do planejamento no

ambiente de produção estão diretamente relacionados com a definição dos

horizontes dos planejamentos.

Uma das grandes dificuldades encontradas, por quem desenvolve o

planejamento é manter a consistência hierárquica dos planos. Para que não ocorra

transposição de funções, é necessário manter a sobreposição das mesmas, sendo

que cada nível hierárquico deve ter participação distinta, de maior ou menor

importância nas decisões relacionadas aos outros níveis existentes (LAUFER;

TUCKER, 1987 apud COELHO, 2003).

3.2.2.1. Planejamento de longo prazo

É um plano destinado a um longo prazo de execução, apresentando baixo

nível de detalhes. É também conhecido como plano mestre, pois é o primeiro nível

do planejamento tático. Esse planejamento define alguns aspectos de ritmo e ciclo

de execução em relação à produção, ao plano de recursos de baixa repetição, assim

como à composição utilizando um fluxo de caixa mais desenvolvido em relação ao

obtido quando o empreendimento se iniciou (FORMOSO et al., 1999). Este plano

também é destinado aos níveis de alta gerência da empresa empreendedora, de

modo que a mesma acompanhe o ritmo da execução do empreendimento

(TOMMELEIN; BALLARD, 1997 apud BERNARDES, 2001).

3.2.2.2. Planejamento de médio prazo

O segundo nível de planejamento tático é definido como planejamento de

médio prazo, tem por objetivo vincular as atividades do plano de curto prazo e as

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

atividades do plano mestre. Por possuir um caráter móvel, tem denominação de

Look Ahead Planning. Nessa etapa de planejamento, criada a partir do plano mestre,

serão destinadas para as diferentes equipes de execução, atividades descritas e

detalhadas em pacotes de trabalho por zoneamento previamente estabelecido

(FORMOSO et al., 1999).

Esse plano pode ser considerado como um item de essencial importância

para melhorar a eficiência do plano de curto prazo, e com isso, reduzir os custos de

produção e a duração das atividades (BALLARD, 1997 apud BERNARDES, 2001).

Bernardes (2001) ainda afirma que a explicação disso se dá em função de ser

através do plano de médio prazo em que serão analisados os fluxos de trabalho,

tendo em vista uma sequência para reduzir serviços que não irão agregar valor na

produção.

As programações dos serviços, a exclusão de restrições que possam impedir

o desenvolvimento dos serviços a serem executados e a disponibilidade dos

recursos necessários para a execução dos trabalhos devem ser considerados nesse

nível de planejamento. Os recursos destinados à execução e às restrições que

possam existir deverão ser demonstrados antes que se inicie essa etapa, afim de

evitar atrasos na programação previamente estipulada (TOMMELEIN e BALLARD,

1997 apud BERNARDES, 2001).

3.2.2.3. Planejamento de curto prazo

O planejamento de curto prazo, também conhecido como planejamento

operacional, geralmente é realizado utilizando ciclos semanais e tem como objetivo

direcionar a execução do empreendimento. Neste planejamento deve ocorrer

fundamentalmente um grande comprometimento por parte das equipes de

execução, em relação ao que foi previamente programado (FORMOSO et al., 1999).

No quadro 2 está representada a programação semanal de tarefas

envolvendo um plano de curto prazo. Nela são descritos os pacotes de trabalho que

devem ser executados durante a semana, a quantidade de funcionários para a

realização dos trabalhos durante o dia indicado, além dos trabalhos foram

executados como o esperado ou se houve alguma atividade não cumprida,

apontando as causas de não ter sido atingido o objetivo proposto (BERNARDES,

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

2001). Existe também uma lista de tarefas reservas, sendo atividades com menor

grau de importância, caso ocorra a impossibilidade de execução de algum dos

trabalhos, ou que alguma equipe tenha produção acima do planejado (FORMOSO et

al., 1999). Esse procedimento tem por objetivo cumprir a programação através da

elaboração de planos que possam ser alcançados, protegendo assim a

produtividade dos efeitos da incerteza (BALLARD; HOWELL, 1997 apud

BERNARDES, 2001).

Deve ser realizado o acompanhamento dos objetivos propostos no

planejamento de curto prazo. Depois da programação elaborada, já é possível

calcular o indicadores de Percentagem de Planos Concluídos (PPC), levando em

consideração a razão entre o número de pacotes de trabalhos terminados e pacotes

programados (BERNARDES, 2001). O indicador PPC mostra a eficácia obtida pelo

planejamento desenvolvido. Outra avaliação tem como referência as atividades

programadas que não tiveram seu cumprimento, tendo por objetivo identificar as

causas da não execução desses serviços.

PROGRAMAÇÃO SEMANAL DE TAREFAS

Semana 16/06 a 20/06 Mestre: Irineu Engenheiro: Eduardo

Tarefa S T Q Q S OK Problemas

Montagem das formas 3º pavimento 8 8 8

X OK

Desforma 2º pavimento

2 2 2 X OK

Alvenaria 3º pavimento

3 3 3

Falta de material

Reboco pavimento térreo 2 2 2 2 2 X OK

PPC = 3/4 = 75%

Tarefas reservas:

Preparação das armaduras do 4º pavimento

Colocação das armaduras do 4º pavimento

Quadro 2: Planejamento semanal de tarefas (baseado em

BALLARD; HOWELL, 1997 apud BERNARDES, 2001)

3.3. Produtividade

O indicador de produtividade corresponde à quantidade de trabalhos

executados, considerando o tempo utilizado para sua realização. Como exemplo, a

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

quantidade de metros quadrados de levantamento de alvenaria, levando em

consideração o número de operários e o tempo utilizado para a execução do serviço

(RAMOS, 2001).

Para obter êxito na implementação de um empreendimento, existe a

dependência de alguns fatores do processo construtivo. Podem ser fatores ligados

ao gerenciamento e planejamento do projeto ou à produção e interface projeto-

produção (POZZOBON, 2003). Segundo Alvarenga (2000 apud POZZOBON, 2003)

os seguintes fatores que podem interferir na produtividade são:

a) concepção de projetos utilizando características padronizadas,

coordenação modular, entre outras, tendo em vista uma maior rapidez e com

isso trazendo menor custo e maior qualidade. A coordenação modular

introduz a aplicação dos métodos executivos de maneira racional e com isso

com ganhos de produção (RAMOS, 2001);

b) elaboração, definição e divulgação de métodos que tenham a capacidade

de melhorar a produtividade e a verificação do entendimento em relação à

obra;

c) planejamento e programação levam em consideração características em

relação ao tipo de obra, se é particular ou pública, de maneira que a empresa

consiga fazer uma adaptação de serviços para cada ocasião. No

planejamento e programação deve ocorrer a formatação do canteiro de obra

para que as atividades realizadas no mesmo sejam otimizadas;

d) controle sistêmico das etapas de produção, deve ser levado em

consideração o projeto em questão assim como o empreendimento

executado;

e) controle da qualidade do produto final, observando o desempenho durante

a sua construção;

f) gerenciamento de projeto é utilizado para que se possa fazer a verificação

de desempenho durante a execução do empreendimento e não somente na

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

etapa de projeto, levando em consideração a tecnologia que será empregada

como os materiais, máquinas, equipamentos e ferramentas. É de grande

importância a utilização de ferramentas e procedimentos de execução que

maximizem o desempenho de produção (RAMOS, 2001);

g) gerenciamento de informações, levando em consideração a velocidade e

forma de como é distribuída a informação, de forma que as soluções relativas

ao planejamento determinado possam ser executadas no menor tempo

possível;

h) conhecimento da mão de obra, onde devem ser observadas as

qualificações de cada equipe, sabendo onde será feito o melhor uso da

mesma, e com isso, ganhando em qualidade e enriquecimento da própria

mão de obra;

i) gerenciamento de produção, onde deve ser feito o treinamento para que

ocorra maior fidelidade entre o projeto e a execução, tendo em vista, maior

consciência da mão-de-obra quanto às características do sistema, fazendo

com que ocorra o aumento na produtividade;

j) incentivos, pois com a motivação da mão-de-obra poderá ocorrer um ganho

significativo de produção, tendo em vista que o ser humano possui

necessidades inerentes a sua própria formação.

3.4. O conceito da LEAN CONSTRUCTION

A Lean Constriction demonstra uma forma conceitual que visa a diminuição

de perdas e desperdícios, e pode trazer para a empresa que à emprega, benefícios

e melhorias em termos de eficácia dos processos que envolvem a produção. Essa

nova forma de gerenciar a produção teve início com os japoneses da empresa

automobilística Toyota e, naturalmente adotado em vários setores industriais

incluindo a construção civil, tendo como maior inovação a maneira como estende os

processos produtivos. Os princípios desse método, podem ser implementados na

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

execução através do planejamento e do controle de produção (KOSKELA, 1992

apud BERNARDES, 2001).

Tradicionalmente, o método de produção utilizado era denominado

conversão ou transformação. O sistema que envolvia a produção era realizado com

a conversão de matérias-primas em produtos e o mesmo era dividido em

subprocessos. Em relação ao custo dos subprocessos, é diretamente relacionado

com o valor dos processos, que é associado ao custo da matéria-prima utilizada

Porém esse método apresenta falhas por não considerar os fluxos físicos

(KOSKELA, 1992 apud BERNARDES, 2001).

Segundo Koskela (1992 apud BERNARDES, 2001), esta novidade na

maneira de gerenciar a produção, com a utilização do Lean Construction, é

executado através de atividades de conversão e de fluxo. O mesmo autor ainda

afirma que apesar de serem as atividades de conversão que dão valor ao produto e

a mão de obra, o gerenciamento do fluxo de materiais e os equipamentos tem

grande importância no que diz respeito ao planejamento e controle de produção e na

melhoria dos processos produtivos.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Neste capítulo serão demonstradas formas de controle para avaliar a

eficiência do planejamento em relação a produtividade na execução de alvenaria

estrutural. Serão primeiramente apresentados dados da edificação em estudo. Em

seguida serão demonstrados os métodos tradicionais para avaliação de

produtividade e o método escolhido para a execução dessa avaliação.

Posteriormente, serão apresentados os métodos executivos utilizados em cada uma

das duas lajes estudadas, para obter os dados referentes à avaliação de produção

de cada uma, demonstrando as diferenças da execução sem planejamento e com

planejamento.

4.1. Descrição da obra

A descrição da obra tem por objetivo facilitar a análise da produção, assim

como informar dados importantes e necessários para melhor gerenciá-la. A obra

está localizada no município de Erechim – RS, assim como a construtora

responsável por sua execução denominada De Marco e Orso.

A obra é constituída de um edifício residencial formado por 5 pavimentos,

sendo 3 deles, pavimentos tipo, com 4 apartamentos por pavimento, 1 pavimento de

garagem (subsolo) e 1 pavimento com salão de festas.

Todos os apartamentos são iguais, possuindo 47,5 m² de área privativa sendo

dividido em 2 dormitórios, cozinha, sala de estar, sacada, banheiro social e área de

serviço. Cada apartamento tem direito a uma vaga de garagem a qual está

localizada no subsolo e não possui levantamento de alvenaria. O salão de festas

fica no último pavimento e tem área de 32,8 m², com um banheiro social.

A edificação é construída em sua totalidade em alvenaria estrutural utilizando

blocos cerâmicos com largura de 14 cm e resistência de 6 MPa, e as lajes são

concretadas com concreto usinado com resistência definida de acordo com o projeto

estrutural. A argamassa de assentamento é feita in loco assim como o graute, e

devido a isso, o controle deve ser rigoroso para que não ocorra a perda de nenhuma

propriedade desses componentes durante a execução.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Por se tratar de uma edificação com apenas uma torre (figura 11), a central de

toda produção fica em cima da laje que está sendo executada a alvenaria. A central

de produção de argamassa e graute giram em torno da betoneira posicionada em

local estratégico para alcançar a maior produtividade possível. Os cortes das janelas

de inspeção assim como dos blocos que receberão as caixas elétricas também são

executados em cima da laje em que está sendo feito o levantamento de alvenaria. O

equipamento de transporte horizontal para o abastecimento de materiais, como

blocos e argamassa, é o caminhão com guindaste hidráulico, e o guincho utilizado

para materiais como areia e brita para o transporte vertical, são utilizados os carros

transportadores manuais que, apesar de causarem perdas de blocos, são mais

produtivos em relação ao transporte manual.

Figura 11: Torre de alvenaria, parte frontal

4.2. Ferramentas de controle e avaliação de produtividade

A medição do desempenho dos processos tem fundamental importância no

que diz respeito à gestão de qualidade, pois são fornecidos aos gestores

informações para o melhor planejamento e organização, em relação a tomadas de

decisões, controle dos sistemas e melhoria contínua da qualidade, gerando

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

indicadores que retratam a qualidade de produtividade e o acompanhamento do

desempenho com demonstração de melhorias de forma mais clara (OLIVEIRA et al.

1995).

Segundo Souza (2000), produtividade é a eficiência de fazer a transformação

de recursos de entrada em saída em um sistema produtivo. Com a aplicação dessa

definição nos sistemas de execução de obras na construção civil, elas poderiam ser

feitas sob diferentes abordagens, sendo assim, dependendo do tipo de recurso de

entrada e sua transformação, seria possível fazer um avaliação de produtividade

sobre os diferentes pontos de vista (SOUZA, 2000 p.422):

a) Físico: quando é avaliada a utilização de mão de obra, de materiais ou

equipamentos utilizados;

b) Financeiro: quando é considerada a quantia de montante necessária;

c) Social: quando o esforço da sociedade se torna um recurso.

Figura 12: Abrangência do estudo da produtividade (SOUZA, 2000, pg. 2)

Na mesma linha, Oliveira et al. (2005) demonstra:

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

a) Visibilidade: é a medição com o objetivo de informar o atual desempenho

do produção. É realizada quando os sistemas da empresa ainda não tem um

controle, identificando possíveis melhorias;

b) Controle: é a medição realizada depois de definidos padrões de

desempenho, portanto, quando for identificado alguma mudança em relação

aos padrões pré-definidos, deve-se indicar os problemas e em seguida propor

soluções;

c) melhoria: é a medição que permite verificar o quanto as ações realizadas

podem impactar, levando em consideração metas de desempenho

estabelecidas inicialmente.

Para Souza (2000, p.2), “[...] a forma mais direta de se medir a produtividade

diz respeito à quantificação da mão de obra necessária (expressa em homens-hora

demandados) para se produzir uma unidade da saída em estudo”. O próprio autor

aconselha utilizar o indicador razão unitária de produção (RUP), que é calculada

através da razão entre as entradas e saídas. Segundo o mesmo autor, fazer uma

uniformização do cálculo da RUP, é necessário para que seja feito o uso de regras

para mensuração de entrada e saída, além de considerar o tempo a que o

levantamento feito se refere.

No momento em que uma empresa decide pela utilização de indicadores de

desempenho, esta deve avaliar criteriosamente os sistemas analisados, certificando-

se de que os mesmos sejam realmente o motivo pela queda de produtividade ou que

se faça necessário uma melhoria de desempenho. Esses indicadores de

desempenho devem seguir lado a lado com o planejamento e os objetivos da

empresa, sendo obtidos através de resultados controláveis dos sistemas. A

participação de todas as partes envolvidas de alguma forma por estes indicadores,

tem grande importância para que haja um resultado correto (Oliveira et al.,2005).

Souza (2000) afirma que alguns aspectos podem ser considerados em

relação à produtividade. No que se refere às entradas, o cálculo considerando o

número de homens-hora demandados é fruto da multiplicação de homens

envolvidos pelo período de tempo do serviço realizado. Em relação as saídas,

podem ser consideradas de maneira bruta ou líquida. O período de estudo, quando

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

se está analisando a produtividade , pode variar de um determinado dia, assim como

pode representar um período de longa duração. O mesmo autor ainda faz algumas

considerações de variáveis que possam levar à alteração dos valores de

produtividade em uma mesma situação, as quais serão citadas a seguir:

a) equipe considerada: Por meio do cálculo da RUP, deve-se considerar

somente pedreiros que fazem o assentamento de tijolos, toda a mão de

obra no pavimento em que está ocorrendo a execução e a equipe global,

onde está incluso o próprio encarregado pela análise da produtividade sendo

adicionado a mão de obra que não está presente no local da execução;

b) tempo de dedicação ao serviço: durante a execução do trabalho, além da

carga horária normal, podem ser feitas horas extras por conta de bonificações

por produção, da mesma forma em que determinado período algum

trabalhador pode estar indisponível para execução de sua função, portanto

esses tempos ociosos podem ser descontados do cálculo da RUP;

c) mensuração de saídas: a alvenaria executada pode ser mensurada, ou

seja, contemplar-se a área física gerada ou adicionar à área líquida da

alvenaria, uma outra quantidade relacionada à dificuldade de produção (por

exemplo, no que diz respeito a quantidades mensuradas para pagamento

de subempreiteiros, para vãos pequenos, pode-se fazer a leitura da área

fechada da alvenaria, isto é, sem descontar o vão presente), chegando- se à

área considerada bruta da alvenaria;

d) período de estudo da produtividade: dentre as formas de analisar o

período de produtividade, pode-se observar um determinado dia de serviço,

como se pode citar o desempenho verificado durante toda a duração do

trabalho.

Na obra analisada, foram aplicadas algumas estratégias construtivas e de

planejamento, que foram avaliadas através de indicadores de produtividade. Foram

analisadas a execução de dois pavimentos, desde o início até o final da execução,

utilizando alvenaria estrutural. Primeiramente, foi analisada a laje do primeiro

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

pavimento, onde foram medidos os índices de produtividade com as próprias

técnicas de levantamento já utilizadas pela empresa responsável pela execução,

que serão descritas na sequência do trabalho. Terminada a primeira análise, foram

encontrados pontos onde, com o planejamento adequado, poderia haver um

aumento de produção sem ter impactos em relação a custos ou contratação de mais

equipes de serviço. Para fazer o índice de produtividade, foram coletados dados de

número de operários, horas trabalhadas pelos operários e a quantidade de m² de

alvenaria assentada por dia.

Depois de fazer o levantamento da quantidade de horas trabalhadas pelos

profissionais, m² de alvenaria no pavimento e tempo de execução, foram gerados

dados de dois índices de produtividade analisando a quantidade de alvenaria

levantada por dia. Para fazer o cálculo, foram utilizadas as seguintes fórmulas:

Índice de produtividade = Hh/QAt (fórmula 1)

Onde:

Hh = Quantidade de horas-homens trabalhadas, são levados em consideração todos

os pedreiros que executam o serviço multiplicado pela quantidade de horas

trabalhadas por cada um;

QAt = Quantidade total de alvenaria executada no pavimento, descontando-se os

vãos.

Índice de produtividade = QS/QE/t (fórmula 2)

Onde:

QS = Quantidade de serviço do projeto na execução da alvenaria em um

determinado tempo;

QE = Média do número de pedreiros que realizaram a etapa;

t = período de tempo necessário para realizar o serviço.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Os indicadores obtidos dizem respeito à produção média da equipe levando

em consideração todos os dias trabalhados no pavimento. No primeiro índice gerado

foi levado em consideração o tempo necessário que um determinado número de

pedreiros leva para realizar a execução de um lote de alvenaria, sendo que quanto

menor o índice, maior será a produtividade. O segundo índice leva em consideração

a quantidade de serviço de projeto da alvenaria realizado em um determinado

período de tempo e pela média de pedreiros na execução da etapa. Quanto maior

for este indicador, melhor é a produção. Após o término da coleta de dados da

primeira laje, foram aplicados métodos de planejamento e controle para ser obtido

um acréscimo de produção. Após, serão aplicados novamente os índices de

produtividade na execução da segunda laje para com isso ter um embasamento

prático, se o planejamento deu resultado positivo ou negativo através da

comparação entre as duas lajes.

4.3. Planejamento de execução

A forma mais eficiente de aliar produtividade satisfatória, alta qualidade e

baixo custo, se dá através de planejamento e organização. Avaliar os componentes

envolvidos na execução do serviço se torna cada vez mais importante, pois

conseguindo unir os objetivos citados anteriormente, poderá representar muitos

benefícios, como diminuir as perdas para a empresa que está executando o

empreendimento. Quando se analisa um sistema, as atividades que não possuem

produtividade satisfatória devem ser diminuídas, ou preferencialmente substituídas

por atividades que tragam maximização da produção, e esses parâmetros somente

serão obtidos através do planejamento e controle da execução.

A seguir será apresentado a escolha do planejamento de execução de cada

uma das duas etapas deste estudo, ou seja, as escolhas construtivas em relação a

ferramentas, dimensionamento de equipes e layout da obra de cada uma das duas

lajes, sendo que entre a finalização da primeira laje e o início da segunda, foi

realizado um estudo de como maximizar a execução de alvenaria estrutural na obra

em questão.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

4.3.1. Execução da alvenaria do primeiro pavimento

Para a execução do primeiro pavimento foi seguido o modelo de

planejamento tradicional desenvolvido pela empresa no que trata da execução de

edificações utilizando alvenaria estrutural de blocos cerâmicos como método

construtivo. Em seguida serão apresentados os parâmetros utilizados para a

execução do empreendimento em estudo.

4.3.1.1. Equipe de execução da alvenaria estrutural

O dimensionamento adequado da equipe de execução de serviços é de

grande valor para melhoria da produtividade e qualidade de execução do trabalho a

ser realizado. Algumas características a respeito da mão de obra escolhida devem

ser levadas em consideração, como a experiência em relação ao método construtivo

adotado pela empresa, sua forma de pagamento, a tecnologia empregada,

equipamentos utilizados e a descrição de prazos para a finalização da execução.

A equipe escolhida para a execução da obra em estudo é terceirizada,

possuindo 6 pedreiros, 2 serventes e 1 mestre de obra. A mesma equipe já foi

utilizada para a execução de mais 3 empreendimentos da empresa, utilizando o

mesmo método construtivo de alvenaria estrutural. Portanto, a equipe já possui

experiência necessária para maximizar a produtividade.

Pelo fato de existirem outras necessidades da obra, além do levantamento de

alvenaria, a empresa já estipulava uma alternância do número de profissionais

responsáveis pela execução do assentamento de blocos, sendo que a própria

empresa já era ciente de que dimensionando a equipe dessa forma, haveria

variância na produtividade e alternaria o ciclo de produção cada vez que fosse

alterado o número de profissionais.

O processo construtivo da alvenaria estrutural envolve várias etapas de

execução, como levantamento de paredes e grauteamento. Por disponibilizar de

uma única equipe de serviço, os profissionais responsáveis pelo levantamento

também participavam de todas as demais etapas construtivas, desde a marcação da

primeira fiada até o último graute a ser realizado, perdendo assim, a continuidade do

serviço e causando diminuição na produtividade do levantamento de alvenaria.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

A obra em estudo possui 383,36 m² de área de alvenaria para ser executada.

A empresa informou que procura trabalhar com uma produção média por pedreiro de

10 m²/dia. Sabendo da alternância da quantidade de pedreiros que executam a

alvenaria, não foi possível estimar um prazo para o término da mesma. O número de

serventes variava em relação ao número de pedreiros, segundo o planejamento da

empresa. Para cada três pedreiros é necessário um servente, portanto

provavelmente seria grande a variância também do número de serventes.

4.3.1.2. Planejamento de ataque à alvenaria

A definição de um plano executivo das atividades a serem realizadas é de

grande importância para atingir a produção desejada. Com o estudo dessa etapa, as

atividades que não agregam valor a produtividade, podem ser substituídas ou se

necessárias excluídas, tendo assim um aumento de produção e com isso atingindo

os objetivos da empresa. Também ter por objetivo manter um padrão de obra

organizado, tanto em relação aos materiais quanto em relação aos trabalhadores

envolvidos, proporcionando um ambiente de trabalho mais livre e acessível. A figura

13 apresentada a seguir, demonstra o projeto da alvenaria da obra em estudo:

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Figura 13: Projeto da alvenaria estrutural da obra em estudo

A figura 13 demonstra a necessidade da execução da alvenaria ter início do

lado direito avançando para o esquerdo, tendo em vista o local do guincho e do local

onde são descarregados os materiais através do caminhão com guindaste

hidráulico, pois a alvenaria poderia interferir na descarga de materiais. Portanto,

esses locais devem ser os últimos a serem executados para maior praticidade, tendo

em vista que só existe um lugar que o caminhão consegue alcançar com o guindaste

hidráulico. Depois de levantada a primeira fiada, o assentamento dos blocos deve

ser feito na totalidade da planta até a sétima fiada, e somente depois de executado o

graute de todo pavimento, terá continuidade no levantamento. Após a finalização do

grauteamento, a sequência de execução será a mesma, tendo início no lado oposto

do local de descarga de materiais do caminhão.

4.3.1.3. Abastecimento de materiais

Para obter um índice elevado de produtividade, o abastecimento dos

materiais tem extrema importância para quem trabalha na área de construção civil. O

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

estudo dos fluxos de materiais diminui o tempo improdutivo dos profissionais e as

atividades que não agregam valor, além de ter um ganho de qualidade na execução.

Os benefícios são muitos quando o abastecimento de materiais se dá de forma

correta, sendo mantida a organização da obra além de conseguir manter uma

continuidade de produção por parte dos responsáveis pela execução.

A figura 14 vai demonstrar o layout da obra em estudo, contendo os depósitos

de armazenamento dos materiais e como eles se distribuem em torno do canteiro da

obra. O layout foi planejado para diminuir distâncias entre os depósitos e os

transportes verticais, diminuindo o tempo ocioso e ganhando em produtividade. Em

nenhuma etapa da execução ocorreu a falta de materiais para o abastecimento, o

que demonstra que o planejamento foi executado de maneira correta.

Figura 14: Layout da obra

Na obra em estudo não há o armazenamento de blocos cerâmicos estruturais

no local devido ao pouco espaço físico disponível, sendo que a empresa possui um

local de armazenamento isolado que manteve os blocos sempre secos,

independentemente das condições climáticas do dia anterior, garantindo maior

qualidade no levantamento, além de diminuir os desperdícios. Quem garante o

abastecimento dos blocos na obra é o caminhão com guindaste hidráulico, que no

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

inicio de cada expediente faz entrega dos blocos que serão utilizados durante o dia.

Nos dias em que a quantidade de levantamento superar o esperado, será entregue

uma segunda remessa do material. O próprio caminhão faz o levantamento dos

blocos na laje, e isso conduz a um aumento significativo na produção, pois não é

necessário a retirada de nenhum profissional do levantamento, tendo em vista que o

motorista e um ajudante fazem todo o trabalho. Após a etapa de elevação dos

blocos, cabe aos serventes fazer a distribuição destes na laje, abastecendo assim os

pedreiros, também visando facilitar ao máximo o manuseio por parte dos

profissionais que executam a alvenaria. O posicionamento dos blocos de forma

vertical facilita o manuseio no momento em que o pedreiro necessita recolhê-los do

chão.

A argamassa e o cimento são estocados em um container localizado na parte

frontal da obra, sua localização é estratégica, pois assim como os blocos, os

mesmos também são levantados para cima da laje com o auxílio do caminhão com

guindaste hidráulico (figura 15), e por ser de fácil acesso não necessita do auxílio de

outros profissionais que estejam envolvidos com a execução da alvenaria. A

elevação da argamassa e do cimento deve ser feita, pois a betoneira utilizada para a

execução da argamassa e do graute, está posicionada no interior do mesmo

pavimento em que está ocorrendo o levantamento da alvenaria, com isso facilitar o

processo executivo, além de aumentar a produção devido ao fácil acesso dos

profissionais.

A elevação da areia, brita e pedrisco deve ser feita através do guincho

localizado na lateral da obra. A elevação destes componentes pelo guincho deve ser

feita pelos serventes que auxiliam os pedreiros na execução da alvenaria, e esse

processo deve ocorrer de forma simultânea ao levantamento dos materiais pelo

caminhão, para a que ocorra a maximização da produtividade nessa etapa.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Figura 15: Caminhão com guindaste hidráulico para levantamento de material no pavimento

4.3.1.4. Execução do Graute

O graute é uma etapa essencial para a estabilidade de estruturas executadas

com alvenaria estrutural, aumentando a resistência à compressão da estrutura além

de reforçar a resistência das paredes. A execução de forma incorreta poderá causar

vazios no graute, causando prejuízos devido ao retrabalho posterior.

Nesta obra a escolha foi feita pelo graute realizado in loco para todos os

locais que necessitam de grauteamento, como os pilaretes, as canaletas da última

fiada e também as vergas e contra-vergas das janelas e portas. Foi decidido que a

equipe de pedreiros e serventes que executam o levantamento da alvenaria,

também é responsável pelo graute e todas as etapas que o mesmo engloba, como a

limpeza e inspeção das células a serem grauteadas, a colocação das armaduras

assim como o graute em si.

É importante frisar o fato de existir uma única equipe com uma quantidade

pequena de profissionais de execução da alvenaria, no momento em que for

necessário realizar o grauteamento e todas suas etapas envolvidas, a produtividade

de assentamento de blocos é zero, pois todos os profissionais interrompem a

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

produção de alvenaria para executar o graute, gerando perda da continuidade do

serviço e com isso a diminuição da produção.

4.3.1.5. Ferramentas utilizadas para a execução da alvenaria

A ferramenta utilizada para realizar determinado serviço tem grande influência

nos índices de produtividade. Na execução de alvenaria estrutural utilizando blocos

cerâmicos, isso não é diferente. Ter uma equipe com índices de produtividade

elevados pode não significar garantia de elevada produção se as ferramentas não

oferecerem o suporte que o profissional necessita.

A equipe utilizada para executar a alvenaria, já havia trabalhado com este

método anteriormente, portanto foram adotadas ferramentas que já eram da prática

de todos profissionais envolvidos. Foi utilizado a colher de pedreiro para fazer a

ligação dos blocos na posição horizontal, também chamado de encabeçar os blocos,

e para ligação entre os blocos no sentido vertical foi utilizado a canaleta (figura16),

que é utilizada para fazer o cordão de argamassa para o assentamento da fiada

subsequente, além de fios de prumo, régua de nível e trena. Devido ao fato de

ocorrer a mudança constante entre a colher de pedreiro e a canaleta durante o

processo de assentamento dos blocos, cria-se um espaço de tempo ocioso e

improdutivo, causando diminuição na produção.

Figura 16: Canaleta, utilizada para fazer a execução da alvenaria do primeiro pavimento

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

4.3.2. Execução do segundo pavimento modificando o planejamento

Para a realização do planejamento dos processos e componentes envolvidos

na execução do segundo pavimento, foram observados os dados relativos á

execução do pavimento inferior, fazendo uma análise dos aspectos que poderiam

alcançar maiores índices de produtividade e as atividades que já estavam rendendo

o esperado ou até superando as expectativas. Para fazer a análise e o

acompanhamento dos resultados do segundo pavimento, assim como no primeiro

pavimento, foram coletados dados de produtividade levando em consideração o

número de operários envolvidos, a quantidade de área de alvenaria produzida por

dia e o tempo necessário para a finalização da mesma.

4.3.2.1. Dimensionando a equipe de execução da alvenaria

Através dos dados observados em relação a equipe da primeira laje, foi

constatado que a grande alternância de profissionais responsáveis pelo

assentamento dos blocos diminuiu o processo de continuidade de execução, e com

isso consequentemente perdeu-se em produtividade. A mescla de pedreiros mais

experientes, com pedreiros que ainda não tinham se familiarizado com o método de

alvenaria estrutural, também foi um ponto observado para a realização do novo

dimensionamento na equipe.

Depois de observado a produtividade individual de cada pedreiro, foi

estipulado que os três com maiores índices de produção, seriam os responsáveis

por executar o assentamento dos blocos. A adição de mais um profissional somente

seria necessária, caso fosse observado que a equipe escolhida não teria condições

de finalizar a alvenaria no prazo estipulado no planejamento prévio. Também ficou

decidido que um servente seria responsável pelo abastecimento de materiais como

blocos e argamassa para os três pedreiros, e caso a produtividade fosse superior a

prevista em um determinado dia, e houvesse a necessidade da adição de mais um

servente, o mesmo só teria participação nesses dias isolados. Desta forma, o

planejamento buscou melhorar o processo de continuidade de produção,

aumentando a qualidade e buscando o acréscimo de produtividade desejada.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Ficou a cargo da equipe todos os processos que são envolvidos pela

alvenaria estrutural desde a marcação da primeira fiada até o grauteamento da

estrutura. Quando algum dos pedreiros escolhidos para a execução da alvenaria não

estivesse disponível por motivos de força maior, o mesmo seria substituído pelo

profissional que obteve o quarto maior valor em termos de produtividade.

4.3.2.2. Planejamento de ataque à alvenaria

No que diz respeito ao ataque à alvenaria, foi observado que não houve a

possibilidade de significativas alterações, devido ao posicionamento dos transportes

verticais utilizados na obra. Devido a esse fato foi mantido a mesma forma de

realizar essa etapa, com apenas uma modificação. A única mudança em relação a

esse processo foi em relação as áreas que circundam os shafts, pois são de difícil

execução devido a grande quantidade de amarrações necessárias e também por

possuir paredes de pequenas dimensões. Tendo em vista que os pedreiros tem sua

produtividade reduzida na execução dos shafts, foi decidido que apenas um pedreiro

faria a execução dos quatro shafts existentes no pavimento, sendo escolhido o

profissional que obteve o melhor desempenho nesta etapa construtiva durante o

acompanhamento da primeira laje, aliando produtividade com qualidade. Tomando

essa decisão, a ideia é aumentar a produção de uma etapa que geralmente freia a

execução.

4.3.2.3. Abastecimento de materiais

Em relação ao abastecimento de materiais não ocorreram modificações,

tendo em vista que praticamente não existem atividades que não agregam valor

nessa etapa, e por isso foi optado pela continuidade do layout do primeiro

pavimento, apresentado no item 4.3.1.3 deste trabalho.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

4.3.2.4. Execução do Graute

A etapa do grauteamento foi alterada em relação a execução do primeiro

pavimento. Na primeira laje todos os pedreiros paravam sua produção de alvenaria

para dar atenção exclusiva a essa etapa. Porém foi observado que com isso

diminuiria a continuidade da produção e portanto esse ponto foi alterado no

planejamento para o segundo pavimento.

Foi definido que quando fosse necessário fazer o graute nos pilaretes e

vergas e contra-vergas, a execução seria feita por um pedreiro da equipe de

assentamento de blocos auxiliado por um servente adicional, este apenas sendo

chamados para esta etapa. Este outro servente também daria suporte para este

processo no momento em que os outros dois pedreiros estivessem abastecidos. A

única etapa em que teria a presença de todos os profissionais da equipe seria o

grauteamento das canaletas da última fiada, pois a alvenaria já estaria totalmente

finalizada.

4.3.2.5. Ferramentas utilizadas para a execução da alvenaria

Fazendo a análise das ferramentas especializadas para a execução da

alvenaria estrutural, ficou constatado que a alternância entre a colher de pedreiro e a

canaleta utilizadas para a distribuição de argamassa nos blocos, gera um tempo

improdutivo e com isso o pedreiro não atinge seu real índice de produtividade.

Para o segundo pavimento, foi definido a utilização da palheta de madeira

para fazer o assentamento dos blocos como demonstra a figura 17, sendo que esta

ferramenta exerce tanto a função da colher de pedreiro quanto a da canaleta,

eliminando o tempo utilizado para a troca de ferramenta, unificando assim o

processo de assentamento e garantido a continuidade na execução da alvenaria. A

aceitabilidade por parte dos pedreiros foi boa, e por isso acredita-se que a simples

troca de ferramentas vá gerar a maximização da produção.

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Figura 17: Palheta, utilizada na execução do segundo pavimento

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No presente capítulo serão apresentados e analisados os resultados obtidos

em relação ao planejamento de execução em alvenaria estrutural implementado na

obra em estudo. Os resultados foram satisfatórios no que diz respeito à

produtividade. Através do acompanhamento da obra, foi possível fazer a coleta dos

índices de produção da equipe de execução, além da avaliação da eficiência dos

procedimentos do planejamento, as ferramentas utilizadas e das estratégias para

cada etapa de serviço. Será realizada uma comparação entre a execução do

primeiro pavimento com o segundo pavimento. Além disso será analisado se o

replanejamento obteve a melhora esperada em relação à produtividade.

5.1. Resultados obtidos no primeiro pavimento

Para realizar a execução da alvenaria na laje do primeiro pavimento, o

planejamento utilizado foi o da própria empresa que executou a obra em estudo. A

equipe de serviço já estava contratada, porém apresentou alguns problemas no que

diz respeito ao dimensionamento e composição dessa equipe, devido à variabilidade

de profissionais envolvidos com o assentamento dos blocos. O quadro 3 demonstra

a alternância na quantidade de profissionais na execução da alvenaria:

Dias totais trabalhados: 15

Número de pedreiros executando alvenaria Dias em que se repetiu o número de pedreiros

2 1

3 4

4 6

5 4

MÉDIA 4

Quadro 3: Alternância na quantidade de pedreiros no primeiro pavimento

Tendo em vista que a equipe da execução de alvenaria é a mesma que

executa o graute, os índices obtidos no estudo de cada pavimento serão divididos

em duas médias. A primeira será a média com graute, onde será considerado o

tempo utilizado para realizar o grauteamento. A segunda será a média sem graute.

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

Nessa será considerado apenas o tempo utilizado para a execução da alvenaria. A

seguir o quadro 4 demonstra o controle da alvenaria do primeiro pavimento,

indicando os índices de produtividade em estudo:

Quadro 4: Índices de produtividade do primeiro pavimento

O quadro acima demonstra que, mesmo considerando a média de execução

sem graute, onde somente é levado em consideração o que diz respeito à produção

em si da alvenaria, a produtividade individual de cada pedreiro está muito abaixo do

esperado pela empresa, que seria um rendimento de 10 m² diários de alvenaria

construída por profissional. A elevação da primeira fiada também foi contabilizada no

cálculo tendo em vista que essa etapa foi realizada pela mesma equipe.

O índice de produtividade relacionado à hora-homem trabalhada pela

quantidade total de alvenaria do pavimento está muito acima dos valores esperados,

que serão apresentados a seguir no quadro 5, considerando as Tabelas de

Composições de Preços para Orçamento (TCPO):

Componente Unidade Produtividade variável - consumos

Mínimo Médio Máximo

Pedreiro Hh/m² 0,55 0,75 1,02

Quadro 5: baseado em TCPO 14ª edição (2012)

Considerando os dados da TCPO demonstrados no quadro 5, o valor de

produtividade média com graute que teve valor de 1,16 Hh/m², ficou acima do tempo

máximo esperado para a execução de 1 m² de alvenaria estrutural. Na média sem

graute, o valor do índice de produtividade foi de 0,93 Hh/m², ficando entre o valor

médio e máximo.

Tipo de Média

Pav.

Área total de

alvenaria (m²)

Tempo de execução

(dias)

Número médio de pedreiros na etapa

Quantidade de horas

trabalhadas

Índice de Produtividade

Hh/m²

Índice de Produtividade m²/pedr./dia

Média com

graute 1º 383,36 15 4 444 1,16 6,39

Média sem

graute 1º 383,36 12,5 4 356 0,93 7,67

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

5.2. Resultados obtidos no segundo pavimento

Para realizar a execução da alvenaria do segundo pavimento, foi realizado um

estudo sobre os aspectos que poderiam maximizar a produtividade, em relação ao

planejamento do primeiro pavimento. Pontos como o dimensionamento da equipe de

execução, as ferramentas utilizadas para o assentamento dos blocos e as

estratégias de ataque à alvenaria foram observados e modificados, para que

houvesse a diminuição de tempos improdutivos, maior qualidade e maior produção.

O quadro 6 demonstra o controle da alvenaria do segundo pavimento, indicando os

índices de produtividade em estudo:

Tipo de Média

Pav.

Área total de

alvenaria (m²)

Tempo de

execução (dias)

Número médio de pedreiros na etapa

Quantidade de horas

trabalhadas

Índice de Produtividade

Hh/m²

Índice de Produtividade m²/pedr./dia

Média com

graute 2º 383,36 13 2,62 288 0,75 11,26

Média sem

graute 2º 383,36 11,33 3 248 0,65 11,28

Quadro 6: Índices de produtividade do segundo pavimento

Para a execução da alvenaria desse pavimento, não houve alternância de

profissionais na obra, portanto quando considerada a média sem graute, o número

de pedreiros foi sempre o mesmo. Somente durante a etapa do graute ocorria a

modificação no número de pedreiros e a média foi obtida a partir da retirada de um

pedreiro da execução da alvenaria, tendo em vista que este pedreiro retirado era

responsável pelo processo do grauteamento. A produtividade superou as

expectativas da empresa, que como citado anteriormente, foi definida em 10 m² de

alvenaria construída por pedreiro diariamente.

Para o índice de hora-homem trabalhada levando em consideração a

totalidade de alvenaria do pavimento, o desempenho da média sem graute, que só

leva em consideração a área em si executada, teve desempenho muito satisfatório,

e segundo o quadro 5, atingiu índice de produtividade variável mínimo de 0,65

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Hh/m². Mesmo na média com graute, o resultado foi satisfatório visto que foi atingido

o índice de produtividade médio, com valor de 0,75 Hh/m².

5.3. Comparação dos resultados entre os dois pavimentos

Os dados referentes à pesquisa realizada foram obtidos através da análise de

dois pavimentos distintos do mesmo empreendimento. A modulação do

planejamento no que se refere às estratégias de execução, processo construtivo e

ferramentas utilizadas foi distinta em cada pavimento, procurando a maximização da

produtividade em relação ao planejamento usualmente utilizado pela empresa

empreendedora, sendo este aplicado na execução do primeiro pavimento. No

segundo pavimento foi utilizado um novo modelamento de planejamento observando

quais os fatores teriam maior acréscimo na produção. A seguir o quadro 7

demonstra quais os fatores tiveram planejamento implantado pela empresa e quais

foram alterados na execução de cada pavimento:

Etapas do Planejamento Planejamento 1º Pavimento

Planejamento 2º Pavimento

Equipe de execução de alvenaria

Empresa Alterado

Ataque à alvenaria Empresa Mantido

Abastecimento de materiais Empresa Mantido

Execução do Graute Empresa Alterado

Ferramentas utilizadas Empresa Alterado

Quadro 7: Fatores implementados para cada pavimento

Na figura 18 serão comparados os índices de produtividade média sem graute

e com graute, considerando as horas-homens trabalhadas pela quantidade de

alvenaria a ser executada no pavimento, ou seja, quantas horas um pedreiro leva

para executar 1 m² de alvenaria estrutural:

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

Figura 18: Comparação entre os índices de produtividade (Hh/m²)

Analisando os quadros 6 e 7, observa-se a crescente evolução na

produtividade em relação à execução da alvenaria estrutural entre os pavimentos

estudados. Nos dados referentes à figura 18, é possível ter a percepção de quanto o

planejamento realizado entre as duas etapas de produção de alvenaria foi realizado

de maneira adequada. Enquanto no primeiro pavimento o índice de produtividade

média sem graute que demonstra o tempo que um pedreiro leva para produzir 1 m²

de alvenaria é de 0,93 Hh/m², no segundo pavimento o mesmo índice tem valor de

0,65 Hh/m², tendo uma diminuição de 43,08% no tempo de execução.

Os índices de produtividade média com graute dos dois pavimentos

presentes na figura 18 demonstram uma significativa melhora entre as duas etapas

em estudo, sendo que o índice teve uma diminuição de 54,70% no tempo de

execução.

Da mesma maneira, para facilitar a compreensão dos resultados, será

descrito na figura 19, a comparação entre os índices de produtividade médios, com

graute e sem graute, considerando a quantidade de alvenaria executada por

pedreiro diariamente:

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Pavimento 1 Pavimento 2

Pro

du

tiv

idad

e H

h/m

²

Pavimento

Produtividade média comgraute (Hh/m²)

Produtividade média semgraute (Hh/m²)

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Figura 19: Comparação entre os índices de produtividade (m²/pedreiro/dia)

Em relação a figura 19, enquanto no primeiro pavimento o desempenho de

produtividade média sem graute foi de 7,67 m²/pedreiro/dia, valor abaixo do

desejado pela empresa que tem por base 10 m², no segundo pavimento o aumento

na produção foi de 49,21%, chegando aos 11,28 m² produzidos diariamente por

cada pedreiro, o que superou as expectativas da empresa. Na média de produção

com graute também ocorreu uma grande melhora, com aumento de 76,22% na

produtividade da execução da alvenaria, chegando a 11,26 m² diários por pedreiro.

Também é possível observar na figura 19, que a média com graute e sem

graute do índice de produtividade do segundo pavimento, no que diz respeito a

quantidade de alvenaria executada em um dia por cada pedreiro, teve uma produção

praticamente idêntica, mostrando que a etapa do grauteamento não teve

interferência direta na produção devido à eficácia do plano implementado. Dos

procedimentos alterados, o que mais trouxe melhorias no desempenho da

produtividade foi a troca do tipo de ferramentas utilizadas para o assentamento de

blocos.

Outra forma de identificar a eficácia no planejamento adotado para a

execução da alvenaria de um pavimento para o outro, é a análise do tempo

necessário para a execução da mesma nas lajes distintas, levando em consideração

que, no levantamento do primeiro pavimento em estudo, a média de pedreiros por

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Pavimento 1 Pavimento 2

Pro

du

tiv

idad

e m

²/p

ed

reir

o/d

ia

Pavimento

Produtividade média comgraute (m²/pedreiro/dia)

Produtividade média semgraute (m²/pedreiro/dia)

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

dia foi de 4, tanto na média com graute, quanto sem graute, e no segundo a média

foi de 3 pedreiros por dia, desconsiderando o grauteamento, e de 2,62 quando

considerado o graute. Na figura 20, será comparado o tempo de execução dos dois

pavimentos, considerando a produtividade média com graute e sem graute:

Figura 20: Comparação entre o tempo de execução dos dois pavimentos

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Pavimento 1 Pavimento 2

Dia

s

Pavimento

Tempo de execuçãomédia com graute (DIAS)

Tempo de execuçãomédia sem graute (DIAS)

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho tinha por objetivo avaliar a eficácia do planejamento implantado

pela empresa responsável pela execução da obra em estudo, e definir os

parâmetros onde a produtividade estava abaixo da exigida pela empresa, para que

posteriormente, fosse traçado um novo planejamento para maximizar a produção, e

este objetivo foi alcançado.

As mudanças foram referentes ao dimensionamento e composição da equipe

responsável pela execução da alvenaria, ferramentas utilizadas, plano de ataque à

alvenaria e o grauteamento. Todos os procedimentos modificados tiveram sua

eficácia comprovada. Além de aumentar a produção, o planejamento adotado

diminuiu o tempo de execução total da alvenaria no pavimento, mesmo tendo uma

média de pedreiros menor em relação ao pavimento inferior. O procedimento

modificado que mais acrescentou na produtividade foi a mudança de ferramentas

dos pedreiros, que no primeiro pavimento utilizaram a canaleta e a colher de

pedreiro para realizar o assentamento dos blocos, sendo que no segundo pavimento

foi utilizada a palheta.

Algumas melhorias secundárias foram observadas após a implementação do

planejamento que influenciou na melhora da produtividade, como a limpeza e

desobstrução dos pontos de fluxo da obra, assim como a qualidade final da

execução da alvenaria. No que diz respeito à qualidade final de execução, a

melhoria ocorreu devido ao dimensionamento mais adequado da equipe

responsável, pois foram selecionados os pedreiros disponíveis mais experientes

com método construtivo adotado.

Através deste estudo, ficou concluído de maneira clara como o planejamento

pode afetar de maneira positiva a produtividade de um empreendimento, se este for

aceito por todos os profissionais envolvidos na execução. O planejamento deverá

variar de acordo com situações distintas que poderão se apresentar ao longo do

processo construtivo, e caberá às pessoas responsáveis pelo dimensionamento do

plano, apresentar modificações visando sempre o aumento de produção aliado com

menor custo e maior qualidade.

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Felipe Augusto Clivatti. Trabalho de conclusão de curso. CT/UFSM, 2014

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Planejamento e controle de produção na alvenaria estrutural

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