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Plano de Recuperação Semestral EM Série/Ano: 2ªsérie PORTUGUÊS Objetivo: Proporcionar ao aluno a oportunidade de rever os conteúdos trabalhados durante o semestre nos quais apresentou dificuldade e que servirão como pré-requisitos para os conteúdos que serão trabalhados no próximo semestre. Como estudar (estratégia): O aluno deverá refazer os exercícios dados em sala e realizar a lista de exercícios. Deverá, também, refazer as provas aplicadas como forma de rever o conteúdo de maneira prática e assistir as vídeoaulas dos assuntos indicados. O conteúdo descrito abaixo será avaliado por meio de: 1ª Avaliação (referente ao 1º bimestre) 1 prova com questões tipo teste 1 Lista de exercícios 2ª Avaliação (referente ao 2º bimestre) 1 prova com questões tipo teste 1 Lista de exercícios GRAMÁTICA 1º BIMESTRE Matéria a ser estudada (conteúdo) 1º bimestre VOLUME CAPÍTULO ASSUNTO 1 2 Variações Linguísticas 1 3 Enunciação 1 4 Referenciação 2 5 Coesão Gramatical 2 6 Organizadores Textuais Nome: _______________________________nº _____ Série: ________ Unidade: ____________ LISTA DE EXERCÍCIOS 1º bimestre 1. Na verdade, à primeira vista, seu aspecto era de um velho como tantos outros, de idade indefinida, rugas, cabelos brancos, uma barba que lhe dará um vago ar de sabedoria e respeitabilidade. Mas uma certa agilidade e o porte ereto darão a impressão de que, apesar da aparência de velho, o viajante guardará o vigor da juventude. E os olhos... ah, o brilho dos olhos será absolutamente sem idade, um brilho deslumbrado como o de um bebê, curioso como o de um menino, desafiador como o de um jovem, sábio como o de um homem maduro, maroto como o de um velhinho bem-humorado que conseguisse somar tudo isso.

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Plano de Recuperação Semestral – EM

Série/Ano: 2ªsérie PORTUGUÊS

Objetivo: Proporcionar ao aluno a oportunidade de rever os conteúdos trabalhados durante o semestre nos quais apresentou dificuldade e que servirão como pré-requisitos para os conteúdos que serão trabalhados no próximo semestre.

Como estudar (estratégia):

O aluno deverá refazer os exercícios dados em sala e realizar a lista de exercícios. Deverá, também, refazer as provas aplicadas como forma de rever o conteúdo de maneira prática e assistir as vídeoaulas dos assuntos indicados.

O conteúdo descrito abaixo será avaliado por meio de:

1ª Avaliação (referente ao 1º bimestre)

1 prova com questões tipo teste

1 Lista de exercícios

2ª Avaliação (referente ao 2º bimestre)

1 prova com questões tipo teste

1 Lista de exercícios

GRAMÁTICA – 1º BIMESTRE

Matéria a ser estudada (conteúdo) – 1º bimestre

VOLUME CAPÍTULO ASSUNTO

1 2 Variações Linguísticas

1 3 Enunciação

1 4 Referenciação

2 5 Coesão Gramatical

2 6 Organizadores Textuais

Nome: _______________________________nº _____ Série: ________ Unidade: ____________

LISTA DE EXERCÍCIOS – 1º bimestre

1. Na verdade, à primeira vista, seu aspecto era de um velho como tantos outros, de idade indefinida, rugas,

cabelos brancos, uma barba que lhe dará um vago ar de sabedoria e respeitabilidade. Mas uma certa agilidade e

o porte ereto darão a impressão de que, apesar da aparência de velho, o viajante guardará o vigor da juventude. E

os olhos... ah, o brilho dos olhos será absolutamente sem idade, um brilho deslumbrado como o de um bebê,

curioso como o de um menino, desafiador como o de um jovem, sábio como o de um homem maduro, maroto

como o de um velhinho bem-humorado que conseguisse somar tudo isso.

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(MACHADO, Ana Maria. O CANTO DA PRAÇA. Rio de Janeiro: Salamandra, 1986.)

As conjunções "mas" e "e" , que iniciam o segundo e o terceiro períodos, são especialmente importantes na

ESTRUTURAÇÃO e no SENTIDO DO TEXTO. Explique por quê.

2. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 1 "Como sempre, as festas de fim de ano se cercam de uma etiqueta caridosa. De repente, o chique é

encenar uma pose de desprendimento e até de prodigalidade: na temporada de Natal, dar é mais importante do

que receber. É assim que o espírito de Papai Noel toma conta da programação da TV - e perdura, por

reverberação, até que se apaguem os fogos do reveillon. São shows de confraternização, jogos de futebol

beneficentes, gente chorando, astros fungando, duplas sertanejas cantando de mãos dadas e, principalmente ,

muita publicidade condoída pedindo dinheiro para causas humanitárias.

2 Ótimo que existam campanhas granjeando fundos para ajudar os pobres. Ótimo que elas funcionem. No

final da linha, um desgraçado terá encontrado auxílio, remédio e agasalho, e o mundo terá ficado um pouco

menos selvagem, ainda que momentaneamente. Mas há um problema - sempre há - na crescente propaganda da

caridade. O problema é que ela não rompe com o egoísmo, mas, paradoxalmente, tende a reforçá-lo. Nesse

sentido é deseducativa. O telespectador é instado a doar seus trocados menos pelos benefícios que proporcionará

aos outros e mais pelos prazeres que experimentará ao fazer a doação. A caridade deixa de ter o sentido de

repartir o que se tem com quem nada tem para tornar-se mecanismo obscuro de comprar sensações. "Você vai se

sentir maior e melhor", promete o anúncio de uma obra filantrópica. Portanto, doe e goze. Sai barato.

3 É claro, não foi a publicidade de TV que inventou a perversão invertida que há no gesto de quem dá

migalhas aos fracos - ela apenas encontrou aí sua via de convencimento e, mais exatamente, de sedução. Doar

para ter prazer, longe de ser um modo de amar o próximo, institucionaliza-se como um recurso permitido para

cultivar o narcisismo, o mesmo narcisismo que há em ter o carro importado que o outro não tem, a gravata que o

outro não tem, o cartão de crédito que o outro não tem.

4 Mas a perversão não fica só NISSO. Além de não tocar nas causas que fabricam as multidões de

desvalidos, as campanhas de filantropia se aproveitam da imagem dos miseráveis para comover sua clientela de

novos caridosos, deslumbrados consigo mesmos. Transformam os necessitados na cenografia de um grande

fetiche, que é o exato oposto da fraternidade, pois fraternidade é estar ao lado do outro como irmão, jamais como

alguém superior que simplesmente entrega o que não lhe falta. Mas NISSO também consiste o fetiche, em fazer

parecer esmola o que deveria ser um direito. Como mensagem de Ano-Novo, isso tudo é algo de medonho."

(In: Revista Veja de 7/jan/98)

Construa um parágrafo explicando a que elemento(s) as palavras em destaque se referem:

a) "Mas a perversão não fica só NISSO." (par.4)

b) "Mas NISSO também consiste o fetiche..." (par.4)

3. I.Para se candidatar a um emprego, o recém-formado compete com levas de executivos de altíssimo gabarito,

desempregados. O jovem, sem experiência, literalmente, dança.

II. Acostumados às apagadas, às vezes literalmente, mulheres dos dirigentes do Kremlin, os russos achavam

que ela era influente demais, exibida, arrogante.

a) O advérbio "literalmente" está adequadamente empregado nos dois textos? Justifique sua resposta.

b) A que palavra, em II, se refere a expressão "às vezes literalmente"? Qual o duplo sentido produzido pela

relação que aí se estabeleceu?

4. O IMPÉRIO DAS LENTES

Nas cerimônias de casamento, as retinas das testemunhas foram substituídas pela camcorder1 do sujeito de terno

gasto que grava o enlace andando de um lado para o outro (o distinto padre pode dar licença, por favor?). Cônscia

de sua relevância mística, a madrinha chora no exato instante em que os refletores lhe incandescem a

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maquiagem. Nas festas de escolas primárias, os alunos aprenderam a se apresentar para filmadoras e não mais

para pais e mães. Sob o foco automático, a criança já não enxerga o sorriso de orgulho ou de apreensão na face

do pai; vê apenas a handycam2 que mascara o seu rosto. Se a televisão é a arena da história contemporânea, as

câmaras de vídeo domésticas se tornaram o olhar autorizado da intimidade familiar (e de outras intimidades nem

tão familiares assim). Nas férias, o estranho fenômeno se generaliza, escancarando em público o vazio em que

existimos. O viajante já não é aquele que contempla o desconhecido, que se reserva a chance do inesperado, que

vive, enfim. Protegido por sua máscara eletrônica, que o poupa de estar exposto ao destino, ele apenas grava

imagens, e normalmente muito rápido, como quem ainda tem uma longa lista a cumprir. O turista é um apressado.

Depois, claro, jamais terá tempo de rever o que filmou. Continuará com pressa. De bom grado, ele substituiu a

própria memória pela fita magnética, mas esta também logo se perderá numa estante empoeirada, guardando

imagens sem nexo. São as imagens do espetáculo que não foi vivido, pois quem poderia vivê-lo se ocupou em

gravá-lo (ou em posar para a gravação). Ali jaz a vida que poderia ter sido. Ali jaz o desejo que não se satisfez,

pois entre ele e o turista havia um muro transparente, um vidro, uma câmara, essa engenhoca que reina soberana

no espaço exíguo que separa o homem de si mesmo.

(BUCCI, Eugênio. Veja, 03/12/1996.)

1camcorder - filmadora

2handycam - filmadora de mão

Nas férias, o ESTRANHO FENÔMENO se generaliza,

Demonstre de que modo a expressão em maiúsculo funciona como um mecanismo de coesão, ou ligação, entre

as partes do texto.

5. O texto abaixo, da seção "Saúde" do Suplemento de março/2000, do Caderno Regional Folha Vale, "Folha de

S. Paulo", faz parte de uma série de recomendações para relaxamento dos olhos

- Lubrificantes oculares gelados também são muito eficientes, mas só quando prescritos por um oftalmologista.

- Importante: não jogue água boricada dentro do olho, pois isto causa irritação. Ela deve ser usada apenas para

limpeza externa ou como compressa gelada.

a) Localize, no texto, o trecho em que há um problema de coerência.

b) Reescreva o trecho de modo a torná-lo coerente.

6. SAGRADO DEVER

"Menino, tira o dedo do nariz. Menino, não põe a mão na boca. Menino, não coma doce antes do almoço. Vai fazer

a lição de casa. Sai daí. Vai dormir."

(Inácio de Loyola Brandão)

Reescreva o texto, utilizando o registro culto da língua.

7. Leia o seguinte excerto de um artigo sobre o teólogo João Calvino. Foi preciso o destemor conceitual de um teólogo exigente feito ele para dar o passo racional necessário. Ousou: para salvar a onipotência de Deus, não dá para não sacrificar pelo menos um quê da bondade divina.

Antônio Flávio Pierucci, Folha de S. Paulo, 12/07/2009. a) O excerto está redigido em linguagem que apresenta traços de informalidade. Identifique dois exemplos dessa

informalidade. b) Mantendo o seu sentido, reescreva o trecho “não dá para não sacrificar pelo menos um quê da bondade divina”,

sem empregar duas vezes a palavra “não”.

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8. Indique as relações semânticas estabelecidas pelos conectivos em destaque:

I. Como a chuva estava muito forte, não foi possível continuar o show.

II. Eu não consegui apresentar o trabalho porque estava muito nervosa!

III. Os manifestantes terão suas reivindicações atendidas, exceto se usarem de violência.

IV. Estava doente, mas foi trabalhar.

V. Os brasileiros são tão trabalhadores quanto os norte

9. Na elaboração dos períodos, a mesma palavra foi utilizada várias vezes. Reescreva-os utilizando-se de outros mecanismos coesivos que não seja a repetição. a. Eu falei com ele que você não queria que os pintores ficassem trabalhando o dia todo porque eles não sabem que o silêncio é indispensável para que você possa se concentrar e trabalhar. b. Muitos alunos confessaram que não haviam estudado a matéria que caiu na prova de Matemática que foi marcada para aquele dia pelo professor que a elaborou. 10. a) Na mensagem inicial dessa propaganda, bem no alto, à esquerda, existem duas expressões referenciais. Quais são elas? b) A quem elas se referem?

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LITERATURA – 1º BIMESTRE

Matéria a ser estudada (conteúdo) – 1º bimestre

VOLUME CAPÍTULO ASSUNTO

1 1 Pré-Modernismo no Brasil: Lima Barreto

1 2 Pré-Modernismo no Brasil: Monteiro Lobato e Graça Aranha

1 3 Vanguardas Europeias: Futurismo e Cubismo

1 4 Vanguardas Europeias: Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo

Nome: _______________________________nº _____ Série: ________ Unidade: ____________

LISTA DE EXERCÍCIOS – 1º bimestre

01- Leia abaixo o “Requerimento” enviado por Policarpo Quaresma (o protagonista de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto) ao Congresso Nacional, propondo a adoção do tupi-guarani como língua oficial do Brasil. Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se vêem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro de nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro. O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e conseqüência a sua emancipação idiomática. Demais, Senhores Congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica para que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de uma língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal — controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica. Seguro de que a sabedoria dos legisladores saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio de que a Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. e E. deferimento. a) Qual o principal argumento de Policarpo Quaresma a favor de sua ideia de tornar o tupi-guarani a língua oficial do Brasil? Relacione esse argumento a sua personalidade.

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b) Considerando o contexto histórico em que o livro foi publicado, que aspecto da sociedade de seu tempo Lima Barreto critica, satiricamente, por meio desse episódio e do seu livro? 02- Observe os trechos que seguem, de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto: I - "Nada de ambições políticas ou administrativas; o que Quaresma pensou, ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar, foi um conhecimento inteiro do Brasil, (...) para depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com pleno conhecimento de causa." II - "A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir, havia." Os dois trechos referem-se a momentos distintos da narrativa. Apoiando-se neles, explique qual a intenção crítica de Lima Barreto com este livro, isto é, o que o autor procurava retratar criticamente com o personagem Policarpo Quaresma? 03- Leia o trecho abaixo e responda à questão: “Um dos traços distintivos do Pré-modernismo (1902-1922) em relação aos movimentos literários que marcaram o final do século XIX no Brasil, é o fato de os escritores do início desse século estarem preocupados em retratar, de alguma forma, aspectos da efervescente realidade social brasileira de então.” Explique como Canaã, a obra mais conhecida de Graça Aranha, se encaixa no exposto acima. 04- Para resolver as questões, leia o trecho que segue, de Negrinha, de Monteiro Lobato. Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. (...) Assim foi — e essa consciência a matou. (...) Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos. Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, envenenara-a. Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma. Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada. Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta. a) Considerando a história de Negrinha na narrativa como um todo, qual o sentido da afirmação do narrador de que personagem percebeu "que tinha uma alma"? b) O "cuco de boca aberta" é significativo quando relacionado à principal passagem da narrativa. Identifique essa passagem e explique por quê. 05- Para resolver as questões, leia o trecho que segue, de “Negrinha”, de Monteiro Lobato. Ótima, a dona Inácia.

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Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa: — Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero. — Cale a boca, diabo! No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. (...) a) O Dicionário Eletrônico Houaiss define ironia como a “figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado, para definir ou denominar algo”. Destaque do texto duas passagens em que se utiliza a ironia de acordo com essa definição. b) Explique de que maneira o trecho apresenta a condição existencial da personagem Negrinha, protagonista do conto. 06- Os artistas surrealistas utilizavam os sonhos e o automatismo psíquico puro que, segundo a definição de André Breton, é a “ausência do controle exercido pela razão, com exclusão de toda a preocupação estética e moral”. Com base nesses fundamentos, algumas obras surrealistas apresentam imagens com duplos significados, tais como a mão que também é um garfo ou os botões que também são seios. Salvador Dali, artista surrealista, considerava esse método como a capacidade de perceber duas ou mais imagens numa só configuração. O surrealismo pertence a um grupo conhecido como “vanguardas históricas”, que modificou as concepções artísticas e culturais desde o início até, pelo menos, a década de 60 do século XX. a) A que grande movimento artístico e cultural pertencem as vanguardas históricas como o surrealismo? c) Entre as vanguardas históricas, uma delas produz obras com características como a da pintura reproduzida ao lado (intitulada “Os Retirantes”, de autoria do artista brasileiro Cândido Portinari). Cite o nome dessa vanguarda e explique pelo menos uma de suas características que seja perceptível na obra. 07- Relacione os fragmentos dados com os movimentos de vanguarda a que se referem. 1 - Cubismo 2 - Futurismo 3 - Surrealismo 4 - Expressionismo 5 - Dadaísmo ( ) “Baseia-se na onipotência do sonho e no desinteressado jogo do pensamento. Sua finalidade e resolver as condições previamente contraditórias de sonho e realidade, para criar uma realidade absoluta, uma super-realidade (...). O sonho não pode ser ele também aplicado a solução das questões fundamentais da vida” (Gilberto Mendonça Teles - Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro) ( ) “Eu represento as coisas não só como as quero ver, mas como os outros também podem ver, e minha obrigação é respeitar – e estimular – essa multiplicidade de perspectivas . Por isso, a função do

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espectador na pintura moderna está longe de ser passiva. Mais que contemplar, cabe-lhe participar. Assim, as relações tradicionais, estáticas, são substituídas por uma concepção fundada no movimento. Decomposição de um objeto na tela movimento. Pluralidade de pontos de vista na sua percepção. Movimento.” (Coleção Gênios da Pintura – Nova Cultural) ( ) “Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios. (...) Eu redijo esse manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração. Sou contra a ação. Pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom senso.” (Gilberto Mendonça Teles - Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro) ( ) “No aeroplano, sentado sobre o cilindro da gasolina, queimado o ventre da cabeça do aviador, senti a inanidade ridícula da velha sintaxe herdada de Homero. Desejo furioso de libertar as palavras, tirando-as para fora da prisão do período latino! Este tem, naturalmente, como cada imbecil, uma cabeça previdente, um ventre, duas pernas e dois pés chatos, mas não possuirá nunca duas asas.” (Gilberto Mendonça Teles - Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro) ( ) “A terra é uma paisagem imensa que Deus nos deu. Temos de olhar para ela de tal modo que ela chegue a nós sem deformação. Ninguém duvida de que a essência das coisas não seja a sua realidade exterior. A realidade tem que ser criada por nós.” (Gilberto Mendonça Teles - Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro) 08- O texto a seguir trata das chamadas vanguardas europeias do início do século XX: “As vanguardas artísticas do início do século apostaram pesado na vitória da racionalidade, do maquinismo, da transformação da sociedade num gigantesco autômato autorregulado, em que a arte, a técnica e a vida se fundiriam numa unidade revitalizadora. (...) Mas a técnica derivada da razão instrumental, apropriadora, planejadora, ao invés de libertar, submetera os homens ao império da máquina genocida, dotada de uma capacidade destrutiva sem precedentes.” (SEVCENKO, Nicolau In: Oliveira, R. et all. Pós modernidade, Campinas: Editora da Unicamp, 1988, p. 47, 48) Com base nos seus conhecimentos das vanguardas, a) cite um movimento artístico que acreditava “na vitória da racionalidade, do maquinismo, da transformação da sociedade num gigantesco autômato autorregulado, em que a arte, a técnica e a vida se fundiriam numa unidade revitalizadora” e explique por que ele pode ser assim considerado. b) cite um movimento cujas manifestações artísticas revelam uma decepção com a “técnica derivada da razão instrumental, apropriadora, planejadora” que “ao invés de libertar, submetera os homens ao império da máquina genocida, dotada de uma capacidade destrutiva sem precedentes” e explique por que esse movimento pode ser assim considerado. 09- Leia abaixo um poema vanguardista para resolver as questões: Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical - Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força - Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, Porque o presente é todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão, E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem, Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes, Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando, Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma. a) Em qual dos movimentos de vanguarda podemos inserir este poema?

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b) Justifique sua resposta anterior. 10- Relacione os dois poemas abaixo a alguma (s) das vanguardas modernistas que estudamos e explique quais características da(s) vanguarda(s) que você indicou eles contêm: O capoeira Oswald de Andrade - Qué apanhá sordado? - O quê? - Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada. Estudo nº 6 Murilo Mendes Tua cabeça é uma dália gigante que se desfolha nos meus braços. Nas tuas unhas se escondem algas vermelhas, E da árvore das tuas pestanas Nascem luzes atraídas pelas abelhas. Caminharei esta manhã para teus seios: Virei ciumento do orvalho da madrugada, Do tecelão que tece o fio para teu vestido. Virei, tendo aplacado uma a uma as estrelas, E, depois de rolarmos pela escadaria de tapetes submarinos, Voltaremos, deixando madréporas e conchas, Obedecendo aos sinais precursores da morte, Para a grande pedra que as idades balançam à beira-nuvem.

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GRAMÁTICA – 2º BIMESTRE

Matéria a ser estudada (conteúdo) – 2º bimestre

VOLUME CAPÍTULO ASSUNTO

2 7 Concordância Nominal

3 8 Concordância Verbal

Nome: _______________________________nº _____ Série: ________ Unidade: ____________

LISTA DE EXERCÍCIOS – 2º bimestre

01. Complete convenientemente com as palavras entre parênteses: 1) Essa água é ___boa____ . (bom) 2) Pimenta é ___bom____ para tempero. (bom) 3) A entrada é _______proibida___ . (proibido) 4) Entrada é ______proibido____ . (proibido) 5) Era meio-dia e ___meia____ . (meio)

2. Explique por que as frases de cada par seguinte têm "comportamento" diferentes quanto a concordância nominal: a) Comida é bom. Uma comida sem gordura é boa à saúde. b) É proibido entrada. É proibida a entrada de estranhos.

3. Ao ler o texto a seguir, alguns leitores podem ter a impressão de que o verbo "achar" está flexionado

equivocadamente:

ERA DO TERROR

Assessores de Itamar filosofam que o governo justo é aquele que entra do lado do mais fraco. Como consideram

a inflação resultado de conflito na distribuição de renda, apregoam cadeia para quem acham que "abusa" nos

preços.

(Painel, Folha de S. Paulo, 11.03.94)

a) a quem o jornal atribui a opinião de que quem abusa nos preços deve ir para a cadeia?

b) do ponto de vista sintático, o que produz a sensação de que há um erro de concordância?

c) explique por que não há erro algum.

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4. Leia atentamente o fragmento de texto abaixo, de O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Depois, responda à questão nele baseada. E depois da meia-noite dada, ela e Piedade ficaram sozinhas, velando o enfermo. Deliberou-se que este iria pela manhã para a Ordem de Santo Antônio, de que era irmão. E, com efeito, no dia imediato, enquanto o vendeiro e seu bando andavam lá às voltas com a polícia, e o resto do cortiço formigava, tagarelando em volta do conserto das tinas e jiraus, Jerônimo, ao lado da mulher e da Rita, seguia dentro de um carro para o hospital. Na primeira frase do texto, se substituirmos sozinhas por só, deverá esta última palavra flexionar-se em número? Explique.

5. Complete convenientemente com as palavras entre parênteses: 1) Muito _____obrigada_____, disse a mulher. (obrigado) 2) Os alunos ____mesmos______ leram suas redações. (mesmo) 3) __anexas________ ao processo estão as cópias dos relatórios. (anexo) 4) Os vigias mantinham-se ___alerta_______ . (alerta) 5) Ela estava meio_______ desconfiada. (meio) 6. Complete as frases seguintes com a forma apropriada do determinante entre parênteses: a) É um especialista em língua e literatura _____________________. (francês) francesa / francesas b) Havia ______________________ livros e revistas sobre a mesa. (bastante) bastantes c) São _____________________ o talento e a habilidade desse músico. (famoso) famosos d) Favor enviar ______________________ os documentos solicitados. (anexo) anexos e) Muito ____________________, agradeceu a moça, com um sorriso sem graça nos lábios. Acho que é hora de eu ____________________ tomar uma atitude. (obrigado, próprio) obrigada/ própria

7. Há anos que existe vazamentos tóxicos em todos os rios do país, causando danos à fauna e à flora. Precisamos sair da inércia ou essa situação levará-nos a um desastre completo!

(Carta de leitor a um jornal, comentando desastre ecológico.)

Nesse texto, há duas situações em que a norma padrão do português do Brasil é infringida.

a) Identifique as áreas da gramática em que ocorrem esses problemas: concordância, regência, pontuação, colocação pronominal, ortografia etc.

b) Redija novamente o texto, corrigindo-o.

8. "A Polícia Federal investiga os suspeitos de terem ajudado na fuga para o Paraguai e Argentina. A Polícia

desses países não puderam prendê-los porque o governo brasileiro não fez o pedido formal de captura."

(Adaptado de O Estado de São Paulo, 22/08/93)

a) No segundo período, há uma infração às normas de concordância. Reescreva-o de maneira correta.

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b) Indique a causa provável dessa infração.

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9. SAUNA BRASIL

Os brasileiros fomos informados ontem do caráter de pelo menos uma parcela da base parlamentar governista. É

gente com a qual "só se pode conversar na sauna e pelado", avisa quem entende de base parlamentar governista,

o ministro das comunicações, Sérgio Motta.

in: Folha de S. Paulo, cad. 1, p. 2, 08 maio/97.

O princípio básico da concordância verbal em nosso idioma prevê que o verbo deva ser flexionado em número e

pessoa de acordo com o sujeito da oração. Em alguns casos, devido a circunstâncias do contexto, esse princípio

pode ser transgredido. Ocorre nesses casos a chamada concordância ideológica. Tomando por base este

comentário:

a) aponte uma passagem do texto de Clóvis Rossi em que o verbo não segue uma das flexões impostas pelo

sujeito;

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b) interprete, com base no contexto, as razões estilísticas que levaram o autor a preferir tal forma de

concordância.

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10. (Correção gramatical: ortografia, regência, concordância etc.):Reescreva o texto a seguir, corrigindo-o no que

for necessário, levando em consideração as normas do padrão culto da linguagem.

Entregou-se ao professor os relatórios de estágio que precisávamos para a obtenção dos créditos finais e, agora, ficaremos a espera dos resultados cujos os números serão divulgados em breve pela secretaria. ____________________________________________________________________________________

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LITERATURA – 2º BIMESTRE

Matéria a ser estudada (conteúdo) – 2º bimestre

VOLUME CAPÍTULO ASSUNTO

2 5 Modernismo em Portugal: Grupo de Orpheu

2 6 Heterônimos de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro e Ricardo Reis

2 7 Heterônimos de Fernando Pessoa: Álvaro de Campos

3 8 Modernismo no Brasil: Semana de 1922

3 9 Mário de Andrade e Oswald de Andrade

3 10 Manuel Bandeira

Nome: _______________________________nº _____ Série: ________ Unidade: ____________

LISTA DE EXERCÍCIOS – 2º bimestre

01- No poema abaixo, Ricardo Reis reflete sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma “filosofia de vida”. Leia-o com atenção: Quando, Lídia, vier o nosso outono com o inverno que há nele, reservemos um pensamento, não para a futura Primavera, que é de outrem, Nem para o estio, de quem somos mortos, Senão para o que fica do que passa - O amarelo atual que as folhas vivem E as torna diferentes. (Ricardo Reis, Odes) a) A que Ricardo Reis associa a passagem do tempo em seu poema? Que sentido adquire nele a palavra “outono”? b) Ricardo Reis utiliza em seu poema o tema clássico do carpe diem (“colher o dia”, aproveitar o momento presente). Em que consiste, para Ricardo Reis, aproveitar o momento presente ao longo da vida. 02- Uma frase famosa de Fernando Pessoa (“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”) encontra-se no trecho a seguir, retirado do poema "Mar Português", pertencente ao livro Mensagem:

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Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa, Obra poética) a) De que trata essa obra de Fernando Pessoa? b) Explique o sentido de “pequena”, no segundo verso. 03- O poema a seguir é do heterônimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, que em muitos poemas expressa uma crise existencial: Começo a conhecer-me. Não existo. Começo a conhecer-me. Não existo. Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida ... Sou isso, enfim ... Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor. Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato. a) A partir da leitura do poema, explique, com suas palavras, a seguinte afirmação do poeta: "Não existo" e relacione-a com a crise existencial do poeta. b) Apesar do pessimismo existencial expresso neste poema, há uma vertente da poesia de Álvaro de Campos que se caracteriza pela excitação do ser. Identifique e explique esta vertente. 04- Os versos abaixo são trechos do poema “Dispersão”, de Mário de Sá-Carneiro: Perdi-me dentro de mim Porque eu era labirinto E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim. (...) Para mim é sempre ontem Não tenho amanhã nem hoje: O tempo que aos outros foge Cai sobre mim feito ontem. (...) Não sinto o espaço que encerro Nem as linhas que projeto: Se me olho a um espelho, erro - Não me acho no que projeto.

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As estrofes tratam do principal tema da poesia de Mário de Sá-Carneiro: a crise de personalidade, o sentimento de inadequação ao mundo. Sabendo disso, resolva as questões que seguem: a) Que palavra da primeira estrofe resume a confusão interior do eu-lírico? b) Como aparece no poema a desorientação do eu-lírico no espaço e no tempo? 05- Os dois trechos abaixo foram retirados de poemas de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Tabacaria Fiz de mim o que não soube, E o que pude fazer não o fiz. O dominó que vesti era errado Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara Estava pegada à cara [Vocabulário - “dominó”: fantasia] Poema em Linha Reta Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita. Indesculpavelmente sujo. (...) Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisso tudo neste mundo. Toda gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida... No segundo poema há uma crítica que aparece de certa maneira no primeiro como autocrítica. Explique esta afirmação deixando claro o que está sendo (auto) criticado. 06- Para resolver as questões, leia os textos que seguem. I- A Semana de Arte Moderna de 1922 tinha como uma das grandes aspirações renovar o ambiente artístico e cultural do país, produzindo uma arte brasileira afinada com as tendências vanguardistas europeias, sem, contudo, perder o caráter nacional; para isso contou com a participação de escritores, artistas plásticos, músicos, entre outros. II- “Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática.

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- As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde.” (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. Pág. 19) a) Segundo o texto I, qual o conceito de arte proposto pelos realizadores da Semana de Arte Moderna de 1922? b) Que característica de estilo da literatura da primeira geração modernista é valorizada no texto II? 07- Leia a seguir trecho de um artigo de Mário de Andrade, um dos principais líderes do Modernismo no Brasil: “O modernismo no Brasil foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e de técnicas conseqüentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional. É muito mais exato imaginar que o estado de guerra da Europa tivesse preparado em nós um espírito de guerra, eminentemente destruidor. E as modas que revestiram este espírito foram, de início diretamente importadas da Europa. Quanto a dizer que éramos, os de São Paulo, uns antinacionalistas, uns antitradicionalistas europeizados, creio ser falta de sutileza crítica. “ (ANDRADE, M. Aspectos da literatura brasileira. 5. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 235.) O parágrafo acima define duas das principais posições assumidas pelos modernistas: o vanguardismo e o nacionalismo. Explique como essas duas posições aparecem nos manifestos modernistas como o da “Poesia Pau-Brasil” ou o da Antropofagia. 08- a) A obra Macunaíma, de Mário de Andrade, é geralmente lida como uma reflexão sobre a questão da (in) definição da identidade cultural do brasileiro. A partir dessa afirmação, faça uma breve análise estabelecendo relação entre os dois epítetos cunhados por Mário de Andrade para definir o personagem Macunaíma: “o herói de nossa gente” e “o herói sem nenhum caráter”. b) Durante boa parte da narrativa, Macunaíma desloca-se pelo território brasileiro em busca da muiraquitã, amuleto por ele perdido e que, no livro, simboliza a identidade cultural brasileira. Em suas andanças, transfere-se da Amazônia para São Paulo. Pensando nesses dois espaços e no que eles representam, responda: qual seria a inteção de Mário de Andrade ao fazer Macunaíma vir buscar sua "identidade" em São Paulo? 09- Leia os textos a seguir: Carta do Achamento do Brasil (trecho) (Pero Vaz de Caminha) A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como tem em mostrar o rosto. As meninas da gare (Oswald de Andrade)

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Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha [Glossário: gare - estação de embarque e desembarque de viajantes e mercadorias nas estradas de ferro.] a) Explique o(s) sentido(s) da palavra “vergonha” no texto de Oswald de Andrade. b) Analisando a relação entre os dois textos, aponte uma característica fundamental da obra poética de Oswald de Andrade. 10- Leia a seguir um trecho de poema de Manuel Bandeira: Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de [apreço ao sr. Diretor Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer seja fora de si mesmo. [...] a) Que movimento literário aparece criticado neste trecho? b) O crítico Francisco de Assis Barbosa, afirma: "toda a vida de Manuel Bandeira está como que refletida na sua poesia. Talvez não exista, na literatura da língua portuguesa, exemplo maior de transposição para o plano artístico de uma experiência pessoal". Tal atitude é confirmada pelo verso final do trecho que você leu. Aponte qual o aspecto da experiência de vida de Manuel Bandeira que aparece retratado nos poemas “Pneumotórax” e “Vou me embora pra Pasárgada”.