Políticas para mulheres: desafios e...

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Ano IV nº16 Agosto/Setembro 2008 A mudança acontece Página 4 Fazer política Página 8 Cuscuz de tapioca Página 17 Entrevista com Nilcéa Freire, ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Página 14 Políticas para mulheres: desafios e vitórias

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Ano IV nº16 Agosto/Setembro 2008

A mudança acontece

Página 4

Fazer políticaPágina 8

Cuscuz de tapiocaPágina 17

Entrevista com Nilcéa Freire, ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

Página 14

Políticas para mulheres: desafios e vitórias

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2 REVISTA DO INSTITUTO 3CONSULADO DA MULHER

M U L H E R , H O M E M

Igualdade pelas políticas públicas

Não só no Brasil, mas no mundo in-teiro, as mulheres conquistam cada vez mais espaço em diversas profissões e participam ativa-mente do crescimento do país. Além do aumento do número de mulheres chefes de família, muitas criam seus pró-prios negócios ou se tornam pre-sidentes de empresas, diretoras e líderes em seus empregos.

Apesar de serem a maioria na população, as mulheres ainda não ocupam de forma igualitária os cargos de liderança. Segundo uma pesquisa do IBGE feita em 2004, de cada 100 mulheres que trabalham, menos de quatro de-las ocupam cargos de direção.

Ante essa dificuldade, mui-tas mulheres buscam a alterna-tiva de iniciar empreendimentos próprios para complementar a renda familiar ou, ainda, porque nos últimos anos elas vêm assu-mindo cada vez mais o sustento do lar como chefes de família.

As mulheres já estão fa-zendo a sua parte para a su-peração das desigualdades e a melhoria da renda. Vencer

barreiras profissio-nais e conquistar cargos de lideran-

ça exige dedicação, disciplina, qualifica-ção e bons resulta-dos. Mas tudo isso

junto não é suficiente se não existirem fato-

res de oportunidade e igualdade.

O mercado de trabalho deve reconhecer o valor de cada um na medida certa: a medida da igual-dade salarial e o acesso a cargos baseado em méritos. E pode ser papel de todos(as) fazer com que esse quadro evolua rapidamente, por meio de manifestações-cidadãs, como reivindicações, acompanhamento de pesquisas, e principalmente por meio do voto, uma das formas mais efi-cientes e diretas de cobrarmos a elaboração de políticas públicas que possam garantir a igualdade entre homens e mulheres.

Fonte: IBGE

Fonte: IBGE - Síntese dos indicado-res sociais de 2005.

Leda A. S. Böger, coordenadora geral do Consulado Joinville e vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Joinville (SC).

E D I T O R I A L

Políticas públicaspara as

mulheresO movimento para o avan-

ço da mulher em nosso país al-cançou importantes vitórias nas últimas décadas. A criação, em 1983, dos Conselhos Estaduais e Municipais dos Direitos da Mulher foi um passo importan-te para a implementação de po-líticas públicas para mulheres, além de um comprometimento do governo brasileiro com as nossas necessidades.

A existência desses Conse-lhos simboliza a participação da comunidade na criação e con-trole de leis que irão interferir diretamente em nossa vida. Essa participação de toda a so-ciedade no processo de decisão é extremamente importante, principalmente porque, desta forma, garante-se que a legisla-ção corresponda às necessida-des específicas das mulheres.

Além disso, os recursos des-tinados à aplicação dessas po-líticas públicas podem ser mais bem administrados, já que o controle é feito de maneira mais ampla por toda a sociedade.

Os Conselhos podem con-tribuir para a construção da igualdade de gênero e para a capacidade da sociedade civil de organizar-se e reivindicar a aplica-ção das políticas públicas atuais e a criação de novas leis a partir das necessidades locais, eliminando a discriminação e exclusão que ain-da prevalece na sociedade.

Para nós, mulheres, é mui-to importante a participação voluntária nos conselhos locais que, mais que um direito, é um exercício de cidadania. Ainda que apenas as(os) conselheiras(os) eleitas(os) tenham direito a voto, a participação nas reuniões e apresentação de reivindicações são abertas a todas(os).

Informe-se no Consulado da Mulher ou na prefeitura de sua cidade e ajude a construir políti-cas públicas que poderão tornar nossa sociedade mais justa e me-lhor para mulheres e homens.

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4 REVISTA DO INSTITUTO 5CONSULADO DA MULHER

Criado em 2004 com o objetivo de fortalecer a ge-ração de trabalho e renda, o Fórum de Economia Solidária do Norte Catarinense reúne empreendedoras(es), instituições governamentais e não-governa-mentais (como o Consulado da Mulher) e movimentos sociais.

“Podem participar do fórum todas(os) as(os) trabalhadoras(es) que desejarem gerar renda le-vando em conta os princípios da Economia Solidária, bem como as entidades que desejarem contribuir para que os empre-endimentos tenham sucesso em suas atividades”, explica Grazie-la Lima, assistente social e parti-cipante do Fórum.

Segundo Graziela, a grande vantagem dos fóruns regionais é a garantia da participação popular em todas as decisões “Com os Fóruns regionais, são levadas demandas e neces-sidades particulares de cada região para serem considera-das no Fórum Nacional. Isso é construção coletiva e Economia Solidária!”.

Com a união das pessoas, a mudança

aconteceAcompanhe a história do Fórum de Economia Solidária do Norte

Catarinense, iniciativa regional que, com a participação de todas(os), começa a mudar a realidade dos empreendimentos locais.

M I R E - S E N O E X E M P L O

Entre as conquistas do Fórum de Economia Solidária neste ano, algumas delas tiveram reflexos nas políticas públicas, como a aprovação do reordenamento da Secretaria de Assistência Social de Joinville (SC). Essa mudança pro-vocou a criação de uma Coorde-nadoria de Unidade de Apoio a Empreendimentos de Economia Solidária, órgão governamental que terá papel fundamental no desenvolvimento dos empreen-dimentos solidários na região.

“Acredito na Economia So-lidária porque eu acredito nas pessoas”, diz Graziela Lima. “O Fórum é uma organização de entidades e grupos de pes-soas que lutam por um mundo melhor, mais justo e humano. Acredito que isso é possível.”

Outra vitória foi a participa-ção no Curso de Design da Uni-versidade da Região de Joinville (UNIVILLE), que está capacitan-do todos os empreendimentos do fórum na melhoria de seus produtos e na elaboração de exposições, com palestras sobre diversos temas.

Graziela Lima, assistente social e participante do Fórum de Economia Solidária do Norte Catarinense

M I R E - S E N O E X E M P L O

Mas os objetivos do Fórum não param por aí. “Nosso gran-de desafio continua sendo a busca de oportunidades de co-mercialização para os empreen-dimentos. O objetivo é a criação de um Centro de Assessoria, Formação e Comercialização dos Empreendimentos de Economia Solidária”, avisa Graziela.

Para Paulo Dalfovo Neto, co-ordenador de programas sociais do Consulado da Mulher de Joinville e um dos participantes do Fórum de Economia Solidária do Norte Catarinense, o grande diferencial para o sucesso dos grupos é a união. “Costuma-mos dizer que um sonho que se sonha só, é só um sonho, mas um sonho que se sonha junto pode se tornar realidade. Acre-dito que isso resume o que é o Fórum: um lugar em que se constrói um mundo melhor com a união das pessoas”, finaliza.

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse o site do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, no endereço www.fbes.org.br.

Nas eleições de 2008

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6 REVISTA DO INSTITUTO 7CONSULADO DA MULHER

Joinville (SC) São Paulo (SP)

Desde agos to , o g rupo Cooperanti, que trabalha com reciclagem de resíduos sóli-dos, iniciou o recolhimento de INSS entre suas participantes. Esta é uma grande conquista, tanto para as integrantes, que agora contam com uma segu-rança a mais no seu trabalho, como para o Consulado da Mu-lher, que buscou incentivar o grupo e mostrar a importância da previdência em suas vidas.

Outra parceria, desta vez em São Paulo, irá beneficiar 40 gru-pos assessorados pelo Consu-lado da Mulher na cidade. Será oferecida uma capacitação sobre Plano de Negócios de 80 horas, sendo 24 delas em sala de aula e outras 56 horas em assessoria.

Os cursos começam pela Zona Leste, na segunda quinzena de setembro, com atendimento de dois a cinco representantes de cada empreendimento, que serão multiplicadoras(es) de co-nhecimento nos grupos.

Grupo apoiado começa a recolher

INSS

Parceria entre Consulado e Senac

de 340 mulheres. Também já fo-ram firmadas parcerias com onze Serviços Autorizados Brastemp (SABs).

“É sempre gratificante ver os resultados”, comenta Luis Carlos Petená, colaborador da unidade

de Joinville e um dos res-ponsáveis pelo processo interno do programa Usinas do Trabalho na Whirlpool. “Apóio esta iniciativa porque é uma causa em que realmen-te acredito”.

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Manaus (AM)Rio Claro (SP)

Núcleo (SP)

O Consulado da Mulher e o SENAC de Manaus realizam uma parceria inédita na cidade. Uma carreta ficará instalada próxima ao Consulado até o mês de dezem-bro, onde voluntárias(os) do Insti-tuto poderão participar de cursos de culinária ministrados pelo SE-NAC e que utilizam a metodologia de precificação e incentivo a ge-ração de renda do Consulado. A

Consulado no bairro Arco-Íris

Contando com o apoio de voluntárias(os) da unidade da Whirlpool de Rio Claro, o Consulado da Mulher iniciou atividades no bairro Arco-Íris.

No mês de setembro, acon-tecem oficinas todas as segun-das-feiras, das 13h às 16h30, na Associação de Moradores(as) do Conjunto Habitacional do Arco-Íris (AMCHAI), Rua 11, nº 15. Mais informações: (19) 3532-4801.

Usinas do TrabalhoO programa Usinas do Tra-

balho, iniciativa que apóia em-preendimentos populares com produtos e metodologia pelo país, segue crescendo.

Até agora, o Con-sulado já confirmou a adesão de 30 grupos, que receberão cerca de 170 eletrodomésticos. Nesta primeira fase do programa, a expecta-tiva é beneficiar cerca

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Biblioteca do Consulado

A partir deste mês, a biblio-teca do Consulado da Mulher de Rio Claro disponibiliza seus livros para todas as(os) partici-pantes e voluntárias(os).

Para utilizar a biblioteca, basta retirar a carteirinha na re-cepção do Consulado. A biblio-teca também aceita doações de livros.

idéia é tornar as(os) voluntárias(os) multiplicadoras(es) de conheci-mento entre a comunidade.

Entre os temas programados, estão Bolos confeitados, salgados finos para coquetel, sobremesas geladas, tortas doces e salgadas, café regional, e muito mais!

Mais informações no telefone (92) 3301-8550.

Consulado e SENAC trabalhando juntos

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8 REVISTA DO INSTITUTO 9CONSULADO DA MULHER

E U P O S S O

Fazer política: comunidade, no

Quando ouvimos a palavra Política, geralmente lembra-mos das(os) nossas(os) gover-nantes, ou da prefeitura da nossa cidade. Pessoas e lugares quase sempre distantes do nos-so dia-a-dia. Mas será que a Po-lítica é só isso?

Neste ano, com a realização das eleições, a Política vira um as-sunto mais freqüente em nossas conversas. Nesse período, iremos escolher nossas(os) representan-tes por um período de quatro anos. Essas pessoas, eleitas por nós, irão defender nossos inte-resses, propor soluções para os problemas de nossa cidade e in-fluenciar diretamente nossa vida por meio de políticas públicas.

Fontes: Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE ; IBGE; Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP; DataFolha

Quando ouvimos a palavra Política geralmente lembramos Pessoas e lugares quase sempre distantes de

E U P O S S O

Avenida Sadamu Inoue, 4129 - Jardim dos Álamos - São Paulo - SP CEP 04885-215 - Telefones: (11) 59214543 / 72169160 (com Terezinha)De segunda à sexta-feira, das 8h30 às 17h.

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Cooperálamos

Por tudo isso, o voto, a for-ma que utilizamos para eleger nossas(os) representantes, é uma grande responsabilidade. “O voto é a condição de defender os nossos interesses, o poder de ser atendido em suas necessidades”, comenta Guilherme Takeda, vo-luntário do Consulado da Mulher.

Pode não parecer, mas a polí-tica faz parte do nosso cotidiano. Um exemplo disso é a Lei Maria da Penha. Depois de ser agredida por seis anos e sofrer duas tenta-tivas de assassinato do ex-marido, Maria da Penha Maia virou um símbolo do movimento de Não-Violência à Mulher, e foi uma das responsáveis pela criação da nova legislação. Com a participação

REVISTA DO INSTITUTO

em casa, na voto conscientede nossas(os) governantes, ou da prefeitura de nossa cidade. nosso dia-a-dia. Mas será que a Política é só isso?

1932 - O Voto Feminino foi reconhecido, mas apenas mulheres casadas ou com renda própria podiam votar

1946 - Fim das restrições ao Voto Feminino, que também tornou-se obrigatório

1980 - Criação dos Conselhos da Condição Feminina e das Delegacias da Mulher

1990 - Eleita a primeira senadora no país

1994 - Eleita a primeira governadora no Brasil

1997 - Criação da Lei das Cotas, que reserva às mulheres 30% das vagas nas candidaturas dos partidos políticos

2006 - Aprovação da Lei Maria da Penha

política, Maria da Penha transfor-mou sua vida e a de milhares de mulheres em situação de violên-cia doméstica.

Além disso, quando participa-mos de uma reunião na escola das(os) filhas(os) e cobramos me-lhorias, quando um grupo con-

versa sobre alternativas para ad-ministrar o negócio e gerar renda, ou ainda quando, a partir de uma necessidade da nossa comunida-de, nos mobilizamos para solucio-nar o problema, fazemos política, e praticá-la de forma consciente só torna nossa vida melhor!

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P A R A T R A B A L H A R E R E N D E RP A R A T R A B A L H A R E R E N D E R

“Você pode me ligar daqui a pouco? Estou no meio de uma aula de manicure.” Foi assim o primeiro contato de Ivane da Conceição dos Santos Stigliano com a Revista do Consulado da Mulher.

Para a profissional de bele-za de 51 anos, o aprendizado é fundamental para o sucesso nos negócios. “A gente não pode perder tempo”, comenta Ivane, depois de uma pausa nos estudos.

O contato de Ivane com o mundo da beleza já dura algum tempo, mas teve de ser inter-rompido. “Trabalhava como manicure. Depois que me mu-dei para São Paulo, me casei, e meu marido não queria que tra-balhasse com isso”, lembra.

Depois da separação, a von-tade de trabalhar como mani-cure e a experiência fizeram Iva-ne retomar a atividade. “Mas aí percebi que muita coisa tinha mudado. Eu tinha de me aper-feiçoar. Foi aí que conheci as oficinas de beleza do Consula-do da Mulher em Rio Claro.”

Apaixonada pela profissão, o aprendizado de Ivane não parou nos cuidados com as unhas. “Já

Mãos no aprendizado, no cuidado e na rendaA manicure Ivane da Conceição conta sua história e seu segredo para ter sucesso no mundo dos empreendimentos de beleza.

CONSULADO DA MULHER

aprendi um pouco sobre cuida-dos com os cabelos no Consu-lado também”, comenta.

Tanta dedicação já começou a trazer resultados. Além das(os) clientes que atende na cidade, Ivane também acabou de con-quistar um emprego como au-xiliar em um salão de beleza de Rio Claro, onde trabalha duran-te os fins de semana. A próxima etapa, diz Ivane, é abrir seu pró-prio salão de beleza.

“Nessa área, o segredo é não ficar parada(o)”, ensi-na. “A gente precisa sempre aprender coisas novas, saber o que a(o) cliente quer, e conhe-cer as novidades nesse meio é muito importante, porque tem

muita concorrência.” Além da importância de estar sempre atualizada(o), Ivane diz que os contatos também são importan-tes para conseguir clientes no trabalho de manicure. “Agora mesmo, no curso, conheci uma mulher que agendou uma hora comigo na parte da tarde. As-sim que sair daqui, já irei para a casa dela”, explica. Se a(o) cliente preferir, Ivane também atende em sua casa.

A única coisa que não muda é o cuidado com a higiene de todos os utensílios, principal-mente os que entram em con-tato direto com as unhas, como as pinças e alicates, que devem sempre ser esterilizados.

Ivane da Conceição, manicure e participante do Consulado de Rio Claro.”

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12 REVISTA DO INSTITUTO 13CONSULADO DA MULHER

Voluntárias(os) do Consulado da Mulher contam como sua atuação pode mudar a vida de outras pessoas e a delas(es) próprias(os)

A multiplicação do conhecimento

“Para mim a atuação volun-tária no Consulado da Mulher foi uma maravilha, porque eu era nova na cidade. O volun-tariado abriu as portas, me fez bem e fiz muitas amizades, além de ter transmitido e aprendido muito conhecimentos.

Com o que aprendi, conse-gui gerar renda e, agora que es-tou retornando a Pernambuco, de onde vim, posso multiplicar esse conhecimento por lá. Tudo isso é muito gratificante.”

Edjane Gomes de Lima, 19 anos, vo-luntária do Consulado de Joinville.

Eu posso transformar

“Já tinha realizado oficinas de Inclusão Digital com ado-lescentes. Nunca atuei só com mulheres, e foi surpreendente. Depois das oficinas, muitas de-las decidiram voltar a estudar. Nem eu sabia dessa minha ca-pacidade de transmitir conheci-mento, de transformar.”

Francinete Quintos de Oliveira, 33 anos, voluntária do Consulado da Mulher de São Paulo na área de Inclusão Digital.

Voluntariado é compromisso

“Ser voluntário é estar sem-pre com a auto-estima elevada, principalmente porque cada ofi-cina depende da dedicação, de-terminação e motivação dos par-ticipantes em querer aprender e fazer com que a sua atuação venha a gerar trabalho e renda, soluções de problemas sociais e melhoria na qualidade de vida das pessoas envolvidas.”

Walcimar Evangelista Mazzaro, 32 anos, colaborador da Whirlpool e voluntá-rio do Consulado da Mulher de Manaus.

Superação e crescimento

“Na reabilitação, após o aci-dente em que perdi a mão, apren-di um pouco a usar o computador e me indicaram o Consulado para saber mais. Fiz uma oficina de In-clusão Digital. Um mês depois estava atuando como voluntário em uma oficina de Dança, depois veio a de Capoeira. Ser voluntário mudou tudo em mim. Amadu-reci bastante.Tenho outra visão das coisas. Ser voluntário é isso: contribuir para o crescimento das pessoas, incluindo você mesmo.”

Dernevaldo Medrado dos Santos, 32 anos, cavaleiro – compete em hipismo eqüestre – e voluntário do Consulado da Mulher de Rio Claro.

O poder de transformação do

Voluntariado

E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A

Nas eleições de 2008

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P Á G I N A S C O L O R I D A S P Á G I N A S C O L O R I D A S

15CONSULADO DA MULHER14 REVISTA DO INSTITUTO

Após cinco anos de exis-tência da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), como você avalia a par-ticipação deste órgão na me-lhoria das condições de vida das brasileiras?

A SPM vem desempenhando uma gestão próxima às mulheres, pautada pelo diálogo e pela cons-trução participativa com a socieda-de. O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres foi construído através do olhar de 200 mil mu-lheres brasileiras, participantes do processo da II Conferência Nacio-nal de Políticas para as Mulheres, e é o fio condutor das ações da SPM. Trabalhamos para a ampliação da licença-maternidade para seis me-ses, pela igualdade de direitos so-ciais das trabalhadoras domésticas aos demais trabalhadores, pelo fim da violência contra a mulher atra-vés do Pacto Nacional de Enfren-tamento à Violência e recursos em todo o país na rede de atendimen-to à mulher, e investimento em

Quando falamos sobre políticas públicas para mulheres no Brasil, uma das referências é Nilcéa Freire, ministra

da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), cargo que ocupa desde 2004. A Revista do Consulado

conversou com a ministra, que avaliou o trabalho da SPM, e apontou as necessidades mais urgentes das brasileiras.

Políticas públicas para mulheres:

desafios e vitórias

“Estados e municípios

precisam criar mais órgãos responsáveis pela temática de gênero”

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Ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

projetos para a geração de traba-lho e renda para mulheres através do empreendedorismo e valoriza-ção do potencial produtivo local.

Quais as grandes dificul-dades para a criação de leis e medidas que atendam as de-mandas das brasileiras?

Entre os desafios a serem enfrentados para a efetivação dos direitos das mulheres está o rompimento de estereótipos e preconceitos, que ainda impossi-bilitam que as mulheres tenham seus direitos e escolhas respeita-das. É esforço de homens e mu-lheres transformar essa cultura. No âmbito das políticas públicas, estados e municípios precisam criar mais órgãos responsáveis pela temática de gênero, com es-trutura e recursos para formula-ção e execução de políticas para mulheres, atendendo de forma mais eficiente as demandas espe-cíficas das mulheres. Esse sistema é fundamental para fortalecer a política nacional através da im-

plementação do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.

Na sua opinião, há algum problema que mereça uma aten-ção maior do poder público?

Entendo a violência contra a mulher como uma das formas de violação dos direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade fí-sica. As mulheres sofrem agressões dentro de seus próprios lares, na maior parte das vezes praticadas por seus maridos e com-panheiros.

Mas a sociedade brasi-leira está mais vigilante e menos tolerante aos casos de violência contra as mulheres. A Central de Atendimento à Mu-lher - Ligue 180 - registrou, nos primeiros seis meses deste ano, 121.891 atendimentos realizados, mais do que o dobro em relação ao mesmo período de 2007. As pessoas querem romper o ciclo de violência contra a mulher e es-

tão buscando mais informações para combatê-la.

Como as Conferências Re-gionais influenciam na criação de políticas específicas para mulheres de todo o Brasil?

O governo federal promove as Conferências para ouvir a socie-dade. O objetivo é a construção de políticas públicas a partir do olhar de quem vive o impacto da política e quer contribuir para um país melhor. São espaços em que todos os setores da sociedade são convidados a discutir e pensar novos rumos, colaborando para melhor execução dos recursos pú-blicos e controle social.

Como as mulheres em situ-ação de violência podem con-tribuir com a elaboração de políticas públicas que diminu-am esses problemas?

As mulheres em situação de violência precisam saber que não

estão sozinhas. Depende da vontade delas romper esse ciclo, mas cada vez mais são criadas estraté-gias para dar suporte e apoio a elas. Estamos le-vando para mais estados o Pacto Nacional de En-frentamento à Violência contra a Mulher, em que

é fortalecida e ampliada a rede de atendimento à mulher, composta por delegacias especializadas de atendimento à mulher, centros de referência e casas-abrigo.

Confira a entrevista completa da ministra Nilcéa Freire no site: www.consuladodamulher.org.br

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16 REVISTA DO INSTITUTO 17CONSULADO DA MULHER

P R A T I Q U E A I D É I A D A

Soraia Assad

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éia

“É coisa da Bahia, e faz mui-to sucesso”, diz a voluntária Soraia Assad sobre sua receita de cuscuz de tapioca, uma das oficinas mais procuradas no Consulado da Mulher de Rio Claro.

Segundo a ba iana , que mora em Rio Claro há nove anos e é voluntária do Consu-lado há quatro, os ingredientes são simples, e qualquer pessoa pode preparar o doce em pou-cos minutos.

Ingredientes e materiais

• 500 g de tapioca (vendida em supermercados) • 500 ml de água fervendo • 800 ml de leite • 1 xícara de açúcar refinado

Cuscuz de tapioca

H A H A H A

Soraia Assad,

voluntária do Consulado.

• 100 g de coco ralado • 1 garrafa pequena de leite de coco • 50 g de coco ralado em flocos • 1 caixa pequena de leite con-densado • Batedeira • Assadeira grande

Dicas

• O segredo da receita é o “pon-to” do cuscuz de tapioca. O ide-al é obter uma consistência de mingau bem grosso. Para conse-guir esse ponto, vá adicionando o leite aos poucos na mistura.

• Para aprender a calcular o pre-ço de venda do cuscuz de tapioca inteiro ou em pedaços, levando em conta os gastos com ingre-dientes e mão-de-obra, participe das oficinas de precificação do Consulado da Mulher.

Se você tem material para reciclagem, entre em contato com a gente!Fones: (47) 3473-0565 (Ilva Bitencourt), (47) 3473-0831

ou (47) 9954-1242 (Nilcéia Domingos) Rua Manoel Calisto Rodrigues, s/nº, Jardim Sofia - Joinville (SC)

Coleta seletiva e cuidado com o meio ambiente

Grupo Sofia Verde Vida

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REVISTA DO INSTITUTO

P a r t i c i p e c o m c o m e n t á r i o s e a n ú n c i o sComente matéria(s) e/ou a revista. Se você é um(a) participante do Instituto e tam-bém quer falar sobre seus produtos ou serviços, envie-nos seu anúncio. Ele será avaliado, dentro da filosofia do Consulado, para divulgação.

As cartas ou e-mails devem ser enviados com nome completo, RG, endereço e tele-fone. A revista se reserva o direito de, sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. As correspondências devem ser endereçadas à seção Cartas, na Rua Olímpia Semeraro, 675, Jardim Santa Emília, CEP: 04183-901, aos cuidados da Comunicação do Consulado da Mulher, pelo e-mail [email protected], ou entregues diretamente na recepção das unidades do Instituto em Rio Claro (SP), Joinville (SC) e Manaus (AM).

C A R T A D E L E I T O R ( A )

“Gosto da revista porque mos-tra o que nós mulheres podemos fazer. Somos capazes de realizar tarefas somente do lar ou não. A revista mostra mulheres que com coragem e determinação vence-ram e tiveram sua independência financeira. “Mulheres-exemplo” que, apesar das dificuldades, en-contram no Consulado da Mulher a direção para sua vida.”

Tânia da Silva, 34 anos, participante do Consulado

da Mulher de Joinville

“Acho que a revista traz bons exemplos de mulheres guerreiras, corajosas, e isso nos faz sentir mais fiéis às mulheres. Às vezes nós temos muitas coisas escondidas dentro de nós, e ler a revista e ver as histórias dessas mulheres nos encoraja.”

Angélica de Jesus, 38 anos, participante do Consulado da Mulher de Joinville

“A revista mostra a realidade das áreas em que o Consulado atua. É bom porque nos mantemos infor-mados sobre vários assuntos.”

Fernando Mota, 42 anos, colaborador da Whirlpool e voluntário do Consulado

da Mulher de Manaus

“Sempre leio a revista. Sabemos sobre mulheres que são como nós e que estão vendendo, fazendo suas coisas. Como sugestão, gostaria de ver na revista receitas passo-a-passo com o reaproveitamento de alimentos.”

Ângela Wisiak, 62 anos, voluntária do Consulado

da Mulher de Rio Claro

“Eu li a revista pela primeira vez e gostei muito. O que achei mais legal e que me chamou mais atenção foi o passo-a-passo, pois além de eu ter feito e ter dado certo, eu repassei os passos para o meu grupo, todas con-seguiram fazer e gostaram muito. Foi um estímulo para mim e para as mu-lheres do grupo em que dou aula.”

Maria Aparecida Teixeira Ribeiro, 44 anos, participante do Consulado

da Mulher de São Paulo

P R A T I Q U E A I D É I A D A

5. Na hora de servir, espalhe sobre o cuscuz de tapioca o leite condensado a gosto.

4. Coloque o mingau em uma assadeira grande, sem untá-la, espalhe o coco ralado em flocos e deixe na geladeira por, pelo menos, três horas;

3. Vá colocando o leite aos poucos. É ele que dá a con-sistência para o cuscuz de tapioca;

cole

cion

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Soraia Assad

Passo-a-passo

Cuscuz de Tapioca

19CONSULADO DA MULHER18

Colecione esta idéia!

2. Sem parar de bater a mistu-ra, acrescente o leite, o açúcar, o coco ralado e o leite de coco, até chegar ao “ponto” ideal;

1. Ferva a água e misture com a tapioca na batedeira;

Nas eleições de 2008

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Ano IV Nº 16 Agosto/Setembro 2008

A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação bimestral do Instituto do Consulado da Mulher.

Coordenação da publicação Bruno Galhardi e Inês Meneguelli Acosta.

Conselho editorial Célia Regina Lara, Christiano Basile, Dayla C. Souza, Iara Honorato, Leda Böger, Louise Assumpção, Mônica Souza, Paula Watson e Renata Watson.

Fotos Lúcia Santos e Iara Honorato (Joinville - SC); Estúdio G2 (Rio Claro - SP);

Mônica Souza (Manaus - AM); Páginas coloridas: Glaucio Dettmar.

Textos Iara Honorato e Fabiana Bortoloti: educadoras sociais; Juliana Durães e Carolina Cunha: voluntárias de SP; Louise Assumpção e Mônica Souza: estagiárias.

Projeto gráfico, diagramação e ilustrações Traço Comunicação (www.watsons.com.br)

Tiragem 6.000 exemplares

Instituto Consulado da Mulher Núcleo São Paulo SP: (11) 3566-1665 • Unidade Rio Claro SP: (19) 3532-4801

• Unidade Joinville SC: (47) 3433-3773 • Unidade Manaus AM: (92) 3651-1556

www.consuladodamulher.org.br

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